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Contribuigao para o conhecimento da Geologia da regiao Ansiao-Sicé-Pombal MACHADO, S." & MANUPPELLA, G.” Palavras Chave: Suréssico, Dogger, Macigo Calcério Estremenho, Macigo Calcério de Sic6, Sedimentagao, Cronoestratigrafia. Resumo: A série calcéria do Dogger da regido da Serra de Sicé, cuja cartografia foi recentemente revista, apresenta caractersticas ue levam a correlacioné-ta com a série do Dogger do Macico Calcirio Estremenho, tanto a nivel erono como litoestratigréfico. A, falha da Nazaré ter tido um papel decisivo no espessamento das séries calcdrias na zona de Sic6. Key-Words: Jurassic, Dogger, Macigo Calcério Estremenho, Macigo Calcério de Sicd, Sedimentation, Cronostratigraphy. Abstract: The geological mapping of the Dogger limestones of Serra de Sicb was recently revised. This serie shows similar chrono and lithostratigraphical characteristics with those of the Macigo Calcério Estremenho Dogger limestones, This fact led us to correlate the Serra de Sicd Dogger limestones with those of the Macigo Caleério Estremenho. The Nazaré fault is probably the responsible for different thickness. INTRODUCAO, Na sequéncia da revisdo da cartografia do sector Sul da Bacia Lusitaniana com vista a edigio da Folha 5 da Carta Geolégica de Portugal 4 escala 1:200 000, concluiu-se recentemente a revisfio da cartografia da regio da Serra de Sicé. Verificou-se que os calcdrios do Dogger aflorantes nesta regio apresentam caracteristicas crono e litoestratigraficas semelhantes aos do Macico Calcério Estremenho (M.C.E.) pelo ‘que neste trabalho se apresenta uma comparacdo sucinta de ambas as séries. LITOESTRATIGRAFIA A série aflorante no M.C.E. (Planalto de Santo Anténio) datada do Bajociano inferior - Batoniano & constituida pelas seguintes unidades (figura 1): Calcérios de Aire Caleérios do Codacal Calcdrios com nédulos de silex do Chao das Pias Formagio Santo Anténio-Candeeiros A base dos Calcérios de Chao das Pias foi datada do Bajociano inf, através de faunas amoniticas (Ruget- Perrot, 1961), sendo 0s Calcérios do Codagal ¢ de Aire datados através de microfaunas (Manuppella et al., 1985; A.C. Azeredo 1993), permitindo obter uma cronoestratigrafia suficientemente fina susceptivel de fazer correlagSes com uma certa seguranca (Manuppella ef al., em imp.) No Macigo Calcério de Sicé (M.C:S.) é possivel definir trés unidades datadas também do Bajociano inf. - Batoniano inf. (figuras 1 e 2): Caleérios de Sicé Calcdrios de Vale de Couda - Ramalhais Calcdrios com nédulos de silex de Degracias Formagao dos Calearios de Sicé Também neste caso a base da Unidade Degracias foi datada com amonéides do Bajociano inf. (Ruget- Perrot 1961; Henriques, M.H., 1992). O topo dos Caleérios de Vale de Couda/Ramalhais foi datado do Bajociano inferior devido a presenga de Aldzonela cwvilleri. O conjunto Calcdrios de Degracias e Vale de Couda/Ramalhais nfo ultrapassa o Bajociano inferior. Pelo contrario, o topo da Unidade Sicé foi datado com microfaunas do Batoniano superior (Manuppella e Azeredo, 1996). “Instituto Geologico e Mineiro, Departamento de Geologia — Estrada da Portela, Zambujal, 2720 Allfragide ACB UNIDADES CHAO DAS PIAS (M.C.E.) E DEGRACIAS (M.C.S.) Parece claro, portanto, que quer os Calearios de Cho das Pias quer os Calcérios de Degracias iniciaram a sua deposig’o a partir do Bajociano inferior ¢ portanto, pelo menos a sua base ¢ correlativa. O desaparecimento das amonites da-se a partir do Bajociano inferior zona de Discites em ambas as unidades, parecendo-nos, portanto, vidvel correlacionar as duas unidades pela base, mesmo se caracterizadas. por litologias e ambientes de deposig&o algo diferenciados. Outras consideragbes merece a litoestratigrafia que caracteriza as duas unidades Chao das Pias ¢ Degracias. s caleérios de Chao das Pias assentam através de uma camada com nédulos de silex sobre a unidade Zambujal (datada do Aaleniano inf. - Bajociano inf., Ruget-Perrot 1961). Aquela unidade € constituida na base por caleérios com percentagens varidveis de argila, sendo dominantemente pelbiomicrite/microesparite com micronédulos de silex, filamentos e restos de Lamelibranquios. Progressivamente os calcérios de Chao das Pias vao-se tomando mais claros desaparecendo a componente argilosa, mesmo se conservando as caracteristicas petrogréficas anteriormente indicad: Nota-se, portanto, um aumento de energia do meio ambiente sedimentar que corresponde a uma lenta regresstio que, no topo da unidade, vai permitir a sedimentago de dolosparite com fenestrae. ‘No entanto a sedimentagio nfo chega a parar, passando-se do Bajociano ao Batoniano de facies de plataforma através de caleérios laminiticos em que se distinguem microtapetes algais e bacterianos (Azeredo, A.C., 1993). De assinalar que a cerca de 40 m do topo foram observadas estruturas siliciosas por vezes de dimens®es aprecidveis, compardveis com nédulos botrioidais ou provavelmente estromatoliticas silicificadas. M.C.E. M.C.S. (Planaita de Santo Anténio) ES ca EEA contro sscaparico =] owe [7] pases [=] fanwerse er 3] cactes [E] section [Ee] tartan Figura 1 - Colunas litoestratigréficas esquematicas do Dogger do M.C.E. (Planalto de Santo Antémio) ¢ do M.CS. (escala aproximada 1:2500). Na area de Degracias a fracturagdo e o dobramento que afecta o anticlinal homénimo ndo permite o levantamento de um corte geolégico de pormenor. No entanto, as observagdes de campo permitem-nos dizer que a Unidade Degracias ¢ constituida por pelintramicrites por vezes bioclasticas com nodulos de silex. Mais para o topo da unidade em calcérios micriticos, foram observados nédulos botrioidais siliciosos no todo idénticos aos de Chao das Pias. De um ponto de vista sedimentolégico podemos dizer que enquanto na parte média inferior a semelhanga entre as duas unidades € quase total, para 0 topo, enquanto na Unidade Chao das Pias passa-se por uma mareada fase regressiva assinalada por dolomitos laminitos, na regiao de Degracias passa-se de facies sedimentares de plataforma aberta de baixa energia a facies de plataforma aberta de alta energia. As espessuras so da ordem de 70-80 m para a Unidade Chao das Pias e 100-150 m para Degracias. Figura 2 - Representagao esquematica da cartografia efectuada na regido da Serra de Sic6. A-69 A-70 UNIDADES CODACAL (M.C.E.) E VALE DE COUDA-RAMALHAIS (M.C.S.) Sobre os calcérios com nédulos de silex, quer no M.C.E. quer no M.C.S., depositam-se calcérios de plataforma aberta em geral de alta energia (Unidades Codagal e Vale de Couda-Ramalhais, respectivamente). De um ponto de vista litologico, estas unidades diferenciam-se quer na granulometria quer na composi¢io. De facto, apresentam-se fundamentalmente ooliticas, em camadas espessas com bioclastos no M.CE. (Planalto de Santo Anténio) e dominantemente bioclasticas, com intercalagdes de grdo grosseiro ricos em crindides. Apresentam laminagGes paralelas, relvas de corais e coloniais que formam biostromas. Quer no Planalto de Santo Anténio, quer na Serra de Sicé, sobre as Unidades Codagal e Vale de Couda assentam caleérios micriticos com A. cuvilleri que data 0 topo dos caleétios do Codagal ¢ Vale de Couda do Batoniano HE costentso inferior. A correlago daquelas unidades pelo topo parece- [FE recuse in t nos ndo apresentar dividas face aos argumentos expostos anteriormente. A correlagiio da base das mesmas unidades, de um ponto de vista geométrico é facil de admitir, enquanto que de um ponto de vista cronoestratigréfico é mais duvidosa, ae aceitando-se uma provavel diacronicidade ou graus de us subsidéncia diferenciados para o M.C.E. e M.CS. os ‘Admitimos, enquanto nfo houver melhor dataglo, que a base da Unidade Vale de Couda possa ser datada do Bajociano sup. (2), enquanto que o topo € dativel do Batoniano inf. face a presenga da microfauna acima assinalada. Nota-se, no entanto, que as unidades descritas para o M.CSS. so bastante mais espessas que as do M.C.E. (figura 1), Esta diferenga de espessuras podera ter sido originada pela acco da falha da Nazaré (figura 3) que, actuando como uma falha normal de crescimento no Dogger, levou a que as unidades no bloco NW (M.C.S.) adquirissem uma maior espessura. Figura_3 - Representaglo esquemética da Bacia Lusitaniana com a Falha da Nazaré em destaque. BIBLIOGRAFIA SUCINTA MANUPPELLA, G.; BALACO MOREIRA, J.C.; GRAGA E COSTA J.R. & CRISPIM J.A. (1985) — Calcérios € dolomitos do Macigo Calcério Estremenho. Estudos, Notas ¢ Trabalhos, D.G.G.M., 27: pp. 3-48. AZEREDO, A.C. (1993) - Jurdssico Médio do Macigo Calcario Estremenho (Bacia Lusitinica): andlise petrogrifica, micropaleontologia, paleogeografia. Tese de Doutoramento. Dep. Geologia da Faculdade de Ciéncias de Lisboa. MANUPPELLA et a. (em impress) - Carta Geologica de Vila Nova de Ourém (2* edig#o) & escala 1:50 000 RUGET-PERROT, CH. (1961) - Etudes stratigraphiques sur le Dogger et le Malm inférieur du Portugal au Nord du Tage. Bajocien, Bathonien, Callovien, Lusitanien. Mem. Serv. Geol. Portugal, N.S. n°7, pp. 1- 197, Lisboa. HENRIQUES, M.H. (1992) — Biostratigrafia e Paleontologia (ammonoidea) do Aaleniano em Portugal (Sector Setentrional da Bacia Lusitaniana). Tese de Doutoramento. Dep. Ciéncias da Terra da Faculdade de Ciéncias e Tecnologia da Universidade de Coimbra. MANNUPPELLA, G. & AZEREDO, A.C. (1996) - Contribuigo para o conhecimento da regido de Sesimbra. Comun. Inst. Geol, 82: pp. 37-50.

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