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311272020 © sistoma de protegao socal dos miltaes: Lei n* 13.954/19 ¢ Decreto-Le n*667/1969- us.com br | Jus Navigandi Eno texto foi pubicado no Jus no ondereco QI Fei com bsigos 099 Para ver outras publicagSes como esta, acesse https:/jus.com.br {LA A\S O sistema de protegao social dos militares Estudo sobre a Lei n° 13.954/19 e Decreto-Lei n° 667/1969 O sistema de protego social dos militares: Estudo sobre a Lei n® 13.954/19 e Decreto-Lei n° 67/1969 2 Jonatas Wondracek Publicado em 05/2020. Elaborado em 05/2020. O artigo analisa o Sistema de Protecéo Social dos Militares, suas peculiaridades advindas pela Lei Federal n° 13.954/2019 e seus reflexos aos policiais e bombeiros militares dos Estados diante da substancial alteracao do Decreto-Lei n° 667/69. 1. O SISTEMA DE PROTECAO SOCIAL DOS MILITARES DA UNIAO E DOS ESTADUAIS A Emenda Constitucional n° 103, de 12 de novembro de 2019 ampliou a competéncia privativa da Unido para editar normas gerais sobre inatividade e pensdes dos militares estaduais. Na sequéncia, em 16 de dezembro de 2019, houve o advento da Lei Federal n° 13.954, que, dentre outras providéncias, dispde sobre o Sistema de Protegio Social dos Militares e alterou o Decreto-Lei n° 667, de 2 de julho de 1969, que reorganiza as Policias Militares os Corpos de Bombeiros Militares dos Estados e do Distrito Federal. Nessa regéncia, os militares estaduais, quais sejam, da Policia Militar e do Corpo de Bombeiro Militar dos Estados, obtiveram as maiores consequéncias na alterago no Decreto-Lei n° 667/69, embora este seja de 1969, teve sua iiltima alterago somente em 1984, mostrando que tal instrumento legal estava adormecido e carente de atualizagao. Isso significa dizer que 0 corpo desse diploma contém regras gerais hitpstus.com.brimprimini@1879)o-sistema-de-prtecao-socia-dos-mililares 128 311272020 © sistoma de protegao socal dos miltaes: Lei n* 13.954/19 ¢ Decreto-Le n*667/1969- us.com br | Jus Navigandi estabelecidas pela Unido que devem ser observadas pelos Estados, e outras que podem ser suplementadas de acordo com o entendimento do Estado acerca das matérias tratadas. Partindo desse novo regramento ¢ interessante destacar que a origem do conceito de sistema de protegdo social nao tinha previsdo legal como direito no rol do art. 50 do Estatuto dos Militares — Lei Federal n° 6.880/80, tratava-se de um conceito usualmente e doutrinariamente utilizado pelos militares das Forgas Armadas, mas que sé veio a ser positivado em 2019 com a Lei Federal n° 13.954/2019 que trouxe tal previsio como um direito no seu art. 50, I, além de trazer sua conceituagio e abrangéncia no art. 50-A do Estatuto dos Militares das Forgas Armadas, Lei n° 6.880/81 Art. 50. Sao direitos dos militares: I-A. ~a protecdo social, nos termos do art. 50-A desta Leis Art. 50-A._ (http: //www:planalto.gov-br/ccivil_og/LEIS/L6880.htmeartsoa) O Sistema de Protecdo Social dos Militares das Forgas Armadas € 0 conjunto integrado de direitos, servigos e agdes, permanentes e interativas, de remunera pensio, saiide e assisténcia, nos termos desta Lei e das regulamentagdes espectficas. Frisamos que 0 art. 50 do Estatuto dos Militares das Forgas Armadas foi alterado, sendo assim, é no minimo interessante a sua reprodugio como um direito que também ocorra, muito em raz%o da consolidacao do Sistema de Protegio Social, nos Estatutos dos Policiais Militares dos Estados ou na lege ferenda sobre a tematica. Sabidamente, os Estatutos dos Policiais Militares dos Estados e leis estaduais esparsas ja preveem uma série de direitos, servigos e ages de remuneragio, pensio, saiide e assisténcia, com dispositivos e redagdes similares ao agora previsto na Lei n° 13.954/19, porém nao era compreendida como conjunto integrado que ora vem a se consolidar como Sistema de Protec&o Social. Em um paralelo constitucional, 0 Sistema de Protegdo Social dos militares estaria no mesmo status de género que a Seguridade Social dos ci um conjunto integrado de aces de iniciativa relativos as espécies: satide, previdéncia ce assisténcia social (art. 194 da CF)[1] (tm). , onde nela se compreende Afora isso, 0 coneeito de Sistema de Protecdo Social dos Militares talvez venha, também, no sentido de se afastar dos Regimes de Previdéncias Proprios dos Servidores (RPPS), bem como do Regime Geral de Previdéncia Social (RGPS), uma vex que com isso se sedimenta a desvinculagio entre servidores e militares para fins de inatividade, que por vezes gerou sombreamento ou interpretagdes confusas. hitpstus.com.brimprimini@1879)o-sistema-de-prtecao-socia-dos-mililares 206 311272020 © sistoma de protegao socal dos miltaes: Lei n* 13.954/19 ¢ Decreto-Le n*667/1969- us.com br | Jus Navigandi No tocante aos militares estaduais, 0 Decreto-Lei n° 667/69, que reorganiza as policias militares de todo o Bra regulamentacio o Sistema de Protecdo Social dos Militares dos Estados, que aqui chamamos de microssistemas de protecdo social. il, estabeleceu a forma em que se dard a Importante destacar que o Sistema de Protecéio Social dos Militares difere da expresso previdéncia social, isto é, militares nfio possuem previdéncia social e sim Sistema de Protegao Social que Ihes garantem tratamento adequado e compativel com as atividades e exposigo de risco desenvolvidas, estabelecendo um tratamento digno aos policiais e bombeiros militares que exercem atividades com 0 risco da propria vida no seu dia-a-dia. Portanto, ratificamos que os militares estaduais nao possuem previdéncia social em razio de que estes a) po: ao invés do regime contributivo (atengio ao §1° do art. 42 da CF que diz: do art. 40, §9, ou seja, do sistema contributivo previsto no art. 40 dos servidores apenas 0 §9° & aplicdvel aos militares estaduais); b) a contribuigio para a pensio militar; c) 0 Tesouro do ente federativo fard o pagamento dos proventos; d) paridade e integralidade como garantia; ¢) critério de tempo de servico (auséncia de idade minima, tempo de contribui tempo minimo de exercicio de atividade de natureza militar, conforme pardgrafo tinico do art. 24-G). em um regime retributivo ou fator previdencidrio, em que pese agora tenha 0 Portanto, o Sistema de Protegio Social abriga policiais e bombeiros militares ativos (percentual de contribuigao social diferenciado, beneficios de satide e assistenciais, bem como para policiais e bombeiros militares inativos ¢ pensionistas (paridade e integralidade, etc). Hamilton Mourao (2017, p. 1) explica as peculiaridades da carreira militar: ‘As peculiaridades da carreira sempre levaram os militares a terem um tratamento diferenciado, o que nao significa privilegiado. Os militares no usufruem de uma série de direitos de um trabalhador em geral ou de um servidor ptiblico, Aos militares nfo € permitido receber horas extras, adicional noturno, adicional de periculosidade, FGTS. Assim, é imprescindivel que a familia do militar esteja devidamente protegida por um responsavel arcabouco legal e social. Diante do todo o exposto, surge uma problematizago: a quem cabe disciplinar sobre pensao e inatividade dos militares estaduais? As normas get 10 de competéncia privativa da Unido. J4 aos disciplinar regras especificas, no particular, as do art. 142, §3° da Constituigio Federal. s hitpstus.com.brimprimini@1879)o-sistema-de-prtecao-socia-dos-mililares 326 311272020 © sistoma de protegao socal dos miltaes: Lei n* 13.954/19 ¢ Decreto-Le n*667/1969- us.com br | Jus Navigandi Nesse sentido, no quadro a seguir, observem que o inciso XXI do art. 22 da Constituigao Federal foi substancialmente alterado para também incluir na competéncia privativa da Unido as normas gerais de inatividades e pensdes: Quadro 1 - Comparative art. 22, XXI CRFB/1988 Constituigio Federal apés| \Constituicdo Federal IE.C. 103/2019 lArt. 22. Compete pri alArt. 22. Compete privativamente lUniao legislar sobre: legislar sobre: Uni IXXI - normas gerais de organizagio,XXI - normas gerais de organizagio| lefetivos, material bélico, garantiasjefetivos, material bélico, _garantias, lconvocagao e mobilizagio das policiasonvocacao, mobilizagio, inatividades e! Imilitares e corpos de bombeirospensdes das policias militares e dos corpos| Imilitares; ‘de bombeiros militares. (Tabela elaborada pelo autor) Nesse norte, o art. 22 da Constituigio merece leitura sistémica com a previsdo do §1° do artigo 42, da propria Constitui¢io onde atribui aos Estados a regulamentacio especifica, em complementagao as normas gerais: Art. 42 Os membros das Policias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, instituigdes organizadas com base na hierarquia e disciplina, so militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territorios. § 1° Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territérios, além do que vier a ser fixado em lei, as disposigSes do art. 14, § 8°; do art. 40, § 9°; e do art. 142, §§ 2° e 3°, cabendo a lei estadual especifica dispor sobre as matérias do art. 142, § 3°, inciso X, sendo as patentes dos oficiais conferidas pelos respectivos governadores. (BRASIL, CRFB, 1988) Na regéncia do art. 42, § 1°, parte final, particulariza ainda mais quando discorre: “[..] cabendo a lei estadual especifica dispor sobre as matérias do art. 142, § 3°, inciso X [..J”. hitpstus.com.brimprimini81879)o-sistema-de-prtecao-socia-dos-mililares 4726 311272020 © sistoma de protegao socal dos miltaes: Lei n* 13.954/19 ¢ Decreto-Le n*667/1969- us.com br | Jus Navigandi X - allei dispord sobre o ingresso nas Forgas Armadas, os limites de idade, a estabilidade e outras condigdes de transferéncia do militar para a inatividade, os direitos, os deveres, a remuneracdo, as prerrogativas e outras situagdes especiais dos militares, consideradas as peculiaridades de suas atividades, inclusive aquelas cumpridas por forga de compromissos internacionais e de guerra. (BRASIL, CRFB, 1988) Analisando os dois dispositivos cabe concluir que art. 42 § 1° ¢/e art. 142, § 3°, inciso X, autoriza os Estados a legislar sobre aquelas garantias, em especial as questdes de remuneragio, eis que tal assunto requer uma andlise orcamentaria e financeira mais localizada. Outrossim, as normas gerais sao privativas da Unido, sem que com isso impega os Estados de legislarem normas especificas suplementarmente. Segundo José Afonso da Silva (2007, p. 504): Nao é, porém, porque nao consta na competéncia comum que Estados ¢ Distrito Federal (este nao sobre policia militar, que no é dele) nao podem legislar suplementarmente sobre esses assuntos. Podem, e é de sua competéncia fazé-lo, pois que nos termos do § 2° do art. 24, a competéncia da Unido para legislar sobre normas gerais nao exclui (na verdade até pressupde) a competéncia suplementar dos Estados (e também do Distrito Federal, embora nao se diga ai), ¢ isso abrange no apenas as normas gerais referidas no § 1° desse mesmo artigo no tocante A matéria neste relacionada, mas também as normas gerais indicadas em outros dispositivos constitucionais, porque justamente a caracteristica da _legislagdo principiolégica (normas gerais, diretrizes, bases), na reparticio de competéncias federativas, consiste em sua correlagio com competéncia suplementar (complementar e supletiva) dos Estados. A seguir estudaremos os dispositivos do Decreto-Lei n° 667/69 que reorganiza as Policias Militares e os Corpos de Bombeiros Militares dos Estados, dos Territério e do Distrito Federal. Conforme mencionado, embora 0 Decreto seja de 1969, teve sua iltima alteragio somente em 1984, mostrando que tal instrumento legal carecia de atualizagao ou estava em desuso, bem como as alteragdes introduzidas neste diploma legal foi a forma de padronizar regras gerais idénticas para todas as policias militares e corpos de bombeiros militares. 2. NORMAS GERAIS RELATIVAS A INATIVIDADE Diante da institucionalizago do Sistema de Protegao Social dos Militares das Forgas Armadas - FFAA na Lei n° 13.957/19, 0 Decreto-Lei n° 667/69 fez mengao a tal sistematizacao aos militares dos Estados: hitpstus.com.brimprimini@1879)o-sistema-de-prtecao-socia-dos-mililares 526 311272020 © sistoma de protegao socal dos miltaes: Lei n* 13.954/19 ¢ Decreto-Le n*667/1969- us.com br | Jus Navigandi Art. 24-E. O Sistema de Protegio Social dos Militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territérios deve ser regulado por lei especifica do ente federativo, que estabelecer4 seu modelo de gestio e poderd prever outros direitos, como satide e assisténcia, e sua forma de custeio. Pardgrafo tinico. Nao se aplica ao Sistema de Proteg&o Social dos Militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territérios a legislagio dos regimes proprios de previdéncia social dos servidores piblicos. (BRASIL, Decreto- Lei n° 667, 1969) Salutar que se destaque que lei especifica nao é espécie de lei, mas sim caracteristiea de contetido. 0 Ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz. Fux{2] (#_ftn2) diz. que lei especifica é uma lei monotemitica, nao organica e exclu: categoria de agentes piblicos. amente destinada a Outro aspecto e que emana do referido artigo, 6 a abertura sobre o modelo de gestao do sistema, podendo inclusive o ente federativo desvincular da administragao direta e estabelecer a criag&o e gestao na administracao indireta, bem como forma de custeio e outras peculiaridades. Ainda analisando o art. 24-E, citado acima, encontramos um possivel “conflito aparente de normas”, eis que aventa a possibilidade de previsio de outros direitos, porém tem-se que ter cuidado com a vedagao de ampliagao do art. 24-D e 24-H, pois a regra especifica nao pode contrariar a regra geral, e sim complementé- Em um aspecto geral, para os Estados, o Sistema de Protego Social, no peculiar as pensdes dos militares estaduais, avangou para tratar desigualmente os desiguais na medida de suas desigualdades, isto é, em muitas das vezes os policiais militares eram prejudicados por estarem submetidos A legislagao genérica dos servidores piblicos civis, sendo ceifados em seus direitos em detrimento de suas condigdes peculiares ¢ ao risco da profissio. Dessa forma, com o advento da Lei n° 13.954/19, as legislagdes estaduais perderam sua aplicabilidade aos militares estaduais[3] (*_fng) . Para tanto, a Unido disciplinara as normas gerais sobre 0 assunto, ¢ somente permanecerao em vigor os dispositivos que nio confrontarem a legislacio federal, cabendo aos Estados a suplementagao e edigio normas especificas sobre o tema. 2.1 NORMAS GERAIS RELATIVAS A INATIVIDADE PROPRIAMENTE DITAS Na sequéncia, o Decreto-Lei n° 667/69, art. 24-A, trouxe o tio debatido aumento do tempo de servico, regras para recebimento de remuneragio integral na inatividade dos militares estaduais. hitpstus.com.brimprimini@1879)o-sistema-de-prtecao-socia-dos-mililares 626 311272020 © sistoma de protegao socal dos miltaes: Lei n* 13.954/19 ¢ Decreto-Le n*667/1969- us.com br | Jus Navigandi I - a remuneragdo na inatividade, calculada com base na remuneracio do posto ou da graduag&o que o militar possuir por océ para a inatividade remunerada, a pedido, pode ser: jo da transferéncia a) integral, desde que cumprido o tempo minimo de 35 (trinta e cinco) anos de servigo, dos quais no minimo 30 (trinta) anos de exercicio de atividade de natureza militar; ou No pertinente a integralidade, para que o militar estadual possa alcancar o seu direito de solicitar sua reserva remunerada com a integralidade remuneratéria, necess ter completado 35 anos de servigo, dos quais deve ter no minimo go anos de exercicio de atividade de natureza militar. Observa-se que nao necessariamente esses 30 anos devem ser na Corporagdo em que est’ no momento de passagem para a reserva remunerada, eis que este tempo militar pode ocorrer na Marinha, Exército, Aerondutica, ou mesmo em outra corporagao policial e bombeiro militar de outro Estado, visto que o legislador nao restringiu a tempo efetivo policial, pelo contrario, deixou amplo a indicar apenas a natureza militar. ard Destaca-se que em 3 Estados (Amapé, Minas Gerais e Rio de Janeiro) os policiais militares, antes da fixagdo desta nova previsiio quanto ao tempo de servigo, poderiam deixar a ativa apés 25 anos de servico. Em outros 12 Estados, as mulheres poderiam solicitar a reserva com 25 anos de servigo e homens com 30 anos. Nos demais, a regra previa reserva com 30 anos de Todavia, agora todos os novos policiais e bombeiros militares ou os que ingressarem nas respectivas corporagdes apés a publicagao da Lei n° 13.954/19 passardo para 35 anos de servico, dos quais 30 anos de exercicio de atividade de natureza militar, e aqueles que j4 esto nas Corporagées terfio um pedagio de 17% do tempo faltante para 30 anos de servigo ou menos, e, de quatro meses por ano faltante para atingir 0 tempo de servico exigido atualmente, onde a regra prevé 25 anos. vigo tanto para homens como mulheres{4] (#_fn4) Cada “microssistema de protegdo social” existente em cada Corporagio militar dos 26 Estados e DF, por intermédio dos seus érgdos de pessoal, esto sedimentando a maioria dos assuntos aqui tratados, portanto, eventuais ajustes ainda poderdio ocorrer no decurso deste processo de consolidagao de entendimentos, todavia as normas gerais esto postas pelo legislador federal. "O Espirito Santo, por exemplo, j4 havia exclufdo a integralidade de sua legislagao. Diversos outros estados estudavam mudangas mais profundas nas regras para PMs e bombeiros. O governador de $ (PSDB), por exemplo, cogitou nao reajustar os vencimentos dos aposentados nos mesmos indices que o soldo dos militares da ativa. Isso gerou protestos da categoria, em setembro, que o fizeram r Grande do Sul."[5] (#_ft5) 10 Paulo, Joao Doria jar. O mesmo aconteceu no Rio hitpstus.com.brimprimini@1879)o-sistema-de-prtecao-socia-dos-mililares 7126 311272020 © sistoma de protegao socal dos miltaes: Lei n* 13.954/19 ¢ Decreto-Le n*667/1969- us.com br | Jus Navigandi Outro ponto sensivel e de notéria repercussio foi a auséncia da diferenciagao entre géneros na questo do tempo de servigo. Ao passo que, no mesmo cenario temporal, havia a tramitagdo das alteragdes do Regime Geral da Previdéncia Social e nestas se mantiveram a distingo do tempo de servico entre géneros, porém aos militares nao. Afere-se, sem adentrar em questdes sociolégicas ou culturais, que na maioria dos Estados da federacdo os tempos de servico j4 eram iguais para os policiais militares masculinos e femininos. O art. 24-A do Decreto-Lei n° 667/69, trouxe ainda uma previs perceber proporcionalmente na inatividade: 10 de regras para I - a remuneragio na inatividade, calculada com base na remuneracio do posto ou da graduagdo que o militar possuir por ocasidio da transferéncia para a inatividade remunerada, a pedido, pode ser: b) proporcional, com base em tantas quotas de remuneracao do posto ou da graduagio quantos forem os anos de servigo, se transferido para a inatividade sem atingir o referido tempo minimo; (BRASIL, Decreto-Lei n® 667, 1969) A alinea b encontra-se_ topografi menciona transferéneia para a inatividade remunerada, a pedido, ou seja, nao se trata da reserva ex officio ou reforma, assim, tal dispositive deve ser lido em consonancia com as possibilidades de reserva a pedido proporcionais em cada estatuto das Corporacées militares estaduais, quando existentes. mente subordinada ao inciso I, e este De qualquer forma, a reserva remunerada proporcional a pedido, caso haja previsao nos Estatutos estaduais das Corporagées, continua com validade naquilo que nao contrariar o previsto no art. 24-A, e nos Estados em que nao haja previsio, diante da ampliagdo de hipétese, necessitaria de normas especificas para estabelecer o regramento peculiar. Nesse sentido, emerge um efeito de bloqueio ou resultado limitador de se considerar mais quotas dos que os anos de servigo do policial militar, salvo as hipéteses nao revogadas pela Lei n° 13.954/19 e ainda vigentes, a saber, para as FFAA o tempo de campanha (perfodo em que o militar estiver em operagdes de guerra) do art. 136, §1°, bem como o servigo passado pelo militar nas guarnigdes especiais da Categoria "A" do inciso VI do art. 137 da Lei Federal n° 6.80/80. As situagSes similares a essas hipéteses existentes nos entes federativos devem se manter, eis que a premissa menor (legislagao local) nao contraria a premissa maior (normas gerais do Estatuto dos Militares das FFAA). hitpstus.com.brimprimini81879)o-sistema-de-prtecao-socia-dos-mililares 826 311272020 © sistoma de protegao socal dos miltaes: Lei n* 13.954/19 ¢ Decreto-Le n*667/1969- us.com br | Jus Navigandi ‘Avancando, 0 inciso II do 24-A vem consolidar a integralidade na reforma por invalidez decorrente do exercicio da fungao ou em razao dela, calculada com base na remuneragéio do posto ou graduacio: II - a remuneracao do militar reformado por invalidez decorrente do exercicio da fung: integral[6] (#_ftn6) , calculada com base na remuneracio do posto ou da graduagiio que possuir por ocasidio da transferéncia para a inatividade remunerada; (BRASIL, Decreto-Lei n° 667, 1969) Ocorre que, em algumas legislagGes estaduais, portanto, normas espeefficas, abarcam além da reforma integral, as possibilidades de reforma proporcional e de reforma com grau imediato, a depender das condigées que se deram a reforma. Em um primeiro momento, a norma geral pode conviver com estas normas especificas, a depender de situagdes nao contempladas no texto macro, isto 6, a regra de remuneragio proporcional por vezes é estipulada quando a invalidez ocorre sem ser no exercicio da fung&o ou em razo dela, logo por nao haver contrariedade A norma geral, em principio permaneceria com validade. Diferente interpretagio ocorre das redagdes que previam o pagamento de grau imediato para casos em que a reforma se der por invalidez decorrente do exercicio da fungao ou em razfo dela, eis que agora a norma geral estabelece apenas a integralidade com base na remuneragio do posto ou da graduagdo que possuir por ocasiio da transferéncia para a inatividade remunerada. Nesse ponto, até aqui, parece que a legislacio especifica do ente estatal nao pode contrariar a norma geral. que o art. 110 do Estatuto dos Militares — Lei Federal n° 6.880/80 nao foi expressamente revogado e ainda mantem sua aplicabilidade, qual seja, a possibilidade de a remuneragao ser calculada com base no soldo correspondente ao grau hierdrquico imediato ao que possuir ou que possufa na ativa. A propésito, o art. 111 do mesmo diploma legal, que trata da remuneragao proporcional e integral nos incisos I e II, também nao foram revogados, inclusive este art. 111 teve o §1° incluido pela Lei 13.954/19. Logo, pela simetria entre FFAA e militares estaduais, seria incongruente dizer que tais dispositivos continuam aplicdveis aos militares federais, eis que no foram revogados, e nao aplicavel ao: militares estaduais, razio pela qual tal problematica merece um estudo mais aprofundado. Todavia, a contrario sensu, nota- De outra banda, o ineiso III do art. 24-A traz a preservagao do valor equivalente remuneragio do militar da ativa do correspondente posto ou graduacio, isto é, a presciéncia da paridade com imperativo de revisiio automatica na mesma data de eventual revisio da remuneragio dos mil fares da ativa: hitpstus.com.brimprimini@1879)o-sistema-de-prtecao-socia-dos-mililares 926 311272020 © sistoma de protegao socal dos miltaes: Lei n* 13.954/19 ¢ Decreto-Le n*667/1989- us.com br | Jus Navigandi III - a remuneragio na inatividade 6 irredutivel e deve ser revista automaticamente na mesma data da revisio da remunerag&o dos militares da ativa, para preservar o valor equivalente 4 remuneragao do militar da ativa do correspondente posto ou graduagéo; e (BRASIL, Decreto-Lei n° 667, 1969) Afere-se que a irredutibilidade ora prevista é salutar garantia, vez que a cléusula pétrea do direito social da irredutibilidade do salario do inciso VI do art. 7° da Constituigdo Federal nao é extensivel aos militares inativos por nao estar no rol do art. 142, ineiso VIII, nem no art. 42 da Carta Politica, e por vezes também nfo amparadas nas Constituigdes Estaduais. Ademais, em que pese a extensio ao art. 37, XV da Constituigdo, aos militares inativos nao se estenderia em razo de que nao ocupam cargos ou empregos piblicos, para fins de irredutibilidade. Por fim, o art, 24-A do Decreto-Lei n° 667/69 preceitua como parametro minimo a idade-limite estabelecida para os militares das Forgas Armadas[7] (¢_ftn7) do correspondente posto ou graduac&o para a transferéneia para a reserva remunerada, de oficio, por atingimento da idade-limite: IV - a transferéncia para a reserva remunerada, de oficio, por atingimento da idade-limite do posto ou graduagao, se prevista, deve ser disciplinada por lei especifica do ente federativo, observada como parametro minimo a idade- limite estabelecida para os militares das Forgas Armadas do correspondente posto ou graduagio. Ponto importante que preocupava as Corporagdes militares estaduais tendo em vista que as idades limites eram inferiores e poderia ocasionar a reserva compulséria e perda significativa de efetivo. Assim, a Lei n° 13.954/19 deu nova redagao ao art. 98 do Estatuto dos Militares para aumentar as idades limites, muito em razo do aumento do tempo de servico, logo o ajuste era necessirio e ficou estabelecido como © parametro minimo para os Estados, ou seja, em lei especifica podem reproduzir as mesmas idades ou até ampliarem se desta forma jé nao previsto, sendo vedado a redugio. Dando continuidade ao estudo do Decreto-Lei n° 667/69, que reorganiza as policias militares, destaca-se 0 art. 24-D: Art. 24-D. Lei especifica do ente federativo deve dispor sobre outros aspectos relacionados A inatividade e pensio militar dos militares respectivos pensionistas dos Estados, do Distrito Federal e dos Territérios que nao conflitem com as normas gerais estabelecidas nos arts. 24-A, 24-B e 24-C, vedada a ampliagéo dos direitos e garantias nelas previstos e observado o disposto no art. 24-F deste Decreto-Lei. (BRASIL, Decreto-Lei n° 667, 1969) hitpstus.com.brimprimini@1879)o-sistema-de-prtecao-socia-dos-mililares 1026 311272020 © sistoma de protegao socal dos miltaes: Lei n* 13.954/19 ¢ Decreto-Le n*667/1989- us.com br | Jus Navigandi Percebemos que o art. 24-D estabelece A lei especifica do ente federativo a vedagao de conflito com a lei federal, além de nao poder ampliar direitos e garantias. Aqui, conforme dito, pode residir um “conflito aparente de normas”, uma vez que a regra de vedacao de ampliagao de direitos aparentemente contraria o disposto no proprio art, 24-E do mesmo decreto em que autoriza a previsdo de outros direitos. Uma interpretagio que pode ser dada seria que no art. 24-E a previstio de novo direito ou garantia se daria no aspecto mais geral do Sistema de Protegao Social, e o art. 24-D estaria vedando apenas a ampliagdo no aspecto atinente as regras especificas de inatividade e pensio, porém por se estar diante do mesmo “guarda-chuva normativo” - da protegao social dos militares-, tal redagao legislativa nao parece aclarar essa ambiguidade, pelo contrario. 0 Deereto-Lei n° 667/69 também fez referéncia A simetria e sua manutengo entre militares das FFAA e militares estaduais no pertinente as normas gerais de inatividade e pensio militar: Art. 24-H. Sempre que houver alterago nas regras dos militares das Forgas Armadas, as normas gerais de inatividade e pensio militar dos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territérios, estabelecidas nos arts. 24-A, 24-B e 24-C deste Decreto-Lei, devem ser ajustadas para manutencio da simetria, vedada a instituigio de disposigGes divergentes que tenham repercusstio na inatividade ou na pensio militar. Desse modo, novamente notam-se os impactos do art. 24-H no sistema de protegio social dos militares dos estados. Logo, pode-se aferir a simetria com as FFAA de tal de inatividade e pensio militar devem ser ajustadas as leis dos entes federativos, sendo vedado ao Estado criar dispositivos conflitantes com a lei federal. forma que sempre que houver alterago nas normas gerai 3. NORMAS GERAIS RELATIVAS A PENSAO MILITAR Outro aspecto que o Decreto-Lei n° 667/69 inovou diz. respeito as normas gerais relativas a pensio militar aplicaveis as Policias e Bombeiros Militares no art. 24-B. Neste artigo, tem-se a consolidacao da paridade[8] (¢_fwn8) seja no que diz respeito aos valores pagos, na manuteng&o da referéncia do posto/graduagdo, bem como na simetria dos beneficidrios[9] (#_ttn9) . hitpstus.com.brimprimini@1879)o-sistema-de-prtecao-socia-dos-mililares 108 311272020 © sistoma de protegao socal dos miltaes: Lei n* 13.954/19 ¢ Decreto-Le n*667/1989- us.com br | Jus Navigandi Art. 24-B. Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territérios as seguintes normas gerais relativas & pensa militar: I- o beneficio da pensio militar é igual ao valor da remuneracdo do militar da ativa ou em inatividade; II - 0 beneficio da pensio militar é irredutivel e deve ser revis automaticamente, na mesma data da revisio das remuneracées dos militares da ativa, para preservar o valor equivalente 4 remuneragao do militar da ativa do posto ou graduago que Ihe deu origem; e 0 III - a relacdo de beneficidrios dos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territérios, para fins de recebimento da pensao militar, é a mesma abeles es ida para os militares das Forgas Armadas. ‘A maioria das regras sobre pensio militares federais esto no Decreto Federal n° 3.765, de 4 de maio de 1960, que a Lei n® 13.954/19 também alterou. ionistas dos militares dos Nas esferas estaduais, por reserva Constitucional, as pet estados aplica-se o que for fixado em lei especifica, no ambito da unidade da federagio: Art. 42 Os membros das Policias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, instituigdes organizadas com base na hierarquia e disciplina, sio militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territérios. § 2° Aos pensionistas dos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territérios aplica-se o que for fixado em lei especifica do respectivo ente estatal. (BRASIL, CRFB, 1988) Conforme visto, para o Ministro Luiz Fux{10] (#_fn10) a expresso “lei especifica” aparece em dex ocasides no texto da Carta Magna, 0 que revela a seu ver, a vontade do constituinte de que esses casos sejam tratados em leis monotemiticas (tema ‘nico, envolvendo apenas militares néo podendo tratar na mesma lei de assuntos dos servidores piblicos). As alteragdes da Lei n° 13.954/19 também surtiram efeitos nas contribuigdes dos militares estaduais, conforme veremos a seguir. 4. DA CONTRIBUICAO PARA O SISTEMA DE PROTECAO SOCIAL DOS MILITARES hitpstus.com.brimprimini81879)o-sistema-de-prtecao-socia-dos-mililares 1206 311272020 © sistoma de protegao socal dos miltaes: Lei n* 13.954/19 ¢ Decreto-Le n*667/1969- us.com br | Jus Navigandi este t6pico, vamos analisar as regras atinentes as contribuiges e ao sustento do istema de protegiio social dos militares. A Lei n® 13.954/19 assim quantificou os percentuais: Art. 24. © pensionista ou ex-combatente cuja pensio contribuira sobre o valor integral da pensio ou vantagem para o recebimento de seus respectivos beneficios. Pardgrafo tinico. A alfquota de que trata o caput deste artigo sera de: 1- 9,5% (nove inteiros e cinco décimos por cento), a contar de 1° de janeiro de 2020; IL- 10,5% (dez inteiros e cinco décimos por cento), a contar de 1° de janeiro de 2021. A Secretaria de Previdéncia do Ministério da Economia editou a Instrugio Normativa n® 05, de 15 de janeiro de 2020, atualizada em 24 de janeiro de 2020, estabelece orientages a respeito das normas gerais de inatividade e pensdes e das demais disposigées relativas aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territérios, estabelecidas pela Lei n° 13.954, de 16 de dezembro de 2019, mediante alteragao do Decreto-Lei n° 667, de 2 de julho de 1969, com a modulagéo dos efeitos na aplicabilidade dos percentuais, em especial, quando houver resultar em redugio do valor final da contribuigao devida: hitpstus.com.brimprimini@1879)o-sistema-de-prtecao-socia-dos-mililares 1926 311272020 © sistoma de protegao socal dos miltaes: Lei n* 13.954/19 ¢ Decreto-Le n*667/1969- us.com br | Jus Navigandi Art. 22-A. Na aplicagio do disposto no art. 13 e 14 desta Instrugao Normativa, seré considerado o seguinte: I- em relagdo aos militares da ativa: a) se a aliquota de contribuigéo anterior era superior a 9,5% (nove e meio por cento), a nova aliquota sera devida a partir de 1° de janeiro de 2020; b) se a aliquota de contribuicao anterior era inferior a 9,5% (nove e meio por cento), a aliquota anterior continuara sendo devida até 16 de margo de 2020; II- em relacdo aos militares inativos e pensionistas: a) se o resultado combinado da alteragao da aliquota e da ampliacao da base de cdlculo resultar em redugao do valor final da contribuigado devida, este novo valor passard a ser devido a partir de 1° de janeiro de 2020; b) se o resultado combinado da alteraco da aliquota e da ampliacao da base de calculo resultar em aumento do valor final da contribuigao devida, o valor anterior da contribuigo continuard sendo devido até 16 de marco de 2020. Pela simetria com as Forgas Armadas, 0 Decreto-Lei n° 667/69 estendeu aos Art. 24-C. Incide contribuigéo sobre a totalidade da remuneragio dos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Tertitérios, ativos ou inativos, e de seus pensionistas, com alfquota igual a aplicdvel as Forgas Armadas, cuja receita & destinada ao custeio das pensdes militares e da inatividade dos militares. § 1° Compete ao ente federativo a cobertura de eventuais insuficiéncias financeiras decorrentes do pagamento das pensdes militares e da remuneragio da inatividade, que ndo tem natureza contributiva. § 2° Somente a partir de 1° de janeiro de 2025 os entes federativos poderio alterar, por lei ordinaria, as aliquotas da contribuigéo de que trata este artigo, nos termos ¢ limites definidos em lei federal. As aliquotas[11] (#_fn11) de contribuigdo dos militares estaduais antes da fixagio do art, 24-C do Decreto-Lei n° 667/69: lAcre 4% — Paratba 1% hitpstus.com.brimprimini@1879)o-sistema-de-prtecao-socia-dos-mililares 14126 311272020 © sistoma de protegao socal dos miltaes: Lei n* 13.954/19 ¢ Decreto-Le n*667/1969- us.com br | Jus Navigandi [Alagoas 1% Parana 11% mapA 1% ‘ernambuco 13,5% mazonas 1% Piaut 14% [Bahia 4% Rio de Janeiro 14% Iceara 4% Rio Grande do Norte 11% [Distrito Federal [1% © RioGrandedoSul 14% [Espirito Santo 1% Rondénia 14,5% IGoias 4,25% Roraima 11% faranhao 1% SantaCatarina 14% [Mato Grosso 1% ‘do Paulo 11% Mato Grosso do Sulig% — Sergipe 13% finas Gerais 1% [Tocantins 11% IPara 1% Importante frisar que para os policiais e bombeiros militares ativos, a depender do Estado da federacao, a aliquota mudou entre 14,5% a 11 para 9,5 até dezembro de 2020 ¢ 10,5% a partir de janeiro de 2021. Ocorre, porém, que para os militares estaduais inativos além da nova aliquota, mudou a base de céleulo a qual ela incide, podendo gerar assim aumento do valor de contribuigao para os esses inativos, na medida em que alguns Estados da federacio aplicavam 0 § 18° do art. 40 da Constituigao Federal[12] (#_An12) que estabelece que a contribuigo dos inativos e pensionistas incidia sobre a parcela que superar o teto do RGPS, em percentual igual ao dos servidores ativos. hitpstus.com.brimprimini@1879)o-sistema-de-prtecao-socia-dos-mililares 1926 311272020 © sistoma de protegao socal dos miltaes: Lei n* 13.954/19 ¢ Decreto-Le n*667/1969- us.com br | Jus Navigandi Nesse sentido, para esses Estados, “perdendo” essa “faixa de isengao” de s6 contribuir sobre 0 que passar do teto do regime geral de previdéncia social, a diminuigao da alfquota nio representou diminuic&o do valor em razio da base de cdleulo ter sido ampliada. Outrossim, neste norte é importe frisar que a aplicagao do § 18° do art. 40 da Constituigdo Federal aos militares estaduais nao parece ser de boa técnica, eis que tal pardgrafo nao est4 eompreendido no rol do art. 42 da Carta Maior. Por fim, novamente nota-se os impactos do art. 24-C no Sistema de Protego Social dos Militares dos Estados, ao passo que a revisio da aliquota deverd ocorrer s6 a partir de 2025, por Lei Estadual especifica, monotemética. Ainda sobre o tema, em fevereiro de 2020, 0 Ministro Luis Roberto Barroso do STF concedeu liminar para impedir que a Unido aplique sangées caso 0 governo do Rio Grande do Sul mantenha a cobranga de 14% dos militares estaduais, a parte dispositiva do acérdao da Aco Civil Originaria - ACO n° 3350 do Rio Grande do Sul: “Por todo o exposto, defiro o pedido de tutela de urgéncia, para determinar que a Unido se abstenha de aplicar ao Estado do Rio Grande do Sul qualquer das providéncias previstas no art. 7° da Lei n° 9.717/1998 ou de negar-Ihe a expedicdo do Certifieado de Regularidade Previdencidria caso continue a aplicar aos policiais e bombeiros militares estaduais e seus pensionistas a aliquota de contribuigao para o regime de inatividade e pensao prevista em lei estadual, em detrimento que prevé o art. 24-C do Decreto Lei n® 667/1969, com a redagao da Lei n° 13.954/2019.” A deciso do Ministro do STF 6 apenas para o Rio Grande do Sul (inter parts), onde 14 permanecem descontando a aliquota de 14% dos proventos/vencimentos dos militares estaduais. Importante acompanhar o julgamento desta ACO n.° 3350 e a possibilidade de ampliagao dos seus efeitos para os demais Estados (erga omnes via abstrativizagdo do controle difuso). 5. REGRAS DE TRANSICAO Aqui reside um ponto que ainda gera preocupagio nos militares estaduais ativos, em especial para se ter seguranga juridica das regras postas Para tanto, o direito adquirido relacionado na concessao de inatividade remunerada aos militares dos Estados e de pensio militar aos seus beneficidrios foi assegurado desde que tenham sido cumpridos, até 31 de dezembro de 2019, os requisitos exigidos pela lei vigente do ente federativo, podendo este prazo ser dilatado, conforme veremos a seguir: hitpstus.com.brimprimini@1879)o-sistema-de-prtecao-socia-dos-mililares 1626 311272020 © sistoma de protegao socal dos miltaes: Lei n* 13.954/19 ¢ Decreto-Le n*667/1969- us.com br | Jus Navigandi Art. 24-F. E assegurado o direito adquirido na concessao de inatividade Territéric remunerada aos militares dos Estados, do Distrito Federal e di s, e de pensio militar aos seus beneficidrios, a qualquer tempo, desde que tenham sido cumpridos, até 31 de dezembro de 2019, os requisitos exigidos pela lei vigente do ente federativo para obtenc&o desses beneficios, observados os critérios de concessio e de célculo em vigor na data de atendimento dos requisitos. O Decreto-Lei n° 667/69 traz as regras de transicdo, ou seja, retirando os que j4 perfizeram as condigdes, no se pode avocar o direito adquirido aos policiais e bombeiros militares que ainda esto na ativa ja que a reserva com as regras pretéritas 6 apenas uma expectativa de direito, devendo assim se achar o ponto de equilibrio, 0 meio termo entre as regras novas e as existentes, por essa razo as regras de transi¢io se fazem presentes. Nesse diapas tempo minimo exigido pela legislacio para fins de inatividade com remuneracio integral do correspondente posto ou graduagio devem, se o tempo minimo atualmente exigido pela legislago do ente federativo for de 30 anos ou menos, cumprir o tempo de servigo faltante para atingir o exigido na lei, acrescido de 17%; se o tempo mfnimo atualmente exigido for de 35 anos, cumprir o tempo de servigo exigido na legisla com no minimo 25 anos de exercfcio de atividade de natureza militar, acrescidos de 4 meses a cada ano faltante para atingir 0 tempo minimo exigido a partir de 1° de janeiro de 2022, limitado a 5 anos de aeréscimo: 10, aos militares que no houverem completado até a referida data o 10 do ente federativo. Além destes requisitos, o militar deve contar hitpstus.com.brimprimini@1879)o-sistema-de-prtecao-socia-dos-mililares 126 311272020 © sistoma de protegao socal dos miltaes: Lei n* 13.954/19 ¢ Decreto-Le n*667/1969- us.com br | Jus Navigandi Art. 24-G. Os militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territérios que naio houverem completado, até 31 de dezembro de 2019, 0 tempo minimo exigido pela legislagio do ente federativo para fins de inatividade com remuneragio integral do correspondente posto ou graduagao devem: I- se o tempo minimo atualmente exigido pela legislagdo for de 30 (trinta) anos ou menos, cumprir o tempo de servigo faltante para atingir o exigido na legislagao do ente federativo, acrescido de 17% (dezessete por cento); € IL- se 0 tempo minimo atualmente exigido pela legislagdo for de 35 (trinta e cinco) anos, cumprir o tempo de servigo exigido na legislagio do ente federativo. Pardgrafo “inico. Além do disposto nos incisos I ¢ II do caput deste artigo, o militar deve contar no minimo 25 (vinte e cinco) anos de exercicio de atividade de natureza militar, acrescidos de 4 (quatro) meses a cada ano faltante para atingir 0 tempo minimo exigido pela legislagio do ente federativo, a partir de 1° de janeiro de 2022, limitado a 5 (cinco) anos de acréscimo, (BRASIL, Decreto-Lei n° 667, 1969) Portanto, excetuados os que tenham cumpridos os requisitos até 31 de dezembro de 2019 ou nas novas datas estabelecidas em atos do Poder Executivo dos Estados[13] (fing) , deve-se cumprir um critério composto ou de duplo pedagio em determinados (08, quais sejam, o do inciso I mais o pardgrafo ‘inico, ambos do art. 24-G, ou seja, 17% do tempo que falta para completar 30 anos ou menos, além de, a partir de 2022, quatro m minimo exigido pela legis s a cada ano faltante para o fim de atingir o tempo do ente federati Sendo assim, para fins do pardgrafo tmico do art. 24-G o policial militar a partir de 2022 precisa ter 25 anos de servigo militar. J4 em 2023: 25 anos 4 meses. Em 2024: 25 anos 8 meses. 2025: 26 anos ¢ assim vai aumentando 4 meses por ano até que em 2037: 30 anos (no maximo). Outrossim, pode- nico art. 24-G e fixar que os 25 anos de exercicio de atividade de natureza militar, composta ainda dos 4 meses a cada ano faltante, comegam a ser exigidos se o policial nao contar com tal requisito apés o cumprimento do tempo de servigo acrescido do pedagio de 17%. e chegar a uma interpretagao mais racional e razoavel do pardgrafo Um exemplo com impacto significante, seria o caso de uma policial militar feminina nos Estados em que havia a previsio de 25 (vinte e cinco) anos de servigo para implementar as condigdes para passagem para a reserva remunerada. Caso essa policial militar feminina tenha ingressado em janeiro de 2012, tera assim 10 (dez) anos de servigo em janeiro de 2022, sem averbagées. hitpstus.com.brimprimini@1879)o-sistema-de-prtecao-socia-dos-mililares 1826 311272020 © sistoma de protegao socal dos miltaes: Lei n* 13.954/19 ¢ Decreto-Le n*667/1989- us.com br | Jus Navigandi O remanescente de 15 anos a cumprir, adiciona-se mais 17% (2 anos e 6 meses), o que gerard um tempo total faltante de 17 anos e 6 meses, logo, sua reserva passou de janeiro de 2037 para junho de 2039. Todavia, pela redagao do paragrafo ‘nico do art. 24-G, pode-se realizar duas interpretagoes a) em razo dessa feminina nao ter o minimo de 25 (vinte e cinco) anos de exercicio de atividade de natureza militar em janeiro de 2022, automaticamente serdo acrescidos 4 (quatro) meses a cada ano faltante para atingir o tempo mfnimo exigido pela legislagio do ente federativo (25 anos para femininas), limitado a 5 (cinco) anos de acréscimo, isto 6, somando os 17% (2 anos ¢ 6 meses) ¢ observado 0 requisito de servigo militar sua reserva remunerada, nesse caso seriam mais 5 anos, em razio de 15 vezes os 4 meses (4 meses em 2023, 4 meses em 2024, 4 meses em 2025 em diante) faré com que somente em janeiro de 2042 podera solicitar a reserva remunerada. Assim, com o edmputo automatico de 4 meses a partir de janeiro de 2022, por esta interpretagdo, seria compulséria, sem que haja uma projego de quando ser: remunerada e sem verificar se nesta data projetada ele conte com 25 anos de servigo de natureza militar. ua reserva b) com a incidéncia do primeiro inciso I do art. 24-G (17% do primeiro pedagio) sua reserva passou a ser projetada para junho de 2039, onde nesta data naturalmente contaré com a condigao de ter 25 anos de servigo militar, ndo havendo necessidade de acréscimos vez. que a implementagio do primeiro pedagio do inciso I (17%) ja perfectibizou a condigo do paragrafo nico do art. 24-G. Frise-se que para essa segunda interpretagdo 0 momento do fato gerador da condicao do pardgrafo tinico do art. 24-G (25 anos de servigo de natureza militar) sera o seu requerimento de reserva remunerada, do contrario parece ser draconiano comecar computar 4 meses a partir de 2022, automaticamente, sem considerar que no decorrer do cumprimento da primeira regra de transigao ele jé implementard a segunda, ou seja, o art. 24-G tem como objetivo estabelecer o regramento para reserva remunerada, e salutar uma visio holistica para o momento em que se dard essa reserva, portanto, parece que o fato gerador reside na sua solicitagao da reserva e assim, neste momento, verificar-se-io todas as condigées, se foram cumpridas ou nao. Por fim, para fechar o raciocinio do exemplo da policial militar feminina, antes da alteragio legislativa ela poderia solicitar a reserva remunerada em janeiro de 2037. Agora, essa feminina ter direito a solicitar a reserva remunerada em janeiro de hitpstus.com.brimprimini81879)o-sistema-de-prtecao-socia-dos-mililares 1926 311272020 © sistoma de protegao socal dos miltaes: Lei n* 13.954/19 ¢ Decreto-Le n*667/1969- us.com br | Jus Navigandi 2042, pela primeira interpretagéo (a), ou em junho de 2039, pela segunda interpretagao (b). A propésito, nessa senda, a regra de transigio se mostra desproporcional as policiais e bombeiros militares femininas em que possuiam tempo de servigo inferior aos militares masculinos, logo, a regra de transigdo para estas pode ser considerada desarrazoada na medida que no sopesou, ou considerou muito pouco, o tempo ja cumprido. Como tiltimo impacto das regras de transigdo, conforme dito, os policiais e bombeiros militares que possuem tempo de servico averbado, em especial o tempo de servigo privado anterior ao ingresso nas Corporagées, estes serao fortemente afetados na medida em que com a exigéncia de tempo minimo de servigo de natureza militar, limitard a utilizagdo desse tempo de servico privado averbado a no maximo 5 (cinco) anos, como regra geral, ou pouco mais para alguns que jé estejam na Corporacio e que nao tenham que cumprir grandes periodos de regra de transigao. Com efeito, este segundo pedagio existente no parégrafo nico do art. 24-G vem praticamente aniquilar 0 tempo de servigo privado ou piblico nao militar averbado pelo policial ou bombeiro militar, eis que o cdmputo deste tempo averbado perde efetividade em virtude do somatério do duplo pedagio (17% + 4 meses). Os érgios de pessoal das Corporagdes militares estaduais ainda nao se debrugaram sobre a problematica, vez que ainda ndo se depararam com estes casos, seja na aplicagao do inciso I ou do paragrafo tinico art. 24-G, vez que os pedidos de reserva atuais ainda estdo sob a égide das normas antigas. De outra banda, relevante destacar que o prazo estabelecido no art. 24-F do Decreto- Lei n° 667/69 poderia ser ampliado por ato do Poder Executivo do entre federativo, desde que editado no prazo de 30 (trinta) dias e cujos efeitos retroagirao a data de da Lei n® 13.954/19, conforme podemos ver no art. 26 do Decreto-Lei n° Art. 26. Ato do Poder Executivo do ente federativo, a ser editado no prazo de 30 (trinta) dias e cujos efeitos retroagirfio a data de publicagio desta Lei, podera autorizar, em relago aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territérios em atividade na data de publicagaio desta Lei, que a data prevista no art. 24-F e no caput do art, 24-G do Decreto-Lei n° 667, de 2 de julho de 1969, inclufdos por esta Lei, seja transferida para até 31 de dezembro de 2021. Conforme visto, 15 Estados (Acre, Alagoas, Bahia, Goids, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Para, Parana, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Rondénia, Roraima, Santa Catarina e Tocantins) optaram por estender 0 cronograma por 2 anos, ¢ assim somente terdo efetividade em janeiro de 2022. hitpstus.com.brimprimini81879)o-sistema-de-prtecao-socia-dos-mililares 20728 311272020 © sistoma de protegao socal dos miltaes: Lei n* 13.954/19 ¢ Decreto-Le n*667/1969- us.com br | Jus Navigandi Em Sao Paulo, as exigéncias foram estendidas apenas por 1 ano e j4 passarfo a valer em janeiro de 2021. CONSIDERACOES FINAIS Por derradeiro, vislumbramos que com a maior expectativa de vida ¢ discussdes sobre a sustentabilidade da previdéncia, mudangas no formato dessa protegio tiveram que ser realizadas, talvez como saida para subsisténcia das aposentadorias no futuro, ou, no caso dos militares, das reservas/reformas. Ademais, as altera\ legislativas para o bem institucionalizar o sistema de protegao social dos militares estaduais se revelam em um conjunto integrado de direitos, servigos e ages, permanentes ¢ interativas, de remuneracio, pensio, satide e assisténcia, diante da necessidade de tratamento peculiar a uma determina profissio. No exercicio do pacto federativo, aos entes da federagéio compete regular este dos seus militares, por lei especifica, para o fim de regrar as suas policias militares ¢ bombeiros militares. Nesse sentido, em paralelo constitucional, o sistema de protegio social dos militares estaria no mesmo status de género que a Seguridade Social, onde nela se compreende um conjunto integrado de agdes de iniciativa relativo as espécies: satide, previdéncia e assisténcia social. stema de protegao social Na temética aqui ventilada, foi possivel constatar que as alteragdes na legislagao brasileira quanto a carreira dos militares das Forgas Armadas e todo o sistema de protegio social destinado aos militares estaduais se mostraram necessdrias e, por veres, proporcionaram tratamento igual aos iguais e desigual aos desiguais, na exata medida de suas desigualdades. Celeumas juridicas emergirdo, mais especificamente na hermenéutica do art. 24-G do Decreto-Lei n° 667/69 que estabelece as regras de transigdo, visto que ndo andou bem o legislador ordindrio nos pardmetros estabelecidos, necessitando, qui¢d, na dimensio constitucional, uma interpretagao conforme para atender aos principios da ade e proporcionalidade. razoabi REFERENCIAS BRASIL. Constituigao da Repablica Federativa do Brasil. Brasilia: Assembléia Nacional Constituinte, 1988. Disponivel em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Aces 02 abr. 2020. 0 em Lei federal 13.954, de 16 dezembro de 2019 - Altera a Lei n° 6.880, de 9 de dezembro de 1980 (Estatuto dos Militares), a Lei n® 3.765, de 4 de maio de 1960, a Lei n° 4.375, de 17 de agosto de 1964 (Lei do Servico Militar), a Lei n® 5.821, de 10 de hitpstus.com.brimprimini@1879)o-sistema-de-prtecao-socia-dos-mililares

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