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REFLEXÕES

SOBRE AS
CIÊNCIAS E
SEUS
MÉTODOS

Em latim, método é
 

methodus, que indica


um caminho para
METHODUS chegar a um fim, ou
mesmo a um
determinado
resultado.
Sobre as ciências

 A ciência é compreendida como um conhecimento racional que avança “com caminho”, com método.
 Segundo Lakatos (2003, p.80), ciência é uma sistematização de conhecimentos, um conjunto de proposições
logicamente correlacionadas sobre o comportamento de certos fenômenos que se deseja estudar: "A ciência é todo
um conjunto de atitudes e atividades racionais, dirigidas ao sistemático conhecimento com objeto limitado, capaz de
ser submetido à verificação" (1974:8).

 O método representa a busca de segurança e um critério de validade daquilo que se faz, seja uma experiência,
análise ou interpretação.

 O método não é algo fixo, um modelo pronto e definitivo.


 A natureza do problema,
 as hipóteses,
 a conjuntura,
 as condições,
 as habilidades e
 a criatividade do pesquisador
 estão sempre em interação e abrem novos “caminhos”, no objetivo maior de compreensão e explicação da
realidade. 
EXEMPLO: método hipotético-
dedutivo 
 • Observação e enunciado de um problema que nos questione e
que não foi compreendido e/ou explicado satisfatoriamente;
 • Formulação de uma hipótese, a partir da observação ou da
intuição do pesquisador a ser avaliada, analisada, interpretada,
testada, refutada, como solução ao problema observado e/ou
enunciado; 
 • Testes, experimentações, análises, interpretações e
argumentações, controladas por pessoas que se dedicam àquela
área da ciência, que buscam responder à hipótese formulada; 
 • Conclusão sobre os testes, experimentações, análises e
interpretações, confirmando, refutando ou corrigindo a hipótese
testada ou analisada. 
 Existem diversos tipos de métodos, assim
como existe um número quase ilimitado de
objetos para pesquisa.

 Cada objeto ou campo de objetos exige

MÉTODOS um método.

EM CIÊNCIA  Também há várias formas de se classificar as


ciências.

 Essas classificações levam em conta vários


fatores como a natureza do objeto da
ciência e também o seu método.
CLASSIFICAÇÕES   ciências biológicas, exatas e humanas.

CONHECIDAS:  biológicas, exatas, sociais, humanas e gerenciais.


 Tais divisões e classificações são limitadas e revelam que há muitas


possibilidades de se compreender as diversas ciências.
 Outra maneira de se fazer essa diferenciação é distinguir a Ciência
em ciências formais, empírico-formais e hermenêuticas
(interpretativas),
 ou ainda em ciências puras ou teóricas e ciências aplicadas ou
práticas.
 Outra subdivisão possível: ciências gerais, ciências formais ou ideais
e ciências experimentais ou empíricas.
 Quando se fala em ciência “formal”, “pura”, “ideal” ou “teórica”,
entende-se a ciência que trabalha com sistemas teóricos, com as
formas de se fazer ciência: o número, a lógica, a linguística. São
exemplos: a Matemática, a Lógica, a própria Linguística, as bases
teóricas da Computação e da Informação.
 Quando se fala em ciência “empírica”, refere- -se à
experimentação, são ciências aplicadas.
 Mas essas ciências empíricas precisam de bases teóricas para se
constituir.
 No fundo, há grande articulação entre as diversas ciências e hoje
há um processo de valorização da interdisciplinaridade, que coloca
em evidência a insuficiência da consideração isolada dos diversos
campos do saber, no tratamento dos complexos problemas que
enfrentamos.
Algo
importante  As ciências da natureza, como a
Física, se utilizam de métodos

a destacar diferentes das ciências sociais, como


a Antropologia. A natureza dessas
ciências e seus objetos são
diferentes. Pesquisar, por exemplo,
sobre novas estrelas ou doenças
requer métodos diferentes daqueles
que pretender pesquisar o
crescimento da violência. Pesquisas
com seres humanos e pesquisas com
minerais, igualmente, exigem
métodos diversos.
Como observado, até aqui, cada área
tem e olha seus objetos de um ângulo
específico...

E desenvolve teorias, caminhos


teóricos
No caso da área de onde venho

 Linguagens
 Linguística mais especificamente...
 Há diferentes teorias:
gerativismo, sociolinguística, funcionalismo,
linguística cognitiva, linguística textual, semântica
formal, semântica argumentativa, semântica
enunciativa, morfologia, análise do discurso...
A questão é perguntar

 Por que há tantas teorias diferentes dentro dos estudos em linguística?

 Qual a razão disso?

 Buscamos pensar essa questão com base em:

 Borges Netto (fonte: site pessoal do professor José Borges Neto (ufpr.br))

 Textos básicos:
 Diálogos sobre as razões da diversidade teórica na linguística; (https://drive.google.com/file/d/
0B9tEjAegdW41VFJRUHdHaVBHVjQ/view)

 História e filosofia da linguística: uma entrevista com José Borges Neto


(http://revel.inf.br/files/entrevistas/revel_14_entrevista_borges_neto.pdf)
Borges observa que a existência dessa diversidade se dá porque há
três razões pra ela:

 I) complexidade dos fenômenos (não só porque há temas


difíceis de entender, mas há uma multidão de aspectos
que os fenômenos do mundo real envolvem)

 II) diferenças de recortes (objetos observacional) – a


observação dos objetos reais no mundo

 III) diferenças conceituais (objetos teóricos)


I – Complexidade dos fenômenos

 Há muitos aspectos que envolvem um


fenômeno.

 Na linguística, por exemplo, a linguagem é um


fenômeno que se quer compreender, entender,
explicar, analisar...

 Mas esse fenômeno é extremamente complexo


 Toda língua existe numa sociedade, não existe
língua individual, por estar numa sociedade, ela
acaba recebendo influências e influenciando
d/essa sociedade de alguma maneira; o que
pede um tipo de estudo onde a relação língua
e sociedade seja pensada.

 (a sociolinguística, por exemplo, pensa essas


relações)
 A língua também esta relacionada a aspectos
biológicos dos seres. Há uma relação entre a linguagem
e a biologia humana, que pode ser observada de um
ângulo diferente, por exemplo, do ângulo da biologia
corporal...

 Para falar, nós precisamos produzir sons, e esses sons são


produzidos por nosso aparelho fonador, que envolve:
pulmões, boca, traqueia, cordas vocais...
Biologia/anatomia...
 Há também o aspecto neurológico no uso da
linguagem, ao usar a linguagem a gente está
usando o cérebro, parte dele que tem mais
ligação com a linguagem, descrever e
entender isso é diferente de entender outros
aspectos da linguagem...
 Dessa forma, a complexidade envolve:

 Aspectos sociais, culturais, fisiológicos,


neurológicos, cognitivos, históricos, físicos,
artísticos/estéticos...
Considerando essa complexidade
o que se coloca é:
O que o pesquisador deveria estudar?

 Qualé o aspecto mais central ou


fundamental?

 Qualdeve ser o ponto de vista adotado


no estudo?
Necessidade de recorte do objeto

 Que aspectos serão estudados?

 Cada pesquisa/teoria pode recortar seções diferentes da realidade para


examinar, entender, compreender, explicar...

 Há teorias que tentam abarcar vários fenômenos relacionados ao


principal fenômeno...

 Por exemplo, a análise do discurso, o foco principal é a linguagem, mas a


linguagem situada em contextos sociais distintos, onde relações de
poder e uso da linguagem são fenômenos examinados, analisados,
compreendidos, explicados...
 Há
outras teorias, ainda, que abordam,
aparentemente, o mesmo recorte.

 Mas, na prática, o conjunto de


fenômenos observados, analisados,
explicados... Não é o mesmo...
Constituindo conceitos distintos...
Na linguística, por exemplo:

 Estruturalismo – SINTAXE= leis de concordância, de subordinação e


de ordem a que estão sujeitos os elementos.

 Gerativismo _ SINTAXE = sistema de regras que, dum modo


interativo, podem gerar um número indefinidamente grande de
estruturas.

 Aparentemente, estudam o mesmo recorte: a sintaxe das línguas...


 Mas compreendem por sintaxe, coisas distintas...
 Ou seja, conceituam sintaxe de formas distintas...
 Cada teoria tem seu recorte

 Aliás,
cada recorte acaba definindo
uma teoria...
Mas...

 Na prática, na vida real não funciona assim!!


 É muito difícil que teorias diferentes realmente lidem com fenômenos
diferentes, que não tenham algum tipo de ligação ou relação entre si...
 Por isso, muitas vezes para compreender os fenômenos, vamos aos
poucos percebendo essa questão
 Por isso, em algumas áreas do saber há os especialistas em
determinadas teorias ou ainda em teorias que abordam um mesmo
recorte...
 Há, por exemplo, os estudiosos em teorias da sintaxe...ou de forma mais
ampla, teorias da linguagem...
 Professor Borges, por exemplo, eu o compreendo como um “filósofo da
linguística”...
Recortes

 Qual é o objeto de uma teoria?

 Para Borges, há dois tipos de objetos:

 1) Os objetos observacionais (área da realidade que se está


observando, seleção bruta dos fenômenos, recorte da realidade...)
 2) Os objetos teóricos (descrição e explicação de fenômenos da
realidade, cada teoria cria seu instrumental teórico específico para
dar contas de fenômenos, objetos teóricos, recortes teóricos)
 O que impõe diferenças de recortes e de conceituação
Exemplo da linguística

 Objeto observacional (da realidade):


 a “língua” utilizada por um povo...
 Cada povo tem sua “língua”
 Objeto da teoria:
 Saussure= língua
 Labov= vernáculo
 Chomsky= competência linguística
 Funcionalistas= competência comunicativa
REFLEXÕES FINAIS

 Há Fenômenos do/no Mundo, Cada


Área/Campo/Ciências Volta Seu
Olhar Para Esses Fenômenos E Busca
Compreendê-los, Explicá-los,
Descrevê-los Por Motivos Dos Mais
Variados
 OS FENÔMENOS SÃO COMPLEXOS POR SEUS VÁRIOS
ASPECTOS (COMO O CASO DA LINGUA/LINGUAGEM,
OBJETO CENTRAL DA LINGUÍSTICA)...

 POR CAUSA DA COMPLEXIDADE DOS FENÔMENOS (E DOS


MOTIVOS PELOS QUAIS TRATAM ESSAS COMPLEXIDADES),
AS ÁREAS, CAMPOS, CIÊNCIAS REALIZAM RECORTES DE
ORDEM OBSERVACIONAL (COMO OS VÊEM NO/DO
MUNDO) E DE ORDEM TEÓRICA (INSTRUMENTOS
TEÓRICOS- CONCEITUAÇÕES SOBRE ESSES FENÔMENOS)
NO CAMPO CTS

 QUE
FENÔMENOS PODEM SER
ANALISADOS/EXAMINADOS?

 QUE ASPECTOS PODEM SER


ESTUDADOS?
 DEPENDERÁ DE CADA PESQUISA/TEORIA, DOS RECORTES/SEÇÕES
DISTINTAS DE REALIDADE QUE SERÃO EXAMINADOS

 NÃO SE PODE IGNORAR QUE TAMBÉM HÁ NESSE CAMPO:

 *TEORIAS QUE TENTAM ABARCAR VÁRIOS FENÔMENOS

 *E TEORIAS QUE ABORDAM, APARENTEMENTE, O MESMO RECORTE.


 É AQUI QUE VAI ENTRAR A SUA ESCOLHA PELA
LINHA DE PESQUISA E POR SEU ESTUDO (QUE VAI
SER ORIENTADO POR SEU ORIENTADOR)

 SÃO QUESTÕES QUE VOCÊ NÃO PODE IGNORAR


EM SEU TRABALHO (TER CLAREZA DISSO, TALVEZ TE
AJUDE INCLUSIVE NAS TROCAS COM SEU
ORIENTADOR)
E ONDE ENTRA NOSSA DISCIPLINA?

 NA ORIENTAÇÃO DE COMO VOCÊ PODE PRODUZIR DE FORMA


ESCRITA O SEU ESTUDO...

 NO CASO DESTE MESTRADO, O PRODUTO DESSE ESTUDO É UMA


DISSERTAÇÃO

 PORQUE NA ACADEMIA ESSE AINDA É O FORMATO NO QUAL SE


APRESENTAM PROCESSO E RESULTADOS DESSE PROCESSO DE ESTUDO

 EM FORMATO DE TEXTO ESCRITO


TEXTO QUE RESULTA DO ESTUDO

QUE TEM UMA ESTRUTURA GERAL E


QUE VAI BUSCAR DAR CONTA DE
SISTEMATIZAR O CONHECIMENTO
QUE VOCÊ PRODUZIU NO SEU
ESTUDO.
O QUE QUISEMOS DIZER COM TODA ESSA REFLEXÃO?

 QUE UMA COISA É SEU ESTUDO E OS CAMINHOS QUE VOCÊ


ADOTARÁ PARA FAZÊ-LO

 OUTRA COISA É A SISTEMATIZAÇÃO DESSE PROCESSO NA


PRODUÇÃO ESCRITA DE SUA DISSERTAÇÃO

 UMA COISA ESTÁ DIRETAMENTE RELACIONADA A OUTRA, MAS


EXISTEM PROCEDIMENTOS DISTINTOS QUE DIZEM RESPEITO À
PESQUISA EM SI (AO SEU ESTUDO), E PROCEDIMENTOS EM RELAÇÃO
À PRODUÇÃO/SISTEMATIZAÇÃO DESSA PESQUISA NO FORMATO DE
TEXTO ESCRITO.
 E É SOBRE ISSO QUE TENTAREMOS ABORDAR NAS PROXIMAS
CONVERSAS...

 SOBRE COMO REALIZAR PROCEDIMENTOS RELACIONADOS A SUA


PESQUISA, QUE PODERÃO AJUDAR NO SEU PROCESSO DE ESTUDO...

 E COMO REALIZAR PROCEDIMENTOS DE ESCRITA DE SEU TRABALHO...


NO PRINCIPAL FORMATO QUE É SUA DISSERTAÇÃO
LEITURAS RECOMENDADAS

 FREIRE-MAIA, Newton. A ciência por dentro. 7. ed. Petrópolis: Vozes,


2007.
 GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social - 6 ed.
Porto Alegre: Atlas, 2008.
 KÖCHE, José Carlos. Fundamentos de metodologia científica.
Teoria da ciência e iniciação à pesquisa. 26. ed. Petrópolis: Vozes,
2009
 LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica 1
Marina de Andrade Marconi, Eva Maria Lakatos. - 5. ed. - São Paulo
: Atlas 2003.
SUGESTÃO DE DIVERSÃO

 https://
ww2.uft.edu.br/index.php/es/ultimas-noticias/20594-documentario-
explora-definicoes-para-o-que-e-ciencia

 https
://museuweg.net/blog/10-series-e-documentarios-sobre-ciencia-tec
nologia-para-ver-na-netflix
/

 Quanto Tempo o Tempo Tem, na Netflix


 O universo – mistérios da lua, na Neyflix
 Guerras do Brasil, na Netflix e no Youtube...

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