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LLL Interativa Socios fee rae en Luciana Mantzouranis formou-se em Quimica pela Universidade de Sao Paulo - USP em 2003. licenciada em Quimica pelas Faculdades Oswaldo Cruz, onde formou-se em 2012. Fez doutorada em Ciéncias ~ Bioguimica, pela Universidade de Sao Paulo e obteve o titulo em 2009, ano no qual comesou a atuar na docéncia universitéria como professora titular da Universidade Paulista ~ UNIP, em So Paulo. Desde 2074 atua como professora conteuaista no curso de ensino a distancia da UNIP, sendo responsdvel pelasdisciplinas de Quimica e Bioquimica. Leciona nas areas de Quimica, Bioquimica ¢ Biologia Molecular Dados Internacionais de Catalogagdo na Publicagdo (CIP) Yzsab — Mantzouznis Lucan, Bogue, Lutana Matz So Putra So 2020, Né pail Note: este vole est putiaso as Caeros de Etudes © Pesos do UM, Série Dien 1517-9730 |. Metals, 2 Caracidratos. 2, iio Tl, cousra ioe Todos 0 diets rserases Nenhuma are desta ob pe ser repaid ou transis por quslouer forms ou quasquer ios (leno, ineundo facia «gavage u arquvaa em qualquer sstema ou bape oe ado sem permssioesrta da Unversdade Paula Prof. Dr. Joao Carlos Di Genio Reitor Prof. Fabio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, AdministracZo e Finangas Profa. Melénia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitérias Prof. Dr. Yugo Okidla Vice-Reitor de Pés-Graduacao ¢ Pesquisa Profa. Dra, Marilia Ancona-Lopez Vice-Reitora de Graduasa0 Unip Interativa - EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcelo Souza Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didatico - EaD Comissao editorial Dra, Angélica L. Carlini (UNIP) Dra, Divane Alves da Silva (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra, Katia Mosorov Alonso (UFMT) Dra, Valéria de Carvalho (UNIP) Apolo: Profa, Cliudia Regina Baptista - EaD Profa, Betisa Malaman - Comissdo de Qualificagao ¢ Avaliagao de Cursos Projeto grafico: Prof. Alexandre Ponzetto Reviséo: Giovanna Oliveira Virginia Bilatto Sumario Bioquimica APRESENTACAO 7 INTRODUCAO. 7 Unidade | 1 CARBOIDRATOS. 9 1.1 Estrutura e fungao dos carboidratos.... eee 9 1.2 Classificagao dos carboidratos 12 1.2.1 Classificagao em relagao 2 possibilidade de hidrdlise. 12 1.22 Classificacdo dos monossacarideos quanto ao grupo funcional wee 19 1.2.3 Classificagao dos monossacarideos em relagdo ao numero de carbonos. 20 2 DEGRADACAO DOS CARBOIDRATOS. 20 2.1 Introducao ao metabolismo, 20 2.2 Degradacao dos carboidratos. 24 2.2.1 Digestao e absorcdo. 24 2.2.2 Digestio anormal de dissacatid€0S nen sen ~ rr 2.2.3 Intolerancia 4 lactose. 27 2.24 Transporte de glicose para dentro da célula 29 2.25 Uso da glicose pelas células 29 2.2.6 Via glicolitica ou glicélise 30 2.2.7 Glicdlise a€rObiCa sense ssi vn vn 30, 2.2.8 Metabolismo da sacarose e lactose. 40, 2.29 Glicdlise anaerdbica 42 2.2.10 Outros destinos da molécula piruvato 43 2.2.11 Via das pentoses fosfato. 45 2.2.12 Ciclo de Krebs... vn 48 2.2.13 Cadeia de transporte de elétrons e fosforilacdo oxidativa 56 2.2.14 Degradagao do glicogénio - glicogendlist mmm ~ ann 64 3 SINTESE DE CARBOIDRATOS. 67 3.1 Sintese e glicagénio - glicogénese 67 3.2 Sintese do amido 69 4 GLICONEOGENESE 00 69 4.1 0s substratos da gliconeogénes 70 4.2 Reagoes da gliconeogénese n Unidade I 5 LIPIDIOS E REGULACAO DO METABOLISMO 79 5,1 Estrutura € func0 d0S lipidioS wasn si 79 6 DEGRADACAO DOS LIPIDEOS — LIPOLISE 85 6.1 Digestéo, absorgao e transporte dos lipid€0S na... 85 6.2 Degradacéo dos triacilglicerdis. 87 6.3 Degradacéo dos acidos graxos 89 6.3.1 Oxidacao de acidos graxos saturados com numero par de carbonos w.. 1 92 6.3.2 Oxidacao dos dcidos graxos saturados com numero impar de atomos de carbono._ 95. 6.3.3 Oxidagao de dcidos graxos insatUradOS enn ninn imminent 96 6.3.4 Formagao de corpos ceténicos. 96 7 SINTESE DE LIPIDIOS - LIPOGENESE 7.1 Sintese de dcidos graxos e de triacilglicerol 7.2 Sintese do colesterOl..nunm 8 REGULACAO DO METABOLISMO DE CARBOIDRATOS E LPiDIOS 100 8.1 Regulagao da glicélise 82 Regulagdo da gliconeogénese 83 Regulagao do Ciclo de Krebs 84 Regulagdo da sintese e degradacao do glicogénio... 8.5 Regulagdo do metabolismo de lipidios.. APRESENTACAO A presente disciplina tem como objetivo geral fornecer conhecimentos a respeito da estrutura quimica de carboidratos e lipidios, bem como analisar 0 metabolismo desses compostos. Ao término deste curso, o aluno deverd ser capaz de reconhecer moléculas de carboidratos ¢ lipidios, conhecer todas as vias envolvidas com 0 metabolismo de carboidratos, sendo elas a via glicolitica aerdbica e anaerdbica, 0 Ciclo de Krebs, a cadeia de transporte de elétrons, a fosforilagéo oxidativa, a via das pentoses, a gliconeogénese, a glicogendlise ¢ a glicogénese. Deverd também conhecer todas as vias envolvidas com 0 metabolismo de lipidios, tanto da sintese quanto da degradaco. Alkm disso, espera-se que esteja apto também a reconhecer os processos regulatdrios dessas vias, tanto em relacdo a0 controle alostérico quanto 20 hormonal. A presente disciplina & de extrema importéncia para as matérias subsequentes do curso € para a atuagio como bidlogo INTRODUGAO, E crescente a preocupagio com a alimentacdo, a saiide e a estética, e, com isso, a veiculagdo de informagées sobre esses assuntos. Voce jé deve ter escutado, lido em revistas, visto na televisdo ou mesmo em uma conversa com os amigos as seguintes frases: “é importante comer de trés em trés horas para acelerar 0 metabolismo"; "se vocé quer emagrecer, vocé deve cortar carboidratos no periodo noturno", "pata emagrecer, vocé deve fazer uma alimentagdo baseada em alimentos com alto conteudo proteico"; “eliminel gldten ¢ lactose da minha alimentacao” entre outras, Sera que todas as informacdes veiculadas sao verdadeiras? Por um lado, a veiculagdo crescente dessas informagdes é o resultado de estudos realizados em relacio 4 alimentagao, ao metabolismo € & satde, ajudando pacientes diabéticos, com doenca celiaca, com intolerancia lactose entre outras. Por outro lado, muitas informages so transmitidas sem estarem fundamentadas em pesquisas cientificas, Sera que todas as pessoas que afirmam estarem se alimentando de trés em trés horas para acelerar 0 metabolismo realmente sabem o que significa o termo “"metabolismo"? Que tal aprender sobre isso e poder avaliar a veracidade das informacées veiculadas? 0 curso de Bioquimica ra discutir o metabolismo de carboidratos¢ lipidios e permitiré que vocé tenha uma visio critica sobre as informacées veiculadas, além de possibilitar a aquisigao de conhecimentos importantes para as materias subsequentes e para a atuacdo como bidlogo Vocé verd que o livro esta repleto de reagdes quimicas, pois a Bioquimica estuda como o organismo funciona como um sistema quimico; o importante é que voce tenha uma visio ampla de como essas reagdes esto interligadas. CTE Ia) 1 CARBOIDRATOS 1.1 Estrutura e fungéo dos carboidratos 0s carboidratos so compostos que tém na sua estrutura os elementos quimicos carbono, hidrogénio € oxigénio. Geralmente, eles apresentam como férmula geral (CH,O)n, sendo n > 3. A maioria dos carboidratos pode ser representada dessa forma, mas nao todos, pois alguns contém nitrogenio, fésforo ou enxofre, que nao estao incluidos nessa formula O nome carboidrato indica que eles so hidratos de carbono, designacao oriunda da férmula geral apresentada pela maioria desses compostos A terminagao ose é frequentemente utiizada na nomenclatura dos carboidratos. Alguns exemplos so a glicose e a ribose Veja a figura a seguir: A ~\ A B. IN A 5 5 w—ton Reto Ho EH Hon wotof fn HH C—0# HOH ch ,OH Figura 1 A) gliose; 8) ribose Na figura 1A, podemos observar que a glicose tem 6 étomos de carbono, 12 de hidrogénio € 6 de oxigénio, portanto podemos representa-la como C,H,,0, ou (CH,0), | Em quimica, nas férmulas que representam os compostos, os nimeros fora dos parénteses valem para todos os elementos que estdo dentro deles Na figura 1B, podemos observar que a ribose tem § dtomos de carbono, 10 de hidrogénio e 5 de oxigénio, portanto podemos representa-la como C,H,,0, ou (CH,0),, Também podemos observar que os carboidratos apresentam vérios grupos hidroxilas (OH), e por isso so considerados compostos polidlcoois. 18 ossenoqee Hidroxila ligada a carbono saturado corresponde 4 fungéo organica Aleool A seguir estéo representados outros exemplos de carboidratos: aw VA i t a CH,OH on—C— mol H—¢—on bon b. Grok gros ¢ I r CHOW HoH H—¢—on CH,OH Figura 2~A) gliceraleido; 8) galactose; (| didrox’acetona;D) ribulose A terminagao ose € frequentemente utilizada na nomenclatura dos carboidratos, mas nem todos tém o nome terminado dessa forma Exemplo de aplicagao 0s carboidratos da figura 2 podem ser representados pela formula geral dos carboidratos: (CH,O)n. Conte a quantidade de atomos de carbono, hidrogénio ¢ oxigénio presente em cada um ¢ os represente seguindo a formula geral 05 carboidratos sao as biomoléculas mais abundantes ¢ constituem cerca de 60% da nossa dieta Através de sua oxidagao, obtemos a maior parte da energia utilizada pelo nosso organismo. Além de fonte energética, eles sao componentes das membranas celulares, dos dcidos nucleicos - DNA e RNA -, da parede celular de bactérias, fungos ¢ vegetais e do tecido conjuntivo de animais CTE Ia) A pirdmide alimentar {figuras 3 ¢ 4) mostra a importancia dos carboidratos na nossa alimentagdo. Em sua base, esto os alimentos que precisam ser ingeridos em maior quantidade €,no topo, os que precisam ser ingeridos em menor quantidade. A base & constituida pelo grupo dos carboidratos, Alguns exemplos sao: 0 trigo, 0 milho, o arroz, a batata, a mandioca, os paes, 0 macarréo dentre outros. Leite, iagurte, ‘quello Carne, aves, Cape aves Leguminosas (fei, soja, lentil, ervlha) Paes farina, aror e massa (serivados de gros, tubérculose raizes) Figura 3 Pirdmide alimentare 0s grupos alimentares 29 porgoes Figura 4 Piramide alimentar €as porgdes de consumo diario Exemplo de aplicagio Reflita um pouco sobre a sua alimentagio. Sera que ela esté de acordo com as quantidades sugeridas na pirdmide alimentar? 1.2 Classificagdo dos carboidratos 1.2.1 Classificagdo em relagio 4 possibilidade de hidrélise Os monossacarideos sao os carboidratos mais simples: nao sofrem hidrélise, so soluveis em agua e insoliveis em compostos organicos e apresentam-se em estado sdlido em temperatura ambiente a Observacao Hidrélise € a quebra na presenca de agua. Os carboidratos que sofrem hidrdlise originam carboidratos mais simples A glicose, a ribose, o gliceraldeido, a galactose, a diidroxiacetona, a ribulose e a frutose so exemplos de monossacarideos. 189 oseanecee A palavra "sacarideo" & derivada da palavra grega sakcharon, que significa agicar. A frutose é o carboidrato mais doce e é encontrada principalmente nas frutas e no mel Os monossacarideos, em solugdo aquosa, com cinco ou mais carbonos, adquirem estruturas ciclicas devido @ reagdo que ocorre entre 0 grupo carborila ¢ uma hidroxila. Menos de 1% de cada monossacarideo com cinco ou mais carvonos ocorre na forma aberta No processo de ciclizagao da glicose (figura §), sao formados os andmeros a. ¢ B. AS enzimas sio capazes de diferenciar essas duas estruturas e utilizar uma delas preferencialmente. 0 glicogénio € sintetizado a partir de a-glicose e a celulose, a partir de B-glicose 189 oseenoqae ‘Anémetos so compostos com a mesma férmula molecular, mas com diferenga apenas na configuracéo do carbono anomérico. CTE Ia) B-alicose Figura 5 - Cicizagio da glcose com formagéo das anémeros a-glcose (a-glicopiranose) e -gicase (B-slicopiranose) Compare atentamente as formas ciclicas da a-glicose ¢ da B-glicose na figura a seguir ‘H,0H 4,08 Ko Ko 4h A +O OW 40 OW INI INI wore, 6 Wore, 47 oH on a glicose B= alcose Figura 6 - Formas ciclicas da glicose. a-gicose ¢ B-glicose. A diferenga entre as duas estruturas esta destacada No anémero ar, 0 OH ligado ao catbono anomérico (C1) esta abaixo do plano e, no anémero , acima, Conhecer essa diferenca é importante para entender a distincdo existente entre a estrutura da molécula de glicogénio e a de celulose, por exemplo. ssa nomenclatura a € B também é utilizada para a forma ciclica da frutose, referindo se a configurago do OH ligado ao carbono 2. Veja a figura a seguir: Figura 7 ~ Formas ciccas da futose, a-frutose e B-frutose A diference entre as duas estruturas estd destacada No anémero at, 0 OH ligado ao carbono anomérico (C,) esté abaixo do plano e, no andmero B, esta acima As formas estruturais lineares foram propostas por Fischer; posteriormente, Tollens propés a ciclizagio das moléculas e atualmente adotam-se as formulas de projecao propostas por Haworth, as quais permitem a visualizacao das moléculas no espaco. Veja a figura a seguir: Haworth Fgura 8 ~ Estruturas propostas por Fischer, Tollens ¢ Haworth Os dissacarideos so formados pela uniéo de dois monossacarideos (quadro 1) e, portanto, sua hidrélise gera dois monossacarideos, 0s quais podem ser diferentes ou iguais Quadro 1 - Monossacarideos constituintes dos dissacarideos Na reagdo para a formacdo de um dissacarideo, ocorre a formagao de uma ligacdo glicosidica e a liberagéo de uma molécula de dgua. Observe a figura a seguir: CTE Ia) Ligagio glcosidica a - 1,4 Maltose Figura 9 - Formacao da maltose através da ligagda de dois monossacarideos a-icose com formagdo «de uma ligagéo glicosiice o-1,4€ eliminagao de uma molecule de égua 18 osenocse A ligagdo glicosidica € denominada ot-1,4 pois & formada pelo carbono 1 de um monossacarideo, que apresenta configuragao at, e pelo carbono 4 do outro monossacarideo que participa da ligagdo. 0 dissacarideo sacarose € formado pela unido entre uma molécula de glicose e uma de frutose, conforme representado na figura a seguir: OH n , OH HO. H OH H OH ligagao 1,2 Le = 5 ’ Ho HO B-D-frutosefuranose sacarose Figura 10 ~ Formagao da sacarose através da igagdo entre a-glcose (a-D-glicasepiranose)e -futose (B-D-glieosefuranose) Generalizando a reagao de formacao de monossacarideos, temos: Monossacarideo + Monossacarideo > Dissacarideo + H20 A sacarose é encontrada principalmente na cana-de-aglicar e na beterraba; a lactose & encontrada no leite € a maltose é obtida da hidrélise do amido. 18 csenoceo Como os bombons cujo interior é liquido sao preenchidos? Primeiramente, & felta uma pasta através da mistura de sacarose € gua, a seguir, éadicionada uma enzima chamada invertase, ¢ essa mistura & coberta com chocolate. A invertase hidrolisa a molécula de sacarose em glicose e frutose. A sacarose tem 12 carbonos e tanto a glicose quanto a frutose tm 6, As moléculas de 6 carbonos so mais soldveis e, portanto, devido & aco da invertase, 0 contedo do bombom, que antes era de aspecto cristalino, torna-se liquide. A definigo de oligossacarideos varia nos livros de Bioquimica, alguns consideram que, para serem assim considerados, tém que ter de 3 a 10 monossacarideos (FERREIRA; JARROUGE; MARTIN, 2010); outros afirmam que, para ser um oligossacarideo, é necessario ter entre 3 € 12 monossacarideos (RICHARD; DENISE, 2012). Acima de 10 ou 12 monossacarideos, 0 composto € considerado um polissacarideo Existem autores que consideram que os carboidratos sao divididos em apenas trés classes: monossacarideos, oligossacarideos e polissacarideos € que, acima de 20 monossacarideos ligados, 0 composto deve ser denominado polissacarideo. De acordo com essa definigao, os dissacarideos sio considerados oligossacarideos (NELSON; COX, 2006) Alguns exemplos de polissacarideos sdo o amido € 0 glicogénio, que séo formas de armazenar energia; ¢a celulose e a quitina, que sao componentes estruturais. Os polissacarideos sdo diferentes nos tipos de monossacarideos que os constituem, nos tipos de ligagdes, nas ramificagdes € no tamanho da cadeia, 0 amido é a forma de armazenamento de vegetais e & constituido por dois polimeros de glicose: a amilose e a amilopectina. A amilose é constituida por moléculas de a-glicose ligadas de maneira linear através de ligag6es glicosidicas a-1,4. A amilopectina € uma cadela ramificada, em que a parte linear é formada através de ligacdes a-1,4, e as ramificacdes s4o formadas por ligagdes a-1,6 (figura a seguir). As fibras de amilose e amilopectina formam duplas hélices (NELSON; COX, 2006) CTE Ia) A HOH ‘cu,oH A? AW? “oH Ne + COHN, aa > ae OH OH . IB. HOH an Oy 4 4 hi 5 a-16 A “<< pH \ Le Figura 11 ~A) amilese; 8} amilopectna A figura anterior representa amilose e amilopectina, A primeira & formada por mokkculas de ct-glicose conectadas linearmente por ligacdes glicosidicas o-1,4. 0 n representa a quantidade de moléculas de cacglcose. A segunda também é constituida de moléculas de a-glicose conectadas linearmente por ligagdes glicosidicas «1,4; porém com ramificagdes nas quais as moléculas de a-glicose conectam-se através de uma ligacdo glicosidica c.-1,6. Nas ramificagées, ou seja, as posigdes nas quais ha ligagdes glcosidicas a.-1,6, sao encontradas de 24 a 30 moléculas de glicose da cadela principal, as quais sio formadas por ligacdes «14. 0 amido € encontrado na batata, no trigo, no arroz, no milho, na mandioca entre outros, conforme mostra 0 quadro a seguir: Quadro 2 - Porcentagem de amido presente em alguns vegetais Fonte: Usberco; Salvador (2010, p. 722) | A presenca de amido pode ser testada utilizando uma solucao de iodo. Na presenca de amido, o iodo produz uma coloracao azul-violeta (conforme figura a seguir) Fgura 12 - Teste com iodo em um peiago de batata 0 glicogénio, 0 polissacarideo de reserva animal, é muito similar & amilopectina, porém tem um maior nuimero de ramificagoes. Uma ramificagéo identificada a cada 8 a 12 unidades de glicose. Tanto 0 amido quanto o glicogénio so altamente hidratados devido a interagao entre os grupos hidroxilas € a agua. Essa interacao é chamada ligagdo de hidrogénio. O glicogénio perfaz de 4a 8% ta massa do figado e também esta presente nos musculos esqueleticos, representando de 0,5 a 1% da massa. A celulose é uma substancia fibrosa encontrada na parede celular dos vegetais, particularmente em troncos e galhos, perfaz quase toda a massa da madeira e quase 100% da massa do algodao (FRANCISCO JUNIOR, 2008). A celulose € um polimero linear constituido por moléculas de glicose, porém essas moléculas esto na configuracdo B, formando ligagdes glicosidicas B-1,4 a Lembrete No processo de ciclizacdo da glicose, séo formadas a a-glicose € a B-glicose; sendo que o glicogénio € amido sio formados por a-glicose, ea celulose é formada por B-glicose, CTE Ia) A.quitina é um polissacarideo linear formado por moléculas de N-acetil-D-glicosamina em ligacao B. Ela € 0 principal componente do exoesqueleto duro de artrépodes como insetos, lagostas € caranguejos. Veja a figura a seguir: reo, Figura 13 ~ Quitina, em que "a representa a quantidade de moléculas de N-acetil D-glicasamina Th ceniver ‘Alguns carboidratos tém nitrogénio em sua estrutura, ¢ a N-acetil D-glicosamina € um exemplo. A parede celular das bactérias apresenta peptideoglicanos constituidos por um polimero com unidades alternadas de N-acetilglicosamina e N-acetilmuramico. Essas cadeias polissacaridicas sao ligadas por peptideos. 1.2.2 Classificago dos monossacarideos quanto ao grupo funcional ‘As fungées organicas encontradas em carboidratos sao aldeido ¢ cetona. Aqueles que apresentam a funcéo organica aldeido séo chamados aldoses e os que apresentam cetona sao chamados cetoses. 18 cssnoceo 0s compostos organicos foram agrupados conforme estruturas comuns, esses grupos so chamados de funcdes organicas. Cada funcio organica € caracterizada por um grupo funcional Denomina-se aldeido todo composto organico que tem o grupo carbonila ligado a 1 hidrogénio; € cetona 0 que tem 0 grupo carborila entre 2 carbonos (figura @ seguir). 0 grupo funcional aldeido esta sempre em uma extremidade da cadeia; jd 0 grupo funcional cetona esta sempre em uma porgéo interna da cadeia, c—t—¢ Figura 14 Grupos furcionaspresentes em careidatos A) grupo carbon; 8) grupo func‘onal da fungdo orgarica aldeldo; C) grupo funcional da funcao organica cetona A glicose apresenta 0 grupo funcional da fungao organica aldeido, sendo considerada uma aldose, E a frutose apresenta o grupo funcional da fungdo organica cetona, sendo considerada uma cetose. Veja a figura a seguir: AO 4 & HoH Ne we W908 Ho—¢—H won ton ow ice no daa cH,oH Figura 15) glieose com o grupa funcional da fungao orga akeido destacada em vermelho; 8) frutose com o grupo funcional ds fungio orgies eetona destaado em vermelho 18 csenoceo Algumas substancias séo imagens uma da outra no espelho, elas so chamadas de enantidmeros € denominadas com D e L. Nos seres humanos, a substancia predominante é a 0. Como os carboidratos apresentam varios grupos hidroxilas podem ser aldeidos ou cetonas, eles si considerados poliidroxialdeidos ou poliidroxicetonas, respectivamente. 1.2.3 Classificag3o dos monossacarideos em relago ao niimero de carbonos De acordo com o nimero de atomos de carbonos que o carboidrato tem na sua estrutura, pode ser classificado como: triose (3), tetrose (4), pentose (5), hexose (6), heptose (7) e nonose (9). 2 DEGRADACAO DOS CARBOIDRATOS 2.1 Introdugéo ao metabolismo Metabolismo & 0 nome dado a todasas reagbes quimicas que ocorrem no organismo, 0 metabolismo pode ser dividido em varias vias, ou seja, em sequéncias de varias reagdes quimicas, como a via glicolitica CTE Ia) ou a via de sintese do glicogénio. Nelas, 0 produto de uma reagao quimica transforma-se no substrato da proxima (figuras 16 € 17). meee eee Figura 16 ~ Exemplo simplificado de uma via. As letras representam substancias que estdo passando por reagdes quimicas. A substéncia A € transformada na substincia B que, por sua vez, €transformada na substancia C; essa sequéncia de transformagses acontece até a substanciaF ser formada Na via mostrada na figura anterior, a substancia A € chamada de substrato; a substancia F, de produto final; ¢ as substancias B,C, De £ de intermedidrias da via 18 csenoqee Nas reagdes quimicas, as substancias que séo utilizadas como matérias- primas da reagao séo chamadas de reagentes ou substratos, e as que sao produzidas, chamadas de produtos ‘fad via Via2 we oe ee ze nee ee ee Ree ete Figura 17 ~ Exernplo simplfcaco de metabolismo. AS vias 1, 2€3 formam conexdes estabelecendo uma rede de reagées quimicas Para que 0 metabolismo funcione de maneira compativel com as nossas necessidades fisiolégicas, as reacées quimicas precisam acontecer de maneira répida, 0 que s6 é possivel devido 8 acdo de moléculas catalisadoras, que sao as enzimas. Elas catalisam as reagdes que constroem € destroem as moléculas. A insuficiéncia na producdo ou na remocao de substancias pode levar a condigdes patolégicas. A maior parte das enzimas é de natureza proteica, ou seja, formada por aminoscidos que, no nosso organismo, esto em constante pracesso de sintese e degradacao. Existem também moléculas de RNA que exercem a mesma funcdo das enzimas e que so chamadas de ribozimas. As enzimas sio sintetizadas pelo nosso proprio organismo através das informagdes contidas na molécula de DNA, portanto, 0 funcionamento adequado do nosso metabolismo esta diretamente ligado 0 nosso material genético. Uma caracteristica importante das enzimas € @ sua especificidade, ou seja, elas sio especificas para © seu substrato. De maneira geral, pode-se dizer que, para cada reagdo quimica do metabolismo, ha uma enzima, Veja a figura a seguir: enim 1 encima 2 cenzima 3 enzima 4 cezima 5 me 9 Figura 18 - Cada reagdo quimica requer uma enzima diferente Os aminodcidos constituintes das enzimas interagem através de forcas hidrofébicas, interagdes ignicas entre outras, formando na cadeia polipeptidica dobramentos que definem a estrutura terciaria, Para o processo de catélise, a totalidade da molécula enzimatica é necessaria; porém existe uma regido chamada centro ativo (ou sitio ativo), onde ocorre a ligagao do substrato, Ela € importante pois forma uma cavidade a qual o substrato se liga. Por isso, ele deve ter uma conformagaio adequada para se alojar no centro ativo da enzima, 0 processo explica a especificidade da enzima pelo seu substrato, Observe a figura a seguir: CTE Ia) ‘ e CBC + A tess Figura 19 -Especificidaceenzima-substrato. A) substrto sloja-s prfeitamente no sitio tivo da enime, possiilitando que a reagdo quimica acontega, B eC) as estruturas dos substratos ndo sto compative’s com o centro ativa da engin, assim, a reagoes sete mat 0 texto a seguir mostra a importncia das enzimas no metabolismo para a indistria € a pesquisa: MUSSATO, |. S; FERNANDES, M.; MILAGRES, A. M. F: Enzimas, poderosa ferramenta na industria. Ciéncia Hoje, Sao Paulo, v. 41, n. 242, out. 2007. Disponivel em: . Acesso em: 14 jul. 2014. As vias podem ser classificadas como eatabélicas ou anabélicas. As vias catabélicas, também chamadas de vias de degradacdo, so as que quebram moléculas complexas nos seus constituintes, ou seja, em moléculas mais simples, Nelas, ocorre a liberacio de energia, Por exemplo, os carboidratos, os lipidios e as proteinas, que sao compostos com alto conteddo energético, so quebrados em CO,, H,0 € NH,, que sio produtos de excrego com baixo conteudo energetic As vias anabdlicas, conhecidas também como vias de sintese, sao as que formam moléculas complexas a partir de moléculas simples e, nesse processo, h consumo de energia, Por exemplo, as proteinas, os polissacarideos, 0s lipidios e os dcidos nucleicos; todos sao considerados moléculas complexas formadas por aminodcidos, monossacarideos, acidos graxos € bases nitrogenadas, respectivamente (figura a seguir). Macronutrientes Macromoléeulas ~ carboidratos = protinas = Ipiios ~ palissarideos| = protinas = Ipidos ~ fcidos nutes catabolismo eneraia anabolismo Produtos de exerecdo Moléculasprecursoras {pobres em energia) ~amivoicdos = 0, ~ acdcars simples oho acids graxos = Nib base itoganadas Figura 20 - Relagdo entre eatabofsmoe anabofsmo 0 catabolismo pode ser dividido em trés estgios: * no primeiro, as macromoléculas, que constituem os macronutrientes, so digeridas no tubo digestério, gerando moléculas menores que seréo absorvidas, ou seja, passarao para a corrente sanguinea e sero distribuidas para as células; * no segundo, que ocorre dentro das células, as moléculas sero quebradas em moléculas ainda menores e haverd produgéo de pequena quantidade de energia; * no terceiro, essas moléculas sero transformadas em produtos de excresao e haverd grande produgdo de energia ‘A energia quimica fica armazenada principalmente em um composto intermedidrio chamado ATP {adenosina trifosfato), A energia proveniente dos nutrientes ¢ utilizada para ligar um grupo fosfato a uma molécula de ADP (adenosina difosfato), formando assim o ATP que, por sua vez, se decompoe em ADP € grupo fosfato, transferindo a energia para as atividades celulares. 2.2 Degradasdo dos carboidratos 2.2.1 esto € absorcao 0s polissacarideos da dieta sio 0 amido € 0 glicogénio, € os sitios de digestao sio a boca 0 Intestino. Para que a digestéo ocorra em velocidade compativel com as nossas necessidades, séo utilizadas as enzimas, que aceleram a velocidade das reagbes quimicas. CTE Ia) 18 oseeneqse A digestio quebra das moléculas presentes nos alimentos; a absorcao € passagem de moléculas 4 circulacao. A digestéo dos polissacarideos & iniciada na boca através da enzima a-amilase salivar, também chamada de ptialina, Essa enzima € uma endoglicosidase que hidrolisa as ligagdes glicosidicas o-1/4. (figura a seguir) ( dt) Ligagio alicosidica ale alicosidade k— 0 0 0 | a : | Fgura 21 ~ Esquema simplifcado da ago de uma glcosidase. Essa enzima atua na hidrdlse da ligagdo olicasiica a-1.4 0 glicogénio é um polissacarideo de reserva animal que, devido as reacdes que ocorrem apés o abate dos animais, é consumido nos processos de maturagio da carne, Mas se a digestio do glicogénio fosse possivel - uma vez que ele apresenta ramificagdes que tem ligagdes glicosidicas @1,6 - 0 resultado da digestao pela @amilase salivar seriam dissacarideos € oligossacarideos, ou seja, fragmentos menores que podem ter ramificagées, ou ndo. (figura a seguir) FB entre Adiferenga entre o amido € 0 glicogénio é que o ultimo apresenta um maior numero de ramificagdes; a digestéo de ambos acontece da mesma manelra A a-amilase salivar hidrolisa apenas ligacées glicosidicas a.-1,4 e, portanto, como resultado dessa digestéo, so gerados dissacarideos, como a maltose (OO) € a isomaltose (@@) € oligossacarideos ramificados ou néo. eo, Gleogénio Ligacio glcosidiea a-14 Ligagdo gliosidiea a6 a amilase salvar ox obo co eo maltose isomaltose 00 000000 ono ° co 00000, Figura 22 ~ Digestio do glicogénio, que agresenta tanto ligagdesglicosidicas a-1.4 quanto ligages a-1/6 A digesto que ocorre na boca é breve, pois o alimento permanece nela apenas durante a mastigagao. Quando o bolo alimentar, juntamente com a enzima o-amilase salivar, chega ao estémago, ela € inativada devido a acidez nele presente, 0 conteuido do estomago chega ao intestino delgado, o qual recebe do pancreas o bicarbonato de sédio (responsavel por neuttalizar @ acidez proveniente do estémago) e a enzima a-amilase panerestica, que continua o processo de digesto quebrando as ligacées glicosidicas a-1,4. A digestéo do glicogénio continua no jejuno superior pela agao das enzimas sintetizadas pelas células da mucosa intestinal, as dissacaridases e as oligossacaridases. As dissacaridases séo a isomaltase, que hidrolisa a isomaltose; e a maltase, que hidrolisa a maltose Dois carboidratos que esto bastante presentes na nossa alimentacao sao a sacarose (acucar da cana-de-aglicar ou accar comurn) e a lactose fagiicar do leite). A digestao desses dois carboidratos, acontece no intestino por meio das enzimas sacarase € lactase, respectivamente. CTE Ia) 18 oseeneqse A sacarase hidrolisa a sacarose em seus constituintes glicose ¢ frutose, ealactase hidrolisa a lactose em glicose e galactose. Como resultado da digesta dos carboidratos da dieta, sio formados monossacarideos - apenas eles podem ser absorvidos pela mucosa intestinal Existem dois processos para a absor¢ao de monossacarideos, Um deles € dependente de ions sédio € de uma classe de proteinas cuja sigla é SGLT -transportadora de glicose dependente do ion sédio. Esse transporte envolve o gasto de ATP, sendo, portanto, um transporte ativo. 0 outro processo € um transporte que nao envolve gasto de energia, mas uma classe de proteinas transportadoras de glicose designadas pela sigla GLUT transportador de glicose, Como nao envolve gasto de energia e sim uma proteina carreadora, ele é chamado de difusio facilitada A glicose é captada do lumen intestinal para dentro do enterécito por meio do transportador SGLT1 A ligagéo de sédio @ essa proteina ocasiona uma mudanga conformacional na protelna, tornando possivel a ligacdo de glicose. Para cada molécula de glicose, dois ions de s6dio sio transportados para 0 interior do enterécito. A glicose entéo passa do interior do enterdcito para a corrente sanguinea ou por meio de difusdo facilitada pelo GLUT-2 ou por meio de vesicutas. 0 SGLT1 também transporta a galactose para o interior do enterécito, ¢ essa é transportada para a cortente sanguinea por meio do GLUT-2 A frutose & transportada para o interior do enterdcito pelo transportador GLUT-5 e para a corrente sanguinea por meio do GLUT-2. 2.2.2 Digestao anormal de dissacarideos Como o processo de absorgdo s6 ocorre para os monossacarideos, qualquer defeito nas dissacaridases, (ou seja, nas enzimas que transformam os dissacarideos em monossacarideos, causa problemas. 0 dissacarideo nao digerido passa pata o intestino grosso e, como consequéncia disso, acorre a passagem de agua para 0 érgdo, causando diarteia. Além disso, as bactérias presentes no intestino fazem a fermentagéo utlizando o dissacariceo como substrato, Nesse processo de fermentacao, so formados acido latico, CO, ¢ H., causando célicas abdominais, diarrcia¢ flatuléncia 2.2.3 IntolerAncia a lactose A mais comum das deficiéncias de enzimas digestivas ¢ a intolerancia a lactose, ocasionada pela auséncia da enzima lactase. As causas que podem culminar na auséncia da lactase sao varias. BB etre A lactase hidrolisa a lactose, aglicar do leite, em glicose € galactose. A maioria das criancas apresenta atividade maxima da lactase até os dols anos, Depois desse periocio, podem-se distinguir dois grupos: 0 dos que digerem a lactose, apresentando a chamada lactose persistente ou normolactasia; ¢ o dos que apresentam uma ma digestio da lactose: a lactose nao persistente ou hipolactasia. 0 grupo que nao digere a lactose corresponde a, aproximadamente, 75% dda populagdo mundial (MATTAR; MAZO; CARRILHO, 2012]. 0 mecanismo pelo qual a enzima é perdida ainda nao € claro. ‘A doenga também pode ser congénita, ou seja, afetar a crianca desde seu nascimento. Isso, porém, ‘ocorre com raridade € tem cardter autossdmico e recessivo. A intolerancia 4 lactose também pode estar relacionada a doengas intestinais, como a doenga de Crohn, ou a drogas que danifiquem a mucosa do intestino delgado. 0 diagnéstico da intolerancia 4 lactose pode ser realizado de duas maneiras. A primeira envolve a realizado de uma curva glicémica em que se coleta uma amostra de sangue do paciente em jejum, que depois recebe uma dose de lactose. Entéo, novas amostras de sangue sao coletadas apds 15, 30, 60 € 90 minutos. Um pequeno aumento na quantidade de glicose sugere ma digestao da lactose. A segunda maneira & medir o gas hidtogénio no halito, uma vez que a lactose nao degradada é metabolizada pela fiora intestinal gerando gas hidrogénio, 0 tratamento para essa deficigncia € a remoséo da lactose da dieta ou a ingestao de pilulas de lactase antes da ingestao de lactose Varios produtos foram gerados pela industria alimenticia visando ao bem-estar das pessoas com essa deficiéncia, como mostra a figura a seguir: Figura 23 - Alimentos para pessoas com intolerancia lactase: A) lite; B} kite; C)iogurte; D) sorvete; 6) paes de quejo © CTE Ia) Exemplo de aplicagao Quando vocé for a um supermercado, observe se € facil encontrar alimentos que atendam as pessoas com intolerdncia & lactose e com outras doencas que necessitem restringi-la no organismo. Observe também quais alimentos tém lactose em sua composigao € compare os precos daqueles que a apresentam com aqueles que nao a contém. Reflita sobre 0 acesso e a disponibilidade desses produtos. 2.2.4 Transporte de glicose para dentro da célula A glicose entra nas células através dos transportadores de glicose (GLUTs). Quatorze transportadores de glicose so conhecidos; eles sio numerados de 1 a 14, Essa numeracao indica a ordem de descoberta, 0 GLUT-1 foi o primeiro a ser descoberto, € 0 GLUT-14 foi o ultimo. 0s GLUTs atuam por meio de mudanga conformacional. Com a ligagdo da glicose extracelular, ocorre uma mudanca na conformagéo do transportador, o que permite a entrada da glicose para 0 meio intracelular. Observe a figura a segu ico @ Meio exraellar SS 7\ Permease ———___/-—*— Mek nase e2@ @e Figura 24 - Representagio esquematica da transporte facilitada de glicase através de uma membrana celular Os GLUIs apresentam especificidade tecidual: 0 GLUT-1 abundante nos eritrdcitos e no encéfalo; 0 GLUT-2 & encontrado no figado, no rim e nas células fi do pancreas; 0 GLUT-3 est presente nos neurdnios; 0 GLUT-4 & abundante no tecido adiposo e no miisculo esquelético e o GLUI-5 é o principal transportador de frutose no intestino delgado. 0 GLUT-4 € extremamente importante, pois esse transportador é dependente do horménio insulina, Ainsulina promove o recrutamento dos transportadores de glicose presentes no musculo esquelético nos adipécitos, os GLUT-4. Estes ficam armazenados em vesiculas intracelulates e com a ago da insulina so encaminhados para a membrana plasmatica. Com isso, a insulina aumenta o transporte da glicose. 2.2.5 Uso da glicose pelas células Dentro das células, a glicose pode ter varios destinos, dependendo da condi¢ao fisiolégica do organismo € da disponibilidade de oxigénio, Caso 0 organismo necessite de energia e tenha oxigénio disponivel, a glicose pode ser quebrada liberando CO, H,0 € energia, Essa quebra envolve cinco etapas: a via glicolitica, também chamada de licdlise; a conversio de piruvato em acetil-CoA; 0 Ciclo de Krebs; a cadeia de transporte de elétrons e a fosforilagio oxidativa, Todos esses processos sto chamados de respiragio celular. Caso 0 organismo nao necessite de energia, a glicose pode ser armazenada na forma de glicogénio, utilizado nos momentos de necessidade. Ele & armazenado no figado e nos musculos. Quando necessirio, por exemplo, nos periodos entre as refeicdes ou no jejum noturno, o glicogénio hepatico € degradado gerando glicose, @ qual ¢ utilizada na manutengdo da glicemia = concentragao de glicose no sangue =, portanto a glicose proveniente do glicogénio hepatico pode ser utilizada como fonte de energia para todas as células do corpo. Jé 0 glicogénio muscular € utilizado como fonte de energia somente para as células musculares. 0 organismo consegue armazenar aproximadamente 350g de glicogénio, distribuidos em 250g como glicogénio muscular € 100g como glicogénio hepatico. Em condigées de anaerobiose, ou seja, de caréncia de oxigénio, a glicase é convertida em lactato. Esse processo é utilizado por algumas bacterias, pelas hemacias, por fibras musculares de contracdo rpida ~ fibras brancas - € pelas fibras em geral quando submetidas a esforco intenso. Ele € denominadio fermentacio lactica 2.2.6 Via glicolitica ou glicélise A glicélise pode acontecer tanto na presenca de oxigénio (e nessa condicao & chamada de glicdlise aerébica) quanto na auséncia de oxigénio (quando € denominada glicdlise anaerébica) A glicdlise aerdbica tem como produto final o piruvato, porém ele é convertido em acetil-CoA, passando posteriormente pelo Ciclo de Krebs, pela cadeia de transporte de elétrons € pela fosforilagdo oxidativa, Portanto, na presenca de oxigénio, a glicélise € apenas o primeiro passo da degradacéo da glicose. A glicélise anaerdbica tem como produto final o lactato, que vai para a corrente sanguinea 2.2.7 Glicdlise aerdbica A conversio de glicose em duas moléculas de piruvato (glicdlise aerdbica), depende de dez reacdes quimicas e de duas fases. A gliedlise aerdbica ocorre no citosol das células, pois nele encontram-se todas as enzimas necessérias para esse processo. A primeira fase € chamada de fase de investimento ou fase preparatéria; nela os compostos intermedidrios sao fosfosforilados por intermédio do grupo fosfato obtide do ATP. Ela compreende as cinco primeiras reagdes da glicdlise e sio gastas 2 moléculas de ATP, As cinco reacdes subsequentes fazem parte da fase de produgao ou fase de pagamento; nela so produzidas 4 moléculas de ATP € 2 moléculas de NADH (nicotinamida adenina dinucleotideo), Em termos de produgio de energia, a dlicdlise aerdbica contribui com 2 moléculas de ATP, pois 4 moléculas de ATP sao produzidas na fase CTE Ia) de produgéo, mas 2 moléculas foram consumidas na fase de investimento. Assim, 0 saldo final & de 2 moléculas de ATP (figura a seguir) lease preparatria Sreagdes Gasto de duas moléculas dear | | 5 reagdes Fase de produgéo ou agamento Produgda ce quatro rmoléculas de ATP e duas moléculas de NADH, 2 molecules de pirwato Figura 25 - As fases a gldie aerdbica: fase de investimento fase de produgio As dez reagdes que compreendem a glicdlise acrébica seréo detalhadas a seguir: Reagio 1: fosforilagao da glicose Na primeira reagao da glicélise, ocorre sua fosforilacao, ou seja, a adigéo de um grupo fosfato adquirido por intermédio de uma molécula de ATP. Essa reacdo € catalisada por duas enzimas, a hexoquinase, que atua na maioria dos tecidos, €a glicaquinase, que atua no figado ¢ nas células B do pancreas. 0 grupo fosfato é adicionado ao carbono de niimero 6 da glicose e, por isso, aps a reacao, obtida a glicose 6-fosfato (figura a seauir) 18 osesnecee Quinases so enzimas que transferem grupo fosfato de um composto de alta energia para outro composto. 04 Hecainse &H,08—P al tS, Nod LT NA Glicose AIP ADP oH Glicose 6-fosfato Fgura 26 - Reagio de fasfvilagio da gicase A reagio de fosforilagao da glicose utiliza ATP como molécula doadora de grupo fosfato e, como catalisador, a enzima hexoquinase ou glicoquinase, O P representa PO,¥. A seta para cima indica que o ATP esta entrando na reacdo - ou seja, nessa reagao, ocorre o consumo de ATP - e a seta para baixo indica que o ADP esta sendo formado pela reacao. Essa reagdo € irreversivel, ou seja, com a utilizagao dessas enzimas, a glicose sé pode formar glicose 6-Fosfato. A realizacéo do contrario, glicose 6-fosfato funcionado como reagente e gerando o produto alicose, necessitaria de outra enzima | ‘As reagoes irreversivels so representadas com uma unica sete (9). Ja as reagées reversivels podem ser representadas das seguintes maneiras: oo. A membrana plasmatica das células € impermedvel 8 glicose 6-fosfato, pois nao hé proteinas carreadoras especificas para esse composto. Assim, depois dessa reacao, a glicose 6-fosfato nao conseque sair da célula, o que garante a continuagao da gliedlise A reagio de fosforilagao da glicose & considerada uma forma de ativé-la. A partir dela, € possivel continuar o processo de degradacao da glicose. Ahexoquinase é uma das enzimas regulatérias da glicdise, juntamente com a fosfosfrutoquinase € a piruvato quinase. Essas enzimas serdo estudadas mais adiante. Reagio 2: isomerizacio da glicose 6-fosfato A reagao de glicose 6-fosfato para frutose 6-fosfato é catalisada pela enzima fosfoglicoisomerase, também chamada de fosfohexose isomerase (figura a seguir) 189 ossenoqie Isomerases sio enzimas que convertem um isémero no outro, |sémeros s40 substéncias que tém a mesma férmula molecular, mas diferentes formulas estruturais, CTE Ia) hox—P fo—o. fosfoglicoisomerase ac Ge Eee INg— 671 no Ff ok OH Glicose 6-fosfato Frutose 6-fosfato Fgura 27 ~ A reagdo que transforma a glicose 6-fosfato em frutose 6-fosfato € catalisada pela enzima fosfoglica'somerase Essa reacio ¢ reversivel, sendo que tanto a glicose 6-fosfato pode formar frutose 6-fosfato quanto © inverso pode acontecer. 0 que dita qual reagéo ocorreré é a quantidade de cada substéncia. Caso exista grande quantidade da primeira, esta sera convertida na segunda e caso haja grande quantidade da segunda, esta seré convertida na primeira Ha sempre uma maior quantidade de glicose 6-fosfato em relagio a frutose 6-fosfato, pois esta & consumida pela préxima reagao da glicdlise e, portanto, a reagdo ocorre no sentido da conversio de glicose 6-fosfato em frutose 6-fosfato. Reagio 3: fosforilacao da frutose 6-fosfato A fosforilacdo da frutose 6-fosfato é similar & da glicose. A frutose 6-fosfato recebe um grupo fosfato, que € transferido da molécula de ATP através da ago de uma quinase: a fosfofrutoquinase. Essa reagdo € irreversivel e & considerada a segunda ativacdo da glicdlise (figura a seguir) Poth, 0 ¢H,0H Pot, 0. CHOP Lz NI LA sc Ca fosfofrutoquinese s¢ ca i v0 /I 0 /| Ho! |/ 0% ko / 04 “o—e “c—e TS arr Abe TS ‘OH OH Frutose 6 fosato Frutose 1 6ifstto Figura 28 - A frutose 6-fosfato € fosforilada ullzando ATP € a fosfotrutoquinase como envima, A seta para cima indica a consumo de ATP e a seta para bao indies a produdo de ADP 0 produto formado nessa reacdo, a frutose 1,6-difosfato, também pode ser chamado de frutose 1,6-bifosfato ou frutose 1,6-bifosfato, 18 ossenoqee 0 nome frutose 1,6-difosfato indica que cla apresenta dois grupos fosfatos, um préximo ao catbono 1 € outro ao carbone 6. Reagio 4: quebra da molécula frutose 1,6-difosfato A préxima reacdo da glicdlise & a quebra da frutose 1,6-difosfato em duas moléculas: gliceraldeido 3-fosfato e dildroxiacetona fosfato. Essa reagio é catalisada pela enzima aldolase e € reversivel (figura a segui), 0 I ‘ : H—9—o P—ocH, 0 LA aldolase cH,0H — P «C 2 -_o +0 /I << Gerad 3fostato HO \/ 04 + cc _ T° ack on ° CH,OH Frutose 1,6-ifstato Didroxiacetona fosfato Figura 29 - A frutose 1,6-difosfato é quebrada em gliceraldeido 3-fosfato ditdroxiacetona fosfato pela agdo da enzima aldolase a Observacgao Ness@ reagao, uma molécula que contém 6 carbonos € quebrada em 2 moléculas, cada uma com 3 carbonos. Reagao 5: conversao de gliceraldeido 3-fosfato em diidroxiacetona fosfato A diidroxiacetona fosfato € transformada em gliceraldeido 3-fosfato por meio da enzima triose fosfato isomerase. A enzima que faz essa converséo € uma isomerase, pois gliceraldeldo 3-fosfato ¢ diidroxiacetona fosfato sao isdmeros (figura a seguir) ¢H,01 — P Trosefosfato k— | isomerase — os ——aH CH,0H cH,oH — P Didroxscetonafosfata Glieraleido 3-ostato Figura 30 ~ A clidroxiaeetona fosfato € tansformada em glceraldelio 3-fosfato por intermedia da agio ds trose fasfato isomerase CTE Ia) Essa reagio é de extrema importancia para a continuacao da via glicolitica, pois apenas o gliceraldeido 3-fosfato € substrato para a préxima enzima. Juntando as reacdes 4€ 5, pode-se dizer que a frutose 1,6-difosfato gera 2 moléculas de gliceraldeido 3-fosfato e que, portanto, cada molécula de glicose gera 2 moléculas de gliceraldeido 3-fosfato. Apés ssa react, todos os outros intermediarios da glicdlise sero duplicados. As cinco primeiras reagdes da glicdlise so: fosforilagio da glicose, isomerizagdo da glicose 6-fosfato, fosforilacao da frutose 6-fosfato, quebra da molécula frutose 1,6-difosfato e conversio de diidroxiacetona fosfato em gliceraldeido 3-fosfato. Essas reagdes fazem parte da primeira etapa da alicdlise, que é # de investimento ou preparatéria, Nela, hd consumo de energia na forma de ATP para a preparacéio da molécula glicdlise, permitindo que ela seja degradada e que a energia nela presente seja obtida (figura a seguir) Glicase Hexoquinase ou alicoquinase Gasto de ATP. Glicose é-fostato ll fselesiomesse Frutose 6-fosfato Fase de investimento Fosfofrutoquinase ‘ou preparatoria Casto de AIP. Frutase i¢-ifesfato Gasto de 2 moléculas ahiose de AIP Diidroxiacetona fosfato Tose fosfato isomerase Figura 31 ~ Na fase de investimento au fase preparatoria, sio formadas duas moktculss cle glceraldeido 3-fosfato. Nessa fase, hi um gasto de duas moléculas de ATP. Apenas duas reagbes dessa fase sioinreversivels, As proximas reacdes fazem parte da fase de pagamento ou fase de producao da glicélise, na qual ocorre a produgao de moléculas de ATP € de NADH, que posteriormente sero transformadas, em ATP. Reagio 6: transformagao de gliceraldeido 3-fosfato em 1,3-difosfoglicerato A primeira reagdo da fase de produgdo é a transformacao das duas moléculas de gliceraldeido 3-fosfato, geradas na fase de investimento, em duas moléculas de 1,3-difosfoglicerato, Gliceraldeido 3-fostate ciesidrogenase 77 = Glicerakicido 3-fosfato —-Pi_—«CNAD* NADH 1,3aifosfoglicerato Figura 32 ~ Transformasdo de giceraldeido 3-fosfato em 1,3-cifosfiglcerato A teacdo da figura anterior é catalisada pela enzima gliceraldeido 3-fosfato desidrogenase e depende de NAD* e fosfato inorganico (Pi). A seta para cima indica as substancias que esto sendo consumidas, Pie NAD"; ea seta para baixo indica a substancia que esté sendo formada, NADH, Muitas enzimas precisam associar-se a outras moléculas para poderem exercer a funcéo de acelerar as reacées quimicas. Quando se associam a moléculas organicas nao proteicas, recebem 0 nome de coenzimas. Elas podem atuar de duas maneiras: associando-se no momento da catalise ou encontrando-se covalentemente ligadas a enzima. As coenzimas que se associam somente no momento da catalise podem atuar como coenzimas de varias outras enzimas, NAD” é um exemplo de coenzima que s6 se associa & enzima no momento da catalise. Ela é derivada da vitamina nicotinamida (8,), Essa é a primeira reagdo de oxidorredugao da glicdlise. 18 osesneceo Reacdes de oxidorreducdo sio aquelas que envolvem transferéncia de elétrons. A espécie que recebe elétrons sofre reducdo, ea que perde elétrons sofre oxidagéo, NAD" representa a forma oxidada, e NADH representa a forma reduzida, portanto, para a coenzima NAD se transformar em NADH, ela precisa ganhar elétrons; para a reagdo inversa, ou seja, para NADH se transformar em NAD’, ela precisa perder elétrons. A figura anterior mostra que NAD" é transformado em NADH e que, portanto, trata-se de uma reagao de redugao. Como uma reagao de redugao esta sempre acoplada a uma de oxidacao, pode-se dizer que @ molécula de gliceraldeido 3-fosfato sofre uma reagao de oxidacao. A molécula de NADH é extremamente importante, pois ela armazena parte da energia contida na alicose. Posteriormente essa molécuta sera transformada em ATP, NAD* esté em quantidade limitante na célula, portanto o NADH produzido deve voltar a forma de NAD’, pata que ele possa ser utilizado novamente por intermédio de uma reacdo de oxidacio. 0 CTE Ia) mecanismo de oxidacdo do NADH depende da disporibilidade de oxigénio. Na auséncia de oxigénio, 0 piruvato € reduzido, sendo convertido em lactato, ¢ o NADH € oxidado, sendo convertido em NAD*, Na presenga de oxigénio, o NADH é oxidado por meio da cadeia de transporte de elétrons. FB sentrer Como so formadas duas moléculas de gliceraldeido 3-fosfato na fase de investimento; na reagéo 6, sio formadas duas moléculas de 1,3-cifosfoglicerato duas moléculas de NADH, Reagio 7: transformacio de 1,3-difosfoglicerato em 3-fosfoglicerato A segunda reacao da fase de producao &a transformacao de 1,3:difosfoglicerato em 3-fosfoglicerato através da agdo da enzima fosfoglicerato quinase. Nessa reacdo, ocorre a produgdo de uma molécula de ATP por molécula de 1,3-difosfoglicerato (figura a segui) i fosteaieeato (oo fo ons peti = St co | chon—P / \ chon — P 1 3-difesfoglicerato A? are 3-fosfoglicerato Figura 33 - Transformagéo de 13 difsfoalicerato em 3-fosfoglcerato gragas 4 agdo da enzima fosfoglicerato quinase 18 osesnecee A fosfoglicerato quinase catalisa uma reagéo reversivel, diferentemente da maioria das enzimas quinases. Reagio 8: transformagao de 3-fosfoglicerato em 2-fosfoglicerato A terceira reagao da fase de investimento é a transformacao de 3-fosfoglicerato em 2-fosfoglicerato (figura a seguir) oo Fosfogicerato Coo: rmaltase HC 0h 0 P cH,oH—P CH,OH 3-fosfoalicerato 2-fosfoglicerato Figura 24 ~ Transformagio de 3-fosfoglicerato em 2-fosfoglicerato pela ago da enzima fosfoglicerato mutase Nessa reacdo, observa-se a troca do grupo fosfato de um carbono para 0 outro, Reagio 9: transformacao de 2-fosfoglicerato em fosfoenolpiruvato A quatta reacéo da fase de producéo € a transformacéo de 2-fosfoglicerato em fosfoenolpiruvato {figura a seguir) ‘2-fosfaglicerato Fosfoenalpiruvato: Figura 35 ~ Tansformagio de 2-fosfoglcerato em fasfoenoliruvato pela ago da envime enoese Reagio 10: transformacio de fosfoenolpiruvato em piruvato A quinta e ultima reagdo da fase de producdo € a transformagao de fosfoenolpiruvato em piruvato. Nessa reagdo, acorte a formagdo de uma molécula de ATP para cada molécula de fosfoenolpiruvato {figura a seguir) coo (oe __Pirwatoquinase poo I /\, fst st Fgura 36 ~ Transformacdo de fosfoenolpiruvato em piruvato por meio da agdo de pirwvato quinase As reagdes de 6 a 10 fazem parte da fase de produgao da glicélise € t&m como principais produtos a formacao de quatro moléculas de ATP, duas moléculas de NADH e duas moléculas de piruvato (figura a seguir) CTE Ia) 2 {Gliceraldeido 3-Fosfato) 2 (Gliceraldeido 3-fosfato fiesdrogenase Produgdo de 2 NADH 2(13-Difosfoglicerato) Fosfoglicerato quinase Produgdo de 2 ATP 2 (8-Fosfoglicerato) fase de produgin ou Fosfoglicerato pagamento mutase Produgio de 2 rmoktculas de ATP e ce 2 (2-Fosfogticerato} Pmoleculs de NADH I- 2 (Fosfoenolpiruvato) Pirwvato quinase Produgio de 2 ANP 2 (Piruvato} Figura 37 ~ Fase de produséo ou pagamento Resumindo as reagdes da glicélise aerdbica, temos: * Reagio 1: glicase + ATP —> glicose 6-fosfato + ADP, * Reagio 2: glicase 6-fosfato <> frutose 6-fosfato. * Reagio 3: frutose 6-fosfato + ATP — frutose 1,6-difosfato. * Reagao 4: frutose 1,6-difosfato <> gliceraldeido 3-fosfato + dildroxiacetona fosfato * Reagao 5: diidroxiacetona fosfato «> gliceraldeido 3-fosfato. * Reacdo 6:2 (gliceraldeido 3-fosfato) + 2 NAD+ + 2 Pi ¢> 2 (1,3+difosfoglicerato) + 2 NADH * Reagio 7: 2 (1,3-difosfoglicerato] <> 2 (3-fosfoglicerato}. © Reagdo 8: 2 (3-fosfoglicerato) <> 2 (2-fosfoglicerato). * Reagio 9: 2 (2-fosfoglicerato) <> 2 (fosfoenolpiruvato). * Reac4o 10: 2 (fosfoenalpiruvato) —> 2 (piruvato). Existem pessoas que apresentam deficiéncia na enzima piruvato quinase, que causa a anemia hemolitica, ou seja, a baixa quantidade de eritrécitos devido & sua destruigdo. Os eritrécitos maduros obtém energia apenas da glicdlise, pois as proximas fases da respiragdo celular acontecem nas mitocéndrias, ¢ essas células néo as possuem, Sem energia, os eritrécitos nao conseguem manter sua forma bicéncava ¢ flexivel, o que causa sua destruigéo. A gravidade dessa doenca depende do grau de deficiéncia; sua forma mais grave requer transfusdes regulares de sangue. 2.2.8 Metabolismo da sacarose e lactose FB entree A sacatose & hidrolisada em glicose, ea frutose e a lactose sao hidrolisadas em galactose e glicose, O destino da glicase jé foi discutido; agora examinaremos o da frutose e 0 da galactose Como a frutose € a galactose so monossacarideos, sdo absorvidas € metabolizadas, em sua maior parte, pelo figado. No figado, a frutose & convertida, por trés reagées, em diidroxiacetona fosfato € gliceraldeldo 3-fosfato; no musculo € no tecido adiposo, a frutose é convertida em frutose 6-fosfato. A galactose convertida, por quatro reagées, em glicose 6-fosfate (figura a seguir) Glicose Galactose ——> Glicose 6-fosfato a Frutose 6-fosfato <<" Frutose Frutose 1,6-fosfato figado Diidroxiacetona __Gliceraleido 3-fosfato Figura 38 - Metabolismo da frutose e galactose. Ambos os monossacardeos formam intermedidrias da glidlise Uma das reagdes do metabolismo da galactose é catalisada pela enzima galactose 1-fosfato uridil transferase. A deficiéncia hereditéria dessa enzima provoca uma doenca chamada galactosemia, que se manisfesta apés 0 nascimento € leva a um retardo no desenvolvimento fisico € mental, Devido a essa deficiéncia, a galactose é transformada em galactitol por meio da aco da enzima aldose redutase. 0 actimulo dessa substancia no cristalino leva & catarata, Os efeitos dessa doenca podem ser evitados se ela for diagnosticada precocemente e se a lactose for suprimida da dieta © CTE Ia) q Saiba mais Vocé pode obter mais informagées sobre o assunto no sequinte texto: CAMELO JUNIOR, J. S. et al. Avaliagdo econémica em salide: triagem neonatal da galactosemia, Cad, Satide Publica, Rio de Janeito, v, 27, n. 4, p- 666-676, abr. 2011 A frutose € convertida em diidroxiacetona fosfato ¢ gliceraldeido 3-fosfato por meio das reagdes mostradas a seguir: * Reagdo 1: frutose + ATP — frutose 1-fosfato + ADP + H+. * Reagdo 2: frutase 1-fosfato <» diidroxiacetona fosfato + gliceraldeido. * Reacao 3: gliceraldeido + ATP — gliceraldeido 3-fosfato + ADP + H+. As reagdes 1, 2 € 3 sao catalisadas, respectivamente, pelas enzimas: frutoquinase, triose fostato aldolase e triose quinase. Existem pessoas que tém deficiéncia na enzima triose fosfato aldolase, o que resulta em intolerdncia 2 frutose, também chamada de frutosemia. Essa doenga é um erro inato do metabolismo ¢ é uma heranca autossomica recessiva. 0 tratamento consiste em uma dieta isenta de frutose Exemplo de Aplicagao Serd que é facil seguir uma dieta isenta de frutose? Quais alimentos tém frutose em sua composic¢do ce quais uma pessoa que tem frutosemia néo poderd comer? Seré que haverd deficiéncia em algum outro nutriente devido 4 dieta isenta de frutose? Faca uma pesquisa e reflita sobre isso. Q Saiba mais 0 video a seguir mostra o relato de uma mulher com frutosemia: MULHER de 30 anos néo consegue comer absolutamente nenhum doce. Produgao de Rede Globo de Televisdo. Rio de Janeiro: Globo.com, 2011. Disponivel em: , Acesso em: 24 mar, 2015. 2.2.9 Glicélise anaerdbica Em algumas células (como nos eritrécitos € leucdcitos), no cristalino € na cérnea do olho, na medula renal, nos testiculos ¢ nas eélulas com quantidades limitadas de oxigénio, ocorre a glicdlise anaerébica, também chamada de fermentagéo lactica. A glicélise anaerdbica é idéntica 4 aerdbica, ou seja, transforma uma molécula de glicose em duas moléculas de piruvato, porém ela existe uma etapa adicional em que o piruvato € reduzido a lactato, Essa é uma reagdo de oxidorreduco na qual o piruvato € reduzido a lactato ¢ o NADH é oxidado @ NAD". A reagdo é reversivel e€ catalisada pela enzima lactato desidrogenase, Observe a figura a segui coo lactato oo ddesdrogenase { —P TN H—c—o cH NADH NAD* Hy Pruvato lactato Figura 39 - Redugdo do piruvato a lactato com a oxidagdo de NADH € a agdo da enzima lactato desidrogenase Nessa reacdo, o NAD*é regenerado e pode ser utilizado novamente na reagéo de oxidagéo do dliceraldeido 3-fosfato, Veja a figura a seguir: Glicose 2 (Glceraldeido von 2 | —~, 2 (NADH) 2 (NAD) 2.(1,3-Difosfoglcerato) | 2Piruvato > 2 Laetato Figura 40 Relagdo entre o NAD* consumido na reagio de oxidagio do gliceraldeido '3-fosfato ¢ 0 NAD" produzdo na reagao de redugio do pirwato 0 lactato € lancado na corrente sanguinea e, em condigdes normais, pode ser utilizado, por exemplo, como substrato da gliconeogénese ~ sintese de nova glicose - que ocorre no figado ou no misculo, 0 lactato pode ser oxidado, formando piruvato, Em condigdes como um colapso do sistema circulatério, infarto do miocardio, embolia pulmonar ou hemorragia nao controlada,, existe uma falha em levar quantidades suficientes de oxigénio para todos os tecidos, com isso, aumenta a produgao de lactato. Esse excesso de lactato supera a capacidade que o figado ¢ (0 musculo tém de utilizé-lo, causando 0 aumento da substancia no plasma. Essa condicéo & denominada acidose lactica CTE Ia) 2.2.10 Outros desti inos da molécula 0 piruvato pode ser convertido em oxaloacetato, intermediario do Ciclo de Krebs, por meio da reagéo catalisada pela enzima piruvato carboxilase (figura a seguir) Figura 4 00" Pirwato po feo no sc tas, go yah Hy cH JN 4 ATP ADP C00" Prewato oxalacetato 1 ~ Conversdo de piruvato em oxaloaeetato pela ago da encima pinuvato carboxilase Essa reacdo é de carboxilacao, pois envolve a entrada de uma molécula de didxido de carbono (CO). Ela € extremamente importante, pois repde 0 oxaloacetato do Ciclo de Krebs. As reagdes que tém essa fungéo de reposigéo sao chamadas de anaplerdticas Outro destino para o piruvato, que nao ocorre em humanos, meas em alguns fungos e em certos micro-organismos, é aleodlica ¢ ocorre em a conversio de piruvato em etanol, Esse processo € chamado de fermentagéo duas etapas: a primeira & a descarboxilacao do piruvato formando acetaldeldo, a segunda é a redugo de acetaldeido em etanol (figura a seguit). A Na primeira etapa pe Piruvato ng, 4. _sescartonse 0+ 00, TP cH, Frwvato Acctaldeido Aleool oH desiragenase + NADH + He =———— cH, cH, Acetaldeido Etanol Figura 42 - Transformagio de piruvato em etanol da transformacao de piruvato em etanol, ele € convertido em acetaldeido por meio da ago da enzima piruvato descarboxilase ¢ da coenzima TPP (tiamina pirofosfato). Na segunda, oacetaldeido é reduzi ido a etanol, tendo como coenzima o NADH, que é oxidado a NAD"; essa reacdo & catalisada pela enzima alcool desidrogenase. As conversdes do piruvato em lactato e em etanol ocorrem em condigdes anaerdbicas €, por isso, S40 processos chamados le fermentagao lictica e fermentagao alcodlica, respectivamente, q Saiba mais Para ter maiores informagées, consult RODRIGUES, J. R. et al. Uma abordagem alternativa para o estudo da fungao alcool. Quimica Nova na Escola, Rio de Janeiro, n, 12, p. 20-23, nov. 2000. Disponivel em:

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