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55 JADA YOU SR INTCIAGAO / CIENTIFICA qn ubsa-obrjomada LEVANTAMENTO DOS RECURSOS FLORAIS NATIVOS E CULTIVADOS DE FORRAGEIO PELAS ABELHAS SEM FERRAO, NO TERRAQUARIUM, EM PALMAS- TO! BARROS, L. M. 8.2; PRE’ ERO, C. A“, SIL Pare do Projo “Intograco de sstems agroceolgicoe meliponicuturs" Acadmica do curso de Blomedicina no Certo Univers Latrano de E-mail layanemaansinv@gmal com 2piloga, Doutora em Pés-Colhita de Produtos Agricola. Coordenadora de Pesguish edt Unitas Aeroecoligica do CEULPIULBRA E-ai previtoceulp edu be "Geografo. Espevialsta em Agroceologia e Desenvolvimento Sustentivel, Técnico em Extenslo Rural do RURALTINS, E-mail -Regomes@hotmallcom 5 Doutora em cncasanimais. Professor adjunta do curso de Medicina Veter ja do CEULP/ULBRA. E-mail: an luiza@ceulp edu br RESUMO: 0 conhecimento dos recursos florais de uma regio é fundamental para a eriagdo racional das abelhas sem ferrdo. O objetivo desse trabalho foi realizar o levantamento dos recursos florais nativos cultivados de forrageio pelas abelhas sem ferrdo no Terraquarium em Palmas-TO. Inicialmente foi feito 0 levantamento fitossociolégico das espécies arbéreas nativas do Cerrado e posteriormente espécies cultivadas: frutiferas, madeireiras, olericolas, culturas anuais, plantas medicinais e PANC espontaneas. Em seguida foi realizado a caracteriza¢io das espécies com recurso floral para forrageio através de pesqui bibliogrifica, tendo como parimetros a familia, nome popular e nome cientifico. Foram identificadas 96 espécies vegetais em 41 familias botanicas. Sendo a maioria da familia Cucurbitaceae. Com grande prevalecia de espécies originadas pelo cultivo ¢ nativas do Cerrado. Possibilitando a érea estudada implementar uma melipocultura, PALAVRAS-CHAVE: Forrageira; Meliponas; Recurso Floral. INTRODUGAO: Os meliponineos sio espécies de apideos que se caracterizam por serem eussociais ¢ possuirem o ferro atrofiado, impossibilitando seu uso como mecanismo de defesa, por essa razdo so conhecidas popularmente por abelhas sem ferro (PADILHA, 2017). No Brasil, 0 grupo das abelhas sem ferro (Meliponini) se destaca, com 50% das 500 espécies descritas para as regides tropicais e subtropicais do mundo, Com mais de 300 espécies, distribuidas em 27 géneros. Entretanto, estas abelhas alcangam maior destaque nas regides Norte ¢ Nordeste, em virtude da eriago racional de varias espécies (ALVES et al. 2007). As abelhas sem ferro formam colénias perenes ¢ compostas por centenas a milhares de operirias, que necessitam de abastecimento nutricional constante para o seu crescimento ¢ manutencdo, Uma das atividades ligadas ao crescimento colonial é 0 forrageamento, extremamente importante para a sobrevivéncia dessas coldnias, especialmente em épocas de escassez de alimento no ambiente (NANZER, 2017). A ago das meliponas como agentes polinizadores de plantas silvestres é de grande importincia para os ecossistemas brasileiros. Elas desempenham um papel essencial para a manutengdo da biodiversidade de varias plantas. Estimativas atuais avaliam que, aproximadamente 73% das espécies vvegetais cultivadas no mundo sejam polinizadas por abelhas (PADILLHA, 2017). A existéncia de espé de plantas nativas esté intimamente relacionada ao seu polinizador preferencial, assegurando sua presenga constante na comunidade vegetal daquela érea. Outro dado amplamente conhecido sobre as abelhas nativas sem ferro & que estas mantém uma estreita interagdo de dependéncia com as flores, exercendo papel fundamental na polinizagdo de diversas espécies vegetais ¢ que no Brasil existe uma alta abundincia e riqueza de espécies dessas abelhas (TEIXEIRA, 2013), sendo algumas espécies endémicas. Considerando que os prinefpios da Agroecologia primam, entre outras coisas, pelo rasgaste, fortalecimento e validacao dos conhecimentos endégenos das comunidades tradicionais, pela diversidade dos agroecossistemas e pelas interagdes ecolégicas, pode-se presumir que ha uma sinergia entre a Meliponicultura e os prineipios agroecolégicos. Contudo, atualmente, hé um pensamento simplério de que o fato de criar abelhas sem ferrdo significa atuar em sua preservacdo, assim como dos hébitats das regides onde ocorrem. Nesse 56 contexto, 0 objetivo desse trabalho é realizar o levantamento dos recursos florais nativos e cultivados de forrageio pelas abelhas sem ferro no Terraquarium em Palmas-TO, MATERIAL E METODOS: 0 estudo feito no Terraquarium do CEULP/ULBRA no municipio de Palmas, no Estado do Tocantins, nas coordenadas 10°16'27.173" S e 48°20'05.670" W, alcangando uma clevagdo de 254m. Com area de 4,15ha, que é preservada e utilizada como fonte de coleta de informa a respeito do Cerrado ¢ cultivos agroecolégicos, conforme se observa na Figura 1 Figura 1. Localizagdo do Terraquarium do CEULP/ULBRA, cm Palmas - TO. Fonte: Google Earth, Por meio, de levantamento fitossociolégico realizou-se a quantificagdo das espécies arbdreas nativas € cultivadas deste fragmento de cerrado, onde as espécies levantadas foram identificadas e classificadas por familia e espécies. A caracterizacao das plantas nativas e cultivadas com recurso floral para forrageio de abelhas sem ferrao foi realizada através de pesquisa bibliografica, tendo como pardmetros a familia, nome popular e nome cientifico que foi realizado nas bases de dados lilacs, medline, google académico, livros de resumo de congressos, jomadas e simpésios, artigos publicados em periddicos e trabalhos monograficos. Em seguida, foi realizada uma andlise qualitativa e quantitativa dos dados tabulados em planilhas do Microsoft Excel 2007 e, organizados em tabelas, RESULTADOS E DISCUSSAO: Foram identificadas 122 espécies vegetais considerando as espécies arbéreas do Cerrado ¢ cultivadas presentes no Terraquarium. Dentre essas 122 espécies, 96 espécies pertencentes a 41 familias botdnicas foram caracterizadas como recurso floral para forrageamento de abelhas meliponas, sendo a familia Cucurbitaceae de maior riqueza de recursos florais (Figura 2), A familia Cucurbitaceae, com cerca de 90 géneros € 750 espécies adaptadas as repides tropicais e subtropicais de ambos os hemisférios, possui diversas espécies de importancia econémica e alimentar, como por exemplo, Absbora (Cucurbita spp.). As espécies do géneto Cucurbita so mondicas ¢ dependentes de velores bidticos para assegurar a polinizagdo (SERRA, 2010) (Figura 2). Figura 2. Recursos florais de algumas espécies da familia Cucurbitaceae Com relago ao habito da planta, observou-se que, entre 05 recursos florais levantados os mais encontrados sio os cultivados (Tabela 1), em seguida as nativas (Tabela 2) ¢ Plantas Alimenticias nao convencionais (PANC) espontineas. Sendo que foi realizado s6 levantamento de espécies arbéreas. As espécies cultivadas e nativas, sdo de grande maioria frutiferas ¢ olericolas (figura 3), que contém flores com grande quantidade de pélen, Nas priticas agroflorestais, a integrago da meliponicultura com o cultivo de érvores melitéfilas, conforme Nair (1993), ndo precisa se restringir as espécies frutiferas, pois pode envolver 37 também as drvores lenhosas de valor floral. Assim, a mistura de espécies ou variedades frutiferas © a proximidade dos bosques nativos florescendo em diferentes periodos, corroboram a disponibilidade de néctar ¢ de pélen as colénias na qualidade de insumos provenientes da agrofloresta, Figura 3, Recursos florais de algumas espécies frutiferas ¢ oleicolas ‘Tabela 1. Recursos florais cultivades. ‘Gucutbesceae nad mening, Quint de metro, Pepin: emt, uphervies Fegtocde-corda spp, Friar spy Crotalaria epp, Peis “Alem Altivace ve Eswatl Nestic OF Feigoscaslab expan Gh a eres ‘oosbe, Pagan + Batts op Tabela 2. Recursos florais de espécies arbércas nativas. Tabela 3. Recursos florais PANC. eo co ‘Apecynatese Nagai became deoga ‘strane (asens ‘cap Cpl Pete Bigniscese cas So Canecrraeae Pe nite (Chraobalsseae erate ‘cue Fabaceae Seip ame eas Leguminosae eran, Farad ata Fade Boel, a coma : Sache erp ‘wii Malacee Almdocio es) Brace ‘Pas Teed Flaps oP Tord = alanis, Desta forma, o meliponicultor que quiser cultivar espécies préximas as colmeias, na intengao de aumentar a produgao do mel, poderia selecionar espécies arbéreas, tendo em vista que sdo bastante visitadas por abelhas em varios tipos vegetacionais. Embora as espécies arbéreas sejam de grande importincia para 0 forrageamento, em locais com sazonalidade bastante evidente, como em regides do dominio da Caatinga ¢ do Cerrado, as espécies arbéreas sdo restritas ao periodo chuvoso (ARAUIJO et al. 2005, REIS et al. 2006), ou seja, s6 contribuiriam com recurso alimentar durante esta época, Assim, & importante conhecer 0 calendario da regio fundamentado no conhecimento das espécies vegetais que florescem no periodo de estiagem e que podem fornecer pélen ou néctar para as abelhas nesta época, para reforgar o plantio dessas espécies na drea, Assim a quantidade ea qualidade dos recursos florais dependem das espécies vegetais, naturais ou cultivadas presentes no local, das condigdes climéticas e fertilidade do solo. Dessa forma, as 58 caracteristicas da flora visitada pelas abelhas, conhecida como flora de forrageio, variam de regio para regido e naturalmente sofrem mudangas ao longo do ano. Observa-se que pela quantidade de recursos florais presentes na area estudada ¢ a dimensdo territorial, as abelhas meliponas nativas Tubuna, Irai, Bord e Jataf jé vistas no Terraquarium, Possuem um grande recurso floral para seu forrageio, Padilha (2017) relata a importancia da obtengao de dados sobre as distancias petcorridas pelas abelhas sem ferrdo durante as atividades de forrageamento, uma vez que fornecem as informagdes ao meliponicultor acerca de raio de agdo das abelhas, facilitando © manejo quanto & disponibilidade de alimento e utilizagao da criagdo de diversas espécies no mesmo espago no meliponério, De acordo com esta abordagem ¢ scguindo os principios da Agroccologia, é possivel construir uma Meliponicultura no Terraquarium que englobe as dimensdes econémica, social, ecolégica, educacional, cultural e ética da sustentabilidade. Pois a presente area estudada possui grande diversidade de recursos florais para forrageio das abelhas sem ferro. No qual nesta drea jé esté sendo implantado caixas padio de colmeia racional para o desenvolvimento de um “Meliponério educador” (Figura 4). Figura 4, Instalagio de caixas padro de colmeia racional no Terraquarium, CONCLUSAO: Com os resultados deste trabalho verifica-se que a drea de estudo apresenta uma rica flora para forrageio de abelhas meliponineos, com um predominio de espécies cultivadas e nativas que floresce praticamente durante o ano todo, possibilitando a implantagao de uma meliponicultura na rea. Embora a rea apresentar uma rica flora, ¢ importante mais estudos que avaliem se esse niimero de espécies ¢ possivel suprir as necessidades nutricionais das colmeias durante todo 0 ano. Sendo assim importante acompanhar a floragdo dessas espécies por um periodo de tempo, acompanhar o forrageio das abelhas e verificar se hé bbaixa floragdo ocorre sem o periodo de veranico. REFERENCIAS: AIDAR, Isabel Farias et al. Abelhas visitantes florais em um fragmento de floresta estacional semidecidual em Uberlindia-MG, 2014. ALVES RMO, Souza BA, Sodre GS, Fonseca AAO (2007) Desumidificagdo: uma alternativa para a conservagao do mel de abelhas sem ferro, Mensagem Doce 91: 2-8. ARAUIO, EL., SILVA K.A., FERRAZ, E.MN., SAMPAIO, E.V.S.B. & SILVA, SI. 2005. Diversidade de herbéceas em microhabitats rochoso, plano e ciliar em uma érea de caatinga, Caruaru-PE. Acta Botanica Brasilica, 19(2): 282-297, NAIR, P. K. R. An introduction to agroforestry. London: Kluwer Academic Publishers, 1993. 499 p. NANZER, Samanta Leticia Lopes. Atividade de forrageamento das abelhas sem ferro Tetragonisca angustula e Melipona quadrifasciata (Hymenoptera, Apidae). Trabalho (Conclusio de, 2017. PADILHA, Valdir José Costa et al. Diagnéstico de modelos criagdo e comportamento de forrageamento de Melipona scutellaris e M. quadrifasciata em area de Mata Atlantica de Sergipe, nordeste do Brasil. 2017, REIS, A.M.S., ARAUJO, E.L., FERRAZ, E.M.N. & MOURA, AN, 2006, Variagdes interanuais na composigdo floristica e estrutura das populagdes de uma comunidade herbvicea da caatinga, Pemmambuco, Brasil. Revista Brasileira de Botanica, 29(3): 497-508. TEIXEIRA, AFR. "Principios Agroecol6gicos Aplicados & Criagdo de Abelhas nativas sem ferro." In CONGRESSO BRASILEIRO DE AGROECOLOGIA, 5., 2007, Guarapari. Agroecologia e territérios is. Guarapari: ABA, 2007., 2013,

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