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Quarta-feira, 25 de Agosto de 2004 SUPLEMENTO | | SERIE - Numero 34 BOLETIM DA REPUBLICA PUBLICAGAO OFICIAL DA REPUBLICA DE MOCAMBIQUE IMPRENSA NACIONAL DE MOCAMBIQUE AVISO A matic a publicar no > deve ser emia em pia devidamenteautenicada, wma por cada assunto, donde conte, alm das indiagies nesessris para esse efetto, 0 averbamento segunt,assinado © sutenticado: Para publicasio no “Boletim da Replica” SUMARIO Assembleia da Reptblica: Let ns 1072004: ‘Aprova a Lel da Familia e revoga 0 Livro lV do Codigo Cl ASSEMBLEIA DA REPUBLICA Lei n® 10/2004 de 25 de Agosto ‘A reforma da Lei da Fania € uma necessidade que Se vem impondo a0 longo dos ands como priridade cada vez mais prement Desde ceo, esuliou nia a desconformidade da i vigente coma Constituigd, mas também comaealidee siocultral do tendo em vist adequr ei da Fai vigent 8 Constnugao aos demas isrurentos de Dict nenacinaleorsequetenete Cling eSsposigBes gue sntentara desigualdae detraamento nas eles fami, no respeto pela morambeanidade, pela Cals dendade propria do povomoranbcane ques Assenbea Ga Repablca, os feos do disposi no n° I do arige 135 da Constnigi, determina ‘riruLo1 Disposides gerais Aero 1 (Nogio de famiia) 1.A familia 6a lula base da sociedade, factor de socializagio da pessoa humana. 2, A familia constitu o espaco privilegiado no qual se cria, desenvolve ¢ consolida'a personalidade dos seus membros e onde devem ser cultivados 0 didlogo e a entreajuda 3. A todos & reconhecido o direito a integrar uma familia e de constituir familia, Agrico 2 (Ambito) 1.A familia € a comunidade de membros ligados entre si pelo parentesco, casamento, afinidade e adopeio. 2. B ainda reeonhecida como entidade familiar, para efeitos patrimoniais, a unio singular, estivel, livre e notéria entre um hhomem e uma mulher Anmigo3 (Direitos da familia) 1, Alei protege a familia e os seus membros contra as ofensas ilegitimas. 2. As disposigdes da presente Lei devem ser interpretadas e aplicadas tendo presente os superiores interesses da familia, assentes ‘nos principios da especial protec¢do da crianca e da igualdade de direitos e deveres dos seus membros e dos cénjuges entre si Arrigo 4 (Deveres da familia) A familia incumbe, em particular: 4) assegurar a unidade e estabilidade préprias; ») assistiros paisno cumprimento dos seus deveres de educar orientar os filhos; 6) garantir 0 crescimento e desenvolvimento integral da crianga, do adolescente e do jover; 4) assegurar que no ocorram situagdes de discriminac30, exploragio, negligéncia, exercicio abusive de autoridade ou violéncia no seu seio; ) amparare assist 0s membros mais idosos, assegurande 2 ua participagao na vida familiar © comunitéria © defendendo a sua dignidade e bem-estar; ‘f) amparar ¢ assistir os membros mais carentes nomeadamente, os portadores de deficigneia; 4) velar para que sejam respeitados os direitos eos legitimos interesses de todos e de cada um dos seus membros. Agriao $ (Natureza dos direitos) 0s diteitos familiares so, regra geral, pessoais, indisponiveis e irrenuncidveis, Agtico 6 (Fontes das relagdes juridicas familiares) Siio fontes das relagdes juridicas familiares a procriagio, 0 parentesco, 0 casamento, a afinidade e a adopcio. 342-2) Axmigo7 ‘Nogiio de casamento) O casamento é a unio voluntéria ¢ singular entre um homem ¢ ‘uma mulher, com propésito de c onstituir familia, mediante comunhio plene de vida Arrigo 8 (Nogito de parentesco) Parentesco ¢ 0 vinculo que une duas pessoas, em consequéncia cde uma delas descender de outra ou de ambas procederem de um progenitor comum. Antico 9 (Elementos do parentesco) (© parentesco determina-se pelas geragSes que vinculam os parentes, uumao outro: cada eracko forma um gra, ea sévie dos graus constitu a linha de parentesc. ‘Awrioo 10 (Linhas de parenteseo) 1.A linha diz-se recta, quando um dos parentes deseende do ‘outro; dizse colateral, quando nenhum dos parentes descend do ‘outro, mas ambos procedem de um progenitor comum, 2. Allinba recta é descendente ou ascendente: descendente, quando se considera como partindo do ascendente para o que dele procede; ascendente, quando se considera como partindo deste para o progenitor, ‘Arno 11 (Computo dos graus) 1. Na linha recta ha tantos graus quantas as pessoas que formam alinhia de parentesco, excluindo o progenitor comurn, 2. Na linha colateral os graus contam-se pela mesma forma, subindo por um dos ramos e descendo por outro, mas sem contar o progenitor cormum, Amigo 12 (Limites do parentesco) Salvo disposigio da lei em contrario, os efeitos do parentesco produzem:se em qualquer grau da linha recta e até a0 oitavo grau da linha colateral. Agnigo 13 (Nogio de afinidade) ‘Acafinidade é 0 vinculo que liga, cada um dos cénjuges aos parentes do outro, Amigo 14 (Elementos e cessagao da afinidaile) A afinidade detetmina-sé pelos mesmos graus ¢ Tinhas que ‘definem o parentesco e nio cessa pela dissolugdo do casamento. Agrigo 15 (Nogiio de adopeio) Adopgfo 60 vineulo que, & semelhanga da filiagdo natural, mas independentemente dos lagos do sangue, se estabelece legalmente centre duas pessoas, nos termos dos artigos 389 e seguintes, 1 SERIE — NUMERO 34 TiTULOT 0 casamento caPiTULO 1 Moilalidades do casamento Armio16 (Casamento civil, religiosoe tradicional) 1. Ocasamento 6 civil, ligioso ou tradicional. 2. Aocasamento monogamico, religioso tradicional & reconhecido valor eficicia igual & do casamento civil, quando tenham sido observados 6s requisitos que a lei estabelece para 6 casartento civil. Arrigo 17 (Efettos do cusamento religioso e tradicional) O casamento religioso e tradicional rege-se, quanto 20s efeitos, civis, pelas normas comuns desta lei, salvo disposigdo em contréro, Antigo 18 (Dualidade de casamentos) 1,Acelebragio do casamento esti sujeita a registo obrigat6rio. 2. Nao & permitido 0 casamento civil de duas pessoas ligadas por casamento religioso ou tradicional devidamente transcrito no registo civil. ; CAPITULO Promessa de casamento Axnigy 19 (Inefieicia da promessa) 1. Ocontrato pelo qual,a titulo de esponssis, desposérios ou ‘qualquer outro, duas pessoas de sexo diferente se comprometer 4 contrair matriménio nfo da direito a exigir a celebragio casamento, nem a reclamar, na falta de cumprimento, outras indemnizagées que nko sejam as previstas no artigo 22, mesmo ‘quando resultantes de cléusula penal. 2. Enula a promessa de casamento, se algum dos promitentes, for menor de 18 anos, ‘Arrigo 20 (Restituigdes, nos casos de Incapacidade e de retractago) 1, No caso de 0 casamento deixar de celebrar-se por incapacidade ou retractagio de-algum dos promitentes, cada um deles ¢ obrigado a restituir os donativos que o outro ou terceiro the tenha feito em virtude da promessa e na expectativa do, casamento, segundo os termos prescritos para a nulidade ou. anulabilidade do negécio juridico. 2. Aobrigacdo de resttur abrange as cartaseretratos pessoais do outro contraente, mas nfo as coisas que hajam sido consumides antes da retractagdo ou da verificagdo da incapacidade. Axmigo 21 (Restituigées no caso de morte) 1, Seo casamento ndo se efectuar em reziio da morte de algum. dos promitentes,opromitente sobrevivo pode consérvar os donativos, do felecido, mas nesse caso, perde o diteito de exigir os que, por sua parte Ihe tenha feito: 2. O mesmo promitente pode reter a correspondéncia ¢ os retratos bessoais do falecido e exigir a restituiglo dos que este hnaja recebido da sua parte. 25 DE AGOSTO DE 2004 Avrico 22 (Indemnizagdes) 1. Sealgum dos contraentes romper a promessa semjusto motivo ou, porculpa sua derlugar a que o outro se retracte, deve indemnizar © esposado inocente, bem como os pais deste ou terceiros que tenham agido em nome dos pais, quer das despesas feitas, quer das obrigagdes contraidas na previsto do casamento, 2. Igual indemnizagdo € devida quando o casamento niio se realize por motivo de ineapacidade de algum dos contraentes, se cle ou os seus representantes houverem procedido com dolo. 3. A indemnizagio é fixada segundo 0 prudente arbitrio do tibunal, devendio atendes que as despesas e obrigagdes se mostrarem razoaveis perante as circunstincias do caso e a condiglo dos contraentes, mas também 4s vantagens que, independentemente do casamento, umas ¢outras possam ainda proporcionat. se, 10 seucileulo, niu s6 2 medida em Agrioo 23 (Caducidade das aegdes) © direito de exigir a restituigao dos donativos ou a indemnizag2o caduca no prazo de seis meses, contado da data do rompimento da promessa ou da morte do promitente CAPITULO IIT Pressupostos da celebragio do casamento SECCAOT ‘Casamento religioso ¢ tradicional ‘Arrico 24 (Capacidade civil) O casamento religioso eo tradicional s6 podem ser celebrados por quem tiver a capacidade matrimonial exigida na lei civil. Anmigo 25 (Regime especial do casamento tradiclonal) ‘A celebrag2o do casamento tradicional segue as regras estabelecidas para 0 casamento urgente em tudo 0 que mo se achar especialmente consagrado pot lei. Agrico 26 (Processo preliminar do casamento religioso) 1A capacidade matrimonial dos nubentes é comprovada por meio de processo preliminar de publicagBes, organizado nas repartigBes do registo civil a requerimento dos nubentes ou do digratirio religioso, nos termos da lei de registo. 2.0 consentimento dos pais, legais representantes ou tutor, +elativo ao nubente menor, pode ser prestado na presenga de duas testemunhas perante o dignatérie religioso, o qual lavra auto de ‘ocorréncia, assinanco-o todos os intervenientes, Axrico 27 (Certificado de capacidade matrimonial) 1. Verificada no despacho final do processo preliminar de publicagSes a inexisténcia de impedimentos & realizacao do casamento, 0 funcionsrio do registo civil extai dele o certiicado ‘matrimonial, que &remetido ao dignatiio religioso e sem.o qual © ccasamento nio pode ser celebrado . 2. Se, depois de expedide 0 certficado, 0 funcionério que tiver conhecimento de algum impedimento, comunica-o imediatamente, ao dignatiriorelgioso, a fimde se suster a celebragiodo casamento, até que se decida sobre 0 mesmo impediment. 342-3) Arico 28 (ispensa do proceso preliminar) 1.0 casamento pode celebrar-seindependentemente do processo preliminar de publicagdes e da passigem do certificado de capacidade ‘matrimonial dos nubentes, em caso de morte eminente ou de grave motivo de ordem moral, se for expressamente autorizado pelo dignatirio rligioso competente ou pela autoridade comunitiria da frea de residéncia dos nubentes. 2. Adispensa de processo preliminar no altera as exigncias da, leicivil, quanto a capacidade matrimonial dos nubentes, contimuando 0s infactores a estar sujeitos ds sangdes estabelecidas na lei SECCAO TL Casamento civil SUBSECGAO1 Impedimentos matrimoniais ‘Arico 29 (Regra geral) ‘Temcapacidade para contair casamento todos aqueles emelagdo 408 quais no se verfique algum dos impediments matrimoniais previstos na lei. Agrigo 30 (Impedimentos dirimentes absolutos) 1. Sto impedimentos dirimentes, obstando ao casamento da pessoa a quem respeitam com qualquer outra: 4) a idade inferior a dezoito anos; 5) a deméncia notéria, mesmo nos intervalos hicidos, ¢ a interdigo ou inabilitagio por dhomalia psiquica; 6) ocasamento anterior no dissolvido religioso, tradicional ‘oucivil, desde que se enconie convenientsmenteregistado por inscrigfo ou tanscrigfo conform 0 caso, 2. A mulher ou homem com mais de dezasseis anos, titulo excepcional, pode contrair casamento, quando ocorram circunstncias de reconhecido interesse publico e familiar ¢ houver consentimento dos pais ou dos legais representantes. Arrigo 31 (Ampedimentos dirimentes relatives) Sto tamibém dirimentes, obstando ao casamento ene si das pessoas a quem respeitam, os impedimentos seguintes 4) 0 parentesco na linha recta; ’b) 0 parentesco até ao terceiro grau da linha colsteral; 6) 2 afinidade na linha recta; dd)a condenagao anterior de wn dos nubentes, como autor ou ccimplice, por homieio doloso, ainda que no consumado, ‘conta 0 Cénjuge do outro, ‘Axriao 32, (Impedimentos impedientes) ‘Sto impedimentos impedientes,além de outros designados em Jeis especiais: 42) 0 prazo internupeial; {0 parentesco até a0 quarto grau da linha colateral; ‘)o vinculo de tute, ciatela ou administra legal de bens; 44) 0 vinculo que liga o acothido aos c&njuges da familia de ‘acolhimento; 7 promincia do nubente pelo crime de homiciio doloso, ainda que nfo consumado, contra o cénjuge do outro, enquanto nao houver despronincia ou absolvigio por decisio passada em julgado; ‘A/a oposigao.dos pais ou tutor do nubente menor. 32-4) Arrigo 33 (Prazo internupcial) 1. 0 impedimento do prazo internupcial obsta ao casamento daquele cujo casamento anterior fo dissolvido ou anulado, enquanto ndo decorrer seis meses sobre a dissolugio ou anulagdo desse smatriménic, 2, Emcaso de divércio ou anulagdo do casamento civil, o prazo conta-se a partir do trinsito em julgado da cespectiva sentenga. 3. Cessa o impedimento do prazo internupeidl se o casamento se tiver dissolvido por divércio nio litigioso, por conversto da separagio judicial de-pessoas ¢ bens em divércio ¢, tratando-se de divéreiolitigioso, quando judicialmente comprovada a separacio de facto, salvo se ndo tiver decorrido o prazo referido no nimero ‘Anrigo 34 (Parentesco na linha eolateral) © parentesco no quarto grau da linha colateral s6 constitui impedimento quando os vinculos de filiagdo em que se baseia estiverem legalmente reconhecidos. Anrico 35 (Vineulo com a familia de acolhimento) 1.0 impedimento constituido pelo vinculo que liga o acolhido com os cénjuges da familia de acolhimento obsta aos seguintes casamentos: 4) dos cOnjuges da familia de acothimento ou seus perentes| na linha recta, com o acolhido ou seus descendentes; 4) do acolhido com o que foi cénjuge de um dos representantes da familia de acothimento; ©) dos cénjuges da familia de acolhimento com o que foi cOnjuge do acolhido; «dos acolhidos na mesma familia de acolhimento, entre si 2. O parentesco 86 é relevante para 0s efeitos da alinea a) do nidmero precedente quando estiver legalmente reconhecido, Arrigo 36 (Vineulo de tutela, curatela ou da administragio legal de bens) © vinculo da tutela, curatela e administragdo legal de bens impede casamento do incapaz com o tutor, curador ou administrador, ou seus parentes ou afins na linha recta, iemaos, ccunhados ou sobrinhos, enquanto nfo tiver decorrido um ano sobre co termo da incapacidade ¢ ndo estivetemaptovadas as respectivas, contas, se houver lugar a elas, Antico 37 (Dispensas) 1, Sto susceptiveis de dispensa os impedimentos seguintes: 4@) patentesco no quarto grau da linha colateral; ») vinculo que liga 0 acolhido aos cOnjuges da familia de acolhimento, 6) vinculo de tutela, curatela ou administracdo legal de ‘bens, seas tespectivas contas estiverem jé aprovadas. 2.,Adispensa compete ao Consérvador ou, se algum dos nubentes for menor, 0 Tribunal de Menores. 3. Sdo motivos atendiveis para a concessto da dispensa quaisquer razBes de interesse piblico ou relativas as familias dos nubentes. 1 SERIE ~ NUMERO 34 SUBSECCAO I Processo prelimiinar de publicagdes Axnigo 38 (Necessidade e fim do processo de publicagdes) A celebragio'do casamento ¢ prevedida de um processo de publicagdes, regulado na legislagdo do registo civil e destinado a verificagdo da inexistencia de impedimento. Anmico 39 (Oposieto dos pais ou tutor) 1. Quando nto tenha dado o seu consentimento, qualquer dos pais, legal representante ou tutor do nubente menor pode deduzir ‘oposiglio nos termos prescritos na legislacig do registo civil. 2. Deduzida a oposigdo, o casamento s6 pode ser celebrado se o Tribunal de Menotes a julgarinjustificada, capiTuLo1v Celebragio do casamento SECGAOT Disposigdes gerais Axrioo 40 (Publicidade e solenidade) A celebracdo do casamento é publica ¢ esté sujeita as solenidaces fixadas na legislagao do registo civil Antigo 41 (Actualidade do mituo consenso) ‘A vontade dos nubentes 86 & relevante quando manifestada no préprio acto da celebragdo do'casamento, Antico 42 (Aceitagio dos efeitos do casamento) 1.Avontade de contraireasamento importa aceitagio de todos os efeitos legis do matriménio, em prejuizo das legitimas estipulagdes dos esposos em convengdo antenupcial 2. Consideramse no escritas as cldusulas pelasquais os nubentes, ‘emconvengo antenupcial, no momento da celebragao do casarento ‘ou em outro acto, pretendam modificar 0s efeitos do casamento ou submeté-lo'a condisdo, termo ou & preexisténcia de algum facto. Anmigo 43 (Cardcter pessoal do mituo consenso) ‘A vontade de contrair casamento & estritamente pessoal em relagio @ cada um dos mubentes. sEOGAO I Casamentos urgentes Agric 44 (Celebrasio) 1, Quando haja fundado receio de morte préxima de algum dos nubentes € permitida a celebragdo de casamento independentemente do processo preliminar de publicagdes ¢ sem 8 intervengo do funciondrio do registo civil: 25 DE AGOSTO DE 2004 2. Do casamento urgente ¢lavrado, oficiosamente, umassento provisério, 3. 0 funcionirio do registo civil é obrigado a lavrar oassento provisério, desde que Ihe seja apresentada, para esse fim, a acta docasamento urgente, nos terms prescrtos na legislagie do registo civil. Aniico 45 (Homotogacio do casamento) 1. Lavrado oassento provisério,ofuncionsio decide eo cascmento deve ser homologado, 2. Semdo uver jd carrida, o processo de publicagdes & organizado oficiosamente e a decisio sobre a homologagao é profenda no final deste processo. Annie 46 (Causas justi nio homologacio) 1.0 casamento nao pode ser homologado: 4) se ndo se verificaremos requisites estabelecidos na le, ou nio tiverem sido observadas as formalidades prescritas para a celebragio do casamento urgente € para a realtzacio do respectivo assento provisorio; ') se howver indicios sérios de serem supostos ou falsos esses requisitos ou formalidades; 6) se existiralgum impedimento dirimente 2. Seo casamento no for homologado, o asscnto provisério & cancelado, 3. Do despacho que recusar a homologagao podem os cénjuges ‘ou seus herdeitos, bem como o Ministério Piblico, recorrer para o tribunal, a fim de ser declarada a validade do casamente. SECCAO IIL Formalidades do casamento civil Axmigo 47 (Pessoas que devem intervir) E indispensivel para a celebragao do easamento a presenga: 4) dos contraentes, ou de um deles ¢ 6 procuradordo outro; +) do funcionsrio do registo civil; 6) de duas testemunhas Anrico 48 (Casamento por procuragio) 1. E licito a um dos nubentes fazer-se representar por procurador no acto da celebracao do casamento. 2.A procuragdo deve conter poderes especiais para 0 acto, a designagio expressa do outro nubente.¢ aindicag3o da modalidade de casamento, Awniao 49 (Revogagio ¢ caducidade da procuracio) 1. Cessam todos of efeitos da procuragio pela revogagio dela, por morte do consttuinte ou do procurador, on pela interdigo ou inabiltagao de qualquer deles emeonsequéncia de anomalia psiquica 2. O constituinte pode revogar a todo 0 tempo a procuragao, ‘as ¢ responsivel pelo prejuizo que causar se, por sua culpa, 0 no fizer a tempo de evitar a celebragio do casamenta, 342-5) SECGAO IV Formalidades do casamento religioso ¢ tradicional Arrico 50 (Casamento religioso) 1. indispensivel para a realizago do casamento a presenga: 4) dos mubentes, de um deles e 0 procurador do outro; ») do dignatirio religioso competente para a celebragio do acto ; ) de duas testemunhas 2.0 casamento por procuragio obedece as regras estabelecidas nos artigos 48 e 49, Asnigo $1 (Casamento tradicional) E indispensivel para a realizagao do casamento tradicional a presenga: 4) dos contracntes; 5) da autoridade comunitiria; «) de duas testemunhas, CAPITULO V Invalidade do casamento SECCAOT ‘Casamento civil, religioso tradicional SUBSECCAO 1 Disposigdo geral Arriao 52 (Regra de validade) E valido o casamento relativamente a0 qual nio se verifique algumas das causas de inexisténcia juridica ou de anulabilidade especificadas na lei SUBSEC¢AO IL Inexisténcia do easamento ‘Anrioo 53 (Casamentos inexistentes) E juridicamente inexistente: 4) 0 casamento celebrado perante quem nio tenha ‘competéncia funcional para 0 acto, salvo tratando-se de casamentos urgentes; ) © casamento urgente que no tenha sido homologado; a casamento emeuja celebragao tenia faltado a declaragio de vontade de um ou de ambos os nubentes, ou do procurador de um deles; ) © casamento contraido por intermédio de procurador, ‘quando celebrado depois de terem cessado 0s efeitos da procurago, ou quando esta no tenha sido outorgada, por quem nela figura como constituinte, ou quando seja nula por falta de poderes especiais para o acto ou de designagio expressa do outro contraente; 6) 0 casamento contraido por duas pessoas do mesmo sexo, 342-6) ‘Aneriao 54 (Funcionsrios de facto) Nao se considera, porém, juridicamente inexistente 0 casamento celebrado por quem, sem ter competéncia furicional para 0 acto, exercia publicamente as competentes fungdes, salvo se ambos os mubentes, no momento da celebragao, conheciam a falta daquela competéncia “Anrigo 55 (Regime da inexisténcia) 1.0 casamentojuridicamente inexistente nfo produz qualquer feito juridico e nem sequer & havido como putativo, 2. A inexisténcia pode ser invocada por qualquer pessoa, a todo 0 tempo, independentemente de declaragio judicial. SUBSECCAO IIL Anulabilidade do casamento DIVISAOL Disposigées gerais Antico 36 (Causas da anulabilidade) E anulavel o casamento: 4a) contraido com algum impedimento dirimente; »b) celebrada, por parte de um ou ambos os nubentes, com falta de vontade ou coma vontade viciada por erro ou. coacgao; ©) celebrado sem a presenga de testemunhas exigidas na Iki, Anrico $7 (Necessidade da acgio de anulagio) A anulabilidade do casamento ndo é invocivel para nenhum efeito, judicial ow extrajudicial, enquanto nao for reconhecida em acco especialmente intentada para esse fim. Antigo 58 (Validagio do easamento) 1. Considera-se sanada a iregularidade ¢ vilido o casamento, desde 0 momento da celebragio, se antes de transitar em julgado a sentenga de anulagdo ocorrer algum dos seguintes factos: 4) ser 0 casamento de menor no mibil confirmado por este, perante 0 funcionério do registo civil e duas testemunhas, depois de atingir a maioridade ou ser emancipado; ») ser 0 casamento’do interdito ou inabiltedo por anomalia psiguica confirmado por ele nos termos da a linea precedente, depois de Ihe ser levantada a interdigho ou ‘nablitagio ov, tratando-se de deméneia notéria, depois de:0 demente fazer verificarjudicialmente o seu estado de sanidade mental: ©) ser anulado o primeiro casamento do bigamo; d) ser a falta de testemunhas devida a citcunstincias atendiveis, como tais reconhecidas pelo director dos registos competente, desde que nio haja dividas sobre a celebragio do act. 2. Nao aplicavel a0 casamento 0 disposto no n*2 do artigo 287 do Codigo Civil 1 SERIE — NUMERO 34 DIVISAO II Falta ou vicios de vontade Arrigo $9 (Presungo de vontade) ‘A declaragdo de vontade, no acto da celebragio, constitui presungio no sé de que os nubentes quiseram contrat o matriménio, ‘mas de que a sua vontade ndo esté viciada por erro ou coaced. Arrigo 60 (Anulabilidade por falta de yontade) casamento ¢ anulivel por falta de vontade quando: 4)0 nubente, no momento da celebragio, ndo tinh a consciéncia do acto que praticava, por incapacidade acidental ou outra causa; bo nubente estava em erro acerca da identidade fisica do outro contraente ‘)adeclarago de vontade tena sido extorquida por coacgio fisica 4) tena sido simulado. ‘Antigo 61 (Gro que vieia a vontade) O erro que vieina vontade 36 érelevante para efeitos de anulagdo quando recaia sobre a pessoa do outro contraente e consista no desconhecimento de algum dos seguintes factos: 4) a pritica, antes do casamento, de algum crime doloso ppunido com pena de prisdo superior a dois anos, seja, qual for a natureza desta; +) a Vida e costumes desonrosos antes do casamento. Anrigo 62 (Desculpabilidade e essencialidade do erro) 1. O pedido de anutagio s6 procede quando o erro seja desculpave! eessencial. 2, Oerro nto se considera essencial quando se mostrar que, mesmo sem ele, o casamento teria sido celebrado, ou seo conliecimento da realidade ndo provocar no nubente enganado justficada repugndncia pela vida em comum. pivisAo 1 Legitimidade Antiao 63 (Anulagio fundada em impedimento dirimente) 1, Tém legitimidade para intenta a acgio de anulasao fundada em impedimento dirimente, ou para prosseguir nela, os cdnjuges ou qualquer parente na linha recta ou até quarto grau da linha colateral, bem como os herdeiros e adoptantes dos cOnjuges € 0 Ministério Publico. 2. Além das pessoas mencionadas no mimero precedent, podem ainda intentar a acgio ou prosseguirnelao tutor ou curado, no cas0 ‘de menoridade, interdigdo ou inabilitagdo por anomalia psiquica, 0 primeiro e8njuge do infactor no caso de bigamia Anrio® 64 (Anulagio fundada na falta de vontade) 1. Aanulagdo por simulagdo pode ser requerida pelas pessoas prejudicadas pelo casamento, mas ndo pelos cOnjuges. 25 DE AGOSTO DE 2004 2. Nos restantes casos de falta de vontade, a acgo de anulagio sé pode ser proposta pelo cénjuge cuja vontade faltou; mas podem prosseguir nela os seus parentes e afins na linha recta, herdeiros ou adoptantes, se @ autor falecer na pendéncia da causa, Axrico 65 (Anulagdo fundada em vicios da vontade) A acgao de anulagdo fundada em vicios de vontade s6 pode ser intentada pelo cOnjuge que foi vitima do erro ou da coacgao; ‘mas podem prosseguir na acgio os seus parentes, afins na linha recta, herdeiros ou adoptantes, se o autor falecer na pendéncia da acglo, Axrico 66 (Anulagdo fundada na falta de testemunhas) A acgdo de anulacdo por falta de testemunhas s6 pode ser intentada pelo Ministerio Publico. DIVISAO IV Prazos Arrigo 67 (Anulagdo fundada em impediment dirimente) 1. A acgo de anulagdo fundada em impedimento dirimente deve ser instaurada: 42) nos casos de menoridadee interdigdo ou inabiltagdo por anomaliapsiquica, quando proposta pelo pripro incapaz, até seis meses depois dele atingir a maioridade, ser plenamente emancipado ou the ser levantada ainterdicio ‘1 inabilitagio; quando proposta por outra pessoa, dentro de um ano, a contar da celebracao do casamento, mas ‘nunea depois da maioridade, emancipacao plena ou do levantamento da incapacidade; }) nos restantes casos, no prazo de um ano a contar da celebragao do casamento, 2. Sem prejuizo do prazo fixado na ainea b) do mimero anterior, ‘ acco de anulagio fmdada na existéncia de casamento anterior nfo dissolvido no pode ser instaurada, nem prosseguir, enquanto estiver pendente acgdo de declaragao de nulidade ou anulacio do primeiro casamento do bigamo; se o segundo casamento tiver sido celebrado estando ausente 0 primeiro cénjuge, a anulagio s6 pode ser deeretada provando 0 autor que este era vivo a data da celebragio. Armico 68 (Anulago fundada na falta de vontade) A acgio de anulagio por falta de vontade de,um ou de ambos ‘os nubentes s6 pode ser instaurada no prazo de um ano a contar da celebragio do casamento. Agrico 69 (Anulagio fundada em vicios da vontade) ‘A acgao de amulaglo fundada em vicios da vontade caduca, se no for instaurada no prazo de um ano a contar da celesragdo do casamento, Antico 70 (Anulagio fundada na falta de testemunhas) A acgode anulago por falta de testemanhas s6 pode ser intentada no prazo de seis meses a contar da celebrag3o do casamento. 7) CAPITULO VI Casamento putativo Arrigo 71 (Efeitos do easamento anulado) 1. O casamento civil anulado, quando contraido de boa-fé por ambos os cénjuges, produz’os seus efeitos em relagdo a estes © 2 terceiros até ao trinsito em julgedo da respectiva sentenga. 2. Se apenas um dos cinjuges o tiver contraido de boa-fé, 6 este cOnjuge pode arrogar-se os beneficios do estado matrimonial e opé- los a terceiros, desde que, relatvamente a estes, se trate de mero reflexo das relagdes havidas entre os eénjuges. Arrigo 72 (Boa-fé) 1. Considera-se de boa Fé 0 cénjuge que tiver contraido casamento na ignorincia desculpavel do vicio causador da anulabilidade. 2 conhecimento da boa-fé. 3. A boa fé dos cénjuges presume-se, da exclusiva competéncia dos tribunais judiciais 0 CAPITULO VIL SangBes especiais Agrico 73 (Casamento de menores) 1.O menor que casar sem ter pedido 0 consentimento dos pais coututor, podendo fizé-lo, ou sem ter aguardado a decisio favoravel, do tribunal no caso de oposigdo, continua a ser considerado menor quanto administragio de bens que leve para casamento ou ‘que posteriormente Ihe advenham por titulo gratuito, até a maioridade ou emancipagdo plena, mas dos rendimentos desses ‘bens sio-the arbitrados os alimentos necessérios ao seu estado. 2. Osbensretirados& administragio do menor so administrados pelos pais, tutor ou administrador legal, nio podendo em caso alg ser entregues 4 administragdo do outro cénjuge durante a :menoridade do seu consorte;além disso, no respondem nem antes, nem depois da dissolugio do casamento, por dividas contraidas orm ou ambos ne mesmo periodo. 3. Aaprovagio do casamento pelos pais ou tutor faz eessar as sangdes prescritas nos nimeros antecedentes. Arrigo 74 (Casamento com impedimento impediente) 1, © homem ou a mulher que contrair novo casamento sem respeitat 0 prazo intemupcial perde todos os bens que tenba recebido do primeiro cOnjuge por doagao ou sucessio. 2,A infracgao do disposto nas alineas b), c) ¢ d) do artigo 32 importa, respectivamente para 0 primo ou prima, para o tutor, curador ou administrador, ou seus parentes ou afins na linha recta, mmias, cunhados ou primos, € para o acolhido, seu cénjuge ou parentes na linha recta, a incapacidade para receberem do seu ‘consorte qualquer beneficio por doagdo ou testamento, _ 3218) caplruto vit Registo do easamento SECGAOL Disposigdes gerais Arnica 75 (Casamentos sujeitos a registo) 1. E obrigatbrio o registo «2).dos casamentos eelebrados em Mogambique por qualquer das formas previstas na lei mogambicana; ) dos casamentos de mogambicano ou mogambicanos celebrados no estrangeiro; 6) dos casamentos dos estrangeiros que, depois de 0 celebrarem, adquirirem a nacionalidade mogambicena 2, Sio admitidos a registo, a requerimento de quem mostre legitimo interesse no assento, quaisquer outros casamentos que lo contrariet os principios fundamentais de ordem piilica ¢ Juridica do Estado mogambicano. Antico 76 (Forma de registo) O registo do casamento consiste no assento, que & lavrado por insctigdo ou transerigdo, em conformidade com as leis do regist. ‘Arrigo 77 (Prova do casamento para efeitos de registo) 1. Na acgdo judicial proposta para suprir a omissio ou perda do registo do casamento presume-se a existéncia deste, sempre que as-pessoas vivam ou tenham vivido em posse de estado de casado, 2. Exist posse de estado quando se verifiquem, cumulativamente, as seguintes condigdes: 4) viverem as pessoas como casadas; 5) serem reputadas como tais nas relagdes sociais, especialmente nas respectivas familias. SECCAO II Registo por transeri¢io SUBSECGAQ I Dispos do geral Annico 78 (Casos de transerigho) Sfio lavrados por transcrigdo: 4) 08 assentos dos casamentos religiosos e tradicionais, celebrados em Mocambique: ») 08 assentos dos casamentos urgentes celebrados em Mogambique: )osassentos dos casamentos civis celebrados no estrangeiro ‘por mogambicanos, ou por estrangeiros que adquiram a nacionalidade mopambicana; 1 os assentos mandados laveae por decisio judicial; 6) 08 assentos dos casamentos admitidos a registo, a requerimento dos interessados, nos termos don.°2 do artigo 75; A) 08 assentos que devam passar a constar dos livros de repartigdo diversa daquela onde originariamente foram. reuistados. I SERIE. SUBSECGAO I ‘Transerigdo dos easamentos religiosos e tradicionais celebrados em Mogambique “Antigo 79 \do ow certiddo do assento) No caso do casamento religioso ou tradicional ser eelebrado em Mocambique, o dignatirio religioso ou o chefe comunitirio & obrigado a enviar o duplicado do assento da ceriménia religiosa ‘ou a comunicagdo da realizagao da ceriménia tradicional, em conformidads coma legisiagdo do registo civil a fimde sr transcrito no liveo de casamentos. (Remessa do dup! Ancrico 80 (Reeusa da transerigio) 1A transerigdo do casamento religioso ow tradicional deve ser recusada: 4) se 0 funciondrio a quem o duplicado & enviado or incompetente; b) se 0 duplicado do assento religioso ou a comunicagd0 a realizagdo da ceriménia tradicional ndo contiver as indicagdes exigidas por lei ©) se 0 funcionario tiver fundedas diividas acerea da identidade dos contraentes; 1) se 90 momento da celebragio for oponivel ao casamento algum impedimento dirimente, 2. A morte de um ou ambos os mubentes nfo obsta, em caso algum, a transcrigao. Atco 81 (Transerigo na falta de processo preliminar) A transetigdo do casamento tradicional sé se efectiva depois de organizado o processo preliminar de publicagdes. Antigo 82 (Realizagio da transigio) 1. A transerigio do dupticado do assento & comunicada a0 diynatirio religioso ou ao chefe comunitirio, conforme o caso, 2. Na falta de remessa do dupticado do asseito pelo dignatario teligioso ou na falta de comunicagdo da realizagao da ceriménia tradicional pela autoridade comunitiria, a transcrigdo pode ser feita a todo 0 tempo, em face do documento necessario, a requerimento do Ministério Publico, nos termos das les do resist. 3.A alta de assento da ceriinSniareligiosa ou da comunicagio da realizagdo da ceriménia tradicional pelas autoridades ‘comunitirias é suprivel por via de acco judicial Armao 83 (Btectivagao da transerigio) A transcrigo recusada combase nos impedimentos ditimentes, que a ela podem obstar, deve ser efectuada oficiosamente, ou por injciativa do Ministério Puiblieo ou de qualquer interessado, logo ‘que cessar 0 impedimento que deu causa a recusa, SUBSECCAO II Transerigdo dos casamentos civis urgentes Axriad 84 (Conteiido do assento) despacho que homologar 0 casamento urgente fixa 0 contetido do assento, de acordo como registo proviséris documentos juntos e dlig@ncias efectuadas. 25 DE AGOSTO DE 2004 Axrioo 85 (Transerigio) A transcrigio ¢ feita com base no despacho de homologagio, ‘ransladando-se para o assento apenas os elementos normais de registo, acrescidos da referencia anatureza pessoal do casamento transcrito. SUBSECGAO IV Transcrigo dos casamentos de mogambicanos no estrangeiro Arrico 86 (Registo consular) O casamento entre mogambicanos, ou entre mogambicano estrangeito, celebrado fora do pais, é registado no consulado competente, ainda que do facto do casamento advenha para 0 mogambicano a perda da nacionalidade Arnioo 87 (Forma de registo) 1. O registo¢ lavrado por inscrigio, seo casamento for celebrado perante 0 agente diplomstico ou consular mogambicano e, nos Outros casos, por transcrigdo do documento comprovativo do casamento, passado de harmonia coma lei do lugar de cclebragao do casamento. 2. Atranscrigdo pode ser requerida a todo o tempo por qualquer interessado, e deve ser promovida pelo agente diplomatico ou consular competente logo que tenka conhecimento da celebragio do casamento, Axrico 88 (Processo preliminar) 1. Se 0 casamento nao tiver sido precedido das publicagdes exigidas na lei, o cénsul organiza o respectivo process 2. No despacho final, 0 cOnsul rlata as diligéncias feitas e as informagdes recebidas da repartigo competente, ¢ decide se 0 casamento pode ou nao ser transcrito Antico 89 (Recusa da transcrigio) A transerigio € recusada se, pelo processo de publicagdes ou por outro modo, o cénsul verificar que 0 casamento foi celebrado com algum impedimento que o tome anulvel SUBSECGAO V 10 dos casamentos admitidos a registo Arnico 90 (Processo de transcrigio) ‘Transeri 1. Oregisto dos casamentos a que se tefere 0 n.°2 do artigo 75 € efectuado por transcrigao, com base nos documentas que 0 ‘comprovem, lavrados de acordo coma lei do lugar de celebragdo 2. 0 registo, porém, s6 pode realizar-se mediante prova de {que no ha ofensa dos prineipios fandamentais da ordem pablica juridica do Estado mogambicano, ‘Rom Efeitos do registo Arrico 91 (Atendibilidade do casamento) O casamento cujo registo ¢ obrigatério ndo pode ser invocado, seja pelos cOnjuges ou seus herdeiros, seja por terceiro, enquanto ilo for lavrado o respective assento, sem prejuizo das excepcdes previstas nesta Lei. 3429) ‘Antigo 92 er Efectuado o registo, e ainda que venha a perder-se, 0s efeitos civis do casamento retrotraem-se & data da sua celebragao. rectroactivo do registo) CAPITULO IX, Efeitos do casamento quanto as pessoas € 20s bens dos cOnjuges SECCAO I Disposigdes gerais Axrioo 93 (Deveres reeiprocos dos cénjuges) Os cénjuges esto reciprocamente vinculados pelos deveres de respeito, confianca, solidariedade, assisténcia, coabitagdo e fidelidade, Amigo 94 (Dever de respeito e confianga) 1.0 dever de respeito importa para os cOnjuges a obrigagao reciproca de valorizarcm e dignificarem a personalidade de cada um, através do dislogo e da tolerncia 2. O dever de confianga assenta no respeito mituo etraduz-se no facto de acreditarem um no outro, Anica 9S (Dever de solidariedade) O dever de solidariedade comporta para os cOnjuges a obrigago reciproca de entreajuda, apoio e cooperagio. Agrico 96 (Dever de coabitagho ¢ residéncia do casal) 1, Odeverde coabitagio entre os cOnjuges importa a obrigagio reciproca de comunhio de cama, mesa e habitagao. 2. Os cBnjuges devem adoptar a mesma residéncia, excepto: 4) se tiverem justificada repugnancia pela vida em comum, por virtude de maus tratos infligidos ou do comportamento indigno ou imoral do outro cénjuges ‘5 setiverem de adoptarresidéncia propria, emconsequencia do exercicio de fungées publicas ou de outras razbes ponderosa; 6) se tiverem pendente acgdo de declaragio de nivlidade fu de anulacio do casamento, de separagio judicial de pessoas ¢ bens ou de divércio, Axrico 97 (Dever de assisténeia) 1. O deverde assisténcia importa para os cOnjugesa obrigago de prestagio de alimentos, de contribuigdo para as despesas domiésticas e de participacao na gestio da vida familar. 2. Estando os cOnjuges separados de facto, independentemente das causas da separagio, o cénjuge que tiver a seu cargo filhos ‘menores pode sempre exigir do outro o cumprimento da obrigagao de contribuigo para as despesas domsticas, bemcomo da prestacio de alimentos. 3. Mantém-se, em relago a ambos, a obrigagao alimentar € a contribuigao para as despesas domésticas, sea separagio resultou de comum acordo. 342—(10) Arrigo 98 (Exereicio de profissio ou outra actividade) 1. Qualquer dos cdnjuges ¢ livre de exercer profissio ou outra actividade remunerada. 2. Em nenhuma circunstincia o direito ao trabalho pode ser condicionado ao consentimento conjugal. Axrico 99 (RepresentagHo da familia) ‘A familia pode ser indistintamente representada por qualquer dos cénjuges, a menos que estes decidam em contrrio. Arrigo 100 (Nome de familia) casal tem o direito a adoptar € a transmitir aos seus descendentes um apelido préprio composto pelo apelido dos cOnjuges, nos termos da legislagdo do registo civil, Antico 101 (Governo do tar) 1.05 cdnjuges podem acordar, entre si, em possuir contas bancérias especialmente destinadas a ocorrer satisfagio de despesas domésticas. 2. Os cénjuges podem ainda acordar que 0 governo do lar seja exercido, com amplos poderes, por um deles. Axrigo 102 (Administragia dos bens do casal) ‘A administragio dos bens do casal incumbe aos c6njuges em igualdade de circunstancias, devendo o casal privilegiar o didlogo, ‘eo consenso na tomada de decisbes que possam afectar.o patriménio comum ou 0s interesses de filhos menores, ‘Arrigo 103 (Alienago de bens entre vivos) 1, Tanto 0 marido como a mulher tém legitimidade para alienar livremente, por acto entre vivos, o3 méveis do casal, préprios ou comuns; quando, porém, sem o consentimento do outro cénjuge, forem alienados por negécio gratuito méveis comuns, & a mportincia dos bens assim alheados levada em conta na meagio do cOnjuge alienante, salvo tratando-se de doagio remuneratoria ou conforme aos usos sociais, 2. S6 podent ser alienados com o expresso consentimento de ambos 08 cdnjuges 08 méveis, préprios ou comuns, utilizados conjuntamente na vida do lar ou como instrumento comum de trabalho. 3. Os iméveis, proprios ou comuns, eo estabelecimento comercial sé podem ser alienados por acto entre vivos, ou locados por prazo supetiora seis anos, consentindo expressamente ambos os cnjuges, excepto se vigorar o regime da separagio de bens. Agmico 104 (Aceitagio de doagdo ou sucessio, Reptidio da heranga ‘ou do legada) 1. Os cOnjuges no necessitam do consentimento um do outro para aceitar heranca ou legado. 2. E igualment liveaaceitagio de doagSes, excepto se estiverem oneradas com encargos, easo em que & accitagZo s6 tem lugar com o consentimento do outro eénjuge, 3.0 répiidio da heranga ou legado 's6 pode ser feitn cam 0 consentimento de ambos 0s cdnjuges, a menos que vigore o regime da separagto dg bens. 1 SERIE — NUMERO 34 “Anrigo 105 (Forma do consentimento conjugal ¢ seu suprimento) 1.O consentimento conjugal e bem assim a outorga de poderes para a prética dos actos referidos nos n.* 2 ¢ 3 do artigo 103 e no artigo 104, devem ser especiais para cada um dos actos 2. Oconsentimento & dado presencialmente no acto de alienagio ou através de documento particular. 3. O consentimento pode ser judicialmente suprido, havendo injusta recusa ou impossibilidade, por qualquer causa, deo preset. Axciao 106 (Disposigbes para depois da morte) 1, Cada um dos cOnjuges tema faculdade de dispor, para depois 4a morte, dos bens préprios ¢ da sua measfo nos bens comuns, ‘sem prejuizo das restrigdes impostas por lei em favor dos herdeiros legitimatios, 2. Adisposigo que tenha por objecto coisa certae determinada do patriménio comum, apenas di ao contemplado o direito de cexigir 0 respectivo valor em dinheiro, 3. Pode, porém, ser exigida a coisa em espécie: 4) seesta, por qualquer titulo, se tiver tomado propriedade exclusiva do disponente & data da sua morte; b) se a disposigto tiver sido previamente autorizada pelo outro cénjuuge por documento auténtico ou no préprio testamento; «) 86 a disposigio tiver sido feita por um dos cOnjuges 2 favor do outro, Arrigo 107 (SangGes) 1, Os actos praticados contra 0 disposto nos n.* 2¢ 340 artigo 103 e no n2 3 do artigo 104 sto anulveis a requerimento do cénjuge que no deu o consentimento, ou dos seus herdeiros, 2. 0 direito de anulag2o caduca decortidos dois anos sobre & data da celebragtio do act. 3. A alienagdio de bens indveis ou iméveis proprios do outro ‘conjuge, feita sem legitimidade, sto aplicdveis as regras relatives, ‘alienagdo de coisa alheia, Amico 108 (Cessaco das relagdes pessoais e patrimontais entre os eOnjuges) As relagdes pessoais ¢ pattimoniais entre os'cdnjuges cessam pela dissolugdo ow anulagdo do casamento, sem prejuizo das disposigdes desta Lei relatives a alimentos; havendo separagao judicial de pessoas e bens, é aplicével o disposto no artigo 177. Amigo 109 (Partita do easal ¢ pagamento de dividas) 1. Cessando as relagdes patrimoniais entre os cBnjuges, estes ‘10s seus herdeitos tecebem os seus bens priprios ea sua meagao no patriménio comum, conferindo cada uum deles o que dever a este patriménio, 2. Havendo passivo a liquidar, sto pagas em primeiro lugar as dividas comunicéveis até ao valor do patriménio comum, ¢ 36 depois as restantes. 3. Oscréditos de cada umdos cénjuges sobre o outro so pagos pela meago do eénjuge devedor no patriménio comum; mas, ‘no existindo bens comuns, ou sendo estes insuficientes, respondem os bens préprios do ednjuge devedor. 25 DE AGOSTO DE 2004 SECGAO II Dividas dos e6njuges Arrico 110 (Legitimidade para contrair dividas) 1. Tanto 0 marido como a rmulher tém legitimidade para contrait vidas sem o consentimento do outro cénjuge. 2, Para a determinagao da responsabilidade dos cdnjuges, as

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