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m de ser 0 Unico tratado sobre teoria politica e de conter a mais antiga historia de CLASSICOS DA Roma que chegou até nés (0 livro Il), 0 Tratado da Repu- PoLiricA constitui também uma reflexdo sobre a politica, a sociedade & rio L..) € uma tentativa de resposta a um momento de grave moral e institucional, que seguramente se iniciara na época Cipides e dos Gracos, com a ascensao do poder pessoal & jem da legalidade ou implicando a modificagao da lei, ¢ com 0 Ja violéncia politica, do assassinato a arruaga, as proscrigées, ora ci , & alteragao ou perversao da constituigdo tradicional e, nente, a pat ha do poder por triunviros ambiciosos (...) vorlandad Vd OdVAV aL a C01-3483 OE. eek inraoaucho. Sumario Aristocraciae oligarquia, 39 Aristocracia so 9 Oligarquia. enn 40 Democracia e ociocracia 40 Democracia. . 40 Odlecracia 41 7.3. Cidadania e lideranga politica B 7.3.1. Conservator ‘conservador" 4 7.3.2. Dispensator‘superin dente 45 > 7.33, Gubernatorhomem-do-leme, pilot, overnador'... 45, Quaoro cxonatoaco 90 Tero A Renee . 7.35. Princeps pincipes‘primeiro, cidadio(s) de primeira, ] twrroougo: . : sis, arstocratas 46 | |. Cicero, epilogo de uma época. . 15 7.3.6. Procur 6 | 2. 0 Tretado da Repiblica,Tradigao @ nowidade nm 6 apa 0 i 3. Aare do dilogo : Wy 73.8. Tutor 4 | 4, As personagens ~ “ a 7.39. Vilieus feitor cnee 4B 5. Mensagem e importéntia cultural... : 2% | 6, Transmissio,testimonia e fontes - 2» eee =: Ee : 7, Os desafios da tradugio. 31 Estrutura e conteido seonnnen ST 7.1. 8 coisa piblica : 3 Trotodo do Repablico 67 7.1, Res publica. B Uvro Sd 72. Cites — 3H 125 7.1.3, Populs.. : 35 165 7.14, Status, constitutio, institutio . 38 wo v 199 72. As formas de constitugio. sn 36 Lvov 213 7.2.1. A tripartigio segundo o critério quantitatio v7 Livro vi os 7.2.2, O critério qualeativo e a dupa triparigao, 38 Notas a Trotodo da Repiilia 24 Monarquiae trania 3» Biblio grafico 23 Monarquia ee indice de termos latinos 301 Tirania — ” indice de assuntos e de nomes préprios au ESTRUTURA E CONTEUDO LIVROI [As formas de constituigao simples, suas virtudes e defeitos. A cons- tituigdo mista, dnica a oferecer estabilidade politica. Preambulo de Cicero Superioridade da vida activa sobre a contemplativa fla Deveres para coma patria Lib Indicagio das fontes Destinatério do tratado: nao & para os mais cultos I.fld Objecgées contra a intervencéo politica Especulacao fi Constituigao LL Elogio de herdis romanos como Catio-o-Censor ‘Amor ao bem-estar comum decorre da natureza Argumentos contra a Participagao politica activa ‘Sua refutagio Exemplos de ingratidéo politica 1.14.37 11418 eo a ' 1.26-30 131-37 138-69 137-38 139-41 142-43 144-46 1.47-50 151-53 1.54.55 Didlogo narrad da questéo inicial & questao prévia Cenario, Entrada das personagens Questio inical: os dois séis 156-64 Cipido expée as vantagens da monarquia Argumentos teolégico, historico e psicolégico ‘Analogia com o governo de uma quinta ou casa ‘A nau-do-Estado e a medicina. Exemplo da ditadura Cardcter paternal e benévolo da monarquia Monarquiae tirania Esfera de Arquimedes. Explicacao dos eclipses Relativismo da gloria terrena Sabedoria e desprezo dos bens materiais ‘As duas vias da filosofia: activa e especulativa Questo prévia: «coisas de maior importancia» Um s6 Senado e um s6 povo ‘A melhor forma de constituicao CCipiao aceita falar acerca da Repiiblica A teoria das constituicées Metodologia do didlogo Definicao de res publica COrigens da sociedade e do Estado ‘As formas de constituigao simples e boas As formas de constituigao simples e defeituosas ‘Vantagens relativas das constituig6es simples ‘Argumentos dos defensores da democracia, Argumentos em favor da aristocracia Elogio da constituigao mista 1.65-68 169 170-71 LIVRO Instabilidade das constituigées simples Tradugio de passo de Plato Novo elogio da constituicao mista ‘Transigao para o livro It Roma como exemplo de constituicdo ideal Abistéria de Roma como construcéo progressiva de uma consti- tuigdo mista equilibrada, obra de geracées e nao de um legislador Unico. 213 2.4.52 2.4-20 24-5 26-9 210-12 213-14 214-16 Elogio de Catéo, Roma superior a Grécia Histéria politica de Roma. A fase monarquica Reinado de Rémulo Lenda da loba e dos gémeos Escolha do sitio de Roma Excurso sobre as urbes maritimas Roma e suas defesas naturais e artificiais Rapto das Sabinas. Corregéncia de Tito Ticio Rémulo institul senado e auspicios 2.21-22 2.23-30 2.23-24 2.25.27 Ixtnopucao, Método difere de Platao e dos Peripatéticos Reinado de Numa Senado tenta assumir © poder. Interregno Eleigao e reinado do sabino Numa Pompilio 253-56 2.57-60 inraooucao. Inicios da Replica. As magistraturas Direito de apelo. Colegialidade consular Senado. Criagio da figura do ditador © pove reivindica mais poder ‘A questio das divdas e das multas Secessées da Plebe. Tribunos da Plebe ees 22829 2.30 231-32 2.33.35 2.35-36 237-43, 237-38 239-40 241-42 244-52 247-52 253-63 AE BTIS PACTS TE NTT Elogio da identidade cultural romana Reinado de Tulo Hostil Reinado de Anco Marcio Inicio da helenizacio da Exilio de Demarato de Corinto em Tarquinios Reinado de Tarquinio o Antigo, filho de Demarato Reinado de Sérvio Tilio Sérvio reina a margem do Senado (Organizacdo censitéria serviana Elogio da constituigio mista Exemplos de Cartago e de Esparta ‘Transformacao da monarquia em tirania Reinado de Tarquinio o Soberbo Rapto de Lucrécia. Expulsio de Tarquinio Nova critica a0 método de Platio Degeneragio da monarquia em tirania Elogio do governante ideal ‘Tarquinio causador do édio a0 nome de ‘rei’ Historia politica de Roma. A fase republicana 2.61-63 2.64-69 269-70 LIVRO II Decenvirato. Lei das XII Tabuas Historia de Virginia Derrube dos Decénviros, tornados oligarquia Lei Canuleia autoriza casamentos mistos ‘Tuberao pede exposicao sobre o Estado Cipido recapitula a teoria das constituigées Elogio do governante ideal Elogio da cidade onde reina a concérdia ‘Analogia psicoligica e musical ‘Transigao para o livro Ill. © tema da justiga Acestabilidade politica, a nivel interno, com a concérdia social, ou nivel externo, com um império justo, tendencialmente universal, 86 se alcanga pela justiga, que se fundamenta na ordem natural divina, © discurso duplo de Carnéades: a base de um Império 6 a injustiga (exposigao de Filo); a base de um Estado é a justica (exposigio de Lalo) ARGUMENTO DE SANTO AGOSTINHO. 3-7 Preambulo de Cicero Origem e condigao do homem e da sociedade Razio e fala sdo os motores do progresso ‘A via para a gléria: unir teoria e pratica . mnrnopucae 3.831 Filo reproduz o discurso de 3.36-37 A base de um império: justiga ou injustica? ‘Carnéades contra a justiga Império justo e providencial ‘Analogias psicologica, familiar, domestica 3.8-12 Os dois discursos de Carnéades em Roma A justiga como vireude de relacio 3.38-40 Justiga nao vem da natureza, mas da utilidade ‘As abordagens filosdficas do tema A virtude @ 05 seus prémios 3.13-31 A argumentagao de Carnéades contra a justiga Exemplos romanos 313 Direito civil e direito natural SATO GHFBTEG TE GOVOFPENGS OE SUSE © SOYETCOS 3.14-15. Leis e crencas variam de pove para povo 3.42 Elogio de Lélio 3.16 Sabedoria difere de equidade 3.43-48 __Dililogo socratico conduzido por Cipido 3.17 Mudangas das leis em Roma Limitagao da fortuna e herancas das mulheres 3.1822 Neqagio do dito natural ute € oi Recaplio Inpéros lane om gure conga Boge da contig de Rdes Inpere Romano sem ainsi 223A taquera éa mie das, Nogao de pacto LIVRO Iv fe eeenanenaeneenenes "come se crn oar Oat pesegude eo nse premade ieaeremneectaets sigs, & cond exabtdade através de costumes, lei politica 3.29.30 Di justiga a nivel particular om ee 41 Natureza do corpo e da alma Justiga natural é tudo menos sabedoria 42 Equilibrio social e sua perturbagio 331-42 Lélioe o discurso de Carnéades 43-14 Questées culturais, politicas e sociais ‘em favor da justica ae 43 Objective do Estado € a felicidade 3.31.32 Transigio para o outro discurso Rom: hece sistema piiblico de educagio as da educagio espartana 3.33-35 Lei verdadeira é recta razao, natural, imutavel oa Conceito de cidade e de guerra justas 4.4 Homofilia na educagio grega oa- 63 4.5 © comunitarismo platénico. Posigao da mulher 5.4 Conhecimentos de agricultura Homero arredado do Estado ideal 5.5 Conhecimentos do direito 4.6 Censura.e educagio dos costumes femininos 5.6 © regedor favorece cultura 4.7 Parciménia e liberalidade. Obras publicas da vergonha e do pudor Virtude ¢ amor & ptria 5.7 O moderador garante felicidade individual 4.8 Pax doméstica e paz civil Taviolbilidade da Sepultura 5B Rvairae EES Governante come piloto médico 49° Apoesia rica 5.9 Vireudes do governante. © desejo de gloria 4:10 Oprébrio das artes cénicas e do especticulo 5.10 Coragem militar 4.11 Recusa da comédia de invectiva politica 5.11 Oratériae politica 4.12 Lei das Doze Tabuas proibe invectiva pessoal 4.13 Actores como politicos e embaixadores, nna Grécia Livro vi Aa eee ee (© bom governante em situagio de crise politica. O prémio para os beneméritos da patria ¢ a imortalidade astral. Parénese final LIVRO V Acestabilidade politica supe um governante desejoso de gloria, culto e virtuoso, exemplo de honestidade, devotado ao bem-estar colectivo. 5.12 Preambulo de Cicero Decadéncia moral e degeneracio do Estado 311 Continuagio do didlogo narrado Caracter e formagio do governante 5.3 O governante come legislador @ intérprete do direito Elogio da legislagdo de Numa Pompilio 61 62 63-7 69-29 69-10 A prudéncia do regedor © a estabilidade do Estado Dissensio politica, matriménios, funerals, religito (Os prémios para a virtude do governante (© motive do sonho: © mito platénico de Er Aimortalidade da alma (© Sonho de Cipido Cipido visita Masinissa, amigo de seu ave Conversam sobre 0 avé até altas horas, (© av6 aparece-the em sonho os 5-11-12, 0 avé profetiza o futuro do Emiliano 6.13-15 Lugar no além reservado para 0 bom governante 6.16-19 Parénese: justica e piedade, vias da imortalidade Revelagio da maquina do mundo DA REPUBLICA 6.20.25 6.25.28 O prémio da virtude é a gléria, nao a fama Imortalidade astral 6 a recompensa da virtude Imortalidade da alma enquanto primeiro motor 6.29 Parénese final em favor da salvagio da patria LIVRO TIT ARGUMENTO DE SANTO AGOSTINHO (A Cidade de Deus, 2, 21) transferido 0 assunto foi debatido no iro com grande vivacida- diam de, O proprio Filo asswniu a argumentagéa daquel que e que um Estado ndo pode gerir-se sem injustiga, mas demarca Assim, com como quem procura de com razdes ¢ exemplos muito ve jue uma ¢ iil ap Estado e a otra imi e que, a ndo ser com grande justica, eva + regido saciedade e reg que povo nao é um qualquer aj ajuntamento associado por umm consenso juridico e por uma com de de interesses. Ensina depois qui grande é a utidade da definigéo para um 4 daguelas suas dfinigies conclui que existe Coba Piblica, isto v0, exactamente quando ela é bem genda e com sustiga, ja por um re intco, seja por um pequeno grupo de seja pela totalidade do pov. Mas quando existe wm re @ maneira grea, , ewjo conluio afirmou consttuir wna faccdo, ou um pove tam- indo ser chamar-the também a ele tirano, Coisa Publien defeituasa, como fora exposto dia anterior, mas, confor. ‘me mostrava a argumentagao dedusida daquelas definigoes, do Povo quando wm tirano ou uma facgao dela se apoderam; e, sendo justo, 0 proprio povo ji ndo & pov, uma vez que deiva de ser um ‘ada por um consenso juridico ou por wma comunidade de one a definicio proposta para pov. No livwo 111 do Tratado da Repuiblica, 0 mesmo Tilo afirma que 0 homem joi trazida a vida pela naturera, nao como mae, mas como madras- 1, com 0 corpo nu, frigil e enfermo, a alma angustiada perante as ad- wersidades, humilde perante 0 medo, mole perante 0 esforco, propenso ans de genio « de razdo. (Santo Agostinho, Contra Juliano, 412,60)" 0 que ¢ que existe de ma do que, gu sos lang a vide como que despidese nus, de corpo fi corto la as, negligetsperante 0 procera? (Santo Amb (O homem), ao nascer frgil« fraco, esd, contudo, protegida de sere privades de fla, ¢ tudo 0 que nasce mais duro, embora ‘mais resistencia a violéncia do cima, todavia néo consegue estar seguro em relagdo a0 homen. E que a raxio é mais vanajose ao homer do q grandeza das suas forgas nem sejam oprimdo por nos ou submetida refi 0 sido criad, (Las suport c eres privados de fala, porque nestes nem a 1330 poder. (19) Supomo que Plauao dew evagas i natureza por o homem ter le a Obra de Deus, 3, 16. 17. 19) Falta quot fos intrires do caderno XXV1] + © com veiculos, sendo lentos. E a mesma (sc. razio dotado de murmirios de- tendo recebido o h idos, produzindo um som perfeito e confu- riormente Por essa mesma razdo, os sons da voz, que pareciam infinitos, foram todos cor wentados*”, Com eles se p ssegurar tanto ianifestagoes as do passa- icagdo com os ausentes, como de vontade, como documentos sobre c do. A isso acresceu a invengio dos niimeros, coisa que, além de necessai ica imutavel e eterna, Foi ela que pela primeira vez tambéi examinar o céu € a observar os movimentos dos astros dos dicas> e das a vida, também é a & levoua sem ser em vao. E com a contaget noites * [Falta 4 flies: odo do caderno XVI 05 primeios és do caderno XX] + €s suas almas elevaram-se mais alto e conseguiram dos deu- \es referi. Por isso, aqueles que dlisserta sobre as regras 3s por grande: mens, como de facto sao, por eruditos, por mestres da verdade e da virtude. Na condicio de que — tenham elas sido inventadas lustres e versados na variedade do: praticar ou descobrir algo digno desse di ses, como. vida, tenhamo- io sejam minimamente negligenciadas, como tém € a organizagio dos povos, as quais, como ja frequentemente aconteceu, fazem com que nos homens bem dotados surja uma virtude incri- vel e divina®”. sido, a teoria politic Ora sea estes dons da alma, os que recebeu da nature que ninguém conseguiu superar nem Icom ferro nem com ouro,*" ous atta os 3 itimos fos do caderno XX) Ao qual, nem cidadao nem inimigo ‘Za € 0s que recebeu das instituicées politicas, alguem ntender acresc wr uma ciéncia e um conhecimento rico das coisas, como € 0 caso dos que participam no debate que é objecto destes livros, entao ninguém deixaré de os antepor a todos os outros. De facto, que pode haver de mais notavel do que a conjugagao da prati do € 0 conhecimento daquelas artes? Ou que se pode inar de mais perfeito do que Piiblio Cipido, do que Gaio Lélio, do que Liicio Filo, homens que, para no esquecerem nada do que ao louvor supremo de vardes ilustres perten¢ mésticos € aos dos seus antepassados ainda esta cién- cia estrangeira, vinda de Sécrates?™ € da experiéncia de grandes feitos com 0 est , juntaram aos costumes do- Por isso, qh a ambas devejou € alcangou, isto é ras instituigoes dos antepassados ravés da ciéncia, julgo que esse conseguiu tudo (© que & mais necessario para um louvor. Mas se ti- ver de se escolher uma destas duas vias da prudén- cia, embora possa parecer a alguns que é mais fe- liz aquela regra de vida sossegada, na quietude dos melhores estudos ¢ artes, todavia, a vida politica € certamente mais louvavel € mais ilustre. E com esse modo de vida que s /Manio Cario, excelsos vardes, como To PAGAT SEAS JOTON COME BETS MANET (Séneca, Cartas a Lucilio, 108, 33) +s havia sabedoria; contudo, na regra de vida de cada um des- ses dois tipos existiu a seguinte diferenga: uns alimentaram, 0s dons da natureza com palavras € artes, outros com in: Bes e leis. Mas, 6 por si, esta cidade gerou varios que cram senio sabios, por os sibios aplicarem este nome de forma tio restrita, pelo menos dignos do maximo louvor por terem, posto em pratica os preceitos ¢ invengdes dos sabios. E mais: se, de tantas cidades quantas existem e existiram dignas de louvor — pois que, em toda a natureza, € marca do maior discernimento fundar um Estado que possa ser duradouro —, enumerarmos um s6 por cada uma delas, mesmo as que grande niimero de excelentes vardes iremos encontrar! E se quisermos passar em revista, no nosso espirito, 0 Lacio, na Itdlia, ou a Sabina, na mesma Italia; ou os Volscos, ou ebre Magna Grécia; ou, Samnio, ou a Ewiria, ou a seguida, os Assirios, ou os Persas, ou os Piinicos; ou estas « [Fatam ses fos interires do cademo XVI} E FILO: Depositais em mim uma causa verdadeiramente noti- vel quando determinais que seja eu a assumir o patro- cinio da perversidade! LELIO ‘Ao dizeres 0 que costuma ser dito contra a justiga, és mesmo tu que tens de tomar cautela, nao va alg Caméades»™* —, pois este Carnéades, enviado a Roma pe- los Atenienses como embaixador, defendew a justica com mui- ta abundancia, tendo como ouvintes Galba ¢ Catéo 0 Censor, (0s maiores oradores de entiéo™”. Mas, no dia seguinte, 0 mes- mo Carnéades, com uma argumentacéo contréria, subverteu aquela sua argumentagdo e derrubou a justica que lowvara 1¢ se descobre a verdade!”* e de 0 0s que procu- n nds, que aquilo que Carnéades*, um acostumado ao que era vantajoso a [Fat os dois pimeiros fos do coderno XXIX) 28 Para que possais dar resposta a Carnéades, que ami- wlarizar as melhores causas com a jo. (Nonio, p. 263, 8). fide costun chicana do seu assunto extremamente dificil, declarow que lo «mesmo que 0 Orco devolvesse o proprio rer acerca de nao podia explic pensamento deve ser firine e estdvel, mas com uma espécie de exercitagdo oratéria da capacidade de discorver sobre ambas ‘as causas. Era isso que ele tinha por costume fazer, para estar ‘apto a refutar quem defendesse fosse que afirmacao fosse. Na obra de Cicero, Liicio Firrio recorda essa argumentacao em (que a justica é derrubada. Uma vex que se discorvia acerca da Reptiblica, creo que era no propésito de induzir a defesa € 0 louvor da justiga, pois considerava que sem ela podia reger um Estado™. Ora Carnéades, para contestar Platdo Aristoteles, patronos da justica, nessa primei- ra argumentagdo reuniu todos os argumentos que eram apresentados em favor da justiga, para os poder derru- bar, como veio a fazer. (Lactancio, Instituigdes Divinas, 15, 14, 3-5). De facto, numerosissimos filésofos, mas sobretudo Platdo e Aristételes, disseram muitas coisas acerca da justiga, defen- dendo e exaltando essa virtude com muitos lowvores: porque @ cada uma atribui o que é seu; porque em tudo estd ao servigo da equidade. E sendo silenciosas ¢ guardadas no foro intimo, a justica é a tinica (que ndo estd centrada somente nem oculta, ‘mas toda ela se projecta para fora, é propensa ao bem-fazer, para ser itil ao maior nimero possivel®". E como se ela m qualquer tras virtudes como que devesse estar sé nos juizes € nos investidos n poder, e nao em todos! 0-dia-antovios-ndo-com-c-gravidade-de-ui-fldsofo, cisjo 20 edidades-allias-E-1a-foi-se c Néo obstante, néo existem seres humanos, nem sequer enfer- ‘mos ou mendigos, que ndo possam possuir a virtude da justi- ca”, Mas como ignoravam 0 que era, donde vinka, que ¢ 10 tinka, atribuiram a poucos essa virtude suprema? — isto é,0 bem comum de todos —e afirmaram que ela néo visava nenhuns interesses particulares, mas se ocupava somente das ides hae mem de supremo engenho e subtileza, apareceu a contestar 0 discurso destes ¢ a derrubar a justica, que ndo tinka base es- tével, ndo por pensar que a justica devia ser vituperada, mas ‘para mostrar que aqueles seus defensores nada de sélido, nada de firme argumentavam acerca da justia, (Lactincio, Carta 50 {55}, 5-8) A justiga olha para fora e toda se salienta € sobressai. io, p. 373, 30). Essa virtude, com exclusao das outras, € a tinica que se desenvolve ¢ desdobra em utilidade alheia. (Nénio, p. 299, 30). LO) + inventava e defe! © segundo, porém, acer- escreveu quatro livros verda- de Crisipo, agnifico™®. Ele abor- ual costume de t ca da justiga em 8 deiramente sublimes*™, esperava de grande ou de peso das questdes. Coube les) desper de desprezada € Ja nesse tron longe da sabedo- € a tinica virtude que € ge- do que a si mesma, nascida que para si ais para os outros do Enem thes faltou vontade — de facto, que melhor causa tinham para escrever ou que designio, —nem talento, no qual a todos excederam! Mas a cau- art bettcett ce bee beittttle 440m Mone Hint ine Be ag que buscamos é algo civil, de modo algum na- tural. Pois se este existisse, tal como o quente ¢ 0 frio € 0 amargo € 0 doce, assim também 0 justo € 0 injusto Poissealguém, agora, comonaqueleversode Pacivio™”, stransportado n sar em revi carro de aladas serpentes», pas- com os seus olhos, muitas e variadas nagdes e cidades e as examinar bem, repare primei ro naquela altamente incorrupta nagio dos Egip. que s guarda a meméria de n séculos € eventos: um boi é por eles considerado um deus, a quem os Egipcios dio o nome de Apis, e mui- de toda a espécie entre iissi igrados no mimero dos deuses. Repare, depois, nos magni da Grécia consagra- dos, como entre nés, a estétuas antropomérficas que 0 Persas consideraram s santuaril pias. Foi por essa que Xerxes mandou incendiar dos Atenienses, E que ele tomava por impiedade que 08 deuses, cujo domicilio é todo este mundo, fossem encerrados entre paredes™, Depois, também que a fez, aduziam, como razio para a guerra co} , querer vingar os templos da Grécia” ipe, que a planeou, € Alexandre, tra os Pers: Eos Gregos consideraram que nem sequer deviam ser reconstruidos, para que 0s vindouros tivessem diante dos olhos um sempiterno testemunho do cri- me dos Persas. Quantos, como 0s ‘Tauros no Axeno, como Busiris, rei do Egipto, como 0s Gauleses, como 0s Piinicos, consideraram que imolar vitimas huma- ere tester -porethaehe o-deunes imortais™. Na verdade, os habitos de vida sio de tal modo diferentes que Cretenses ¢ Et6lios consideram honesto 0 latrocinio; os Lacedeménios repetiam que ‘cram seus todos os campos que com um dardo pudes- sem atingir®*; também os Atenienses costumavam ju- rar em pi ico que era sua toda a terra que produzisse azeite ou trigo; os Gauleses tém por desonroso cultivar trigo com suas proprias maos. Por isso, armados, cei- fam as searas alheias Quanto a nés, nao ha duivida de que somos pes- soas muito justas ao nao permitir que as nacies transalpinas cultivem azeite € vinho para que te- nham mais valor 0s nossos olivais € vinhedos!*°? Ao fazé-lo, diz-se que agimos com prudéncia, nao se diz que agimos com justiga. Deste modo, podeis compreender que a sabedoria difere da equidade. E Licurgo, 0 inventor de Gptimas leis ¢ de um di- reito muito equitativo, deu os campos dos ricos plebe (sc. aos hilotas), para os cultivarem como se fossem escravos Na verdade, se eu quisesse descrever os tipos de di reito, de instituigdes, de usos € de costumes, mostra- ria que sao variados e mil vezes mudados, nao s6é em tantas nagées mas até numa Gnica urbe, a comecar por esta mesma, a ponto de aqui 0 nosso intérprete de direito, Manilio, dizer, acerca dos legados e he- rangas das mulheres, que agora os direitos so uns, quando, porém, em jovem, antes da promulgacio da lei Vocénia, costumava dizer que eram outros", Ora esta lei, proposta no interesse dos homens ¢ contea-as-maulla 4.cheia de injustica De fact porque nao ha-de uma mulher ter fortuna? Porque pode uma Virgem Vestal ter herdeiro e a sua mae 40? E, se havia que estabelecer um limite a fortuna de uma mulher, porque poderia a filha de Pablio Grasso, se fosse filha Gnica de seu pai, herdar cem milhées de asses, sem violar a lei, € a minha nem wrés milhoes?™ [Falta 0 fo timo do coderno XXIX) (FILO): + se (sc. a natureza) nos tivesse fixado o direito, tam- bém todos terfamos leis idénticas ¢ nao leis diferentes conforme o lugar. Ora, se € préprio do homem justo € do varo bom obedecer as leis, pergunto: a quais? Aqualquer lei que possa existir? Mas nem a virtude consente a inconstancia nem a natureza suporta a va- riagio! E pela sangio, nao pela nossa justiga, que as leis sio respeitadas!Portanto, o direito nada tem de natural. Daf resulta que também nio ha justos por natureza, Ou seré que, na verdade, dizem que ha variedade nas leis, mas que, por natureza, 0s varbes bons seguem aquilo que é justia, ndo o que € con- siderado justiga? E que, izem eles, € proprio do varao bom e justo atribuir a cada um precisamente o que é digno de cada um Nesse caso, a mais, que awriby tas privadas de fala E que vardes n mas insignes e doutos, Pitagoras e E 1e 36 existe uma condigio ju 6 seres animados € proclamam que impendem sobre aqueles que tenham maltratado um nal, E erin ‘quem quiser tal nme» ram para todos inexpiaveis , portanto, fazer mal a uma besta, € {Bos codermoe XXX XXXIX sb restam 4 fis, fltom 152 pépincs) Ou enti, se quiser seguir a justica, sendo contudo ignorante do di ino, perfilhe como direito verdadeiro as leis da ‘sua nagdo, que de modo algum foram descobert a, mas pela wilidade. De facto, por que m das leis tao diversas ¢ varindas, em cada povo, a nao ser pelo ada nagao ter para si estabelecido o que considera cus intereses? Por outro lado, a distancia que ade justiga, ilustra-a 0 proprio pove Romano, que para si obteve a pose de ado oorbe declarando a guerra através dos feiais®”, praticando injusticas com base na lega- lidade, cobigando e rapinando sempre 0 allio. (Lactincio, Instituigies Divinas, 6, 9, 2-4.) Na verdade, se ndo me engano, todo o reino ou império de riquezas sagradas ¢ de profanas. Portant 0s sacrilégios dos Romanos quantos os seus troféus, santos sao tar 0s triunfos sobre deuses quantos os triunfos sobre nacdes, quantas as estdtuas de deuses captura-~ dos, que perduram até hoje. (Tertuliano, Apologético, 25, 14-15), tantos os de Em consequéncia, uma vez que eram fracos os argumentos arvolados pelos filisofos, Carnéades teve a audlicia de os re- wpe repre rer perk te ote 4 Seguinte a sua argumentagdo: no sew interesse, 0s homens sestabeleceram leis de acordo com a utilidade, evidentemen- te variando de acordo com os costumes ¢ mudando com fre- ‘quoncia, no mesmo lugar, de acordo com a época, mas sem seu impéri, incluindo os préprios Romanos, que se tinkam aapoderado de todo 0 orbe, se quisessem ser justs, ito é, se restitussem 0 alheio, teriam de regressar és suas casas e jazer 1a pobreza e na mistria. (Lactincio, Instituizées Divinas, 5, 16. 2-4). Além disso, de nada vale considerar que as primeiras co- modidades foram tiradas a patria pela discérdia De facto, que comodidades tem uma pétria que néo sejam incomodidades para outra cidade ou nacdo? A saber: di- Assim, quem para a sua ptria tiver adguirido aguilo a que eles proprios chamam bens, ou seja, quem tiver atulhado 0 erério de dinheiro a custa do derrube de cidades ¢ da des- truigéo de nagées?™, conquistado tervas, tornado mais rieas 1s seus concidadaos, esse ¢ levado ao céu no meio de lowwe- 1, nele se julga residir a virtude suprema e perfeita. E este nao é um erro 6 do povo e dos ignorantes, mas também dos filésofos que dao precetas de injustica — nao fosse fal- Jar a estulticia ¢ @ malicia wma ciéncia e uma autoridade. (Lactincio, Insttuigées Divinas, 6, 6, 19 ¢ 23). aaa (FILO) * todos os que tém poder e vida e de morte sobre 0 Povo, sio tiranos, mas preferem ser chamados reis, com 0 nome de Jupiter Optimo™, Porém, quando, elas suas riquezas, raga ou outros recursos, um certo mimero de homens governa o Estado, trata-se de uma fac € 0 povo que tem a maioria do poder € tudo € g¢ do de acordo com as suas decisies, isso diz-se liber- mas eles chamam-se optimates ‘aristocratas'. Se dade, mas € liberdade excessiva. Porém, quando cada ‘um teme 0 outro, um homem teme o seu igual e uma ordem social teme outra ordem social, entio, por nin- guém se se confiante por si 6, estabelece-se um acto entre 0 povo € 0s poderosos. Dai resulta aquilo que Cipido louvava, um tipo harménico de constitui- ‘40, Efectivamente, nem a natureza nem a vontade s40 yueza®”, Assi de optar por uma s6 destas trés coisas — ou praticar a mie da justica, mas a se se tiver justiga sem dela ser vitima; ou praticé-la e dela ser ima; ou nem uma coisa nem outra —, 0 melhor € praticé-la, se possivel impunemente; depois, nem a praticar nem a experimentar; 0 pior é continuamente confrontar-se ora com ter de a praticar ora com ser na de injustiga. Assim, quem conseguir essa pri- meira hipétese + — 180 [Foltom 4 fies nterares do cedemo) Pois, como the perguntassem por que criminosos de- signios era impelido a infestar 0 mar com um navio pirata, respondeu: «Pelos mesmos com que tu infes- tas o orbe da terra", (Nénio, p. 125, 12 ¢ 318, 18 ¢ 534, 15). (FILOy + tende sempre presente. A sabedoria convida a aumentar 0 recursos, a multiplicar as riquezas, a alargar as fronteiras — de facto, donde sairia aquele louver gravado nos monumentos dos maio- res generais vencedores (sdilatou as fronteiras do império»"), a nao ser por se terem apoderado do territério alheio? —, a dar leis ao maior mimero possivel, a gozar prazeres, a ser poderoso, a reinar, adom Pelo contrario, ajustica ensina a poupara todos, aolhar pelo género humano, a dar a cada um 0 que merece, a no tocar em bens sagrados, publicos e alheios. E qual o resultado de se obedecer a sabedoria? Riquezas, deres, recursos, honras, comandos, reinos, tanto para individuos como para povos Mas, visto falarmos da Coisa Publica — € mais visivel 0 que € publicamente real idéntica, em ambos os casos, a regra do direito, julgo que devemos passar a expor a sabedoria de um povo. E, ja esquecer de outros, este nosso povo, cuja orige a cujo império ja 0 orbe da terra se submete, foi pela Justica ou pela sabedoria que, do menor de todos, que é absolutamente fmprobo, o reputar da maxima probidade e lealdade; e se, em vista desta o} vardo bom é vexado, vi 10 de todos os cidadaos, aquele 1a de violéncia e, finalmente, fe cortadas as mios, sio-Ihe vasados os olhos, condenado, é agrilhoado, é torturado com fogo, é des- terrado, é despojado dos bens , por dltimo, a todos parece 0 maior desgracado, € até com toda a justica: se, em contrapartida, 0 que é improbo é louvado, € respeitado, é por todos apreciado, siio-Ihe conferidas todas as honras, todos 0s comandos, t € todas as riquezas de toda a parte, e, finalmente, no jjuizo de todos, cle € considerado um varao excelente € absolutamente digno da melhor fortuna — quem seré, ‘enfim, to louco que tenha duividas sobre qual dos dois, preferia ser? O que se passa com cada individuo, passa-se igual- mente com os povos: nenhuma cidade € tio estulta ‘que no prefira imperar de forma injusta a servir de forma justa. Nem é preciso ir mais longe: sendo eu consul — € v6s estiveis comigo no conselho (sc. se- nado) —, promovi um debate acerca do uatado com Numancia*, Quem ignorava que Quinto Pompe nha feito esse tratado e que Mancino estava em idént ‘ca situaco? Pois um desses vardes 6ptimos também se pronunciou a favor da proposta de lei por mim apre- sentada sob a forma de senatusconsulto; 0 outro (se. Pompeu) defendeu-se acerrimamente. Se é 0 pudor, a probidade ou a lealdade que se procuram, Mancino os 1. Se, pelo cor ia, Pompeu esta a frente. Qual dos dois « éarazio, odiscernimento, Entdo, abandonando os assuntos de interesse colectivo, (Carnéades) passava aos partculares, Dsia: «Se um vardo bom tiver um escravo fugitvo ou uma casa insalubr e pes- filenta eujs defits sé ele conhece, ¢ por isso anunciar que justo, mas estulto, pois a sua vida, ndo a poupa, enquanto poupa a alheia. Do mesmo modo, derrotado o seu exército, se os inimigos comecarem a perseguigdo ¢ esse justo encon- trar um ferido montado num cavalo, poupd-lo-d para ser ele proprio morto, ou derrubé-lo-d do cavalo para ele proprio poder escapar ao inimigo? Se isto fizer, serd sdbio, mas tam- bbém desonesto; se 0 ndo fizer, serd necessariamente justo, mas ‘esld a vend, deverd ele declarar ow esconder ao comprador (que esté a vender um escravo fugitivo ou uma casa lenta? Se declaray, sem dtivida serd julgado bom, por niio enganar, mas estulto, por vender por pouco ou nem sequer se esconder, sem diivida seré sdbio, por cuidar do seu patriménio, mas também desonesto, por enganar. Por outro lado, se reparar en alguém que julga estar a vender latdo ‘quando se trata de ouro, ou chumbo quando se trata de prata, deverd calar-se e comprar por pouco ou fazer ver e comprar Parecerd sem divida estulto, se preferir comprar por outro lado, sem que isso seja uma calamidade, podia cer que existssem homens contentes com a pobreza. ser justo sem perigo de ditvida que a justica consiste em ndo matar ninguém, em néo tocar, de forma alguma, no alheio. Que fard entido o justo se acaso sofver um naufrd- gio e alguém, mais débil de forcas, apanhar wma ‘Nao o desapossards dessa tdbua para ele proprio subir para agarrado a ela, s nenhuma testemunha no isso que fard, pois ele proprio morrerd se 0 néo fizer se preferir morrer a erguer as mdos contra outrem, ele ja é TROT ESTE Assim, tendo dividido a justia em duas partes, dizendo que uma era a ci tra a natural, a ambas subverieu, a sabedoria civil é tudo menos jusiga; a justia natural é tudo menos sabedoria, Sdo argticias completas ¢ até ‘nadas que Marco Tidio nao conseguiu refutar. De fac do Lelio a responder a Fitrio a defender a justca, deixouas por refutar, como se de um fosso se tratasse, a ponto de pare- cer que 0 proprio Lélio nao defendeu a justiga natural, que incorvera na acusagdo de estulicia, mas a justia civil, que Frio concedera ser de certo modo sabedoria, embora injusta. (Lactancio, Insttuigées Divinas, 3, 16, 3-13). (FILoy + Eu Lélio, se nao pensasse que € isso que wa rem € se eu proprio nao desejas- se que Su discussik mais que o aque estarias & nossa disposi o frustres a nossa expectativa, é 0 que todos te diferente, como eu desejaria, entéo 0 seu discurso monstruoso! (Nénio, p. 323, 18 ¢ 324, 15). aaa (LELIO): Ali verdad a natureza, em todos gravada, constante, sempiterna, 1+ com suas ordens ¢ com suas proibi- ‘c6es afasta do engano. E ela ni tha em vao os probos, 1a € sem diivida a recta razio, conforme que chama ao dey obriga ou desaconse- jem convence 0s improbos com prescrigdes ou interdigdes. Esta gada, ne pode na sua totalidade ser abrogada. Na verdad, no podemos ser isentos do cumprimento desta le pelo povo, nem & preciso procurar tum Sexto fio como seu explanador ou intérprete™, nem haverd uma lei em Roma, outra em Atenas, uma nao pode ser obro- é licito derrogar alguma parte dela, nem pelo senado nen agora, outra no futuro, mas uma lei Gnica, sempiter- na € imutivel abarcara todas as nagdes € em todos os, 10s, € existira como que um guia e imperador co- a todos, deus*, E ele o inventor desta lei, 0 seu ‘0 seu proponente. Quem nio the obedec .ega e, pelo praprio facto de desprezar a natureza humana, sofrerd as maiores penas, mesmo ‘a escapado a outras coisas que séo considera- das suplicios. (Lactancio, Instituigdes Divinas, 6,8,6-9). Santo Agostino, A Cidade de Deus, 22.6: Sei que, se nao erro, nu livro ILI da Repiblica de nenhuma guerra é declarada por uma cidade excelen- so se argumenta que te a ndo ser por uma questao de lealdade ou por zoes de seguranga, O que entende por seguranca ou o que quer que se entenda por seguranca, noutro lugar 0 demons. tra. Mas, a estas penas, as quais até os mais estultos sao eo sensiveis — a indigéncia, 0 exilio, a pris 0s agoutes —, frequentemente os particulares se esquivam atra- vés de uma provocada aceleracio da morte™ cidades, porém, na morte, que parece libertar 0s par- ticulares da pena, consiste a propria pena. De facto, uma cidade deve ser organizada de tal modo que seja eterna, Para um Estado, ndo existe desaparecimento como existe para 0 homem, no qual a morte nio s6 € inevitavel como até muitas vezes € desejavel”'. Mas quando uma cidade é dest comparando as coisas pequenas as grandes, € como se todo este mundo acabasse € se desmoronasse. fda, arrasada, aniquilada, Santo Isidro, Etimologias, 18,12 ss. Ha quatro tipos de guerra, a saber: justa, injusta, civil, mais do que civil”. Guerra justa é a que, como jé foi dito, ¢ feta para reivindi- car bens ou para repelir os inimigas; guerra injusta é a que provém do furor, néo de urna razao legitima”®. Sobre ela diz Cicero no Tratado da Repiblica: Sao injustas as guerras que sem uma causa se empreendem. De facto, a nao ser para vingar ou repelir o inimigo, nao se pode fazer uma guerra justa, De igual modo, acrescentou Tilio pou- co depois: Nenbuma guerra € tida por justa se nao for ada, se nao for declarada, se ndo houver reivin: dicagdo de bens. Mas 0 nosso povo, sob o pretexto de defender os alia~ dos, ja se apoderou de todas as terras. (Nénio, p. 498, 16). E incontestével que naquele mesmo Tratado da Repriblica se argumenta acérrima e denodadamente contra a injustica ea favor da justica. E-wma vez que se tinha defendido primeiro 0 partido da injustiga contra a justica e dito que um Estado nao podia ter estabilidade nem ser aut a nao ser pela injustica, fot apresentado como argumento mais sélido o se- ‘guinte: que é injusto haver homens a servir como escravos de outros homens, seus dovninadores. Quanto a dizerse, de uma cidade poderasa™ cujo Estado é grande, que ela néo comsegue governar as suas provincias se néo cultivar essa in- justiga, por parte da justiga foi vespondido que iss0 era justo pelo facto de a tais homens a servidao ser itil ¢ exist para tutilidade deles, quando se age com rectiddo, isto é, quando aos improbos 6 tirada a faculdade de injuriar e os mesmos se hdo-de comportar melhor depois de dominadas, jé que se comportaram pior antes de serem dominados. E, para confir >, foi aduzido tum conhecido exe fracos, a pré- 0 © que € supe- rior?> De facto, porque € que deus governa o homem, a alma governa o corpo, a razio 0s apetites as restantes partes viciosas da mesma alma? Cidade de Deus, 19, 21). Mas ha que distinguir as diferentes de governar governa © corpo, também se diz que governa os apetites. Mas, governa 0 corpo como um rei governa os seus cida- dios ou um pai os seus filhos; pelo contririo, governa € de servir, Pois tal como se diz que a al 0 apetites como um or gover 08 reprime e refreia. Os poderes dos reis, dos coman- s, dos magistrados, dos patres‘p s povos exercem-se sobre os cidadios e aliados da ira que os da 0 servos, pois sobre 0 corpo; po- res oprimem os servos do mesmo modo que a melhor parte da alma, ou seja, a sabedoria, oprime as partes viciosas e fracas dessa mesma alma, 0s apetites, a ira e as restantes afeccé pois, um tipo de servidao depe der de si, Mas quando servem como escravos aqueles + (Nénio, p. 109, 2) Se souberes» — disse Carnéades — «que uma serpente ve- renosa esté excondida em determinado lugar e que, impr- dentemente, alguém cuja morte te seria proveitasa,esté para se sentar sobre ela, procederds como wm émprobo, mas impu- nemente, se néo o avisares para ndbo se sentar. De facto, quem pode acusar-te de que sabiast Mas basta de argumentos. ‘Tornacse evidente que, se a equidade, a lealdade, a justica nndo emanam da naturexa, se tudo isto se reporta, antes, uilidade, éimpossivel encontrar umm vardo bom.» Sobre estas quests, muitas coisas foram suficientemente explicadas por Lélio no nosso Tratado da Repiiblica. (Cicero, Tratado dos Limites, 2, 18, 39.) Pois se, como bem nas records, com vaxdo nesses livros disse~ ‘mos que nada é bom a ndo ser 0 honesto, nada é maw a aio ser 0 torpe”®* + (Cicero, Cartas a Atico, 10, 4, 4.) Alegro-me por te sentires feliz com a tua filhinka ¢ parecer evidente que o afecto pelos flhos é natural”, Com feito, se este nao existe, entio 0 ser humano nda tem ne- hum vineulo natural com outro ser humano, Destruido esse vinculo, é suprimida a comunidade de vida. «Bem achado!- — exclamou Carnéades sarcasticamente, mas com mais pru- déncia do que o nosso Liicio e do que Patron’. E que, ao reportarem tudo a si préprios, eles consideram que —189 se faz nada no vim ser um vardo bom por um motive determinade, para néo se ser vitima de mal, e ndo porque isso & por natureza cor- eles ndo entendem que estdo a falar de um hamem ‘ndo de um vardo bom.Mas, em minha opinido, isto estdé naqueles livros em relagdo aos quais, louvando-os, tu me deste dnimo, (Cicero, Cartas a Atico, 7, 2, 4) se de outvem; ¢ ao dizerem que tude dos bens que the foram conferidos por parte dos deuses? Diz ele: Ela (se. avi 0 se dele’ consolagdes; sustenta-se a si mesma i a sua honra, (Lactincio, Instituigdes Divinas, 5, 18, 4-8). ‘Mas contra peso de tal autoridade, homens evidentemente doulas e sdbios ... parecem anumentar subtibmente contra a Neles eu reconhego que uma justiga bagao e peri 8, 6, 32 p. 399, 13 Hertz), ‘causa pertur- de um sabio. (Priseiliano, Em Cicero, aquele mesmo Lilio, defensor da justica, aftrma: te uma, Lélio, que tu nunca nar, e perfeitamente, e verdadeiramente digna da virtude; é que nada conhecias das letras divinas. Dizia ele: Iga estes bens humanos, inos™”, Que Priprio te contradizes pouco depois Ihe tinhas dado? 's inimigos poderosos despojam a virtude dos seus os — 4, qui frigil, qua fil apresentas a virtude, se ela pode ser despojada do sew prémia! Ese, como dizias, considera divinos os seus bens, quem pode ser do ingrato, inejoso, tao poderoso que tenha forcas para despojar a vir- TESTED AAS COTO & OT GE JT POCA OF CTO WD loro IU do Tratado da Repiiblica, De facto, tendo asseverado (que, de homens, tinham sido transformados em deuses Hércules eR (pos — disse ele — no fo portados para o céu; nem a natureza consentiria que aquilo que saiu da terra permanecesse alhures sendo na terra, (Santo Agostinho, A Cidade de Deus, 22, 4). 10s em sua fortaleza, diligéncia, perseveranca + (Nonio, p. 125, 18). do, segundo Sabina, fonio, p. 522, 26). [omega 0 caderno XL} (LELIO) 342 Depois de Lélio aliados e dos de direito Latino™, Se este costume € este abu: jecarem a espalhar-se mais langamente € arrastarem nosso império do direito para a forca, de modo que aqueles que até agora nos tem obedecido remente sejam obrigados pelo terror, entdo, apesar de nés, que somos desta idade, nos termos dedicado sem descanso, eu vou sentir-me inquieto em relagdo SHOOT HE 3 txctmvorentict Estado, que poderia ser perpétuo se se alimentasse das instituigGes € dos costumes dos antepassados. xr dito estas palavras, embora todos os antepunhas, wer pela suacvidade>™, « [Foltam sis fos interes do caderno XL} ue todos estavam oprimidos pela crueldade —192— de um s6 € nao havia um vinculo de direito, nem um consenso e a associacdo de um ajuntamento, isto é, um povo? O mesmo em Siracusa. Esta cidade ilustre, a que meu™ chi das cidades gregas e a mais bela de todas, a sua cidadela admiravel, os portos até yr da fortaleza e penetrando até as funda- bes das casas, as vias langas, 0s porticos, os templos, m te 1 contribuiam para dela fazer uma Coisa Pia que nada pertencia a0 povo e proprio povo pertencia a um s6, Portanto, onde existe um tira- no, deve dizer-se, nao que ai existe uma Coisa P de a0 tuosa, como ontem firmamos, mas simplesm como agora a razio impée, que ndo existe Coisa Pat ica alguma. velo; wos Nao ha diivida de que falas de modo admirdvel! De fac nos leva o teu discurso. 4 estou a ver onde IPIAD): BP ce > Estas, portanto, a ver que contra sob 0 total controlo de uma facgio pode, com, propriedade, chamar-se Coisa Publica! sequer a que se en- (e190) E exactamente o que penso! IAQ) E pensas muitissimo bem! Que era, de facto, a Coisa Piblica dos Atenienses quando, apés a grande Guerra do Feloponeso, aqueles trinta vardes presidiram aos des- Acaso aa tinos da cidade com a maxima injustig LéLIO: De modo algum! i que, na verdade, nio havia Coisa PaDTCE 10 quando em Roma houve dece: a0 direito de apelo, naquele tet tumente em poder da multidao/ Pos se no aceitévamos que havia Cosa Piblica em Siracusa, nem em Agrigento, nem em Atenas quando existiam tiranos, nem aq 0s decénviros, por maioria de razdo ndo vejo como pode ‘onome de Coisa Pablica aparecer sob o dominio da mul- ‘dao. E que, para mim, Cipiio, de acordo com a tua ex- Pelo contrario, tal agrapan nda mais horrivel do que este, pois nada é sumano do que esta besta que imita aparéncia de um povo. Ora, estando, por lei Ioucos em poder de parentes agnaticios € con que deles + [Faltar 4 flies intriores do cadermo XU Exe sre 0 motivo pelo qual essa € Coisa Pal do Povo, pode dizer-se 0 mesmo que por ser um s6. Porém, nada consegue, na verdade, ser mais THATADG 4 REPUBLICA mais brandura do que tu costumas toleré-lo, concordo, todavia, que, desses trés tipos, nenhum merece menor aprovacio. J4 nao concordo que os optimates ‘aristocra- las’ sejam superiores a um rei justo. De facto, se é a sabedoria que governa o Estado, que diferenga afinal existe entre ela estar em um tinico ou em varios?™* Mas, ao argumentarmos assim, estamos a cair num exo E que, ao sere apelidados de oplimalesariso- ccratas’, no ha nada que Ihes pareca superior. De fac- to, 0 que € que se pode imaginar superior ao éptimo? Pelo contrario, quando se faz mengio de um rei, logo ocorre & mente a ideia de rei injusto. Ora, ao analisar- ‘mos, neste momento, uma constituigao real, de modo ‘algum é de um rei injusto que estamos falar. Por isso, pensa em Rémulo ou em Fompilio ou no rei T talvez nao te desagrade tanto essa constituigao!™* aae_(MUMIO) Que louvor reservas, afinal, para a constituigdo po- pular? E ele (C1PIAO) Sera que, afinal. Espiirio, te parece que a dos Rédios, onde estivemos recentemente (se. por 140), € uma constituigio, ou que nao € constituicao nenhuma? (MUMIO) Na verdade parece-me que € constituigio até smente critica (cIPao): Dizes bem! Mas, se te recordas, todos eram, por igual, ora da plebe, ora senadores, ¢ havia uma alternancia: nuns meses desempenhavam uma fungio popular, noutros senatorial. Em ambas as fungdes, porém, rece- biam uma senha de presenga. E no teatro € na ciiria** julgavam, por igual, todas as questées, capitais ou ou- tras. Tinha tanto poder e valia tanto como a multidao <0 senado> © TDi cadermos equintes(queie qurenta), restart isis complets eum fll cam uma sé pina) FRAGMENTOS DE LOCALIZAGAO INCERTA DO LIVRO Il DO TRATADO DA REPUBLICA de a ‘0 em cada homem, que ou 4c exulta de prazer ou é quebrado pel 301, 5). desgraga. (Nénio, Mas, para eles proprios + experi ptarem a sua alma t, ana examinam 0 que Ihes parece que hio-de fazer. (Nénio, p. 364, 7). om os seus negécios © merca: primeiros a introduzir na Grécia a gandncia e a magni: ficéncia a insaciavel cupidez de todas as coisas. (N6 p-431, 11), Esse Sardanapal seu proprio non mais disforme pelos vicios do que pelo aa aams_A ndo ser que alguéi apresentar 0 Monte Atos por sulicientemente grandes? (Prisciano, 6, 13, 70 p. 255, 9 Hertz) ate No apropriado, de acordo com as definigoes do préprio Cicero, nas quais expe concisamente, pela boca de Cipid, 0 que é | wun Estado e que € um powo, om malas irae BORAT quer do proprio quer dagueles que pis como interlocutores nesse

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