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INTRODUCAO AEDOTICA CIP Brasil. Catalogagio-na Fonte Camara Brasileira do Livro, SP Spina, Segismundo, 1921: S739” Tntrodugio 2 edética: critica textual. Séo Paulo, Cultix, Ed. da Universidade de Sio Paulo, 1977 Bibliografia, 1, Critica de texto 2. Filologia I, Titulo ruaT Indices pars catélogo sistemitico: 1. Critica textual : Literatura 801.959 2! Eedética 801.959, 3, Filologia 410 SEGISMUNDO SPINA (Da Universidade de Sie Paulo) INTRODUCAO A EDOTICA (Critica textual) EDITORA CULTRIX sho PAULO EDITORA DA UNIVERSIDADE DE SAO PAULO Primera Parte INTRODUGAO I. Concerruagdes prévias. A Paleografia, a Epi- grafia, a Diplomdtica, a Edética. No século XVIII, ¢ ainda ao tempo de Jofo Pedro Ri- beiro — 0 verdadeiro fundador da cigncia diplomética em Pot- tugal com as suas Dissertagdes cronoldgicas (5 v., Lisboa, 1810-1836) —, os manuais de paleografia diplomética faziam distingio entre’ memdria, monumento e documento. Pot me- dria entendiam todo objeto ou artefato que, desprovido de inscrigio, visasse a perpetuar uma lembranga: uma coluna, uma pitimide, um arco triunfal, uma érvore plantada, uma edifica- go. O Mosteiro da Batalha foi erguido, por ordem de D. Joio T, como meméria do triunfo portugués sobre Castela no ‘encontro de Aljubarrote; 0 templo dos Jerdnimos, em Belém, constitui uma meméria do descobrimenio da fndia, como a estétua eqiiestre na Praca do Comércio em Lisboa uma memdria do rei D. José. Os monumentos e os documentos, porém, pro- vidos de inscricio, diferem entre si pela matéria: os primeiros — em metais, pedras ou madeira (materiais duros); 08 se gundos — em papiros, peles de animais ou papel (matetiais moles). So monumentos as moedas, as medalhas, as inscti- es lapidares; as moedas, destinadas a0 intercimbio comercial; as medalhas as inscrig6es lapidares, destinadas 4 conservacio, cem breves palavras, da meméria de alguém ou de algum sucesso importante. Tais ‘monumentos tiveram sua ciéncia_ptdpria Numéria, 0 estudo das moedas; Numismdtica, das medalhas; € wv Lapidérie, das inscrig6es. Hoje, entretanto, 0 termo Numis- mética emprega-se indiferentemente para o estudo das mocdas e das medalhas. Daqui decorre também a distingio entre as duas ciéncias a Epigrafia, que se ocupa da leitura e interpretagio das inscri 68es antigas em monumentos, isto é, em material durével (metal, pedras, madeira); e a Paleografia, estudo das antigas escritas € evolugéo dos tipos caligréficos ‘em documentos, isto é, em material’ perecivel (papiro, pergaminho, papel). Todavia, as inscrig6es em cerdmica, naturalmente porque gravadas estando matéria ainda em estado de fusio, pertencem a0 dominio da Paleogratia! Os documentos, também denominados vulgarmente cédices ou manuscritos, classificam-se em documentos particulares e do- cumentos piblicos? E um documento particular quando, exa- rado com 0 fim de conservar o direito de alguém, nele nao ’inter- veio qualquer pessoa piblica (um testamento, uma doacio, uma procuragio, um requerimento, um contrato de compra e venda eic.); se exarado oficialmente por pessoa piblica, tem 0 nome (1A Pateografia coloca um problema de ordem cronolégica se seu objeto so as escrituras antigas, qual 0 seu limite histérico, isto & a partir de quando uma escrita comega a ser antiga? Responde Alphonse Dain: "Parece que o limite deva aproximarse 0 mais pom sivel da época'em que vivemos. Pois as escrituras — a0 menos as cecrituras manuals —~mudamn muito rapidamente, e por isso se tornam objeto. de histéria” (“Introduction Ala Paléographie", L’Histoire et ses méthodes. (Bruges, Gallimard, 1973], p. 529). NSo € da mesma opinigo Jean Glénison: “A Paleografia the & indtil [a uma nova variedade de historiadores], salvo para o sée. XVI © primeira metade do sée, XVII: apés 1650, qualquer escrita pode ser decifrada sem aprendizado especial. Podemos, € verdade, coneeber uma diplomatica do ato moderno e contemporineo. Seria ela necesséria, de varios Pontor de vista, Mas nao. sentimos sua falta, porque temos um co- Bhecimento direio, intimo, por assim dizer, dos documentos da admi= nistragio atual, que, no essencial, hé mais de um século e meio que fio variam sua forma.” (Iniciagio cor estudos histSricos, Sao Paulo, Difet, 1961, p. 148) (2) © sentido primitive da palavra “documento” — diz Robert Marichal transcrevendo uma delinigéo de Antoine Furetidve, escritor € dicionarista francés do sée. XVIT — € “o instrumento ou ato autén- tico pelo qual se. prova © seu direito”. Das duas idéias contidas na definigio (ade instrumento como “texto” © a de “sutenticidade”), 4 segunda tendeu a prevalecer sobre a. primeira, a ponto de po curso do séc. XIX documento chegar a signifiear “os vestigios deixados pelos entamentor e pelos ator dos homens do pasado” (cf. “La critique Ge textes”, L’Histoire et ser méthodes, p. 1247). 18 de documento piiblico; neste caso, ou € um diploma — se dimana diretamente do soberano, da sua imediata autoridade, ou de um alto magistrado (licencas’e alvarss régios, patentes, man- dados, éditos, que levam 0 selo de armas do soberano); ou uma carta — nos demais casos (forais, cartas conselhias, senhoriais, ete.) 4 Se climinarmos os documentos que no visam & preservagio de um direito qualquer, tais como as cattas missivas (entre en- tidades piblicas ou particulares), ¢ os chamados simplesmente escritos (como minutas, relatérios, memérias, documentos con- tdbeis, etc.), 08 demais’ documentos sfo rotulados via de regra de documentos juridicos, cuja legitimidade ou grau de proba bilidade como genuinos ou suspeitos € objeto da ciéncia Diplo- matica ow Diplomatistica E ja aqui estamos em condigies de estabelecer outra dife- renga: sea Diplomética tem como objeto 0 documento pablico ¢ privado, a Fdética interessa-se sobretudo pelo documento literdrio, “Entretanto, atualmente a Diplomética restringe-se_a0 estudo dos documentos das chancelarias, documentos histérico- juridicos — régios, pontificios, consulares. Isto é, aos do- cumentos propriamente diplométicos, que se distinguem dos documentos comuns pelo fato de estes nao estarem vazados no formulitio conveniente. Theodor Sickel, o fundador da diplo- mitica moderna, definia 0 documento diplomético, isto é no seu sentido espeeifico, como “um testemunho escrito de um fato de natureza juridica, coligido com a observancia de certas formas determinadas, destinadas a conferirlhe f€ darlhe forca de prova”.? (1) 0 diploma (com a prosédia paroxitona de_origem latina, diploma) € termo grego (Bixhwua) que significa “cousa dobrada fm duss”, forma que assumia antigamente © decumento assinado por Alto magistrado, entre os romanos, uma espécie de passaporte ou sal- Yorconduto, que facilitava 0 trinsito as diligéncias de um mensa- keiro ou de pessoa que viajasse para negécios do Estado, ‘Ainda que no devamos confundir diploma com carta. (vejase que Alexandre Herculano, nos Portugaliae Monumenta Historica, dis- Tingue as ‘duas formas de documento dedieando um dos volumes 3 transcrigéa de diplomas —— Diplomara —, © outro a transcrigio de Cartas Chartac’, hd quem considere como genérico © termo diploma, esignando com ele tanto o documento exarado pelo rei como aquele ‘que nio 0 & (Carta) (2) Ap. Ceiare Paoli, Programma scolastico di paleografia, lati na edi diptometica, Firenve, Sanoni, 1698, TIT, p. 2. Ver, adiante, Apontamentos diplométicos cr) Voltada para 0 estudo do documento, 0 campo da Di- plomética é, entretanto, muito mais amplo do que o da Paleo- grafia, ‘Tem esta como objeto apenas 0 estudo da escritura dos documentos e sua interpretagio; a0 passo que a Diplomética consiste no estudo de todos os caracteres extemos do do- cumento — a matéria escriptéria, os instrumentos grificos, 9s tintas, 0s selos, as bulas, os timbres, inclusive a letra, a lin- guagem, as férmulas —, isto é, numa critica formal dos do- cumentos, visando com isso a determinar 0 grau de autenticidade dos mesmos.! Os procedimentos diplométicos, .com_a_finali- dade de verificar a falsidade dos documentos, si0, porém, muito antigos, masa Diplomética sé se constitui como ciéncia nos fins do sée. XVII e principios do séc. XVIIE, quando da aca- lorada polémica entre as congregages religiosas (beneditinos ¢ jesuitas) sobre a legitimidade de diplomas papais em que se concediam privilégios especiais aquelas congregagSes Ao tem- po dos humanistas a preocupacio dominante era o encontro de obras dos antigos escritores gregos e latinos para estudélas segundo 0s procedimentos tradicionais da Filologia: comenté-las ¢ interpretélas. Nao dispunham de qualquer preparo paleogré fico que Ihes permitisse a restituig’o original dos textos. O Renascimento, ¢ em especial o movimento reformista, foi 0 verdadeiro responsével pelo florescimento do espftito ‘critico, (1) A propésito dos caracteres formals da documentagio por tuguesa medieval, cons. J. P- Ribeiro, Diss. VI (sobre as datas: datas dde lugar, de pesoas, datas histGricas e de fatos, qualidades das datas, taracteres empregados nas datas, Ingar das datas, férmula e critica das fates), t. IL, 1857, pp. 1-165; Diss. IX (sobre os sinais piblicos, ru- brieas 'e ‘assinaturas), t. ML, P. TI, pp. 10-36; Diss. XII (sobre, a formalidade dos documentos antiges ‘em geral, © especialmente dos notérios tabeliges), t. IV, B. 1, 2° ed., 1867, pp. 68-77; Diss. XIV (Gabre as testemunhas ‘nos documentos antigos),'t. TV, P. T, pp. 77-80 (2) Ao tempo de D. Dinis, 0 procurador régio Domingos Paez levantava. suspeitas sobre documentos ‘da Ordem dos Templiries, re- velando destrera admirdvel na aplicagio de principios diplomaticas; a mesma autoridade, do reinado de D, Joio I, também impugnava uma doagao feita A Ordem do Hospital, chegando & conclusdo de que “o lal privilégio « Doagéo nom eram’ couse nenhume, que el nom tem Selo nenhum nem signal pubrico, mas uma Carta rassa. isto €, aspada, com rasuras na eserita, em gue forom poer testemunhas mor- tas, de que d nds nom he memoria, que ackou postes em outra Carta (que © Seclo. que traz nom he teu, antes se mostra que foi tivado de Dutra Carta ¢ posto em esta, ¢ coseram-no com hum panne em tal maneira que se pom e tiram quando querem. (Cf. J. P. Ribeiro, Diss, XV, CIV, BT, p. 9 e notas) 20 que logo derivou em paixo pela autenticidade dos textos, pai- do esta que desencadeou nos séculos subseqiientes verdadeira ‘guerra diplomética”, suscitando assim os primeiros manuais ¢ tratados das ciéncias’ documentais — a Diplomética ¢ a Paleo- grafia. Jean Mabillon, da Congregacéo beneditina de S. Mauro nna Franga, € 0 corifeu da Diplomética, publicando em 1675 um Discurso Preliminar intitulado Propylaewm antiquarium, com uma exposicdo sobre as regras para julgar da autoridade © ge- nuinidade dos documentos, trabalho ampliado seis anos depois, em 1681, na sua obra capital De re diplomatica; em 1708 € outro beneditino, Bernard de Montfaucon, que, dirigindo as suas pesquisas sobre textos gregos, publica a’ Palaeographia graeca, pondo em voga o termo inventado para designar a ciéncia das escrituras antigas. Se a Diplomética, nestes séculos de acesa polémica_em toro da suspeicéo dos documentos exarados pela alta digni- dade eclesidstica, se aplicava preferentemente 40 exame da av: tenticidade dos diplomas religiosos, posteriormente, terminadas ‘as brigas em toro dese problema, a Diplomética passou a preocupar-se com o estudo dos documentos em geral, publicos ou privados. E neste sentido de critica formal dos documentos, i Sigilografia ou esfragistica (estado dos selos, dos timbres, das mareas, dos sinetes, dos carimbos) & disciplina auxiliar, nao s6 da Argueologia, como também da Diplomética* ‘A Diplomética — como dissemos — difere da Edética porque esta se aplica quase exclusivamente ao texto literério; mas, se este mesmo texto, documento que é, envolve problemas de legitimidade material (falso ou verdadeiro), teremos entre tanto de recorter aos procedimentos da anélise diplomética para determinar 0 grau de suspeigdo. Por esta tazio devemos dis- tinguir entre genuinidade autenticidade de um texto. Um texto pode set legitimo, auténtico, mas no genuino. Suponha- mos a 1.* edigéo de uma obra: cla € auténtica, legitima (isto 6, nio € falsa) porque saiu em vida do autor foi supervisio- nada por ele, Acontece que nem sempre a 1.* edigio corres- ponde 20 desejo do autor, que nela encontra falhas ¢ coisas que jé no condizem como seu espitito. Assim: uma edigio (i) Relativamente a esfragisticn portuguesa, ver_a_substancial Dissertacéo UII de J.P. Ribeiro, tT, 1860 (sem indicagio da edigio), pp. 83-149, Para a Sigilografia ‘em geral, cont. 0 belo estudo de Yves Metman, "Sigillographie et marques postales", L’Histoire et ses mé- thodes, pp. 393-446. 21 ne varietur & wma edigio definitiva, saida conforme os dese- jos do autor; talvez seja ela a 4" edicdo. Esta 4 edigio € genuina, mas’ as trés primeizas nfo o sio, embora sejam autén- teas, legitimas. O estabelecimento da genuinidade de um texto € tatefa da Filologia; mas a determinagfo da sua autenticidade (verdadeiro ou falso) compete propriamente 4 Diplomética, da qual se serve Filologia como uma de suas disciplinas auxi- liares. Suponhamos que se descobrisse em Portugal um papiro do século XIII com cantigas trovadorescas; ou que alguém dis- sesse haver encontrado um foral manuscrito em capital ristica Ore, tais documentos seriam considerados falsos, uma vez que © papiro deixara de ser matéria escriptoria desde principios do século XI;! e a capital ristica, se usada na Espanha, nunca tipo caligréfico utilizado em Portugel. $6 4 Diplomética com- pete tal verificagto. II. A Copicotocia. O livro manuscrito ¢ suas formas; ‘a matéria subjetiva da escritura: 0 papiro, 0 per- gaminho, o papel. O artesanato bibliografico ¢ © Scriptorium medieval. © estudo, ou propriamente a técnica do_manuscrito, que fem outros tempos pertenceu 20 campo da Paleografia ¢ da Diplomética, hoje esté se desligando delas ¢ constituindo um conhecimento a parte, com a denominacéo de Codicologia (em alemio Hanscbriftenkunde) “DA Codicalogia € atinente exclusivamente ao conhecimen- to do material empregado na producfo do manuscrito (Scrip. foria) e das condigées materiais em que esse trabalho se veri- ficou; a comercializagio do manuscrito, entretanto, é aspecto que nfo pertence ao ambito puramente tecnolégico da disciplina em questio? (i) A Gltima aplicagio do papiro se fez numa bula papal de 1022 (V. Douglas C. MeMurtrie, O livro: imprensdo e fabrico, Lisboa, Fundagio Calouste Gulbenkian, p. 27) (2) Ver Jorge Peixoto, “Notas sobre os manuscritos", Douglas ©, MeMurtre, ‘obra cit, p. 85. A Codicologia, que tem sob seu do- pinto toda'« produsio manus metival vat fxande eu campo je conhecimento: procuranda situar no tempo ¢ no espago os ma: puseritos, determinar as caracteristicas regionals desta ot daquela 22 ‘A. comunicagio através da escrita conhece duas tradigdes: 1 tradiga0 manuscrita, que veri de épocas imemoriais até 0 apa- recimento da imprcnsa no século XV; e a tradigio impressa, a partir daf até os ossos dias. As formas fundamentais do texto escrito podem ser representadas pelo Volume, pelo Cédice © pelo Livro, sendo os dois primeiros periencentes 4 tradigio manuscrita id ‘© cédice, antepassado do livro impresso, deriva do Iatim codex, cis (ou caudex, cis), tronco de drvore; da madeira se faziam tabuinhas (tabulae), que, cobertas de cera, podiam rece: ber a escrita; amarradas pela margem, & moda dos livros atuais, formavam os cédices; mais tarde os livros passaram a ser feitos de papel ou pergaminho, mas a designacéo de codex perma hneceu., Ainda antes da introducio do uso’ do papiro em Roma na altura do século III a.C., 0s romanos conheceram a utilizagio do liber, pelicula que se situa entre a casca ¢ 0 cerne do tronco, pata 0 fabrico do livro.'/ Mas o mais importante dos produtos vegetais foi sem divida 0 papiro (gr. némupes), planta cipers- ea semelhante ao junco, de cujo caule se tiravam laminas de sua largura, que, justapostas e sobrepostas perpendicularmente, depois comprimidas e alisadas, formavam a folha — que os gregos denominavam carta (yéozns)? Dada a forma de rede que tais folhas apresentavam pelo seu preparo, receberam tam- bem o nome de plagulae (diminutivo de plaga, “rede para ar- madilha”, e, por extensio, “cortina de feito”, “de liteira”, “Jar- qrcala, dente ou daquele centro de artesanato bibliogsético (Seriptoria), S ideiidade do eopista, do decorador, a Codicologia estuda a quali- Gade © a preparagio do. pergaminho, 2 natureza © a origem do papel, PSomposigae das tintas e das cores utilizadas na decoragio, os minimos Getalhes da encadernaggo (dimensio, composigio dos cadernos), mo- Gor de numeragio, entrelinhamento, colunas, margens, reclamos, dimen- Sees ‘das letras, os motives. iconogréficos, a propria escritura,” A. res- Peto, cons, Gilbert Ouy, "As Bibliotecas”, L'TMistoire et ser méthodes, pp. 1061-1108. (1) 0 verbo delibrare, de origem nistica, significa “deseascar”. (2) A folha, portanto, era uma rede de liminas de papiro, razio the deram o nome de pégina, termo originariamente ‘onde significa “latada®, “rede de paus ou de folhas” da. sgricslour para sustentagio da, parreira (da raiz do vergo pango, “fixac", “plan- Ei"). © voeabulério ligada & bist6ria do livroextraia, muitos termos dda atividade agricola, Exarer, na. acepgSo de “eserever”, também est figado so Tabor do campo: de arare, vcavar”, “‘sulcar”,'saiu © termo exerare, “desterrar", “cavar” profundamente como se cavavam sulcos hha cera para escrever. 23 gura do pano”, “pégina”, “folha”), Em virtude da falta de resisténcia da membrana, tracavase apenas de um lado um etangulo com linhas feites por uma régua, onde se escrevia; e as folhas assim preparadas eram ligadas com cola sucessiva- mente, uma ao lado da outta. Na época de Plinio jé se com- pravam rolos com folhas_coladas ou_presas. Nestes rolos ou volumes, denominados rotudus ou volumen (do verbo volvere, “enrolar”), se escreveram as obras gregas e latinas; claro que obras volumosas como a histéria de Tu- cfdides ou os poemas homéricos nao poderiam ser escritas num 6 rolo, pois demandariam nada menos de 80 a 90 metros ¢ tornariam o volume incompulsivel para a leitura.! Tais rolos tam divididos em rolos menores, libri, em cujas extremidades (ou apenas numa delas) se adaptava uma vareta de madeira ou de osso (gr. é1uga.6s, lat, umbilicus), em torno da qual se enrolava o manuscrito? A folha era reforgada nas extremidades para receber as varetas; a pégina inicial reforgada recebia o nome de protokollon (protocol), ¢ a wltima, eschatokollon (escatocolo). O ato de ler cohsistia em segurar 0 rolo com a mio dircita ¢, 4 medida ‘que'se lia, desenrolava-se © manuscrito ‘a0 mesmo tempo que a mio esquerda ia enrolando de novo a parte lida, “Chegar até a vareta” significava que a obra estava lida; dai as expressdes evolvere volumen, explicare volumen (propriamente “desenrolar 0 volume”), ad_umbilicum perve nire, adducere (“‘chegar até a0 umbigo”) significarem que a obra foi lida até o fim. © rolo ou volumen foi vigente até o século~ V da Era Cristé, muito embora o uso literétio do cédice pu- desse remontar até o século 1 da mesma era? Se o papiro jd se conhecia na Grécia desde 0 2.° milénio, ¢ comegara a florescer desde o século VII a.C., somente do inicio (JA denominacio rotulus para o volume era do latim vulgar, diminutive de rota; 0 diminutive cléssico era rotula, Dai rotulare, “enrolar”. o fr. réle ariginacse de rorulum, “rolo”, “volume”, Tam- bim se denominava rofuus qualquer rodinha de papiro ou madeira gue contivesse uma inerigio cm forma de registro: o fr, contrle vem Te contrecrfe, isto é uma nova pigina de registro, usada na contabi- Fidade, para servir de conferéncia, "Dai controlar, “werficas”, “confer (2) Nas extremidades superiores da vareta amarrava-se_ um pe- dacinho de papive com o index ot 0 titulus da obra, para indicagao Go seu conteado. A denominagia umbilicus selesia-sepropriamente 8s fextremidades da vareta, que sugeriam a forma de um botio. (3). Collomp, ap. A. Millares Carlo, Paleografia espaiiola, Bar- celona, Labor, 1939, 1, p. 316. 4 Fios. 1 2 — Livro romano. Rolos de pergaminho e seu cofre, sce. T aC. Os volumes mosiram, amarrado nas extremidades, fo index ow titulus da obra do petiodo alexandrino (séculos IV, III a.C.) restaram frag- mentos, A maioria dos papizos gregos ¢ latinos foi encontrada nnas escavagies de Herculano; e 0 seu uso, muito embora ja competisse com a utilizagio da pele animal (o pergaminbo), comesou a escassear em fins do século VIII, desaparecendo dois séculos depois, suplantado pelo pergaminho.' E com 0 papiro, portanto, que se inicia a verdadeita histéria do livro na Antiguidade. ‘Ambos os materiais — 0 papiro e o pergaminho — foram concorrentes desde 0 século II a.C., pois desde essa época os epipeios, 0s judeus, os assirios ¢ os persas se utilizavam de eles de animal pata escrever? O pergaminho, preparado para receber a escrita, chamava-se — como as folhas de papiro — ‘membrana pergamena, pergamenum, ov simplesmente membra- na ou charta; e reccbia diferentes denominagSes conforme a sua extragio animal: charta ovina ow charta pecora (de ovelha), vitulina (do beverto), caprina (da cabra). Os pergaminhos mais apreciados eram’ denominados charta virginea, feitos de feto de ovelha ou de vitela? A sua superficie era alisada com a pedra-pomes, sendo que os pergaminhos utilizados nos pri- mmeiros séculos da Era Cristi eram pintados, de branco ou famarelo; havia também os pergaminhos purpurados* Até 0 (1) A denominagio “papel do Egito” corresponde & carta, feita do papiro, pois esse vegetal era abundante no Egito e na Mevopoti- mia A inerpretagio dos msi. em papiro constitul o objeto da Papi- fologia, ciencia que. desponta em fins do séc XVIII Ver, a respeito, © artigo de André Bataille, “Papyrologie”, L’HMistoire et ses méthodes, pp. 498-527. (2) A denominagéo de “pergaminho" vem de Pérgamo, cidade da Asia Menor, cujo rei, Eumenes IT, no sée, IT a.C., possuia uma extraordindria, biblioteca que fasia inveja 4 de Prolomew Epifinio do Heit, rarko por que este, de cidmes, Techou a exportagio do papiro para Pérgam, Aqui entio se desenvolveu o uso do pergaminho ani Fral, tornande-se dai um importante empério comercial desse produto, (3) Os italianos chamam veline, os franceses vélin, a este tipo de_pergaminho. (4) Os pergaminhos purpurados, em voga_na_época imperial comegaram a apareecr em fins do séc, Te j4 em prinefpios do sée. TV fe tomaram raros. © segreda de sua fabricacio perdew-se no sée. TX. Contase que 0 imperedar romano do sée. III Maximino, a0 ser con- fiado ao Jeu primeiro. mestre, ganhou de uma parente ‘um exemplar de Homero escrito em letras de our num pergaminho purpurado (S. Reinach, Manuel. de philologie classique, I, p. $1, n. 2). Entretanto refete Millares Carlo que a arte de tingir’ de purpura © pergaminho C sobre ele eserever com tintas de ouro ou prata fot praticada, desde 0 26 século VI se usava 0 pergaminho apenas para os cédices, pois © papiro predominava como material dos diplomas ¢ demais documentos. Com a escassez do papiro pelas dificuldades de importagio apés 0 periodo carolingio, difunde-se 0 uso do per gaminho. Este material, entretanto, sempre foi muito caro; ai explicar-se 0 fenémeno do “palimpsesto”, que consistia em favar a escrita primitiva da membrana, ou mais freqientemente raspéla, para ser reescrita! Por isso mesmo se diz também reserito (lat. codex rescriptus), denominacio usada pelos pa Tegrafos dos séculos XVIII e XIX, mas suplantada pelo termo rego. Tal pritica foi extremamente funesta porque obras im portantes da literatura clissica paga se perderam, delidos que foram 0s cédices que as continham, para neles se escreverem foutras, Isso nio sucedeu apenas com 0 pergaminho, sendo também com o papiro e até com os primitives cédices feitos de tabuinhas enceradas, Cicero escreve a Trcbatius, seu amigo, que Ihe havia escrito sobre um papiro raspado: “Eu espero que vocé nfo raspe minhas cartas para reescrever as suas por cima.” Desde o século VII se constata 0 processo do palin p Sesto, pois nesta época os arabes, conquistando © Egito, proi iram a exportagio do papiro, cuja escassez nos conventos ¢ mosteiros da Europa — seus maiores consumidores — obrigou 0s notitios & utilizagio do palimpsesto. A falta de material escriptério ocasionou grave crise no artesanato bibliografico dos séculos VII, VIIT ¢ IX, levando ao desemprego uma legiao de copistas ¢ demais artistas gréficos; para contornar a escessez do papiro e do pergaminho, surgiu entéo 0 triste recurso de raspar obras consideradas sem valor ou desatualizadas, especial- mente as de literatura ¢ de dircito, Um sinodo de 691 chegou a proibir a aplicagio do processo em Biblias € textos dos Santos Padres; tal proibigdo, sempre lembrada nos séculos subseatien- tes, foi secundada nos fins da Idade Média pelos priprios so- beranos, que a fizeram figurar até como férmula nos juramentos Vi, em varias localidades da Europa; que na Alemanha ¢ na Tilia, ainda entre os séculos Xe XIT, se documentam varias e6pias Ue diplomas imperiais e outro documentos, excritos com letras de ‘ure sobre pergaminhos purpurades (Obra eit, T, p. 327) (1) Palimpsesto deriva de wv, de novo, e Vilates, do verbo ine, raspar (2) Non enim puto te meat epistolas delere, ut reponas twas (M, Talli’ Ciceronis “opera, Patavii, Typis. Seminarii, 1783, t. VIN, p. 233) 27 dos Notétios} Todos sabemos que a Repiiblica de Cicero se Seconstituin de um palimpsesto do século VIL, descoberto em 1822 na Biblioteca do Vaticano. © manuscrito foi raspado para ncle ser reescrito © Comentirio de Santo Agostinko aos Salmos, De uma obta de Sio Jerénimo também se reconsti- tutram as Instituigdes de Gaio, descobertas em 1816; varios fragmentos do Digesto, bem como da Lex Visigotborum ou Codigo de Alarico, foram reconstituigSes de antigos pergami- hos raspados.* 1A primitiva documentago portuguesa, portanto, até fins do século XII, esté toda em pergaminho, A partir de prin: Gipios do século XIII surgem esporadicamente os primeiros decumentos exarados em papel, O. novo concorrente do per- gaminho, 0 papel, inventado pelos chineses no ano 105 da Era Enista, sb penesra na Europa por volta do século VIL, através da Espanha, trazido pelos arabes. Entretanto, s6_em 1150 é Gque aparecem os primeiros moinhos de papel na Europa, cons: fruidos pelos muculmanos na cidade de Jativa, no reino de Valencia, e pouco depois em Toledo, Por volta de 1270, na cidade italiana de Fabriano, surge 0 primeiro moinho de papel Ga Cristandade, cuja perfeigio técnica acabou por suplantar, no Séeulo XV, néo s6em qualidade mas em volume de producio, os mercados mugulmanos de Espanha ¢ de Damasco.*, A inckis- tria imediatamente se espalha pelos demais paises da Europa. Vatias disposigées do reinado de D. Dinis deixam entre: ver que no seu tempo o papel jé se utilizava na documentacio publica, pois, noma lei que promulgou em 1303 ¢ num Regi rrento que deu 20s tabelides dois anos depois, especifica os tipos Fe docementos que devem ser lavrados em pergaminho (coiro) tos que devem ser em papel. A mesina regulamentacio se es pecifica nas Ordenagdes de Afonso V no século XV, € nas de D. Manuel no século XVI* Neste reinado jd 0 uso do pergaminho iy Um excurso bem desenvolvido ¢ muito informativo sobre © proceso do ‘pelimpsesto encontra-se na obra de Jost Barbosa Mello, Bintere hitérica do livro. Rio, Ed. Leitura, pp, 126-194: (2) © palimpsesto fio ocorreu apenas com livros, mas também com “pavagbee de moedas que foram novamente cunhadas, ¢ até com Sern iSsex im’ Lapides, sobre as quais aparece gravada outra epigrafe (3) V. Douglas MeMurtsie, obra cit., pp- 68-69. (4) Segundo. Joao Pedro Ribeiro, o mais antigo original encon- trade tm papel data do reinado de Afonso TV, filho de D. Dinis, uma Provisio capedida em nome da Tafanta D. Branca (esposa destinada 28 Spree Reenter toe ene = SRS ete “SE fereieerenre nies SC ISAS VRE BEA RRL airorpac AON ela nde Cokigustiemeenessuntret CEILS ESRC wiarmpenstctes Shoaib bales TENET IS SUNT were ERT ERPS am i NOISE FEN SSEATIRRI SS ASRS Bhteenchtnadeart mater SONING EERE TS EER Seep Reet; igNpeon oa noes: es a! Saas banned eg eS oo SUSNIES pen oes SUERTE OS te Fro. $ — Palimpsesto de Cicero, O texto primitivo, em. ¢a- Fucteses maiores,, ndo fora devidamente raspado, permitindo fom eerto esforgo a sua Tetura, ficava restrito as Cartas, para as quais a Chancelaria fornecia © material, ficando o emprego do papel reservado aos proces sos ¢ demais documentos forenses. ‘As formas fandamentais do livro no perfodo manuscrito — como vimos — foram os rolos (ou volumes) © os cddices, confeccionados em papiro ou pergaminho, O papiro, em vir tude de sua consisténcia, no propiciava a escrita dos dois lados; € raros so 0s volumes que se apresentam escritos na frente € ho verso, razio por que tais rolos se denominam anopistdgra- fos, isto €, néo escritos atris; 0 volume que contivesse escrita no verso recebia o nome de opistégrafo. Com 0 pergaminho, que era primitivamente anopistégrafo, ocorreu a primeira grande conquista gréfica: pastou ele a ser escrito nas duas faces, deixando assim de set enrolado pata constituir 0 volume ¢ dando nascimento a0 cédice. O cadex semelhava-se assim 80 livro de hoje; entretanto o livro moderno pode ser de tamanho reduzido, a0 passo que 0 de pergaminho ndo era dobrado nem cortado em folhas pequenas, o que significa que os cédices_sio livras_grandes, in-fdlio, isto é, “em folhas”, no tamanho. da folha. "Embora escritas nos dois lados as folhas do pergaminho, conservou-se até o fim da Idade Média o hibito de apenas humeri-las no eto, o que significa que a nogio de pégina somente aparece no fim desse perfodo.”? © instrumento da escrita vatiou de acordo com @ ma téria empregada: para as tabuinhas enceradas os romanos ‘se tutilizavam do stylus ou graphium, de metal ou de osso; para © papito eo pergaminho, utilizavam 0 calamus, pena feita de ccanigo, € seu uso comecot a escassear por volta do século VIL, suplantado pela pena de ave, especialmente a do pato. Eram instrumentos auxiliares as sovelas, a régua, a esponja ¢ o tas pador, com as sovelas se fixavam as extremidades da folha sobre i mesa para se tragarem as pautas com a régua; 0 raspador destinavese as tasuras, ¢ com a esponja molhada se apagavam as linhas escritas — ¢ com facilidade, pois a tinta_somana, feita SD. Pedro I) dateda de 4 de nov. de 1334. Entretanto, num do- Eamento existente no Cartério da Fazenda da Universidade de Coim- ra, datado de 1288, jd se alude a uma carta escrita em polgaminko ide ‘papilo; num diploma de doagio de D. Dinis se faz mencio a Siae"Gartas, uma lavrada em purgeminho de coiro, outra em purge: minko de papel. (Dist, X1, t. 1V, pp. 48-49) (1) Wikion Martins, A. palavra escrita, So Paulo, Anhembi, 1957, p. 65, 30 do negro do-furo_com gama ¢ gua, nio tinha fixadores; ta- tavase de uma tinte moida; a0 passo que a tinta utilizada mais tarde na Idade Média se fazia por infuso, preparada com goma, pedra-ume ¢ galha! is © artesanato do livro manuscrito durante a Idade Média, cujo Scriptorium era uma verdadeira oficina de operdtios espe- cializados, teve como centros principais os mosteiros € conven- tos; mas, além dos escribas regulares, que pertenciam & comu- nidade religiosa, figuravam escribas seculates, contratados pata a execugio de 'servigos especiais, tais como a iluminura ¢ a rubricagio dos manuscritos. Os compartimentos da oficina, que se situavam geralmente sobre a sala do capitulo, formavam gebinetes individuais com a janela voltada para o claustto a fim de receber a iluminagio natural, pois nfo era permitido 0 trabalho & noite, bem como a entrada de pessoas estranhas 20 servigo. O armarius era o funcionério encarregado de prover (© scriplorium do material e instrumentos necessérios, atendendo diretamente aos. copistas ¢ iluminadores. Executada a tarefa do. copista, 0 caderno escrito, ou grupo de quatro folhas divi- didas em oito péginas, passava para um revisor, que fazia a confrontagio com o original; daqui o manuscrito se destinava ao rubrigsdor, que se encarregava de inserir os titulos, as ep grafes, as letras capitais ou maiisculas iniciais e outras notas; finalmente, 20 iluminador, se o livro devesse set decorado com iluminuras’ miniatura.” Depois destas operacdes, cstava 0 livro em condigées de ser encadernado* Qs scriptoria medievais pportugueses mais importantes na Idade Média foram o da de Coimbra, 0 do mosteiro de Lorvio e, mais rico de todos, © dos monges cistercienses de Alcobasa, Dois sdo 0s tipos fundamentais de ilusgragio dos: manus: etitos medievais: a umigura e a miniatura, designando, aquels, toda e qualquer decoragio executada no manuscrito, e esta, apenas uma modalidade de ilustracéo. A iluminura referia-se a toda sorte de desenhos ilustrativos, especialmente nas_mar gens da folha e com certa profusio de cores; ao passo que a miniatura consistia no desenho de certas letras de fantasia ou (1), A “galha” € uma resina do carvalho, formada por excres- eéncia. da ‘cascn, machueac (2). Ver Douglas McMurtrie, obra cit. pp. 90-81, que re produz da obra de Falconer Madan, Books in Manuscript, & minuciosa escrigio de um ‘riptorium beneditine tipico. 31 Fros. 4 5 — Um leitor antigo, tendo um papizo maz enrolando-o incorretamente. -- Uma pagina do Livro de Ester, em hebraico. simples ornamentos, tracados com uma tinta vermelha_com- posta de minio (Sxido de chumbo) cindbrio (sulfureto ver- melho de mercério). A miniatura utilizou-se, mais tarde, de coutras cores, além do vermelho original: do azul claro, por exemplo, ¢, nos manuscritos de luxo, de caracteres dourados fou prateados; o emprego do ouro, cujos miniaturistas recebiam a denominacéo de crisdgrafos, foi fruto da influéncia da arte izantina, que também atuow na decoragio dos vitrais. Até se diz que 0s vitrais da Idade Média nfo passam de miniaturas do vidro, da mesma forma por que 2 miniatura é um vitral em ipel) Entretanto, se os vitrais fazem a sua aparicdo na altura do século XII, as miniaturas remontam até o século VI. TIT. Apontamentos pateocrdricos. A) A evolugdo da escrita: 0 greco-romano, 0 romano ¢ 0 gético; em Portugal: o visigético, a letra carolina, a hu- manista. B) A forma mecdnica dos documentos: ‘a pautagio, o espaco intervocabular, a paragra facao, a pontuagio. C) A abreviatura: seus siste- mas; as notas tironianas. D) A datagéo dos documentos. A) A evouugio DA EscRITA Este nfo & um manual de paleografia portuguesa; entre- tanto 0 ctitico de textos no pode deixar de conhecer os tipos caligréficos fundamentais vigentes durante a Idade Média, e em especial os acidentes que se foram desenvolvendo no mecanis- mo da esctita — tais como a pautagdo, a divisio entre as pala- vyras, a paragrafagéo, a pontuacéo, os acentos, as abreviaturas. Segundo Lecoy de La Marche, que estudou a evolucio da escrita ocidental, trés perfodos podemos distinguir: 0 greco- romano, 0 romao e 0 gético. O greco-romano iniciese desde época imemorial e vige até 0 reinado carolingio no século VIII; esse tipo de escritura caracterizou-se pelo emprego simultineo das quatro modalidades caligréficas: a letra capital, a uncial, (i) GE W. Martins, obra cit, p. 110. 3B

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