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Educacio Editorial E com alegria que trazemos para nossos leltores a revista v. 35.n. 1, jan fabr. 2010, ano em que comemoramos 40 anos de existéncia, Para o Centro de Educagao, é uma satisfacdo ter conseguido manter, ao longo deste tempo, a produgao e a circulagao ininterrupta de um periédico qualificado na area da Educaga. Nesse numero, que abre a trilogia comemorativa de aniversério, traze- mos 0 Dossié: Infancia e Educagao Infantil, constituido por seis artigos de expressivos pesquisadores e organizado pela professora doutora Cleonice Ma- ria Tomazzetti © artigo inicial La identidad de la educacién infantil é de autoria de Alfredo Hoyuelos. O autor espanhol traz uma reflexdo acerca das caracteris- ticas especificas da Educagao Infanti, apresentando uma analise das circuns- tancias sociais, culturais, econémicas e politicas da Educacéo Infantil na Espanha, as quais podem contribuir para a reflexdo ¢ o debate to necessarioe atual O segundo artigo € de autoria de Maria Luiza Flores ¢ denomina-se Movimentos na construgao do direito a Educacao Infantil: historico e atu- alidads. O artigo aborda movimentos das politicas publicas de Educagao Infan- til sistemetizando as marcas da construgao desse direito no plano de seu ordenamento legal, recentemente instituido, e analisando tais ages em uma perspectiva critico-reflexiva. O trabalho evidenciou que a conquista de varios, direitos foi obtida a partir da mobilizagao dos movimentos socials nesse proces- 0, especialmente do Movimento Interféruns de Educacao Infantil do Brasil € que, nos proximos anos, haverd a necessidade de continuidade da mobilizagao popular em defesa da Educacao Infanti Anete Abramowicz Fabiana de Oliveira sao autoras de A Sociolo- gia da Infancia no Brasil: uma area em construgio. O texto focaliza a histéria da construgaio do campo da Sociologia da Infancia na Europa © nos. paises anglo-sax6es, propondo algumas possiblidades ¢ inflex6es teéricas para ‘se pensar sobre uma Sociologia da Infancia no Brasil. O artigo desenvolve uma reflexdo acerca da utilizagdio dessa Sociologia no Brasil A escola como lugar da cultura mais elaborada é de autoria de Suely Amaral Mello e Maria Auxiliadora Farias. Por meio deste artigo, as auto- ras refletiram sobre 0s processos que medeiam a relacao entre teoria e pratica educativana escola de Educagao Infantil, Para isso, acompanharam e atividade das criangas de uma turma de cinco anos em uma unidade publica de Educa- ‘980 Infantil, procurando observar as linguagens por meio das quais as criangas Edicago, Santa Mara, v 26,9. 1. 07-14, jan Jab, 2010 Bapowvel om 2hteiinneuism bdtonatnodssacae> 9 Educagio ‘se objetivavam. A partir dai, ampliaram o universo de referéncia das criangas, inserindo sua experiéncia cotidiana no seio da cultura mais elaborada, O resul- tado observado foi a promogao de saltos de qualidade na objetivagao das crian- cas em diregao as formas mais elaboradas a que passaram a ter acesso, de- monstrando a apropriagao que realizaram tendo a cultura elaborada como fonts: de sua humanizagao, Déborah Thomé Sayao ¢ autora do artigo Nao basta ser mulher... nao basta gostar de criancas... “Cuidado/educagéo” como principio indissociavel na Educagao Infantil, Este artigo traz uma ciferenga em rela- (¢80.€0s outros aqui publicados, pois se trate de homenagem péstuma feita pela organizadora e por colegas e amigos da Dé que nao teve tempo para comparti- Ihar seu conhecimento © paixao pelas questoes da Educagao Infantil @ dos estudos de Género. As contribuigbes deixadas por Déborah na sua, tese vao muito mais além do recorte trazido neste Dossi, porém optamos por trazer a pliblico 0 estudo profundo e detalhado acerca do conceit de cuidado para a Educagao Infanti, extraido quase que integralmente do Capitulo 5 de sua Tese de Doutorado intitulada Relacdes de género e trabalho docente na educacao infantil: um estudo de professores em creche (2005). 0 objetive cantrou-se em ‘compreender como os homens se constituem como docentes na educacao das criangas de zero a seis anos — profissao caracterizada como “tipicamente feri- nina”. O texto destaca 0 canceito de cuidado/educagao, considerado principio indissociavel na Educacao Infanti, partindo do pressuposto de que o corpo esta no ceme do debate acerca dos cuidedos na inféncia menor. Os bebés interrogam o curriculo: as miltiplas linguagens na creche é 0 artigo de autoria de Sandra Regina S. Richter e Maria Carmen Sitveira Barbosa. O texto faz uma abordagem acerca do cotidiano das escolas de Edu- cago Infantil e suas propostas curriculares, na especificidade da creche, En- tende que esse espacolprocesso se concretize através de tr8s modalidades recorrentes que apontam para pedagogias adultocéntricas e “escolarizadas” nas, quais os bebés ¢ as criangas pequenas néo sao reconhecidos como seres linguageiros, ativos e interativos em suas primeiras aprendizagens de convivén- cia noe com o mundo, Os babés, em seu humano poder de interagir, interrogam ‘esses modelos curriculares ao afirmarem, nas suas aces cotidianas, ainterse- ‘¢40 do liidico com o cognitive nas diferentes linguagens: a conciliacao entre imaginagao e raciocinio, entre corpo © pensamento, movimento e mundo, em. ‘seus processos corporais de aprender @ operar inguagens e narratives, ‘A segunda parte da Revista traz textos de demanda continua. Em Praticas incentivadoras e controle de aprendizagem na alfabetizacao, Maria olanda Monteiro apresenta uma investigagao acerca da variedade de agoes, ‘educativas de uma alfabetizadora e suas relacSes com o rendimento escolar dos alunos, visando compreender as préticas, sem perder de vista elementos que fazem parts da escola e de seu contexto. Os resultados permitiram identi- ficar que as praticas pedagégicas apresentam carater contraditério, porque fo- Educagio, Santa Mara, v.35, n. 1. 07-14 jan abe 2010 ‘0 asonal ent Shabani ebm briovdtaogusacaes Educacio ram organizadas para facilitar a compreenséé, eliminar as dificuldades, divides para desenvolver certas habilidades, mas nao ofereceram situagdes de desen- volvimento, de tal modo que o aluno pudesse ultrapassar padrées estabele- Cidos. Brincadeiras de criangas Mbya-Guarani no urbano: reflexes acerca da Antropologia e da Psicologia da Educacao 6 de autoria de Suzana Cavalheiro de Jesus. O artigo apresenta resultados parciais de uma pesquisa de campo etnografica, realizada junto a um grupo Mbya-Guerani e apresenta refle- x6e8 acerca de algumas brincadeiras desenvolvidas pelas criangas Guarani em seu territorio, um acampamento indigena, e também no centro da cidade, onde acompanham a venda de artesanato. O texto intenciona estabelecer relacdes ‘entre 0 brincar@ a constituigaio dos modos de ser indigena, be como compreen- der as praticas de educagao nao escolar presentes nessas brincadeiras. Eduardo Simonini Lopes 6 0 autor de © sonhar emancipatério ‘a educagéo. Neste artigo 0 autor problematiza 0 conceito de emancipagaio,, especialmente sua apropriagao pelo campo educacional. Aeducagao, quando significada como emancipatéria, tendeu a fomentar propostas e praticas que, muitas vezes, se encontravam atreladas 20 cultivo de ideais de progresso, desalienago ou empreendedorismo. Porém, existem outras significagées para ‘© concelto de educagao emancipatéria, principalmente quando se aborda a ‘emancipacao nao pela perspectiva do progresso ou da evolugao, mas por uma orientaco que se apdia em politicas de invengdo, promotoras de crises, ruptu- ras @ movimentos que possam fazer nascer maneiras de pensar-agir nao mapeadas passiveis de criagao de novas sensibilidades, Marilda Pasqual Schneider assina o texto A organizacéo interdisciplinar na reforma curricular da formacao docente. O texto foca- liza 0 conceito de intercisciplinaridade presentificado nas Diretrizes Curriculares: Nacionais para a Formagao dos Professores da Educacao Bésica. O objetivo é vetificar qual bgica embasa as indicacdes legais que tomam a interdisciplinaridade ‘como um dos eixos da reforma curricular da formagao docente. As conclusoes aque se chega evidenciam, de um lado, a necessidade de ampliagao do dialogo sobre 0s conceitos de interdisciplinaridade difundidos no meio educacional de modo a se evitarem banalizagdes na sua interpretagao, e, de outro, a necessi- dade de aprofundamento, a partir de perspectivas criticas ¢ reflexivas, nos estu- dos sobre as politicas curiculares para a formacéo de professores da Educacéo Basica A gestiio democratica nas escolas piiblicas de Santa Catarina 6 de autoria de Arthur Breno Stormer e Liliana Soares Ferreira. Neste artigo os autores evidenciam que a presenga da democracia na Rede de Ensino Publica Catarinense tem sua expressao na construgao de escolas democraticas, que se caracterizam pela gestao democréttica. Destacam que a descentralizacao administrativa © a participagao da comunidade na gestao escolar sao fatores Educagio, Santa Mana, v 25, 9.1. 07-14, jan abr 2010 Bapowvel om 2hteiinneuism bdtonatnodssacae> " Educagio desse proceso, que se apbiam também na legistacdo educacional e em meca- niismos de participagao na escola, Nisso, os professores sao pegas-chave. Por isso, sua participacao na construgao da escola democratica foi investigada, bem como a estrutura de gestiio das escolas da Rede de Ensino Publica Catarinense e suas instancias de gestao. Os autores concluem que a continu- dade da construcao de escolas democraticas na Rede de Ensino Publica Catarinense & um desafio que requer a valorizacéo das Instancias de Gestao Escolar Democratica eo empenho das comunidades escolares na busca pelo direito de decidir os rumos da educagao. Gestdo compartithada da educacéo: o discurso ¢ as praticas cotidianas no sistema de ensino do Recife é de autoria de Edson Francisco ‘Andrade. O artigo analisa a questao do compartihnamento das decisdes no ambito da gestao da educagao publica, problematizando a relacao entre o discurso da gestdo democrética e as préticas sociais dos conselheiros escolares e dos gostores do Sistema Municipal de Ensino do Recife, O objetivo 6 cotejar deter- minadas concepedes e caracterizagdes da gestao compartilhada, presentes na literatura do campo educacional, € nas entrevistas dos sujeitos da pesquisa, ‘com as nuances que envolvem 0 process de proposigiio de politicas educacio- nais para o municipio do Recife, Encerrandoa parte de textos de Demanda Continua, Claudia Barce- los de Moura Abreu e Claudia Lemos Vévio apresentam o artigo Perspectivas, para o curriculo da Educagao de Jovens e Adultos: dinamicas entre os ‘conhecimentos do cotidiano e da ciéncia, As autoras expoem alguns dos desafios na organizagao de curriculos da escolarizagao de pessoas jovens @ adultas. Por meio de andlise documental, investigam como um conjunto de principios norteadores que emergiram do campo da educagao popular pode ser ‘observado, tomando como referéncia empirica as bases de um curiculo voltado Educagao de Jovens e Adultos (EJA). Os resultados mostram que hé uma apropriagao das principais categorias do campo da EJA para pensar 0 novo curriculo, mas & possivel perceber que a relagao entre conhecimentos cotidia~ 10S € cientificos precisa ainda ser trabalhade de forma mais rigorosa, conside- rando a fungao social da escola. Com este étimo material, desejamos a todos uma boa leitura. Acessem nosso site: . Profa, Dra. Claudia Ribeiro Bellochio Editora Profa, Dra. Cleonice Maria Tomazzetti Organizadora do Dossié Educagio, Santa Mara, v.35, n. 1. 07-14 jan abe 2010 2 asonal ent Shabani ebm briovdtaogusacaes Edueagio, Santa Maria, v.25, 4, p. 7-14, jan abr 2010 Disponivel em Educacio Inmemoriam Dedicamos este numero a nossa Conselheira Consultiva Profa. Dra. Esther Sulzbacher Wondracek Beyer (UFRGS), falecida em 19/03/2009. Esther foi uma estimada e ardua pesquisadora na area de Educago Musical Infanti Deixa um importante legado—nacional intemacionalmente. 13

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