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Reinaldo Antonio Valentim
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Maria do Carmo Brazil.
INTRODUÇÃO
O estudo da história da educação é fundamental para se compreender as relações
da educação em interface com outras áreas do conhecimento, oferecer contribuições
para se fazer, contar e estudar a história e a compreensão de suas especificidades. Esse
referencial teórico-metodológico nos possibilita problematizar a educação em diferentes
tempos históricos, investigando diferentes temas, como professores, alunos, o corpo, a
leitura, a disciplina, e diferentes sujeitos, como a criança, a mulher, e, no caso deste
ensaio, a presença do negro no processo educacional do Mato Grosso do Sul.
Objetivamos com o presente trabalho uma possibilidade de identificação da
imagem/representação da população infanto juvenil negra brasileira, elegendo como
lócus da pesquisa uma instituição escolar na cidade de Dourados-Mato Grosso do Sul,
visto ser a escola fundamental no processo de socialização i n f a n t i l . C o n f o r m e
Thompson (2001, p.20) vemos que na produção e na distribuição de formas
simbólicas, a humanidade se serve de muitas fontes para realizar ações que possam
intervir no curso dos acontecimentos com conseqüências diversas.
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Aluno do mestrado em Educação UFGD/FAED-Linha História da Educação, Memória e Sociedade
Professor Especialista da Rede Municipal de Dourados. E-mail: rcvalentim@yahoo.com.br
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Professora Titular em História do Brasil da Universidade Federal da Grande Dourados/UFGD (Brasil).
Docente do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFGD. Autora, entre outros, de Fronteira
Negra: Dominação, violência e resistência escrava em Mato Grosso 1718-1888. Passo Fundo: EdiUPF,
2002. E-mail: mcbrazil@ufgd.edu.br
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A instituição escolar foi criada na década de 1970, quando se inicia o seu
processo de formação. Criada oficialmente pelo decreto 11 de Março de 1975, sob o
governo de José Fragelli do Estado de Mato Grosso, cuja capital era em Cuiabá: "Fica
criado um Centro Educacional com sede no Jardim Água Boa, no Município de
Dourados, neste Estado [...] A escola [...] passará a denominar-se Antônia da Silveira
Capilé" (Decreto nº. 2508 11 de março de 1975). No mesmo ano iniciaram-se as
construções, mas a inauguração e início das atividades será a partir de oito de março de
1976 cujo nome oficial será Escola Estadual de Primeiro Grau Antônia da Silveira
Capilé.
Nascida no ano de 1898 em Entre Rios, atual Rio Brilhante Antônia da Silveira
Capilé foi uma das primeiras professoras de Dourados. Veio para Dourados em 1917,
foi nomeada professora e segundo fotografia no livro de Regina H. T. Moreira, Antônia
teve uma "Escola Particular" na década de 1930 (op. cit, 1990, p. 27). Foi nomeada
agente do Correio de Dourados, embora tenha continuado a atuar na área da educação
como professora de corte, costura e culinária. No ano de 1943, foi transferida para atuar
na direção na cidade de Maracaju, retornando a Dourados como Inspetora Geral do
Município. (SOUZA, 2003, p. 232). Faleceu em Dourados no mês de setembro de 1973
(O Progresso, set. de 1973).
Cremos que a pesquisa se justifica por se tratar de um tema amplo que pode ser
associado a uma imensa gama de relações entre história, cultura e educação, ou, ainda,
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aos múltiplos caminhos percorridos pelos alunos negros e afro-descendentes
matriculados no ensino fundamental I e II da instituição. Para sustentação teórica que
oriente o desenvolvimento da investigação, definimos a história cultural como
referencial teórico fundamental. Assim, segundo os postulados da história cultural, “[...]
tudo tem uma história, tudo tem um passado que pode em princípio ser reconstruído e
relacionado ao restante do passado [...]” (BURKE, 1992, p.11).
OBJETIVOS
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6. Argumentar que a maior ou menor eficácia de políticas de ação afirmativas para
os negros está inversamente relacionada ao nível de ensino, isto é, quanto antes
o racismo, a discriminação e o preconceito forem enfrentados, melhores serão os
resultados educacionais;
7. Apontar os desafios para a formação de professores nessa perspectiva.
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para pesquisas no intuito de compreender a problemática e encontrar mecanismos de
combate ao preconceito e discriminação raciais ao nível da socialização primária e
secundária, ou seja, na família e na escola. Uma revisão bibliográfica sobre a temática
aponta que para que se dê o enfrentamento superação do problema, há que considerar
a necessidade e a importância de serem elaboradas novas propostas e materiais
didáticos para enfrentar a questão, direcionando as pesquisas para a construção de
uma identidade negra positiva que se construa na relação com o branco e no
reconhecimento da diferença, sobretudo porque vivemos tempos em que no cenário
educacional, o multiculturalismo propõe a heterogeneidade cultural, posicionando-se
claramente a favor da luta contra a opressão, o preconceito e a discriminação a que
grupos como as populações negras infanto juvenis tem sido submetidos.
Numa leitura atenta das propostas curriculares para o enfrentamento do
preconceito e da discriminação raciais que são dirigidas para o ensino fundamental e
médio para o ensino de História, identificamos outras que são desenvolvidas a partir
de experiências educacionais de grupos e entidades negras organizadas, em interação
com o sistema formal e oficial de ensino, sobretudo após a promulgação da Lei, que
deu início a uma série de propostas que rompem com a imobilidade.
Nas questões relativas ao currículo escolar oficial as crianças afro-
descendentes ou se destacam por uma incrível espontaneidade, ou se fazem notar por
uma retração fora dos padrões normais para crianças dessa idade. Os primeiros,
geralmente são retidos por anos na mesma série, estereotipados como inteligentes,
espertos, mas sem compromisso com a escola, acusados de atrapalhar; o
s e g u n d o g r u p o engrossa as estatísticas da repetência, fracassam segundo o
discurso docente no entendimento do português e da matemática. Nesse sentido,
consideramos que a pertinência da construção de uma proposta de interferência no
processo de desenvolvimento de crianças brancas e negras coloca-se como um grande
desafio, pois envolve necessariamente as crianças negras e não negras, mas, sobretudo
os educadores na escola e na família. Salientamos que a presença dos professores é
marcante para as crianças que estão na faixa etária correspondente ao ensino
fundamental I e II, daí a importância de seguir as diretrizes no sentido de investir em
um trabalho de orientação de educadores que atendem esse nível de escolarização, e
muitos deles se encontram sensíveis e interessados em desmistificar ideologias sobre
os negros, cristalizadas no imaginário da população.
A relação diária com crianças de quatro a seis anos
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permitiu-me identificar que, nesta faixa de idade,
crianças negras já apresentam uma identidade
negativa em relação ao grupo étnico ao qual
pertencem [...] Os educadores... talvez por não
saberem lidar com o problema, preferiram o
silêncio....De qualquer modo, minha experiência
mostrou que o silêncio do professor facilita novas
ocorrências, reforçando inadvertidamente a
legitimidade de procedimentos preconceituosos e
discriminatórios no espaço escolar e, com base neste,
para outros âmbitos sociais.( Eliane Cavalleiro, Do
silêncio do lar ao silêncio escolar, (2000).
Em relação á ideologia, Thompson (Apud, Silva 2008, p.42) enfatiza ser a
ideologia representada por formas simbólicas que em determinados contextos,
servem para estabelecer e sustentar relações de poder sistematicamente desiguais,
relações de dominação. Para o autor as pessoas que fazem parte dessa estrutura
organizada, (2007, p.80) ocupam diferentes graus de acesso a recursos disponíveis, o
que está diretamente relacionado à diferentes graus de poder, o que justificaria neste
caso a dominação sofrida pelas crianças negras dadas relações estabelecidas de poder
por grupos sociais não negros particulares que possuem poder de uma forma
permanente, significativa, não abrindo espaços a outros agentes ou grupos que
permanece em situação de desigualdade.
PROPOSTA METODOLÓGICA
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se linguagem adequada à educação básica, cujo pressuposto da proposta é o
reconhecimento da diferença, com o objetivo de inverter o processo que tende a associar
tal reconhecimento aos estereótipos negativos. Utilizaremos como recursos didáticos
que explorem seres vivos, não-humanos, mas da mesma espécie e de cores diferentes,
bem como desenhos feitos pelas crianças, antes e depois do conteúdo desenvolvido no
trabalho de mediação, podem ser analisados de maneira comparativa, considerando que
todas as crianças, independentemente de cor, são capazes de expressar por meio de
desenhos a ideologia racista que permeia as relações sociais no Brasil, e desta forma
buscaremos identificar e perceber os efeitos legitimadores da dominação branca e a
negação da diferença no desenho infantil. Enfatizamos também a importância de após o
desenvolvimento buscar possibilidades para reforço do trabalho de enfrentamento de
práticas racistas intra-escolares, e sugerir novos desenhos no sentido de captar o
processo inverso. Cientes de que a metodologia abra o público envolvido ao
conhecimento do esforço multicultural no processo de construção de uma ideologia que
reconheça e aceite a diferença e que seja questionadora da dominação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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2003.
BURKE, Peter. O que é história cultural? Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2005.
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Grande: IHGMS, 2009.
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