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Eduardo Felipe Ohana

Comparativo
Internacional
de Preços de
Produtos
Farmacêuticos
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Ohana, Eduardo Felipe


Comparativo internacional de preços de produtos
farmacêuticos / Eduardo Felipe Ohana -- São Paulo:
Febrafarma - Federação Brasileira da Indústria
Farmacêutica, 2004 -- (Estudos Febrafarma)

Bibliografia.

1. Indústria farmacêutica - Controle de preços


2. Medicamentos - Preços - Método comparativo
3. Preços - Determinação I. Título. II. Série.

04-6691 CDD-615

Índices para catálogo sistemático:

1. Medicamentos: Controle de preços: Farmacologia 615

Fundação Biblioteca Nacional


índice

Sumário Executivo 4

Introdução 7
1. Implicações Técnicas do Levantamento das Informações 8

Preço (ou Custo) Médio ao Consumidor:


Sem ICMS/IVA o Brasil é o Quinto País Mais Barato 10

Comparativo Internacional: Preços Coletados no Mercado 14


1. A Comparação Intertemporal: A Amostra Corrigida 16
2. A Posição do Brasil em Mercados Específicos:
Produtos Mais Caros e os Mais Baratos 19
A. Os Produtos Mais Caros – Preço sem IVA/ICMS 19
B. Os Produtos Mais Baratos – Preços sem IVA/ICMS 20
3. Outros Possíveis Fatores Explicativos da Posição Internacional Relativa
do Brasil no Quadro de Preços dos Medicamentos – Correlações 21

Comparativo Internacional: Preços nos Países Semelhantes 23


1. O Tratamento do Problema Amostral 23
2. Os Resultados para os Países Semelhantes:
Há Diferenças Estruturais na Formação dos Preços 23
3. Preço Médio no Brasil em Relação à Média dos Demais Países
Semelhantes: Inferior a 22% da Média Observada desses Países 26
4. Índice de Preços: O Brasil na Menor Posição em 2003 26

Conclusão 30

Bibliografia 32

Anexos 33
EDUARDO FELIPE OHANA

Sumário Executivo

ESTE TRABALHO descreve e analisa o comportamento dos preços de medica-


mentos, no Brasil, em comparação a 30 países, segundo o levantamento efetu-
ado pelo IMS Health, a pedido da Federação Brasileira da Indústria
Farmacêutica – Febrafarma.
Foram apresentados, pelo IMS Health, três tipos de informação: a) preço
médio ao consumidor por unidade-padrão de consumo1, levantado a partir da
relação entre faturamento e o total das unidades vendidas; b) preço de cada
produto, e sua apresentação, sem ponderação por quantidades. A média simples
desses preços representa um preço-indicativo de um produto, teoricamente,
padrão e é utilizada para confirmar a tendência intertemporal dos preços; c)
índice de preço relativo construído a partir do posicionamento do preço de um
produto na média mundial de seu preço. A média deste índice informa a tra-
jetória dos preços em relação à média mundial. Os valores são informados com
e sem tributo de valor adicionado (IVA/ICMS).
Os dados sobre o preço médio ao consumidor indicam que o Brasil ocupava
a oitava posição mais barata, em 2000, dentre os valores com IVA/ICMS. Em 2001
e 2002, caiu para o quinto mais barato. Em 2003, ocupava a sexta posição. Na
classe sem IVA/ICMS, o Brasil tem sido sempre o quinto mais barato, desde 2000.
Nada obstante o fato de o Brasil ter sido, permanentemente, o quinto mais
barato, desde 2000, o poder de compra do medicamento nacional tem caído
durante o período. Em 2000, o preço brasileiro era 152% superior àquele do
país mais barato (Coréia). Em 2003, esta relação caiu para 60%.
O preço ao consumidor retrata, ainda, que o preço médio nos EUA é o
dobro da média mundial, ao mesmo tempo em que os valores para a Coréia
(país mais barato) situam-se em cerca de 75% abaixo da média. O preço
brasileiro é 59% inferior à média mundial.
Em relação aos preços coletados, trabalhou-se com uma amostra ajustada
para incluir somente produtos comercializados em, pelo menos, 20 países. Em
2003, os medicamentos tinham um preço de disponibilidade 77,1% maior para o
consumidor estrangeiro do que para o brasileiro (preço-indicativo de US$ 3,72 no
Exterior e US$ 2,1 no Brasil). A cadeia produtiva estrangeira

1
Procedimentos metodológicos do IMS Health Brasil estão no anexo (pág. 33).

[ 4 ] estudosFEBRAFARMA
COMPARATIVO INTERNACIONAL DE PREÇOS DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS

tem uma remuneração 90,4% superior àquela da nacional. Deve ficar claro que o
preço de disponibilidade é a média dos preços de várias apresentações de produ-
tos que estão disponíveis mas não necessariamente são consumidos.
A partir de 2000, o preço nacional, em dólares norte-americanos, é reduzido
sistematicamente. Do ano de 2000 a 2002, o preço-indicativo nacional, sem tribu-
to de valor adicionado, caiu 39,1% e aquele no balcão, 35,9%, enquanto a desva-
lorização real da taxa de câmbio do dólar (pelo IPA-DI) foi de 18,9%, somente.
Os preços indicativos, após o controle do efeito cambial, estavam, em 2003,
aparentemente desnivelados da média mundial em 26%.
A análise no âmbito dos produtos mais caros e mais baratos mostra que,
dentre os três mais caros da amostra, o Brasil é o de menor preço em dois deles
e o sétimo mais barato no mercado do produto de maior valor específico (há 15
países com preços de fábrica superiores). No segmento dos mais baratos, a
posição brasileira é intermediária, em um quadro no qual a diferença nominal
entre os preços é muito reduzida.
Em relação aos índices de preço, em 2000, o preço de balcão era 109% da
média mundial. Em 2003, caiu para 67% daquela média. Nos preços sem tri-
buto, esta relação caiu de 89% para 62%. Confirma-se, assim, um sistemático
achatamento dos preços (e das margens) recebidos pela iniciativa privada.
A comparação com países semelhantes, após o controle da amostra, indica
que a Coréia não é o país mais barato. O preço relativo dos medicamentos a
preço de balcão, no Brasil, equipara-se ao da Coréia, sendo este país relativa-
mente mais barato por não aplicar tributo de valor adicionado. Quanto aos
preços recebidos pela cadeia produtiva, o Brasil é o que menos remunerava, em
2003, comparativamente aos países semelhantes, e com uma tendência
monotônica ao barateamento.
O documento conclui que há, no Brasil, uma política de barateamento dos
medicamentos, sem que as diretrizes e as fundamentações desta tendência
sejam claras. Isto gera uma preocupação a respeito das conseqüências para a
estrutura do parque produtivo nacional, sem que sejam claros os benefícios
desta política “de menor preço possível”.

estudosFEBRAFARMA [ 5 ]
Eduardo Felipe Ohana

[ 6 ] estudosFEBRAFARMA
COMPARATIVO INTERNACIONAL DE PREÇOS DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS

Introdução

A FEDERAÇÃO Brasileira da Indústria Farmacêutica – Febrafarma – contratou


junto ao IMS Health Brasil uma pesquisa de levantamento e comparação dos preços
internacionais dos medicamentos, com o objetivo de medir o preço relativo do
Brasil, no conjunto de 30 países distribuídos entre desenvolvidos e emergentes2.
Em 2003, foram levantadas as informações de preço referentes aos anos
2000, 2001 e 2002. No ano seguinte, as de 2003.
No levantamento de 2003 (para os anos 2000-2002), a composição da amostra
foi constituída a partir da lista dos 200 produtos de maior faturamento, no mundo,
desde que tais produtos estivessem disponíveis no mercado nacional.
No levantamento de 2004, a amostra resulta da interseção de duas listas:
a) Os 200 produtos principais do mercado farmacêutico mundial, em ter-
mos de faturamento;
b) Os 200 produtos principais no mercado farmacêutico brasileiro, em ter-
mos de faturamento.
O critério para a composição da amostra foi o de incluir, a partir destas duas
listas, aqueles produtos vendidos no Brasil e em, pelo menos, dois países
considerados “Semelhantes ao Brasil”3.
Conseqüentemente, o perfil da amostra relativa ao levantamento feito em
2004 (para o ano de 2003) é mais intensivo em produtos comercializados no
Brasil e nos países semelhantes.
Desta forma, foram levantados os dados referentes aos anos de 2000 (99
produtos), 2001 (116 produtos), 2002 (117 produtos) e 2003 (180 produtos),
com as seguintes informações4:
• Preços de cada produto e de suas respectivas apresentações, em cada um
dos 30 países onde são comercializados, com as aberturas de preço fábrica
(sem tributo de valor adicionado – IVA/ICMS) e preço de balcão (inclui
tributo de valor adicionado). Ambos são reportados em dólares norte-
americanos, pela taxa média anual de câmbio.
• O preço de cada produto, no Brasil, relativamente à média dos preços
internacionais, tanto para preço fábrica quanto para o de balcão.
2
EUA, Áustria, Argentina, Suíça, Alemanha, Itália, Luxemburgo, Bélgica, Países Baixos, Noruega, Finlândia,
México, Venezuela, Peru, Reino Unido, Irlanda, Portugal, Uruguai, França, Espanha, África do Sul, Grécia,
Austrália, Equador, Turquia, Brasil, Chile, Colômbia, Nova Zelândia e Coréia do Sul.
3
São “Semelhantes ao Brasil”: México, Turquia, Coréia do Sul e Argentina. Ver estudo metodológico da Febrafarma.
4
Procedimentos metodológicos do IMS Health Brasil estão no anexo (pág. 33).

estudosFEBRAFARMA [ 7 ]
EDUARDO FELIPE OHANA

• O preço de cada produto, no Brasil, relativamente à média dos preços


praticados nos países semelhantes (fábrica e consumidor).

• O preço médio ao consumidor (na fábrica – sem imposto de valor


adicionado – e no balcão) em cada país, resultante da relação faturamento/
unidades-padrão vendidas.

1. Implicações Técnicas do Levantamento das Informações

Os dados coletados pelo IMS Health restringem-se a preço, faturamento da


indústria, produto e sua apresentação. Não são coletadas as quantidades
demandadas de cada produto.
Como não há disponível, em escala mundial, um perfil mais aperfeiçoado
de informações, as análises comparativas de preço devem lidar com as restrições
inerentes ao procedimento da coleta.

As restrições, evidentemente, implicam a forma de se tratarem os resulta-


dos, cabendo destacar:

a) Os preços informados são por apresentação de cada produto, sem


ponderação pelas quantidades demandadas. Assim, mesmo que uma gama
de produtos seja mais cara no país A do que no país B, não fica estabelecido
que o índice de preços de medicamentos venha a indicar este país como
aquele onde os medicamentos são mais caros. Isto, pelo fato de não haver a
ponderação pelas quantidades;

b) Nada obstante, as informações permitem concluir sobre a diferença de


preços, aos quais os produtos se tornam disponíveis. Assim, foram dadas as
seguintes leituras aos dados:

i) Preço ao Consumidor (obtido a partir da relação faturamento/


unidades consumidas): indicador do custo do medicamento para
um país. É o indicador a ser empregado para o ordenamento dos
países, por se aproximar (as quantidades são consideradas) do
custo efetivo da aquisição de medicamentos;

ii) Preço, em dólares norte-americanos, de cada apresentação e a


média simples desses preços: indicador do preço de disponibildade
no mercado. Com a amostra controlada, onde a cesta de produtos
é homogênea entre países, a média linear de preços mostra a
tendência ao longo do tempo, resultado das circunstâncias

[ 8 ] estudosFEBRAFARMA
COMPARATIVO INTERNACIONAL DE PREÇOS DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS

econômicas e de política setorial. Não indica custo de aquisição


para a sociedade5;

iii) Índice de Preço: indicador que mais bem reflete a posição relativa
de cada país no que se refere ao preço de disponibilidade.

c) A composição das amostras, em cada país, não é uniforme, vale


dizer, nem todos os produtos estão disponíveis em todos os países. Por
esta razão, o preço médio do produto disponível, de cada país, sofre o
impacto deste fenômeno, uma vez que a média é influenciada pelos
valores extremos (item ii, acima);

d) O conceito de custo para a manutenção da saúde é aproximado pela


informação sobre Preço (ou Custo) Médio ao Consumidor. Este custo é
calculado, pelo IMS, a partir do faturamento total no varejo e do total das
quantidades vendidas, convertidas para o que o IMS Health denomina de
unidades-padrão6.

Com estas observações, o trabalho analisa inicialmente a evolução, desde


2000, do Preço (ou Custo) Médio ao Consumidor, como uma variável de
aproximação para o que seria um índice de preços internacional dos medica-
mentos. Em seguida são apresentados os resultados comparativos dos preços
coletados, bem como um ajuste para uma amostra que inclua somente aqueles
produtos disponíveis em, pelo menos, 20 países, como forma de se minimizar
o impacto sobre a média. Esta informação está disponível no âmbito de cada
produto e apresentação (o que não é analisado neste trabalho) e permite que se
avalie a dinâmica dos preços, refletindo as políticas e condições específicas de
cada país. Ao final, são apresentadas as comparações com os países identifica-
dos como semelhantes ao Brasil. Seguem-se as conclusões.

5
Um produto pode ser típico para o tratamento de uma doença regional (por exemplo, Malária), mas encon-
tra-se disponível na Suíça. A variação do preço deste medicamento tem implicação de custo diferenciada, para
as populações da Suíça e de um país em que haja a incidência da doença.
6
A unidade-padrão, um conceito desenvolvido e aplicado pelo IMS Health, compõe a unidade comercial que
resulta da conversão de caixas para comprimidos, quantidade de líquido para comprimido equivalente e,
assim, para outras apresentações. Ver anexo (pág. 33).

estudosFEBRAFARMA [ 9 ]
EDUARDO FELIPE OHANA

Preço (ou Custo) Médio ao Consumidor:


Sem ICMS/IVA o Brasil é o Quinto País Mais Barato
ESTE INDICADOR é construído pela divisão do faturamento total com os produtos
farmacêuticos, em dólares, pelo número de unidades-padrão vendidas, em cada país.
Foram apresentados valores com e sem tributo de valor adicionado, sendo o mon-
tante sem tributo uma aproximação do valor apropriado pela cadeia produtiva. Trata-
se de uma aproximação porque outros tributos seguem incluídos, como imposto de
renda,encargos trabalhistas,contribuições e taxas.Neste sentido,diferenças nas incidên-
cias tributárias distorcem a análise comparativa. Da mesma forma, variações reais nas
taxas cambiais cruzadas interferem na análise e na comparação intertemporal.

O Custo Médio ao Consumidor está apresentado no quadro abaixo:

Quadro 1 – Custo Médio ao Consumidor – US$/unidade-padrão

2003 2002 2001 2000


c/ imp. s/ imp. c/ imp. s/ imp. c/ imp. s/ imp. c/ imp. s/ imp.
EUA 0,7411 0,6926 0,6527 0,6100 0,6617 0,6184 0,5933 0,5545
Áustria 0,7135 0,5946 0,5640 0,4700 0,4997 0,4164 0,4906 0,4089
Suíça 0,5410 0,5288 0,4399 0,4300 0,3793 0,3708 0,3576 0,3496
Luxemburgo 0,4806 0,4666 0,3800 0,3689 0,3387 0,3289 0,3145 0,3053
Alemanha 0,5284 0,4556 0,4176 0,3600 0,3675 0,3168 0,3483 0,3003
Bélgica 0,4619 0,4358 0,3700 0,3491 0,3282 0,3096 0,3149 0,2971
Itália 0,4682 0,4292 0,3800 0,3483 0,3481 0,3191 0,3326 0,3049
Finlândia 0,4343 0,4021 0,3564 0,3300 0,3044 0,2818 0,2883 0,2670
Países Baixos 0,4515 0,4260 0,3498 0,3300 0,3147 0,2969 0,2996 0,2826
Noruega 0,4304 0,3499 0,3800 0,3089 0,3088 0,2511 0,2976 0,2419
México 0,3000 0,3000 0,3000 0,3000 0,2867 0,2867 0,2438 0,2438
Irlanda 0,3992 0,3992 0,3000 0,3000 0,2477 0,2477 0,2264 0,2264
Venezuela 0,2673 0,2673 0,2600 0,2600 0,2920 0,2920 0,2552 0,2552
Portugal 0,3463 0,3134 0,2800 0,2534 0,2503 0,2265 0,2433 0,2202
França 0,3234 0,3115 0,2600 0,2505 0,2330 0,2244 0,2261 0,2178
Reino Unido 0,3468 0,2951 0,2938 0,2500 0,2634 0,2242 0,2622 0,2232
Espanha 0,3264 0,3138 0,2500 0,2404 0,2214 0,2129 0,2110 0,2029
Peru 0,2654 0,2249 0,2596 0,2200 0,2668 0,2261 0,2583 0,2189
Grécia 0,3114 0,2884 0,2300 0,2130 0,2017 0,1867 0,1871 0,1733
Austrália 0,2441 0,2441 0,1900 0,1900 0,1692 0,1692 0,1701 0,1701
Equador 0,1662 0,1662 0,1800 0,1800 0,1661 0,1661 0,1226 0,1226
Turquia 0,2587 0,2250 0,2000 0,1739 0,1671 0,1453 0,1911 0,1661
África do Sul 0,3021 0,2650 0,1824 0,1600 0,2031 0,1781 0,2288 0,2007
Uruguai 0,1472 0,1291 0,1824 0,1600 0,2429 0,2131 0,2692 0,2362
Argentina 0,1981 0,1637 0,1815 0,1500 0,3973 0,3284 0,4021 0,3323
Brasil 0,1603 0,1359 0,1500 0,1271 0,1564 0,1325 0,1889 0,1600
Colômbia 0,1108 0,1108 0,1200 0,1200 0,1215 0,1215 0,1156 0,1156
Chile 0,1397 0,1189 0,1300 0,1106 0,1350 0,1149 0,1467 0,1248
Nova Zelândia 0,1576 0,1401 0,1238 0,1100 0,1127 0,1002 0,1292 0,1148
Coréia 0,0856 0,0856 0,0700 0,0700 0,0634 0,0634 0,0633 0,0633
Fonte: IMS Health

[ 10 ] estudosFEBRAFARMA
COMPARATIVO INTERNACIONAL DE PREÇOS DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS

O quadro 1 apresenta as seguintes características estatísticas:

Com IVA/ICMS Sem IVA/ICMS


2003 2002 2001 2000 2003 2002 2001 2000
Média 0,34 0,28 0,27 0,26 0,31 0,26 0,25 0,24
Desvio-padrão 0,17 0,13 0,12 0,11 0,15 0,12 0,11 0,10
Coeficiente Variável 0,49 0,47 0,45 0,43 0,49 0,47 0,45 0,42

As estatísticas mostram uma significativa dispersão nos preços médios


entre países (pelo coeficiente de variação), estando o preço médio, nos EUA, em
torno do dobro da média mundial, ao mesmo tempo em que os valores para a
Coréia (país mais barato) situam-se em cerca de 75% abaixo da média. O preço
brasileiro é 59% inferior à média mundial.
O Brasil ocupava a oitava posição mais barata, em 2000, dentre os valores
com IVA/ICMS. Em 2001 e 2002, caiu para o quinto mais barato. Em 2003, ocu-
pava a sexta posição. Na classe sem IVA/ICMS, o Brasil tem sido sempre o quin-
to mais barato, desde 2000. Portanto, o barateamento relativo dos medicamentos
ao consumidor, no País, se deu por movimentos de redução na carga tributária.
Nada obstante o fato de o Brasil ter sido o quinto mais barato, desde 2000,
o poder de compra do medicamento nacional tem caído, durante o período,
como mostra o quadro 2, a seguir.

Quadro 2 – Preço no Brasil Comparado com México e Coréia


Sem IVA/ICMS

Em % 2000 2001 2002 2003


Brasil/México 65% 46% 42% 45%
Brasil/Coréia 152% 100% 80% 60%
Fonte: IMS Health

Sendo uma relação de preços sem tributo de valor adicionado, a compara-


ção sugere um indicador de atratividade para os investidores do setor. Com o
México, a disputa por “portfólio”, de acordo com a experiência recente, tem-se
acirrado em detrimento do mercado nacional e o quadro acima justifica a
preferência dos investidores pelo mercado mexicano. Em 2000, um produto far-
macêutico padrão, elaborado no Brasil, comprava 65% deste mesmo produto

estudosFEBRAFARMA [ 11 ]
EDUARDO FELIPE OHANA

fabricado no México. O poder de compra do medicamento nacional cai 23%,


até 2002, aumentando 3% em 2003. Este aumento se explica pela revalorização
real da taxa de câmbio – pelo IPA-DI (o que torna os produtos nacionais mais
caros, quando medidos em dólares) de 20,6%, entre dezembro de 2002 e
dezembro de2003, ao mesmo tempo em que a taxa nominal de câmbio do
México sofreu uma desvalorização de 7,6%, ao longo daquele ano, perante uma
taxa de inflação, preços ao produtor, de 4,8%. Em outros termos, os movimen-
tos cruzados das respectivas taxas cambiais (encarecimento dos preços
brasileiros e barateamento dos preços mexicanos) mais do que explicam a
pequena recuperação do poder de compra dos medicamentos nacionais perante
àqueles do México.
Em comparação à Coréia, país relativamente mais barato no conjunto da
amostra, o poder de compra do produto farmacêutico padrão elaborado no
Brasil caiu, da mesma forma, de maneira significativa, entre os anos 2000 e
2003. De se observar que a posição de país mais barato, ocupada pela Coréia,
está associada com a indisponibilidade, no mercado coreano, de 170 produtos e
apresentações que constam da lista brasileira. Em especial, não há oferta na
Coréia de produtos como Viraferon, com preço médio mundial de US$ 260,00;
Taxotere – US$ 547,00; Gonal-F – US$ 67,00 e Zoladex vendido no mercado
mundial a US$ 200,00. Em outros termos, a estrutura de oferta de produtos far-
macêuticos, na amostra brasileira, é mais sofisticada do que a coreana e, nada
obstante isto, têm-se tornado progressivamente mais baratos.
Em suma, o caso mexicano mostra que não foi o movimento cambial o
componente responsável pelo barateamento do produto nacional. Tampouco,
pode-se atribuir a causa a uma simplificação na estrutura da oferta brasileira de
medicamentos. Em paralelo, não tem sido reportada qualquer manifestação
singular na produtividade da indústria instalada no País que justificasse tal
barateamento, neste período.
Portanto, difícil não se atribuir à política de controle de preços, vigente no
Brasil, a explicação do barateamento relativo do medicamento elaborado e ven-
dido no País. Isto traduz a redução de margens de rentabilidade da atividade
empresarial, quando se compara àquelas observadas em outros países.
Nos médio e longo prazos, esta política induz a uma reestruturação da ofer-
ta doméstica em direção a produtos amortizados, desestimulando a introdução
de novos projetos e produtos mais modernos. Ao mesmo tempo, gera-se um
processo de subsídio internacional aos consumidores brasileiros, o que, pelas
circunstâncias políticas negativas criadas nos países-sede das empresas transna-
cionais, pressiona pelo abandono de novos projetos no Brasil7.

7
Ver as manifestações do Comitê de Minorias, no Congresso Norte-Americano, contra estes subsídios.

[ 12 ] estudosFEBRAFARMA
EUA 0,65 EUA 0,66 EUA 0,59

ÁUSTRIA 0,56 ÁUSTRIA 0,51 ÁUSTRIA 0,49

SUÍÇA 0,44 ARGENTINA 0,40 ARGENTINA 0,40

ALEMANHA 0,42 SUÍÇA 0,38 SUÍÇA 0,36

ITÁLIA 0,38 ALEMANHA 0,37 ALEMANHA 0,35

Fonte: IMS Health


Fonte: IMS Health
Fonte: IMS Health
LUXEMBURGO 0,38 ITÁLIA 0,35 ITÁLIA 0,33

NORUEGA 0,38 LUXEMBURGO 0,34 BÉLGICA 0,31

BÉLGICA 0,37 BÉLGICA 0,33 LUXEMBURGO 0,31

FINLÂNDIA 0,36 PAÍSES BAIXOS 0,32 NORUEGA 0,30

PAÍSES BAIXOS 0,35 NORUEGA 0,31 PAÍSES BAIXOS 0,30

IRLANDA 0,30 FINLÂNDIA 0,30 FINLÂNDIA 0,29

MÉXICO 0,30 MÉXICO 0,29 URUGUAI 0,27

REINO UNIDO 0,29 VENEZUELA 0,29 VENEZUELA 0,26

PORTUGAL 0,28 PERU 0,27 PERU 0,26

FRANÇA 0,26 REINO UNIDO 0,26 REINO UNIDO 0,26

VENEZUELA 0,26 IRLANDA 0,25 MÉXICO 0,24

PERU 0,26 PORTUGAL 0,25 PORTUGAL 0,24

ESPANHA 0,25 URUGUAI 0,24 FRANÇA 0,23

GRÉCIA 0,23 FRANÇA 0,23 IRLANDA 0,23

TURQUIA 0,20 ESPANHA 0,22 ÁFRICA DO SUL 0,23

AUSTRÁLIA 0,19 ÁFRICA DO SUL 0,21 ESPANHA 0,21

ÁFRICA DO SUL 0,18 GRÉCIA 0,20 BRASIL 0,19

Preço Consumidor Médio 2002 (US$/SU)*


Preço Consumidor Médio 2001 (US$/SU)*
Preço Consumidor Médio 2000 (US$/SU)*

URUGUAI 0,18 AUSTRÁLIA 0,17 GRÉCIA 0,19

ARGENTINA 0,18 EQUADOR 0,17 TURQUIA 0,19

EQUADOR 0,18 TURQUIA 0,17 AUSTRÁLIA 0,17

BRASIL 0,15 BRASIL 0,16 CHILE 0,15

Nota: (*) Preço PUB inclui IVA/ICMS; contempla todos os produtos do mercado farmacêutico.
Nota: (*) Preço PUB inclui IVA/ICMS; contempla todos os produtos do mercado farmacêutico.
Nota: (*) Preço PUB inclui IVA/ICMS; contempla todos os produtos do mercado farmacêutico.

CHILE 0,13 CHILE 0,13 NOVA ZELÂNDIA 0,12

NOVA ZELÂNDIA 0,12 COLÔMBIA 0,12 COLÔMBIA 0,12

Preço ao Consumidor Médio 2002 nos países integrantes do estudo


Preço ao Consumidor Médio 2001 nos países integrantes do estudo
Preço ao Consumidor Médio 2000 nos países integrantes do estudo

COLÔMBIA 0,12 NOVA ZELÂNDIA 0,11 EQUADOR 0,12


COMPARATIVO INTERNACIONAL DE PREÇOS DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS

CORÉIA 0,07 CORÉIA 0,06 CORÉIA 0,06

estudosFEBRAFARMA [ 13 ]
SU = Standard Units - Preço convertido para unidade “menor” (ex. convertidos para US$ por comprimido).
SU = Standard Units - Preço convertido para unidade “menor” (ex. convertidos para US$ por comprimido).
SU = Standard Units - Preço convertido para unidade “menor” (ex. convertidos para US$ por comprimido).
EDUARDO FELIPE OHANA

Preço ao Consumidor Médio 2003 nos países integrantes do estudo (com impostos)
0,74

Preço Consumidor Médio 2003 (US$/SU)*


0,71

0,54

0,53

0,48

0,47

0,46

0,45

0,43

0,43

0,40

0,35

0,35

0,33

0,32

0,31

0,30
0,30

0,27

0,27

0,26

0,24

0,20

0,17

0,16

0,16

0,15

0,14

0,11

0,09
EUA

ÁUSTRIA

SUÍÇA

ALEMANHA

LUXEMBURGO

ITÁLIA

BÉLGICA

PAÍSES BAIXOS

FINLÂNDIA

NORUEGA

IRLANDA

REINO UNIDO

PORTUGAL

ESPANHA

FRANÇA

GRÉCIA

ÁFRICA DO SUL

MÉXICO

VENEZUELA

PERU

TURQUIA

AUSTRÁLIA

ARGENTINA

EQUADOR

BRASIL

NOVA ZELÂNDIA

URUGUAI

CHILE

COLÔMBIA

CORÉIA
Nota: (*) Preço PUB inclui IVA/ICMS; contempla todos os produtos do mercado farmacêutico.
SU = Standard Units - Preço convertido para unidade “menor” (ex. convertidos para US$ por comprimido).
Fonte: IMS Health

Comparativo Internacional:
Preços Coletados no Mercado
OS PREÇOS foram coletados pelo IMS Health por cada apresentação dos pro-
dutos, obedecidos os critérios de composição amostral. Desta forma, o levanta-
mento original dos dados implica dois tipos de problemas:

a) A composição da amostra varia de ano para ano, o que impede a com-


paração intertemporal. Por exemplo, a amostra do ano de 2000 inclui 38
produtos que são ausentes em, pelo menos, um dos demais anos;

b) Nem todos os produtos estão presentes na totalidade dos países, o que


provoca um viés no resultado do país que carregar produtos com preços
extremos. Por exemplo, em 2003, o produto Lupron, ao preço médio mun
dial de US$ 479,00 por apresentação, só se encontrava em 13 países.
Remicade, de US$ 586,00, em 15 países; Taxotere, de US$ 547,00, em cinco
países. Por outro lado, Exelon, de US$ 1,3, em 11 países; e Ionax, de US$ 0,13,
em oito países somente, entre outros casos.

O trabalho de levantamento do IMS Health tem por objetivo indicar a


posição relativa do preço do medicamento nacional perante a média interna-
cional, em cada ano, bem como informar, no âmbito de principais produtos, a
distribuição dos preços entre países, para o caso de interesse específico.
Não é o objetivo do IMS, portanto, fazer uma comparação intertemporal.
Se assim fosse, deveria manter constante a composição da amostra, entre os
anos. Este procedimento implicaria, por outro lado, a perda da informação re-
ferente à substituição de medicamentos, que ocorre ao longo do tempo, seja por
[ 14 ] estudosFEBRAFARMA
COMPARATIVO INTERNACIONAL DE PREÇOS DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS

inovação tecnológica, eficiência ou outros motivos que levem à caducidade,


cada vez mais rápida, dos produtos farmacêuticos8.
Por esta razão, a análise intertemporal é feita com base numa redução da
amostra, incluindo somente a cesta de produtos comum em todos os anos e somente
aqueles medicamentos que estão disponíveis, pelo menos, em 20 países9.

Resultado do Levantamento dos Preços de Mercado


Amostra Original IMS Health

Quadro 3 – Preços Levantados em 30 Países


Amostra IMS Health Integral – 2000 a 2003 – US$

Ano Preço Brasil Preço em Posição Relativa


Médio Todos os Países do Preço Brasileiro
Médio na Média Mundial*
S/IVA C/IVA S/IVA C/IVA S/IVA C/IVA
2000 10,34 21,44 12,70 21,47 89% 105%
2001 14,77 30,62 16,84 29,32 75% 85%
2002 15,16 31,44 18,01 31,76 64% 79%
2003 10,52 17,47 12,80 19,80 69% 74%
Fonte: IMS Health

*A posição relativa é calculada mediante a média da posição relativa de cada medicamento e apresentação.
Portanto, não é a relação entre preços médios do Brasil e do mercado internacional10.

Os dados originais do levantamento do IMS Health mostram que o preço


ao consumidor (com IVA/ICMS), em cada ano, distanciava-se da média mundial,
coincidindo com a reintrodução da política de controle de preços, em 2000.
No âmbito do preço recebido pela cadeia produtiva privada (sem
IVA/ICMS), os valores domésticos, em dólares, são em média, em cada ano,
16% inferiores ao preço de disponibilidade internacional, no período de 2000 a
2002. Em 2003, a mudança significativa no perfil da amostra mais do que com-
pensou a revalorização da taxa de câmbio efetiva (pelo IPA-DI de 13%, entre
dezembro e dezembro). Este efeito amostral sinalizou uma queda em todos os
preços – no Brasil e no Exterior – com impacto maior no valor doméstico11.
Nesse sentido, é imprecisa qualquer conclusão a partir da informação de 2003,
conferida pelos dados originais, exceto que, sendo a composição amostral deste
ano mais próxima da realidade da cesta de consumo, no Brasil, a posição relativa

8
Este é um fator de incerteza e custo para as decisões de investimento no setor, o que costuma ser banalmente
ignorado nas esferas de regulação.
9
Se a seleção fosse para todos os países, em vez de pelo menos 20, a amostra no ano de 2003 ficaria restrita a
cinco produtos: Claritine, Neurotin, Sandimmun, Viagra, Vioxx e Xenical.
10
Ou seja, o cálculo é Σ (xi/yi)/n, o que é diferente de Σ (xi)/Σ (yi).
11
Em 2003, o tamanho da amostra foi expandido de 117 produtos, no ano anterior, para 180, intensifican-
do um perfil de produtos de menor valor específico, mais próprio dos países semelhantes.

estudosFEBRAFARMA [ 15 ]
EDUARDO FELIPE OHANA

média, nos três anos iniciais, de 76% para o preço sem IVA, pode estar superdi-
mensionada, ou seja, deve estar mais próxima dos 70%, apontados em 2003.

1. Comparação Intertemporal: A Amostra Corrigida

Os problemas amostrais foram corrigidos mediante a inclusão de, somente,


produtos presentes em todos os anos e que tenham sido oferecidos para comer-
cialização em, pelo menos, 20 países.

Quadro 4 – Preço dos Medicamentos no Brasil x Preço Médio Internacional


Amostra Ajustada – US$

Ano Preço Brasil Preço em Todos Posição Relativa


Médio os Países do Preço Brasileiro
Médio na Média Mundial*
S/IVA C/IVA S/IVA C/IVA S/IVA C/IVA
2000 2,20 4,32 2,68 4,50 89,0% 109,0%
2001 1,39 2,87 2,39 4,00 69,0% 85,0%
2002 1,34 2,77 2,66 4,40 62,0% 77,0%
2003 1,26 2,10 2,40 3,72 62,0% 67,0%
Fonte: IMS Health * Ver nota do Quadro 3

Em 2003, a amostra ajustada de produtos indica que, no mercado interna-


cional, estes medicamentos têm um preço de disponibilidade 77,1% maior para
o consumidor estrangeiro do que para o brasileiro (preço-indicativo de US$
3,72 no Exterior e US$ 2,1 no Brasil). A cadeia produtiva estrangeira tem uma
remuneração 90,4% superior à nacional.
O quadro 4 possibilita, pela última coluna, a leitura da dinâmica do preço
relativo do medicamento nacional perante a média dos valores internacionais.
Ao mesmo tempo, os menores preços, quando comparados com aqueles do
quadro 3, refletem que a amostra corrigida intensificou o perfil em produtos
menos modernos, mais baratos.

O quadro 4 permite as seguintes observações:

a) A partir de 2000, o preço nacional, em dólares norte-americanos, foi


reduzido sistematicamente. Do ano de 2000 a 2002, o preço-indicativo
nacional, sem IVA/ICMS, caiu 39,1% e, aquele no balcão, 35,9%, enquanto
a desvalorização real da taxa de câmbio do dólar (pelo IPA-DI) foi de
[ 16 ] estudosFEBRAFARMA
COMPARATIVO INTERNACIONAL DE PREÇOS DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS

18,9%, somente. Ou seja, o movimento cambial do período não explica


integralmente a redução de preço, como se analisa a seguir;

b) O movimento do preço relativo (sem IVA/ICMS) pode ser explicado,


basicamente, por três componentes: a taxa efetiva de câmbio, a política de
controle de preços e os descontos dos fabricantes (uma “proxy” para o
enfraquecimento da demanda doméstica). Se, do movimento do preço re-
lativo, for feito o controle para os ajustes cambiais, isola-se o efeito atribuí-
do ao desconto do fabricante e à política oficial12.

Admitindo-se que o preço relativo, em 2000, fosse de equilíbrio, a magni-


tude de variação do preço relativo não atribuível à taxa de câmbio pode ser
identificada, como no quadro 5:

Quadro 5 – O Efeito Cambial sobre o Movimento


do Preço Relativo do Medicamento Brasileiro

Ano Taxa de Desvalorização Índice do Preço Índice do Preço


(-) e valorização (+) Relativo Internacional Relativo Internacional
do câmbio efetivo – que resultaria do Observado
pelo IPA-DI conceito Movimento Cambial 2000 = 100
de ponta 2000 = 100

2000 n.a. 100,00 100,00


2001 - 7,19% 92,80 77,50
2002 -16,10% 77,80 69,70
2003 +13,10% 88,00 69,70

Fonte: Bacen e IMS Health

Se a liberdade de preços tivesse prevalecido, ao longo de todo o período, as


alterações na taxa efetiva de câmbio teriam, teoricamente, provocado uma
redução de 12% na relação entre os preços domésticos e internacionais,
entre 2000 e 2003 (do índice 100 para 88). Observa-se, contudo, que esta
queda foi de 30,3 pontos (de 100 para 69,7). Ou seja, os outros fatores são
responsáveis por uma diminuição de 20,8% no preço nacional, relativa-
mente ao internacional (o índice é de 69,7, em vez de 88,0).

12
Em política oficial inclui-se a introdução dos genéricos. Contudo, o registro dos genéricos, no Brasil, só é
aceito com um teto de preços, que é uma porcentagem do preço do líder de marca. Nesse caso, não é políti-
ca de genéricos, mas de preço. Estudos internacionais mostram que a entrada dos genéricos afeta muito
pouco os preços dos medicamentos de marca: “vários estudos descobriram que a entrada dos genéricos tem
pouco efeito sobre os preços dos medicamentos de marca... a análise do CBO é consistente com estes resulta-
dos”. Congresso dos Estados Unidos. 1998. pp xiii. Tradução livre.

estudosFEBRAFARMA [ 17 ]
EDUARDO FELIPE OHANA

Em outros termos, a título de simplificação, o preço nacional, que era de US$


100, em 2000, teria caído para US$ 88,00, em 2003, graças à taxa de câmbio.
Contudo, foi reduzido para US$ 69,70. A diferença (de US$ 18,30) é devida à
política de controle e ao enfraquecimento eventual da demanda doméstica.

Cabe, nada obstante, especular que, embora existam descontos, a energia


dedicada pelas autoridades oficiais a este assunto, para a construção de um
aparato técnico de controle de preços, sugere uma reduzida força restritiva
atribuível à demanda interna, até porque os consumidores domésticos divi-
dem-se em dois grandes segmentos: um, sem poder de compra de medica-
mentos e, outro, de rendas média e alta, que compõe o mercado efetivo, e
que sofre um impacto menos intenso da queda do nível de atividade.

c) Em 2003, a magnitude do desnivelamento do preço relativo, cuja ordem


de grandeza aqui sugerida é de 26% (do índice 69,7 para 88) do preço
praticado pelos fabricantes (quadro 5), cria dois sérios problemas.
Primeiro, um forte desestímulo ao investimento no Brasil, considerada a
globalização das estratégias empresariais. Segundo, esta magnitude não
encoraja a liberação dos preços, pelo temor às conseqüências políticas que
um “overshooting”, nesta proporção, possa provocar. Cria-se, assim, uma
circunstância que tende a se perpetuar, pela razão de ser a sua solução tecni-
camente complexa. Fica criada uma preocupante contradição: “Para benefí-
cio da economia e da área social (melhor qualidade e eficiência dos medica-
mentos) a situação não deve continuar. Mas, por causa destes mesmos
benefícios, a situação não pode mudar”. O problema torna-se permanente.
O pior é que isto se aprendeu, faz tempo, com as experiências das políticas
de controle de preço;

d) Em 2003, o preço relativo recebido pela cadeia produtiva estabilizou-se.


Contudo, a expressiva valorização cambial ocorrida nesse ano mostra que
os esforços da política de controle continuaram perseguindo a meta do
“menor preço possível”, o que certamente se torna uma estratégia imbatível
caso se comprove que os efeitos negativos sobre os investimentos e o perfil
da oferta, de forma geral, venham a ser desprezíveis. Nesse sentido, a boa
prática da política setorial recomenda que os órgãos responsáveis pela sua
condução explicitem a meta do controle e os fundamentos que lhe conferem
racionalidade, tais como as hipóteses sobre produtividade; o conteúdo
estratégico dos investidores (algo além da taxa de retorno); a hipótese sobre
crescimento de mercado e outros pontos que emprestem consistência para
a meta do menor preço. Sem isto, não se tem política, mas um ato de vontade
que, por definição, despreza as restrições e as conseqüências.

[ 18 ] estudosFEBRAFARMA
COMPARATIVO INTERNACIONAL DE PREÇOS DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS

2. A Posição do Brasil em Mercados Específicos:


Produtos Mais Caros e os Mais Baratos

Os quadros 3 e 4 apresentam valores médios, para se analisar a posição re-


lativa do preço-indicativo brasileiro perante àqueles dos demais países. Uma
visão específica requer uma comparação de preços por classes terapêuticas, ou
mesmo produto a produto.
Para este efeito, os gráficos abaixo indicam a posição do preço, em dólares,
dos medicamentos nacionais, no que se refere aos produtos com preços
extremos no conjunto da amostra.

A. Os Produtos Mais Caros – Preços sem IVA/ICMS

Distribuição Internacional do Preço de


70
Produto Mais Caro em 2003 – US$ – Gonal-F
60
50
40
30
20
10
0
EUA

COLÔMBIA

VENEZUELA

MÉXICO

SUÍÇA

ARGENTINA

REINO UNIDO

IRLANDA

BÉLGICA

LUXEMBURGO

FINLÂNDIA

PAÍSES BAIXOS

FRANÇA

ALEMANHA

ITÁLIA

BRASIL

ESPANHA

GRÉCIA

TURQUIA

AUSTRÁLIA

ÁFRICA DO SUL

PERU
Fonte: IMS Health

Distribuição Internacional do Segundo


Produto Mais Caro em 2003 – US$ – Ins. Protap
25
20
15
10
5
0
AFRICA DO SUL

SUÍÇA

ARGENTINA

ÁUSTRIA

PAÍSES BAIXOS

BÉLGICA

LUXEMBURGO

ITÁLIA

CORÉIA

FINLÂNDIA

REINO UNIDO

N. ZELÂNDIA

FRANÇA

AUSTRÁLIA

NORUEGA

TURQUIA

EUA

IRLANDA

EQUADOR

GRÉCIA

BRASIL

Fonte: IMS Health

Distribuição Internacional do Preço do Terceiro


Produto Mais Caro em 2003 – US$ – Humalog
50
40
30
20
10
0
EUA

ALEMANHA

MÉXICO

ÁFRICA DO SUL

ARGENTINA

REINO UNIDO

SUÍÇA

PERU

ÁUSTRIA

IRLANDA

ITÁLIA

N. ZELÂNDIA

FINLÂNDIA

COLÔMBIA

PAÍSES BAIXOS

VENEZUELA

CORÉIA

FRANÇA

ESPANHA

CHILE

GRÉCIA

TURQUIA

BRASIL

Fonte: IMS Health

estudosFEBRAFARMA [ 19 ]
0
0,10
0,20
0,30
0,40
0
0,05
0,10
0,15
0,20
0
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
URUGUAI EUA FINLÂNDIA

SUÍÇA ALEMANHA
MÉXICO

ALEMANHA SUÍÇA

Fonte: IMS Health


Fonte: IMS Health
Fonte: IMS Health
SUÍÇA
ESPANHA BRASIL
ÁFRICA DO SUL

[ 20 ] estudosFEBRAFARMA
PORTUGAL ITÁLIA
EDUARDO FELIPE OHANA

CHILE
FINLÂNDIA N. ZELÂNDIA

ESPANHA ARGENTINA
NORUEGA
AUSTRÁLIA
LUXEMBURGO ÁUSTRIA
ÁUSTRIA
PERU BÉLGICA
ESPANHA
FRANÇA
PORTUGAL
FRANÇA
LUXEMBURGO
EQUADOR
PORTUGAL
AUSTRÁLIA
AUSTRÁLIA EUA
CHILE
PAÍSES BAIXOS
BÉLGICA
BRASIL

US$ – Ventolin
BÉLGICA
COLÔMBIA
US$ – Vick Vaporub

COLÔMBIA
COLÔMBIA
B. Os Produtos Mais Baratos – Preços sem IVA/ICMS

ÁUSTRIA URUGUAI
LUXEMBURGO
Distribuição Internacional do

US$ – Aspirina (marca omitida)


TURQUIA VENEZUELA
MÉXICO

Distribuição Internacional do Preço


Distribuição Internacional do Preço
Preço do Produto Mais Barato em 2003

ARGENTINA
BRASIL URUGUAI

do Terceiro Produto Mais Barato em 2003


do Segundo Produto Mais Barato em 2003

CORÉIA
VENEZUELA
ARGENTINA
PERU ÁFRICA DO SUL
GRÉCIA
GRÉCIA TURQUIA
REINO UNIDO
MÉXICO PERU

IRLANDA TURQUIA EQUADOR


COMPARATIVO INTERNACIONAL DE PREÇOS DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS

A escolha destes produtos não foi dirigida pelo resultado. Trata-se dos
medicamentos que apresentam o maior e o menor preço médio internacional,
na amostra ajustada.
Estes resultados comprovam que a análise agregada é consistente: o Brasil é
um País de medicamento relativamente barato. Dentre os três mais caros da
amostra, o Brasil é o de menor preço em dois deles e o sétimo mais barato no
mercado do produto de maior valor específico (há 15 países com preços de
fábrica superiores).
No segmento dos mais baratos, a posição brasileira é intermediária, em um
quadro em que a diferença nominal entre os preços é muito reduzida. Por
exemplo, no produto mais barato, a dispersão dos preços é de US$ 0,12 e a di-
ferença entre o preço nacional e o do país mais barato é de US$ 0,06 (cerca
de R$ 0,18).

3. Outros Possíveis Fatores Explicativos da Posição Internacional Relativa


do Brasil no Quadro de Preços dos Medicamentos – Correlações

Na tentativa de se explorar eventuais associações entre o índice de preço re-


lativo do Brasil e o mercado externo, foram calculadas duas correlações. Uma,
entre o preço relativo do Brasil (por apresentação de medicamento) e o número
de países nos quais as apresentações são comercializadas. Outra, entre o índice
e o valor médio internacional de cada apresentação.
A correlação com o número de países em que o produto é comercializado
identificaria o fato de que quanto maior o número de países onde o produto
está presente, maior a concorrência, seja pela divulgação de preços, seja pela
maior facilidade de importação.
A correlação com os preços médios internacionais visa captar o efeito de os
produtos mais modernos (não amortizados) serem relativamente mais caros no
Brasil, como um prêmio a ser pago pelo acesso. Tal prêmio se explicaria pelo
reduzido tamanho do mercado e risco-país significante.

estudosFEBRAFARMA [ 21 ]
EDUARDO FELIPE OHANA

Quadro 6 - Correlação do Preço Relativo do Brasil


Correlação com o número de Preço Relativo do Brasil por
países em que cada medicamento Apresentação - Preço sem IVA/ICMS
é comercializado

2000 -0,07
2001 -0,21
2002 -0,30
2003 -0,06

Correlação com o preço Preço Relativo do Brasil por


internacional médio Apresentação - Preço sem IVA/ICMS

2000 0,06
2001 0,08
2002 0,10
2003 0,12
Fonte: IMS Health

Os coeficientes da correlação com o preço médio internacional, embora com


sinal positivo esperado (produtos modernos exigem um prêmio), são insignifi-
cantes, fato que pode estar associado ao controle doméstico de preços. Ou seja, o
aumento dos preços internacionais não influencia os preços domésticos.
Quanto ao número de países em que os produtos são vendidos, a tabela
mostra que o sinal da correlação é negativo, como esperado, mas os valores dos
coeficientes são baixos, com o máximo de 0,3, em 2002. O fato de a interna-
cionalização de um produto não estar associada com o comportamento do
preço doméstico é outra indicação da importância e da aleatoriedade da políti-
ca de controle de preços. Este é o caso simétrico ao dos produtos modernos. A
amortização de um produto permite ampliar sua comercialização em outros
países. Já países como o Brasil, com um vasto contingente de pessoas sem aces-
so à medicamentos, justificariam uma redução de preço, relativamente a países
mais ricos e com menor contingente de excluídos, como os europeus, alguns
asiáticos e os EUA. A insignificância do coeficiente de correlação, neste caso,
sugere o efeito oposto àquele dos produtos mais caros. O “cartório de correção
de preços” impede que o efeito da concorrência alcance os produtos mais
baratos, em detrimento do bem-estar da população de menor renda13.

13
Está ultrapassado o argumento de que o controle estabelece um teto de preços e, somente, um teto. Na práti-
ca, os aumentos autorizados funcionam como uma coordenação, com um efeito de cartel.

[ 22 ] estudosFEBRAFARMA
COMPARATIVO INTERNACIONAL DE PREÇOS DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS

Em suma, o controle de preços, que certamente distorce os sinais de estí-


mulo à inovação e ao investimento, também prejudica, o que é pior, de forma
opaca, o segmento social que pretende defender.
Estas indicações fortalecem a tese de que o preço do medicamento no Brasil
é um preço político.

Comparativo Internacional:
Preços nos Países Semelhantes

O OBJETIVO, neste segmento, é o de posicionar os preços nacionais perante


um conjunto de países com perfis econômicos semelhantes ao do Brasil.
Consideram-se semelhantes: Argentina, Coréia do Sul, México e Turquia.

1. O Tratamento do Problema Amostral

As dificuldades geradas para a análise, decorrentes da heterogeneidade na


cesta amostral entre os anos e da diferença de cesta entre países, tornam-se mais
expressivas no momento em que a comparação é reduzida para cinco países.
O ajuste da amostra IMS Health para incluir somente os produtos vendidos
nos cinco países, em todos os anos, implicaria trabalhar com somente 11 pro-
dutos. Assim, optou-se pelo critério de produtos vendidos em, pelo menos,
quatro países. Daí resultou uma amostra ajustada de 44 observações.
Assim, a análise fica livre do viés provocado pela oferta diferenciada de pro-
dutos (caros e baratos), entre países, e permite que se observe a evolução, ao
longo do tempo, dos preços-indicativos médios e dos índices de preços.

2. Os Resultados para os Países Semelhantes:


Há Diferenças Estruturais na Formação dos Preços

Preços-Indicativos Médios em Dólar Norte-Americano da Amostra Ajustada:


O quadro 7 mostra uma listagem de preços médios. Estes valores represen-
tam o preço-indicativo ou de disponibilidade, em cada país, de um produto
médio ou padrão.

estudosFEBRAFARMA [ 23 ]
EDUARDO FELIPE OHANA

Quadro 7
Preços Médios da Amostra Ajustada - US$

Ano Argentina Brasil Coréia México Turquia


sem IVA sem IVA sem IVA sem IVA sem IVA
2000 4,02 1,92 2,88 2,69 2,79
2001 3,70 1,45 2,02 3,00 1,98
2002 2,02 1,30 2,31 3,00 2,38
2003 2,33 1,30 2,41 2,90 2,30

Ano Argentina Brasil Coréia México Turquia


com IVA com IVA com IVA com IVA com IVA
2000 6,98 3,98 3,49 3,82 4,37
2001 6,44 3,00 2,27 4,26 3,10
2002 3,51 2,70 2,60 4,28 3,76
2003 3,35 2,21 2,67 4,13 3,15
Fonte: IMS Health

O quadro 7 indica que:

a) Com este controle amostral, mais detalhado, a Coréia deixa de ser o


país mais barato. Em 2003, passa a ser o segundo mais caro (só perdendo para o
México) no que se refere ao preço pago à cadeia produtiva (ou sem IVA/ICMS);

b) Nos preços-indicativos de fábrica e de balcão, o México é o país mais caro;

c) Os preços-indicativos no Brasil, sem tributo, foram em média, no


período 2000-2003, 62% do preço-indicativo coreano e 51% do mexicano.
Dificilmente, este tipo de resultado deixa de influenciar os estímulos à
produção e modernização de produtos e de processos;

d) A estrutura tributária faz diferença para o consumidor. Na comparação


Brasil-Coréia, o preço-indicativo brasileiro (sem IVA) foi, em todos os
anos, inferior ao mesmo preço coreano. Em contraste, o preço brasileiro
com tributo mostrou-se sempre superior, exceto em 2003;

e) Nos preços de balcão, o Brasil era o terceiro mais caro em 2000. Nos
dois anos seguintes, tornou-se o quarto, sendo a Coréia o único país mais

[ 24 ] estudosFEBRAFARMA
COMPARATIVO INTERNACIONAL DE PREÇOS DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS

barato. Em 2003, o Brasil foi o País com menor preço-indicativo:


17% menor que o coreano.

Em outros termos, apesar de serem países semelhantes, diferenças específicas


– normativas, institucionais e programáticas – implicam uma expressiva dis-
persão (coeficiente de variação) dos “preços médios de disponibilidade”, em
cada ano, como mostra o quadro 8.

Quadro 8
Características dos Preços Médios – Sem IVA/ICMS

2000 2001 2002 2003


Média US$ 3,10 2,70 2,40 2,50
Desvio-padrão US$ 0,75 0,90 0,60 0,58
Coeficiente de variação 0,24 0,33 0,25 0,23
Fonte: Quadro 7

O coeficiente médio de variação, para os quatro anos, situa-se em 0,26, o


que sugere a existência de fatores estruturais distintos, em cada um dos cinco
países, no tratamento da política de saúde, em especial, na de medicamentos.
Motiva-se, com isto, o interesse em se pesquisar como as diferentes políticas,
com impactos diferenciados sobre os preços, se associam a resultados, sejam
resultados relativos ao atendimento à saúde, bem como ao perfil produtivo.
Esta seria uma tarefa pertinente aos órgãos reguladores, no sentido, como
sugerido anteriormente, de consubstanciar as diretrizes da regulação. Esforços
desta natureza, certamente, explicitariam as conseqüências da política de
medicamento, que aparentemente prevalece no Brasil, de “menor preço possí-
vel, não importa o que”14.

14
Não cabe, aqui, uma análise detalhada das diferenças nas políticas. Contudo, a abordagem coreana de
isenção de IVA para medicamentos sugere ser maior a prioridade às necessidades de medicamento, conferida
pelo governo coreano, do que aquela do governo brasileiro. No Brasil, a responsabilidade pelo financiamento
desta política social é jogada para o setor privado, numa forma opaca de tributação efetivada pelo controle
(achatamento) dos preços relativos.

estudosFEBRAFARMA [ 25 ]
EDUARDO FELIPE OHANA

3. Preço Médio no Brasil em Relação à Média dos Demais Países Semelhantes:


Inferior a 22% da Média Observada desses Países

O quadro 9 permite a comparação do preço médio brasileiro, a cada ano,


com a média dos preços dos quatro países semelhantes, também em cada ano.

Quadro 9 - Preço Relativo do Brasil Perante à


Média dos Quatro Países Semelhantes - Amostra Ajustada

Ano Sem IVA Com IVA


2000 0,155 0,213
2001 0,136 0,187
2002 0,134 0,191
2003 0,131 0,166
Fonte: IMS Health

O preço-indicativo médio de medicamento, em um país, representa o valor


para um item-padrão que compõe uma cesta. Sob este conceito, o quadro 9
mostra que o posicionamento mais próximo da média internacional, para
preço de balcão, ocorreu em 2000 (no patamar de 21% da média). Quanto ao
preço líquido de tributo, jamais foi alcançada a marca de 16% da média do
preço internacional (nos quatro países).
Este é mais um indicador do desnivelamento, para baixo, dos preços dos
medicamentos no Brasil (confirmando o observado anteriormente: desnivela-
mento no patamar de 26%).

4. Índice de Preços: O Brasil na Menor Posição em 2003

O índice de preço representa a posição relativa de um país diante da média


internacional. É calculado produto a produto, ou seja, o preço de cada item em
relação à média internacional deste item. Do conjunto destas relações, calcula-
se a média, reportada como o índice de cada país.
Os quadros 10 e 11 apresentam os índices dos cinco países. O quadro 10
refere-se aos resultados da amostra total, enquanto o seguinte retrata o índice
com a amostra ajustada.

[ 26 ] estudosFEBRAFARMA
COMPARATIVO INTERNACIONAL DE PREÇOS DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS

Quadro 10
Índices de Preços
Amostra Total dos Levantamentos
Ano Argentina Brasil Coréia México Turquia
sem IVA sem IVA sem IVA sem IVA sem IVA
2000 1,45 0,89 0,98 1,48 0,77
2001 1,47 0,75 0,90 1,65 0,66
2002 0,78 0,70 0,92 1,77 0,79
2003 0,79 0,63 0,83 1,56 0,80

Ano Argentina Brasil Coréia México Turquia


com IVA com IVA com IVA com IVA com IVA
2000 1,32 1,05 0,69 1,23 0,79
2001 1,51 0,88 0,61 1,41 0,61
2002 0,80 0,83 0,62 1,52 0,74
2003 0,74 0,69 0,61 1,45 0,71
Fonte: IMS Health

Quadro 11
Índices de Preços
Amostra Controlada
Ano Argentina Brasil Coréia México Turquia
sem IVA sem IVA sem IVA sem IVA sem IVA
2000 1,54 0,88 0,95 1,51 0,75
2001 1,59 0,71 0,89 1,69 0,62
2002 0,77 0,62 0,93 1,92 0,72
2003 0,77 0,63 0,86 1,75 0,74

Ano Argentina Brasil Coréia México Turquia


com IVA com IVA com IVA com IVA com IVA
2000 1,59 1,08 0,66 1,28 0,73
2001 1,65 0,87 0,60 1,44 0,58
2002 0,81 0,77 0,63 1,66 0,68
2003 0,72 0,67 0,63 1,62 0,66
Fonte: IMS Health

estudosFEBRAFARMA [ 27 ]
EDUARDO FELIPE OHANA

Estes quadros permitem os seguintes comentários:

a) A diferença nos resultados das duas amostras não altera o ordenamento


dos países. Em 2003, a Coréia foi o país em que o preço de balcão mais se
afastou, para menor, da média internacional. O Brasil foi o segundo mais
barato, seguido de Turquia, Argentina e México;

b) No que se refere aos preços líquidos de IVA/ICMS, em 2002, o Brasil


deixou de ser o segundo país mais barato, atrás somente da Turquia, para se
tornar o de menor índice, 14,8% menor que o da Turquia;

c) Observa-se que nenhum outro país, além do Brasil, apresentou tendên-


cia monotônica na redução do índice, ao longo do período; o que ocorreu
mesmo na presença da revalorização cambial brasileira de 2003;

d) O quadro 12 mostra os coeficientes de variação dos índices de preços:

Quadro 12
Coeficientes de Variação dos Índices de Preço
(desvio-padrão/média)
Ano Argentina Brasil Coréia México Turquia
sem IVA sem IVA sem IVA sem IVA sem IVA
2003 0,39 0,17 0,04 0,10 0,08

Ano Argentina Brasil Coréia México Turquia


com IVA com IVA com IVA com IV com IVA
2003 0,42 0,21 0,04 0,12 0,09

Exceto pela Argentina, em função da sua turbulência macroeconômica –


com recessão e movimentos bruscos nas taxas de câmbio –, a variação dos
coeficientes no Brasil foi destacadamente a mais expressiva e, não menos
importante, mostrou-se o único país com tendência inequívoca à redução,
ao longo de todo o período;

e) A maior estabilidade relativa desses índices no México, Coréia e


Turquia implicam menor incerteza e uma desvantagem significativa para
a política industrial brasileira do setor, o qual foi apontado pelo governo
como prioritário.

Em suma, na média, o preço relativo dos medicamentos a preço de balcão,


no Brasil, equiparou-se ao da Coréia, sendo este o país relativamente mais bara-
[ 28 ] estudosFEBRAFARMA
COMPARATIVO INTERNACIONAL DE PREÇOS DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS

to por não aplicar tributo de valor adicionado. Naturalmente, se o governo


brasileiro também isentasse os medicamentos de ICMS, os preços de balcão
seriam os menores. Quanto aos preços recebidos pela cadeia produtiva, o Brasil
foi o que menos remunerou, em 2003, comparativamente aos países seme-
lhantes, e com uma tendência monotônica ao barateamento. Sem explorar as
nuances macroeconômicas, que poderiam oferecer explicações peculiares ao
quadro brasileiro, uma vez que a trajetória argentina, neste campo, é eloqüente,
pode-se adiantar que a política de controle de preços, no Brasil, é o componente
característico do processo de barateamento dos medicamentos vendidos no
País. Restam, ao abandono dos órgãos reguladores, as conseqüências sobre o
perfil da oferta, que a política industrial anunciada procura compensar.

Índices de Preços - Amostra com Produtos nos 5 Países com IVA/ICMS


1,80

1,60

1,40

1,20
Argentina
1,00 Brasil
Coréia
México
0,80
Turquia
0,60

0,40

0,20

0,00
2000 2001 2002 2003
Fonte: IMS Health

Índices de Preços - Amostra com Produtos nos 5 Países com IVA/ICMS


2,00

1,50
Argentina sem IVA
Brasil sem IVA
Coréia sem IVA
1,00 México sem IVA
Turquia sem IVA

0,50

0,00
2000 2001 2002 2003
Fonte: IMS Health
estudosFEBRAFARMA [ 29 ]
EDUARDO FELIPE OHANA

Conclusão
O PREÇO Médio ao Consumidor – por carregar a ponderação por quantidades
consumidas – mostra o custo para o consumidor brasileiro, em comparação aos
demais consumidores do planeta. Os preços-indicativos e os índices, por
estarem desatrelados da ponderação por quantidade, indicam o comportamen-
to, ao longo do tempo, do preço de disponibilidade do produto no mercado.
O Preço Médio ao Consumidor, calculado a partir do faturamento, aponta
que o Brasil sai da nona posição de país mais barato, em 2000, para o sexto
lugar, em 2003, em um conjunto de 30 nações.
Os preços-indicativos e os índices, calculados produto a produto, seja com
a amostra controlada ou não, permitem afirmar que houve uma política de
barateamento administrado, no Brasil, ao longo dos últimos quatro anos.
O barateamento não é, sem dúvida, atribuível à desvalorização real da taxa
cambial, embora ela o explique em parte. Da mesma forma, não há registros de
aumento na produtividade industrial, nesta magnitude que os dados informam.
A redução da demanda poderia explicar o barateamento relativo
monotônico, mas os resultados do PIB per capita (+3% em 2000, zero em 2001,
+0,6% em 2002 e –1,5% em 2003) não sustentam esta explicação, ainda mais
quando se reconhece a segmentação do mercado de produtos farmacêuticos.
Resta ao aparato oficial de controle de preços, instaurado a partir da desva-
lorização cambial de 1999, a responsabilidade pela tendência15.
O que mais chama a atenção é a tendência permanente de barateamento
relativo, nos quatro anos em que o controle voltou a existir. É de se indagar o
objetivo da política:

a) Haveria uma forma de criar parâmetros? Uma busca pelo preço ideal,
preço social, preço justo ou qualquer quimera desta natureza16?

b) Transformar o Brasil em ponto de exportação de medicamentos, o


que, além de ineficiente, não é exatamente uma política de saúde?

c) Permitir o acesso dos mais carentes?

d) Na falta de critério, “o menor preço possível, não importa como”?

Tecer comentários sobre os problemas do controle de preços é ocioso.


Igualmente ocioso, mencionar que o “cartório de reajuste de preço” é nocivo à
concorrência e que acaba por prejudicar, também, os mais necessitados.
15
Uma análise econométrica, que está fora do escopo deste trabalho, poderia identificar o impacto do controle.
Certamente, não seria para pesquisar a sua relevância.
16
Neste caso, os fundamentos partiriam dos estudos de São Tomás de Aquino.

[ 30 ] estudosFEBRAFARMA
COMPARATIVO INTERNACIONAL DE PREÇOS DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS

Não se desconhece que, pelas intenções reveladas, a meta é permitir o acesso


aos excluídos. Esse discurso é politicamente bem aceito, uma vez que defender o
encarecimento de qualquer produto é inaceitável.
É inaceitável porque, no ideário popular, a regulação econômica deve-se
voltar para a satisfação do consumidor, na hipótese de que a oferta está dada.
Ou seja, não importam os desestímulos – carga tributária, infra-estrutura insu-
ficiente, burocracia, risco soberano, entre outros – os investidores, por ignorân-
cia ou por uma inacreditável falta de alternativa, no mundo globalizado,
seguiriam financiando o desenvolvimento.
A dificuldade para a recuperação do desnivelamento dos preços, gerada
pelo controle, é diretamente associada à magnitude desse desnivelamento. Para
se quebrar a inércia – fica desnivelado porque está desnivelado – é necessário
que se desfaçam alguns mitos, bem como que se trabalhe uma agenda positiva
que justifique a regulação plena (de atenção à demanda e – também – à oferta).
Um dos principais mitos é imaginar que produtos relativamente caros
(intensivos em conhecimento) possam ser populares, pelo controle de preço.
Um segundo mito refere-se à possibilidade de se aumentar o acesso explorando
a inclinação da curva de demanda por medicamentos. Um terceiro mito é o de
imaginar que um segmento, com mais de 400 empresas, venha a ser capaz de
praticar o conluio de preços, numa estratégia organizada e controlada de
distribuição dos benefícios auferidos. É de se perguntar por que esta tese não
motiva a maior institucionalização dos órgãos de defesa da concorrência, em
vez de servir de justificativa para o controle17.
A agenda positiva deve mostrar que há racionalidade na regulação que se
preocupa com os estímulos para a oferta. Haveria de apontar, ainda, que a política de
acesso tem uma natureza pública, do que resulta uma nova abordagem tributária,
bem como programas de subsídios com recursos oficiais, como em qualquer inicia-
tiva de internalização de externalidades positivas.
Não é menos importante, para o País, a falta de coordenação entre o obje-
tivo do órgão regulador, pode-se dizer a Câmara de Regulação do Mercado de
Medicamentos (CMED), na trilha do abandono aos estímulos de oferta, e
aqueles propósitos revelados pelas instituições oficiais que coordenam a políti-
ca industrial, na trilha da alavancagem de recursos que financiem a moderniza-
ção do setor farmacêutico, conforme as diretrizes da política industrial
anunciada. Um ponto significativo de ineficiência.
A atual política de medicamentos possui um número de objetivos muito
superior ao número de variáveis instrumentos à sua disposição, conformando
um sistema insolúvel.

17
Recente publicação da Febrafarma estima que a elasticidade do preço dos medicamentos, dependendo da
classe terapêutica, está entre -0,3 e -0,8. Ver Fridman S.V. e Rocha F.: Análise Econométrica em Cross-
Section da Demanda por Medicamentos no Brasil. Estudos Febrafarma. 2004. São Paulo.

estudosFEBRAFARMA [ 31 ]
EDUARDO FELIPE OHANA

Bibliografia

1. CONGRESSO DOS ESTADOS UNIDOS. How Increased Competition From


Generic Drugs Has Affected Prices and Returns in the Pharmaceutical Industry.
Congressional Budget Office. Washington, DC. Julho de 1998.

2. DANZON, M. P. Making Sense of Drug Prices. Regulation. Vol. 23. N. 1. 2000.

3. FEBRAFARMA. Programa Nacional de Acesso a Medicamentos – PAMSUS.


Mimeo. São Paulo. Outubro de 2001.

4. FEBRAFARMA. Os Preços dos Medicamentos e a Nova Regulação. Mimeo.


São Paulo. Abril de 2003.

5. FEBRAFARMA. A Indústria Farmacêutica no Brasil e o Acesso aos


Medicamentos. Mimeo. São Paulo. Setembro de 2003.

6. FRENKEL, J. Cadeia: A Indústria Farmacêutica Brasileira e o Comércio


Exterior. Questões e Potencialidades. Mimeo. 2002.

7. JACOBZONE, S. Pharmaceutical Policies in OECD Countries: Reconciling Social


and Industrial Goals. OECD Occasional Papers N. 40. Abril de 2000.

8. KOEN, V. Public Expenditures Reform: The Health Care Sector in the United
Kingdom. OECD Economic Department Working Papers. N. 26. Setembro
de 2000.

9. LISBOA, M. B. et allii. Política Governamental e Regulação do Mercado de


Medicamentos. Mimeo. FGV/EPGE.

10. SCRIP REPORTS. Pharmaceutical Pricing and Reimbursement in Europe.


New York. 1999 Edition.

[ 32 ] estudosFEBRAFARMA
COMPARATIVO INTERNACIONAL DE PREÇOS DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS

Anexos

Medotodologias do IMS Health

Transformação em Unidades Padrão (Standard Units):

A Unidade Padrão é uma medida desenvolvida pelo IMS Health em parceria


com a indústria farmacêutica que permite a comparação de quantidades de
diferentes formas de aplicação (ex. gotas, cápsulas, ampolas, etc).

Alguns exemplos:

New Form Code (NFC) Descrição Unidade de conta Standard Units


AAA Oral Solid Número de Tablets Número de Tablets
Ordinary Tablets
DGA Oral Liquid Número de ml Número de doses
Ordinary Liquids de líquido de 5ml
IGB Nasal Systemic Liquids Número de ml Número de doses
de 0,1 ml
MEA Topical External Número de gramas Número de doses
Powders de powder de 1 g
NGA Ophtalmic Liquids Número de ml Número de doses
de líquido de 5 ml

Metodologia de Cálculo de Preço Médio ao Consumidor por País

• O estudo contempla o canal farmácia, ou seja, vendas efetuadas por


atacadistas para o canal varejista;
• O preço médio do mercado farmacêutico de um país é calculado com base
na fórmula:

Preço Médio = Faturamento total dos produtos farmacêuticos (US$)


no país/Standard Units (SU) vendidas no país.

Notas:
• Preço Médio calculado para o ano fechado;
• Preço Médio calculado com impostos (VAT) e sem impostos;
• Standard Units é a unidade comercial de venda convertida para
uma unidade padrão/denominador comum (ex. caixas convertidas para
comprimidos).

estudosFEBRAFARMA [ 33 ]
EDUARDO FELIPE OHANA

Metodologia de Inclusão e Exclusão de Impostos e Taxas Cambiais

• O imposto considerado VAT (Value Added Tax – ICMS no caso do Brasil);


• As alíquotas de imposto por país estão detalhadas na página 35 desse
documento;
• A inclusão/exclusão do imposto é feita conforme a fórmula:

Preço com imposto = preço sem imposto (1 + alíquota de imposto)

• As informações do banco de dados MIDAS do IMS Health são convertidas


de moeda local para US$ usando taxas de câmbio médias. Incluímos na
página 35 deste documento a evolução das taxas de câmbio nos últimos
quatro anos.

Metodologias do Estudo

Índice de Preço da Apresentação


Exemplo Viagra – ABC Film-CTD Tabs – 50mg

Índice Brasil x “Mundo”

• Média do preço nos 30 países incluídos no estudo = US$ 6,58/SU;


• Preço no Brasil = US$ 4,34/SU;
• Índice Brasil x 30 países = 0,66 (US$ 4,34/US$ 6,58) – Preço BR 34% menor.

Índice Brasil x “Países Semelhantes”

• Média do preço Brasil + 5 “Semelhantes” = US$ 6,26/SU;


• Preço no Brasil = US$ 4,34/SU;
• Índice Brasil x 5 “Semelhantes” = 0,69 (US$ 4,34/US$ 6,26) –
Preço BR 31% menor.

Nota: Standard Units – preço convertido para unidade “menor”


(ex. convertidos para US$ por comprimido).

O Índice Médio de todas as Apresentações Incluídas no Estudo

Índice Médio Brasil x “Mundo”


Σ (Índices Brasil x “Mundo” de cada apresentação)/(# de apresentações
incluídas no estudo)

[ 34 ] estudosFEBRAFARMA
COMPARATIVO INTERNACIONAL DE PREÇOS DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS

Índice Médio Brasil x “Países Semelhantes”


Σ (Índices Brasil x “Países Semelhantes” de cada apresentação)/(# de
apresentações incluídas no estudo)

Taxas de Câmbio e Impostos Utilizados no Estudo


Taxas de Câmbio
País 2000 2001 2002 2003 Alíquota do IVA
Argentina 1,000580 1,000830 0,365420 0,359587 21,00%
Austrália 0,581675 0,517875 0,543662 0,651780 0,00%
Áustria 0,922960 0,896690 0,944480 1,130410 20,00%
Bélgica 0,922960 0,896690 0,946980 1,130410 6,00%
Brasil 0,546560 0,428880 0,354840 0,361550 18,00%
Chile 0,031577 0,099025 0,001454 0,001449 17,50%
Colômbia 0,000479 0,000759 0,000403 0,000350 0,00%
Equador 0,000040 0,000040 0,000040 0,000040 0,00%
Finlândia 0,922962 0,896692 0,944480 1,130410 8,00%
França 0,142415 0,142005 0,156555 1,130410 5,50% não-reembolsável, 2,10% prods. reembolsável

Alemanha 0,922960 0,896690 0,944480 1,130410 16,00%


Grécia 0,934820 0,896690 0,944480 1,130410 8,00%
EUA 1,000000 1,000000 1,000000 1,000000 5-9,00%
0,922960 0,896690 0,094448 1,130410 0,00% (IVA a 21,00% aplicado somente
Irlanda sobre os medicamentos não-orais)
Itália 0,940460 0,896690 0,944470 1,130410 9,10%
Coréia 0,000884 0,000770 0,000800 0,000835 0,00%
Luxemburgo 0,922960 0,896690 0,944480 1,130410 3,00%
México 0,105620 0,107120 0,103740 0,092779 0,00%
Países Baixos 0,922960 0,896690 0,944470 1,130410 6,00%
N. Zelândia 0,456590 0,420980 0,463960 0,582070 12,50%
Noruega 0,114883 0,111010 0,130340 0,141380 23,00%
Peru 0,286849 0,285289 0,284454 0,287530 18,00%
Portugal 0,922960 0,896690 0,944480 1,130410 5,00% para ético e 16,00% para prods. OTC
África do Sul 0,144460 0,117494 0,095450 0,133065 14,00% sem exceção
Espanha 0,922960 0,896690 0,944480 1,130410 4,00%
Suíça 0,592340 0,583660 0,643790 0,740130 2,30%
Turquia 0,000002 0,000001 0,000001 0,000001 15,00%
1,529297 1,441660 1,501800 1,633800 17,50%(Medicamentos fornecidos pelo
Reino Unido National Health Service são isentos de IVA)
Uruguai 0,086950 0,075990 0,050900 0,037210 14,00%
Venezuela 0,001471 0,001382 0,000911 0,000522 0,00%

Nota: Preço no estudo é a média de cada ano.


Fonte: DRESDNER BANK

estudosFEBRAFARMA [ 35 ]

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