You are on page 1of 108
= Z Gg oF S oe a Antonio Moliterna caderno de MUROS) wa AY 2" edicio revist: ALei de Direito Autoral (Lei no 9.610 de 19/2/98) ho Titwlo VII, Capitulo I diz — Das Sangées Ci Ant 103, Avt. 104 titular cuja obza seja faudulentamente reproduzida, ‘ou de qualquer forma mlilizada, poders requerer a aprecnsio dos cexemplares reproduzidos ou a suspensfio da divulgago, sem prejulzo da indenizagio cabtveb Quem editar obra terra, anfstica ov cienffica, sem sutorizagiio do titular, perders para este os esemplares que se apreenerem e pagar Ihe-& 0 prego dos que tiver vendido, rrsigafo nico. Nio ss conhecendo o minnero de exemplares que cconstittem aedigie fraudulenta, pagaréo transgressor o valor de {uds mil exemplares, kgm dos apreendids. (Quem vender, expuser 2 venda, acultar, adquiti, distribu, ttver fem depésito ou utilizar obra ov fonagrama reprodurides com fraude, com a finalidade de vender, obtor ganho, vaniagenn, proveito, lucro dizeto ou indivelo, pata si ou para Outeem, ser solidaviamente responsive com © cantrafator, nos termos dos artigos precedente, espondendocomo contratatores 0 impostador ibuidor em enso de repredugio no exterior ANTONIO MOLITERNO Engenheiro Owl, Professor da Escola de Engenharia da Universidade Mackenzie, Faeuldade de Engenharia da Fundagio Armando Absares Pentendo e Faculdade de Engenharia Sto Paul, CADERNO DE MUROS DE ARRIMO 2° edicio revista Revisao: MARCEL MENDES Engenheiro Civil, Professor da Kscola de Engenharia da Universidade Mackenzie. EDITORA EDGARD BLUCHER www. blucher.com. bi CONTEUDO. I—1NrRopugAo — ESTABILIZAGRO DAS ENCOSTAS [2 — ESTABILIDADE DOS TALUDES ..... 12.1 — TADUDES EM SOLD 7 SUTALUDES EM ROCHA 272... 1— MBTODOS PARA SE AUMENTARCA ESTABILIDADE DOS TALUDES 131 ~ pmavurego Da mcuinacko 13.2 — DRENAGEM Sa 133 — BeRMas. 134 — ISTAQUEAMEN TORO i BO FALtiBE 13.3 — MUROS DE ARTIMO 136— CHUMBAMENTO. 1G 7 — WEVESTIMENTO 3:8 — ONSTRUCAO DE FISSURAS. 139 INEGOES Tl —MUROS DE ARRIMO. ILI — CONSIDERAGOES PRELIMINARES - I.2 — EMPUXO DETTERRA F 12.1 — CAUSAS DO ENIPUXO ATIVO 2100S 113 — CALCOLO DO EMPUXO. seeseen : 113.1 — TEOWIA DE COULOMB. 13.2 — DETERMINAGAO DO EMPUXO ML — TIPOS DE MUROS DE ARRIMO IL — TIPOS DE MUROS DE ARRIMO POR GRAVIDADE OU PESO Mlb — PERE RETANGULAR o.oo = PERELL TRAPEZOIDAL = PERFIL ESCALONADO TLL — ESERUTURA be Pons ILLS — MUROS CONTRAFORTES OU GiGANTES -MUROS LIGADUS A ESTRUTURA 1,2 — TIPOS DE MURO DE ARRIMO DE CONCRETO ARMADO UL2.1 ~ MUROS ISOLADOS, W121. ~ MUROS CORRIDAS OU CONTINGDS Hi212— MOROS Colt cloaNzRs Qu con raAitiis 2.1.3 — MUROS LIGADOS AS ESTRUTURAS IV — ESTABILIDADE DAS ESTRUTURAS DE ARRIMO . 1V.1 — CONSIDERACOES PRELIMINARES 1V.2— CONDIGOES DE EQUILIBRIO. 12.1 — EQUILIDRIO ESTATICO (22 — EQUILIBRIO ELASTICD W28— soLUEAO GieAriCa 192.4 — THNSAO MAXIMA BXCLUINDO & ZONA THACIONADA 1V.3 — MUROS DE ARRIMO POR GRAVIDADE. ” 13.1 — 18 PANTE— VERIFICACAO DO CONUNTO ws... AT 1V'3.2 — 2 PAICTE — VERIFICACAD DAS HINTAS. 3 1V333— EXEMPLO PRATICO ~ CALCOLO DO PROJETO Dit UNE AitiRO DE ARHINO DE CONGRETO CICLOPICO s.sse- 01+ + 38 13.31 — DADOS NEI 3a 1312 — Rixacao Bas binnEMONS 3 1V3.33 ~ VERIFICAGAO DA ESTABILIDADE. TnL ao IV — MURO DE ARRIMO FLASTICO DE CONCRETO ARMADO — TIPO CoREIDO OU CONTINUO 6 Wa. CONSIDERACAO PRELIMINAR aia 56 103 — CaRGAS SOLICITANTES. : 8 13 — MARCHA DOS CALCULOS e IV — PHOJETO DE. UN MICO DE AitiniG DE CONCHRETO AIIMADO — TIPO CORRIDO. ie HPO] IV.4.4.1 — DADOS BF ESPECIBICAGOES » » 1V.4a2 — PRorero ESTRUTURAL n IVS ~ MURO DE ARRIMO COM GIGANTES OU CONTRAFORTES .. ” 1V.5.4 — MUROS COM GIGANTES — TUNDACAO DIRETA .<-..00-... 97 182 — EXEMPLO DE-UMMURO DE ARIINO COM GIGANTE#S — FUNDAGAO DIETA. 109 13.21" DADOS SEI gos) 13.22 — PRE DINENSIONAENEO CD Mo Wve 110 1V8.2.22 — Vesiengio da estaba do conto — Pane m1 1V'32.4 ~ CALCULO DOS ESFORGOS INTERNOS Souci antes 6 Prakr0 ba AaNacio — ale os giantess 1.5.2.3. — Vigna corement 1.8.2.3 — Caleta da pain IVS.23-4 — Vige de anenragem | ns 158.2358 — Gigante 13.24 ~ OUTRAS VERIEICAGO 1.5.2.1 — Finager conta 13.2422 — Gone 18243 — Flsuragio— Nb Oi 1V.S..44 — Comprimonts de ancoragen 3 — MUROS COM CONTRAFONTES OU GIGANTES — FUNDAGAO SOBRE ESTACAS ‘7 1.531 ~ ConPienewracio D9 Eouitisio EsTATICO — DESLIZAMENTOE ROTACAO os onccscesevees 140 1V53.2 — CONSIDERACOES PRELINIINARES ut 1VS333— Manet Das OPERACDES Pana Viti ACHO BO DESLOCANENTO F ROTAGA 1534 ~ DETERMINACHO DOS ESFORGOS SOLiCHEANAES we INTERNOS NAS RSTACAS Ms 1V53.35 — QUTRAS PROPOSI 146 Wv.s4— EHOIETO DE UM MURO DE ARRIMO COM GiGANTES — TUNDAGAO SOBRE TSTACAS...-.- pone 9 IS. DADOS ddd I W.S.41.1 — Deseo domuro CO gp W342 — Rateon petals sonar] T8413 — Sato. 19 IV54.2 ~ VERIFICAGAO Da ESTABILIDADE DO COMIUNTO 151 1.5.4.2. — Cielo doen 1st 1V8.422— Esabidedseatiiee do etaqcamenio 2152 15.4.3 ~ CALCULO DO CARREGAMENTO NAS ESTACAS .-. 385 W541 — Cangas vets eesceseeesssesseeses 15S 1V.8:43.3 — Panto de allen da ioral TV.8.4.3.6 — Salltagio nas toes VERIFICAGAO DA ESTABILIDADE BLASTICA Dieting Brack IV.$45 — CONCLUSAO 154.6 — SOLUCOKS DIVERSAS Pilea MANTER OS TALUDES #STAVEIS {I SOLUCOES) 13 SOLUCAO ~ MANTER 0 CORTE PROTEGIDO, SEM 4 ConsTRUCAO DO MORO DEARRINO: 22 SOLUCAO — MURO DE AiVENARIA BE Tiidio: COM LAIE DE EQUILIDRIO EM CONSOLO ENGASTADA NO PROPRIO HURO. WSAd 156 136 156 ist wr 188 160 160 a s 161 38 SOLUCAO — GIGANTES E CINTAS DE CONCRETO ARMMADO~ PAREDES DE EVEN ARA 16 4° SOLUGHO ~ ALVENARIA AR\ADA BE BIB OS 164 beconeneto “CRB WALL ie = SOLUCAO — KIMO BLoco 7" SOLUGA — TERRA ARMADA (rit ARMEE) : se soLueso — BStAcaA Air (bats RADICE) 9: SOLUCAO — PAREDES DIAFRAGMAS 109 SOLUGAO — CORTINA ATIRANTADA POR EAnOS PROTENDIDOS 118 SOLUGAO — GIGANTES DE FERDS MEALICOS E CORTINA DE CONCRETO OU MADEIRA 128 SOLUGKO — BSTAEAS AN 138 soLugaO — PAREDES DE ESTACOES 60 Tunusons 142 soLucho — GaBiors 2 15! SOLUGAO — SAcos DE Sox CiniENEO |. ss soLucio APENDICES ‘| AL — SONDAGENS 1A2 — PREVISAO APHOXIMADA DAS CARGAS ABMISSIVNS BARA FUNDACOES ‘Ai — FUNDACORS SOBRE ESTACAS erie ‘Ad — BSTACAS INCUINADAS. AS — DETERMINACAO Do cOMPHINENTO BAS ESTACAS eH Ne — PARAMETROS PARA O CALCULO DO EMPUXO. ‘Al — BSTUDO COMPARATIVO DE CUSTOS orevrs ss 7 ae ‘Ab — CAUSA.DOS ACIDENTES COM ARRINO ian 7 ‘ORTINA LIGADA AS ESTRUTURAS De EDIFICIOS ABACO PARA VERIFICACAD DAS ESTACAS DE CONCHTO CENTHRFUGADS ‘ALL — PLEXAO NOwiMA SS 188 = 1 — INTRODUGAO. A construgio de um muro de arrimo, representa sempre um elevado énus no orcamento total da estrutura de uma obra, Hi inimeros casos, em que esta etapa teve seu custo superior ao da pr6- ria edifcagao. © muro de arrimo nada mais é do que um detalhe localizado, nas obras de estabilizagio das encostas, nas regides montanhosas, junto as edificagdes, estradas ou ras, A técnica atual de atirantamento ¢ ancoragem, embora com certas restri- ‘g0es, tem sido a Unica solugdo vidvel, economicamente. LI — ESTABILIZACAO DAS ENCOSTAS © engenheiro, antes de se decidir sobre a solugdo para atender ao pro- blema de contengio de um talude, deve procurar se identificar com a natu- reza geoldgica da regido onde deverd ser implantada a obra. Convém observar atentamente o comportamento das construgées simila- ‘es j executadas, principalmente em terrenos com ocorréncia de diaclases pre~ ‘enchidas com “montmorilonita” (mica) © no sopé de montanhas constituidas de material alterado classificado como “COLUVIO" (Talus) A contengio dos taludes com predomindncia desses matcriais & ainda bas- {ante cmpirica, conseguindo-se resultados satisfat6rios desde que seja impedida 4 saturagio (encharcamento). Deve ser observado, antes de implantar a obra de contengio, se nao hé ‘ocorréncia de movimentos lentos da encosta (creep), manifestada pela fissura- cio da superficie ¢ inclinagao das arvores, rupturas de canalizagio de esgotos € &guas pluviais. Neste caso, qualquer obra de contengiio sera de pouca confiabilidade, pois dependeré apenas da cessasdio temporaria’ da movimentagio, jé que a sua ma- ifestaglo ¢ ciclica; rompido o equilibrio do manto de solo superficial que 2. CADERWO DE MUROS DE AnRIMO reveste 0 "talus", geralmente por desmatamento ou pequena escavasto para implantagéo de uma obra, teremos deslizamentos bruscos, tornando-se até gra ves, com o desprendimento de matacdes 1.2 — ESTABILIDADE DOS TALUDES Genericamente, a estabilidade de um taiude depende dos seguintes fatores: 1.2.1— TALUDES EM SOLO ) Propriedades fisicas ¢ mecinicas dos materiais ) Forma do talude © macigos adjacentes ©) Influéncia da pressfio d'égua. 1.2.2— TALUDES EM ROCHA 4) Distribuigdio da descontinuidade das camadas ') Tensdes internas no macigo, 13 — MBTODOS PARA SE AUMENTAR A. ESTABILIDADE DOS TALUDES 1.3.1— DIMINUIGAO DA INCLINAGKO (Melhora-se 1 estabilidade, po- rim aumenta-se a frea exposte’& erosdo das gues pluviais) 1.3.2— DRENAGEM (superficial ou profunda) 13.3 — BERMAS 1.3.4— ESTAQUEAMENTO NO PE; DO TALUDE (estacas pranchs) 13.5 — MUROS DE ARRIMO 1.3.6 ~ CHUMBAMENTO (ancoragem e atiramento) 1.3.7 — REVESTIMENTO (gramagio, concreto projetado, solo-cimento, im- primagao asféltica como protegio contri rosie) 1.3.8 OBSTRUCAO DE FISSURAS (cinento ou betume) 1.3.9— INJECOES (cimento, solugio de siicato de sédio, cal, resinas para consolidugio) © escopo deste trabatho, fxur-se-4 apenas, aos casos de mutes de arrimo, Il — MUROS DE ARRIMO IL.1 ~ CONSIDERAGOES PRELIMINARES, © projeto de um muro de arrimo, como acontece com qualquer outro tipo de estrutura, consiste essencialmente’na repetigio sucessiva de 2 passos: Antonio Mowerno 3 a) Determinacdo ou estimativa das dimensdes b) Verificagio da estabilidade aos esforgos atuantes. Para a escolha das dimensdes, o projetista langa mao da prépria experién: cia ¢ observago ou, ainda, pode ser orientada por formulas empiricas. Determinadas as forgas que atuam na estrutura, tas como 0 seu peso proprio, empuxos causados pela pressio da terra, eventuais cargas aplicadas rno topo do muro € as reagbes do solo, podemos ter a idéia da estabilidade. Conhecimentos da mecinica dos Solos, so importantes em duss fases do projeto: a) Avaliagtio da pressto da terra atuando no muro b) Verificagio da capacidade suporte do solo das fundagdes, Esses assuntos nifo sero desenvolvidos, faremos apenas ligeira eborda- gem objetivando aplicagao aos muros de arrimo. IL2 — EMPUXO DE TERRA Chamamos empuxo de terra ao esforgo exercido pela terra contra o muro. © empuxo de terra pode ser ativo ow passive. Serd considerado passivo, quando atuar do muro contra a terra (6comum no caso dos escoramentos de valas ¢ galerias) A) EMPUXO PASSIVO Escoramenta de volo Alicentomento de. encoste 4 CADERNO DE MUROS DE ARRIMO B) EMPUXO ATIVO Q_empuxo ativo, designa-se pela resultante da. pressiio da terra contra or diante simplesmente de empuxo, nos célculos) Muro de orrimo (Por gravidade) 11.2.1 ~ CAUSAS DO EMPUXO ATIVO A) CORTE DO TERRENO Imaginemos o caso de um terreno no seu estado natural de repouso (Fig, 1). © macigo se mantém no seu equilibrio estivel indefinido, desde que niio seja afetado pela erosio. ‘Admitimos @ hipétese de uma construgdo no nivel da calgada; temos, Portanto, um corte no macigo, conforme indica a Fig. 2. Antonio Mottere Perfil do terreno cortodo Figure 2 Decorrido certo intervalo de tempo (dias, meses ou anos), 0 terreno adja vente ao corte, na parte superior, apresenta as primeiras fendas (Fig. 3), Isto representa o inicio da manifestacio do empuxo; observa-se também o comego dda desagregacio do solo, com ligeiro deslocamento da superlicie cortada, 0 que j# € uma situagio de equilibrio instéve. 08 Segue-se, a qualquer instante, a roptura, com o deslizamento de uma cunha de terra, tomando o corte a forma da Fig. 4; nesta situagho a ago do empuxo foi total. 6 cADEANO DE atUROS DE ARAM Observando a superficie de escorregamento da Fig. 4, poderia facilmente ser constatado que o ferreno procurou Se adaptar ao seu estado inicial de re- pouso, isto é voliou a ter sua dectividade, fazendo o mesmo Angulo p com horizontal, ‘como na Fig. 1 CONSIDERAGAO TEORICA (© equilibtio entre os gros de um solo, fazendo-se abstengio da preseaga agua, € expresso pola equagdo de resisténcia, determinada em laboratério: t.-Tensio de cisalhamento 6... Tensfio normal ‘p -Angulo de atrito entre os gritos ‘11. Coesio entre 08 gritos ctowo Desprezando-se 0 valor de ¢ (coesdo), ou admitindo seu valor muito baixo, temos: o-t Para que nfo haja ruptura, € nevessfrio que «<9, sendo p também designado como angulo de repouso do material ou talude natural ou Angulo de atrito interno do material (solo). Na situagio limite, tg ¢ = : B) ATERRO © empuxo ativo, nos casos dos aterros, assemelha-se ao problema anterior, port alé que de a¢éo mais imediata quando se atings a altura prevista no projeto ow um valor de altura critica, caracteristica do tipo de solo. ‘Soja, por exemplo, 0 caso em que se deseja aplainar um terreno, executan- dose 0 movimento de terra pela compensagio do corte C, transportando © dopositando a terra em A (Fig. 5). Perfil do terreno Nivel id Sorbocaness (coida do ‘renggem) Muro de ourimo AA tctirad da terra, naturalmente adensada do corte C, apés a eséava- i, sore expansio. Ao ser langada © depositada como material solto no aterro A, compor- -se procurando um estado de repouso; isto s6 poderé ocorrer em parte ¢ © restante atuaré diretamente como carga no paramento do mura, provo: cando empaxe. ara melhor esclarecer, consideramos 0 caso de uma caixa, onde vamos depositando areia em virias etapas, sem provocar vibracio © somente nive- lando a superficie no final da operagao do enchimento (Fig. 6) Zone em que 0 moh lat provoce | ems nos oreder, Linbe de tolude aoturat Zona em que 0 maeriol geavtor permanece em repouss A medida que a areia vai sendo depositada, naturalmente vai se amon- toando e assumindo a inclinagao de talude, formando o Angulo g com & hor zontal; nesta situagao, as paredes nao recebem empuxo. Prosseguindo-se no enchimento da caixa, © material fora da zona de ta- lude natural passa a fazer pressdo nas paredes da caixa, Fato semelhante ocorre com os aterros junto aos muros de arrimo (em- bora no caso do solo, a pressio seja aliviada em parte pela coesto, lembran- do a equagito de resistencia («=e +0 gg). 8 cADEANO DE MunOS DE ARRIMO Voltando a0 caso do exemplo da Fig. 5, compactando ou apiloando a {erra junto ao muro, podemos chegar as condigdes idénticas de resistencia {= c+ o'tg.), como primitivamente se encontravam os grios de solo no corte {erau de compactacdo 90%). AA boa norma de execucio recomenda o apitoamento com soquete manual ‘ou meciinico.(sapo) em camadas sucessivas dé 20cm, com um grau de umi- dade que dé ad:solo seu maior peso especifico (Fig. 7). Apiioomento em camadae Figure 7 Convém lembrar que 0 excesso de umidade € © encharcamento d'igua no solo, aumentam o efeito do empuxo, razdo pela qual se coloca obrigatoria- ‘mente a drenagem de brita e barbacans (tubos) a0 longo da altura do muro, 11.3 ~ CALCULO DO EMPUXO A quantificagio da intensidade do empuxo de terra, & o dado fundamen- tal para a elaboragdo do projeto do muro de arrimo, ‘As primeiras teorias foram formuladas por Coulomb em 1773, Poncelet em 1840 © Rankine em 1856, conhecidas como Teorias Antigas, ¢ que ainda tem dado resultados satisfatdrios para o caso de muros de peso, construidos de alvenaria ou concreto ciclépico. Abordando o problema do empuxo & luz da teoria matematica da elasti- ‘cidade pata muros eldsticos, construidos em concreto armado, temos as cha ‘madas Teorias Modernas, entre clas as de Resal, Caquot, Boussinesque, Miller Breslau, sendo que, nos diltimos 30 anos, as recomendagoes de Terzaghi ¢ seus adeptos apresentaram resultados prdticos. Pela limitagao deste trabalho, apresentaremos a teoria de Coulomb, pois ‘os modernos conceitos baseados na teoria matemética da elasticidade para ‘océlculo doempuxo de tetra dependem de pardmetros empiricos, os quais mui tas vezes nao sto disponiveis. 1 — TEORIA DE COULOMB A teoria de Coulomb, bascia-se na hipétese de que o esforgo exercide no paramento do muro & proveniente da pressio do peso parcial de uma cunha de terra, que desliza pela perda de resisténcia a cisalhamento ou atrto, © deslizamento corre freqiientemente ao longo de uma superficie de cur- vatura, em forma de espiral logaritmica. Nos casos préticos, & vélido substi- Antonio Mottamno 9 Espirallogori fescorregamonto real luir esta curvatura por uma superficie plana, que chamaremos de plano de ruptura, plano de destizamento ou plano de escorregamento (Winkler), ‘Admite-se como conhecida a direvdo do empuxo; segundo Couiomb, 0 ‘empuxo faz.com a normal ao paramento do lado da terra, um Angulo ,, caja langente 6 igual ao cosficiente de atrito entre a terra e 0 muro. tea. w A diego da componente Q do peso da cunha, forma com @ normal ao plano de ruptura um fngulo ¢, cuja tangente & igual ao Angulo de atrito do teneno. coeficiente de atrito da terra contra © muro 6 chamado &ngulo de rugosidade do muro. 'g @... = cocficiente de atrito terra contra terra. Temos, portanto: © peso P da cunha decomposta em Ee Q. E...atuando no muro. Q...atuando no plano de ruptura, também chamado plano de escorrega~ ‘mento ow deslizamento. Para 0 projeto do muro, interessa-nos saber o valor do empuxo E. A grandeza de E pode set considerada como uma pressio distribuida ao longo da altura do muro, cujo diagrama de disteibuigdo, para simplificagto do célculo, admite-se linear, em analogia com o empuxo proveniente da pres. sio hidrostética, © cuja area representa 0 valor de EF. 10. cADERNO DE AUROS DE ARRIMO Prado rel Le {poraica) Presto odotodo Uineor) Se tivéssemos uma coluna de liquido, oempuxo seria dado pela expressto: ede BS. yh Para levarem conta, no caso do solo, o atrito entre as particulas, a rugosi- dade do muro e a inclinagao do terreno em relagio a horizontal, introduz-se um coeficiente K, a saber: 1 B=}. Kh (© valor do cocficiente K, designado por coeficiente de empuxo ou de Coulomb, é dado pela expressio, segundo Rebhann: sen? (B + 9) 7 [sen(p — asen(o + 0) |* sen Bron o9| + ne Teale to | ...Angulo de inclinago do terreno adjacente. 0..-Angulo de inclinago do paramento interno do muro com a vertical. p= 90-6. ‘9... Angulo de repouso da terra, Angulo de talude natural ou Angulo de atrito interno. . 01... Angulo de atrito entre a terra € © muro ou Angulo de rugosidede do muro. Fazemos usualmente: Ke $1 =0,..Paramento do muro liso (cimentado ou pintado com pize). @; =0,5@...Paramento do muro parcialmente rugoso. @1 = @-..Paramento do muro rugaso. Antoni Matteo V1 SIMPLIFICAGOES DO VALOR DE K 1? Paramento interno liso e vertical %=0 b=0 B= 90° ee £05? post [Jeosa + Jsen( —aseneP 28 Paramento interno liso, inclinado do lado da terra ¢ terreno horizomal % = cos*(04+ 9) cos 0 (cos 0 + sen @)* 32 Paramento interno liso, inclinado do lado da terra e terreno com inclt- nage «= 9. 42 Paramento interno liso, vertical e terreno com inclinagito & K =cos* 12. CADERNO DE MUROS DE ARKIMO 52 Paramento interno liso, vertical ¢ terreno adjacente horizontal (Caso usual dos muros de concreto armado) K=tg? (= $) EMPUXO DE TERRA PARA SOLOS COBSIVOS Nos referimos até aqui aos solos cuja equaco de resisténcia vem tradu vida pela expressio t =o ig 9, isto é, solos arenosos. Nos solos cocsivos, argilas, a equago de resisténcia seré acrescida do valor da coesto C, portanto Ctoep ‘A coesio, pode ser considerada como uma carga negativa, fazendo uma redugdo ao valor do empuxo E. Segundo Coulomb... = 4 y.Kh? —ch K. corg0 negative EA. I} aa feo da Presséo do, Diagroma coeséa terra sem se. pressso Cressi coesdo no ruro nogativa) Na pratica, geralmente nifo se leva em conta o valor da coesio, pois a mesma pode set alterada com 0 decorrer co tempo. Sé sera considerada em ‘obras de controle técnico permanente da drenagem do terreno superficial, como no caso de estradas. Devido as variagGes climéticas do grau de umidade, os solos coesivos va. riam de volume. Antonio Mottena 13 Durante a estaco seca, o solo perde umidade ¢ se contrai, formando-se fissuras. ‘Quando vém as chuvas, a agua penetra no solo; este softe inchamento © exerce nos muros pressdes com agdo do empuxo ativo, muito maior do que aquele inicialmente caleulado, pondo em risco a estabilidade do muro. 11.3.2 ~ DETERMINACAO DO EMPUXO. Face as consideragdes mencionadas a respeito da coesio, ¢ no ve pre- tendendo abordar o assunto que € especifico da mecdinica dos solos, 0 presen- te trabalho se limita ao caso de solos sem coestio, como acontece com a maioria, das areias, o que nos deixa com boa margem de seguranga no célculo da gran- deza do empuxo ativo para os casos usuais. DETERMINAGAO ANALITICA L? caso ~ terreno sem sobrecarga how tn 2) Granten do enpno: = tn b) Diregdo do empuxo: 6 = 0+ @ ©) Componentes do empux Horizontal... Ey = Ecos 5 Vertical... Ey = sen 3 d) Ponto de aplicagio...y -4 ©) Pressiio na base ..p = Kyjgh so. tlm? 14 cAvenNo DE MuROS OE ARAIMO Demonstragao: h pane p=Kyh cad. h "2 Ligne 7 K ae K-—Determinado de acordo com os virios casos, dependendo de , 0, Om 2° caso — terreno com sobrecarga Geralmente nos casos préticos, levamos em considerasio as sobrecargas no terreno adjacente, ¢ circunvizinhancas, provenientes de méquinas, constru- bcs, multid’es, ete, desde que uniformemente distribuidas, Estas sobrecargas (kgf/m? ou if/m?) séo considcradas como uma altura da terra cquivalente fp, para ser lovado em conta 0 acréscimo do empuxo Antonio Motterro 15 4) Diregiio do empuxo...8 e) Componentes do empux 40 Horizontal Vertical... 1 Pressées: No topo:.P, Na base...) Py #) Ponto de aplicagio: Baricentro do diagrama de pressdo Ay 2B Ps, supstituindo-se os valores de P, € Py, temos Pe ph subsitung ores de P, e Pi, temos y em fungdo das alturas, Ay, Kyshy + Ky Ht hy 2hot Hm 3° Kyho + KH 3g H 3° caso ~ nivel fredtico superior ao da base — parte do terreno imersa no lengol d'dgua 16 CADEANO DE MUROS DE AnAIO A) Trecho 1 ~ solo seco @ Angulo de talude natural do solo seco Y11..Massa especifica do solo Allura da terra equivalente & sobrecarga hy » Pressdes — py = ky, hy esses NO topo P= kin (ig + hy) os No nivel ePigua Bmpr vornns By = Shi(P + PY iE 2P.x pf Ponto de aplicagio... ys a B) Trecho II ~ solo submerso Ya. Massa especfica do solo submerso Want l— oy. ma ‘91 Angulo de talude natural do solo seco 1 Angulo de talude natural do solo submerso € 0,3 a 04 indice de vazios Gi Massa especifica do solo seco y= 1 Ym “72 (ho + hy). Pressdes .. p Pu = kyl + I + ha) Empuxo.,. Ey the" +p) , iat weg 2m Ponto de apie nny = ME x 2B? Empuxo total......E = Ey + Ey in E... Resultante de E, e £2, determinacio grifica, ho nivel, dlégua 45 caso — laje horizontal penetrada no terreno junto ao’ muro Antonio Motterso 17 DETERMINACAO DAS PRESSOES Trecho I~ Ate 0 ponto M (interses#o da Iaje com o muro) Py = Ky hy Trecho H —~ Kbaixo da taje. A partir do ponto M, marcamos M/F, com a inclinagio do angulo ¢ (ta- tude natural) Marca-se 0 comprimento d 8=0}, obtém-se o ponto F. Liga-se 0 ponto F ao ponto J, extremidade da laje. Obtém-se o ponto L, ‘a inlersego com o paramento interno do muro, h, (caso particular quando g, =0, a =0, f...medido graficamente Cm Trecho MI ~ Ponto L...p = Kya(hiy + €) ffm? Na base 2 py high seeesese fm? Conhecido © diagrama de pressio, 0 céleulo dos empuxos parciais nio oferece dificuldade. Conhecidos os empuxos parciais obteremos, por solugio gréfica do po- ligono funicular, © empuxo total, € seu ponto de aplicagio. 5, caso ~ carga concentrada aplicada na zona da cunha de escorregamento Escoromento com estocas| ipo Mego |] Apesar de podermes contar com varias solugées.grafo-analiticas para o célculo do empuxo E, € mais prudente se escorar primeiramente a carga P, depois construir o muro, Isto € feito por meio de uma sub-fundagao tipo mega, estaqueamento junto a sapata ¢ alé mesmo atirantamento, dependendo de um estudo especifico para cada situago em particular A titulo de informagio, pode-se avaliar o acréscimo da grandeza do em- puxo, devido @ uma sobrecarga concentrada e sua influéncia ao longo da al- {ura do muro, através do expediente, a seguir apresentado: 18 CADERWO DE MUROS DE ARRIMO Fitss-y) 4 : ing fen ts segue) Pj aesens gateon Considerando a carga P, pontual, temos: ? Z S D BEY Doig em pei Diseaigs em als Antonio Motterno 19 TABELA 1 ‘Cileta_ a aripund pole Tear _de_ Goulet — sieg | Teena et bates] Tevees com FmeCagS 23 t & BE 3 2 3 gerd a]ésh fe Hepte ad g ecg: ee a] shee y fare sha ho ong, hee se ¥ Grondera nem Es ku CH nd) Direpao ‘Componentes Eu E tess Ponte de oplengio yeh Ge No tap0 Pa=0 ParKYino No_bose Pekrim knih inemneloeveniel coat yeora 1920 Feta nTeanly= alaan 03g" Yeramena nero a alnade cost (ony do tode da frase hortentl ‘ere carb raen it 05 44-0. erase inter ho, nals do odo eae ramen nr ao, veoh @ Keay sn adobe eegF GB) $6500 /050 ono Geral dos murs de concatenate) : —— Ei ia FH im zu a ypu a dorugesidade do muro 90 Pavomenta Ts :54.Paromes parlalmente runoxo ax PONE 119050 Sana v0 Cee joni r Benn NY senlgacsenla eT 20. CADEANO DE MUROS DE ARRIMO DETERMINAGAO GRAFICA A grandeza do empuxo pode ser determinada de acordocom varios traga- dos wraficos, sendo bem conhecido entre os engenheiros o Método de Poncele! 18 caso ~ terreno sem sobrecarga Vertical A) GRANDEZA DO EMPUXO Marcha das operagdes: a) Dados conhecidos: Angulo de tatude natural ‘yo Massa especfica aparente do solo ho Altura do talude 4.1, Inelinagio do terreno adjacente ao muro ‘1 Direcio do empuxo (Segundo Coulomb, ¢,, é 0 angulo de atsto entre » a= $00 9 =9) b) Determina-se ¢... Angulo que a dirego do empuxo E faz'com a ver- tical, 2 ‘e) Marea-se 0 Angulo @ a partir da horizontal que passa pelo’ pé do ta- Iude, ¢ tragamos com a diregiio @ a reta AC, sendo C um poato-de interseecio com’ 0 terreno adjacente ao muro. a terra € © muro AntenioMtlterna 24 Esta reta AC, chama-se linha de talude natural. Pois, se 0 ferreno tivesse essa inclinagéo, estaria em repouso portanto sem possibilidade de deslizamento. 4) Marcamos a partir da linha de talude natural (AC), 0 angulo ¢, e temos a rota AR, chamada linha de orientasdo. ©) A partir do ponto B, intersec¢ao do topo do muro com o terreno, tra- ‘amos BD, patalela a linha AR, ficando © ponto D sobre a linha AC. Com centro no ponto M, meio da linha AC, tragamos 0 semi-eireulo AC. 8) Do ponto D, tiramos uma perpendicular a linha AC, até encontrar 0 semi-circulo no ponto E. 'h) Com centro no ponto A, transferimos 0 ponto E para a linha AC, obten- doo ponto F. 4) Do ponto F, tiramos paralela & reta de orientagio AR, até encontrar a superficie do terreno, achando © ponto G. }) Com centro no ponto F, transferimos 0 ponto G para a linha de talude natural AC, tendo 0 ponto L sobre a mesma. 1) A Atea do tridngulo F GL =O, vezes a massa especi fa grandeza do empuxo. Nestas condicd Bm, x area ca Py, Tepresenta B) PONTO DE APLICAGAO DO EMPUXO Para conhecermos © ponto de aplicago do empuxo, basta construirmos, uum tridgulo de area equivalente ao tridngulo FG L. d... Altura (medido graficamente) potas bd 2 p20 22 CADERNO DE MUROS DE ARRIMAO AS... Linha paralela & inclinago do terreno 1... Baricentro do trifngulo de area equivalente N...Ponto da aplicacao do empuxo no paramento interno do. muro. elo ponto N, traga-se uma perpendicular ao paramento ¢, a partir des- ta, marca-sc 0 Angulo @, (rugosidade), ¢ assim temos a diregdo e ponto de apli- cagto do empuxo. ©) VANTAGEM.DO METODO DE PONCELET Além da facilidade que a solugo gréfica nos proporciona para a deter- minagéo do empuxo, este método nos fornece uma indicardo do trecho do terreno que poderd deslizar e provocar 0 empuxo. Isto € de grande utilidade quando se deseja deixar o talude desprotegido temporariamente, adiando a construgo do muro de artimo. Permite limitar 4 frea alastada do pé do talude, como medida de seguranga, ao término da escavago, Aastamento de sequronge Jolude provissio Plano Fe escarego- Fo cestng and 0 fe E Poratie 00 plano de escoramena eo de orcimo a conseuir Para a determinago do plano de ruptura do terreno, basta ligar 0 ponto A do pé do talude a0 panto G da superficie do terreno. Artonio Mottone 23 AG... Plano de ruptura X.... Distancia do topo do muro até o limite da superficie do terreno onde hi influéncia da agdo do empuxo. 28 caso — A construgio gréfica & semethante ao caso anterior, apenas considera ‘mos, como se fez na determinagdo analitica, wma altura hp de terra equiva- lente 4 sobrecarga. Seja 0 caso abaixo: terreno com sobrecarga 9 Hint Dados @-+ Sobrecarga por metro quadrado, no terreno'adjacenté ao. muro. 1. Angulo de rugosidade da parede, @... Angulo de talude natural Yoon Massa especifica da terra, XQ — sendo = Area do tridngulo FG'L. Plano de ruptura ou deslizamento. c 24 CADERNO DE MUAOS DE ARRIMO Ill = TIPOS DE MUROS DE ARRIMO Para se equilibrar a resultante lateral das presses que puxo de terra, Corna-se necessirio fazer com que as cargas verticais sejam pelo fmenos iguais ao dobro da grandeza do empuxo. Isto somente poderd ser obti- flo, em se tratando de muros de arrimo, contando-se com 0 peso proprio do muro, ou entdo,com parte do proprio peso da terrs, responsivel pela carga lateral, No primeiro caso temes o tipo por gravidade, estrutura maciga ou ei clopica, e no segundo caso estrutura elistica, de conereto armado. II1.1 — TIPOS DE MUROS DE ARRIMO POR GRAVIDADE OU PESO IIL.1.1+ PERFIL RETANGULAR Econdmico somente para peque- nissimas alturas, Présdimensionamento: aml 1a) Muro de alvenaria de tijolos: b) Muro de alvenaria de pedra ou eoncreto ciclépico b= 0304 II1.1.2— PERFIL TRAPEZOIDAL fa) Construgdo em conereto ciclop- 0 Pré-dimensionamento: bo = 0,14h h ba bot 5 11.1.3 PERFIL ESCALONADO Antonlo oitane 25 ) Construgdio em alvenaria de pe- dra ou conereto ciclépico Construgtio em alvenaria de pedra 26 CADERNO DE MUROS DE ARRIMO I1L.1.4— ESTRUTURA DE PONTES. Seale A I11.1,5— MUROS CONTRAFORTES OU GIGANTES. MUROS LIGADOS A ESTRUTURA. —" SeegSo AA Antonio Molterno 27 ~~ cigante Cocting ex seep0 8-8 I1.2 — TIPOS DE MURO DE ARRIMO DE CONCRETO ARMADO 1i1.2.1— MUROS ISOLADOS H.2.1.1 — MUROS CORRIDOS OU CONTINUOS A) PERFIL L ~ Utilizados pare alturas até 200m PRE-DIMENSIONAMENTO: cempuxo ... f/m ponto de aplicaséo (brago) m tn 28 CADEAWO DE MuROS DE AnAIMO B) PERFIL CLASSICO — Utilizados para alturas entre 200m ¢ 400m PRE-DIMENSIONAMENTO Jp {10cm ~ concteto com brite ne 2 “0 V1Sem — conereto com brita n? 3 J 1Sem ou 20 em E.., Empuxo de terra... tm Ponto de aplicagaio (brago) m M = By... timim = 10,/M...om Osh {oon 4,>d, 0,08 h hy {on h ©) PERFIS ESPECTAIS ~ Utilizados para alturas de 2,00m até'4,00 m. a [eet ig Lele tamed q i) ‘60 eanpuno do tere Aton Molterno 28 D) MURO ATIRANTADO ~ Para alturas de 4,00 a 600m Hts ‘ncorogem ‘Ancoregem por atite {Ccoguithos @ cone) esse Se ‘coquitha 7 pporede do furo (roena) Estas solugdes apresentadas para muros atirantados, sfo interessantes ape- nas sob 0 aspecto informativo, pois foram superadas pelo cesenvolvimento da moderna técnica das cortinas atirantadas (cabos ou vergalhdes pré-tracio- nados © ancorados) 30 CADERNO DE MUROS DE ARAM 1.2.1.2 — MUROS COM GIGANTES OU CONTRAFORTES Para muros de 6,00 até 9,00m de altura. A) CONTRAFORTES DO LADO DA TERRA Miro om sapolo intermedia no mato do ole 40 gigonte 1B) CONTRAFORTES DO LADO EXTERNO Antonio Molterno 31 ©) CONTRAFORTES SOBRE ESTACAS 0-Estocas verticals Corregonvento no terceno Vn 0 @ 300m Visto A-& 32 CADEANO DE sunOS DE ARRIMO b Estacos inclinados ET x Zi fa Visto oa Ronfesullonte dos apes provenlenies do empuxo @ cargas vertcais ‘Antonio Mofterma 33 M11.2.1.3 ~ MUROS LIGADOS AS ESTRUTURAS A) MUROS JUNTO AS ESTRUTURAS DE EDIFICIOS Té00 ie , ‘ [Plecottine de ortimo GAT | entee uigantes oo “HP | concrete Elevogio Sub-solo Fears do ee 34 CADEANO DE AUROS DE AnRIMO F][ Cortina de ovrimo ‘onire pertis de.ago Corte AA Anta Motierno 3 B) ENCONTROS DE PONTES OU VIADUTOS Enconie varie Sor Sai IV — ESTABILIDADE DAS ESTRUTURAS DE ARRIMO. 1V.1 — CONSIDERAGOES PRELIMINARE; Os varios tipos cléssicos de muros de atrimo, apresentades no capitulo ‘anterior, podem ser executados empregando as técnicas de construgao em al venarias ou concreto armado, Na verificacio da estabilidade, qualquer que seja a opeao adotada: muro de atrimo por gravidade ou elistico, deve-se considerar primeiremente “Equi- Iibrio Estatico” ¢ em seguida “Equilibrio Eldstico”, tanto da estabilidade do Conjunto como das secsbes intermedifrias ao longo do muro e da fundasao. As secgdes intermedidrias dos muros por gravidade ou peso, consiruidos cm alvenaria, tijolos ou pedras, imaginam-se coincidentes com as juntas de argamassa, pois estas constituem os planos, de menor resisténcia, Portanto, € segundo esses planos que deveremos estabelecer as “Equacdes de Equilibrio” Nestas condigdes, dividimos o muro muma série de secgées ao longo da altura, para tragar a curva de pressdo (ligacto dos pontos de aplicacho das resultantes das forgas parciais, atuando nas respectivas seogdes intermediarias), Como.condigio necessaria e suficiente de estabilidade estética e oléstica, 8 curva de pressdo deverd passar pelo niicleo contral de inércia das varias sec. ‘bes transversais analisadas, Para os muros de arrimo de concreto armado, devemos analisar os esfor- 60s cm algumas seogées intermedidrias ao longo da altura, para cistribuir con- venientemente as armaduras. 36 CADERNO DE MUROS DE ARRIMO MARCHA DAS OPERAGOES [ A verificagao da estabilidade de um muro de arrimo, obedece a seguinte prograinagio: 1 — FIXAGAO DAS DIMENSOES * Partimos dom a estrutura pré-dimensionada, para ser verifcada, As dimensies sio obtidas, através de eritérios empiricos ¢ comparacdo com projetos executados. 2. VERIFICAGAO DO CONJUNTO Definidas as dimensBes, caleulam-se as cargas e verficamos as condigdes de estabilidade em relagéo ao terreno de fundagiio. 3 ~ VERIFICAGAO DAS SECGOES INTERMEDIARIAS Confirmada a estabilidade do conjunto, calculam-se as soli seogGes intermediérias, tanto do muro como da fundagao, Nos muros por gravidade, chamamos esta operagio de verficagio da es- tabilidade das juntas. IV.2 — CONDIGGES DE EQUILIBRIO TV.2.1~ EQUILIBRIO ESTATICO 4 Sabemos da mecinica que um sistema de forgas co-planares, aluando so- bro um corpo rigido, esard cm equilbrio quando forem satisteitas as equacdes: @Drn-0 pel sah @zr-0 cat Estas equagdes ropresentam o equiliio de translagio ou deslizamento. @iM=0 ii eae Esta dltima equagéo representa 0 equilirio de rotagdo. ou tombamento. Para simplificar a aplicago dessas equagécs, admitimos as seguintes res- teigdes: ” Antonio Mosteno 37 1° — O muro de arrimo como corpo rigido (indeformavel), hipotese exala ara os maros por gravidade tolervel para os muros estcos de concreto armado. 22 ~ No plano AC B, junta do terreno, prevalecem esforgos de compres: siio, sendo desejivel auséncia absoluta de esforgos de tracio, Facamos a andlise dessas equacoes: EQUILIBRIO DE TRANSLAGAO EN = 0E necessirio que N, componente normal de K, resultante das for- sas na seogdo considerada, seja’de compressto, e que 0 ponto C (centro de Pressio) caia dentro da junta AB, Z ET =0 Sendo T a componente tangencial da resultante R, ja que no podemos contar com a resistencia de cisalhamento ¢ nem mesmo com a ad réncin no solo, pois isto nos obrigaria a executar ensaios de cisalhamento “ Neste caso, a (nica forga que deve resistir & componente T'é a forga de atrito exercida Sobre o plano ACB, Sendo: F, a forga de atrito: F.=aN 4 Coeficiente de atcito: Valores de i: Alvenaria Apeenatit y= 0,75 a 0,70 Alvenaria ouconereto )_ f5e60...n0. = O55 a 0,50 Solo saturado... = 0,30 Alvenaria Conereto "= 5 Para haver equilibrio, devemos ter Fer: T=uv..@ A cxpressio @) representa a equagto de equillbrio limite, Para seguran- a F,>T, dai termos que adotar um coeficiente de seguranga contra escor- regamento ou deslizamento, Portanto, devemos ter: eficionte. de seguranga contra escorregamento 21S 38 CADERNO DE AUROS DE ARNIKO Vojamos a interpretagdo geométrica da equacio (3) Pela figura tge0 = © coeficiente de atrito 1, pode ser expresso em fungao da tangente.do Angulo de atrito entre os materiais em contato. Neste caso y= tgp, sendo p o fingulo de atrito. A expressfio @) fica: two = 82 Aproximadamente | @ = 2 |@ A expresso o = ©, exprime a condigdo do equilibrio de translacfo, isto 6 que a resultante & faca com a normal a junta A CB; um angulo ©, 6, vezes inferior a0 Angulo p de atrito entre as materiais: Valores de p Alvenaria 4 cap = 35 ‘Alvenaria “"? Alvenatia ou concreto {Sec0....... = 28° Concieto EM =0... EQUILIBRIO DE ROTAGAO A rotagio do muro, coino’‘bloco inde- formével, s6 pode se dar em torno do ponto 4, da junta AB." Temos: ‘Mg .«. Momento de Gem torno do pon- (o A (contra rotaco), ‘Mg ... Momento de E er torno do pon- to A (favor da rotagio) ‘Antonio Mottere 39 Para 0 equillorio devemos ter: Mo = Me Isto significa que a resutante B de Ge E deve passar por A Entretanto, para maior seguranga devemos ter Mg > My, ou seja, R deve cair no interior da junta AB, satisfazendo assim também a condigéo de ausén- cia de esforgos de tragéio, Adotando-se um coeficiente de seguranga e;, chamado de coeficiente de Seguranga.contra rotaso, ou tombamento ante els Para obtermos ¢,, devemos considerar as forgas G e B, nas suas verda- deiras diregoes, e nao pelas componentes, afirmacio que poderlamos chamar de paradoxo estatico, vamos provar: Tomando as forgas nas suas verdadciras diregdes: ¢) = Ma ® Considerando as componentes de E ge Gat Ee ® Lembrando a fisica, pelo Teorema de Varignon, © momento estitico da resultante € igual & soma dos momentos estitices ‘das components. ~ Em = Bye ~ Eyd Eyl = Em + Eye Substituindose na (@) Gt Eve Fy z © OEE. © Comparando-se as expressdes @, © ¢ ©, convém tembrar um teo- rema da Aritmética: “Somando-s¢ 0 mesmo niimero aos termos de uma fragao propria ou im- propria, ela aumenta ou diminui”, ‘Como na expresso ©) temos o valor constante Ke, somado ao nume- rador ¢ denominador, 0 valor es, em relagio a junta AB, niio exprime o coe. ficiente de seguranga real, dessa forma s6 & valido tomando-se as forgas nas suas verdadciras ditegdes, representadas pela expressio @) ca.d. CONSIDERACOES SOBRE 0 EQUIL/BRIO ESTATICO A estabilidade resultamte da aplicacio do Equilibrio Bstético, & uma es- tabilidade incerta e incompleta : Se assumirmos coeficientes de seguranga , ¢ é elevados demais, pode ainda ocorrer uma estabilidade precéria. Este fato se dd quando 0 valor da 40. cADERWO DE MUROS DE AnnIMO forga N, componente de R, se eleva de tal forma que possa produzir esma- Bamento da junta, Existe portanto uma incerteza que deve ser eliminada, estudando-se a es- tabilidade etfstica ou, em outros termos, as tensdes solicitantes devido ao car- regamento, eat I 1V.2.2— EQUILIBRIO ELASTICO . a ~ 4a... seecio transversal qualquer, junta, R... Resultante das forgasqueatuam na secyfo a= | ereegte ki CP....Centro de presséo (ponto de apli- cagfio de R em aa). CG... Baricentro da seco transver- sal a~a. bees S=bd...Area da seogio resistente. Wate Médulo de resistencia, seyso »...Disfincia do centro de gravidade 7 08 bordos, respectivamente Ay © Ay | Teenie TET: ce... Bxoontriidade, Scormesséo uw... Distéincia do CP ao bordo compri- mnido A, | es N.. Componente nomal de & M Y rrexto 4B] f ; = = Raio resistente. é pm 2) Fie. scompesséo Ky, Ky... Pontos nucleares. Lembrando 0 estudo da flextio composta ou presso-flexdo, abordado nos tuatados de resistencia dos materiais. temos at tensbes nes bordos: NM wos ty Antonio Moltemo 41 Como nos problemas que vamos enfrentar deveriio prevalecer tensdes de compressiio, convencionamos Sinal (+) positivo...tensto de compressio Sinal (—) negativo...tensiio de trago Nestas condig6es, para uma seco intermedidria qualquer, teremos: ) Tensiio média (no bariventro da secso)...0m Tensio max Tensio mini Os valores dea, ¢ 3, variam com a relagia -, chamada de médulo de excentricidade. De acordo com a variagio -, podemos considerar os seguintes casos de distribuiso das tensdes, indicadas na Tabela 2. ” CASO — COMPRESSAO SIMPLES. 22 CASO ~ COMPRESSAO EXCENTRICA...e k Dividimos esta distribuigdo de tenses nos seguintes itens: ‘A) Flexo composta com tragio 1B) Flexo composta excluindo tragéo Na Tabela 2, apresentamos as caracteristicas de cada easo de acorco com A relagdo ~, designada por quadro geral das leis de distribuigio das tensBes. 0 CONCLUSAO ~ Pela anise do caso geral da Nexto composta, 61. = Nt MON( Je a N + +() £ a0 concluimos que a compresslo simples, 0, =e Alexdo simples o1.2 = 355, sio casos particulares da flexdo compost, Antonio Mtoterno 43 42 CADEANO 0 sAUROS OF ARRIMO 1V.2.3 ~ SOLUGKO GRAFICA TABBLA 2 Liha de opio de"N" 7 Tageuny 2p eueibeg A opbo1ay05 =p 0509 oe saps top optnquicip ap 2107 aphees sageuey sop ou0.t0:0 este

You might also like