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CAPITULO 1 INTRODUGAO yer de um autor é defini- o primeiro de — costu- m letras minusculas (Xo lidar com termos ambiguos, substituindo a “revolugao industrial” Jos. As palavras “ rir-se a0 complexo de inovagdes tecnolégicas que clas maquinas ¢ a forga humana ¢ animal pela energia pelas maq' sduzem uma mudanga que transforma o trabalho fazé-lo, dio origem a uma economia ersos pai- mam refe} habilidade humana de fonte inanimada, intro csanal em fabricagdo em séric c, a0 f “na, Nesse sentido, a revolugao industrial j as socicdades estio cm meio & mu- art mode 4 transformou div ses, ainda que danga, ¢ ainda esta po! esas palavras tém as vere: mudanga tecnologica rapida, #revolugao industrial do século XII a", na “segunda revolugio industrial” ¢ numa “revolugao nos tendo tantas “re- em medida desigual; outr 1 vir a transformagao de outras mais. s outro significado. Sao usadas para denotar cos de modo que os historiadore ”, numa “revolugao in- Iquer qu tumam falar em dustrial primitiv industrial do Sul alyodociro”. Nesse s as historicamente demarcadas de inovayao sentido, acabare yolugdes” quantas sao as seqiiénei industrial, © mais todas as seqiiéncias desse tipo que venham a ocorrer no futuro; ha quem diga, revolugdo industrial: a da automagao, dos transportes aéreos ¢ do atom Por fim, essas palavras, quando grafadas com maiusculas, tém outro por exemplo, que ja estamos em meio a terecira sentido. Denotam 0 primeiro exemplo historico do avango de uma ccono- mia agraria ¢ dominada pela habilidade artesanal para uma economia domi- nada pela industria e pela fabricaggo mecanizada. A Revolugao Industrial comegou na Inglaterra no século XVII, de onde se difundiu desigualmente ara algumas Areas de além-ma, jtinental © P: sformou a vida do h 0. a duas gerago dade ¢ seu relacionamento cq, ™ os ropa Con mal chegouw sua socic 30 Industrial, tal como ocorre . Uno Og. es, tra atureza de A Revolug livro. a sucessao inter-relacionada de mudan mundo. do tema deste Jo foi um ateriais ocorreram em trés arca: curopeus dessa Revolug _ Os avangos ™ (1) houve «c habilidades humanas por dispositivos mecinicos; (2) la — especialmente a do vapor — tomouo lugar e uma melhora acentuada nos métodos dente Ocerne gas tocnolgi pstituigao d le fonte inanimad: ,ana c animal; (3) houv ransformagao das matérias-primas, mo inciistrias metalurgicas e quimicas. a essas mudangas dos equipamentos € processos, 4o industrial. O tamanho das unidades uma sub energia d da forga hum de extragao ¢ 0 hoje se conhece co especialmente no que Concomitantemente surgiram novas formas de organizag odutoras aumentou: as maquinas € a centragio da fabricagao, as oficinas ou as salas d gar 3s usinas e as fibricas, Ao mesmo tempo, a fabrica passou a ser uma unidade de trabalho de maiores dimensdes. Tornou-se um 3o baseado numa definigSo caracteristica de fungGes ¢ rentes participantes do processo produtivo. De pr energia exigiram e possibilitaram a conc je trabalho domiciliares deram lu mais do que sistema de produg: responsabilidades dos dife' um lado, havia o empregador, que nao apenas contratava a mao-de-obra e comercializava 0 produto acabado, mas também fornecia o equipamento fundamental ¢ supervisionava seu uso. De outro, havia 0 trabalhador, nao mais capaz de possuir e fornecer os meios de produgio e reduzido a condi io de operdrio (palavra que é significativa e simboliza bem essa transfor- magio do produtor em simples trabalhador).” Ligando um ao outro, havia a relagio econdmica — o “eixo salarial” — e a relago funcional de super- visio e disciplina. A disciplina, é claro, nao era inteiramente nova. Alguns tipos de traba- Iho — os grandes projetos de construgio, por exemplo — sempre haviam exigido direcdo e coordenagio dos esforcos de muitas pessoas. Muito antes da Revolugao Industrial, em varias grandes oficinas, ou “manufaturas”, a mio-de-obra tradicional, ndo mecanizada, trabalhava sob supervisio. Ne sas condigdes, no entanto, a disciplina era comparativamente frouxa (ne- O terme hand, wiizado no original, akém das acepedes de operério, auxiia, serventey cu asremelhados, tem também a conotacao explicita de “mao” — a mio, real ou gu ada (e “des lo sujeito, por assim dizer), que executa alguma coisa, (N. da T.) tripulante a edo qi Jan ma Jo sendo Id grande coisa, afetava apenas uma pequena parce hum supervisor é mais exigente do que o toque-toque constant winas) © 9 M pulagao industrial, P lina das fabricas era uma outra historia, F jada gia © acabou uma nova cepa de trabalhadores, subjugados as exigéncias ine Jaa disci por eriar — "aveis do relogio. Também abrigou em si molégicos, pois o controle da mao~de-obra implica a poss alizaca0 do trabalho. Desde 0 comego, a especializagao das fungies aa aeinGhiea de re sementes de novos avangos tect pilidade de racion: - < produtivas foi mais intensificada nas fabricas do que 0 cra nas oficinas ¢ nas Pi jastrias artesanais domiciliares; a0 mesmo tempo, as dificuldades de lidar © materiais dentro de uma Arca restrita deram origem a me- com homens na organizagio. Uma cadcia direta de inovagées liga, Ihorias na disposigao ¢ de um lado, os esforgos para distribuir o processo de fabricagao de mancira a que a matéria-prima deslizasse pela fabrica ao ser transformada ¢, de ou- tro, as linhas de montagem e esteiras rolantes dos dias atuais. Em toda essa diversidade de aperfeigoamentos tecnold ‘a mudanga gerava mudanga. Por nos, era ev! dente o caréter univoco do moviment s s6 foram viaveis depois de ocor- um lado, muitos aperfeigoamentos técnit rerem avangos em campos correlatos. A maquina a vapor é um cxemplo classico desse carater interacional da tecnologia: era impossivel produzir todos de metalurgia, condensadores eficazes antes de surgirem melhores m s de produzir cilindros precisos. Por outro lado, os aumentos de pro- capaze: 0 advindos de uma dada inovagao inevitavelmente dutividade e produ exerciam uma pressio sobre as operagécs industriais correlatas. A demanda de carvao levou as minas a descerem a maiores profundidades, até que as infiltragoes de Agua tornaram-se um grave risco; a resposta foi a criagao de uma bomba mais cficiente, a maquina a vapor atmosférica. A oferta barata de carvao revelou-se uma dadiva dos céus para a industria do ferro, que ava sendo asfixiada pela falta de combustivel. Entrementes, a invengao © ‘o de maquinas na indistria t¢xtil e em outras industrias criow uma est a difusa nova demanda de energia, c, portanto, de carvao e de motores a vapo ‘esses motores, assim como as préprias maquinas, tinham um apctite voray de ferro, 0 que reclamava mais carvao e energia, O vapor também tornou possivel as cidades manufatureiras, que usavam quantidades inauditas de e ferro (ec, portanto, de carvao) em suas usinas de varios andares e scus siste- amento do fluxo de mas de gua ¢ esgotos. Ao mesmo tempo, 0 proc produtos manufaturados exigia grandes volumes de substancias quimicas — Alcalis, 4cidos e tinturas —, cuja fabricagao freqiientemente consumia mon- tanhas de combustivel. E todos esses artigos — ferro, produtos téxte produtos quimicos — dependiam de uma movimentagio dem No de mere; adorias Tias-primas atq stantes. A opor. ssibilidades da nova tecnologia combin gem larga eseala, por terra ¢ por mar, desde as fontes das maté e novamente até os mercados, proximos ou d as tabricas, aram-; tunidade assim criada © as po! ra produzir as ferrovias © a navegagio a vapor, que, evidentement e 1 Cy au. pa stiveis, ao mesmo tempo mentaram a demanda de ferre ¢ de combu . + que creado de produtos manulaturados. E assim sucessivameny , expandiam o me em cireulos cada ver mais amplos. Nesse sentido, a Revolugio Industrial marcou um angos do comércio € da indastria, 1a mutagio fundamen. tal na historia do homem, Até entio, os av fossem, tinham sido essencial. as, cidades présperas, na. eriodos de prosperida. atorios ¢ impressionantes que mercadori satis! por mais mente superficiais: mais riqueza, mais tido a outros p' babos mereantis, O mundo havia as na Italia medieval ¢ em Flandres, por em eacla um desses €280S; ine- produtividacle nfo podia ha- ativos se consolidassem, de industrial exemplo — mas vira a fronteira do avango econdmico retroceder na xistindo mudangas qualitativas ¢ melhorias yer garantia de que os lucros meramente quantit deu inicio a um avango cumulativo € auto- Foi a Revolugio Industrial que des se fariam sentir em todos os sustentado da tecnologia, cujas repercu axpectos da vida econdmica. Sem divida, a oportunidade resso econdmico tem sido desigu: Ses, ¢ nao hé razio para sermos 0 infinita. Por um lado, 0 avango te sariamente, a realiza- nao constitui, nec al, marcado por surtos de cres- complacentes quanto a cio. O prog cimento © recess' cnoldgico nio pectiva de uma ascens equilibrado. Cada inovagao parece ter uma duragio ude experimental, maturidade vigo- per > regular € & um proce propria, que abrange perio rosa e velhice declinante. endimento margina’ nodo, os diversos ramos de produgio odos de juvent A medida que suas possibilidades tecnoldgicas se materializam, seu r I diminui ¢ ela dé lugar a técnicas mais mais vantajosas. Do mesmo 1 novas ¢ sas técnicas seguem sua propria curva de crescimento em que incorporam ¢' sim, a ascensio das industrias que de assintota.” A: dirego a uma espé stiveram no cerne da Revolugio Industrial — produtos téxteis, ferro ¢ ago, rro- produtos da indiistria quimica pesada, engenharia a vapor, transporte fe vidrie — comegou a declinar por volta do fim do século XIX nos paises mais avangados da Europa ocidental. Alguns observadores chegaram a temer que e desmoronando, (Nessa época, a Revolugao Indus- ro estives jstema int ° J estave. substancialmente concluida nesses paises.) Alguns progndsticos trial jgualmente tenebrosos acompanharam a depressao mundial da década de i eo, particularmente os dos criticos marxistas, que consideravam a econo- 1930 mia Cap! . aif conomias industriais avangadas deram provas de consideravel vitali- talista incapar. de uma criatividade continua, Na verdade, entretan- 0, 28 : wee teenoldgica. A pera de impulso, no fim do séeulo XIX, dos ramos pt sio de Pe yasindstrias, bascadas em avangos espetaculares do conhecimento em scocemente modemizads foi mais do que compensacla pela asce quimica e em cletricidade e numa nova fonte mével de energia — 0 motor ig- nar por segunda revolugio industrial, A retragio dos anos 1930 também foi de combustao interna, Esse ¢ 0 conjunto de inovagdes que se costuma des seguida por décadas de criatividade incomum, que, mais uma vez, consisti ram primordialmente em inovagdes na aplicagaio das ciéncias quimica e clé- trica, somadas aos avancos obtidos na geragio e fornecimento de energia — aja citada terceira revolugio industrial. Uma causa mais grave de preocupagio encontra-se fora do sistema pro- dutivo propriamente dito — na Area da economia politica e da politica tout court, Mesmo presumindo que a engenhosiclade de cientistas e engenheiros continue sempre a gerar novas idéias para substituir as antigas, ¢ que se descubram meios de superar os tipos de escassez que possam surgir (de alimentos, de 4gua ou de matérias-primas industriais), ndo ha garantia de que os homens encarregados de utilizar essas idéias 0 fagam inteligentemen- te — inteligentemente, frise-se, néo apenas no sentido de uma exploragao eficaz. de suas possibilidades produtivas, mas também no sentido mais am- plo de uma adaptagi eficaz. ao meio ambiente material e humano, de modo aminimizar 0 desperdicio, a poluido, © atrito social ¢ outros custos “exter- nos”, Tampouco hé garantia de que fatores exdgenos ndo econémicos — acima de tudo, a incompeténcia do homem para lidar com seu semelhante —nio venham a reduzir a pé toda essa magnifica estrutura. Nesse meio-tempo, entretanto, a ascensdo tem sido espetacular. Al- cangaram-se melhorias de produtividade da ordem de varios milhares para lum em alguns setores — nas miquinas motrizes e na fiagéo, por exemplo. Em outras dreas, os progressos s6 foram menos impressionantes em termos comparativos: da ordem de centenas para um na tecelagem, na fundigao de minério de ferro ou na fabricagao de calgados. Algumas areas, é claro, as- “istiram a mudangas relativamente pequenas: barbear um homem ainda leva ‘nals ou menos o mesmo tempo que no século XVIII. june non quantitativos de produtividade, naturalmente, sao apenas Panorama, A tecnologia moderna produ ndo apenas mais e com maior rapide; el 7; ela pr ‘ . ncira nenhurm,. produz objetos que nio poderiam ser fabricados, de ma com ° S 08 métodos artesanais do passado, O melhor fiandeiro manual indiano na 10 nao i i a manna inane Consegiria produzir fios tio finos ¢ regulates quanto o S S ecanicos; i ' s; nem a soma de todas as forjas do mundo cristio do as ¢ homo- século XVII gin I seria capaz de produzir folhas de ago tio grandes, lis geneas quanto . big r le = de um moderno laminador. E, 0 que é mais importante, a gia mod spall gi jerna criou coisas que dificilmente scriam concebiveis na cra pré-industrial; a maqui sfi ‘ : aquina fotografica, o automdvel, 0 aviio, todo o sorti- mento de apare! é , ‘ parelhos eletrdnicos, desde 0 radio ate 0 computador, as usinas nucleares ¢ assi ssim por diante, quase ad infinitum. Na yerdade, um dos esti- inayio; a mulos primordiai ail primordiais para a tecnologia moderna ¢ a liberdade de ima; cre: uma reserva de co- nte al i a ri nulacao de ‘ onomia da ciéncia pura ¢ a acumulacao de nhecime i Bo ce inagio versl- ntos ainda nio canalizados, em combinagio com o estoque diversi ance cada vex mais amplo ficado das técnicas jé estabelecidas, deram um alc melhores A visio inventiva. P isio inventiva. Por fim, a essa variedade de produtos nov alguns dos resultados mais artis- sem diivida introduzidos em detrimento de de produtos convém acrescentar a vasta gama € que agora sio aces ticos do artesanato manual — bs que um dia foram uma raridade ou um luxe, siveis por pregos razoaveis, gragas a0 aperfeigoamento dos transportes: Foi preciso haver a Revolusd0 Industrial pata que @ chic 0 café, a banana da a Central ¢ 0 abacaxi do Havai se transformassem em alimen' sultado foi um enorme aumento da produgio ¢ da varicdade isso, por si s6, mais do que qualquer outra coisa desde uc estilo de vida do homem: o cidadio inglés egionsrios de César, em termos do acesse exotica Améric tos do cotidiano, O re: dos bens € servigos, & -oberta do fogo, modific ava mais préximo dos I s, do que de seus proprio a desc de 4750 est gs coisas materiai Esses avangos materiais, plexo de mudangas econémicas, jdade ¢ 0 curso do desenvolvi- »s bisnetos. por seu turno, provocaram ¢ promoveram um grande comp sociais, politicas ¢ culturais, que influenciaram 1 mento tecnologico- Existe, cemos como industrializagao. Trat especificamente tecnoldgico, acrescida de em particular 0 deslocamento de mio-de-obra ¢ recurs para a industria. Esse deslocamento reflete a interagao das car radouras da procura com as condigdes mutéveis da oferta geradas pela G0 industrial. Do lado da demanda, a natureza das caréncias huma- as clevagdes da renda aumentem menos © apetite por ge- por produtos manufaturados. Isso nao se aplica as bsisténcia; estas tendem a usar qualquer eciprocamente a veloci em primeiro lugar, a trat a-se da revolugao industrial no sentido nsformagao que conhe- uas conseqiiéncias econdmicas, sos da agricultura acteristicas du revolu nas faz com que neros alimenticios do que pessoas que vivem no limite da su ginheiro extra para comer melhor. Mas a maioria dos curopeus ja vivia ccama desse nivel &s vésperas da industrializacio; e, embora eles realmente comprassem mais alimentos & medida que a renda se clevava, suas despesas com produtos industrializados tendiam a aumentar ainda mais depressa, Do Jado da oferta, esse deslocamento da demanda foi reforgado pelos lucros relativamente maiores obtidos na producio industrial, comparada a agrico Ja, com a conseqiiente queda no prego dos produtos manufaturados em relagao a0 dos produtos primsrios. Constitui uma questo interessante, mas discutivel, saber se essa dispa- ridade ¢ inerente ao processo industrial, ow seja, se a incistria é intrinseca mente mais passivel de aperfeigoamento tecnoldgico do que a agricultura ¢ a pecuaria. Persiste 0 fato de que, no periodo da Revolugio Industrial ¢ posteriormente, a industria avancou mais depressa, ampliou sua quota da riqueza ¢ da produgao nacionais ¢ drenou a mao-de-obra das reg rioranas. Essa mudanga variou de um pais para outro, dependendo das van- s inte- tagens comparativas ¢ da resisténcia institucional, Teve sua forma mais ¢x- tremada na Inglaterra, onde o livre comércio despojou os agricultores da prote¢ao contra a concorréncia estrangeira; em 1912, apenas 12% dla forga de trabalho britanica estavam empregados na agricultura; em 1951, cssa proporgao havia caido para a cifra quase irredutivel de 5%. E foi mais lenta na Franga, pais de pequenos proprietarios rurais, onde uma introdugo mais gradativa da nova tecnologia industrial combinou-se com tarifas eleva- das sobre a importagio de géneros alimenticios, retardando a retragio do sector primario, Mais de metade da forga de trabalho francesa estava na agri- cultura em 1789 (talvez 55% ou mais), ¢ isso ainda acontecia em 1866, apds 3/4 de século de mudanga tecnoldgica; em época tio recente quanto 1950, a propor¢ao ainda equivalia a 1/3." A industrializagio, por scu turno, esta no coragio de um processo maior ¢ mais complexo, muitas vezes designado como modernizacao, Trata- se da combinagio de mudangas — no modo de produgio e de governo, na ordem social e institucional, no corpo de conhe imentos ¢ nas atitudes ¢ valores — que possibilita a uma sociedade manter-se no século XX, isto é, competir em termos de igualdade na gerag3o de riquezas materiais e cultu- tals, preservar sua independéncia e promover novas mudangas, adaptando- sea clas, A modernizagao abrange avancos como a urbanizagio (concentra- sao da populacio em cidades que servem como nicleos de produgio industrial, de administragio e de atividade intelectual ¢ artistica); a redugao acentuada das taxas de mortalidade ¢ natalidade em comparagio com os niveis tradicionais (a chamada transi¢ao demogréfica); 0 estabelecimento de 1 ‘ stante centralizada; a criagdo d ima burocracia governamental eficaz ¢ bastante cent ‘so de uma burocracia governa lizar as criang: levando-as f 80 , . um sistema educacional capaz de formar ¢ ner oti J compativel com suas aptiddes ¢ com os me s a um nivel compative s Jigio da capacidade ¢ dos meios de uti. contemporineo: jaro, a aquisiga lizar uma tecnologia atualizada. sntes, como se evidenciara na ‘Todos esses elementos sio interdependentes, com ‘oddos esse! ¥ s tem certo grau de autonomia, liscussio que se segue, mas cada uM deles tem certo gt ‘ ' discussa se segue, mas ese ee fea ~ a as areas enquan! sendo perfeitamente possivel progredir em algumas q sumas das chamadas “nagdes para tras em outras —— como o testemunham algumas: ” Sj unico ingrediente da emergentes”, ou “em desenvolvimento”, debe: oO pened ccanaldg modcrnizagio que é praticamente indispensavel é am Ce een ¢a, com a industrializagdo que a acompanha; caso contr “ _ q sio os adormos sem a substincia, a aparéneia sem a realidad < —— A sorte da Europa foi que a mudanga tecnolégica € a is ne liza precederam ou acompanharam pari passu 08 outros compo! dernizagio, de modo que, em termos gerai , cla foi poupada dos sofrimen- tos materiais ¢ psiquicos do amadurecimento desequilibrad, Os exemplos de discrepancia acentuada que nos vém 4 mente ° esforgo le ‘ a P i forcar a ocidentalizagio de uma sociedade servil na Réssia, a exp! sso pe pulacional da Irlanda, num ambiente agricola primitivo e pobre, a url ~ zagao da Europa mediterranea no contexto de uma economia pré-industrial resultaram em morte, miséria e permanente ressentimento, A Europa industrializada também teve suas dores do crescimento, que sé podem ser consideradas moderadas se forem comparadas aos casos ex- tremos de modernizagio acelerada, ou A profunda pentiria e sofrimento daquele mundo externo (0 chamado Terceiro Mundo) composto de socic- dades tecnologicamente atrasadas e nao industrializadas da Asia, da Africa e da América Latina, A mecanizagao abriu novos cendrios de conforto e pros- peridade para todos os homens, mas também destruiu os meios de subsi téncia de alguns ¢ deixou outros vegetando nas 4guas estagnadas que se for- mam as margens da corrente do progresso, A mudanga é demonfaca; ela cria, mas também destrdéi, As vitimas da Revolugao Industrial foram conta- das 4s centenas de milhares, ou mesmo aos milhdes (muitas delas, no entan- to, teriam estado em condigdes mesmo modo, a Revoluca da piores sem a industrializago). Do 10 Industri gios iniciais, a ampliar o hiato entr entre empregadore: de classe de uma al tendeu, especialmente em seus esta ricos ¢ pobres © a agucar a clivagem $ € empregados, abrindo assim as contundéncia sem precedentes. Ela portas para conflitos verdadeiro proletariado industrial: os “unhas. nao criou o primeiro -azuis” da Flandres medieval e tigos de tra- cento S30 exemplos mais a” je-obra. renga do quattro is a que nada tinham a vender send sua mao-d le, o sistema de produgao domiciliar foi, em sua entre as classes quanto a fabrica, Mas 0s uma classe mpi da Fl em terre na verdac Jor de hostilidade XIX realmente assistiram erosa ¢ concentrada do que nunca. s miseraveis ¢ a consciéncia de cla ao crescimento de is num E com o tamanho » vieram os bairre c, OS vrabalhadora ™ ca concentra a rtidos trabalhi De modo similar, . Ela nao criou os prim stas ¢ as panactias radicais. a Revolugao Industrial ge ros: capitalistas, tes. A hegemonia instaveis rou mudangas dolorosas na mas produziu estrutura do pode inpresarial de tamanho ¢ forga sem prece’ ala durante muito tempo pelos éxitos i Itos dos novos aristocra- de revolugées, tama classe © daaristocracia rural, ameag mas nunca derrotada, cedeu aos a: do comércio, nés. Basicamente como resultado de uma série ‘os da maior parte da Europa ocidental passou 1 seus aliados no comércio tifundiario mais tas das chamin 2 politica interna dos govern a ser determinada pelo interesse industrial ¢ po! sfinancas, com ou sem a cooperagao do establishment la ropa central — Alemanha ¢ Austro-Hungria —, 0 quadro foi Jugdo fracassou ¢ a aristocracia continuou a es comerciais foram subordinadas ena antigo. Na Eu diferente: a tentativa de revo segurar as rédeas do governo; as ambig jsmetas da unio ¢ do poder, em vez de se identificar com elas. Mesmo ali, entretanto, a crescente riqueza e influéncia da burguesia industrial ¢ co- mercial evidenciou-se no rumo da legislagio e na penetragao dos novos- ricos nas fortalezas sociais e ocupacionais das antigas elites. No correr do século XIX, grande parte das terras privilegiadas dos cavaleiros (Ritter- gilter) da Prussia a leste do Elba passou para as mios dos plebeus, e a pro- porgio de aristocratas no corpo de oficiais do exército prussiano caiu de 70% para 30% entre 1870 ¢ 1913.7 Sem divida, esse tipo de vitéria significou, muitas vezes, uma espécie de derrota: os burgueses em ascensio conseguiam scr mais esnobes do que 08 nobres de sangue real, mais rigidos e arrogantes do que os guardas prus- oh Ss < na ee a nova elite empresarial competia pelo eee an a ela Siees com 0 womer ee vendia seu esas oe te uma ragio de sopa chauvinista, temperada coos ee im 2 ant comerciais favoriveis Ainiciativa deo =e fo de que ela ett yanienite, tebe que ser compra- dethooree a sp parte, o equilibrio entre posigdo social e poder slcas atiatei = ee grau, da antiga clite rural para os novos- ércio. 13 ce conduviram nessa diregio foram a SePanay’e entre apulagio camp Gragas. Dois dos fatores qu © declinio yoncralizady a aristocracia ¢ a massa da p' as rurais na vida nacional. ema tradicio onesa ¢ fem parte (embora apenas en das forg: al de posse da terra, com seu parte), a industrializa vestigios de privilégios feudais ¢ se ° ema de posse ilimitada de I tuido por um siste ; © sta do cela da tradicional autoridade paternalista vie tenazes direitos contunais, foi subst, tes fechados, Uma certa par ssenhor da herdade” pe ente nas regides em que a muudanga foi torgada, se nesse proceso, especialmente nas TESIO8 1 Ainda mais importante, poem, tum lado, um éxodo macigo em direcio as cidad foi a ancmia progressiva da vida rural: de es, cm detrimento das ter: aricolas pela industria ras marginais; de outro, uma invasio das areas 3 como era verde meu vale! © crescimento do proletariado fabril uesia indus: 9 da bur , a aseens aatragio crescente dos cam: trial ¢ sua fusio progressiva com a antiga elite, etigio dos novos métodos © de uma nova es poneses pela cidade © a comp: cala de cultivo, todas essas tendéncias incentivaram prever uma polarizagio da soci dos explorados ¢ um pequeno grupo de explorad endéncia a0 tamanho ¢ & concentragio pareci vadores a alguns obse salvia edade entre uma grande massa de lores proprictirios dos ine- meios de produsio. At xorivel € difundida. Num mercado impessoalmente competitive, cia projudicar a capacidade de sobrevivéncia do cada avanco da tecnologia pare: pequeno operario independente. Contudo, essa foi uma interpretagio seriamente equivocada do curso da mudanga. A produgio em massa € a urbanizagio estimularam ~~ a rigor, exigiram — maiores facilidades de distribuicdo, uma estrutura de crédito mais ampla, uma expansio do sistema educacional ¢ a assungio de novas funcdes pelo governo. Ao mesmo tempo, a clevagdo do padrio de vida, em virtude da maior produtividade, criou novas necessidades e possibilitou no- vas satisfagées, que lovaram a um espetacular florescimento das industrias voltadas para o prazer eo lazer humanos: diversdes, viagens, hotis, restau- antes ete, Assim, 0 crescimento da forga de trabalho fabril cquiparou-se a uma proliferag o de prestadores de servigos e profissionais liberais, trabalha- dores de colarinho branco, funcionérios, engenheiros e servidores similares do sistema e da sociedade industriais. De fato, com 0 aumento da produti- vidade € a concomitante elevagao do padrio de vida, esse setor sulninistea tio eile servigos da economia — aquilo a que alguns economistas chams- porter ree ree mais rapidamente do que a propria industria. omen ms 2 Revolugio Industrial criou uma sociedade mais rica ¢ mais plexa. Em ver de polarizé-la numa minoria burguesa ¢ num proleta- 14 Hous , |

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