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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE TANGARÁ DA SERRA


DEPARTAMENTO DE AGRONOMIA

MANEJO DE PRODUÇÃO ANIMAL


LEPTOSPIROSE

TANGARÁ DA SERRA, MT.


MARÇO / 2011
CAIO NEVES BARBOSA
DAIANE ISKIERSKI
SUELLEN BORGES

MANEJO DE PRODUÇÃO ANIMAL


LEPTOSPIROSE

Trabalho apresentado em cumprimento


à parte das exigências da disciplina de
Manejo de Produção Animal, ministrada pelo
Docente Junio C. Martinez na Universidade
do Estado de Mato Grosso, UNEMAT.

TANGARÁ DA SERRA, MT.


MARÇO / 2011
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ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO.............................................................................................3
2. HISTÓRICO..................................................................................................5
3. TRANSMISSÃO...........................................................................................6
4. DIAGNÓSTICO............................................................................................7
5. SINTOMAS...................................................................................................8
6. TRATAMENTOS.........................................................................................10
7. PREVENÇÃO E CONTROLE.....................................................................11
8. LEPTOSPIROSE BOVINA..........................................................................12
8.1. TRANSMISSÃO....................................................................................13
8.2. SINTOMAS............................................................................ ...............15
8.3. DIAGNÓSTICO.....................................................................................17
8.4. TRATAMENTOS..................................................................................18
8.5. PREVENÇÃO E CONTROLE..............................................................19
9. LEPTOSPIROSE SUÍNA............................................................................21
10. LEPTOSPIROSE BOVINA........................................................................22
11. CONTROLE DE ROEDORES EM ÁREAS RURAIS..............................23
12. CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................25
13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................26
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1. INTRODUÇÃO

A leptospirose é uma zoonose, ocorre em várias regiões e acomete diversas espécies


de animais. Os seres humanos são infectados acidentalmente. É causada por espiroqueta do
gênero Leptospira que divide-se : Leptospira interrogans, (infecta os animais e homens) e
Leptospira biflexa, de vida livre, encontrada usualmente em água doce de superfície e não
causa doença (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1995).
A moléstia afeta especialmente os animais, como roedores e outros mamíferos
silvestres. Os animais domésticos, como cães, gatos, bois e cavalos, também podem ser
atingidos. Esses bichos, mesmo quando vacinados, podem tornar-se portadores assintomáticos
da bactéria e eliminá-la junto com a urina, as vezes por toda a vida. O rato de esgoto (Rattus
novergicus) é o principal responsável pela infecção humana.
A infecção humana resulta frequentemente da exposição direta ou indireta de animais
infectados, ou é adquirida a partir de água ou solos contaminados. Frequentemente causa um
amplo espectro de manifestações clinicas em humanos, que inclui febre, dor de cabeça,
mialgia¹, dor abdominal, frio e sufusão da conjuntiva (FARR, 1995). Nos casos mais severos,
inclui falha renal, icterícia², hipotensão, hemorragia, miningite e/ou pneumonia hemorrágica
que pode ser letal (VINETZ, 2001).
É um problema veterinário relevante, já que os animais são hospedeiros primários,
essenciais para a persistência dos focos da infecção, e os seres humanos são hospedeiros
acidentais, terminais, pouco eficientes na perpetuação da mesma. O impacto da leptospirose
em termos da saúde pública reflete-se no alto custo do tratamento dos seres humanos
acometidos com letalidade da ordem de 5% a 20%. Quanto à saúde animal, as consequências
dessa infecção são particularmente da esfera econômica, tendo em vista o envolvimento de
bovinos, eqüinos, suínos, caprinos e ovinos, espécies animais produtoras de alimentos nobres
como a carne, o leite, e ainda de produtos de interesse industrial, tais como a lã e o couro
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1998).
No Brasil, assim como em outros países tropicais, essa doença gera grande
preocupação, devido a alta incidência nas populações que vivem em grandes aglomerações
urbanas sem a devida infra-estrutura sanitária adequada e com consideráveis infestações de
roedores transmissores da doença.
1- mialgia: dor nos músculos, geralmente causada por tensão muscular.
2- icterícia: sinal clínico que se caracteriza pela cor amarelada da pele, mucosas e olhos.
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Esses fatores, associados a períodos chuvosos e inundações, favorecem a disseminação


e persistência da bactéria leptospira no ambiente urbano, predispondo o contado do homem
com água contaminada e facilitando a ocorrência de surtos (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2009).
Os principais padrões epidemiológicos da leptospirose no Brasil, segundo o Ministério
da Saúde (2009) são os seguintes:
- Doença de distribuição endêmica no país, podendo ocorrer em todos os meses do
ano, com um coeficiente médio anual de 1,9/100.000 habitantes;
- Ocorrência de epidemias urbanas anuais principalmente em áreas carentes, pós-
enchentes, inundações, onde se encontra a maioria dos casos anuais detectados;
- Surtos em áreas rurais, ainda pouco detectados pelos sistemas de vigilância
sanitários, principalmente em locais de cultura de subsistência como em plantadores de arroz,
na região de Várzea Alegre, Ceará, 2009, onde foram registrados 68 casos;
- Surtos relacionados a ocorrência de desastres naturais de grande magnitude como
inundações ocorridas no Acre em 2006, com registro de 470 casos, e em Santa Catarina em
2008, onde foram registrados 496 casos.
No Brasil, anualmente, são notificados mais de quatro mil casos de leptospirose, e a
taxa de mortalidade é de cerca de 12%, de acordo com o Ministério da Saúde, mas o índice
fatal pode ultrapassar a média e chegar a 40 mortes em cada 100 doentes.
A leptospirose em bovinos é uma zoonose cosmopolita provocada por microrganismos
do gênero Leptospira; que compromete os níveis de produção e produtividade dos rebanhos
afetados (FAINE, 1999; BRASIL, 1995). Afeta profundamente os aspectos de produção,
principalmente pela redução na produção de leite e baixa fertilidade, bem como àqueles
relacionados à saúde pública (LANGONI, 1999).
Alguns surtos com quadros agudos estão associados à infecção pelos sorovares
produtores de hemolisina como pomona, grippotyphosa, icterohaemorrhagiae e autumnalis,
ao contrário do sorovar hardjo, cuja a infecção geralmente leva a quadros sublínicos
causando, entretanto, abortos (SULLIVAN, 1974). Na leptospirose, os machos e as fêmeas
são igualmente susceptíveis (CORRÊA e CORRÊA, 1992). A sua disseminação na criação é
caracterizada principalmente pela existência de animais portadores assintomáticos que
eliminam o microrganismo por períodos variáveis pela urina, mantendo a doença endêmica na
propriedade (ELLIS et al., 1981).
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2. HISTÓRICO

Em 1881, em Praga, Weiss descreveu uma doença denominada "icterus catarrhalis"


que provavelmente seria a doença de Weil.
Adolf Weil, em 1882, fez a primeira descrição de uma doença observada em duas
ocasiões envolvendo 4 pacientes, em 1870. Os sinais clínicos eram semelhantes e muito
particulares nos 4 pacientes. A doença era caracterizada pela icterícia severa, febre
hemorragia com envolvimento renal. Há dados que sustenta que a leptospirose era
reconhecida em 1883 como uma doença ocupacional de trabalhadores de esgotos. A
leptospirose foi conhecida com diferentes nomes, incluindo: "Tifo bilioso” por Weil; outros a
chamaram de doença de Weil ou icterícia infecciosa.
O agente foi isolado pela primeira vez no Japão, em 1915, por Inada e Ito. Os
japoneses isolaram leptospiras de trabalhadores em minas, denominando “Spirochaeta
icterohaemorrhagiae".
Uhlenhut e Fromme (1915) provaram a existência do agente etiológico, inoculando
sangue de soldados suspeitos de doença de Weil em cobaias. Os animais inoculados morreram
e leptospiras foram microscopicamente identificadas, sendo chamada de “Spirochaeta
icterohaemorrhagiae”.
Miyajima, Ido, Hoki, Ito e Wani em 1917 demonstraram que ratos eram possíveis
carreadores de leptospiras, mostrando que 40% deles eram portadores renais. Até 1989 sua
classificação era baseada em características antigênicas, dividindo o gênero em duas espécies:
Leptospira interrogans, compreendendo as estirpes patogênicas e L. biflexa, que engloba as
cepas saprófitas do meio ambiente (LEVETT, 2001). Esta divisão, com base em critérios
relacionados às reações sorológicas específicas, resulta em 23 sorogrupos constituídos por
cerca de 250 sorovares de leptospiras patogênicas e saprófitas (FAINE, 1999). Em 1987, o
pesquisador brasileiro Paulo Yasuda propôs nova classificação baseada na hibridização por
homologia do DNA e recentemente, então, o gênero Leptospira foi reclassificado, segundo
características genotípicas, em oito genomoespécies patogênicas: L. alexanderi, L.
borgpetersenii, L. faine, L. inadai, L. interrogans, L. kirschneri, L. santarosai e L. weilii.
As leptospiras saprófitas, ou de vida livre, estão englobadas em três genomoespécies:
L. biflexa, L. meyeri e L. wolbachii, com raros casos de infecção (KMETY E DIKKEN,
1993).
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3. TRANSMISSÃO

A transmissão ao homem pode ocorrer por exposição direta ou indireta à urina de


animais infectados, através do contato com água e lama contaminadas. É necessária a via
hídrica, porque a leptospira depende deste meio para sobreviver (SAÚDE RIO, 2002).
A manipulação de tecidos animais e a ingestão de água e alimentos contaminados são
vias de transmissão menos importantes. A transmissão de pessoa a pessoa é muito rara. A
penetração do agente patógeno ocorre pela pele com lesões ou mucosas da boca, narinas e
olhos. Pode penetrar também através de pele íntegra, quando imersa em água por muito
tempo, por alteração da sua permeabilidade (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1995).
As leptospiras patógenas chegam ao ambiente através da urina de animais infectados.
Elas não se multiplicam fora do organismo animal. Assim, para que se constitua um foco de
leptospirose é necessário que existam condições ambientais favoráveis à sobrevivência do
agente causal no meio exterior (ACHA e SZYFRES, 1986).
A persistência das leptospiras na água está relacionada à temperatura, salinidade, ph
neutro ou ligeiramente alcalino, terrenos mais sombreados, alagadiços. A temperatura nos
países tropicais é fator muito favorável à sobrevivência das leptospiras no ambiente.
Experimentalmente foram observadas leptospiras viáveis na água por até 180 dias (Ministério
da Saúde, 1995).
A ocorrência de leptospira está estreitamente vinculada esses fatores ambientais,
porém não toleram alta salinidade, dessecação, pH ácido e a competição bacteriana em meios
muito contaminados. Sem dúvida a água das chuvas é ideal para a sua sobrevivência.
Entre os animais de companhia, o cão é uma fonte comum de infecção e tem sido
identificado cada vez mais como elemento de importância na transmissão de leptospiras ao
homem. Os agentes causadores da leptospirose animal são os mesmos da leptospirose humana
(Leptospira interrogans). Por meio de provas sorológicas, foram observadas mais de 200
variantes. Cada variante sorológica tem seus hospedeiros preferenciais, mas uma espécie
animal pode albergar uma ou mais variantes sorológicas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1999).
No Brasil, como em outros países em desenvolvimento, a maioria das infecções ocorre
através do contato com águas de enchentes contaminadas por urina de ratos. Nesses países, a
ineficácia ou inexistência de rede de esgoto e drenagem de águas pluviais, a coleta de lixo
inadequada e as conseqüentes inundações são condições favoráveis à alta endemicidade e às
epidemias. Atinge, portanto, principalmente a população de baixo nível sócio-econômico da
periferia das grandes cidades. Existe risco ocupacional para as pessoas que têm contato com
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água e terrenos alagados (limpadores de fossas e bueiros, lavradores de plantações de arroz,


trabalhadores de rede de esgoto, militares) ou com animais (veterinários, zootecnistas, e
pessoas que manipulam carne bovina).
No Brasil, levantamento epidemiológico realizado na cidade de São Paulo, em 1962,
revelou 28,5% de reagente à prova de soroaglutinação para leptospirose, entre trabalhadores
dos serviços de desobstrução e ligação de esgotos. No Estado do Rio Grande do Sul, em 1962,
foram identificados 2,3% de reagentes entre trabalhadores de esgotos, predominando os
sorovares canicola, icterohaemorrhagiae e copenhageni. Na cidade de Porto Alegre, em
1966, foram encontrados 19,2% de positivos, também em trabalhadores de esgotos,
identificando-se os sorovares icterohaemorrhagiae, australis e sentot. Em 1967, no Estado de
São Paulo foram encontra os 3,16% de reagentes entre funcionários de limpeza pública, com
predominância do sorovar icterohaemorrhagiae. Em 1970, 9,7% dos trabalhadores da cidade
de São Paulo em limpeza pública, e 0,5% dos da rede de esgoto eram reagentes à sorologia
para leptospirose. Estudo retrospectivo dos acidentados de trabalho por leptospirose,
atendidos no hospital Emílio Ribas de São Paulo, no período de 1982 a 1986, revelou que os
coletores de lixo constituíam uma das categorias mais atingidas (ALMEIDA, 1991).

4. DIAGNÓSTICO

A presunção do diagnóstico da leptospirose é feita com base na história de exposição


ao risco (inundações, limpeza de bueiros e fossas, contato com animais de estimação) e na
exclusão, através de exames laboratoriais, da possibilidade de outras doenças.
Os exames laboratoriais na leptospirose são muito importantes na elucidação
diagnóstica, uma vez que as manifestações clinicas são polimórficas, dificultando a
confirmação diagnóstica. Para a solicitação dos exames laboratoriais é preciso considerar que
a doença apresenta comportamento bifásico. Na fase inicial, septicêmica, as leptospiras
podem ser encontradas no sangue. líquor, e na maioria dos tecidos. E na segunda fase, a
imunológica, há o aparecimento dos anticorpos séricos específicos e a eliminação das
leptospiras na urina. Para escolha dos exames e validação dos resultados deve-se observar em
qual das duas fases o paciente se encontra, e direcionar adequadamente a solicitação dos
exames (SILVA; CAMARGO, 2001).
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O diagnóstico da leptospirose pode ser realizados por diferentes métodos laboratoriais


baseados na detecção direta ou indireta do agente ou do seu material genético (SANTA
ROSA, 1970; FAINE et al., 1999).
A soroaglutinização microscópica com antígenos vivos (SAM) é o método de
referência preconizado pela Organização Mundial de Saúde (FAINE et al,. 1999), tanto para o
diagnóstico sorológico humano quanto animal (WORLD HEALTH ORGANIZATION,
2003). Este teste é baseado principalmente na reação entre antígenos encontrados na
superfície das leptospiras e produzidos contra tais antígenos (BALDWIN, et al., 1987).
O método que permite o diagnóstico definitivo da leptospirose é o isolamento do
microorganismo proporcionando a identificação do sorovar infectante com possibilidades de
estudos epidemiológicos e profiláticos (VASCONCELLOS, 1987; FAINE et al,. 1999). O
rápido processamento das amostras, a utilização de meios de culturas que satisfaçam as
exigências nutricionais da leptospira, o uso de antibióticos para o controle de bactérias
contaminantes e as técnicas de diluição aumentam as chances de isolamento (THIERMANN,
1984).
Considerando-se que a leptospirose tem um amplo espectro clínico, de acordo com o
Ministério da Saúde (2010) os diagnósticos diferenciais para a fase precoce da doença, são:
dengue, influenza (síndrome gripal), malária, riquetsioses, doença de Chagas aguda,
toxoplasmose e febre tifóide. E para a fase tardia, hepatites virais agudas, hantavirose, febre
amarela, malária grave, dengue hemorrágica, febre tifóide, endocardite, doença de Chagas
aguda, pneumonias, pielonefrite aguda, apendicite aguda, sepse, meningites, colangite,
colecistite aguda, coledocolitíase, esteatose aguda da gravidez, síndrome hepatorrenal,
síndrome hemolíticourêmica, outras vasculites, incluindo lúpus eritematoso sistêmico, dentre
outras.

5. SINTOMAS

A leptospirose humana apresenta manifestações clínicas muito variáveis, com


diferentes graus de severidade. A infecção pode ser assintomática, subclínica ou ocasionar
quadros clínicos leves, moderados ou graves com alta letalidade. De acordo com o Ministério
da Saúde (2005), a leptospirose apresenta-se duas formas, com sintomas distintos e ainda
sintomas após a alta do paciente.
Forma anictérica (leve moderada ou grave): Responsável por 90% a 95% dos casos,
mas devido às dificuldades inerentes a suspeita e à confirmação não ultrapassa 45% nos
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registros oficiais. A doença pode ser discreta, de início súbito com febre, cefaléia, dores
musculares, anorexia, náuseas e vômitos. Tende a ser autolimitada e cura em poucos dias sem
deixar seqüelas. É freqüentemente rotulada como “síndrome gripal”, “virose” ou outras
doenças que ocorrem na mesma época, como dengue ou influenza. Uma história de exposição
direta ou indireta a coleções hídricas (incluídas água ou lama de enchentes) ou a outros
materiais passíveis de contaminação por leptospiras pode servir como alerta para o médico
suspeitar desse diagnóstico.
Infecção mais grave pode ocorrer, apresentando-se classicamente como uma doença
febril bifásica. A primeira fase, “septicêmica” ou “leptospirêmica”, inicia-se abruptamente
com febre alta, calafrios, cefaléia intensa, dores musculares e prostração. As mialgias
envolvem caracteristicamente os músculos das panturrilhas, mas podem afetar também coxas,
regiões paravertebrais e abdome, podendo até mesmo simular um abdome agudo cirúrgico.
Podem ocorrer anorexia, náuseas, vômitos, obstipação ou diarréia, artralgias,
hiperemia ou hemorragia conjuntival, fotofobia e dor ocular, bem como hepatomegalia e,
mais raramente, hemorragia digestiva (melena, enterorragia), esplenomegalia e pancreatite.
A “fase septicêmica” dura de 4 a 7 dias, após a qual o paciente pode curar-se ou
evoluir com recrudescimento da febre e sintomas gerais, com ou sem agravamento. As
manifestações clínicas da “fase imune” iniciam-se geralmente na segunda semana da doença e
desaparecem em 1 a 3 semanas. As manifestações mais comuns do envolvimento cardíaco
(miocardite) são alterações eletrocardiográficas e arritmias. Pode ocorrer comprometimento
ocular com hiperemia ou hemorragia das conjuntivas, hemorragia intra-ocular e, mais
tardiamente, uveíte. Alguns pacientes apresentam alterações do volume e do sedimento
urinário, porém a insuficiência renal aguda é rara na leptospirose anictérica.
Forma ictérica (moderada ou grave): Em alguns pacientes a “fase septicêmica” evolui
como uma doença ictérica grave com disfunção renal, fenômenos hemorrágicos, alterações
hemodinâmicas, cardíacas, pulmonares e de consciência, com taxas de letalidade entre 10% e
40%. O curso bifásico é raro e os sintomas e sinais que precedem a icterícia são mais intensos,
destacando-se as mialgias, sobretudo nas panturrilhas. A icterícia, de tonalidade alaranjada,
bastante intensa e característica, têm início entre o 3º e 7º dia da doença. A disfunção hepática
é associada à maior incidência de complicações e a maior mortalidade, embora a insuficiência
hepática não constitua importante causa de morte, diferentemente do que ocorre com a febre
amarela.
A insuficiência renal aguda (IRA) e a desidratação acometem na maioria dos
pacientes. A forma oligúrica é menos freqüente que a forma não-oligúrica, mas está associada
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a pior prognóstico. Diferentemente de outras formas de IRA, os níveis de potássio plasmático


estão normais ou diminuídos, raramente elevados.
Os fenômenos hemorrágicos são freqüentes, podendo ocorrer na pele, nas mucosas ou
nos órgãos internos, sob a forma de petéquias, equimoses e sangramento nos locais de
venopunção, e também em qualquer estrutura orgânica, inclusive no sistema nervoso central.
Convalescensça e Seqüelas: Atrofia muscular e anemia são freqüentemente observadas
por ocasião da alta do paciente. A convalescença dura de 1 a 2 meses, período no qual podem
persistir a febre, a cefaléia, as mialgias e mal-estar geral por alguns dias. A leptospirúria pode
continuar por uma semana ou eventualmente até vários meses após o desaparecimento dos
sintomas. Os níveis de anticorpos, detectados pelos testes sorológicos, diminuem
progressivamente mas em alguns casos podem permanecer elevados por vários meses, fato
que não deve ser interpretado como uma infecção prolongada, situação não descrita para a
leptospirose humana.

6. TRATAMENTO

É cada vez mais notável a eficiência da antibioticoterapia, citada pelo Ministério da


Saúde (2005), no tratamento da leptospirose, antes indicada até o até o 5º dia do início dos
sintomas; porém, tem se mostrado benéfica mesmo quando iniciada mais tarde, no curso dos
casos graves.
A droga de escolha é a penicilina G cristalina (adultos: de 6 a 12 milhões de
unidades/dia, divididas em 4 a 6 tomadas diárias, durante 7 a 10 dias; crianças: 50 mil a 100
mil unidades/kg/dia pelo mesmo período).
Como alternativas podem ser utilizadas a ampicilina (4 g/dia para adultos e 50 a 100
mg/kg/dia para crianças), a tetraciclina (2 g/dia) ou a doxiciclina (100mg de 12/12horas) por
igual período. a tetraciclina e a doxiciclina são contra-indicadas em gestantes, menores de 9
anos e pacientes com insuficiência renal aguda ou insuficiência hepática.
Para os pacientes alérgicos à penicilina ou que apresentem lesão renal e icterícia,
sugere-se o uso do cloranfenicol (2g/dia para adultos e 50 a 100 mg/kg/dia para crianças).
Constituem aspectos da maior relevância no atendimento de casos moderados e
graves e devem ser iniciadas precocemente na tentativa de evitar complicações da doença,
principalmente as renais: reposição hidreletrolítica, assistência cardiorrespiratória, transfusões
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de sangue e derivados, nutrição enteral ou parenteral, proteção gástrica, etc. O


acompanhamento do volume urinário e da função renal são fundamentais para se indicar a
instalação de diálise peritoneal precoce, o que reduz o dano renal e a letalidade da doença.
Não devem ser utilizados medicamentos para dor ou para febre que contenham ácido
acetil-salicílico (aspirina e melhoral), que podem aumentar o risco de sangramentos. Os
antiinflamatórios também não devem ser utilizados pelo risco de efeitos colaterais, como
hemorragia digestiva e reações alérgicas. Quando o diagnóstico é feito até o quarto dia de
doença, devem ser empregados antibióticos (doxiciclina, penicilinas), uma vez que reduzem
as chances de evolução para a forma grave. As pessoas com leptospirose sem icterícia podem
ser tratadas no domicílio. As que desenvolvem meningite ou icterícia devem ser internadas.
As formas graves da doença necessitam de tratamento intensivo e medidas terapêuticas
(CIVES, 2009).

7. PREVENÇÃO E CONTROLE

A prevenção é feita através de medidas de antirratização, que consiste na modificação


das características ambientais que favorecem a penetração, a instalação e a livre proliferação
de roedores, por meio da eliminação dos fatores que propiciem o acesso desses animais a
alimento, água e abrigo.
Outra alternativa é a desratização, que visa à eliminação direta dos roedores através de
métodos mecânicos (ratoeiras) e químicos (raticidas). O ambiente será examinado e após
identificada a espécie, tem-se condições de apontar as razões da ocorrência da infestação,ou
seja,de onde vem,para onde está indo,por onde passa e circula,o que busca, e de que se
alimentam. Com base nos dados obtidos, pode-se apontar medidas que em conjunto, sejam
capazes de interferir a instalação, sobrevivência e proliferação dos roedores na área
determinada. Poderão ser utilizados processos mecânicos ou físicos como ratoeiras,
armadilhas e outros dispositivos de captura. Outra forma é a eliminação por processos
químicos, serão utilizados os raticidas. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1999).
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8. LEPTOSPIROSE BOVINA

É uma doença transmissível que causa abortamento nas vacas. Nos animais jovens,
causa febre, amarelão (icterícia), anemia e sangue na urina. Os germes localizam-se nos rins e
são eliminados na urina por longo período.
A leptospirose bovina é uma doença infecciosa de distribuição cosmopolita, causada
por bactérias do gênero Leptospira (LEVETT, 2001), que acomete entre os animais
domésticos: bovinos, suínos eqüinos e cães, podendo ocorrer também em animais selvagens.
Sua relevância se deve a seu potencial zoonótico, podendo levar a doença humana. No
rebanho bovino, assume grande importância devido à marcada perda de produtividade e
prejuízos causados pela presença da doença na propriedade.
O contágio ocorre a partir de pequenos mamíferos de área selvagem, sendo transmitida
por meio de águas paradas contaminadas com urina infectada desses animais, ou por meio da
monta natural (SLEIGHT e WILLIAN’S, 1961, BLAHA, 1965).
As perdas econômicas causadas pela leptospirose bovina estão relacionadas, tanto de
forma direta como indireta, por exemplo, as falhas reprodutivas como infertilidade,
abortamento, queda na produção de carne e leite, além das despesas com médicos
veterinários, vacinas e medicamentos usados no combate à leptospirose. Além dos prejuízos
econômicos, a enfermidade está associada a impactos sociais, pois é uma zoonose capaz de
provocar quadros graves e até mesmo a morte de pessoas infectadas (EMBRAPA, 2011).
Todos os mamíferos são susceptíveis à leptospira, contudo a espécie bovina é uma das
mais afetadas. Uma vez introduzido em um rebanho, o sorovar estabelece níveis variáveis de
infecção, podendo persistir por longos períodos.
No Brasil, a doença é endêmica e tem sido detectada em todos os estados (FÁVERO et
al., 2001). Embora bovinos de ambos os sexos sejam acometidos, as perdas são mais
significativas em fêmeas; em relação ao manejo empregado, rebanhos leiteiros são mais
susceptíveis à ocorrência da infecção.
O gênero leptospira compreende bactérias de morfologia similar, mas que em testes de
soroaglutinação são antigenicamente distintas, sendo assim classificada em diferentes
sorovares. Cada sorovar tem um hospedeiro natural que atua como hospedeiro do agente
(GIRIO; LEMOS, 2002).
A prevalência da leptospirose pode aumentar quando animais tornam-se portadores e
há evidências de que ocorra infecção ativa na ausência de títulos detectáveis pela aglutinação
como, por exemplo, por Hardjo, em vacas leiteiras (BOLIN; ALT, 1999). A soro variedade
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Hardjo é a mais freqüente em todo o mundo, portanto, a maior causadora de problemas


reprodutivos em bovinos (ELLIS, 1994). Dois genótipos do sorovar Hardjo são encontrados
nos ruminantes: Hardjobovis, que ocorre com freqüência em Nova Zelândia, Austrália e
Holanda (FAINE, 1999), e Hardjoprajitno, que tem sido relatado no Brasil, Reino Unido,
Nigéria, Índia, Malásia, México e nos Estados Unidos (AGUIAR, 2004). O tipo
Hardjoprajitno é mais virulento e foi isolado da maioria dos fetos abortados, enquanto o
Hardjobovis foi isolado principalmente do rim e trato genital de bovinos portadores (BOLIN;
ALT, 1999).
No Brasil, a ocorrência do sorovar Hardjo na espécie bovina já foi constatada em
diversos estudos (VASCONCELOS et al., 1997; LANGONI et al., 1999; JULIANO et al.,
2000; FÁVERO et al., 2001; MINEIRO, 2007).

8.1 TRANSMISSÃO

A transmissão do sorovar Hardjo, geralmente ocorre de bovino a bovino, em alguns


rebanhos ou regiões podem ocorrer infecções incidentais por outros sorovares, cuja
transmissão indireta está ligada ao contato com o meio ambiente contaminado por leptospiras
de espécies silvestres ou outras espécies domésticas, principalmente em situações
edafoclimáticas tropicais. Cervídeos, capivaras e outras espécies silvestres atuam como
reservatórios de Leptospira spp. para os rebanhos ao encontrar o habitat satisfatório.
Entre os sorovares incidentais mais freqüentes destacam-se Icterohamorrhagiae,
Pomona e Canicola, pela elevada patogenicidade, causando sintomas clínicos graves como
icterícia, hemorragias e morte. Em fêmeas prenhes o abortamento ocorre em grande número
dos animais afetados.
A transmissão da leptospira pode ocorrer pelo contato direto com a pele, mucosa oral e
conjuntival com a urina e/ou órgãos de animais portadores. Dessa forma, a via venérea,
transplacentária e mamária ou até o hábito de limpeza da genitália, escroto e tetas entre os
animais podem constituir-se em rotas importantes de transmissão (GUIMARÃES et al.,
1982). Essa transmissão é também caracterizada pela presença de animais doentes ou
portadores assintomáticos que eliminam o agente pela urina e descargas cérvico-vaginais,
além dos fetos abortados e placenta, mantendo a doença endêmica na propriedade. As
leptospiras que são eliminadas na urina de animais infectados persistem no meio ambiente por
tempo variável de acordo com as condições de umidade, temperatura e pH (FAINE et al.,
1999).
14

Desta forma, a infecção é determinada por fatores como as espécies animais de


contato, os sorovares existentes na região, as condições ambientais e climáticas, além do
manejo e das oportunidades de infecção direta ou indireta.
A urina é a principal fonte de infecção, sendo os roedores, além de outros animais
domésticos e silvestres, os principais reservatórios. A taxa de mortalidade em bovinos é baixa
e as espécies doentes ou assintomáticas constituem-se no principal reservatório para a
sorovariante Hardjo. A taxa de abortamento pode ser de 30 % e a perda da produção de leite é
alta. Alguns países consideram a leptospirose como doença ocupacional para magarefes,
fazendeiros e veterinários.
A transmissão da leptospirose pode ocorrer pelo contato direto da pele e das mucosas
oral e conjuntival, com a urina e órgãos de animais portadores de leptospiras. As vias
transplacentária e mamária podem ser também consideradas na transmissão da leptospirose
(GUIMARÃES et al., 1982).
A via venérea, pela monta natural realizada entre animais infectados, é uma das mais
importantes condições para a transmissão direta. A possibilidade de transmissão da
leptospirose pelo sêmen industrializado é minimizada, desde que os critérios preconizados
pela OIE (World Organization for Animal Heath) em relação à saúde do touro doador e a
manipulação do ejaculado sejam seguidas.
Entretanto, no sêmen industrializado proveniente de touro infectado, há a possibilidade
de transmissão da leptospirose apesar de acrescido do extensor com antibióticos, sendo
dependente da dose infectante e da sensibilidade da estirpe de Leptospira spp. ao protocolo
antibiótico empregado; uma vez que o glicerol e o armazenamento em nitrogênio líquido
permitem a conservação da bactéria (COSTA et al., 1998; RADOSTITS et al., 2000;
Vasconcellos, 1996).
Nas fêmeas bovinas, a infecção pelo sorovar Hardjo parece ter efeito direto sobre a
fertilização interferindo com a função do corpo lúteo, através da diminuição dos níveis de
progesterona. (DHALIWAL et al., 1996). O sorovar Hardjo também têm sido relatado
persistindo na glândula mamária de bovinos (THIERMANN, 1984). Essas infecções não são,
normalmente, tão severas quanto as causadas por outros sorovares como, por exemplo,
Icterohaemorrhagiae, Pomona ou Grippotyphosa, que ocasionam surtos de abortamentos
(DHALIWAL et al., 1996, FAINE et al.,1999).
De acordo com Lopes (2005), o período de incubação gira em torno de 4 a 10 dias
sendo que a bacteremia pode ocorrer por horas ou mesmo por uma semana. Nesta fase
normalmente os animais apresentam uma sintomatologia subclínica podendo ocorrer em
15

alguns casos febre e, dependendo do sorovar, lesões em alguns órgãos especialmente em


animais jovens. Após a contaminação, a leptospira se espalha pelo organismo através da
corrente circulatória, contaminado a glândula mamária, rins e trato genital. Diferenças no
tropismo da bactéria podem ser encontradas de acordo com o sorovar presente. Alguns têm
preferência pelos rins, já outros sorovares, pelo trato genital ou mesmo por ambos. A
leptospiúria, ou seja, eliminação pela urina ocorre de forma intermitente, freqüentemente por
6 a 12 meses podendo ocasionalmente persistir pela vida inteira do animal. Os fatores
envolvidos na interrupção da excreção através da urina ainda não são bem compreendidos
embora alguns autores demonstrem haver uma associação entre o aumento de anticorpos
como IgG e IgA.

8.2 SINTOMAS

Os sinais de leptospirose em bovinos, vão desde uma forma totalmente inaparente, até
uma forma aguda, febril e severa. Os sintomas clínicos não são específicos ou
patognomônicos para leptospirose. A severidade da doença parece depender da idade e
imunidade do animal, do sorovar infectante, da concentração e virulência. Esses parâmetros
também são determinantes na proporção de mortes em qualquer episódio epizoótico (FAINE
et al,. 1999).
A leptospirose clínica em bovinos pode ser dividida em duas fases distintas: uma fase
aguda na qual o início dos sintomas coincide com a fase de bacteremia da infecção; e uma
fase crônica que afeta de forma notável, o trato reprodutivo (ELLIS, 1984).
As manifestações clínicas mais freqüentes são as da esfera reprodutiva com
abortamento, usualmente no terço final da gestação, infertilidade, esterilidade ou o
nascimento de produtos a termo, debilitados, que morrem nos primeiros dias de vida (ELLIS,
1994). Nos bovinos alguns sinais particulares são observados; em bezerros pode ser
observado um quadro febril com icterícia e hemoglobinúria o qual solicita o estabelecimento
de um diagnóstico diferencial com a tristeza parasitária. Nas vacas adultas das raças com
aptidão leiteira pode haver infecção da glândula mamária com mastite atípica, diminuição da
secreção do leite, úbere flácido, e leite manchado por coágulos de sangue (ELLIS, 1994;
FAINE, 1982).
Infecções acidentais em bovinos, como por exemplo, pelos sorovares grippotyphosa e
icterohaemorrhagiae têm uma incidência maior de doenças aguda e severa, quando
comparadas com infecções causadas pelo sorovar hardjo, para os quais são hospedeiros
16

naturais. No geral, infecções em hospedeiros naturais, estão associadas com alta incidência de
infecção subclínica e os sinais clínicos são mais freqüentemente associados com falhas
reprodutivas e infertilidade em infecções crônicas (FAINE et al., 1999).
Leptospirose aguda pode apresentar-se como uma doença severa em bovinos
infectados com uma série de sorovares, particularmente o sorovar pomona. Os sinais clínicos
incluem febre alta, anemia hemolítica, hemoglobinúria, icterícia, congestão pulmonar e,
ocasionalmente meningite e morte (ELLIS, 1984). Os bovinos que se recuperam podem ter o
crescimento prejudicado e lesões renais significativas conduzindo a depreciação ou
condenação de carcaças no abatedouro. Em alguns casos, de acordo com Faine et al. (1999),
lesões detectadas nos abatedouros são ferramentas chave que conduzem a suspeita de
leptospirose no rebanho. Quando vacas prenhes são infectadas por esses sorovares esses
animais podem abortar. Os abortos ocorrem associados com sinais clínicos em vacas, como
febre e inapetência.
Pearson et al. (1980) ainda afirma que a síndrome clínica mais comum associada com
leptospirose aguda ocorre em rebanhos leiteiros com uma febre transitória com queda súbita
na produção de leite por 2 a 10 dias. Nesta “síndrome da queda do leite”, o leite fica
amarelado com consistência de colostro, contendo coágulos e alta contagem de células
somáticas. Esta condição ocorre mais comumente com infecções por hardjoprajitno, mas
pode ocorrer por hardjobovis ou outros sorovares (FAINE et al., 1999).
A Forma crônica devido aos sorovares hardjo, está associada com infecção fetal em
vacas prenhes, apresentando-se como abortos, natimortos, ou nascimento de bezerros
prematuros e fracos infectados (ELLIS, 1994). Alguns bezerros infectados, porém
aparentemente sadios, podem nascer. Recém-nascidos congenitamente infectados são fracos e
afetados por degeneração do fígado e/ou rins, sendo propensos a infecções secundárias. Os
que sobrevivem tornam-se portadores crônicos. No caso de infecções crônicas com estes
sorovares, particularmente o sorovar hardjo, os abortos ou outras seqüelas reprodutivas, como
morte embrionária, ocorrem semanas a meses após o início da infecção das prenhes. Esta
falha na associação temporal entre os sinais clínicos dificulta o diagnóstico, pois os títulos de
anticorpos das vacas podem estar baixos ou caindo no período do aborto (FAINE et al., 1999).
Segundo Dhaliwal et al. (1996), a infertilidade causada por hardjo, aumenta o
intervalo entre partos, o período de serviço por concepção e perda embrionária, ocorre devido
à localização das leptospiras no útero e oviduto dos bovinos infectados.
17

8.3 DIAGNÓSTICO

Embora a epidemiologia, histórico clínico, sintomas e achados pós exame físico


possam conduzir ao diagnóstico clínico, um diagnóstico laboratorial é requerido (ADLER;
FAINE, 2005).
O diagnóstico clínico é pouco preciso. Em bovinos os abortos podem até ser atribuídos
à outra doença ou até serem confundidos com abortos de origem não infecciosa. Os materiais
normalmente coletados para laboratório são: soro, urina, fragmentos de rim fígado e aparelho
genital, fetos abortados (fragmentos de pulmão, fígado, cérebro, rins inteiros e conteúdo
gástrico).
O diagnóstico laborial pode ser complexo e envolve dois grupos de teste. Um grupo de
testes é designado a detectar anticorpos anti-leptospira (indireto), e o outro é designado a
detectar leptospiras (direto), antígenos de leptospira ou ácidos nucléicos de leptospiras em
tecidos animais ou fluído corporal. A seleção do teste dependerá do propósito do mesmo
(teste de rebanho ou teste individual) e do teste disponível na região (OIE, 2006).
O teste sorológico é o mais comumente utilizado como método diagnóstico em
leptospirose, sendo o teste de soroaglutinação microscópica (SAM) o padrão ouro. Esse teste
detecta reações para qualquer classe ou classes de imunoglobulinas e a titulação comumente
aceita como ponto de corte é 100 (OIE, 2006). Além do SAM outros métodos podem ser
utilizados no diagnóstico sorológico da leptospirose como o ELISA (Enzime-linked
immunoassay), reação de fixação do complemento, teste de hemoaglutinação,
imunofluorescência, entre outros (FAINE et al., 1999).
Os anticorpos aparecem 7 a l0 dias após a infecção aparente ou não, persistindo por
várias semanas ou meses, e em alguns casos até anos. As leptospiras induzem a produção de
anticorpos, principalmente do tipo IgM. As imunoglobulinas IgA e IgG aumentam mais
discretamente com a evolução da doença.
Segundo Lopes (2005), a coleta de soros deve ser representativa do rebanho e não
apenas coletar das vacas que abortam. A prova de soroaglutinação microscópica tem valor
limitado como diagnóstico individual de leptospirose e deve ser sempre interpretada em nível
de rebanho. Assim, em um rebanho não vacinado, a presença de vários animais positivos,
mesmo na ausência de sintomas típicos, permite-nos afirmar que existe leptospirose nesse
rebanho.
As técnicas de isolamento mais utilizadas são: imunofluorescência, utilizada na
identificação de leptospiras nos tecidos, sangue ou sedimento urinário; exame microscópico em
18

campo escuro, rápida na identificação de leptospiras na urina; cultura em meio especifico,


utilizado para isolamento do sangue, da urina ou tecido é o método definitivo para o diagnóstico
da leptospirose; e inoculação em animais sensíveis.

8.4 TRATAMENTO

Segundo GERRITSEN et al. (1994), o tratamento é importante, pois elimina o


portador renal, diminuindo a fonte de infecção e conseqüentemente a exposição de animais
não infectados com o agente.
Em bovinos a vacinação associada ao manejo desempenha um importante papel no
controle da leptospirose na propriedade. (Gerritsen et al., 1994). No entanto, quando se tenta
fazer o controle de animais positivos para leptospirose apenas com vacinação corre-se o risco
de haver o aumento do número de animais atingidos, uma vez que a vacinação não elimina o
estádio de portador, por isso recomenda-se o uso de antibiótico em animais positivos (Girio et
al., 2005).
O objetivo principal é o controle da infecção antes que ocorram lesões irreversíveis no
fígado, rins e no aparelho genito-urinário, além de interromper a leptospirúria (eliminação de
leptospiras pela urina) nos animais acometidos.
A estreptomicina foi um dos primeiros antibióticos a ser utilizado para a terapia da
leptospirose e é considerada, até hoje, uma das melhores opções de tratamento (Girio et al.,
2005).
O tratamento de bezerros e bovinos adultos com a forma aguda da doença, deve ser
realizado com a administração de estreptomicina ou dihidroestreptomicina na dose de 12
mg/Kg, três vezes ao dia, durante três dias por via intra muscular ou oxitetraciclina tambem é
eficaz. Entretanto, devido ao rápido curso clinico da doença, principalmente em animais
jovens, a eficiência deste tratamento é limitada (Riet-Correa et al. 2001).
Obteve-se algum sucesso com o uso de eritromicina e tilosina para o controle de
animais portadores, por sua ampla ação a nível renal.
No geral, os resultados do tratamento são desapontadores, porque na maioria dos casos
os animais são avaliados apenas quando a septicemia já cedeu. O objetivo secundário do
tratamento é o controle da leptospirúria dos animais “carreadores”, tornando-os seguros para
continuarem no rebanho.
19

8.5 CONTROLE E PREVENÇÃO

Faz-se necessário o controle da leptospirose para prevenir a doença clínica, as perdas


econômicas e minimizar o risco de infecção humana.
As medidas de controle devem ser aplicadas em cada um dos componentes da cadeia
de transmissão: fontes de infecção, vias de transmissão e suscetíveis. Como medidas de
controle, as fontes de infecção podem ser identificadas por meio de diagnósticos, combatidos
os reservatórios sinantrópicos, separados e tratados os animais de produção e companhia, e
adotadas medidas de vigilância epidemiológica dos doadores, do sêmen e dos comunicantes.
As vias de transmissão devem ser saneadas por meios de drenagem, destino adequado de
excretas, cadáveres e restos de animais, higiene e desinfecção de instalações e equipamentos
zootécnicos, armazenagem adequada de alimentos. Controle sanitário da inseminação
artificial. Aos suscetíveis, deve ser empregada proteção específica através do emprego de
imunógenos preparados com os sorovares de leptospiras predominantes na região (FAINE,
1982).
O combate aos reservatórios sinantrópicos (Rattus rattus, Rattus novergicus e Mus
musculus) incluem a modificação ambiental, as medidas preventivas, como construções a
prova de roedores, e as medidas ofensivas como uso de raticidas (FAINE, 1982).
Faine (1982), ainda recomenda que animais doentes ou soropositivos, devem ser
separados dos animais não infectados, permanecendo isolados, e tratados com antibiótico com
objetivo de eliminar a leptospira dos rins. Suínos devem ser isolados de bovinos, ovinos e
caprinos, pois esses animais apresentam uma maior concentração de leptospiras na urina e as
mantém por muito mais tempo que bovinos ou outros animais domésticos. Da mesma forma,
os cães devem ser isolados dos outros animais.
Vacinas de leptospiras para uso veterinário são suspensões de uma ou mais estirpes de
leptospiras patogênicas inativadas de tal maneira que a atividade imunogênica é mantida.
Uma vacina deve ser formulada para uso em uma espécie animal em particular e em uma
região geográfica particular. Ela deve conter somente aqueles sorovares (e preferencialmente
aqueles genótipos) que causam problema na espécie animal ou que são transmitidas de uma
espécie animal a outra na região (OIE, 2006).
Vacinas com adjuvante completo de Freund induzem a maior resposta sorológica, mas
não necessariamente maior proteção. A resposta imune é específica ao sorotipo. Nos rebanhos
fechados está indicada a vacinação anual de todos os bovinos com bacterinas apropriadas, ou
20

duas vacinações anuais em rebanhos abertos. A vacinação deve começar com bezerros de
quatro a seis meses de idade e as revacinações devem ser anuais.
Com o tratamento de animais infectados e portadores é possível alcançar o controle da
leptospirose numa fazenda ou até numa região. É importante observar os riscos aos animais
sadios e adotar medidas de prevenção.
É possível obter o controle e até a erradicação da enfermidade nos animais agregando
conhecimentos sobre a epidemiologia da leptospirose e adotando medidas de prevenção,
podendo ser usados dois métodos para isso. Primeiro a erradicação através da identificação
dos animais portadores e seu tratamento. Com as dificuldades que implicam o fato da fauna
silvestre ser portadora, assim como as condições ambientais (riachos, córregos, açudes) que
são muito difíceis de controlar. E também através da prevenção dos efeitos da doença
mediante a correta utilização de vacinas. A vacinação, com vacinas mortas e de boa
qualidade, oferecem uma imunidade de 5 a 6 meses e não elimina totalmente os portadores de
leptospiras.
Para se ter êxito no resultado da vacinação é necessário que esta bacterina contenha as
cepas ou sorovares existentes na região, dado que não existe imunização cruzada de um tipo
de sorovar para outro.
Existem ainda nesse método de controle diferentes modos e estratégias de prevenção
para diferentes tipos de rebanhos bovinos:
Para gado de corte: Vacinar as fêmeas gestantes depois de fazer tato retal. Repetir a
dose aos 20 dias, de forma a prevenir os abortos tardios e dar boa imunidade passiva ao
bezerro recém-nascido. Eliminar do plantel as vacas falhas.
Para gado leiteiro: Vacinar todos os animais a cada 6 meses. Pelo tipo de exploração,
não é possível vacinar somente a fêmea gestante em determinada data.
Ainda há a opção de se fazer um plano de prevenção para criar uma base de
imunidade, que deve ser feita desde os primeiros meses da criação. Uma primeira dose da
vacina entre 3 e 6 meses de idade; segunda dose seis meses após a primeira; terceira dose aos
18 meses; quarta dose em fêmeas antes da primeira cobertura e quinta dose antes da segunda
cobertura.
Após este Plano, não são necessárias vacinações posteriores, já que foi constituída
uma sólida base imunitária, que se manterá corretamente durante toda a vida produtiva do
animal. Para isto, é necessário vacinar animais desparasitados e em correto estado de nutrição.
Julga-se que a imunidade natural conferida pelo contato com as Leptospiras infectantes
21

somados à proteção oferecida pelas sucessivas vacinações durante a tenra idade, são
suficientes para resistir o desafio.

8.6 PREJUÍZOS ECONÔMICOS

A Leptospirose bovina é uma doença comum e economicamente importante que


acomete o rebanho bovino em todo o mundo, causa prejuízo econômico pelo aborto,
diminuição da produção de leite, infertilidade e morte dos animais (THIERMANN, 1984).
Uma performance reprodutiva ótima é a chave para o sucesso econômico de rebanhos
leiteiros e de corte em qualquer sistema de criação, sendo que as doenças da reprodução
podem ter um efeito negativo de forma bastante significativa sobre a eficiência reprodutiva
dos rebanhos (LOPES, 2005).
Para Faine et al. (1999) e Vasconcellos (1996) a leptospirose tem grande importância
econômica por influenciar o potencial reprodutivo do rebanho. Nos bovinos, especificamente,
as perdas econômicas causadas pela leptospirose estão direta ou indiretamente relacionadas às
falhas reprodutivas como a infertilidade, o abortamento e à queda da produção de carne e
leite, além de custos com despesas de assistência veterinária, vacinas e testes laboratoriais.
Para o Ministério da Saúde (1998), as conseqüências dessa infecção são
particularmente da esfera econômica, tendo em vista o envolvimento de bovinos, eqüinos,
suínos, caprinos e ovinos, espécies animais produtoras de alimentos nobres como a carne, o
leite, e ainda de produtos de interesse industrial, tais como a lã e o couro.
Há a diminuição na produção do leite que perdura de dois a dez dias, e se apresenta de
cor amarelada, com consistência de colostro, grumos grosseiros e elevada contagem somática;
além do risco de aparecimento da mastite flácida, prejudicando também rebanhos leiteiros.
A leptospirose deve ser sempre levada em conta em qualquer propriedade, apesar de
não haver estudos que apontem com números exatos os prejuízos causados em um rebanho
contaminado com essa doença, fica claro que os gastos com prevenção, são mais vantajosos
que as perdas que se tem após a contaminação do rebanho.

9. LEPTOSPIROSE SUÍNA

Os suínos contaminam-se pelo contato direto com urina, pela mucosa nasal ou oral,
conjuntiva e pele. Pode haver infecção a partir da ingestão da ração, água solo, pela urina
22

contaminada e pela via genital. Os sinais de infecção: anorexia, elevação da temperatura


corporal (OLIVEIRA; NETO, 2007).
Em porcas em gestação ocorrem perdas fetais principalmente no terço final da
gestação, havendo abortos, fetos mumificados, nascimentos de leitões infectados que morrem
pouco após nascidos. Fetos abortados apresentam edema generalizado, presença de liquido
sanguinolento nas cavidades. Pode se perceber hemorragias cutâneas, uma porcentagem de
fetos apresenta lesões no fígado causadas por necrose de hepatócitos e infiltração de células
inflamatória (CARTER, 1988).
O diagnóstico da leptospirose animal é fundamentado nos aspectos clínico,
epidemiológico e exames laboratoriais. A confirmação definitiva da infecção baseia-se na
demonstração da presença do microorganismo ou de anticorpos específicos. A
soroaglutinação microscópica (SAM), que detecta a presença de anticorpos anti-Leptospira no
soro sangüíneo, é o procedimento laboratorial comumente utilizado para o diagnóstico da
leptospirose (BOQVIST et al., 2002; FAINE et al., 1999; LEVETT, 2004).
Na suinocultura moderna e intensiva, a prevenção é a melhor forma de reduzir riscos
e custos, com a implementação de medidas de biossegurança, programas de vacinação,
medicações profiláticas e programas de limpeza e desinfecção eficientes. A vacinação oferece
uma proteção eficaz quando aliada às outras medidas preventivas, especialmente em granjas
em que as condições ambientais favoreçam a infecção com leptospiras (SOBESTIANSKY;
BARCELLOS; SESTI, 1998).

10. LEPTOSPIROSE EQÜINA

A leptospirose eqüina é uma enfermidade causada por diferentes sorovares de


Leptospira interrogans, sendo os mais freqüentemente encontrados pomona,
icterohaemorrhagiae, canicola, grippotyphosa, hardjo, australis, pyrogenes, tarassovi,
butembo, ballum, autumnalis (SWART et al., 1982), manifestando-se normalmente por uveíte
recorrente, abortos ou outros distúrbios reprodutivos.
Embora evidências sorológicas de infecções por leptospira sejam comuns em eqüinos,
a doença clínica não é freqüente. Em eqüinos a leptospirose geralmente se manifesta como
doença aguda ou crônica, individual ou de grupo de animais, sendo que a maioria das
infecções apresenta caráter inaparente, levando o clínico ter uma falsa impressão que esta
enfermidade não ocorre em eqüinos (CARVALHO et al., 2006).
23

Os sintomas freqüentemente descritos são a febre, a icterícia, nefrite e complicações


oculares (Hong et al, 1993). A oftalmia se instala após a fase de latência da doença, podendo
ser detectada pela presença de leptospiras nas lesões oculares e alta concentração de
anticorpos no humor aquoso (Acha e Szyfres).
Tanto em eqüinos estabulados como em animais à campo existem fontes de infecção
que podem facilitar o aparecimento da doença clínica. A exposição a roedores (hospedeiros
assintomáticos da Leptospira), animais silvestres e a exposição a terrenos alagadiços (várzeas
e banhados) são os principais fatores de risco para contrair a doença.
A vacinação de eqüinos é feita semestralmente visando a prevenção de surtos em
animais sadios e o espaçamento das crises em animais portadores, que normalmente não
apresentam sinais agudos, mas podem estar eliminando leptospiras na urina e contaminando o
ambiente de outros animais.
O tratamento pode ser feito com estreptomicina ou penicilina; potros ou animais que
nunca tomaram a vacina: 2 doses da vacina Lepto Equus (única exclusivamente para eqüinos
com leptospirose) com intervalo de 30 dias. E dose de reforço de 6 em 6 meses com uma dose
apenas.

11. CONTROLE DE ROEDORES EM ÁREAS RURAIS

Silos e tuias são os locais de alojamento preferido de roedores. Na grande maioria dos
casos ocorre por conter nesses locais alimentos ensacados (ração, grãos, concentrados),
expostos ou que foram perfurados.
Na lavoura brasileira, as espécies de roedores silvestres que podem ser observadas são
inúmeras, mas o que mais se destaca é a espécie Holochilus. Os roedores têm sido
indiscriminados pela disseminação e transmissão de várias doenças ao homem e aos animais,
como a leptospirose. A presença de roedores em áreas urbanas e principalmente em áreas
rurais gera grandes perdas econômicas e problemas sanitários.
A melhor maneira de se evitar a contaminação por roedores é a prevenção e controle
por meio da redução do risco de exposição, com a adoção de práticas de higiene ambiental
que impeçam o roedor de se instalar no ambiente domiciliar ou de trabalho (Fundação
Nacional da Saúde, 2002).
O controle de roedores tem como objetivo diminuir a população de roedores a níveis
aceitáveis de convivência, de modo a não causar prejuízos ao homem, o mesmo baseia,
atualmente, no manejo integrado, isto é, no conhecimento da biologia, hábitos
24

comportamentais, habilidades e capacidades físicas do roedor associado ao conhecimento do


meio ambiente onde estão instalados. Desta forma, compreende um conjunto de ações
voltadas ao roedor a ser combatido, mas também sobre o meio ambiente que o cerca,
praticados de forma simultânea, permitindo o seu controle.
Há duas formas de se controlar roedores em áreas rurais, anti-ratização e desratização:
Anti-ratização: São medidas que visam dificultar ou mesmo impedir o acesso, instalação e
proliferação de ratos em uma determinada área. Estas medidas consistem basicamente em
eliminar as fontes de alimento, abrigo e água para os ratos. Para se controlar roedores em
áreas rurais, as principais medidas indicadas são as preventivas (FUNASA, 2002).
Eliminar entulho, materiais de construção, lixo de varreduras, galhos e troncos e
montes de pedras e outros objetos inservíveis do interior e ao redor da área, pois servem de
abrigo a roedores;
Lixos orgânicos e inorgânicos de área rural, caso não exista coleta regular, podem ser
enterrados separadamente;
Armazenar instrumentos e produtos agrícolas (grãos e hortifrutigranjeiros) sobre
estrados com 40 cm de altura do piso, em depósitos (silos e tuias);
O silo ou tuia deverá estar suspenso a uma altura de 40 cm do solo com escada removível e
rateiras dispostas em cada suporte para evitar o acesso de roedores ao silo.
A desratização: É a utilização de processos capazes de produzir a eliminação física dos
roedores infestantes. Esse objetivo pode ser atingido, especialmente quando a infestação for
inicial ou de grau leve a moderado, por meio de processos mecânicos ou físicos como o
emprego de ratoeiras, armadilhas e outros dispositivos de captura (FUNASA, 2002).
As armadilhas colantes podem ser empregadas com relativo sucesso contra
camundongos (Mus musculus) e outros não comensais de igual porte (Oligoryzomys, Akodon
e Bolomys), mas sofrem restrições de caráter humanitário em virtude da lenta agonia a que o
animal capturado é submetido. Outra forma de obter-se a eliminação dos roedores infestantes
é por meio de processos químicos, onde são utilizadas substâncias denominadas
genericamente de raticidas, embora fosse mais apropriado chamá-las de rodenticidas.
Em todo o mundo, o grupo químico mais utilizado como raticida são os
anticoagulantes por serem muito eficazes a baixo custo, além de possuírem razoáveis margens
de segurança no uso e, acima de tudo, a existência de antídoto confiável.
25

12. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A leptospirose causa preocupação em todo o Brasil, principalmente na época das


chuvas, onde os surtos ocorrem com mais freqüência, apesar de não ser tão letal ou tão
comum como outras doenças de épocas chuvosas (como a dengue), a doença pode passar para
a fase mais grave, havendo complicações e levando o paciente à morte, podendo ser
considerada ainda preocupante também em períodos não-chuvosos. Porém se diagnosticada
logo no início, o tratamento pode ser feito sem tantos problemas ao indivíduo.
A leptospirose animal está disseminada em rebanhos não só do Brasil, mas de todo o
mundo. Causando prejuízos econômicos nas áreas rurais de todo o país, e tendo como
predominância a sorovar hardjo. Apesar de todo o conhecimento e pesquisas realizadas nessas
áreas, afim de combater cada vez mais o patógeno, uma erradicação é praticamente
impossível, e as medidas preventivas, como vacinação dos rebanhos e tratamento com
estreptomicina e penicilina, combate ao rato transmissor, passam a ser a melhor forma de se
combater a doença e evitar possíveis surtos epidemiológicos
26

13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARGENTA, Caroline Pescador et al. Aborto eqüino por Leptospira sp., Santa Maria, 2004
v.34, n.1, p.271-274.

BASTOS, Luciano Lospes. Doenças infecciosas ligadas a reprodução: leptospirose


bovina. UFMG: 2005. Disponível em:
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2011.

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Cruzeiro dos Peixotos de Uberlândia-MG. Veterinária Noticias, V. 12 N.2 (2006).

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LANGONI, H et al. Perfil sorológico da leptospirose bovina em regiões do Estado de São


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Botucatu, SP, Brasil: 1999.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Leptospirose: Diagnostico e Manejo Clínico. Secretaria de


vigilância e Saúde 2009. Disponível em:
http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/guia_de_manejo_clinico_versao_final_prelo_16
_nov.pdf Acesso em: 8 mar. 2011.

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