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Estado, Politicas Agricolas e Representacdo de Classes na Era Vargas: O Mistério da Agricultura State, agricultural policies and class representation in the Vargas’ era: the Ministry of Agriculture Carmen Margarida Oliveira Alveal’ Resumo © trabalho discute 2 importinda do papel exercido pelo Ministerio da Agricultura no 65-1730 para tomar a agricultura um instru mento do processo de industrializacto bras lea iniclado aera Vargas, No marco do pro- Tet braslleko de modemizacao, 0 novo Mi ristério da Agricultura tomou-se 0 agente nacional da politica agricola, centalirando © processo decssrio e estabelecendo uma nova sestio especlalizada da producdo exportivel contemplando 05 mals divers setores pro- dutivas agrcolas, ainda que igados a grupos de imeresse confves. Palawas chaves: Police agrcola/EstadavEra Vargas Introducéo ‘Abstract, The paper discusses the role ofthe Agriculture Ministry inthe post-1930 to turn agrculture Into a tool forthe Brazilian Incuswialization proces in the Beginning ofthe Vargas Period ‘The new Agriculture Ministry as the national agencof the agricultural policy, centalng the decision process and establishing 2 new specialized management of the exportable production, contemplating the various productive agriculture sectors, even when connected 10 conflict groups of interest, was 2 milestone in the Brazilian project of ‘modernization, Key words Agricultural poliy/State/ Vareas Period © objetivo deste artigo é mostrar a relevancia do papel exer- cido pelo Ministerio de Agricultura no periodo de 1930 a 1945, " Mestre pela UFR e doutoranda da Johns Hopkins University com bolsa da CAPES. quando a agricultura se projetou como um insirumento importante ‘no processo de industtializac3o deliberado no periodo, Com esse propésito, sic analisadas, por um lado, as continuidades e descontinuidades na acao do Ministerio de Agricultura no reordenamento politico-institucional da funcdo desempenhada por esta agéncia no recém- “empossado” governo. Por outro lado, ¢ evi- denciado o caréter nacional da politica agricola assumida pelo novo Ministério da Agricultura, no marco do projeto de modemizacao eco- némica liderado pelo governo de Vargas. A hipotese explorada € que a centralizacao do processo decis6rio definiu uma agenda de politicas agricolas que conduziram, por um lado, ao estabelecimento de uma gestdo especializada da producdo exportavel contemplando os mais diversos setores produti- vos agricolas, e, de outro, a0 aprofundamento do incentivo & produ- ‘cdo voltada para o mercado interno, Nesse sentido, o objeto de estu- do deste artigo é a organizacio burocratico-administrativa do Minis- tério da Agricultura e suas sucessivas reformas, salientando 0 papel dos novos érgao criados, em particular o Conselho Nacional de En- sino e Pesquisas Agronémicas, originado pelo decreto-lei n® 982 de 23 de dezembro de 1938. Hist6rico do Ministério de Agricultura Para introduzir a tematica ¢ proficuo discorrer sobre a atuacio, do Ministério da Agricultura na Replica Velha. © antigo Ministério da Agricultura, Industria e Comércio (MAIC) foi criado em 1909 ap0s forte articulacao e pressao de determinados grupos e entidades Civis frente a0 poder executivo, em particular ou reunidos em torno. Como exemplo central pode-se citar a Sociedade Nacional de Agri- cultura. A essa epoca, apesar de escassas dotagdes orcamentatias, 0 MAIC conseguiu atender as demandas dos grupos politicos?, funcio- * Acrpnizcio deste gripes politcos nauguata a constukzo de entdades cis detnindo sagas de a¢a0 que pessibitava a tericagae com es dciseres dos orpos publics com 2 Mnalidade de gant os Ineresses das clases emoldas nesta enidades civ €0 90 da Socedsde Naconsl de Agicuturacradaom 1007, porstepresentt 3 dase aces Fumes, notdesnae slit basa que teve grande impardncia na cacto do Minsttio ca Ace ‘ura Indstiae Comics mis ude, i criada a Sociedace Rural Basler, versio pauls da Socedade Nacomil de Actua, eatumente como respsta ao crescent poli da pt- meta nando como coadjuvante do desenvolvimento diversficador de inte resses no Brasil, através da representacdo dos iteresses dos produto- res agricolas de alguns estados do Nordeste, do estado do Rio de Janeiro e 0 do Rio Grande do Sul. © apoio dado pelo MAIC a esses produtores se materalizava noSsericos oferecidos pela agéncia, des- de a distibuicio a preco de custo de sementes selecionadas e de Insumos agricolas, até a assisténcia técnice-cieniffca aos agricultores, inclusive a difusd0 de informacdo e orientacio sécnica através de felhetos e lives. Os interesses desses produtores agticolas se entcontravam do lado oposto dos interesses do setor agro-exportador do estado de Sio Paulo, que tinha como seu expoente maximo a producio de café, sendo o seu principal instrumento de cepresentacdo no interior do Estado 0 poderoso Ministério da Fazenda, Dessa maneira, era saliente aimportancia do MAIC como “balanceador” de forcas antag6nicas ja na Primeira Repablica e a orientagao desta importante agéncia do Estado para ditimir os conflitos no seio da classe agricola? Arestruturacao do Ministério de Agricultura A chegada ao poder de um novo projeto fruto do movimento de outubro de 1930, iria,a médio prazo, reestruturar em alguns pon- tos 0 papel dessa agéncia de Estado, assim como odo proprio Estado esua acdo. Essa redefinic3o se caracterizow pela marcha acelerada da montagem do moderno Estado Nacional entre 1730 € 1945, no marco do projeto de industrializacao liderado pelo governo Vargas, que pioneiramente formulou ¢ implementou as politicas pablicas numa perspectiva nacional, Nesse sentido, foi necessario instaurar, segundo padiSes modemos* a unidade nacional, quebrar as “autonomias” es- taduais onde reinavam os clis oligarquicos regionais e imprimir cres- cente centralizasao administiativa e politica 8 construcao estatal bra~ 2 MENDONCA, Sona Repia de. Ruralis: Aqrictua, Pode Estado aa PieiraRepbliea Sio aul, Hicke, 1997-2 vols “puta d concetedemodero que ett sencoconsieraa consis se nua pbikiacdo {6 pipio Exado« 4 senda pableaconpotanto sree de dipostives que posite 2 asuncio real ca sberinianadoal, er eecordricosocal eum prieto de deere vinerio ais inc, q sileira, concentrando-se 0 processo decis6rio e de comando éa pol- tica econdmica e social no Executivo Federal Nesse objetivo, foi saliente o reordenamento juridico- iucional,no sentido de redefinire atualizar os contetidos do exer- cio da soberania nacional ¢ da autoridade publica sobre os recur 505 naturais estratégicos, sobre a constituigdo do modemo aparelho econdmico e do aparelho social, bem como sobre as instituigbes de ‘controle direto e indireto da sociedade. Enfim, para operar to vasto universal dominio da a¢30 politico-administratva, a criacao de uma maquina buroctatico-administrativa modema (intervencdo, regulacdo, controle) enfeixou essa reconstrucio do Estado. Assim, no ano de 1931 ocorreu a primeira reformulacao do quadro estatal no tocante a0 objeto deste estudo, O antigo MAIC foi dissolvido, sendo criados dois novos ministérios: © do Trabalho, In- distia e Comercio e 0 Minisério da Agricultura. Este altimo tornou- se uma agéncia especializada, atendendo, propriamente, aos assuntos da agriculura, Com essa nova orientacdo funcional, 0 novo ministé= rio da Agricultura incorporou novas e mais qualificadas funcSes. Dois, ‘anos apds sua posse como ministro da Agricultura, Juarer Tavora, um lider militar de fortes ligacoes com as ligarauias do Nordeste, pro- moveu a primeira reforma administrativa no Ministétio da Agriculcura (1934], quando se observou “um inicio de processo de progressiva tecnicizacdo da propria administracdo ministerial”, Criaramuse trés departamentos especializados ligados diretamente a0 minisiro: 0 De- partemento Nacional de Producdo Animal (DNPA), © Departamento ‘Nacional de Producéo Vegetal (DNPV) e 0 Departamento Nacional de Producéo Mineral (DNPM). Além destes departamentos, criaram- se outras diretorias estratégicast a implementacdo de convénios com os governs estaduals, cujos servicos tecnicos agricolas de am- bito regional teriam que adovar as diretrizes nacionais, configurando uma centralizacio da intervengdo federal. Nesse sentido, o ministro que o sucedeu no perfodo de 1934-1937, Odilon Braga, pode se [MENDONCA Sdn egna de, Estado Claes Ominante Agra no ral P30 (1930- 1945) Reatsto Ténico Parca, CNPa, fever 1997, * Eo caso da Dimtots de Orpinizacto Delesa da Podecie, da Dito de Estat dh ‘Preauco 6a Dvetona de Expeciene Conidae beneficiar de uma reforma que tendeu a centralizar 0 poder decisério acerca das politicas assim como os servicos criados de acordo com 0 seu produto’. O processo de tecniciza¢ao iniciado acentuou-se na reforma de 1939, j4 sob comando do ministro Fernando Costa, na qual e se verifica uma maior preocupacao em fiscalizar e padronizar 08 produtos para a exportaco e também para o mercado intemo. Fernando Costa, que assumiu em novembro de 1937, tinha sido secretario de Agricultura do estado de Sao Paulo e representava os interesses da classe agricola paulista, incentivando o melhoramento dos produtos exportiveis, claro anseio da elite agréria dominante do estado e materializado através da Sociedade Rural Brasileira e tendo, entio, suas demandas atendidas. E esta ultima reforma que deu origem ao Conselho Nacional de Ensino Pesquisa Agronémica, (CNEPA), érgao criado com os seguintes objetivos: a) ministrar o ensino agricola; b) orientar, dirigir e coordenar todas as pesquisas que visassem a individualizac3o dos fatores naturais e artificiais da produgao agricola; c) aumentar e me- thorar o rendimento das plantas cultivadas, modificando, no sentido Positivo, o meio fisico: clima e solo, criando, mediante selecdo e cru- zamento, 0 tipo das diferentes plantas cultivadas, particularmente adaptaveis as diferentes regides; d) coordenar todos os fatores da producio agricola, com o fim de adaptar a agricultura a0 ambiente, modificando e melhorando as colheitas. Em suma, unificar e centra- lizar todas estas atividades, que estavam dispersas em diversos sub- Orgdos do Ministério da Agricultura, foi o intuito da ctiacdo do Con- selho Nacional de Ensino e Pesquisa Agronémica. 0 Conselho Nacional de Ensino e Pesquisa Agronémica (CNEPA) ‘Como ja se viu, o Conselho Nacional de Ensino e Pesquisa Agtonémica foi criado objetivando o aparelhamento necessario para © desenvolvimento e articulacao dos trabalhos em pesquisa e experi- ‘mentacao agricolas, bem como a formacao de pessoal qualificado 7Como exemplo podemos citar © Servico de Planas Textels, 0 Senvico de Futiculura, Servigo ‘Técnico de Cale, Servico de Fomento & Producao Animal e varios outros, para o funcionamento e, sobretudo, 0 desenvolvimento destas ativi- dades, lembrando que todo o conjunto tinha como finalidade tanto ‘© incremento e aperfeigoamento da produgdo exportavel, como tam- bém © aumento da produtividade e a diversificacdo produtiva dos setores voltados para mercado interno, Dado que a primeira finalida- de aendia a elite agréria paulista © a segunda, a elite representada pela Sociedade Nacional de Agricultura, observa-se, assim, a geréncia dos confltos intraclasses dominantes que vém sendo negociados e de certa forma atendidos. Do ponto de vista funcional, a implementacgo deste conjunto de objetivos foi realizada, principalmente, através da ctiagdo de novas estacdes experimeniais e campos de sementes, por meio dos quais pretendeu-se, primeiramente, enfatizar 0 estudo experimental do go" e sua cultura, e da promocao de vistas de professores especialis- tas de outros paises. Essas atividades comprovam que o Ministério de Agricultura buscou expandir culturas que fossem importantes para © desenvolvimento da economia nacional, colocando a agricultura como a base para 0 proprio desenvolvimento industrial, a partir da produ- 20 de materias-primas de excelente qualidade, visando atender 0 incremento industrial que também se intensificava com o advento do novo projeto em execugo no pés-30. Desse modo, esperava-se que o resultado de rodas estas novas pesquisas orientasse 0 fomento da producto agricola nacional. Para realizar (20 ambicioso programa, o CNEPA foi estruturado integran- do diversos Srgdos especializados: 0 Instituto de Experimentacao Agricola, 0 Instituto de Ecologia Agricola, 0 Instituto de Quimica Agricola, 0 Laboratorio Central de Enologia, a Escola Nacional de ‘Agronomia e, mais tarde, o Instituto Nacional de Oleos. A criacio estes institutes especializados mostra claramente a articulaczo entre a agricultura e a indastria, As pesquisas realizadas pelo Laboratorio Central de Enologia para desenvolver a producéo vinicola do pais e pelo Instituto Nacional de Oleos, com desenvolvimento de pesquisas sobre novas matérias-primas para a obtencio de leo, comprovam tal articulacéo. "evident a prsocinacio‘m tomato pas autosufcleste a patirdo aumento da producto do trgo, matra-rima bisica pata abicaclo do poe de mass. O Instituto de Experimentacio Agricola © Instituto de Experimentacao Agricola era o responsavel pe- los centros de experimentacées (estacdes experimentais e campos de semente) em diversas regioes do Brasil Na sua estuturacao foram aproveitadas antigas estacOes experimentais monocultoras, as quais foram transformadas em estacoes de cariter mais abrangente, diversi- ficando as areas de pesquisa e atuacao. Um levantamento dos centros de experimentacao no Brasil a partir do Relatorio do Ministério de Agricultura de 1939 ¢ 1942 mostra o comprometimento da agéncia estatal em anilise com os propositos do novo projeto de desenvolvi- mento agricola que vinha sendo introduzido no Brasil pés-30. © Instituto de Experimentagao Agricola tinha como objetivos “investigar, por meios de experimentos de campo e de laborat6rio, os fatores da produc30 agricola a fim de indicar quais as praticas culeu- rais e quais as plantas cultvadas capazes de produzit matores rendi- mentos” para o pais. Quadro | - Perfil dos Centros de Experimentacao do Instituto de Experimentacao Agricola em 1939 [ene] new [lookin | pease [Pos] Frais : eis te ganas § frnesnal tlm — tn [edmo ace ce oemmees leaore tne me cc les [canes fraa acm (93 letaa mecca feneanet. reais ec cis i [CS jean fae {Legurwnasas. bused {aroz alem de outros predates, i rear bona es ait foataace hao fogenseun con niane acne Jacubogiie oan Ss eed ae eee cee [augers |ouaniar|aptao 93 poner: eau [Espen onmnass vem, Sab ot [EE tens foomare frase fpunas rita union equnoses * Ministre da Agicutura Relate do Minstéio da Akula, ano 1939,p. 23. a lee 1938 [Expermontos de vaiodades. ladibacaoe salecaopara fis de Imvtiicasao, Alem de mio, ito. soja ee. lcurado RectoPE [Cana-de- s20 [Experiments de vanedades © 0 para ALNDLICAD lcs |aracaja \racauSE [Crqueio 939 IMetoao semeadura,escaine Ide semertes, geminacio, jnolesiase rages. Estudos de [vaiedades pi produsso lcs 's6.c0s (Canposiea axe [Aiscax, egumiroses © |nandoca e suas vaiedades Mehcramento do mo insas 930 lee [campos [canaae- lacucar f1s39 lee. Fesicuta i937 939 JProdicao e Gatbursode Imadas do abacaois, Imangioias, conics, lpncipamentetararias. Erperimentos de enveria. ee. [SorocabaSP i939 IMutipicazao de semenies para Iisituigdoe esudes 2 \waiedades © adubardo ee. JectucatusP lcate 836- 938 Pera ans expenmertais = |matipicaran Essences niresiis pore sombreamesto sua odservacto les |sa0sinso SmaosP axe [esto do vaiodades. producto] Je mutipicacdo do mito, fejaoe lee. Iorossa GrossaiPe (Conzas de vert a 1939 sca [Ovservarbes demi, tig, leotco, aves ecovada ee. lcutarr i jo39 Espesimontos de varedades, lacubacaoe slecae ee |cacada 93s Expesmorts de varbaades, |acubacao e seco para fis de mutipicerdo de trio, eror mano ee. asso Fro lessso FondoRs na3s expaimontor do vanedades. laubacaoe selecan para fs de |mutipcacdo cenet, mtho € lara Ics. Isso bois Sto Borjas jro3s Expeieios de vareta0e, atuibacan eselecs © ensaios engrave ce iio eno ais ee [Re Novena lcate [Gompetndo de voredades. frstaerto ce soments, adubagao, eabalagem e rotunda do plnic ale do sombreamesto [Compaicto de vaedades, Iwataerie de semeries, as |lawaue |eate js30 Pe laibacdo qumica e agri, lon ce samtreamen E_acnaeo. [Macracanc care 339 sta conpleants as [spas fraosms |resinrngo fie sates, aaseameso ce fe ategios ela ern "Tig aaa € \orededes,osenogies ake les fara farapeca frigo iene prions. orn ncn Inne depos po ospn nae. Fonte: Relat6rio do Ministério da Agricultura, ano 1939. No ano de 1939 existiam 27 centros de experimentacdes, sendo I | campos de sementes e 1 6 estacdes experimentais. Os cam- pos de sementes tinham vatias fungOes principals, a saber: a) a cria- do e pesquisa de sementes com 0 intuito de fazer experimentos de variedades de um mesmo produto; b) a adubacdo e a selecdo de varios generos agricolas, objetivando ampliar 0 pertodo de distribui- do de sementes por mais de um ciclo anual: c) © aproveitamento maximo da produgio; d) a regulacdo da exportacdo; , e) a manuten- 20 da estabilidade dos precos. As estacSes experimentais diferiam dos campos de sementes, apresentando um cariter mais diversificador de seus odjetos de pesquisa, realizando todo tipo de pesquisa e ex- perimentacoes referentes a um melhor aproveitamento da producao agricola ‘As informages do quadro seguinte mostram uma continuida- de do projeto ambicionado na reestruturacdo do Ministério da Agri- cultura e na cricio do CNEPA em 1938, A especializagio das pes- quisas tealizadas, através da preocupagio em observar variedades de ‘um mesmo produto, para entao, executar trabalhos de melhoramen- to, assim como experimentos de adubacdo, plantio e outras, compro- vam a importincia que se dava a modernizacao da agricultura brasi- leira. Observando os quadros, € possivel apreciar a monta do projeto que [4 efetuava, desde esta época, estudos de enxertia, técnica de experimentacao avancada para 0 perfodo, Tabela Ill - Perfil dos Centros de Experimentacdo do Instituto de ‘Experimentacio Agricola em 1942 [cena] Nome [Localzacio | Produto | Peiodo Faiaides nagbesInogiascon & o ka hs39- a cona de acicat. hese [aoe mito, feiao para Jasmoga0 aaa. [oomtiwacio do peices pore lee serio ee feb ste mes haga (Cotiici pararnchormen ee |pgpinha S35 fn algo harbaceo. tambem rade nto reco asd aatce lee fouraso beg ee ‘sementes equminnses para ampiar © hs39- prin dessin, FE pe Hs42 japovetaromixino a recto, reqularaoxpataco IEnsaios de competicio de 1039. _|vaedades de vehas intagens, (Sen 1642 |deadbaczo quimica, Cura de agave, mino e mandoca S39: _;Coninuacio dos vatalhos Pe ee 1s42__enperinertais (contnuagao cos retains oo Jee unio i292 yee. aoe eetigse = TE [Ainear’ e exponents pe soe 1942 lenses com sapet [Dsrbicto de vaiedodes Ge bi jisaa.|oana ce agua. Tabalos EE Pasa 1342 frofrenes ao mehoramente do Jamotio [Expormonios de epoce do Z 23 pln, espocamento © jise2 Jacubecaotanben como en a fea |Coniauarbo dos ox [EE feamres 1942 _|variedades eadubacio E€ foeedara [235 [estas de erceria Jee |Sa0 smio| [S35 foci de amentes hae. [e805 ee empecane ee |Bowcan ReaEJesperinenos de espacamento lee esombreamenio Faas. 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E oportuno sali- entar que alguns destes estabelecimentos dedicavam grandes esfor- 05 a um tinico produto; contudo, isto n5o significava que as pesqui- sas ficassem restritas a ele: realizavam-se pesquisas de outros géneros, em menor dimenso, embora de igual importincia Tabela | - Numero de Centros de Pesquisa por Produto Agricula de Interesse Pa | Wah | cin | Came] EE | TPs | RS | US| Ta reed ot | meee Th Ee eS ea A tabela | mostra claramente @ preocupacdo em aumentar a produtividade de géneros alimenticios. No periodo considerado, é verificével o crescimento das pesquisas junto 20 cultivo de trigo, m- Iho, arroz, fruticultura e mandioca. Esse crescimento estava direta- mente ligado 4 concepcao do novo “modelo” econdmico brasileiro, pelo qual se enfatizava a reducdo das importacdes desses produtos, indispensaveis na cesta bésica de consumo das familias urbanas inseridas no proceso de industrializacao, a exemplo do crescimento notivel da pesquisa sobre a cultura do trigo, principalmente na regigo sul. Por outio lado, 0 desafio de aumentar a produtividade das cultu- ras alimentares estava associado a questao da deflagracao de uma possivel guerra, estando ai embutida a nocio de que os paises com a capacidade de se auto-sustentarem seriam os pases que resi Enfim, outro ponto importante que a tabela mostra € a diminuicao dos investimentos em pesquisas sobre a cultura do café. Apesar de ser ainda 0 grande produto ds pauta de exportacdo, 0 café passou a dividir sua importancia com 0 algodio e as oleaginesas, além de uma diversidade de produtos como 0 coco ou a laranja. A diversificacao da producao se alicergou numa dispersao geografica dos centros de experimentacdo, confirmando o carter nacional da nova politica implementada pelo Ministério de Agricul- tura. A dispersdo geogratica foi de ampla magnitude quando sao con- sideradas as construcbes dos centros de experimentacdo. Tabela Il - Centtos de Pesquisas e sua Distribuicao Geografica Regio ConrosdeSenemtes | Estanbes Experimeniais [Total Norte z : 2 Nordeste 5 4 9 ‘Sudeste a 6 0 Sul 1 4 5 Cariro-003t6 1 i : 1 Fonie: Relatorio do Ministétio da Agricultura, ano de 1939. Enfim, além dos Centros de ExpesimentagSo ¢ Campos de Se- mentes, o Instituto de Experimentacao Agricola englobava ainda dois Laboratérios de Fibras, um localizado na capital federal e outro em Joao Pessoa, Paraiba, para 0 estudo das caracteristicas fisicas e quimi- case das propriedades industiais dos pélos e fibras tExteis, produzi- dos pelas plantas cultivadas em suas estacOes experimentais. © Labo- ratério de Fibras de Joao Pessoa incluia em suas atividades estudos de tesisténcia e valor industrial do algodio arbéreo e herbaceo. Tam- bem o Instituto Agrondmico do Norte, localizado em Belém, Para, era onde se realizavam estudos da borracha, possuindo plantacbes de seringueiras, além de estudos de plantas para a produsdo de fibras e principalmente oleaginosas. A criacao destes dois laboratorios aten- dia a demanda dos grupos que defendiam a diversificacio dos pro- dutos da pauta de exportagio, no priorizando apenas o café paulista, 0 Instituto de Ecologia Agricola e o Instituto de Quimica Agricola O Instituto de Ecologia Agricola ja existia, passando a fazer Parte do CNEPA quando de sua criacdo. Seu propésito seria conhe- cer as possibilidades de aproveitamento de determinadas zonas, as- sim como determinar as variedades de espécies mais apropriadas a cada uma delas, precisando a melhor época de seu plantio, Em | 942, com o fim de dinamizar a acto do |.EA foram estabelecidos, além do levantamento do mapa ecolégico do Brasil, trabalhos que compreendessem “estudos ecoldgicos das principais plantas titeis nativas, visando principalmente obter ensinamentos para seu plantio € a possibilidade de serem cultivadas em outras regioes do pais, fora das de sua ocorréncia natural”.'° Foi o caso dos estudos ecolégicas da borracha, pinho e mate. Eram realizados estudos acer- ca do solo, clima e das plantas para as condicOes ecoldgicas de plan- tacdes destes produtos, principalmente dos seringais. Este fato denota a ampla dimenso moderna das novas fun- Goes de que se dotava o aparelhamento do novo Ministerio de Agri- cultura, © qual jé demonstrava preocupacio com uma exploracio racional da flora bre ‘© Instituto de Quimica Agricola tambem ja existia, passando a integrar 0 CNEPA depois de sua criacao. Realizava pesquisas para verifica¢do das reservas minerais no solo brasileiro, andlises quantita~ “sara, 1942, 0.59. tivas e qualitativas dos nossos minerals, assim como pesquisas com amostras dos produtos cultivados pelas agéncias de servicos agrico- las, como, por exemplo, 0 Laboratorio de Mineralogia de solos e as diversas sec&es: Secdo de Quimica, Mineralogia e Génese de Solos, Sedo de Biologia do Solo e Microscopia e a Secio de Alimentacio, Vegetal." Laboratério Central de Enologia A vitivinicultura foi avivada através de modernas técnicas agio- nomicas e enologicas, representando avancos significativos nesse cam- po. Aqui se verifica que o Ministério da Agricultura entrou como grande difusor dessa especialidade e do melhoramento de culturas industriais, ao formular um projeto de experimentacdo bem orienta- do, com estacGes e subestacdes de enologia. Essa iniciativa se mate- (izou inicialmente em duas estacées experimentais. A primeira, a Estacao Experimental de Viticultura e Enologia de Caldas, situada em Minas Gerais, fazia observacées de enxertos, trabalhos experiment e de adapiacdo de variedade, além de ensinamentos, conselhos, exa- mes para agricultores envolvidos nesta area. 14 a Esta¢do Experimen- tal de Viticultura e Enologia de Perdizes realizava o mesmo tipo de trabalhos da primeira estacao, assim como agdes de melhoramentos de culturas de videitas. O Ministério de Agricultura pretendia, com estas medidas, promover um reajustamento do mercado interno que conduzisse 20 rapido aumento da producao a partir da confianca da populacdo em consumir o vinho nacional. As iniciativas no campo da enologia foram ampliadas a partir de 1942 para um outro setor de producao: 0 de espécies oleagino- sas. Esse novo campo de desenvolvimento da pesquisa foi possibilita- do pelo intercémbio entre © Brasil ¢ os Estados Unidos, através das visitas de uma Comissdo Americana de técnicos em Oleos Vegetais e a criag3o do Instituto Nacional de Oleos. "Em 1942, © que mos informa o RMA € que se rosea a modesnzaco dos métedos de avis «pried tode a peeguss evlentadas por exe Isiit A Escola Nacional de Agronomia A Escola Nacional de Agronomia'? se constituiu, juntamente com 0 institutos especializados, em eficiente “centro de preparac3o dos técnicos e especialistas exigidos para os trabalhos de pesquisa e experimentacao"'*, Como a Escola Nacional de Agronomia nao dis- punha de campos de cultura, expetimentacao e pesquisas agrondmi cas, considerados indispensiveis para a formacdo profissional dos alunos, tem-se, em 1939, a construcao da nova Escola Nacional de Agronomia, no km 48 da antiga rodoria Rio-Sao Paulo, atual Univer- sidade Federal Rural do Rio de laneiro, um mega-projet nas fontes como “Cidade Agronomica’, onde foram realizados traba~ lhos de abastecimento d'égua, de drenagem, de irrigacao e de estra- das para a realizacdo do projeto. Ao longo dos anos procurou apare- Ihar-se e equipar-se melhor para atender as necessidades do ensinoe 4s novas demandas que surgiam, como a melhoria da aparelhagem dos laboratrios com a introdugdo de novos aparelhos cientificos € de material indispensével ao ensino,instalacoes de gabinetes e secre- aria. A biblioteca contou com a aquisi¢ao de livros, assinatura de tevistas técnicas especializadas e intercambio de publicacOes. O cor po docente foi contratado através de concurso. Pretendia-se, assim, introduzir um carater pritico na formagao dos alunos. O ensino procurava dar amplo apoio individualizado, reunindo a formacio, sélidos fundamentos tedricos e trabalhos de carater pratico. A Escola Nacional de Agronomia teve a grande fun- cao de formar os quadros que trabalhariam e supervisionariam os intimeros Insticutos de pesquisas que estavam sendo estruturados em todo o Brasil e, principalmente, os ditigentes que ocupariam o pré- prio Ministerio da Agricultura, O Relatétio do Ministério da Agricultura de 1942 mostra que a Escola Nacional de Agronomia promoveu algumas publicagdes de cunho didatico e informativo assim como, a nomeacdo de professo- tes da escola representando o pais em conieréncias intemacionais. itulado " A.scola Naconsl de Agonomis oa ateriorente a ecola Supaios de Agronems Med: ‘gpa Veena ea ata Univescade Federal Rural do Rio de laneo. "aterio do Minstéio¢a Agia, ano 1958,p. 141 Finalmente, substanciando a orientacdo tecnicizante do M- nistétio de Agricultura, foram ciiados os Cursos de Aperfeigoamen- tos e Especializac3o, visando piincipalmente: a) o aumento do nivel de conhecimento ou aperfeigoamento de técnicas; e b) a formacao de técnicos com conhecimentos gerais e especializados. Apesar de estarem previstos por lei desde 1936, somente a pair de 1739 se cconcretizaram os Cursos de Aperfeicoamento e Especializacio. A partir dessa data, esses foram desenvolvidos principalmente nos laboratéri- (0s da Escola Nacional de Agronomia € no Laboratério Central de Enologia. Conclusdo A finalidade da anilise contida neste artigo foi mostrar 0 pa- pel desempenhado pelo Ministério da Agiicultura no revigoramento da atividade agricola como base fundamental para o projeto de mo- dernizac3o econémica industralizante do Brasil p4s-30, atendendo 2s diversas demandas dos segmentos politicos da classe dominance agricola representados no éigao puiblico. Aanilise centrou-se no vasto e qualificado conjunto de ativi- dades do CNEPA. Os elementos aportados evidenciam nitidamente a complexidade do campo de atividades empreendidas, principalmente nna drea de pesquisa experimental e de formacao de recursos huma- nos e quadtos técnicos agricolas. Ambas as atividades constituiram 0 Iiicleo basico do papel central exercido pela atividade agricola no processo de modernizacdo econdmica brasileira no primeiro governo Vargas,

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