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À conversa

com…
Por Carolina Santos e Matilde Caseiro, da turma 8MB

Tivemos o prazer de entrevistar uma jovem


extraordinária, Rita Nery. Tem 20 anos. É Natural da
vila de Fão. Encontra-se, atualmente, a frequentar o
curso superior de Educação Social no Instituto
Politécnico da Universidade do Porto. Rita é uma
jovem muito peculiar que luta, desde os seus treze
anos, por causas nobres em defesa do Próximo. Desde
sempre, gostou de experimentar coisas novas, o
desconhecido sempre lhe deu uma certa inquietação
e, partir à descoberta, faz parte daquilo que ela é hoje.
“A MINHA FELICIDADE ESTÁ PRESENTE NO
SORRISO DO OUTRO. ONDE EXISTE VIDA,
EXISTE AMOR PARA ESPALHAR.”

Desde muito nova, abraçou o projeto do voluntariado


e sabemos que é uma defensora acérrima dos Diretos
Humanos. O que a fez enveredar por este caminho?
Começou tudo por ser curiosidade, diversão, mas à
medida que fui fazendo cada vez mais experiências,
percebi que a minha felicidade está presente no sorriso
do outro. Fazer o outro feliz, nem que seja por um curto
espaço de tempo, já me torna uma pessoa realizada.
A família, a Escola, enquanto instituição e os
professores que passaram pela sua vida, contribuíram
para o seu lema de vida?
Sim. Ter pessoas que foram luz no meu caminho, que
me ajudaram tanto, faz-me querer ser para outros Que tarefas/ ações desempenha/ desempenhou
aquilo que muitos foram para mim. enquanto membro do voluntariado?
De todas as missões que já participou, qual foi a mais Já fiz várias coisas: já fui professora, explicadora,
gratificante? monitora numa colónia de férias, animadora e gestora
Todas as missões foram igualmente gratificantes, a de projetos em África.
diferença reside em algumas exigirem mais de ti do que Sabemos que conheceu a realidade de várias escolas
outras. Posso partilhar a iniciativa “Dar aulas de dança de Moçambique, que mensagem deixaria aos jovens
aos alunos de Educação Especial”, da minha escola da nossa escola?
secundária. Na altura, foi uma experiência incrível e Aproveitem todas as oportunidades. Agarrarem- se aos
super gratificante. Todos os dias, após os ensaios, saía vossos sonhos e lutem por eles. Acreditem sempre no
de lá muito feliz e realizada. herói que têm dentro de vocês e, através de tantos
A experiência de voluntariado, em África, deixou meios que vos são oferecidos, usufruam da melhor
marcas na sua vida? Que experiências vivenciou? O maneira que saibam.
que aprendeu?
Sim, deixou em mim várias marcas. Hoje, se sou uma
mulher, é tudo por causa daquilo que vi e vivi em África.
Aprendi o valor da vida, a valorizar a família, os
pequenos momentos e a ser feliz com pouco. Aprendi
que existem pessoas que pensam diferente de mim e
aprendi a amar essa diferença. Em termos práticos, em
África, aprendi uma nova língua, aprendi a costurar, a
cozinhar e a dançar.
Partiu para Moçambique, quando o mundo
enfrentava uma situação pandémica. Alguma vez
sentiu medo? Que barreiras encontrou?
O meu maior medo não era o de viver uma situação
pandémica em África, mas, sim, o medo de perder
algum ente querido em Portugal e estar tão longe. Em
África, o maior desafio que enfrentava, devido ao
Covid, era os limites impostos que dificultava muito o
trabalho no terreno.
Sendo ainda muito jovem, já tem um currículo muito
rico no âmbito do voluntariado e é, hoje, uma
“NASCI PRIVILEGIADA, COM TODAS AS
empreendedora na luta por causas nobres e em
OPORTUNIDADES AO MEU DISPOR. O PODER
defesa do Próximo. Que mudanças ocorreram na sua SER, QUEM SONHO SER, FAZ-ME VIVER COM UM
vida? SENTIMENTO DE INJUSTIÇA MUITO GRANDE;
Perceber que nasci privilegiada, com todas as QUANDO CONTACTO COM REALIDADES EM
oportunidades ao meu dispor. O poder ser, quem SITUAÇÃO DE RISCO.”
sonho ser, faz-me viver com um sentimento de
injustiça muito grande, quando contacto com
realidades em situação de risco. Mas é esse contacto
que me faz ver diferente, agir diferente. Graças ao
voluntariado, ganhei competências e conhecimento.
Tornei-me mais grata e sensível. Se eu retirasse da
minha vida todas as experiências de voluntariado, que
vivi a até hoje, seria ainda aquela menina tímida e com
medo do mundo.
Sabemos que frequenta, atualmente, o curso superior
de Educação Social no Instituto Politécnico da
Universidade do Porto. Por que razão enveredou por
esta área? A escolha do curso tem alguma ligação com
o trabalho que faz, hoje, em defesa do Próximo?
Sim. Desde sempre, acreditei que uma das melhores
formas para contribuir para uma transformação social
seria através da educação, das escolas. Escolhi
Educação Social por achar que todos nós temos
potencial, o que acontece é que as escolas tradicionais, “QUERO CHEGAR ÀS PESSOAS; DANDO-LHES A
tal como as conhecemos hoje, tendem a ser mais SEGUNDA OPORTUNIDADE DE QUE PRECISAM.”
favoráveis aos alunos de classes sociais mais altas.
Através deste curso, quero chegar às pessoas, dando- A passagem do livro O Principezinho - “Aqueles que
lhes a segunda oportunidade de que precisam. Quero passam por nós não vão sós, não nos deixam sós.
dar o palco para que possam mostrar a luz que Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós.” –
possuem, mas que a sociedade sempre ofuscou. não lhe é indiferente. Pode explicar-nos porquê?
Que projetos prevê realizar, no futuro, no âmbito do Sempre que faço voluntariado, crio uma ligação muito
Voluntariado/ Direitos Humanos? forte com as pessoas e, quando chega a altura de me
R: Terminar o meu curso e, depois trabalhar na minha vir embora e de me despedir, parece que me é
área num país do continente africano. O meu sonho é arrancado parte do meu coração. Daí que aquilo que
criar uma escola onde o interesse do aluno é que me ajuda é o agarrar-me a esta bonita passagem.
importa, uma escola que veja realmente dos alunos. Pensar que a distância é apenas física, que a relação
Todos nós temos sonhos. Os sonhos fazem o mundo continua viva para qualquer lado que vá.
avançar. Qual é o seu maior sonho?
O meu maior sonho é que, no meu dia a dia, eu Obrigada, Rita, pelos momentos agradáveis, pelo
conseguia sempre ser uma presença de alegria e conhecimento que nos proporcionou.
entusiasmo para os outros.
AEARS, Turmas do 8ºMA, 8ºMB, 8ºMC, 8ºMD

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