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A EVOLUÇÃO
DAS ENZIMAS
COAGULANTES
A coagulação do leite é o processo de um coalho, por meio da obtenção Para o entendimento destes fa-
que consiste na transformação do lei- de um líquido de poder coagulante tores faz-se necessário esclarecer o
te em estado líquido para gel, também definido. Quase 100 anos após esta mecanismo de formação da coalhada
conhecida como coalhada. Este pro- descoberta, em 1972, era produzido por meio de suas fases. Na primeira
cesso é decorrente de modificações nos Estados Unidos um coagulante fase da coagulação, evidenciada na Fi-
físico-químicas nas micelas de caseí- microbiano a partir do fungo Rizo- gura 1, ocorre o ataque da enzima coa-
na, que podem ocorrer por meio de mucor miehei, uma protease ácida gulante à fração k-caseína, camada
acidificação ou por ação enzimática. capaz de coagular o leite. Em 1989 foi externa da caseína, com consequen-
A coagulação ácida é obtida por via lançado o mais inovador coagulante te liberação de uma fração protéica
biológica através da produção de áci- conhecido até então, o CHY-MAX®, denominada caseíno macropeptídeo.
do lático pelas bactérias do fermento produto à base de 100% de quimosina Esta fração liberada é solúvel e, por
ou pela adição direta de ácidos orgâ- bovina produzida por meio de fermen- isso, se perde no soro afetando dire-
nicos ao leite. Este tipo de coagulação tação de um fungo. Recentemente, em tamente o rendimento na fabricação
é usada em número limitado de tipos 2009, foi descoberta uma nova gera- dos queijos. Uma proteólise mais
de queijos, sendo os mais conhecidos ção de quimosina (CHY-MAX® M), elevada nesta fase, como ocorre com
deles o petit suisse e o cream cheese. ainda superior à quimosina bovina da o uso de outras enzimas diferentes da
A coagulação enzimática do leite primeira geração, devido à sua maior quimosina, provoca o rompimento de
é o processo mais utilizado, e é reali- especificidade e menor atividade várias ligações peptídicas e uma so-
zado por meio da adição de enzimas proteolítica. lubilização importante das proteínas
específicas, conhecidas como coalho De fato, independente do tipo de que, fatalmente, serão perdidas no
ou coagulante. A denominação coalho enzima empregada para a coagulação soro. Isto induz à obtenção de coá-
é reservada para as enzimas obtidas do leite, todas são capazes de coagular gulos com ligações de baixa tensão
do quarto estômago de ruminantes o leite, até mesmo a enzima bromelina ou muito fracas, com consequentes
como, por exemplo, o coalho bovino. ou papaína, extraídas respectivamente perdas de sólidos para o soro da
Neste extrato animal existem duas do abacaxi e do mamão. Porém, atual- fabricação, em outras palavras, com
principais enzimas: a quimosina e a mente, o critério empregado para redução do rendimento.
pepsina, que alteram seu percentual escolha de um coalho FIGURA 1 - PRIMEIRA FASE DA COAGULAÇÃO
conforme a idade do animal (quanto ou coagulante não fica ENZIMÁTINA DO LEITE
mais avançada a idade, menor o restrito apenas ao
conteúdo de quimosina). Por outro fato de coagular o lei-
lado, a denominação coagulante fica te, parâmetros como
direcionada a todas as enzimas utili- rendimento econô-
zadas na coagulação do leite obtidas mico na fabricação,
por meio diferente do coalho (quarto valor obtido do soro,
estômago de ruminantes) como, por durabilidade do quei-
exemplo, os coagulantes vegetais e jo, formação de sabor
microbianos. amargo no produ-
Historicamente, foi apenas em to final, certificação
1874 que um bioquímico dinamarquês Kosher e Halal são
chamado Christian Ditlev A. Hansen fundamentais para
conseguiu padronizar a qualidade esta decisão.
ENZIMAS DA DANISCO
NA FERMENTAÇÃO
Introdução de enzimas torna-se necessário para ser afetado negativamente por uma
possibilitar a utilização eficiente de uma série de fatores, tais como: polissacarí-
O processo para produção de cer- ampla linha de adjuntos, bem como para deos não amiláceos, com elevado peso
veja depende de enzimas. As enzimas produzir cervejas com atributos espe- molecular, que dificultam a separação
do malte (cevada maltada) catalisam a cíficos, como cervejas com alto grau de do mosto; amido granular pequeno,
hidrólise de lipídios, proteínas, amido e atenuação, ou light. que pode não se gelatinizar em tem-
das paredes celulares do endosperma, A Danisco oferece um portfólio de peraturas normais de sacarificação,
durante a maceração. enzimas inovadoras, que permitem aos de maceração e proteólise incompleta,
A cevada maltada é a fonte tradicio- fabricantes de cerveja do mundo inteiro possivelmente resultando em baixo teor
nal de enzimas para fermentação. No en- desenvolverem e manterem processos de nitrogênio a-amino, etc.
tanto, os fabricantes de cerveja frequen- eficientes, com alta produtividade e Para se obter o máximo de extrato
temente precisam trabalhar com maltes qualidade, considerando-se as variações nos casos em que altos níveis de adjun-
de qualidade inferior à tos são utilizados,
ideal. Isso pode trazer os fabricantes de
dificuldades, tais como cerveja podem
rendimento reduzido de adicionar um
extrato, má separação blend equivalen-
do mosto, fermentação te ao malte de
lenta ou incompleta, a-amilase, b-glu-
difícil filtração, além canase e protea-
de uma cerveja inferior, se, diretamente
em termos de sabor e no tanque de ma-
estabilidade. ceração. Essas
Para se atingir um atividades enzi-
desempenho consisten- máticas devem
te e eficiente para a ser utilizadas
cervejaria, enzimas exó- em condição que
genas podem ser utiliza- possa incluir uma
das para complementar etapa de proteó-
as enzimas do malte e, em alguns casos, das matérias-primas locais. As soluções lise a 45°C a 55°C, seguida por uma ou
proporcionar atividades adicionais, que Danisco para cervejaria asseguram duas etapas de sacarificação a 60°C a
não estejam essencialmente presentes melhoria de extrato, liquefação dos ad- 72°C e uma etapa final a 74°C a 78°C.
no malte. juntos, separação do mosto, fermentação O tempo e as temperaturas são de
Uma outra forma para se obter a eficiente, filtração da cerveja, estabili- importância crítica, especialmente para
redução de custos e possibilitar a produ- zação e produção de cervejas especiais. a proteólise e as etapas finais. Tempo
ção de grandes volumes é a utilização de insuficiente ou temperaturas excessi-
adjuntos. Trata-se de carboidratos usa- Maceração vamente altas durante a proteólise re-
dos como fonte adicional de substrato O grande desafio da indústria cerve- sultam em uma quebra incompleta das
para a fermentação. Alguns exemplos jeira é a busca contínua por alta produti- proteínas e da matriz de b-glucano que
de adjuntos mais utilizados na cervejaria vidade, ou seja: trabalhar com grandes envolve os grânulos de amido, reduzindo
são: cevada não maltada, trigo, milho, volumes, maximizar o rendimento de assim a quantidade de amido disponível
sorgo, arroz, açúcares e xaropes. extrato e minimizar o tempo de filtração, para a conversão, resultando em baixo
Entretanto, como os adjuntos não sem perder qualidade. rendimento de extrato. Se a tempera-
contêm enzimas como o malte, o uso O bom desempenho produtivo pode tura for muito baixa nas etapas finais, o
Composição do amido:
Amilose (linear 1-4):b) Amilopectina (ramificada 1-4 e 1-6)