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A FILOSOFIA CHINESA CLASSICA \ A filosofiachinesa ditinguo-e da ocidental elo sistema d | ean gue repoutae pela posgio dominante qua atitude.cticsnela ocupa, 1 9 ono penanent odors! oe fable» inesigar cums | / 1 1.) 0 sajato panne eonmapdose ao ebecto que investiga; uo sents | i 1), Ga unidade com ele; nao perganta: como me devo eomportar, para | | © 1 Gom ele viver em relagio Rarmoniosar Pensa em fengi0 de ligeeSes 1 eaustis, nfo de conexses exttices. Por ito, a teria das cavss primeiras representa um importante papel na flesfiaecidenal. Em contapartda, 2 Gta, a pecgunta acerca do comportamento do harem ocupa apenas tum lagar seemidécio na muiocia dos sistas filosbficos. (© mundo de ctengaschinés © 0 pensamento que nele se mute si0 diferentes. Neles se encontrar, em potigio central, as questées pri ‘© mais importnte nfo & 0 problema da conexio causal ente 3 cose, da esstncia de Deus ou do homem, mas a pergunts acerca do compor- tamento do homem, aceea da rlagio deste com o seu mundo ambiente e com 0 cosinos. Homem e mundo sfo vivides rma unidede ingue- J) ‘beantivel; accede noga sordem nara que nfo deve ser destetda por intervengio arbieérie do iomemn, NSo se tata agui de dom jfrsturea tedante 9 conhacimemo de sus cones cui, mas de ua concordincia com da, de oma abtintica ordenagio de cada Jama das coisas no seio de uma estrutura hierérquica, de uma relagio creer ontade de dominio sobce a natureza tende para a alteracio do estado exisiente; a harmonia com a natureza eeia um contentamento, ; tclativamnente 4 citeunstinca, A partic desta disingio seria possivel ! dlerivar uma sic de oposigées que, apesar da unileteralidade do ; Seu,esquematismo, contém um gétmen de verdade: oriente-ocident, i naturaattifial,pacfico-polémico, passive activo, dependente-suré- nome, indiferente-enérgico, conervador-progresivo, intiivo-rsiona, i teorético-pitico, artico-cientfco, cpinitalisa—materiaits, piquico- fisco, otientado para o ofu-terreio, ordenagio conplementar entre yhatreza ¢ homem'— submissio da naturcea pelo homem, subordinagio do hiomem 20 grupo a que pertence — individualism. x0 © homem € 0 cosinos © homem, inserido numa conexio natural, subordinado a vinculos [sociis tl & 0 fecundo ponto de partda, No ugar que Ihe esté indicado. rna comimidade, sente-se © homem protector lg ordem natural. Isto € vélido, primciramente para o senhor, pera o principe, © pats todos oy gue sxe de gual nado o pode. Em fie dete neotee © pove comum, como massa que é governsda © que, mediante exrita bedi & pees dat contbut astm para's manctengio de vordem natural, A crenga nesta cordon naturale repousa num simples facto de gxpatiénds. Tanto quam a meméta conegue sent, foram os schineses agriculiores © procisamente na zona do Rio Amatelo, regio que Race dene ‘das chuvas ¢ onde 2s estagdes do ano presenti andes contrasts. © esmponés tinha consciéncia de se encontrar ligado 8 natureza. ‘Toda 2 sua vida se regulava pelo curso das estagdcs; se 8 sementeira nfo se fazia em tempo oportinio, se n80 chovia em ccasito propris, perdia-s a colhcita, © homem ea natuceza coopersvam ¢ encontravamse incissolivelnente ligados. A partir desta sitvaglo, bastava um pequeno passo para admitir que « couduta humana também seria capaz de influir na prépria ordem da natoreza. ‘© mundo foi considerado como um cosmos, no gual 0 mierocosmo ~{{(-do homem se insere no macrocesmo de todo, segundo_ ima Side Sxdtets A condos mor movimentese denco de its fn inl terivéis, Todo o desvio significa, portanto, nfo x6 uma perturbagio Se ord mor masinds do ord ata: conegutnce ineviices | sio as extitrofi. A figura central dese sistema de exengas & 0 rei. No principio da época histrica havia wm grande mémero de estadosligados feudalmente 208 teis de Cha. Considerava-se 0 rei como representantetecreno do mais alto poder divino, Shanget, identficado com 0 poder do eév, © rei cra designado como filio do céu ¢ era responsivel pela ordem ddo mundo. Conteguia-o por vieiss manciras, especialmente pele ofereuda de sacrificios. Do procedimento exacto do rei, nfo s6 durante os sacti- Ficios, mas na vida cotidiana, dependia 0 curso regular das etagdes & 3 sbundincia das colheits. Agim, tudo se encontravg regulado at aos fnfimes pormenos, conforne & medida ds eases do ano e | dos meses; a dependéncia do palécio em que o rei morava, o vestusrio que envergeva, of alimentos que" devia necesciamente tomar, ete. tado isto se ligava, segundo um sistema primitive de correspondéncias, como ponte eras, os elementon, as con, or paldaese outa categorise. WY) case ao Trlonel 3 A significagio do rito Os sactificios oferecides pelo rei igualmente e articalavam com © decurso do ano e as datas importantes para a agricoltura, Havia uma religiio do calendério ma qual cada fesividade se determinava polo seu lugar necendtie aa epoca do ano. © decuido de semelhante ito conduzia 3 eatéstrofes. A sua precisa realizcio, pelo conttério, promovia © bom decurso da natureea ¢ nfo apenas do bem etar individual. (Os mertos cram enterrados com pompa ¢ desde as tempos mais ‘remotos com rigorosa obscrvéncia se veneravam. S6 0s peéprios deseen- dentes podiam oferccer sactficios aos sous maiores. Domsinava também, neste e250, como nos sactificis do calendétio, o demento ritual; era importante, principalmente, © como, © quando e quem fosse 0 sacerdote a presiir 20 sacrifcio. Estes relizavam-so a favor de um grupo, da familia, do povo, mas nuncz a favor de individuos. Os doveres religiosos cram cumptidos como uma fungio soci, como expressio das conviegées de um grupo, . © comportimento rial era ssi desrmiimdo pels rela vvigentes. Na velha China dominava 0 feudalspio. Um eSdigo rigoroso apontava a cada qual o scu lugar € os seus deveres; cada diferenga hiicriequica encontrava a sua expressio nas formas de conduta: re, vassilo, cavaleiro ~ imémeros eram os graus da bicrarquia como os correspondentes diceitos ¢ deveres. Ese eddigo emo eLis, o situal, © costume palaciano, a etiqueta. Se cada princife, cada vassalo, cada nobre procedia de scordo com o que o scu status the prescrevia hiavie ordem no mundo, bem estar, felicidade. Estabelecia-se entio a aais alta haemonia ¢ havia um contacto justo catre © mundo dos homens ¢ © dos devses. No decurso da evolugio do velho mundo chinés nfo sc manteve intact a estrotura social. Frequentemente se tomava inseguro o «status dos geupos ¢ das pessoas. Os vassalos atribuiames: a si dircitos que competiain sos sussranos; 0 rei perdia todo 0 poder de facto; muitos ppequenos cstados vasalof foram ancxados por vizinhos podcrosos. Os dircitos c deveres feudais havia muito tinham perdido a sua forga, Originariamente, s6 0 nobre era possuidor da terra. O camponés era servo. A fragmentagio, devida a divisio das herargas, originou com © tempo una clase de nobreza pobre. Ao lado desta, surgitt umn novo gropo social de possuidores de terra, nfo nobres, que principalmente 2 partir de meados do século 1v 2. C. adquiria teas. No século v 2. C. fat ntroducideo ferro nas alas agrees; 0 maior rendimento, como consequéncia do melhor cultivo da terra, tomou of camponeses mais independentes dos senhores, A crescente circulacio comercial (século 1V € Ill 2.C) trouxe consigo novas modificagées soci A ara 32 Deite modo se gere no século v a. C. a ética consciente, a reflexio sobre a atitude em relagio aos demais, que jé no é compreenstvel por si mesma, Mas, apesat disso, esta ética continua dicigida 3 prosperidade do estado € no do individuo e nfo é suprimida a referéncia 4 order vaturl Confiicio Este pensamento ético é representado por membros da classe nobre ‘empobrecida que procuravam uma situacfo paliciawa, Aparecem como cedueadores dos filhos da. nobreza ¢ como conselheiros dos principes. Em geval, levain uma vida errante, tentando a sorte, de terra em terra Apesar das difcrengas entce cles, a unidade cultural dos estados pert centes 4 confedetagio do Rio Amarclo era bastante grande para permit cconcepgdes idénticas, embora soja possivel considerar ceztas culturas Tocsis como centeos de itradiagSo de determiinadas i Confiicio deve considerat-se 0 primeito destes secuditoss ambulantes ‘ja figura € possvel concretizar. O grande historiador chinés Sa Chien (cexea de 100 aC.) dedicoushe uma biogeefia, sem dvida Pormenorizads, mas composta numa época cm que a veneragio de Conficio era intensa © vasta ¢, por iso, 56 pode considerar-se como lends, Histbricamente sabemos muito pouco de Conficio. A melhor fonte para 2 sua vida € um livro chamado Lun-yié («Ditlogoss) que, provavelmente, nfo foi escrito antes do primeiro quartel do séeulo 1¥ 2. Cu. Apesar disso, muitos aspectos permanecem obscures. Mesmo 28 datas do nascimento ¢ da morte (351-479 a. C)sio incertas. A prSpria cdigio ou autoria de vitios livros ateibuids a Confiicio ndo passa de tradigio piedosa; com coda 2 probabilidade naga etcreveu. Confiicio é'a forms Intinizada de K'ung Fo-teu, «Mestre K’ungs © seu nome pessoal ers Ch'iu; © nome que utou em adulto, isto & desde a entrada na idade vil, era © de Chung-ni. Segundo a teadigio, descendia de ums familia nobre empobrecids que se cstabelecera no estado de Lu. Lu era ums pareela do actual Shantung. A more do pai, poucd depois do scu nascimento, deixow sus mie em condigges inuito precétias, A isto se faz alusio’ no Lun-yii IX,6: «Quando cra jévem, vivia em condigio humilde, o que foi causa de teecber muitos conhecimentos. Caso aos 19 anos de idede, tendo duas filhas, das asis uma faleceu antes do pai, ¢ um filho que nio parece ter desem- penhado qualgcer papel importante na sua escola. ‘Aos 22 anos ebriu uma escola que, em breve, atrafu grande némero de slunos, Como perceptor de dois jvens nobres deve, em 516, ter visitada a capital real de Lo-yang. Depois do regresto, acompanhou 3B © duque, refugisdo de Lu, para o Ch'i mais préximo, Regressado a Lu no ano de 514, foi em 500, 20s St anos de idade, investido no cargo de funcionério da cidade de Chung-tu. Narra a lenda sucestos t30 rmarcantes nesse cargo que, em breve, subira Conficio 4 dignidade de sministro da justiga. Mas esta carteira, apés tc6s anos, teve um sibito fim e, precisamente, devido 3 inveja do duque do Ch'i Kinitrofe, que texnia' que Lu se tomaste demasiado poderoso com tal minis. Reza 1 er6nica que enviou ao duque de Lu, como present, oitenta bailarinas cento e vinte magnificos cavalos o que teve como consequéncia nio daz © dugue auditneia durante varios dias e despedir-se Confiicio do cargo, profundamente desiludido, e abandonar 2 terra. Segundo Lun-yii, Conficio aparece pelo fim do século vt, primeiro possivehuente ao servigo do cabeciha de uma clique, que tinha usurpado © cargo ée primelco ministto, mais tarde a0 servigo do chefe da fami que, durante muito tempo, ocupara agucla dignidade. Deve ter sido suma vez eaviado em missio especial a Ch'i. A morte do seu protector pos, certamente, fim 4 sua carreira e obrigou-o a uma vida errante. Foi acompanhado por alguns discipulos fis, dos quais os mais impor- tantes foram Yen-hui, Tzo-kung ¢ Tzu-la, Em busca de ocupagio pels ter viginhes, necessiiamente devia tet cortido scos, por veees da propria vida. Em 484 recebeu a permissio de regressar a Lu onde deve ter fundado uma escola, na qual, até 4 morte, © rodearam muitos dizeipalos. ‘Tanto quanto possivel formar uma imagem da sua persomaidade, tao fortemente idealizads, deve dizer-ie que Conficio se considerava tum tefermader social conservedor. Nip foi um fandador de religito. Accitou os costumes religiosos existentes, considerava-os importantes ¢, apesar disso, parece ter evitado discusses sobre os fundamentos da religifo. Quando Tewlu uma vez lhe perguntoa como se deviam secvie 5 esptitos, deuelhe uma resposta evasiva: eEnguanto no forein capazce de servir alguém-como homem, como o poderiam servir como cespitito, Continsa Tzu-lu: sPeemito-me que faga uma pergunta acecea a mort Responde © mustee: «Enguanto nfo conhecerem a vida, como podciio conhecer 2 mortem (Lun-yii XI,11). © falero do sou ‘ensino consistia no ritual que nfo s6 dominava a religiio como também a vida social. — Eta Confiico inimigo das modificagSes hierdrquicas da sociedade, realizadas na sua época. Pertencente 3 hierarguia de cavaleizo, pare- ciamlhe esas alteragie retrocessos, Como meio de slvagio propunha a restauragio do estado de coisas em que se encontravam rigorosamente prescitos of diteitos ¢ os deveres de cada qual ¢ onde, gracas 8 ordem ratural des coiss, todos conheciam o seu lugar. A isto chamava ele 18 posigio justa dos nomes, isto 4, que necessiiamente deveria existe s uuma concordincia entee a porisio de quem quer que fosse e 0 respective ‘comportamento. «Chiin chin, ch'en ch’en, fu f, tau tou: sja 0 principe principe, 0 sibdito sibdito, © pai pai e © fio fifhos. Num mundo cstitico © valor desies conccitos & dado de.uma vez para sempre com a matureza. Quando se faz concordar 0 comportamento exterior com cla, quando o status de cada qual & 0 que deve ser ¢ cada designacio concorda com o respectivo conteido, domina o snexo justor entre © clevado ¢ 0 baixo, 0 superior ¢ 0 infeior ¢ csi garantide um bom govemno. Esse amexo justor é denominado ss. Frequentemente se twaduz esta palavra pot gustigas, mat esta tradugio, na maior parte das veaes, aio & satistéria para os textos mais antigos. O sentido nuclear do termo, que é, como muitas vezes acontece na lingua chinesa, rmulisignificativo,.€ © nexo justo entre dircitos ¢ deveres. Podémo-lo reproduti com palaviss tis como econsciéncia do devers, sentimento do ditcizor, sdizeitos. O concsito al» € win coseclato de eLiv que representa 2 enformagio do primeiro. Uma outta oxpresio que aparece frequentements em Conficio € Té, evirtuden. Significa 0 prestigio ds cstrpe, da realizagio das actividades ritusis em tempo ‘oportuno, a observincia da etiqueta palacians, 0 condusie-se tal como o status de cada qual exige. «Té é, portanto, a caracterstca da perso nalidade no seu etatuss especial, determinado pelo ale expreso peles formas do sLis. Originiviamente ndo posuia outto conteddo a nfo set 0 que the cra dado pelo conceito sl. O pleno desenvolvimento a evirtudes, do éTés, conduz 3 sporicio justa do nomes, torna possivel fa quem quer que scja ecalizar o seu ele, atender ao aLir c, deste modo, tornae posivel © cumprimento da ordem ética ¢ natural, E por iso que o principe exerce o seu eT, © qual age sobre os outros gracas as propricdades mistico-mdgicas, que especialmente s8o prOprias do principe. sQuem exeree © mando com ‘virtude’ asemelha-se & estrela pola, gue se mantém firme no seu posto enquanto todas as outras estrelas tendem para cai (Lon-yii Il). «A virtude do principe é como o vento 0 simples povo como a erva. A erva curva-se quando o vento sobre cla passer (Lun-yii XII,19). 'No decurso do tempo, teansforms-se, no confucionismo, a viriude rntco-mgica mn vise no sentido co, Drimeltmente cm tagfo 2 principes e nobres, nfo muito posteriormente em relagio aos outros. Isto possvel, raga expecialmente a uma dovttina de Conficio que talvez deve ser considerads 6 ponto nuclear de sua concepgio. A sua grandeza reside em ter proposto, pela primeira vez, uma exigéncia ética que hhumanizava as folagées humanas. Sangue © natcimento, consideragio do «Li» execto e exigéncia do as, do comportamento justo da parte do subordinado, tudo isto ainda fo basta para ser um bom principe. £ necessirio também con- 35 cader 20 povo 0 que Ihe pectence e tratar os outros tal como se desejaria ser tratado em circunstincias idénticas.

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