You are on page 1of 56
30 de Setembro Excartos da Mangagem do exm, st, ds, Governador do Estado, Ensino Primario Tenho dedicado grande sorima de esforgos » lornar en- tre nés uma realidale 0 ensino primario. A primeira con’ go para tornar coisa seria a instrnegt far de parecer um contrasenso, a reduceto do nu escolas, pela verifiesgho rigorosa dos requtsilos indis para qe seu funccionamento constituisse um beneliclo. FE Intativo que sem um cero numero de alamnos, © am pro fessor inats on menos habilitadn, a e3¢0! vido tima burla despendiosa para o Fstado. Ora, entre nds, a matricula ‘olar, em grande numero deeasos, era una falsficagno eon- seionie dos interessids, e a habiltagto do professor nm pho- nomeno quasi que negaliva. Assim, pois, persistes muito hem, reduzindo as escolasioladas da jalrior. Dei cumprimento ds vossis determinagées, pelos deere tos de 27 de Novembro, 6 e 26 de Deze! 19 ¢ 9 de Janeiro de 1902. Em virtude (esses decretas e wisis los qe forganizaram: na capital eno interior noves grapos eseolares, © ensino primario ¢ facultado pelo Estado nos sezuintes esta- belecimentos Capital grupos escolares com 40 professores e 16 ad~ juntos; 6 escclas modelo, annexas 4 Escola Normal, com 6 professoress 20 escolas isoladas. Estas eseolus serio rennidas em brevee grupos, desde que encontrar predies bem collosadas e apropriadus para installagao. * Dos actuaes grapas eseolares, quatro foram fundados no men governo. Prelendo, auzmeniando acti! evtificio da Escola Normal, dar desenvolvimento 4s eseolas-modelos, ele- vando-as a grupo-modelo. grupos escolares, com 45 professores, sil Obidos, Santarem, Alemquer, Cameti, Soure, Vigia, Maracana, Braganga e Caraga. Diestes, os da Vigia e Maraeana foram por mim fundaitos, tratando ew presentemente de fundar mais dous, um em Maz Fapanim e outro em Abaeté, 43 eseolas isoladas de 2* entrancia (cidades ) Brae » de 12 entrancia (villas) 192, » de povoagies e logares. 64» »— mixtas. 201 ‘Temos, pois, no Estado, 402 escolas, nas quaes & distci- buido © ensino primario. gratuito. Para verdes as grandes vantagens que daconstituigao ‘tos grupos se lem originado ara o ensino pablico, recommende Yossa attenptio a sezuinte estatistica da matricula nos nosso grupos da. capt is tambem a_estalistiea escolasisoladas, que ainda restam na capital, Estas esta ieas se referem ao trimesire que findou em Junho. MATRICULA RScOLAR ew 30 De syHo DE 1902 Capitad Grupos escolares 2626 matriculados Escolas isoladas 2027 Excolas mortelos 280 + Interior do municipio da capital 1270s matriculadas 6203) nas escolas do municipio da capital, no te re do anno passatlo, foi de 5731, havendo, pos, tum accreseimo de 472. alumnos. Comparando a frequeneia, encontraremos. para 1901 (38! teimestre) 3909, © para 1903 2 trimestre) 4381 alumaos, on, urn augmento de 422 alum- Disso-vos em minha mensagem de 10 de Setembro de 1901 que me pareciam muito sobrecarregados os actuaes pro- grammas do ensino primario: sobrecarga sensivel e funesta 20 lumno, ineapaz de supporiar todas as 2: is do pro gramma. REVISTA DE ENSINO 2, Por outro lade, tambem vos affirmed que era evidente a insulficiencia de habilitagdes de grande parte do professarato, sobretudo no interior. D'ostas dias premissas se dedusia 1o- gicomente, ou o falseamento do programma por parte d > pt- fessor nao ensinando ou ensinanto mal, oo. avi too da escola por parte do alwnno depois da acyuisigay ‘los primei— ros rudimentos, Minha observagio de. administrador tome confirmaado na opinian quo entio vos éxternei. O fucto da so brecarga dos programmas tem provoeado 0 estudo ea consideragsio, nos paizes em que o ensino primario official & uma brilhante realilade. Esta grave questfo ie sido encarada naluralmonte pelo seu lndo mais importante, isto é, pelo lado palluslogivo, Fala se_correntemente nos tralades especiaes, nas rovistis © jornaes de medicine, em surmenage escolar, fadize intellectual, envenenamento ilo cerebro, sob-ecarga intellectual agindo so: re asaude eo earacter da erianga. Priga-s0 com afinco revisio e diminuigao dos programias. Nao me quero desen- volver muito sobre esta face da questao, que ¢ a considerada pelos educadores e medicos eurapens ¢ que tumbem nao para desprezar entre nds que passuimos, entre as causas de- bilitantes da saude das erianens, 0 ealor do nosso clima, Convem ainda ponderar que os’ paizes em qu» ensino tanto se tem desenvolvido eh ual depois de uma progressio lenta @ natural. Para esses paizes, anal Phabetisio esta vencido; 6 logiro que 0 estalo procure ang- mentar a quantidade de saber com que eau elalao deve penetrar armado na Iueta social. Eutre problema é luctar contra 0 analphubelis Incta, dado o nosso alrazo, obrigam a sacriflear a intensidade do ensino d sua prompta dissominagao, DPahi a neces reduzir os programmas para que as vantagens do ensino pos- sam ser fornecidas a um maior numero de meninos, visto como umn programma complexo oxige pars stu professorado com uum preparo muito infelizmente ainda mio podemos obler-e hem tao cedo obteremos, Estas considera;des avigoradas pelo tiencia me convenceram reformar os programma pi fleal-os, Para levar an cabo tao ardua tarefa, 0 Secretario da Ins— truegao Publica nomeou uma commissio composta actual- que ro suificiente, tudo e pela exp vel nocessidade de marios, uv sentido ve simplil ce. mente dos ers. desembargador Augusto Olympia como presi- dente, dr. Firmo Cardoso, professores Casa Pinheiro ed Maria Sarmanho. Esta eammissio, como preliminar no traba- Tho de que foi incumbida, teria de_proceder a win inquerito enire os membros do mazisterio primario de maior nola, no sentido de spurar-lhes a opinide sobre os resultadas pra- ficos colhidos m1 exectgto clos actuins programmas.€ qnars.as reducgbes que a expericneia do ensino Ihes. tenha aconselhado, Por este meio, © proprio professo~ parte na confecgao dos programmas renovados, que mais tarde tera Gonto em breve porter sujeitar 4 vossa aprociagao os lementos_preci-os para tomardes uma resolugao sobre to portante etranscendental assumpto. Escola Normal Sobre a Escola Normal, tenho a eorstataro grande des- envolvimento qne tem tido esta instituigao, O estado de sua matricula bem indica quanto ella é procurada pelos que al- nejam seguir a ardua senda do professorado. Kis algatismos bom suggestivo SMATRIGULA XA RSCOLA NORMAL, 1900 1901 1902 Alumnos 7 31 43 Alumnas 194 209 283, Total 211 240 331 Sobre o entinc, ncrmal su forgado a anor obgervagbet semelhantes a que fiz a proposito do ensino primaria, relati- yaiwenle i complexidade dos programmas ¢ & extensao do curso. Dadas as condigdes que o Estalo offerece ao profess» dado 9 ensino que nosso estivto de civilisagdo e as exigencias da Iyela contra o analphabetismo determina, ou 0 Estado simplifica o curso normal, fucilitando a eonguista do diploma, fou erda um eurso expecial que habilile 0 professor a0 pro menlo.de cadeirus do interior. Purece—ine que o ensino actial- tuente fornecido em nossa ecola normal, quando bem apre- hendido pelo alurmno, tira-ihe o desejo ds ir para o interior reger uma adeira com pouros ¢ ininguados veneimentos. REVISTA DE ENSINO 251 Diahi esta naturalaversto quetem todo recem-normalista de itpara o interior, insistindo com tenacidade em permanecer Erb tim posto escolar na eapital, mesmo com infrargno dos re- Gulawenlos escolares © doasngri los prineipiog de justica, que Seterminam gruaedar-se esses logares para os que tena pre tao servigos no interior, 4 hy urna pequena simplificaga, Aeterminando a juego no edging du certas materias se modoa generalisalas, 102s pareee-ine que isto nao basta Heino uxaradas estas figeiras obsorvagOes. para i" pos cnea, mreditandons; resolver segun’to o que jgartes mai mle 20 eatado actual do ensino publigo entre nés. Gymnasio Paes de Carvalho Permittir-me-heis cue insista sobre o que affirmei relat vamente ao. Gymnasio Paes de Carvalho, em minha ante Tnensagem de 10 de Setembro de 1901, Consider» multo des- Pendioso este eslabelecimento, de ensina e acho que o que Pelle se gasta nao é compensado pelas vantagens que, delle pelhemoe. Esta despesi excessiva prove de termos de res peitar © programma de ensino do gymnasio nacional aim de pomar ag prerogarivas e privilegios d'esle. Com o adiamento pomefinilo da exigencia do exame de madureza para a malri- tei atabelecimentos de ensino superior, com a mang- angao, quasi sem prazo fixo, pois tems vivido de adiamento tener tamento, dos exames parerllados, parece-ine qr seria cacti g sobretindo mais economics aduptar outry plano de a oe to entrelanto, istu con-lituc avesmpto de vasla cori fugto, que pretendo revolver até o fim do anno, si mesupprit. des coin a indispensavel auctorisago, Data iniciar a realisacto d-csse plano comecel! por pratt ear tuna profi no curso ile agrimenstfiy suspen eaeee em. Thanisfesta eeonumnia para o ‘Thesatroy ¥islo denioS exictia um alain malriculato, este, meso Fepe- Cane eo aeso. por ter sido julgudo iwhabilitade mo exame a que sujeitou-se © anno passa. MATRIGULA No GYNNASIO PARS DE GARYALHG 1900100 matrieulados; 1901—118 matriealados; 1902—132 matriculados. 52 A ESCOLA Bibliotheca e Archivo ‘A constituigio em uma unica repartigto da Bibliotheca ¢ do Archivo for uma idéa de resullato 4 nova organizagto, tem tomado incre importante amo do servigo publico. A organizagdo doarchivo da exlineta ada, 6 hoje urna reali as & vo- secrelaria do Governo, taitlas vezes | Gade, assim eomo a da secretaria de polica, fallando Go Thesouro e ontras repartighes menos importantes Jume dos Axxars, que encontrei com pouca: formas impressasy ja seacha publieado, tendo recebidu geraes encomios: 0 2? vo- Tame esta quasi prompto, e muito material jé existe preparado para os volumes seguintes. Eston conveneido de que é de grande importancia dardes maior desenvolvimento ao Archivo, determinando que todos (083 cartorios de escrivies e tabellides para elle remottam todos 5 atilos ¢ livros finclos, depots de uns certo prazo. ‘Comprebendereis que a. vida_ particular, a fortuna pri- vada nao. podem continuar dependentes das contingencias a que esldo exposios os actuaes eartorios, ja pela perda de pa- Peis, jd pela desidia de funceionarios que foueo interesse tém em guardar papeis velhos. “A perda de documentos é enorme, sobretudo quando, por vaga, 08 officios tém de ser novamente provides. Faculdade Livre de Direito mo determinastes na tei de orgamento ora em vigor, ‘a0 lnstitulo Teixeira dle Freitas 0 auxilio de 50 contos papel, para a installagao « manntengto de uma Fas we ia teed Direito Efectivamnente, com eolenntdale fallaram-se 0s cursos dessa escola superior e seus trabalhos proseguem com toda regalaridade. Tendofrancamento patro~ Ginado a clevada idéa dessa jf {No precisa creagho no nusso meio, resolvi invocar 0 anxilio das intendencias e conselhos munveipaes, que, pressurosos ¢ quasi unanimemente,responde- ram ao. meu appello, votando subsidios, correspondentes 0 tslado de suas finangas e ao valor de suas rendas. Espero que este ardor nao arrefega, até que, constituide um patrimo- io € augmentado o numero de seus alunnos, possa.a nova ¢ jd brilhante escola yiver com os seus proprios recursos. REVISTA DE EXSINO 253 Parece-me de grande justien que votois para a Faculdate de Direito am razoavel subsidio annnal que, se por uni lade ver nha materialmente ajudal-a a siver, por outro sirva de teste munho publica to apre iy que os merece a todos ‘Ao alevantado commettimento szicntifico. 4 r Literatura Latina A ELDQUESCIA Nio conhecera bem as Jettras latinas quem fora alheto 4 epoca do desenvolvimento Je sia eloquencia. A historia da loquencia dos grandes valtos de uma nagio vai de par com 4 da sua lingua e litteratura jaando a lingua chega ao apogio da perfeigio o da anidade, ha de por forca preduzit uma litteratura ealta, que por suavez nos maravilha ow nos surpreade, com as obras do fenio e da eloquoncia. Histosiar a eloquencia dos tempos ro- anos 6 eomo doserever um dos mais belos Jados da physio- nowia do povo guorveiro € eonguistador. A TE nfo era por voatara na tribana, no asnado, 9 fora que mais se manifestara naqaelles tempos a vida dos rom: Nao fora alli, om plonos eomicias, que se travaram as mais notaveis e renhidas Iuctas em prdl da independoneia ¢ liber- dade patrias? Nao fora ainda alli que Cicero, 0 mais elo- quento dos oradores romancs, denuneiara com. precisa ma. thematiea e com toda a cnengia de sou verbo intlammade, as intrigas eavillosas ¢ 03 planes sanguinarios da eonjaragio de Catilina ? ‘Nio estamos como ouvindo ainda aquelle famoso @ des- enganado—Quousque tandem... quo fizera estremecer Ca- filina, © 0 veneora, o rendora, 9 movera a sahir do senado, cade usaryara um’ logar, 0 rescivora a eseolher o exilio es ponianco, e salvara avsiin a sogaranga pub ica romana to fmeagada pola onsalin Waquelle forwidavel eauditho? ‘Por corto, eatdo tratava-se a vida ou da morte da Re- publica; © se nao foram o talonto, a scionciy © 0 patriotis- inp de Mareo ‘Tullio, ¢ s¢ nip fra sobretado a san poderosa loquoncia, toriam vingalo 9s projectos ambiciosos do Cati- Jina, ateando as chaamas ds ansrehia @ da guerra civil em todos 0s reeantos do eolvsso romano, ‘Correado os periodos mis brilhantes das Titterataras pa~ trias, no 6 raro vermos ¢ ouvirmos a palavra eloqaoale de esinios tribanos, posta ao servizo da patria, para salvala da marchia © da dominagio dos discolos. Foi jastamente © quo eba om Romi, quialo se fisera mister toda a sabodoria tol a olbjioasia do Cicere para deseoacertar ¢ destruir por onploto a coajarazdo de Cotilina. REVISTA DE ENSINO 255 Estes breves conocitns dio umn idéa do que vale 4s ‘yezes a yor da tribana na fitteratura © aa vida dos povos. Por isso, nao devera estranhiar 0 letior o assumpto, eontido nas linhas que va seguir. E pots, eanhecer os principios, os progresses © a perfoigio da eloquoncia romana, nip sors ‘por Yentura eonhecer os homens mais notaveis qaquelles tem- pos? Portanto, 0 assampto é um dos que mais intorosso nos ‘péde inspirary nao s5n0_ ponto de vista litteratio, como ainda no pouto de vista historic, scientitiea, politico, social emoral. 'A vida do todos 08 povos da terra se enearna nos seus ‘grandes homens, ¢ neahim povo da antiyuidade mais do @.0 romano so gloriava de possuil-os ¢ apresontal-os assim Poainiragio do univers, ‘Compozera Marco Tullio Cicoro um tratado sobre a di- fina arte da eloquencia, » que dere c titulo de —Bruto—, ¢ fut & fazos_sbalatdos denominaram —Disloye, soiea oradores celebres. ‘Todo este bello tratado, em forma de dialogo, 60 fructo de umas palestras scieniificas ¢ litterarias entre os grandes oradores, Brato e Attieo, sous intimas amigos. Bis aqui, se~ undo os eriticos, 0 que dera orizem a este importante e for- moso trabalho, wm dos melhores e mais reas thesouros das lettras latinas, ‘A batalha de Pharsalia, com todos sabom, desfechara golpe profando na politia romana, amoagaado ‘de completa Tuitta (ola a Republica esea governo, Cieoro, que assistira a esse grando dosastre, sem qua 03 seus esforeos, sua habilidade @ 0 vigor de sua eloquencia 0 odessem evitat, achava-se acabrunhado, sem esperanza de finda tornar a ver pujantes a libordaie e a independencia de ida patria, polas quaes nunca, cessara de combater. A. narehiae a guerra civil, que elle eoasal, mais de uma z-coujurara, agora parvsiam dominaros animos, avassallar 0 povoe vir magoar profumlimente os homensde bem e os verda~ Aoiros patriotas. Portanto, depois Waquolla desastrada batalha, retirara-se | Mareo Tullio Citsro para sua villa de Tusealo, onde com 0 estado © com os traballis littefarios bascara ale Tivio aos sous dissabores politicos. Fei alli, naquelle deseango ou desonfado forsado a quo o eondemnara 9 seu partido, divi- ido ¢ arrainado, que elle eserevera o tratado de que falamos A ESCOLA, ‘© quo vamos expor. Isto fOr pelo anno de 709; o grande ora- or tinha extio 61 annos de edade. La no son estudioso retire revobora 0 grande orador a visita de Brato © de Attes, amigas seas dovolalissinos. Nataralmente deviam so oceapar, como de facto 99 ossupa- ram, da politica, dasitaagio da republic, lamentando em dai- madas confabulagdes 0 silensio que entio se fizera em rota da tribuna ¢ do foro; © Cicers, nd intuito de agradar nos seus dois amigos, faz un substaacioso apanhado historico day cloquencia que em Pharsalis elie vira morrer © sum a liberdade. Correndo os oradores, que como por encanto the vile caindo sob a judiciosa e profurda apreciagio, que so tio numerosos, que ellesabe apontar com mito de mestre, ¢ eujo talento sabe tio bem caractoriser, notaremos, como principaes, Catio, Sulpicio Galba, Lepido, os Grachos, Antonio, Crasso © Hortencio. Este ultimo for. mis feliz que Cicero, na phrase do mesmo Cicero, porque nio assistira aos tristes suuecs: ‘que previra; fallécera na hora em que the havia de ser mais facil chorar’ as desgracas di prtrin do que servilens 0 vivera por tanto tempo quanto se pudera viver entilo em Roms com honra ¢ seguranga. ‘Ougamos agora o que subre este tratado de Cieoro esere- vera 0 judicioso critica M. Bumoat: EE este dialogo a historia mais completa que nos leva a antiguidade, da ltteraturs romana. Alli deserve 0 auctor 8 principios © os progresses da orotaria, eas epocas em que mais elles se distinguiram, Vai notando os defeitos © quali- dades de cada um; faz ainla mais : passa a definir todos os generos de eloquencia, © de caminho vai revelando todos os eneantos e mysterios da grande arte, De modo que, sis» per dessom todas as obras didacticas de Mareo Tullo, este dialoxo as pudera substituir. Nesta cbra encontram-se tovlas as formas, tons e matizes, desde a simplicidade, a familiaridade mesino, atéao mais alto estylo; sendo tudo tratado como o sabia fazer quelle vari que aformoseava quanto ia tocando, ¢ em eujos labios a palavra eonsegnia sempre nova graca. ‘Antes do entrar 10 asumpto, fazendo desfilar perante bs seus amigos e 6 mundo romano todos os grandes vultos, que illustraram Roma com sua bravura militar, seu talento, sua illustragio ¢ eloquencia, faz Cicero uma resenhia de que Joraantes a eloquencia atheniense, correndo os seas prineipaes REVISTA DE ENSINO 257 sabjas © oradores, ¢ no podia deixar de fazcl-o, porque a es- fentaide Athenas formira a0 mosino Ciera e a muitos outros celebras oralores romanos. F sabido que as seiencias © as Jotiras gregas inlluiram bastante nos prosressos da. litteratara latinas lembrando pois os nones dos sabios athenionses e mos- trade como 0 souberam ser e osescriptos que deixaraw, nio faz mais Cicoro do que prestar homenagem ao merito, ¢ ren~ der preito de justiga ¢ gratidio aos varves -llastres da Grecia, em caja escola elle bebera os granites eabodaes scientifioos, de que di mostras em todas as obras que nos deixon, Convem, porem, pondersr que ha uma grande difforenga, entre a escola atheniense ¢ a escola de Roma; aquella era ‘mais espiritualista que esta, O philosopho ta Grecia, o sabio de Athenas, era exclusivameate philosopho © subio, entrosue 4s evgitagies do espirito, da mothaphysiea, da moral, da ro- ligito e da esthetica, 36 oceupadé do que’ podia alevantar e illustrar a wlma, 0 espitito © ocoragdo. Sabios haviaem Athe- nas, eajas {das sobre Doas e a Retiziin parceiam vasadas em ‘dogmas _monotheistas, on inspiradas por um ente superior. Socrates ¢ Platio so 03'principaes propagadores do espiri- tualismo athoniense, os patrierehas da esco.a que presta ealto 4 divindade, ¢ mostra quo os erros humanos sio sempre oriurdos do esquecimento, por parte dos homens, dos prinei- ios e:ernos da justiga © da moral. Cs guerteiros da Grecia, os seus nobres e valentes ca~ pitdes, como Pausaniss, Lernidas, Moleiudes, ‘Temistoclos, Aristides, Lysandto, Tirasibalo, Dio, Epaminontas, Pelopidas ¢ outros tiveram por missio yuasi exclusiva defenler a pa~ Hin, yuenar por ello, ofriocer @ vida pola mim. intelligeddtey libotdade ¢ independencia, Se um oa outro general athenfense ava-s> a0 estuilo das scieneins especulativas © da philoso- hia, que naquelle tempo resamia toda a seencia, os demais generaes nao se oceupavam Wisto, © s6 enidavam de dis plinar soldados e dispdr o exervito’ para travar wloriosas. ba falhas em prol da defesa e da liberdade ca patria, Havia, Portznto, na Grecia os que chamaremos guerreires propria ments ditos, € 03 sabios propriamente ditos. Fin Roma, ao contrario, os suorreiros © eelobres eapitaes andayam de mistura eom os sabios. Expliquemo-nos, O gene- ral abalisado e ferido no campo da batalla, o senoral quo sa dia commandar © levar a vietoria as phalanges aguerridas © 258 diseiplinadas, era ao mesma tempo sabio abalisado, oFador afamado e jurisconsulto distineto. mF. Este lado. philosophico dos grandes homens do Roma © do Athonas 6 digio de sor pondorado, e por isso ainda ag Jembrames, comquinto jé 0 venhamos feito noutra parte. ‘Os dois amigos de Cicero, Marco Brato e Tito Pompouio Attico, homens notaveis como eram, nao podiam deixar de jigar interesse ao preambale do mestre sobre a eloqueneia groga, visto eomo aos sabios ¢ oradores atheaionses haviam Ses bobido a vasta ilastragin que possuiam. Seatados, pois humm tapoto. de reiva, ao pé da estatua de Platio, depois de ima idéa emittida por Mare) Janio Brato do que nia 6 a gloria © os successos da loyaencia que se hao de procurar was o estado a que ella da Logar, © 0s oxereicios do espitit; tieerescentando que, de facto, mio ha falar bon, sem ter ditado com sabedoria; a verdadeira eloquencia outra cousa nito ‘senio o estado da sabedoria, a que os tumultos da guerra ‘nao podem forgar iugaem a renunciar.—Tens raaio, Brato, ¢ ta tanto valor lizo a arte de dizer bem, que, so nas demais cousas deste mundo 0 homen por mais’ modesto © peque ‘que seja, pote chozar por seus meritos és maiores eliinan- das evdistinegdes, nido serd assim quanto aos oradores. “A Victoria nas batalnas de samgue nunca fiz orailores tuo e asabedoria € que os podein produzir; © pe ois, sem estado, sem A gymuastica do espirito, s ria, nao ha eloquencia. ‘Depois d’estas reves considoragdes, di Cieero principio & exposgio de sia doutrina, seado a sua palavra, varias vo- Zes interrompida pelo conceito dos sous amigus, interraps orem, que ainda maior calor ¢ elevagio de idéas Ihe inspire ‘no seu doutrinamento. Ougamol-o, portanto. ‘Nao entra em meu plano, diz elle, e nem & nocessario que oa faga, © clogio da eloquencia, nem quo trace aii 0s MMandes effitos que proluz, 6 0 brilio que derrama nos que stam. O que, porém, 6foe de davida e posso alfirmalo sea ‘reeei» de contestagdo, é que, considerando-a como arle, o4 ‘como fructo do exercicio © do estudo, ou como dom da natu- feza, acho que nuda ha mais diffe uo mundo, Cinco partes ‘a compoem, e cada parte jf 6 uma arte: ora, 6 facil dedazir ‘a grandeza e difficuldade de ama obra, quando para formal-a ‘todas as suas partes concorrem conjunctamente,’Pemos a prova na Grocia, ne REVISTA DE ENSINO 259 area ee oer nie ge cia a culties com um suceess0, alids invejado’ em outras terras; eomtudo {a3 outras aries Ia foram mais antizas. Os gregos as inventa~ Tam € aperfeigoaram, muito antes de dirigirom seas esforgos para osta Della arte da palavra humana. Quando volvo as Vistas para aquolle paiz, Athenas so apreseata e brilha a meus olios. E_ que la odueara-so o primeira orador, 6 que ld apparecer 0 primoiro diseurso eseripto, transmittido 4 poste- ridade. Antes de Pericles, eujos pouevs eseriptos femos, ¢ de Thneydides, que como o provedente, vivera no tempo em quo jé Athenas tinha amadarecido, @ nic estava. mais nas faixas o bergo, nada aneontramos abrilhantado pela eloqaencia. To- davia éde erér que muito antes, Pisistrato, Solon ¢ Clistheno tivessom passado por talentos eloguentes om sea seealo. Decorridos mais alcuns annos, ¢ segundo diz a historia do Athenas, sargira Themistocles, 0 qual saindo do commam, fora a um tempo grande oradot ' abslisado estadista, Seguemt Pericles, notavel no s6 pelo dom da palavra, como por ou- tros bellos dotes; Cleon, homem das faoyies, "mas nem por isso menos cloquente; mi mosma epoca Aleibiades, Cricias, Theramenes, mas sobrotulo ‘Thucydiles, enjos eseriptos de- monstram 0 gosto do entio pelas lettras © pela grando arte. Bstylo nobre, elevado, sentencioso, cheio de concisto, e péde ser que obsearo por eaust da mesma. concisto. Quando na Grocia compreheadoram o que vale um diseurso feito com esmoro, © que por iss tornara-se uma obra séria fe regular, entio ereuoran-so aquelles numerosos mestres na arte da palavra: Gorgias Leontino, ‘Thrasymaco Chalesdonio, Protagoras, Prodico de Céos, Hippias de Elis, todos com ‘grande renome. Outros, na mesma epoca, talvex eom demasiada ousadia, se vangloriando de ensimr ‘como é que uma causa a mais, fraca (6 assimquo eostumavam dizer) podia com o auxilio da palavra (ornar-so a mais forte, tiveram contra si o grande Socrates, que se pronunciara contra tal affirmativa, e Ihes futava o systema com uaa dialectiea floa e cheia de ge- ‘io; sons dontos proceitos nesta materia formaram uma grande quantidade desabios; foi entao que se creara a philosop :i io a que explica os sogmedos da natureza, e que 6 mais an- tiga, mas aquo trata do hom ¢ do mul, ¢ traga os prineipios da moral © da condacta, Coma, porém, esta s iencianio entra, no nosso plano, deixemos os yhilosophos para outro tempo, © voltemos aos’ oradores. "Todos aquelles que -eabe! de meneionat los na edavle, quando appareeora. Tyocrate eaja formara-se em umaescola publica de eloquencia, em aborto a todas as intolligeacias da Grecia; Isocrates, 0 grante orulor, mestre compotento, que sem prodazir o taleato en cymnasio pleoa luz wo foro, xranyeara nas vigilias do gabineto una lori a que, segando penso, neubum outro chegara, Mutios ¢ brilhantes ‘escriptos dora éllo a luz da. publicidade, © foi quem ensinara a arte de eserorer. Suporior nos ous prele- essores, foi 0 primeiro que dora a entender qual a modila, fa cadencia e harmonix que deve presidir a prosa sem que nella se haja de introduzir o verso. Antos delle nfo se sabia ordenar palayras nem torminar com harmonia os periods. dem das phrases no diseurso dava-se, mas sem della havor conscieneiay depois quo olla se fez com methorlo © perfeigio, dir-se-in quo ora feita de naturel e acaso; e pois, a natureza conten a idéa logo vestida no devido cirenlo das palavras necessarias, que a traduzem por inteiro, ¢ tanto que. este cirsulo for cheio de voeabalos felizes © encadoados, ¢ elaro que consegaida fica a copiosa clegancia, O ouvido 6 0 juiz da phrase, como a intellizencia; quando expressa com os do vidos tormos © quando nfo, se harmoniost ot nao ; quanto 20 fim do periodo, haja elle de set pautado tambem’ pela respi pois, se esta viesse a faltar on fosse embaryada, in um effeito desagradavel, Por esso tempo vivera Lysias, que, nao apparecendo no fre, esornvera com doliendeza © com perfeita elezancia no severo simples; quasi que 0 paderames chamar de orador constmna- do; mas o orador consummado em toda a linha foi Demosthe- nes, nao ha megar. Nas eausas que pleiteaca tudo era subti- leza. sublime, estylo sobremode arguto, de genio levantado, delicado, luminoso ¢ castigado; © ao mesmo tempo diseurso grande, discurso ornado, sublimado, jé pela fidalga elocucio, Ji pela majestade das idéas. Alzuns d'elle se approximaram, heahum o poude iqualar. Citaremos Hyperides, Hschino, Di ‘mareo e muitos outros. pois aquelie seculo fora grande na linguagem eomo na_eloquencia. Contimmando Mareo ‘Tulliv Cieoro a sua exposigio, cita Demetrio de Phalero, orador, astadista ¢ historiador ; era o eneanto dos Athenienses: nfo Ja tenda da guerra, mas da es- REVISTA DE ENSINO 260 cola do Theophrasto 6 que saira para afrontar 9 calor do sol © 0 pi das atallas. Alterou um tanto 0 verdadeiro caracter da cloquoncia, tirando-lhe a energia e 0 vigor; proferia ser Diando © 36 ardenie,e de facto mostrava. uma’ dogura, que po- netrava as alas, potom iio as abalava. Ficava a lembranga da sua_harmoniosa diegio, mas mio sabia, como conta Eupolis de Pericles, deixar o estylete junto ap sentimonto do. prazer nna alma dos seus onvintes, Yolta ainda o grande orador a falar da antiguidade da eloquencia. greza; remonta o v0 aos tempos de Troya ¢ mos tra como é que Homer em sea genial poema. tom episodtios e rreagos de verdadeira eloguencia; © para melhor demonstral- ita os diseursos de Ulysses e de Nestor, num dominando a fortaleza, ¢ nontro a dogura, Prostada esta homenagem a Homero, diz. Cicero que a elo- © uoncin Waqulles tempos emo attribuo expec, como gue | fermava o caractor dos Athenienses, © nfo de thda. ‘a Grecia ~ seus dominios. I} assim que na Esparta ena Laeedemonia nio encontramos 0 mesmo gosto pela oratoria, e nemos exereicios Ye estudos scicatificos que a preparavame Ihe davam tamanho béitho, como xa eapital de Athenas. Faz, ainda o tribano romano um apanhady da arte ora- teria na Asia, levada da Attiea para as plages longinguas do Oriente. Emfim, voltando ao seculo de Pericles, diz ainda que foi este illustre varia o primeiro que soesorrera-se da, soiencia na arie da palavra. Discipulo do physica Anaxagora, levara para as diseussies dx tribana popalar e do foro todos ‘04 reearsos de um espirity exervitato nos estndos mais abstra- fos ¢ mais profundos. F assim que Athenas appiandia © zos- tava da flnencia suave de sew dizer, admirava a riquoza do sua, copiosa eradigio, arreceiava-se ‘de sua fore. © mais do ‘uma vez tremora ante a sua individualidade, Antes de por termo a esta primeira parte fo. nosso trae balho convem dar aqui outras idéas de Cicero sobre a. origem da eloquencia, © que julgamos dignas de toia a ponde- ragio, ‘Nio 6 quando se fundam osestados, diz elle, nem quando se travam guerras, nem quando o genia se achaenmaranhado, estorvado e preso ‘pela dominagio de um potentato, quenasce © gosto pela eloquencia. Companheira da paz, amiga do re pouso, & ella o fructo de uma sociedade regnlarmente. consti {uida.’ As revolagies podem gerar fogosos friburns, mas nio 262 A ESCOLA ‘oradores na forga do termo, © que saibam dominar os animos © subjugal-os nos debates sorenos da justiga 0 da verdade. Os oradores que pedem 0 dorramamento do sangue ow que 0 pro- movem nio polem merocer esto bollo nome, o nom a elo- {quencia tom netles o sea mais bello attributo, quo 6 a con- vieqio para o” bem. E assim que, sezundo Aristoteles, 36 depois da aboligio a tyrannia na Cicilia,e 36 depois que os tribunaos trancados hha muito se reabriram para o julgamento das lides particala- res, 6 quo Coraze Tisias comésaram a Isecionar thotorien no meio de um povo naturalmeate ardiloso © chicanista, Antes elles nio so conhociam a arte © 0 mothodo; no obstante falava-se esmeradamente ¢ na maioria eam oseriptos 08 dis- ‘cursos. Aceresconta Aristotoles quo Protazoras compazora, s0- bro quostdes geraes notaveis tratados que hgje se. echamam— Logares communs. A sea exemplo, escrevera Gorgias, sobre ‘varios assumptas, livros destinados "ao loavor © a0 vitaperio ; porque, confarme diz elle, 0 maior privilerio do orador con Sisto om coasurar ou louvar para engrandocer ou deprimir qualquer assampto, Nem toilos concontam com esta detinigéo, por isso Cicero a cita tio sémente, som commentario. Chegado a este ponto, diz Cicero: Eis 0 que se podia expor sobre os oradores gtegos; pide mesmo ser que nio fossem nocossarios tues esclarecimentos. Mas Brato atalliou zendo que bem a0 contrario, nio se sontin eapaz do exprimir quanto eram elles necessarios, ¢ digaos co sorem ouvidos. FE longe do achalos longos, sentia que to depressa se tivessom acabado. ‘Os apontamentos que acabamos do dar sobre a eloquen- cia greza, constitaem introducgio & eloquencia romana, que Mareo Tullio Cicero vai descrever adiante com a clareza ¢ methodo, predicados notaveis do todos 0: sous trabalhos ltte- rarios. Certamente se ndo fora esta palestra scientifiea do Ci- cero com dois amigos seus intimos ¢ doticados, na villa de Tasca, talvez ats hoje ostivessemos nis na ignorancia dos nomes ¢ das obras de maitos homens ilustres de Roma, ox quaes entretanto elle nos dd a conheecr com a sus habitual competeneia. ‘Notemos tambom que esta obra de Cicero nlio 6 somen- te uma demonstragio da eloquencia nos temposa grandeza de Roma, ¢ tambem tma critics fina e judiciosa sobre quanto se REVISTA DE ENSINO havia ditoe eseripto com talento oratorio até seu tempo, 0 80- bretudo durante sua epoca. E, pois, 0 que vamos ver no nosy proximo artigo, quo eontiniaremos a offerveer, coino ainda 0 de hoje offerecemos, & mocidade estudiosa, Conego Awpaans Prine. — Marechal Manoel Deodoro da Fonseca Foi un bravo militar, que meito nobilitou-se pelos ser- vigos relovantes prostalos ‘ patria. -Naseeu cm Alagéns em 5 de “Agosto de 1827. Foram seus pacs—o tenente- Manoel Mendes da Fonseca ¢ d. Rosa Moria Paulina Em 1843 matricnlon-se na Escolar Militar. Hm 25 de Fevereiro de 1845 era cadeto de primeira classe. ‘Hm 14 de Margo de 1849, sexrundo-tenente. Em 80 de Abril de 1852, primeiro-tenente, ‘Him 2 de Dezembro de 1856, eapitiéo. ‘Hm 22 de Setembro de 1866, major. Eim 18 de Janeiro do 1868, tenente-coronel. Em 11 de Dezembro de 1869, coronel. ‘Em 14 de Outubro de 1874, brigaeiro. Hm 23 de Maio de 1885, quartel-mestre general. Bm 15 de Janeiro de 1890, fi proclamado marochal do cexereito e generalissimo das foryas de terrae mar. ‘Exercen por tres vezes ocargo de commandante das ar- mas; sendo duns no Ttio Grande do Sal, de Margox Junho do 1888, © do Sotombro de 1885 a Dezembro de 1886; ¢ uma em’ Matto-Grosso, do Dezembro de 1888 & Junho ‘de 1889. ‘Tomon parte activa ¢ importaate om grande numero de combates, entre os quaes mencionaremos os seguintes : — A campanha do Uraguay em 1865. = Na guerrado Paraguay: os do 16 6 17 do Abril, 2 0 24 de Maio de 1866; 16 do Julho, 29 de Outubro @ 2 de No- vembro de 1867; 19 de Fevereiro, 1° de Outubro © 6 de Dezembro de 1565; 12 © 17 do Agosto de 1869. Por estes e outros actos de bravura, foi o valente militar muitas vezes eloziado polos seus superiores hierarchicos. ‘Tambem em recompenss a0 heroismo de que sempre den constantes provas, reeebeu a diguataria da ordem do Crazei- To, 2 commenda de Aviz, 0 officiaiato da Rosa, a modalha do merito militar, e outras, Voi elle o brago executor do pensamento patriotic do Benjamim Constant, em 15 de Novembro de 1889. ‘A idéa repablicana, que havia germinado no cerebro de REVISTA DE ENS-Ni ‘Tiradentes © quo fora regaia com o singno deste martyr da Tiberdlade, creseon © desonvolveu-so eom 0 perpassar dos an- 0s. 265 Em 1817 98 revolucionarios pernambueanos — Abron 6 Lima e ontros—pagaram eom a vida ¢ sex amor pelos prin- cipies democraticos. ‘Fim 1824, a Confederagio do Hqaador em Pernambuco foi uma nova tentativa para a implantagle dos prineipios re- publieanos em nosso paiz, tentativa anda malozrada, © afo- ‘gada no sangue dos infelizes, sacrificatos & sanha das eom- ‘misses militares. ‘Em 1848 foi Nunes Machado barbaramente assassinado, porque pugnava com denodo pelas idéas de liberdade. Devia ser, porem, a elasse milifa o principal factor do naufrigio das instituigdes monarehicas e do consequente tri- ‘umpho das idéas republieanas. Hm 1887, 0 ministerio Cotesipe, 0 exercito, desyostoso pelas injustigas que sofiria dos zoverncs monarchigos, —levan- {tou-so para pugnar pelos seas direitos eonealealos, © obrigou ‘© governo a eurvarse porante a sua voatade omnipotento, Dosdo entio, perdido o prestixio da a1ctoridade, 0 resultado rio podin ser outro senio —a quéda das instituiydes. Relembromos, em synthose, ossos factos. Un deputado, abusando da immusidasle parlamentar, ha~ via insultalo 9 coronel Cunha Mattos, chamando-o tr eovarde. O coroael defendera-se pela. imprensa, eo ministro da guprra, por isso, 0 mandou reprehonder » prender. is Wisto, o Senulor Franco de Se ex-ministro da guerra, explicando no Senado u deminato do soroacl Macturcira, que exereia cargo do eonfianea. no Rio Grande do Sol, aceusou-o de inuisciptina e falta de respeito para com 0 ajudante-geno- ral, Madurcira recorren a imprensa _e defenden-se enersiea- mente, coreltindo do seguinte. modo = < Cothecedor da lesislagio que rege 0 exereito, niio me podia sujetar—como ndo me sujeito — a imposigées menos dignas dos brios, niio sé da classe militar, como do qualquer outra em queo eiladio se prese de ser honrado.—Poile v. exe. roprehiender-mo quantas vezes quizer, yor tio honroso motivo, {que estarei sempre prompto a justifieame, perante um con- selhto de guerra, da logalidade ‘do mou proveder.—No dia em que. for votada pelo poder competente uma lei que prohiba aos militares de se dofenderem contra os memoros do parlamento 266 =a, pareco, timazora o privilegio exelasivo dos insultos— nesse iin deixarei’de pertescer as fileiras do exercito.> ‘© marechial Deodoro, que era eatio presidente co dante das armas do. Rio Grande lo Sal, manifestou se a favor da classe, garaatindo ao militar 0 dirzito de defesa pela im- prensa, contra a opinido do governo eral. ‘Tambem o general visconde de Pelotas publicou, nessa oceasiio, uma caria ein defesa de. seus eamarada: O general. Deodoro publicon tradieta ds idéas do governo, a qual \ por astas palavras: « Nao ser ames- quinhar o exerci, tirar-Iheo briv, a diznitade © © amor pro- rio, roquisitos estes soin os quacs no haverd soldados, mas fim ‘vis © dosprozivols oscravos? —A ferida foi forte, eruct © mortal, © com justa razio sangrard emqaanto. Madureira Canha’ Mattos estiverem sob a pressio da injustign de quo foram, vietimnas.> “A vista disto, foi chanado 4 corte 0 marychal Deodoro, assim eoto 0 coronel Madureira © ontros ‘Teatl o jaizo arbitral decidido que, sexando a constituigio, podiam os militares mauifestar as saas opinides pel impren- 5a, exiziram elles do governo 0 eancellamento das notas de eensara que haviam sido fuliminadas contra. Cauha Mattos @ Madareira. Toda a classe, em reaniio do 2 de Fevorviro de 1887, entregoa ao general Deotoro a direogt» do. movimento de reacgio contra o governo; ¢ Deodoro, ein cartas dirigidas a0 imperador, externou conceitas © uso de lingaagem que bem mostravam 0 espirito de iadepeudoncia que animava a lasso militar, ¢ 0 desprestigio do woverno, foryado a capita lar a cada passo. ‘Terminava olla assim: ‘A diseipiian militar my yerniile ao soldado recebor affrontas © vilipendios. A diseipfina quer ay soldado —e isso rho mais alto gria—brio, dizaidale © lioara. A obedieneia, do soldido nfo vai ati 0 proprio aviltamsato. © soldado 6 obe- Gionte, mas nio sorvil; e ajasllo a quem no pugnarem actos de baixeza e servilismo nip é dian da classe a que pertence, nio é digno da farda quo vesto, farda que é a mesma que vossa maxestade honra trazendo a.» E em outra cartachevon até & amenga : « Acousa é miito sstia, Soahor, @ sSmente quem por ‘um lado nip tiver a iacugio do brie do pradoaor natural, @ por outro lao, nip eozitir das coase ucncias a advir, po- Gord encarar descuidoso a tormen'a que s¢ annaneia, —Seahor, * REVISTA DE ENSINO 267 ‘oso ministro vos atraigSa, 19 menoy nesta eansa! Elle tem exasperado 0 oxercito, e 0 provoca 4 roacgio ! > ‘A isto tesponiten, indirectamente, o presidente do eonse- tho, dizendo que cassim como os nobtes generaes doclaravam que no sabiam recuar do ciminho da hoora, assim deviam permittir que houvesse coragom civiea e quem tambem nao recuasse do caminho da honr.» E depois d'esta dolaragi do ehefe do soverno, este capi- talon mais uma ver pernate 93 arroganhos das classes arnia- das, e mando 1 Estes factos no cram sygente deprimentes dos creditos do governo; elles denotavantamtem os errus ea fraqueza do mesmo governo, assim cono a consequente preponderancia do elemento militar, que, de exigencia em exizencia, devia em um dado momento supplantar » elemento civil destraindo as instituigdes. Mais tarde, ainda, porante a fusa, em massa, dos negros esoravos, o governo quiz obrigar o exereito a ; mas 0 ex2reito reeusou-se terminan- ‘temente a obedecer a tas ortens, que considerava como (praca Santa Lanzin), 791494 > >» (Nazareth)... . 439286 Collocagio em relagio & matricula: grupo da praga de Santa Lazia, do 3.° districto, do 2.¢, do Nazareth, do 1.° dis trieto. ‘im relagto 4 frequencia: grapo da praga de Santa Lu- tia, do 3° distrieto, de Nazareth, do 2.° districto, do. 1 Interior do Estado aba og ler mils One, oyun 109— 58 242147 254-147 256—181 171112 186—126 198135 200—147- 268—200 Matrioula e frequencia geral dos grupos 4.505 — 2.944 Frequencia midia paré cada grupo 5 grupos na capital... . . 40 esedlas 9 > no interior do Estado. 45> Somma. 2 85> 270 A ESCOLA Dividindo a matricula geral por 85, d4 53 alomnos para cada esoéla, Se fizermos 0 ealculo somente com os grupos da.capital, © somente com os do interior, acharemos 65 alumnos para ea da esedla da capital, e 41 para cada esedla do interior do Estado. MATRICCLA 2 FREQUESCIA DAS HsCULAS DO PARA, FOR MUNICIPIOS, INCLUINDO 03 GRUPGS HCOLARES 1 QApisST EY 2 ID cigs seo + 0920—4721 ve 740— 508 F 725 — 461 4 509— 431 ¢ ¢ 532— 384 : 522— 372 Gaowermcybrsente so ee Mais Sage ck doo Ramee 967 be 4 ol ediiee gue ates 9BTrr 248 pote saYgensig eee 219 U1 Alomquers. 5 5. cpeenc doe 224 128. Caetano. 2 ee B80 247 13 Baldo... 150 14 Marapanim. + 148 15 Ourem. . . 5 143 16 Tgarapé-miry 126° 17 Gorupa.. uy 18 Faro... 5. 106 i 115 ‘ 98 3 103, yi 80 23 Aveiro... é o1 24 Salinas . ‘ 6s 25 Mazayao ‘ 68. 26 Vizeu. « i 85 27 Monte Alegre. ‘. a7 REVISTA DE ENSINO aI Aragon MAAN 4° 106 stad Mo Muanke oe PF Le 96 Canibolrt cece o? woe EA 81S. Sobastiéo da Bow Visia! 22 2 1 BS Maca hSactPe e oregea 83 8. Domingos da Bea Vista! | 2 Lifes i = Sa eee aged rane 85 Porto ds Mags. Lt ACNE Ps fe”, a8 TN ae IIE B.. o. She 88 Ponta de Podras. 2 2)! er Priighe see. eS 40 Carralioho Dl. EIRP oe ISAS fe ON peepee aye jo 3 he Baal Sec rg f see es Aalisltube Hee: eee Ai Melange 2h AA Bares ae oe de $4— ne 7 a 2 70— oo— on 59— ee 4— 39 30— 35— B2— 30— 28 21— 15 271 80 53. 40 a7 50 52. 44 2 34 40 29 30 26 19 24 29 22 7 12 13.797—9624 Separanilo a matricula e frequencia dos grupos escola res, da das escolas isolndas: Grapoete eas, 9" 4504-2043 Escilas isoladas. © <>. 92086080 Somma. ... . . 187070024 As eseélas dos seguintes mun:cipios nfio mandaram map- pa & Repartigdo do instrueyio publica: —Oeiras, Almeitim, Montenegro ¢ Amapé. Ainda nio foram recebidos as mappas de 60 escdlas iso- Indas, até o dia 4 de Setembro.

You might also like