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Vd MINERAIS E ROCHAS: ee) Ue NSS GTN a SOLIDA Daniel Atencio aon Wed CF La) ara estudarmos o planeta Terra é necessitio, ini- Jcialmente, conhecer as caracteristicas dos materiais que o constituem, especialmente os mais su- perficiais e com os quais temos maior contato. Na superficie terrestre, podem ser observados materiais inconsolidados (por exemplo, os solos dos n0ssos jar- dins, as areias dos rios e das praias) e rochas consolidadas, ambos constituidos por associagoes mais ou menos caracteristicas de minerais. Os principais usos atuais dos minerais e rochas mais comuns sio apresentados no Cap. 21. A importincia dos minerais ¢ rochas no desenvolvimento tecnolégico da humanidade cresceu continuamente desde a época da pedra lascada, Entre outras coisas, a sociedade tecnolégica nio teria conseguido chegar a Lua ni fosse ‘© seu conhecimento sobre as catacteristicas e proptie- dades dos minerais. A dureza excepcional do diamante, por exemplo, foi responsdvel pela fabricagio de pe- a8 mecinicas de altissima precisio que auxiliaram a ida do homem & Lua. Além dessas aplicagdes muito especializadas, muita coisa que usamos no nosso dia- ardia vem do reino mineral. 2.1 Minerais: Unidades Constituintes das Rochas 2.1.1 O que sao minerais ¢ rochas? Minerais sio elementos ou compostos quimicos com composigio definida dentro de certos limites, ctistalizados ¢ formados naturalmente por meio de processos geolégicos inorginicos, na Terra ou em corpos extraterrestres. A composi¢éo quimica © as propriedades cristalogrificas bem definidas do mine- ral fazem com que ele seja tinico dentro do reino mineral ¢, assim, receba um nome caracteristico, Cada tipo de mineral, tal como o quartzo (SiO), constitui uma espécie mineral. Sempre que a sua cris~ talizagdo se der em condigdes geol6gicas ideais, a sua organizagio atémica interna se manifestara em uma forma geométrica externa, com o aparecimento de faces, arestas e vértices naturais. Nesta situacio, a amos: tra do mineral ser4 chamada também de cristal (© termo rocha é usado para descrever uma asso- ciagio de minerais que, por diferentes motivos geol6gicos, acabam ficando intimamente unidos. pn ee Embora coesa ¢, muitas vezes, dura, a rocha no é homogénea. Bla no tem a continuidade fisica de um mineral e, portanto, pode ser subdividida em todos 08 seus minerais constituintes. Jéo termo minétio é utilizado apenas quando 0 mineral ou a rocha apresentar uma importincia eco- némica (Cap. 21) Para conhecer mais sobre os minerais, vamos de- talhar os principais conccitos usados na defini¢ao apresentada. Como seri visto, a tradigio estabelecida pelo uso ¢, as vezes, 0 abuso dos termos, conduz a algumas inconsisténcias. Conseqiientemente, a utiliza- io do termo mineral nem sempre é completamente consistente, 4) Quanto a definigdo “. .leamento ow composto quimica com composigaa definida dentro de certos Kites. ..” Alguns poucos minerais tém uma composigio qui- mica muito simples, dada por dtomos de um mesmo elemento quimico. Sao exemplos o diamante (étomos de carbono), 0 enxofre (tomos de enxofte) € 0 ouro (atomos de ouro), A grande maioria dos minerais, entretanto, é formada por compostos quimicos que resultam da combinagio de diferentes elementos qui- ‘micos; sua composigo quimica pode set fixa ou variar dentro de limites bem definidos. Na composicao qui mica do quartzo (SiO.), um stomo de silicio combina com dois de oxigénio, qualquer que seja 0 tipo de ambiente geol6gico em que 0 quartzo se forme. Jana composigio do mineral olivina (Mg, Fe), SiO, mineral incomum nas rochas da superficie terrestre, cujo membro magnesiano, no entanto, deve formar parte importante das rochas do interior da Terra (Cap. 5) — as relagdes que se mantém fixas so a soma das quantidades de ferro € magnésio, com dois atomos, a ‘quantidade de silicio, com um tomo, e a de oxigénio, com quatro atomos. A composigio quimica das olivinas pode variar entre dois dtomos de ferto ¢ zero de magnésio e dois de magnésio e zero de ferro, sem- pre com um atomo de silicio ¢ quatro de oxigénio, formando uma série de minerais que fazem 0 grupo das olivinas. b) Quanto A definigio “. . cristaligado. ..” fato de a definigad de mineral destacar 0 termo ctistalizado, para esses materiais, significa que eles tém um arranjo atémico interno tridimensional. Os ato- =t Veio pegmattico no quol se destacom crisois centimétricos de Amazonita (cor esverdeada),inrusivo em rocha gnéissica, cuja estrutura orientade tipica é vsivel no canto inferior esquerdo. Foto: Museu de Geaciéncias/IG-USR Capiruto 2 * Minerats & RocHas: Constituintes ba Terra Soupa =. 29. ‘mos constituintes de um mineral encontram-se distei- buidos ordenadamente, formando uma rede tridimensional (0 retfculo cristalino), gerada pela re- peticio de uma unidade atémica ou iénica fundamental {que j tem as propriedades fisico-quimicas do mineral completo, Esta unidade que se repete é a cela unit tia, 0 “tijolo” que vai servir de base para a construgio do reticulo cristalino onde cada étomo ocupa uma posigio definida dentro da cela unitiria (Fig, 2.1) Fig. 2.1 Arranjo espacial dos fons de Na’ e C-no composto NaCl (halite), mostrando « cele unitéria que resulta no hébito cristalino em cubos geralmente apresentados pelo mineral, Duas propriedades fisicas que por si s6 atestam sta organizagao interna sio o habito eristalino e a clivagem. O habito cristalino é a forma geométrica externa natural do mineral, desenvolvida sempre que a cristalizagao se der sob condigdes calmas'¢ ideais. Jaa clivagem é a quebra sistematica da massa mineral ‘em planos preestabelecidos que retinem as ligagdes quimicas mais fracas oferecidas pela estrutura do mineral Na natureza, os cristais perfeitos dos minerais sio raros € conseqiientemente constituem as jéias do rei- no mineral. Mais comumente os minerais se apresentam como massas irregulares. No entanto, a cristalinidade destas amostras de minerais também pode ser reco- nhecida de outras formas, por meio de suas propriedades épticas, por exemplo. O merciirio (elemento nativo), é 0 tinico liquide considerado espécie mineral, O gelo formado natu- ralmente (nas calotas polares, por exemplo) é considerado mineral, mas a agua liquida, nao. Substincias sdlidas amorfas, tais como géis, vidros € carves naturais, nao sio cristalinas e, portanto, nao satisfazem as exigéncias da definigio de mineral. Estas substiincias formam parte da classe dos mineraléides. A repeticao sistemética dos motivos estruturais formados de atomos, fons ou moléculas sustenta 0 conceito de simetria cristalografica. A Cristalografia estuda a origem, desenvolvimento e classificagio dos cristais naturais - os minerais que exi- bem formas externas geomeétricas - e artificiais, estudo da simetria externa dos cristais é feito com auxilio dos elementos abstratos de simetria (planos, eixos € centro) © as suas respectivas opera- ges de simetria (reflexio, rotacio ¢ inversio). Assim, reconhecer a existéncia de um plano de simetria no cristal é visualizar uma superficie que 0 corta em duas metades iguais, simétricas (Fig, 2.2). Fig. 2.2 Plano de simetria, que corta 0 objeto em duas partes iguais, simétricas, como um objeto e sua imagem refletida num espelho. O cixo de simetria é uma reta imaginéria que passa pelo centro geométrico do cristal e ao redor da qual, num giro total de 360°, uma feigio geométrica do cristal se repete certo mimero de vezes (Fig. 2.3) © centro de simetria é um ponto de simetria coin; cidente com o centro geométrico do cristal, em relagio a0 qual as feigdes geométricas do cristal se invertem Fig. 24). © conjunto dos possiveis elementos de simetria encontrados em um cristal € chamado de grau ou classe de simetria ou grupo pontual. Existem, na natureza, apenas 32 graus de simetria, agrupados de acordo com 4 similaridade de seus elementos de simetria em sete sistemas cristalinos, do “mais simétrico” ao “me- ‘nos simétrico”: ciibico, tetragonal, trigonal, hexagonal, rate ree 2 Fig. 2.4 Centro de simetria (C) ortorrémbico, monoclinico € triclinico. Os sete siste- mas cristalinos so usados para a classificacio cristalogritica de todas as substincias, naturais ou nao, que apresentam estrutura cristalina (Tabela 2.1), A escola norte-americana de cristalografia consi- dera a existéncia de apenas seis sistemas cristalinos, uma vez que coloca 0 nosso sistema trigonal como uma subdivisio do sistema hexagonal, chamada de hexa- gonal romboedral. Assim, enquanto nés, brasileiros (que seguimos a escola curopéia de cristalografia), fa lamos que, por exemplo, o quartzo a ¢ a turmalina se cristalizam no sistema trigonal, os norte-americanos consideram estes minerais como pertencentes ao sis- tema hexagonal romboedral. Por isso, devemos tomar © cuidado, sempre que usarmos um livro de cristalografia e mineralogia da escola norte-america- na, de nio confundir o nosso sistema hexagonal (H) com a classe hexagonal romboedral (Hr) deles. ©) Quanto i definigio “. . formado naturalmente. 2” Quando usamos o termo “naturalmente” na defini- io de mineral, indicamos que as substincias devam ‘ocorrer espontaneamente na natureza. Como regra ge ral, substincias sintéticas feitas pelo ser humano por sintese no laboratério ou os produtos resultantes de combus- tio ow os formados a partir de materiais artificiais, mesmo com a acio do ar ou de Agua, no sio considerados minerais embora apresentem todas as caracteristicas de seus equivalentes naturais, ¢ sua sintese possa ajudar a en- tender 0 processo da formacio dos minerais nos diferentes ambientes geolégicos. Por exemplo, enquanto © rubi natural € mineral, o rubi sintético nio o é . Entre- tanto, como se vé, na pritica os compostos sintéticos recebem os mesmos nomes dos equivalentes naturais. Em alguns textos, vé-se o termo “mineral sintético” 0 que é, estritamente, um contrasenso. 4) Quanto a definigio “. . provessosinorginics, © uso do termo inorginico na definigio de mine- ral impede que as substincias puramente biogénicas sejam minerais. A pérola, o Ambar, os recifes de corais 0 carvio sao algumas substincias biogénicas que no podem ser consideradas minerais, por um motivo ou outro. Sio todas mineraldides. No caso do coral, embora possamos reconhecer compostos quimicos idénticos as formas naturais de carbonato de calcio sdlido, o organismo vivo tem intervengio essencial na producio do composto - que é uma sectegio gerada por seu metabolismo. Capituto 2 + Minerais & Rochas: Constituintes DA TerRA SOLIDA Ki Tabela 2.1 Sistemas cristalinos, constantes cristalograficas e simetria principal de alguns minerais. ore ee na Ciibico (Isométrico) Tetragonal Hexagonal 0,=0,-0/4¢ =5=90 ey = 120° Trgonol 0,=0,-0/4 90.ey = 120° Ortorrémbico osbec a=p=y=90 Monoclinico ovbec a=y= 90° © x90" Tiiclinico orbsc axBey290' 4 eixos temnérios Diamante, granada, espinélio 1 exo quatemério (eixo <) ——_Zircdio, cossiterito,rutlo Quortzo B , berilo 1 exo sendrio (eix0 «) 1 eixo ternério (exo «) Quertzo a, turmalina, corindon 1 exo bindrio (eixo o); Olivino, ortopiroxénio, topézio pode ter mois 2 eixos bindrios e afé 3 panos Ortoclésio, mica, clinopiroxério, clinoanfibélio. 1 exo bindrio (eixo b); 1 plano contendo os exos oe ¢ um centro de simetria Microclinio, plagioclésio ov sem simetrio (¢, bec: dimensbes de cela unitéria; a, B, ye 8: éngulos entre seus eixos. Nos sistemas hexagonal e trigonal, hé quatro eixos, {rs no mesmo plano.) 2.1.2 A origem dos minerais A origem de um mineral esti condicionada aos “ingredientes quimicos” ¢ as condigdes fisicas (tempe- ratura e pressio) reinantes no seu ambiente de formagio. Assim sendo, minerais originados no inte geralmente diferentes daqueles formados na sua superficie. As informacées sobre minerais presentes em corpos extraterrestres sio a partir de amostras desses corpos; no caso da Lua, coletadas diretamente de sua superficie ¢ no inferi caso de Marte ¢ alguns asterdides maiores, a partir de amostras'de meteoritos caidos na ‘Terra. Um mineral pode se formar de diferentes ma- neiras, por exemplo, a partir de uma solugio, de material em estado de fusio ou vapor. O proc: jo tem inicio com a formacao de um al que funciona como uma semente, a0 qual o material vai aderindo, com © nicleo, um diminuto cris conseqiiente crescimento do cristal. O estado cris- talino pode ser conseguido pela passagem da matéria do estado fisico amorfo para o cris em ambiente g taliza icol6gico quente. Isto occorre na cris | rochoso fundido Ao de magma, materi (Cap. 16). Ocorre também pela condensagao de materiais rochosos em estado de vapor, quando os cristais se formam diretamente do vapor sem pas- sar pelo estigio intermediario do estado liquido. A condensagio de minerais a partir da nebulosa solar (Cap. 1) deve ter sido um processo importante durante a for ago dos planetas. Atualmente, po- demos ver na Terra a formacio de cristais de enxofte a partir das fumarolas de atividades igneas vulcinicas. A cristalizacao de substincias a partir de solugdes aquosas a baixas temperaturas (< 100°C) é um pro- cesso importante na formacio das rochas sedimentares, quimicas (Cap. 14) Na passagem de matéria de um para outro estado cristalino, os materiais rochosos que ja estio cristaliza- dos podem, por modificagdes nas condigdes de pressio e/ou temperatura, tornar-se instaveis ¢ se rectistalizar em uma nova estrutura cristalina mais es- tivel para as novas condigdes, sem que haja fusio do mineral inicial. Este proceso é importante na forma ao de alguns dos minerais das rochas metamérficas (Cap. 18) ky Se 2.1 Ligagdes quimicas no reino mineral (Os minerais apresentam composigio quimica constante dentro de certos limites, 0 que permite, portanto, que se atribuam formulas quimicas aos minerais. Os elementos quimicos constituintes dos minerais esto unidos através de diferentes tipos de ligaco, sendo as mais comuns as ligagdes iGnicas, covalentes, metilicas ¢ de Van der Waals. Nas ligagdes iénicas, cétions (fons com carga positiva) e anions (fons com carga negativa) se unem. Por exem- plo, no mineral halita, de f6rmula NaCl, 0 cétion Na, de valéncia 1+, une-se ao dnion Cl, de valéncia 1-. Ao invés de um anion simples, como o CI, pode se constituir um grupo aniénico (“radical aniénico”), como 0 SiO,*, que é a unidade fundamental de todos os silicatos. Nas ligagdes covalentes, ocorre 0 compartilhamento de elétrons, a exemplo da ligacio entre os atomos de carbono no diamante. As ligagdes metilicas sio aquelas em que se formam “nuvens de elétrons”, como nos elementos nativos (ouro, prata, cobre etc.). A mais fraca das ligagdes quimicas é a de Van der Waals, que une moléculas e unidades estruturais praticamente neutras, ou seja, com pequenas cargas residuais, F. rara nos minerais ¢ um exemplo é a grafita, onde as camadas de dtomos de catbono ligadas de modo covalente sio unidas entre si por ligagdes de Van der Waals. Em decorréncia da forca de ligacio entre os atomos de um mineral, formam-se “empacotamentos” de atomos, as vezes mais outras vezes menos compactos. Obviamente, isto vai influenciar sobremaneira as propriedades dos minerais. A substitui¢io de fons em um determinado sitio catiénico é favorecida por semelhangas de raio ¢ valencia. Os ‘itomos constituintes de um mineral podem ser imaginados como “esferas” com carga positiva ou negativa. Assim, Mg?" e Fe’* apresentam carga 2+ ¢ volumes relativamente semelhantes (caracterizados pelo raio iénico, respectivamente 0,74 A e 0,80 A; 1A= 0,1 nm = 10m ), enquanto Na’ (raio 0,98 A) e K* (1,33 A), ambos ‘com carga 1+, sio fons maiores. Assim, as substituigdes entre Na e K, ¢ entre Mg e Fe sio mais freqiientes que entre Na e Mg, Na Fe, K e Mg, eK ¢ Fe, por exemplo. Nos silicatos, a unidade estrutural € o tetraedro SiO," com quatro O* (raio 1,36 A) unidos a um Si** central (raio 0,39 A), que pode ser parcialmente substituido por AP* (raio 0,57 A). Essa unidade fundamental, que constitui um “poliedro de coordenagio”, ou seja, uma figura geométrica definida pela uniio dos dtomos de oxigénio, pode aparecer isolada (evidentemente rodeada por citions, para neutralizar sua carga negativa), cons- tituindo 08 silicatos chamados de nesossilicatos, ou, muito freqiientemente, associada, formando substincias tais como os sorossilicatos etc. A polimerizagao é a unio entre estes poliedros (no caso tetraedros), que origina associagées entre 2, 3, .. infinitos poliedros (Quadro 2.3). Quanto maior © grau de polimerizacio, menor fica a razio entre 0 ntimero de atomos do Si 0 do O no anion polimerizado. 2.2 Polimorfismo e solugao sdlida ‘Minerais polimosfos (de “poli”, muitos, e “morphos”, forma) sio aqueles que tém essencialmente a mesma ‘composigao quimica mas estruturas cristalinas diferentes, 0 que se reflete em suas propriedades fisicas € morfologicas diferenciadas. Por exemplo, grafita ¢ diamante sio polimorfos de carbono. Ambos tém a mes- ‘ma composicio quimica mas suas estruturas sio diferentes, e como tal sio considerados como espécies separadas. “Assim ocorte também com a caleita e a aragonita, polimorfos de CaCO,. Quartzo ot e quartzo B (Tabela 2.1) sio dois dos polimorfos de silica SiO, Minerais isomorfos (de “iso”, igual, ¢ “morphos”, forma) sio os que possuem estrutura cristalina semelhante ‘mas composi¢io quimica diferente ou varidvel dentro de determinados limites (eg, calcita - CaCO, magnesita = MgCO, ¢ siderita - FeCO,). Em diversos casos, pode ocorrer um intercimbio de determinados elementos na estrutura, dando origem a substincias de composicio intermedifria entre dois (ou mais) termos finais, faialita (Fe,SiO_), nas quais Mg ¢ Fese substituem mutuamente; ¢ plagioclisios: albita (NaAISi,O,) ¢ anortita (CaALSi,0,), as quais a solugio s6lida se realiza através da substitui¢io acoplada (assim chamada porque envolve dois pares de elementos) de (Na,Si) por (Ca,AD. Capituto 2 * Minerais & Rochas: Constituintes pa Terra Souna = 33 2.1.3 Classificagao sistematica de minerais ‘Oestudo sistemitico dos minerais fica facilitado quan- do se usam critérios que permitam agrupé-los em conjuntos com caracteristicas similares. Alguns dos crité- rios mais usados sio resumidos na Tabela 2.2. Nos livros de mineralogia descritiva, exposigdes ‘mineralégicas em museus € em colegdes em geral usa-se © ctitério quimico baseado na natureza do radical aniénico do mineral. Por exemplo, no mineral barita (BaSO), 0 radical anidnico é 0 SO, ficada como sulfato. portanto, a barita sera classi- Esta tiltima classificagio dos minerais se assemetha & de compostos quimicos utilizada pela Quimica Inorganica apresenta as seguintes vantagens: ) minerais com 0 mesmo radical aniénico possuem propriedades fisicas e morfolégicas muito mais seme- Ihantes entre si que minerais com o mesmo cition, Por Tabela 2.2 Alguns dos critérios usados para classificar os minerais. eee eae Sistema de cristalizacdo—_-Minerais monoclinicos, cobicos Usos Minérios, gemos, minerais formadores de rochos Elementos nativos, éxidos, sulfetos Composigéo quimica cexemplo, a siderita (FeCO.) tem mais afinidades com a calcita (CaCO), ou com a magnesita (MgCO,) do que com a pitita (FeS,) ou com a hematita (Fe,O.); b) minerais com 0 mesmo radical aniénico tendem a se formar por processos fisico-quimicos semelhantes € a ‘ocorrer associados uns aos outros na natureza. 2.3 Classificagao sistematica dos minerais ‘As espécies minerais conhecidas sio agrupadas em classes minerais com base no anion ou radical aniénico dominante em sua formula quimica. James D. Dana (1813-1895) teve papel fundamental ia ela- boracao desta classificagio. Assim, tem-se, de ‘maneira simplificada, as seguintes classes, ¢ no caso dos silicatos, as subclasses, seguidas de alguns exem- plos e suas formulas quimicas: + Elementos nativos: ouro (Au), enxofre (§). + Sulfetos: galena (PbS), esfalerita (ZnS), pirita (FeS) + Sulfossais: tetraedrita (Cu,,Sb,S,,), enargita (CuAss). + Oxidos: gelo (H,O), hematita (Fe,O.), cassiterita G0). + Hal6ides: halita (NaCl), fluorita (CaF)) + Carbonatos: calcita (CaCO,), dolomita [CaMg(CO,),]. + Nitratos: salitre (KNO)), salitre-do-chile (NaNO,). * Boratos: bérax Na,B,O,.10H,O. * Sulfatos c cromatos: barita (BaSO,), gipsita (CaSO,2H,0) + Fosfatos, arseniatos e vanadatos: apatita [Ca(ECLOH)PO),. + Tungstatos e molibdatos: scheelita (CaWO) Silicatos: Devido a sua grande importincia, os silicatos sio subdivididos de acordo com o grau de polimerizacao dos tetraedros SiO," € conseqiiente- mente pela razio Si:O dos Anions: + tetraedros isolados (nesossilicatos) - SiO = 1:4, olivina [(Mg,Fe),SiO,), granada, zircao, topazio. + duplas de tetraedros (sorossilicatos) - SO = 2:7. hemimorfita [Zn,(Si,0,)(OH).H,O}, epidoto. + anéis de tetraedros (ciclossilicatos) - SxO = 1:3, berilo [Be,AL(Si,O,,)], turmalina. + cadeias de tetraedros (inossilicatos) a) cadeias simples de tetraedros - SiO piroxénios: enstatita [Mg,(Si,O,)]. b) cadeias duplas de tetraedros - SiO = 4:11, anfibolios: tremolita [CaMg,(Si,0,,)(OH),]. * folhas de tetraedros (filossilicatos) - SiO = 2:5. argilominerais (caulinita, esmectita), micas (muscovita, biotita) + estruturas tridimensionais (tectossilicatos) -S:O quartzo SiO, + feldspatos: a) potissicos: microclinio (KAISi,O,), ortoclisio (KAISi,O)). b) plagioclasios: albita (NaAISi,O,), anortita (CaALSi,0)) Das varias cl s, apenas uma, dos silicatos, é respons: constituigio de apro- ximadamente 97% em volume da crosta continental. Esta, como veremos no Cap. 5, configura a parte ex- terna da Terra em regides continentais, com espessuta de algumas dezenas de quilémetros (Tabela 2.3). Mi- nerais das demais classes, embora menos abundante: também sio importantes pelo seu interesse econdmi- co € cientifico. Tabela 2.3 Constituigéo mineralogica da crosta continental. Cree ee oo feldspotos 58 piroxénios e anfibslios 13 Silicotos quarts . u ricos, clort, arailominerois. 10 alvin 3 epidoto, cianta, andaluzito, silimanit, gronades, 2 zed etc 2.1.4 Nomenclatura dos minerais A nomenclatura dos minerais é hoje controlada pela Comissio de Novos Minerais ¢ Novos No: mes de Minerais (CNMNM) da Associagio Mineral6gica Internacional (IMA), criada em 1959. Os nomes de novos minerais devem ter, no caso brasileiro, a terminacio “ita”. Em contraposigio, terminagao “ito” é usada para nomes de rock Os minerais conhecidos desde épocas remotas ¢ cujos nomes ja tém uso consagrado podem nio respeitar esta regea. Outras recomendagdes para a criagio de um nome para um novo mineral sio: + que o nome indique a localiza de sua descoberta. 10 geogriifica + que o nome indique uma de suas proprieda- des fisicas. KT ee Exemplos: tetraedrita (devido ao seu habito tetr azul) sdrico), cianita (devido a sua cor mais comum, + que o nome indique a presenca de um elemento quimico predominant Exemplos: molibdenita, cuprita, arsenopirita, Jantanita + que o nome homenageie uma pessoa proemi- nente. Exemplos: andradita (em homenagem a José Bonifacio de Andrada ¢ Silva, 1763- 1838, gedlogo ¢ patriarca da independéncia brasileira); arrojadita (em homenagem a Miguel Arrojado Ribeiro Lisboa, 1872-1932, geslogo brasileiro) Quando ocorrem apenas pequenas variagdes qui micas na composi¢io de um mineral, utiliza-se 0 termo variedade em contraposigio a “espécie mi- neral”. Por exemplo, 4 do parte do zinco da espécie mineral esfalerita (Zn) é substituido por ferro, gerando assim a formula (Zn,Fe)S, origina se uma variedade de esfalerita enriquecida em Fe, € no uma outra espécie e, portanto, nio recebe um novo nome. 2.1.5 Identificagao dos minerais (Os minerais mais comuns podem, muitas vezes, ser identificados simplesmente com a observa de suas propriedades fisicas e morfoldgicas, que io decorrentes de suas composigdes quimicas ¢ de suas estruturas cristalinas. Utilizamos para fins de identificacio répida de minerais as seguintes pro: pricdades: habito cristalino, transparéncia, brilho, cof, trago, dureza, fratura, clivagem, densidade re- lativa, geminagio, propriedades elétricas ¢ magnéticas. Habito cristalino |, exibida ais dos minerais, que reflete a sua estrutura Ea forma geométrica externa, habitu: pelos cris cristalina (Fig, 2.5). E chamada simplesmente habito bretudo, quando do mineral ¢ pode ser observada, s ‘© mineral cresce em condigdes geol6gic hbitos mais comuns sio: 0 laminar, o pi cristais aparece alongados como prismas), 0 fibro- s0, 0 acicular, o tabular (em forma de tibuas ou tijolos) s ideais. Os matico (os € 0 equidimensional. Pettey ‘Transparéncia Os minerais que ndo absorvem ou absorvem pouco a luz so ditos transparentes. Os que absor- vem a luz consideravelmente sio translicidos ¢ dificultam que imagens sejam reconhecidas através deles. Obviamente, estas caracteristicas dependem da espessura do mineral: a maioria dos minerais transhiicidos torna-se transparente quando em liminas, muito finas (Fig, 2.6). Existem, contudo, os elementos nativos metilicos, éxidos € sulfetos que absorvem to- talmente a luz, independentemente da espessura. Si0 os minerais opacos. Fig. 2.5 Exemplos de hébitos cristalinos: (a) cubo de pita (FeS,) visto por um eixo ternério, mostrando também sua cor amarela € seu brilho metélico; (b) ibras de gipsita (CaSO,, 2H,0). Foto: I. McReath, Brilho ia quantidade de luz refletida pela superficie de tum mineral, Os minerais que refletem mais de 75% da luz incidente exibem brilho metilico (Fig. 2.7a). Eo caso da maioria dos minerais opacos. Os que nao atingem esta reflexio tém brilho nio- metilico, Entre os tipos de brilho nao-metilico, é usual distinguir alguns caracteristicos, como 0 vitreo (0 bri- Iho da fratura fresca do vidro), © gorduroso (0 brilho do azeite), 0 sedoso etc. (Fig, 2.7b).. Drilho metilico, como o nome diz, é 0 brilho dos metais polidos, que todos estamos acostumados a ver em objetos de uso comum. Por causa disso, al- ‘Buns esquemas sistemiticos de identificagio de minerais utilizam 0 tipo de brilho - metilico ou niio-metilico ~ como o primeito critério de identificagio, Entretanto, bom lembrar que alguns minerais (a pirita, por exem- plo) podem sofrer leve oxidacio superficial, o que resulta na perda pelo menos parcial do brilho metili- co natural EEE eres Sete elt) Fig. 2.6 Tronsparéncia e translucidez: (o) escala vista otravés, do quartzo (SiO, transporente, variedade cristal de rocha; (b) luz parcialmente transmitida pelo quartzo translicido, var ‘edade leitosa, porém a escala emboixo da amostra, na parte inferior, no 6 visivel. Foto: |. McReath Cor A cor de um mineral resulta da absorcio seletiva da luz. O simples fato de o mineral absorver mais um determinado comprimento de onda do que os ou- tos faz, com que os comprimentos de onda restantes, se componham numa cor diferente da luz branca que chegou ao mineral. Os principais fatores que colabo- ram para a absorgao seletiva sio a presenca de elementos quimicos de transigio (Ferro, cobre, niquel, cromo, vanadio ete.) na composicio quimica do mi- neral, os defeitos na sua estrutura atomica, ¢a presenga de pequenissimas inclusdes de minerais, dispersas atra- vés dos cristais. Alguns minerais tém cores bastante caracteristicas, sendo chamados de idiocromaticos (por exemplo, 0 enxofre, amarelo). Outros sio alocromaticos, isto é sua cor varia amplamente. A turmalina © 0 quartzo, por exemplo, ocorrem em, muitas cores, Conseqiientemente, a cor do mineral nem sempre é propriedade confiével na sua identificacio. Fig. 2.7 Brilhos: a) née metélico, tipo terroso no minério bauxita (oxi-hidréxido de Al); b) metélico [galena (PbS}]. Foto: I. McReath, Pe LL Trago trago € a cor do pé do mineral, E obtida ris- cando 0 mineral contra uma placa ou um fragmento de porcelana, em geral de cor branca (Fig. 2.8). Esta propriedade s6 é titil como elemento identificador dos minerais opacos ou minerais ferrosos, que apresen- tam freqiientemente tragos coloridos (vermelho, marrom, amarelo etc.). A maioria dos minerais transhicidos ou transparentes exibe trago branco, Ao provar minerais mais duros que a porcelana (aproxi- madamente 7 na escala de Mohs - ver a seguir), 0 traco resultante no é do mineral, mas sim da porcela- na. A cor do pé destes minerais somente pode set observada por moagem do mineral. —— Fig. 2.8 Troco vermelho (rs- co de comprimento de 1 cm, aproximadamenie, na parte su perior sobre placa de porcelana) da hematito (Fe,O,), mineral de cor cinza escure e brilho metélico. Foto: |. McReath, Dureza ‘A dureza é a resisténcia que 0 mineral apresenta a0 ser riscado, Para classificé-la, utiliza-se a escala de Mohs, em homenagem ao mineralogista australiano F. Mohs, que a elaborou com base na dureza de mine- rais relativamente comuns utilizados como padroes € que varia de 1a 10, em ordem crescente de dureza. Na falta destes, podem ser usadas algumas alternativas apresentadas na coluna 4 direita da Tabela 24. A limi- na de aco risea todos os materiais com dureza menot que 5 ¢, por sua vez, é riscada por todos os materiais, com dureza maior que 5,5. Tabela 2.4 Escala de Mohs padrées secundérios. c ere rary eer re talco ainsita calcita fluorita apatite ortoclésio quortzo topézio ‘corindon diamante vunha (2,5) clfinete (3,5) lamina de aco (5 - 5,5) porcelane (~7) wevansen ° Fig. 2.9 Fratura e clivagem: 0) fratura conchoidal do quartzo; b] tr clivogens perfeitas, em padiéo romboedral, cujos pla nos se destacom pela iluminacéo, de brlhonte o bastante escuro; cristal de calcta (CoCO,), variedade de espato de Is- léndio. Foto: I. McReath Fratura Denomina-se fratura a superficie ieregular ¢ curva resultante da quebra de um mineral. As superficies de fratura, obviamente controladas pela estrutura at6mi- ca interna do mineral, podem ser irregulares ou conchoidais (sio estes os tipos mais comuns de fratu- a) Fig. 2.92). Clivagem “Muito freqiientemente, ocorrem superficies de que- bra que constituem planos de notivel regularidade. Neste caso, a quebea passa a ser denominada elivagem, que pode ser perfeita, boa ou imperfeita. A maioria dos minerais, além de mostrar superficies de fratura, apresenta uma ou mais superficies de clivagem, no- meadas segundo sua orientagio com referéncia a faces, de sélidos geométricos (por exemplo, clivagem cibi- ca, clivagem romboédrica ete., Fig, 2.9b). Densidade relativa Bo niimero que indica quantas vezes certo volu- me do mineral € mais pesado que 0 mesmo volume de gua (a 4°C). A densidade relativa da maioria dos minerais formadores de rocha oscila entre 2,5 € 3,3. Alguns minerais que contém elementos de alto peso atémico (por exemplo, Ba, Pb, Sr etc.) apresen- tam densidade superior a 4, Com alguma pritica, pode-se avaliar manualmente, de forma qualitativa, a maior ou menor densidade do mineral ou seu agrega- do. No entanto, a determinacio precisa deste valor é feita utilizando-se uma balanga especial. Geminagio FE. a propriedade de certos cristais de aparecerem intercrescidos de mancira regular. Os diferentes indi- viduos de um cristal geminado relacionam-se por operagdes geométricas. A geminagao pode ser sim- ples (dois individuos intercrescidos) ou maltipla (polissintética). © tipo de geminacio é, muitas vezes, ‘uma propriedade diagnéstica do mineral (Fig, 2.10). Fig. 2.10 Exemplos de geminados: (a) geminado simples em cruz da estaurolita (mineral do familia dos silicatos); (b) geminacéo polissintétca (repetida) na labradorta, da fami. silicética dos plagioclésios; © podréo destaca-se pela alternancia de finas bandas que apresentam reflexdes alternadamente mais e menos fortes; este padréo de {geminagio, quando visivel, serve para distinguir os plagiocsios dos feldspatos alcalinos. Foto: |. McReath. Propriedades elétricas e magnéticas Muitos minerais so maus condutores de eletrici- dade. Excegdes a esta regra se devem a presenga de ligagdes atémicas totalmente metilicas, como é 0 caso dos metais nativos ouro, prata, e cobre, todos exce- lentes condutores. Nas estruturas em que as ligagdes atmicas sio apenas parcialmente metilicas, por exem- plo, sulfetos, os minerais so semicondutores. No caso dos minerais considerados nio-condutores, as ligages iénicas e covalentes predominam, Piezoeletricidade € piroeletricidade sio proprieda- des elétricas especiais. Elas aparece em minerais que se cristalizam em classes de simetria sem centro de simetria, Piezocletricidade é a propriedade que um mi- neral tem de transformar uma pressio mecanica em carga elétrica. Se uma placa de quartzo, conveniente- mente cortada, for pressionada, sutgitio cargas positivas ¢ negativas extremamente regulares. Esta ca- acteristica faz com que © quattzo seja muito usado pela industria eletroeletrénica, no controle das ridio- freqiiéncias. O Brasil tem grande importincia como, ys fornecedor de quartzo para esta finalidade, Pirocletricidade é a eletricidade originada pelo aumento de calor. Os minerais sem centro de simetria, quando aquecidos, emitem uma corrente elétrica. Os primei- ros pirdmetros, usados para medida de temperaturas em altos fornos, foram fabricados explorando a ele- vada piroeletricidade das turmalinas. Entre os minerais mais comuns, a magnetita (Fe,O,) © a pirrotita (Fe, S) so os tinicos atraidos por um campo magnético (imi de mio). Este “I-x" na for- mula quimica da pirrotita significa que a relacio FeS é menor que 1; ficam vazias, entio, algumas posigdes destinadas a0 Fe. A orientagio dos minerais magnéticos nas rochas igneas é importante no estudo do paleomagnetismo terrestre (Caps, 4 ¢ 6). Sua presenca é de grande valor para as exploragdes minerais baseadas em técnicas de sensoriamento remoto, uma vez que os minérios as- sociados & magnetita sio mais facilmente localizados, ‘mesmo em subsuperficie, por meio de magnetémetros especiais. 2.2 Rochas: Unidades Formadoras da Crosta 2.2.1 O que sao rochas? Por definigio, as rochas sio produtos consolida- dos, resultantes da uniio natural de minerais. Diferente dos sedimentos, por exemplo areia de praia (um con- junto de minerais soltos), as rochas tém os seus cristais ou gtiios constituintes muito bem unidos. Dependen- do do processo de formagio, a forga de ligagio dos gios constituintes varia, resultando em rochas “du- tas” ¢ rochas “brandas”. Chama-se estrutura da rocha 0 seu aspecto geral externo, que pode ser macico, com cavidades, orien- tado ou nfo etc. A textura se revela por meio da observagio mais detalhada do tamanho, forma e rela- cionamento entre os cristais ou grios constituintes da rocha. Outra informagio importante no estudo das ro- chas é a determinagiio dos seus minerais constituintes. Na agregacio mineraldgica constituinte das rochas, reconhecemos os minerais essenciais e minerais aces- s6rios. Os essenciais estio sempre presentes € sio os mais abundantes numa determinada rocha, e as suas proporgées determinam 0 nome dado rocha. Os acessérios podem ou nao estar presentes, sem que isto, modifique a classificacio da rocha em questao. Quando os minerais agregados pertencerem mes ma espécie mineralégica, a rocha ser4 considerada monominerilica. Quando forem de espécies dife- rentes, ela sera pluriminerilica (Tabela 2.5) Tabela 2.5 Rochas monominerélicas e pluriminerdlicas. Pee Cae cued fleguaeee Coleéirio Gnoisse Mérmore Gobro Quartzto Granito 2.2.2 Classificagio genética das rochas Classificar as rochas significa usar critérios que permitam agrupé-las segundo caracteristicas seme Ihantes. Uma das principais classificacdes é a genética, em que as rochas sio agrupadas de acor- do com o seu modo de formacio na natureza. Sob este aspecto, as rochas se dividem em trés grandes grupos: igneas ou magmiticas Estas rochas resultam do resfriamento de mate- tial rochoso fundido, chamado magma (Fig. 2.12a). Quando o resfriamento ocorrer no interior do glo- bo terrestre, a rocha resultante sera do tipo ignea intrusiva, Se 0 magma conseguir chegar 4 superfi- cie, a rocha resultante seri do tipo fgnea extrusiva, também chamada de vuleanica (Fig, 2.12). A ro- cha vulednica mais abundante é o basalto, cuja composicio quimica é rica em piroxénios e plagioclisio cdlcico. O Cap. 16 trata especificamente dos magmas e rochas igneas. Para reconhecer se a rocha é intrusiva ou extrusiva é necessario avaliar sua textura. O resfriamento dos magmas intrusivos é lento, dan do tempo para que os minerais em formacio scam o suficiente para serem facilmente vi Alguns cristais podem chegar a varios centimetros. O granito (Pig. 2.11) €a rocha ignea intr abundante na crosta terrestre. iveis. iva mais k,n Fig. 2.11 Detalhe de uma chapa de granito polida. As massas réseas (por exemplo, FA) sdo 0 feldspato alcalino, as brancos, (por exemplo, Pl, 0 plagioclésio. Junto ao quarizo (as massos. levemente esbranquicades, por exemplo, QZ), os feldspatos formam os minerais eSsenciais que somam em torno de 80% do volume de rocha. A mica preta (biotita) e o anfibélio {hornblende} compéem o maior parte dos éreos escuros. O resfriamento dos magmas extrusivos € muito mais rapido. Muitas vezes, no ha tempo suficiente para os cristais crescerem muito. A rocha extrusiva tende a ter, portanto, uma textura de granulacio fina, Outro fato que chama a atengio no estudo das rochas igneas € que a sua cor é bastante variavel. As rochas igneas escuras sio mais ricas em minerais contendo magnésio ¢ ferro (dai o nome “mafico”) O gabro, de composicio equivalente ao basalto, é uma rocha ignea, intrusiva, pluténica e méfica. As rochas fgneas claras so mais ricas em minerais con- tendo silicio e aluminio ( feldspatos e 0 quartzo, ou silica (dai, 0 nome félsico). O granito é uma rocha ignea, intrusiva, plutdnica, sidlica e félsica. Esta diferenca na consti- tuicio quimica dos magmas indica que existem diferentes tipos de magmas (Cap. 16). icas), que incluem os Sedimentares Parte das rochas sedimentares é formada a partir da compactagio c/ou cimentagio de fragmentos pto- duzidos pela ago dos agentes de intemperismo e pedogénese (Cap. 8) sobre uma rocha preexistente (protolito) (Fig: 2.12b), apés serem transportados pela ago dos ventos, das guas que escoam pela su- perficie, ou pelo gelo, do ponto de origem até o ponto de deposicio (Fig, 2.120). Para que se forme uma ro- cha sedimentar € necessario, portanto, que exista uma rocha anterior, que pode ser fgnea, metamérfica e mes- Coo te Raa rea ‘mo outra sedimentar, fornecendo, pelo intemperismo, sedimentos (particulas ¢/ou compostos quimicos dis solvidos) que setio as matérias-primas usadas na forniagio da futura rocha sedimentar. Os compostos quimicos dissolvidos representam a matéria-prima para 08 sedimentos quimicos. Os sedimentos (Fig. 2.12c) sempre se depositam em camadas sobte a superficie terrestre. Quando a rocha sedimentar é constituida por part: culas (clastos) preexistentes, ela € classificada como clistica. O processo geol6gico que une as particulas sedimentares é conhecido como litificacio ou diagénese, € compreende uma combinacio entre os processos de compactagio € cimentagio. A litificagio ocorre em condigées geolégicas de baixa pressio (peso dos sedi- ‘mentos posteriores) baixa temperatura (~250°C) e, pot isso, as rochas clisticas no tém, salvo raras exce-

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