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1. 05 TEMPOS PREASTORIGOS £.pexiopo PaLgOLico NGA F RATURALISNO ‘A Icnda ‘da Idade dé Outro € thulto antiga, Nao conhece- mos examen qual 4 faa ioclologica da venerago pelo passado aver tenn raze a soldaledade tba familiar, Du no enpenho ds casts palepagas cm sear sews pv legos na herediasiedade, Sj, porém, qual for arazio, ose fimento de gue o que € antigo deve sr melnor anda € 120 forte, que os histradores da arte ¢ os arqueSlogos nfo re ta dante ca aseaao hit quando tema prove que Sotto attic que mas op srl também o mas apo. Al {guns delaram estar aarte beads em prncipon eames founas a ctleato¢ lealeacto da vida; cutee, que Seba 'seia na reprodugio ¢ preservacao da existéncia natural das cot- Sos consttaindo is ang evident ce aida aia Squad vejam aa are ui melo de domina ¢subjugar a Felidae, ou 3 vireniem como um instumento ge submis So 3 natura in ours paras, de acordo com suas. com Cepstes partes avout ¢conservados, omer propetias, atm revetenclm como sa primis = formas de ane geomtrcamente ocnamental ots formas de caprcilo nataralsicamente mleavas. Os monmentes de She pimiiva que chegaran sf 6x mere, por, emi teita motto Gara com fren crescent a mda que a pee chiseavanga, queso naturalism fiz ja revndkcago de pro fidade, pelo que se orna cada vex mas fl ustentar ato- fia do primed dena ate asad da vida e da natura? 2 Hct Socata ants ‘Oaspecto mais notével, porém, no tocante a0 naturalisme _Pré-historico nio é ser este mais antigo que o estilo geomet co, € sim 0 fato de [a revelar todas as fases tpicas de desen vvolvimento por que passou a arte em tempos modernos, n20 constituindo, em nenbum sentido, um fendmeno meramente Instintivo, esttico ehisi6rico, como o declararam ser os ers ditos obcecados com a arte geoméisica e rigorosamente for mal, & uma are ave, a partir de uma fidelidade lineat a nats reza, na qual as formas individuals ainda sto moldadas rigida «laboriosamente,avanga para uma técnica mais él ebrthante, ‘quasc impressionista. £ um processo que mostra a compecen. slo crescente de como dar & impressto Optica final uma for sma cada vex.mais plctérla, instantanea e aparentemente es ppontanea, A exatidio do desenho atinge tal nivel de virtwosis: ‘mo, que torna possivel dominarattudes aspectos cada vez mais dificeis, movimentos ¢ gestos cada vex mais fugazes, es ‘corcos € intersecbes cada vez mals audaciosos. Esse naturals ‘mo nao 6, entretanto, uma formula fxa ¢esticlondeia; const tui, antes, uma forma viva ¢ camblante, que aborda a trad ‘gio da realidade com os mais variados meios de expressdo ¢ ‘cumpre sua tarefa com maior ou menor pericla. O estado in- discriminadamente instintive da natureza fol Ind muito ultra. ‘passado, mas fala ainda percorter um longo éaminho para se atingir aquele estado de cultuéa emt que slo eciadas a formu Jas artsticas rigidas Ficamos ainda mals perplexds en face do que provavielme’ te mus estranho fendmeno de toda a historia da ate, por {quanto no existe qualquer paralelismo entre essa arte pré- histécica © a arté infantil ou'a atte da maiosia das mais recen- ‘es ragas primitvas. Os desenhos das eriangas € a produgso “antstica dos pos primitives contemporineos sio racionals tas, no senisotias: mostram o que a csianga e o artista primis vo conhecem nao 0 que realmente véem; fornecem tma ima- ‘gem teoricamente sintética; ndo opticamente orglnica, do ob: Jeto. Combinam a visio frontal com a lateral ou com a de ct ‘ma, nada senddo omitido do que consideram digno de ser co ‘nhecido a respelto do objeto representado; aumentam 2 scala ddo.quec€ biol6gieae praticamente importante, mas desprezamn (Temps Présisisricos 3 tudo, por mais impressionante que seja em si mesmo, que no desempenke papel dreto no context do objeto. A caracte ristca peculiar dos desentos naturalistas do paleotitico €, por outro lado, 2 de nos darem a impressto visual numa forma tao pura edireta livre de todos os arranjos ou restrigbes intelec tual, que teremos de esperar pelo impressionismo moderno para encontrar qualsquer paralelos na arte subseqiente. Des ‘cobrimos estucas de movimento que ja nos lembram os mo ddesnos instantineos fotogrificos; nada de semelhante volta ‘mos a encontsarat€ chegarmos 4 pintura de um Degas ou de ‘um Towlouse-Lautzec, pelo que, para oolhar nao educado pe lo impressionism, devem tais manifestagoes artisticas pare ‘cer algo pessimamente desenhado ¢ ininteligivel. Os pintores do paleolitico ainda eram capazes de encontrar a olto mu de> licados matizes que o homem maderno s6 consegue desco bir com a ajuda de complicados instrumentos clentificos. Tal capacidade, entretanto, {4 tinha desaparecido no neolitico, ‘quando a percepglo dizeta de sensagoes fol substiculda, emt certa medida, pela inflexiblidade e estabilidade do concep: ‘ualismo, Maso artista paleolitco ainda pinta 0 que realmente v¥é,¢ nada mals do que pode captar num momento determi- rado e numa petspectiva bem definida do objeto. Ainda na0 sabe macs acerca da heterogencidade Optica dos varios clemen* tos da pintura e dos métodos racionalistas de composicao, ca ractristicas estiisticas com que estamos to famliarzados nos desenios ds crlancas e na arte des povos primitivos, nem co ‘nhece a técnica de composicdo de um rostoa partir da slhue. ‘em perfil e dos olhos en face. Ao que parece a ate paleoliti- cca atingiu, sem qualquer obsticulo, a unidade de percepcio visual $6 conseguida pela arte moderra apée um século de con- ‘wovérsias; certamente melhorou seus métodos, mas to 0s mo- dificou, ¢ 0 dualismo do visivel edo invisivel, do que € visto ‘edo que é meramente conhecido, permanece-he absotutamen- te estranho. (Qual 2 raato. 0 propésito que servirlam de estelo para es: ‘5a atc? Era ela expressio de-uma alegria de viver que insistia ‘em ser registrada e repetida? Oy a satisfacio do instinto I= 0 edo deleite no embelezamento — do impulso para cobrit 4 ‘itiria Social da Arte superticies vazias com linhas € formas, Figuras e o:amentos? Seria 0 fruto do écio ou teria algum objetivo pratico bem de fnido? Devemos olléla como um brinquedo ou como uma ferramenta, um narcético eum huxo ou uma atma na luta pela subsistencia? Sabemos que era a arte dos cagadores primit- vos, homens que viviam num nivel econdmico improduciva ¢ parsstirio, tendo de coletar ov capturar seu alimento em ‘yex-de produzilo cles préprios; homens que, segundo tudo leva a crer,zinda viviam no estigio do individvalismo primi: tivo, de acordo cam padrSes soclals instivels, quase inteira ‘mente desorganizacos, em pequenas hordas isoladas, que nio acredicavam em deuses nem na existencia de um mundo ¢ de uma vida para além da morte. Nessa época de vida puramente pritica, tudo gravitava, como € obvlo, em torno da mera sub- sisténcia, e nada justia, portanto, supormas que 2 arte ser- ‘via a qualquer outro propésito que nao fosse o de constiuit lum meio para a obtengao de alimentos. Todas as indicagdes apontam, mais exatamente, para 0 fato de que se tatava do instrumento de wma técnica mégica e, como ta, tinh uma fun: (lo inteiramente pragmatica que visavaalcangat objetivo eco- ‘nOmicos diretos. Essa magia nada tina de comum com aqui- Jo que entendemos por religito; nao se conheciam oracées, no se reverenciavam poténcias sagradas, nem havia qualquer especie de f€ peta qual se estabelecesse conexio com sereses- pirituais de outro mundo; nao preenchia, portanto, os requ sitos.do que tem sido descrito.como a condicao-minima de ‘uma religiZo autentica?. Era'uma téenica sem mistéti, um procedlimento prosaico, aaplicagio objetiva de mérodos que tinham tio pouco 4 ver com-0 mistcismo 00-0 esorerismo, (quanto armar ratoeiras,acubar um terreno ou tomar um re ‘médio, As pinturas fuziam parte do aparato técnico dessa ma ‘ga; eram 2 “zrmadilha” onde a caga tinha de cair, ou melhor, ‘eram 2 armadilha com 0 animal fé caprarado — pois o dese’ -nho era, a0 mesmo tempo, 2 representagio e a coisa repre sentada, 0 descjo ea realizagdo do desejo. O cacador ¢ pintor ‘mocraca esocialismo 0 que, precisamente, menos Ihe corres: pone. Em itima andlise, no existe qualquer relagio direta entre “planificagio" soclale atitica, Planiicaco como ex: clusio da competicio livre e nio-regulamentada no campo eco: ‘AOmico, e planificaso como execucio rigorosamente disci plinada de um plano artstco, claborado em infimos detalhcs, podem; quando muito, sercolocadas num relacionamento me- {afGrico reefproco; em si mesmas, representam dois principios absolutamente diferentes; e € perfeitamente concebivel que ‘numa economia ¢ numa sociedade planificadas se situe em pri ‘meio plano uma arte formalmente individualista,plena de va- edade.e improvisagio. fife! que haja maior perigo para sa interpretacio socioldgica das estruturas culturais do que tais ‘equivocos, e nada mais fill do que ser vitima deles. Pois na da existe de mais fil do que construit conexdes impressio. nantes entre.os virios estilos de arte 0s pad:bes socials pre- ddominantes em qualquer época dada, conexBes essas que se baseiam em puras meciforas; ¢ nada hd de mals tentador do que fazer alarde de t30 audaciosas analogias, Nada mais S80, porém, do que ratociras ftals para a verdade, semelhantes 25 ilusbes enumeradas por Bacon, ¢ que poderiam perfeitamen- te ser incluidas em sua'lista de adverténcias-como idola ae- ‘qutvocations. (0 Tompos Pré-tistrios 19 ‘A ARTE COMO PROFISSKO # OFICIO DOMESTIC Os eriadores dos desenhos paleoliticos de animats cram, ‘a0 que tudo leva a cre, cagadores"profissionals” — pode-se DPrestumi isso com certeza quase absoluta a partir de seu co- shecimento intimo de animais — e € improvavel que, como, ‘arisas” (ov como quer que fossem chamados), estivessem, ‘sentos da obrigacio de prover alimentos”. Entretanto, cer {08 indicios indica defintivamente que jf nha ocorrido al ‘una diferenciagao vocacional — embora apenas, talvez, nesse ‘campo particula, Se, coma supomos, a representacio de ani ‘mais servi de fato para fins de magia, entdo dificlmente se pode duvidar de que as pessoas capazes de produzit tis obras, também fossem olhudas como dotadas de poderes migicos, «eveneradas como tals — umn status que acartetava certos pri- vilegios , pelo menos, uma parcial isengio das obrigagtes co tiianas, Diga-se de passagem que a wenica elaborada e refi ‘nada das pinturas paleolticas também atesta que essas obras ‘cram executadas nlo por diletantes, mas por especialisas tre nnados que consummiram parte considervel de sua vida apren- endo e-praticando arte, e que ji. constituiam uma classe pco- fissional. Os muitos “esbogos", "apontamentos" ¢ “desenhos de alunos” corrigides, que foram descobertos juntamente com Coutras pinturas remanescentes, toxnam até bastante provivel a hipétese da existencia de uma aividade educativa Funcio- funde, com eseols, professores, tendéncias e wadigbes lo ‘ais. O artstz-mago, portanto, parece ter sido 0 primeizo re- pesentante da especalzacio ¢ da visto de trabalho. De qual ‘quer modo, sobrestal da massa indiferenclada, a par do fet ceiro proprlamente dito € do curandeiro, como o primeira ™profissionsl” Como passuldor de dotes especiais, € também ‘© precursor da classe sacerdotal propriamente dita, qual re ‘indica ulteriormente ser detentora nao s6 de aptidbes ¢ co abecimentos excepcionais, mas também de uma espécie de ccarisma que a isenta de todo 0 trabalho ordindrio, Mas mes ‘moa iengio parcal de uma classe da tarefa de obteralimen: to é evidéncia.de condigies comparativamente avancadas; 20 Misra Socal da Arte significa que essa sociedade jd pode suportat o luxo de espe: Cialistas. No que diz respeito aquelas condigoes em que o ho- mem depende ainda da procura ditia de alimentos, @ dott na da produtividade artistica da riqueza € perfeitamente val dla; nessa etapa do desenvolvimento, a existéneta de obras de arte 6 de fto, sinal de uma certa abundant dos ineios de subsistencia e dé uma relativa Uberdade da ansiedacte gerad pela busca dealimento, Tal douttina, poréaa, ado pode ser api ‘cada sem algumas restricdes a saciedades mais altamente de- senvolvidas, pois, admitindo-se mesmo que o prprio fato de ser possivel exisércia de pintotes ¢ escultores ja sugeré um ‘certo gra de abundancia material que prepara a sociedad para repatti seus bens com esses especialistas "improdutivos”, essa

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