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rN CHIE OER cuHr Mie) LNe ec eee ee eee LLG Loic cents ce curso a distinc, de cursos e disciplinas ofertados, de empresas fomecedoras de Cae Ue een ee een eee Me Soa DEL een Mr ne Sn geet at oe eee US CCR E i) Rn Ce Lk Soe ee ee Tey a eO SS noe oe eee Oat cca GC oR Re a ed CC eRe Em eu Een eee ee J eee eee ee eee Lec eee et et ey Gee eee mn nd Norns » gu = % J J U Laue gr a | Samay ee ee aes ep Sav 37.01143 M217) Sto Paulo Brasil Argentina Colémbia Costa Rica Chile Espana Guatemala México Pera Porto Rico Venezuela ~F AAA ARAB ABR AAABABAAAASAASABABRABR AAS i (© 2008 by Carmem Maia Joo Mattar “Todos os duets reservados, Nenhurna parte desta publicato poder se reprodvida ou eansmiida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, lettnico ou mecca, nelsindo otocépia, gravagio ov qualquer ato tipo essema de arpazenamentoe ansmisss de informa, sem prviaautorizagio, po escrito, da Parsor Education do Bras. erent editorial Roger Test ator stor: Sabra Cairo _Edtoradedesersaviment: Josie Rope | A Julia ¢ Cecilia Maie, aoa de exo Arse Sousa A Regine, o Rayinha e ao Jodozinho, Preparagdo- Alesana Mian de i sempre presents, pacientes e insistente Rovisd: Tas Taino Richer © Leta Reis Seay | iu ‘Cap: Alexandre Mieda ; Para os inconformados com o atualestégio da EAD Projet grifioedagramag to: FgutivaEitial MM que esperam mais do que um simples ABC. Dados Tnternciosis de Catalogo na Pulao (CXF) ‘Mais, Carmem | ‘ABC da EaD / Care Mais eJoso Mattar — 1 ed. —~ Sao Paul: Pearson Prentice Hall, 2007 Bibliogra ISBN 978-85:1605-157-2 |. Bducag a distines 2. Bducago a stincia Brasil 3,Tesnolgiaeducaciona t 1. Matar Jot. I Tilo. ' o7-s100 eop3713 indice para catélogo sistemtico: 1. Edueagio adstneia 371.3 mA RRR aR mmm mmm nnn mm nnn mannan nansnnnann = 2 Je ‘Direifps exclusivos para a lingua portuguesa cedidos & oat Tene i ae ee ove tg eon oe i feo Frm ccoind Rae oar | ae Si lta Se _sP Mea pein —_—_ aoe (apm SPRITE —| cet eninemnetion Coa. = Maid, Agradecimentos. Introdugao. Capitulo 1 EaD: Conceitos e teorias 1 14 12. 13. Educacao 11.1. Pincelada histérica 1.1.2. Construtivismo e Paulo Freire Educagao a distancia...... 1.24. Definigao. . 1.22. Separagdo no espago... 1.23. Separaggo no tempo 1.24, Plangjamento 1.25. Tecnologias de comunicaga 1.28. Autonomie versusinteragao. 127. Péblico Ensino a distancia ou educagao a distancia? 1341. Presenga e importéncia do corpo. 132. Diferenca néo significative 133, Distancia transacional.. Notas. xi xii RAR RA RR eRe eee eee Ne vis acenaD Capitulo 2 ria da EaD 21 21. Primeira geragao: cursos por correspondéncia... a 22. Segunda geragao: novas midias e universidades abertas...eumn22 23, Terceira geragao: EaD on-line. vB 24. EaD hoje 2 25. Historia da EaD no Brasi 23 26. aD no ensino superior brasileiro: EaD br... 2 Notas. 38 Capitulo 3 Modelos de EaD 41 3.4. Educagdo fundamental basica . a 32. Ensino superior. 33. Universidades abertas 34, Universidades virtuais 35. Fordismo, neofordismo e pés-fordismo. 36. Universidade corporativa 31. Fomecedores de EaD. 38. Treinamento governamental 39. Outros exemplos. 3.10, Design instrucional.... 3.11, Atividades em EaD.... 3.12, Oconceito de turma em Ea... 3.13, Lista de cursos on-line a 6 Notas... 65 Capitulo 4 Ferramentas, ambientes e tecnologia 67 44. _Retrospectiva das tecnologias a das & educagdo no Brasil e reflexdes pedagégicas .. 42. Caixa de ferramentas. 43, Second Life. 44. Omix corretn... Notas. Capitulo 5 Novos papéis para o aluno, o professor e a instituigdo 83 51. Alun... 5.1.1. 0 aluno universz.. 5.1.2. O aprendiz virtual 5.13. Aprender @ aprender... 5.14. Perfile papel do aprendiz virtual de sucesso. 5.4.5. Auto. 5.1.8. Trabalhar em grupO.ouu 5.17. Gerenciamento do tempo... 52. Professor 53. Instituigao. Notas. Capitulo 6 Direitos autoraisem EaD 103 6.1. Propriedade intelectual 2 vo 80 8 oo 83 1 84 88 100 or 82 3 83 84 85 a7 89 98 x sivasGeD 6.44 612 613, 6.14, 815, 6.18. 6.17. 618, 613. 62 Ea. 621. 622 623 63. Uso educacional... Notas. Capitulo 7 Segredas de negocios. Marcas e patentes, Direitos autorais. Problemas, Google... Legislegao Antipirataria.. Creative Commons. Internet e fim do copyright Prafessores e produgao de contetdo.. Material dos alunos: Plagios. futuro da educagao a distancia 119 Notas... Bibliografia selecionada e comentada... indice remissivo.. Sobre os autores 128 125 131 iat Agradecimentos A acolhida da editora Pearson, partcularmente seu editor Roger Trimet, além do trabalho eficienee incesante de Arete Sousa, Josie Rogero e os demas membros a equpe. ‘A oto Vianney, Laereio Sant Anna, Paula Caleffi, Ronaldo Mota, Susane Gartido e Wilson Azevedo, que geatilmente aceitaram nosso convite para enriquecer o livro com seus valosos depoimentos. ‘A Wanderlucy Czeszak e Carlos Valent, que panticiparam ativamente com idéias © sugestes precioses para este trabalho. ‘As novas tecnologias que nos permitiram, a distinc, planear, eserever, eitar © , Aces em 31 mo 207 Invedugso a que se relaciona a esse campo, até porque no conseguiriamos tal proeza, Nosso obje- tivo € que este livzo abra horizontes, aponte diregSes, indique leituras e seja suficiente para colocé-lo, de uma vez por todas, e com seguranga, no universo da educacio a istincia. Ao final da leitura, gostariamos que o leitor se sentisse confortivel, seguro & orgulhoso de trabalhar com EaD, ou mesmo desejoso de trabalhar com ela fosse,além disso, capaz de ajudar a acabar com alguns preconceitos que, certamente, ainda existem a respeito do tema, Gostariamos que o leitor se inteirasse, em uma relaglo interativa com 0s autores, a respeito da EaD: esta & a nossa proposta Direcionamos 0 contetido desta obra a professores curiosos, interessados em apro- fundar conhecimentos sobre educagio a distancia, edueagio on-line, novas tecnologias para educagio, novos papéis de professores e alunos e novas oportunidades e alter- nativas de aprendizagem, Entrctanto, nfo pensamos apenas nisso. Consideramos que profissionais que desenvolvem projetos e administram cursos de EaD também podem se beneficiar da leitura destes textos, pois terdo de tomar decisdes para as quais vArios dos pontos discutidos serdo extremamente sites. (0s alunos virtusis vio encontrar aqui tamt , sem divida, material e motivagao para ccompreender melhor o que esto fazendo ¢ como podem aperfeicoar seu estudo. Aqueles alunos que (ainda) néo tiveram experiéncias com educagio a distancia podero deparar ‘aqui com uma iniciagéo para um tipo de estudo ao qual sero logo introduaicos, ‘Todo aquele que st interessa por tecnologia ou por educago e, em especial, pela aplieagio das teenologias &educago encontrar nests textos uma oportunidade de lei- ‘ura agradve,diferenciada e proveitosa, do ponto de vista de quem faz jé fee sind acredita que € possivelfarer EaD ée qualidade rave inovadora. Por fim, os que tabalham com o desenvolvimento e marketing de cursos on-line, empresérios eo setor corporativo em geral, de modo espectfico nos casos deteinamen to onine, encontrar nas paginas a seguir uma letra essencial a suas ativdades, A aD sleangou um progresso muito répido eintenso fora das escolas, faculdadese uni- versidades, ou ej, no ambiente corprativo, Um dos primeros problemas que o pratcante de EaD enconta éo de haverdife- rentesdefiiges para o term educa a distncia, na maiora das vezs conitants. ais so elas? No primero capftl,trataremos do significado dasigla EaD, procuran do detazer algunas confusdesconcetuais comuns e desmistificar um pouco a educa 0 distancia, Quais so os principais preconceitos ainda existentes em relagio& EaD? 1 possveefetivamenteecar um ser humano a cisténcia? O que significa “stincia™ em ExD? Afinal de conte, 0 que 6 © gue néo é, educagao a dstncia? ‘Uma boa estratgia para desfezer problemas concetuas € apelar para a Hist, No segundo capitulo, portant, tragremos uma breve histéria da EaD. Quando efetivamen- te comaga ¢ EaD? Com aeserita? Com a prensa? Com o rio e a televsdo? Com a Internet? Akim disso, em que a histéra da EaD no Brasil difere dado restate do mun do? Como « EaD penetrou no ensino superior enas empress? Qual fio progresso da legisla em rela 8 EaD? Qual €o estado-daarte? AAA ARR RR Ree meee eee nee i pod 0 Hoje em dia a sigla EaD tem aplicagdes muito vaiadas. No terceiso captlo, por tanto, analisaremos quais soos diferentes modelos de educagdo a dstincia em prétca almente Muitos cnceitos,talvez novos para algumas pessoas, sero abordadosnesse capitulo. O que significa design instucional? O que & uma universdade viral? E uma universidade aberta? O conceito de turma tem sentido em EaD? Que tipos de cursos sio ‘oferecidos on-line? Quais atividades séo em geral exigidas em cursos a distincia? ( quarto capitulo vai abordar o importante tema das teenologias. Quas so os am: bientese as ferramentas mais uilizadas em EaD? Quais sfiwares sf uilizados para a produgdo de contetido? Esse capitulo aborda o tema das teenologias de mancira muito especial, colocando os ambientes, LMS (Learning Management Systems) ¢ 0s recursos ‘exisientes em seu devido lugar, ou sea, apresentando para que server e como uilieé- Jos em sus potencilidade, em favor de nossa ineligéocia, endo contra ca quase consenso que 0s papéis, tanto do aluno quanto do professor, modiican-se sensivelmente com a EaD er relago i educago tradicional e presencia, Qual €0 n0v0 papel do professor em EaD? E do aluno virtual? No caso das insiuiges, como elas precisamn se remodelar para nlo ficar de fora da revolugio que tem sido causada em eslucagio pela EaD? Esses serio os temas do quinto capftulo O sexto capitulo abordaré um tema de extrema relevéncia, mas muitas vezes negli genciado quando se fala de EaD: propriedade intelectual e direitos autorais. Podemos copiar e colar tudo? Quais sto os limites? De quem € a propriedade intelectual a0 caso de trabatios produzidos em grupo? Como os alunos e professores podem se prevenir contra processos por infraso de direitos autora quando usam matersis eletnicos e, principalmente, a Internet? Finalmente, o sétimo capitulo, na verdade uma breve conclusio, procura discuti 0s cenérios mais proviveis para 0 futuro da educagio e, paricularmente, de BaD. [Novos conceitos aparecerio mais uma vez por aqui. © que significa open learning, disiribueed learning, blended learning e work-based learning? TE agora? Para onde caminhamos? Qual & 0 futuro da educagio e do ensino superior? O livro esté permeado de estudos de caso e depoimentos que ilustram os conceitos estudadose exempliicam 0 que tem sido feito em EaD em nosso pats, além de colocé-lo em contato direto com algum profissional de destaque em EaD. ‘Abrase ences com ume bibliografiacomentada, Foram selecionadosclistados livros, sites eperiélics cents que sugermos com letura, seguidos de breves coments. Companion Website © Companion Website deste livro (wwv.prenhall.com/maia_matiar_be) ofere- ce material adicional tanto para professores quanto para alunos ¢ pretende servir e apoio © complemento aos assuntos abordados. O material exclusivo para pro- fessores pode ser acessado por meio de uma senha — para obté-la os professores devem entrar em contalo corn um representante Pearson ou enviar um e-mail para universitarios @ pearsoned.com. © que significa BaD? Essa pergunta serd, na verdade, respondida ao longo de todo este livre, ¢ no apenas neste capftulo, Mas aqui, como proposta inicial, pretendemos abordé-a mais direta: mente, A sigla EaD envolve duas palavras: 'educagdo’e ‘distancia’, Entdo, uma primeira Pergunta, mais ampla, podctia ser: 0 que significa ‘educacdo'? 1.1, Educacaio Responder sobre 0 que trata o termo ‘educagio’ seria algo filoséfico, que mereceria ‘uma colegio de livros como tentativa de resposta. Vejamos rapidamente elgumas etapas ‘no desenvolvimento da educagio ocidental, até chegarmos ao que entenéemos hoje por educacio. 141.1. Pincelada historica Na Grécia Antiga, surge um modelo de cultura e edueago que marcaré o Ocidente. JA paidéia,o ideal de educacio grego, incluia a formagio integral do ser humano, com 4 gymnastiké (educagio do corpo, por meio a educagéo fisica e alética) € a mousiké | (edueagao da mente ou do espirito, por meio des musas, incluindo a misica e a poe- sia), A edlucagio grega est ntimamente associada & flosofia, Os sofstas eram professo res itinerantes e remuneredos que educavam os gregos, principalmente na arte da dialé tica enas questdes de politica, Platio, disefpulo de Sécrates, funda por volta de 387 a.C. Sa célebre Academia. Na Republica Patio expie seu ideal de educagia, centrado no exercicio da filosofia. Por volta de 335 a.C, Aristdicles, discipulo de Plato na Acade ‘mia, funda sua prépria escola, o Liceu. J Aeducagdo elementarem Roma era geralmente realizada em casa, pelos pais ou por {om tutor, que ensinavam s crianga (em geral a pati dos sete anos) ler, sscrevere cal- cular. Havia também, para quem preferisse, escolas primérias. A educagao das meninas ‘erminava aqui; se um menino fosse destinado para algum tipo de educagao adicional, ele seria enviado, por volta dos 12 anos, para estudar literatura e gramética ‘tina com um ‘gramitico, a partir dos 15 anos com um retérico e posteriormente com um fl6sof. 0s mosteios, muito importantes para a preservagdo de cigneia eda cultura antiges, ‘surgem por volta do século IV, partic do século IX, 0 ensino elissico medieval passa cr) a se fundamentar nas sete ares liberais: o trivium: (gramitica,retrica e dialética) € 0 ‘quacrivium (geometra, aritmética, astronomia € misica). A formagio e 0 desenvolvi mento das bibliotecas também merecem estaque ni Idade Média, exercendo influéncia decisiva na historia da educagéo. Maior estabilidade politice garantiu ao Império Romano do Oriente (ou Bizantino, cuja capital era Constantinopla) a continuidade da tradigo romana na educagao, além dda continuidade lingistica por meio do latim. No houve no Oriente, como no Oci- dente, o predomnio do ensino religioso, mas sim do estudo dos elissicos,¢ por iss0 © Oriente garantiu a transigdo do conhecimento dos gregos e romanos para « civilizago ‘ocidental moderna, Coma urbanizagio eo desenvolvimento do comércio, a partir dos séculos XI ¢ XII, as escolas medievais antigas, monésticas e rurais so substitufdas pelas escolas urbanas, centre elas grande variedade de escolas pablicas, que ampliam os horizontes da educagdo medieval com o ensino dos cléssicos latinos (¢ clissicos gregos disponiveis em antigas tradugdes latinas), na tentativa de aplicar ointelecto e a razfo a moitas reas da atividade shumana. Sdo essas escolas urbanas gue duro origem as universidades. No final do século XVI, entretanto,o ensino ndo se encontrarestrito as faculdades, ‘A educacdo se fazia também em casa por meio da familia, com o patron (que aprendia te quem patrocinava), e nas academias (instituigdes privadas voltadas basicamente para ensino literéri e flos6fico), Surgem ainda os colégios, voltados especiticamen- te para a educagdo (inclusive moral) das criangas, com um regime de estado rigoros0, centrado no trivium e no quadrivium, e com énfase no estudo do latim. Os jesuftas, por ‘sua Vez, passam a desenvolver um projeto pedagégico que desempenhard papel essen- cial na colonizagdo brasileira, [No século XVII surgem as academias cientifias e desenvolve-se a educagio piiblica priméria, principalmente na Franca e na Alemanha. No século XVIII, afilosofia educa cional é marcada pelo pensamento iluminista, ¢ a educagio comeca a se afestar mais da religido, pasando o Estado a ser concebido como o responsével pela oferta de ensino obrigatéro e gratuito, Destaca-se o filésofo e escritor Jean-Jacques Rousseau, autor de Emilio, que descreve em forma de romance a educagio de um jovem, propondo algo afastado das convengdes socizs, ressaltando a importincia da sensibilidade ¢ das emo- g6es, endo mais voltado para a natureza, A essa altura oensino humanistico tradicional std em substituigdo por um ensino mais prtico. No século XIX convivem vérias correntes pedagégicas. O positivismo enfatiza 0 censino das cigncias; 0 idealismo destaca a importincia da educaglo para o desenvol- vimento espiritual do ser humano ¢ do Estado no proceso educacional da nagio; 0 socialismo, por sua vez, desenvolve a concepeio de uma educagdo revolucionéria, voltada para a conscientizagio da classe oprimida e a transformagio do mundo, de- fendendo também a democratizagdo do ensino. Destacamse ainda alguns pedagogos como Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827), que defende a formagdo universal do hhumano ¢ a escola popular; Friedrich Fréebel (1782-1852), considerado 0 funda- EID Conceteseteaves 3 dor dos jardins-de-infancia; e Johann Friedrich Herbart (1776-1841), que desenvolve um sistema pedagégico com maior rigor cientifico, cujo nome pela primeira vez po- deré ser “ciéncia da educagio”. A escola publica, liga, gratuita e obrigat6ria também se desenvolve no século XIX, especificamente na Franga, na Inglaterra, na Alemanha ce nos Estados Unidos. No século XX, diversos campos do saber passam a influenciar a pedagogia: a psi- colegia (por exemplo, com o behaviorismo, com destaque para Skinner, ¢ a Gestalt), ilosoia (com o pragmatismo, principalmente por meio de John Dewey — 1859- 1952), a sociologia, a economia, a lingifstica e a antropologia, entre outros, (0 movimento escolanovista, ue tem em Pestalozzi e Dewey importantes precursores, pprocura superar a rigide7 dos métodos tradicionas, fundados basicamente na memoriza- 620, por meio de propostas mais pricas ¢ individualizadas que envolvam a autonomia © a dividade do aluno (ao contrério da postura passiva da escola tradicional), bem como uma formagao integral do ser humano. O método Montessori, desenvolvido pela médica italiana Maria Montessori (1870-1952), compreende a educasio como autodeterminada peloaluno, que pode utilizar 0 material didético na ordem que escolher, sendo 0 professor cconcebido apenas como um dirigente ¢ facilitador de suas aividades — caracteristicas, ‘comp veremos, marcantes da EaD. Devemos destacar também os esforgos para uma educagio democritica e popular nos paises socialistas. Ainda ganham destague as teorias ¢ a experiéncia de edueagio anarquistas, que reforgam a importincia da auto-organizagio ¢ das relagbes entre as pessoas no processo de crescimento, Como seu contraponto,é preciso registrar as expe riéncias educacionais relacionadas ao fascismo e ao nazismo, que enfatizaram 0 autori- tarismo e a hierarquia, Nos Estados Unidos, por volta da metade do século XX, surge uma tendéncia edu- cacionaltecnicista, centrada no planejamento, na organizacio, na diego e no controle as atividades pedagégicas, que incentiva a tilizagio de diversas técnicas e instrumen- tos de aprendizagem, entre eles recursos audiovisuais ¢ computadores. Essa tendéncia é ‘mareante na EaD, como teremos oportunidade de analiser. Movimento ainda hoje importante, especialmente para a EaD, & o construtivis mmo, que se liga as obras de Jean Piaget (1896-1980) e de Lev Semenovich Vygotsky (1896-1934). O construtivismo concebe 0 conhecimento como um processo continue de construgdo, invengdo e descoberta por parte do aluno, ressaltando a importancia de sua interagao com os objetos ¢ os outros seres humanos, © século XXI inicia-se sob o signo da transigdo na educagdo, A importancia cada vez maior das tecnologias e das ciéncias; a substtuigo dos livros por outras formas de twansmissao de contetidos (como a informagdo digitalizada, as imagens € 0s sons ete); 0 desenvolvimento das linguagens de computador e da prépria informética; enfim, todas as conseqiéncias da revolugao da informagZo exigem alteragSes profundas nos proces- s0s educacionais e nas teorias pedagégicas. E a educagao a dislincia, nesse sentido, tem ditado as regras para a educagio do futuro. ARR een nee eee eee eee eee eee, RAR RAR ARR me een mmm em nmmnmnnnnennen 4 patgeo 1.1.2. Construtivismo ¢ Paulo Freire (© conceito de educagdo pode ser desmemibrado nas idéias de ensino e aprendiza gem. A editcagdo se realizaria quando um projeto de ensino gerasse aprendizagem: sem aprendizagem, o projelo teria fracassado; sem projeto, haveria aprendizado espontineo, {que no € 0 que nos interessa aqui, apesar de que, como veremos, esse aprendizado, sem um projeto predefinido, que se dé no dia-a-dia e no trabalho, tem sido cada vez. mais vvalorizado por instituigbes dedicadas & educagdo a distincia (© construtivismo, que defende a importancia da construgio do conhecimento por ‘meio da interago dos seres humanos, €talvez a corrente que mais domine a teoria da educagio contemporinea. Eniretanto, teorias behavioristas acabaram também encon- ‘ando morada fértil em programas de EaD, principalmente em fungio do uso da teeno- logia, Assim, a tensio ent teorias construtivistas¢ behavioristas marca, para muitos, 0 tuniverso atual da EaD, ¢ teremos a oportunidade de analisar essa dicotomia em varios ‘momentos deste texto. Alguns projetos de EaD defendem maior autonomia para 0 es- tudo independente do aluno, outros defendem a necessidade do diglogo e da interagio ‘com 0s demais alunos ¢ 0s tutores. Segundo a nossa anise, eros aqui uma falsa dico- tomia, que procuraremos desmistficar neste capitulo e no restante do live, Em seu clissico Pedagogia do oprimido, Paulo Freire define uma concepcio “ban- céria’ da educagao. A educagio bancéria implica a memorizag2o mecéinica de contet dos, transformando os educandos em ‘vasilhas' recipientes que deveriam ser ‘enchidos’ pelo educador: “Quanto mais va “enchendo’ os recipientes com seus ‘depésitos’, tanto melhor educador serd, Quanto mais se deixem docilmente ‘encher’ tanto melhores edu ccandos serdo. ‘A educagao, assim, toma'se um ato de depositar, de narrar, transfert transmitir conhecimentos. Um modelo que, infelizmente, caiu como uma luva em muitos projetos ‘de EaD. Os educandos deve receber, repetir, memorizar, guardar e arquivar conteédos, “Talvez vena daf a expresso ‘reposit6rio de conteidos'. ‘Acessa concepgio bancéria de educagdo, antidialégica por naturez2, Freire contra be a educagio humanista e problematizadora, que pressupde 0 dilogo. Ou seja, 2 interagdo € necesséria para que se concretizem a educagdo e a aprendizagem, inclusi- vem EaD, se queremos pensar a EaD como uma modalidade de educagiio. Educagio 4a distancia nfo pode significar educagdo... a distincia...a anos-luz de distancia. Daf por que a teoria da distancia transacional, de Michael Moore, ¢ importante em EaD, como veremos: apesar da distincia fisica, € possivel administra a distincia da tran- sagdo com projetos pedagégicos efetivamente interessados na aprendizagem, € no apenas em ganhar dinkei¢o, Em EaD, o educando néo precisa estar distante, ped ‘gogicamente, de sous educadores, nem de seus colegas, muito menos do mundo que contextualiza seu aprendizado. ‘A educagio dialégica pressupée que os homens se educam em comunhio, mediati- ite, € justamente por meio do didlogo que 0 edu- zados pelo mundo. Segundo Paulo S20: Concoieseteorae§ cador poblematizaor‘re-a"consentemente seu ato cognosceate na cogncscibilidade dos educandos: "Na medida em que o educadorareseta aos educanos, como objeto sbi o cone, quer qe ele, oe we fe, ml ques en ‘hia ge feo ld” (Fe _ ‘Arica implica paxto, amor peo objeto de estuda, Um tor que €obsigado a ‘educa’ com contedose atvidades prt prosramadas certamente no ser cape dead. mira’ o objet de estudo que deve “warsmit’ a seus educandos, Aqeleé um recor do smundo artical do qual ele no compara, que ele nlo enxerga, eno no consegue admire’, Poranto,o cit a se compet, porgue no hi ad-irgio" dose candos, tampouco “e-ad-mizagi" da pare do tuo I Freie continua, sempre com bonita imagens, como as de imersioe emerso Assim 6 que, enquanto a prétice bancéria, como enfatizamos, implica uma espécie de anestsia, inibindo 0 poder criador dos educandos, a educagao problematizadora, de caréterautenticamente reflexivo, implica um constante ato de desvelamento da realidade, ‘A primeira pretende manter a imersio; a segunda, pelo contério, busca a emerslo das conseiéncias, de que resute a insercio critica na reaidade. (Freire, 1982:80) © sitlogo, segundo Freire, presupte 0 amor a0 outro, Sem dillog no hi co- tun; sem comunhto, ni hi educate, Edvar (ser educa) ¢ um ato de ‘cola bore’ trabalharem conjum. Pras, enguanto a educagdo banca est associada 8 id de um programa, a educaso problematizadora est ssocada& ida do dilogo. Como costuma dizer 0 professor Wilton Azevedo, em relagdo ao modelo de EaD em ue ele acre, o texto toma-se apenas um pretest para motivaro dilogo, Por outro lado, 0s modeios que no prez dilogo precisamn insist na estar: refarg dos niveis hierrquicose da ceatralzag das decsbes, conteddo pré-programado, aivide- es pré-programadas, predominio de tvidadesindvdaas em rela as imeratives, decretagao da falta de sentido para o conceito de ‘turma’ etc, " A concepsio constutvsta de educago de Paulo Freire, como vimos, serve muito tem para a relexdo sobre o significado da educasoa dis 1.2. Educacio a distancia 1.21. Definigéo Em primeiro lugar, é importante notar que a EaD acabou recebendo dentominagées .Acesso em: 15 abr. 2007 Publica- 6 ofginalmene em: KEEGAN, Desmond. Theoretical principles of dtance eduction, Londo Routledge, 1993, p. 22-38) AAR RR ARAM me, BRA m eee meee mmm mmm mn nna’, Historia da EaD ‘Apesar de muitos deferderem que se trata de uma nova idéia, a edueagio a distancia ‘4 possti uma longa trajetiria. Retomando vérios séculos na histéria da humanidade, pode-sedizer que a educardo a distancia tem a idade da escrita [Nas sociedades oras, em que a escrita ainda nao esté estabelecida, a comunicasio € necestariamente presencial. Para que alguma informagéo seja transmitida, 0 emissor © 0 receptor da mensagem devem estar presentes, no mesmo momento e no mesmo local, A pattir da invengo daescrita, a comunicagio liberta-se no tempo ¢ no espago. Com ‘escrita,ndo é mais necessério que as pessoas estejam presentes, no mesmo momento € local, para que haja eomunicacio. Em uma sociedade primitiva, ao contririo, ndo ocorre ‘comunicagao sem que a pessoa com quem desejamos nos comunicaresteja presente. AAs primeiras manifestages escritas sio os desenhos, geralmente em pedras, que procuran copiar ou imitar bjetos. Ao desenhar em paredes de pedra, 0 homem das caver nas jéestaria exercitando a comunicago a distincia ‘Alguns autores consideram as carta de Platio e as Epfstolas de S80 Paulo exemplos iniciais¢ isolados de exercivios de educagio a distincia. Outros defendem que o ensing 4 distincia tomou-se possivel apenas com a invengio da imprensa, no séeulo XV. A «scrit,inicialmente, possbilitou que pessoas separadas geograficamente se comunicas 50m ¢ dccumentassem informagées, obras e registros. A invengio de Gutenberg, por sua vez, facitou esse process, pecmitindo que as idéias fossem compartilhadas e transmi- tidas para um maior nimero de pessoas, 0 que intensificou os debates, a produgiio ¢ a reprodugio do contecimento, 2.1. Primeira geracdo: cursos por correspondéncia HA registros de cursos de taquigrafia a distancia, oferecidos por meio de antincios de jomais, desde a década de 1720. Entretanto, a EaD surge efetivamente em meados do século XIX, em fungio do desenvolvimento dos meios de transporte e comunica- elo (como trens e correo), especialmente com 0 ensino por correspondéncia. Podemos. apontar como sua primeira gerago os materiais que eram primordialmente impressos & encaminkados pelo correo. Rapidamente, vérias inicativas de criagdo de cursos a disténcia se espalharam, com © surgimento de sociedades,institutos e escolas. Os casos mais bem-sucedidos foram 08 curs0s téenicos de extensio universitéria, Havia, entretanto, grande resisténcia com, 2 MeceeaD relagdo a cursos universitrios a distancia, por isso poucas foram as experiéncias dura- ddouras, mesmo nos paises mais desenvolvidos. 2.2. Segunda geraca jovas midias e universidades abertas ‘A segunda geragdo da EaD apresentou o acréscimo de novas médias como a elevi- so, oro, a fas de uo e video ¢ 0 telefone ‘Um momento importante & a criago das universidades abertas de ensino a distincia, influenciadas pelo modelo da Open University britnica,fundada em 1969, que se uili- 7amintensamente de rio, TV, videos, tas casstese centros de estudo, eem que serea- Tizaram diversas experiéncias pedag6gicas. Com base nessas experiéncias, tera cres ‘inteesse pela BaD. Surpiram assim as megauniversidades abertasadistncia, em geral as maiors, em rsimero de alunos, de seus respectivs paises, como o Centre National Enseignement & Distance (CNEDY na Franga; a Universidad Nacional de Educacién a Distancia (Uned)? na Espanka; a Universidade Abertst de Portugal; a FemUniverstit in Hagen® na Alemanha; a Anadolu Universites na Turquia; # Central Redio and TV ‘University’ na China; a Universitas Terbuka* na Indonésia; a Indira Gandhi National Open University” na faa; a Sukhothai Thammathirat Open University” na Talindia, a Korea National Open University! a Payame Noor University no I a Univesity of South Attica (Unisa)? (na verdade a pioneira,Fandada em 1945, mas que no inicio no ra exatamente uma universidade aberta; entre outras. Essa experiéncias tem servido para repensarmos a fungo das universidades no futuro e moxiticar a educagio de diver- sas maneias, mas apenas na década de 1990 as universidadestradicionss, as agéncias governamenais eas empresas privadastriam comesado se interessar por elas. 2.3, Terceira geragéo: EaD on-line ‘Uma terceira geragao introduziu 2 utilizagdo do videotexto, do microcomputador, da tecnologia de multimidia, do hipertexto e de redes de computadores, caracterizando @ ceducaglio a distancia on-line. Além disso, em relagao a gerago anterior, ndo temos mais uma diversidade de mfdias que se relacionam, mas uma verdadeira integragao delas, {que convergem para as tecnologias de multimidia e 0 computador. Em muitas ofertas de cursos a distancia, hoje, todas as midias apresentadas neste capitulo ainda coovivem, apesar do predominio do uso da Internet. AA terceira geragio da evolugdo da EaD seria marcada pelo desenvolvimento das teenologias da informagdo e da comunicagdo. Por volta de 1995, com 0 desenvolvi mento explosivo da Internet, ocorre um ponto de ruptura na histéria da educagao a distincia, Surge entéo um novo territério para a educagdo, o espago virtual da apren- dizagem, digital e bascado na rede. Surgem também varias associagdes de instituigdes de ensino a distincia. Pode-se portanto pensar em um novo formato do processo de ‘ensino-aprendizagem, “aberto, centrado no aluno, baseado no resultado, interativo, participativo, lexivel quanto ao curriculo, as estratégias de aprendizado e envio e nfo Historaaa 20a ‘muito preso a instituigdes de aprendizado superior, porque pode também se dar nos ares € nos locais de trabalho”. A BaD, assim, nos ajudaria a romper com a tradigo planar 0 novo. 2.4, EaD hoje Atualmente, dezenas de pases, independentemente do seu grau de desenvolvimento econémico, atendem miles de pessoas com educacio a distincia em todos os niveis, utlizando sistemas mais ou menos formas. Sao iniimeras as instituigdes que oferecem cursos a distincia, desde disciplinas iso ladas até programas completos de graduagio ¢ pés-graduago. Fm alguns casos, esses cursos so oferecidos por insituigdes que também oferecem cursos presenciais, mas, «em outros casos, temos instituges de ensino voltadas exclusivamente para 0 ensino a distinciae, até mesmo, universidades virtuais, que nfo possuem campus, apenas um, banco de dados de colaboradores ¢ uma oferta de cursos a distinc, as click univers ties, em oposigSo as traicionais brick universities (universidades de tjolo). ‘As universidades abertas européias oferecem cursos somente a disténcia. Fora da ‘Buropa, também hd um grande mimero de insituigGes especializadas em EeD, fundadas tem geral nas décadas de 1970 e 1980. Nos Estados Unidos, a EaD aleangou grande desenvolvimento, pioneiramente com as Intemational Correspondence Schools (ICS), direcionadas para os estudos em casa Deve-se destacar, ainda, a intensa utlizagio da EaD pelas empresas, chamada de aD comporatva, que deu origem, na década de 1990, as universidades corporatvas, analisadas no proximo capitulo AAlém disso, intimeras associagGes, organizagSes © consércios procuram direcionar os esforgos em edueagao a distincia, como o International Council for Open and tance Education (ICDE):! a European Association of Distance Teaching Universities (EADTU);! o European Distance and E-Leaming Network (Eden);" 0 EuroPace;" a Asian Association of Open Universities (AAOU):” a Open and Distance Learning As- sociation of Australia (ODLAA)# entre outras. No capitulo seguinte, teremos oportunidade de aprofundar 2 avaliago da situago da Ea) hoje. 2.5. Histéria da EaD no Brasil ‘Comparando o desenvolvimento da FaD no Brasil com a experiéncia mundial, l- sgumas diferencas saltam gos olhos. Em um primeiro momento, a EaD brasileira segue ‘© movimento intemacional, com a oferta de cursos por correspondéncia, Entretanto, imidias como © riidio e a televisdo serdo exploradas com bastante sucesso em nosso pais, por meio de solugées espectficas e muitas vezes criativas, antes da introdugio da Internet. Além disso, no Brasil, 2 experiéncia das universidades abertas é retardada pra- ticamente até hoje, com a recente criagdo da Universidade Aberta do Brasil (UAB). AAR eR RRO,

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