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Ao longo de mais de uma década estou a frente do Templo Escola Casa de Lei, cujo mentor espiritual é um Exu, portanto a oportunidade ETM EW SC CORNED NON (CoN ver esse livro é o maior presente que eu poderia receber do plano es- PLgT Pa OS CoA recordar randes ligdes, as quais PVSSNOL| como médium e _ sacerdote Lonely PRS ROMO DOS PRION ome arene MSE LAS de Name S UES e OTT MO rie (Uae 2c hares de outros irmaos de fé que esto em busca das mesmas respoOs- Trem RUC Re TDL b oe 3 SUMARIO. Introdu¢4o — um convite para conhecer exu Exu ensina ligdes a Oxala Orixd Exu Diabo: a falsa reputacao de Exu O sacrificio animal ~ a tradigaio e a deturpagao O papel Exu na vida das pessoas Exu e Pombagira: os mantenedores da energia vital Ha quem afirme que Exu faz o mal O mistério magistico do fumo e da bebida As falanges de Exu na umbanda Exus de Oxala Exus de Oxéssi, Ossain, Obé e Ewa Exus de Ogum Exus de Xangé e Iansa Exus de Obaluaié Exus de Omolu Exus de Oxumaré, Oxum, Iemanja e Nana Fundamentos da oferenda Assentamento e firmeza Os trés pilares que fundamenta uma firmeza Elementos e seus significados Ervas de Exu Pedras que vibram a forca de Exu Firmezas de sustentagao de Exu Dividas mais recorrentes Conclusio 13 21 25 33 45 51 59 63 69 73 77 83 89 95 101 107 113 119 127 131 141 177 185 187 197 251 BX PREFACIO 6 Recebo de meu marido missio ~ desafiadora, como ¢ toda missao ~ de prefaciar a sua mais nova obra. Paro para pensar sobre a imensiddo do conteudo ¢ sobre quais os principais aspectos da reflexdo trazida por ele neste livro que deveriam ser colocadas em destaque, mas a resposta ja ava diante dos meus olhos. Si Ss ; ma capa, CU. 1 A EXU, essa palavra de apenas trés letras, jd ¢, por si sé, um enigma, uma provocacao ¢ eu nao seria capaz de evidenciar apenas alguns trechos, porque 0 livro inteiro é repleto de profundidade, desmistificagao, amor & verdade. Conviver com o Alan me trouxe, indiretamente, a oportunidade de conhecer mais intimamente esse mistério e aplicar seus ensinamentos em minha vida. O contetdo apresentado por ele, a partir da proximidade com este guia, e um vasto conhecimento sobre seus fundamentos farao com que 0 leitor desenvolva sua propria capacidade critica para desconstruir inverdades que, hd muito tempo, vém sendo disseminadas a fim de demonizar EXU. Se é utopia ou ndo esperar que um dia todas as pessoas (umbandistas e ndo umbandistas) conhegam a verdadeira face dessa importante entidade de Umbanda, ao menos sairemos deste livro com a certeza de que devemos dar a ela todo respeito, honra ¢ admiragao que EXU merece. ” lone Genin u INTRODUGAO ~ UMCONVITE ~ PARA CONHECER e EXU } HA ’ 6 ae NCIA ENT Ni Wyg 3 Dizer que o tema Exu é complexo ¢ repleto de controvérsias seria uma enorme redundincia, pois j4 é do entendimento da maioria dos adeptos das religides afro-brasileiras que ha inimeras “verdades” e “inverdades” disseminadas ¢, cquivocadamente, consideradas como “fundamentos inquestionaveis” sobre o tema. Infelizmente vemos um desservigo ao culto a Exu quando uma informagao nao legitima se propaga e se torna, para alguns, verdade absoluta. Normalmente, quando se argumenta sobre determinado tema em uma Otica religiosa especifica, tende-se a ignorar alguns elementos do proprio tema em questao por nao se encaixarem nos ideais filosdficos e morais do argumentador. Isso ocorre em absolutamente tudo, até mesmo em debates sobre Deus nas diferentes culturas e tradigdes. No caso de Exu, nao raro, quando alguém se pde a explica-lo, isso é feito de modo condicionado a uma compreensao limitada, cuja base reside em experiéncias, valores, crengas ¢, algumas vezes, achismos, sem qualquer embasamento tedrico ou hist6rico sobre o assunto. O conceito sobre a forca Exu sofreu (e continua sofrendo) transformagées constantes em meio aos varios aspectos da sociedade e das religides contemporaneas e, em alguns casos, distancia-se da verdadeira esséncia sagrada ¢ primordial junto a Olorum e aos outros Orixas. Ha uma enorme discrepancia entre como se construiu o fendmeno Exu no Brasil e a sua real natureza enquanto divindade africana. Ha quem afirme que Exu faz trabalhos para 0 mal e compactua com os desejos ¢ interesses mundanos do homem, estando a disposig’o para atender pedidos e solicitagdes de qualquer natureza, desde que seja bem pago. Esses costumam rebaixa-lo a uma posigio de servigal e escravo dos Orixas e dos homens. Quanta ignorancia! INTRODUCAO ~ UM CONVITE PARA CONHECER 2 Seguramente sabemos que Exu faz o bem, é benevolente, caridoso, ¢ cumpre © papel de pai para com cous filhos © amigo leal para com sua comunidade. Ele é um servidor da re eda Justiga Divinas ¢ nunea traj ou corrompe esses designios. A demonizagio da sua figura em meio A diéspora africana se fortaleceu de tal forma que, ao longo da histéria, criou-se um “personagem” diabdlico em torno dessa divindade, 0 que ocasionou a transformaciio de Exu na personificagdo do mal para os leigos e religiosos, Consequentemente, é inegavel que haja uma enorme confusio entre 0 certo eo errado acerca dessa divindade, sendo inevitavel que existam, por todo o mundo, opinides e convicgdes divergentes sobre essa mesma questio. No entanto, no caso de Exu, por mais estranho e confuso que isso possa parecer, essa aparente “bagun¢a” gerada em torno da sua imagem é a expresso mais fiel e legitima da sua natureza divina e sagrada. Exu é a controvérsia em si, a duvida, a convic¢ao ambigua, a dualidade. Isso é visto claramente retratado nos Itas da cultura nagé ioruba, como 0 seguinte: Conta um mito que certo dia, Exu pintou metade de seu corpo de vermelho € a outra metade de preto e apostou com dois amigos qual deles conseguia adivinhar qual era sua cor exata, Os amigos, porém, sé conseguiam enxergar um dos lados: um observava e via o preto, o outro observava e via o vermelho. Cada um falou a cor que lhe aparecia e ambos erraram. Exu ganhou a aposta e disse: “vocés nao saberaéo como eu sou se no derem a volta ao meu redor””. Esse Ita reforga que tudo é Duplo: tudo tem polos, tudo tem o seu oposto, 0 igual e 0 desi; igual so a mesma coisa, os opostos so idénticos em natureza (mas diferentes em grau), os extremos se tocam, todas as verdades so meias-verdades e todos os paradoxos podem ser reconciliados. L i ELE E UM SERVIDOEK DALEIE DA gS DIVINAS E. wt OU Peet ON tao Ped DESIGNIOS. Segundo esse principio, tudo na natureza existe a partir de uma dualidade. Todas as coisas devem ter necessariamente dois lados: 0 dia e a noite, 0 bem € o mal, o nascimento e a morte, o claro e 0 escuro, 0 quente € 0 frio, o alto e 0 baixo, a direita ¢ a esquerda, o positivo ¢ o negativo, a juventude ea velhice, dentre muitos outros. Assim, todos os opostos seguem-se um ao outro e um néo vive sem o seu contrario. Por isso, como dito no inicio do texto, Exu é a controvérsia em si. Como 0 vemos é de acordo com a nossa propria perspectiva e realidade, as quais, mutaveis e evolutivas, podem também ser parciais. Ouso dizer, ainda, que Exu éa extensao do bem e do mal que habita em cada um de nds, portanto, como externamos Exu dira mais sobre nds do que sobre ele mesmo. Desse modo, amigo e irmao de Fé, esteja aberto aos questionamentos que farei direta e indiretamente no decorrer dessa obra e se permita a uma significativa mudanga de perspectiva sobre essa entidade. Mergulharemos juntos na imensidao do mistério Exu, em sua mais original esséncia e natureza, com énfase nas particularidades da religiiio de Umbanda, suas praticas e ritualistica, contudo, sem ignorar sua origem africana e sua passagem por outros cultos que tornaram esse fenémeno religioso tao popular no Brasil. Laroyé, Mojuba! INTRODUGAO ~ UM CONVITE PARA CONHECER EXU 19 WY do um Itan Joruba, Oxala foi encarregado por Olorun a Segundo u lar 4 mundo. umprir sua missdo, antes da partida, Olorum entregous) he 6 e cl . + Para Go” para que, com os elementos contidos nele, Oxates ny, 3? da criagao” para que, mui criar, dar forma e vida ao mundo. Esse poder confiado ndo dispensava Oxald, entretanto, de a a certas regras e de respeitar diversas obrigagées, inclusive outros orixas. Submery, PAPE cop Em razéio de seu car ier altivo, ele se recusou a fazer alguns Sacrificios 6 oferendas a Exu antes de iniciar sua viagem Para criar 0 mundo, Oxalé se pés a caminho, apoiado num grande cajado de sore). estanho (pa No momento em que ultrapassou a porta do além, en entre suas miltiplas obrigagées, deve fiscalizar dois mundos. eontrou Exu que, 48 comunicagoes entre os Exu, descontente com a recusa de Oxalé em fazer as oferendas prescritas, vingou-se, fazendo-o sentir uma sede incon trolavel, Nada era capaz de aplacar a sede de Oxald, até que ele usou seu cajado para furar a casca do tronco de um dendezeiro como intuito de se refrescar com wn liquido que escorria dele, 9 vinho de palma, 2 XU Ele bebeu-o abundantemente, ficou bébado, nao sabia mais onde estava e caiu adormecido, Veio, entéo, Odudua, criado por Olorum depois de Oxald, e seu maior rival. Vendo Oxalé adormecido, furtou-lhe 0 “saco da criagdo”, dirigiu-se a presenca de Olorum para lhe mostrar seu achado e contar em que estado se encontrava Oxald. Olorum exclamou: “Se ele esté neste estado, va vocé, Odudua, criar 0 mundo!” Quando Oxalé: acordou ndo mais encontrou ao seu lado 0 “saco da criagao". Chateado, voltou a Olorum e este, como castigo pela sua embriaguez, Ist ig! proibiu-o, assim como os outros de sua familia — os orixés funfin ~, de beber vinho de palma e usar azeite de dendeé. No entanto, confiou-lhe, como consolo, a tarefa de modelar no barro os corpos dos seres humanos, aos quais Olorum insuflaria a vida posteriormente. EXU ENSINA LIGOES AOXALA 23 Os Its cumprem o papel de explicar ~ de forma liidica ¢ simbélica ~ ag caracteristicas e os atributos dos Orixds, além de apresentarem reflexdes ¢ aprendizados para os adeptos do culto africano. Nesse Ita em questio, Exu ensina ligdes valiosas que nos ajudam a entender um pouco sobre seu fundamento e sua atuacao. Um dos ensinamentos que podemos extrair é que, segundo Exu, ninguém € tao importante que nao deve respeito aos outros, ou seja, as regras e a lei divina aplicam-se a todos, sem excegao, mesmo para aqueles que esto acima hierarquicamente. Exu também € aquele que nos leva a conhecer os nossos vicios e as nossas fraquezas para que possamos corrigi-los. No mito, Exu ndo embriagou Oxalé, apenas o fez sentir sede. Foi o proprio Oxala que perdeu o controle no consumo do vinho de palma ¢ chegou naquele estado de embriaguez. E uma ligao sobre os excessos, sobre ultrapassar os nossos proprios limites e permitir que alguns atos e decisdes prejudiquem nossa missao. Hoje, gragas A licHo dada por Exu, Oxala é 0 orixa da sobriedade. 24 BXU CAPITULO 2 ORIXA EXU > a }NDEPENDENTEMENTE DAS Es DIFERENCAS CULTURAIS, SOCIAL ETNICAS E RELIGIOSAS, EXU SE MOSTRA O MESMO E CASOS, SENDO O} SIVINDADES E O; 3 Exu (Est) tem sua origem mitolégica na cultura iorubana (ou nagé), formada por povos que habitavam principalmente o sudoeste da Nigéria, o reino de Ketu (atual Benim) ¢ 0 Império de Oyo, na Africa Ocidental. As suas Divindades eram os Orixds, os quais estavam ligados originalmente a uma cidade ou a um pais inteiro. Tratava-se de uma série de cultos regionais ou nacionais, a saber: Xangd em Oyo, Yemanja na regido de Egba, Ewa em Egbado, Ogum em Ekiti e Ondo, Oxum em Ijexa, Osogbo ¢ Ijebu Odé, Erinlé em Ilobu, Logunedé em Ijexa e Oxala-Obatala em Ifé. No caso de Exu, notamos a sua massiva presenca em praticamente todos Os povos, ou seja, ele recebia culto junto aos outros Orixas, o que mostra a sua forte influéncia e popularidade em toda a sociedade Nagé. E possivel encontrar Divindades com atribuigdes e caracteristicas similares a Exu em outros grupos étnicos e linguisticos da Africa, como na cultura do povo Fon, por exemplo. Sua maior expresso histérica, politica social advém do Reino do Daomé, localizado no sul do Benim, na Africa Ocidental. Cultuam-se os Voduns, sendo aquele com maior semelhanga com o Exu Nagé denominado Legba, Vodun geralmente assentado na entrada da aldeia e que cumpre o papel de afastar todos os maus espiritos. E invocado antes de qualquer ceriménia para garantir a calma e 0 bom andamento do ritual. Um outro exemplo é visto entre os bantus, povos que habitaram regides de Angola, Congo, Benguela, Ovambo, Cabinda, Macua, Angico e outras. Suas divindades sao os Nkisi, representados pelos elementos ¢ pelas forgas da natureza, e a deidade que se assemelha a Exu é conhecida por varios nomes, como: Aluvaid, Pambu N’jila, Mavambo, Pavena. Independentemente das diferengas culturais, sociais, étnicas e religiosas, Exu se mostra o mesmo em todos os casos, sendo 0 elo entre as divindades € os seres humanos, 0 mensagciro entre o aiyé (terra) ¢ o drun (céu), e que atua, portanto, como intermediario entre os orixds, as divindades e Deus, ORIXAEXU 27 BY de tradigfio loruba, Exu pode ser invocado sob diferentes nomes (ou qualidades). Esses nomes fazem roforéncia a Spitetos, titulos, funcdes, atribulos miticos, lugares ou esfera de regéncia da divindade em questo. Vejamos a seguir alguns desses nomes ¢ atribuigdes, No candomblé Exu Ajonan ; tinha o seu culto forte na antiga regidio Ijex4. Fundamento com Oxum, Exu Akesan fundamento com Oxumaré e Oxéssi. Ext Alakéta fundamento com Oxéssi. Exu Ale fundamento com Omolt. Exu Arijidi fundamento com Oxum. Ex Asana fundamento com Oxum. Exu Foki ou Bara Toki fundamento com Oyé e varios orixds. Ext Igbarabé fundamento com Yemanja e Xangé. Ext Ijedé fundamento com Logun. Ext ijena fundamento com Ewa, Exd ina responsivel pela ceriménia do Ipade, na qual regulamenta o ritual. 28 BXU Ext Iroké fundamento com Irok6. Exu Jelu ou Ijelu fundamento com Osolufun. Exu Jeresu fundamento com Obaluaié. Exu Jina fundamento com Oxumaré. Ext L’Oké fundamento com Oba. Ext Lajiki ou Bara Lajiki fundamento com Ogun, Oyé e atua nas porteiras. Ext Lala fundamento com Odé, Ogun e Oxala. Ext Langiri fundamento com Osogiyan. Ext Odara fundamento com Oxald e Odé e encaminha 0 carrego do Ebo. Ext OnanOnan fundamento com Oxun, Oyd e Ogun, responsavel pela porteira do Ketu. Ext Ord fundamento com Odé e Logun. Ext Sijidi fundamento com Omolt e Nana. Exa Tiriri fundamento com Ogun Ext Topa/Erue fundamento com Ossain. ORIXAEXU 9 c, niio se faz referéncia a Exu no sey Xe Union itado até aqui Normalmente a complexidade dessa pre vom oe fundamentOs doutrindrios, sendo restrita apenas a Oe jeNavtos Em rarissimas ocasides, OUVCe-SC dizer ane, em Umbanda, ha filhos de Exu como ha filhos de outros Orixiis, mas isso precisa ser questionado! a, convencionalment ixa como todos os outros, por tamente? Se existe uma linha propria Divindade, sera que da Umbanda ou apenas nao Se, na sua cultura origindria, Exu é Ori que entao ele nao ¢ citado ¢ cultuado, de trabalho que se intitula com 0 nome da a Divindade em si esta realmente ausente esti sendo notada? Essa “exclusio” ocorreria por qual motivo: falta de conhecimento, tradig’io, medo, preconceito? Preciso lhe revelar uma coisa... Infelizmente, as pessoas do mundo moderno tém Exu como uma deidade inferior em relagao a outras entidades e divindades. Sim, tratam-no de modo inferior. Talvez tal comportamento nao seja consciente, mas ha essa postura, ndo sé na Umbanda. Para alguns, Exu é visto e tratado como um subordinado, menos evoluido, de carater duvidoso, que atrapalha a vida das pessoas, que so pode ficar do lado de fora da casa, que tem que ser firmado no chao e abaixo dos outros, que precisa ser doutrinado para nao causar desordem e que ainda esta preso aos vicios e habitos carnais. 30 xu os PARA ALGUNS, EXU E VISTO E TRATADO COMO UM SUBORDINADO, MENOS EVOLUIDO, DE CARATER peta Leeson 0) 2) ATRAPALHA A VIDA ODE FICAR , QUE TEM ) CHAO E ABAIXO DOS Pat Cosh QUE PRECISA | SER DOUTRINADO PARA NAO CAUSA SESORDEM E QUE AINDA ESTA PRESG AOS VICIOS E HABITOS CARNAIS, i y Para alguns, Exu realmente faz 0 mal e se vende por garrafas de Pinga, sendo capacho de “pais ¢ mies de poste”. Para alguns, quanto mais diabolico Exu se apresentar na sua manifestagao, mais poderoso ele Seria ¢, caso fosse educado, gentil, respeitoso e “normal”, nao teria tanta forca assim. Ha os que acreditam, ainda, que Exu nao pode ser Pai de Cabega, Guia de frente ¢ Chefe de terreiro, pois isso seria uma desgraga na vida de alguém! Nesse sentido, com base nesse breve vislumbre da perspectiva popular de Exu nos tempos atuais, é importante nos perguntarmos: sera que as Pessoas entenderam realmente a natureza dessa divindade ou a distorceram da sua originalidade? Sera que se renderam — ainda que inconscientemente — ao arquétipo do diabo criado propositalmente pela igreja durante a diaspora africana? Exu ser considerado a personificagao do mal por algumas denominagées religiosas ndo é aceitavel, mas é compreensivel, pois falta nessas organizacdes o entendimento da sua real forga e poder, somado a uma carga de preconceito e discriminagao. No entanto, um adepto das religides de matriz africana, como a Umbanda, reforgar equivocos como esse é completamente incabivel e repudiante. Por isso estamos aqui, para ressignificar a distorgao feita com a mais antiga entre as entidades, aquela que éa representagiio viva de toda ancestralidade, aquela que é 0 principio eo fim de todas as coisas e que, mesmo em meio 40 caos, manteve-se viva e resistente por milhares de anos. 32 ExU DIABO: A FALSA REPUTACAG DE EXU @9 PONTO E eX 0):10. 6 17 VERDADEIRA NE 12 aN ROBUSTA, INTO 3% Falaremos agora da maior “fake news” da historia das religides africanas. Um acontecimento que, talvez, nfo seja do seu conhecimento, mas, se vocé for um adepto de alguma religido africana, possivelmente ainda vive as consequéncias que advieram desse fato até hoje. Em 1843, surgiu a primeira tradugiio da biblia crista em lingua iorubé e ela foi feita por Samuel Ajayi Crowther, nigeriano, ex-escravo, bispo da Igreja Anglicana e ferrenho defensor do combate as trevas. Samuel, fascinado pela ideia de assimilagao entre as entidades iorubas e os personagens biblicos, cometeu o erro de associar Exu ao Diabo. Essa oficializagao tomou proporgdes absurdas e, nos tempos atuais, tornou-se argumento para atrair fiéis e mascarar o preconcei Exu é descrito, em varias de suas lendas, como impiedoso, cruel, de temperamento dificil e trapaceiro, entretanto essas caracteristicas apenas foram fabricadas para amedrontar os descrentes e as tribos rivais daqueles que o cultuam. Enquanto Orixa, sua verdadeira natureza é robusta, intolerante com injustigas e protetora dos homens; um legitimo defensor daqueles que tem pouco ou nenhum poder. Satanas ¢ caracterizado como vilao dos céus e de toda bondade, responsavel pela incitagao do pecado e da luxtria desmedida, sendo 0 rei do inferno. Seu corago, vazio de qualquer sentimento positivo, deseja a corrupgaio daqueles que considera inferiores e dignos de puni¢do pela simples existéncia inoportuna. Orgulhoso, 0 Diabo jamais se curvaria em Amor e servico 4 prole humana. Em 313 E.C, Constantino, imperador romano, publicou o Edito de Milao (Edictum mediolanense), no qual era assegurado o fim das perseguicdes contra os cristdos ¢, em 391 E.C, o Cristianismo tornou-se a religiao oficial do Império Romano, tendo inicio, assim, 0 processo de expansio dessa religido, Caso invertéssemos a ampulheta da histéria e fossem os espiritos ancestrais africanos no lugar dos seguidores de Cristo, nao ha duvidas de DIABO: A FALSA REPUTAGAO DEEXU 3S BS que, nos dias de hoje, veriamos terreiros a cada esquina ¢ apenas uma ou duas igrejas bem escondidas. A ccolonizagio trouxe o inferno 4 Africa em nome de Deus, arrancou a vida ea escravizou, regozijou-se no mar de lagrimas dos negros j4 moribundog ¢ sem terras, banalizou as crengas divergentes apenas pelo prazer de se sentir superior. Aqueles que orgulhosamente alegavam erradicar 0 mal foram — esses sim — a personificagao perfeita de Satands. A divindade Exu chegou no Brasil ja demonizado pelos europeus ¢ ficou conhecido em todo o pais como a personificagao do mal. Essa visio se tornou legitima para os descendentes africanos € para os novos adeptos das religides afro que se formavam no pais. Dai em diante, Exu ja nao era mais visto e tratado pela sua natureza ¢ esséncia original, mas como um personagem maligno, conforme criado pelo homem branco. As religides afro-brasileiras surgiram apés a jungao da cultura de diversos povos africanos trazidos ao pais durante a diaspora que ocorreu entre os séculos XVI e XIX. Comoas religides foram se formando em diversas regides e estados do Brasil, elas foram se constituindo de formas diferentes umas das outras, inclusive em relagdo aos seus nomes. Muitas possuem influéncias de religides vindas da Europa, como o Catolicismo ¢ o Kardecismo. Entre as religiées com influéncia principal das culturas “sudanesas”, isto é, dos povos iorubas (“nagés”) e daomeanos (‘“jejés”), estio: ¢ Babacué (PA) ¢ Batuque (RS) ¢ Candomblé jeje (BA) ¢ Candomblé ketu (BA, RJ, SP) 36 EXU SEM DIREITO DE SE DEFENDER, EXU SE TORNOU A EXPRESSAO DO 2POSTO DE DEUS EM MEIO A MUITAS a RELIGIOES AFRO-BRASILEIRAS {£ FORA DELAS), CARREGANDO @ PESO DO PRECONCEITO E DA ISCRIMINAGAO. DESSE MODO, ELE * REPRESENTADO PO CHIFRES, RABO, a9 YON Oy) On ALGUMAS VEZES ATE COM DENTES DE VAMPIRO, COMO HA NOS DEMONIOS DAS LENDAS TUROPELAS, ENS cere ae sé ¢ Tambor-de-mina (MA, PA) * Xangé (PE) Entre as religides com influéneia dos povos bantos (quimbundos), estio: * Cabula (ES) * Candomblé bantu ou angola (BA, RJ, SP) * Candomblé de caboclo (BA) ¢ Catimbé (PB, PE) * Macumba (RJ, SP) ° Pajelanca (AM, PA, MA) * Toré (SE) ¢ Umbanda (RJ, SP e todo o Brasil) ¢ Xamba (AL, PB, PE) Outras religides afro-brasileiras: * Culto aos egunguns (BA) ¢ Encantaria ¢ Jurema sagrada * Quimbanda ° Omoloké * Terecé 38 EXU EI FREQUENTEMENTE ELE © CULTUADO EM AMBIENTES bce Se 1 EM | FOSSE UM MARGINAL DA ESPIRITUALIDADE, AO QUAI NEM OLHAR PARA O ALTAR COM A IMAGEM DE CRISTO SERIA PERMITIRG, Bk Em praticamente todas clas, Exu esta presente, ora como forga da natureza e ancestral (Orixé, Inkisi, Vodun), ora como espirito humano encantado (Entidade). Essas religides foram se formando espontaneamente ¢ todo conhecimento intrinseco a elas era transmitido por meio oral dos ancidos para os mais novos. Isso significa que, entre as muitas sabedorias disseminadas pelos adeptos, havia informagées distorcidas que se perpetuaram como fundamentos e verdades. Entre elas, a demonizagio de Exu, formalizada em 1843, como descrito no inicio desse capitulo. Sem direito de se defender, Exu se tornou a expressao do oposto de Deus em meio a muitas religides afro-brasileiras (e fora delas), carregando o peso do preconceito e da discriminacaio. Desse modo, ele é representado por imagens com chifres, rabo, pé de bode ¢ algumas vezes até com dentes de vampiro, como ha nos dem6nios das lendas europeias. Frequentemente ele é cultuado em ambientes sombrios, sujos e em cendrios macabros e tratado como se fosse um marginal da espiritualidade, ao qual nem olhar para o altar com a imagem de Cristo seria permitido. Nesse processo de assimilagado transformagado, as Entidades foram ganhando nomes populares para a igreja, como Exu Belzebu, Exu do Inferno, Exu Lucifer, Exu pagao, entre outros. Suas companheiras, denominadas inicialmente “Exu Mulher”, posteriormente foram conhecidas por Pombagira' e ganharam nomes com as mesmas conotagées: Rainha do Inferno, Maria do Cabaré, entre outras. Tudo isso é resquicio de um ato preconceituoso e maldoso do passado, o qual transformou a mais popular entre as divindades africanas no mais temido personagem da igreja e do homem na terra: 0 diabo. Mesmo sendo rejeitado, insultado e ignorado pelos préprios praticantes da Umbanda e das outras religides afins, Exu se mostra a mais generosa, compreensivel ¢ adaptativa dentre todas as divindades, pois em nenhum momento deixou de se faz sua missiio de guardidio do h er presente na histéria da religido, sendo fiel a omem ¢ das forgas de Deus. DIABO: A FALSA REPUTAGAO DE EXU 41 MX Em vista disso, se Exu nao é 0 demGnio, ele seria entdo um anjo? Nao, muito menos um anjo! Exu ndo é nem uma coisa nem outra, ele nao esta nem 14 em cima nem la embaixo; ele nao é nem do bem nem do mal, nem do céu e nem do inferno. Poeticamente, definiriamos Exu como: Luz quando ha escurid4o; For¢ga quando ha fraqueza; Animo quando ha tristeza; Justiga quando ha desigualdade; Verdade quando ha ilus4o; Caminho quando ha perturbacao; Amizade quando ha solidao; Seguranga quando ha desespero; Reviravolta quando ha conformismo; Amor quando ha 0 vazio. Exu é uma forga progressista € transgressora contra a uniformidade e a aversio, E atemporal ¢ evolucionista, rigido combatente da estagnagiio € da regressdo. Exu é a mais legitima expresso da lei e da ordem em meio ao caos no mundo criado pelo homem. Assim, resumir Exu a figura do diabo como a igreja o fez, além de anular toda forga e poder que ele traz em si, € dar ao tal do Diabo uma honra que ele jamais sera merecedor. 'Pombajira, Pombojira, Pambujira, Pombujira, Bombogira, Pombagiro ow mesmo somente Inzila sdo todos nomes variantes regionais de uma mesma Entidade, de da patavra pambu ia-njila (lingua quimbundo), que significa literalmente Ene DIABO: A FALSA REPUTACAO DI ty Fat ru AO RIOR DE bey WIRY OR OLEe LEU es i ee Rey ye ra: t JUSTICA QUANDO HF Priva ) EU ELVIS MAY OWEN TA YUN Ge Unuageali=. < -O SACRIFICIO— ANIMAL: A TRADICAO- E A DETURPACAO o Br pg SUMA IMPORTANCIA 5 anon QUE O PROBLEM, Re Wes eae ANIMAL EM SI, PORQUE © ABATE EXISTE DESDE A PTTL LUNE Kel Z.Va CUNHO RELIGIOSO COMO UVR AeA eee OS Em relago a esse assunto, procuro sempre ser imparcial no meu julgamento, pois tenho um profundo respeito a tradigao de todos os cultos, mas costumo, igualmente, ser incisivo contra a deturpagao existente, dentro e fora das religides afro-brasileiras, acerca do sacrificio animal. Ressalto, ja de inicio, que, no ritual de Umbanda, convencionalmente, nao ha o sacrificio animal. Desde sua fundagao, ha a determinagao de que tal pratica nao é parte do complexo de fundamentos da religio. No Templo Escola Casa de Lei ~ terreiro que dirijo -, regido por um Exu e sob a sua orientacao, dispensam-se tanto a pratica do abate quanto 0 uso do ejé (sangue) em suas oferendas, firmezas e assenta- mentos, pois se cré que ha formas de se alcangar um nivel energético equiparavel a esse emprego mediante a combinagao de outros itens. No entanto, acredito que, apesar de nao haver essa pratica em nosso ritual, podemos buscar a compreensdo do seu real fundamento. E de suma importancia entender que o problema nao esta no sacrificio animal em si, porque 0 abate existe desde a pré-historia, tanto para cunho religioso como para sobrevivéncia. Inclusive, a titulo de informagao e curiosidade, o consumo de carne no Brasil cresce absurdamente a cada ano, 0 que torna 0 pais uma das maiores poténcias em produgao e distribuigao agropecuaria no mundo. Nesse sentido, convenhamos que é hipocrisia criticar a galinha morta em um ato religioso e, simultaneamente, promover 0 crescimento do mercado da carne ao se consumir 0 que vendem no agougue, certo?! Apesar de banalizada, a matanga ritualizada € um dos rituais religiosos mais difundidos da historia humana. O conceito sagrado iminente nesse ato, segundo religides e tradigdes antigas, € 0 compartilhamento mutuo do alimento entre os Deuses e antepassados e a comunidade, como uma forma de relacdo e integra¢ao entre si. O SACRIFICIO ANIMAL — A TRADIGAO E A DETURPAGAO 47 trata do desprestigiado crime de maus-tratos, com vistas a defesa juridica dos animais. Devemos entender que o ato religioso do abate animal tem fundamento para algumas tradigdes e culturas, cabendo a quem nao o faz, apenas respeita-lo. O que nao se pode acreditar é que os fundamentos de Exu s¢ resumem ao sacrificio animal, como se 0 sangue fosse 0 combustivel que desse forga a Ele, como se os Exus precisassem de sangue para existirem e, somente por meio desse elemento, eles pudessem realizar os seus feitos e ajudar com eficiéncia seus assistidos. Ha quem leve isso tao ao pé &# letra que, quando os Exus se manifestam nos terreiros, chegam a inget!"° sangue diretamente do pesco¢o do animal, um ato horripilante que mais S° assemelha aos filmes europeus de vampiros do que a verdadeira nature“ de Exu, como ja dito anteriormente. ae nw a) - OQUE NAO 1) PODE 4 ACREDITAR E QUE OS 5 . 50 EXU NESSE CICLO NATURAL DE CAUSA E EFEITO, ESTA EXU COMO. O EXECUTOR DO DESTINO, QUALQUER MAI Ly. PENSAMENTO NEG, UE EMITS PARA OS OUTROS. ISTO NAO E CASTIGO, E LEY UNIVERSAL! m sem que haja real merecimento. Sem pensar em um tempo presente que esta ligado ao passado e ao futuro seria dificil explicar fatos que parecem mais “injustigas” cometidas por um Deus inconsequente do que um destino inevitavel e necessario para cada um: criancas nascem com limitagGes fisicas ou doengas incuraveis, Pessoas vivem em paises onde a escassez ¢ as condigdes de vida chegam a ser desumanas, familias inteiras sao dizimadas em catastrofes naturais. O PAPEL EXU NA VIDA DAS PI a Cay ) XU TEM UM TRABALHOSO PAPEL “| JUNTO AOS ENCARNADOS: VEM NOS 7 ENSINAR A ENCONTRAR O NOSSG - gee ‘tem um trabalhoso papel junto aos encarnados: vem nos ensinar a ar o nosso caminho, as motivagGes que iro fazer com que tenhamos a para recomegar quantas vezes forem necessarias, que os momentos. lorosos sejam grandes aprendizados na vida e que saiamos deles ainda mais fortes e resilientes. O poder de Exu ensina que, em vez de nos focar na dificuldade, devemos nos concentrar na solugao. Que 0 passado € importante por ter trazido também ensinamentos ¢ experiéncias, entretanto, nao ha nada que se possa fazer para © PAPEL EXU NA VIDA DAS PESSOAS 5S protetor na vida, nao vem falar de desgraca, triste, ‘ou infelicidade. Nao vem motivar o conformismo ou aaceitagao, promoverg ‘calvario, a dor ou a angustia. Nao suscita 0 ddio ou o fracasso. Pelo contrarig) Ele vem para nos empoderar diante da vida, tornando-nos donos de ngs. mesmos e protagonistas do proprio destino. Exu € a personificagao viva ¢ Jatente da forga e coragem que nos leva a percorrer 0 caminho ascendente rumo @ felicidade e ao sucesso em todas as areas da vida. | Exu, enquanto guardidio Saiba que existem fortes vinculos ancestrais e familiares com as Entidades _ quenosacompanham. Todoseles, alémdeterem escolhido espontaneamente estar ao nosso lado — e vice-versa —, também possuem vinculos afetivos ¢ de amor genuino, 0 que torna a relagao entre eles e nds intima e familiar, ‘© que acaba por revelar que a misso espiritual nao se relaciona com obrigatoriedade ou condigdes que sejam aceitas unilateralmente. Ainda acho estranha a necessidade de se afirmar algo tao obvio nos tempos atuais, mas ndo posso ignorar que essa deturpagao da relagdo do homem com 0 sagrado e, especialmente com Exu, também seja resquicio daquilo que busco descontruir com esta obra: toda espiritualidade que envolve 0 ser est em perfeita sintonia com o que sua alma precisa, sendo uma jungdo de afinidade, necessidade, resgate, evolugao e destino. | Desde os Orixds que regem a coroa até as Entidades que os assistem, todos compéem a egrégora espiritual particular de cada ser, na qual se inter- relacionam energias, mentores de luz, espiritos obsessores € encarnados, que juntos cumprem um s6 papel, de forma reciproca e esponténea, movimentando um sistema carmico coletivo que age de forma ininterrup!a, impactando todos os envolvidos. Nada é, completamente, um acaso- Ninguém esta onde nao deveria estar. Pessoas nao cruzam caminhos se™ que haja uma razo. Ha sempre um porqué — ainda que sem muita logica 56 EXU | 7 + uXU, ENQUANTO GUARDIAG “| : — para as coisas serem como sdo. Tudo tem seu tempo ¢ sua _necessidade de existir e essa é a esséncia da vida. Em vista disso, compreendemos que Exu € parte da nossa egrégora e ‘nds, consequentemente, somos parte da egrégora de Exu. Essa verdade esta além de religido, pratica mediinica, nivel de conhecimento, estagio evolutivo, idade, género ou vontade pessoal. Simplesmente existe e nada ou ninguém é capaz de modifica-la. A Umbanda como religiao proporciona que encarnados e desencarnados se unam para ajudar o préximo, sendo uma intermediadora para causas Propésitos, entre os quais 0 principal é que Médiuns e Entidades atuem em harmonia, trabalhando e se ajudando simultaneamente, em busca de um bem maior que ressoard por toda a eternidade. 58 EXU ii a de baixa qualidade vida; se for super utilizada € concretizarmos noss nocional int intuitiva, Ela atua como intensificadora, 0 desejo vivido com amor e respeito; vem para curar as dores n sexual e emocional. EXU E POMBAGIRA: OS MANTENEDORES DA ENERGIA VITAL 61 Pela falta de recursos que legitimavam as te disseminadas, definiu-se no passado que a linha de Exu er T Neto UCM Tee rome sek ed tr Tele eye a] sa. Na época usavam-se termos como ‘ SUTe he rete a Caer TN CSIs ar Var Tule tay al) Lie ja, preconceito e discriminagao. alta de recursos que legitimavam as informagdes disseminadas, se no passado que a linha de Exus era composta por alguns espiritos e outros do mal e que havia, entre as falanges, entidades que m qualquer tipo de trabalho ¢ poderiam até servir aos de indole €poca usavam-se termos como “Exu Pagdo” (entre outros) para jficar as entidades que faziam o mal e “Exu de Lei” ou “Exus os”, que seriam os que faziam apenas 0 bem. HA QUEM AFIRME QUE EXU FAZOMAL 65 , pensar que qualquer pessoa poderia vestir uma farda policial € como tal sem nenhum processo de forma¢o ou mérito pessoalmente ‘um grau, nao um rotulo, portanto todos os espiritos que se apresentam gando o nome dessa Divindade sio manifestadores diretos da sua orca € poder. Nao ha entre eles seres corrompiveis ou irresponsaveis, is seria incongruente aos atributos da Forga que foram designados a HA QUEM AFIRME QUE EXU FAZOMAL 67 Segundo a Lei Divina, nao ha meias palavras; “meio bonzinho ou meio mauzinho”. Simplesmente é ou nao €! Nesse sentido, Exu é a propria manifestagdo dessa Lei e da ordem; se ha um espirito que nao se enquadra nisso, nao é Exu. E qualquer coisa, menos Exu! 68 -EXU CAPITULO 8 _ OMISTERIO MAGISTICO DO FUMOE ~ DABEBIDA

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