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Cada filme tem vida prépria, um destino proprio que deveserdirigido, Arazao ‘para se fazer filmes & que os filmes sao eternos. ‘Norman Jewison O DIRETOR: DA VISAO PARA A ACAO ‘lhe com atengio para Ron Howard e vocé ainda podertvislumbrat (Opie, o personagem que tanto nos cativou em The Andy Grifth Show, ‘ou mesmo Richie Cunningham do famoso Happy Days. Mayberry [cidade icici onde se passvao stom Andy Griff) € uma lembeanga dlisante, mas as experiéncias de Howard como ator deixaram ncle una marcaindelével. Ele comesa explicando como ese seriados oajudaram 2 concrtizar sua decsio de setornar dirctor: ‘Quando eer garocoadoravaandat com os atores, mas também ado rv fear com o reso do pesol que rabalhava mim fie, eno demo- rou muito até descobrir que quem se dvertia com todos eles ert © dircor. E asim que me sito Hi algo de cris, de pura encigia © etzemamente recompensador em estar no centro de todas esas dix [Em uma entrevista paraa TV CNBC, Howard revela que enftentou ‘© mesma tipo de problema de qualquer aspirant adiretor {90} DOROTEROPARAATELA Sabe como 6, as pesoas cram totalmente condescendentes quando ea dlisia que queria ser direror, Nio era apenas um sonho. Nao era diet tismo. Eu esava fazendo 0 curso de cinema, Faia filmes por conta prépria. Escrevs roteiros, Pensa nso lieralmente a ada momento fem que exava acordado, Suacarera como dre tem hoje mis deduas dca desde seu primeio filme — um longa de aso produzido por Roger Corman e intitlado Grand The Auto — até o di em que subia 20 paleo para reasber 0 Oscar por Una Mente Brilbante, 0 modes e alive drtor parece sempre atibuir mais méitos 205 seus colaboradores do que 2s ripriosefrso. ‘Quando agus he pergunta sobre Una Mente Brihant, Howard cxplica: “Bum drama muito inspiradreincomum. El reales as incrvis performances de Jennifer Connelly e Rus Crowe. Uma ande combi- ‘gio, Lim drama fot, orignal excitante ede grande ago El para por tum momento sor. “Talvezodictor tena dado asia contebuigo em guna pate are (Qual éo trabalho de um diretr? Qual €0 “pape de um deco"? (© primeio filme dzgdo por Roland Jol fi Os Gres do Si. “Ser dlretor & come jogarxadrer em wm tableito mulkidimensionl, com Aierenga de ques pas do bul dvi se mover por con pop “Mas serd que elas se movem? direte Norman Jewison (Fete de ua, O Frac) tm oes evi: Acta mais importante & manipula, Algumaspesouschamam so de ‘omunicagio ou inspirago. Eu chamo de manipulao, O diretor ett sempre manipulando as pessoas, sia 0 ator, © operador de mera, ‘om, iuminaso, compositor ou rors, Ele teta manipalar todos para que se adéquem 2 aus interpreta, A ua vito. "Numa entrevista televsio canadense,Jowison va além: “E preciso ‘er um bom ritmo, um bom timing. enso que os dretores devem saber uum pouco sobre tudo”, Fle fa uma pause acrescena:"E penso que é preciso rerum bom par de sapatos Iso cab com seus pd!" [As pegadas de um dirtor devem produc uma fica colaboraiva, ‘quel sinergia que impulsiona um csico do oti paraa ela. Ao longo ‘ODIRETOR DAVISAOPARAA ACAD [81] do caminho deve ser eravada uma série de discusses cratvas. No centro de praticamente tudo iso est o diet, a pestoa que funciona como um tipo de pedra de toque viva, em tomo da qual gram todas as outras ecisoescrativas.E sempre i operigo de que o ego que no caminho. "Numa entrevista Eguie, Robert Redford confess "Eu nunca penso em mim como um direror quando estou dirigindo. Penso naquilo que estou entando dizer”, Boo ditetor também & como um capitio de equpe, que wansforma 0 {grupo num time coeso. Ron Shelton concorda que o ego do dietor nunca seve fiat no camino daquilo que é melhor pars filme. Em ver dso, cle pensa em tetmos dos eos de seus colaboradores: “O que se quet no 6 exmagar os egos, mas sim marimizi-los. Desar que sejam ru o que sonham; no entanco, iso é um jogo em equipe”. De acondo coma presidente do Directors Gd of America, Martha Coolidge (As Noites de Rese, Dorothy Dandridge ~ O Brilbo de uma Esarela: “Qualquer diretor precisa de um lado forte masculino ¢ um lado force feminino, uma habilidade para conduziro filme, junto com tum lado protetor”. Amy Heckesling (Picerdiay Exudantis, As Parici- nhas de Beverly Hil) concorda, com wim sorio: “Voce precisa saber sobre pimura misia, teratrae mods, ms prinipalment preciso ser corso ‘Com diretores mais joven e menos experents sempre existe 0 petigo dd intimidago. Quando tabalhava em seu segundo filme, Sam Mendes (Beleza Americana, Estrada para Pedigio) se vi diigindo Paul Newman. ‘Mas no fim, "vocé tem uma relagio direta de trabalho com eles. © € simples asin’ ee explica. “Mendes disse no Barly Show, da TV CBS, que o segredo & pelo menos parecer estar no comando, Mendes veio de uma carera no tro, ‘onde costumava usr uma forma de direglo que tenia masa “explrar” coisas com os ators, izendo-hes perguntas. Masrudo isso mudou quando passou para o cinema: [Num se de filmagem, se voed disse “Eu a se, va oui: “Bem, se voc! no sabe, quem sabe? Voo® é a pesta que eperam que sia Entio, mesmo se no soube, deve Binge que sabe e simplesmente it cm Frente até tr algo em que se agara. {92| DOROTEROPARAATELA ROTEIROS E DIRETORES:"ESCOLHA-ME!" [No principio &o verbo, a palara, Hollywood esti cheio de roeirists ‘que tentam crar “um grande roti", ou sea, reir que chamem a tengo de diretors famosos, Av contro do que se acredita, existe por al wna porpio de roeiros bem-escritos. Porém, esse far isolado no sgarante que elesencontat seu camino atéa tel. Barry Levinson expli- «a um pouco desse praceso bastante contradicrio no que diz respeito a0s desafiospessoais que um rteiro representa: Pow ler alguns rotiose dae: “Este € um bom roti, mas parece se jf 0 conbego eno si © que mais Eze com ele, simplesmente est tudo ali”, Precio encontrar algo que, em dia anise, me desafie a onto de no saber se poss fo funciona [Exist alguma frmula mégica para chamar a atengio de um diretor famoso para umn roteto? As vezes parece que a tantasresposts quanto 0 sndmero de ditetors, Para aqueles cujo sucesso alcancad possblita uma grande iberdade 1a escolha de projetos, 0 interesse por um rotero pode surgir de um conjunto de valores cexperiéncias que remontam a um passada to ds ‘ance quanto a infincia “Martha Coolidge leu 0 rotcto de As Noite de Rote fi arrcbada or uma imagem que sensibiizou sua meméria: Estamos sempre procurando wma metifora que sea extemamente vine dramdvica, deforma que vena a ganhar vida em cena e nko ssa somente um amontoado de palarss numa pg. No reir hava ‘uma imager da luz do solencando pela janca da czinha, ese facho de luz flgurae inca em uma fea sobre a mes. Essa imagem me fx petocer que Rose arin amor cl pra aquela fia, A meer veio do texto, mas a imagem dex origem ao dsenho de todo o filme, © modo como 0 cnegrafisa oiuminav, o eaguema de cos do praduton diner, €vodo 0 esto ‘A imagem ora catamente como uma recordaso que enka da casa de minha avé. Na verdad, acabeifazendo um dacumnentsio sole minha avs, que tem mies coisas em comm com Ar Noite de ‘ve. Asim houve esa liga sentimental com a casa de minha avé ‘ODRETORDAVISAOPARAA AGAO [99] Olver Stone selembra da prdpriainfncia ede como isso levou 20s projetos “de temas civcos" (Naside em 4 de Julbo, JFK, Nixon), que acabaram setornando sua marca registra: Meu pai sempre falou de politics ¢ ideias A mesa. Eu crsei nessa teadigho de fala, escrever¢ discutt ideas. Assim, muitos de meus filmes sioorientados ara © debate. Tento mostrar 2 causa € 0 clita do mundo 20 meu redo Norman Jewison ¢ outro ditetor cxjo entusiasmo € impulsionado por histérias que exploram o terreno sociale por sua crenga de que 0s “filmes sioeterno®" Em primeto lugar tem que ser uma boa histri, mas procuro uma iia por tis do texto: algo de poco, emocional ou que tena um teor de vedade. Em algum posto do proceso ¢ com win pouco de sorte o filme iti afeear 0 pensamento, 0 se conceit de vid. Ea idea por ers de uma aber de ate que tr fa is obra duradour Para Roland Joffe, © desafio de transformar eventos reas em filmes delonga-metragem &o que dé origem a mais duradoura de todas arcs Eu adoro pega um eveno real eperguntar: “Como seria rer eta I ter participado deste evenoz” A Miso vei de uma hiséria da vide real Or Grits do Slo, de am artigo de revista: A Cidade de Eipe- ra, de um vr, Gosto de me color numa sian onde x &con- Frontado pelo fio des sito ser re, verdadira,Procuro fier disso uma experiéncia de vids, darthe « mesma voltlidade da vid, e alg ras peas fam muito desconforeves com iso. © drctor John Singleton efaza qu, desde nc temtou dat vor Ashi que ane no apaecam no cinema, masque coninuam exi- tindo em ua prpria experiencia, “Ea sou um negro ue vive na América. “Tenho que me bascar nso para fac les, diz ee “E tudo 0 ques [io que eu xeja tenando mudar 0 mundo, mas um bom wabulo sempre encontrar seu camino na cular. Vee langao flee, depois cle gata vida propia Singleton cit seu princi flme come exemple: (0s Dons da Rua er wm conto de fas urbano. Ea uma hstra que muitos haviam vivid, muito parecida com a prépria vid, Asin at pessoas se idntficavam. Elas perebiam: “Ei, esa & minha hiséia, cis € minha experiéncis’. bso algo que So cotumam ver na tcl com muita frequénc, E dao que nem todo cisco éimpulsionado pla necesidade re- mente desefizer um manifest sacl. prdpio Singleton dia Sh [No entano, a mairia dos filmes mais contundentes explora algum aspeeto do comportamenta humano que é "verdad, no sentido de «queenconta co deur do dre, também do pio. Ron Shelton dlscreve iso como uma busca de "momentos autetico”, Como Stone ele busca ees momencs em suas aes © que me ineressa& fazer filmes sobre o comportamento human verdadero, Até mesmo um topesio pode ser um momento ausénico| se for mercdo,eroalment fils se ni for Mins mae dizi: "Moste sua dignidade is pesos e vot fcarisurpreso em ver quanta vee eas agiro coreamente, Ela tatava todos do mesmo eto e enho cetera de que agua eois disso fcon em mim. Eu comeso por abraser of personagens, pois reimente me identifica com cles. CCriar um personagem inesquecvel num roeiro pode ser 0 segredo para ganhar © eoracio de um dizetor, pois muits diretores comesam ‘nnsiderando como a jomnada do personagem, 20 longo do enredo afet- 0 pablico no final, Para Ron Howard ess éa consideracio individual ‘mais importante, “Tudo esd em constant mudanga, Se voeétentar manter 0 sat que, provavelmente vai tetoagi. Peso que existe algur tipo de forga den- to de ns que nos leva a sermos pesoas melhores. Temos a frga pars realmente eradicar cetos comportamentos, como a volnca,e iat alernativas vives Direrores como Howard tendem a procura otras que confrmem «sua prdpria visio de mundo, Muitas vers isso envolve uma tenatva de ODIRETOR: DAVISROPARAAACAD [95] sclecionarcuidadosamente os tipos de histéras que terdo um impacto positive e duradouro no piblico, ‘Com uma inclinasio por histrasaueatias sobre avid real, Roland Joffe vs dfeengas entre a vide como ela €€ a vida “como deveria se ‘como uma fone de constante insprago: “Para mim, a vida € muito ol Ul cadica, complesa, Hé wma imens dferenga ence 0 mundo no qual as pessoas querem viver © mundo em que vvem. Eso me fscing [Desse mod surgem certosproetos que parecem “clamar” diane de um diretor Peter Weir expica [No fim, aio su ex que eco o materi, éo material que me eeolhe. uma emogéo mais ou menos como 4 misc. Eentfo oe! sabe que vai fro, Em qualquer projet, o defo é pasar para a ea aquela ‘eagio emacional provocda pela primers liar "Nao di para defini aemogio, pos € como uma onda que core por su compo, E como descrever 4 senso ao ouvir Mozart como- rene. Tocante algo to force que pode susrenélo por, no mimo, doze meses de produsfoe imerago com centenas de pessoas pro blemas pdtcos. Quai so, portato, as provives eonclusses sobre o tipo de roteiro ‘que pode chamar a atensio dos diretores mais ousados e famosos? No fim, certos padres comegam a surgi. Mendes, Joffe, Stone, Singleton € Jewison tendem a procurt as difceis verdadespolitiase soci; Barry Levinson procura rotciosehistras que o desafiem a fzé-los dar certo. “Martha Coolidge busca metiforas visuais. Ron Howard prefete projtos ‘que sejam uma fiemagio da vida, Ron Shelton tenta encontrar momen: tos auténtcos. Peter Weie quer algo que sea capaz de comové-o, E todos cles, €cato,desejam "uma boa histra” com “o desenvoli- mento de um personagem forte’. Retina todos esses elementos e eles lhe lari uma boa idea sobre os tipos de rotiros que provavelmente possam. os mae respeitads e bem-sucedides dretores do cinema. PESQUISA:ENTRANDO NO MUNDO DO MATERIAL, ‘Uma vez que o diretor tena se decidido por um projeto, 0 processo de desenvolvimento entra em marcha aceerada, Considerando-se que a 1964 DORCTEROPARAATELA hiscvia poe ser bascada num ive, num event da vida el, nam oe ro precxstent ou em agua combinaso de tudo io, em gral preci so uma pesquisa para se entrar no mundo do mater E dif imaginar um tabalho de pesquss nas formidvel do que o ‘mpregal na relzaio de JFK ara Oliver Stone foi uma tareaheri- lea ean os textos, 25 lmagens eo videos de ented fonts, pli case pivadas,e enti ec n0s os do ented: Em JFK; hi quatro fs condurres: &histria de Garton; hii de (Oswald, que é uma eombinario de informagies extaldas de fones p= bas € do ivr de Jim Mas, Cre (Fogo crud; hi a reconstui fo na Daly Plaza, que ébuscada no ize de Mars, ns informagics de foes plas ¢ nos tstemunhos de pesos com as quis file A quar pare do enedo € esencslmene a histrn de Me. X — a sera de lacher rou que ele me contou quando o carve em Washingon, Mergulhar na histriaexige uma espécie de “diego metédics", 2 ‘medida que o diretor entra em cena para compartilhara vida daqueles que serio reratados na tela. E fei imaginar o tipo de pesquisa que se fiz numa “hiséra rel” sobre uma doenga mental (Uma Mente Brilhan), ‘mas e numa histria de aco como Cortina de Foge? Ron Howard come” «ott tomar gosto pelo que representava ser um bombeito. O rocetista havia sido bombeico. E eu paseialgum tempo com els, dormi uma noice em seu poste paticipe de alguns de seus atendimento" Rodar um filme em outro pais rz consigo um conjunto especial de desafios na rea da pesquisa. O ditetor deve aprender muito sobre a outa cultura para apreseni-la com autenicidade na tea, Em siuagdes como ‘sa, Roland Joffe ndo economizaesorgos Para ine A Cidade da Espen visi Caleut itis vex, por mais de gusto anos, vsjando de Gnibuse hospedando-me em ais. A maio~ tia das pessoas fica conhecendo [nda dos gurus ou do Tsj Mabal, mas sano €a verdad sobre 2 India. A verdadeira Cada €aquela em que se v8 uma imensa lua pela vida Martha Coolidge afirma: “A boa pesquisa ésempte muito cite’ explica como isso muita vezes a levaainformagbes importantes que usa ODIRETOR:DAVSAOPARAAAGAO [7 em seus filmes. Numa oena crucial de As Noirs de Rose, um médico sinistro sugere & familia que a nature sexualmenteexplosiva de Rose podera ser “atada cirurgicamente, sem o conhecimento da moc Descobri que as crus de exipasio de ovivios ees era uma Prsticacomum nor anoe 30, Foran fas grandes quanidads de cin ‘is psicoligicas experiments, © que tna reagSo com a “cara Fonyada, por asim die, de Rose. Iso sem flr da metifracontempo- nea do disco da mulher au prépria corpo. Como dzetora de doc mento, prend que na veaiade, no to veeldio, nconcam- imagens muito melhores ¢ mais iaeresas, c uma varidade de deahes que lo seam encontades rm alma cot rida por voce mesmo. A melhor pesquisa éaquela que rende uma verdadcira visto da arena fem que a histra se passa. Em termos ideas, iso significa ie além dos clichés culturas para secriar um roteto dindmico eprofund, que resul- ‘ard num filme autentco DANDO FORMA AO ROTEIRO ‘Quando a pesquisa chega 2 fim, € necesito reformularo rotcico a fim de dexi-o pronto para produgio. Em gerl, todos os dretres dio sua contribuiio para histéria neste momento. As vers iss leva ds princ- pais mudangas. No roteiro original de Soriedade dor Petar Moros, 0 personagem de Robin Williams estava morrendo. Em Alien, 0 persona- gem de Sigourney Weaver era umn hornet. Depos, oroeiro passa por revises secundstis que podem envalver smudangas de locagio, época, ou de uma cena do interior de um dibs para o interior de um trem. Alguns diecoresirio de fito reescover © rorciro, ornanul-se assim co-rowirsas, Outos pasar hors taba com o roteirsta para alcangar uma maior careza na hstria nuances ‘mocionais mais ricas nos personagens. Durante ese periodocruci Oliver Stone gata de tabular diresamente com os roteiristas, Ao mesmo ‘empo, ele mantém uma distancia discreta, mas visivel: Eu covscrevo 0 roto, mas acho melhor me sear soinho, Nunca tuabalho na mesma sala, a menos que se tate de uma experiéncia {991 DoROTEROPARAATELA stuitva, como aconteceu com Richard Boyle em Selbudor. Ele me con- tava isis, ¢ eu bascamente hes dava forma... dramatizavacas, Em ‘pecal com Rom Kovic (Naxid em Qua de Jul, que na maxi as ves fala, Ble fav, eu dav forma ao que ce dia, Mua ves cerewo demais, uase que delberadament. Prefiro far mais © mar com um pouco mais de inemsidade, ou sj, fazer © maximo, © procurar retoma tudo na igi, Huma variaso enorme na modo como os dtetores do forma aos roveios, 8 medida que a producio se aproxima, Peter Weir observa que seus roteirs vio se tomnando um “arco”, uma ver que cada revisio ganha uma cor diferente: (© reir € uma cosa viva. Vou mudando as coisas constantement Amiri dor mous rotciros& er azul ou azul cosa e verde, Na verdad tobea muito pouco branco das piginas origins As pina aignais [tt mim sio apenas um gua. Fu continuo alterndo-as — podem ser ‘fees viusis, oem de uma soquécis de cena, uma idea, qualquer uma desss coisas CColeciono gravurase fotos de revises, muitassfetncasvisuas, que so ua inspiragdo pssal pata dar base ao fle. las entra na ceerucura do meu rotsto algumas delas fem a ligasto das cena. ‘Quando tudo et dito Ft, Finalmente chegase am ponto em que tudo parece extar bom. F como se aio houvesse mais nada a faze. ‘Simplesmente ex bom. No entanco, para Weir, ainda resta mais um periodo de ajustes e€ esse momento que entea a inuigio: [Enc se pasam algumas semanas e toda a sua expesincia, codas as sas antenas esti ligadas, e vocé se tna extremamente intuitive Falando com 3 equipe, jantaado num restaurant, um homem que ‘oct Eno ponto de Gnibus, um voo com esala no Haval — tudo vai alimentando 0 buneo de dados de seu computador esendo ordenado « eradurdo para qualquer cois que poss se il hinds. Acedito ‘que todo proceiso de drgi em a ver com esa sensibilidade ex ‘cerbada que aflora nese period, ‘ODIRETOR.DAVISAO PARA AAGAO [99] Para Norman Jeison aa da revsio comes com uma sre de nots: igo ma porgio de pequenas nos sabre como algo deveria sr dito ou como tal peso se sentia extamente num dado momento. sou sm pe epusando as cen, inerpeando-s, Repaso as cenisem vor aka ¢ ‘nq interpret algumas partes, © ret interpret ours, ‘Com alguma sore, 0 proceso finalmentecomega a revlaracséncia da histéra, Como um artista que esculpe lentamente uma pega de gr nito que he oferece resistencia, Jewison procura razr &cona os aspectos ‘omincicos do material em que abalha, buscando encontrar as diferen- {es emogbesalinerents: Procure revar 0 segredo das emogScshumanas, roca a comédia © humor que hi na vida. Todos os dias me pogo indo de alguna cos, € squase todos os das sou levado a chara: © vso a gia so dae emogbes muito cementares que devem esa presenter em cida hist Fae em quate codas as cena. E como 0 yin © 0 yg, pois hi sempre algo que no toca © nos ate Colocando © conteido emocional da histéra na posio mais ele- ‘vada, Jewison di ao roti a sua forma final: Trabalho com o otis para deixar 0 rotciroo mais revelador pose através de comporementosauréccos. As canis de una cena para ‘outa devem sex absolusamente sem eowtrs, de modo que 3 histria flu com cero ritmo efcldads. No et a ace de exter roc. ‘CADAFILMECONTA UMA HISTORIA ‘Quando o roteiro chega 3 fise de produsio, o ditetor comega a “ver 0 filme” em termos visuais, Nesse momento crucial, a arte de dtigie vem 4 ‘ona. Os bons dzetores far esolhasvisuascriatvas que enriqueces rorciro ¢dario vida &histéria. Ron Howard expla: ‘A paris do momento em que eno no projet, comego a Bier peas anoeages, lgumas ideas vsuis nas margeas.Geralmente 0 primeira dco de ides ¢ jad fra. Pode ser alg eo simples quanto fer um [100] COROTEROPARAATELA trp na magem da pina de wm ddlogp ene dos pesongens,¢ cxceer: "so deve set io em nurs, prque ext sobrepondo ou “sets timo se to iu couse numa tomada de plano geal pois € ‘mporante dear o pbc saber que eas psoas fzem pate de um ‘undo emowrarths ese mundo como pare do cent. A loca pode tr sido deci: “quintal — di’ e depois pode mos perceber que cn fia melhor no etd & ote. Fode se go ‘Ho implee quanto: “Peco de uma imagem forte ag Poss nem saber gu A busca pela imagens ¢implacvel, © trabalho de Ridley Score em Alien 0 consagrou como um dizeorhollyweodiano com um estilo visual definido, Quando cl descreve o proceso, percebemos sua competén- ‘ia como ade um pinto. “E preciso ter em mente wma imagem global Eu penso em termos de luz, efeitos viuais, som, rexcura’. Essa capacidade de pensar em temos de imagens e incuitvamente perceber quando uma cena vai funcionar algo que todos os bons die- toresparecem postit: Enquanto Seoct descrevea hoje famosa sequéncia dos crédtos de abertura de Thetma & Louie, comegamos a entender 0 Fancionamento do proceso: [No fara ideia de como comegato filme. Bacio, festa eu em Utah, dirigindo em uma estada perfeita que sepia para 4 moats nha. De algum mancira,rudo aquilosimbolizavaaliberdade e rodi uma cena de scis minutos, pois tinha cerecza de que a uaa em algun lugar do file — e acabei usando nos crits de aber As yezs uma simples imagem pode servi como uma metdfora para toda. isi, Roland Joffe encontrou uma imagem asim para A Ci- dade da Eiperanga © riguixs aquele pequens carga de duns rodas purada por um ho ‘ment, uma metifors central para todo o fle. Fa iberdade do tra tho ea excravidio de um deve € poder, ma sb o dominio dos outro. le care ros as complexidadese paradonos da India. Observe que anda uma espécie de membro da familia, cls o eva para dentro de esa quando vio dormit, ‘ODIRETOR DAVISMOPARAAACAO [101) “Talver um dos mais poderosos usos do principio da “imagem como rmetéfora’ possa ser visto em Sociedade des Poetas Moras, quando 0 dliretor Peer Weir deci incluievria tomadasisoladas de pasitinhos, le record as tomadas Havin muitos pisos a9 nosso ror, devido 3 colheies de vis salas na regio. Elespareiam cardurmes. Nunea hava vs tantos passat nos! Enguanto voavam parcim formar Hgurs:lembravam um rede _moinho ot um pont de ntrrogasio. Ae vor eu parav o carro quando ‘5 viacscando pelo ch, sain par espantilos ¢ observar sua realo a disse pars © grupo de cincgrafiscas: “Vamos fizer algumas cenas com exes pars, cu gosto dele”. Depo crescent "Se vot vrem pisos 2 caminho do taba, podem se ata ‘Asim os plssaros se tomaram ain mocvo, pos parciam estar ches de um significado oclto. les eram coma as ciangas anda ras de uma escola, todas de uniforme, sem individusldade, Keating [nome do personagem de Robin Willan) ex quem rentava dae un ome a ess pissaros. Tataa-se de flr sobre indvduaidade e sobre encontrar sea propria vor, e asim por dante, De no car correnda aurs do grupo. Na edigio,colocameos 0s pssaros préximos& imagem dos meninosdescendo as escadas a imagem da iberdade e do voo ett contase com esse espago hastantecontdo. Sempre pense nos meni- os como pisos, smplesmenteandando em grupo, sem forms, sm tum foco individu (Quer sea uma imagem para o filme todo ou para wma tnica cena, ‘cada decisio deve ser euidadosamente rela, deve lear em conea 3 ‘iris camadas que constraem a significado do filme. Em Buy, Barry Levinson de forma criatva usa uma tela em branco, _encobrinclo os dois personagens centri, os quis aparecem como som- bas. Ese recurso visual, usado na primeira cena de amor, proporciona tum dos momentos mais memoriveis do filme e serve como uma espécie cde comentiro visual sobre a“sindrome de Hollywood” Bugsy Sigs ¢ Virginia Hill queriam ser estas de cinems, Ele cnha feito um teste pata o cinema, ese va como um stor principal. Eno, aqui cxavam esas diss psoas, querendo ser exreas de cei sem rnc rerem fio io, Achei que sei aceresante paras dos amanes| serem reeatados no ayes da ta, eepresntads como slhueas por is da cla cm braeo,aeabsndo como um neativo em vez de um posto Ron Howard enfrentou um tipo diferente de problema visual em Cortina de Fogo, quando deci fzer wma sequéncia dos quatro inctn- dios principais, Como evitar ser redundane? Fu queria que cada um dels evocase um tipo um pouco diferente de scatimento ov ragio do pablco. Visualmente, afo queria que fse- mos repettvos nas cenas dor incéndis. Asim, centei propor quaro clos diferentes (© primeira incéndio que a cian absera no prinlpio, ns fa ‘mos ais parcido com um inctadio de um sonho, do pont de visa

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