MARCUSCHI Luiz Antonio O Processo de Producao Textual

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er auciale Marcuschi PRG DUE Ag TeXTURL airy ato acto de seu livto, Aula de portugués 130 ¢ saberes escolares, (1997: 1) com um contetdo leve- diferente: “Quando se ensina port tratava'se da questio do en ta da lingua e nao apenas do por 8 de scu estudo. Na realida is em particular ela se ap! ingua portu: gues; da lingua como feita de muitas coisas, Se ado! de vista cria 0 objeto”, parece que a pergunta faz ‘muito bem frisa Ba lid’ no da 108 @ posigdo saussuriana, defer a0, de que “o ponto sentido. Segundo aquilo que se ensina nlo sio as proprias coisas (a pos 12 ou a histria mesma), mas to de conhecimentos sobre as coisas ow um modo, dentre outros ionar com elas (p. 3) dese Esta postura sugere que © ensino, sejaIé do que for, uma visio do objeto e de relagdo com ele. Isto vale para o nosso objeto: a lingua; e mais ainda para os fendmenos aos quais nos dedicamos aqui: 0 texto, os géneros e a compreensdo. Cé ndo essa reflexdo sobre 0 que € que se ensina ou estuda quando se en gua, vale a pena observar utros fenémenos que pode, em parte, 1 ver sofiendo oensina de Portuguésao longo de sua histria, -a Nacional, Lingua Patria omunicagdo¢ Expresso, Portugues. €tambén pontos de vista — ou, particularmente, a campeticio entze eles — que pode explicar, emeerta medida, as pol adefinigio de seu proceso de enunciacio de textos ora escrito? o dominio dew logic e correta em si mesma? o dominio de uma vaziedade linguistica prestigiada socialmente? Dependendo das respostas que forem dadas a esas quests, diferentes pidticas ensinarBo diferentes objtos, com diferentes objetvos. Todas ess prticas, no entanto, poderso ser identificadas pela mesma designagdo: “Portugués. Faz sentido, portant, perguntar 0 que, ao #ensinar essa disciplina, €ensinado. Nao parece restarem diividas q censinamos algo, estamos motivados loa esse aspecto crucial. Sempre que interesse, algum objetivo, Igu- eo ‘© que dari o caminho pata a produgio tanto do objeto da perspectiva, Es larece a pluralidade de teorias e a impossi- bilidade de se dizer qu: ira. Todas tém sua motivagao, algumas podem estar mais bem © fato es vdamentadas e oultras podem ser mais explicativas. ica capaz de conter toda a verdade. Mas nenhuma vai ser 1.2 Andlise da lingua com base na produséo textual ye 0 ensino de lingua deva darse alravés de textos & hoje um consenso ads. Sabidamente, esa 6, também, a ¢ orentagio cental dos PCN. A questio ndo 1¢do deste postulado, mas no modo como isto is so as formas de se trabalhar texto. tant istas teédricos como 3 ‘uma pritica comum na ¢ vas de conduzir 0 trabalho ventadas pela conviegao se ver a lingua nessa perspectiva. Em pri Neste curso, aparecem algumas das a lingua através do texto (falado ou eset sica de que ha boas razbes pa ito lugar, isto € assim por rior ou inferior para ex} desde que na categoria texto se incluam tanto os falados como os escritos , com base em textos pode-se trabalhar: igio de qualquer tipo de problema ling Assim, resumnidamente di nto histérico da lingua: yento auténtico € nao simulado; a) as questoes do de: bb) a lingua em seu fun ©) a5 relagoes entre as diversas variantes linguisticas; )_ as relagoes entre fala ¢ escrita no uso real da lingua: ica da lingua; 8) 0s problemas morfol6gicos em seus v. g) 0 funcionamento e a definigéo de categorias gramati 0s padrées € a organizagdo de estruturas sintitica; iGo do léxico e a exploragio do vocabu nto dos processos semanticos daffingua; ieagdo das intengdes € os processos pragm as estralégias de redagdo e questdes de est essio temtica e a organizacio t6pica; leitura e da compreensio; e) a organizasio m) ap 1) a questio 0) 0 eel )_ 0 estudo dos géneros textuais; ae 4) © treinamento da ampliagio, redugio e resumo de texto; ‘) 5) os problemas residuais da alfabe E muitos outros aspectos facilmente imagindveis, pois essa relagdo no é cxaustiva, nem obedece a alguma ordem ldgica de prob apenas a potencialidade exploratéria no tratamento lingu‘stico com base em textos. Nem por isso deve-se imaginar que o trabalho cor o texto tenha virtu des imanentes naturais, a ponto de se tornar uma espécie de panaceia geral Indica S6 para ilustrar, trago us da listagem acima poderia ser cont no Diduo pe Pexxameuco em 21/08/1839. FURTARK © ANELAO No dia 3 do prezente mer na guada principal, perdeose, ou furtardo do dedo de umn dos indviduos, quando dormia, que estava de guarda no mesmo lugar um ane de ou, tado levrado, © com dous coragzes uidas dentro do ciculo posto no lgar em ele bot fmaz ede se a quem for offereido que nido o compre; pos preteceseproceder contra pessoa em oujo se acha.ASsequrase ao Sar que est depasse do dito anki, que se o esti se he fardardsegredo da aca, ou antes da fraquera, em que catia A pessoa que tocar 0 referido anelio nesta Typ. Receberé Ais de gratifcac, em desuso, ben come do ¢: lo jornalistico da época, da natureza do género indo em que se situa ¢ muitos outros aspec- tos. Ele pode ensejar a busca de mais textos no mesmo jormal ou em do tos antigos para comparagio e abservacio de a0 longo do tempo, noticia, os costumes que revel: o a lingua nao € estanque € Sabemos tum problema do ensino € o tratamento inadequado, para wo dizer desastroso, que o texto vem recebendo, nio obstante as muitasalter- tativas © experimentacoes que esto sendo hoje tentadas. Com efeito, duziu-se 0 texto como motivagdo para o en: 50, a5 categorias de trabalho e as propostas analiticas. sem mudar as formas de aces- Mas o problema nio reside s6 nas formas Wcesso a0 texto e sim nas formas de sua apresentagio. Quanto a essa inadequagio, sabese que os textos ‘scolar, sobretudo nas primeiras séries, padecem de problemas de oxguniz Cee stica e informacional. Por vezes, cles carecem de coesdo, formando ntos de frases soltas e, em outras, a tém em excesso causando enorme volume de repetigdes t6picas. Em qualquer dos casos, o resultado seri, eviden- temente, 5 textos escolares revelam ignorincia e descompasso em relagio a complexidade da produc20 oral dos alunos. Ignoram que o aluno jé fala (domina a lingua) quando entra na escola Hoje a cena ja esté bastante mudada em selagéo as ultimas geracoes de rmanuais didéticos, tendo em vista o processo de avaliagao por parte do MEC no Programa Nacional de Avaliagio do Livro Didatico (PNLD). Jé se cuida mais da presenga de uma maior diversidade de gneras, de um tratamento mais adequado da oralidade e da variagdo linguistica, bem como de un trata- ‘mento mais claro da compreensio. Mas € evidente, como se verd mais a te, que nem tudo ainda € como se gostaria que fosse! Conside uestio de se a escola deve trabathar apenas o testo escrito ou envolverse também com 0 texto oral. Quanto a isso, defi aque parece sugerir que a missio da es lade escrita (ef. Kato, 1987 ¢ Perini, 1985). Creio que a0 da escrita nao se deve ignorar a duz a seu modo e com regras préprias, © processo int fo, da narrativa oral e d se, hoje, uma la €, sobretudo, a escrita repro monélogo, pata citar alguns. E 6bvio que se a escola tem como missio primdra levar o aluno a bem se ipenhar na escrita, capacitando-o a desenvolver textos em que os aspectos o deve servir de motivo para ignorar os processos da comunicaglo oral. A razdo é simples, pois desen: volver tum texto escrito é fazer as vezes do falante ¢ do ouvinte sirmuladamente ‘Mesmo que o texto escrito desenvolva um uso linguist comunicagao face a face, deve, contudo, preservar os papéis qu o, sob pena de nao se interativo nao do tipo cabem 20 escritor e ao leitor para cumprir sua fu Os PONS jd trazem uma série de observagdes sobre 2 oraldade ¢ os ddemais temas. Seria interessante que fizéssemos um levant 1. Para uma iad no contesto do PNLD, sus critsie eur a tditad poe Roxane Roja & Anno A. G. Batt levamento cultura esta, Campinas: Mera ee as posigdes para termos uma nogio clara de qual o tratamento que neste vomento esti sendo sugerido a essa questio?. Neste especial a oralida: nos itens 2.10 a 2.13, urso, vamos dar atenca0 problemas correlatos ao tratarmas os generos text Conclu estas observagdes preliminares, ressalto que no é minha intengao trazet aq dagégica. Vi fatos e do func! acesso a lingua. uma nova gramitica pe strar como se pode operar no ensino 1.3 Quando se estuda a lingua, o que se estuda? A primeira tomada de posigao aqui necesséria é a explicitagio do que se pois como jé Io jd sa refletir a esse respeito, coma o faz Maria de ho Lopes (1984: 245), ao indagarse: leve entender com a expresso “ensino de lingy chega a escola, a crianga, 0 adolescente ou 0 0 que justifica a intervengio escolar num processa de aquisigao que acontece natu ralmente? to, of algumas nots em Laz PCN de Lingua Portugues de 5° Svcs, Sept. Belo Ho og mates, ln Actas do Lisboa, pp. 24-256, 12 Parte | Provessos de produséo textual que tema escola de mi da competéncia de co tervengio da escola? icagdo, seas criancas jd cot ce efica, sen fer Util fazer duas observagoes concepedes tradicionais na area: a este questionamento ¢ a sugestio de resposta oferecida, parece reordenagies de foco em relacio as lugar, ha aqui um deslocamento da fungio da e: como voltada exclusivamente para o ensino da escrita. Seu papel cexorbita essa fronteira ¢ se estende para 0 dominio da com eral. Envolve também 0 trabalho com a oralidade. Evi a falar, mas de usar as formas orais em dominadas. Além da escrta e da oralidade, estio ainda envolvidas, no trato de lingu argumentativos © ra © Em segundo lugar, deve-se ter muito cuidado com a nogao de com peténcia comunicativa que nao se restringe a uma dada teoria da informacéo ou da comunicagao, mas que deve levar em conta os ¢ atividades verbais © co- :4o. E nesse contexto que a questdo gramatical e to ar a teflexio sobre a 10 com a lingua, Trata-se de valor saindo do ensino normativo 4, um ensino mais reflexivo. Diante disso, © que pode oferecer a escola a0 aluno? Ci capacidade comunicativa jd se acha m do ele chega & escola o tipo de atvidade ele jd sabe. Nem tolher as eapacidades jé instaladas de interagdo. Assim, a resposta pode ser dada na medi sua formas ndo corriqueiras de cqprunicagio seré com a Iingua no contexto da compreensio, 1 se postula que a esct Jingua, mas usos da oral. O miicleo do traba produgéo ¢ andlise textual. Nessa perspectiva, © .5es de produgao para entender ¢ bem produzir textos. S Iv a significagao, Do fngua materna parte di n esque: cer a lingua, essa mudanca do foco enunciado a enunciagao. Da lave Ce ee ee produgio de géneros textuais uma forma de chamar a ate para areal fungdo da Nesse percurso, 40 do aluno igua na vida didtia € nos seus modos de agice interagir. se que a lingua & varivel e vatiada, as normas gramat las © nao podem ser 0 centro do ensino. ‘Quanto a essas questdes, parece-me que Joaquim Fonseca (1984: 260) nos oferece uma boa sugestio de caracterizagao da aula de lingua na linha em que nos posicionamos aqui. Para 0 autor, ela deveria prvilegiar, numa base de natureza essencialmente li istica, a preparaglo do aluno para 2 produgo dell dos seus discursos e para a avaliagio citica dos discursosalheios ~ no que se conseguiré que ele obtenha uma mai maior sucesso nl descobertade i mesmo € na sua 1m a qual estou de pleno iguistica para 0 acordo, traz. a necessidac de lingua materna ttatase muito mais de se perceber uma linguistica ingutstica aplicada, ito é, uma lingusstica prévia © ‘mentos cientficos bem definidos para poder ser aplicada, No fundo, a aplica io seria uma implicagdo pedagigica do jd sabi Embora eu me decida pela nogio de lingua como eas sociocognitivas e discutsivas, como ainda veremos em detalhe adiante, nigo gostaria de deixar a impressio de 1e ignoro o sistema. Nao existe poss atinar para o sistema, de modo que o traba- ido ela frisa que 30 tém liberdade total de inventar, cada uma a seu tema liberdade irestita de colocé-las de qual ‘modo, as palavras que dizem, ‘quer lugar nem de compor, de qualquer todas elas, confor te do prestigio social ou do nivel de desenvolvi comunidade em que ¢ falada. Quer diz ;ndo existe lingua ser gramitica, Se alguém é falante de uma lingua, cle domina as regras dessa lingua. O problema € que a lingua nao tem regras tio rigidas qu: hhaver alguma variag0, mas no livre nem ilimitada. A gramética no ‘uma finalidade em si mesma, mas para permitir 0 jonamento da Cee ee de uma andlise formal o centro do trabalho com a lingua. Também nao se deve reduzir a lingua & ortografia ¢ as regras gramaticais. Enesse sentido, temos a ver com uma correta identificagio do falante deve saber flexionar os verbos € para obter 0s efeitos desejados; deve sal para no confundir seu ouvinte; deve seguir a c nal naquilo que for necessario a boa comunicacdo ¢ assim por diante. Mas 1 com algum argumento porque faz isso ou aq) \der € no ex de uma lingua deve fazer-se tem para o cidadio. Assim, a primazia do aspect social ou entio textual e discursivo que o ensino assumiu néo deveria abscurecer ico da lingua. Acredito que todos os ser evitados. Nao se deve igno fo que se acha w fo, comunicativo € © aspecto sister esse carter, inevitavelmente. O que deve ser Silva (2004:85) é “o objetivo pedagégico co a ser atingido de caréter 10 isolado num s6 nivel que nao se pode continuar fazendo € um como se este fosse (auto)suficiente, Assim, eu diria que dois aspectos devem ser evitados no trato da lingua: i, recortes com caracteri Portanto, dizer que a a uaa algo n como as questies pragt ). 70 portugut 30 dos.” Novas oct ta uma sie de tabalhor a pes ndo se poder evitar de considerar o funcionamento da lingua em textos teal zados em génerost 1.4 Noséo de lingua, texto, textualidade e processos de textualizasdo ‘ome proposto na introdugio gecal, este curso trabalha a produgdo iva. Cabe agora deixar co lugar, uma série d base para o restante do trabalho. Assim, num primeiro momento, veremos as nogées de cn fei destas notas e deverd persis ue parcialmente vem sendo feito des até o final do curso. Embora nao seja necessério, € sempre fundamental explicar com que nogao de , quando se opera com categor ou discurso, j4 que disto dependerao muitas das posigbes 2 tingdo entre texto e discurso é hoje cada ver. mais complexa, id que em certos casos S30 vistas até is como text das. Mas esta veis. A tendéncia é ver o texto ni setia 0 plano do vo, o plano da enunciacio ¢ efeitos de sentido na sua citculagao sociointerativa e discursiva envolvendo aspectos. Texto e discurso nao distinguem fala e escrita como querem nem distinguem de maneira dicotémica du aneiras complementares de enfocar a produgdo linguistic to. As definigées ma ccomuns para discurso foram: © conjunto de enunciados que derivam da mesma formagao discursiva; © uma prética formacao an: © regularidade de w 1 pritica. Em todas os casos, abservase que discurso € visto como uma pratica e pratica é 0 que per ‘do cair no subj ico. Parece que esta nogio de 6. Adiante vou chamar tengo pata ofato de ete, Primeira Parte | Protestos de produsio textual Entremos agora na analise da € algumas nogoes que dela se tem dado. A lingua pode ser vista — ¢ foi vista — de varios angulos te6ricos, mas definida para o trabalho com a producio sociointerativa rnés adotaremos uma posigio be textual na perspe De acordo com as diferentes posigdes existentes, podese ver a lingua ‘ou estrutura — um sistema de regras que defende a do sistema diante das condi assu la visio formalista) trumento — transmissor de inforn aqui se usa a me da comunicagio); idade cognitiva — ato de de produgio (posigao do ¢ expresso do pensa je humm representada pelo cog nista relaciona os aspectos histéricos e discursives. (a) Quando vista é estudada em 10 uma entidade abstrata, enquanto for riedades estruturais auténomas. Neste caso, & t 1sivos sociais ¢ historicos. Aqui, h 0 da significaggo e os problemas re 0 dif , pois, como se verd, 0 texto observar 0 funcionam que no é uma 20 do sistema, Tratada assim, a de varios distinguir tha dedicamse aos seguintes la como um sisterna homogéneo composto ufdos. Nesta perspectiva, costuma-se geral, os estudos linguisticos nesta li — fonolégico (cuja unidade € o fonema) worfolégico (cuja unidade € 0 morfe (cuja unidade é o sintagma ou a ora¢io) (cuja unidade é 0 sema ou 0 con: ;posicao) No geral, os estudos nesta linha nao ulttapassam a unidade méxima da frase, nem se ocupam do uso da lingua. Na maioria dos casos, trabathamse ee aqui as un dessa perspectiva € tratar os fendmer depreender destas observagdes, nossa perspectiva nao se identifc tipo de andlise, embora sejam relevantes os conhecimento: ses. O problema esté em se ima 1 que a lingua seja apenas isso. (b) Quanto & perspectiva que ndo parece razoével javel e pelo fato de desvin tes, ou sea, seu as nso se torna algo objdtivo e a transmiss Essa especial pelos manuais didaticos, textual. Essa posigao é muito com: io adotada, em a0 tratarem os pi nas teorias lo a lingua como ‘esentaglo, pode-se ini sco de gua a sua condigéo fendmeno mental ¢ ocorre em boa parte dos cog: de entender como € que a cultura, a exper passam para a lingua. A lin fendmeno apenas c ago conceitual. Neste caso, como 01 105 dficuldades 1a envolve WVidades cop idoxo que surge quando se ‘ode nao se conseguir ex 0. Pois 0 como um fendmeno apenas cogs ter social, jd que a cogni De qualquer modo, 0 cogs tum fendmeno nao social admitir € 0 defendido pela ina na imanéneia do cérebro nem p sta, que ndo se endmeno biolégico (ceseito as sinapses cerel 4) Essa posigdo toma a ling, ividade socio ee Assim, a postura geral aqui adotada pode ser caracterizada como textual- discursiva na perspectiva sociointerativa, isto &, consideramos o texto em seu aspecto tanto organizacional intemo como seu Funcionamento sob o ponto de vista enunciativo. Uma excel trabalhos de Ingedore Koch, tuais na perspectiva cognitiva e enunciativa, que ainda seré tratada adiante’ 1.5 Aprofundando a nogéo de lingua por nés adotada ver feita a discussdo te6rica acima, podemos indagar qual a p < voltamos a seguir. igo no se dard na perspectiva (d), chamada textual wa. Nesse caso, nio se deixa de a que a lingua seja -a e constitui-se de um conjunto de si guas bertas, flex 2. De outro ponto de vista, pode-se dizer que a lingu ade sobre a q lente esse contexto e' révio € parcialmente dep aque se situa. Em sum a € um sistema de préticas com o qual os falantes/ouvintes (escritor agées adequadas aos objet: Teitores) agem e expressam suas intengdes c vos em cad pressio externa Podemos lembrar aqui mais uma vez a posigdo de Batista (1997: 21) quando ele afirma trata bon pate dos procestos de rguniags0 open e aspects dap ee ed j-se no sé uma dete ads lugares para os Nalinguagem e através dela, portanto, con zacio da experigncia do real, mas também determ ‘edemarcadas rlagées entre ees narca a posiglo pessoal e 0 voe# indica que o eu n que produzo € de u outro, O nés inclui a mim e 2 imagem no sera a mesma que as duas ant res: 0 nés inclui 0 eu ¢ 0 outro. As identidades construidas e subsumidas no caso dos quantificadores para grupos, por exemplo, todos, alguns, nenhum, poucos ¢ assim por diante, refletem mais do que simples agrupamento, pois envolvem também a construgao de imagens. Portanto, como lembra Batista (1997; 21-2 |, cowpo sobre os outros e sobre o ‘mundo, Falar nao € apenas comunicar algo e sim produzir sentidos, produzir identidades, imagens, experiéncias ¢ assim por diante. “falar € agit” tanto sob Certamente, quando estudamos o texto, nao podemos ignorar o funcio rnamento do “sistema linguistico” com sua fonologia, morfologia, sintaxe, Ié co e semantica; neste caso estamos apenas admitindo que a lingua nao é ca6- tica sim regida por um sistema de base. Mas ele nao é predeterminado de modo explicito e completo, nem é autossuficiente. Se integrado a uma série de nada tém a ver c forma diretamente. Nao obstante a visio acima defendida, é bom ter presente que ha varios aspectos do funcionamento da lingua que sio mais bem e dobservamos no nivel do sistema. Por exemplo, a variacio lingu a correlagio com fatores sociais, mas as fenémenos que sistemati Apenas frisase que as formas nao sao tudo no estudo da lingua e que as formas 6 fazem sentido quando situadas em contextos so 12 € no o seu aspecto externo, ou seja, 0 funcionamento na sociedade e nas relagdes intersubjetivas. istica do século XX, até recen do si icante. Assim, surgi \guistica, tais como 0 fonol6gico, 0 Primeira Paite | Processos de produsio textual ico, 0 sintatico o semantico. Cada vez mais essa petspectiva foi cedendo gar a ideia de isoladamente. Ainda nto obscuro, nessa perspectiva, estabelecer uma “ponte” clara de unido ou processamento integrado desses niveis num todo, sem mene , com os estudos levados a efeito pelos tedricos do texto, do discurso e da conversago, que observam a partir de suas condigdes de produgdo e recepedo, cia “oficial”. As teorias que privilegiavam 0 cédigo (0 signficante) como objeto ado e detem harm condigao de se fazer indagagiies relevantes sobre uma série de aspectos, por exemplo, a relagZo entre a podiam cédigo ndo podia enfrentar a variago e a produgao de sentido em qualquer gua falada e a lingua escrita. Nem da lagar-se sobre os usos soc ua, A centragio do estudo no aspecto que se manifestasse, seja nas formas li ‘Arnogdo de Lingua aqui adotada admite que a lingua € variada e ou seia, gua ¢ contempla pelo menos tués aspectos dessa variagdo ou heterogs Bartsch (1987: 186-190): a da (a) heterogeneidade na cor diversas sistematizagoes complementares, sobre 1oje conhecidas e: ve “tegras variaveis, ee ee od Esse aspecto da lingua en de lingua diferente daquela Assim, pode-se admitir que: rogenea sugere uma compreensdo 1 a qual os manuais didaticos em geral operam. © A lingua € um sistema simbélico -4 e semanticamente lente opaco, nao transparen- © A lingua nao é um simples cédigo auténon fado como um sistema abstrato € homogéneo, preexistente e exterior ao falante; sua ia € relativa to de fatores \cortem para textos produzidos em situa ‘des interativas. & uma atividade’ © Aling de acordo com as pra convengées de us 1m, para a andlise de textos e Jano da enunciaga intes comin sos (em certo sentido, 0 vel observar 0 que fazem os f como se dio conta de que estio fazendo uma d lingua. Também permite trabalhar as relagoes entre or de reteualizapo, Sto Paulo: Cle wir Perte | Protessos de produyio textual como duas modalidades enunciativas complementares dentro de um con- nuo de variagées. Com relagao a0 ensino, essa pos discursivas funcionalmente adequadas. B, nesse caso, a competéncia a, enquanto dominio de formas, passa a ser um subc de adequacio. Assim, a ramatica pode ser minorada perspectiva mais funcional e sociointerativa no funcionamento da Com base no que vimos até aqui, podemios dizer que persistem na ) o.uso da lingua se da em eventos discursivos mente € no em unidades isoladas ceados com base apenas no sistema €) entre os fenémenos rel recem no Ambito da fase; por exem ctvas, as sequéncias anaféricas, as elipses, as repetig&es, 0 uso rias, mas regidas ou globais; idade inte mental que estrutura nosso conhecimento € permite que nosso conhecimento seja estruturado. Enquanto fenémeno empirico, a lingua nao é um sistema heterogénes indggenirads 1 ‘ral eat | Wisterica interatva | cognitiva situada } hii aatelieaasitinincaeewthcantcnere Q existe dizemos ada, isto signifi ete tco ou semdnt oe (0 primeio foi seu antecessor, Femando Henrique Cardoso, Segunda Markun, que negociou a entrevista diretamente com Lula o presidonte disse que no quer falar s6 de crise, mas também de economia e que nao deta nenhuma pergunta sem respsta [J Fraud no Ro € investigada no Detran de Pernambuca 9 € claro no proc wes de producto. 2. Tratase de fraud em Pej a margem do que volta para a divindade. Nao se nega a in al, mas se afirma que as formas Outro exemplo de ambiguidade seria 0 contido na m PRESIDENTE ACEITA FALAR SOBRE CRISE NA TV lula confirma io ao Rada Via segunda e garante que no dear de responder nentua i pergunta ~ Apos seis meses de negocagdes, 0 president Lui ‘ontem a patcipagdo no programa de entrevista Roda Via da TV segunda fer. Lula sero segundo presidente a dar entrevista ao Rods Vita no execico da mardato, ee que o condiciona, No nos aprofundaremos nesse ponto, pois isto deve rctomar mais adian- armas o aspecto da compreensio textual. Ali veremas que uma s de incorporar a produ baseada no cédigo othada na nog ias vezes empregado nessas rellexses pensado em suas propriedades centrais 1.6 Nogio de sujeito e subjetividade tos autores, a reflexdo sobre o funcionamento da lingua em socie n, tudo indica que um dos s correntes de AD (e por extensio, qual le depende da nogio de sujeito que temos os centrais que di inguern as vitias atia 0 sujeilo enquanto ser huma 0s fatores 1 aspectos saci inconsciente? (f. 199: 99: stio da relacdo que ¢ falado. E 2s respostas possiveis (ef. Possenti, pp. 15-17), porto ak use responde aséria isto ,acreditese queo falante agrega 20 teas pode ni see ive que no “eu estou aqui” s6 pod: ndo-se sua unciacdo e que esta envolve erucialmente ofalante, Dizse, em casos como ests, nciado est marcado pela subi rcasos como “inflizmente, p” lea" como sendo 0 ponto de ‘Uma outa forma de ex.) que este en que pot isso cle €disourso, O mesmo se Primeira Parte | Provessos de produsao textuel considerar da maneita acima de jado como falante € a que invoea a televncia da intengéo do falante ao dizer algo através de um certo enuncia do, Se compreender é descabit a intengo do falante[.]temse que acc cetta forma o sujito da enunciagao € responsivel pelo sentido. Para os adversérios desta inida arelagao do lingua impl que a lingua esté& disposigdo de individuos que a utilizam como se ela na histria ica importante desta concepio éa de que se acenhia 0 predominio, se consciéncia i 1guagem, 1e quer dizer e sabe qual a rmaneira de efeitos que que. [.] Os adversitos desta toda entunciagio, desta forma, o estatuto de que se confere 20 J 0 corelato pe pensava at cle pode nto saber o que far de concepgses & substituir a expressio “eu falo” pela expressio “fala conta da relago entre aquele que fala € 0 q los, mas hi ide, oleool faz mal a corpo-e wer na cozinha, preto quando sido dito. Tudo jé foi dito 0 €falado, assueitad sio levados a ocupar nela deterininadas posigSes a pastir das quais podem e devern 1 certas coisas eno outas. Oindividuo que fla €sempxe pot voz Voce no fala, 6 que fala através de voce. O padedepete,ojuizrepete,o alist atura diz sempre 1 mesma coisa, a piadas veiculam sempre o mesmo ponto de vista. (..] Afonte do ido & a formagao discursiva aq iado pertence (se puder pertencer a ‘mais de ura poder fo.) ra que quem fala €0 nosso incor {que is vezes rompe as cadeias da censura e diz o que 0 ego ni ter mais de um se fente x. Nesta posi, Luiz Anténio Marcuse | Prodox fe, no controla o sentido do que di. F liana nos dé exernplos mda agenda” (p.9 jor conversava com uma senhara e lhe perguntou: “a senhora sigdo (Auslage) na Wertheim? © lugar ests completam: Seguramente, a concepeto de su) aqui adotada ndo € a (1 poe um sujeito humano em carne € osso, inten a do sujeito ( ) pura e simplesmente, pois nao se pode admitir um ‘sujcito assujeitado” e que nao tenha vontade, nem um sujcito que scia 56 ia ¢ no inconsciente. O sueito de qui n 0 out. que ocupa um lugar no discurso e que se determina ni O estrutut no expulsou o suj que, como lembra Possenti (p. 20), fo da lingua ¢ enfatizou o sistema jé independe do falante,independe do indivi- E porserautossuficiente, nfo por ser do esto fl Para os marxstas, isto significava eliminar a historia e os condicionamen. is © a0 mesmo tempo eliminava a prézis. O problema do na ao sujeito que € seu produto, sendo ela transparente e auténoma. O sujeito teria morrido nesse caso € nao seria um como jé postu cult to é, no maximo, dono de urna “ estruturalismo € 3 exterior. jivagem da relagio re, nem determinado por uagem ¢ histéria. Em nao sendo totalmente i telagao com o outro e, como Primeire Parte | Processos de prodoydo textucl tat a Emile Benveniste (1976) em seu famoso trabalho “Da ra linguagem”", para quem ager e pel alinguagem fundamenta nae “ego” (p. 256). dade € 0 que 0 ‘sujeito”. Tratase da s seja, “é o ‘ego! que diz ego” (p. 286). Mas este eu se determina na relagio0 © tu, como js dissemos, po 4 conscigneia de si mesmo 36 é postive se experimentada por contrast, Eu ‘empregoeu ando serdtigindo-mesalguém, que srs nami condigdo de didlogo€ que é constitutiva da pessoa, pol Esses aspectos vo se tornar rele servat o funcionamento dos di lugar, tempo, pessoa ou Estas questdes deverio retornar mentos quando nos volt (b) te harmos 4 compreensio textual. 1.7 Noséio de texto e linguistica de texto inguistico observivel quer dizer fendmeno linguist ‘mente formal] 958} 1976). De sbjetividade ning nal e EOUSP, pp testo uma unidade de 8). Progra se ou nto, podemse us de dseoure De eae Do eke € 0 resultado de uma agdo ronteiras so em geral definidas ge € funciona, Esse fendmeno ndo € apenas uma extensio da frase, mas uma entidade te ‘oma ja disse Charol anilises do por seus vineulos com 0 Exige explicagdes que exorbitam as conhecidas vel O texto pode ser ti tum tecido estruturado, uma entidade si tiva, uma entidade de comunicagao e um artefato sociohist6rico. De certo modo, podese afirmar que o texto € uma (re}construcio do mundo e nao uma simples tefiagdo ou reflexo. Como Bakhtin dizia da li n que ela ‘refata’ o mundo € nio reflete, ta to 0 texto oral como 0 escrito discursivas, igualmente relevantes ¢ fi Aqui, enuncio a nogdo de texto que vamos adotar neste cur- so. Ela foi desenvolvida por Beaugrande (1997: 10) ¢ “A texto & um ever comunicaivo em qe comer | aces ing se cogntas | — | ‘Muitos sio os aspectos que devem ser a definigao, Em resumo, ela envolve tepitaton ds dicour, Paris Acme 0 de uniade 60 test, Pars 0 au emquesed gutta: (2 6 letramento, Comm 3 jedade. Nao ponas Nasegundsp — rgida nos meados dos anos 60 do sécullo dda compreensio de textos orais ¢ escritos Sob um ponto de vista mais téenico, a ur pode s do das operacdes linguisticas controladoras da produgao, cons ‘orais em contextos naturais de uso, a como 0 estu scursivas € cognitivas reguladoras to de textos escritos ou Ar parte da premissa de q ciona nem se dé em unidades isoladas, tais como os fonemas, 0s resumidos numa expressio (90es interfrésticas. Constatava-se que certas propriedades linguisticas de uma

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