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ATUALIDADE ' THEODORE W. SCHULTZ da Universidade de Chicago : O VALOR ECONOMICO DA EDUCACAO | w ' ue Tradugao de g x P. S, Wenweck eS ' <5 3 os 38 8 a3 x Revistio técnica de Ge Cavoceeas A. PASUADA ' og 1 5 | $ \ 6 a ve ZAHAR EDITORES RIO DE JANEIRO [io09 3 As duas outras monografias da série sio: The Economics of Welfare Policies, de autoria da Dr." Margaret S. Gordon, da Universidade da Califérnia (Berkeley) e The Economics of Health, pelo Professor Herbert Klarmaa, da Universidade Johns Hopkins. Os trés autores tiveram liberdade para desenvolver 4 5 e interpretar os elementos dos temas que escolheram, segundo critérios préprios; scepinibes-emitides So, Obviamente, de suas \ | __spkesponsabilidades, “A Fundagdo Ford expressa-Thes 0 seu rect ‘hecimento pelo tempo e carinho que devotaram a esta impor- : tante tarefa. PREFACIO Henry H. VILLARD — Diretor Programa de Desenvolvimento Econémico ¢ Administragao Hi_um vital interésse, em répi I Junho de 1963 i Cidade de Nova York Trata-se de um campo ndvo,,considerando-se que, di } Versos estudos recentes stio baseados ci nova perspectiva, Bstes | i { estudos suscitaram, também, algumas questées qué ainda. uo | Ii foram esclarecidas. Sabendo disso, aceitei, com apreetsic, 0 | | | convite de Victor R. Fuchs para elaborar éste ensaio., Minha ® tarcfa, de maneira alguma, se tornou menos dificil, em face dos i progressos aleancados nesse campo, desde que iniciei éste en~ saio. Uma parcela de importantes’ estudos tornou-se dispont- vel; um diltivio de conferéncias, sobre Economia e Educagao, 3 Aquéles que melhor se ajustam 20s propésitos déste ensaio sio os estudos divulzados pelo Suplemento: “Investment in Human Beings”, Journal of Political Economy, 70 (outubro, 1962). Este Suplements {oj patrocinado e financiado pela Agencia Nacional de Pesquisa Eco- admica e exemplares podem ser obtidos, a US$ 1,25, na ANPE. O livro de Fritz Machlup: The Production and Distribution of Knowledge in the United Staies, Fditéra da Universidade de Princeton, 1962, US$ 7,50, foi publicado no final de 1962. SObre Gle escrevi uma critica que apa- rece na American Economic Review. O estudo de Gary 8. Bocker: Investment in Education, acha-se terminado, Ele esté sendo divulgado ‘como uma anélise da Agencia Nacional de Pesquisa EconOmica. Tive © privilégio de ler o rascunho integral déste excelente estudo, No momento em que esctevo, a publicagio de Lee R. Marlin: “Research Needed on the Contribution of Human, Social and Community Capital to Economic Growth", Journal of Farm Economics, 45 (fevereito, 1963), acaba de vir atime, i \ é 9 foi desencadeado;* e um vivo debate se desenrolou em algumas das fundamentais publicagées. O meu préprio interésse por éste assunto surgiu no correr de. 1956-57 quando eu era membro do Centro de Estudos Avan- sados das Ciéncias do Comportamento. Sentia-me perplex ante 0 fato de que os conceitos por mim utilizados, para ava- liar Capital ¢ Trabalho, estavam-se revelando inadequados pai explicar os aeréscimos que vinham ocorrendo na producio, ‘Durante o ano de minha permanéneia no Centro, comecei a ‘perceber que os fat6res essenciais da produgio, que eu identi: ficava como capital ¢ trabalho, néo eram imutdveis: softiam ul processo de aperfeigoamento, o que no era devidamente apt iado, segundo a minba conceituagio de Capital ¢ Traball ‘¢ f Tenho consciéneia de que um ensaio sdbre o valor econd- ico da educacho parecer presungoso a muitos académicos e a alguns economistas. Os que superestimam a insteugdo, abran- gendo a maioria dos que sio parte da instituigdo educacional, 2 A OECD realizou uma conferénein, em Washington, D. C., em outubro us 1961, wore “Creseimento. Econbmizo e-investiment® ‘na Educagio", A UNESCO, associnda a ovtras aséncias infernacionis, no ‘encontto de Santiago, Chile. da-roarca de-1962 dedieatse a "Eduenceo e'ipaseuvobitiento, Econdsiieo na Amérien Latina”. © sttoio “ée ‘Acricola, da, Universidade do Estado da Carolina do Norte, © © Contsine, de icusasio ‘Regional do Sul, reaizecam uma conterercis Shordando, “Necessdades Bueacionns para Desenvolvimento. do Su tm Asheville, Carolina do Norte, em Julho de 1962, 0 Consetho d Pesquisa de Ciéncas Socais patrociaod uma conferéncia sObre. "Edi. cagio ¢ Desenvolvimento Eeondmico”, nav Universidade. de Chiceeo, fm abril de 1963. A OFCD. retornou a tse campo, através de tim Grupo do" Estudo. da. Beonomia ea, Edueagto que, no. snconiro ‘de Paris; em malo de 1963, dedicowse 20 "Fator Residual e Crescimento Eeonbaico™. ‘No final de agOsto e infio de setembro de 1963, Asso- ago Eeondorien Tntemnacionalrealizou uma conferénsia, em, Menthon St"Bernard, Lae Annecy, France, sobre "A. Economia da, Edvcagao™ angs® Ati For ci, yer excuvamene fina el andagio ord esssim, inifcaménts, sou agradecido ® Fundagto pela Frneroia acolhida gue me fol dspensida naquele ano, Meu reconheci mento a Ralph ‘Tyler, dielor-do Centro, € profando e sincero. 10 estéo propensos a considerar uma tentativa désse género como uma intromisso que apenas servird para desvirtuar os. prop sitos culturais da educagio. (No ponto de vista déles,)a educ: do foge as injungdes econdmicas, uma vez que éles considerat a educacio muito mais que uma operacio contabil. Falar instrugo como de um investimento é insinuar que se trata d algo material. O conceito de “eficiéncia” representa uma ba deira vermelha para a maioria dos cfreulos educacionais e, mui- tas_vézes, com sélidas razGes, quando esté implicito que umy perito em eficiéncia, do comércio ou de uma fundagéo, esta habilitado a analisar tanto 0 ensino como a aprendizagem. ~ Mas nfo me julgo atingido por essa implicacdo, uma vez que pouco tenho a dizer com relacdo “eficitncia” aplicada a0 ensino, Tomar-se-& claro, em prosseguimento, que cxiste outras importantes questées econdmicas, relacionadas com instrugdo, que me proponho investigar. Quando ésses probl mas forem esclarecidos, estou certo de que as apreensdes, ent ‘8 estudiosos, serdo aliviadas. Tornar-se-4 claro, também, qui existem importantes aspectos da educago que nao tém sid devidamente considerados e que, no entanto, reforgam, subs tancialmente, 0 valor tradicionalmente atribuido & instrugtio a pesquisa na universidade, O debate que se acha em curso, focalizando eventos nesse terreno, tem sido, freqtientemente, desvirtuado. Isto ocorre, com relago ao debate, quanto a0 grande “resfduo” no cresci- mento econémico, de hé muito ultrapassado. “O ponto critic a ser esclarecido, nesta correlagao, ndo se restringe, exclusiva mente, ao valor econémico da educacio. «Caso se trate de u residuo, realmente, como tem sido, em geral, considerado, neste debate, impie-se, & Sbvio, a seguinte pergunta: “Qual o fun mento I6gico para se atribuir tal residuo a determinado fator’ Mas, se o residuo observado é, predominantemente, uma decor: réncia da qualificaco e avaliagdo da contribuicao dos fatére: de produgao (input), bem como do resultado desta contribu cio (output), entio a pergunta deveria ser: “Que esti send: omitido, quanto & estruturacao do crescimento, de forma “atribuit”, a um “residuo”, tio grande parcela do aumento di produgio?” E minha convicg&o que tais omissdes sto tho reais quo importantes. Muitos economistas vém realizando um jOgo, denomina: émico, que os tem levado, cada vez mais, nH GANPHOLLEAD) Tanto o trabalho quanto o capital corrente torf naram-se, essencialmente, sem substincia e, désse modo, nag constituiria sumprésa que ésse jOgo nfo conseguisse explicar o crescimento, Néo obstante, alcangou éxito na eliminagio dos acréscimos na esséncia produtiva dos reais fat6res de producdo, responsdveis por grande parte do nosso crescimento nas iiltimas cécadss. O que est ocorrendo, na economia, é que uma orde- nag. de novos fatdres de produgdo vem sendo introduzida; a qualidade dos antigos fatOres esti sendo apericigonda; ¢ 0 j6g0 do crescimento tem-se limitado a dissimular os servigos produtivos adicionais dessas fontes, como suposta “transforma- cio tecnolégica”. “Allimplicagio) Gaueyopgrandeststesiduo”s Gp simplesmente, um desvio do critério analftico, que a maforia economistas vem utilizando. Para corrigir ésse desvio, ser uc= cessdrio desenvolver um conceito integrado dos fatores de pro- dugo, abrangendo a produtividade econdmica da educacio. No presente debate tem surgido outro tipo de problema, igualmente desvirtuado. Seja-me permitido enunciar essa ques- to: “Sera legitimo estender © conceito de capitat ao homemy especificamente, para abranger as habilidades © conhecimeryy” adquiridos pelo agente Immano € que elevam a sua produte! dade econdmica? Dificilmente um economista suscitaria tal i vida, uma vez que, em Economia, reconhece-se, de longo ty) Po; que 0 povo representa um elemento importante da prospe- ridade das nagdes. filésofo-economista Adam Smith, auda- ciosamente, considerava, como parte do capital, todas as habili- dades adquiridas e utilizaveis de todos os habitantes de um pals, © aprescntava.ates6lidaserazGes. per que assim procedia’ H, von Thunen, entre outros, esposava também, claramente, essa ‘Conclusio) Hi mais de meio século, Erving Fisher Jangou o fun- damento analiticu de um conceito integrado do capital, abrat gendo tanto o homem como os elementos materiais. {nfeliz- mente, porém, o conceito de capital, de Fisher, foi menospre- zado por muito tempo. @(COnteiriarientelaisioetiondescapitall Oriot-seyleadaliveZimnais, associada a bens — bens reproduz. veis. Certamente, uma das mais fortes raz6es que justificam fl crenga popular, amplamente aceita, de que a Economia é mate tialista, € a escravizag&o de alguns economistas a um_conccitd_ unilateral do capital,.resirito.aosbensmateriais.. A recusa em considerar as babilidades adquiridas pelo homem (habilidades que ampliam a produtividade econdmica désse homem) como R uma forma de capital, como bens produzidos da produgio; como resultado de um investimento, tem estimulado 0, conceito. . Testritivo, patentomente errOneo, de que o, trabalho prescinde capital ¢ de que sdmente importa o numero de homens-hora.”: Mas, conforme j4 tive oportunidade, de acentuat, 8 teabillaidos * res vém-se tornando capitalistas, no sentido de que tém. ido mmuito conhecimento © diversas habilidades que represen Valor econémico. Nesta correlacto, impde-se, evidentémgitte, um conceito integrado de capital. * Bote ensaio $ flittdainientaymaypreposigao segundo a qual fag pessoas valorizam as suas capacidades, quer como prc lores, quer como consumidores, pelo auto-investimento, ¢ oe ‘Que @ instrugio é © maior investimento no capital humand* Esta ‘Conceituagdo implica que a maioria das habilitagdes econdmicas, das pessoas, ndo vem do bergo, ou da fase em que as criangas iniciam a. sua instruct, distas inabilitagoes)jadquiridas\exercem ‘marcada influénoia. “Sa0 de modo a alterar, radicalmente, os padres correntes- do acumulacto-de poupancas ¢ da formagdo do capitals que se esteja operando. Alteram, também, as estru- turas de pagamentos e salitios,”bem como os totais de ganhos decorrentes do trabalho relativo 20 montante do rendimento da ypropriedadé, Existem enraizadas confusées em t6rno do cres- ‘cimento econdmico e das alteragdes na estrutura de pagamentos ¢ salirios; e, outrossim, cm térno das mutacées na distribuigdo pessoal da renda; confus6es que podem ser devidamente escla~ recidas pela consideragao do investimento no capital humano. TOV valor econdmico da educacao depende, predominante- ‘mente, da procura ¢ da oferta da instrugio, considerada como’ tum investimento. Diversos estudos competitivos estéo sendo elaborados: focalizando os componentes ccondmicos da educa- Go, Embora os resultados estejam ainda sujeitos & revisio, a medida que os métodos de andlise e 08 dados se forem aperfei- soando, & recomendivel manté-los & disposigéo. Examinando tais resultados e os fundamentos em que assentam, espero escla- recer uma parte das questdes mais controvertidas que aguardam ulterior andlise econémica, O esclarecimento dessas questdes é © objetivo fundamental déste ensaio. “Poder-se-ia julgar que, pelo menos, o prego da instrugio seria conhecido. 0 modo pelo qual é computado no s6 torna dificil a sua determinacao, mas, 0 que ainda ¢ mais sério, aprecidvel parcela déste prego € seereta ¢, até muito recentemente, nada havia sido tentado 13 para identificar o seu montante ¢ a quem poderia ser atribufdo. Evidencia-se que, quando ésse preco devidamente considerado, os aspectos, sempre toldados, do cendtio educacional, tornam-se claros. Além disso, a determinacdo de custos assemelha-se ao per- passar de uma leve aragem em confronto com o vendaval que se deve enfrentar, logo que se busca uma resposta para a per- gunta: “Qual o valor da educacio?” No entanto, um real pro- gresso tem sido alcangado. Quando encarados como atributos econdmicos, os Iucros compdem-se de satisfagdes — um com- ponente do consumidor — ¢ de capacidades adquiridas — um componente do produtor. Agora, uma palavra sObre © que nao & mencionado neste ensaio: a participacto_de fundos publicos na educagio, que de- veria ser focalizada; mas deixou de set em razdo da profusa literatura existente, auto-explicativa e facilmente disponivel. Existe uma variedade de estudos, muito ttl, dos recursos huma- nos concentrados em elevados padrGes do potencial humano, exigidos pelo crescimento econdmico, e na procura ¢ provi- mento de habilidades especiais. Estes sto, também, omitidas pelas mesmas razGes, Embora a andlise econmica ofereca reais contribui¢Ses na procura de métodos para aprimorar a admi- nistragiio das escolas, éste setor da anélise esté, ainda, tfo obs- curo que nfo poderia ser, adequadamente, considerado nesta hora, ‘Nenhuma tentativa ¢ feita para considerar as implicag6es politicas do que & omitido ou para formular eriticas aos pa drées vigorantes relacionados com a educacio. Ao preparar éste ensaio, contraf muitas dividas de gratidao. Dissequei os primitivos rascunhos de Gary S. Becker, Edward F. Denison, Jacob Mincer ¢ Burton A. Weisbrod, agora divul- gados pelo Suplemento do Journal of Political Economy, sob 6 titulo: “Investment in Human Beings", Tive, também, o pri- vilégio de compulsar o estudo de Gary S. Becker, s6bre. Invest- ment in Education, ¢ bem assim os originais de W. Lee Hansen, sdbre “Total and Private Rates of Return to Investment in Schooling”, em rascunho, antes de estarem terminados. Mary Jean Bowman, Victor R. Fuchs ¢ W. Lee Hansen leram a mi- muta déste ensaio ¢ eu acolhi quase tddas as suas valiosas cr ticas. Sherwin 8. Rosen auxiliou-me no preparo da bibliogra- fia, Minha esposa, Esther Werth Schultz, ndo sdmente corrigia 05 erros, & medida que eu escrevia, como também me conven- I cia de que eu no estava sendo suficientemente claro em muitos pontos, Sinto-me, também, reconhecido a Josephine Guemple, por sua infinddvel paciéneia e perfeicao em datilografer 0 manus ctito. No decorrer dos iiltimos trés anos, no prosseguimento dos ‘meus estudos neste campo, recebi genetosos donativos do “Fun- do para o Progresso da Edueacio”, da Fundacdo Ford, 0 que agradeco, reconhecidamente. ‘Tueopore W. Scuurrz Universidade de Chicago Junho — 1963 15 I — FATORES ECONOMICOS DA EDUCACAO © meu objetivo é trazer 20 setor educacional a colaboragio da anélise econémica. At hé pouco tempo, a julgar pelas reali- zagdes dos economistas, neste setor, poder-se-ia deduzir que os seus préstimos seriam de muito pouca valia no estudo da edu- cacao; ou, talvez, que 0 custo © o valor econémico dessa edu- cago’ no apresentariam a importancia necesséria para: justi cat uma atengao maior. fistfeaivas désse Gesintertse pela Economia da Educarg0 sf tspudadas no Weltanschawmng da época, acérea do qual exis tem algumas especulacdes (70 ¢ 191). * Depois de amadurecide estudo, poderé o economista sen~ tir-se relutante, quanto & matéria aqui em foco, pois, é éle, em geral, um educador e, como tal, consciente de que os seus interésses estio ligados & educacao, 0 que poderia suscitar di- vida quanto & sua imparcialidade. A educacdo est, intima- mente; ligada a cultura da comunidade em que o economista se acha integrado, o que cria, também, a presuncfo de que éle © Os niimeros dentro dos parénteses —e os que forem assim encontrados no decorrer desta obra — referem-se 2 Bibliogratia Sele- nada, as paginas 88 a 101, 16 nao pode ser integcelmente objetivo, Indubitavelmente, aqui hha mais riscos do que nas velhas especulagdes de longa data, cultivadas pelos economistas. Ao formular os problemas pertinentes & educagio ¢ a0 classificar os componentes 2 serem estudados, 0 economista é orientado pela tcora. Mas as teotias)— e a teorin econbmiea = faz oo — fate de existrem alguns atrbutce da educaco que podem ser analisados pela Economia nao significa que éles sejam necessa- riamente importantes. Também nio se deve considerar que se- jam sem importincia aquéles que a teoria econdmica “deixa de lado”. Certamente, as constatagdes que decorrem do trabalho dos economistas, neste campo, de nenhum modo absorvem téda a Historia da Educagdo, Alémdisso, éste fato nfo & incompa- tivel com a crenga de que 0 conhecimento econdmico, no que iz respeito A educagio, é tio real quo relevante em criar de- cisdes particulares e oficiais, atinentes 2 essa educagio, _ +/ Quais so, portanto, os problemas que devem ser conside- rados quando se analisa a Economia da Educacdo? Como devem ser classificados os componentes da educagio? De modo geral, muito pouca atencZo tem sido dispensada a esta matéria, a j gar pela atitude de alguns economistas. Tem havido o habito de formular teorias, sem muita preocupagao de verificar se 0 problema, a que uma dada concepco, paderia servir de solucdo, tem realmente importancia e, também, sem o suficiente cul- dado quanto a sua exeqiiibilidade ante 0 confronto com o mun- do real. Existe sempre a tentag3o de abordarmos, imediatamente, 0 problema de maior importincia, no tocante a distribuigdo de Fecursos, Em outros lermos: qufo eficientes temos sido, em nossa decis6es, particulares c oficiais, com referéncia a dis- tribuigdo de recursos destinados 4 educagio? Para um pafs ‘coasciente de sua responsabilidade, a resposta implicaria dis- Pensar a educacio um tratamento altamente prior duzir” o referido flux. Neste nivel a de priotidade, contudo, é dificilimo assegurar uma colaboragio per- manente da andlise econémica € nfo perder o contato com as r | caracteristicas econdmicas substantivas do custo dos componen- tes ¢, especialmente, com os valdres da instrugdo, Para a maio- ria das pessoas, a distribuigio de recursos, considerada de ma- neira tio ampla, poderé parecer inteiramente aconselhével. Sébre os problemas pertinentes & educacio, julgo mais indicado iniciar com os de menor amplitude a fim de nos ater- ‘mos a eventos que sejam mais equaciondveis, analiticamente, na ||presente etapa de nosso conhecimento. Pesquisas relativas a ésses eventos nos estardo fornecendo os elementos essenciais de conhecimento, que permitirio, & medida que avancarmos, nos ocuparmos dos mais complexos problemas. Como anélise final, entretanto, sera necesséirio retornarmos a uma concep¢io integrada de distribuigao de recursos. , Que Significa Educagéio? é fécil fiemar um conceito tanto sobre educacZo quanto sdbre libérdade. A dificuldade em definir a educagio decorre das conotagdes que cla possa suscitar, o que depende, prepon- derantemente, da cultura especifica em que esta educagao se deratements da cure, pei cm, cx, Shusiiads da comunidade a que serve e, em decorréncia, o conceito de educagao difere de uma comunidade para outra.” O que a edu- cagio tem como constante, em que pése fi caracterizagio empres- tada por essas peculiaridades culturais, é o “ensino” ¢ o “apren- dlzndo", Assim, edusarsnenlias snioloe gape ‘por meio ————f fim, significa exercitar, disci= jades, como,_por exemplo, apetfeigoat ‘agao ou proceso de atingir um ou; mais déstes objetivos é, em primeira aproximagio, o que se pode| entender por educacio. Para alguns efeitos, “instrueiio” ¢ “educagao” sio expres- sées equivalentes, mas, para outros, faz-se mister um conceito que represente as atividades que constituem parte integral do ensino ¢ aprendizado de estudantes, assim. como tia acepgio para significar fungdes peculiares da instituicld educacional Sempre que se tornar nécessétia esta diferericiacao, usarei ins- 18 | trugdo para 0 primeira conceito ¢ educagio para o segundo: Mais adiante, neste ensaio, farei mengGo a um “‘ano de instri- so”, como primeira aproximago da parcela de instrusio ofga- nizada que uma pessoa reccbeu. Ist ducacionalexlé empenhada em cial do objetivo de A pesquisa, contorme ja Toi mencionado, e uma dus fungdes| tradicionais das instituigdes educacionais. Nao tio evidente, po- rém importante, é a descoberta € 0 cultivo do talento poten- cial. Existem o recrutamento especial ¢ a instrugao dos mestres, acentuados por sutil doutrinamento em favor das compensagées morals do magistério. Assim, ainda que instrugio educacao sejam, na maioria das vézes, expressdes equivalentes, seré ne~ cessério, neste ensaio, fazer distingdo entre elas. Recomendo que a educagio seja_considerada como um conjunto especializado de atividades: algumas das quais orga-) nizadas, conforme se apresentam nas escolas, © outras essen- cialmente desorgenizadas, segundo ocorre com a educacio fa~ A classificagao de Machlup (212) é esclarecedora. Ele considera a educacéo como uma atividade que gera conheci- mentos e, em decorréncia, prossegue classificando essa edu- cago segundo o que se realiza: no lar; na igteja; no servico rilitar; nas emprésas, constante de instrucdo pratica; e nas de longa duragdo. A dificuldade maior, — no entanto, decorre do fato de que muitas despesas educacio- hais apresentam as caracteristicas de um investimento numa ati Vidade produtiva, niio sendo correto, portanto, considerar esta’ Parte como consumo. Nao obstante, existe na educacag_tm fe propende para o consumo e merece isa Sempre que @ instrugdo elevar as futuras rendas dos estu- auenrmemoe um ioertentns Bu estimento no capital humano, sok iquiridas: na escola) Exis- tem numerosos investimentos no capital humano e as cifi4s tor- nam-se elevadas, Pode-se dizer, na verdade, que 2 capacidade produtiva do trabalho é, predominantemente, um meio de pro- dugdo produzido, Nés “produzimos”, assim, a n6s mesmos ¢, neste sentido, os “recursos humanos” so uma conseqiiéncia de, , investimentos entre os quais a instrucdo é da maior impor-““~ tincia, ae Em decorréncia poderia parecer que # ago analitica, em telagao ao total investido, ao acetvo déste capital, as rendas a A Professbra Margaret Reid examinou os gastos dos consumi= dores urbanos patticulares, © suas estimativas preliminares tendem a se concentrar em t6rno de 2,0 para a varia¢io da renda da procura de eucagdo, conforme revelam €stes gastos paticolares com ‘a edu cago, as éle atribuidas ¢ & taxa de lucro do investimento na instrucd0, esté no rumo certo. Mas as aparéncias si0 enganosas. Con- forme Becker acentuou, a reconhecida teoria do investimento necesita ser, substancialmente, reformulada de maneira a in- de investimento humano (29).

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