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| B. Auteroche — P. Navailh O DIAGNOSTICO =z NA MEDICINA CHINESA Bia ik He ANDRE Jz, Esta obra apresenta a versio em portugués do original francés “Le Diagnostic en Médecine Chinoise”, publicado por Maloine S.A. Editeur. Editor: Edmondo Andrei Tradutor: Zilda Barbosa Antony Copyright Internacional: Maloine S.A. Editeur Copyright da Ediggo Brasileira: Organizagdo Andrei Editora Ltda. = Todos os aureitos reservados — Segunda reimpressio Impresso nas Oficinas Gréficas da Organizagdo Andrei Editora Ltda, PREAMBULO Este livro é 0 resultado de uma constatag3o e de um encontro. © — Constatagdo de ver que no Ocidente as obra a respeito da medicina chinesa e particularmente aquelas que tratam da acupuntura, faziam referéncia as bases necessdrias para uma pritica rigorosa, sem nunca ensiné-las. © Encontro no Zhongyi Xueyuan de Canto, com o Doutor Jean Claude DUBOIS, que no decorrer de uma longa discusso, confirmou nossa andlise e nos intimou a estudar 0 ensinamento dado nos Institutos de medicina tradicional aos futuros clinicos chineses do primeiro e segundo ano. Este livro procede entdo das melhores fontes chinesas que so os livros de ensino utilizados nos Zhongyi Xueyuan, Sao as “obras de referéncia” de nossa bibliografia. Tivemos a confirmaco do valor desse ensino, ao descobrir, em seguida, a tradugdo em japonés de um desses livros. Este trabalho requer numerosas observagdes: — Na medida do possivel, eliminamos os idiogramas, contentando-nos das transcrigdes em romanizacao Pinyin, ainda assim, s6 conservando os acentos quando havia risco de confusdo, por exemplo: — Yin de Yin Yang, — Yin dos seis excessos de origem externa, — Yin das mucosidades e humores viscosos, — Eliminamos de propésito: © A descrigdo anatomica dos 6rgios (Zang) e das visceras (Fu), substituindo-a por 14 gravuras tiradas de uma edigao antiga do Zhen Jiu Da Cheng (obra que faz parte do acervo SOUBEIRAN da Faculdade de Medicina de Montpellier). A tradugo das legendas é suficiente 4 compreensio, entretanto, rogamos ao leitor desculpar a m4 qualidade das reprodugdes de algumas gravuras, a obra datada de 1843 estava um tanto estragada. © A descriggo do trajeto dos meridianos e de suas colaterais, nao querendo aumentar um texto j4 bastante longo com conhecimentos bem explicitos em outras obras. — A tradugdo dos termos técnicos deu origem a numerosas dificuldades que nem sempre puderam ser todas resolvidas. © De um lado certas tradugdes impréprias, mal adaptadas ou parciais, passaram para a pritica corrente e era fora de propésito encetar nesta obra, uma 8—PREAMBULO discussio de seméntica. Entretanto, o problema permanece e serd _necessdrio chegar um dia a fixar termos normativos. O exemplo da palavra “Qi” e das explicagdes dadas por BRIDGMAN advoga nesse sentido, © — “Por outro lado, certas expresses podem ter um sentido amplo ou um sentido restrito. Por exemplo, Tan Yin significa quer “Mucosidades — Humores viscosos”, quer “Mucosidades — Humores viscosos situados no Est6mago e no Intestino”. Enfim, existem certas explicagdes dificeis ou delicadas a respeito da doutrina, sobre as quais os autores nem sempre esto todos de acordo. Um exemplo simples é a posigGo relativa de Shao Yang e de Yang Ming na classificagdo dos seis meridianos. Sem por isso negar as outras escolhas, tomamos © partido de citar apenas uma tinica posi¢do baseando-nos nas interpretagdes que colhemos nos diciondrios de termos técnicos da medicina chinesa, e no decorrer de nossas conversas com os professores Nguyen Nhu Le e Nguyen Lam Si. A finalidade desta obra é de, por um melhor conhecimento das bases técnicas da medicina chinesa, levar o leitor a formulagaio de um diagnéstico o mais preciso e o mais exato possivel. Entretanto, para ultrapassar 0 nivel do diagnéstico, cada vez que fosse possivel, fizemos seguir as sindromes descritas, do nome das doengas ocidentais as quais podiam elas estar ligadas, e de uma orientagio terapéutica. Essa orientago terapéutica compde-se: — de um principio de tratamento formulado geralmente nos textos originais em quatro ideogramas; representa ele, pelo menos para a farmacopéia, uma verdadeira receita, — do exposto de uma formula magistral classica, seja sob forma de po (San), de pilulas (Wan) ou de decoccao (Tang). A tradugo dos componentes foi feita com o auxilio do Zhong Yao Da Cidian (Grande Diciondrio dos Medicamentos Chineses, em trés volumes), — do enunciado de um némero variével de pontos de acupuntura em relacio com a sindrome jé citada. Porém, insistimos no fato de que as indicagdes dadas ndo sio receitas (que seriam falsas em vista do namero de pontos mencionados). A meta que buscamos nesta orientacdo é de incitar os Ieitores 4 reflexdo, e de preparé-los para uma futura escolha terapéutica, o que serd o assunto de um outro trabalho: “A Terapéutica na Medicina Chinesa”. As citagdes do Su Wen, contidas nesta obra, foram tiradas do Huang Di Nei Jing Su Wen, de Albert HUSSON (Edigdes A.S.M.A.F. - Méridiens). Nossa gratiddo Aqueles que participaram da realizagao deste trabalho: — O Doutor Jean-Claude DUBOIS, diplomado em Medicina Interna e Acupuntura do Guanzhou Zhongyi Xue Yuan, atualmente em Taipei (Taiwan) onde continua suas pesquisas. Sua amizade e seus conselhos nos foram preciosos, PREAMBULO — 9 assim como sua colaboragdo na parte referente a lingua, Se sua pesquisa no o tivesse retido no Oriente, poderia ter assinado conosco este trabalho. — Sr. Nouhat SIKEO diplomado em Farmacopéia do Guanzhou Zhongyi Xueyuan, pelo seu concurso em uma parte dificil. — Sr. DIEP COC TAN pela sua elegante caligrafia do titulo chinés da obra. — Sra. Michéle AUTEROCHE e Srta. Joelle BLANC pela sua paciéncia devotamento. Dirigimos nosso reconhecimento: — Aos membros dos Institutos de Medicina Chinesa de Pequim, Xangai, ‘Nanquim, Canto e Chengdu e em particular: . Ao Professor LING YI KOUE, vice-decano do Instituto de Medicina Chinesa de Chengdu. e Ao Professor YIAN MIN XIN, vice-decano do Hospital Auxiliar de Medicina Chinesa de Chengdu. e A Professora WU XIU JIN do Hospital Sun Zhong Shan (Sun Yat Sen) de Canto. e ‘Ao Professor XI YONG JIANG do Departamento de Acupuntura do Instituto de Medicina Chinesa de Xangai, pelo seu acolhimento, gentileza e ensino por ocasido de nossa estada na Repiiblica Popular da China. — Aos membros dos Institutos Nacionais de Medicina Tradicional e de Acupuntura do Vietna, em particular: . ‘Ao Professor NGUYEN TAI THU, Diretor do Instituto Nacional de Acupuntura, pela sua amizade jé antiga e sua simpatia, . Ao Dr. BACH QUANG MINH, que nos trouxe com sua amizade 0 concurso de seu saber. - ‘Ao Professor NGUYEN NHU LE, especialista do Thuong Han (Shang Han) no Instituto Nacional de Medicina Tradicional do Vietna, pela sua ajuda. : e ‘Ao Professor NGUYEN SI LAM, Presidente da Associagao Central dos Médicos de Medicina Tradicional do Vietnd, pelas suas explicagdes sobre os On Benh (Wen Bing). Finalmente, que nos seja permitido agradecer a todos os nossos amigos que, espontaneamente, nos concederam seu apoio e sua confianga: © Dr. Francois RIBIS, elo indispensavel a realizacdo deste projeto, . Dr. Jean-Louis LAFONT, Presidente da Associagéo Francesa para 0 Estudo das Reflexoterapias e da Acupuntura, pela sua camaradagem e seus incentivos, © As Edigdes Maloine pela sua adesdo espontinea ao nosso projeto. PRIMEIRA PARTE AS TEORIAS DE BASE DA MEDICINA CHINESA CAPITULO | A TEORIA DO YIN YANG Chama-se Yin Yang, a reunido das 2 partes opostas que existem em todos os fendmenos e objetos em relagdo reciproca no meio natural. Os mecanismos de reunido e de oposigdo podem se produzir tanto entre dois fendmenos que se deparam como no amago de 2 aspectos antitéticos coexistindo no mesmo fenémeno, A teoria do Yin Yang considera o mundo como um todo e que esse todo € o resultado da unidade contraditéria dos dois principios, o Yin e o Yang. Para os chineses untigos: “H4 um Yin, hd um Yang, que se chama Dao”, quer dizer o Céue a Terra. Nao pode haver Yin sem Yang, nem Yang sem Yin. O Su Wen (capitulo 5) declara: “O Yang puro é 0 Céu, o Yin turvo é a Terra. O Qi (1) da Terra, sobe como nuvem, o Qi do Céu desce como chuva”. Todos os fenémenos do universo encerram os dois aspectos opostos do Yin e do Yang, como o dia e a noite, o tempo claro e o tempo sombrio, o calor e o frio, a atividade e 0 repouso. Tudo é constituido pelo movimento e a transformacao dos dois aspectos Yin e Yang. A teoria do Yin Yang permite classificar os fendmenos e as manifestagdes coneretas da natureza segundo varios critérios: © Conforme os caracteres fisicos: De um modo geral, tudo o que é animado, em movimento, exterior, ascendente, quente, luminoso, funcional, cujas capacidades se desenvolvem, tudo ‘© que corresponde a uma acdo é Yang. Tudo o que esta em repouso, tranqiilo, interior, descendente, frio, sombrio, material, cujas fungdes decrescem, tudo o que corresponde a uma substancia é Yin, © Conforme a natureza da manifestacio: “O Céu é Yang, a Terra é Yin”. O Céu esta no alto, assim é Yang, a Terra est4 embaixo, assim é Yin. (1) “Qi se encontra em todos os textos ¢ sua traduco acarretaria grandes dificuldades se fosse tentada, com uma preocupacio de homogeneidade, atribuirthe sempre 0 mesmo sentido. O Qi é manifestadamente ora 0 sopro césmico universal, ora a ‘energia vital do individuo, ora a emanagao, a manifestacao, o impulso de uma viscera, ora 0 ar que se respira”. BRIDGMAN. 14 — TEORIAS DE BASE DA MEDICINA CHINESA “A Agua é Yin, o Fogo é Yang”, a Agua é de natureza fria e escorre, assim é Yin, o Fogo é de natureza quente e suas chamas se elevam, assim é ele Yang. © Conforme os movimentos: “Nao se mover é Yin, mover-se é Yang”. © Conforme as transformagbes: “O Yang muda-se em prinefpio em Qi, o Yin torna-se forma, aparéncia”. 0 Yine o Yang sao a lei geral das transformagoes, das estruturas do mundo material. Todas as transformagdes so produzidas pela interagdo desses dois princfpios antitéticos. Eis porque o Yin e o Yang sio a origem da produgio e do desenvolvimento dos fenémenos manifestados, mas também a causa da destruigdo e do desaparecimento deles. O fato de pertencer ao Yin ou ao Yang nfo é absoluto mas relativo, pois de um lado o Yin e o Yang podem sob certas condigdes transformarse um no outro, do outro lado todos os fendmenos podem se fragmentar ao infinito em subpartes Yin e Yang. Por exemplo, o dia é Yang, a noite é Yin, mas a manha é Yang dentro do Yang, a tarde é Yin dentro do Yang, o antes da meia-noite ¢ Yin dentro do Yin, ¢ apés meia-noite ¢ Yang dentro do Yin. ‘Assim, no universo, qualquer fendmeno manifestado pode ser reconduzido as duas categorias Yin e Yang, podendo ainda cada um se separar em Yin ou Yang, e isso até o infinito. ELEMENTOS DE BASE DA TEORIA DO YIN YANG A oposigao do Yin e do Yang Segundo a teoria do Yin Yang, a antitese entre 0 Yin e o Yang encontra-se em qualquer manifestagio, e se expressaprincipalmente por um condicionamento e uma oposico muituos. Por exemplo, 0 verdo significa que 0 calor do Yang esté no auge, mas apés © solsticio de vero 0 Qi do Yin nasce gradualmente e assim condiciona o Yang dos calores caniculares. O inverno significa que 0 frio do Yin est4 no méximo, mas ap6s o solsticio de inverno, o Qi, do Yang tenasce e assim condiciona o Yin dos grandes frios. E sempre pela oposigo que um dos 2 aspectos tem um efeito de condicionamento sobre 0 outro aspecto. Nesse confronto, deve haver uma vitéria € uma derrota; porém, a superioridade de um sobre o outro, sua desordem, vai acarretar a doenga. O Su Wen (capitulo 5) diz: O Yin é mais forte, quando o Yang est doente; o Yang, é mais forte quando o Yin est doente, TEORIA DO YIN YANG ~ 15 Em um corpo humano em boa satide, os dois aspectos opostos do Yin e do Yang nao coexistem de modo pacifico e sem relagdo de um sobre 0 outro, ao contrrio, eles se afrontam e se repelem mutuamente. Porém, sua oposi¢&o cria um equilforio dinamico, e origina 0 desenvolvimento e a transformacdo dos objetos. Relaco recfproca do Yin e do Yang A relagio recfproca que liga intimamente 0 Yin ¢ 0 Yang faz com que nfo se possa separar um principio do outro e que nenhum dos dois possa existir separadamente. O Alto é Yang, o Baixo é Yin, se nfo houver Alto, nao se pode falar de Baixo, se ndo houver Baixo, no se pode falar de Alto. A Esquerda é Yang, a Direita é Yin, sem Esquerda ndo se pode falar de Direita e vice-versa. O Calor é Yang, 0 Frio é Yin, sem Calor, no ha Frio, sem Frio, nao ha Calor. Todos os aspectos do Yin e do Yang sio assim, o Yin existe pelo Yang, 0 Yang existe pelo Yin. Cada um dos dois tem o outro como condicao de existéncia. Essa relagio mutua é geralmente denominada ‘‘a Raiz reciproca’”’. A este tespeito, 0 Su Wen, capitulo 5 diz: “O Yin esta no interior, é 0 sustentador do Yang, o Yang esta no exterior, é 0 enviado do Yin”, Esta frase, chave da relagdo de interdependéncia entre Yin e Yang, temo seguinte significado: O Yin determina a matéria, portanto, a substancia do corpo humano, 0 que esté no interior. O Yang 6 a funcdo, o que se manifesta exteriormente. O Yin é a base material da capacidade de funcionar, é a esse titulo que é 0 sustentador do Yang. O Yang é a manifestacdo, no exterior, do movimento da matéria interna, de onde ser chamado o enviado do Yin, ‘A nog&o de “Raiz recfproca” explica também a possibilidade para cada aspecto de se transformar no aspecto que Ihe é contrario, ou de se transportar para a situag#o que ocupa 0 aspecto oposto. Se o Yin eo Yang perdem sua condigo de coexisténcia reciproca, o que se chama “Yin solitdrio” e “Yang isolado”, nao mais podem nascer e se desenvolver. Crescimento e decrescimento do Yin e do Yang Os dois aspectos opostos e unidos do Yin e do Yang nao esto em repouso, mas esto sempre em movimento de crescimento e decrescimento reciproco. Quando o Yang decresce,o Yin cresce, quando o Yin decresce, o Yang cresce. ‘As mudangas de clima das quatro estagdes poem esse fendmeno em evidéncia. Do inverno a primavera, em seguida ao vergo, o clima passa progressivamente do frio ao calor, conforme um processo no qual o Yin 16 — TEORIAS DE BASE DA MEDICINA CHINESA decresce, enquanto o Yang cresce. Do vero ao outono, em seguida ao inverno, 0 clima evolui por graus do calor ao frio, em um processo no qual o Yin cresce, enquanto o Yang decresce. © mesmo acontece no corpo humano. Para que uma atividade fisiolégica Yang se produza, é necessério consumir matéria nutritiva Yin em um processo de decrescimento do Yin e de crescimento do Yang. Inversamente, 0 metabolismo da matéria nutritiva Yin requer, para ser realizado, a contribuigdo de uma certa quantidade de energia Yang, segundo um mecanismo em que o Yin cresce e 0 Yang decresce. Em tempo normal, esse “decréscimo e acréscimo” do Yin ¢ do Yang realiza um equilibrio relativo. Porém, se 0 equilfbrio ndo pode ser mantido, manifesta-se uma elevaco demasiada ou um declinio demasiado de um ou de outro aspecto, o que causa o aparecimento de uma doenga. Paralelamente ao fendmeno de crescimento e decrescimento do Yin e do Yang, que opera uma alteragdo quantitativa, pode se desenvolver uma transformagdo do Yin em Yang e do Yang em Yin, ao efetuar-se uma alteragdo qualitativa. O Su Wen, capitulo 5 diz: “O Yin exagerado deve tornar-se Yang, 0 Yang exagerado deve tornar-se Yin”, “O Frio ao méximo produz o Calor, 0 Calor ao maximo produz o Frio”. O que significa que o Yin levado ao extremo torna-se 0 Yang, e que o Yang crescendo em excesso se transforma em Yin, Assim como 0 Frio excessivo se transforma em Calor, o Calor em seu auge dard Frio. Na evolugdo das doengas, as passagens do Yin ao Yang e do Yang ao Yin, se véem freqiientemente. Por exemplo, nas doengas infecciosas que se prolongam, o Calor é extremo € esgota o Zheng Qi do organismo, Neste caso, por ocasidio de uma febre intensa, continua, a temperatura do corpo pode baixar bruscamente, a tez do rosto empalidecer, os membros tornarem-se frios, 0 pulso é ténue, como se fosse parar, todos esses sintomas representam uma manifestagio de Frio Yin, Essa mudanga de sinais denota “uma passagem do Yang ao Yin", Com efeito, no momento em que 0 calor esté no apogeu, o Yang Qi vai desaparecer, seguindo a excrecao dos liquidos organicos (urinas, evacuacao alvina, transpiragdo profusa). Ao inverso,uma pessoa de Yang Qi abundante pode ser atingida por um Frio externo que vai bloquear o exterior. O Yang Qi acha-se entdo encerrado ¢ comprimido e se transforma em Calor interno. Assim como o Frio externo se transforma em Calor interno, o Yin interno se transforma em Yang externo. Para elaborar esse enunciado, foi necessdrio separar as trés propriedades que so: a oposigio do Yin e do Yang, sua relacdo recfproca, e seu crescimento decrescimento, ainda que na realidade estejam constantemente embricados e atuam entre eles segundo processos de ago reciproca e de influéncia matua, O conhecimento dessas trés propriedades permite compreender a utilizacao feita pela medicina chinesa da teoria Yin Yang. TEORIA DO YIN YANG ~ 17 UTILIZACAO DA TEORIA DO YIN YANG NA MEDICINA CHINESA ‘Su Wen (cap. 5): “O Yin é calmo, o Yang € controlado, o Espirito Essencial (Jing Shen), pode ento ser normal” Os princfpios do Yin Yang esto presentes em todos os aspectos da teoria chinesa. Sao utilizados para explicar a estrutura orginica do corpo humano, suas fungGes fisiolégicas, as leis referentes &,causa e 4 evolugdo das doengas, e para servir de guia no diagnéstico e no tratamento clinicos. Explicago da estrutura orginica do corpo humano Segundo o Yin Yang, o corpo humano é um todo organizado, composto de duas partes ligadas estruturalmente, porém opostas, o Yin e o Yang. Assim, na descrigdo do esquema corporal, a parte alta do corpo pertence a0 Yang, a parte baixa ao Yin, a superficie do corpo pertence ao Yang, o interior ao Yin; a parte dorsal pertence ao Yang, a parte ventral ao Yin; 0 lado externo pertence ao Yang, o lado interno ao Yin. Se fizermos distingdo entre Zang ¢ Fu, as seis visceras Fu fazem parte do Yang, os cinco 6rgdos Zang fazem parte do Yin, Indo mais longe na distingao, no interior do 5 Zang, CORACAO e PULMAO pertencem ao Yang, FIGADO, BAGO e RIM fazem parte do Yin. E em cada érgdo Zang ou Fu, pode-se ainda diferenciar o Yin cardiaco, Yang cardiaco ou Yin renal e Yang renal. O Su Wen, cap. 25, assim diz: “O homem vive com um corpo, e dentro do Yin Yang”. Explicagio das fungGes fisiolgicas do corpo humano A teoria do Yin Yang enuncia que a atividade fisiolégica do corpo humano € © resultado da manutengao de uma relag3o harmoniosa “da unidade dos contrérios” dos dois principios. Essa “unidade dos contrérios” explica a relagdo existente entre a “funcdo” que pertence ao Yang e “‘a matéria” que ¢ do dominio do Yin. A atividade fisiol6gica tem como base “‘a matéria”, pois sem a esséncia Yin (Yin Jing) nada hé para produzir a energia Yang (Yang Qi). Ao inverso, a atividade fisiolégica que resulta da aco da energia Yang produz sem parar a esséncia Yin. Se a troca nfo for mais equivalente, se Yin e Yang ndo estiverem mais equilibrados e se separam, a atividade vital do homem é detida. Eis porque o Su Wen diz (cap. 3):'*o Yin é estavel, o Yang & firme”.

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