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Diciondrio Oxford de Arte Martins Fontes Sto Paulo 2007 ah pacts ent mca ate capaho re ego 10 en 307 aacexo BeasDs0 CIOL eta grin ae Ca ma Pan CY Indic pr terse ‘vaio Marin Fonts Fltra (aa fur Costin Ramat S40 OLA Sa Pale SP Bet Te P30) 2677 Pa 305 688 mai: aiimartnfnesedioncome pie mtorr cm deexposigdes coletivas eda publicagdo de um anud- ripilustrado, sob o titulo Abstraction-Création: Art nnon-figuratf, que st a piblico de 1932 81936, ten- doa cada mimero um editor diferente. Dentro desse principio geral, a organizacdo tinha uma visdo ex tremamente catdlica e abarcava muitas espécies de arte ndo-figurativa: do construtivismo de Gabo Pevsner* eLissitzki*, edo neoplasticismo* de Mon- driant, a abstragdo éxpressiva de Kandinsky® ¢ até ‘mesmo & abstragao biomérfica® de Amp* e algumas formas do surrealismo* absirato. Devido, porém, & forga do elemento construtivista e do grupo de ar= ristas simpaticos 20 De Sut, a énfase passow a re- ‘air cada ver mais sobre a abstragao geomnetrica, em delrimento da abstragaolirica® ou expressiva. Com ‘e mudanga de alguns dos principas lideres constru- tivistas da Franga para a Inglaterra, as atividades da associaedo comegaram a decair por volta de 1936. Uma exposigio “Abstraction-Création”,divul do 0 trabalho do grupo, foi montada em Munster fem 1938, seguindo entd0 para 0 Musée d'Art Mo derne de Paris, abstrata, arte. Em sua acepeto mals ampla, este tr: mo pods ser aplicado a qualquer arte que nao repee sente objetosreconlecivels (grande parte da arte de corativa, por exempla), mas € normalmente usado para designar aquelas formas de arte do século XX {que abandonaram a tradicional concepe2o europa da arte como imitacdo da natureza. Embora a mo- {erna are abstratatenha se desenvolvido em vérios “ismos" e movimentos diferentes, nela pontficam dduas tendéncias basieas: (1) redugdo das aparéne ‘Sas naturals a formas radicaimente simplificadas, 0 {que pode ser exemplificado pela obra de Brancusi © Q) a construgao de objetos artisticos a partir de Tormas basieas nfo-figurativas, como nos rolevos* de Ben Nicholson* E geralmente credtada a Kandinsky* a produsio dda primeira pintura inteiramente nlo-liguratva, por \olta de 1910.0 pintor tcheco Kupka e outros aban. donaram o cubismo* ¢ ligarantse & abstragao no figurativa em Paris, por volta de 1913, enquanto, ‘luase simultaneamente, Maleviteh* deseavolvia 0 ‘uprematismo*. O grupo De Sti formou-se nos Pai- Ses Baixos em 1917, tendo Mondrian® como mem= ‘bro mis destacado. Ao longo da década de 30 ¢ apis 2 Segunda Guerra Mundial, a abstragao, de uma for: ma ou de outra, tornou-se 0 trago mais geral ¢ c3- Stereo dos ts artstins do slo XX secademia. Associasdo de artistas, eruditos ete, or- ganizados numa instituigho profissional. A “Acade- ‘mia original foi um bosque de olveiras nos arre ores de Atenas, onde Platdo e seus sucessores en navam filosofia (a escola de Platz ficou entdo co- mhecida como ** Academia"). Na Renascenga* italia. nna a palavra passou a ser aplicada a praticamente qualquer circulo literdrio ou fllos6fico,sendo por ve ‘es empregada para designar srupos de artistas que Aliscutiam problemas pratios e tedricos — neste sen tido, constituiu-ve numa referencia algo irdnica a0 estliio de Botticelli, c. 1300. Do mesmo modo, ¢ muito provivel que a famosa Academia de Leona o* da Vinci — referéncias & qual chegaram a nds or incermédio de gravuras do inicio do século XVI ‘nao tena sido mais que um grupo de homens que aiscutiam problemas artisticose centticos com Da Vinci. Qutra “academia” prematura fot aquela que Vasari atribuiu a Lorenzo de Medici* e que esteve sob a diresdo do escultor Bertoldo*,servindo de ins piragdo & que o proprio Vasari Tundou em 1363; to das as evidencias sugerem que, embora Lorenzo ga- ramtisse a artistas e leigos 0 acesso a suas colepdes, a Florena da época no possuia nenhuma institu {20 orgenizada vinculada as artes. H&, por fim, uma ‘pravura de 1531, de autoria de Agostino Veneziano (1490-1540), que representa a Accademia di Baccio Bandin in Roma in luogo detto Belvedere. Embora Fetrate esultores desenhando uma pequena esta no esto de Bandinelit, provavelmente no repre- senta mais que um grupo de amigos discutindo a teo Hla e a pratica da arte. ‘A primeira academia de arte propriamente dita foi ‘stabelesida cerea de 30 anos depois, quando 0 du- ‘que Cosimo de Medic} fundou a Accademia del Di- segno em Florenga, no ano de 1563. 0 principal pro- ‘motor dessa academia foi Giorgio Vasari, que vse ‘va emaneipar os artistas do controle das guidas, con firmando e garantindo a ascensdo socal atingida por cles no decorrer dos cem anos precedentes. Miche- Jangelo*, que mais do que qualquer outro artist pe sonificava essa mudanga de stars, foi investido co smo um dos dois diretores, ao lado do proprio duque ‘Covimo. Trinta seis artistas foram eleitos membros amnadoreseteoricos também cram cle- siveis. Foram planejadas aulas de geometria e ana- tomia, mas ndo havia um esquema de treinamento ccompulsorio que substtuisse a pratica regular de es- tidio. A Academia rapidamente granjeou grande re pputagdo internacional; em Florenga, porém, logo de- denerou, tornando-se uma especie de guilda de ar- (© préximo passo importante foi dado em Roma, com a fundaelo, em 1593, da Accademia di S. Lu «a, presidida por Federico Zuccaro®. Embora a Aca demia romana desse mais énfase &instrugao pratica {que a florentina, as aulas tebricas também faziam parte do planejamento. No entanto, a Academia sé ‘conseguit vencer a guerra contra as guildas ao obter {9 poderoso apoio do papa Urbano VIII (Mateo Barberini") em 1627 e 1633. A partir de entao, crs. eu em riquezae prestigio. Seus membros inclutam todos 0s principais artistas italianos e muitos dos scademia cstrangeizos; eram realizados debates sobre polite antistica; exercia-sealguma influéncia sobre a con: ‘cesso de servgos importantes; fazia-se de tudo para tomnar a vida dos ndo-membros (tals como muitos ddos pintores flamengos que trabalhevam em Roma Por conta prépris — ver FIAMMINGO) tio desaare Sivel quanto possivel ‘A tinica organizaea0 semelhante exstente na Itd- lia era a academia fundada em Milao pelo cardeat Federico Borromeo em 1620, Nesse periodo, porém, ‘© termo foi amplamente tilizado para designar ins tituigdes privadas onde os artists se encontravan pa ra exercitar 0 desenho de observagao, num estigio ‘01 no palécio de algum patrono. O exemplo mais fa moso desse tipo fo! orzanizado pelos Carracci* em Bolonha Na Franca, um grupo de pintores, movido pelas mesmas razdes de prestigio que haviam inspirado os italanos, persuadi Luis XLV (1638-1715) a fundar em 1648 a Académie Royale de Peinture et de Sculp- ture, Também Ié as guildas exerceram forte oposi- lo, ea supremacia acedémica s foi assegurada de- pois da posce de Colberi* como vice-protetor, em 1661; Colbert viu na Académie um instrumento de Imposigdo dos padrdes © principios oficals no qUe tocava ao gosto. ‘Tuntamente com Lebrun*,o ditetor, Colbert tra- bbalhou com o objetivo de estabelecer ta ditadura das ares, e pela primeira ver na historia aexpressio “arte académica” adquiriu um significado preciso. ‘A Académie arrogou-se um virtual monopétio do en sino © das exposigdes, © por empregar rigidamente Scus proprios padroes de filiacao veio aexercer uma Importante influencia econdmica sobre a profissto artistica, Pela primeira vez, uma ortodoxiaertistica ec estetica obteve sangao oficial. Estava implicit, na teariae no ensino académico, a idéia de que tudo 0 aque se relacionasse com a prética e a fruigdo artis «2s, ou com o cultivo do gosto, podia ser abarcado pelo entendimentaracional e reduzido a preceitos lo ‘icos passiveis de ser ensinados e estudados. Nasegunda metade do século XVII, fundaram-se academias de arte na Alemanha, na Espanha e em outros locas; caleula-se que em 1720 dezenove aca demas espalhavam-se pela Europa. Em meados do século XVIII houve um aumento de atividades che- gando a haver, em 1790, mais de cem, por toda & Europa, Entre esas figurava a Royal Academy*, de Londres, fundada em 1768 (antes disso, na Inglater- ra, existiam apenas academias de ensino privado, lua das quais ft dirigida por Thornhill” e, depois, por Hogarth*). Em sua maior pare, esses academias cram resultado de uma tomada de consciencia por parte do Estado do papel que a arte poderia desem- Denhar na vida social. A Tereja ea Corte jd ndo eram 6s principais patronos das artes. O crescimento da industria edo comércio, ea importancia econémica atribuida 20s bons projetos, levaram 2 uma ampli ‘do do apoio oficial &s academias de ensino. N30 po- de ser dssosiada destes motivos a promogio do neo- classicismo*, em oposiedo aos estilos remanescentes {do barroco* e do rococs*. Em toda parte as acade- ‘mias lancaram:-se como expoentes do novo retorno ao antigo". No que tocava a instrugdo, sobressaiam ‘0 desenho de abservacio e a cépia de molds; 0 es- tudo de temas cissicos era especialmente encorajado. ‘Desde o inci tls instituigbes depararam com al- gum tipo de oposicéo. Ao final do séeulo XVII, 0 sentimento revoluciondrio francés era extremame te eritico com relagdo aos privilégios de que goza- ‘vam os membros da Académie, e muitos artistas, l- erados por David®, exigiram sua dssolugdo — 0 {que ocorreu em 1793. Entretanto, depois de muitas temativas de criar novas insttuigdes, a Académie fot restabelecida em 1816 sob o nome de Académie des Beaux-Arts ‘Na verdade, a real ameaga &s academias veio mes- smo da nogao romantica" do artista como um genio aque produ suas obras-primas& luz de uma inspira- (io que ndo pode ser ensinada ou sujeita a qualquer tipo de norma. A oposieio acentuou-se com o alar- gamento da brecha existente entre os artistas eriati- vos © o pablico burgués, apés 0 declinio do patroci- nio aristocratic. Praticantente todas os melhores © mais criativos artistas do século XIX colocaram-se {A margem das academlas e buscaram canas alterna~ tivos para exibir suas obras, embora Manet*, por exemplo, tenha sempre ansiado pelo sucesso acade- ‘nico tradicional. Quando o impressionismo* fot f- nalmente reconhecido, como resultado da reavalia a0 artistica do século XIX, esse contraste era por

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