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a Revan Copyright © 1998 by Oscar Niemeyer. Todos os direitos reservados no Brasil pela Editora Revan Ltda. Nenhuma parte desta publicagdo poder ser reproduzida, seja por meios mecanicos, eletréni- cos ou via copia xerogrifica, sem a autorizasio prévia da editora, Pesquisa Fundagao Oscar Niemeyer ‘Alan Dias Carneiro Roberto Teixeira Revista Wendell Setabal Dalva Aparecida Silveira Fotos ___ Arquivo da familia Niemeyer, nas fotos pessoais; Michel Moch, Michel Gautherot e Kadu Niemeyer nas fotos de obras; montagem de Kadu Niemeyer Capa (com 4 capa inspicada na capa da edicio francesa (Gallimard), projeto de Jacques Maillot) Cristina Rebello Fotolitos Graficor Inpresido. © Acabamehto (em papel Pélen Soft 80g, apés paginagio cletrénica, em tipo Garamond, ¢. 13/15) CIP-Brasil, Catalogagio-na-Fonte Sindicato Nacional.dos Editores dé Livros, RJ. Niemeyer, Oscar, 1907 - As curvas do tempo - Memérias / Oscar Niemeyer. — Rio de Janeiro : Revan, outubro de 2000 — 7* edicio 320p. ISBN 85-7106-159-9 1, Niemeyer, Oscar, 1907-. 2. Arquitetos - Brasil - Biografia. I. Titulo, 98-1737 CDD 927.2 CDU 92 (Niemeyer, 0) 261098 271098 006214 Nota do editor Oscar Niemeyer comegou a redigir no final dos anos 70 os textos que retine nestas memérias. Talvez fosse mais apropriado chamé-los de "Lem- brangas, depoimentos ¢ notas criticas da vida social", ou algo parecido. Mas ficou a referéncia geral de memaérias porque é suscinta ¢ também verdadeira, embora essa classificagao com freqiiéncia se associ a rela- tos minuciosos ¢ atentos 4 cronologia de um personagem que conta sua vida. Niemeyer, no entanto, no teve em mente roteito desse género. Ao longo dos anos, foi registrando sem plano nem ordem preconcebida as lembrancas que lhe vinham da infincia, dos amigos, dos companhei- ros de luta politica, dos colegas de trabalho, dos governantes ¢ outras pessoas a que ficou ligado pela atividade profissional. Observagdes e depoimentos sobre as obras que considera mais significativas, dentre os mais de 500 projetos que safram de sua pran- cheta, ¢ sobre questées centrais da arquitetura, assim como comenta- rios sobre atualidades — alguns inclusive publicados no calor da hora em jornal ou outro meio impresso — também vieram se incorporan- do ao conjunto como meméria de sua vida de cidadao e deixam regis- tro do espitito ativo, genetoso ¢ teflexivo que nele esteve sempre presente. Este trago de espontaneidade ¢ casualidade, alias, além de dar frescor e vigo ao texto, o faz lembrar melhor as incertezas € des- concertos que 0 autor, ao mesmo tempo cético e esperancoso, sempre aponta como marca deste estranho mundo em que nos foi dado viver. Acompanham o texto desenhos do autor especialmente feitos para o livro ¢, reunidas no final, notas sobre pessoas citadas e tradu- Gio de frases inseridas em lingua estrangeira. Uma telagio objetiva € cronoldgica de fatos que sumarizam a vida de Oscar Niemeyer tam- bém é acresentada ao final, assim como uma informacio a respeito de livros publicados sobre ele no mundo inteiro. Falhas ¢ omissées, inevitaveis, poderio ser sanadas em novas edigdes que certamente tera este livro importante ¢ fascinante. 264 tes, as casinhas brancas e as velhas igrejas a dominarem o ambiente. , Depois, a Sicilia com os seus matiosos, a Sacra Fami- lia, a solidariedade de grupo que nos atrafa a ameacar os Preconceitos da burguesia. E lembrava os seus herdis, 0 Giuliano, que, da sua colina, comandava a juventude da- queles tempos. / Uma noite, dormimos num velho hotel medieval, s6- brio ¢ silencioso, a recordar com as suas enormes colina de pedra aquele periodo de intransigéncia e austeridade, . Atravessamos © canal e, apds dois meses de perma- néncia na Argélia, chegamos de carro a Paris, / Entregamos 0 contrato estabelecido com a firma ita- liana, Estupefacto, o homem da loja nos disse que 0 auto- moével fora considerado toubado, Pago 0 seguro, etc. e que aquela empresa nao tivera prejuizo. E, com um sorriso co- nivente, nos adiantou: “Deixe o carro ali, ¢ nao falemos mais do assunto,” i Fo fato de havemos pecorrido toda a Europa, du- tante meses, num carro “roubado” acrescentou a nossa vi- a um sentido de aventura que sé agora podiamos ava- ar. : 265 STE LIVRO NAO tinha como principal objetivo explicar E a minha arquitetura, mas é claro que devo fazé-lo. Afinal, nela me debrucei por toda a vida. Foi o meu hobby, uma das minhas alegrias procurar a forma nova e¢ criadora que o concreto armado sugere. Descobri-la, multiplica-la, inseri-la na técnica mais avancada. Criar 0 espeticulo arquitetural, Sempre acrescentei, nas minhas palestras, que nao dava 4 arquitetura’ maior importancia, ¢ nao havia nada de de- preciativo nessas palavras. Comparava-a com outtas coi- sas mais ligadas 4 vida e ao homem, referia-me 4 luta poli- tica, 4 colaboragio que todos-nés devemos 4 sociedade, aos nossos irmaos mais desfavorecidos. O que poderia ser comparado 4 luta por um mundo melhor, sem classes, to- dos iguais? Mesmo assim a arquitetura me ocupou demais, le- vando-me, como agora faco, a defender meus trabalhos, meus pontos de vista de arquiteto, a debater os problemas arquiteturais com um calor que a vida tao fragil e insignifi- cante parece nao justificar. Sempre defendi minha arquitetura preferida: bela, leve, variada, criando surpresa. Palavras que, para alegria mi- nha, encontrei depois num livro de Baudelaire: “L’inattendu, + 266 Pirrégularité, la surprise et I’étonnement sont une partie essentielle et une caractéristique de la beauté”*” Mas nao vou descer a detalhes, vou apenas contar mi- nha trajetoria de arquiteto, minhas duvidas, minhas revol- tas, minha coragem profissional de fazer apenas 0 que me agrada e emociona. Sem temor, indiferente a todas as re- gras preestabelecidas. Em cinco momentos divido a minha arquitetura: pri- meiro, Pampulha; depois, de Pampulha a Brasilia; depois, Brasilia, depois ainda, minha atuagao no extetior; e, final- mente, os Ultimos projetos que realizei. Mas nunca comentei a maneira como essas diferentes fases foram influenciadas pelo que ocorria no mundo da arquitetura ¢ o meu pensamento de arquiteto. As reacdes que meu trabalho provocava e a minha maneira de reagir. Hoje, revendo meus projetos, compreendo melhor por que, em todas aquelas fases, um sentimento de contestagao esta invariavelmente contido, Em muitas ocasiGes falei do problema da informa- ¢40 genética e de como, a meu ver, ela atua em nossas reagGes, responsavel que é pelas nossas qualidades e de- feitos. Nao devo me queixar desse ser oculto que dentro de nés existe, que a informacio genética criou e tantas vezes nos domina. Mas j4 comentei como ele me envolve quando inicio um novo projeto, pegando-me pelo braco, levando-me em transe para os caminhos da fantasia, das 267 formas novas ¢ inusitadas, responsaveis pelo espetaculo arquitetural que preferimos. Nem tampouco como cle participa dos meus entusias- mos € revoltas nesse longo didlogo que vamos mantendo pela vida afora, interferindo nas minhas reagGes e no meu trabalho, para este transferindo aqueles sentimentos, fazen- do-o como que portador do meu entusiasmo ou do meu desprezo e protesto. Assim, se vocé examinar minha obra de arquiteto, verificara, nas diversas fases a que aludi, como nelas esse velho sdsia atuou, transformando-as, por vezes, num desabafo diante dos equivocos que, a meu ver, envol- viam a arquitetura. E tudo comegou quando iniciei os estudos de Pampu- Iha— minha primeira fase — desprezando deliberadamente o Angulo reto tao louvado e a arquitetura racionalista feita de régua e esquadro, para penetrar corajosamente nesse mundo de curvas e formas novas que o concreto armado oferece. E foi no papel, ao desenhar esses projetos, que pro- testei contra essa arquitetura monotona ¢ repetida, tao fa- cil de elaborar que se multiplicou rapidamente, dos Esta- dos Unidos ao Japao. E 0 fiz com a desenvoltura que meu sésia pedia, co- brindo a igreja de Pampulha de curvas variadas, e a marquise da Casa do Baile a se desenvolver, também em curvas, pela margem da pequena ilha. Era o protesto pretendido que o 268 ambiente em que vivia exaltava com suas praias brancas suas montanhas monumentais, suas velhas igrejas barrocas, suas belas mulheres bronzeadas. Alguns, ainda prtesos as limitagdes funcionalistas da €poca, tentaram ctiticar Pampulha, mas se tratava de obra tao correta ¢ criativa que j s tifica o comentario, j4 mencio- nado aqui, do meu colega francés, DeRoche: “Pampulha foi o grande entusiasmo da minha geragao””. : Era o mundo de formas novas que se antepunha aos equivocos de uma arquitetura que comecava a se desvanccer, De Pampulha a Brasilia, minha arquitetura seguiu a mesma linha de liberdade plastica ¢ invencao arquiterural e eu, atento A conveniéncia de defendé-la das limitacdes da légica construtiva. Assim, se desenhava uma forma diferente, devia ter argumentos para explica-la. Quando projetei um bloco em curva, por exemplo, sol- to no terreno, junto apresentei croquis demonstrando que as curvas de nivel existentes o sugeriram; quando desenhei as fachadas inclinadas, da mesma forma as expliquei como des- tinadas a proteger ou aproveitar a insolagio encontrada; quando projetei um auditério, cuja forma poderia lembrar um mata-borrio, foi para problema de visibilidade interna que apelei; quando crici um sistema de montantes na forma de um “y”, reduzindo-os no térreo € multiplicando-os nos andares superiores, a raziio que apresentei foi de economia; | Ay 269 quando propus coberturas em curvas, com apoios inclina- dos nas extremidades, dei como justificativa o problema es- trutural do empuxo; quando propus uma solugao com cur- vas ¢ retas, foi para diferencas de pé- direito que recorri. Com isso, ia defendendo aminha arquitetura ¢ as minhas fantasias, criando formas novas, clementos arquitetonicos que se adicionaram com o tempo ao vocabulario plastico de nos- sa arquitetura, com freqiiéncia usados pelos meus colegas, mas nem sempre na escala e apuro desejados. E assim continuei, durante muitos anos, procurando a forma diferente e explicando-a depois, como convinha. Durante esse periodo fiz trés viagens ao exterior. A pri- meira, a convite do Liicio Costa para com ele trabalhar no projeto do Pavilhao do Brasil, na Feira Internacional de Nova Torque; a segunda, para a Venezuela, onde projetei um muscu. Uma piramide invertida, que tinha na conformagio do terre- no sua explicagao; a terceira, a Nova lorque, onde participei de um concurso privado pata a construgao da sede da ONU, no qual meu projeto foi escolhido por unanimidade. Confesso que, ao iniciar o meu trabalho em Brasilia, ja me sentia cansado de tantas explicagGes. Sabia ter expe- riéncia bastante para delas me libertar, desinteressado das criticas inevitaveis que viriam suscitar meus projctos. Como na época de Pampulha, um sentimento de pro- testo me possufa. J4 no era a imposi¢ao do Angulo reto que me irritava, mas a preocupacao obsessiva a favor da tee 270 pureza arquitetonica, da logica estrutural, da campanha sis- tematica contra a forma livre e criadora que me atraia, con- siderando-a com desprezo coisa gratuita e desnecessatia. Falavam do “purismo” — da “maquina de habitar”, do “less is more”, do “funcionalismo” etc. — sem compreen- derem que tudo isso se desvanecia diante da liberdade plas- tica que 0 concreto armado oferece. Eraa arquitetura con- temporanea a se perder nos seus repetidos cubos de vidto. Imaginava entio como, cansados de tanta repeticao, seus seguidores optariam um dia por coisa diferente, desilu- didos dos dogmas que tanto defendiam, convictos afinal de que a invengao deve prevalecer. E isso aconteceu agora, com eles, mais uma vez equivocados, a seguirem coniventes essa aventura do pés-modernismo, repetindo os mesmos edifici- os, neles grudando antigos detalhes de uma velha e superada arquitetura. Era a“Gratuidade” que antes combatiam ¢ agora aceitavam na sua forma mais simpléria. E lembrava como, terminada uma estrutura, nada se sabia da arquitetura que a devia completar e que vinha de- pois como coisa secundaria. Uma imposi¢ao do rigorismo técnico, um equivoco que os puristas, com suas estruturas mediocres, sempre accitaram. A arquitetura, antecipando-se aos problemas estrutu- tais, caberia a meu ver essa tarefa, para, seguindo as fanta- sias do arquiteto ¢ com o apuro da técnica, criar 0 espeta- culo arquitetural que os temas atuais reclamam. 271 E decidi que, nos palacios de Brasilia, essa seria a minha escolha, caracterizando-os pelas préprias estruturas, dentro das formas concebidas. Com isso, detalhes menores que com- poem a arquitetura racionalista se diluiriam diante da presen- ca dominadora das novas estruturas. Se examinarem © Con- gresso de Brasilia ou os palacios nela realizados, verao que, terminadas suas estruturas, a arquitetura ja estava presente. E procurei especular no concreto armado, a apoios ptincipalmente, terminando-os em ponta, finos, finissimos, eos palacios como que apenas tocando o chao. i Lembro com que prazer desenhei as colunas do Pala- cio da Alvorada, e com que prazer maior ainda, as vi de- pois repetidas por toda a parte. Fira a surpresa arquitetural contrastando com a monotonia cxistente. E recordo-me como com o mesmo empenho me de- tive diante dos Palacios do Planalto e do Supremo na Pra- ca dos Trés Poderes. Afastando as colunas das fachadas, imaginando-me, diante da planta elaborada, a passat entre clas, procurando sentir os angulos diferentes que poderi- am provocar. E isso me levou a recusar 0 montante sim- ples, funcional, que o problema estrutural exigia, preferin- do, conscientemente, a forma nova desenhada, rindo com o meu sdsia daquele “equivoco” que a mediocridade atu- ante, com prazer, descobritia. Nada os demovia ¢ nao eram curiosos. Se o fossem, se lessem um pouco mais, como lhes teria feito bem, por 272 exemplo, esta frase de Heidegger”: “A razio é inimiga da imaginagao”. Um dia, sentado diante do Palacio dos Doges, surpreso com sua admiravel leveza, encontrei naquela magnifica obra de Calendario o exemplo do que a minha arquitetura defen- dia, Ealimesmo, escrevi um Pequeno texto, imaginando-mea conversar com um arquiteto racionalista. Didlogo simples ¢ socratico, que gosto de mencionar e aqui vou transcrever: — O que vocé pensa deste palacio? — Magnifico! — E das suas colunas tio trabalhada — Muito bonitas! a Mas vocé, um funcionalista, nao as preferitia mais simples e funcionais? — Eexato. — Mas, se assim fosse, nao existiria esse contraste es- pléndido entre as colunas cheias de arabescos ¢ a parede lisa que suportam. — FE verdade. — Entao vocé tem de concordar que quando uma forma cria beleza, tem na beleza sua proptia justificativa. Meus projetos cm Brasilia continuaram a correr. O teatro, por exemplo, concebido em trés dias, durante um carnaval. Nunca reclamei, Se faltava tempo para pensar um pou- co, tempo também faltava para as modificacdes indesejaveis. 273 A procuta da solugao diferente me dominava. Na catedral, por exemplo, evitei as solugGes usuais, as velhas catedrais es- curas, lembrando pecado. E, ao contritio, fiz escura a galeria de acesso A nave e esta, toda iluminada, colorida, voltada com seus belos vitrais transparentes para os espa¢os infinitos. Dos padres sempte tive compreensao € apoio, inclu- sive do Nuncio Apostdlico, que, ao visita-la, nao conteve seu entusiasmo: “Esse arquiteto deve ser um santo para imaginar tao bem essa ligagao espléndida da nave com os céus eo Senhor”. Com a mesma preocupagao de invengao arquitetural concebi os demais edificios. O Congresso a exibir seus se- tores hierarquicamente principais nas grandes cupulas contrastantes; o Ministério da Justiga a jorrar agua, como um milagre, pela fachada de vidro; e o Panteao a enrique- cer como um pissaro branco a Praca dos Trés Podetes. Somente no Ministério do Exterior agi diferente, desejoso de demonstrar como é facil agradar a todos com uma so- lugio corteta, generosa mas corriqueira, dispensando mai- or compreensao e sensibilidade. Agora, quando visito Brasilia, sinto que 0 nosso es- forco nao foi a toa, que Brasilia marcou um periodo herdi- co de trabalho ¢ otimismo; que a minha arquitetura reflete bem o meu estado de espirito ¢ a coragem de nela exibir 0 que intimamente mais me comovia. E, ainda, que ao elabora- la soube respeitar 0 Plano Piloto de Licio Costa nos volu- 274 mes e€ es i ra espagos livres, nas suas caracteristicas tio bem con- cebidas de cidade acolhedora ¢ monumental D fi “3 jurante 20 anos a ditadura militar Ocupou nosso p: ue! nee ‘m se preocupou em desmerecer Brasilia, mas um interess| C ian cresse, um desamor permanentes permitiram que ea : uita coisa fosse desvirtuada. Refiro-me Pprincipalmente aos edificios mediocres nela construidos, dade urbana pretendida, “a = tive alternativa senao ir para o exterior, La esto a ae a par . ess Sumas das melhores obras que projetei. A sede do Parti. ———— eon" sa de Trabalho em Bobi ony, O do Comunista Francés, a Bol >» Havre, a sede Fata, em Tu- —— et quebrando a uni- Es ago Oscar Niemeyer, nc tim, a Mondadori, em Milao, as unive _Lonstantine ¢ Argel, na Argélia. Nessa fase, a quinta da minha obr. valeccu 0 propésito de de plastica da minha ar nharia do meu Pais. E ; a de arquiteto, pre- €var Comigo nao apenas a liberda- quitctura, mas o progresso da enge- Procurei com carinho as s 6 ; ; : Ss solugdes uc i j oS que cada projeto exigia, desejoso de definir com clareza meu trabalho de arquiteto, Nas i i oe a sede do Partido Comunista Francés mostrei como iportante manter exteriormente um jogo harmonio de volumes e espacos livres, 0 expli i : ee €S, O que explica ter localizado o Ha ‘a Classe operatia em subsolo; na Bolsa de Tra 0, como é possi omi ; Possivel fazer obra econémica, dando ao blo i i co principal maior economia, mas enriquecendo-o pelo 275, contraste com as formas livres do auditério; no Espago Oscar Niemeyer, no Havre, rebaixando a praca para protegé-la do frio e dos ventos permanentes no local, so- luc&o como outra nao existe na Europa, criando nos edifi- cios superficies curvas, suaves, cegas, quase abstratas. Obra que mereceu de Zevi2!, no Congresso do Cairo, este elo- gio inesperado: “Coloco a Praca do Havre entre as 10 me- Thores obras da arquitetura contemporanea”. Na sede Fata, suspendendo os cinco pavimentos nas vigas de cobertura, solucio estrutural interessante que Massino Moran i?, que a calculou, assim definiu: “Pela primeira vez deram-me a possibilidade de mostrar 0 que conhego do concreto ar- mado”. Na sede Mondadori, mantendo as arcadas em vaos desiguais, no ritmo diferente, quase musical que a catacte- riza; na Argélia, os grandes espacos livres, vaos de 50 me- tros, balancos de 25, uma arquitetura tao imponente que nela desaparecem as deficiéncias da mao-de-obra local. Agora, em Sao Paulo, no Memorial da América Latina, minha arquitetura segue de forma mais radical o avango da técnica construtiva. Nada de detalhes menores, apenas vigas de 70 a 90 metros ¢ as cascas curvas. Sao os grandes espacos livres que o tema estabclecia, Uma obra cuja monumentalidade corresponde 4 grandeza dos seus objetivos. Aproximar os povos da América Latina tio oprtimida e explorada. e confesso Poucos projetos de carater social real que, ao fazé-lo, sempre me senti como que conivente com a whe Pet) gh 276 0 objetiv bg is ba! : demagégico ¢ Patcrnalista que representam: en a Classe operaria que a € reclama melhor Ari ; es se mesmas oportunidades, cael Sempre i i a sean fecusci esse equivoco, essa idéia mediocre dos —. numa arquitetura “mais simples, mais ligada apes - Quando realizamos os CIEPs, sentimos com Stagao como as criancas Ppobres maiienele Por an a lado, a monumentalidade nunca me atemo. juai i j : A a nco um tema mais forte a justifica. Afinal, o que @ arquitetura foram as obras monumentais, on aS que ’ Ah! Como foram gtandes ctlaram as ctipulas imensas, as velhas catedrais! i Eis o que thes devia dizer sobre a feita com coragem e idealismo, importante €a vida, os amigos, P£ecisamos melhorar, : os velhos mesttes, os que voutes extraordinatias, as minha arquitetura are NOoTAS DE TEXTO 1-René Descartes, filésofo e matemitico francés nascido em 1696 ¢ falecido em 1650. Langou bases para conhecimento cientifico € humanista em muitos cam- pos, inclusive na medicina, Escreveu dezenas de livros, mas 0 mais importante foi Discurso sobre o método, no qual passou a fundar-se o pensamento l6gico em todas as ciéncias. 2-Rodrigo Melo Franco de Andrade. Critico, historiador de arte e escritor minei- ro, nascew em Belo Horizonte, em 1898. Poi o criador e primeiro diretor do Servigo do Patriménio Histérico Artistico Nacional (SPHAN), hoje Instituto (IPHAN). Faleceu no Rio em 1969. 3-Epitacio Lindolfo da Silva Pessoa. Nasceu em Umbuzeiro, PB, em 23.5.1865. Foi constituinte de 1891; deputado federal pela Paraiba de 1891 a 1893; ministro da Justiga de 1898 a 1901; procurador-geral da Republica de 1902 a 1905; ministro do Supremo Tribunal Federal de 1902 a 1912; senador por seu estado de 1912 a 1919 e de 1924 a 1930 e presidente da Republica de 1919 2 1922. Faleceu em 13.2.1942. 4-Tristio de Atayde. Cognome literitio de Alceu Amoroso Lima, advogado, jor- nalista ¢ pensador catdlico carioca, nasceu no Rio em 11.12.1893. Presidiu o Centro Dom Vital, organizacao civil vinculada a Igreja Catélica, de 1928 a 1966. Escreveu, entre outros, no Jornal do Commércio ¢ O Jornal, integrantes dos Didrios Asociados. Foi membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) de 1935 até 14.8.1983, quando faleceu em Petropolis (RJ). 5-Manuel Maria Barbosa du Bocage, poeta portugués, nasccu em Settibal, em 1765. Integrou a Marinha de Guerra portuguesa. Tornou-se conhecido como poeta libertino nas rodas boémias de Lisboa. Em 1797, devido aos seus versos pornogrifi- cos, foi preso € condenado pela Inquisigio A internacio no claustro de Sio Bento. Autor de Rénas, publicado em 1791. Foi considerado 0 maior poeta portugués. Fale- ceu em Lisboa em 1805. 6-Henry Miller, escritor norte-ameticano, nasceu em Nova York em 1891. Viveu muitos anos em exilio voluntizio em Paris. Seus romances so violentos requisitétios contra o mundo moderno, relatam com franqueza suas aventuras eréticas. Escre- veu Tropic of Cancer (Iripico de Cancer 1934), Tropic of Capricarne (Uripica de Capricornio - 1939), Sexus (1950), Plexus (1953), entre outros. Tinha tendéncia ao humorismo, mas era muito sério quando se tratava da revolugao sexual dos nossos tempos. F considerado o 7-Honoré de Balzac. escritor francés, nasceu em Tours em 1799, fandador do Realismo na literatura moderna. Nas 95 obras que compoem A comé- dia humana, procuron retratar todos os niveis da sociedade francesa da época, em

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