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3-Teorias Aplicadas em Contabilidade
3-Teorias Aplicadas em Contabilidade
Fontes teóricas da Contabilidade, teorias econômicas, teorias normativa e positiva, base teórica do
patrimônio líquido.
PROPÓSITO
Apresentar a profunda transformação imposta pelo último século à Contabilidade: de uma ferramenta
destinada ao controle do patrimônio ao papel de fonte de informações das entidades, com o propósito de
minimização da assimetria
de informações, bem como de cumprimento dos múltiplos contratos relativos
às firmas e aos agentes econômicos.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
MÓDULO 3
MÓDULO 4
INTRODUÇÃO
Primeiro, estudaremos as fontes teóricas da Contabilidade, dando ênfase aos diferentes paradigmas
aplicados à solução dos problemas contábeis, à classificação e à verificação das teorias da
Contabilidade, e às teorias econômicas
aplicadas à área.
MÓDULO 1
Reconhecer os
paradigmas e a
classificação da teoria contábil
Fiscal
Legal
Ético
Econômico
Comportamental
Estrutural
PARADIGMA FISCAL
Uma abordagem comum para lidar com problemas contábeis é essencialmente prática e consiste em
recorrer ao interesse fiscal na matéria. Logo, muitos iniciantes em Contabilidade tendem a enfatizar a
matéria com
base nas necessidades impostas pela Receita Federal.
COMENTÁRIO
É indiscutível que o reflexo contábil das exigências fiscais impeliu a Contabilidade a um desenvolvimento
significativo. Para citar alguns exemplos, a definição de percentuais para depreciação com base na
legislação
do Imposto de Renda motivou a discussão sobre o conceito na teoria da Contabilidade e criou
uma uniformidade na adoção dessa prática.
Outro exemplo de discussão teórica, motivada, inicialmente, por fins fiscais, é a determinação da
mensuração do estoque pelo valor de custo ou de mercado – dos dois o menor.
A influência fiscal na Contabilidade e a facilidade com que as normas de Imposto de Renda são aceitas
como princípios e práticas contábeis são problemáticas. Nesse contexto, há alguns exemplos clássicos
que não custa relembrar:
A legislação fiscal impulsionou a adoção de boas práticas contábeis, gerando uma análise mais crítica
de procedimentos e conceitos contábeis. Entretanto, é importante observar que, apesar de a
Contabilidade sofrer bastante
o efeito da legislação fiscal, esta última não se relaciona com a teoria da
Contabilidade.
PARADIGMA LEGAL
Uma abordagem comum para lidar com problemas contábeis consiste em recorrer ao interesse
legal na
matéria. Existem semelhanças entre o tratamento dado pelo Direito e pela Contabilidade em um sem
número de assuntos. Contudo, os fins buscados podem não ser os mesmos.
O paradigma legal normalmente reflete o interesse no lucro para o pagamento de Imposto de Renda ou
de dividendos, ou seja, não tem foco no aumento de valor da empresa ou em sua eficiência operacional.
Isso gera uma série de
limitações para que a Contabilidade atinja seus objetivos de geração de
informações financeiras úteis.
PARADIGMA ÉTICO
O paradigma ético à teoria da Contabilidade é vinculado aos conceitos de verdade, justiça e equidade.
Entretanto, esses conceitos são flexíveis e podem levar a várias interpretações na teoria contábil.
VERDADE
Na Contabilidade, o conceito de verdade pode ser diferente, dependendo da pessoa: o fato
contábil pode estar de acordo com os fatos, ser objetivo e verificável, ou estar relacionado
com a avaliação de ativos
em preços vigentes ou com princípios já consolidados.
Em suma, o paradigma ético pode levar a múltiplas interpretações na abordagem contábil e não
parece ser um bom guia em questões teóricas.
PARADIGMA ECONÔMICO
PARADIGMA MACROECONÔMICO
Os países podem basear seus conceitos e suas práticas contábeis em objetivos
macroeconômicos. Sendo assim, no paradigma macroeconômico da teoria econômica, o foco
está na divulgação de indicadores
da economia do país ou de determinado setor de atividade.
PARADIGMA MICROECONÔMICO
No paradigma microeconômico, o enfoque está na divulgação de indicadores no nível da
empresa (neste caso, a empresa é a entidade econômica). Uma crítica a esse paradigma é que
não leva em conta
as externalidades negativas à sociedade que a empresa pode gerar, como, por
exemplo, desemprego, poluição etc., a não ser que haja restrições legais.
PARADIGMA SOCIOEMPRESARIAL
O paradigma socioempresarial leva em conta fatores negativos ocasionadas pela empresa à
sociedade. Um exemplo dessa abordagem é a Demonstração do
Valor
Adicionado (DVA),
atualmente, um dos relatórios contábeis obrigatórios
para
as companhias abertas no Brasil, que
busca medir a contribuição da empresa para a sociedade de maneira mais ampla.
A ideia subjacente à DVA é que a Contabilidade Social engloba a dos acionistas da empresa, uma
vez que abrange um grupo maior. Outra ideia é que as demonstrações financeiras também
podem ser consideradas bens públicos e, como
tal, também devem lidar com outros bens
públicos (como o meio ambiente, por exemplo).
PARADIGMA COMPORTAMENTAL
COMENTÁRIO
Neste paradigma, a importância da informação contábil como mensagem dirigida aos usuários e
a reação desses mesmos usuários diante da informação contábil representam a essência da
proposta.
PARADIGMA ESTRUTURAL
Nesse sentido, e com recurso claro à lógica normativista, o tratamento de um novo evento
contábil é feito em moldes similares aos utilizados em eventos contábeis anteriores.
Este paradigma também revela a preocupação em manter uma consistência macro da
representação contábil: uma busca constante pela uniformidade no processo contábil de
reconhecimento, mensuração e divulgação.
A ruptura dessa cadeia de procedimentos somente acontece quando um evento inédito, ou seja,
não compatível com nenhuma lógica anterior conhecida, exige a definição de um novo molde.
Para tal, a busca de princípios básicos pode
se fazer necessária.
A solução completa também exige a aplicação de uma teoria adequada. Paradigma e teoria formam um
par que deve manter consistência e, uma vez submetido à verificação, mostrar-se apto como solução
para o problema contábil.
A primeira teoria parte do pressuposto de que a Contabilidade é uma linguagem. Este entendimento
deriva do papel de tradutor de eventos econômicos para uma linguagem binária universal de débitos e
créditos.
Assim, a Contabilidade utiliza mecanismos próprios da linguagem para transmitir suas informações e
deve responder às seguintes perguntas aplicáveis a qualquer linguagem, conforme sugerido por
Hendriksen e Van Breda (1999, p.
29):
O estudo da linguagem é dividido em três fotos de interesse, como mostra a tabela a seguir:
Estudo da linguagem
Pragmática
Semântica
Sintaxe
PRAGMÁTICA
Efeito da linguagem
SEMÂNTICA
Significado da linguagem
SINTAXE
Os paradígmas contábeis abordam os problemas contábeis a partir desses focos de estudo, e então,
podem ser classificados segundo a teoria da linguagem.
Paradigma comportamental
Paradigma estrutural
O paradigma estrutural é sintático, uma vez que a abordagem é concentrada na lógica da linguagem
contábil.
A importância de cada um desses focos de estudo da linguagem varia no tempo, em concordância com
a ênfase dada à pesquisa contábil, podendo ser no presente ou no
passado.
PRESENTE
PASSADO
Dedutivo
Indutivo
DEDUTIVO
O raciocínio dedutivo flui do geral para o particular, ou seja, a partir de uma ou mais
declarações (premissas), avança até uma conclusão logicamente certa.
INDUTIVO
Raciocínio dedutivo
Raciocínio indutivo
O raciocínio indutivo parte da
prática consagrada como solução para os problemas contábeis, a fim
de formalizar
princípios gerais.
Quase todas as teorias incluem elementos tanto do raciocínio dedutivo quanto do raciocínio indutivo.
Dessa forma, não há primazia de um ou outro, mas o interesse em articulá-los de maneira eficiente na
busca da melhor construção
teórica possível.
RESPOSTA
A sequência correta é:
Contudo, a observação direta do evento como fato gerador do raciocínio indutivo expõe esse método
aos vieses do próprio observador, o qual, livre de postulados, encontra-se prisioneiro de suas próprias
ideias preconcebidas.
Outra limitação do raciocínio indutivo refere-se às particularidades da realidade analisada, a qual tende a
ser própria da entidade sob análise, e cuja generalização posterior pode mostrar-se problemática ou
errada.
Teorias prescritivas podem derivar tanto do raciocínio dedutivo quanto do raciocínio indutivo. Seu
propósito é prescrever quais dados contábeis devem ser transmitidos aos usuários da informação
contábil, assim
como a maneira de apresentá-los.
Essa linha de abordagem se formou a partir da natureza essencialmente prática que deu origem à
Contabilidade. Em seu início, a constituição da Contabilidade tratou de
resolver problemas concretos
a partir de prescrições de como
fazer. Entender o problema em sua essência não era importante.
Posteriormente, por volta da década de 1960, observou-se a ascensão da teoria descritiva, voltada para
o entendimento do problema e de sua natureza, deixando a prescrição em segundo plano.
Embora mais relacionada ao raciocínio indutivo, é incorreto afirmar que a teoria descritiva não apresente
elementos do raciocínio dedutivo.
MÃO NA MASSA
A) Teoria prescritiva
B) Teoria descritiva
A) Teoria prescritiva
B) Teoria descritiva
GABARITO
2. De outro, investigar como os usuários da informação contábil reagem diante desses mesmos
reconhecimentos, dessa mesma mensuração ou divulgação contábil específica, representa o
objeto de interesse da:
De outro, investigar como os usuários da informação contábil reagem diante desses mesmos
reconhecimentos, dessa mesma mensuração ou divulgação contábil específica, representa o objeto de
interesse da teoria descritiva.
GABARITO
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. UMA ENTIDADE ADQUIRE UM MAQUINÁRIO NOVO, E O SETOR
RESPONSÁVEL POR DEPRECIAÇÕES NÃO SABE COMO REALIZÁ-LAS.
CONSULTADO, O CONTADOR ORIENTA QUE A DEPRECIAÇÃO SIGA O MESMO
CRITÉRIO SUGERIDO PELA RECEITA FEDERAL PARA MÁQUINAS EM GERAL. A
ORIENTAÇÃO CONFERIDA EXPLICITA A TÉCNICA DE DEPRECIAÇÃO A SER
UTILIZADA, A VIDA ÚTIL A SER ADOTADA E AS RUBRICAS CONTÁBEIS QUE
DEVEM SER SENSIBILIZADAS.
A) Legal
B) Econômico
C) Ético
D) Fiscal
GABARITO
1. Uma entidade adquire um maquinário novo, e o setor responsável por depreciações não sabe
como realizá-las. Consultado, o contador orienta que a depreciação siga o mesmo critério
sugerido pela Receita Federal para máquinas em geral. A orientação conferida explicita a técnica
de depreciação a ser utilizada, a vida útil a ser adotada e as rubricas contábeis que devem ser
sensibilizadas.
Este exemplo representa uma aplicação da Contabilidade segundo qual abordagem teórica?
A abordagem da teoria como decreto pode ser aplicada tanto pelo ângulo prescritivo, ou como deve ser
feito algo, quanto pelo ângulo descritivo, relacionado ao entendimento do evento segundo as reações
que provoca no usuário da informação contábil. Neste caso, a opção pela prescrição detalhada de como
o processo contábil deve ser conduzido revela um exemplo claro da teoria como decreto pelo ângulo
prescritivo.
2. Uma entidade atua no ramo de mineração e explora minério de ferro. A exploração do minério
impõe pesados custos ambientais, como a escavação de minas profundas a céu aberto. A
legislação, contudo, não exige que as mineradoras reconheçam contabilmente o passivo
ambiental nem recuperem o meio ambiente após a exaustão da mina.
Esta situação é exemplo de qual dos paradigmas aplicados para resolver questões contábeis?
MÓDULO 2
Identificar as
principais teorias
econômicas aplicadas em Contabilidade
TEORIAS ECONÔMICAS
Duas abordagens teóricas se sucederam na tarefa de elaborar uma teoria para a Contabilidade. São
elas: abordagem normativa e abordagem positiva.
Inicialmente dominante, a abordagem normativa estabelece como a Contabilidade deve proceder para
representar o evento
econômico adequadamente, em particular, e a realidade econômico-financeira da
empresa, em geral. Parte de um modelo teórico que considera ideal para prescrever práticas contábeis
específicas.
ABORDAGEM NORMATIVA
Posteriormente, a abordagem positiva, surgida na década de 1960, adota como ponto de partida uma
perspectiva totalmente diferente. A partir da investigação empírica das relações que envolvem a
Contabilidade, procura descrevê-la
e inferir comportamentos futuros.
Desse modo, a escolhas contábeis apresentam relações econômicas com as informações divulgadas e
com as reações dos usuários da informação contábil.
SAIBA MAIS
COMENTÁRIO
Como ciência que processa e comunica informações, a Contabilidade está sujeita aos efeitos dos
mesmos interesses e incentivos que afetam os indivíduos. Sua formulação teórica deve contemplar as
proposições de outras
ciências que tratem dessas questões.
As organizações podem ser vistas como conjuntos de contratos implícitos ou explícitos entre indivíduos
ou grupos de indivíduos, como gerentes, investidores, credores, funcionários, auditores e governo.
Essas partes têm preferências
distintas, as quais podem gerar conflitos de interesse. As informações
contábeis podem ajudar a mitigar esses problemas, facilitando a elaboração de contratos mais
adequados.
a) Reconhecimento
b) Mensuração
c)
Evidenciação
RECONHECIMENTO
MENSURAÇÃO
A mensuração cuida da quantificação do evento por meio de alguma técnica de atribuição de valor
escolhida pela Contabilidade.
EVIDENCIAÇÃO
A Contabilidade explicita o comportamento da riqueza da entidade e dos indivíduos que dela participam.
Assim, a evolução da teoria da firma explica a crescente importância da Contabilidade no contexto das
organizações.
TEORIA DA FIRMA
A teoria da firma é concebida sob o modelo de empresa descrito pela teoria clássica. Nessa empresa, as
figuras de proprietário e administrador se confundem.
Sob tal arranjo, hoje irrealista, não há que se falar em conflito de agência tampouco em assimetria de
informação – concepções teóricas relevantes que não encontram lugar na teoria da firma.
Além da limitação teórica da teoria da firma, um segundo aspecto relevante trata do esvaziamento do
papel da Contabilidade. Nesse contexto, a finalidade da Contabilidade limita-se ao monitoramento da
riqueza da entidade, enquanto
o subsídio à tomada de decisão e o provimento de informações
necessárias à formalização de contratos perdem o sentido.
O advento da corporação moderna provocou a ruptura do paradigma anterior ao trazer para o cerne das
organizações o conflito de agência.
A teoria contratual da firma oferece uma nova concepção da firma. Segundo ela, o eixo central não está
mais na figura do proprietário-administrador, mas no conjunto de contratos por meio dos quais os
interessados na firma regulam
suas interações.
ATENÇÃO
Cada interessado é movido por um incentivo próprio: sua contribuição para a organização e a
recompensa recebida em troca dessa contribuição. Essa relação particular entre o interessado e a firma
representa um contrato.
E o coletivo desses contratos representa a
firma.
Esse novo arranjo de relações motiva conflitos, como a assimetria de informação e o problema agente-
principal.
ASSIMETRIA DE INFORMAÇÃO
Quando alguma das partes de uma transação financeira detém mais informações que a outra e, então,
pode tomar decisões mais acertadas, surge a assimetria de
informação.
“A seleção adversa ocorre porque partes de uma transação econômica, como gestores de empresas,
dispõem de melhores informações sobre a condição atual e as perspectivas futuras da empresa
do que
os investidores externos.
Os gestores em questão podem explorar essa vantagem informacional de diversas maneiras. Podem,
por exemplo, comportar-se oportunisticamente, enviesando ou gerenciando as informações divulgadas
aos investidores,
talvez para aumentar o valor das opções de ações que eventualmente possuam. Eles
podem atrasar ou liberar seletivamente as informações com antecedência para investidores ou analistas
selecionados, permitindo
que insiders, inclusive eles próprios, beneficiem-se à custa de investidores
comuns.
Tais táticas são adversas aos interesses dos investidores comuns, pois reduzem sua capacidade de
tomar boas decisões de investimento. Em consequência, a desconfiança quanto à possibilidade de
divulgação
de informações tendenciosas poderá levar os investidores a desconsiderar os títulos da
empresa como opções de investimento, reduzindo a eficiência do mercado de capitais.
O risco moral surge quando o cumprimento do contrato por uma das partes não é observável pela outra
parte.
Um exemplo de risco moral deriva das operações de resgate conduzidas pelos Tesouros Nacionais em
crises econômicas. Suponha que as instituições financeiras saibam, de antemão, que o Estado as
socorrerá em caso de dificuldades
em uma crise econômica.
Nesse cenário, o que impediria que as instituições financeiras incorressem em risco excessivo,
buscando maximizar seu retorno, visto que, em caso de insucesso da estratégia, não haveria risco para
a entidade ou para os seus
acionistas?
O risco moral ocorre devido à separação de propriedade e controle, que caracteriza a maioria das
grandes entidades comerciais. É efetivamente impossível para acionistas e credores observar
diretamente a extensão e a qualidade
dos esforços dos gestores em seu nome. Em consequência, o
gestor poderá ficar tentado a se esquivar dos esforços, atribuindo a fatores fora de seu controle eventual
a deterioração do desempenho da empresa.
De maneira similar, o gestor poderá distorcer as informações prestadas aos acionistas para encobrir um
mau desempenho. Obviamente, se isso acontecer, haverá sérias implicações tanto para as partes
contratantes quanto para o
funcionamento eficiente da economia.
EVIDENCIAÇÃO
ATENÇÃO
As informações corporativas são um bem tão complexo e importante, que as forças do mercado, por si
só, não são capazes de conter a falha representada pela assimetria de informação (risco moral e
seleção adversa).
Assim, a definição de padrões contábeis pode atuar como um instrumento regulatório que mitigue essa
falha de mercado, por meio da ampla divulgação de informações úteis aos investidores e outros usuários
das demonstrações financeiras.
TEORIA DA AGÊNCIA
A teoria da agência propõe-se a explicar o comportamento das partes envolvidas em uma firma: o
agente, contratado para representar os interesses de terceiros, e o principal, que corresponde a esses
terceiros.
Essa teoria considera a firma como uma interseção dos relacionamentos entre agente e principal, e
busca compreender o comportamento organizacional por meio do exame de como ambos maximizam
sua própria utilidade.
O exemplo mais claro desses relacionamentos ocorre entre os gestores de uma empresa e seus
proprietários. É fácil perceber como a maximização do interesse dos gestores pode entrar em conflito
com os interesses dos proprietários,
pois os objetivos de ambos podem não estar em perfeita
concordância.
De maneira geral, os proprietários têm um interesse de longo prazo na empresa, enquanto os gestores
tendem a focar no curto prazo, sobretudo na maximização de sua remuneração. Esse potencial conflito
de interesses motiva o
estabelecimento de contratos que alinhem os interesses de proprietários e
gestores.
Nesse ambiente de claro conflito de interesses, as partes querem saber se receberam o que
contrataram. Os investidores externos querem saber se podem confiar nas informações oriundas de
empresas e gestores.
A desconfiança cria demanda para a prestação de serviços de auditoria e para a elaboração de padrões
contábeis que comuniquem, com clareza, as informações necessárias à mitigação do potencial conflito
de interesses
entre gestores e proprietários.
CONTABILIDADE E GOVERNANÇA
CORPORATIVA
Na teoria contratual da firma, a relação entre agente e principal deriva de um contrato, no qual o dever
do agente é contribuir com a organização de maneira determinada, adquirindo direito à compensação.
COMENTÁRIO
O contrato será tanto mais eficiente quanto melhor alinhar os interesses de agente e principal em prol da
firma. Sendo assim, o contrato eficiente inibe comportamentos oportunistas do administrador que
prejudiquem os
acionistas.
As implicações da teoria da agência não se limitam ao conflito entre agente e principal. Há que se
considerar, também, o custo de monitoramento da relação agente-principal como medida para inibir
comportamentos inadequados.
Reunidos no conceito mais amplo, denominado governança corporativa, os conjuntos dessas medidas
representam o trade-off entre o custo de monitorar e o prejuízo de não monitorar – ambos objetos de
interesse da Contabilidade.
TRADE-OFF
Ato de escolher algo em detrimento de outro. É uma expressão inglesa muito utilizada em
Administração, Economia e Contabilidade. Neste caso, podemos interpretar da seguinte forma: se
não há monitoramento, há menos custos, mas
aumenta a probabilidade de um prejuízo (causado
pelo não monitoramento).
Como conjunto geral de contratos que regula as relações entre os interessados na firma e a própria
firma, a teoria contratual da firma é absorvida com naturalidade no universo da governança corporativa:
o subconjunto desses
contratos, que regula, de maneira ótima, a relação de interesses entre agente e
principal, e entre ambos e a firma.
DIFERENÇA ENTRE FIRMA CLÁSSICA E
TEORIA CONTRATUAL DA FIRMA
A teoria da firma evoluiu da concepção clássica (e simplificada) da firma, onde administrador e
proprietário se confundem, para um modelo mais robusto, representado pelo coletivo de contratos entre
a firma e seus interessados,
não mais limitado por administradores e proprietários.
RESPOSTA
A teoria contratual da firma propunha um objetivo mais amplo: a maximização da utilidade de todos os
detentores de contratos. Todos os contratantes com a firma reconhecem a necessidade de contribuir para
seu sucesso e fazer
jus à compensação respectiva.
Por isso, o provimento de informações consistentes, isentas e confiáveis, é central na teoria contratual
da firma. E quem melhor para prover essas informações do que a Contabilidade? Assim, como
prestadora qualificada de informações,
a Contabilidade é alçada à máxima relevância pela teoria
contratual da firma.
A AMPLITUDE DA IMPORTÂNCIA DA
CONTABILIDADE É AINDA REALÇADA PELA
PRESENÇA CONSTANTE DA ASSIMETRIA DE
INFORMAÇÕES NA EMPRESA MODERNA. QUAIS
RESPONSABILIDADES DEVEM SER ATRIBUÍDAS À
CONTABILIDADE NESSE CONTEXTO?
RESPOSTA
Cabe à Contabilidade prover informações que permitam o monitoramento dos conflitos de agência e a
concepção equilibrada de contratos, assim como seu cumprimento. Não se trata mais de ferramenta de
controle patrimonial,
mas de provedor informacional qualificado.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) Seleção adversa
B) Assimetria de informação
D) Teoria da regulação
A) Seleção adversa
B) Assimetria de informação
C) Teoria dos contratos
D) Teoria da regulação
GABARITO
1. A companhia ABC teve um trimestre muito ruim. Seu desempenho ficou aquém do esperado, e
a gestão temia algum tipo de retaliação do Conselho de Administração quando essas
informações viessem a público. Para evitar isso, o gestor alterou as demonstrações contábeis
divulgadas, dando um caráter condicional a resultados que, na verdade, eram definitivos. A
divulgação dessas informações falsas evitou pressão sobre a gestão da empresa.
2. Renato decidiu comprar um automóvel. Como não dispunha dos recursos necessários para
adquirir um carro zero quilômetro, decidiu pela compra de um com três anos de uso por 60% do
valor de um novo. Saiu satisfeito com o negócio que fez, pois o carro estava pouco rodado e,
aparentemente, em ótimo estado de conservação.
Na segunda semana de uso, o carro parou de funcionar. No mecânico, Renato foi informado de
que o motor precisaria ser trocado, pois apresentava um vazamento de óleo impossível de
solucionar. O custo do serviço foi orçado em 30% do valor de um carro novo, o que levaria à
redução de preço obtida na compra para apenas 10%.
A seleção adversa, derivada do conflito agente-principal, é uma falha de mercado caracterizada pela
existência de um aspecto desconhecido por uma das partes da disputa. No caso, o defeito no carro era
de conhecimento apenas do vendedor, que o escondeu do comprador, levando Renato a fazer um
péssimo negócio.
MÓDULO 3
Comparar as
teorias normativa e positiva
da Contabilidade
Estreitando o foco para a Contabilidade, sua natureza social deriva da preocupação com a maneira
segundo a qual “os indivíduos ligados à área contábil criam, modificam e interpretam os fenômenos
contábeis” (SCHMIDT, 1998, p.
15) e os comunicam aos usuários da informação contábil.
CITAÇÃO
Ganhando relevância internacional na Idade Média como prática destinada a registrar transações
mercantis, a Contabilidade estabeleceu-se como técnica e desenvolveu métodos apurados para
reconhecer, mensurar
e comunicar os eventos econômicos. Como técnica, a preocupação do teórico
contábil voltava-se para a prescrição da melhor maneira de realizá-la, de como “deveria ser” a prática
contábil.
O advento da abordagem positiva (empírica) revestiu a Contabilidade com o método científico. Se,
antes, a prescrição de soluções dispensava a investigação quantitativa do
fenômeno subjacente, nesta
nova fase, a investigação quantitativa, apoiada em modelagem econômica e estatística, precede a
descrição do fenômeno e permite antecipá-lo.
TEORIA NORMATIVA
A teoria normativa contábil caracteriza-se por ser aquela que explica o fenômeno contábil na perspectiva
do “deve ser”, do que seria o “mais correto e adequado”.
O normativismo contábil baseia-se na lógica dedutiva, que pressupõe a definição de uma estrutura
conceitual prévia, a partir da qual as prescrições para resolver problemas concretos serão deduzidas, e
a utilidade da informação
contábil será maximizada para os usuários finais.
A limitação dessa abordagem é a necessidade de uma longa experimentação para que tais prescrições
sejam verificadas na aplicação prática da Contabilidade.
COMENTÁRIO
A abordagem normativa é consequência de uma abordagem prática dos problemas contábeis, porque foi
desenvolvida por praticantes de Contabilidade, membros da profissão contábil, e não por acadêmicos.
Do ponto de vista da pesquisa contábil, portanto, trata-se de recomendações diretas do que deve ser e
de como deve ser feito.
Em consequência de ter surgido com base na prática contábil, a aplicação do método científico de
formular hipóteses, testá-las empiricamente e, a partir disso, propor interpretações econômicas para o
comportamento do problema
investigado é desnecessária.
TEORIA POSITIVA
A abordagem positiva adota o método científico, o que significa uma sequência lógica de investigação
que pode ser enunciada nos seguintes termos:
ETAPA 1
Formulação de hipóteses para a questão de pesquisa, amparadas na teoria econômica ou de finanças.
ETAPA 2
Levantamento de dados relacionados ao problema investigado.
ETAPA 3
Verificação empírica das hipóteses, com o recurso ao ferramental estatístico.
ETAPA 4
Interpretação do fenômeno econômico, sugerindo um comportamento que pode ser utilizado em
generalizações posteriores.
Como resultado de investigações dessa natureza, a teoria positiva oferece explicações de como são
estabelecidas as relações contábeis e por que são estabelecidas dessa forma, em franca oposição à
abordagem normativa, preocupada
em prescrever como tais relações deverão ser.
VOCÊ
SABIA
A abordagem positiva foi importada da pesquisa em Economia por volta da década de 1960. O trabalho
de Ball e Brown (1968) foi essencial para a aceitação do paradigma da pesquisa positiva na área
contábil. A relevância
desse trabalho pode ser medida por sua influência sobre Watts e Zimmerman
(1986), formuladores da teoria positiva da Contabilidade, ao afirmarem que o trabalho despertou enorme
interesse por pesquisas contábeis
relacionadas ao mercado de capitais.
Mais recentemente, com a adesão do Brasil às Normas Internacionais de Contabilidade, o interesse pela
pesquisa positiva nesta área aprofundou-se. As Normas Internacionais de Contabilidade, cuja natureza é
essencialmente baseada
em princípios, não faz prescrições de comportamento. Ao contrário disso,
define apenas o princípio subjacente ao assunto e permite múltiplas escolhas dentro dos limites
definidos.
Ora, uma alternativa seria aquela que produzisse melhores resultados em termos de qualidade da
informação contábil. Mas como saber qual escolha seria essa? Por que não as investigar
empiricamente, segundo o método científico?
As múltiplas escolhas contábeis são múltiplas hipóteses que aguardam ser validadas empiricamente. A
investigação científica fornece os elementos necessários que podem orientar o profissional na tomada
da melhor decisão do ponto
de vista contábil.
O contexto produzido pelas normas internacionais trouxe a pesquisa contábil para dentro das empresas
e exige do profissional de Contabilidade capacitação técnica para transitar em um meio antes
desnecessário.
MÃO NA MASSA
O princípio que rege a opção por um ou outro método de mensuração deriva do modelo de negócios
adotado pela entidade:
1 - CASO O MODELO DE NEGÓCIOS DA ENTIDADE IMPLIQUE CONSTITUIR OS
INSTRUMENTOS FINANCEIROS COM O PROPÓSITO DE RECOLHER OS FLUXOS
DE CAIXA DE PRINCIPAL E JUROS, O MÉTODO DE MENSURAÇÃO DEVE SER:
A) Custo Amortizado
B) Valor Justo
A) Custo Amortizado
B) Valor Justo
GABARITO
Caso o modelo de negócios da entidade implique constituir os instrumentos financeiros com o propósito
de recolher os fluxos de caixa de principal e juros, ou seja, manter os instrumentos financeiros em
balanço até o vencimento, o método de mensuração deve ser o custo amortizado.
GABARITO
Naturalmente, o gestor da entidade está diante não de uma escolha de método de mensuração, mas de
uma escolha de modelo de negócios, pois esta determinará o método de mensuração.
Seguindo adiante, vamos assumir que a opção recaia sobre o valor justo. Há três tipos de valor justo:
Instrumentos financeiros ilíquidos, mas com outros similares líquidos – valor destes
DICA
Nesse caso, será necessária uma nova escolha de modelo. Por que não aquele que apresenta melhor
reação no preço de mercado da empresa ou aquele que adota premissas conservadoras irreais?
Novamente, observa-se espaço
para a pesquisa positiva.
O foco da abordagem positiva aplica-se com perfeição a dilemas dessa natureza. Cabe investigar
empiricamente hipóteses que permitam compreender a reação do usuário da informação contábil às
diferentes escolhas contábeis possíveis.
A partir disso, é possível inferir comportamentos futuros e orientar a adoção de escolhas contábeis
ótimas para produzir as informações contábeis mais úteis, maximizando a utilidade do usuário da
informação contábil.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
B) Fluxos de caixa futuros devem ser estimados para o ativo em sua condição atual.
C) A divulgação do resultado contábil de uma empresa relaciona-se positivamente com o preço das
ações, ou seja, em média, quando uma empresa divulga lucro, a cotação de suas ações aumenta.
D) Qualquer desvalorização de ativo reavaliado deve ser tratada como diminuição do saldo da
reavaliação.
GABARITO
A teoria positiva propõe uma abordagem pragmática, em geral fundamentada empiricamente, para
entender o papel da Contabilidade e prever comportamentos na forma de políticas contábeis que serão
usadas pelas empresas.
A teoria normativa baseia-se no método dedutivo, pois procura demonstrar como a prática da
Contabilidade deveria ser. Desse modo, confronta a prática contábil com padrões teóricos daquilo que
se considera ideal.
MÓDULO 4
Descrever as
teorias sobre o patrimônio
líquido
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Em termos clássicos, o patrimônio líquido apresenta uma definição única e objetiva na Contabilidade
brasileira. Trata-se da diferença ou do resíduo entre ativos e passivos.
Contudo, na literatura inglesa, o patrimônio líquido apresenta diversas definições, tais como:
Valor líquido
Valor de propriedade
Capital
Nesse caso, a denominação utilizada não é relevante, já que o patrimônio líquido é reconhecido como o
valor da empresa na data do relatório. É fato, no entanto, que a simplificação utilizada na aplicação
desse conceito encobre
a riqueza de informações e a extensa base teórica inerente ao patrimônio
líquido.
TEORIA DA PROPRIEDADE
A teoria da propriedade coloca no centro da análise a noção de propriedade. De acordo com essa
abordagem, o sistema
de partidas dobradas tinha como foco o proprietário, e o objetivo voltava-se ao
reconhecimento da propriedade, a seus ganhos e a suas perdas.
TEORIA DA PROPRIEDADE
A teoria da propriedade deriva do contexto econômico de sua época, pois foi desenvolvida em um
tempo em que as empresas eram pequenas, e a figura do proprietário se confundia com a da
organização.
Com o advento das grandes empresas, essa teoria teria perdido capacidade explicativa. O
aprofundamento dessa visão ressalta que, sob os termos da lei, as sociedades são entidades distintas
de seus proprietários.
Por isso, a sociedade é um centro de imputação de direitos e obrigações, sendo efetiva e realmente
proprietária de seus ativos e submetida as suas obrigações. Além disso, o surgimento da
responsabilidade limitada torna absurdo
presumir que os proprietários se responsabilizam integralmente
pelas dívidas da sociedade.
TEORIA DA ENTIDADE
A teoria da entidade surge do distanciamento entre o proprietário e a entidade. Desse distanciamento,
decorre a necessidade
de prestação de contas e comunicação entre ambos.
TEORIA DA ENTIDADE
A teoria da entidade pode ser vista por meio da dissociação da figura tríplice entidade-empresário-
proprietário que está na origem dos primeiros empreendimentos comerciais, em duas figuras
distintas: entidade e
empresário-proprietário.
Consequentemente, a entidade passa a ter uma vida própria, suas atividades, objetivos e riqueza não
mais se confundem com aqueles do empresário-proprietário. Este último, embora detentor dos direitos
de propriedade sobre a
entidade, não podia mais acessar sua riqueza livremente, mas segundo as
regras de convivência estabelecidas na legislação comercial pertinente
De acordo com a teoria da entidade, não é mais uma extensão do empresário-proprietário, mas uma
persona independente. Tal independência, contudo, impõe a obrigação de disponibilizar informações aos
proprietários acerca, sobretudo,
do lucro, o qual denota simultaneamente a razão de ser da entidade e
sua capacidade de sustentação futura.
TEORIA DO FUNDO
A teoria do fundo é uma proposição teórica que deriva da teoria da entidade. Ela propõe uma terceira
via em relação às teorias
da propriedade e da entidade, argumentando que, mais importante que o
proprietário ou a entidade, é o fundo.
TEORIA DO FUNDO
O fundo corresponde a um conjunto de ativos para os quais há uma aplicação definida, assim
como restrições de utilização. Desse modo, o patrimônio líquido representa a diferença entre as
aplicações e as restrições.
De certa forma, a teoria do fundo simboliza uma radicalização da teoria da entidade ao redefinir o
patrimônio líquido como a margem de manobra da entidade após as restrições impostas pelos passivos
sobre as aplicações definidas
para os ativos.
RESPOSTA
A sequência correta é:
A restrição imposta pelo lado direito do balanço patrimonial (passivos) ao lado esquerdo (ativos) limita
as possibilidades de aplicação destes, as quais devem superar essas restrições.
O excesso de ativos sobre os passivos representa a parcela destes que está livre de restrições
impostas pelos passivos, ou seja, o patrimônio líquido, e que pode ser utilizada segundo o interesse da
administração.
DIREITOS RESIDUAIS
Concebida em ambiente dominado pelo mercado de capitais e pela relevância atribuída ao acionista
minoritário, a teoria dos direitos residuais centra o interesse das informações contábeis neste grupo de
acionistas — os detentores
dos direitos residuais sobre uma empresa — e nos credores comuns —
equiparados a acionistas minoritários na redefinição de patrimônio líquido na forma de direitos residuais.
COMENTÁRIO
Tais detentores de direitos residuais correm o maior risco entre todas as partes interessadas na
entidade, porque serão os últimos da fila a serem reembolsados em caso de falência da empresa.
A teoria dos direitos residuais enfatiza a preocupação com a mensuração de ativos e passivos,
sobretudo os primeiros, e o efeito que erros de mensuração podem provocar no direito residual da
entidade.
Valores superavaliados alteram a percepção de risco dos acionistas minoritários e credores comuns,
distorcendo o prêmio de risco para a tomada de decisão de investir na empresa.
TEORIA EMPRESARIAL
A teoria empresarial foi criada em um ambiente dominado pelo surgimento de grandes corporações de
capital aberto com
clara separação entre proprietários e administradores.
TEORIA EMPRESARIAL
Essa teoria concebe a empresa como um centro de tomada de decisões que afeta todo o seu
entorno, que é ilimitado, pois vai do acionista ao público em geral.
Embora compartilhe da visão proposta pela teoria da entidade, a teoria empresarial amplia
consideravelmente o alcance da entidade ao investigar seu papel e suas interações com a sociedade
em que se encontra inserida.
COMENTÁRIO
A teoria empresarial argumenta que as responsabilidades da empresa com seu entorno devem se
sobrepor às responsabilidades com o acionista. Por isso, o conceito de lucro contábil adotado pelas
teorias da propriedade
e da entidade e apresentado na demonstração de resultado, qual seja o lucro em
benefício dos acionistas, não se mostra adequado.
A teoria empresarial propõe uma nova forma de calcular o retorno produzido pela empresa, dessa vez
voltado para os interesses mais amplos da sociedade: o valor agregado ou
adicionado.
À vista disso, os salários pagos pela empresa a seus colaboradores têm a mesma importância dos
dividendos distribuídos aos acionistas, os quais têm a mesma significância dos lucros retidos pela
entidade ou dos impostos pagos
ao Estado.
Atualmente, a concepção de empresa proposta pela teoria empresarial mostra-se visionária. O modelo
econômico concentrador que observamos hoje, em que apenas um ou dois vencedores dominam cada
segmento econômico, exige repensar
o conceito de lucro e de propósito das entidades, originado em
contexto totalmente diferente.
TEORIA DO COMANDO
A teoria do comando tem importância menor dentro do escopo da teoria da Contabilidade que aborda
as teorias do patrimônio
líquido. Surge da crítica recorrente às teorias da propriedade e da entidade,
cujo foco restrito ao conceito de propriedade é limitar seu alcance.
TEORIA DO COMANDO
EXEMPLO
A teoria do comando mostra-se apta a capturar estruturas de poder em que a propriedade é utilizada
deliberadamente para tornar opaca a percepção de comando. Nesses arranjos, a figura do proprietário é
mero biombo destinado
a encobrir, e mesmo impedir, a responsabilização do efetivo detentor do
comando.
Em que pese sua utilidade como meio de abordagem teórica para situações específicas, a teoria do
comando não encontra espaço para generalizações e pode ser absorvida por teorias mais amplas que
encontrem nela caso particular
de aplicação.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
B) Teoria da propriedade.
C) Teoria da entidade.
D) Teoria empresarial.
A) Teoria do fundo.
B) Teoria da propriedade.
C) Teoria da entidade.
D) Teoria empresarial.
GABARITO
Na teoria dos direitos residuais, o foco de interesse da Contabilidade é deslocado para os detentores de
direitos sobre a entidade que se encontrariam desprotegidos em caso de falência. Surgiu no contexto de
popularização do mercado de capitais, em que o acesso à dívida e ao capital de empresas foi colocado
ao alcance do pequeno investidor.
De acordo com a teoria da entidade, a empresa tem personalidade própria, existência separada da vida
de seus proprietários. Nela, o patrimônio líquido pertence à entidade, e não é permitido ao acionista
retirar-se da sociedade a qualquer tempo, mas apenas obedecendo às condições que regulam essa
relação.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O papel da Contabilidade foi ampliado e aprofundado no século XX e acelerado no século XXI.
Consolidando-se como provedora qualificada de informações, a Contabilidade é responsável pela
viabilização dos contratos formalizados
entre a entidade e seus diversos interessados, assim como da
relação entre a entidade e a comunidade em que está inserida.
Neste tema, conhecemos as teorias da Contabilidade. Tendo como ponto de partida os paradigmas
teóricos para a solução de problemas na área, avançamos para as teorias econômicas que amparam a
base teórica da Contabilidade. As
teorias normativa e positiva da Contabilidade também foram
debatidas. Por fim, a base teórica do Patrimônio Líquido foi apresentada.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
BALL, R.; BROWN, P. An empirical evaluation of accounting income
numbers. Journal of Accounting
Research, v. 6, n. 2, p. 159-177, 1968.
HENDRIKSEN, E.; VAN BREDA, M. Teoria da Contabilidade. Tradução de Antonio Zoratto Sanvicente.
5. ed. São Paulo: Atlas, 1999.
WATTS, R. L.; ZIMMERMAN, J. L. Positive accounting theory. New Jersey: Prentice-Hall, 1986.
EXPLORE+
Para saber mais sobre os assuntos tratados neste tema, leia:
CONTEUDISTA
José Américo Pereira Antunes
CURRÍCULO LATTES