You are on page 1of 35
Testes psicoldgicos: conceitos, historia, tipos e comercializacao , Este capitulo discute alguns tépicos preliminares sobre os testes psicologicos, enfocando os seguintes temas: * avaliacao psicol6gica e testes psicoldgicos; * conceituagao de teste psicolégico; + historia dos testes psicol6gicos; * tipos de testes psicolégicos; * _usos dos testes psicolégicos. 1.1 A AVALIACAO PSICOLOGICA (Parafraseando o cap. 1 de Barclay, 1991, pp. 1-20). Esta introducao visa alertar o leitor da relagao e das diferencas que existem entre avaliacao psicolégica e testes psicolégicos. Estes ultimos 40 uma das manifestacées ou técnicas da avaliagao psicolégica, a qual, por sua vez, também é uma das manifestagées de uma atividade humana mais geral que é a avaliacéo como um processo de atuacao de todo o ser humano quando faz julgamentos sobre 0s outros e seus comportamentos. Aavaliagao visa, mediante os mais variados métodos e técnicas, descrever € classificar 0 comportamento dos outros com o objetivo de enquadra-lo ntro de alguma tipologia, que permite ao sujeito tirar conclusdes sobre 0s outros e, assim, saber como ele mesmo deve se comportar e agir em ‘lacdo a esses outros, A avaliagao psicologica quer acrescentar a essa ividade universal do ser humano algo de cunho cientifico, por estar ada no método cientifico da observagao em que sao mantidas certas acteristicas de cientificidade: observagoes confidveis e validas, bem 13 estes Nalecey S Luiz Pasquali seguindo 08 processos legitimos a eee i ir delas, ‘ como inferéncias obtidas a partir gsa parte serd discutida melhor ipsteses e de inferéncia (essa P , ¢ e St hens e pardmetros psicométricos dos testes psicolégicos), qual s Esse alerta é para enfatizar que existem diferentes tipos des —_ aon a digamos, nao p! ' um de carater de senso comum ( ae Areas 8 shins faz, e outro de carater cientifico, que os psicélogos fazem ou devem fazer (digamos, profissional), que é 0 objeto de estudio We i disciplina universitaria do tipo Técnicas de Exame Psicolégico (TEP). 1.1.1 Avaliagao nao profissional Este tipo de avaliagéo, que todos nés fazemos dos outros, constitui uma habilidade necesséria para a propria sobrevivéncia; ela pode ser mais bem ou mais mal desenvolvida em diferentes individuos. Em que ela consiste? Trata-se da habilidade do ser humano de poder interpretar o comportamento dos outros e, assim, realizar as adaptagdes necessarias em seu proprio comportamento para se inserir na comunidade e poder nela sobreviver’. Essa habilidade deriva da capacidade do individuo de decodificar 0 comportamento verbal e nao verbal dos outros e de relacionar tais comportamentos dentro de categorias diante das quais © sujeito j4 aprendeu como deve ele mesmo se comportar. Por exemplo, se em uma festa vocé vé alguém com um copo na mao, cara vermelha e cambaleando, vocé de imediato 0 classifica na categoria dos beberroes e procura se esquivar dele; ou se um rapaz percebe que uma moga sorri para ele, pode concluir que ela esté interessada em uma aproximacao © se aproxima dela. Certo? Obviamente, as vezes, isso nao da certo, e a gente fica com cara de tacho, porque as interpretagdes que sao sistematica © intuitivamente feitas do comportamento dos outros ne! adequadas, De qualquer forma, essas interpretagée: outro individuo respostas de carater afet que se comporta deste ou daquele modo, dependendo de como aquele que observa vai interpretar o comportamento do outro. pa spa ee avalingto ve constitul igualmente em um organizador de Riteanine sintacion wae wins aw ei outro devemos nos comportar ‘em nos comportarmos de uma forma ane cae ne Ok ane © também evitar punigao. m sempre sao s tendem a criar no tivo a favor ou contra o sujeito * Na literatura popular, avaliar os outros significa ti mente seu comportamento, nas tanta te leamente critics, ou sj julgar negntiva- Positivo da avaliacéo néo profissional, , mas a interpretagho dada no texto ealtenta 14 Técnicas de Exame Psicoldgico: os fundamentos Desde a infancia, a crianga 6 bombardeada pelos adultos e pelos colegas com indicagées de que tipos de comportamentos séo ou nao toleraveis em - dadas situagoes. Desenvolvemos, assim, um arsenal de regras segundo as quais (quase automaticamente) julgamos nossos comportamentos e _ 0s dos outros. Isto é, avaliamos continuamente o comportamento de todo _ mundo dentro de um sistema de expectativas. 1.1.2 Avaliagao profissional Quanto mais se modernizavaa sociedade, mais variadas e urgentes iam e vo se tornando as necessidades de se poder avaliar 0 comportamento _ das pessoas de uma forma mais precisa, porque com base em tais avalia- g6es so tomadas decisées que afetam profundamente a vida dessas mes- mas pessoas. Dessa forma, faz-se necessario realizar avaliacdes confidveis no processo educacional, na orientacao profissional, na satide, na selegéo _ de pessoal, etc. Quando vocé faz perguntas do tipo: “Esta crianca preci- sa de educagao especial?, Este sujeito tem aptidao para este trabalho?, Esta pessoa tem problemas emocionais?, A agressividade deste sujeito € condenavel?”, vocé esta atras de respostas. Mas respostas sensatas a perguntas dessa natureza exigem algum sistema de avaliacao confidvel. Para atender a tais demandas é que existe a avaliagao mais formal do que aquela nao profissional discutida anteriormente. Essa necessidade induziu a procedimentos formais de avaliagao ha cerca de 3.000 a.C. (Dubois, 1970; Pasquali, 2010) entre os chineses, que a utilizavam para aselecao de funcionarios publicos civis. Hoje em dia, a avaliagao afeta toda a atividade humana: na educagao existe a preocupacao em saber quem tem ou nao condigées de aproveitar 0 ensino e para que tipo de especialidade esta mais bem equipado; no campo do trabalho, precisa-se saber se 0 candidato tem certo perfil psicologico que garanta retorno do investimento que a empresa pretende fazer nele; na Area da satide, precisa-se saber quem necessita de tratamento e qual tratamento, etc. Verificando que a sociedade moderna ficou tao comple- x , 0 mercado de trabalho tao diversificado e especializado e os recursos isponiveis cada vez mais escassos e procurados em uma competitividade senfreada, surge a necessidade de parametros para a distribuicao eficaz sses recursos. Ff a avaliagéo que produzira tais parametros. Com a diversificacao das necessidades e das tecnologias de avaliacao, nou-se necessaria a existéncia de um perito na area: o psicdlogo. Assim, avaliagéo passou a ser uma habilidade primordial do profissional 15 Luiz Pasquali Pacondy 5 Me Bacco. tecnicamente, no principio do (04a,b; 1907; 1913) e Binet e Simon (1905), um desenvolvendo a teoria da Psicometria, o outro eran ° pe teste de aptidao para criangas. A orientagao, intencional * el i phe por esses e outros autores infelizmente enviesou a historia la ava pee para uma linha que, embora seja a mais tipica e precisa das técnicas de fazer a avaliacdo, tornou-se, contudo, imperialista no campo dos testes psicoldgicos. Dessa forma, a avaliagao perdeu em grande parte seu carter multifacetado, tanto nos tipos de comportamentos que afere (aptidao, personalidade, atitudes, satide, trabalho, etc.) quanto nos instrumentais de que deve fazer uso. A reducao da avaliacao psicolégica aos testes psico- légicos tem sido um infortunio para o psicdlogo e, sobretudo, a sociedade. Tal ocorréncia acarretou uma onda gigantesca de criticas contra os testes e, por contaminagao, contra todo tipo de avaliagao. Felizmente, essa critica perdeu muito de seu 4nimo com a intervengao do Conselho Federal de Psicologia ao criar um sistema de avaliacao dos testes psicolégicos para uso profissional (Satepsi), avaliagao feita por uma Comissao Consultiva em Avaliagao Psicolégica’. Mesmo assim, a utilidade e a exigéncia da avaliacdo estao funda- mentadas na necessidade de que a atividade do ser humano deve ser responsavel, isto é, ele deve dar conta do que faz, no sentido de poder afirmar que seus atos sdo legitimos, benéficos e condizentes com 0 inves- timento dos recursos da natureza e da sociedade que ele faz uso. E para tal afericéo devem ser utilizadas as técnicas apropriadas de avaliacaéo que, obviamente, precisam ser variadas, considerando a gama enorme de tipos de atividades de processos psicolégicos nelas envolvidos. Por sua vez, os testes psicol6gicos sao apenas uma dessas possiveis técnicas de avaliacao, uteis e prioritarias em certas areas e objetivando certos fins, mas ineficazes e perigosas em outras areas (como veremos ao tratar do uso dos testes). Disso tudo resulta que a avaliacao psicoldgica profissional deve se constituir em um processo integrado, utilizando aquelas técnicas mais apropriadas para diagnosticar 0 problema de um dado caso, visando a alguma intervencao. Assim, o processo de avaliagao pode ser sumarizado psicologo. Essa historia teve século XX com Spearman (19 * A Comissao Consultiva em Avaliagdo Psicolégica foi criada pela Resolugdo CFP n® 025/2001, re- formulada pela Resolucao CFP n® 002/203, e ¢ integrada por psiclogos convidados de reconhecido saber em testes psicolégicos. A Comisséo tem como objetivo analisar e emitir parecer sobre os testes Psicol6gicos encaminhados ao OFF, com base nos parametros definidos na Resolugao 025/2001, bem como apresentar sugestées para o aprimoramento dos procedimentos e crité i e P € critérios envolvidos nessa tarefa, subsidiando as decisées do Plenario a respeito da matéria. ‘ 16 Técnicas de Exame Psicolégico: os fundamentos esquema da tabela 1.1 (adaptada de Barclay, 1991; este tema sera is bem desenvolvido ao falarmos do laudo psicoldgico), que comporta ro etapas sucessivas: - identificar ” - integrar’ - inferir © - intervir © ja 1.1 Etapas do processo de avaliacao psicolégica Etapa Objeto "Técnica Produto Jdentificar .Necessidades —-. Entrevista__- Descrig6es .Comportamentos . Observagio _. Escores . Processos . Testes psicolégicos psicométricos . Técnicas intuitivas Integrar Descricoes Classificacao —. Tipologia Escores - Perfil Inferir Tipos Interpretacao _. Formulacao de perfis ‘hipéteses _ Dinamiea psicol6gica envolvida . Previsao de compor- tamentos futuros Intervir Hipéteses -Orientagao . Cura q formuladas psicolégica —_. Prevencao . Terapia . Autodesenvolvimento . Programas de intervengao nitorar ‘Todos os processos . Observacio —_Redirecionamento anteriores “Entrevista de ages erradas ou ineficazes Assim, conclui-se que a avaliagao psicolégica consiste em um processo e verifica a integracao de informagao obtida de fontes multiplas, in- luindo testes psicoldgicos e entrevistas individuais com 0 sujeito ecom essoas que conhecem o sujeito, bem como o hist6rico pessoal, ocupacional médico do sujeito. Luiz Pasquali 1.2 CONCEITUAGAO DE TESTE PSICOLOGICO Nota introdutéria: Antes de abordar 0 tema do inciso, parece oportuno alertar sobre a ambiguidade de um intimero elenco de termos utilizados no contexto da avaliagao psicolégica, sobretudo os seguintes: Instrumento psicol6gico: qualquer técnica de aferigéo do comportamen- to humano que 0 relaciona a construtos psicolégicos (ou seja, processos mentais). Ex.: testes, entrevista, observacao de comportamento, ete. Teste de aptidao: instrumento que avalia construtos onde os itens Possuem resposta certo ou errado. Ex.: testes de inteligéncia, testes de atencao, testes de memoria. Teste motor: teste que avalia processos mentais via tonus muscular, utilizando escalas de razao. Ex.: PMK, Palografico. Teste projetivo: teste que avalia construtos mediante criagGes (proje- goes) dos respondentes. Ex.: Rorschach, Zulliger, TAT. Teste de personalidade tipo Likert: teste que avalia construtos fazendo uso de escala de resposta do tipo Likert. Ex.: a grande maioria dos testes nessa area. Escala de personalidade: instrumento que avalia construtos fazen- do uso de escala de resposta do tipo Likert. Nesse sentido, Teste De Personalidade Tipo Likert e Escala de Personalidade sao sind: Bateria de testes: instrumento que avalia mais de um construto na area das aptiddes. Ex.: BRD, Testes de Aptidao de Thurstone, BPR-5. Inventario de testes: instrumento que avalia mais de um c area da personalidade. Ex.: NEO PLR, EdAAI, Idate. mimos. onstruto na Definir 0 que é um teste psicolégico parece, a primeira vista, uma tarefa muito facil - Contudo, os tedricos nesta area se complicam quando querem caracterizar o que 6 um teste psicoldgico, O problema nao é tanto em descrever o que ele é, mas sim 0 que representa. a de Cronbach (1996, p. 51): “Um teste 6 um proc para observar 0 comportamento e descrevé-lo com a ajuda de escalas numéricas ou categorias fixas.” Ou seja, um teste psicolégico consiste em uma medida objetiva e padronizada de caracteristicas comportamentais de um sujeito. Isso significa que um teste psicolégico consiste em inserir 18 Técnicas de Exame Psicolégico: 0s fundamentos sujeito numa situacao em que ele deve executar algumas tarefas, tam- _pém previamente definidas e estabelecidas, sendo suas respostas (com- _portamentos) descritas geralmente por meio de ntimeros. Mais adiante, ao se falar sobre a normatizacao e padronizacao da testagem psicoldégica, _ serao caracterizadas uma situacao arranjada e tarefas arranjadas. Por _ ora, basta saber que um teste psicologico é um conjunto de tarefas pre- definidas, que 0 sujeito precisa executar em uma situagéo geralmente artificializada ou sistematizada, em que seu comportamento na situacao vai ser observado, descrito e julgado, e essa descricao é geralmente feita utilizando-se ntimeros. / Definir um teste psicolégico, em um sentido mais epistemolégico (isto _ é,em termos de concepeoes de ciéncia), ja é tarefa controvertida, porque ; depende de posigées e suposigées de carater filosofico. Isso decorre de uma definicao mais completa de teste psicoldgico, ou seja, teste psicolégico _consiste no uso de amostras de comportamento com o objetivo de avaliar __ tragos latentes ou construtos psicologicos. E essa historia dos construtos psicologicos que torna controversa a definicao ou a compreensao do que _ seja um teste psicolégico. Aqui a resposta depende diretamente de a pessoa _ ter uma visao monista (no caso, tipicamente materialista) ou dualista do ser humano. Todos concordam em definir 0 ser humano como um ani- mal racional. Mas na hora de explicar 0 que isso significa, essas posigdes filosdficas preconcebidas ditam o que cada um vai entender. A posicao nista materialista entende, no fundo, o homem como um puro animal ou macaco, um tanto sofisticado, e expressa essa sofisticagao no adjetivo “Tacional” da definicao de ser humano. Em contrapartida, quem toma mais seriamente este adjetivo, entende que o ser humano nao é apenas um animal, e sim um animal mais uma mente, esta ultima sendo 0 que adjetivo “racional” define. Assim, 0 psicdlogo de orientagao monista vai definir teste como um conjunto de tarefas ou comportamentos para ver ou representar outro conjunto de comportamentos ou comporta- entos futuros do sujeito. O psicdlogo de orientagao dualista, por sua vez, finira o teste como um conjunto de tarefas ou comportamentos, sim, estes como representacao fisica do objeto de interesse do psicdlogo, lo esses os processos da mente (processos mentais, processos latentes, cos latentes, construtos). Como esse problema de monismo versus dualismo da uma visao muito inta na compreensao ¢ interpretacdo dos testes psicoldgicos, devemos er mais alguma coisa sobre ele. Em/primeiro lugar] ser monista ou ista nao se resolve com demonstragoes cientificas, pois se trata de 19 Luiz Pasquali filoséfico e devem ser resolvidas nesse nivel. Assim, Jiminares & atividade do cientista, mas elas afetam idade e, por isso, parece simportantaiies oO esteja pelo menos consciente da opgao que segundo. lugar) como se deve mo versus dualismo? No capitulo sobre os parametros psicométricos dos testes daremos mi resposta mais com- preensiva sobre esse problema; por ora, basta dizer que, para 0 dualista, © teste é um conjunto de comportamentos que querem expressar, em termos fisicos, tragos latentes, isto 6, processos mentais, endo outros comportamentos. Naquele capitulo também definiremos mais claramente o que sao tragos latentes; no momento, é suficiente entendé-los como a realidade que constitui o que chamamos de mente, que para © psicdlogo de orientacao dualista 6 0 objeto especifico da Psicologia cientifica. opgoes de carater “essas opcodes sao pre! decisivamente essa sua ativ! cientista, e psicdlogo, no caso, fez, deliberada ou até implicitamente. Ems entender essa oposigao monis! 1.3 HIsTORIA RECENTE DOS TESTES PSICOLOGICOS mo os conhecemos hoje em dia, s40 de data Os testes psicolégicos, co} Jo 20. Ha uma dizia de cientistas relativamente recente, do inicio do sécu relevantes na histéria dos testes e cada um deles tem representado a avaliacdo psicolégica sucessivamente por cerca de uma década, de sorte que podemos falar da década de Binet, da década de Cattell e assim por diante. Vamos rapidamente ver alguns deles. 1) Adécada de Galton: 1880, Os trabalhos do inglés Francis Galton visa- vam a avaliacao das aptidées humanas por meio da medida sensorial; sua obra mais importante nesta area ¢ Inquiries into human faculty, de 1883. O trabalho de Galton teré enorme impacto tanto na orientagao mais prética da Psicometria (James McKeen Cattell e outros psicome- tristas norte-americanos) quanto na tedrica (Pearson e Spearman). Galton (1883) acreditava que as operacoes intelectuais poderiam ser avaliadas mediante medidas sensoriais, uma vez que, segundo ele, toda a informacao do homem chegaria pelos sentidos, de modo que quanto melhor o estado destes, melhores seriam as operagées inte- lectuais. Dessa forma, ele se preocupou em estabelecer os paraémetros das dimensées ideais dos sentidos, fazendo um levantamento amplo de medidas sensoriais. Ele considerava particularmente importante nos individuos a capacidade de discriminagao sensorial do tato e dos 20 Técnicas de Exame Psicolégico: os fundamentos sons. De fato, a contribuigao de Galton para a teoria dos testes ou da Psicometria ocorreu em trés areas: a) criagdo de testes antropométrt- _ cos - medida da discriminacao sensorial, na qual desenvolveu testes “eujos conceitos sio ainda utilizados (barras para medir percepgao de comprimento, apito para percepgaio de altura do tom); b) criagao de escalas de atitude —escalas de pontos, questionarios e associacao livre, que ele utilizava apés as medidas sensoriais para investigar as reagoes mais afetivas ¢ emocionais dos sujeitos durante os testes que fazia;.c) desenvolvimento e simplificagao de métodos estatisticos - métodos de analise quantitativa dos dados que coletava com seus testes, tarefa esta levada adiante por seu famoso discipulo Karl Pearson. Galton foi um prolifico escritor com mais de 300 obras, falando de praticamente tudo, desde religiao a testes psicolégicos. Era formado em medicina e ‘matematica. Alguns autores 0 consideram até o criador da Psicometria, embora seu interesse maior fosse a antropometria. Ele também é muito conhecido por causa de suas ideias de eugenia, dizendo que se devia favorecer o nascimento de pessoas mais aptas por meio da selegao artificial, porque, dizia ele, um homem notével teria filhos notaveis; ideias estas que ele defendeu em seu famoso livro Hereditary genius, de 1869. Essas ideias lembram as teorias de Charles Darwin sobre a evolucao, de quem, alias, ele era primo. A década de Cattell: 1890, James McKeen Cattell era eugenista in- fluenciado pelas teorias de Darwin, bem como um contestador contra a Primeira Guerra Mundial que lhe rendeu ser demitido da universidade __ de Columbia, mas foi, sobretudo, importante na area da Psicologia, tanto como defensor de seu status cientifico e, particularmente, na rea da avaliacao psicoldgica, pois os processos psicologicos podiam ser medidos, o que, alids, dava a psicologia seu carater de ciéncia séria’, _ Sob a influéncia de Galton, Cattell desenvolveu suas medidas das diferengas individuais e apresentou sua experiéncia no Mental Tests and Measurements, de 1890, inaugurando a terminologia de mental test (teste mental). James McKeen Cattell, psicologo norte-americano, elaborou em Leipzig sua tese (1886) sobre diferengas individuais no tempo de reacéo, apesar de Wilhelm Maximilian Wundt, seu orientador © estudioso do mesmo tema, nao gostar desse tipo de pesquisa, ja que este estava a procura de uniformidades e nao de diferencas individuais, Mais tarde, como professor em Cambridge em 1886 (trabalhando em €poca, a psicologia era considerada uma pseudociéncia, uma espécie de frenologia, 21 — i i ratory da Uni i um laboratério dentro do Cavendish Physice ee re of Cambridge, Inglaterra, que pesquis brio auetiaenee le Psicometria, considerado inclusive, o laboratério qi rigem & répria Psicometria), Cattell ficou mais animado com sua orientacag Penivoatcndo a influéncia de Galton, que também trabalhava com, a medida das diferencas individuais. Famoso é new artigo de 1890, porque nele Cattell usa pela primeira vez a expressao, que fez sucesso internacional e histérico de teste mental (mental test) para Provas aplicadas anualmente aos alunos universitarios, a fim de avaliar seu nivel intelectual nos EUA. Cattell seguiu as ideias de Galton, dando énfase as medidas sensoriais, porque elas permitiam maior precisao, Percebeu que medidas objetivas para fungées mais complexas, que vinham sendo usadas, sobretudo, na Alemanha, por exemplo, testes com operacoes simples de aritmética, testes de memoria e resisténcia a fadiga (Kraepelin, 1895), bem como testes de calculo, duragao de meméria e complementacao de sentengas (Ebbinghaus, 1897), nao produziam resultados condizentes com 0 desempenho académico, Contudo, os préprios testes de Cattell também nao apresentavam resultados congruentes entre si (Sharp, 1899; Wissler, 1901) nem correlacionavam com a avaliacao que os professores faziam do nivel intelectual dos alunos (Bolton, 1892; Gilbert, 1894), nem mesmo cor- respondiam ao desempenho académico desses alunos (Wissler, 1901). Luiz Pasquali 6 n como a memoria, imaginacao, atengdo, compreensao, etc. De fato, te Simon (1905; revisto em 1908 e 80 teste de 30 itens para cobrir uma * Catte ie 5 ae ri tana denen it Aint medidas de senango tenga d ° e ‘oria, taxa de movi 4 4 8 alouros da Columbia University, "°” "ent, € que era compulsoriamerne aplicada a todos 22 Técnicas de Exame Psicolégico: os fundamentos com 0 objetivo de avaliar o nivel de inteligéncia de criangas e adultos, por meio do qual estavam especialmente interessados em detectar 0 retardo mental, ou melhor, identificar estudantes que necessitavam de ajuda especial para lidar com o curriculo escolar. Essa orientagao de Binet e Simon em elaborar testes de contetido mais cognitivo (e _ nao sensorial) e cobrindo fungées mais amplas (nao especificas) fez grande sucesso nos anos subsequentes, especialmente nos EUA com atraducgao do seu teste por Lewis M. Terman (1916), inaugurando de vez a era dos testes, inclusive com a introducao do QI (idealizado por William Stern em 1900), sendo: IM Qi =100—, IC Em que QI = quociente intelectual IM = idade mental IC = idade cronolégica. _ Esse quociente substituiu a forma de Binet e Simon de expressar 0 __ nivel intelectual do sujeito em termos de Idade Mental (Age Mentale), a “saber, a crianca teria aquela idade mental se respondesse corretamente as questées que criangas de tal idade cronolégica eram capazes de res- "ponder corretamente. De fato, embora Binet predomine nessa época, outros expoentes apa- recem, salientando-se, sobretudo, Charles Spearman na Inglaterra, psicélogo e estatistico, pioneiro da andlise fatorial e criador da pri- meira teoria da inteligéncia (o famoso fator G). Na verdade, no que se refere propriamente a teoria psicométrica ou dos testes, a década _ de 1900 deve ser considerada a era de Spearman, que foi quem deu os fundamentos da teoria da Psicometria classica com suas obras The proof and measurement of association between two things (1904a), “General intelligence” objectively determined and measured (1904b), Demonstration of formulae for true measurement of correlations (1907) - e Correlations of sums and differences (1913). A era dos testes de inteligéncia: 1910-1930. Esta era se desenvolveu a influéncia de: a) teste de inteligéncia de Binet-Simon (1905); ); by” igo de Spearman sobre o fator G (1904a); c) a revisao do teste de 23 iz Pasaual man, 1916); d) 0 impacto da Primeira Guerra » socessidade de solecio répida, eficiente ército (os testes Army Alpha e Beta). Na verdade, temos uma série de psicdlogos trabalhando nessa rea, es i orbert Goddard avaliava almente nos Estados Unidos. Henry Her! peiaiiractea due no pais, vindos, sobretudo do sul e do leste os imigrantes que entravam i 0 7 , , europeu. Cattell fundou um laboratorio de psicologia na Universidade moso artigo Mental tests and their da Pensilvania, onde escreveu seu fa ; measurements, publicado no Mind (1890); mais tarde fundou outro laboratorio na Universidade de Columbia. Por sua vez, Joseph Jastrow (1863-1944) desenvolveu 15 testes quando professor na Universidade de Wisconsin (1892-1927 apud Boring, 1957). Em 1904, um discipulo de Cattell, Edward L. Thorndike, lancou 0 primeiro livro tratando de medidas mentais e educacionais, e seu discipulo, Cliff W. Stone, publi- cou 0 primeiro teste padronizado em aritmética, 0 Stone Arithmetic Test (1908 apud Boring, 1957). Com o advento da Primeira Guerra Mundial, varios psicdlogos (Robert Yerkes, Edward L. Thorndike, Car] Emil Seashore, James Rowland Angell) desenvolveram, entre 1917 e 1918, testes de selecdo para soldados. Nos anos 1920 surgiu uma avalanche de novos testes, ultrapassando as centenas deles, dos quais poucos resistiram até o presente. Binet para os EUA (Ter “Mundial com a imposigao da n e universal de recrutas para 0 ex 6) A década da andlise fatorial: 1930. Ja por volta de 1920, o entusiasmo com os testes de inteligéncia diminuira muito, sobretudo quando se demonstrou que eles eram bastante dependentes da cultura na qual eram criados, 0 que contrariava a ideia de um fator geral universal do estilo Spearman. Tais eventos fizeram os psic6logos estatisticos come- carem a repensar as ideias de Spearman. De fato, T. L. Kelly quebrou com a tradicéo de Spearman em 1928, Essa tendéncia foi seguida, na Inglaterra, por Sir Godfrey Hilton Thomson (1939) e Cyril Burt (1941), e nos EUA, por Louis Leon Thurstone (Mental aptitude tests, 1935, 1947). Este Ultimo autor é especialmente relevante nessa época, pois alémy de desenvolver a andlise fatorial miltipla, atuou no desenvolvimento da escalonagem psicologica (1927, 1928, Thurstone & Chave, 1929), fundando, em 1936, a Sociedade Psicométrica Americana e a revista Psychometrika, ambas dedicadas ao estudo e ao avango da Psicometria. 2D Aera da sistematizacdo: 1940-1980. Essa época 6 marcada por duas tendéncias opostas: os trabalhos de sintese e os de critica, Nas obras 24 Técnicas de Exame Psicolégico: os fundamentos de sintese, temos Joy Paul Guilford (1936, Psycometric Me ethods, a ditado em 1954), tentando sistematizar os avancos em Psicometria até entao conseguidos; Harold Gulliksen (1950, Theory of mental tests), sistematizando a teoria classica dos testes psicolégicos e Warren S. Torgerson (1958, Theory and methods of scaling) sistematizando a teoria sobre a medida escalar. Além disso, Thurstone (1947) e Harry H. Harman (1967) recolheram os avancos na area da andlise fatorial; Raymond Bernard Cattell (1965, Cattell & Warburton, 1967) pro- curou sistematizar os dados da medida em personalidade e Guilford (1967) buscou sistematizar uma teoria sobre a inteligéncia. Por sua vez, Oscar K. Buros (1938) da Universidade de Nebraska iniciou uma coletanea de todos os testes existentes no mercado, a qual vem sendo refeita periodicamente (mais ou menos a cada cinco anos) e que se intitula Mental Measurement Yearbook. Namesma época, a American Psychological Association — APA ( 1954, 1974, 1985, 1999 — Standards for Educational and Psychological Testing) introduziu as normas de elaboragao e uso dos testes psicolégicos. Entre os trabalhos de critica, destaca-se Stanley Smith Stevens (1946), que levantou o problema das escalas de medida responsavel por muita polémica na area (Lord, 1953; Gaito, 1980; Michell, 1986; Townsend & Ashby, 1984), Divulgou-se também a primeira grande critica A teoria classica dos testes na obra de Frederic M. Lord e Melvin R. Novick (1968, Statistical theory of mental tests Scores), que iniciou 0 desenvolvimento de uma teoria alternativa, a teoria do trago latente, _ que vai desembocar na atual Teoria de Resposta ao Item — TRI, mais tarde sintetizada por Lord (1980). Outra tendéncia de critica para Superar as dificuldades da Psicometria classica foi iniciada pela psi- cologia cognitiva de Robert J. Sternberg (1977, 1982, 1985; Sternberg & Detterman, 1979; Sternberg & Weil, 19: cedimentos e pesquisas sobre os componer inteligéncia. 80) com seu modelo, pro- ntes cognitivos na area da as partes dela. De mais novo no campo. qualquer forma, é ate 25 Luiz Pasquali 1.4 Tipos DE TESTES PSICOLOGICOS os variados testes psicolégi eira tomar. Assim, os testes categorias: Ha muitas maneiras de distinguir entre cos, dependendo do ponto de vista que se que podem ser divididos e subdivididos nas seguintes Ohbjetividade e padronizagao: Testes psicométricos ‘Testes impressionistas ol6gico) que medem: Construto (processo Capacidade ou aptidao: - aptidao geral - aptidoes especificas - psicomotricidade Preferéncia: - personalidade - atitudes e valores - interesses Forma de resposta: Verbal Escrito: papel e lapis Motor Via computador 1.4.1 Testes psicométricos e testes impressionistas A diferenga fundamental entre estes dois tipos de testes é que os testes Psicométricos se baseiam na teoria da medida e, mais especificamente, na Psicometria, isto é, usando nimeros para descrever os fenémenos wat Passo que os impressionistas “ 08 atributos dos individuos. Os 26 Técnicas de Exame Psicolégico: os fundamentos de que os tracos que eles medem sao dimensées, isto 6, atributos que apresentam diferentes magnitudes, grandezas estas que sio expressas por meio dos nimeros. Exemplos de testes psicométricos: testes que medem a inteligéncia (0 QI); testes de atitudes, nos quais vocé deve responder se esta de acordo ou nao (numa escala de 3, 5 ou mais pontos de intensidade de concordancia) com afirmacées do tipo “gosto de feijao e arroz”. Exemplos de testes impressionistas ou projetivos: desenho de uma casa ou figura humana; dizer que vocé vé em um borrao de tinta; desenhar uma arvore. Outra diferenga entre esses testes: os testes psicométricos sao maxi- mamente padronizados em suas tarefas e em sua interpretagao, de tal sorte que qualquer aplicador deve poder chegar aos mesmos resultados, enquanto os testes impressionistas normalmente apresentam tarefas nao estruturadas, sendo a decodificacao e a interpretacao dependentes em grande parte do aplicador, de modo que diferentes aplicadores podem ~ chegar a interpretagoes e resultado até contrastantes. Por isso, os testes psicométricos preferem utilizar técnicas de resposta do tipo escolha for- ¢ada, escalas de resposta enunciadas com numeros (tipo escala Likert de 5, 7 ou outro ntimero de pontos) que o sujeito deve simplesmente ‘marcar; tornando, assim, a sua resposta sem ambiguidade para o apli- cador apurar. JA os testes impressionistas requerem respostas livres dos sujeitos, tornando sua apuracéo mais ambigua e sujeita aos vieses de interpretacao do aplicador. Outra diferenca, que decorre do formato da resposta exigida do sujei- to, é que os testes psicométricos aparecem menos ricos do que os testes impressionistas. Arazao disso é que, ao se querer fechar ou estruturar ao maximo o tipo de respostas possiveis para 0 sujeito, os testes psicométricos _ oferecem certo numero de alternativas, nao todas as possiveis, para uma _ dada tarefa, empobrecendo ou restringindo, dessa forma, as respostas jeitos; isso nao ocorre com os testes impressionistas, nos quais as spostas sao livres e, portanto, abertas a todas as alternativas possiveis. -se, também, que os testes psicométricos estao mais interessados no juto, enquanto os impressionistas se interessam mais pelo processo stagem, isto 6, com os comportamentos que 0 sujeito exibe durante lucdo de uma tarefa ou item, tudo resulta uma questéo muito importante, que constitui uma Trata-se da validade da propria testagem. O psicometrista prima ietividade: as tarefas sao padronizadas, a correcdo ou apuracdo das as 6 mecanica, a interpretacao é realizada em cima de perfis de a Luiz Pasquali ignificado ¢ dado por regras de interpretacto derivag nameros e seu signi feitas com outros grupos de sujeitos, isto oa de pesquisas anteriores fei ou perfil de indices que podem ser can testes produzem um inclee montante de erro que se comete an on estatisticamente para vs ao. Pelo contrério, o psicélogo impression esta ou aquela eee suas tarefas s40 pouco ou nada es, trabalha muito oa 40 das respostas deixa margem para interpretagies trubarades a Ao avaliador e a interpretagao dos resultados esi Se ebmante enaanta do avaliador. Assim, descreve-se 0 Psicélo- amet rretriata como um fotdgrafo, porque do eis: objeto —r e qualquer um pode tirar a mesma fotografia; do psicélogo impressionista se diz que é um artista, um sabio, porque um pode produzir descrigdes melhores ou piores que outro sobre 0 mesmo sujeito avaliado. Dissemos no inicio deste paragrafo que esta 6 uma questao polémica, isso porque os psicometristas procuram o rigor e consideram os _procedimentos dos impressionistas uma farsa, puras especulagées, isto é, que eles estao “viajando”, andam em areia movediga. No entanto, os impressionistas acreditam que os psicometristas nao estao medindo coisa nenhuma de processos psicol6gicos, utilizam apenas artefatos estatisticos, de fato aniquilam o psicolégico com seus procedimentos, reduzindo a viqueza da personalidade humana a secura rida e fria de um numero. Vocé pode ser 0 juiz dessa controvérsia; contudo, parece importante ressaltar que em ciéncia deve haver objetividade, validade, replicabilidade, etc. de re- sultados. A tabela seguinte sintetiza anedoticamente as distin¢des entre teste psicométrico e teste impressionista, iD Teste Teste psicométrico impressionista Fotégrafo Artista Medida Descricéo Padronizacio | Nao padronizacéo Pobreza Riqueza Produto Processo Objetividade | Subjetividade 28 ‘Técnicas de Exame Psicolégico: os fundamentos 4.2, Os testes segundo a forma de resposta A resposta do sujeito a um teste pode ser dada verbalmente, como no caso da entrevista com criangas pequenas ¢ com analfabetos ou com pessoas deficientes. Outros testes exige! como em testes de psicomotricidade, situ observacao de comportamento como téenica (inclusive video e similares). Entretanto, o tipo de resposta mais utili- zado em testes psicolégicos é a resposta escrita, a saber, lapis e papel. A grande vantagem dessa técnica 6 que os testes podem ser aplicados cole- tivamente a grandes amostras de sujeitos, ocorréncia dificil de acontecer em situag6es nas quais as respostas sao dadas verbalmente ou se exigea observacao do comportamento do sujeito testado. Os testes psicométricos, em praticamente sua totalidade, sao de tipo ldpis e papel. Mais modernamente, com a popularizagao do computador, tornando cada vez mais pratica a utilizagao desse aparelho na testagem, e no futuro ela sera certamente a forma privilegiada no uso dos testes psicolégicos, particularmente no caso da testagem dita adaptativa, da qual falaremos em seguida. iso distinguir dois usos muito distintos No caso do computador, ¢ preci: do mesmo: de fato, ele pode ser utilizado como aplicador ou executor de testes. A seguir, essa distingao sera discutida. m resposta puramente motora, 1agées nas quais é utilizada a de coleta da informagao vem se 1.4.2.1 O computador como aplicador de testes (aplicagao at automatizada) feste caso, o computador substitui tanto o material utilizado (folhe- 9 do teste, folha de resposta, crivos de corregao, etc.) quanto o proprio go aplicador. Na verdade, 0 computador pode: ntar de modo muito melhor as questées do teste: maior quali- do material, maior clareza, repetir sem se cansar as explicagées, moldar desenhos, modificar cores, dar intervalos exatos de tempo, cias, de intervalos, de niveis de estimulos, ete. respostas, com muita rapidez e sem erro. 7 0 perfil de respostas do sujeito e enquadra-lo imediatamente abelas de interpretacao. rpretar 0 perfil psicolégico do sujeito. Luiz Pasquali Produzir registros legiveis, em niimero 96mm fine renee ancia imediatamente. ; aicd os testandos, porque estes normalments 6 asia ae ue ele nao se cansa de atender, nao ge i dor, j4 q) teragir com 0 computador, J a irrita, nao azucrina 0 testando, segue 0 ritmo normal do testando ¢ deixa-o se expressar livremente sem 0 constrangimento que um ex. perimentador pode produzit. Obviamente, o computador nao substitui (ainda) ° aplicador humano na observacao do comportamento do sujeito, quando isso for importante em uma testagem. Também a interpretagao do perfil psicol6gico é mais limitada do que aquela realizada por um psicélogo. O computador é certamente muito superior ao aplicador humano naqueles aspectos do ais mecanicos, exigindo rapidez e precisao e, quicd, como m é mais limitado na teste que sao m: redutor da ansiedade na tomada de testes; poréi interpretacao psicolégica dos resultados. 1.4.2.2 O computador como executor de testes (testagem adaptativa) A funcao do computador como executor de testes 6 muito mais elabo- rada do que ser um simples aplicador. De fato, 0 computador cria o teste na hora para cada testando diferente, adapta a testagem a cada testando. Como assim? Vejamos. Para o computador se apresentar como executor de testes, duas con- dicdes devem ser satisfeitas: banco de itens e algoritmo de sorteio. O computador, na verdade, nao cria testes nem itens. Ele pode analisat a qualidade psicométrica de um ntimero sem fim de itens e inclui-los em um banco de dados, no qual estes tém sua carteira individual de identi- dade. Com esse arsenal de itens, af sim 0 computador pode criar testes sem fim: quanto maior for esse arsenal, chamado de banco de itens, mais testes o computador pode criar, Agora, quem cria os itens 6 0 psicdlog? pesquisador e € ele que vai coletar a informagaa empirica sobre cada item por meio da pesquisa cientifica. O computador analisa essa informagae & produz a carteira de identidade do item, Essa carteira contém dados, tals como: que traco psicologico o item mede, quais seus indices de dificuldade e de discriminacao, qual a porcentagem de “chute” aca, 0 item tem sentidos diferentes para difi que elses ies e Ae if erentes para diferentes sujeitos ou pop! guns dados mais. A grande riqueza futura daqueles que trabalham com 30 e Técnicas de Exame Psicol6gico: os fundamentos testes é precisamente esses bancos de itens. Sua construcao exige pesquisa cientifica laboriosa e demorada (cogita-se que s40 necessarios pelo menos trés anos para construir um tinico banco de itens), pois se trata de criar centenas e milhares de itens para cada processo psicolégico. Além disso, 6 preciso fazer a manutencao periddica dos bancos de itens, porque, com o tempo, eles podem perder suas caracteristicas de bons itens, isto 6, sua validade. Nos EUA, por exemplo, a cada trés anos sao revistos os itens da pateria nacional que avalia o desempenho dos alunos. Como é que se faz isso? Pela técnica moderna da Psicometria chamada de Teoria de Resposta aoltem (TRI), essa tarefa é facilitada, porque permite estabelecer os para- metros dos itens independentemente da amostra de sujeitos utilizada. Daf épossivel, com cada nova pesquisa que se faz sobre o processo psicolégico ‘em questao, incluir sempre novos itens diretamente comparaveis com 0S ja inclufdos no banco. A técnica para essa facanha, entre outras, consiste em aplicar os novos itens, com uma amostra de itens ja inclufdos no banco, a uma amostra razodvel de sujeitos e estimar os parametros dos novos itens em confronto com os dos itens utilizados do banco de itens. Assim, ‘0s novos itens entram no banco nas mesmas condigoes que os velhos, e 0S yelhos ficam assim também revalidados. Criado e mantido o banco de itens, o computador somente precisa de um algoritmo que lhe diga que itens extrair dele para compor o teste ou para testar um dado sujeito. Por exemplo, se quero um teste de 30 itens para medir raciocinio verbal, digo ao computador (por meio de um algorit- mo matematico): pegue 30 itens do banco de itens que medem raciocinio verbal, que tenham uma dificuldade média de 0 (a escala 6 normalmente em escores-padrao, que vao de menos infinito a mais infinito, com média em 0) e cuja amplitude va de -2z a +2z, e que tenham um bom indice discriminacao, entre 1 e 2 (a escala de discriminagao vai de 0 a 4, dificilmente passa de 2). Se o banco de itens for realmente grande, © computador pode criar uma série elevada de testes de 30 itens, itamente comparaveis, com itens repetidos ou néo entre os varios Assim, 0 examinador ou 0 computador podera aplicar indiferen- ente esses testes a qualquer sujeito e a informagao sobre os sujeitos nente comparavel, qualquer que seja o elenco de 30 itens que computador escolheu para essa testagem. Evita-se, assim, também a ¥ ados antecipadamente pelos sujeitos, tornaria sua aplicacao invalida. de-se, igualmente, colocar o sujeito diante do computador e dizer | agora descubra qual é 0 nivel de raciocinio verbal deste sujeito! 31 le como proceder na se- tador Pa ; resolver esse problema 1), De fato, ele pode que ele faz isso? dores da area m deles mputador ada sujeito, en é pi agar em um piscar de olhos (claro, 8 Woe piscar ix es a resolver o problema com até tres itens somen e. ie Obviamente ha muitas maneiras de fazer isso © 08 Re re aah ainda estao a cata de algoritmo' - pode ser © seguinte: Se eu dei antes a0 © Jecéo dos itens para © te um item de dificuldade média (z = 9); e tenham rou, entao descarte todos 0S itens do banco qu jade ou maior; dificuldade de 0,5 desvi tao descarte todos 0s itens com difi 1) apresen' 2) seo sujeito & essa dificuld: 3) apresente um item com 4) se 0 sujeito acertou, en! menor do que -0,5; 5) apresente um item -0,5 e siga 08 passos ‘0 abaixo do primeiro; culdade caminho entre Z = Oez= com dificuldade a meio as de dificuldade dos itens. de 1 a4.com as novas faixé o computador vai ja dizia de tentativas, espondera ao Dessa forma, depois de me! erbal do sujeito, a qual corr acertar o nivel de habilidade v item de dificuldade mais elevada que ele conseguiu resolver. Para o proximo sujeito, 0 computador vai fazer amesma coisa, utilizan- do itens inteiramente diferentes, mas ainda medindo 0 raciocinio verbal. Assim, 0 computador pode criar na hora um teste diferente e adaptado para cada candidato, por isso que se chama de testagem adaptativa. A palavra adaptativa nao é muito boa em portugués, mas é utilizada como traducao da inglesa adaptive; em portugués essa testagem talvez seria mais adequadamente descrita se fosse chamada de testagem sob medida ou testagem a medida ou testagem a0 gosto do fregués; mas a terminologia jé foi criada e é assim usada. 1.4.3 Os testes segundo o construto que medem : Dividir os testes psicologicos segundo 0 proceso psicolégico que me- om ¢ uma tarefa arriscada, porque existe um ndmero sem fim de tais visa se tornaria inutil pelo seu tamanho e também processos ¢, assim, a di ainda confusa, porque muitos desses i port processos psicolégicos se s : enco} pe eto e definidos. Cattell e Warburton, j4 em ‘arienemel Bee et fe uma taxonomia dos testes em termos de tr: na oe P por serem cles em namero ilimitado. enon 32 Técnicas de Exame Psicolégico: os fundamentos los manuais sobre testes apresenta uma diviséo destes em termos : tracos latentes, ainda que bem gerais. Resumidamente, essa tentativa e ser apresentada como segue: ___ Aptidao geral & - Testes de inteligéncia geral (QD. p20: - Testes de inteligéncia diferencial (aptidées diferenciai o mérica, abstrata, verbal, espacial, mecénica, inteligéncia fluida m versus inteligéncia cristalizada, inteligéncia social, etc.). _ Testes de aptidoes especificas: mecdnicos, musica, psicomotricidade __ Testes de desempenho académico (provas educacionais) _ Testes neuropsicolégicos: testes de disfungées cerebrais e neurolégicas. __ Testes de preferéncia individual _ Testes de personalidade _ Testes de atitudes, valores _ Testes de interesses _ Testes projetivos _ Testes situacionais, de observagdo de comportamento, biografias. : nu- |.5 Uso DOS TESTES PSICOLOGICOS testes servem para fornecer informagées sobre os individuos, a partir s quais alguém deve tomar alguma decisao com respeito a estes; ou seja, visam fornecer dados confidveis para alguma intervengao. Como portamento humano ocorre nas mais variadas situagGes de vida e ‘es e objetivos também os mais diferentes, é possivel prever que os que procuram avaliar esses comportamentos, deverao ter objetivos ‘iados, tanto assim que um mesmo teste pode ser util e adequado situacéo e menos apropriado em outra. Entao, para que propésitos am os testes psicolégicos? Poder-se-ia responder que eles servem qualquer propésito. Mas discriminando melhor, pode-se dizer que ¢ psicolégicos sao utilizados basicamente para cinco finalidades: cacao (psicotécnico); romocao de autodesenvolvimento; ervencao psicoterdpica (psicodiagnéstico) e psicopedagégica; 33

You might also like