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GRUPO: ESQUEMA ESTRUTURAL E DINÂMICA GRUPAL

Por Danúzio Carneiro


(FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL/ESCRITÓRIO DE DIREITOS AUTORAIS/CERTIFICADO DE REGISTRO NO 176.542)

ÍNDICE
I – INTRODUÇÃO
II – ESQUEMA ESTRUTURAL E DINÂMICO
III – DESENVOLVIMENTO DO ESQUEMA ESTRUTURAL E
DINÂMICO
1. GRUPO
1.1 ESTRUTURA
1.1.1 EXISTÊNCIA
1.1.1.1 INDIVIDUALIDADE
1.1.1.2 DÍADE
1.1.1.3 GRUPALIDADE
1.1.1.4 SERIALIDADE
1.1.1.5 MULTIDÃO OU PÚBLICO
1.1.2 ESSÊNCIA
1.1.2.1 AMOR
1.1.2.1.1 TELE
1.2 DINÂMICA
1.2.1 PRÉ-TAREFA
1.2.1.1 DEPENDÊNCIA
1.2.1.2 LUTA-FUGA
1.2.1.3 ACASALAMENTO
1.2.2 TAREFA
1.2.3 PROJETO
IV – CONCLUSÃO
V – BIBLIOGRAFIA
VI – O AUTOR

I – INTRODUÇÃO

Neste trabalho estão sintetizados vinte anos de múltiplas experiências e contínuas leituras sobre
a estrutura e a dinâmica da grupalidade humana.

Acredito que, no próximo milênio, é a ciência do grupo, ou seja, a Dinâmica Grupal, quem sobreviverá
como campo privilegiado para estudos e intervenções, inclusive com finalidades ideológicas, visando o
aperfeiçoamento da sociedade humana.

Com este estudo esquemático, pretendo contribuir para o avanço dessa ciência, conceituando e clarificando
os seus principais termos constitutivos. Como o seu título já indica, o texto contém uma caracterização, ou
melhor, uma dupla caracterização: da estrutura, e da dinâmica grupal.

Da estrutura falamos daquilo que faz do grupo uma totalidade com identidade e autonomia social. Ou seja,
por um lado dizemos de sua existência enquanto entidade diferenciada de outros fenômenos que existem
socialmente, como: individualidade, díade, serialidade, multidão e público; por outro lado, falamos de algo
essencial para a existência de todo grupo social, isto é, dizemos do amor e do seu corolário o tele – o fator
de agregação grupal.

Da dinâmica falamos da operatividade, ou seja, da ação cooperativa que um conjunto de indivíduos tem
que empreender em torno de uma tarefa para se estruturar como o fenômeno grupo social.

Finalmente, chamamos ainda a atenção para duas coisas: (1) O conteúdo deste trabalho se articula e, como
acontece num díptico, complementa-se com o conteúdo da apostila "Dinâmica grupal: conceituação,
história, classificação e campos de aplicação", que publicamos em junho de 1998; (2) Procuramos
desenvolver este esquema de maneira didática e conforme um raciocínio dedutivo, desse modo, quando se
trata de alguns fenômenos grupais básicos (por exemplo: a tarefa) ele é conceitualmente repetitivo, com
isso buscamos uma construção lógica como em espiral.

Danúzio Carneiro

II – ESQUEMA ESTRUTURAL E DINÂMICO


III - DESENVOLVIMENTO DO ESQUEMA ESTRUTURAL E DINÂMICO

1 GRUPO

O que há de comum entre uma família nuclear, uma oficina de trabalho, uma equipe de esportes, uma
comissão executiva, um comando militar, uma cela coletiva numa prisão, uma célula partidária, uma
comunidade religiosa do tipo monástica? O que há de comum em todos esses fatos da sociedade humana é
a estrutura e a dinâmica de uma grupalidade humana geralmente inserida num contexto social contendo
outros aglomerados humanos.

1.1 ESTRUTURA

Todos esses grupos humanos apresentam as características de uma estrutura. Sobre isso, Jean Piaget diz que
toda estrutura apresenta os caracteres de: (a) totalidade; (b) transformação; (c) auto-regulação.

(a) A totalidade significa que, geralmente, uma estrutura é formada por elementos, os indivíduos, mas esses
estão subordinados às leis que caracterizam o sistema como tal. Essas leis, ditas de composição, não se
reduzem a associações cumulativas, mas conferem ao todo, enquanto tal, propriedades de conjunto distintas
daquelas que pertencem aos elementos individuais.

A Dinâmica Grupal, através de uma concepção fenomenológica, aborda o grupo enquanto um sistema
humano articulado como um todo, uma gestalt, na qual o todo é mais do que a soma das partes. Essa
totalidade, em termos fenomenológicos, pode ser explicada, descrita e/ou captada.

Para explicar o ‘grupo como um todo’ recorre-se à Psicanálise - é explicativa por que procura explicar a
unidade do grupo através da idéia do desenvolvimento de uma ‘mentalidade grupal’ (instinto social). Essa,
que muitas vezes, desenvolve-se de maneira inconsciente para os membros do próprio grupo, se constitui
(institui) de acordo com uma dinâmica operativa.

Para descrever o fenômeno ‘totalidade grupal’, utiliza-se os conceitos desenvolvidos pela Psicologia da
Gestalt – é descritiva, pois centra seus postulados na descrição dos fenômenos que ocorrem no aqui-agora
da grupalidade humana. Por exemplo: a configuração espacial adotada regularmente por um grupo quando
em tarefa.

Enfim, para se captar o grupo enquanto uma totalidade, recorre-se a Sociometria. Com o Teste
Sociométrico, uma criação de Jacob Levy Moreno, é factível a captação de um fator proveniente do grupo
total. Esse fator, Moreno chamou de Tele. Ele, ao mesmo tempo em que possibilita o encontro entre as
pessoas que compõem a grupalidade, também é representativo do conjunto de reciprocidades que o totaliza.

(b) As transformações, segundo Piaget, acontecem pelo fato de que as totalidades estruturadas dependem
de suas leis de composição, as quais são, portanto, estruturantes por natureza. É essa constante dualidade
ou, mais precisamente, bipolaridade de propriedades de serem sempre e simultaneamente estruturantes e
estruturadas, que explica as transformações.

A totalidade estruturada é o grupo, e na composição dos seus estruturantes estão os elementos dessa
unidade grupal e a sua dinâmica operativa.

Por dinâmica operativa entende-se o processo de realização da tarefa que dá sentido ao grupo existente.
Esse processo foi desenvolvido teoricamente por Enrique Pichon-Rivière em sua técnica do Grupo
Operativo. Em Pichon-Rivière, o processo de realização de uma tarefa grupal se dá em três momentos
dinâmicos: pré-tarefa, tarefa e projeto.
Ressalte-se que, em termos mais amplos, a dinâmica operativa coloca-se como uma variante objetivada da
dialética dos grupos, a qual implica numa lógica grupal do inacabamento, de uma ação sempre recomeçada.
Desse modo, na organização dos grupos, as totalizações sempre se darão em processo, jamais como algo
finalmente finalizado.

Jean Paul Sartre pensou sobre essa dialética dos grupos, e a partir dessa razão dialética, concebeu uma
gênese e um desenvolvimento ideal para os grupos humanos, para isso utilizou-se dos conceitos de série e
de seu derivado, a serialidade. Esses conceitos referem-se a uma forma de coletivo humano que, não dotada
de unidade interna, recebe do exterior a sua unidade – por exemplo, uma fila humana num serviço urbano
qualquer.

Para Sartre, um grupo forma-se no interior e por meio da fusão de uma serialidade. Essa formação é
explicada da seguinte maneira: em certas circunstâncias históricas produz-se um movimento com bruscas
totalizações de séries, que criam uma espécie de ser comum, o grupo, que se torna então o foco das ações.

Ao se totalizar, um grupo também se institucionaliza e, de acordo com a proposição sartreana, enfim se


burocratiza. A burocratização ocorre com o aparecimento de um estatuto de permanência do grupo, o que,
em última análise, significa que, em lugar de procurar os objetivos que motivaram inicialmente a sua
constituição, uma organização grupal toma-se a si mesma como objetivo.

No entanto, como já ressaltado, nessa lógica dialética está incluída a dinâmica operativa. Desse modo, o
processo de institucionalização também equivale ao momento do projeto na realização da tarefa grupal.
Assim, com o projeto que significa a auto-regulação em suas atividades, o grupo se institucionaliza
positivamente em torno de uma tarefa explícita.

(c) A auto-regulação é a terceira característica fundamental das estruturas. A capacidade de se auto-regular


acarreta para o grupo a sua conservação e o seu fechamento. Isto significando que as transformações
inerentes a uma estrutura não conduzem para fora de suas fronteiras, e não engendram senão elementos que
pertencem sempre à estrutura e que conservam suas leis.

Nos termos práticos e teóricos da supracitada dinâmica operativa, a questão da autonomia ocupa lugar
primordial no acontecer grupal. Sobre isso, o conceito central é o de projeto.

Para Pichon-Rivière o projeto surge, num processo dialético, como emergente da tarefa, e dá-se quando
todos os membros do grupo conseguem visualizar o objetivo grupal. Isto significa ter conhecimento de que
pertence a um grupo específico, com objetivos também específicos.

O Projeto, conscientemente, se concretiza na elaboração de um plano de trabalho ou de um código de ética.


No entanto, pode-se dizer, copiando Max Pagés, que existe em todos os grupos um projeto auto-gestionário
inconsciente. Com esse projeto de autonomia e de auto-regulação, o grupo pretende assumir a plena
responsabilidade de todos os aspectos de sua própria vida.

Ainda quanto à auto-regulação, pode-se, usando os termos da Teoria Geral dos Sistemas apresentada por
Ludwig Von Bertalanffy, diferenciar os chamados grupos naturais – família nuclear, patriarcal etc. dos
grupos artificiais - oficina de trabalho, equipe de esporte etc.

Empiricamente, o processo de auto-regulação de um grupo familiar se adequa à lógica definida por


Bertalanffy para um sistema fechado. Neste sistema, qualquer que seja a modalidade de sua manifestação
na realidade, o estado final é inequivocamente determinado pelas condições iniciais. Também pode se dizer
que o mesmo acontece numa família, em que um estado final com autonomia de uma determinada geração,
seria necessariamente determinado pelas condição de auto-gestão das gerações anteriores.
Já os grupos artificiais se adequam à lógica dos grupos abertos – nesses, um mesmo estado final de auto-
regulação pode ser alcançado partindo de diferentes condições iniciais e por diferentes maneiras.

1.1.1 EXISTÊNCIA

Aqui a palavra existência tem ligação com o conceito habitual e clássico, que quer significar ‘realidade’
como contraposição ao conceito ‘essência’. No entanto, o seu significado mais preciso é etimológico:
existência - ek-sistere, ‘algo que emerge’, se manifesta, se desvela. Dessa maneira, tudo o que é percebido,
entendido, conhecido de imediato é existente, e o grupo assim o é.

O grupo existe como uma totalidade (gestalt), conhecida como um sistema de relações humanas composto
de indivíduos, cuja vinculação se dá através dos seus papéis grupais. Esse sistema se apresenta na realidade
como um aglomerado humano definido e distinto de outras formas de aglomerações sociais – no caso, a
díade, a serialidade, a multidão e o público.

Muitas vezes, esses aglomerados se articulam com o grupo enquanto uma gestalt. Nesses casos, a
grupalidade seria a figura, e o aglomerado social (uma multidão, por exemplo) com o qual esteja
relacionado, o fundo.

1.1.1.1 INDIVIDUALIDADE

A questão da individualidade é uma questão essencial na história do conhecimento humano.

Nos termos dos conhecimentos em geral, ela foi intensamente discutida na Idade Média. Nessa discussão,
destacou-se a chamada Tese Nominalista especialmente defendida pelo filósofo inglês Guilherme de
Occam.

O Nominalismo centra-se na idéia de que "em realidade, só existem os indíviduos", negando assim a
existência real dos universais, os quais se constituiriam apenas em "coisa fictícia" (res ficta), em nomes que
não substituiriam os objetos reais.

Nos termos específicos dos conhecimentos da história social humana, o Nominalismo negaria a existência
de forças sociais com caracteres supra-individuais, universais do tipo: sociedades, classes e grupos sociais.

Essa tese, ao longo da história tem sido contestada por pensadores que, negando a essência individualista
do ser humano, defendem a idéia de que, Intrinsecamente, o homem só existe enquanto ser social – é isso o
que, entre outros, dizem: (a) Aristóteles quando afirma que o "homem é um ser político". (b) Karl Marx que
defende a tese de que "a essência humana não é uma abstração residindo num indivíduo único. Em sua
efetividade, é o conjunto das relações sociais"; (c) Martin Buber que, em termos antropológicos, não vê o
homem enquanto indivíduo, mas como a "relação entre o Eu e o Tu".

No campo da moderna Sociologia, o pensador francês Émile Durkheim afirma que, como os membros de
diferentes sociedades são fundamentalmente semelhantes em sua estruturação biológica, em suas
tendências e qualidades individuais, essas qualidades são irrelevantes para uma descrição do
comportamento social.

Daí, ele lança mão do principio segundo o qual "o que é igual em todos os homens não pode ser usado para
explicar diferenças entre eles" e, consequentemente, afirma a existência de uma categoria de fatos sociais
que surge segundo princípios autônomos, que não pode se reduzida ao nível de fatos individuais, sejam
biológicos ou psicológicos. Esses são os princípios da sociedade, e podem ser descobertos apenas através
do estudo das instituições e movimentos sociais, suas inter-relações e mudanças.
Também nos termos da Psicologia contemporânea, a somente existência da individualidade humana foi,
indiretamente, negada por Sigmund Freud. Este, ao reconhecer que a Psicologia Individual é, ao mesmo
tempo, também Psicologia Social. teve uma intuição primordial: "quando os indivíduos se organizam em
grupos, surgem fenômenos como expressão de um instinto social, um universal que já não é redutível a
qualquer um dos instintos individuais dos que compõem essa organização".

Finalmente, ainda no campo da Psicologia Freudiana, Wilfredo Bion esclareceu, com o termo "mentalidade
de grupo", o significado desse "instinto social". Para ele, esse termo "designa uma atividade mental coletiva
que se produz, universalmente, quando as pessoas se reúnem em grupo (...) A hipótese de sua existência,
deriva do fato de que o grupo funciona, em muitas oportunidades, como uma totalidade. Ainda que seus
membros a isto não se proponham nem disto tenham consciência".

1.1.1.2 DÍADE

O primeiro sociólogo que chamou a atenção para as possibilidades de investigação do grupo mãe e filho
(que ele denominou de "díade") foi Georg Simmel. Ele salientou que nesta relação pode-se achar a origem
de todo desenvolvimento subsequente das relações sociais de ordem superior.

Não se conhece nenhum estudo de Freud dedicado especificamente à relação diádica. Porém, segundo Renê
Spitz, Freud considerou como peculiar a série de intercâmbios havidos entre a mãe e o filho, nos quais
percebeu que os componentes dessa relação reciprocamente influenciam um ao outro de maneira circular.
Esse relacionamento foi por ele chamado de "multidão de dois".

Atualmente, correntes da psicanálise como as denominadas de ‘psicologia do ego’ e ‘Escola Kleiniana’ têm
valorizado o estudo dessa relação. Para isso, têm utilizado métodos da ‘Psicologia Experimental’ - como a
observação direta - para o estudo intensivo da reciprocidade mãe e filho.

Spitz, em seu trabalho sobre o primeiro ano de vida de uma criança, foi um dos que estudou as etapas dessa
fase do desenvolvimento humano, e observou nele um processo que, iniciando-se no fisiológico, continua
no psicológico e daí ao social. Para ele, um membro da corrente da ‘Psicologia do Ego’, na etapa biológica
(in utero) as relações do feto são praticamente parasíticas. Do nascimento até cerca de três meses de idade,
a criança passa por uma etapa de simbiose psicológica com a mãe.

Nesse processo simbiótico, cada um deles é complemento do outro. Ou seja, enquanto a mãe satisfaz as
necessidades do bebê, o bebê satisfaz determinadas necessidades da mãe, embora esse último fato,
geralmente, seja menos reconhecido e ainda teoricamente pouco definido. Desse modo se constitui numa
díade que, potencialmente, se totaliza e se auto-regula.

Pode-se também afirmar que essa díade, juntamente com o par conjugal e a parelha geminiana, constitui
uma perfeita representação do que Karl Mannheim caracterizou como ‘quase grupo’. Nesses pares, segundo
Mannheim, a relação é a mais intensa possível uma vez que envolve toda a personalidade do indivíduo
enquanto tal. Contudo, há um aspecto que diferencia qualitativamente a relação mãe-filho das duplas
conjugal e geminiana - a estrutura psíquica da mãe é fundamentalmente diferente da do seu filho, e isso faz
com que a relação diádica seja acentuadamente desigual, praticamente assimétrica.

Superada a mencionada fase simbiótica, por volta dos três meses de idade, forma-se, de acordo com o
estudo de Spitz, a primeira relação social do indivíduo: a relação objetal. Essa é definida como a relação do
bebê, como um sujeito, com a sua mãe, o objeto.

Sobre a relação objetal ressalte-se dois dados:

(1) Que, de acordo com a Psicanálise, o objeto da relação objetal é representativo daquilo que é utilizado
pelo bebê para atingir o seu alvo, isto é, a satisfação de suas necessidades.
(2) Que, de acordo com uma Teoria do Vínculo desenvolvida por Pichon-Rivière, o estabelecimento da
relação objetal possibilita, automaticamente, a estruturação de uma relação vincular.

Isso ocorre por que a relação objetal se dá pela percepção que o bebê passa a ter de sua mãe como um
objeto integrado, dele separado, e é isto o que lhe permite diferenciar ela de outros objetos, pessoas sobre as
quais ele ‘sabe’ que também são importantes em seu viver.

Finalmente, observa-se que enquanto a relação objetal, por ser em dupla, apresenta uma configuração
linear, a relação vincular apresenta uma configuração triangular que inclui o bebê, o seu ainda objeto
materno, e um terceiro componente - seu pai, um irmão ou qualquer outra pessoa significativa para a
relação.

1.1.1.3 GRUPALIDADE

Fenomenologicamente, a grupalidade pode ser definida como um conjunto restrito de pessoas que, ligadas
entre si por constantes de tempo e espaço e articuladas por sua mútua representação interna, interagem em
torno de uma tarefa que constitui sua finalidade.

Essa definição contém os elementos necessários para se comparar, por semelhanças e diferenças, o grupo
das outras formas de agrupamentos sociais predominantes na atualidade, quais sejam: díade, serialidade,
multidão e público.

A díade e o grupo se assemelham pelo fato de ambos serem um conjunto restrito de pessoas (a díade é um
conjunto binário), que estão ligadas por constantes de espaço e tempo, e que interagem em torno de uma
tarefa – o cuidado materno de um recém-nascido. Contudo, o diferencial está no fato de que os indivíduos
da díade, realmente, não se articulam por sua mútua representação interna, e sim por uma força ainda
cientificamente pouco conhecida, mas que provavelmente se remete ao instinto de sobrevivência da
espécie.

Da serialidade o grupo se assemelha no fato de também ser um conjunto de pessoas que se articulam no
mesmo espaço e tempo em torno de uma tarefa. No entanto, há uma diferença qualitativa entre esses dois
agrupamentos humanos: no grupo os componentes interagem articulados pela mútua representação interna,
na série não há interação e, consequentemente, não há articulação pela mútua representação interna.

Quer dizer, na serialidade não há uma ação pactuada através da comunicação interpessoal, e sim uma
articulação que ocorre apenas devido a uma força (uma lei, uma ordem etc.) proveniente do exterior.
Ademais, os indivíduos da série representam um número de ordem (o primeiro, o segundo etc.), e não uma
função social como acontece na grupalidade humana.

Com aglomerados sociais do tipo multidão e público, o grupo tem em comum o fato de ser um conjunto de
pessoas reunidas, ao mesmo tempo num mesmo espaço, em torno de uma tarefa.

No entanto, uma diferença de natureza quantitativa – enquanto o grupo é constituído por um número
restrito de componentes, a multidão e o público se caracterizam por reunir grande número de pessoas -,
implica, imediatamente, num diferencial qualitativo, qual seja, o da possibilidade de interação e articulação
entre todos os membros do grupo, fato que, pela grande quantidade de componentes, não é possível em
multidões e públicos.

Finalmente, observar que o grupo e todos os aglomerados sociais citados se reúnem em torno de uma
tarefa. Porém, globalmente, essa tarefa não se coloca para uma grupalidade da mesma maneira que se
coloca para essas outras aglomerações humanas.
Para um grupo - seja ele natural, como uma família, seja ele artificial como um grupo operativo -, sempre
está colocada uma dupla tarefa: explícita, implícita.

A tarefa explícita está relacionada a um projeto pactuado de maneira consciente entre seus participantes.
Deve-se ressaltar que o ‘nível’ de consciência que um grupo coloca neste projeto varia dependendo da
natureza da grupalidade e da tarefa que a ela é proposta. Assim, numa família o pacto consciente se
estabelece no cotidiano das comunicações em torno dos cuidados domésticos, das funções educativas etc.
Já um grupo operativo só tem razão de ser, conforme a lógica de Pichon-Rivière, se funcionar em torno de
uma tarefa conscientemente projetada.

A tarefa implícita significa que o grupo "se trabalha para trabalhar". Isso significa empreender ações em
torno do complexo de elementos subjetivos (medos, desejos, incompreensões etc.) que os indivíduos da
grupalidade envolvem na tarefa que estão a realizar.

Em relação às outras formas de aglomerados sociais, pode-se afirmar que (1) na díade há uma perfeita
interseção entre os níveis das tarefas explicitas e implícitas; (2) na multidão e público geralmente se coloca
somente a tarefa explícita, mas é provável que, em circunstâncias especiais, elementos relacionados à tarefa
implícita sejam globalmente trabalhados pela aglomeração – por exemplo, pode se presumir que na
formação de uma turba de linchamento sempre está envolvido ações internas para "aplacar" o medo que
seus integrantes têm pelo fato de estarem cometendo um ato ilegal; (3) na serialidade somente pode estar
sendo realizada uma tarefa explícita. Isso acontece por que no momento em que se coloca uma tarefa
implícita, também se coloca a comunicação e a interação. Nesse caso, o aglomerado deixa de ser
serialidade e passa a ser grupalidade.

1.1.1.4 SERIALIDADE

Um tipo de aglomerado social no qual as pessoas se somam (em série) sem que, em termos efetivos,
estabeleçam comunicações que as unam afetivamente. A série recebe do exterior a sua unidade, e nela os
componentes representam apenas um número de ordem – o primeiro, o segundo, o terceiro etc. O exemplo
mais evidente de uma serialidade é uma fila humana qualquer - num estabelecimento bancário, numa
parada de transporte coletivo etc.

Esse tipo de conjunto humano foi estudado por Sartre dentro de sua concepção dialética dos grupos. Essa
concepção apresenta duas grandes vantagens para se compreender a estrutura e a dinâmica grupal: (1)
Esclarece como pode se dar uma gênese e um desenvolvimento ideal para grupalidades humanas do tipo
grupos de tarefa; (2) É útil para operacionalizar essa dinâmica grupal.

(1) Para esclarecer a gênese e o desenvolvimento grupal, Sartre parte do trabalho.

Tudo começa com a necessidade do ser humano em sua relação dialética com um meio dotado de recursos
escassos. Ao trabalhar esse meio, o ser humano realiza uma primordial totalização – o produto, a matéria
elaborada. Por sua vez, essa totalização implica, de maneira imediata, numa objetivação, ou seja, na matéria
elaborada o ser humano lê o sentido do que ele é, objetiva-se.

Contudo, no campo prático, o ser humano nunca está sozinho: o fundamento da coexistência é a estrutura
das relações humanas. Essa, conforme a lógica sartreana, é uma estrutura de reciprocidade, que só se
conhece como tal pela mediação de "terceiros".
Isto é, essa reciprocidade, como superação da separação original dos indivíduos, deve ser sempre
‘ponderada’, mediada por um "terceiro", uma pessoa, uma lei etc.

Além disso, deve-se ainda considerar que as relações humanas sempre se realizam em um campo que se
caracteriza pela raridade - de alimentos; de mão de obra; de máquinas; de consumidores etc. Essa raridade,
o ser humano procura superar através da transformação de si, da natureza e da sociedade. Durante essa ação
transformadora, necessariamente, se colocam tanto os fatores para conflito, como para cooperação
interpessoal.

O conflito, conforme uma lógica que sobressai dessa proposição dialética, é primordial. Ele, nos termos das
relações humanas, implica na presença de um mediador, uma lei ou uma regra que faça imperar a
reciprocidade. Quando essa acontece, então estão colocadas as condições necessárias para a presença da
serialidade e do grupo como conjuntos humanos.

Conforme Sartre, a serialidade ainda é dispersão, massificação do ser humano, e é isso o que faz com que o
sistema de reciprocidade que lhe permite a existência seja sempre determinado por forças sociais vindas do
seu exterior – um exemplo de manifestação dessas forças sociais no cotidiano, está no papel desempenhado
pelo funcionário responsável pela organização de uma fila qualquer.

O grupo forma-se no interior e por meio da fusão da serialidade. Ele é uma totalização da série, que cria,
através da cooperação, uma espécie de "ser comum".

O grupo é ainda passagem dialética da quantidade à qualidade – numa série, a expressão ‘o décimo’ indica
um número de ordem, o meu, ou aquele de um outro que vem acrescentar-se à nossa fila de espera. No
grupo, no entanto, o décimo é, ao mesmo tempo, todo mundo e ninguém, uma vez que cada pessoa é
necessária para que constituamos um grupo de dez pessoas.

Formando-se a grupalidade, estabelece-se, em seu interior, uma permanente tensão entre a sua busca de
totalização (organização), e as sempre presentes possibilidades do seu retorno à serialização (dispersão).
Para fazer frente a essa tensão, o grupo incrementa a cooperatividade e estabelece compromissos.

Com a formação do grupo o desenvolvimento ideal pode desdobrar-se em duas direções:

10 – Uma positiva, pois o grupo se trabalha para poder trabalhar, quer dizer, para procurar os
objetivos comuns. Nesse caso, uma estabilidade permanente poderia ser alcançada através de
um projeto de autogestão que surgisse através de um compromisso ("juramento") democrático e
expontâneo mantido, continuamente, como base da grupalidade.

20 – Outra negativa, pois o grupo se burocratiza. Ou seja, em lugar de se organizar baseando-


se, sobretudo, numa operação sobre si mesmo, o grupo toma o seu próprio sistema de
compromissos (o "juramento", as regras institucionais) como objetivo principal. Assim, uma
estabilidade permanente só poderia ser conseguida através de obrigações, medidas autoritárias
e centralizadoras provenientes do exterior. Contudo, com as imposições impostas (através do
"terror") pela burocratização, o grupo volta a ser constituído por sujeitos isolados que só se
agrupam por que estão submetidos a uma estrita regra exterior. Ou seja, contraditoriamente,
volta a ser apenas um conjunto de indivíduos dispersos, uma série de pessoas que não mais se
comunicam, que não mais têm consciência dos compromissos interpessoais que os regem.

(2) Para melhor se entender como o esquema sartreano pode ser útil para operacionalizar a dinâmica grupal,
parte-se de um exemplo, um fato que, presumivelmente, pode acontecer num aparelho urbano qualquer da
atualidade: "considere uma fila de indivíduos parados diante de um ponto de ônibus, seu agrupamento é
determinado pela raridade dos meios de transporte. Essa fila é constituída por uma série de viajantes
anônimos e silenciosos, onde, como numa justaposição de solidões, cada qual ignora o outro e evita o
contato, a comunicação. Todos esses indivíduos estão submetidos a um regulamento externo, imposto de
fora e cada qual se submete a essa regra que não pode modificar. Todavia, todos esses indivíduos têm um
interesse comum: desejam que um ônibus pare rapidamente no ponto.

Suponha-se que um primeiro motorista resolva não parar no ponto, e continuar seu caminho. É provável
que sua atitude desencadeie algumas manifestações de desagrado, de protesto.

Suponha ainda que um segundo motorista adote também a mesma atitude e não pare. É então provável que
alguém se dirija ao seu vizinho e comunique com ele seu desagrado, e também que todas as pessoas
comecem a se comunicar, a trocar pontos de vista entre si, a tomarem decisões em comum do tipo: "vamos
interceptar o próximo ônibus".

Nessa segunda situação, em que um agrupamento de indivíduos tomou consciência de sua interdependência
e de seus interesses em comum, a série tornou-se um grupo (um "grupo em fusão" segundo Sartre). Esse
processo, a partir daí, pode então se aprofundar com a descoberta, por parte dos componentes dessa já
grupalidade, de que entre eles se estabeleceu uma relação de natureza qualitativamente diferenciada na qual
cada um pode se comunicar, tomar medidas de ação e estabelecer metas em comum com o outro. Instaura-
se então, um contexto favorável para definição de um projeto, de uma finalidade – no caso exemplificado,
pode ser torna-se um grupo de usuários cuja finalidade será a defesa dos interesses de usuários de
transporte coletivo da cidade".

A operacionabilidade desse esquema reside no fato dele se adequar perfeitamente à lógica de


desenvolvimento de um grupo operativo concebida por Pichon-Rivière. De acordo com essa lógica, um
grupo operativo desenvolve-se em três momentos dinâmicos: pré-tarefa, tarefa, projeto.

10) Pré-Tarefa. Nesse momento, no agrupamento há o predomínio de condutas significativas dos


medos da resistência à mudança que levam ao isolamento e a incomunicabilidade;

20) Tarefa. Esse momento permite que os sujeitos operem com uma percepção global dos
elementos em jogo, ao mesmo tempo que o leva a interagir e a se comunicar sobre uma
realidade;

30) Projeto. Surge como emergente da tarefa, e é expressão da consciência que um grupo tem
de uma finalidade em comum.

Desse modo, pode-se dizer que o primeiro momento do agrupamento supracitado, o da serialidade, seria o
momento da pré-tarefa. O segundo momento, o do "grupo em fusão", seria o da tarefa. E, por fim, o Projeto
estaria expresso no momento em que o grupo define (se institucionaliza) a sua finalidade.

1.1.1.5 MULTIDÃO

Multidão, massa, público, turba, legião (...). É imensa a quantidade de termos que servem para significar
um mesmo fato social: um aglomerado constituído de grande número de pessoas que se reúne, ao mesmo
tempo e no mesmo espaço, em torno de um único e circunscrito objetivo, cessado o qual, cessa também a
aglomeração formada em torno dele.

Nessa definição estão incluídas as três qualidades significantes de um aglomerado social tipo multidão:

Primeira Qualidade. A constituição quantitativa, ‘grande número de pessoas’, tornará o fato: aglomerado
social do tipo multidão, uma coisa matematicamente mensurável, estatisticamente previsível e
probabilisticamente manipulável, desde que se possam estimar valores significativos para os termos grande,
e o seu correlato pequeno, quando referidos a um qualquer aglomerado humano.
Quanto a isso, como se trata de aglomerados humanos bastante heterogêneos, é necessário que se estimem
valores mínimos e máximo.

Para o valor máximo de um qualquer aglomerado humano é lógico que se pense que a quantidade máxima
de participantes é dependente do número de indivíduos disponíveis para estarem na aglomeração.

Isto é válido tanto para uma díade que, chamada por Freud de ‘multidão de dois’, é o aglomerado com a
composição mínima de dois indivíduos; como para um grupo de tarefa que, normalmente, compõe-se de
um mínimo de três e um máximo de doze indivíduos; ou mesmo para uma imensa multidão constituída por
centenas de milhares de pessoas.

Um exemplo elucidativo desta lógica esta nesta hipotética situação - num longínquo povoado localizado
(‘perdido’) na selva amazônica, que seja constituído de quinhentos habitantes, o aglomerado com o
máximo de participantes que poderá ser ai, normalmente, formado será de quinhentos participantes.

Em relação ao valor mínimo é obvio que os menores aglomerados serão formados por duplas e díades.
Contudo, essa constatação não é suficiente para que se possa tirar uma conclusão cientificamente válida
sobre que valor permite diferenciar um ‘pequeno’ de um ‘grande’ número de pessoas’.

Para isto, retorna-se ao supracitado povoado amazônico para se perguntar duas coisas: o que nele poderia
ser considerado como um ‘grande’ aglomerado de pessoas? Será que os critérios definidos para se
responder a essa questão podem ser generalizados e aplicados universalmente em qualquer que seja a
sociedade humana?

Buscando respondê-las, inicia-se pela segunda questão – pelos conhecimentos atualmente disponíveis, não
há razões para se supor que um aglomerado humano (uma díade, um grupo de tarefa, uma multidão etc.)
formado nesse povoado seja essencialmente diferente de um aglomerado similar formado numa grande
metrópole.

Sobre isso, o que se observa é que nas obras dos diferentes teóricos sobre a sociedade humana, sobressai a
idéia de que há uma essência similar entre agrupamentos formados entre diferentes condições culturais e
históricas - exemplificando: tanto Freud como Gustave Le Bon, consideraram a mentalidade dos coletivos
humanos semelhantes à mentalidade do homem primitivo; Émile Durkheim diz que, "qualquer que sejam
suas diferenças, ao se formar grupos faz-se nascer uma individualidade psíquica de uma novo tipo"; Sartre
se inspirou nas multidões formadas durante a revolução francesa de 1789 para elaborar sua atualizada
dialética dos grupos.

Também observa-se que não há uma específica preocupação teórica em relação a (por exemplo) diferenças
entre ‘mentalidades grupais’ formadas em diferentes culturas humanas. Ao contrário, o que se vê é que o
termo ‘agrupamento social’ é estudado indistintamente para designar os mais diferentes grupamentos
formados de maneira a mais variada possível. Aqui, os estudos ou dizem respeito às ‘forças’ que induzem o
aparecimento dos agrupamentos; ou referem-se ao tipo de relação que os membros mantêm entre si; ou
mesmo, versam sobre o tamanho e a persistência dos aglomerados humanos.

Uma das modalidades desses estudos pode ser utilizada como ‘gancho’ para se voltar à resposta para a
primeira questão acima colocada. Charles Horton Cooley, um dos clássicos das ciências sociais,
estabeleceu a diferença entre grupos primários e grupos secundários.

Por grupos primários, Cooley entende aqueles que se caracterizam pela associação íntima, face-a-face,
entre seus componentes. Dessa associação íntima resulta, psicologicamente, uma certa fusão das
individualidades num todo comum, de modo a que todos se identificam com o que há de comum na vida e
no objetivo do grupo. Os grupos primários tendem à estabilidade, e são exemplificados pela família e pelos
denominados grupos de tarefa.
Por grupos secundários, Cooley entende aqueles caracterizados por uma maior dispersão nos contatos.
Esses grupos se caracterizam pela ‘impessoalidade’ nas relações entre seus componentes, e se estabelecem,
não pelas identificações inter-individuais, mas sim em torno de um objetivo que, ‘externo’ aos indivíduos,
esteja de acordo com as necessidades do agrupamento. Os grupos secundários tendem a ter uma existência
fugaz, e, entre outros, são exemplificados pelas multidões e públicos.

Empiricamente, sabe-se que há valores mais ou menos precisos para se definir um número ideal de
participantes de certas formas de grupos primários, como os grupos de tarefa – por exemplo, em grupos
cuja tarefa seja a psicoterapia analítica, um número superior a dez pacientes, segundo Abraham S. Luchins,
torna difícil um manejo terapêutico. Luchins diz que uma das razões para isso está no fato de que os grupos
maiores têm maior possibilidade de diferenciação de estrutura e função, dando origem a vários líderes de
subgrupos, os quais controlam a comunicação do grupo e criam diferentes áreas de decisão, o que é
extremamente prejudicial à ação terapêutica.

Cientificamente, o teste sociométrico é uma proposta valiosa para se obter estimativas confiáveis para se
definir a questão relativa a mensurabilidade de um qualquer grupo de tarefa. Quanto a esse teste, o autor
deste trabalho propõe uma fórmula sociométrica em que, se o teste for aplicado em um agrupamento
constituído com número superior a doze pessoas, sua operacionalidade e, portanto, sua utilidade torna-se
crítica. Isso ocorre por que, a partir daí, torna-se, de maneira crescente, altamente complicada a
manipulação matemática dos dados relativos aos índices a que se propõe aferir o teste.

Ainda mais, pode-se presumir que, teoricamente, por limitações inerentes à própria individualidade só se
pode, ao mesmo tempo e no mesmo espaço, estabelecer relações íntimas, ‘de identificação’, com um
número restrito de pessoas – talvez um número máximo de duas dezenas. A partir de então, relações
impessoais e voltadas unicamente para interesses externos tendem a predominar.

Com base nessas constatações empíricas, científicas e teóricas pode-se afirmar que, em qualquer que sejam
as circunstâncias, um aglomerado constituído por mais de duas dezenas de pessoas, por exemplo, ultrapassa
os limites convenientemente estabelecidos para uma grupalidade primária, sendo então considerados
grupos secundários, como os já citados aglomerados do tipo multidão e público.

Segunda Qualidade. A reunião de pessoas no "mesmo tempo e no mesmo espaço", é uma característica
comum a todas as cinco principais formas de aglomerados sociais: multidões, públicos, díades, grupos e
séries.

O fato ‘estar ao mesmo tempo num mesmo lugar’ já é uma condição suficiente para que ocorra uma notável
peculiaridade. Essa, foi assim descrita por Freud: "sejam quem forem os indivíduos que o compõe, por
semelhantes ou dessemelhantes que sejam seu modo de vida, suas ocupações, seu caráter ou sua
inteligência, o fato de estarem reunidos coloca-os na posse de uma espécie de mente coletiva que os faz
sentir, pensar e agir de maneira diferente daquela pela qual, cada membro tomado individualmente, sentiria,
pensaria e agiria caso se encontrasse em estado de isolamento".

Essa mente coletiva se diferencia qualitativamente conforme o aglomerado social formado. No caso dos
aglomerados do tipo multidão e público é valida a idéia de que um indivíduo que faz parte desses
agrupamentos adquire, unicamente por considerações numéricas, um sentimento de poder invencível que
lhe permite render-se a instintos que, estivesse ele sozinho, teria compulsoriamente mantido sob coerção.

Nessas circunstâncias também ocorrem, segundo Le Bon, os fenômenos de contágio e de


sugestionabilidade. O primeiro, que Freud classificou como de ordem hipnótica, consiste no fato que numa
multidão todo ato é contagioso, e contagioso em tal grau que o indivíduo prontamente sacrifica seu
interesse pessoal ao interesse coletivo; o segundo, a sugestionabilidade é um efeito do contágio, e consiste
no fato de que um indivíduo imerso numa multidão entra num estado especial, que se assemelha muito ao
estado de ‘fascinação’ em que o indivíduo hipnotizado se encontra na mão de um hipnotizador.
Terceira Qualidade. O único e circunscrito objetivo é o elo que unifica o grande número de pessoas em
aglomerações dos tipos multidão e público. Nesses fatos sociais esse objetivo, em geral, apresenta três
características:

1) É passageiro, fugaz. Para uma grande aglomeração enquanto tal, que é sempre dotada de uma
composição extremamente dinâmica, e que, conforme as pesquisas de Le Bon, apresenta uma natureza
impulsiva, mutável e irritável, só se pode colocar um objetivo impreterível, inadiável.

2) Atende alguma das necessidades específicas do aglomerado. Essas podem ser de natureza política,
econômica, social ou mesmo psico-social - inclui-se nesta última rubrica as aglomerações formadas com
objetivos esportivos e místico-religiosos.

3) É freqüentemente personificado numa liderança. Isso se justifica pelo fato desses aglomerados, como
‘grupos artificiais", necessitarem de que seu objetivo seja expresso através de uma força externa
suficientemente forte para impedí-los de se desagregarem, e evitarem alterações significativas em sua
estrutura. Para isso é necessário a presença de um líder.

Esse líder, conforme Le Bon, ao estar fascinado por uma intensa fé na idéia que expressa o objetivo do
aglomerado, e ao possuir vontade forte e imponente, é capaz tanto de despertar a fé, como de fazer com que
essa aglomeração passe a ter uma vontade para continuar sua ação em conjunto.

Ademais, assim como foi observado por Freud em relação à Igreja e ao Exercito, um traço democrático
perpassa por esses aglomerados humanos, e isso acontece pela própria razão de que, perante o líder, todos
são iguais e todos podem fazer parte do seu amor. Sendo assim, neles prevalece a ilusão de que há um
cabeça que ama a todos os indivíduos com amor igual, e daí, tudo depende dessa ilusão, se ela tiver de ser
abandonada, então a aglomeração se dissolverá.

Para encerrar, observa-se que estas três características presentes em seu objetivo: fugacidade; atendimento
de uma necessidade específica; personificação numa liderança, diferencia as grandes aglomerações citadas
da grupalidade humana. Para esse último tipo de agrupamento social, tanto pode-se colocar uma tarefa,
como também um projeto permanente – como exemplo de tarefa permanente pode-se citar aquela que é
colocada para o grupo familiar em suas atividades para manutenção e sobrevivência de seus componentes;
um exemplo de projeto permanente sobressai na já informada proposição de Max Pagés de que,
inconscientemente, existe em todos os grupos um projeto auto-gestionário. Com esse projeto de autonomia
e de auto-regulação, o grupo pretende assumir a plena responsabilidade de todos os aspectos de sua própria
vida.

1.1.2 ESSÊNCIA

Essência é aquilo que faz com que uma coisa seja o que é, e não seja outra coisa. Esse conceito é o
comumente aceito pela filosofia que distingue, em cada ser, uma essência e uma existência.

O grupo existe. Qual é então a sua essência? O amor. Pode-se fundamentar tal afirmação apenas com outra
pergunta: cotidianamente, é óbvio que o que faz um grupo ser familiar são suas relações amorosas,
pergunta-se então: será que a mesma coisa também acontece no que se refere aos grupos artificiais, como
equipes esportivas, conjuntos musicais etc?

1.1.2.1 AMOR

Teoricamente, quem mais se aproximou dessa essência para o grupo foi Freud. No entanto, no campo
prático da Psicologia, quem conseguiu com mais pertinência uma expressão para o amor quando referido
ao grupal foi Moreno que, para isso, criou o conceito de tele.
Freud trata de maneira direta da essência grupal em seu trabalho sobre psicologia de grupo. Apesar do
esquema conceitual, referencial e operativo utilizado nessa obra não se referir, propriamente, ao que
atualmente se concebe como grupo humano (microgrupo; grupo primário; face to face groups), e sim a
fenômenos sociológicos representados nas multidões, e nas hierarquias da Igreja e do Exército, nela ele
intenta, em diversas passagens, responder a pergunta sobre a essência grupal, isto é, qual o poder que
mantém unido e faz do grupo um específico aglomerado social.

Esse poder Freud claramente atribui ao Eros, afinal de contas, como afirma, é isso o que mantém unido
tudo o que existe no mundo. Porém, ele duvida seriamente de que esse Eros esteja apenas referido ao
conceito do amor sexual como é vulgarmente aceito pela Psicanálise.

Para ele, o amor sexual que se expressa na libido, ou seja numa energia de magnitude quantificável, era
apenas o núcleo da força grupal. Mas admite que há uma força ainda mais ampla que se sobrepõe a essa
libido, algo assim, como ele mesmo menciona, que é expresso no amor que o apóstolo Paulo louva em sua
famosa Epístola aos Coríntios.

Finalmente, para Freud uma simples reunião de pessoas não constituirá um grupo enquanto os laços
amorosos não estiverem estabelecidos nele. Também, nesse processo de constituição de um mundo grupal,
ocupa papel de destaque a presença de um líder. Através do líder, com o qual cada indivíduo se liga por
laços libidinais, é feita a mediação entre as ligações (também libidinais) inter-individuais para constituição
do grupo.

Moreno, de um outro modo, também buscou no amor a força essencial para a grupalidade humana. Para
isso, ele desenvolveu a idéia do tele que, como um corolário do religioso conceito amor (summum bonum),
é o que unifica e constitui a unidade grupal. Esse conceito de tele será desenvolvido no próximo item.

1.1.2.1.1 TELE

Por volta de 1921, Moreno trabalhava em sessões de Teatro Espontâneo e observou que, na interação entre
os atores, havia a emergência de uma "sensibilidade especial", a qual permitia uma comunicação mais
clara, e uma percepção mais ampla entre eles. Isso também, como ele vivenciou, tornava as sessões mais
espontâneas e criativas.

Já nos anos trinta, quando trabalhava com Testes Sociométricos, Moreno descobriu que os sociogramas
gerados a partir da aplicação desses testes em grupos humanos reais, diferiam, significativamente, dos
sociogramas gerados artificialmente, ou seja, através de procedimentos aleatórios. Ele constatou que, nos
grupos reais, havia um número crescente de pares, triângulos, cadeias e outras estruturas de relações
humanas, as quais só poderiam ser explicadas se não estivesse totalmente ativo o acaso durante a formação
do sociograma.

Moreno concluiu então que isso devia-se ao funcionamento de um fator específico, que é responsável pela
coesão do grupo e por sua potencialidade de interação e integração. A esse fator, Moreno chamou de tele -
do grego, à distância.

O conceito de tele foi absorvido por Pichon-Rivière na sua técnica do Grupo Operativo. Através dessa
técnica, que está centrada na realização de uma tarefa pelo grupo, e foi elaborada na década de sessenta
com base em postulados psicanalíticos, Pichon-Rivière constatou que durante a realização da tarefa grupal
certos fenômenos da interação humana se apresentam de modo sistemático. A existência desses fenômenos
permite que sejam ordenados, numa escala de avaliação, os processos de interação e integração grupal.

Essa escala, Pichon-Rivière chamou de Esquema de Cone Invertido pois utilizou-se da figura de um cone
invertido para ‘graficar’ as etapas desses fenômenos. O esquema foi montado a partir da pressuposição de
que a realização da tarefa por um grupo comporta dois níveis: explícito e implícito. Nesse caso, o explícito
é o observável no processo, e ocupa a base do cone que é a maior superfície visível. O implícito localiza-se
no vértice.

Por dentro do cone, como que circulando numa crescente espiral dialética, estão sete fenômenos que
articulam o plano implícito ao explícito da tarefa grupal. Esses fenômenos, que também são modelos de
conduta grupal, foram por ele sistematizados na sua escala de avaliação. Eles são os seguintes:
identificação, pertença, cooperação, pertinência, comunicação, aprendizagem, tele.

O modelo é topológico, e infere-se que cada um desses fenômenos representaria, de acordo com uma lógica
crescente, uma etapa do processo. A primeira etapa, que se dá no primeiro encontro com a explicitação dos
modelos de conduta caracterizados como de identificação individual aos processos grupais, ocuparia a base
do cone. Na última etapa, estaria o tele, a força implícita que permite ao grupo que, a partir do primeiro
encontro, continue interagindo e integrado em torno da tarefa. Esse fenômeno ocuparia o vértice do cone.

Contudo, deve-se sublinhar que, na realidade, essas etapas não se dão desse modo: sucessivamente, com
antecedente e conseqüente bem delimitados, mas ocorre de uma maneira simultânea.

Ou seja, a primeira etapa, a identificação, desencadearia, imediatamente, a emergência dos outros


fenômenos interacionais: a pertença, como sinal de pertencimento individual ao grupo; a comunicação, que
significa reciprocidade e troca de informações; a cooperação e a pertinência, indicando a contribuição de
todos para a tarefa e para a manutenção do espaço grupal; a aprendizagem, como capacidade instrumental
para resolução de tarefas e elaboração de projetos pelo grupo; finalmente o tele, que é, ao mesmo tempo,
uma síntese e também o "ponto culminante" da eficiência em todos esses fenômenos da interação grupal.

Especificamente em relação ao tele, essa construção pichoniana tem o mérito de apontar um caminho para
explicar a sua gênese. No entanto, esse esquema não dá elementos que permitam a captação desse
fenômeno – Como se verá mais adiante, somente através da Sociometria, um proposição científica
desenvolvida por Moreno, pode-se fazer essa captação.

(a) Gênese do Tele. Quanto à gênese, o fator tele evolui a partir do modelo de conduta definido como
identificação. É isso o que se observa no esquema idealmente projetado por Pichon-Rivière, e também é o
que está evidenciado na concepção moreniana.

Moreno observou que o tele surgia desde o primeiro momento do encontro grupal, mas também, sobressai
em sua lógica, que sua manifestação se dá a partir de um processo que só pode ser caracterizado como de
identificação interpessoal. Isso está claramente expresso em sua célebre insígnia poética - "um encontro de
dois: olhos nos olhos, face a face; e quando estiveres perto, arrancar-te-ei os olhos, e colocá-los-ei no lugar
dos meus; e arrancarei meus olhos, para colocá-los no lugar dos teus; então ver-te-ei com os teu olhos, e tu
ver-me-ás com os meus".

Nessa insígnia estão contidos os elementos característicos da identificação: processo psicológico em que o
indivíduo assimila um aspecto, uma propriedade, um atributo do outro e se transforma total, ou
parcialmente, segundo o modelo dessa pessoa.

A identificação foi melhor estudado por Freud em sua obra sobre a psicologia do grupo. Para ele, esse
processo é a mais remota expressão de um laço emocional com outra pessoa, e sua origem deve ser buscada
no estágio mais primitivo do desenvolvimento humano, qual seja, o das primeiras relações do bebê com a
sua mãe.

Nesse estágio, segundo Freud, ocorre o primeiro processo de identificação, que é caracterizado como
primário, e ocorre logo após o nascimento, ou seja, na fase oral primitiva. Ressalte-se que essa fase é
caracterizada por condutas de incorporação, pois é unicamente a atividade de nutrição que fornece as
significações eletivas pelas quais se exprime a relação do bebê com o seu objeto mãe. Também nela,
predomina uma identificação do tipo narcísica, pois o bebê, devido a quase total ausência de outras relações
com o meio, se identifica com a sua mãe tendo como único modelo a si próprio.

Observar que essas características estão assim simbolicamente expressas na insígnia poética de Moreno – a
incorporação pelo "arrancar-te-ei os olhos, e colocá-los-ei no lugar dos meus"; e o narcisismo pelo
"arrancarei meus olhos, para colocá-los no lugar dos teus".

Ainda para Freud, o segundo grande momento para estruturação dos processos de identificação estaria na
etapa do desenvolvimento daquele que é o maior estruturador social: o Complexo de Édipo.

Sabe-se que nessa etapa, a qual geralmente ocorre entre três e cinco anos de idade, na criança predominam
formas especiais de desejos para com seus pais. Esses desejos, hostis e/ou amorosos, são insuportáveis do
ponto de vista psico-social, pois nele intervém uma instância interditória (a proibição do incesto), o qual
barra o acesso à satisfação naturalmente procurada, e isso, como fonte de extremo sofrimento para a criança
em desenvolvimento, exige uma adequada resolução.

A resolução dá-se de uma maneira complexa, mas, segundo a concepção freudiana, para que ocorra é
necessário a emergência de um temor primordial. Esse, conforme essa linguagem, se centra no temor da
castração, e é aplacado pela intervenção de dois fatores – um é o amor materno que funda a possibilidade
da criança vencer sua angústia; o outro é a identificação que, normalmente, é direcionada para o genitor
desejado, e que se evidencia no fato da criança imitar e mostrar interesse especial por esse genitor,
querendo ser e crescer como ele, e tomar o seu lugar em tudo.

Finalmente, é necessário se reafirmar que a identificação ocorre apenas como um dos processos precursores
do fenômeno tele. Além dela, há outros fenômenos que se relacionam ao tele. Desses, que mantém com o
tele uma relação de gênese mas que, necessariamente, não é um precursor, dois são bastante evidentes: o
primeiro, chama-se de capacidade de alteridade. Essa significa que o indivíduo é capaz de distinguir o
outro, e com isso de reconhecer-se como diferente dele; o segundo, é um mecanismo de defesa psicológico
que, denominado pela psicanálise de deslocamento, está na base de um outro processo psico-social: a
transferência, cujo conhecimento é necessário para uma correta compreensão do fenômeno tele.

A seguir será feita uma apresentação destes três fenômenos – identificação, alteridade, transferência –
comparando-os com o tele.

Identificação. Se diferencia do tele em dois aspectos fundamentais:

(10) A identificação ocorre de modo unilateral. Isto é, na relação, a pessoa que é tomada como
modelo, necessariamente não participa ou, quando isso acontece, geralmente não corresponde
a esse processo de identificação. O protótipo de uma identificação unilateral é a relação
estabelecida entre o fã e o seu ídolo.

Com o tele é diferente, pois é sempre bilateral (ou multilateral quando no grupal). Ou seja, para que ocorra
é necessário que os dois (ou todos do grupo) componentes da relação participem e tenham um mínimo de
consciência de que agem mutuamente. Isso, que também está expresso na supracitada insígnia de Moreno:
"então, ver-te-ei com os teus olhos; e tu ver-me-ás com os meus", é cotidianamente observável em grupos
cujos componentes cooperam realizando uma tarefa.

(20) A identificação é ambivalente. Isso, basicamente se dá pelo fato de que, conforme a já


explanada construção freudiana, o processo de identificação emerge e se consolida em duas
fases sumamente ambivalentes do desenvolvimento humano: fase oral primitiva, etapa do
complexo de Édipo.
Na primeira fase, a criança recém-nascida, como sujeito que se identifica, ainda sobre o impacto do trauma
do nascimento, e também ainda fantasticamente fusionado com o seu objeto mãe, é incapaz de distinguir,
em fantasia inconsciente, esse objeto enquanto uma totalidade, só o percebendo parcialmente, em
fragmentos rigidamente cindidos. Conforme a construção de Melanie Klein, esses fragmentos praticamente
se reduzem ao seio materno como um objeto bom, quando presente, e objeto mau, quando ausente. A cisão
implica em intensa angústia, o que desencadeia defesas radicalmente ambivalentes – amor e ódio, inveja e
gratidão, destruição e reparação, recusa e aceitação se presentificam na relação do bebê com sua mãe.

A essa radical ambivalência, ainda de acordo com Melanie Klein, o bebê tenta responder, em fantasia,
através do mecanismo de defesa da identificação, a qual, por sua vez, também, de maneira simultânea, tem
um duplo carácter: identificação projetiva, quando uma pessoa se imagina como estando dentro de algum
objeto externo a ela mesma; identificação introjetiva, quando uma pessoa imagina outra como estando
dentro de si e fazendo parte de si mesmo.

A etapa do Complexo de Édipo, onde se finaliza a estruturação dos processos de identificação, é também
caracterizada como extremamente ambivalente. Aí, como nos diz Freud, desejos amorosos e hostis
manifestam-se, simultaneamente, na relação da criança com o seu genitor identificado.

No tele ocorre diferentemente da identificação, nele a relação se dá entre um sujeito íntegro e um objeto
total, nele ocorre o que Sigmund Heinrich Foulkes chamou de fenômeno do espelho – a reciprocidade
permite que cada um dos participantes da relação reflita a imagem real do outro e, ao mesmo tempo, aquilo
que vê, particularmente com os "olhos" do inconsciente, no outro.

Alteridade. Parodiando uma lógica exposta por Platão no diálogo chamado Sofista, diz-se que alteridade
implica no reconhecimento de que, no não-ser eu, há um ser possuidor de uma natureza humana própria.

Isso só é possível se o eu (ego) do ser individual estiver estabelecido, pois ele é a estrutura da personalidade
que coloca o ser humano em contato com a realidade do outro como o não-ser eu.

Moreno, se referindo à relação entre terapeuta e cliente, fala da "parte" do ego do cliente que, não
engolfada pela auto-sugestão, sente a realidade física e mental do terapeuta. A essa "parte" ele chamou de
tele. Portanto, para que haja tele também é necessário a existência do ego individual dos participantes da
relação.

A teoria psicanalítica procura explicar a gênese da estrutura egóica em dois registros relativamente
heterogêneos, quer vendo nele um aparelho adaptativo, diferenciado a partir do id em contato com a
realidade exterior; quer definindo-o como o produto de identificações que levam à formação, no seio da
pessoa, de um objeto de amor.

Observar que, com essa duplicidade explicativa, a gênese do ego confunde-se com a gênese da capacidade
télica – em primeiro lugar, por que ao surgir do id, o polo pulsional inconsciente da personalidade, a
formação do ego implica num processo de tomada de consciência da realidade, a mesma coisa é válida
sobre o desenvolvimento da capacidade télica; em segundo lugar, vem o já explicado processo de
identificação como precursor do tele.

O processo de tomada de consciência da realidade (conscientização), como manifestação do


desenvolvimento do ego, se dá de maneira contínua – pode-se dizer, que isso acontece desde os primeiros
momentos após o nascimento, até os últimos momentos de vida de uma pessoa.

No entanto, pode-se dividir esse desenvolvimento em dois momentos: um, é estritamente dependente da
emergência dos processos de identificação. Essa emergência, suas vicissitudes, e suas relações com o
fenômeno tele, já foi anteriormente discutida, mas deve-se repetir que ela ocorre especialmente em duas
etapas do desenvolvimento humano – fase do narcisismo primário, etapa do complexo de Édipo. O segundo
momento acontece com o desenvolvimento da supracitada capacidade de distinguir o outro, de perceber a
sua alteridade.

Para que esse segundo momento aconteça em sua plenitude, é necessário que o aparelho psíquico (em suas
dimensões afetiva, cognitiva e conativa) esteja suficientemente desenvolvido. Isso, em termos cronológicos
só acontece com a entrada do ser humano em sua idade da adolescência, pois é aí, conforme a Psicanálise,
onde se dá a plena maturidade afetivo-sexual – para Freud isso significa o estabelecimento e o predomínio
da escolha heterosexual do objeto. É também aí, que acontece o pleno desenvolvimento do ego, o que,
consequentemente, leva à capacidade de diferenciação entre a pessoa e o mundo exterior, e a
predominância do principio da realidade sobre o princípio do prazer.

Ainda é na adolescência onde, de acordo com Jean Piaget, acontece a última etapa do desenvolvimento
cognitivo, qual seja a Etapa das Operações Formais. Essa etapa é caracterizada pela capacidade do jovem
pensar abstratamente e raciocinar dedutivamente. Desse modo, o jovem consegue refletir sobre seus
próprios pensamentos e sobre os de outras pessoas, e isso, nos termos de relações humanas significa a
capacidade de se colocar no lugar do outro (equivalente da fase de inversão do papel concebida por
Moreno), e de agir com ele reciprocamente, cooperativamente.

Transferência. Processo em que alguém desloca para um outro, com quem esteja mantendo uma relação
significativa, percepções, sentimentos, idéias etc., que derivam de figuras que também foram significativas
em momentos anteriores de sua vida.

A transferência se dá com base num mecanismo de defesa psicológico caracterizado como de deslocamento
- mecanismo em que a energia afetiva (catexia) é, inconscientemente, transferida de uma determinada
imagem mental para outra.

O fato de ter como base esse mecanismo de defesa faz com que a transferência seja radicalmente diferente
do tele, o qual, como já visto, está ancorado numa estrutura egóica, e tem como principal base psicológica o
mecanismo da identificação.

O deslocamento é um mecanismo psíquico inconsciente, estando particularmente relacionado ao


denominado processo primário: modo de funcionamento do aparelho psíquico submetido ao princípio do
prazer, em que a energia afetiva escoa livremente sem manter ligação estável com representações intra e
inter-psíquicas.

Em termos intra-psíquicos, esse processo se manifesta, de uma maneira muito particular, nos sonhos.
Similarmente, sua manifestação no campo inter-psíquico adota a lógica do "como se" dos sonhos - por
exemplo, uma relação transferencial de um cliente para um terapeuta ocorre, devido ao deslocamento, no
"como se" o terapeuta fosse uma outra figura significativa (o pai, a mãe etc.) para esse cliente.

A estrutura egóica está relacionada ao funcionamento psíquico caracterizado como secundário. Esse é
consciente, e dá o carácter de realidade nas relações do indivíduo com outros seres humanos. Também,
nesse modo de funcionamento, a energia afetiva está ligada a representações intra e inter-psíquicas mais
estáveis.

Tanto o processo de identificação como o de deslocamento são inconscientes. Contudo, em termos de


representação psíquica consciente, o impacto desses mecanismos se diferencia de duas maneiras:

1) Um importante resultado da identificação está na empatia, uma qualidade emocional consciente que
significa sentir como se estivesse na situação experimentada por outra pessoa. Nos termos das relações
humanas, a empatia, usualmente, resulta em simpatia, que é a tendência de aproximar duas ou mais
pessoas;
2) O deslocamento está particularmente relacionado à formação de sintomas neuróticos que perturbam o
comportamento individual, e prejudicam seriamente as relações inter-pessoais.

Assim, como conclusão, observa-se que o tele se diferencia da transferência em três grandes aspectos:

Primeiro. O tele está ancorado em mecanismos vinculados à realidade, sendo porisso o fator que permite
uma relação humana verdadeira, autêntica. A transferência se baseia num processo fantasioso, o que resulta
numa relação humana falsa, inautêntica. Desse modo, pode-se ainda dizer que, de acordo com a concepção
existencialista de Martin Buber, o tele seria o protótipo da relação Eu-Tu, enquanto a transferência seria da
relação Eu-Isso.

Segundo. O tele está ligado a fatores que dão estabilidade intra e inter-psíquica. A transferência, como
conseqüência de um mecanismo intra-psíquico instável, resulta em instabilidade interpessoal. Tudo isso,
como diz Moreno, faz com que o tele seja o fator de agregação, e a transferência o de desagregação grupal.

Terceiro. O tele, que inclui a empatia e a simpatia, é o elemento saudável que aproxima e une os seres
humanos. A transferência perturba, tornando patológicas as relações desses mesmos seres humanos.

(b) Captação do tele. Para se entender como é possível a captação de um fator tele, seria necessário se
compreender a teoria de papéis.

Contudo, como não é do escopo deste trabalho, não é pertinente que se faça uma aprofundada análise sobre
a teoria de papéis, e sim que se mostre os termos gerais de suas vinculações com o fenômeno tele.

A base desses termos se encontra numa concepção de Moreno: "os aspectos tangíveis daquilo que se
conhece como eu (ego) são os papéis com que se opera socialmente".

A partir dessa concepção pode-se fazer a seguinte consideração: o tele não se dá em relação a um eu
abstrato – um ego ideal somente existente no campo intrapsiquico - mas sim para algo tangível, que é o
papel que a pessoa desse eu (ego) desempenha socialmente. Afirmando melhor: num encontro entre duas
pessoas o tele, fundamentalmente, acontece em relação aos papéis sociais desempenhados por essas
pessoas.

Antes de mostrar como através do Teste Sociométrico, criado por Moreno, se consegue fundamentar essa
última afirmativa, é necessário se demonstrar que, da mesma maneira que no tele, também na identificação
e na alteridade como os seus antecedentes, e ainda na transferência como um seu ‘diferente’, o fenômeno
relacional se dá em direção a papéis sociais.

(10) O protótipo da identificação está no que acontece na relação entre uma criança e o seu pai.
São dois os termos constituintes dessa relação: a criança, o pai.

Não é conveniente se dizer que o primeiro termo: a criança, indica naturalmente um papel social – apenas
se deve dizer que ser criança é estar na fase infantil do desenvolvimento humano. No entanto, é tão crucial
a exigência que esta fase faz de papéis sociais, que pode-se afirmar que seria impossível sua existência sem
a presença dos referidos papéis – basta observar a imperiosa necessidade que a criança tem das funções
referentes ao cuidar – materno, paterno, pedagógico etc.

Ademais, por essa crucial importância dos papéis sociais, torna-se ainda pertinente uma paródia de uma
afirmativa de Karl Groos. Groos falou sobre o instinto do jogo (impulsos que são inteiramente parte da
personalidade e do comportamento do homem), aqui fala-se sobre os papéis sociais: as crianças não jogam
papéis porque são infantis. Mas tem sua fase infantil porque precisam jogar.
Quanto ao pai, esse é, tanto do ponto de vista histórico como ontológico, o mais expressivo papel
desempenhado socialmente pelo ser humano. Entre outros papéis, o pai é sempre identificado como
progenitor, como principal responsável pela manutenção da prole e, desde os tempos da horda primeva até
a moderna família nuclear, é tido como o mais poderoso modelo de papel social: o líder.

Desse modo, conclui-se que assim como também acontece no tele, na identificação o processo se dá entre
papéis sociais e não entre eus abstratos – quem se identifica não é a criança enquanto um ego ideal, mas
sim enquanto ativado como e por papéis sociais. Por sua vez, quem é identificado é o pai enquanto um
particular papel social.

(20) Ao percebermos um outro, sempre o fazemos, prioritariamente, em relação ao desempenho


de um seu papel social.

Isso acontece mesmo quando se fala de sua parte física - estatura, compleição, modos e vestimentas. Essa,
costumeiramente, é percebida em referência ao papel desempenhado pelo outro. Assim, por exemplo, no
trânsito cotidiano de uma urbanidade qualquer, uma pessoa assume papéis diversos: pedestre, motorista,
comerciante etc. Esses papéis são percebidos de maneira automática, e não são, obrigatoriamente,
relacionados a uma estrutura física específica qualquer.

(30) Falando da relação terapêutica, Dalmiro Bustos diz que a transferência não se dá em
relação a uma pessoa qualquer, nem se dirige para um difusa configuração, mas sim para o
papel que o terapeuta para o paciente: papel de pai, de mãe, de homem sábio e instruído, de
amante ou amado, de cavalheiro, de pessoa perfeitamente adequada, de homem modelo, etc.

Após essas explicações, pode-se voltar ao tele para dizer que Moreno observou que esse fenômeno, devido
estar naturalmente ligado a algo objetivável: o papel, é passível de captação por métodos científicos. Para
isso, concebeu o Teste Sociométrico. Esse teste, e seu modo de captação do tele, será apresentado, sob
forma de seis tópicos, a seguir:

Tópico 1 - A aplicação do Teste Sociométrico deve ocorrer sob duas condições: uma, deve ser aplicado,
exclusivamente, em campo grupal; a outra condição, é o critério. Esse, teoricamente, é denominado de
sociométrico e, na prática, é representativo da tarefa a que o grupo se propõe realizar.

Tópico 2 - Feito isso, ao grupo se propõe uma tarefa que se deve realizar coletivamente. Então, sob um
necessário clima de espontaneidade, aplica-se o teste, que é composto de seis perguntas, três referem-se à
capacidade eletiva, três à perceptiva. As perguntas eletivas são, usualmente, elaboradas com a seguinte
construção: (1a) a quem você convidaria para tal tarefa; (2a) a quem não convidaria; (3a) a quem
seria indiferente ao convite. O mesmo modelo é utilizado para a capacidade perceptiva: (1a) em
quem você percebeu a intenção de convidá-lo; (2a) em quem percebeu a intenção de não
convidá-lo; (3a) em quem percebeu indiferença em convidá-lo.

Tópico 3 - Com as perguntas eletivas buscam-se dados sobre as projeções de cada indivíduo para o grupo, e
do grupo para cada indivíduo. Com as perceptivas verifica-se a percepção que cada indivíduo tem de si
mesmo em relação ao grupo, e a percepção do grupo em relação a ele.

Tópico 4 - As projeções e percepções configuram uma rede interacional que, como representativas das
atrações e repulsões havidas entre o indivíduo e o grupo, o grupo e o indivíduo, é objetivada em gráficos
especiais – os sociogramas. Nesses gráficos, pode ser captado tanto um fator tele do indivíduo como
conteúdo do grupo, como um fator tele do grupo como continente desse indivíduo.

Tópico 5 - Observar que há pertinência entre as formas eletivas e perceptivas das perguntas, e os
mecanismos de formação genética do tele. Assim, a capacidade eletiva seria congruente com os
mecanismos da identificação, e a perceptiva com os da alteridade.
Tópico 6 - Por fim, também observar que há pertinência entre o conteúdo das perguntas formuladas e os
padrões de interação que a Escola da Pragmática da Comunicação Humana definiu para um comportamento
interpessoal., As pesquisas realizada pelos integrantes dessa escola, entre eles Paul Watzlawick,
demonstraram que todo comportamento é comunicação, e que essa, de maneira semelhante às perguntas do
Teste Sociométrico, pode se expressar, socialmente, de três modos: ou como aceitação (o sim do teste), ou
como rejeição (o não), ou como desqualificação da comunicação (a indiferença).

Como conclusão deste capítulo sobre o tele será feita uma breve reflexão sobre a importância, inclusive do
ponto de vista ético, que o conhecimento desse fenômeno tem para a sociabilidade humana.

Em termos práticos, atualmente o conhecimento do tele e do teste sociométrico, como o instrumento de sua
captação, tem sido útil para ações de diagnóstico e aperfeiçoamento de grupos inseridos em diversos
campos de atividades humanas – terapêutico, pedagógico, administrativo, etc.

Em termos teóricos, o conhecimento do fator tele fez com que Moreno idealizasse um amplo sistema
político por ele denominado de Projeto Socionômico. Esse sistema utópico seria formado por comunidades
baseadas no amor (o tele), na espontaneidade, e na cooperação. Para estruturar essas comunidades, Moreno
propôs as técnicas sociométricas - através delas uma pessoa poderia decidir, de maneira consciente e livre,
sobre sua participação em um grupo social qualquer.

1.2 DINÂMICA

Dinâmica: parte da mecânica que estuda o movimento dos corpos, relacionando-os às forças que o
produzem.

Essa definição aplica-se, perfeitamente, ao grupo como um corpo do movimento social. No entanto, cabe
perguntar: qual é a força que produz o movimento na grupalidade humana? Quatro autores pensaram e
pesquisaram uma resposta para essa pergunta: Moreno, Lewin, Sartre, Pichon-Rivière.

Desses, Moreno e Lewin buscaram uma resposta que pode ser caracterizada como holística e sistêmica –
consideram que um evento grupal é função da situação total num momento dado. Já Sartre e Pichon,
procuraram pontualizar essa força em torno de necessidades específicas do grupo – com isso, suas respostas
podem ser caracterizadas como históricas.

A) Moreno. Para fundamentar teoricamente as práticas grupais psicodramática e sociométrica, Moreno


elaborou uma teoria holística do tipo cósmica e de fundo religioso. Dessa teoria, que também resultou num
projeto utópico denominado de socionômico, ele derivou a hipótese de uma espontaneidade como a força
propulsora do progresso humano.

Na cosmovisão moreniana existem duas classes de energia: (1a) A que se conserva em "moldes
congelados". Essa, ele chamou de "conserva cultural", e pode ser retida para uso posterior; (2a)
A espontaneidade. Essa, apesar de poder ser medida quantitativamente, não pode ser
conservada, deslocada, transformada, pois, ao ser gerada, se gasta imediatamente. Moreno
usou de uma analogia para expressar essa forma de energia: "é como a vida desses animais
que nascem e morrem no mesmo dia, unicamente para perpetuar-se".

Moreno, em que pese ter concebido a existência da espontaneidade em dramas grupais, não aprofundou
esse conceito em suas relações com a grupalidade, e sim procurou desenvolvê-lo apenas como uma força
que permite ao indivíduo um estado de perpétua originalidade e de adequação pessoal, vital e existencial às
circunstâncias que lhe compete viver.

Ao individualizar, ao invés de grupalizar essa força, Moreno, por uma lado, abandonou um dos princípios
do hassidismo, corrente da mística judáica que influenciou sua formação, que apregoava que "a voz nova
deve vir do grupo". Fez isso, provavelmente, influenciado pela idéia organicista do elan vital desenvolvida
por Henri Bergson.

Por outro lado, ele também foi motivado por seu exacerbado personalismo, o que lhe levou a uma
incessante busca de uma máxima espontaneidade centrada em si próprio – aí, conforme caracterização de
alguns biógrafos, Moreno se colocou de modo paranóico, como um verdadeiro deus que dispensa a
presença de outros em seu caracter de espontâneo.

Finalmente, deve-se ressaltar que ele individualizou essa força e, de maneira infrutífera, procurou
quantitificá-la através de um fator indicativo de estado de espontaneidade - o fator e. Esse também seria o
catalizador da criatividade. Sobre essa Moreno não teorizou, apenas buscou atingi-la como um homem
criador.

B) Lewin. O carácter holístico da teoria lewiniana advém da formação gestáltica de sua psicologia.

Inicialmente, deve-se ressaltar que Lewin foi quem primeiro percebeu uma dinâmica específica do grupo.
Sendo o criador da dinâmica grupal – por ele definida como uma espécie de engenharia social ("social
engineering"), ou como a ciência e a arte de manejar os pequenos grupos.

Sobre a força que movimenta o grupo, há em Lewin pelo menos dois modelos de elaboração teórica: o
primeiro refere-se à questão da fonte de energia ou condição de formação do estado tensional que
movimenta o grupal; o segundo cobre o problema da direção assumida pelo comportamento manifestado
nesse movimento. Ambos os esquemas se assemelham às perspectivas desenvolvidas por Freud, em que há
também dois pontos de vista: o econômico e o dinâmico.

O primeiro modelo, que não pode ser suficientemente desenvolvido pelo esquema lewiniano, não será
comentado neste capítulo. A propósito dele, pode-se apenas afirmar que, presumivelmente, Lewin não o
desenvolveu por três motivos: (1) A sua insuficiente formação psicanalítica lhe impediu de compreender o
ponto de vista econômico que refere-se à distribuição da energia – a libido; a espontaneidade etc. –dentro
do aparelho psíquico. Ressalte-se que essa distribuição é feita de acordo com necessidades e emoções do
indivíduo e do grupo; (2) A sua formação acadêmica rigorosa, aliada a um certo comprometimento com um
modelo ideológico anti-historicista – no período em que trabalhava na Universidade de Berlim o cenário
acadêmico alemão era bastante influenciado pelos neo-positivistas, entre eles, Karl Popper, um teórico do
anti-historicismo. Isso determinou que, por um lado, suas pesquisas grupais se limitassem ao campo da
psicologia gestaltica, não considerando pontos de vista psicanalíticos como o supracitado. Por outro, com o
excessivo apego ao princípio da contemporaneidade (o aqui-agora do grupal) desconsiderou a importância
dos mecanismos históricos e econômicos-sociais na dinâmica grupal; (3) A sua morte prematura lhe
impediu de continuar aperfeiçoando o seu modelo conceitual especialmente quando aplicado ao campo da
dinâmica grupal.

Quanto ao modelo de dinâmica, a sua resposta é topológica – a topologia é o ramo da matemática que trata
das relações espaciais de maneira não quantitativa e, particularmente para Lewin, assim como o tempo, o
espaço também deve fazer parte da psicologia como uma verdadeira ciência aplicada ao indivíduo e ao
grupo humano.

Na psicologia topológica, o conceito central é o de vetor. Ou seja, a direção que um comportamento, tanto
individual como grupal, toma como resposta a uma necessidade específica. Como já criticado, para Lewin
essa necessidade não se refere a algo da história passada do autor, seja indivíduo ou grupo, desse
comportamento, mas se refere ao seu aqui-agora – hic et nunc.

O comportamento está inserido num espaço-de-vida, que é a totalidade dos fatos que envolvem um
indivíduo ou um grupo num determinado momento. Esse espaço-de-vida, de acordo com a lógica
lewiniana, está dividido em duas grande regiões psicológicas: uma pessoal, que, por sua vez, também se
divide nas sub-regiões intra-psíquica e perceptomotora; outra, do meio representada pelo meio social,
ocupacional, material etc.

Na topologia desse espaço de vida um comportamento qualquer é submetida, e por sua vez submete um
conjunto de forças psicológicas. Para Lewin, essas forças são manifestações das diversas regiões
psicológicas que divide o espaço-de-vida - entre elas, ele cita as regiões intrapsíquica, perceptomotora,
ocupacional etc.

Desse modo, considerando apenas uma determinada região comportamental, sempre que a resultante das
forças psicológicas sobre essa região for maior do que zero, então haverá uma mudança estrutural que
implicará numa locomoção em direção à força resultante. Por sua vez, essa locomoção apresenta duas
características topológicas bem definidas: (a) pode significar tanto um impulso como um obstáculo
(barreira) às forças nas quais esteja envolvida. E assim pode ser captada vetorialmente; (b) é dependente de
valências que, inerente ás diversas regiões do espaço-de-vida, significam "cargas" que atrai, como "carga
positiva", ou repele, como "carga negativa", essa locomoção comportamental.

A lógica do modelo topológico foi utilizada por Lewin em suas pesquisas em torno de dinâmicas do grupo
humano. Finalizando este capítulo, neste trabalho, a título de ilustração, serão apresentados apenas dois
dados das pesquisas de Lewin:

a) Sobre liderança, ele observou que essa aparece como que reunindo, num determinado espaço-de-vida,
um campo de forças de alto privilégio, o qual funciona como centro de atração de movimentos das diversas
regiões desse espaço psico-social;

b) Sobre os estados de equilíbrio grupal, ele constatou que, como uma gestalt, o grupo busca uma "boa
forma" em seu equilíbrio de forças psicológicas.

C) Sartre. Sobre a dinâmica do grupo, Sartre discorreu sob o ponto de vista do materialismo dialético.

Para ele, o grupo se coloca num cenário histórico-social caracterizado pela carência. Essa é decorrência da
raridade material - de alimentos, de mão de obra, de máquinas, de consumidores etc., que o grupo procura
superar através da transformação de si, da natureza e da sociedade. Durante essa ação transformadora,
necessariamente, se colocam tanto os fatores para conflito, como para cooperação.

Ou seja, nesse campo instaura-se a troca (troca de bens; troca de serviços; troca de informações etc.) que
dinamiza o grupo.

D) Pichon-Rivière. Procurou elaborar uma teoria integrativa dos processos de mudança em grupo, baseado
numa metodologia interdisciplinar que inclui os postulados acima citados, quais sejam:

(1o) O conceito de espontaneidade de Moreno está implicitamente referido à idéia de projeto


como a busca da autonômia do ser. Isso, do ponto de vista ontológico, implica num estado de
ser espontâneo e criativo;

(2a) Da psicologia topológica de Lewin, o princípio da contemporaneidade foi absorvido na idéia


do aqui-agora como expressão da horizontalidade dos processos grupais;
(3a) A proposição dialética de Sartre foi absorvida de dois modos: um é específico e diz respeito
à idéia de que é uma necessidade o que impulsiona o grupo. Quanto a isso, observa-se que
Pichon-Rivière ampliou o conceito sartreano de necessidade - além dos fatores sócio-
econômicos, incluiu os fatores chamados de subjetivos como desejos, ansiedades etc.

Também com isso, ele rejeitou a idéia de instinto em Freud e a substituiu pela necessidade que, segundo
ele, permite uma adequada expressão para a dinâmica social; o outro modo é global, pois a lógica dialética
foi globalmente absorvida no modelo de mudanças construído por Pichon-Rivière, e definido em três
etapas: pré-tarefa, tarefa e projeto.

Esse modelo de mudanças delineado por Pichon-Rivière será apresentado a seguir. Antes porém, serão
apresentadas duas considerações sobre a sua utilização:

Primeira - Explicitamente, os seus termos só se referem aos grupos operativos caracterizados como grupos
artificiais de tarefas. A família, também é um grupo operativo especial, porém é caracterizado como natural
– pode-se dizer que, sobretudo, o grupo operativo familiar se reúne em torno de uma tarefa: socialização da
prole. Contudo, diferentemente de um grupo artificial, o grupo familiar se reúne articulado por constantes
de tempo, espaço e vínculos de parentescos. Sendo exatamente a complexidade dessa última constante, o
que exige estudos mais profundos do que este para se fazer uma explícita aplicação do esquema conceitual,
referencial e operativo pichoniano ao estudo da dinâmica familiar.

Segunda - Sua concepção é compatível com a idéia de Wilfredo Bion de que toda atividade grupal
comporta dois níveis: nível da tarefa, nível dos pressupostos básicos. O primeiro nível refere-se à tarefa
explicita que é devidamente projetada. O nível dos pressupostos básicos pode colocar-se de dois modos: (a)
Previamente ao desenvolvimento da tarefa. Isso significa que precedendo a instauração do próprio grupo,
os modelos de conduta referem-se ao aglomerado social do tipo serialidade; (b) Como tarefa implícita. Essa
se dá já no grupo instaurado – grupo de tarefa, grupo operativo, grupo de fusão, grupo primário etc. Essa
tarefa, também deve ser convenientemente abordada, pois são modelos de conduta que indicam resistência
às mudanças que o grupo deve realizar para executar sua tarefa explícita.

1.2.1 PRÉ-TAREFA

Neste momento há o predomínio de condutas significativas dos medos da resistência à mudança. Essas
condutas, que paralisam o prosseguimento do trabalho grupal, se manifestam de acordo com o modelo
bioniano dos três tipos de pressupostos básicos: dependência, acasalamento e luta-fuga.

Quando numa dessas três situações o grupo, em relação à tarefa explícita, adota uma postura muito
peculiar, a qual pode ser assim descrita: o grupo realiza uma série de ações para passar o tempo,
postergando a abordagem da tarefa.

Nessa situação de impostura ocorre algo "como se" – como se o grupo efetuasse a tarefa. Essa protelação,
de acordo com Pichon-Rivière, oculta a impossibilidade do grupo suportar as frustrações do início e do
término da tarefa.

Antes de melhor delinear os modelos de conduta que se manifestam como pressupostos básicos, deve-se
ressaltar que a protelação é habitual no desenvolvimento de qualquer trabalho em grupo. Porém, se através
dela a conduta grupal torna-se estereotipada, e adquire uma rigidez crescente, então o sistema torna-se-á
fossilizado, burocratizado e, em conseqüência, o desenvolvimento e a produtividade desse grupo tornar-se-
ão nulas.

Nessa situação, os pressupostos básicos se colocam como verdadeiros esquemas organizadores do


comportamento estereotipado desse grupo. Isso ocorre do seguinte modo:
1.2.1.1 DEPENDÊNCIA

O grupo age primariamente com passividade em pensamentos e ações, e isso faz com que este se comporte
como se um dos seus membros fosse capaz de tomar a liderança, e cuidá-lo totalmente.

Esse líder, onipresente, onisciente é idealizado a nível quase religioso. Daí, esse tipo de pressuposto básico
é característico de grupos religiosos.

Ao agir conforme o pressuposto de dependência, a grupalidade determina formas de comportamentos


peculiares à psicologia, incluindo a variante da psicopatologia, individual e social.

Nos termos da psicologia individual as emoções predominantes entre os membros do grupo são a culpa, o
ciúme e o ressentimento. Em relação à variante psicopatológica, a predisposição de participação no
pressuposto básico dependente é uma organização obsessiva da personalidade individual.

Grupalmente, as emoções se manifestam com desapontamento, hostilidade, disputa (muita vezes surda)
entre os membros e, antes do fracasso da grupalidade, novos esforços dependentes são estabelecidos.

1.2.1.2 LUTA-FUGA

Nesse pressuposto, o modo primário é a ação e o objetivo do processo é a preservação do grupo a todo
custo.

O líder é encarado como o mais corajoso e arguto de todos os membros grupais, e assim ele é chamado a
mobilizar o grupo como se fosse para ataque ou fuga. Daí esse pressuposto ser característico dos grupos
militares.

Em ternos da psicologia individual, as emoções predominantes são o medo e a raiva. Em termos


psicopatológicos, a predisposição individual para participação neste pressuposto básico encontra-se
naqueles membros que facilitam a expressão, ou têm uma personalidade paranóide.

Também, as manifestações emocionais deixam implícito que o modo primário de atuação grupal está
centrado na evitação.

Concluindo, deve-se ainda ressaltar duas coisas sobre os pressupostos básicos: (1) Qualquer um deles, em
qualquer circunstância, tem um significativo componente inconsciente. Além do mais, especialmente no
momento da pré-tarefa, todos estão sempre presentes, alternando-se; (2) Essas "emoções" básicas não se
conflitam, o que contrasta com o grupo de tarefa que, como um grupo refinado, se caracteriza pelo
reconhecimento do conflito, e consequentemente de sua resolução, para se desenvolver e se transformar.

1.1.2.3 ACASALAMENTO

Neste pressuposto o objetivo do grupo é reproduzir-se.

Quanto ao líder, esse é imaginado como ainda não nascido, havendo a crença coletiva e inconsciente de que
os problemas e necessidades do grupo, sejam quais forem, serão solucionados no futuro por alguém ou algo
que ainda está por vir. Existe, nesse sentido, uma esperança do tipo messiânica. Essas características
aproximam esse pressuposto de grupos partidários do tipo aristocrático.

Em termos individuais, as emoções predominantes são a esperança e o otimismo a respeito do futuro.


Psicopatologicamente, a personalidade histérica tem mais propensão a esse pressuposto.
Grupalmente, sob esse clima de alegria e esperança, há um movimento peculiar em que dois indivíduos,
independentemente do sexo de cada um, formam um casal sob o beneplácito do restante dos elementos do
grupo.

1.2.2 TAREFA

A finalidade de um grupo é, em última instância, a realização de uma tarefa.

Assim como acontece nos demais aglomerados sociais, a tarefa estrutura o grupo enquanto tal, e se
constitui como organizadora dos processos de pensamento, comunicação e ação que se dão entre os
membros da grupalidade.

No entanto, diferentemente dos outros aglomerados, a tarefa grupal sempre comporta dois níveis: explícito,
implícito.

O explícito está representado pelo trabalho produtivo e planificado cuja realização constitui a razão de ser
do grupo - por exemplo, produção material, aprendizagem, cura, lazer etc.

A tarefa implícita consiste na totalidade das operações mentais que os membros do grupo, conjuntamente,
devem realizar para constituir, manter e desenvolver a sua grupalidade em torno da tarefa explícita.

Ressalte-se que Pichon-Rivière entende a realização da tarefa grupal como uma situação de aprendizagem –
essa refere-se a todo processo de interação, a todo tipo de manipulação ou apropriação do real, a toda
tentativa de resposta coerente e significativa às demandas da realidade.

Essa situação de aprendizagem foi bem estudada por ele apenas quando em relação ao impacto que ela gera
nos sujeitos que participam da atividade grupal. Seus estudos demonstram que, nos termos da psicologia do
sujeito, o impacto do apreender a tarefa implica em dupla transformação:

10. Em termos cognitivos, a aprendizagem permite que o sujeito apareça com uma "percepção
global" dos elementos em jogo. Isto é, com um contato com a realidade que lhe permite o ajuste
perceptivo, ou seja, o situar-se como sujeito,

20. Em termos de afetividade, quando o sujeito está em situação de aprendizagem ele é afetado
por uma carga dupla de medos básicos: medos relativos a situações de perdas, e medos
relativos a situações de ataques.

(a) Medo de perda do equilíbrio já obtido na situação anterior.

(b) Medo de ataque determinado por uma nova situação a qual o sujeito não conhece e nem se sente
instrumentado para enfrentá-la.

1.2.3 PROJETO

Surge como emergente da tarefa executada pelos sujeitos. No entanto, seu surgimento implica numa
aprendizagem grupal, ou seja, dá-se quando todos os membros do grupo conseguem visualizar o objetivo
de sua grupalidade, o que significa ter conhecimento de que pertencem a uma grupalidade específica, com
objetivos também específicos.

Isso também torna possível a elaboração de estratégias e táticas mediante as quais podem intervir nas
situações, e provocar, planificadamente, transformações. Essas transformações, por sua vez, modificarão a
situação, que se tornará, então, nova para o sujeito, e assim o processo, como num movimento em espiral,
recomeça outra vez.

O projeto se concretiza na elaboração de um plano de trabalho.

IV - CONCLUSÃO

Acredito que este trabalho, tanto terá um grande impacto nas bases teóricas das ciências sociais, como
também será muito valioso para todos aqueles que lidam diretamente com a sociabilidade humana.

Historicamente, ele apresenta, pela primeira vez, uma síntese dos conhecimentos, cientificamente
significativos, da estrutura e dos processos de transformação em grupos humanos.

Esclareça-se que esses conhecimentos aqui sintetizados, e articulados de modo presumivelmente


convincente, foram elaborados e, até agora, apresentados de maneira heterogênea (fragmentada) por
notáveis pesquisadores que viveram neste século XX e que, com grande originalidade, se dedicaram ao
trabalho teórico e prático no campo relativo à grupalidade humana.

Em termos práticos, ou seja, sua "valiosidade" para aqueles que lidam com a sociabilidade, está no fato
deste trabalho apresentar um modelo operativo englobando os termos constitutivos e inter-relacionados ao
fenômeno grupo que, como principal estrutura da base social, é o elemento motor para a manutenção e as
transformações da sociedade humana.

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VI - O AUTOR

Médico, formado pela Universidade Federal do Ceará (1975-1981).

Especialização em Psiquiatria pela Residência Médica do Hospital de Saúde Mental de


Messejana (1982-1983).

Especialização em Psicodrama pela Federação Brasileira de Psicodrama (1979-1983).

Mestre em Saúde Pública pela Universidade Estadual do Ceará (1994-1997).

Professor da disciplina "Dinâmica Grupal e Relações Humanas", no Curso de Psicologia da


Universidade de Fortaleza (1987-1990).

Professor da disciplina "Grupoterapia", na Residência Médica do Hospital de Saúde Mental de


Messejana (1984-1993).

Professor da disciplina "Sociometria", no Curso de Especialização em Psicodrama do Instituto do


Homem de Fortaleza (1994-1999).

Médico-Psiquiatra e Supervisor do Grupo Operativo com Pacientes do Serviço de Hemodiálise


do Hospital Geral de Fortaleza (1996-1999)

Endereço Comercial: Condomínio Clinics, Rua Coronel Linhares, 1741, Aldeota, CEP 60170-241,
sala 304, fone (085) 224.8767, Fortaleza-Ce. E-Mail: danuziomc@secrel.com.br

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