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Técnicas em Estética Facial

Autora: Profa. Tatiana Calissi Petri


Colaboradores: Prof. Thiago Macrini
Profa. Marília Tavares Coutinho da Costa Patrão
Professora conteudista: Tatiana Calissi Petri

Fisioterapeuta graduada pela Universidade Paulista (UNIP – 2007). Especialista em Fisioterapia Dermatofuncional
pela Universidade Cidade de São Paulo (Unicid – 2008) e mestre em Ciências pela Universidade de São Paulo (Fofito/USP),
Atualmente, é docente na Associação Paulista de Ensino Renovado pela UNIP. Atua em projetos de pesquisa relacionados
à associação da cosmetologia, terapias manuais e eletrotermofototerapia nos procedimentos estéticos corporais e
faciais e estudos na área de percepção háptica.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

P495t Petri, Tatiana Calissi.

Técnicas em Estética Facial / Tatiana Calissi Petri. – São Paulo:


Editora Sol, 2021.

220 p., il.

Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e


Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.

1. Avaliação. 2. Protocolos. 3. Tratamentos. I. Título.

CDU 613.49

U510.66 – 21

© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
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permissão escrita da Universidade Paulista.
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Vice-Reitora de Unidades Universitárias

Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez


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Vice-Reitora de Graduação

Unip Interativa – EaD

Profa. Elisabete Brihy


Prof. Marcello Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli

Material Didático – EaD

Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)

Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Deise Alcantara Carreiro – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos

Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto

Revisão:
Bruno Barros
Jaci Albuquerque de Paula
Sumário
Técnicas em Estética Facial
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................9

Unidade I
1 INTRODUÇÃO À ESTÉTICA FACIAL.............................................................................................................. 13
1.1 Sistema tegumentar e sistema muscular.................................................................................... 16
1.1.1 Sistema tegumentar............................................................................................................................... 16
1.1.2 Músculos da face..................................................................................................................................... 32
2 AVALIAÇÃO FACIAL.......................................................................................................................................... 32
2.1 Tipologia da pele.................................................................................................................................... 32
2.1.1 Características que permitem a avaliação da pele..................................................................... 38
2.1.2 Classificação do fototipo cutâneo de Fitzpatrick....................................................................... 41
2.1.3 Revisão das lesões elementares e dermatoses............................................................................. 44
2.1.4 Modelo de ficha de avaliação facial................................................................................................ 56
2.1.5 Uso da ficha de avaliação facial........................................................................................................ 64
2.1.6 Registro fotográfico do cliente.......................................................................................................... 72
2.1.7 Exame físico............................................................................................................................................... 74
2.1.8 Equipamentos utilizados na avaliação facial............................................................................... 75

Unidade II
3 LIMPEZA DE PELE............................................................................................................................................. 82
3.1 Objetivos................................................................................................................................................... 82
3.2 Preparo do ambiente........................................................................................................................... 83
3.3 Materiais utilizados na limpeza de pele....................................................................................... 86
3.4 Preparo do profissional....................................................................................................................... 90
3.5 Cosméticos............................................................................................................................................... 90
4 SEQUÊNCIA DA LIMPEZA.............................................................................................................................. 96
4.1 Orientações para a limpeza de pele............................................................................................... 96
4.2 Protocolo geral de limpeza de pele................................................................................................ 97
4.2.1 Higienização............................................................................................................................................... 98
4.2.2 Avaliação..................................................................................................................................................... 99
4.2.3 Tonificação................................................................................................................................................103
4.2.4 Emoliência................................................................................................................................................104
4.2.5 Extração.....................................................................................................................................................107
4.2.6 Tônico calmante e antisséptico.......................................................................................................115
4.2.7 Alta frequência....................................................................................................................................... 116
4.2.8 Massagem.................................................................................................................................................117
4.2.9 Máscara...................................................................................................................................................... 118
4.2.10 Fotoproteção......................................................................................................................................... 118
4.2.11 Orientação e profilaxia: prescrição cosmética........................................................................ 120
4.2.12 Indicações.............................................................................................................................................. 120
4.2.13 Contraindicações.................................................................................................................................121

Unidade III
5 PROTOCOLOS DIFERENCIAIS DE LIMPEZA DE PELE..........................................................................125
5.1 Protocolos de limpeza de pele.......................................................................................................125
5.1.1 Protocolo de limpeza de pele fotônica........................................................................................ 125
5.1.2 Protocolo de limpeza de pele com extração por sucção...................................................... 129
5.1.3 Protocolo de limpeza de pele com caneta extratora............................................................. 133
5.1.4 Protocolo de limpeza de pele com peeling mecânico........................................................... 135
5.1.5 Protocolo de hidratação e nutrição da pele.............................................................................. 140
5.1.6 Protocolo de hidratação da pele.....................................................................................................141
5.1.7 Hidratação e nutrição: iontoforese associada à massagem facial para
hidratação e nutrição..................................................................................................................................... 144
5.1.8 Lista com princípios ativos de ação hidratante........................................................................ 145
6 ACNE...................................................................................................................................................................146
6.1 Fisiopatologia........................................................................................................................................146
6.2 Lesões de acne......................................................................................................................................148
6.3 Classificação quanto ao grau da acne........................................................................................150
6.4 Classificação quanto à fase ou ao estadiamento...................................................................151
6.5 Cicatrizes de acne...............................................................................................................................151
6.6 Tratamento estético da acne..........................................................................................................152
6.6.1 Objetivo do tratamento da acne.................................................................................................... 152
6.6.2 Protocolo de limpeza de pele acneica.......................................................................................... 153
6.6.3 Protocolo para o tratamento de cicatrizes atróficas (sequelas de acne)....................... 157
6.6.4 Tratamento domiciliar: orientações e prescrição.................................................................... 158
6.6.5 Orientações gerais................................................................................................................................ 159

Unidade IV
7 TRATAMENTOS ESPECÍFICOS PARA AS ALTERAÇÕES FACIAIS......................................................163
7.1 Envelhecimento...................................................................................................................................163
7.1.1 Envelhecimento intrínseco ou cronológico............................................................................... 164
7.1.2 Envelhecimento extrínseco............................................................................................................... 166
7.1.3 Mudanças fisiológicas do envelhecimento................................................................................ 172
7.1.4 Glicação do colágeno.......................................................................................................................... 176
7.1.5 Radicais livres......................................................................................................................................... 177
7.1.6 Avaliação do envelhecimento.......................................................................................................... 179
7.2 Rugas........................................................................................................................................................180
7.2.1 Principais músculos da face............................................................................................................. 180
7.2.2 Avaliação de rugas............................................................................................................................... 182
7.2.3 Princípios ativos firmadores............................................................................................................. 188
8 MANCHAS HIPERCRÔMICAS.....................................................................................................................190
8.1 Tipos de melanina...............................................................................................................................191
8.2 Melanogênese ou biossíntese da melanina..............................................................................192
8.3 Características do melasma............................................................................................................194
8.4 Classificações de melasma...............................................................................................................194
8.5 Causas de melasma............................................................................................................................195
8.6 Tratamento estético...........................................................................................................................196
8.7 Objetivos do tratamento estético.................................................................................................196
8.8 Protocolo para o tratamento de hipercromias........................................................................197
8.9 Protocolo para o tratamento de manchas hipercrômicas pós-inflamatórias
(sequelas de acne)......................................................................................................................................197
8.10 Protocolo de revitalização facial: peeling ultrassônico com
máscara cosmética.....................................................................................................................................198
APRESENTAÇÃO

A estética facial é a área da estética que promove a manutenção da saúde da pele da face, que é
considerada o nosso cartão de visita. Quando encontramos com uma pessoa que não conhecemos, as
primeiras impressões acontecem em decorrência do contato visual, registramos as características do
rosto dessa pessoa, a cor da pele e dos olhos, alguma marca como cicatrizes, acne, presença de rugas,
tipo de sobrancelha, maquiagem, enfim, alguma característica marcante presente na região facial.

A pele reflete a condição da vida da pessoa, ela fornece informações sobre a qualidade do sono,
hábitos diários e cuidado. Se estamos passando por algum momento de estresse, doença na família,
separações, muitas vezes a pele se apresenta opaca, sem brilho, viço, as olheiras se destacam. O contrário
também ocorre: quando estamos felizes, realizados, em momentos de férias, nos alimentamos melhor, a
pele se apresenta brilhante e com viço, demonstrando uma pele saudável.

Serão apresentadas as principais disfunções estéticas faciais e quais são os tratamentos mais indicados.
O aluno irá aprender tratamentos para manter ou reestabelecer a saúde da pele como peelings, cosméticos,
recursos tecnológicos, manuais, como as massagens e a drenagem linfática manual, que são implementadas
em tratamentos para disfunções como acne, rugas, manchas, oleosidade, envelhecimento e cicatrizes.

Esta disciplina aborda o conhecimento da ciência relacionada à estética facial, as alterações e


manifestações inestéticas passíveis de tratamentos estéticos, fornecendo bases para ampliação das habilidades
aos futuros profissionais. Estuda os diversos tipos de tratamentos estéticos relacionados à face.

O profissional esteticista precisa ter conhecimento sobre as condições fisiológicas da pele e demais
estruturas faciais, como tecido adiposo e muscular, bem como as alterações inestéticas que podem
afetar esse segmento corporal, conhecer e reconhecer as disfunções estéticas, sua etiologia, principais
características, os recursos e técnicas utilizadas para a avaliação facial e, assim, conseguir realizar o
diagnóstico estético e o planejamento do tratamento.

Recursos que vão desde a eletrotermofototerapia a recursos manuais e cosméticos podem ser
utilizados de forma isolada ou combinados entre si, dessa forma, a disciplina visa ampliar as habilidades
dos futuros profissionais, a fim de que saibam executar uma avaliação e desenvolver um plano de
tratamento estético de acordo com as particularidades e individualidades de cada cliente.

9
INTRODUÇÃO

O atendimento das disfunções estéticas faciais exige do aluno a integração de informações obtidas
durante a avaliação, do conhecimento das disfunções estéticas faciais, bem como dos possíveis
tratamentos realizados pelo profissional esteticista em cada caso e dos limites de sua atuação.
Didaticamente, os conteúdos apresentados por esta disciplina são divididos por temas:

• Sistema tegumentar e sistema muscular.


• Tipologia da pele.
• Avaliação facial.
• Identificação das alterações cutâneas .
• Uso da ficha avaliação facial.
• Limpeza de pele.
• Orientações para a limpeza de pele.
• Sequência da limpeza.
• Protocolo de limpeza de pele.
• Protocolo de hidratação da pele.
• Protocolo de nutrição da pele.
• Tratamentos específicos para acne, envelhecimento, fotoenvelhecimento, revitalização facial,
flacidez e manchas.

Figura 1 – Tratamentos faciais/estética facial

10
Por meio do estudo dessa disciplina, o aluno poderá identificar os tipos de pele, as manifestações
clínicas e alterações faciais passíveis de tratamentos estéticos, bem como todos os possíveis tratamentos
estéticos. Capacitando o aluno a realizar procedimentos como limpeza de pele, tratamentos específicos
para acne, revitalização facial, flacidez tissular e muscular, manchas e interpretar as manifestações que
não são passíveis de tratamento estético. Conhecer as indicações e contraindicações dos diferentes
tratamentos estéticos faciais.

Para a OMS, o estado de saúde de um indivíduo está relacionado não somente à ausência de doença,
mas com uma situação de absoluto bem-estar físico, mental e social, compreendendo o ser humano de
forma holística. Dessa forma, a estética facial contribui de forma significativa para a saúde das pessoas,
uma vez que muitas alterações faciais passíveis de tratamento estético, a exemplo da acne e suas
sequelas, uma dermatose de curso prolongado, impactam na saúde psicológica, contribuem para baixa
autoestima, isolamento social e ansiedade (SEGRE, 1997; TASSINARY, 2019).

11
TÉCNICAS EM ESTÉTICA FACIAL

Unidade I
1 INTRODUÇÃO À ESTÉTICA FACIAL

Das descrições da Rainha Nefertiti, século XIV, no Egito Antigo, até as pinturas de Leonardo da Vinci,
a busca da beleza foi uma constante na história retratada nas obras dos grandes artistas e nos papiros,
planta abundante no Egito utilizada como percussor do papel para registros escritos, objetos utilizados
na época e na arte na forma de pinturas.

No museu do Louvre, em Paris, alguns objetos como taças de unguentos, paletas e pigmentos, jarras
com produtos de maquiagem e colheres para pinturas demonstram os cuidados com saúde e beleza ao
longo da história antiga. Objetos que auxiliavam na higienização do corpo com banhos, cuidados com
os dentes, misturas de óleos, ceras, incensos, argilas e outras substâncias eram utilizadas para ressaltar
a beleza, cuidar da pele e ressaltar a beleza de homens e mulheres que já utilizavam utensílios para
promover a depilação, uma medida para prevenir parasitas.

Na Grécia, no Egito e em todo o Oriente Antigo, o poder dos óleos explorava as características
particulares das plantas e minerais, utilizando-os nas massagens e na maquiagem, eram conhecidos e
utilizados nos rituais diários de beleza (SOUZA, 2004).

Figura 2 – Busto da rainha Nefertiti, século XIV, Egito Antigo

Cleópatra, a rainha do Egito no século I a.C., também influenciou o hábito de cuidados com a pele
que se modificaram ao longo dos tempos, mas se mantêm até os dias de hoje. Ela se destaca pelo uso
de maquiagem e um dos elementos principais era a pintura utilizada para proteger os olhos do sol e de

13
Unidade I

insetos, feita com khol, pigmento em pó rico em chumbo e óleo. Também difundiu o banho com leite de
cabra, que mantinha a pele macia e jovem (LACRIMANTI; VASCONCELOS; PEREZ, 2014).

Figura 3 – Representação de Cleópatra, rainha do Egito

Em Roma, Popeia Sabina, segunda esposa do imperador de Roma, cuidava da pele do rosto com
máscaras feitas com uma mistura de miolo de pão, farinha de favas (feijões) e leite de jumenta, acrescido
de fragrâncias especiais. Podemos dizer que foi a percussora dos cremes faciais noturnos, que têm como
marco o século II d.C. Galeno, quando um médico grego desenvolve um creme à base de cera de abelha,
azeite de oliva e água (LACRIMANTI; VASCONCELOS; PEREZ, 2014).

Observa-se, no século XVI, uma especial atenção à beleza da parte superior do corpo, ressaltando
a delicadeza da pele, a intensidade dos olhos e a harmonia dos traços. Nesse período, o empoamento
do rosto era muito utilizado. Com o passar dos tempos, alguns aspectos se sobressaem. No século XVIII,
a personalização dos penteados e o uso de cosméticos de acordo com o tom de pele de cada pessoa
revelam a procura por realçar as características que marcam a identidade de cada um.

No século XIX, uma importante mudança marca o sentido da beleza, que se ajusta a uma mulher
mais autônoma, que trabalha e, dessa forma, revela uma beleza dinâmica que alia leveza e libertação,
que se contrapõem à ditadura da beleza estabelecida no século seguinte, à padronização da magreza
como símbolo de beleza, à remoção cirúrgica de toda e qualquer marca que evidencie o processo de
envelhecimento que impõe sacrifícios e buscas inatingíveis às mulheres (MORENO, 2008).

A história que aborda a beleza feminina aponta que, desde o século XVI, o conceito passou por
alterações, como a valorização do rosto e do colo, dos volumes corporais e a sutil expressão dos
sentimentos e o bem-estar da alma, modificando e ampliando os parâmetros da beleza (MORENO, 2008).

14
TÉCNICAS EM ESTÉTICA FACIAL

Atualmente, o sentido de beleza se multiplicou com o advento da internet, da globalização, das redes
sociais; apesar de aproximar e intensificar a comparação com as celebridades, ocorre uma demanda
por enaltecer a diversidade e a pluralidade das formas e manifestações de beleza, encorajando todos
a encontrarem e ressaltarem o que lhes faz sentir belos e de bem consigo mesmo. Ocorre o fenômeno
de democratização da beleza, o que caminha ao encontro do acesso aos recursos que nos auxiliam a
encontrar o “nosso belo”. O culto dos elementos estéticos passa a ser relevante e afeta o comportamento
dos indivíduos em relação a sua beleza. São centenas de produtos, equipamentos, técnicas e a formação
de profissionais especializados para aliar os diversos recursos tecnológicos e cosméticos à restauração ou
manutenção da saúde e da beleza das diversas regiões corporais, de forma minimamente invasiva, sem
interferir na rotina e convivência social com os menores impactos e efeitos colaterais (MORENO, 2008).

A busca por recursos que melhorem a saúde é uma constante na sociedade, o que também está
relacionada com o aumento da expectativa de vida. Em 1940, a expectativa de vida da população
brasileira era de 50 anos, já em 2015, o IBGE indicava um tempo médio de vida de 75,5 anos, são vários os
fatores responsáveis por esse aumento, como a melhora da renda média da população, implementação
e acesso ao saneamento básico e a informações de saúde e higiene, bem como o desenvolvimento da
ciência e da saúde que passou por uma grande evolução nos campos do diagnóstico, tratamento e nas
ações de prevenção. A população tem maior consciência da importância do investimento no cuidado
com a saúde ao longo da vida para se ter um envelhecimento ativo e saudável, dessa forma, a procura e
o investimento em recursos que retardem o envelhecimento é uma constante (OMS, 2015).

A palavra estética tem diversos significados, segundo o dicionário Michaelis, o termo estética foi
cunhado pelo filósofo alemão Alexander Baumgarten (1714-1762), esse termo vem do grego aiesthétiké,
diz respeito a nossa capacidade de receber impressões sensíveis dos objetos que nos cercam por meio
dos cinco sentidos, a apreciação da beleza ou da combinação de qualidades que dão prazer aos sentidos.
Ramo da filosofia, a ciência da reflexão sobre a arte e sobre o belo, na qual diversos filósofos em todos
os tempos se debruçam para repensar sobre a experiência estética como arte e beleza. Também está
relacionada à atividade profissional que visa à busca da beleza física por meio de tratamentos que
empregam conhecimento, tecnologia e cosméticos para restaurar e embelezar a pele (HERWITZ, 1995;
MICHAELIS, 2020).

A relevância e o apreço aos elementos estéticos afetam o comportamento das pessoas em relação a
sua beleza e estimulam o investimento pessoal na busca por produtos e serviços que possibilitem sanar
as preocupações e a vaidade em relação a sua aparência, que se traduzem em cuidados e a busca por
tratamentos. Cuidar da saúde e da beleza tem relação com o conceito de imagem pessoal e profissional.
Muitas vezes, são detalhes que, somados, constituem a imagem pessoal do indivíduo, que impactam a
vida de homens e mulheres e transmitem a mensagem de cuidado, refletem na autoestima da pessoa e
melhoram ou atrapalham as relações pessoais, sociais e de trabalho.

O cuidado com a manutenção do corte de cabelo ou da barba ou com a oleosidade excessiva da pele
e cabelo, presença de acne, popularmente chamada de cravos e espinhas, quando não realizado pode
interferir nessas relações. Ao passo que o autocuidado auxilia na formação da autoimagem coerente
com o que realmente se é, estimula o amor-próprio e autoconfiança, que repercutem positivamente na
vida da pessoa (STREHLAU; CLARO; LABAN NETO, 2015).
15
Unidade I

O segmento da estética se modificou ao longo dos últimos 20 anos, a introdução de inovações, troca de
informações e aprimoramento técnico associados à constante evolução da ciência estética, das inovações
na cosmetologia como os neurocosméticos, células-tronco de origem vegetal como ativos cosméticos,
impulsionam a área e colocam o segmento da estética facial como uma das principais vertentes da área,
contribuindo para o desenvolvimento de técnicas menos invasivas e eficazes de promover resultados
satisfatórios para a melhora da estrutura da pele, uniformização de sua tonalidade e textura. Manutenção da
hidratação e prevenção do envelhecimento precoce são tratamentos realizados rotineiramente nas clínicas de
estética, sendo indispensável o conhecimento em anatomia e fisiologia da pele e das estruturas adjacentes.

Espera-se do profissional que atua na área da estética facial postura ética e que esteja preparado para
interagir com uma equipe multiprofissional de forma harmônica e autônoma, de maneira a contribuir
com o processo de restauração ou manutenção da beleza por meio de sua qualificação e atualização
profissional, para oferecer de forma responsável e embasada no conhecimento técnico cientifico os
melhores e mais adequados tratamentos para suprir as necessidades de cada cliente (PEREIRA, 2013).

1.1 Sistema tegumentar e sistema muscular

1.1.1 Sistema tegumentar

Para o esteticista, é fundamental o conhecimento detalhado sobre a pele, suas camadas, células,
anexos, fisiologia e lesões que podem surgir em algum momento da vida do indivíduo, somente em
posse desse conhecimento que você irá conseguir realizar o correto diagnóstico e planejar o melhor
tratamento para cada cliente.

Assim, vamos juntos estudar a pele, esse tecido dinâmico e vivo, de forma detalhada. Ela e seus
anexos (pelos e glândulas) fazem parte do sistema tegumentar, é considerada o maior órgão do corpo
e o mais externo, reveste quase toda a superfície corporal, com exceção dos orifícios alimentares,
olhos e a mucosa nasal. Faz a conexão dos órgãos internos aos estímulos externos, funciona como um
envelope para o corpo, precisa estar saudável e íntegra para desempenhar diversas funções, como a
proteção contra agentes químicos, como sabões, alvejantes, tintas, substâncias químicas que devem
ficar na superfície cutânea; como também agentes biológicos, como bactérias, fungos e vírus, os quais
não devem penetrar no organismo. Outra função que a pele realiza é a proteção de órgãos vitais de
pequenos traumas e infecções, bem como a proteção dos efeitos prejudiciais da radiação solar, esta
realizada pelos melanócitos, células localizadas na epiderme (HILL, 2016; TASSINARY, 2019).

Também tem a função de percepção das sensações táteis, devido aos inúmeros receptores e terminações
que são receptores neurais que fazem a comunicação entre a superfície cutânea e o sistema nervoso
central. Esses receptores captam sensações como toque, temperatura, vibração e pressão, o que desencadeia
respostas como, por exemplo, um toque muito forte que pode promover sensação dolorosa ou aumento da
temperatura externa que pode causar liberação de substância que promove a vasodilatação ou o rubor (HILL,
2016; TASSINARY, 2019).

Outra função da pele é a síntese e absorção da vitamina D, que ocorre a partir da absorção da
radiação ultravioleta B (UVB) do sol pela pele. A radiação UVB ativa substâncias precursoras de vitamina
D que estão armazenadas nas camadas mais profundas da epiderme (estratos espinhoso e basal).
16
TÉCNICAS EM ESTÉTICA FACIAL

A vitamina D é fundamental para diversos processos do organismo como importante regulador da


fisiologia osteomineral, em especial do metabolismo do cálcio e de outras funções, como a modulação
da autoimunidade e síntese de interleucinas inflamatórias, controle da pressão arterial e regulação dos
processos de multiplicação e diferenciação celular, bem como função antioncogênica (CASTRO, 2011;
TASSINARY, 2019).

Respostas imunológicas são iniciadas pelas células de defesa que estão localizadas na epiderme,
como as células de Langerhans, que detectam substâncias estranhas ao organismo, e os mastócitos,
células presentes no tecido conjuntivo que armam a resposta inflamatória em caso de lesão na pele.
Os mastócitos são células responsáveis pela liberação da histamina, um potente mediador químico
responsável pela vasodilatação. A vasodilatação é uma reação que pode ser observada quando ocorre
uma picada de inseto.

Figura 4 – Células de Langerhans em contato com agentes estranhos capturam-nos para impedir a invasão

• Conservação dos fluídos corporais, limitando a perda de água transepidérmica e a umidade


excessiva, preservando a homeostase hídrica na epiderme (HILL, 2016).

• Excreção de substâncias pela pele, como líquidos e toxinas pelas glândulas sudoríparas, que
também atuam como reguladores da temperatura corporal.

• Secreção de sebo pelas glândulas sebáceas tipo glandular constituído por ductos que desembocam
em um folículo piloso, liberando seu conteúdo na superfície cutânea (LACRIMANTI; VASCONCELOS;
PEREZ, 2014; JUNQUEIRA; CARNEIRO, ABRAHAMSOHN, 2014).

A face, assim como outros segmentos corporais, reúne tecidos que a compõem, interagem entre si e
influenciam as características faciais, são eles os tecidos epitelial, conjuntivo, tecido adiposo, muscular,
ósseo e cartilaginoso. Do nascer ao envelhecer passam por mudanças que influenciam a aparência de
cada um de nós. O que comemos, o quanto de sol tomamos, o quanto nos hidratamos e as emoções que
sentimos, tudo somado é refletido pela face.
17
Unidade I

É importante conhecer e entender como todos esses tecidos e elementos interagem para podermos
realizar os tratamentos faciais.

A pele é constituída por duas camadas, a epiderme e a derme, suas porções epitelial e conjuntiva
têm sua origem embrionária no ectoderma e no mesoderma, respectivamente, e estão acima da porção
hipodérmica também denominada tela subcutânea. A espessura do tecido epitelial varia de acordo com
a região corporal, em algumas regiões ele é considerado espesso, como nas plantas dos pés, palmas
das mãos e nos joelhos. Em outras áreas, como na região facial, é classificado como fino ou muito
fino, como é o caso da região palpebral (LACRIMANTI; VASCONCELOS; PEREZ, 2014; BORGES, 2016;
WONG et al., 2015).

Pelo

Poro
Papilas dérmicas

Camada córnea
Epiderme

Derme
Músculo eretor do pelo
Glândula sebácea

Hipoderme

Veia
Artéria

Glândula sudorípara

Figura 5 – Tecido tegumentar

A espessura da pele também varia de acordo com a idade cronológica, o sexo e a constituição
individual, quantidade de material componente e sua organização estrutural (ORIÁ, 2003; BORGES, 2016).

Camadas da epiderme

A epiderme é a camada mais externa, avascular (sem vasos sanguíneos ou linfáticos), formada por
tecido epitelial, com células justapostas formando um epitélio estratificado, ou seja, formado por várias
18
TÉCNICAS EM ESTÉTICA FACIAL

camadas de células. As células predominantes na epiderme são os queratinócitos, cerca de 80% do total
de células que compõem essa camada da pele, eles sintetizam uma proteína denominada queratina, que
confere proteção à pele.

Os queratinócitos estão organizados em quatro camadas, na maior parte do corpo, que se


renovam de forma constante por meio da diferenciação dos queratinócitos localizados na camada
mais profunda da epiderme, a camada basal. Esse processo é constante em um ciclo que dura em torno
de 28 a 35 dias, mas pode ser mais longo em pessoas idosas, em torno de 45 dias, para a renovação
completa da epiderme (HILL, 2016; TASSINARY, 2019).
Estrutura da epiderme

Camada córnea

Camada de
transição (lúcida)
Migração
celular na
epiderme
Camada granulosa

Camada espinhosa

Camada basal

Membrana basal

Figura 6 – Renovação celular

Na região da face, a epiderme é composta por quatro camadas, a mais profunda é a basal, também
denominada camada germinativa ou estrato germinativo, constituída por uma única fileira de células
cúbicas, criando uma base sólida de pele. Abaixo dela encontra-se a derme, e acima, a camada espinhosa
(HILL, 2016; TASSINARY, 2019).

A camada basal abriga um pequeno percentual, em torno de 10% de células-tronco, as quais se


diferenciam lentamente em condições normais e, quando necessário, como em condições de injúria, há
a presença de fatores de crescimento como TGFA, EGF e KGF, acontecendo o processo de mitose, ou
seja, a multiplicação celular é estimulada (BORGES 2016; TASSINARY, 2019).

Em contrapartida, quando ocorre a presença de TGFB, retinoides e vitamina D3, ocorre a inibição da
diferenciação dessas células-troncos e a multiplicação dos queratinócitos é estimulada. Os queratinócitos
basais são divididos em dois tipos: células amplificadoras (50%) e células pós-mitóticas (40%), que se
movem para a superfície da epiderme (BORGES 2016; TASSINARY, 2019).

19
Unidade I

Essas células se diferenciam e migram rumo à superfície em um processo que dará origem a outros
estratos. Eles apresentam, no citoplasma celular, filamentos intermediários de queratina que se tornam
mais numerosos à medida que os queratinócitos se movem em direção à superfície, nesse caminho rumo
à superfície, os queratinócitos passam por muitas alterações. A medida que se distanciam da camada
basal, sofrem com o distanciamento da fonte de nutrição, as células se achatam, perdem suas organelas
e a membrana celular fica mais espessa à medida que a célula perde água, enrijecem e impermeabilizam
de forma parcial a epiderme, contribuindo com a função de proteção exercida pela epiderme (BORGES,
2016; HILL, 2016).

Uma outra célula presente na camada basal da epiderme é o melanócito (5% a 10%), célula grande
que sintetiza melanina, pigmento que confere cor a pele, olhos e cabelo, cuja função é proteger o DNA
celular contra a ação nociva da radiação ultravioleta A e B.

Elas estão localizadas entre os queratinócitos basais, em torno de um melanócito a cada oito
queratinócitos, no seu interior estão presentes organelas intracelulares especializadas denominadas
melanossomos, nas quais é sintetizada a melanina e, a partir dos prolongamentos dos melanócitos,
ocorre a transferência do pigmento para o interior dos queratinócitos vizinhos, em torno de 30 a 40, que
formam a unidade epidérmico-melânico (BORGES, 2016; HILL, 2016; TASSINARY, 2019).

Observação

A proporção entre melanócitos e queratinócitos varia. Ao longo da vida,


ocorre diminuição de melanócitos, o que afeta a capacidade de proteção da
pele com o processo de envelhecimento.

Também estão nessa camada as células de Merkel (3%), pequenas estruturas denominadas receptores
e são considerados de alta sensibilidade, são responsáveis pela percepção da sensação de toque, estão
distribuídas na superfície cutânea de todo o corpo, porém são mais numerosos em mãos, dedos, pés e
principalmente lábios e língua. Sua ativação ocorre a partir da deformação da pele produzida por uma
pressão suave e contínua, como, por exemplo, é o que acontece durante a massagem, com a execução
da manobra que tem o objetivo de entrar em contato com a pele do cliente, realizando o deslizamento
superficial, de forma suave e delicada ou até mesmo a passagem de um pincel sobre a pele, e durante a
higienização, durante o deslizamento do algodão (COHEN, 2001; BORGES, 2016).

A camada seguinte é a espinhosa, também denominada camada de Malpighi, é formada por oito a
dez fileiras de células que variam de acordo com a região do corpo e outros fatores endógenos como
hormônios e a vascularização, e fatores exógenos, como a radiação UV.

Aqui, os queratinócitos já passaram por algumas modificações, apresentam-se com formato poligonal,
o que justifica serem também denominadas células espinhosas. Outras modificações importantes
ocorrem, apresentando, assim, os primeiros sinais de queratinização. Os queratinócitos apresentam
grande quantidade de filamento que se unem aos desmossomos, pequenas estruturas que interligam as
células, conferindo resistência aos estresses físicos (HILL, 2016; TASSINARY 2019).
20
TÉCNICAS EM ESTÉTICA FACIAL

É nessa camada que estão localizadas as células de Langerhans, que correspondem de 2% a 8% das
células da epiderme, elas fazem parte do sistema imunológico, são células dendríticas, menores que
os queratinócitos, porém seus prolongamentos alcançam vários queratinócitos, defendendo a pele de
possíveis invasores. Quando em contato com substâncias estranhas, como vírus ou bactérias, elas os
capturam, fagocitam e transportam para os linfócitos T, que estão nos linfonodos do sistema linfáticos
para que sejam eliminadas (BORGES, 2016; HILL, 2016).

As estruturas da
epiderme

Estrato córneo
Estrato lúcido
Estrato granuloso

Estrato espinhoso

Estrato basal
Queratinócito basal
Membrana basal
Derme Melanócito na camada basal

Figura 7 – Estratos da epiderme

Saiba mais

Fatores de crescimento são diferentes citocinas sintetizadas por células


do próprio organismo, eles realizam a comunicação química entre elas e
modulam a diferenciação ou inibição de diferentes tipos celulares. Para
obter mais informações sobre esse tema, leia o artigo:

CIRILLO, V. et al. Uso de fatores de crescimento em cosméticos no


combate ao envelhecimento cutâneo. Revista Eletrônica Biociências,
Biotecnologia e Saúde, Curitiba, n. 13, p. 59-67, set.-dez. 2015. Disponível
em: https://interin.utp.br/index.php/GR1/article/view/2297/1912. Acesso em:
11 nov. 2020.

21
Unidade I

Quando as células alcançam a subcamada granulosa, tornam-se achatadas e seu citoplasma fica
mais rico em grânulos de querato-hialina, ao mesmo tempo, o núcleo se desintegra, é um estrato com
intenso metabolismo celular, com modificações dos elementos celulares para a formação de grânulos
e outras substâncias, como glicoproteínas, ácidos graxos, fosfolipídios e glicoceramidas. Todas essas
substâncias são importantes para a transição da camada granulosa para o estrato córneo. À medida que
as células dessa camada ficam mais superficiais, elas deixam de ser banhadas pelo líquido extracelular,
intensificam a desintegração do núcleo e as células morrem (HILL, 2016; TASSINAY, 2019).

A camada córnea é composta por células desidratadas, planas e largas, é a camada mais superficial
da epiderme. Nesse estrato, as células já passaram por modificações físicas e bioquímicas que levam à
formação de uma barreira lipídica extracelular, também denominado fator de hidratação natural (FHN),
que atua na manutenção e homeostasia da água e de eletrólitos no interior do organismo, funciona
como barreira protetora mecânica. Os peelings mecânicos ou químicos atuam nessa camada, facilitando
sua descamação e promovendo a renovação celular.

Descamação do
estrato córneo Estrato córneo

Estrato lúcido

Estrato granuloso

Estrato espinhoso

Estrato espinhoso
Estrato basal

Derme

Figura 8 – As diferentes camadas da epiderme – descamação do estrato córneo

Junção dermoepidérmica

A epiderme se une à derme por uma fina lâmina, constituída por uma camada de glicoproteínas e
proteoglicanas que funciona como uma barreira seletiva de filtração de substâncias que se deslocam
entre a epiderme e a derme, promovendo a nutrição da epiderme.
22
TÉCNICAS EM ESTÉTICA FACIAL

A epiderme e a derme se unem por meio de projeções que apresentam diversas funções como suporte
para epiderme, aumento da área de contato, garantia de aderência entre as camadas, bem como a
nutrição, como já mencionado, formando uma barreira semipermeável. As projeções da epiderme em
direção à derme são denominadas cristas epidérmicas e as projeções da derme em direção à epiderme
são denominadas papilas dérmicas.

Epiderme

Cristas epidêmicas Células de Merkel

Derme

Papilas dérmicas

Figura 9 – Junção dermoepidérmica

Camadas da derme

Abaixo da epiderme está localizada a segunda camada da pele, que é considerada uma camada de
sustentação, constituída por tecido conjuntivo propriamente dito, ricamente vascularizada (sistema
circulatório e linfático), abriga nervos, receptores sensoriais e alguns tipos celulares, como fibroblastos,
células dendríticas e mastócitos, linfócitos, macrófagos e leucócitos. Também é nessa camada que
encontramos os anexos cutâneos.

É importante retomar os conhecimentos de anatomia e fisiologia desse tecido, pois muitas das
alterações que são tratadas pelo esteticista acomete essa porção da pele, assim os recursos que
são utilizados para o tratamento das disfunções faciais visam mudanças e interações com os
componentes dessa região.

A célula mais abundante é o fibroblasto, uma célula grande em formato estrelado. Como sintetiza
os componentes da matriz extracelular, o retículo endoplasmático rugoso e o complexo Golgiense,
organelas que participam da síntese de proteínas, são bem desenvolvidos.

Saiba que essa camada apresenta espessura que varia entre 0,6 mm em regiões de pele fina como
a face e até 3 mm em outras áreas, como a região dorsal masculina. Essa diferença de espessura
da derme ocorre principalmente pela variação na quantidade de material presente e a organização
estrutural dessa camada, fatores que variam com a idade, sexo, etnia, influenciando as funções da derme,
como força, elasticidade e estrutura.

23
Unidade I

Com o processo de envelhecimento, alterações na estrutura e no funcionamento do tecido conjuntivo


ocorrem, essas alterações acentuam-se nas últimas décadas de vida, ocorre diminuição da rede vascular,
atividade dos fibroblastos e mudanças da matriz extracelular, que iremos estudar mais profundamente
em breve (LAPIÈRE, 1990; TSUJI; HAMADA, 1981).

A derme apresenta duas camadas que se diferenciam pelas características de seus componentes e
consequentemente sua função. A região mais superficial dessa camada é denominada derme papilar ou
derme superficial, sua principal função é o suporte que proporciona à epiderme, fornecendo nutrientes,
oxigenação e hidratação. Também contribui com a regulação da temperatura corporal por meio dos
mecanismos de vasodilatação e vasoconstrição do sistema sanguíneo (TASSINARY, 2019; HILL, 2016).

Como já mencionado, a derme é constituída por tecido conjuntivo propriamente dito, que na camada
papilar é frouxo e na camada reticular é denso não modelado, uma característica que indica uma
diferença muito importante na sua função e constituição das regiões. As fibras de colágenos e elastina
predominantes nessa porção são finas e se projetam verticalmente para se encaixarem na epiderme
ocupando a região das papilas. Aqui se concentram os fibroblastos, vasos sanguíneos de menor calibre,
capilares linfáticos, receptores sensoriais denominados corpúsculos de Meissner, todas essas estruturas
banhadas por substância amorfa, rica em glicosaminoglicanos (GAGs), que preenchem os espaços entre
fibras, células e vasos, retêm água e conferem espessura ao tecido.

Já na derme reticular, as fibras de colágeno e elastina dessa camada são grossas e dispostas
horizontalmente, formando feixes densos, posicionados paralelamente com a superfície da pele, conferindo
resistência à tração. Nessa camada também há presença de fibroblastos em menor concentração. Além
de sintetizar as fibras de colágeno e elastina, participa da produção de outras substâncias que compõem
a derme com as glicoproteínas, o ácido hialurônico e as proteoglicanas, que retêm água nesse tecido
e formam um gel, contribuindo com a resistência da pele às forças de tensão e compressão, ainda
sintetizando fatores de crescimento que modulam a proliferação e a diferenciação celular.

O equilíbrio entre a produção e a degradação do colágeno mantém a normalidade do tecido. Nesse


sentido, a presença das enzimas colagenase e estromelisinases, que são metaloproteinases de matriz,
fazem parte das proteinases, ou seja, são proteínas que agem como enzimas, e sua função é a degradação
das fibras de colágeno, esse processo é denominado remodelagem da matriz extracelular (LADEIRA, et al.,
2011; BORGES, 2016).

Outros receptores localizados na derme são os corpúsculos de Pacini e as terminações de Ruffini,


localizados em menor densidade e mais profundamente na derme. Podem ser ativados quando se inicia
ou se interrompe o contato com o objeto, ou seja, são ativados por pressão intermitente, estímulos de
estiramento da pele.

As terminações nervosas livres que também estão na derme funcionam como um alarme do organismo
aos estímulos que podem provocar uma lesão. Essas estruturas captam a informação dolorosa, como,
por exemplo, quando tocamos em objetos pontiagudos ou um toque com tamanha força que provoque
dor (COHEN, 2001).

24
TÉCNICAS EM ESTÉTICA FACIAL

Veja na imagem a seguir a localização dos mecanorreceptores, estruturas que fazem parte do sistema
sensorial e estão localizados na pele.

Epiderme

Derme
Glândula
sudorípara
Corpúsculo de Meissner

Corpúsculo de Corpúsculo de Disco de Merkel Terminação


Pacini Rufini nervosa livre

Figura 10 – Junção dermoepidérmica

Glicosaminoglicanas

As glicosaminoglicanas são um conjunto de substâncias que estão presentes na substância


fundamental amorfa que compõe a matriz extracelular. São um tipo de açúcar composto por duas
unidades que se repetem ligados a um ácido urônico. Entre elas, encontramos o tão comentado
ácido hialurônico, cuja síntese ocorre na membrana plasmática do fibroblasto. Esse polissacarídeo
glicosaminoglicano de alto peso molecular pode ser encontrado na matriz extracelular associado às
proteoglicanas, a outros mucopolissacarídeos e à água (SALLES et al., 2011; BORGES, 2016; MONTANARI,
2016; TASSINARY, 2019).

Essa substância realiza a hidratação, lubrificação e estabilização da matriz extracelular dificultando


a passagem de microrganismos, além de contribuir para o preenchimento do tecido e participar do
processo de cicatrização (MONTANARI, 2016; SALLES et al., 2011)

Vascularização

A derme é ricamente vascularizada e é responsável pela nutrição, termorregulação, reparo tecidual,


manutenção da pressão arterial e respostas imunológicas. Ela ocorre por meio de dois plexos que estão
dispostos paralelamente e se comunicam. O mais superficial, localizado abaixo das papilas dérmicas,
responsável pela vascularização da derme, é denominado plexo subpapilar e é constituído por capilares,
arteríolas e vênulas das papilas dérmicas.

25
Unidade I

Mais profundamente, na região dermo-hipodérmica, localiza-se o plexo inferior ou plexo cutâneo,


formado por vasos de maior calibre e perfurantes dos músculos que estão logo abaixo da pele (BORGES,
2016; TASSINARY, 2019).

Eixo do pelo

Músculo eretor do pelo

Epiderme
Glândula sebácea
Plexo subcapilar
Folículo piloso Derme
Raiz do pelo

Vaso sanguíneo da derme


Tela subcutânea
Plexo cutâneo

Figura 11 – Anexos da pele

Anexos cutâneos

Na derme, encontramos os anexos cutâneos, entre eles as glândulas sebáceas e sudoríparas. Estas,
além da própria função de secreção e excreção realizada por cada uma delas, também são consideradas
vias para introdução de cosméticos, essa função também ocorre nos folículos pilosos.

Cabelo Poro

Epiderme

Derme

Camada
adiposa

Figura 12 – Anexos da pele

26
TÉCNICAS EM ESTÉTICA FACIAL

As glândulas sudoríparas são como ductos retos na porção mais superficial e curso enovelado na
sua porção mais profunda, que encaminham o suor para fora do organismo, desembocando na pele
por orifício denominados poros. Elas estão distribuídas por toda a superfície cutânea. Na face, glândula
sudorípara presente é do tipo écrina, ela desemboca diretamente na superfície cutânea. Adultos em
condições normais secretam em torno de 100 a 500 mL de suor por dia (HILL, 2016; TASSINARY, 2019).

O produto secretado por essas glândulas apresenta em sua constituição água, proteína, sódio,
potássio, ureia, amônia, lactato, aminoácidos, ácido úrico entre outros.

Estão entre as funções desse tipo glandular contribuir com a manutenção da hidratação da pele por
meio da secreção desse fluído que apresenta fatores hidratantes como o lactato, a ureia além do sódio
e do potássio. Também atua na hidratação ao se misturar ao sebo quando atinge a superfície cutânea,
mantendo a saúde desse tecido pelo auxílio na manutenção da microbiota da pele (DAL GOBBO, 2010;
BORGES, 2016; HILL, 2016; TASSINARY, 2019)

Na área da estética facial, utilizamos muitos cosméticos. Eles são permeados por meio da pele com ou
sem auxílio de equipamentos de eletroterapia e as glândulas sudoríparas são estruturas muito importantes
para a penetração desses ativos presentes nos cosméticos, uma vez que são ricas em sódio e potássio,
facilitam a permeação desses ativos, pois esses íons que penetram pelas glândulas são transportados para a
circulação capilar através das arteríolas que irrigam a base das glândulas (BORGES, 2016; TASSINARY, 2019).

Na imagem a seguir, você pode observar o esquema da glândula sudorípara e em evidência sua
porção secretora e a porção condutora, pela qual o suor que foi produzido é transportado para ser
liberado na pele.

Figura 13 – Glândula sudorípara

27
Unidade I

As glândulas sebáceas são pequenas estruturas, constituídas por um curto ducto, de epitélio
estratificado pavimentoso secretoras de sebo. Na sua composição, são encontradas porções de colesterol,
ácidos graxos, ésteres, triglicerídeos e escaleno. Essa mistura é liberada pela glândula no folículo piloso
sendo conduzida para a superfície cutânea. A quantidade de sebo produzida pelas glândulas varia de
acordo com idade e região, sendo estimulada pela atividade hormonal, uma vez que são importante sítio
de atividade dos andrógenos.

O conjunto formado por uma glândula sebácea, um folículo piloso e o músculo eretor do pelo, é
chamado unidade pilossebácea. As maiores glândulas sebáceas são encontradas na face e no tronco
superior. O número de glândulas sebáceas não altera ao longo da vida, porém seu tamanho e atividade
podem se diversificar com variações hormonais, principalmente dos hormônios andrógenos (HILL, 2016;
ZOUBOULIS, 2004).

Pelo
Epiderme

Glândula
sebácea

Tecido
epitelial

Figura 14 – Unidade pilossebácea

Já na camada córnea, o sebo se une ao suor e forma uma mistura denominada manto hidrolipídico.
A função do sebo é a lubrificação da pele e pelos, contribui com a manutenção do pH ácido da pele,
em torno de 5,5, e equilíbrio da microbiota residente, quando em quantidades fisiológicas, dessa forma,
dificulta o crescimento de microrganismos oportunistas, além de manter a maciez da pele (BORGES, 2016).

Folículo piloso

Os folículos pilosos estão distribuídos por praticamente toda a superfície corporal, essa estrutura tem
a função de revestimento e produção do pelo. Estão anexados ao folículo piloso o músculo
eretor do pelo e a glândula sebácea. Esse conjunto de estruturas é denominado unidade pilossebácea
e está localizada na derme, mas é uma haste rodeada de revestimento epitelial em continuidade com
a epiderme, ou seja, o pelo se origina de uma invaginação da epiderme, observe a figura anterior (DAL
GOBBO, 2010; BORGE, 2016; TASSINARY, 2019).

O pelo recobre o corpo com a função de proteger contra as alterações de temperatura e contribuir
com homeostasia térmica, função sensorial, proteger da radiação ultravioleta e de partículas externas
ao corpo. Ele é composto por queratina e, na região da face, encontramos predominantemente pelos
muito fininhos denominados velo ou lanugo (BORGES, 2016; HILL, 2016; TASSINARY, 2019).

28
TÉCNICAS EM ESTÉTICA FACIAL

pH

A sigla pH refere-se ao potencial hidrogeniônico, é uma escala muito utilizada, indica a acidez,
alcalinidade ou neutralidade de um meio. Esse índice é especialmente importante para os tratamentos
faciais, pois as alterações de pH estão relacionadas com a manutenção da saúde da pele, ele é considerado
um importante indicador funcional da pele, dessa forma, para você, aluno, futuro profissional, que irá
realizar procedimentos para restaurar o equilíbrio da produção de sebo, tratar acne, hidratar, aplicar
peelings químicos, é imprescindível entender de pH e conhecer o pH da pele e as possíveis alterações
(LEONARDI; GASPAR; CAMPOS, 2002; BORGES 2016).

Os valores médios do pH fisiológico cutâneo é ácido, considerado uma “proteção ácida da camada”,
aproximadamente entre 4,6-5,8, ele influencia as atividades bactericida e fungicida da pele,
fundamentais para a saúde do indivíduo. O pH pode variar de acordo com a região do corpo, fatores
externos (como por exemplo sabonete, outros cosméticos e temperatura) e fatores hormonais. A pele
feminina apresenta pH médio de 5,5 e os homens apresentam uma pequena variação, ficando em
torno de 5 (LEONARDI; GASPAR; CAMPOS, 2002; BORGES 2016).

O pH fisiológico da pele da face fica em torno de 4,7, resulta da combinação e concentração das
substâncias hidrossolúveis da camada córnea, das secreções sudorípara e sebácea, bem como do ácido
carbônico que chega à superfície da pele por difusão pela junção dermoepidérmica (PEREIRA, 2013;
BORGES 2016). O pH da pele facial de homens e mulheres é diferente, dessa forma o esteticista deve
orientar quais são os produtos mais indicados para cada um.

As secreções cutâneas promovem o restabelecimento do pH fisiológico, que se altera por ação


de detergente, água quente, desequilíbrios hormonais, alterações climáticas, entre outros fatores,
contribuindo com a função protetora da pele (LEONARDI; GASPAR; CAMPOS, 2002; BORGES 2016).

Lembrete
O pH da pele facial de homens e mulheres é diferente, dessa forma
o esteticista deve orientar quais são os produtos mais indicados para os
cuidados diários e tratamentos.

Tela subcutânea

Logo abaixo da derme temos o tecido adiposo, também chamado tela subcutânea, uma camada
constituída por tecido conjuntivo frouxo especializado, repleto de grandes células adiposas, que
apresentam diâmetro de aproximadamente 70 micrometros (μm), mas pode chegar até 200 μm. Estão
presentes os macrófagos, vasos sanguíneos que formam uma rede profunda, e substâncias como os
proteoglicanos e glicosaminoglicanos (BORGES, 2016; MONTANARI, 2016).

O tecido adiposo localizado na face é do tipo amarelo, rico em adipócitos que armazenam lipídios
em seu interior na forma de moléculas de triacilgliceróis, que formam uma única grande vesícula, que
deslocam o núcleo para a periferia da célula.
29
Unidade I

Mitocôndria

Núcleo Gota
lipídica

Figura 15 – Tecido adiposo

Os ácidos graxos armazenados pelo adipócito são provenientes da nossa dieta. Quando ocorre
aumento da insulina após a alimentação, algumas reações químicas são estimuladas e ocorre a
lipogênese, formação de reserva energética. E quando necessário, em situações de déficit de energia
a lipólise é estimulada, uma outra reação, na qual os triglicerídeos são hidrolisados, liberando moléculas
menores que são os ácidos graxos e o glicerol para a corrente sanguínea. Essa cascata de eventos é
desencadeada quando são detectadas baixas concentrações de glicose, o que estimula a produção de
hormônios catabólicos como a adrenalina por exemplo, consequentemente ocorre a diminuição do
volume do adipócito (BORGES, 2016; MONTANARI, 2016; TASSINARY, 2019).

Estas são organizadas em lóbulos separados por septos fibrosos, que formam compartimentos.
É um tecido vascularizado e inervado, com diversas funções como proteção contra traumas, reserva de
energia, preenchimento do espaço entre os tecidos, regulação do metabolismo hormonal e modelagem
corporal (BORGES, 2016; WONG, 2016; TASSINARY, 2019)

Figura 16 – Tecido adiposo

Na região da face, o tecido adiposo contém uma rede de fibras de tecido conjuntivo que se conecta
com a aponeurose muscular e facilita o deslizamento da musculatura durante a contração muscular.
30
TÉCNICAS EM ESTÉTICA FACIAL

Também são encontrados densos compartimentos de gordura, parecidos com uma almofada,
concentrados em algumas regiões da face: região periorbicular dos olhos, temporal, perioral, terço
médio da face, bochecha, região mandibular e mento, que contribuem com o volume e contorno facial,
enquanto a pálpebra não apresenta esse tecido (COLEMAN; SABOEIRO; SENGELMANN, 2008; COIMBRA;
URIBE; OLIVEIRA, 2014; BORGES, 2016).

Gordura orbital superior


Gordura orbital inferior
Gordura orbital lateral
Gordura da bochecha medial
Gordura da bochecha do meio
Gordura nasolabial
Gordura da bochecha temporal lateral
Extensão bucal da gordura bucal

Gordura infraorbicular parte lateral


Gordura infraorbicular parte medial
Gordura da bochecha medial profunda parte medial
Gordura da bochecha medial profunda parte lateral
Extensão bucal da gordura bucal
Espaço Ristow

Figura 17 – Compartimentos de tecido adiposo facial

A tela subcutânea apresenta em sua constituição uma rede de fibras de tecido conjuntivo denso, que
conecta os músculos da mímica facial à pele, essa camada fibromuscular é denominada SMAS, sistema
subcutâneo músculo-aponeurótico, realiza a importante função de sustentação da pele (VASCONCELLOS
et al., 2003; SILVA; ABOUDIB; CASTRO, 2010).

Pele

Fáscia
SMAS temporoparietal

Fáscia
temporal
Fáscia parotídea profunda

Figura 18 – Sistema subcutâneo músculo-aponeurótico (SMAS)

31
Unidade I

Em se tratando de processo de envelhecimento e flacidez facial é uma das estruturas alvo para o
tratamento de rejuvenescimento proporcionando firmeza para a pele.

1.1.2 Músculos da face

Para finalizar os aspectos relacionados à anatomia e composição do complexo facial, vamos abordar
o estudo dos músculos faciais, denominados músculos da expressão facial. Aprender o esquema das
fibras musculares e o sentido da contração muscular nos faz assimilar como ocorre a formação das rugas
que estão relacionadas à mímica facial, iremos abordar esse aspecto posteriormente.

Como já mencionado, os músculos faciais estão conectados à pele pelo SMAS, sendo assim,
influenciam na movimentação e formação das expressões faciais, uma vez que a pele se molda ao
movimento estimulado pela contração da musculatura, formando as rugas e os sulcos. A movimentação
da musculatura facial nos auxiliam a expressar os sentimentos, sensações, além de promoverem funções
fisiológicas e de proteção, como a proteção e lubrificação do globo ocular, a fala e a ingestão de alimentos.

São de contração voluntária, inervados pelos ramos do VII par de nervos cranianos, são músculos
superficiais e estão ligados à pele por pelo menos uma de suas extremidades. Quando se contraem,
promovem uma alteração e adaptação da pele, que para se ajustar forma depressões e elevações, as
quais chamamos de rugas e sulcos. As rugas se formam no sentido perpendicular das fibras musculares
(DAL GOBBO, 2010; COIMBRA; URIBE; OLIVEIRA, 2014; BORGES, 2016).

2 AVALIAÇÃO FACIAL

2.1 Tipologia da pele

Em se tratando de um tecido dinâmico e complexo, sua classificação demanda avaliação minuciosa


e multifatorial. Faça uma pequena experiência e analise a pele de algumas pessoas ao seu redor, observe
que a pele de cada pessoa é única e se diferencia na textura, cor, brilho, consistência, uniformidade,
esses são aspectos que variam de acordo com a idade, etnia, sexo, genética, estado de saúde entre
outras variáveis.

Dessa forma, a pele pode ser classificada utilizando vários métodos, levando em consideração essas
diferentes variáveis mencionadas.

A primeira classificação da pele facial foi proposta pela cosmetóloga e empresária Helena Rubinstein
no início do século XX e até hoje é amplamente utilizada. Ela levou em consideração três fatores, a
hidratação, quantidade lipídeos/oleosidade e a sensibilidade da pele, gerando quatro categorias
ou condições de pele, são elas: eudérmica ou normal, lipídica ou oleosa, alípica ou seca e mista ou
combinada (BAUMANN, 2006; HILL, 2016).

32
TÉCNICAS EM ESTÉTICA FACIAL

Esses biotipos cutâneos se diferenciam pela quantidade de secreção que é o produzida e secretada
pelas glândulas sebáceas, o que pode ser influenciado quando algumas condições, como desequilíbrios
orgânicos (variação hormonal de acordo como a idade), comportamentais (como alimentação
rica laticínios e açúcares) ou ambientais (clima) (KAMIZATO, BRITO, 2014; SCIPIONI; MONTEIRO;
SOLDATELI, 2015).

A seguir, você estudará quais são as características que cada biotipo cutâneo apresenta.

Biotipo eudérmico

Também chamado de normal: há um predomínio do equilíbrio entre a produção de sebo e a retenção


de água, dessa forma, a pele apresenta pH fisiológico que fica em torno de 5,5. Esse equilíbrio confere
à pele bom nível de hidratação, aspecto liso e aveludado, uniforme, flexível, com um brilho natural e
saudável. Esse biotipo cutâneo é decorrente da combinação da hereditariedade e bons hábitos (DAL
GOBBO, 2010; LACRIMANTI; VASCONCELOS; PEREZ, 2014).

Considerada a pele ideal:

• apresenta equilíbrio entre o conteúdo hídrico e graxo, mostrando-se naturalmente hidratada pela
eficiente película hidrolipídica que é formada;

• apresenta pele macia;

• não apresenta dilatação de óstios, que ficam praticamente imperceptíveis;

• quase não apresenta comedões;

• apresenta aspecto corado e sem brilho excessivo;

• apresenta espessura mediana;

• apresenta tônus e elasticidade uniformes.

Você pode usar como referência a imagem da pele da criança de até 10 anos de idade como padrão
da pele eudérmica, uma pele vibrante que reflete a saúde (BAUMANN, 2006; PEREIRA, 2013).

33
Unidade I

Figura 19 – Biotipo eudérmico/normal; à direita, imagem da região nasal obtida pelo dermatoscópio portátil

Biotipo lipídico

Esse biotipo cutâneo é popularmente chamado de pele oleosa, sua principal característica é a
excessiva produção de sebo pelas glândulas sebáceas, também secreta maior quantidade de suor pelas
glândulas sudoríparas, conferindo à pele aspecto untuoso e pH mais alcalino, o que resulta em uma
pele mais resistente a agressões externas, porém facilita o acúmulo de sebo nos orifícios pilossebáceos,
formando os comedões.

Principais características:

• produção excessiva de sebo;

• camada córnea mais espessa;

• aspecto untuoso/brilhoso;

• óstios dilatados principalmente na região centrofacial;

• maior propensão à acne e comedões fechados;

• produção sudoral também aumentada;

• em geral é mais resistente, envelhecendo mais lentamente.

34
TÉCNICAS EM ESTÉTICA FACIAL

Esse biotipo cutâneo é subdividido em:

• Lipídico desidratado: algumas áreas com oleosidade, porém outras áreas podem apresentar
descamações em virtude da falta de água no tecido.

• Lipídico seborreico: popularmente conhecida como untuosa, em decorrência do intenso


aspecto brilhante.

• Lipídico acneica: apresenta em associação à oleosidade diferentes tipos de lesões acneicas, como
os comedões, pápulas e pústulas (BAUMANN, 2006; PEREIRA, 2013).

Figura 20 – Biotipo lipídico/oleoso; à direita, imagem da região nasal obtida pelo dermatoscópio portátil

Biotipo alípico

Esse biotipo apresenta carência na produção de sebo, o que promove falta de umidade e hidratação
da pele, ou seja, as glândulas sebáceas e sudoríparas desse biotipo cutâneo não produzem suas secreções
de forma equilibrada. Ele também é denominado de pele seca. O pH desse biotipo cutâneo é o mais ácido
entre os biotipos.

Principais características:

• produção sebácea insuficiente;

• pele opaca, sem brilho;

• espessura fina com aspecto descamativo;

35
Unidade I

• pouco elástica;

• maior tendência à formação de finas rugas;

• óstios fechados, praticamente não aparecem;

• é um biotipo que está sujeito ao aparecimento de telangiectasias e rugas precoces.

Esse biotipo pode receber uma subclassificação de alípico desidratado, quando a pele apresenta a
incapacidade de reter água na pele. Além da desidratação, observa-se maior sensibilidade, descamação
e aspereza (DALL GOBBO, 2010; BAUMANN, 2006; PEREIRA, 2013).

Figura 21 – Biotipo alípico/seco

Biotipo misto ou combinado

É um biotipo cutâneo muito comum, a pessoa apresenta uma área lipídica, geralmente a zona
central ou zona T da face, que inclui a região frontal, nariz e a região mentoniana, enquanto a regiões
laterais têm características encontradas na pele eudérmica ou alípica (DALL GOBBO, 2010; BAUMANN,
2006; PEREIRA, 2013).

Principais características:

• leve ressecamento nas laterais do rosto;

• pouco brilho;

• oleosidade na zona t;

• óstios dilatados na zona t.

36
TÉCNICAS EM ESTÉTICA FACIAL

Figura 22 – Biotipo misto/combinado: oleosidade zona T

A pele pode apresentar outras características que devem ser levadas em consideração, como a
sensibilidade e a desidratação, essas mudanças são alterações da normalidade da pele.

Pele sensível

A pele pode ainda ser ou estar sensível. Um tipo desafiador de pele para ser tratado. Na prática
clínica, tem-se observado o aumento de relatos sobre a sensibilidade da pele, são inúmeros os fatores
que podem estar relacionados a essa queixa, como mudanças climáticas, alimentação, poluição, uso de
cosméticos inadequados.

A pele seca é mais predominante nas mulheres saudáveis ​​em idade fértil. Enquanto a pele eudérmica
raramente apresenta eitema (vermelhidão), a pele sensível apresenta eritema de forma regular e reage
imediatamente a estímulos externos como alteração de temperatura, cosméticos e estado emocional.

Principais características:

• pele hiper-reativa;

• presença de telangiectasias;

• fraqueza da camada córnea, aspecto fino – a pele fica mais vulnerável fatores exógenos;

• reage mais a cosméticos;

• hiperemia com facilidade;

• pele frágil, irrita e inflama facilmente.

37
Unidade I

A dermatologista Leslie Baumann (2006) relata que são quatro subtipos diferentes de pele sensível:

• Sensível acneica: que apresenta lesões não inflamatórias como comedões abertos e fechados.

• Sensível com rosácea: apresenta predisposição a apresentar rubor facial e sensação de calor.

• Sensível com ardor: a pessoa que apresenta esse tipo de sensibilidade relata a sensação de ardor
ou queimação.

• Sensível alérgico: apresenta predisposição a apresentar eritema, prurido/coceira e descamação


da pele.

Pele desidratada

O desbalanço nas proporções dos componentes do estrato córneo, como ceramidas, colesterol e
ácidos graxos, promove um conjunto de alterações, como a diminuição da capacidade de retenção de
água, tornando-se vulnerável a agentes externos. A pele fica sensível e pode desenvolver a xerose, que
é um ressecamento anormal da pele (BAUMANN, 2010).

Principais características:

• apresenta espessura fina;

• opaca e áspera ao toque;

• tendência ao desenvolvimento de rugas.

Pele espessa

A pele pode estar espessa, sem brilho, opaca, sem viço e com aparência grosseira.

Pele desvitalizada

Essa terminologia é utilizada para se referir à pele sem viço, opaca e com flacidez.

2.1.1 Características que permitem a avaliação da pele

Existem diversas formas para se avaliar a pele facial, de acordo com diferentes aspectos e com o
objetivo do tratamento. Essas características podem ser combinadas ou avaliadas separadamente.

O tecido tegumentar pode ser avaliado quanto à(ao):

• produção sebácea – lubrificação;

• grau de hidratação;

38
TÉCNICAS EM ESTÉTICA FACIAL

• espessura/textura;

• produção da melanina – pigmentações;

• grau de envelhecimento;

• tônus dos músculos;

• presença de lesões elementares.

O crescimento do mercado da beleza e o desenvolvimento da indústria cosmética se intensificam


após o ano 2000. Para se ter uma ideia do desenvolvimento desse setor, no ano de 2011, o setor de
higiene pessoal, perfumaria e cosmético cresceu 18,9% em comparação ao ano anterior. Os produtos
para o cuidado da pele se tornam mais específicos, eficazes e práticos, visam atender as particularidades
de cada pele e disfunção (PEREIRA, 2013).

Diante das inovações, evolução da indústria e das mudanças que ocorreram na legislação, chega
ao mercado os cosmecêuticos, produtos cosméticos com propriedades biológicas, que podem alterar as
características da pele, o que os difere dos cosméticos, que higienizam e adornam a pele (BAUMANN,
2010; PEREIRA, 2013).

Para aquele momento, a forma já estabelecida de se avaliar a pele se mostrou limitada para
contribuir com médicos, esteticistas e consumidores na identificação dos produtos mais adequados
para cada pele. Assim, Leslie Baumann (2006), dermatologista americana, se propõe a ampliar a forma
de avaliar e classificar a pele, abrangendo mais características observadas clinicamente como resistência
ou sensibilidade, pigmentação e tendência na formação de rugas.

Em 2006, Baumann, desenvolve um novo sistema de avaliação, chamado de Baumann SkinTyping


System (BSTS), uma nova abordagem, que expande a classificação para 16 categorias, o que contribui
para a escolha do produto mais indicado para cada tipo de pele.

Considera quatro parâmetros fundamentais:

I – Hidratação: oleosa/seca.

II – Sensibilidade: sensível/resistente.

III – Pigmentação: pigmentada/não pigmentada.

IV – Tendência à formação de rugas: enrugada/firme.

Combinados, geram uma divisão em 16 possíveis tipos de pele:

I – oleosa, sensível, pigmentada e propensa a rugas;

II – oleosa, sensível, pigmentada e firme;


39
Unidade I

III – oleosa, sensível, não pigmentada e propensa a rugas;


IV – oleosa, sensível, não pigmentada e firme;
V – oleosa, resistente, pigmentada e propensa a rugas;
VI – oleosa, resistente, pigmentada e firme;
VII – oleosa, resistente, não pigmentada e propensa a rugas;
VIII – oleosa, resistente, não pigmentada e firme;
IX – seca, sensível, pigmentada e propensa a rugas;
X – seca, sensível, pigmentada e firme;
XI – seca, sensível, não pigmentada e propensa a rugas;
XII – seca, sensível, não pigmentada e firme;
XIII – seca, resistente, pigmentada e propensa a rugas;
XIV – seca, resistente, pigmentada e firme;
XV – seca, resistente, não pigmentada e propensa a rugas;
XVI – seca, resistente, não pigmentada e firme.

Essa avaliação tem uma particularidade, é indicado que em caso de mudanças importantes que
possam ocorrer na vida do cliente, como alterações hormonais, mudança para lugares com climas
diferentes ou estresse, deve-se reavaliar a classificação de base.

Observe o quadro com a classificação pelo sistema proposto por Baumann (2010), a classificação usa
a primeira letra da palavra no idioma inglês.

Quadro 1 – Classificação Baumann SkinTyping System (BSTS)

Oleosa Oleosa Seca Seca Tendência


Pigmentada Não pigmentada Pigmentada Não pigmentada a rugas
Sensível OSPW OSNW DSPW DSNW Enrugada
Sensível OSPT OSNT DSPT DSNT Firme
Resistente ORPW ORNW DRPW DRNW Enrugada
Resistente ORPT ORNT DRPT DRNT Firme
Legenda: O = oleosa; D = seca; T = firme; W = enrugada; R = resistente; S = sensível; P = pigmentada;
N = não pigmentada

Adaptado de: Baumann (2010, p. 930).

Para usar essa classificação avalie as características da pele e encontre a combinação delas. Veja o
exemplo: uma cliente apresenta pele: oleosa, resistente, não pigmentada e firme. A classificação, de
acordo com o quadro anterior, seria O R N T.
40
TÉCNICAS EM ESTÉTICA FACIAL

Para você, futuro esteticista, é fundamental a compreensão de cada tipo de pele e como essas
características influenciam na resposta do tratamento proposto ou ainda qual o tratamento mais
indicado para a combinação das características do seu cliente.

Lembrete

Para usar essa classificação, é preciso ver as características da pele.

2.1.2 Classificação do fototipo cutâneo de Fitzpatrick

A avaliação em relação à pigmentação da pele foi desenvolvida por Thomas Fitzpatrick (1975),
considerado o “pai da dermatologia acadêmica moderna”. Fitzpatrick era dermatologista e, diante dos
desafios do tratamento de doenças como a psoríase e o vitiligo, recorria a protocolos que incluíam o uso
de luz ultravioleta A (UVA) e se viu diante da necessidade de quantificar a exposição a essa radiação e
assim conseguir definir os parâmetros do tratamento (HILL, 2016).

O sistema de avaliação de Fitzpatrick leva em consideração o autorrelato do paciente, no qual ele


responde perguntas sobre a cor da pele natural, sem exposição à radiação solar, ou seja, a pele que não
está bronzeada que está relacionada com a quantidade de melanina, também inclui a cor dos cabelos
e olhos, que são características determinadas pela genética e, para finalizar, considera a resposta da
pele à exposição à radiação solar sem proteção (HE et al., 2014; HILL, 2016).

Essa avaliação gera uma escala com seis fototipos de pele de Fitzpatrick, que compreendem desde a
pele muito pouco pigmentada até a pele mais pigmentada.

Quadro 2 – Escala do tipo de pele de Fitzpatrick

Fotótipo Considerações
Cor da pele Cor dos olhos e dos cabelos Reação ao sol
de Pele étnicas comuns
- Cabelos louros
I Branca Sempre queima, sardas Ingleses e escoceses
- Olhos verdes
- Cabelos louros Sempre queima, sardas, difícil Europeus do norte da
II Branca
- Olhos verdes de bronzear Europa
- Cabelos louros/ castanhos Bronzeia após várias
III Branca Alemã
- Olhos azuis/ castanhos queimaduras, pode ter sardas

- Cabelos castanhos Bronzeia mais que a média, Povos mediterrâneos,


IV Castanha raramente se queima e não europeus do sul,
- Olhos castanhos tem sardas hispânicos

Castanha - Cabelos castanhos/ pretos Bronzeia com facilidade, Asiáticos, indianos,


V raramente se queima e não
escura - Olhos castanhos alguns africanos
tem sardas
- Cabelos pretos Bronzeia, raramente se queima,
VI Negra profundamente pigmentada e Africanos
- Olhos pretos nunca apresenta sardas

Adaptado de: Hill (2016, p. 99).

41
Unidade I

Na figura seguinte, veja os exemplos de fototipos mencionados por Fitzpatrick e como eles reagem
à exposição solar:
Depois de 24 horas da
Cor da pele constituinte exposição solar - apresenta Cor da pele facultativa depois
(antes da exposição solar) queimadura e vermelhidão de 7 dias bronzeamento

I Branca V Preta I Sempre VI I Branca não VI Negra


queima Raramente bronzeia

II Branca V Morena II Sempre V II Bronzeia V Morena


queima Raramente levemente

III Branca IV Branca III Às vezes IV III algum IV


queima Raramente bronzeado Bronzeia

Figura 23 – Bronzeamento e tipo de pele

Em relação à resposta ou comportamento da pele à radiação solar, deve ser sempre questionada
durante a avaliação de forma simples e clara e associada à análise que você está realizando da pele.

Para chegar à pontuação final de cada cliente, você deve somar a pontuação obtida em três
sessões, que são divididas em: disposição genética total, reação à exposição ao sol total, hábitos de
bronzeamento. Cada pergunta tem um valor e a soma gera a pontuação pessoal do cliente. Vejamos
a seguir:

Quadro 3 – Disposição genética total

0 1 2 3 4 Pontuação

De que cor são Azuis-claros, Azuis, cinza Castanho- Preto-


seus olhos: Azuis
cinza ou verdes ou verdes escuros acastanhados

Qual a cor natural Louro escuro Amendoado ou Castanho-


de seus cabelos? Louro Pretos
avermelhado louro escuro escuro

Qual é a cor de
sua pele (áreas Pálida com Castanho
Avermelhada Muito pálida Castanho escuro
não expostas)? tonalidade bege clara

Você tem
sardas em áreas Muitas Várias Poucas Eventuais Nenhuma
expostas?

Adaptado de: Hill (2016, p. 100).

42
TÉCNICAS EM ESTÉTICA FACIAL

Quadro 4 – Reação à exposição total ao sol

0 1 2 3 4 Pontuação

O que acontece Vermelhidão Queimaduras,


quando fica dolorosa, Formação de por vezes Nunca teve
muito tempo formação bolhas seguida Queimaduras
seguidas por queimaduras
ao sol? de bolhas, por descamação descamação
descamação
Em que medida
você fica Dificilmente ou Bronzeia muito
Bronzeado claro Bronzeado
bronzeado? não totalmente facilmente

Você se torna
bronzeado com Às vezes
várias horas de Nunca Raramente Frequentemente Sempre
razoável
exposição ao sol?
Como a sua face Nunca teve
reage ao sol? Muito sensível Sensível Normal Muito resistente
problema

Adaptado de: Hill (2016, p. 101).

Quadro 5 – Hábitos de bronzeamento total

1 2 3 4 5 Pontuação
Quando foi a última Menos
exposição de seu corpo ao Mais de Dois a três Um a dois Menos de um de duas
sol (ou luz de bronzeamento três meses meses atrás meses atrás mês atrás semanas
artificial/creme bronzeador)? atrás atrás
Você expõe ao sol a área a Quase
ser tratada? Nunca Às vezes Frequentemente Sempre
nunca

Adaptado de: Hill (2016, p. 102).

Quadro 6 – Pontuação total

Pontuação de tipo de pele Tipo de pele de acordo com Fitzpatrick


0-7 I
8-16 II
17-25 III
26-30 IV
Mais de 30 V-VI

Adaptado de: Hill (2016, p. 102).

Na prática clínica, durante sua avaliação, escolha 3 áreas do corpo para avaliar, como por exemplo
a face, a região do punho ou braço e o abdome; identifique a presença de sardas; e identifique a cor
dos olhos. Esses três passos são bons indicadores do fototipo. Não fique com dúvida da classificação,
a avaliação completa seguindo a pontuação irá te direcionar para a correta determinação do fototipo.

43
Unidade I

Observação

Para fotodepilação da face, analise o fototipo da área antes de iniciar


cada sessão, seu cliente pode ter realizado exposição solar, o que pode
alterar o fototipo de forma momentânea.

Existem classificações que foram desenvolvidas e contemplam outros aspectos, são elas:

• Classificação de Glogau para avaliação do envelhecimento.

• Classificação de Rubin para análise do envelhecimento.

• Classificação de rugas de Lapierd.

• Classificação de rugas de Tsuji.

• Classificação de graus de Acne.

Essas classificações serão abordadas posteriormente.

2.1.3 Revisão das lesões elementares e dermatoses

As lesões elementares são alterações no tegumento cutâneo determinadas por processos


inflamatórios, degenerativos, circulatórios, neoplásicos, por distúrbios do metabolismo ou por defeitos
de formação.

Você pode estar se perguntando: qual a importância de saber e reconhecer as lesões elementares?

É a partir da presença das lesões elementares que podemos realizar a identificação e diagnóstico de
uma doença específica ou de um grupo de doenças.

Ok, e na estética, como essas informações podem ser utilizadas?

Em relação aos tratamentos estéticos, o reconhecimento das lesões elementares é fundamental para
orientar você, futuro profissional da estética, no planejamento do programa de tratamento em relação
aos recursos e tratamentos indicados e os contraindicados em cada caso.

Elas podem ser a consequência de diversas doenças de pele, e incluem:

• Lesão física.

• Alergia a alimentos/substâncias.

44
TÉCNICAS EM ESTÉTICA FACIAL

• Doenças de pele: dermatite de contato, eczema, psoríase, sarampo, rubéola, varicela, queratose
seborreica, tinea (um tipo de micose desencadeada por fungos) etc.

As alterações visíveis na pele classificam-se em lesões primárias e secundárias, a partir de algumas


características observadas na pele.

Lesões elementares

Surgem sobre a pele sã, incluem alterações:

• planas, sem conteúdo;

• com conteúdo sólido;

• com conteúdo líquido.

Secundárias

Surgem sobre uma lesão primária ou podem representar a evolução de uma lesão primária,
incluem alterações:

• alteração da consistência e ou espessura;

• perdas teciduais.

As lesões elementares também podem ser classificadas de acordo com os seguintes grupos:

• alterações de cor – pigmentares e vasculares;

• alterações de espessura;

• formações de conteúdo sólido;

• formações de conteúdo líquido.

Alterações de cor: pigmentares e vasculares

Nas alterações de coloração, a pele apresenta somente alteração de cor, ela é plana, ou seja, não
apresenta modificações de espessura da pele. Esse tipo de lesão elementar pode ser chamado de mácula,
quando a lesão é menor que 1 cm de diâmetro ou mancha, quando a região da lesão é maior que
1 cm de diâmetro.

45
Unidade I

São divididas em dois os grupos, as manchas de origem pigmentar e manchas de origem vascular:

• Pigmentar: nesse tipo de lesão as alterações ocorrem por aumento, diminuição ou ausência de
pigmentos. Tem causas multifatoriais, podem ser congênitas, quando o indivíduo apresenta a
mancha desde o nascimento, ou pode ser adquirida ao longo da vida. Esse tipo de lesão também
pode ser localizada ou generalizada.
• Acromia: ausência total de melanina, é um tipo de mancha completamente branca que pode
ocorrer após traumatismos mecânicos e pós-inflamação, como nos casos de acne, lúpus
eritematoso sistêmico, entre outros, o que pode ocasionar um dano no melanócito e interferir na
sua capacidade de produção de melanina. A acromia também ocorre quando a pessoa apresenta
vitiligo, doença na qual se tem a diminuição ou ausência dos melanócitos. Em casos de albinismo,
uma condição genética na qual o indivíduo apresenta um defeito na produção da melanina,
também ocorre a ausência do pigmento (STEINER et al., 2004).
• Hipocromia: redução da presença de pigmentação na pele, a melanina, dá origem a manchas
mais claras. As leucodermias são manchas hipocrômicas desencadeadas por exposição solar ao
longo da vida, geralmente estão localizadas nos braços e pernas.

Figura 24 – Hipocromia-leucodermia

• Hipercromia: aumento da concentração de pigmento na pele, o que produz manchas


acastanhadas de cor variável. O estimulo para o melanócito produzir melanina pode ocorrer por
fatores exógenos ou endógeno, assim ele passa a produzir pigmento em excesso. Diversos fatores
podem desencadear a hiperpigmentação, como a gestação, alterações endócrinas, tratamento
com hormônios sexuais e exposição à radiação solar. As efélides são as máculas que chamamos
popularmente de sardas, sua cor pode variar de castanho claro a tonalidades mais escuras de
castanho, elas estão presentes em pessoas de fototipo I e II e podem escurecer com a exposição
solar ou pela intensa exposição à luz artificial. O melasma é um tipo de hipercromia, porém
esse tipo de mancha está associado a alterações hormonais, que podem ocorrer por gestação
ou uso de anticoncepcionais. Geralmente apresentam um padrão centrofacial e a mancha se
desenvolve na região frontal, nariz, nas regiões zigomáticas, periobicular dos lábios e mento. Pode
acometer somente uma ou mais de uma área. Melanose solar também chamada de lentigo senil
ou de manchas de envelhecimento, esse último termo é considerado inadequado, pois áreas não
expostas, independentemente da idade do indivíduo, não desenvolvem esse tipo de manchas,
dessa forma a melanose solar é uma hipercromia ocasionada pela exposição à radiação solar
frequente, que geralmente ocorrem nas mãos, braços, antebraços e região do colo.
46
TÉCNICAS EM ESTÉTICA FACIAL

Figura 25 – Efélides

Figura 26 – Hipercromia melasma na região malar (1) e perioral (2)

47
Unidade I

Figura 27 – Melanose solar

• Vascular: essas lesões estão relacionadas a congestão ou dilatação dos vasos sanguíneos
presentes na derme ou ainda por extravasamento do sangue.
• Hipercromia pós-inflamatória: são manchas escuras desencadeadas por processo inflamatório,
isso pode ocorrer nos quadros de acne. Ela ocorre em função da reação do melanócito à presença
de íons metálicos, como o ferro.
• Hipercromia por pigmento sanguíneo: hemossiderina, o sangue contém hemossiderina,
pigmento de coloração ocre de difícil remoção, ele é depositado na derme em decorrência
de algum extravasamento de sangue, como ocorre em decorrência de petéquias, equimose e
hematoma. A maioria das manchas pós-inflamatórias e por extravasamento sanguíneo evoluem
para o clareamento de forma espontânea no período de até seis meses e um pequeno percentual,
em torno de 2% dessas manchas, permanece por mais de um ano ou de forma persistente
(CYMBALISTA; GACIA; BECHARA, 2012).

Figura 28 – Hipercromia pós-inflamatória

48
TÉCNICAS EM ESTÉTICA FACIAL

• Eritema: é uma alteração na coloração da pele ocasionada por vasodilatação capilar, o sangue
está dentro dos vasos. A pele apresenta-se avermelhada, quando sob pressão dos dedos ocorre a
diminuição da vermelhidão.

Figura 29 – Eritema

• Cianose: coloração azulada ou roxa que aparece na boca, na pele ou unhas, ocorre pela falta de
oxigênio no sangue.

• Telangiectasia: dilatação de capilares sanguíneos, que se originam de uma arteríola ascendente


central. Surgem de forma espontânea após procedimentos cirúrgicos, traumas ou processos
inflamatórios. São comuns nas regiões centrais da face como no nariz, mento e região malar.
Deve-se ter especial cuidado na presença das telangiectasia ao realizar procedimentos que
estimulem a vasodilatação, como a aplicação de calor ou ao realizar esfoliação muito abrasiva.
Escolha produtos mais suaves e evite a realização de termoterapia.

Figura 30 – Telangiectasia

• Rubor: tipo de eritema ocasionado pelo aumento da temperatura local e vasodilatação.

49
Unidade I

• Púrpuras: alterações de coloração decorrentes do extravasamento de sangue no tecido,


inicialmente apresentam-se arroxeadas e evoluem para verde e amarelo até que desaparecem.
Esse tipo de mancha ou mácula não desaparece quando realizamos uma pressão com a ponta
dos dedos, como ocorre com o eritema, e se subdivide em petéquias, equimoses e hematomas,
de acordo com a extensão/volume sanguíneo derramado. Petéquias: pequeno ponto vermelho de,
no máximo, 1 cm de diâmetro, causado por uma pequena hemorragia na derme. As petéquias
podem ser decorrentes de coceira ou depilação com cera por exemplo. Equimose: sangramento
que ocorre na derme de maior proporção, porém o sangue apresenta-se difuso no tecido,
promovendo alteração da coloração da pele, que apresenta coloração roxa escura que também
evolui para verde e amarelo em dias. Chamamos de equimoses as manchas por extravasamento
sanguíneo entre 1 e 4 cm de diâmetros. Ocorrem geralmente em decorrência de uma pancada.
Hematoma: é uma coleção de sangue, ele é diferente da equimose, pois apresenta alteração da
espessura da pele, o sangue fica acumulado em determinada área, em geral ocorre em decorrência
de um sangramento ativo, como no pós-operatório de cirurgias plásticas. Púrpura senil: manchas
similares à equimose ou hematoma que surge na região de antebraços, punho, dorso das mãos de
idosos, desencadeadas por alguma pressão exercida externamente, como ao carregar sacolas no
braço. Como idosos apresentam diminuição de tecido conjuntivo ao redor dos capilares, eles ficam
mais frágeis e suscetíveis a traumatismos.

Figura 31 – Equimose: área destacada pelo círculo

Figura 32 – Hematoma: área destacada pelos círculos

50
TÉCNICAS EM ESTÉTICA FACIAL

Figura 33 – Púrpura senil

Alterações de espessura

• Cicatriz: lesão de aspecto variável formada após uma lesão ser curada. É o resultado da reparação
do tecido epitelial e conjuntivo que sofreu um dano. Quando a lesão no tecido envolve destruição do
tecido, a área pode ser substituída por tecido fibroso, formando cicatriz de aspecto endurecido e
irregular denominada fibrose.

• Cicatriz hipertrófica: cicatriz elevada, avermelhada, que não ultrapassa os limites de largura
ou comprimento da incisão ou lesão inicial. Ela é decorrente de uma resposta exacerbada da
pele sã a uma lesão

Figura 34 – Cicatriz hipertrófica

• Cicatriz atrófica: é o tipo de cicatriz funda, na qual houve pouca deposição de material.

Figura 35 – Cicatriz atrófica, sequelas de acne, lesões em depressão

51
Unidade I

• Queloide: tipo de cicatriz que se apresenta brilhante, lisa e elevada em relação ao tecido cutâneo,
pode apresentar coceira ou ser dolorida, tem formato irregular e não se limita ao local da lesão,
ou seja, ela é maior do que a lesão inicial.

• Atrofia: diminuição da espessura da pele, diminuição dos componentes da derme, que se torna
fina, lisa, translúcida e pregueada.

• Queratose ou ceratose: alteração da espessura da pele por espessamento da camada córnea. A


pele pode se apresentar áspera, amarelada ou esbranquiçada.

• Ceratose actínica, ceratose solar ou senil: tipo de alteração que ocorre em idosos e são
causadas pelo sol. Acomete áreas expostas ao sol: face, orelhas, couro cabeludo, colo, dorso das
mãos e antebraços. Geralmente apresenta-se mais avermelhada ou amarelada.

• Ceratose seborreica: lesão benigna da pele, geralmente arredondada ou irregular, de coloração


acastanhada, amarronzada ou negra e áspera. Acomete face e tronco e pode crescer se
tornando volumosa.

• Edema: alteração da espessura da pele, decorrente do acúmulo de líquido da derme ou na tela


subcutânea (DAL GOBBO, 2010; HERPERTZ, 2006).

Formações de conteúdo sólido

• Pápula: lesão sólida, elevada, de consistência dura e geralmente avermelhada e dolorida. Esse tipo
de lesão apresenta-se com menos de 1 cm de diâmetro. Não tem conteúdo para ser extraído. O
procedimento de extração pode desencadear manchas hipercrômicas.

Figura 36 – Pápulas

52
TÉCNICAS EM ESTÉTICA FACIAL

• Nódulo: lesão sólida, elevada ou não, avermelhada, 1 a 3 cm de diâmetro. É um tipo de lesão


persistente que não deve ser manipulada, geralmente desencadeia a formação de cicatrizes.

Figura 37 – Nódulo

• Microcomedão/milium: pequena lesão não inflamatória formada pelo acúmulo de corneócitos


sem dilatação folicular visível.

Figura 38 – Milium

• Comedão aberto ou oxidado: bloqueio do duto pilossebáceo por um tampão de queratina com
acúmulo de sebo, com até 0,5 cm de diâmetro. Durante a limpeza de pele, esse tipo de lesão é
extraído após o processo de emoliência, pode-se realizar uma perfuração com a ponta da agulha,
facilitando sua extração.

53
Unidade I

Figura 39 – Comedão aberto, oxidado

• Comedão fechado ou comedão branco: lesão esbranquiçada, dura, formada pelo acúmulo de sebo
e queratina no orifício pilo sebáceo. No exame com a luz de Wood, apresenta coloração alaranjada.

Figura 40 – Comedão fechado


Formações de conteúdo líquido

• Pústula: lesão elevada, avermelhada, com menos de 0,5 cm de diâmetro contendo líquido amarelo
(pus). Sua remoção é realizada após a emoliência. Pode-se fazer uma pequena abertura com
auxílio da agulha e realizar suave pressão para drenar o conteúdo.
54
TÉCNICAS EM ESTÉTICA FACIAL

Figura 41 – Pústula

• Abcesso: coleção de pus com tamanho variado, proeminente ou não, que apresenta sinais de
inflamação como rubor, calor, dor e edema.

• Bolha: vesícula com mais de 0,5 cm de diâmetro que apresenta conteúdo não infectado, ou seja,
não tem pus (DAL GOBBO, 2010).

Lesões diversas

• Escamação: liberação de células da camada córnea.

• Crosta: finalização do processo de cicatrização, essa lesão tem aparência espessada pelo
ressecamento das secreções misturadas aos restos epiteliais.

• Escoriação: lesão ocasionada pelo atrito da pele, pode ser decorrente do ato de coçar a pele.

• Acantose: doença caracterizada por manchas escuras resultantes de uma hiperceratose (aumento
da camada mais superficial da pele) e hiperpigmentação (lesões de cor cinza e engrossadas que dão
aspecto verrucoso). Afeta pessoas saudáveis ou pode estar associada a outras doenças como
diabetes, obesidade, doenças ovarianas, distúrbios metabólicos, doenças da tireoide e câncer
do aparelho digestivo.

• Foliculite: pequena infecção localizada no folículo piloso, comum em homens, na região da barba.
Quando acomete os folículos palpebrais é chamado de terçol.

• Nevo: termo utilizado para designar lesões planas ou elevadas de coloração variada, como pintas
ou sinais (DAL GOBBO, 2010). Pode ser: congênito, presente ao nascimento ou adquirido, quando
surgem após o nascimento.

55
Unidade I

• Xantelasma: alteração plana ou de pequena elevação que se desenvolve na região de pálpebras.


Ocorre pela deposição de células xantomatosa que contêm lipídios, que podem estar associados a
inflamação e fibrose (PORTELA; OLIVEIRA; FERREIRA, 2012).

Figura 42 – Xantelasma

• Verruga: tumoração benigna de pele de aspecto inelástico, geralmente da cor da pele. Pode ser
causada por vírus (NASCIMENTO et al., 2011)

2.1.4 Modelo de ficha de avaliação facial

A análise da pele é de suma importância antes de qualquer tratamento realizado pelo esteticista,
somente a partir desse exame minucioso e em posse das informações de forma detalhada é possível
planejar o programa de tratamento mais indicado ao cliente, assim como os cuidados diários que devem
ser orientados pelo esteticista e realizados pelo cliente em ambiente domiciliar.

A ficha de avaliação é o instrumento utilizado para realizar os registros da anamnese, exame físico,
testes complementares e do acompanhamento da evolução do tratamento, todos colhidos durante a
avaliação ou reavaliações. Esse instrumento é utilizado na área da estética para registrar hábitos de vida,
histórico de doenças, tratamentos de saúde, utilização de medicamentos, possíveis alergias, alteração de
pressão arterial, além de problemas circulatórios graves, como trombose e doenças autoimunes.

O cliente deve ser esclarecido da importância dos dados que serão coletados. Esses dados associados
às informações que serão extraídas durante o exame físico se completam e é a partir deles que você,
esteticista, irá realizar o diagnóstico estético e o plano de tratamento.

Ela deve ser preenchida pelo profissional esteticista durante a avaliação e, ao final, o instrumento
deve ser datado e assinado pelo paciente, concordando com as informações relacionadas na ficha
de anamnese.

56
TÉCNICAS EM ESTÉTICA FACIAL

Neste modelo, a ficha de avaliação facial foi dividida em seis módulos:

• Módulo I: dados pessoais.

• Módulo II: histórico:

— queixa principal;
— hábitos pessoais;
— histórico médico;
— procedimentos estéticos.

• Módulo III: avaliação da pele (específica para o tratamento que será realizado):

— limpeza de pele;
— tratamento de manchas;
— acne;
— fotoenvelhecimento;

• Módulo IV: programa de tratamento – descrição do protocolo.

• Módulo V – termo de responsabilidade.

• Módulo VI – programa de tratamento.

Ficha de
avaliação

Programa de Termo de
Dados pessoais Histórico Avaliação da pele Evolução
tratamento responsabilidade

Queixa Exame Físico Descrição Ciência e Anotações de


principal -Inspeção detalhada do concordância cada sessão de
-Palpação tratamento do cliente com tratamento
Contribui -Exames proposto as informações
para entender complementares registradas
a queixa do
paciente

Auxilia a escolha
dos recursos
para compor o
tratamento

Figura 43

57
Unidade I

Quadro 7 – Exemplo de ficha de anamnese

Módulo I – Dados pessoais


Nome:
Data de nascimento:
Sexo: ()F ()M
Idade:
Etnia:
Profissão:
Contatos
Telefone:
E-mail:
Redes sociais:
Em caso de emergência a quem avisar?
Nome: Telefone:
Médico: Telefone:

Módulo II – Histórico
A – Queixa principal
Queixa principal:
História da queixa principal:
Duração da queixa: Início em: / / Até: / /

Módulo II – Histórico
B – Hábitos pessoais
Pratica atividade física? ( ) Sim ( ) Não
Se sim, quantas vezes na semana:
Se sim, qual atividade:
Ingestão de água: Quantidade:
Uso de bebidas alcóolicas? ( ) Sim ( ) Não
Frequência:
É fumante? ( ) Sim ( ) Não
Realiza exposição solar? ( ) Sim ( ) Não
Se sim, qual a frequência?
Sono regular? ( ) Sim ( ) Não
Quantas horas de sono por dia?
Horário do sono

Módulo II – Histórico
C – Histórico médico
Fez cirurgia? ( ) Sim ( ) Não
Qual?
Quando?

58
TÉCNICAS EM ESTÉTICA FACIAL

Módulo II – Histórico
Usa lentes de contato? ( ) Sim ( ) Não
Se sim, oriente-o sobre a importância de retirá-las sempre antes do tratamento
Faz tratamento médico? ( ) Sim ( ) Não
Qual?
É portador de marca-passo? ( ) Sim ( ) Não
Faz uso de medicação? ( ) Sim ( ) Não
Qual?
Tem alergias? ( ) Sim ( ) Não
A quê?
Funcionamento intestinal: ( ) Regular ( ) Irregular
Ciclo menstrual: ( ) Regular ( ) Irregular
Data da última menstruação:
Método anticoncepcional? ( ) Sim ( ) Não
Qual?
Está grávida? ( ) Sim ( ) Não
Faz reposição hormonal? ( ) Sim ( ) Não
Pressão alta? ( ) Sim ( ) Não
Problemas endócrinos:
( ) Cistos no ovário ( ) Displasia mamária ( ) Ovários policísticos
( ) Disfunções na tireoide ( ) Menopausa ( ) Diabetes
( ) Reposição hormonal
( ) Outros:
Problemas cardíacos? ( ) Sim ( ) Não
Qual(is)?
Presença de metal no corpo? ( ) Sim ( ) Não
Onde?
Apresenta epilepsia? ( ) Sim ( ) Não
Tem ou teve neoplasias (câncer)? ( ) Sim ( ) Não
Qual(is)?
Se sim, há quanto tempo?
Como foi o tratamento?

Módulo II – Histórico
D – Procedimentos estéticos
Já realizou tratamento estético facial ( ) Sim ( ) Não
anteriormente?
Se sim, qual(is)?
Já fez cirurgias estéticas? ( ) Sim ( ) Não
Se sim, qual(is)?
Possui prótese? ( ) Sim ( ) Não
Qual?
Possui implante metálico? ( ) Sim ( ) Não

59
Unidade I

Módulo II – Histórico
Qual?
Tem botox? ( ) Sim ( ) Não
Em qual região?
Tem preenchimento na região facial? ( ) Sim ( ) Não
Usa filtro solar diariamente? ( ) Sim ( ) Não
Qual?
Cuidados diários com a pele ( ) Sim ( ) Não
Se sim, qual(is)?
Usa ou já uso ácido na pele? ( ) Sim ( ) Não
Qual(is)?

Módulo III – Avaliação da pele


A - Limpeza de pele
Registro fotográfico do cliente prévio ao tratamento
Lateral direito Lateral esquerdo

Frontal

Assinale nas fotos a localização das lesões e/ou alterações


Marque todas as lesões por região
Registro fotográfico do cliente final ao tratamento
Lateral direito Lateral esquerdo

60
TÉCNICAS EM ESTÉTICA FACIAL

Módulo III – Avaliação da pele


Frontal

Assinale nas fotos a localização das lesões e ou alterações


Marque todas as lesões por região

Classificação Fitzpatrick – Fototipo


( ) Tipo I – Sempre queima, pode apresentar sardas.
( ) Tipo II – Sempre queima, pode apresentar sardas, difícil de bronzear.
( ) Tipo III – Bronzeia após várias queimaduras, pode ter sardas.
( ) Tipo IV – Bronzeia mais que a média, raramente se queima e não tem sardas.
( ) Tipo V – Bronzeia com facilidade, raramente se queima e não tem sardas.
( ) Tipo VI – Bronzeia, raramente se queima, profundamente pigmentada e nunca apresenta sardas.

Biotipo cutâneo
1- Hidratação: ( ) Hidratada ( ) Desidratada
2- Grau de oleosidade:
( ) Seca/alípica ( ) Oleosa/lipídica ( ) Mista
3- Espessura:
( ) Espessa ( ) Fina ( ) Muito Fina
4- Sensibilidade: ( ) Sensível ( ) Resistente
5- Pigmentação: ( ) Pigmentada ( ) Não pigmentada
6- Envelhecimento ( ) Enrugada ( ) Firme

Sistema de classificação da pele de Leslie Baumann Skin (BSTS)


Legenda:
D = Seca W = Enrugada S = Sensível N = Não pigmentada

( ) O S P W – Oleosa, sensível, pigmentada e propensa a rugas


( ) O S P T – Oleosa, sensível, pigmentada e firme
( ) O S N W – Oleosa, sensível, não pigmentada e propensa a rugas
( ) O S N T – Oleosa, sensível, não pigmentada e firme

( ) O R P W – Oleosa, resistente, pigmentada e propensa a rugas


( ) O R P T – Oleosa, resistente, pigmentada e firme
( ) O R N W – Oleosa, resistente, não-pigmentada e propensa a rugas
( ) O R N T – Oleosa, resistente, não pigmentada e firme

61
Unidade I

Módulo III – Avaliação da pele


( ) D S P W – Seca, sensível, pigmentada e propensa a rugas
( ) D S P T – Seca, sensível, pigmentada e firme
( ) D S N W – Seca, sensível, não pigmentada e propensa a rugas
( ) D S N T – Seca, sensível, não pigmentada e firme

( ) D R P W – Seca, resistente, pigmentada e propensa a rugas


( ) D R P T – Seca, resistente, pigmentada e firme
( ) D R N W – Seca, resistente, não pigmentada e propensa a rugas
( ) D R N T – Seca, resistente, não pigmentada e firme

Presença de manchas pigmentares relacionadas à melanina


Leucodermia ( ) Manchas hipocrômicas ( ) Manchas hipercrômicas ( )
Albinismo ( ) Vitiligo ( ) Efélides ( )
Acantose ( ) Melasma ( ) Manchas acrômicas ( )
Manchas acrômicas ( ) Melanose solar ( )

Presença de manchas por alteração vascular


Eritema ( ) Petéquias ( ) Equimose ( )
Telangiectasia ( ) Púrpura senil ( ) Rosácea ( )
Angioma ( ) Mancha vinho do porto ( ) Couperouse ( )

Presença de formações sólidas


Pápulas ( ) Nódulos ( ) Millium ( )
Verrugas ( ) Comedão aberto ( ) Xantelasma ( )
Sirigoma ( ) Acrocórdons ( )

Presença de formações de conteúdo líquido


Pústula ( ) Abcesso ( ) Bolha ( )

Presença de alterações da espessura-cicatriz


Cicatriz atrófica ( ) Cicatriz hipertrófica ( ) Queloide ( )

Doenças inflamatórias
Eczema ( ) Psoríase ( )

Presença de pelos-nevus
Hipertricose ( ) Hirsutismo ( )

Regiões
Buço ( ) Pescoço ( ) Face ( )

Presença de lesões diversas


Queratose ( ) Escamas ( ) Crosta ( )

62
TÉCNICAS EM ESTÉTICA FACIAL

Módulo III – Avaliação da pele


Outros achados:

Regiões (complete com o n. correspondente à cor da análise da lâmpada de Wood encontrada na região, se for mais de uma
anote.)

Região frontal/terço superior da face ( ) ( ) Região malar/terço médio da face ( ) ( ) Nariz ( ) ( )


Região mandibular/terço inferior ( ) ( ) Mento ( ) ( )
1. Coloração azulada: pele normal e saudável: camada córnea, células mortas
2. Coloração ou manchas brancas
3. Áreas roxas fluorescentes/violeta claro: pele desidratada e fina
4. Áreas roxo-escuras: presença de maquiagem, filtro solar
5. Áreas amarelas: presença de comedão ou pústula
6. Áreas de cor laranja ou coral: áreas oleosas e comedões
7. Áreas marrons: áreas de pigmentação

Módulo IV – Programa de tratamento – Descrição do protocolo

__________________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________________________

Data Evolução a cada sessão de atendimento Assinatura do cliente

_______________________________ _______________________________ ______________________________

_______________________________ _______________________________ ______________________________

_______________________________ _______________________________ ______________________________

_______________________________ _______________________________ ______________________________

_______________________________ _______________________________ ______________________________

_______________________________ _______________________________ ______________________________

_______________________________ _______________________________ ______________________________

_______________________________ _______________________________ ______________________________

63
Unidade I

Módulo V – Termo de responsabilidade


As declarações feitas neste documento são expressão da verdade, não cabendo ao profissional a responsabilidade por
fatos omitidos ou falsos. Declaro ter recebido todas as informações referentes ao tratamento proposto, como: indicações,
contraindicações, benefícios e riscos bem como efeitos colaterais gerais. Os termos técnicos foram esclarecidos pelo profissional
que conduzirá o tratamento. Comprometo-me a seguir todas as orientações e a fazer o uso de todos os produtos contidos em
minha prescrição domiciliar, respeitando os horários indicados de utilização. Estou de acordo que sejam tiradas fotografias das
regiões a serem tratadas e anexadas à ficha de avaliação.
Cliente:
RG:
Profissional:
RG:
Data____/____/____

2.1.5 Uso da ficha de avaliação facial

A avaliação deve ser realizada na primeira sessão de atendimento e os dados devem ser registrados na
ficha de avaliação, instrumento utilizado pelos profissionais da área da saúde para coletar informações.
Cada profissão tem suas especificidades que devem ser comtempladas nesse instrumento. Vamos
compreender como utilizar a ficha e realizar a avaliação facial.

Anamnese ou entrevista

A anamnese ou entrevista é a primeira parte da avaliação e tem como objetivo conhecer a história
e estabelecer o contato inicial entre o cliente e o profissional de estética.

As perguntas realizadas na avaliação devem ser objetivas, para que a resposta seja breve e clara e
forneça informações e detalhes necessários para compor e contribuir com o diagnóstico estético.

Esse é o primeiro contato entre você, profissional da estética, e o seu cliente, estabeleça contato
visual, vai contribuir para passar confiança ao cliente. Realize a avaliação em ambiente reservado e ouça
com atenção as respostas do cliente. Nesse momento, muitas dúvidas do cliente serão esclarecidas e
ele trará informações importantes a respeito do motivo pela procura do tratamento (PEREIRA, 2013;
DAL GOBBO, 2010).

Figura 44 – Profissional realizando o preenchimento da ficha de avaliação: módulo I – dados pessoais

64
TÉCNICAS EM ESTÉTICA FACIAL

Ao preencher a ficha de avaliação, você irá registrar todos os dados pessoais do cliente, como
nome, endereço, telefone, data de nascimento, sexo, profissão, estado civil, entre outros. O profissional
de estética não deve deixar o cliente sozinho preenchendo a ficha, pois algumas questões devem ser
explicadas, para que ele compreenda a pergunta e a relevância em responder. Muitas vezes o cliente
pode optar por não responder algumas questões, o que pode repercutir nos resultados do tratamento.

Um dado importante que deve constar na ficha de avaliação é a informação de quem deve ser
avisado em caso de emergência, nome e telefone de um familiar e do médico etc. (BORGES, 2016; DAL
GOBBO, 2010; LACRIMANTI; VASCONCELOS; PEREZ, 2014).

Registro do histórico do cliente

A próxima etapa da avaliação será registrar e compreender o histórico do cliente. Nessa etapa,
iremos registrar a sua queixa principal, hábitos e histórico médico.

Queixa principal

Nessa parte da avaliação, o cliente irá te apontar o motivo pelo qual ele te procurou. A pergunta
deve ser direta, como, por exemplo: qual o motivo da sua consulta? Ou ainda: o que mais te incomoda?
O registro da resposta pelo profissional deve ser feito com as mesmas palavras que o cliente usou, faça
isso anotando entre aspas.

Veja um exemplo de como realizar o registro da queixa principal:

Quadro 8 – Exemplo de registro da queixa principal

Módulo II – Histórico
Queixa principal
Queixa principal: “O que mais me incomoda são os cravos no nariz e na bochecha”
História da queixa principal: após a menarca, houve o aumento da oleosidade da pele e dos comedões

É importante ouvir e reconhecer a queixa principal, deixe o cliente falar o que está incomodando. Às
vezes, com o nosso olhar clínico, identificamos outras alterações estéticas mais evidentes, porém não é
a alteração que está incomodando o cliente.

Registro do histórico de hábitos pessoais e histórico médico

Nesse momento, iniciamos a parte da anamnese, na qual você irá registrar os dados relacionados à
saúde do cliente.

As informações sobre os hábitos pessoais são fundamentais, você irá compreender a importância
de cada uma dessas informações, elas interferem diretamente na saúde e impactam os resultados do
tratamento estético.

65
Unidade I

Prática de atividade física

Você sabe o que é ritmo circadiano?

Muitas funções do nosso organismo são realizadas com ritmicidade circadiana, ou seja, têm um ritmo
para acontecer ao longo do dia. O ritmo das atividades fisiológicas do organismo pode ser influenciado
pelo exercício físico, como, por exemplo, os níveis de alguns hormônios e o ciclo do sono. Atividade física
realizada muito à noite atrasa o ciclo do sono, enquanto atividade realizada ao longo do dia contribui
para a regularização do ciclo do sono.

Durante a prática da atividade física, ocorre diminuição de cortisol, hormônio que está relacionado
a estresse e ativação das glândulas sebáceas, alterações das fibras colágenas e elásticas entre outras
funções fisiológicas do nosso organismo. Também ocorre o aumento de endorfinas neurotransmissoras
envolvidas nas vias neurais de prazer e bem-estar, esse neurotransmissor contribui com a saúde mental
e diminuição do estresse.

E para finalizar a importância sobre essa informação, vamos destacar que durante a prática da
atividade física ocorre aumento da circulação sanguínea, o que contribui para melhora das funções
celulares e para o aumento da temperatura corporal, e essa alteração facilita o disparo do início do sono
(BUENO; GOUVÊA, 2011).

Ingestão de água

Cerca de 60% do nosso corpo é composto por água. Ela é essencial para os resultados de diversos
tratamentos estéticos, como tratamentos que utilizam o equipamento de radiofrequência. A pele
hidratada tem maior capacidade de permeação de princípios ativos e os resultados do tratamento
estéticos são mais duradouros.

Ingestão de bebidas alcoólicas

Pode promover a retenção de líquido, a desidratação do tecido cutâneo e o aumento de radicais livres.
Altera a produção de enzimas e estimula a formação de radicais livres, que causam o envelhecimento. A
exceção à regra é o vinho tinto, que, se consumido moderadamente, têm ação antirradicais livres, pois é
rico em flavonoides, um potente antioxidante (VIEIRA, 2007).

Tabagismo

A atrofia cutânea, a palidez e a alteração da coloração da pele, que pode se apresentar acinzentada
ou amarelada, são manifestações que estão relacionadas ao tabagismo, pois as substâncias presentes
no cigarro promovem vasoconstrição e consequentemente gera diminuição do fluxo sanguíneo e
redução da oxigenação cutânea, o que faz com que a pele se torne mais desvitalizada, desidratada
com alteração do metabolismo local, além de promover aumento dos níveis de radicais livres e
substâncias tóxicas, o que acelera o envelhecimento cutâneo da pele (PARIENTI, 2001; FILHO, 2007;
BORGES, 2016).
66
TÉCNICAS EM ESTÉTICA FACIAL

Exposição solar

Saber qual é o hábito de exposição solar do cliente é muito importante quando estamos realizando
tratamentos faciais. Algumas pessoas, por motivos de gosto pessoal ou até profissionais, como um
atleta que treina ao ar livre, não conseguem interromper a exposição solar durante a realização do
tratamento estético. Como alguns procedimentos contraindicam a exposição solar, pode desencadear
efeitos colaterais como manchas hipercrômicas.

Sono

Já ouviu falar do sono da beleza?

O sono é regulado pela liberação da melatonina, um hormônio cuja secreção é influenciada pela
presença ou ausência de luz. O ser humano, apesar da liberdade nas suas escolhas, fisiologicamente
tem seu organismo preparado para dormir ao anoitecer e se manter acordado durante o dia, assim,
a liberação da melatonina inicia ao anoitecer e atinge o pico por volta da meia-noite, ao longo da
noite ocorre a diminuição dos níveis da melatonina e a pessoa está pronta para despertar. Quando em
situações de equilíbrio, na qual a pessoa dorme bem e em horários adequados, ela se deita e adormece
sem dificuldade, tem bom sono e acorda sem sonolência.

O total de horas em que se dorme pode estar relacionado à disposição geral e, de certa forma, ao
aspecto da pele. A recuperação das células epiteliais, regulação do sistema imunológico e a revitalização
cutânea ocorrem durante o sono (PARIENTI, 2001).

Alimentação

A informação sobre a alimentação do cliente para a estética facial é muito importante, uma vez
que o consumo de açúcares promove o processo de glicação do colágeno, que é um processo que
provoca o enrijecimento da fibra colágena. Na pele, seu efeito é percebido com a perda da elasticidade
e firmeza da derme, causando flacidez e favorecendo o envelhecimento da pele. Restrições alimentares
também podem impactar a saúde da pele do cliente. Enquanto a alimentação rica em oligoelementos e
vitaminas, como o ácido ascórbico, zinco, caroteno, tocoferol ou vitamina D, atenua a inflamação, atua
na preservação de rugas e estimulação da função imune do tecido cutâneo. Pode ser necessário indicar
acompanhamento com o nutricionista (ADDOR, 2011).

Em relação ao histórico médico, são informações a respeito do cliente em relação a tratamentos já


realizados ou que ainda estejam sendo conduzidos pelo médico. Também é importante saber se ele faz
uso de medicação contínua, se tem alergias ou doença hereditária.

Essas informações são importantes, pois algum tratamento ou medicamento pode contraindicar
o tratamento estético ou algum recurso em particular, como por exemplo o uso de medicamentos
fotossensibilizantes contraindicam a realização de tratamento por fototerapia, ou seja, se o cliente
que apresenta acne está realizando tratamento com medicamentos fotossensibilizantes, a pele ficará
sensível à luz e radiações, assim o tratamento estético com luz LED ou laser está contraindicado.
67
Unidade I

Se o profissional da estética não tem conhecimento dessas informações e utiliza esse recurso, pode
ocorrer o desenvolvimento de manchas em decorrência do tratamento por fototerapia.

Lentes

Saber se o cliente usa lentes de contato é muito importante quando estamos falando de tratamentos
que serão realizados na face, pois manipulamos a região dos olhos, utilizamos recursos que promovem
aquecimento, como o uso do vapor de ozônio ou da máscara térmica, que podem contribuir para a
ocorrência de algum acidente durante o atendimento. Explique e oriente o seu cliente a retirar as lentes
antes de iniciar o tratamento.

Dados ginecológicos e gestação

Os dados ginecológicos, tratamentos e disfunções hormonais bem como a gestação são informações
que merecem muita atenção por parte do esteticista, os hormônios influenciam a atividade das glândulas
sebáceas e pode estar associado ao quadro de acne, tanto no adolescente, período que ocorre intensas
alterações hormonais, mas também no adulto, por medicamento ou por condições clínicas como na
presença de cistos ovarianos nas mulheres.

As alterações relacionadas à diminuição dos níveis hormonais, como ocorre no período do climatério,
também impactam na saúde e estado da pele, e essas informações devem ser levadas em consideração.

Gestação é um período que a mulher apresenta aumento dos hormônios e pode impactar no
desenvolvimento da acne e de manchas hipercrômicas. Também é um período no qual muitos princípios
ativos e equipamentos de eletroterapia são contraindicados. É fundamental saber se a cliente está
grávida ou se pretende engravidar.

Diabetes

O diabetes é uma doença crônica relacionada à dificuldade no metabolismo da glicose desencadeada


por alterações na produção de insulina. Essa doença promove diversas complicações crônicas no
organismo humano, que são resultantes da própria hiperglicemia ou de condições associadas.

A pessoa que tem diabetes apresenta dificuldade de cicatrização, alteração de sensibilidade nas
extremidades dos membros, principalmente nos pés, mas não se tem muito claro se essa condição
também está presente em outras áreas do corpo, também apresentam a pele muito ressecada.

Essa informação sobre a saúde do cliente é muito importante, nesse caso deve-se ter especial
atenção para a escolha e realização dos procedimentos, como já foi mencionado, a pessoa pode
apresentar dificuldades de cicatrização logo, deve-se tomar cuidado com procedimentos. Atenção ao
usar agulhas, procedimentos de microdermoabrasão ou esfoliação demasiada da região, aquecimento,
evitando intercorrências. Em contrapartida privilegie os procedimentos que promovam a hidratação da
pele (BARBOSA; OLIVEIRA; SEARA, 2008).

68
TÉCNICAS EM ESTÉTICA FACIAL

Tratamento estéticos anteriores

Tratamentos estéticos que foram ou estão sendo realizados pelo cliente também devem ser anotados.
São informações extremamente importantes, pois algum tratamento que ele esteja realizando pode
interferir nos resultados do tratamento estético e até mesmo contraindicar o tratamento nesse momento.

Podemos mencionar o uso de creme noturno com ácido prescrito pelo dermatologista, a pele fica
sensível e contraindica o tratamento com recursos que promovam calor ou um protocolo com ácidos
para o tratamento de manchas. Saber o que seu cliente já fez pode ajudar a entender como a pele
e o corpo reagirão ao tratamento. É uma informação a mais para contribuir com a elaboração do
programa de tratamento desse cliente.

Cosméticos utilizados no cuidado diário

Auxilia o profissional esteticista a decidir os recursos e cosméticos que irão compor o tratamento.
Também traz a informação de qual ou quais produtos devem ser indicados para o cuidado domiciliar,
complementando o tratamento realizado pelo profissional e contribuindo para a manutenção da saúde
da pele do cliente.

Para realizar a avaliação, as perguntas podem seguir o seguinte padrão:

• Pratica atividade física regulamente?

• Qual a quantidade de água ingerida por dia?

• Qual a rotina alimentar? Faz algum tipo de dieta ou tem alguma restrição alimentar?

• Faz ingestão de bebidas alcóolicas?

• Fuma?

Outro fator importante nessa etapa é explicar ao cliente como funcionam os procedimentos estéticos
e a importância da periodização das sessões. Deve ficar claro que o resultado também depende do
comparecimento assíduo às sessões e o comprometimento com as orientações e cuidados domiciliares.

Após realizar toda a entrevista, você irá iniciar o exame físico, terceiro módulo de avaliação da
pele, então conduza o seu cliente para a área de atendimento.

Nela os equipamentos, produtos e insumos necessários para o atendimento devem estar preparados
para o uso.

Antes de acomodar o seu cliente na maca, para o exame físico, realize o registro fotográfico.

69
Unidade I

Solicite que todos os acessórios como brincos e colares sejam retirados, assim a região que será
tratada ficará livre e as chances de ocorrerem acidentes, como o esteticista enganchar no brinco da
cliente ou até mesmo o aquecimento de acessórios em metal acontecer.

Vista a touca descartável no cliente e posicione um campo (toalha ou TNT) sobre a região abaixo do
colo, deixando essa área livre para o atendimento.

Figura 45 – Preparação do cliente

Para essa etapa higienize suas mãos, é necessário a lavagens das mãos antes de calçar as luvas de
procedimento. O uso da máscara e do escudo protetor para face são obrigatórios durante o período
todo de atendimento.

Realize a higienização e demaquilagem da face preparando para o próximo passo, que é o registro
fotográfico que ocorrerá antes de iniciar o exame físico por inspeção e palpação.

Materiais que você irá utilizar nessa etapa:

• algodão/gaze;

• luvas;

• lenço de papel;

• demaquilante/água micelar;

• loção de limpeza/gel/emulsão de limpeza;

• água filtrada e borrifador.

70
TÉCNICAS EM ESTÉTICA FACIAL

Passo a passo para preparar a face para avaliação e registro fotográfico:

• Caso a cliente esteja de maquiagem, inicie pela área dos olhos removendo-a.
• Aplique o produto no algodão e com movimentos suaves remova os resíduos, algumas vezes;
dependendo do tipo de maquiagem você deverá repetir o procedimento até a completa
remoção dos resíduos.
• Na sequência aplique uma pequena quantidade de loção de limpeza ou outro produto (gel ou
sabonete) para a higienização da face de acordo com o biotipo cutâneo do cliente (leia o rótulo de
instruções do produto selecionado, os sabonetes devem ser aplicados com a pele umedecida com
água); as emulsões podem ser aplicadas diretamente na pele e com as pontas dos dedos realize
movimentos circulares por toda face, pescoço e colo.
• Remova com algodão umedecido em água, inicie pela região frontal, posicione suas mãos
na região central e deslize para as laterais, vire o algodão e realize o mesmo procedimento na
próxima região até completar toda a face.
• Seque com lenço de papel, para isso realize suave pressão sobre a face, não arraste ou friccione,
para não irritar a pele.

Observe a sequência a seguir:

B C

Figura 46 – Preparação da pele para avaliação: A) higienização da área que será tratada com loção de limpeza,
gel ou sabonete facial de acordo com o biotipo cutâneo do cliente; B) umedecer algodão em água;
C) remoção do produto da higienização com algodão umedecido em água;
D) secar a pele com lenço de papel descartável com suaves pressões

71
Unidade I

Observação
Saber quais são os produtos que o cliente já usa é fundamental para
você, esteticista, indicar quais são os produtos que devem ser inseridos no
cuidado diário de forma personalizada.

2.1.6 Registro fotográfico do cliente

Vamos iniciar o módulo III da avaliação, que consiste na avaliação da pele propriamente dita,
inicialmente vamos realizar o registro fotográfico da área que será tratada, no caso toda a região facial,
e se necessário você pode realizar o registro de alguma área específica da face.

Na ficha de avaliação, deve haver o espaço reservado para inserir o registro frontal e lateral,
direito e esquerdo do paciente no início do tratamento e repetir o processo ao final do tratamento.
Esse recurso irá contribuir para o acompanhamento do andamento do tratamento pelo profissional,
bem como para a demonstração e ciência da evolução do tratamento pelo cliente.

Como realizar esse registro?

É preciso padronizar o processo para que o registro fotográfico possa ser utilizado como documento
para comparação, caso contrário, fotos tiradas de forma aleatória comprometem esse método de
avaliação. Vamos acompanhar o passo a passo a seguir.

Fundo

Para realizar o registro, selecione uma área com uma parede que tenha um fundo neutro, sem quadros
ou outros acessórios que possam confundir a atenção do avaliador por conter muitas informações.
Borges (2006) orienta que o fundo deve ser neutro e de cor homogênea e que a cor azul-marinho é
adequada para registros fotográficos de todos os fototipos.

Você pode ter uma parede pintada ou um lençol que funcione como uma cortina, uma outra ideia é
usar a porta para pendurar o lençol e usar como fundo para realizar os registros de forma padronizada.

Figura 47 – Fundo azul

72
TÉCNICAS EM ESTÉTICA FACIAL

Tripés e suporte

Utilize o tripé ou o suporte para câmera, esse recurso é bastante interessante pois possibilita a
reprodução da foto garantindo que consiga realizar na mesma altura e ângulo. Esse recurso também
garante maior estabilidade durante o registro fotográfico, evitando fotos tremidas.

Posição do cliente

O cliente pode estar sentado ou em pé, bem próximo ao fundo com a coluna reta. Solicite que ele
olhe para frente sem inclinar a cabeça, dessa forma ele deve permanecer em posição neutra, o que
contribui para que o registro fotográfico retrate a realidade. Em registros fotográficos sem padronização,
ou seja, quando não se preocupa com o posicionamento do cliente pode ocorrer divergência da avaliação e
acompanhamento do tratamento. Vejamos o exemplo, se o cliente realizou a flexão do pescoço na hora
do registro, na análise pela imagem pode dar a entender que o paciente apresenta gordura na região
submandibular e na avaliação pessoalmente o cliente não apresenta essa disfunção.

Pode ser necessário realizar o registro fotográfico de frente e de perfil, nessas situações fotografe
primeiro o cliente de perfil, mantenha o posicionamento do cliente, o mesmo distanciamento e faça
a imagem frontal.

O próximo ponto que merece atenção é a distância, para fotos nas quais você vai registrar a face
toda a câmera deve estar posicionada de 10 cm a 1 m de distância, assim será possível enquadrar a
face, toda, quando for o caso de registros pontuais, a câmera deve ser posicionada a 2 ou 6 cm de
distância (BORGES, 2006).

Figura 48 – Uso do tripé com a câmera a 10 cm de distância da face para enquadrá-la toda

73
Unidade I

Ângulo

A câmera deve estar posicionada com ângulo de 90°.

Enquadramento

Em relação ao enquadramento vamos usar a regra dos terços. Divida o visor da câmera com duas
linhas imaginárias na vertical e duas linhas na horizontal, você terá a tela dividida em nove partes.
O objetivo é posicionar no terço central o foco do seu interesse, as intersecções das linhas serão os
limitadores, representam os locais que, ao enquadrar a fotografia, os elementos da imagem ficam
distribuídos de forma harmoniosa. No caso da face, distribua a região que será fotografada de forma
uniforme pela tela da câmera (BORGES, 2006).

Figura 49 – Enquadramento da face, imagem distribuída Figura 50 – Enquadramento da lesão


uniformemente na câmera

2.1.7 Exame físico

Agora, sim. Acomode o(a) cliente confortavelmente; ele(a) irá permanecer nessa posição durante
o tempo do procedimento. Tenha sempre coxins (almofadas encapadas com material de fácil assepsia)
para auxiliar no posicionamento do cliente.

74
TÉCNICAS EM ESTÉTICA FACIAL

2.1.8 Equipamentos utilizados na avaliação facial

A fim de realizar a avaliação estética facial, podemos utilizar equipamentos para auxiliar nessa
inspeção da pele, contribuindo para a observação de detalhes e lesões que muitas vezes não estarão tão
notórias na inspeção a olho nu.

Os instrumentos que podem e devem ser utilizados no procedimento de avaliação e diagnóstico das
alterações estéticas faciais são os apresentados a seguir.

Lupas e lentes de aumento

A lupa tem característica de dioptria, que é o poder de refração semelhante ao conhecido em óculos
de grau, assim quando olhamos através da lupa, ela poderá aumentar em até 10x o tamanho da lesão,
facilitando muitas vezes a diferenciação de um comedões de um nevo, você pode optar em utilizar a
lupa de mesa, com tripé ou de pala.

Utilize esse recurso para analisar a pele, identificar as lesões elementares presente e realizar
as extrações.

Figura 51 – Lupa e lentes: A) lupa de pala; B) lupa de mesa

75
Unidade I

Dermatoscópio

Método não invasivo do exame clínico, colaborando para o diagnóstico das lesões elementares
presentes, bem como a análise da evolução do tratamento, formando um banco de dados do cliente. Ele
pode ser um equipamento de bancada ou portátil, tendência que facilita o trabalho do esteticista que
muitas vezes é domiciliar.

Existem equipamentos portáteis que aumentam em 10x a área avaliada e alguns ainda permitem
ser acoplados ao celular ou ao computador, facilitando o registro da imagem.

Em relação ao equipamento tradicional, ele possui uma potente lente que permite o aumento entre
6x a 400x o tamanho real de uma área (FEE et al., 2019).

Figura 52 – Imagem com o dermatoscópio (A); dermatoscópio portátil (B)

Saiba mais

Saber avaliar é fundamental para o sucesso do tratamento estético.


Para auxiliar nessa tarefa use recursos e instrumentos que complementem
a inspeção visual. Saiba mais sobre o dermatoscópio em:

VEASEY, J. V.; MIGUEL, B. A. F.; BEDRIKOW, R. B. Lâmpada de Wood na


dermatologia. Surg. Cosmet. Dermatol., v. 9, n. 4, p. 328-330, 2017.

76
TÉCNICAS EM ESTÉTICA FACIAL

Lâmpada de Wood

A lâmpada de Wood, também conhecida como luz negra, é um instrumento utilizado como método
diagnóstico auxiliar por meio da identificação da fluorescência da pele. Esse recurso será muito útil
para a avaliação de distúrbios da pigmentação (hipo/hiperpigmentação), delimitação dos limites e
características das lesões, bem como a desidratação da pele, hiperqueratinização (espessamento da
camada córnea), comedões e oleosidade.

Use esse recurso para evidenciar possíveis lesões subclínicas, que na inspeção a olho nu não se
destacam, mas sobressaem sob a fluorescência do equipamento, ou realizar o diagnóstico diferencial,
como é o caso do melasma epidérmico que é mais superficial, do melasma dérmico, localizado mais
profundamente no tecido (HAMMERSCHMIDT et al., 2012; VEASEY; MIGUEL; BEDRIKOW, 2017).

Para utilizar esse recurso e realizar uma avaliação mais apurada das lesões e alterações presentes na
pele, siga as orientações a seguir:

• a pele deve estar limpa para não afetar a análise;

• caso não seja uma lâmpada de cabine devemos realizar essa parte da avaliação em ambiente
escuro, apague as luzes;

• lupa posicionada a 20-25 cm da pele, deve ficar próximo da pele, mas não tocá-la (pode
ocorre queimadura);

• para proteção, cubra os olhos do cliente com algodão ou óculos para fototerapia;

• realize a inspeção e anote as informações na ficha de avaliação.

Interpretação da inspeção com a lâmpada de Wood

Quando você realizar o exame com a lâmpada de Wood, deve ficar atento com as imagens que
visualiza, são informações nem sempre tão precisas e é necessário treinar o olhar, o que torna o uso
desse recurso uma tarefa mais fidedigna.

As informações a seguir irão auxiliar na interpretação do exame:

• Coloração azulada: pele normal e saudável: camada córnea, células mortas.

• Coloração ou manchas brancas.

• Áreas roxas fluorescentes/violeta-claro: pele desidratada e fina.

• Áreas roxo-escuras: presença de maquiagem, filtro solar.

77
Unidade I

• Áreas amarelas: presença de comedão ou pústula.

• Áreas de cor laranja ou coral: áreas oleosas e comedões.

• Áreas marrons: áreas de pigmentação.

O diagnóstico das lesões em luz branca é indispensável, bem como a utilização de lupa e da
inspeção a olho nu.

Figura 53 – Lâmpada de Wood

Resumo

Vimos as principais estruturas que compõem a face, bem como o


funcionamento de glândulas e tecidos que compõem esse complexo
tegumento, que é o alvo dos principais tratamentos faciais realizados
pelo esteticista.

Entendemos a importância da manutenção do pH para a homeostase


da barreira cutânea e suas diferenças em homens e mulheres. Assim como o
pH, a integridade da pele é fundamental para sua função protetora contra
os agentes externos e de manter a boa aparência desse tecido.

E finalizamos esta unidade aprendendo sobre avaliação facial. Vimos


que são várias as características que permitem a avaliação da pele, cada
aspecto avaliado pode ser combinado ou avaliado separadamente e serve
para te direcionar no planejamento do programa de tratamento do seu
cliente, afinal ele é único e apresenta características específicas.

78
TÉCNICAS EM ESTÉTICA FACIAL

Para te auxiliar nessa etapa, use os recursos disponíveis e de acordo


com o que se pretende avaliar. Não economize nos recursos e no tempo
que irá investir na avaliação, sabemos que a vida agitada e a correria são
fatores importantes que impactam o atendimento, mas explique ao cliente
a importância da avaliação, ela é a chave para o sucesso do tratamento!

Exercícios

Questão 1. O sistema tegumentar é constituído pela pele e pelos anexos. Por ser o principal alvo
das intervenções estéticas, é necessário conhecer sua estrutura de maneira detalhada. A respeito das
características morfológicas e funcionais da pele, avalie as afirmativas a seguir.

I – A epiderme é a camada superficial da pele. Apresenta um único tipo celular, denominado


queratinócito, que tem como função estabelecer uma barreira entre o organismo e o meio externo.
A presença de queratina na membrana dessas células dificulta a penetração de alguns princípios ativos
nas camadas mais profundas do órgão.

II – A camada córnea é a mais superficial da epiderme. Os peelings mecânicos e químicos promovem


a esfoliação dessa camada, o que estimula a renovação celular.

III – A derme é constituída por tecido conjuntivo propriamente dito, cujo principal tipo celular é
o fibroblasto, responsável pela síntese de proteínas da matriz extracelular. Com a idade, observa-se
aumento do número de fibroblastos, o que resulta em perda da elasticidade cutânea devido ao acúmulo
de proteínas extracelulares.

IV – Substâncias presentes no suor, como, por exemplo, o lactato e a ureia, promovem a


hidratação da epiderme.

São corretas as afirmativas:

A) I e II.

B) II e III.

C) I e III.

D) II e IV.

E) I, II, III e IV.

Resposta correta: alternativa D.

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Unidade I

Análise das afirmativas

I – Afirmativa incorreta.

Justificativa: o queratinócito não é o único tipo celular presente na epiderme. Nesse tecido também
são encontrados melanócitos (5% a 10% do total de células da epiderme e são responsáveis pela
pigmentação da pele) e células de Langerhans (2% a 8% do total de células da epiderme e são células
de defesa). É importante reconhecermos esses diferentes tipos celulares, uma vez que as intervenções
estéticas são realizadas a partir da epiderme. Quanto à penetração dos princípios ativos, de fato, a
queratina presente na membrana dos queratinócitos dificulta esse processo, principalmente em relação
às moléculas mais hidrossolúveis. Os princípios ativos mais lipossolúveis, no entanto, conseguem
atravessar essa barreira facilmente.

II – Afirmativa correta.

Justificativa: o estrato córneo é a camada mais superficial da pele. Suas células estão mortas e
apresentam grande quantidade de queratina. É sobre essa camada que atua o peeling, que retira o
excesso de células mortas pelo processo de abrasão e, assim, estimula a renovação celular – processo
pelo qual os queratinócitos presentes em outros estratos da epiderme substituem por abrasão as
células perdidas.

III – Alternativa incorreta.

Justificativa: os fibroblastos são células que sintetizam e secretam colágeno, elastina,


proteoglicanos e glicosaminoglicanos, moléculas que permanecem na matriz extracelular e são
importantes para manter a estrutura, a hidratação e a elasticidade da pele. Com a idade, o número de
fibroblastos na derme diminui e, portanto, a composição da matriz extracelular muda, o que resulta
em envelhecimento cutâneo.

IV – Alternativa correta.

Justificativa: o suor tem a função de promover a termorregulação e é importante para manter a


hidratação da pele. Além de conter substâncias hidratantes, como o lactato e a ureia, ainda se mistura
ao sebo, formando o manto hidrolipídico, que auxilia na manutenção da microbiota da pele.

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TÉCNICAS EM ESTÉTICA FACIAL

Questão 2. Antes de se realizar um procedimento estético, é necessário explicá-lo em detalhes


ao cliente. O esteticista deve descrever as etapas do tratamento, assim como os equipamentos, as
manobras e os cosméticos que serão utilizados em cada etapa. Suponha que você pretenda aplicar,
no rosto do cliente, um tônico facial de pH próximo ao da pele. Você deve informá-lo de que o
tônico apresenta:

A) pH ácido, entre 4,5 e 5,0.

B) pH neutro, entre 4,5 e 5,0.

C) pH neutro, igual a 7,0.

D) pH básico, acima de 7,0.

E) pH básico, abaixo de 7,0.

Resposta correta: alternativa A.

Análise da questão

De maneira simplificada, o potencial hidrogeniônico, ou pH, refere-se à concentração de íons H+


presentes em um meio (no caso, esse meio é a fina camada de líquido que reveste a pele). Quanto maior
a concentração de íons H+, mais ácido é o meio e menor é o valor do pH. Meios ácidos apresentam pH
menor do que 7,0. Portanto, o pH da pele da face, que é de aproximadamente 4,7, tem caráter ácido.

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