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4 – SEDIMENTAÇÃO - DECANTADORES
O processo de decantação é uma das etapas de clarificação, devendo ser aplicado conforme
as características de cada efluente e do processo de tratamento.
No caso dos processos que gerem lodos orgânicos deve-se evitar a permanência exagerada
desses no fundo dos decantadores para reduzir a sua anaerobiose e a conseqüente formação de gases
que causam a flutuação de aglomerados de lodos. Isto pode ocorrer por simples anaerobiose com a
formação de metano e gás carbônico e pela desnitrificação com a redução dos íons nitratos a gás
nitrogênio. Pode ocorrer também a formação de gás sulfídrico pela redução do íon sulfato.
A decantação é um processo físico, logo se deve evitar nos decantadores as condições para
ocorrência da atividade microbiana. Nos casos de lodos originados nos processos químicos ou com
efluentes originados em processos industriais inorgânicos pode-se admitir um tempo de retenção
maior dos lodos no fundo dos decantadores. Os decantadores apresentam diversas formas
construtivas e de remoção de lodo, com ou sem mecanização. Os decantadores podem ser circulares
(Figura 1) ou retangulares, com limpeza de fundo por pressão hidrostática ou com remoção de lodo
mecanizada por raspagem ou sucção. No caso da presença de escumas (materiais flutuantes), é
necessário um removedor de escuma. Como qualquer outra unidade de tratamento os tanques de
decantação são projetados para um equipamento específico ou sistema de limpeza, não sendo viáveis
alterações posteriores ao projeto.
Existem valores máximos da taxa vazão (ABNT) para decantação primária e decantação
secundária. A Figura 5 mostra os gráficos adotados na antiga norma (ABNT – PNB 570) que
relacionam a remoção da matéria em suspensão e da DBO em relação à taxa de vazão superficial.
80 100
70 -2
3
60
50
40
30
20
10
10 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
3 -2 -1 Remoção de DBO (%)
Taxa de escoamento superficial (m m dia )
Figura 5. Remoção da matéria em suspensão e da DBO em função da taxa de escoamento
superficial.
b) Sedimentação floculenta
As partículas floculam durante a sedimentação, originando aglomerados de diferentes
tamanhos, formas e pesos (Figura 6).
Tempo de detenção
Partículas floculentas são aquelas, que podem variar sua velocidade de sedimentação, devido
à modificação de sua forma, dimensão e densidade, durante o processo de sedimentação. A
abrangência do fenômeno é a floculação, que depende da possibilidade de choques entre as
partículas. Esses efeitos podem ser quantificados, através de testes de sedimentação, não sendo
possível equacioná-los, em função das características das partículas e do fluido; ao contrário do que
ocorre com as partículas discretas.
Decantador 8
4.1.1 - Características
a) De acordo com a forma:
Os tanques de sedimentação, quanto à sua estrutura construtiva, são diferenciados entre:
_ tanques retangulares planos com fluxo horizontal paralelo;
_ tanques circulares planos com fluxo horizontal radial;
_ tanques em forma de funil com fluxo radial ascendente.
d) Sentido de fluxo:
_ horizontal;
_ vertical.
Os dispositivos de entrada de um decantador são os vertedores simples, cortinas perfuradas,
canalizações múltiplas, canalização central. Os principais dispositivos de saída são os vertedores
(triangular), calhas e canelatas.
4.1.2 – Eficiência
A eficiência dos decantadores está relacionada com a capacidade do tanque em permitir que
os sólidos contidos nos efluentes sejam convenientemente decantados sem que haja perturbação ou
arraste destes sólidos antes de sua remoção ou transferência.
A decantação por processos químicos depende, dentre outros fatores, das propriedades
químicas dos reagentes, do tempo de reação, pH, das características dos produtos formados.
As condições de decantação: dependem da velocidade de sedimentação, ou seja, à taxa de
escoamento superficial. Pode-se relacionar, também ao tempo de detenção no decantador. Para
esgotos, normalmente o tempo de detenção é de duas horas (2 h), sedimentando praticamente todos
os SS. Tempos de detenção elevados podem apresentar anaerobiose e gerar maus odores e gases.
O tempo de detenção hidráulica (TDH) representa o tempo médio de permanência das
moléculas de água em uma unidade de tratamento, alimentado continuamente.
Decantador 9
Q.h Q.h Q Q Q
v= h = = =
t V A.h A
V
V TDH =
Q
A proporção de moléculas de água que permanecem na unidade por tempo t, maior ou menor
que TDH teórico, indicam a existência de curto circuito e zona morta.
a) Decantadores circulares
São usados nos tratamentos primários e secundários, com alimentação, normalmente, pelo
centro e ascendente. As principais vantagens e desvantagens constam na Tabela 5.
Dimensões típicas: diâmetro de 3,0 até 60 m (não são recomendados grandes diâmetros);
profundidade lateral de 2,5 a 4,0 m (usual 3,0 a 3,5 m); inclinação de fundo 1:12.
a) Decantadores retangulares
Recomendados quando há limitação na área disponível para implantação da ETAR.
As principais vantagens e desvantagens constam na Tabela 6.
água bruta
zona de lodo
Figura 12. Tanque circular com fluxo radial horizontal com remoção de lodo
Decantador 11
funil de lodo
Exercício: Considere uma cidade que apresenta uma população de 100.000 habitantes e a produção
per capita de SST é de 60g/hab.dia. Considerando a eficiência de remoção de 55% no decantador
primário. Sabendo-se que o teor de sólido no efluente equivale a 1,5%, e a massa específica do lodo
é de 1,020 kg m-3, a taxa de escoamento superficial é de 48 m3 m-2 d-1 e tempo de detenção
hidráulica de 70 min, determine:
a) a vazão do efluente;
b) a área superficial do decantador;
c) o diâmetro de um decantador circular;
d) a altura útil do decantador.