You are on page 1of 9

Justiça Eleitoral

PJe - Processo Judicial Eletrônico

06/02/2022

Número: 0601078-72.2020.6.25.0034
Classe: AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL
Órgão julgador: 034ª ZONA ELEITORAL DE NOSSA SENHORA DO SOCORRO SE
Última distribuição : 27/10/2020
Valor da causa: R$ 0,00
Assuntos: Abuso - De Poder Econômico, Abuso - De Poder Político/Autoridade, Candidato Eleito
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
COLIGAÇÃO SOCORRO FELIZ DE NOVO (AUTOR) CICERO DANTAS DE OLIVEIRA (ADVOGADO)
INALDO LUIS DA SILVA (INVESTIGADO) LUZIA SANTOS GOIS (ADVOGADO)
KID LENIER REZENDE (ADVOGADO)
PAULO ERNANI DE MENEZES (ADVOGADO)
MANOEL DO PRADO FRANCO NETO (INVESTIGADO) LUZIA SANTOS GOIS (ADVOGADO)
KID LENIER REZENDE (ADVOGADO)
PAULO ERNANI DE MENEZES (ADVOGADO)
PROMOTOR ELEITORAL DO ESTADO DE SERGIPE SAULO ISMERIM MEDINA GOMES (ADVOGADO)
(FISCAL DA LEI)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
10265 03/02/2022 20:56 Parecer da Procuradoria Parecer da Procuradoria
4206
EXMO. SR. JUIZ ELEITORAL DA 34ª ZONA ELEITORAL DE NOSSA SENHORA DO
SOCORRO/SE

AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL POR ABUSO DE PODER


POLÍTICO/ECONÔMICO E CAPTAÇÃO ILÍCITA DE SUFRÁGIO

PROCESSOS Nºs 0601154-96.2020.6.25.0034

0601079-57.2020.6.25.0034

0601078-72.2020.6.25.0034 E 0601126-31.2020.6.25.0034

O Ministério Público Eleitoral da 34ª Zona Eleitoral do Estado de Sergipe, presentado pela
Promotora Eleitoral que ora subscreve, com fulcro no art. 129, II e IX, c/c o art. 14, § 9º, ambos da
CF/1988; no art. 72, c/c o art. 78, ambos da Lei Complementar Federal nº 75/93; no art. 22, caput
e incisos X e XIV, c/c o art. 24, ambos da LC nº 64/90, e c/ o art. 73, I, e §§ 4º e 8º, da Lei
9.504/97; e no art. 30, caput, da Res. TSE nº 23.462/2015, vem apresentar as presentes
Manifestações Finais nos termos que se seguem.

Assinado eletronicamente por: FABIANA CARVALHO VIANA FRANCA - 03/02/2022 20:56:02 Num. 102654206 - Pág. 1
https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22020320560266900000097832706
Número do documento: 22020320560266900000097832706
Ajuizou o Ministério Público Eleitoral e a Coligação Socorro Feliz de Novo as Ações de
Investigação Judicial Eleitoral c/c Captação Ilícita de Sufrágio (Processos nºs 0601154-
96.2020.6.25.0034, 0601079-57.2020.6.25.0034 e 0601078-72.2020.6.25.0034) em face dos
representados INALDO LUÍS DA SILVA E MANOEL DO PRADO FRANCO NETO, visando a
cassação do mandato, inelegibilidade por 08 anos e a fixação de multa. Ao passo que a
Coligação Muda Socorro, Samuel Carvalho dos Santos Júnior e Vagnerrogeris Lima de Oliveira
ajuizou Representação Eleitoral por Captação Ilícita de Sufrágio (Processo nº 0601126-
31.2020.6.25.0034) em face dos já nominados requeridos, pugnando ao final pela procedência da
representação para declarar a inexigibilidade e aplicação de multa, além da cassação dos
registros ou dos diplomas. Todas as ações tinham como o argumento a distribuição de dinheiro
em troca de votos pelo então Prefeito e candidato a reeleição Inaldo Luís da Silva.

Com base nos autos do IPL da Polícia Federal, o ora representado, candidato a reeleição ao
cargo de prefeito nas eleições de 2020, fez campanha eleitoral com distribuição de valores em
troca de votos, relacionando diversos fatos abrangendo pessoas diversas.

Num primeiro momento, conforme vídeo que circulou nas redes sociais, o requerido teria dado o
valor de R$ 550,00 reais a pessoa de Denise Ribeiro dos Santos para que a mesma pagasse o
cartão de crédito que havia sido utilizado para aquisição de telhas de Eternit entregues a Taynara
Neris dos Santos em troca de votos. Num segundo momento, teria doado cadeiras de rodas a
outra eleitora e ainda, se comprometido a empregar na Prefeitura de Nossa Senhora do Socorro
o filho do Sr. Ricardo Barroso Santos, tudo em troca de votos.

Em razão da congruência dos pedidos e causas de pedir foi determinado por este Juízo a união
dos processos se reconhecendo a conexão, conforme decisão exarada nos autos da AIJE nº
0601154-96.2020.6.25.0034.

Devidamente notificados, os representados apresentaram defesa, onde alegam: a) impugnação a


autenticidade do vídeo; b) meio ilícito de obtenção de prova, já que não autorizada pelo
interlocutor; c) atipicidade da conduta por ausência de dolo; d) ausência de prova do abuso do
poder econômico e finaliza pedindo a condenação pela litigância de má-fé com a aplicação de
multa e ainda a caracterização de crime eleitoral.

Assinado eletronicamente por: FABIANA CARVALHO VIANA FRANCA - 03/02/2022 20:56:02 Num. 102654206 - Pág. 2
https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22020320560266900000097832706
Número do documento: 22020320560266900000097832706
Realizada audiência de instrução, ouvidas as testemunhas, vieram os autos para manifestação.

É o breve relato dos autos.

A despeito de não tornar repetitivos os argumentos sustentados pelo Ministério Público Eleitoral,
tornando maçante a análise dos autos, requer façam parte integrante da presente manifestação, a
inicial e documentação acostada aos autos (Processo nº.0601154-96.2020.6.25.0034).

Em relação a preliminar suscitada pela Defesa no que diz respeito a obtenção da prova por meio
ilícito, já que a gravação foi realizada sem o conhecimento do requerido, o TSE já enfrentou o
tema e formou entendimento pela licitude da prova desde que a gravação tenha sido realizada
por um dos participantes, conforme jurisprudência citada abaixo :

“[...] Representação. Captação ilícita de sufrágio. Art. 41-A da Lei nº 9.504/1997. Licitude da
prova. Gravação ambiental efetuada durante reunião. Ambiente privado. Possibilidade [...] 2.
Conforme a jurisprudência desta Corte, afigura-se lícita a gravação ambiental realizada por um
dos interlocutores, sem o consentimento dos demais e sem autorização judicial, em ambiente
público ou privado, ficando as excepcionalidades submetidas à apreciação do julgador no caso
concreto [...] 3. Consta do aresto regional que a gravação ambiental foi realizada durante reunião
ocorrida em ambiente privado, mas da qual diversas pessoas participaram. Concluiu-se, dessa
forma, inexistir, na espécie, causa legal de sigilo ou de reserva de conversação. [...]”

(Ac. de 19.12.2019 no AgR-REspe nº 42448, rel. Min. Og Fernandes.)

1. A jurisprudência que vem sendo aplicada por este Tribunal Superior, nos feitos cíveis-
eleitorais relativos a eleições anteriores a 2016, é no sentido da ilicitude da prova obtida
mediante gravação ambiental realizada por um dos interlocutores sem o conhecimento dos
demais e desacompanhada de autorização judicial, considerando-se lícita a prova somente
nas hipóteses em que captada em ambiente público ou desprovida de qualquer controle de
acesso. 2. Não obstante esse posicionamento jurisprudencial, mantido mormente em
deferência ao princípio da segurança jurídica, entendimentos divergentes já foram, por vezes,
suscitados desde julgamentos referentes ao pleito de 2012, amadurecendo a compreensão
acerca da licitude da gravação ambiental realizada por um dos interlocutores sem o
conhecimento dos demais e sem autorização judicial. 3. À luz dessas sinalizações sobre a
licitude da gravação ambiental neste Tribunal e da inexistência de decisão sobre o tema em

Assinado eletronicamente por: FABIANA CARVALHO VIANA FRANCA - 03/02/2022 20:56:02 Num. 102654206 - Pág. 3
https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22020320560266900000097832706
Número do documento: 22020320560266900000097832706
processos relativos às eleições de 2016, além da necessidade de harmonizar o entendimento
desta Corte com a compreensão do STF firmada no RE n° 583.937/RJ (Tema 237), é
admissível a evolução jurisprudencial desta Corte Superior, para as eleições de 2016 e
seguintes, a fim de reconhecer, como regra, a licitude da gravação ambiental realizada por um
dos interlocutores sem o conhecimento do outro e sem autorização judicial, sem que isso
acarrete prejuízo à segurança jurídica. 4. A despeito da repercussão geral reconhecida pelo
STF no RE n° 1.040.515 (Tema 979) acerca da matéria relativa à (i)licitude da gravação
ambiental realizada por um dos interlocutores sem o conhecimento dos demais nesta seara
eleitoral, as decisões deste Tribunal Superior sobre a temática não ficam obstadas, dada a
celeridade cogente aos feitos eleitorais. 5. Admite-se, para os feitos referentes às Eleições
2016 e seguintes, que sejam examinadas as circunstâncias do caso concreto para haurir a
licitude da gravação ambiental. Ou seja, a gravação ambiental realizada por um dos
interlocutores sem o consentimento dos demais e sem autorização judicial, em ambiente
público ou privado, é, em regra, lícita, ficando as excepcionalidades, capazes de ensejar a
invalidade do conteúdo gravado, submetidas à apreciação do julgador no caso concreto, de
modo a ampliar os meios de apuração de ilícitos eleitorais que afetam a lisura e a legitimidade
das eleições. 6. No caso, analisando o teor da conversa transcrita e o contexto em que
capturado o áudio, a gravação ambiental afigura-se lícita, visto que os recorrentes
protagonizaram o diálogo, direcionando-o para oferta espontânea de benesses à eleitora, de
modo que restou descaracterizada a situação de flagrante preparado. [...]”
(Ac. de 9.5.2019 no REspe nº 40898, rel. Min. Edson Fachin.)

Da mesma forma quanto a impugnação pela autenticidade do vídeo, já que a mesma não é
imprescindível e nem mesmo foi solicitada a prova pericial pela Defesa, muito embora tenha
sido realizada pela autoridade policial.

I. AUTOS Nº 0601154-96.2020.6.25.0034 E 0601079-57.2020.6.25.0034

Os fatos narrados pelo Ministério Público Eleitoral na presente demanda ante a prova
carreada aos autos conduz à certeza de que houve abuso do poder político, abuso do
poder econômico e captação de sufrágio praticada pelos representados, merecendo sua
total procedência.

Entre as condutas ilícitas praticadas nas campanhas eleitorais e que conduzem à


inelegibilidade do candidato por oito anos, conforme a Lei da Ficha Limpa (Lei Complementar
nº 135/2010), estão o abuso do poder econômico e o abuso do poder político.

Assinado eletronicamente por: FABIANA CARVALHO VIANA FRANCA - 03/02/2022 20:56:02 Num. 102654206 - Pág. 4
https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22020320560266900000097832706
Número do documento: 22020320560266900000097832706
O abuso do poder econômico em matéria eleitoral é a utilização excessiva, antes ou durante a
campanha eleitoral, de recursos financeiros ou patrimoniais buscando beneficiar candidato,
partido ou coligação, afetando, assim, a normalidade e a legitimidade das eleições.

Por uso do poder econômico entende-se o emprego de dinheiro mediante as mais diversas
técnicas, que vão desde a ajuda financeira, pura e simples, a partidos e candidatos, até a
manipulação da opinião pública, da vontade dos eleitores, por meio da propaganda política
subliminar, com a aparência de propaganda meramente comercial.

O uso do poder econômico, quando feito por meio dos partidos e com obediência estrita à
legislação, é lícito. O que o torna ilícito é o seu emprego fora do sistema legal, visando a
vantagens eleitorais imediatas, com o fato de intervir no processo eleitoral, definindo os
resultados de acordo com determinados interesses.

O abuso do poder econômico está previsto no art. 14, parágrafo 9º da Constituição Federal,
havendo ainda a sua previsão na AIJE, fundamentada na Lei de Inelegibilidades ( LC Nº 64/90),
em seu art. 22.

O Professor Adriano Soares da Costa procura definir o abuso do poder econômico como sendo
“a vantagem dada a uma coletividade de eleitores, indeterminada ou determinável, beneficiando-
os pessoalmente ou não, com a finalidade de obter-lhe o voto”.

No que diz respeito a configuração da captação ilícita de sufrágio, nos termos do art. 41-A da Lei
nº 9.504/1997, é necessário o preenchimento dos seguintes requisitos: (i) a realização de
quaisquer das condutas enumeradas pelo dispositivo - doar, oferecer, prometer ou entregar bem
ou vantagem pessoal de qualquer natureza a eleitor, inclusive emprego ou função pública; (ii) o
dolo específico de obter o voto do eleitor; (iii) a participação ou anuência do candidato
beneficiado; e (iv) a ocorrência dos fatos desde o registro da candidatura até o dia da eleição,
além da existência de conjunto probatório suficientemente denso para a configuração do ilícito
eleitoral.

Insta observar que, a captação ilícita de sufrágio e o abuso do poder econômico não se
confundem. Na compra de votos busca-se proteger a liberdade de voto do eleitor, enquanto que,
no abuso do poder econômico, o bem tutelado é a legitimidade das eleições. Cabendo ressaltar
que para caracterização do abuso do poder econômico, exigia-se antes da edição da Ficha

Assinado eletronicamente por: FABIANA CARVALHO VIANA FRANCA - 03/02/2022 20:56:02 Num. 102654206 - Pág. 5
https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22020320560266900000097832706
Número do documento: 22020320560266900000097832706
Limpa, a aptidão da conduta, ainda que potencialmente, para comprometer a lisura das eleições.
Era a chamada potencialidade lesiva, que fora expressamente afastada pela citada legislação, a
qual estabelece como suficiente, para configuração da prática abusiva, a gravidade das
circunstâncias que a caracterizam, conforme a nova redação dada ao art. 22, XVI, da LC N
64/1990.
No que diz a aquisição de material de construção, mais especificamente telhas eternit, pela Sra.
Denise Ribeiro dos Santos e entregues a Taynara Neris dos Santos restou incontroverso, posto
que ambas admitiram que o fato ocorreu, bem como que as referidas telhas foram custeadas pelo
candidato Inaldo Luís.

Durante a instrução do feito chegou-se a conclusão que Denise Ribeiro dos Santos era a pessoa
encarregada de verificar as necessidades das comunidades carentes e posteriormente informar
ao Prefeito e candidato a reeleição Inaldo Luís, para denotando-se assim um padrão de conduta
em que o candidato se utiliza da estrutura do Município ( os fatos se deram no gabinete do
Prefeito dentro do prédio municipal) para, com ajuda financeira, angariar votos.

Vale ressaltar que os fatos ocorreram dentro do gabinete do Prefeito Inaldo Luís, local onde ele
atendia os correligionários e apoiadores de campanha, fazendo doações e promessas, se
confundido a figura do candidato a reeleição com a do próprio gestor público.

A testemunha Taynara Neris dos Santos apresenta um depoimento esclarecedor no que diz
respeito a dinâmica dos fatos, aduzindo que foi aconselhada por uma pessoa da comunidade que
procurasse a Sra. Denise e que a mesma lhe ajudaria em troca de voto e assim foi feito.
Embora não vote em Nossa Senhora do Socorro, a testemunha se comprometeu em obter os
votos dos familiares.

Já os testemunhos de Ícaro Renato da Silva Santos (pessoa responsável pela gravação do


vídeo) e José Alan Mota de Oliveira, corroboram com os fatos trazidos nos autos.

Também no que diz respeito ao abuso do poder político este se fez presente (as doações
ocorriam no gabinete do gestor), a documentação carreada aos autos demonstra que o
representado Inaldo Luís se utilizou da máquina pública administrativa municipal a seu favor (
utilizou-se do prédio público bem como de todo o seu assessoramento) , bem como se valeu
do poder econômico empregado na campanha para distribuir bens matérias e vantagem aos
eleitores, violando o livre exercício do direito de sufrágio.

Assinado eletronicamente por: FABIANA CARVALHO VIANA FRANCA - 03/02/2022 20:56:02 Num. 102654206 - Pág. 6
https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22020320560266900000097832706
Número do documento: 22020320560266900000097832706
O favorecimento pessoal do eleitor, em eleições municipais, desequilibram todo o eleitorado
local, mormente no caso das eleições de Nossa Senhora do Socorro em que a disputa foi
vencida por um percentual pequeno de votos.

A conduta suprarreferida se mostra incompatível com a igualdade de condições à disputa do


pleito municipal de 2020, que, certamente, rendeu vantagem exagerada ao investigado, em
prejuízo da campanha limpa, justa e igualitária a que a legislação e os Tribunais Eleitorais e
Juízos singulares buscam efetivar.

Assim, pela robusta prova carreada aos autos, o Ministério Público Eleitoral requer seja as
ações (Nº 0601154-96.2020.6.25.0034 E 0601079-57.2020.6.25.0034) sejam julgadas
totalmente PROCEDENTES, nos exatos moldes pleiteados na inicial.

II. AUTOS Nº 0601078-72.2020.6.25.0034 E 0601126-31.2020.6.25.0034

Já no que diz respeito as duas ações acima identificadas, a partir dos depoimentos
testemunhais e das demais evidências carreadas aos autos, há de reconhecer a ausência de
prova robusta para ensejar a sua procedência.

Conforme se pode depreender, os autos citados se ferem a Representação por Captação de


Sufrágio, em razão de uma gravação audiovisual, onde o representado teria cedido um valor
para aquisição de uma cadeira de rodas para uma eleitora, bem como prometido cargo público
para Thiago Alexandre Silva Barros, filho de Ricardo Barroso Santos .

Nos termos da jurisprudência do TSE a caracterização do ilícito do art. 41-A da Lei nº 9.504/97
demanda a existência de prova contundente de que a doação, a oferta, a promessa ou a
entrega da vantagem tenha sido feita em troca de votos.

Em relação a doação da cadeira de rodas não se logrou êxito em identificar a beneficiada e


nem mesmo se houve a captação de votos. O mesmo se deu em relação a promessa de
emprego supostamente ofertada pelo representado a Thiago Alexandre. Ouvido em Juízo, o
depoente Ricardo Barros deixa claro que o representado não pediu voto e que,
segundo ele, estaria implícito. Já Thiago, o aspirante ao cargo público, nada sabe sobre o
ocorrido pois não estava presente aos fatos.

Observo que Ricardo Barros foi quem procurou o representado pedindo emprego para seu
filho, tendo informado que em campanhas anteriores já havia trabalhado para o candidato e que
o valor recebido naquela oportunidade se referia a dívida antiga. Por sua vez, não restou
demonstrado nos autos nenhuma ação do representado que demonstrasse que ele intercedeu
ou mesmo nomeou para cargo público a pessoa de Thiago Alexandre, descaracterizando desde
logo a exigência insculpida na norma do Art. 41-A da Lei nº 9.504/97.

Assinado eletronicamente por: FABIANA CARVALHO VIANA FRANCA - 03/02/2022 20:56:02 Num. 102654206 - Pág. 7
https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22020320560266900000097832706
Número do documento: 22020320560266900000097832706
Em sendo assim, sem maiores digressões, opina o Ministério Público Eleitoral pela
improcedência das Nº 0601078-72.2020.6.25.0034 E 0601126-31.2020.6.25.0034, por tudo
que há nos autos.

Nossa Senhora do Socorro, 01 de fevereiro de 2022.

FABIANA CARVALHO VIANA FRANCA


PROMOTORA ELEITORAL

Assinado eletronicamente por: FABIANA CARVALHO VIANA FRANCA - 03/02/2022 20:56:02 Num. 102654206 - Pág. 8
https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22020320560266900000097832706
Número do documento: 22020320560266900000097832706

You might also like