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SINOPSE

Coagida a fazer algo que ela não queria, por um homem que tinha
acabado de conhecer, o caminho de Cecile Viana, encontra-se com o do
poderoso magnata Andrew Castillo, que a toma como sua propriedade somente
para atingir seu grande inimigo, seu primo Jonas Vitello. No entanto, basta o
toque desse homem sexy e arrogante, para que ela perca toda a razão. Andrew,
desperta em Cecile uma ardente paixão. No início era apenas uma vingança, mas,
se transforma em algo mais, e, nenhum dos dois está disposto a abrir mão.
“Sua vida estava nas mãos de um homem arrogante que ela não ousava
amar... Ou seria o contrário?”
Copyright © Liliene Mira, 2021
Revisão: Rosana Bezerra (Vivart - Criação e Design)
Diagramação: Rosana Bezerra (Vivart - Criação e Design)
Capa e Contracapa: Mirart - Criação e Design)

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens e


acontecimentos descritos são produtos da imaginação da autora.
Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é mera
coincidência.
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REFÉM DE UM MAGNATA
LILIENEMIRA
1ª Edição – 2021
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reprodução de qualquer parte dessa obra – física ou eletrônica –
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consentimento escrito da autora. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na
lei nº. 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal 2018.
Esta obra segue as regras da Nova Ortografia da Língua Portuguesa.
Dedicado às minhas irmãs Laudeisa Mira e minha gêmea Liliane Mira,
amo vocês meninas.
O amor é um negócio doido
Faz um reboliço por dentro
Nos muda por inteiro
Ele nos molda por dentro...
“ Trecho da poesia – “AMOR”.
– Liliene Mira”.
Sumário
SINOPSE
PRÓLOGO
CAPÍTULO 01
CAPÍTULO 02
CAPÍTULO 03
CAPÍTULO 04
CAPÍTULO 05
CAPÍTULO 06
CAPÍTULO 07
CAPÍTULO 08
CAPÍTULO 09
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
CAPÍTULO 35
CAPÍTULO 36
CAPÍTULO 37
CAPÍTULO 38
CAPÍTULO 39
CAPÍTULO 40
CAPÍTULO 41
CAPÍTULO 42
CAPÍTULO 43
CAPÍTULO 44
EPÍLOGO
PRÓLOGO

— O que você quer comigo, Jonas? — Pergunto a ele mais uma vez
em italiano, já acomodada no banco do carro.
Confesso que estou bastante preocupada e com medo, não o conheço,
entrei nesse carro contra a minha vontade.
Eu estava na minha, mexendo em meu celular, a boate estava cheia, mas,
eu não estava a fim de dançar.
Foi quando Jonas se aproximou de mim, jogando todo seu charme, tentei
resistir, no entanto, é difícil resistir quando um cara faz você se sentir a mulher
mais linda do mundo.
Pensando bem, só agora notei o quanto estou carente, se eu tivesse
olhado bem pra ele, veria o quão fingindo ele é.
O deixei me guiar entre a multidão, achei que estávamos indo para um
lugar mais reservado.
Eu queria beijar na boca, faz tempo que não sei o que é isso.
Quando notei que tínhamos saído da boate, comecei a ficar em pânico.
— Onde você está me levando? — Pergunto tentando disfarçar o medo
com a raiva.
Naquele momento lembrei-me de minha mãe, ela achava que eu estava
no meu pequeno apartamento estudando.
Quando recebi uma bolsa para estudar administração em Roma, na Itália,
não pensei duas vezes, sempre foi meu sonho e o sonho da minha mãe.
Ela trabalhou duro para que eu estivesse nesse país e sempre quando dá,
ela manda algum dinheiro para mim e eu mando para ela também.
Trabalho como babá temporária, o dinheiro é bom e o melhor, não me
atrapalha nos estudos.
Depois de tanto tempo, hoje, foi à primeira vez desde que cheguei que
saí para me divertir.
— Calm si sarà già sapere (Calma que você já vai saber). — Ele
réplica em italiano, me fazendo ficar com mais medo.
Ele não espera a minha resposta e continua me puxando pela mão, eu
tento resistir, mas nada adianta.
Um carro utilitário preto estaciona e ele literalmente me jogar dentro do
carro. O veículo começa a andar e meu coração parece que vai sair pela boca
de tanto medo que estou.
— Onde você está me levando? — Já acomodada no carro, pergunto a
ele novamente.
— De onde você é? Você não é italiana, isso está bem claro para mim. A
verdade é que seu sotaque te denúncia. — Ele diz com um sorriso zombeteiro.
— Não é da sua conta. — Respondo com raiva.
— Brasileira? Maravilha. — Ele diz, batendo palmas. — Si dice che il
Brasile ha la passione, Verità? (Dizem que as brasileiras têm paixão, verdade?)
— As palavras em italiano sumiam de minha mente, então preferir ficar em
silêncio. — Não vai responder? — Ele pergunta em português, me fazendo ficar
surpresa. — Não fique surpresa minha cara, eu sei falar um pouco do português,
não é dos melhores, mas, eu sei.
— Onde você está me levando? O que você quer comigo? — Ele fica
calado e lança sobre mim um olhar malicioso. — Não faço sexo com alguém
que acabei de conhecer. Digo a ele com raiva.
Na verdade, ainda não fiz com ninguém.
— Não foi o que me pareceu agora a pouco. — Ele diz torcendo a boca
em um sorriso de desprezo.
— Beijar alguém nunca fez mal a ninguém.
— Já que é assim. Ele tira o cinto de segurança dele e avança sobre mim
e me beija.
Um beijo duro, que machuca meus lábios, eu tento resistir, mas a língua
dele é insistente, então deixo sua língua entrar em minha boca.
Na primeira oportunidade mordo a boca dele, o fazendo gemer de dor.
Sinto o gosto do sangue dele e o empurro com toda força, o afastando de
mim. Tudo isso só me fez ficar com mais raiva dele.
— Você se enganou quando disse que beijar não faz mal.
Esse homem tem um senso de humor horrível.
Volto a mim quando ele estaciona o carro em uma praça com pouco
movimento.
Acredito que já passa das três da manhã.
Quando faço que vou sair, ele agarra meu braço, me impedindo de
descer do carro.
— Quero que você leve essa pasta para mim, lá naquele prédio. — Ele
abaixa o vidro do carro e aponta um edifício enorme, mais ou menos uns vinte
metros de distância. Parece um hotel de luxo.
— Eu não vou a lugar nenhum. Leve você mesmo sua pasta. Além do
mais, deve ser mais de três da manhã, não deve ter ninguém. — Digo a ele
cruzando meus braços.
— É um hotel, sempre tem alguém acordado, eu levaria, mas não dá.
Como pensei, um hotel.
— O que eu tenho que ver com isso? Você me sequestrou, ainda quer a
minha ajuda? Deixe-me ir que não irei te denunciar a polícia. — Ele parecia
achar graça de mim. Idiota. — Ainda tenho que estudar para uma prova, Jonas.
Quando faço que vou sair novamente, ele prende uma algema prateada em meu
braço, gelei na hora.
Noto que a algema também está presa á pasta.
Porra, onde foi que eu me meti?
— Como pode fazer isso? Me solte. Ordeno a ele desesperada.
— Você não me deu outra opção. Quando tudo estiver terminado, você
pode ir embora, te dou minha palavra. — Ele pegou um pedaço de papel, não
sei de onde ele tirou, escreveu alguma coisa e colocou dentro da pasta e a
fechou. — Você vai chegar na recepção e dizer que deseja entregar a pasta a
Andrew Castillo, a mando de Jonas Vitello, lá eles dirão o que você deve fazer.
— E a chave da algema? — Pergunto não conseguindo conter as
lágrimas.
— Está com Andrew.
Eu estou com medo, muito medo, mas não posso demonstrar, esse homem
parecia estar brincando com minha cara.
ESSE DESGRAÇADO. Grito em minha mente.
Limpei as lágrimas do meu rosto e saí do carro sem dirigir mais
nenhuma palavra a ele.
Ajeitei minha saia, meu Cropped e caminhei até o prédio.
Visto do carro, o prédio me pareceu muito mais perto, mas, caminhando
em cima de um salto alto, não é nada agradável.
Quando estava me aproximando, olhei para cima e li o nome; Hotel
Andrew Castillo, escrito na fachada do enorme prédio.
Engoli em seco, nunca havia entrado em um lugar tão luxuoso. Um
segurança com a fisionomia carrancuda abre a porta de vidro e eu entro. Esse
hotel só pode ser vinte e quatro horas, uma hora dessas ainda tem recepcionista.
De cara, dá para perceber o quanto esse Andrew é rico.
“Deve ser bilionário ou talvez o primeiro trilionário no mundo todo.
Será?” — Esse pensamento só me deixa mais nervosa ainda.
Na recepção há vários sofás espalhados para conforto das pessoas que
chegam.
Mas naquele momento estava deserto, a não ser pelos seguranças e o
recepcionista.
Caminho a passos lentos até a recepção, tentando disfarçar meu
nervosismo. A face do recepcionista está séria, muito séria, não me ajudava em
nada, minhas mãos tremiam involuntariamente e eu me segurava para não limpá-
las em minha saia.
— Posso ajudar senhorita? — Ele pergunta com cara de nojo.
Tudo bem que minha aparência não está das melhores, por causa das
lágrimas, com toda certeza o lápis de olho ficou borrado, mas, isso não é
motivo para esse cara me olhar desse jeito, o que ele está pensando que eu
sou?
— Estou aqui para fazer uma entrega ao senhor Andrew Castillo. —
Respondo.
— A senhorita marcou horário? — Ele pergunta me olhando estranho.
— Não!
— O senhor Castillo não marcou horário com nenhuma pessoa a essa
hora, muito menos pediu uma prostituta.
— O QUE DISSE? — Digo em um tom alto, perdendo toda calma.
“Questo figlio di puttana. (Esse filho da puta).” — Penso contrariada.
O cara nem me conhece e me destrata assim.
Ele apenas me olhou com desprezo, como se eu o estivesse
importunando.
Quando eu estava para dar uma bofetada na cara dele, apareceu um
homem segurando meus braços. Ele apertava tanto que eu sentia dor.
— O QUE É ISSO? SOLTE-ME SEU BRUTAMONTE DE MERDA,
VOCÊ NÃO PODEM FAZER ISSO, SEI OS MEUS DIREITOS.
Eu gritava, mas nada adiantava.
— Já chega mulher, diga logo o que você quer.
— Em primeiro lugar, não me trate assim, pois, você não me conhece,
em segundo lugar, eu já disse o porquê estou aqui, você não é surdo.
Eu já estava com raiva do que Jonas fez comigo, ainda vem esse cara
me destratar? Fiquei indignada.
Eu só posso ter tombado com o capiroto para ter uma noite de cão
como essa. Não tem como piorar. Pensei.
— A mando de quem você deseja fazer a tal entrega? — Ele pergunta
com ironia.
— A mando de Jonas Vitello.
O recepcionista idiota me olhou estranho novamente. Pegou o ramal,
apertou algum número, passaram-se uns dez segundos, alguém atende do outro
lado.
— Senhor? Há uma mulher precisando falar com o senhor a mando de
Jonas Vitello. — Ele faz uma pausa. — A quem eu anúncio?
— Jonas, ele estar no carro me esperando.
Ele fala ao telefone.
— Qual o seu nome?
— Não, Jonas que me enviou.
— O senhor Castillo quer saber qual é seu nome senhorita? — Ele
pergunta novamente, impaciente.
Agora sou senhorita? A pouco esse fuleiro me chamava de prostituta,
agora tá parecendo uma cadela balançando o rabo para o seu dono.
O brutamonte não largava meu braço, só diminuiu o aperto, mesmo assim
me sentia incomodada.
— Cecile.
— Cecile de quê?
— Apenas Cecile. — Respondo, já ficando preocupada. — Se o senhor
Castillo puder vir rápido, porque tenho... — Ele levanta a mão me impedindo de
completar a frase.
Cazzo (Caralho), nem falar eu posso.
O que deu nesses homens de agir feito uns trogloditas comigo hoje?
— O senhor Castillo, está á caminho. — Saber isso, não me fez respirar
aliviada, só me preocupou mais ainda. — Ele pediu para senhorita aguardar
aqui.
— Posso me sentar ou me encostar em algum canto? — Pergunto, minhas
pernas estão bambas e se tornou uma tarefa difícil disfarçar o medo, fora o salto
scarpin, que em nada facilitava minha vida.
— Não senhorita, o senhor Castillo disse que é para ficar aí, se ele disse
que é para ficar aí, é melhor obedecer a ordem dele.
Eu não disse nada, só fiquei olhando para ele.
Cadela!
Acho que não se passou nem dois minutos, ouço a chegada do elevador,
cinco homens saem de lá, todos mal encarados, caminhando em minha direção.
Olhei assustada, eles pareciam cinco leões querendo abocanhar a sua
presa, nesse caso, eu.
Eu nem tinha notado que o homem que segurava meu abraço tinha se
afastado e os homens que saíram do elevador me cercaram, me pegaram por
meus dois braços e começaram a me arrastar até o elevador.
— O QUE VOCÊS ESTÃO FAZENDO? POR FAVOR, PAREM, EU
NÃO FIZ NADA. — Eu gritava em italiano, mas, eles nem ligavam para mim.
Comecei a tremer, com a pasta pendurada machucando meu pulso.
Chegando ao décimo quinto andar, os homens saem, esperam eu sair
também, mas, eu não faço menção de sair do elevador.
“Onde foi que eu me meti? Pergunto-me novamente.”
Os homens agarraram meus braços novamente, me puxando sem se
importar se está ou não me machucando.
Seguimos por um corredor muito bonito, onde as paredes são feitas com
madeira.
Eles entram em um quarto enorme, vão direto a uma porta de madeira e
me empurram, me fazendo tropeçar. Quando consigo me equilibrar, ainda
tremendo, observo a sala, linda e espaçosa.
Assim que meus olhos caem sobre uma cadeira no canto da sala, noto um
par de olhos verdes me encarando, um olhar mal e avaliativo, que fez meu corpo
todo se arrepiar.
Aquele deve ser o tal Andrew.
Ele estava literalmente jogado na cadeira, observando todos os meus
movimentos, como um predador faz antes de acabar com sua presa.

CAPÍTULO 01
Olhando a mulher assustada a minha frente, não é difícil imaginar o que
Jonas viu nela. Por mais que o seu corpo seja lindo, maravilhoso e suas curvas
tentadoras, são seus olhos que mais me chamaram a atenção, o medo contido
neles é disfarçado pela raiva e algo mais. Ela me avaliou dos pés a cabeça e
suas pupilas dilataram-se involuntariamente, esse algo mais que eu notei em seus
olhos, me remeteu a palavra desejo, porque é isso que eu sinto olhando esse seu
corpo delicioso...
“Pare de pensar dessa forma seu idiota. Eu instruía a minha mente.”
— Aproxime-se! — Ordeno, mas, ela nem se digna a sair do lugar. — Eu
disse para você se aproximar. — Aumento minha voz e ela se encolhe toda, antes
de se aproximar de mim. Não sou de tratar mulher nenhuma mal, mas, não tolero
quem brinca com minha vida e se ela veio a mando de Jonas, não é coisa boa.
Nunca imaginei que poderia odiar tanto uma pessoa, ainda mais essa pessoa
sendo da minha família. — Quem é você?
— Ce... Cecile. — Ela diz gaguejando. Belíssimo nome combina com a
dona. Como é que eu sei isso? Nem conheço essa mulher. Ela não é italiana, seu
sotaque a denuncia.
— Cecile de quê? Não irei perguntar novamente minha cara. — Pergunto
me levantando da cadeira que está no canto da sala. Ela ainda continua agarrada
a pasta, como se isso pudesse protegê-la de mim. Eu nunca fui adapto da
vaidade, mas nesse momento, eu senti uma pitada dela. Se ela me deseja e sente
medo de mim, para começar está de bom tamanho, para o que estou pensando
fazer com ela.
— Cecile Viana! — Ela diz, evidenciando mais sua raiva. Guardo esse
nome em minha mente, pois, pretendo saber tudo sobre essa mulher.
— Sente-se Cecile... — Ela nem sai do lugar. Ou ela está realmente com
medo ou simplesmente é surda. Não gosto de dar medo em mulher nenhuma,
sempre preferi dar prazer, mas, essa mulher terá o que merece.
Chamo dois seguranças e peço para colocá-la sentada em uma cadeira em
frente a minha mesa. Não quero tocá-la, não ainda, saber que Jonas a tocou me
deixa com muita raiva, não entendo o porquê.
— Senhor, é um engano terrível, só vim aqui entregar a pasta. — Ela está
realmente assustada. — Se não tiver a chave, não precisa cortar meu braço,
podemos pensar em outra coisa, outra forma de o senhor ter a sua pasta. — O
que ela pensa que sou? Um assassino? Um esquartejador de pessoas? Eu poderia
estar rindo da situação se não estivesse com tanta raiva agora. — Por favor,
senhor, eu imploro. — Ela voltou a chorar. Mas, imaginar que ela estava a pouco
com Jonas, sabe-se fazendo o quê, isso me incomoda. Puxo uma cadeira e sento
em frente a ela. — Senhor eu não fiz nada, foi um grande engano. — Ela continua
insistindo em dizer isso, mas, eu não quero acreditar nisso.
— O que tem na pasta? — Questiono-a, encostando-me à cadeira.
— Não sei! — Ela diz exasperada, denunciando o seu cansaço. Ela
pronunciou essas palavras em português, mas, acredito que não percebeu.
Maravilha, mais uma brasileira em minha vida, Jonas sabe que não suporto
mulheres brasileiras. — Não sei o que há na pasta, Jonas me entregou e disse
que eu tinha que te entregar. Acha que eu quero estar aqui? Eu fui forçada.
— Isso não importa mais. — Acho que ela não percebia que ela falava a
língua portuguesa e nem que eu a entendia e conversava de igual. Aprendi
português com minha ex-esposa, para alguma coisa aquela mulher maldita serviu.
Levantei-me da cadeira, peguei um papel e uma caneta em cima da mesa e
escrevi três números e entreguei a ela.
— O que é isso?
— O código para abrir a pasta. — Jonas havia me enviado o código há
dez minutos. — Abra a pasta. — Ordeno saindo da sala. Meus seguranças entram
com escudos antibomba e se posicionam em frente a porta do escritório, eu saio
do escritório e fico atrás da parede, a parede é reforçada com aço, que pode
aguentar uma pequena explosão.
— O que há dentro da pasta? — Ela diz interrompendo meus
pensamentos.
— Nada perigoso. — Minto, mas, a verdade é que eu não faço ideia do
que tenha lá dentro e não confio em Jonas.
— Então porque o senhor mesmo não abre? — Garota esperta.
— Não confio em Jonas. — Digo expondo meu pensamento de agora a
pouco.
— Eu também não confio nele. — Ela diz preocupada. — Só o conheci
hoje na boate. — Saber isso não mudou meu temperamento. Como uma mulher
conhece alguém e no mesmo dia já esta fazendo o que ele quer? Jonas deve ser
muito bom no sexo. Por que eu tinha que pensar nisso?
— Abre logo essa pasta! — Grito em italiano. Posso senti-la se encolher.
— Tudo bem! — Foi tudo o que ela disse antes de abrir a pasta. Os
segundos se passaram e todo meu corpo ficou apreensivo. E se ela abrir e
acontecer algo com ela? Vou me sentir mal por isso? Pergunto-me.
— Não irei! — Digo em voz alta. Mas a minha mente teme em me dizer
que sim, teme em dizer que vou me culpar.
— Por favor, Deus, me ajude. — Ela diz, em seguida ouço um estalar de
algo sendo aberto. Tarde demais para impedi-la de abrir. Idiota, você demorou
para impedi-la. Fico me censurando.
— Descreva o conteúdo da pasta para mim Cecile. — Peço a ela ainda
do lado de fora da sala.
— Não tem muita coisa, há somente uma caixa de tamanho mediano,
escrito em sua tampa "te peguei" e um papel dobrado escrito o seu nome nele,
acho que é uma carta. — Eu não sentia mais o medo em sua voz, mas sim uma
raiva contida.
Entrando na sala, noto que seu rosto não transparece nada, nenhuma
emoção. Aproximo-me da pasta e realmente só consta isso e uma chave, acredito
que das algemas, acho que ela não viu. A raiva que sinto de Jonas só faz
aumentar. Pego a chave dentro da pasta e jogo para ela.
— O que é isso? — Ela pergunta voltando a falar em italiano, deve ter
recobrado a calma.
— A chave das algemas. — Respondo tirando a carta de dentro da pasta.
— Mentiroso...
— O que disse? — Questiono olhando para ela.
— Esse Jonas, maldito e mentiroso, filho de uma cadela.
Ela diz gritando e com raiva, voltando a falar português. Não é que ela
está certa, a mãe de Jonas é uma cachorra usurpadora. Pensei gargalhando por
dentro, esse pensamento me fez sentir-me bem, em saber que a sua raiva está
direcionada para Jonas, não para mim. Enquanto ela tira as algemas, começo a
ler a carta.
“Então primo, gostou da "surpresa"? Espero, para o meu prazer que a
resposta seja NÃO. Tome cuidado, da próxima vez pode não ser uma
brincadeira. Ah, gostou da brasileira? Se quiser pode ficar, não me serve
mais.”
Fico agradecido a meu primo pelo presente, em uma coisa esse traste
acertou.
— Parece que você me pertence la mia piccola
(Minha Pequena). — Digo a ela não disfarçando a malícia em minha voz.
— O que disse? — Ela indaga de repente parecendo assustada.
— Eu disse que você é minha! — Respondo virando para encará-la. Não
percebo que ela já tinha se aproximado de mim. Foi tudo muito rápido, senti um
ardor em minha face no lado esquerdo, automaticamente minha mão esquerda
descansou no lugar que ardia. Sua mão vai para bater do outro lado de minha
face, mas, dessa vez, eu sou mais rápido e agarro seu braço esquerdo e o
mantenho suspenso no ar, não sei, passaram-se segundos, minutos, ficamos na
mesma posição, travando uma batalha com nossos olhares, mas, eu não sou um
homem de perder o que quero e nesse momento eu decidi que a quero, além de
esfregar na cara de Jonas que gostei do presente, ainda vou ter esse corpinho
todo para mim.
CAPÍTULO 02

S
— olte-me. — Ordeno a ele, mas de nada adianta.
— E por que eu faria isso? Estou gostando dessa proximidade. — Ele se
aproximava cada vez mais, o cheiro do seu perfume me deixa tonta, eu não
consigo entender como posso me sentir atraída por alguém que ia me machucar,
se é que ainda não vai me machucar. Tento recuar, mas, estava imprensada entre
ele e a mesa.
— Non toccarmi! (Não me toque!)
— Sei bellissimo la mia piccola. (Você é linda minha pequena). — Ele
me acha linda. De alguma forma esse pensamento me alegrou.
— Não sou tão pequena. — Não posso ser fraca e deixar esses homens
fazerem o que querem comigo. Onde está o meu orgulho? — Afaste-se de mim,
senhor.
— Você não manda em mim, ponha-se em seu lugar. — Ele parecia
irritado com meu comportamento. — Eu não lembrava que as brasileiras eram
tão difíceis. — Eu não me surpreendo de ele falar português, nem de saber que
sou brasileira, faz tempo que estou falando português, mas, não tinha notado que
ele me entendia. — Ainda mais uma facile donna. — Ele completa em italiano.
— Eu não sou uma mulher fácil...
— Como não? Meu primo é tão bom de cama que você me rejeita?
Quanto ele te pagou? — Dessa vez ele foi longe demais. Empurro meu joelho
com tudo, o fazendo recuar de dor. Quem ele pensa que é, me ofendendo dessa
forma? Idiota como sou, ainda pensei em ceder as suas investidas.
— Por que fez isso?
— Porque não sou suas vagabundas. Não me toque.
— Você vai se arrepender por ter feito isso. — Senti meu corpo todo se
arrepiar, mas dessa vez de medo. Ele não me parece uma pessoa que faz ameaças
à toa.
— Eu quero ir embora. — Digo me sentindo cansada de repente. Seu
rosto parecia uma máscara sem expressão nenhuma.
— Faça como quiser, mas, não pense que vai se livrar de mim, você
agora me pertence.
— Eu não sou de ninguém, eu sou dona de mim. — Falei assustada.
— Tarde de mais. — Ele diz com ironia. — Quem mandou vir até mim?
— Não tive muita escolha...
— Isso é conversa. — Que homem arrogante, onde fui me meter meu
Deus? Onde fui me meter? Que arrependimento por ter saído à noite passada,
você é uma estúpida Cecile por fazer as vontades de Lívia.
Lívia é a minha melhor amiga, todos os dias conversamos pelo Skype e
noite retrasada, ela me convenceu a sair. Mesmo longe, ela pode ser convincente
quando quer.
— Imagine-se em meu lugar. No momento em que alguém se aproxima,
flertando com você, mas, quando você menos espera esse alguém te empurra
dentro de um carro e te força a entrar em um hotel, onde outro alguém te força a
fazer o que você não quer.
— Eu não forcei você a nada.
— Se dizer isso o faz sentir-se bem quando deita sua cabeça no
travesseiro. Você é igual a Jonas, duas pessoas aproveitadoras.
“Meu Deus, o que me levou a dizer isso? Ainda em voz alta.”
Eu nem conheço esse cara.
“E nem quero conhecer.”
Tudo bem que eu queria ofendê-lo, mas, o que causou foi totalmente o
contrário.
— Abbastanza (Já chega). — Ele grita em italiano me fazendo encolher e
recuar de medo. — Nunca mais me compare a esse homem.
“Acho que fui longe demais.”
— Mattias? — Ele chama alguém. Um homem alto e atraente, de cabelos
castanho claro em um terno preto feito sob medida aparece na sala. — Mattias,
leve essa mulher daqui. — Ele falava como se eu não estivesse aqui e de alguma
forma aquilo me magoou.
— Para onde Andrew? — Ele falava sem formalidades, deve ser alguém
bem intimo.
— Para casa dela. — Eu quase suspirei de alívio. — Agora me deixem
sozinho.
Ele não precisou pedir duas vezes. Saí sem olhar para trás. Uma parte de
mim quer vê-lo novamente, mas, a outra metade, quer que eu fique o mais longe
possível desse homem.
— Mattias, você não parece Italiano. — Digo, já no carro, um utilitário
prateado. Passo meu endereço a ele e vamos embora.
— Sou brasileiro. — Ele afirma me deixando surpresa.
— Eu também sou. — Respondo a ele em português.
— O que me denunciou? — Ele pergunta com um sorriso descontraído.
— Seu sotaque. — Digo retribuindo o sorriso. — De qual parte do Brasil
você é?
— Do Nordeste da Bahia, um interior chamado Retirolândia.
— Eu sou de Salvador, moro em Brotas. Fico feliz por conhecer alguém
do meu estado.
— Eu também. — Ele afirma.
— Como você veio morar na Itália, Mattias?
— Um homem foi até Ritirolândia e atraiu vários jovens, alegando ser de
uma agência de moda, eu nem estava presente no dia. Mas, esse homem me viu
na rua e disse que eu tinha o perfil e convenceu minha família. Eu nem queria
vim, só tinha 16 anos na época, eu pensava em namorar, terminar os estudos e ir
para a faculdade. Mas era tudo mentira da parte dele, no momento em que
chegamos aqui, ele nos forçou a se prostituir. — Fiquei abismada com o que ele
disse.
— Sinto muito Mattias...
— Tudo bem, já é passado. — Ele diz com uma facilidade. — Fiquei
nessa vida por seis meses, consegui fugir e comecei a passar fome, foi quando
conheci Andrew, eu tentei roubá-lo. — Ele diz com um sorriso nos lábios. — Eu
contei tudo a ele, ele me ajudou e ajudou a todos os outros jovens também,
viramos amigos.
— Meu Deus, você passou por tanta coisa. Por que não voltou ao Brasil
depois que ele te ajudou?
— Ele me fez uma proposta.
— Qual?
— Ele me ajudaria a terminar meus estudos e fazer minha faculdade de
administração, em troca trabalharia para ele.
— Como motorista? — Pergunto incrédula.
— Não, sou seu braço direito, assistente executivo, a única pessoa que
ele confia. — Ele completa com orgulho.
— Você falando assim parece até que esse homem é uma boa pessoa.
“Aquele idiota mandão, delicioso.”
Que pensamento foi esse? Pare de pensar nesse cara Cecile, esse homem
a humilhou, te tratou mal.
— Ele não é ruim depois que você o conhece.
— Sei. — Digo não acreditando no que ele diz.
— Ele só está com raiva. — E o que eu tenho a ver com isso? — Você
estava com Jonas, eles dois são inimigos. — Ele faz uma expressão estranha,
acho que ele falou demais.
— Eu não estava com Jonas, não no sentido que ele imagina, Jonas me
sequestrou. Mas nem sequer aquele homem escutou o que eu disse, aquele
troglodita. — Ele apenas sorrir para mim. — Por que o senhor Castillo é inimigo
de Jonas? — Por um instante ele me pareceu desconfortável mais uma vez.
— Isso você terá que perguntar a ele.
— E a sua família Mattias? — Decido voltar ao nosso assunto de antes.
— Eu nunca contei a eles o que se passou comigo, eles iriam sentir-se
culpado. Todo mês mando dinheiro para eles.
— Moram em Retirolândia ainda?
— Sim, não querem sair de lá por nada. — Ele diz sorrindo e eu retribuo
o sorriso. — E você?
— O que tem eu?
— Eu falei muito sobre mim, mas não sei nada sobre você.
— Verdade, agora nem dá mais.
— Por quê? — Ele pergunta não entendo nada.
— Já chegamos.
— Verdade.
— Tome meu whatsapp, vai ser bom ter um amigo aqui. — Tiro um
pedaço de papel e uma caneta dentro de minha bolsa e escrevo meu número, em
seguida entrego a ele. — Agradeço a carona, Mattias. Ele sai, faz à volta no
carro e abre a porta para mim. Dou dois beijos, um de cada lado de sua face e
saio.
Mattias até que é bonito e atraente, mas, aquele homem não sai da minha
mente, me sinto uma idiota.
— Quem ele pensa que é? — Digo em voz alta, entrando e batendo a
porta com força. — Espero nunca mais vê-lo.
Vou até meu quarto, coloco minha bolsa no guarda roupas, meus saltos no
sapateiro e vou até o banheiro, me despindo. Tiro a roupa e jogo no cesto de
roupas sujas. Tomo um banho frio, me sinto cansada, já passa das oito da manhã
e ainda não dormi, daqui a pouco tenho que ir para a faculdade.
Vou estudar um pouco. Assim que termino o banho vou até a sala, ligo
meu notebook, caminho até a cozinha para pegar uma maçã na fruteira e volto
para a sala e começo a estudar.
Foi o pior estudo que tive em minha vida, minha mente não conseguiu
reter nada. Paro de estudar e decido dormir um pouco, aqui no sofá mesmo.
Ponho o alarme do celular para despertar às 13h00min da tarde, já que a prova é
às 15h00min e pego no sono rapidamente.
CAPÍTULO 03

— Mathew? — Grito por meu chefe de segurança.


Estou na empresa, em meu escritório. Não dormi nada, desde que me
mudei para o hotel que não durmo bem, minha casa está em reforma já faz seis
meses, o chefe de construção me prometeu entregar nesse final de semana, é
melhor que ele cumpra a promessa. Por mais que eu ganhe a vida construindo
hotéis, não gosto de ficar muito tempo neles. É solitário demais.
— Sim, senhor Castillo? — Mathew pergunta, interrompendo meus
pensamentos.
— Preciso que você descubra tudo sobre essa mulher. — Escrevo no
papel todo o nome de Cecile e entrego a ele.
— Para quando senhor?
— Quero para hoje, Mathew!
— Certo senhor.
— Está dispensado. — Ele balança a cabeça confirmando. — Quando
sair você diz a Paulo para vir até minha sala.
— Certo senhor! — Mathew Acco é meu chefe de segurança há dez anos,
confio a ele minha vida. Eu sou um homem poderoso, dono de muitas redes de
hotéis, constantemente estou rodeados de seguranças, a mídia me intitula
magnata, não gosto que me chamem assim, mas, é assim que sou conhecido.
Mathew também é um ótimo investigador e sempre quando preciso, ele faz esse
trabalho extra para mim.
— Chamou, senhor Castillo? — Paulo pergunta entrando na sala.
— Paulo, já conseguiu a secretária que eu solicitei? — Estou precisando
urgentemente. Eu já estava ficando irritado com toda essa demora. Minha
secretária Joana já era de idade e acabou de se aposentar, já era para ter
resolvido isso, só que eu fiquei adiando e deixei para Paulo resolver.
— Não, senhor Castillo... — Quando Paulo me chama de Castillo com
esse tom preocupado, é porque a coisa está feia mesmo. Paulo está comigo faz
sete meses, ele trabalha na parte financeira em minha empresa Società Andrew,
mas, ficar em duas funções o estar sobre carregando, por isso necessito de uma
secretária.
— Como assim, não senhor Castillo? Quer dizer que ninguém se
candidatou ao cargo? — Meu estado de irritação já estava quase raiva. Se
controle Andrew, se controle, eu tentava dizer para mim mesmo através da minha
mente. Paulo não tem nada haver com seus problemas.
— Já se candidataram várias...
— E então, por que nenhuma delas está trabalhando para mim ainda?
— Porque nenhuma tem o perfil que o senhor exigiu.
— Solteira e sem filho? — Eu pedir alguém com essas características
porque viajo muito, preciso de alguém que não me dê problemas nesse quesito.
— Senhor, a maioria é casada e tem filhos... Assim dificulta.
— E a minoria, Paulo? — Pergunto frustrado. Hoje o dia está mais que
péssimo.
— Os comportamentos não são profissionais. — Essa é a maneira
educada de Paulo falar que elas são piranhas.
— Entendi Paulo. — Fiquei pensando por um tempo, encostei-me a
cadeira, com as mãos no queixo. — Paulo, deixe que resolvo isso. Por hoje é só.
— Digo, o dispensando em seguida.
Paulo sai que nem noto e me aprofundo em meus pensamentos. Lembro-
me do dia que eu escolhi construir hotéis ao invés de barcos. Sempre fui
apaixonado pelo mar, mas, a minha paixão real é a arquitetura. Meu pai era dono
de uma construtora de barcos e queria que eu seguisse o mesmo rumo que ele.
Comecei consertando canoas, era assim que eu ganhava meu dinheiro, meu pai se
orgulhava, mas, eu não me sentia feliz, quando tomei coragem para contar a meu
pai, de alguma forma, ele se sentiu traído. Ele me tirou de seu testamento, disse
que eu não ia vencer na vida, palavras duras vindas de um pai para o seu filho. O
que eu fiz? Desenhei meu primeiro projeto, era perfeito, vendi a primeira
construtora que aceitou comprar. Ganhei um bom dinheiro e por aí não parei
mais de fazer meus projetos, fiz minha faculdade, o dinheiro que sobrou, abri
minha primeira empresa, pequena, mas, eu nunca vou esquecer dela, lá muitos
projetos foram criados. No momento que o dinheiro passou a ser maior que o
esperado, senti desejo em meu coração em construir algo, então escolhi construir
um hotel. Foi assim que percebi que construir hotéis também se tornou a minha
paixão.
Meu pai não vive mais para saber o sucesso que me tornei nessa área,
mas, sei que se ele estivesse aqui, não estaria orgulhoso, ele morreu e deixou
tudo o que era meu para Jonas, ele teve um caso com minha tia, a mãe de Jonas e,
de alguma forma, eles convenceram meu pai a fazer de Jonas o único herdeiro.
Eu já não sinto raiva de meu pai, se ele ainda estivesse vivo, faria o possível
para me reconciliar com ele. Não foi fácil chegar aonde cheguei, passei muita
fome, já passei maus bocados, como diz o ditado. Uma coisa meu pai me
ensinou, e que eu levo em minha vida, jamais eu deveria passar por cima de
alguém, que eu vencesse pelo meu esforço e competência, desistir não deveria
nunca estar no vocabulário de um Castillo, somos fortes e não desistimos nunca,
seja conseguindo ou não conquistar o que queremos. Segui o conselho de meu
pai, ele fez quem sou hoje, por isso estou aqui, aceitando ou não.
Acordei do transe com Mattias estralando o dedo em minha frente, nem
tinha notado sua presença.
— Andrew, você está bem?
— Estou bem. — Digo olhando para ele. — Não bate mais?
— Eu bati e você não escutou, achei que tinha alguma coisa errada. —
Ele responde parecendo estar na defensiva.
— Levou Cecile para casa como eu te pedi? — Pergunto mudando de
assunto.
— Sim. — Ele diz com um sorriso que não gostei nada. — Ela é ótima,
descobri que mora na Bahia, assim como eu. Ela me deu seu whatsapp.
— Ela fez o quê? — Quer dizer que ela deu seu whatsapp a Mattias e a
mim nem um beijo quis dar, tudo bem que não é a mesma coisa, mesmo assim.
Preciso deixar claro a Mattias que ela já é minha. — Mattias, não se interesse
por ela...
— Por quê?
— Porque ela é minha, simples assim.
— Ah... — Ele diz me encarando. — Não achei que estivesse interessado
nela, tome o whatsapp dela então. — Ele diz me entregando o papel. —
Andrew?
— Sim?
— Ela não me parece uma mulher que só fica por uma noite.
— Como sabe disso?
— Eu conversei com ela e me parece uma mulher direita, e outra, ela
alega que não dormiu com Jonas, ele a sequestrou...
— Ele o quê? — Pergunto com raiva. — Aquele desgraçado.
— Ele a sequestrou. Ela tentou te dizer e você não acreditou nela.
— Achei que ela fosse uma de suas amantes e mentirosa.
— Imaginei. O que você viu nela?
— Não sei, alguma coisa me atraiu nela. Eu sei que é estranho, prometi a
mim mesmo não me envolver mais com uma mulher brasileira, mas, aqui estou
eu, interessado por outra.
Mattias sorrir e se levanta.
— Espero que você descubra o amor nela.
Eu fiquei calado, o encarando, não seria para tanto, tenho certeza que
depois que eu conseguir o que quero, todo esse interesse vai embora.
— Agora preciso ir Andrew, tenho que resolver os assuntos de sua
viagem para semana que vem.
— Certo, vai lá. — Mattias sai e eu fico pensando em suas palavras...
“Espero que você descubra o amor nela.”
— Já eu, espero que isso não aconteça. — Digo em voz alta.
O amor deixa as pessoas fracas, eu que o sei. Não sei por que essa
mulher não sai de minha cabeça, eu preciso tê-la, nem que seja só uma noite.
Tenho que pensar em uma maneira de fazer Cecile aceitar, uma coisa que sou
muito bom é em convencer alguém.

— Senhor Castillo? — Paulo diz entrando em meu escritório.


— Sim, Paulo? — Pergunto levantando a cabeça, que estava abaixada,
analisando uns papéis que estão sobre minha mesa.
Semana que vem irei viajar para o México. Eu preciso inspecionar o
terreno que comprei, lá será a construção de meu novo hotel. É necessário deixar
todos os documentos prontos antes da viagem, mas minha mente não está
funcionando bem, um trabalho que eu terminaria em meia hora, já tenho quase
uma hora e meia. Cecile não sai de minha cabeça, preciso vê-la e pensar nela e
querer tocá-la dificulta meu trabalho, e muito.
— O senhor Acco está aguardando para falar com o senhor. — Paulo diz
interrompendo meus pensamentos conturbados.
“Não entendo porque Paulo se dá a esse trabalho de vir aqui, o
telefone serve para isso, mas, ele faz questão de vir a minha sala.”
— Por favor, diga a ele para entrar. — Respondo, reprimindo meu
pensamento anterior.
Paulo sai e em seguida Mathew entra.
— Sente-se Mathew. Digo assim que ele se aproxima da mesa.
— Boa noite senhor? — Ele diz se acomodando na cadeira.
— Boa noite. — Digo me recostando a cadeira. — Alguma novidade
sobre a investigação?
— Sim. — Ele diz me entregando um pequeno dossiê, o qual eu não
havia notado. — No momento, todas as informações que encontrei sobre ela são
essas.
Peguei o dossiê e coloquei em cima da mesa.
— Se desejar, posso continuar a investigação, senhor Castillo.
— Certo Mathew, você está dispensado. Daqui a pouco estarei indo
embora. — Ele balança a cabeça concordando, em seguida se levanta da cadeira.
Quando ele estava próximo a porta, o chamei.
— Mathew?
— Sim?
— Agradeço pela ajuda extra.
— Disponha senhor, pode contar comigo sempre que desejar.
Balanço a cabeça confirmando. Eu sempre soube que posso contar com
ele, mas, escutar isso da boca dele é bem melhor. Faço uma nota em minha mente
para recompensar Mathew pela ajuda. Pego o dossiê e começo a ler.
Nome: Cecile Viana Lopes
— Ela não me disse todo o seu sobrenome. — Digo em voz alta.
Não sei porque isso me chateou. Penso mais intrigado do que
preocupado.
Nascimento: 04 de agosto de 1994.
Idade: 22 anos
Nacionalidade: Brasileira / Nata
Pai: Lucas Viana Santos / Falecido
Mãe: Marcela Viana Lopes
Antecedentes criminais: Sem antecedentes criminais
Preferência sexual: Homens
Não pude deixar de sorrir em saber disso.
Locais onde trabalhou: Não especificado.
Amizades: Amiga Lívia Araújo.
— Como ele sabe esse tipo de coisa? Não consigo pensar em nada, não
entendo de investigação. Volto a ler o dossiê.
Temperamentos: Não especificado
Espero que ela não seja Colérico, vai dificultar e muito a minha vida.
Pensei entortando os lábios. De Colérico já basta eu.
Cecile Viana Lopes, ganhou uma bolsa de intercâmbio para estudar
administração na Itália por cinco anos.
— O quê? Quer dizer que ela irá embora? Pela data estipulada para o
termino da bolsa, ela tem no máximo um ano e meio. — Exclamo com raiva.
— Mas o que eu tenho com isso? Ela não é nada minha.
“Mas ainda vai ser.”
Minha mente teima em me dizer. Mas, a verdade é que saber isso me
deixou com receio, do quê, eu não sei.
Terminei de ler o dossiê e fiquei com a mente vagando. Pensar em
Cecile, acende todo meu corpo, isso me preocupa, a conheci hoje e quero vê-la
novamente. A quero perto de mim, mas, como conseguir isso?
— Claro! — Exclamei levantando-me, tirando meu terno do encosto da
cadeira e minha bolsa carteira preta de cima da bancada de madeira próximo a
porta e saí do escritório, dispensei Paulo e me encaminhei a garagem. Mathew já
estava me esperando em frente ao meu SUV preto, pronto para sair. Entro no
carro e me acomodo.
— Para casa da senhorita Viana?
Não fiquei surpreso, Mathew me conhece muito bem.
— Sim. — Respondo com um meio sorriso e ele retribui e sai com o
carro.

***

Meus pensamentos são interrompidos pela voz de Mathew.


— O que disse?
— O senhor está bem? Parece preocupado.
— Estou preocupado com algumas coisas, mas estou bem, Mathew,
agradeço a preocupação.
— Disponha senhor, mas, qualquer coisa pode falar. — Confirmo com a
cabeça.
Minha preocupação maior é saber qual o próximo passo de Jonas. Eu
tenho certeza que ele tem algo haver com o atentado em minha casa, mas, eu não
posso provar, não ainda.
O que ele fez Cecile fazer, foi só uma brincadeira de mau gosto, no
entanto, ele prometeu que a próxima vez não será. Eu só quero saber o porque
ele tem tanto ódio por mim, o engraçado, é que eu quem deveria ficar com raiva
dele, afinal ele me roubou o amor de meu pai.
— Chegamos senhor! — Mathew diz, parando o carro em frente a um
prédio com a aparência deplorável.
“Espero que o interior da casa de Cecile não seja assim.”
O carro estaciona e logo atrás dele saem meus outros seguranças,
Mathew dá as ordens. Apenas dois seguranças sobe comigo e Mathew e dois
ficaram fazendo a segurança embaixo para guardar os carros, estou ciente que
minha vida está em perigo, então todo cuidado é pouco.
Próximo a porta do apartamento de Cecile, peço a Mathew para fazer
guarda do lado de fora, ele protestou, mas acabou concordando. Me encaminho
até a porta e toco a campainha, espero alguns segundos e toco mais uma vez,
quando estou para tocar pela terceira vez, ela abre a porta. Me senti aliviado por
nenhum dos seguranças está próximo de mim. A visão de Cecile de toalha me
deixou com água na boca e um incômodo abaixo da cintura.
— Vo... Você? — Ela gagueja.
A surpresa dela era tanta que se a visão do corpo dela não tivesse me
deixado excitado, eu riria de sua fisionomia.
— O que o senhor está fazendo aqui? — Ela pergunta recobrando a
compostura.
— Você recebe todos assim? — Pergunto apontando para o seu corpo.
— Eu... — Ela faz uma pausa corando de vergonha. — Eu estou
esperando a sindica, ela vem pegar o pagamento.
— Se você está dizendo, mas até que gostei da recepção.
O desejo tomou conta do meu corpo, o esforço estava muito para
controlar.
— O senhor ainda não me disse o que deseja? — Ela dá um passo para
trás.
“Acho que não adiantou nada controlar.” Pensei com um sorriso de
lado.
— Pergunta perigosa.
— Senhor Castillo, vá direto ao assunto. —Ela está ficando brava, até
assim ela fica linda.
— Preciso conversar com a senhorita, aqui fora não vai ser um bom
lugar.
Pude perceber pelas emoções que passavam pela sua face, que ela está
avaliando se deve ou não me deixar entrar. Não gostei do medo que vi naquele
lindos olhos.
— Não precisa ter medo, não vou te machucar, só quero fazer uma
proposta a senhorita. — Ela fica alguns segundos me encarando.
— Tudo bem, pode entrar.
Ouvi esse pedido trouxe um alívio em meu corpo tenso e excitado. Solto
a respiração que até então nem sabia que estava prendendo.
Ela fica de lado para me dar espaço para passar, sem querer, querendo,
meu braço direito roça em seu seio por cima da toalha. Essa atitude só fez meu
desejo aumentar e a vontade de agarrar Cecile naquele momento estava esvaindo
meu autocontrole. Pela primeira vez fiquei preocupado que minhas atitudes
estragassem tudo.
CAPÍTULO 04

O olhar de desejo que Andrew lançou sobre mim, me deixou


desconfortável e excitada ao mesmo tempo.
— O que deseja, senhor Castillo? — Pergunto novamente, em frente a
porta fechada, tentando conter o desejo que se apossou do meu corpo após seu
braço roçar em meu seio por cima da toalha.
— Por que estar de toalha senhorita Cecile?
Ele parecia tão desconfortável quanto eu.
— Eu já disse que estou esperando a sindica, ela vem buscar o dinheiro
do aluguel, eu estava no banho, como ela é mulher, não achei nada demais abrir a
porta assim, não esperava o senhor.
— Acredito em você, mas, por sua causa está difícil me controlar...
— Se controlar? Como assim?
Ele se aproxima de mim, fazendo todo o meu corpo ficar em alerta
máximo, agarra o meu braço e me puxa de leve em direção ao sofá.
— O que você está fazendo? Se controlar para quê, senhor Castillo?
— Eu quero te beijar senhorita Cecile, não consigo resistir.
Eu não consegui emitir nenhum som, eu quero que ele me beije, mas, e se
ele não gostar? Nunca beijei de verdade, não aqueles beijos ardentes, ele não me
parece alguém que se contenta com selinhos.
Andrew, com suas mãos ágeis tira minha toalha.
— O que o senhor está fazendo?
Rapidamente cubro meu corpo com minhas mãos.
— Linda, como eu imaginei.
Ele se aproxima mais, deixando os nossos corpos colados.
Eu preciso me afastar, ele pode pensar alguma coisa errada de mim,
mas, porque não consigo? Porque está difícil resistir a ele.
— Eu preciso te beijar Cecile, por favor, não me diga não.
Ele está me implorando um beijo? Isso nunca aconteceu comigo.
— Jonas te beijou?
Que pergunta foi essa? Será que eu devo responder?
— Ele te beijou? — Ele repete a pergunta. Confirmo sua pergunta
balançando a cabeça. A raiva se misturou com o desejo em seus olhos. — Você
gostou?
— Por que está me perguntando essas coisas? Devolva-me minha toalha.
Tento separar nossos corpos, mas não consigo.
— Você gostou? — Ele parecia estar controlando sua raiva.
— Não... — Respondo me afastando dele, minhas lágrimas caem e eu não
consigo contê-las. — Acha que vou gostar de beijar alguém que me sequestrou,
me humilhou e ainda por cima brincou com minha cara? Você não me conhece.
Agora, por favor, quero minha toalha.
Falei tudo em um fôlego só. Andrew abaixa-se e pega minha toalha,
achei que ele me daria, só que ele pegou a toalha e jogou em cima do sofá e se
aproximou de mim novamente.
— Quero te fazer esquecer o beijo dele.
— Para quê? Por quê se importa?
— Não sei o porque me importa, mas, eu quero fazer você esquecer.
No momento me pareceu uma promessa tão boa que me peguei aceitando.
Ele começou beijando meu pescoço, me fazendo ficar arrepiada. Ele foi
tão devagar até minha boca, parecíamos estar em câmera lenta, seu beijo era
carinhoso e ao mesmo tempo intenso, o toque de sua boca parecia estar
eletrocutando todo meu corpo, o fazendo doer, mas, uma dor prazerosa.
Esse pensamento me assustou e todo o prazer foi embora, empurrei
Andrew e corri ao meu quarto e fechei a porta, me encostando na mesma.
Olhei o meu corpo nu e um sorriso nervoso surgiu em meus lábios.
— Tudo bem, preciso pensar sobre isso, mas agora não posso, nem tenho
condições.
Pensei em desistir de voltar a sala, mas seria muita covardia.
— A casa é minha, ele que tem que sair. — Tento convencer a mim
mesma.
Visto um short folgado e uma camisa larga, da série Game of Thrones,
com a imagem do meu lindo rei do norte estampado na frente, saio do quarto e
caminho até a sala. Encontro Andrew sentado no sofá, parecendo bem relaxado.
Ele me avalia dos pés a cabeça e bem rapidamente noto uma centelha de desejo
passar por seus olhos.
— Hai preso la mia bella (Você demorou minha bela). — Ele diz em
italiano.
Olhei pra ele com um falso desdém por sua observação e para disfarçar o
prazer pelo elogio contido nele.
— Não me chame de sua bela, porque não sou sua, agora, por favor, vá
direto ao ponto. — Respondo a ele em português.
— Ok, você está certa. — Ele retruca em português, parecendo chateado.
Sua voz ficou mais grossa e seu sotaque mais acentuado, deixando meu corpo
todo arrepiado, me fez imaginar ele falando em meu ouvido com sua voz grossa e
sedutora.
Pigarreio para limpar minha mente desses pensamentos e sento na
poltrona frente a ele.
— Sei que a senhorita — ele voltou a ser formal novamente, eu e minha
boca grande — Está no ultimo ano de faculdade, mas, ainda não fez nenhum
estágio...
— Como sabe sobre...
— Não me interrompa, por favor.
Grosso. Penso comigo mesma, mas resolvo ficar em silêncio.
— Estou precisando de uma secretária. — Ele faz uma pausa
significativa. — A senhorita aceita ser minha secretária?
Fiquei encarando-o por alguns minutos, tentando colocar minha mente em
ordem.
— O que me diz senhorita...
— Por acaso o senhor é bipolar?
— O que disse?
— Perguntei se o senhor é bipolar? Ontem o senhor me odiava, hoje o
senhor me beija e ainda me oferece um emprego.
— Eu nunca disse que te odeio, peço perdão se foi a impressão que
causei, mas, o que eu estou oferecendo é nada mais que um negócio, eu preciso
de uma secretária e você de um estágio.
— Eu tenho que te dar uma resposta agora?
— Não precisa, mandarei para você, ainda hoje, o trabalho que eu quero
que você desempenhe e o valor a ser pago, mas, você terá até às dez da noite de
amanhã para me informar sua decisão.
— Entendo. — Foi a única resposta que consegui pensar.
— Fique ciente, senhorita Cecile, que não tolero atrasos, principalmente
de possíveis funcionários. — Ele se levanta do sofá e abotoa o seu terno. Parece
tão idiota de minha parte, mas, ele fica bonito até abotoando um terno.
Nem notei sua aproximação, ele pigarreia me fazendo voltar a mim.
— Sim?
— Acompanha-me até a saída senhorita?
— Ah, sim, acompanho sim. — Respondo tentando por meus
pensamentos em ordem. Ele estende sua mão pra mim. — Eu posso me levantar
sozinha...
— Tenho certeza que sim. — Ele diz, ainda com sua mão direita
estendida.
Não querendo ser grosseira, decido segurar sua mão e me levanto. Com
um sorriso torto, ele entrelaça os nossos braços e caminhamos até a porta,
chegando lá, abro e espero ele sair. Ele sai e vira-se para mim.
— A propósito, senhorita Cecile...
— Sim?
— Sua sindica esteve aqui para receber o pagamento...
— E por que não me chamou? — Pergunto tentando me conter para não
fazer grosseria, mesmo ele merecendo. — Meu pagamento já estava atrasado.
— Não achei necessário.
— Não achou necessário? Agora preciso ir até lá pagar, se não ela vai
ficar com cara feia e tentará me tirar do prédio.
Quando estou para me virar, ele voltar a falar.
— Não achei necessário te chamar, por que já paguei...
— O senhor não ousou fazer isso?
— Tanto ousei que já está feito.
— Quanto o senhor deu a ela?
— Paguei o aluguel desse mês e dei mais três meses adiantado.
— Eu não tenho como pagar esse dinheiro todo ao senhor, vou lá e
pedirei a ela todo o dinheiro de volta...
— Se você fizer isso, comprarei esse prédio e despejarei todos.
— O senhor não ousaria? — Digo incrédula.
— Quer pagar pra ver?
— Não gosto que me ameacem, senhor Castillo.
— Isso não é uma ameaça, isso é um aviso. Só avisei sobre o que fiz
porque achei o certo a ser feito, se não você nem saberia.
— O certo a ser feito para quem? Só se for para o senhor.
Fiquei encarando sua face séria, ele parecia estar falando sério, eu não
posso deixar ele pagar as coisas para mim, ele é um estranho. fiquei pensando no
que devo fazer e decidi falar com a sindica e pegar o dinheiro novamente.
— Pense como desejar. — Ele diz virando-se para ir embora.
— Idiota, arrogante. — Digo em um sussurro.
— Escutei isso senhorita Cecile.
— E eu com isso?
— Escutei isso também. — Ainda caminhando ele diz: — Passe bem,
Senhorita.
Parecia que eu estava vendo seu sorriso zombeteiro, com raiva, fecho a
porta com força.
CAPÍTULO 05

— Paulo, algum recado para mim? — Pergunto parando em frente a sua


mesa.
— Alguns, Sr. Castillo. — Ele diz pegando um caderno em cima de sua
mesa, procurou por alguns segundos os recados no caderno, em seguida voltou a
falar. — O arquiteto ligou, disse que sua casa está pronta, só falta uns detalhes a
ser resolvido, mas precisa que o senhor esteja presente. — Balanço a cabeça
afirmando. — Sua ex-mulher ligou, mas, não quis deixar recado.
Com toda certeza ela deve está querendo mais dinheiro. Pensei com
raiva.
— Algo mais?
— Sim... — Ele diz, fazendo uma pausa. — Aqui! — Uma senhorita
chamada Cecile ligou...
— E o que ela queria? — Pergunto impaciente.
— Ela não quis deixar recado, apenas disse que ligaria mais tarde.
— Grazie, Paulo. — Digo tentando conter minha ansiedade.
— Ainda faltam mais alguns recados Sr. Casti...
— Se não for urgente, não precisa falar nada, Paulo. Separe os urgente e
os importantes e me mande por e-mail e os desnecessários você ignora. — Digo
isso e caminho em direção a minha sala. — Outra coisa, Paulo. — Paro de andar
e volto a falar com ele. — Quando minha ex-mulher ligar, Dille all'inferno con la
vita di Satana, non mia (diga que mandei ela infernizar a vida do Satanás, não à
minha). — Paulo afirma com um sorriso discreto. — A inclua na lista de recado
desnecessários. — Dizendo isso, eu voltei a caminhar.
Sempre aprendi desde menino a ser civilizado, mas quando se refere à
Daniela, minha ex-mulher, eu só consigo sentir raiva.
Lembro como se fosse hoje, quando descobrir a traição de Daniela, algo
que antigamente eu poderia dizer ser raro acontecer com um homem, onde
acontecia o contrário, quando os homens eram os infiéis.
Meu pai foi criado com base católica, mesmo não seguindo esse caminho
depois de adulto, ele sempre guardou com carinho todos os ensinamentos de seus
pais e esses mesmos ensinamentos, ele passou para mim. Ele me ensinou a
respeitar, a ser fiel, a ser um homem de caráter, a ter princípios. Até hoje lembro
quando ele me levava para o trabalho e me dava aula com seus sábios
ensinamentos.
— Andrew filho, o homem precisa viver por princípios, ter caráter,
respeitar para ser respeitado.
Eu só balançava minha cabeça, admirado, meu pai era um homem
orgulhoso, mas, era um homem de caráter, que influenciou a muitos.
— Filho, nunca tome uma decisão baseado em sentimentos ou emoções,
nossas escolhas trazem consequências que muitas das vezes podem não ser
prazerosas, as decisões decidem o cenário.
Essa ultima parte, acho que eu não levei muito a sério, porque foi os
sentimentos que eu achei que tinha, que me levou a perdi Daniela em casamento.
Eu era jovem e meus negócios estavam em ascensão, meu pai tinha
falecido e eu me sentia só, meu coração estava devastado, por meu pai ter
morrido sem me perdoar. Foi aí que Daniela entrou em minha vida, ela me usou e
eu me deixei ser usado.
Em uma decisão impulsiva, resolvi me casar com ela, que dizia me amar,
eu achava que a amava também, mas, hoje eu sei que aquilo não era amor, era
minha válvula de escape, minha carência falando mais alto.
Sei que nesse assunto não há inocentes, a opção de me trair com o
motorista foi de Daniela. Ele trabalhava para mim há anos, ainda assim, ele me
traiu.
Mas, a pior traição que aquela vagabunda fez, foi matar o nosso
bambino. Ela nem tinha me dito que estava grávida, quando eu soube, já era tarde
demais.
Fiquei casado com ela quatro anos e nunca a conheci, divorciei-me dela
faz apenas três meses e foi a melhor decisão que tomei. Hoje com meus vinte e
oito anos, ainda tem muita coisa para ser sarada nesse meu coração machucado e
decepcionado.
Sou frustrado comigo mesmo, frustrado com a pessoa com a qual eu me
casei, é isso que sinto. Com o tempo fui melhorando, mas, toda vez que Daniela
tenta algum contato comigo, eu volto a me sentir pior.
Eu sei que Daniela nunca me mereceu e por um instante, eu já cheguei a
imaginar que mereço ser feliz com outra pessoa, mas, não penso mais assim,
desistir do casamento, o máximo que eu faço é o sexo casual. Nunca precisei dar
em cima de ninguém e quando faço sexo com alguém, à atração é mútua, sempre
deixo claro que é somente sexo, elas aceitam, então seguimos em frente com
nossas vidas. No entanto, com a senhorita Cecile, parece ser algo mais, só não
sei ainda, mas irei descobrir.
Meu ramal toca, me despertando de meus devaneios.
— É algo importante Paulo? Porque no momento não desejo falar com
ninguém, passei amanhã toda em reuniões, tudo que desejo agora é fazer meu
trabalho sem interrupções.
Digo isso como se realmente estivesse trabalhando. Penso irritado
comigo mesmo.
— Entendo Sr. Castillo, mas, é a senhorita Cecile na linha dois...
— E porque não disse isso antes?
— O Senhor Não me deu uma chance de falar. — Paulo diz em voz baixa.
— O que disse?
— Nada Sr. Castillo, não disse nada. — Eu tinha escutado, mas preferir
deixar para lá, tudo que eu quero é saber a resposta de Cecile.
— Passe a ligação, Paulo.
— Acabei de passar, senhor.
— Grazie, Paulo. (Obrigado).
— Organizzare Sr. Castillo. (Disponha).
— Boa tarde Senhorita Viana? — Um grande silêncio do outro lado da
linha. — Cecile? A chamo pelo primeiro nome, como se fossemos intimos.
Algo que eu quero muito que aconteça e que seja logo. Penso satisfeito.
— Boa tarde, Sr. Castillo.
Eu não notei o quanto sentia falta de escutar a voz dela. Preocupei-me em
pensar dessa forma, só a conheço há dois dias e me excito só de escutar a sua
voz. Longe de mim apaixonar-me, ainda mais por uma brasileira. Não, eu não
odeio as mulheres brasileiras, odeio o que elas me fazem lembrar.
— A Senhorita está bem? — A voz dela me pareceu exausta e mais uma
vez me peguei preocupado com ela.
— Estou bem, só cansada, não dormir bem a noite.
Eu não dormir nada, desde que minha casa foi incendiada, eu vivo
preocupado. No fundo eu sabia que Jonas tinha alguma coisa a ver com o
incêndio, mas, ainda não tenho provas. — Sr. Castillo, ainda aí? — Ela pergunta
cortando a linha de meus pensamentos.
— Sim, perdono, a senhorita pode repetir novamente.
— O começo, o meio, ou o final? — Ela pergunta com um leve tom de
brincadeira, algo que me surpreendeu.
— O final. — Respondo a ela de igual modo.
— Perguntei se posso passar aí para a entrevista...
— Qual entrevista?
— A minha entrevista de emprego.
— Então a senhorita aceita o emprego? — Pergunto surpreso.
Ela deve ter tirado o dia para me surpreender. Penso com um sorriso
nos lábios.
— Sim, mas...
— Ótimo, fique despreocupada que não precisa de entrevista...
— Escute, Sr. Castillo. — Ela diz com um tom de nervosismo.
— Estou escutando. — Respondo, me recostando na cadeira.
— Eu aceito o emprego, mas se fizermos tudo certo, começando pela
entrevista.
Fico em silêncio, assimilando a condição dela. Não achei nada demais,
já vi o currículo dela, não tem experiência nessa área, mas já trabalhou em
várias funções, posso ver que ela não tem medo do trabalho duro.
— Para mim tudo bem em fazer a entrevista. Algo mais?
— Sim...
— Prossiga.
— A entrevista pode ser hoje?
Por mais que seja um motivo a mais para vê-la novamente, preciso
pensar nela primeiro, ela acabou de dizer que está cansada.
— acredito que podemos deixar para amanhã, afinal a senhorita está
cansada e já passa das 16h00min.
— Não se preocupe comigo, Sr. Castillo, estou bem. — Ela diz com um
tom indiferente.
— Como não me preocupar senhorita? Eu cuido de meus funcionários.
— Ainda não sou sua funcionária, no momento o senhor está liberado de
se preocupar comigo. — Ela diz a última frase com um tom brincalhão.
— Mas será! — Respondo não achando graça. — Que tipo de chefe eu
seria se não me preocupasse com o bem estar de meus funcionários? — Eu não
esperava essa minha reação.
Não gostei da forma que ela falou. Não sei se foi pelo pouco caso a
minha preocupação a ela, ou pela sua indiferença a mim.
Cecile fica em silêncio por alguns segundos e volta a falar.
— Entendo, Sr. Castillo, não quis fazer pouco caso, só quis deixá-lo
ciente que estou bem o suficiente para a entrevista. Além do mais, já estou a
caminho.
— Va bene senhorita. — Digo fingindo derrota. — Estou a sua espera.
Despedimo-nos com um até logo, ela desligou o telefone e em seguida eu
fiz o mesmo.
Levanto-me e vou até a mesa de Paulo. Encontro-o com a fisionomia
muito séria, olhando a tela de seu computador.
— Paulo? — chamo. Ele levanta os olhos e noto um Paulo mais cansado
que o normal. — O que está fazendo, Paulo?
— Estou avaliando as finanças do hotel de Portugal, Sr. Castillo, deseja
algo?
— Não, apenas peço a você que quando a senhorita Cecile chegar, a leve
até minha sala, logo após você pode ir para casa.
— Para casa? — Pergunta ele, espantado. — Ainda não são nem
18h00min, Sr. Castillo.
— Você está exausto, Paulo, esses últimos dias tem sido corrido, com a
compra do terreno do México e com a inauguração do hotel de Salvador, no
Brasil, sei que estou exigindo o máximo de você. — Paulo suspira e recosta em
sua cadeira. Não me parecia convencido a ir embora. — Sr. Lorenzo, não é um
pedido. — Dizendo isso, volto ao conforto de minha sala, preciso terminar os
últimos ajustes de minha viagem para o México.
CAPÍTULO 06

— E u não tenho nada para vestir, Livi. — Quando olhei para o


notebook, Lívia revirava os olhos. — Assim você não ajuda. — Digo fingindo
estar aborrecida.
— Pare de reclamar Cecil, seu guarda roupa está lotado de roupas,
garanto que você não usou nem metade.
Não sei o que mais me frustra, não achar uma roupa do meu agrado ou ter
mentido para Andrew que já estava a caminho — Penso demonstrando cansaço.
— Espere que vou te ajudar Cecil, saia da frente, deixe eu ver seu guarda
roupas.
Saio da frente e deixo-a dar uma olhada, ela faz isso por um tempo,
depois volta a falar.
— Cecil, você precisa vestir algo que impressione, mas ao mesmo tempo
não te deixe parecer desesperada pelo emprego.
Balanço a cabeça concordando com ela. Lívia coloca a mão no queixo
pensativa.
— Humm... Que tal aquela calça jeans azul escura, ela te deixa gostosa,
mas, ao mesmo tempo elegante, usa aquela blusa cinza, ela fica bonita com a
calça e com aquele blazer preto o seu look fica completo. — Balanço a cabeça
com um sorriso de orelha a orelha.
— Sabe que você deveria ter cursado a faculdade de design de moda,
Livi? Você é ótima nisso.
— Você sabe que já pensei em fazer faculdade de moda Cecil, mas amo
meu trabalho como modelo, isso toma muito meu tempo. — Ela diz retribuindo
meu sorriso. — A propósito, Cecil...
— Sim? — Digo calçando meu salto scapin.
— Meu agente disse que tudo indica que meu próximo trabalho será na
Itália, estou torcendo para que isso aconteça.
— Maravilha amiga, tomara que seja aqui e que seja logo, vai ser muito
bom ter um ombro amigo por perto, mesmo que seja por pouco tempo.
— Eu também, amiga, estou com tanta saudade, meu coração chega doer,
você é a irmã que nunca tive. — Ela completa com lágrimas nos olhos.
— Assim eu vou chorar Livi. — Digo tocando na tela do computador. —
Te amo pop.
— Te amo, pirulito.
Quando éramos crianças, nossas cabeças eram grandes demais em
proporção ao tamanho de nosso corpo, os meninos de nosso bairro nos zoavam
o tempo todo, nos chamando de cabeção, não ligávamos para os insultos deles,
sabíamos que tínhamos cabeça grande. Uma noite, enquanto conversávamos
algumas bobagens de adolescentes, acabei chamando Lívia de cabeça de Pop,
ela achou engraçado e gostou do apelido, até que me deu um apelido também,
me chamando de cabeça de pirulito. Rimos como nunca naquele dia, uma das
minhas lembranças preferidas de nossa infância juntas. Penso com um sorriso
no rosto.
— O que achou Livi? — Pergunto fazendo uma pose enfrente ao
Notebook.
— Você está gostosa. — Ela responde batendo palmas.
— Só você mesma para dizer uma coisa dessas.
— Estou falando sério, tome cuidado para o seu chefe não se apaixonar.
— Ela diz ainda sorrindo.
— Acho difícil Livi...
— Como sabe disso? Homens não podem ver mulher Cecil. Se eu fosse
homem, tentaria te pegar. — Ela completa rindo, parecendo uma hiena.
— Se você fosse um homem, eu que te pegaria. — Respondo rindo alto
também. — Pop preciso ir, depois conversamos melhor e te conto como foi a
entrevista. — Ela balança a cabeça confirmando. Manda um beijo para mim,
mando outro beijo para ela e desligo o Skype, chamo um Uber, pego minha bolsa
em cima da cama, minhas chaves na cômoda e saio para esperar o carro em
frente ao prédio que moro.

Cheguei à empresa Società Andrew, era quase 17h30min. Eu estava mais


atrasada do que gostaria e no carro decidi dizer a verdade sobre o meu atraso
para ele.
— Comecei bem. — Digo irônica.
Na recepção, me apresento, revelo que o Sr. Castillo está a minha espera.
A recepcionista lança sobre mim um sorriso tranquilizador, talvez ela notasse
meu nervosismo. Ela apertou um número no ramal, alguns segundos depois ela
responde a pessoa do outro lado da linha.
— Sr. Lorenzo, tem uma senhorita chamada Cecile, ela diz que o Sr.
Castillo está à sua espera. — A recepcionista parecia se derreter ao falar com a
pessoa do outro lado, esse tal de Lorenzo. Lorenzo deve ser um sobrenome,
imagino. Os olhos dela brilhavam. Espero que seja recíproco o sentimento dele
por ela. Ela aguarda alguns segundos e encerra a ligação.
— Paulo está a sua espera.
Então esse é o nome dele. Penso, contendo o riso pela cara de surpresa
que ela fez. — Quero dizer: Sr. Lorenzo.
— Grazie, senhorita?
— Julieta De Luca.
— Grazie, senhorita De Luca.
— Nessun problema (Por nada), senhorita Viana.
— Chame-me de Cecile.
— Somente se a senhorita me chamar de Julieta. — Ela responde com um
sorriso encantador.
Julieta aparentava ter 1,55 de altura, ou menos, ela era tipo mignon,
magra, sem peitão e sem bundão, cabelos pretos, com lindos e chamativos olhos
verdes. Não conseguia ver sua roupa toda, só a blusa verde com detalhes. Acho
que ela não sabe o quanto é linda.
— Julieta, você pode me dizer em qual andar fica a sala do Sr. Castillo?
— Pergunto retribui o sorriso.
— Fica no último andar, décimo quinto.
— Grazie. Torça por mim Julieta. — Digo me afastando do balcão da
recepção.
— Por quê? — Ela pergunta curiosa.
— Tenho uma entrevista de emprego com o Sr. Castillo.
— Uma hora dessas. — Ela exclama espantada. — Meio incomum.
— Ele precisa de uma secretária com urgência. — Minto não querendo
expor o real motivo de minha entrevista ser naquele horário. Eu que pedi, só
porque queria vê-lo novamente.
— Buona fortuna Cecile. (Boa sorte).
Balanço a cabeça sorrindo e caminho para o elevador. O edifício de
Andrew é lindo.
Tão lindo quanto o dono. Penso.
Eu pesquisei sobre a empresa dele. Descobri que seu prédio faz o maior
sucesso. Sua fachada diferenciada com vidros em diversas cores hipnotizava
qualquer um. Os vidros possui tecnologia exclusiva, controle solar e eficiência
energética.
Localizado no privilegiado centro de Roma, a empresa Società Andrew,
foi construída com recursos de última geração, o edifício comercial conta com
20 pavimentos de escritórios, totalizando uma área construída de 23 mil
m². Tudo pensado nos mínimos detalhes pelo arquiteto e CEO, o magnata
Andrew Castillo. Eu parecia uma enciclopédia, só por lembrar tudo isso.
Por mais que só tenha sido dois dias atrás que ele foi grosso, arrogante,
incessível e muitas outras coisas, que eu poderia pensar facilmente, ainda assim
não consigo sentir mais raiva dele, só consigo lembrar do nosso beijo, minha
calcinha chega a ficar molhada só de lembrar.
O elevador faz um barulho ao abrir quando chega ao andar solicitado.
Quando saio do elevador, noto um rapaz com a fisionomia muito séria, olhando a
tela do computador, parecia confuso. Ele estava tão focado que não notou minha
presença.
— Tudo bem? — Pergunto.
— Hã? — Ele levanta os olhos confusos. — Ah, sim, você deve ser a
senhorita Cecile Viana. — Ele dá um sorriso fraco.
— Sim. — Digo sorrindo. — Por que o Senhor me parece tão
preocupado?
— Não precisa me chamar de senhor, basta me chamar de Paulo.
— Va bene, Paulo. Então, o que te preocupa?
— Ultimamente estou tendo que fazer várias outras funções, estou
tentando organizar uma forma de deixar tudo em ordem.
— Você já pensou em fazer um follow up?
— O que é isso? — Ele pergunta encostando-se à cadeira.
— É uma técnica de acompanhamento de tarefas pendentes, assim
dizendo: É avaliar tarefas que já foram feitas.
— Como posso fazer isso?
— Depois posso te ajudar a fazer um, mas, agora tenho uma entrevista de
emprego...
— Para ser secretária do Sr. Castillo? — Balanço a cabeça afirmando.
— Maravilha, um trabalho a menos.
— Calma, nem fiz a entrevista ainda. — Respondo sorrindo.
Tenho algumas condições, não sei se ele vai concordar.
— Creio que o emprego já é seu. — Ele sorriu de uma forma que
soubesse algo que eu não sei. Retribuo o sorriso constrangida.
— O Sr. Castillo pode me atender agora? — Pergunto mudando de
assunto.
— Claro. — Ele diz se levantando. — Vou te anunciar.
Ele abre uma linda porta de madeira de correr embutida, sua cor é branca
e dava um lindo contraste com o vidro da parede. É um tipo de vidro que
impossibilita ver a parte de dentro.
Passado um minuto, ou dois, ele retorna.
— Senhorita Cecile, o Sr. Castillo vai te receber agora. Foi ele falar isso
que minha barriga se contraiu de apreensão e o frio em meu estômago foi
inevitável.
Meus instintos me mandavam ir embora, não seria fácil conviver
profissionalmente com alguém que sua calcinha fica molhada só de escutar o
nome da pessoa. Mas preciso do estágio e trabalhar para as empresas Società
Andrew, será muito bom para o meu currículo.
— Seja o que Deus quiser. — Digo em um sussurro. — Grazie, Paulo.
Não espero resposta e caminho até a porta, abro e entro.
CAPÍTULO 07

Entrar na sala de Andrew, e, vê-lo sentado em sua cadeira, relaxado à


minha espera, me deu um frio na barriga de uma forma que eu nunca havia
sentido, seu blazer que descansava no encosto da cadeira, era preto e fazia par
com sua calça, ele vestia uma camisa social azul e uma gravata de cor roxa com
algumas listras, sua barba aparada e seu cabelo penteado para trás, formavam um
belo conjunto. Era uma visão e tanto.
“Como não se excitar com essa visão?”
Até os homens devem sentir-se atraídos por ele, afinal, ele tem algo que
aflora a imaginação de qualquer um.
“Sexy demais para minha sanidade.”
Naquele momento, dei graças a Deus por está usando blazer. Parece que
meu corpo sabe quando está perto do Sr. Castillo, agora mesmo, meus seios
estão duros e erguidos, e minha mente teima em imaginar Andrew os chupado,
me fazendo gozar horrores, como aconteceu ontem, quando o imaginei chupando-
me da cabeça aos pés.
O que fizemos ontem em meu sofá, foi como se despertasse algo em mim
que antes estava adormecido.
Quando olhei em seus olhos, que não perdiam nenhum de meus
movimentos, senti um misto de prazer e adrenalina. Eu não consigo entender o
porquê o meu corpo se sentia atraída por Andrew, ele não é meu tipo. Pensei
frustrada.
Meu tipo é... Humm, meu tipo é... Merda, realmente não sei dizer, eu
nunca parei para pensar sobre isso, nunca me importei... Até agora!
Até os dezesseis anos, eu sonhava com meu príncipe encantado. Eu sei,
eu sei, não existe essa bobagem de príncipe encantado, e meu primeiro
namorado, o Luís, é a prova que esse sonho não passava de uma ilusão.
Eu não era à menina mais bonita da escola (mas também não era a mais
feia), ainda assim, eu não entendia o que ele tinha visto em mim. Mas depois eu
descobri, quero dizer: Livi descobriu e me disse, ele só queria tirar a minha
virgindade, uma grande aposta entre ele e os meninos populares da escola, não
importava se eu fosse feia ou não.
Foi horrível quando descobri, isso aconteceu em nosso baile de
formatura, quando Livi descobriu, ela nunca me contou como isso aconteceu,
mas, consigo lembrar a cena até hoje.
Livi me chamou no canto, Luís tentava me levar para dançar entre os
poucos casais de jovens que se arriscavam com as músicas lentas, a maioria só
curtia músicas eletrônicas.
Eu não estava afim de dançar, quando Livi chegou, dei graças a Deus.
— Vamos ali, no canto, preciso falar com você, Cecil. — Ela dizia
apressada.
Eu sabia que ela estava com raiva, em seus lábios havia um sorriso, mas,
seus olhos estavam frios e só piorava quando encarava Luís.
Ela não esperou resposta, foi logo me arrastando o mais distante possível
de dele.
— O que foi Livi? Por que está com essa cara? — Eu perguntei assim
que paramos.
— Cecil, eu descobrir algo horrível.
A raiva que havia em seus olhos a pouco foi substituída por tristeza.
— O que você descobriu? — Perguntei preocupada.
— É sobre o Luís... É que ele, amiga... É que ele...
— Fala logo Livi.
— É que ele se aproximou de você somente para transar.
Naquele momento, parecia que eu tinha tomado um banho de água suja,
me senti traída.
Eu sabia que Livi estava sendo sincera, mas, ainda assim tive que
perguntar.
— Tem certeza Livi? — Perguntei incrédula. Eu não conseguia senti
nada, além de incredulidade e um grande sentimento de traição.
— Sim amiga você sabe que eu nunca mentiria para você Cecil.
— Eu sei, Livi. — Respondi olhando com raiva para Luís. — Tire-me
daqui Livi, por favor, me tire daqui.
Caminhamos alguns passos entre a multidão de jovens, senti um puxão
em meu braço e gritei de dor.
— Ai... — Quando virei, percebi que é Luís, com seus olhos vermelhos
de raiva.
— Onde está indo, Cecile?
— Solte-me Luís, você está me machucando.
— Eu não vou soltar coisa nenhuma, você é minha namorada. — Ele
gritou fazendo cena.
— Solte-a agora, seu babaca. — Livi disse indo para minha frente.
Quando se tratava de me defender, ela não tinha medo de partir para
briga, muito menos eu, ela sempre será minha amiga, minha irmã, minha
confidente.
É por isso que preciso contar a ela como me sinto em relação a Andrew,
talvez ela saiba como cessar essas sensações involuntárias.
— Você não manda em mim, sua intrometida.
Com raiva das atitudes dele falei com raiva.
— Escute aqui seu idiota. — Falei apontado meu dedo na cara dele. —
Nunca mais se aproxime de mim, não sou mais sua namorada e se você quer
transar com alguém, vá transar com sua sombra, ou se masturbe até suas mãos
sangrarem.
Luís ficou assustado, me olhando. Eu nunca falei dessa forma com
ninguém, nunca gostei de fazer cena, mas, naquele dia, eu tinha perdido a
calma.
— Eu a amo Cecile, por favor, vamos conversar.
— Agora é tarde, Luís. — O ignorei e voltei a caminhar com Livi.
Saí de lá, mas ainda podia escutar ele me gritando. Ele passou semanas
tentando falar comigo, apenas o bloqueie de minhas redes sociais e de minha
vida.
Eu, a menina boba que era, achava que ele gostava de mim, que me
amava. Chorei semanas, mas aprendi a lição e como aprendi.
Infelizmente esse episódio me fez perder a confiança nos homens, e no
dia que conheci Jonas, foi a primeira vez que me arrisquei em seduzir e ser
seduzida.
“Não posso deixar de dizer que foi um fracasso.”
Talvez exista o homem certo para mim, mas, o destino só pode ter
deixado ele preso em uma ilha deserta ou em outro século, só pode ter sido isso,
era a única explicação sensata que eu tinha.
Sou uma mulher com necessidades, nunca pensei em ficar tanto tempo
virgem, sempre pensei em perder minha virgindade com o homem que meu corpo
e minha mente ansiassem estar, ainda não encontrei esse tal homem.
“Acho que até agora.” — Penso, olhando para Andrew.
Não acredito que pensei isso. Droga, eu preciso parar com isso. O
homem a minha frente, por mais lindo que seja, por mais que pareça um príncipe,
eram seus olhos que me deixavam em alerta, ele parece mais um lobo,
apreciando a sua presa antes de atacar, nesse caso, eu sou a presa.
— Boa tarde, Sr. Castillo? Agradeço por me receber agora, sei que o
senhor é muito ocupado.
Quando estou nervosa minha boca não para. Ah, como eu queria comer
alguma coisa agora, para acalmar esse nervosismo.
Talvez ele tenha notado, porque me lançou um sorriso tranquilizador e
por um instante, me deixei sentir-me tranquila.
— Boa tarde, Senhorita Viana. — Ele diz levantando e estendendo sua
mão direita para me cumprimentar.
Tocar em sua mão foi como receber uma descarga elétrica em todo meu
corpo, foi quase como sentir o início de um orgasmo. Pelo menos é assim quando
eu me masturbo.
“Necessito fazer isso novamente quando chega em casa.” Faço uma
anotação em minha mente.
— Não se preocupe, já fiz o que tinha que fazer, no momento sou todo
seu. — Ele diz. Não posso deixar de notar o duplo sentido em suas palavras.
Olho as mãos dele sobre a minha e percebo uma pequena resistência dele
em soltar a minha mão. Pigarreio, ele olha em meus olhos e sorrir para mim
maliciosamente antes de soltá-las.
Isso vai ser difícil.
— Sente-se, senhorita Cecile. — Parecia mais uma ordem que um
pedido.
Não lido muito bem quando tentam mandar em mim, mas, eu sei separar o
profissional do pessoal, é o que eu pretendo fazer em relação ao Sr. Castillo.
Assim que eu me acomodo na cadeira, ele volta a falar.
— Pela demora da senhorita chegar, achei que tinha sofrido um acidente.
— Ele diz sarcástico. Torci minha boca em reprovação.
— Em relação a isso, senhor, sinto que lhe devo um pedido de perdão.
Ele se acomoda na cadeira, fazendo um gesto com as mãos para que eu
prossiga.
— Quando disse que estava a caminho eu nem tinha saído de casa ainda,
eu...
— Eu sei senhorita. — Ele diz me cortando.
— Como sabe?
— Não vem ao caso. — Grosso. — Mas eu já sabia. — Ele senta ereto
na cadeira.
— Trouxe seu currículo? — Ele me parecia incomodado com algo, mas,
eu não tinha coragem de perguntar o motivo.
— Trouxe. — Respondo, tirando uma pasta de dentro de minha bolsa.
— Mas, antes que o senhor comece com a entrevista, preciso deixar claro
algumas coisas. — Faço uma pausa esperando resposta.
— Prossiga. — Ele diz tirando a pasta de minhas mãos, abrindo-a e
tirando meu currículo de dentro.
— Sei que nos conhecemos de uma forma que eu não esperava, acredito
que nem o senhor. Sei que teve a situação de nosso beijo em meu apartamento. —
Digo envergonhada.
— Foi mais que um beijo. — Ele diz irônico. — Nós quase trans...
— Eu sei o que íamos fazer senhor. — Interrompo-o. Meu nível de
constrangimento está aumentando e tenho certeza que ele percebeu.
— Não é a questão que eu quero chegar.
— E qual é a questão então, senhorita? Vá direto ao assunto. — Ele
completa impaciente.
— Senhor, para que isso dê certo e o nosso trabalho aconteça. Peço que
nossos contatos sejam apenas profissionais. — Ele nada diz, só me encara.
— Nada de beijos, visitas inesperadas, muito menos pagar minhas
contas. A propósito, trouxe o dinheiro que o senhor pagou meu aluguel. — Abro
minha bolsa e pego minha carteira.
Foi um sacrifício reaver o dinheiro, a sindica não queria me devolver, foi
preciso muita insistência de minha parte e a ameaça de um processo. Ela acabou
cedendo. Peguei o dinheiro do Sr. Andrew e paguei o aluguel com meu dinheiro.
O dinheiro que ele deu, era bem mais do que eu imaginava, nunca tinha visto
tanto dinheiro junto.
Abri a carteira e tirei o dinheiro, ofereci a ele e tudo o que ele fazia era
me encarar, seus olhos estavam semicerrados e seu semblante sério. Se ele está
com raiva, está escondendo bem.
Permaneci com minha mão estendida, ele não fez nenhuma menção de
pegar o dinheiro. Fez-me imaginar se realmente estou fazendo o certo, afinal, ele
foi gentil em pagar meu aluguel, mas o problema é que eu não gosto de dever
nada a ninguém, ainda mais a uma pessoa que mal conheço.
— Pegue o dinheiro, senhor. — Estendo mais a minha mão. — É o certo
a se fazer. — Digo tentando convencer a mim mesma, afinal, já era tarde para
arrependimentos.
CAPÍTULO 08

— O certo a se fazer? — É a primeira coisa que consigo falar depois


do breve discurso dela.
— Sim, o certo a se fazer. — Ela afirma.
— Lembra o que eu disse que ia fazer caso a senhorita fizesse isso? —
Seus olhos crescem e por um momento noto medo neles.
— O senhor não faria isso? Aquelas famílias não tem nada haver com
isso.
— Por que não pensou isso antes? — Pergunto irritado.
— Não gosto de ser ameaçada, senhor. — Ela diz com raiva.
Até com raiva ela fica linda, vai ser difícil ficar longe dela, agora mesmo
estou me segurando para não agarrá-la e beijar essa sua boca gostosa.
“Preciso mudar o rumo de meus pensamentos se não é isso mesmo que
vou fazer.” — Penso frustrado.
— E eu cumpro minhas promessas. — Respondo categórico. — Mas
alguma coisa senhorita?
— Não. — Ela diz abaixando sua mão. Senti-me vitorioso até ela dizer.
— Acho melhor eu ir embora.
Só agora notei o cansaço em sua voz. Quando ela entrou aqui, só faltei
babar olhando-a, a calça que ela usava moldava sua bunda e suas pernas e meu
corpo reagiu com pensamentos libertinos.
Desde a primeira vez ela me encantou, sua ousadia, mesmo com medo,
não se deixava abater, decidida, orgulhosa e agora descubro que tem gênio forte,
mulher teimosa.
Talvez ela ache que eu quero comprá-la, mas, quando eu dei o dinheiro,
não pensei a respeito, não pensei como ela se sentiria a respeito. E agora a
olhando, eu podia ver a mágoa em seu olhar.
— Tudo bem, a senhorita venceu. — Digo surpreendendo tanto ela quanto
a mim. — Só dessa vez. — Completo.
Ela sorri em resposta e minha irritação foi cedendo aos poucos.
— Vamos combinar uma coisa... — Faço uma pausa esperando resposta.
— Sim?
— Fique com o dinheiro. — Ela estava para me interromper, mas, eu fui
mais rápido.
— Deixe-me terminar. — Ela balança a cabeça afirmando. — Coloque o
dinheiro em uma conta. Não quero comprá-la. — Afirmo, expondo meu
pensamento de agora a pouco. A surpresa em seu olhar mostrou que eu estava
certo. — Aceite como um presente de aniversário.
— Como...
— Sei que seu aniversário é daqui a dois meses e se a senhorita não
aceitar, pensarei que é uma ofensa à mim, afinal, está claro que a senhorita não
vai com minha cara. — Digo fingindo estar ofendido.
— Prometo não voltar ao assunto de comprar o prédio e despejar as
pessoas, se a senhorita fizer o mesmo com o dinheiro.
Ela ficou tanto tempo calada, que achei que ela não tinha escutado nada
do que eu falei. Nunca conheci alguém tão teimosa e me surpreendia saber que a
teimosia dela me excitava.
— Tudo bem! — Ela diz guardando o dinheiro na carteira.
Ela me parecia uma pessoa orgulhosa demais e alguma coisa me dizia
que se ela usasse o dinheiro, não seria para ela.
“Se ela ficar, para mim tudo bem.” Penso satisfeito.
Mais uma vez fiquei surpreso em realmente me importar se ela vai ou não
aceitar o dinheiro.
Nunca foi tão difícil para eu fazer uma mulher aceitar um presente meu,
ainda mais dinheiro.
Se ela fosse minha, já tinha comprado um apartamento para ela e vários
outros presentes.
Minha? Eu nunca fui tão possessivo, quando se referia a Daniele, ainda
nem tenho nada como essa mulher a minha frente.
O que há comigo? É só uma mulher. Não sei o que esse pensamento quer
dizer e isso me abalava.
Cecile, é uma mulher que despertava minha libido como nenhuma outra
mulher, nem mesmo Daniele mexeu tanto comigo.
— Agora que estamos resolvidos, podemos ir para a entrevista, Sr.
Castillo. — Balanço a cabeça afirmando.
Li o currículo dela por um tempo, eu já sabia sobre os trabalhos que ela
tinha realizado, sei que ela não tem experiência, mas ainda assim, quero dar uma
chance a ela.
Vai ser difícil resistir a atração que sinto por ela, darei o meu melhor, só
não prometo nada.
“Se ela quiser também, quem sou eu para dizer não?”
— Só tenho duas perguntas para senhorita. — Digo mudando o rumo de
meus pensamentos.
— Quais? — Ela pergunta se remexendo no acento.
— A senhorita se acha apta para o serviço?
— Sim. — Ela olha em meus olhos. Talvez para que eu veja a
sinceridade em sua fala.
— A senhorita tem algum empecilho em viajar comigo para outros
países? — Dessa vez ela demorou em responder, como se tivesse medindo os
prós e os contras. — Sim, ou não? Não quis ser grosseiro, mas deve ter soado
assim, porque a vi se encolher em seu assento.
— Não. — Ela enfim responde. Eu suspiro aliviado.
“Aliviado demais para o meu gosto.”
Por um segundo achei que ela diria sim.
— Então o emprego é seu. A senhorita começa amanhã, esteja aqui as
08h00min em ponto, não se atrase, pois, não tolero atrasos, caso isso aconteça,
me informe antecipadamente, saiba também que vou querer saber o motivo.
— Só isso? A entrevista é só isso? — Ela pergunta incrédula.
— Já sei o que preciso saber. — Digo me divertindo com a expressão
dela. — E a senhorita, deseja acrescentar algo?
— Eu... Eu não consigo pensar em nada.
— Então acabo...
— Talvez...
— Sim?
— Talvez o senhor possa parar de me chamar de senhorita, me chame
apenas de Cecile, ou Cecil, como o senhor achar melhor. — Ela completa
envergonhada.
— Cecil? — Um apelido carinhoso, sensual. Faz-me imaginar como seria
chamá-la assim quando ela estivesse gozando comigo dentro dela. Só em pensar
isso meu pau ganhou vida novamente. Merda!
— Sim, não precisa me chamar assim se não quiser, mas, se puder parar
de me chamar de senhorita, ficarei muito grata. — Ela se sentia realmente
incomodada.
Ela sorriu, pela primeira vez relaxada.
— Aqui as pessoas só me chamam pelo meu sobrenome, acho que não
esqueci meu nome ainda porque... — Ela faz uma pausa contendo o sorriso,
envergonhada. — Perdoe-me, isso não vem ao caso.
— Continue. — Incentivei. Eu estava gostando por ela estar tão à vontade
comigo pela primeira vez.
— Porque mantenho sempre contato com minha mãe e minha amiga Lívia.
— Tudo bem para mim te chamar de Cecil, mas, só quando estivermos
sozinhos, quando estivermos acompanhados precisará ser formal.
Eu quis perguntar mais sobre a mãe dela e a amiga, mas lembrei que
precisava agir profissionalmente, por enquanto.
— Certo. — Ela diz voltando a sorrir.
— Mas o mesmo serve para você, Cecil, me chame de Andrew.
— Certo senh... Quero dizer: Certo Andrew.
Nunca me atentei pela forma que as pessoas chamam meu nome, mas, eu
poderia ficar horas escutando Cecil chamar meu nome, talvez na cama gritando
na hora do ápice de seu prazer. Remexo-me na cadeira.
— Eu preciso ir, Andrew. — Ela diz se levantando apressada.
Será que ela percebeu algo? Tenho certeza que de onde ela está, não dá
para ver minha ereção. Penso alarmado.
— Certo, Cecil. — Digo ainda sentado.
Pelo visto isso vai ser uma tortura. Estou excitado, se eu levantar, ela
pode ver minha ereção. Ia ser constrangedor, mais para ela, porque para mim, ia
ser divertido saber o quanto ela pode ficar corada.
Pego meu celular e mando mensagem para Mathew, pelo whatsapp.
“Mathew, Cecile está descendo, leve-a para casa, por favor. Quando
retornar, mande-me uma mensagem avisando que desço.”
A resposta vem de imediato.
“Certo Sr. Castillo, estou à espera dela.”
Assim que recebo a confirmação de Mathew, volto a falar com Cecile,
que já estava virando em direção a porta de saída.
— Mathew está a sua espera lá fora, ele te levará para casa.
— Não precisa, chamarei um Uber...
— Ele já está a sua espera. — Ela ia protestar, mas, eu a interrompi
antes.
— Está dispensada, Cecil.
Fingi indiferença e olhei a tela de meu computador. Escuto a porta se
fechar, quando levanto a cabeça, ela já tinha saído. Suspiro frustrado e excitado
ao mesmo tempo.
Eu não parava de pensar em Cecile, minhas mãos suavam, ansiavam tocá-
la, mas, eu sou um homem de palavra. Se ela quer limitar nossa relação ao
profissional, então que assim seja, mas, eu prometo fazê-la mudar de ideia, a se
prometo.
CAPÍTULO 09

O que aquela mulher estava fazendo na empresa de Andrew? —


Pergunto para mim mesmo curioso.
Por um momento minha curiosidade sobrepôs a minha raiva.
Certamente eu não esperava isso acontecer quando a forcei entregar
aquela a pasta a Andrew.
O engraçado é que ela nem queria ir, mas agora está trasando com ele.
Penso voltando a ficar com raiva. Foi preciso colocar as algemas para que ela
fosse entregar a maleta.
Minha tigresa que tinha me dado essa ideia.
— Se a vagabunda que você escolher resistir, coloque nossas algemas
preferidas, quando você vir, tenho uma surpresa para você.
Aquela mulher me domina, sempre faço as suas vontades. Então, eu fiz o
que ela me pediu, naquele dia, eu iria comê-la de todas as formas possíveis. Meu
grande ragazzo em minhas calças chega vibrou de ansiedade.
Mas então, vi uma linda morena no canto, meu pau passou de vibrar para
tremer como louco. doido para trepar com a gostosa de sainha curta.
A encarei por um tempo, lancei o meu melhor olhar sedutor. Ela retribuiu,
então notei que ela gostou de ser observada.
Então pensei... Essa já é minha.
Mas então lembrei de minha tigresa, se ela soubesse da traição ia me
esfolar vivo. Desisti na hora de levá-la para cama. Eu amo minha principessa e
perdê-la está fora de cogitação.
Decidi fazer logo o que eu estava ali para fazer, quando a gostosa estava
para sair do meu carro, para entregar a pasta a Andrew, roubei o um beijo dela
para não ficar na vontade e quando saí de lá, minha mente só pensava em receber
uma belo boquete da minha tigresa.
Agora, vendo aquela mulher sair da empresa de Andrew, percebo que o
plano de nada adiantou.
Esse desgraçado do Castillo, consegue tudo o que quer, até a gostosa
ele já está comendo. Penso voltando a ficar com raiva.
Se ele soubesse do pai dele, o que eu fiz com ele, o que ainda estou
fazendo.
O idiota acha que o pai está morto e vai continuar assim. O pai dele vai
continuar sofrendo em minhas mãos.
E toda vez que ele vence, ver o velho sofrer me dá forças. Então, quando
ele cair, e eu consegui tirar tudo dele, vai ser a minha vendetta.
Eu te odeio Andrew, com toda minha força.
Meu celular toca tirando-me dos meus devaneios de ódio. Quando noto
que é minha gostosa ligando, atendo de imediato.
— Minha gostosa, já estou indo para casa. — Digo todo dengoso assim
que atendo.
— Onde você está Jonas? Estou te esperando a horas? — Ela está
estressada, posso sentir no tom de sua voz.
— Fui me encontrar com o informante, tigresa, ele tinha novidades sobre
Andrew, mas, já estou indo para casa.
— E o que ele disse?
— O que já sabíamos, o plano não deu certo, precisamos passar para o
próximo plano.
— Isso vai acontecer quando eu disser. — Ela começa a falar com um
tom áspero.
Essa mulher deve está precisando de uma boa foda para acalmar esses
nervos, só pode.
— Esse plano é meu, então, eu o executo quando eu quiser. — Ela
completa.
— Gostosa não quero discutir com você, sei que você está estressada, já
estou indo para casa, conversamos quando eu chegar.
— É bom mesmo. — Ela diz com um tom carinhoso. — Preciso transar
urgentemente para ver se esse estresse passa. — Falei.
Tudo que fazemos quando estamos juntos é transar muito e arquitetar
vários planos contra Andrew.
Temos o mesmo objetivo, destruir a vida de Andrew.
— Amo-te Jonas.
— Também a amo Daniele. — Digo com tom apaixonado.
Desligo o celular e dou partida no carro.
Como disse, ainda vou tirar tudo de Andrew.
Faz dois meses que estou trabalhando para Andrew e o desejo que sinto
por ele só faz aumentar, está complicado me controlar quando estou próximo a
ele.
Mesmo com toda a sua arrogância ao falar comigo na maior parte do
tempo, mesmo assim, ele sempre arranja um motivo para estar mais próximo a
mim. Atividades que ele, ou Paulo já tinha me ensinado, ele fazia questão de
repassar várias vezes.
A pior tortura não é isso, ele está sempre procurando maneiras sutis para
me tocar, meu corpo esquenta, minhas mãos suam, minha respiração acelera toda
vez que isso acontece.
Achei que seria mais fácil conviver com ele. Achei que o desejo ia
acabar se agíssemos profissionalmente, mas não está adiantando nada.
Acho melhor parar de achar tanto. Pensamento idiota esse.
Contei a Livi como conheci meu arrogante e gostoso chefe, ela odiou
Jonas e o xingou de vários nomes impróprios, eu também o xinguei, e o odeio a
cada vez que a imagem dele surgi em minha mente.
Depois contei sobre o beijo e a quase transa entre mim e Andrew.
Sempre me pego preocupada quando lembro as palavras dela para mim.
— Cecil, não posso acreditar que você fez isso. — Ela disse
impressionada.
Estávamos conversando pelo vídeo chamada no whatsapp.
— Nem eu Livi, e, gostei de fazer aquilo. — E como gostei. Pensei.
— E por que não foi adiante?
— Eu não o conhecia, ele tinha me tratado como uma qualquer. Diga-
me, Livi: Como vou transar com alguém assim? Você me conhece, não sou
impulsiva a esse ponto.
— Mas agora você está tendo mais contato com ele, qual a desculpa
agora, Cecil?
— Eu pedi a ele para agir profissionalmente, não posso chegar nele e
dizer: Então Sr. Castillo, está a fim de transar comigo? Meu corpo está
excitadíssimo por sua causa.
Livi riu tanto que não pude deixar de acompanhá-la. Quando nosso
riso ficou controlado, Livi voltou a falar.
— Cecil, se você não tomar cuidado vai acabar se apaixonando por seu
chefe.
— Por que você acha isso Livi? Não estou fazendo nada.
— Seu último relacionamento foi com Luís, no ensino médio, há muito
tempo que você não se interessa por ninguém, agora aparece esse Andrew, que
você está interessada...
— Não estou não. — Disse não acreditando em minhas palavras.
— Você quer enganar a quem Cecil? Você só engana a você mesmo. —
Ela falou irônica.
— Não estou me enganando, Livi, só não quero sentir nada por ele. Ele
é arrogante demais para mim.
— Isso não é um preconceito de sua parte não, Cecil? Desde que seu
relacionamento não deu certo com Luís, você vem comparando todos os
homens com ele.
— Não sei Livi, mas, ele é sim arrogante, mas é só comigo. Eu já
reparei a forma que ele trata os outros funcionários, a maior parte do tempo,
ele está sempre estressado quando está perto de mim.
— Talvez ele sinta o mesmo que você, afinal, você o mandou reprimir
só para agir profissionalmente com você.
— Será? Mas eu nem sei o que sinto por ele, Livi.
— Mas uma vez você está se enganando Cecil. — Ela disse balançando
a cabeça exasperada. — Seu corpo se excita quando está com ele? — Balancei
a cabeça afirmando. — Você vive pensando nele. — Balancei a cabeça
afirmando novamente. — Xiii Cecil, acho que você já está é apaixonada por
ele. — Ela falou sorrindo.
— Não diz uma coisa dessas, Livi, não posso amá-lo. — Disse com tom
preocupado.
— Eu disse apaixonada, não falei que você o ama. — Ela ainda estava
sorrindo. — Mas por que você não pode amá-lo?
— Ele me lembra muito ao Luís.
— Acho que não tem nada haver, você não o conhece o suficiente para
acreditar nisso. Quando surgir uma oportunidade de explorar seu desejo por
ele, arrisque amiga.
Fiquei pensando por um tempo, talvez ela tenha razão em dizer que
estou apaixonada, mas, eu não quero pensar nisso, se eu pudesse nem pensaria
em ver Andrew nu, minha imaginação está cada vez mais cansada de imaginar,
eu e ela queremos ver é a realidade. Imaginar é bom, mas poder ver e tocar
deve ser uma sensação maravilhosa.
— Acho que você tem razão Livi. — Me peguei dizendo.
— Maravilha. — disse batendo palmas. — Mas tome cuidado, Cecil,
para sua paixão virar amor é em um piscar de olhos, te conheço muito bem
pirulito, seu coração anseia ser amado por alguém. Esse Andrew já é vivido e
você não.
— Certo Livi, certo, agradeço pelo conselho amiga, agora vamos falar
de você. — Meu intuito era mudar de assunto. — Estou com saudades de suas
histórias doidas. — Ela apenas sorriu e desandou a falar.
Eu posso até esta apaixonada por Andrew, mas, farei o possível para não
amá-lo. Penso determinada.
Fiquei horas conversando com Livi, ela contando seus desastres
amorosos e eu só rindo.
Após terminar o vídeo chamada com Livi, em seguida fiz uma vídeo
chamada para minha mãe.
É muito difícil quando ligo para ela, sinto tantas saudades e me doe não
poder abraçá-la, beijá-la, escutar as reclamações dela. Penso essa última parte e
Sorrio.
Após conversar com minha mãe, tentei estudar, mas, não consegui porque
minha mente não absorvia nada, minha mente teimava em ficar pensando em
Andrew.
Então procurei uma foto dele no Google e fiquei o admirando, eu não
entendia o que me atraia tanto nele, talvez se eu ceder a esse desejo, eu possa ter
a minha resposta.
Agora estou aqui no escritório e a tal oportunidade que Livi disse ainda
não surgiu, talvez nunca surja. Penso frustrada.
Hoje não acordei muito bem, minha cabeça está doendo bastante, fiquei
feliz por não ter visto Andrew o dia todo.
Mesmo com tanta coisa em minha cabeça, consigo fazer meu trabalho
bem. Andrew, não tem o que reclamar, pelo menos não em relação a isso.
— Ainda aqui Cecil. — Andrew diz, me dando um susto. Droga.
— Andrew, desculpa, não o vi chegar.
— É, notei, você estava com a mente bem longe, tudo bem?
— Humm... Está tudo bem sim. — Não está nada bem. Penso frustrada.
— Hoje é dia de faculdade, por que não foi?
— Estou com um pouco de dor de cabeça.
— Já tomou algum remédio para dor?
— Sim. — Minto para ele.
— Hum, ok Cecil, pode ir pra casa...
— Não posso, estou terminando um trabalho. Preciso terminar o
levantamento de custo e orçamento, depois tenho que mandar para Paulo, estou
ajudando ele a fazer o Fallow up.
— Eu já disse a você para ir para casa Cecil. — Ele fala impaciente.
Está aí a grosseria de sempre. Não sei porque ele perde a calma comigo
constantemente.
— Termine amanhã Cecil, tenho uma reunião daqui a pouco...
— Reunião? Não vi nada marcado em sua agenda, ainda mais esse
horário. — Digo olhando a agenda dele novamente.
— Essa reunião é pessoal. — Pessoal? Será que é alguma mulher?
Meu coração se encheu de tristeza com esse pensamento.
— Entendo, Sr. Castillo. Estou de saída.
Bloqueio meu computador, me levanto, pego minha bolsa que está
pendurada em minha cadeira e me dirijo ao elevador sem dizer nenhuma palavra,
ele apenas me encara.
Eu estava decepcionada e nem conseguia disfarçar, aperto o botão do
elevador, mas, nem precisei esperar muito.
Quando o elevador se abre, uma linda mulher sai.
Por que tinha que ser uma mulher? E linda desse jeito.
A mulher é um espetáculo, lembra muito a Kim Kardashian. Esse
pensamento me deprimiu mais ainda, sinto-me no chão olhando-a.
Ela usava um vestido poliéster reto, sem magas, na altura dos Joelhos, o
vestido tinha uma abertura que mostrava parte de sua coxa, dando a ela um ar
sexy, sua bolsa de ombro, na cor preta e seu salto agulha, também de cor preta, a
deixava mais elegante.
Já eu, vestia uma calça jeans branca, uma blusa de cetim de cor branca
com bolinhas pretas, blazer amarelo, uma sandália single Liszy salto alto e
minha bolsa de mão. Não chega nem aos pés dessa mulher a minha frente.
Eu estou exausta, minha fisionomia deve ser de cansada, e dor de cabeça.
Pela primeira vez percebi o quanto eu e Andrew somos diferentes, nossos
mundos são opostos.
— Buona notte. — Ela diz com seu sotaque italiano atraente e marcante,
com um belo sorriso acompanhando. Seu sotaque não é tão atraente quanto o
sotaque de Andrew, ele fala de uma forma que faz minhas pernas ficarem
bambas.
— Buona notte, signorina. — Respondo dando espaço para ela passar,
mas, não retribuo seu sorriso, assim que ela sai, entro no elevador.
— Buona notte, Sr. Castillo. — Ele não me dá uma resposta, apenas me
encara, aperto o botão e o elevador se fecha.
Assim que as portas se fecham, as lágrimas caem em minha face, eu nem
sabia que estava segurando-as.
Começo a massagear minha têmpora, a dor em minha cabeça triplicou.
Quando o elevador se abre no térreo, dou graças a Deus em poder respirar ar
puro.
Olho a recepção, Julieta já foi embora e as luzes estão apagadas.
Deve ser bem tarde.
Julieta termina seu expediente por volta das oito da noite, as dez as luzes
são desligadas, só quem fica na empresa são as pessoas dos serviços gerais e os
seguranças.
Ao sair, abro minha bolsa para pegar meu celular e chamar o Uber, mas,
uma voz me interrompe antes mesmo que eu termine de abrir minha bolsa.
— Senhorita Viana. — Noto que é Mathew, o chefe de segurança de
Andrew.
— Olá Sr. Acco, precisa de algo?
— Não! Sr. Castillo, me pediu para levá-la para casa.
— Não precisa, pegarei um Uber.
— Por favor, senhorita, eu insisto.
A dor em minha cabeça e a dor em minha nuca parece aumentar a cada
segundo, meu corpo dói um pouco. Talvez eu esteja ficando gripada? Algo muito
raro para mim, não sou de ficar gripada, ou ficar doente, já me sentia
preocupada.
— Tudo bem, aceito a carona, grazie Sr. Acco.
— Disponha. — Ele diz com um breve sorriso, eu retribuo o sorriso da
melhor forma que posso. — A senhorita está bem? — Ele pergunta abrindo a
porta do carro para mim.
— Minha aparência está tão ruim assim? — Pergunto com um sorriso
amarelo.
— Não, a senhorita está ótima, com todo respeito. — Diz sério. — Mas a
senhorita parece senti dor. — Ele completa.
— O senhor é muito observador, mas, não precisa se preocupar, só estou
sentindo um pouco de dor de cabeça.
Ele balança a cabeça afirmando, mas não parecendo acreditar muito em
mim. Entro no carro, um utilitário preto, Mathew fecha a porta e dá a volta.
Acomodada no carro, noto que há outro segurança ao lado do motorista e
outro ao lado do passageiro e Mathew senta ao meu lado. Achei exagero três
segurança só para me levar para casa.
Pensei em falar algo, mas preferi me calar. O carro começou a andar.
Fiquei um tempo olhando os monumentos de Roma, mas os meus olhos
começaram a ficar pesados, encostei minha cabeça no encosto do assento. De
repente todo meu corpo ficou relaxado, mas, eu não conseguia me mover, uma
voz me chamava, parecia a voz de Mathew.
— Senhorita Cecile, acorde. — Ele dizia repetidamente, mas, eu não
conseguia responder a ele. — Direto para o hospital Enrico, ela desmaiou.
— Certo senhor.
— Preciso avisar ao Sr. Castillo. Essa é a última coisa que escuto antes
de apagar de vez.
CAPÍTULO 10

E
— u não entendo essa mulher. — Penso vendo-a ir embora.
Faz dois meses que Cecile trabalha para mim.
Dois longos e torturantes meses.
Eu tentei de várias formas fazê-la mudar de ideia, claro que não
diretamente, eram toques prolongados, eu ensinava várias vezes a mesma coisa
para ela, mesmo sabendo que ela já tinha aprendido da primeira vez.
Cecil é bastante inteligente, suas respostas rápidas, seu jeito de falar, seu
jeito de andar, tudo nela me excitava.
É uma sensação horrível, você está tão próximo de alguém que te excita e
não poder fazer nada, isso tem me deixado estressado.
Pior que eu não consigo sentir mais tesão por ninguém, vou as boates
tentar acabar com essa tensão insuportável e nenhuma gostosa atrai meu
interesse.
Só Cecil ocupa toda minha mente, isso me vem a questão que preciso
resolver isso logo.
Eu não gosto da forma que a trato, sempre grosseiro, sempre estressado
com algo, ou com alguém.
Não sei por que ajo assim com ela, eu só sei que não quero amar ninguém
e Cecil parece alguém que facilmente pode ser amada.
Quando o elevador se abriu, e vi Cecil sentada em sua cadeira como de
costume, meu coração perdeu o ritmo e voltou a bater normalmente.
Cecil estava despeça, mas, pude perceber que ela estava com aparência
de cansada e isso me preocupou.
— Ainda aqui Cecil. — Disse não gostando nada da forma que ela me
encarou.
Eu dei um susto nela e me repreendi internamente por isso.
— Andrew, desculpa, não o vi chegar. — Ela falou nervosa.
— É, notei você estava com a mente bem longe, tudo bem?
— Humm, está tudo bem sim. — Mentira.
Mesmo a conhecendo há pouco tempo, estou aprendendo a conhecer suas
manias e quando ela esconde algo, ela mexe no cabelo enrolando na ponta dos
dedos.
Acho que nem ela percebe que faz isso. Pensei resistindo à vontade de
tocar em seu cabelo também.
— Hoje é dia de faculdade, por que não foi? — Perguntei tentando mudar
o rumo de meus pensamentos.
— Estou com um pouco de dor de cabeça. — Outra mentira.
Hoje Cecil está estranha.
— Já tomou algum remédio para dor? — Minha preocupação já estava
aumentando
— Sim. — Poxa, outra mentira.
Não entendo porque ela faz questão de esconder que não está bem.
— Hum, ok, Cecil, pode ir pra casa...
— Não posso, estou terminando um trabalho.
Eu não me lembro de ter pedido nada para ela fazer, não que demorasse
tanto, esse trabalho deve ser para Paulo, eu sei que ela tem ajudado ele em
alguma coisa.
Ele tem mais contato com ela do que eu. Penso com raiva.
— Eu já disse a você para ir para casa Cecil.
Eu não queria falar desse jeito com ela, mas, como sempre isso acontece,
sendo que eu não consigo controlar.
— Termine amanhã Cecil, tenho uma reunião daqui a pouco... — Tento
amenizar a grosseria de antes.
Há um ano, descobri que tenho uma prima por parte de mãe, Alessia
Montanari. Assim como eu, ela também já perdeu os pais. Ela que me
encontrou.
Encontramo-nos algumas vezes e descobri que ela é uma detetive
particular, então decidi pedir a ela que trabalhasse para mim, investigando o
atentado em minha casa. Esse horário é o único horário que eu tinha
disponível e ela aceitou fazer a reunião.
— Reunião? Não vi nada marcado em sua agenda, ainda mais esse
horário. — Ela disse olhando em sua agenda.
Como sempre ela é bem observadora.
— Essa reunião é pessoal. — Não quis entra em detalhes.
— Entendo Sr. Castillo, já estou de saída.
Foi a única coisa que ela me disse em resposta.
Eu pude ver a decepção em sua face e me senti culpado. Não sei por que
ela ficou decepcionada. Será pela forma que eu falei com ela? Ou será porque eu
disse que a reunião é pessoal?
Não consigo imaginar o porquê ela ficaria decepcionada pela segunda
opção, só se ela achar que a reunião é com uma mulher e ficou com ciúmes.
Esse pensamento me alegrou.
Cecile é tão linda, essa calça branca a deixou tão gostosa, difícil olhar e
não imaginar como é por baixo dela.
Ela não está bem Andrew, você sabe. A preocupação me atinge
novamente.
— Acho melhor pedir a Mathew, para levá-la pra casa.
Mando a mensagem para ele e espero a resposta. Assim posso ficar
menos preocupado.
— Andrew? Andrew? — Sinto um toque em meu ombro e desperto de
meus pensamentos.
— Alissa. — Exclamo surpreso. — Não vi você chegar.
Realmente não vi mesmo, eu preciso focar mais.
— Percebi primo, te chamei duas vezes. — Ela responde sorrindo. —
Seus olhos estavam focados naquela bella donna.
— Eu não estava fazendo isso. — Me senti uma criança birrenta, pego
fazendo algo escondido.
— Não acredito que você está apaixonado e nem mesmo sabe disso.
Ela dá uma gargalhada, eu não consegui acompanhá-la, não achei graça
nenhuma, achei foi bem ridículo essa afirmação, não estou apaixonado coisa
nenhuma.
— Vem cá me dammi un abbraccio. — Alissa diz se aproximando de
mim.
Ela me abraça e eu retribuo, só que minha mente está em Cecile e não
escuto o que ela diz em seguida.
— Hã, você disse algo?
— Hoje você não está bem Andrew, vamos marcar para outro dia essa
reunião. Você está tenso. — Completa preocupada.
— Estou bem, Alissa, vamos fazer a reunião hoje mesmo.
— Se é assim que você deseja tudo bem.
— Grazie prima. Vamos fazer a reunião aqui mesmo.
Sento na cadeira de Cecil e aponto a cadeira que fica em frente a mesa
para Alissa sentar.
Era tão bom estar no ambiente dela, sentir seu cheiro. É o mais perto que
cheguei de senti-la. Sem tê-la por perto.
A minha conversa com Alissa foi rápida e direta, não levou nem dez
minutos. Expliquei resumidamente o atentado que aconteceu à minha vida a uns
quatro meses atrás, contei que suspeitava de Jonas, mas, que não tinha como
provar. Basicamente o trabalho dela é achar as provas.
Ela me parece ser uma pessoa eficiente, entendeu e disse que começará
imediatamente a investigação.
Senti-me bem em deixar nas mãos dela esse trabalho, por mais que eu a
conheça há pouco tempo, ela me passa confiança.
Pensei em deixar esse trabalho com Mathew, mas, ele precisa focar em
minha segurança.
Mathew diz que desconfia de um traidor em sua equipe, pedi para ele
resolver isso, então não posso dar mais trabalho para ele fazer.
Eu tinha acabado de levar Alissa até seu carro, quando recebi uma
ligação de Mathew.
Pensando no diabo.
Ele só me liga quando é estritamente importante, em minha mente veio à
imagem de Cecil e logo atendi sua ligação.
Meu coração disparou e um medo se apossou de meu corpo.
— Mathew, o que aconteceu? Onde está Cecile? — Nem me importei em
chamá-la pelo primeiro nome.
Eu estava nervoso e minha voz carregada de preocupação.
— Sr. Castillo, ela desmaiou, a levamos para o hospital.
Meu coração se encheu de medo.
E se for algo grave.
Em minha mente passava várias coisas ao mesmo tempo.
É só preocupação de chefe, nada mais.
— Em qual hospital vocês estão Mathew?
— Estamos no hospital geral San Giovanni Addolorata. Ela foi atendida,
mas ainda não deram nenhuma notícia.
— Estou à caminho.
— Espere senhor, vou pedi a um dos seguranças para ir busca-lo.
— Não precisa Mathew, já estou à caminho.
Não esperei resposta de Mathew, desliguei o celular, como eu já estava
na garagem, corri até meu carro que sempre deixo de reserva para o caso de uma
necessidade como hoje.
As chaves ficam em cima de umas das rodas dianteira, quem sabe isso é
só eu e Mathew.
Já a caminho do hospital, tento correr o máximo que posso.
Por mais que meu carro seja um Porsche Cayenne e possa correr rápido o
suficiente, não me sinto seguro de fazer isso. Estou nervoso e muito preocupado
com Cecil, a última coisa que eu quero é causar um acidente.
Eu sentia o suor em meu corpo, minhas mãos suavam enquanto eu as
apertava ao volante, como se de alguma forma aliviasse a tensão.
Eu sentia medo por Cecil e o medo deixava um gosto amargo em minha
boca, algo que eu nunca havia sentido antes.
Nem mesmo com meu pai, me foi permitido sentir algo. Eu tinha viajado
a trabalho, é só isso que tenho feito. Tenho andado muito frustrado ultimamente.
Eu tinha viajado a trabalho, quando voltei meu pai já tinha morrido e sido
enterrado.
Meu pai sempre me dizia que queria ser enterrado ao lado do túmulo de
minha mãe, e o que Jonas fez? Enterrou ele onde são sepultadas as pessoas
desconhecidas. Aquele figlio di puttana.
Tentei na justiça mudar o túmulo de meu pai para ficar próximo ao de
minha mãe, mas de nada adiantou.
Eu vivo pensado em Cecil, recrio nosso beijo em seu apartamento várias
e várias vezes, fecho os olhos e lembro, lembro-me do seu sorriso, mesmo que
ela nunca tenha me dado um sorriso, já o vi muitas vezes em seus lábios. Ainda
assim, quero estar perto dela, gosto da sensação que ela me traz, quando isso não
acontece, me sinto triste, mas, eu me alegro quando sei que ela está bem. Só que
agora eu não sei se ela está bem e essa sensação é horrível.
— Cecil está bem, Cecil está bem.
Era a prece que passava em minha mente. Quando se acredita
profundamente em algo, é o primeiro passo para fazer esse algo acontecer.
CAPÍTULO 11

Por que tudo está tão claro?


— Mãe apague essa luz pelo amor de Deus.
— Cecil? Está acordada?
— Andrew, o que faz em minha casa no Brasil? — Eu não consigo abrir
meus, eu não lembrava que as luzes de minha casa fosse tão forte.
— Você não está em casa Cecil, estamos em um hospital.
— O que estamos fazendo aqui? Não gosto de hospitais Andrew, me tire
daqui, por favor.
Hospitais me trazem sensações ruins, o ambiente é pesado demais.
— Por que estou aqui?
— Se acalme mia vita. — Ele me chamou de sua vida? Porque soa tão
bom? — Você precisa abrir os olhos, preciso saber se você está bem. Apri gli
occhi, abra os olhos para mim, por favor.
— Certo, vou abrir. — É tudo o que eu consigo dizer em resposta.
Abri meus olhos e vi uma bela visão.
Andrew estava todo descabelado, seus olhos sonolentos, suas roupas
amassadas, a barba como sempre impecável. Precisei passar a mão em minha
boca para ver se tinha alguma baba escorrendo.
— Vou chamar o médico para te examinar. — Balancei a cabeça
afirmando.
Ele chegou até a porta e falou com alguém. — Que bunda linda ele tem.
Diferente das calças sociais costumeiras, ele trajava uma calça jeans, que
moldava seu lindo bumbum, não era aquelas calça arrocha tudo, por serem tão
apertadas só faltam espremer os órgãos masculinos. A calça jeans que Andrew
usava era uma slim, sua cor era azul escuro que combinava perfeitamente com
sua camisa Polo com mangas, deixando amostra seus braços.
Vi algo que eu nunca tinha notado e nem surgiu em minhas pesquisas pelo
Google.
Andrew tem tatuagens, várias para ser mais exata, as tatuagens tomavam
grande parte de seus braços, moldando suavemente seus músculos.
Andrew está gostoso demais, misericórdia.
— Senhorita Viana? Senhorita? Tudo bem?
— Hã? — Pergunto olhando o senhor, aparentando ter uns quarenta anos,
trajando jaleco.
Esse deve ser o médico.
Meus olhos se voltam para Andrew e noto seu sorriso, ele parece se
divertir com a situação.
Idiota.
— Estou sim doutor, o senhor pode me dizer o que eu tenho?
— Sim, claro. — Ele diz se aproximando de mim.
O médico começou a falar, mas, juro que eu tentei entender, mas estava
difícil.
Eu estou há quase cinco anos na Itália, aprendi o necessário da língua,
mas o médico se tornou um grande desafio para mim. Eu tentava o acompanhar
falando, mas ele falava muito rápido.
— Parla un po 'più lentamente, dottore, così lei può capire. — Andrew
diz interrompendo o doutor.
O doutor apenas encarou Andrew, deu um sorriso simpático. Seu olhar se
alternava entre mim e Andrew.
Fiquei surpresa por Andrew notar que eu não entendia nada e por pedi ao
médico para falar mais devagar, para que eu pudesse entender, quando o olhei,
ele me encarava com seus lindos olhos verdes.
Tudo em Andrew se destaca, seu cabelo loiro escuro com corte reto, sua
barba, seu queixo quadrado, sua pele clara, tudo o deixava mais lindo, mas, são
seus olhos que me chamam mais atenção.
Ainda o encarando que nem boba, ele sorrir e pisca para mim, fazendo-
me se derreter toda por dentro.
O médico voltou a falar, quebrando o clima que havia se instalado.
— A senhorita teve uma hipertensão arterial primária. — Eu sei o que é
isso, acho que é a famosa pressão alta. — Tememos que fosse a hipertensão
arterial secundária, se fosse o caso poderia ter se tornado algo mais grave.
— E o que causou isso?
Talvez seja hereditário por parte de pai, em minha família por parte de
mãe não tem pressão alta.
Eu não conheço meu pai, minha mãe teve um caso de uma noite com um
gringo, ela acha que ele era francês, no dia seguinte o homem sumiu e minha
mãe nunca mais soube dele.
Eu não a culpo, ela fez o seu melhor, me criou da melhor forma que
pôde, só tenho a agradecer a minha rainha.
— Várias coisas podem causar a hipertensão arterial primária, o uso de
álcool, histórico familiar, sedentarismo, consumo de sal, obesidade,
anticoncepcionais, entre outros.
Vixe, muita coisa, e eu achando que me cuidava o suficiente.
— Eu não sei meu histórico familiar por parte de pai, mas, a minha
família no lado de minha mãe, não tem essa doença.
— E o uso de álcool?
— Não bebo e nem fumo, não consumo muito sal, faz um tempo que não
faço exercícios, mas, não sou uma pessoa sedentária.
— E os anticoncepcionais como estão o uso deles?
— Bom... Isso...
Olhei de relance para Andrew e noto sua curiosidade em minha resposta.
Fiquei envergonhada, mas precisei suprimir minha vergonha pra responder ao
médico.
— Eu não uso anticoncepcionais.
— Qual a última vez que você usou?
Merda doutor chega desse assunto.
— Nunca usei, nunca precisei usar.
Não vou olhar pra Andrew, não vou olhar para ele.
— Você anda muito estressada? — O médico continua a perguntar.
— Um pouco, com a faculdade, alguns problemas pessoais, não tenho
dormido bem.
— Você precisa descansar, dormir bem para que seu corpo trabalhe bem.
Vou te dar alta e você poderá ir para casa com seu namorado...
— Ele não é meu namo... — Eu ia dizer namorado, mas o médico não
me deixou terminar.
— Vou incumbi ao senhor para fazê-la se alimentar, dormir bem e
esquecer por enquanto os problemas. — O médico diz olhando para Andrew.
— Certo doutor.
Nem parecia que eu estava ainda ali, o médico passou várias instruções
para Andrew, depois ele foi embora que nem vi.
— Cecil?
— Sim? — Pergunto a Andrew.
— Você escutou o que eu falei?
— Não. — Ele revirou os olhos.
— Eu disse que você vai passar um tempo em minha casa, não...
— O quê? — Pergunto arregalando os olhos de surpresa. — Não vou
coisa nenhuma. — Digo determinada.
— Você vai sim. — Ele retruca.
— Não vou!
— Você vai sim, fim de conversa, vou assinar sua alta, espero que você
esteja pronta quando eu voltar, se não, eu mesmo te ajudo, faz tempo que eu
quero ver seu corpinho nu novamente. — Ele diz caminhando até a porta.
Fiquei surpresa com a revelação, mas, ainda assim fiquei com raiva.
— Babaca mandão. — Grito com raiva.
— Eu escutei isso. — Ele diz somente com a cabeça na porta entreaberta.
— Era para escutar. — Respondo virando de costa ainda deitada na
cama.
Como vou dormir bem se metade da causa de minha falta de sono é ele?
A vida deve gostar de me sacanear.
CAPÍTULO 12

C
— oloque-me no chão Andrew, eu sei andar.
Na ida para casa de Andrew, eu acabei cochichando no carro. Eu estava
meio que acordada ainda e, meu corpo instantaneamente (prefiro pensar que
tenha sido assim) se aconchegou mais próximo dele.
Eu senti seus braços me envolverem, isso foi minha perdição. Acabei
dormindo sem nem mesmo sentir o sono vir com tudo sobre mim.
Acordei, eu estava sendo carregada por ele, Andrew subia uma escada,
pedi para ele me colocar no chão, não porque estava ruim a sensação de ter o
corpo dele tão próximo, na verdade é tão maravilhosa que poderia ser viciante.
Não posso pensar isso.
— Da para me colocar no chão?
— Deixe de chatice Cecil, eu posso muito bem te carregar até o quarto.
— A questão não é essa, eu quero que você me coloque no chão.
Eu já estava ficando estressada com ele ficar querendo mandar em mim.
— Eu sou chata e você é mandão demais.
Ele não me respondeu, olhou para mim, deu o seu sorriso cínico e
continuou subindo as escadas.
Chegando ao quarto, ele abriu a porta comigo ainda em seu colo.
Não sei como ele fez isso.
Ele literalmente me jogou em cima da cama.
Idiota.
Não doeu porque a cama é macia.
O quarto é bem lindo e muito grande, maior que minha sala e cozinha
juntas. Amei a decoração rústica, totalmente masculina.
As paredes são pintadas em um tom cinza claro, o guarda roupa tem
portas de correr espelhados, ele é embutido na parede, fazendo o quarto ficar
maior ainda, cada lado da cama tem um criado mudo, com apoio lateral, no chão
tem um tapete cinza escuro, na mesma cor das cortinas. No quarto estavam
espalhados vários quadros, poltronas e luminárias.
Muito lindo mesmo.
— Gostou? — Andrew pergunta.
— Amei, lindo demais. — Respondo ainda olhando todo o quarto.
— Verdade, lindo demais.
Andrew falou de uma forma tão sensual que me fez olhar para ele, mas eu
não sabia que ele estava tão próximo e nossos rostos quase se tocavam.
Minha respiração acelerou e minha boca ficou seca, minhas mãos
coçaram, ansiando tocar em seus cabelos, meus lábios pediam para tocar os
dele, mas, eu precisava resistir.
— Por que você está tão perto Andrew? Preciso me levantar.
Não espero sua resposta e levanto rápido, tentando ficar o mais longe
possível dele.
Em uma poltrona, próximo a janela, tinha uma bolsa, acreditando que
eram minhas coisas, caminhei até ela.
Abri a bolsa e peguei uma blusa longa confortável, na verdade a mesma
blusa que eu vesti quando dei meu primeiro beijo em Andrew. Com ela em mãos,
me virei, mas acabei tombando com Andrew, só não caí porque ele me segurou
pela cintura.
Parece que tudo sumiu ao meu redor e só ele tinha ficado, uma euforia
tomou conta de mim, uma necessidade de tocá-lo. Mas a vergonha bateu em
cheio, eu não conseguia nem olhar em seus olhos.
Tentei sair de seu abraço, o seu aperto era forte, mas, não me machucava.
— O que está fazendo? Solte-me. — Seria uma ordem se eu não pedisse
com tanta insegurança.
— Eu que pergunto. — Ele diz se desvencilhando de mim abruptamente.
— O que você está fazendo?
— Eu não estou fazendo nada.
— Nada? — Ele pergunta com um sorriso irônico. — Você está mentindo
para você mesma.
— O que você quer de mim Andrew? — Fiz a pergunta muito mais alto
do que pretendia.
— Um beijo, Cecil, está na cara que você também quer. O que te
impede? Diz, o que te impede?
Eu não sei o que dizer, fico dividida entre o que eu quero e o que não
posso ter. Eu quero Andrew, quero muito, mas, não posso tê-lo, não da forma
que sonho em ter um homem, “meu príncipe desencantado”, mesmo não
admitindo, ainda sou aquela menina boba esperando seu príncipe.
Eu não entendo o que Andrew viu em mim, ele pode ter quem ele quiser,
mas insiste em querer algo comigo. Um caso de uma noite talvez, eu não quero
isso para mim.
— Você precisa tomar sua decisão Cecil, não espere eu tomar por você,
eu sei o que quero e você?
O foi a última coisa que ele disse antes de sair do quarto e bater a porta
com força.
— Eu sei o que quero, realmente sei o que quero.
Era o que eu dizia em voz alta o tempo todo, tomei banho dizendo isso,
me vestir dizendo isso, penteie meu cabelo dizendo isso. Ainda em frente ao
espelho, estou repetindo isso, mas, ainda não me convenci.
— Eu sei o quero. E o que eu quero? — Questionei. — Eu quero
Andrew, o quero muito. O que eu faço, droga? — Pergunto em voz alta.
Vá até o quarto dele?
— E se ele me expulsar de seu quarto sua mente estúpida?
Vá assim mesmo, essa é a oportunidade que você esperava.
— Verdade, essa é a oportunidade que eu esperava, preciso ariscar, pelo
menos dessa vez vou segui meu coração bobo.
Dou uma última olhada no espelho.
Não estou nada mal, as olheiras sumiram, meu cabelo está cacheado,
mais bonito que o normal, estou com calcinha e minha blusa ia até metade de
minhas coxas.
Ouço uma batida na porta, não sabia se era Andrew, então coloquei o
roupão que usei quando saí do banho. Quando atendi, vi uma mulher aparentando
uns quarenta anos, com cabelos pretos, cortados até o ombro, usando um
conjunto de blazer com saia azul escuro e uma blusa social branca, em seus pés
tinha uma sapatilha preta, deixando o conjunto harmonioso. A mulher começou a
falar com uma linda e melodiosa voz.
— Buona notte, signorina.
— Buona notte, signora. — Retribuo o comprimento.
— Sou Mona, governanta do Sr. Castillo.
— Piacere Mona, Sono Cecile, me chame assim. — Ela sorrir.
— Piacere Cecile. — Retribuo seu sorriso. — A signorina deseja jantar
agora?
— Não, estou sem fome, Mona.
Sem fome de comida, eu só penso em outra coisa.
— Qualquer coisa a signorina me diz. — Balancei a cabeça afirmando.
— O Sr. Castillo também não deseja jantar, ele me parece um pouco estressado.
— Ela completa, mas posso ver pelo seu olhar que se arrependeu por ter dito
aquilo.
Talvez eu tenha deixado ele puto da vida, acho melhor desisti, vou
amanhã. Minha resistencia começou a fraquejar.
Você vai sim, medrosa.
— Mona onde fica o quarto do Sr. Castillo? — Pergunto meio casual.
— No final do corredor. — Ela responde com um sorriso, seu sorriso
dizia: Eu sei o que você vai fazer. Que constrangedor. Dou apenas um sorriso
envergonhado.
Mona se despediu e saiu em seguida, esperei alguns segundos e fechei a
porta, tirei o ropão e o joguei em cima da cama. Sem sandálias, caminhei até a
porta, abri e saí. Naquele momento não pensei em nada, tinha medo de desistir.
Caminhei até o quarto de Andrew, pensei em voltar atrás várias vezes,
até que minha mão direita bateu na porta, foi automático.
— Entre. — Ouço-o dizer.
Agora é tarde.
Entrei e a visão que tive foi algo que nunca vou esquecer.
Andrew estava só com uma toalha em volta do seu quadril, sem camisa,
os cabelos molhados, denunciando que tinha saído a pouco do banho, ele olhava
pela janela, perdido em pensamentos.
— Não vou jantar, Mona, já disse a você que estou sem fome.
E agora, o que eu respondo? Pensa, pensa Cecile.
Mente idiota.
Talvez seja melhor voltar em outro momento.
Medrosa.
Eu sempre faço isso, fico discutindo comigo mesma e perco a noção de
tempo.
Quando voltei a mim, já era tarde.
Andrew me encarava tão surpreso quanto eu.
Não sei quanto tempo ficamos assim, travando uma deliciosa batalha com
nossos olhares.
Quando ele viu que eu não fazia menção em me mexer, estendeu sua mão
direita me chamando. Hesitei por um segundo, mas, as minhas pernas me levaram
até ele.
— O que você quer Cecil. — Ele pergunta pegando em minha mão
direita, ainda olhando em meus olhos.
Suas palavras anteriores vieram a minha mente.
Você precisa tomar sua decisão Cecil, não espere eu tomar por você, eu
sei o que quero, e você?
— Eu... Eu vim te agradecer. — Digo a primeira coisa que passa em
minha mente.
— O que você realmente quer, Cecil?
Ele estava tão próximo, nossas bocas próximas. Não esperei ele
perguntar duas vezes.
Minha boca tocou a dele em um selinho demorado e quando nossas bocas
se separaram, eu suspirei de contentamento.
Ele nada disse, só me encarava. A vergonha queria se apossar de mim,
mas, joguei ela bem no cantinho de meu cérebro.
— Eu quero você.
Falei tão decidida, fiquei orgulhosa de mim por não ter gaguejado. Pude
ver nos olhos de Andrew, uma surpresa, mas não durou muito.
Seus lábios tocaram os meus em um beijo bom e caloroso, que fez todo
meu corpo esquentar em resposta.
Um braço seu entrelaçou minha cintura e sua outra mão agarrava minha
nuca de um jeito bem gostoso, intensificando o nosso beijo. Ele se afastou um
pouco para tirar minha blusa e ficou admirando meu corpo.
— Você é tão linda.
— Grazie. — Digo tímida.
Eu não me sentia confortável em ficar nua na frente de outras pessoas, só
na frente de Livi e de minha mãe. Andrew, já me viu nua duas vezes, fico
envergonhada, mas, ainda assim me sinto a vontade em sua frente.
Que louco.
— Você fica linda corada. — Ele diz colando nossos corpos mais uma
vez.
Ele começou a beijar meu pescoço, passando a mão às vezes em minhas
costas, às vezes em minha cintura, suas mãos não ficavam paradas, estavam
sempre em alguma parte do meu corpo.
Ele me jogou na cama, começou a chupar minha barriga e foi subindo
lentamente.
Andrew, passou a mão em meus seios e deu uma leve apertada, em
seguida sua boca substituiu suas mãos e começou a chupar meu mamilo.
Eu já estava louca de excitação e posso ver pelo volume da toalha, que
ele também estava.
— Eu quero ver você também. — Pedi entre gemidos.
Ele levantou e retirou à toalha, meus olhos passearam por toda extensão
de seu membro.
— Está de seu agrado? — Ele pergunta com um sorriso maroto.
O membro dele era grande e grosso, bem convidativo, minha boca
ansiava chupá-lo. Não que eu tenha chupado algum homem, mas, meu corpo e
minha mente diziam para fazer isso com Andrew naquele momento.
— E como está. — Digo, retribuindo o sorriso. — Deixa eu te tocar?
— Agora não mia bella, se você me tocar, não sei se vou conseguir me
segurar. — Balancei a cabeça afirmando, meus olhos não saiam de seu pau.
Já estávamos loucos de tesão, novamente ele foi descendo a boca pelo
meu corpo e devagar, suas mãos foram tirando minha calcinha, passando as mãos
em minha coxas, usando as duas mãos ele abriu as minhas pernas e sua cabeça
foi direto em minha feminilidade, tentei fechar as pernas, mas, ele não deixou,
com a língua começou a me chupar, eram tantas sensações novas, meu corpo
todo vibrava, era melhor do que me masturbar sozinha.
O jeito que ele me chupava, fazia meus olhos revirarem, tipo os olhos de
Bran quando tinha uma visão em Game Of Thrones.
Eu ia ao paraíso em segundos. Eu já estava delirando e sentia o orgasmo
vindo, eu puxava os cabelos dele louca de tesão e ele continuava a me chupar
com vontade, ficava cada vez melhor.
Quando o orgasmo chegou, todo meu corpo vibrou, tremeu incontrolável,
eu só conseguia gemer e senti cada espasmos dele.
Quando consegui pensar novamente e meus olhos se abriram, vi Andrew
me observando.
— Até gozando você fica linda mia bella.
Apenas sorri em resposta.
— Agora é a sua vez, posso tocar em você agora? — Realmente quero
tocar nele, esperei tanto por isso, sonhei com isso.
— Agora quero está dentro de você, mia bella.
Gemi quando seu pau tocou em minha feminilidade, gemi de
contentamento. Meus gemidos pareciam deixá-lo mais excitado e seu pau parecia
crescer mais ainda.
Ele me beijou novamente, mas, dessa vez, foi um beijo lento, que fazia
nossas línguas dançar em sincronia, em seguida sua boca passou a beijar e a
chupar meu pescoço, dando leves mordidas.
— Eu sou Vir...
— Eu sei mia vita, eu sei.
Eu ia dizer que sou virgem, mas, ele disse que sabia, não quero saber
como, pelo menos não agora.
Ainda colado em meu ouvido, ele disse:
— Relaxa, mia bella.
Como num passe de mágica, todo meu corpo relaxou e eu me senti segura.
Ele levantou um pouco e tirou algo dentro do criado mudo. Deparei-me
com ele colocando a camisinha em seu pau, uma visão excitante, tudo nele é
excitante.
Novamente ele colou os nossos corpos e voltou a me dar selinhos na
boca.
Abri minhas pernas inconscientemente, de uma forma que ele se
encaixasse perfeitamente. De um jeito delicado, ele foi penetrando em mim, após
aquela dorzinha de leve passar, eu senti toda a extensão de seu membro.
Ele começou em um ritmo lento e foi aumentando a velocidade, eu gemia
baixo em seu ouvido, ele parecia se excitar mais ainda. Comecei a falar coisas
sem sentido e ele me chamava de sua bela. Gozamos ao mesmo tempo, me senti
como se estivesse flutuando, todo meu corpo entrou em combustão, foi mil vezes
melhor do que todos os orgasmos que já tive me masturbando. Eu me sentia no
paraíso com ele dentro de mim.
Ele saiu de dentro de mim, tirou a camisinha, amarrou e foi até o
banheiro. Quando ele voltou, deitou ao meu lado e me puxou para deitar minha
cabeça em seu peito.
Ele acariciava meus cabelos, que por sinal estava todo embaraçado. Eu
me sentia adormecer a cada toque de sua mão em minha cabeça.
Eu me via entrelaçada aos seus braços, podia sentir seu calor, escutar sua
respiração, as batidas de seu coração. Eu me senti segura, não havia estresses ou
problemas naquele momento, somente eu e Andrew e tudo o que eu conseguia
pensar, era em tê-lo dentro de mim novamente.
— Você agora é minha mia bella. — Ele diz e beija minha testa.
Foi à última coisa que escutei antes de adormecer por completo.
CAPÍTULO 13

Acordei e o sol ainda nem tinha surgido, Cecil ainda dormia


profundamente. Um sorriso inesperado apareceu em meus lábios, lembrando-me
de nossa noite mais que desejada.
Fiquei olhando sua face, tentando gravar cada detalhe. Ela é tão linda,
sua beleza vai além de sua aparência. Sua inocência, inteligência, sua teimosia, e
ousadia, tudo é um pacote que a torna única.
Única para mim.
Nunca fui possessivo em nenhum relacionamento meu, mas, com Cecil
está sendo diferente, e o que me intriga, é que eu e ela não temos um
relacionamento, nem sei o que temos.
Cheguei a imaginar que somente uma noite com ela seria o suficiente,
mas, eu quero muito mais que uma noite, sem data ou dia para acabar.
Não é que eu a ame, gosto muito dela e quero ver até onde isso vai dar.
É isso que eu quero.
— Já acordado? — Ela diz mudando o rumo de meus pensamentos.
— Acordei há pouco. Durma mais, ainda é cedo.
— Que horas são?
— Vai dar cinco da manhã.
— Não é tão cedo para mim, costumo acordar esse horário para ajeitar
as coisas em casa antes de ir trabalhar.
— Hoje você não trabalha, se desejar limpar sua casa, posso pedir a
Mona para mandar uma de minhas diaristas.
— Não precisa, faço isso depois.
— Não quero que você faça isso, o médico pediu para você descansar.
— Andrew, eu não sou de vidro, posso limpar minha própria casa.
— Eu sei, mia bella, só estou seguindo as recomendações do médico.
— Eu sei, prometo limpar só no final de semana.
— Tudo bem. — Respondo a contra gosto.
Que mulher teimosa.
Ela faz menção de levantar, mas, eu a mantenho no mesmo lugar.
— Onde você está indo?
— Preciso tomar banho, estou me sentindo literalmente suja. — Ela diz
com um sorriso torto.
A libero de meu aperto e ela se levanta.
Achei que ela ficaria com vergonha de mim e se enrolaria na coberta,
mas, ela levantou nua e caminhou até onde suas roupas estavam jogadas.
Eu fiquei só a observando. Cecil, é um tipo de mulher que chama a
atenção em qualquer lugar que ela esteja. Seu corpo magro, sua barriga chapada,
seus seios médios e durinhos, são uma tentação para qualquer mente fértil.
Seus movimentos eram lentos, como se quisesse prolongar o momento de
exibição dela.
Ela me olhou por um momento e eu pude notar seu olhar malicioso, ela
sabia que estava me afetando, meu pênis já me incomodava.
Ela fez menção de vestir a blusa, mas, eu a impedi.
— O que está fazendo? Vai tomar banho com roupa?
— Não, mas, eu não posso sair de seu quarto nua, vou para o meu quarto.
— Seu quarto é aqui. — Digo apontando sua bolsa em uma poltrona
próxima à porta.
Mona nem me esperou pedir para trazer, ela mesma tomou a iniciativa.
Ela está trabalhando para mim há anos e me conhece muito bem. Ela age como
uma segunda mãe para mim e eu a considero assim, sempre conto a ela minhas
aventuras românticas e já contei sobre Cecil também.
Eu já falei a ela que posso contratar outra pessoa para cuidar da casa,
mas, ela é teimosa demais quando quer.
Devia dar às mãos a Cecil.
Ela sempre me dá à mesma resposta.
“— Não quero qualquer uma tomando conta da casa de mio figlio, a
não ser sua esposa. — Sempre sorrio da forma que ela diz isso.”
Mona não gostou de Daniele quando a apresentei a ela, mas, com Cecil
foi diferente, ela me deu o seu melhor sorriso de aprovação, saber que não terei
reclamações todos os dias em meus ouvidos será uma maravilha.
Cecil ficou encarando a bolsa, não saber o que se passava em sua mente
me incomodou naquele momento, ainda mais por ela ter demorado tanto a falar
algo.
— Você não me perguntou se eu quero dividir o quarto com você. — Ela
diz ainda encarando a bolsa.
Ela é bem direta quando quer.
Eu não sabia o que dizer, então perguntei o óbvio.
— Você quer dividir o quarto comigo? — Ela parou de encarar a bolsa
para me encarar. — Não me importo, o quarto é grande e nós dois cabemos nele.
— Não sei. — Ela diz indecisa. — Acho que não tem problema, irei
embora esse final de semana.
Eu nada respondi a essa observação dela. Eu não quero que ela vá, mas,
sei que ela não concordaria em morar comigo.
Morar? Não está indo muito rápido, Andrew?
Realmente estou indo rápido, não quero que ela tire conclusões
precipitadas.
Colocando sua calcinha e sua blusa em cima da cama, ela se aproxima de
mim.
— Andrew? — Ela diz tocando em minha barriga.
— Sim? — Respondo, tentando controlar minha excitação.
Eu poderia gozar só com esse toque dela em minha barriga.
— Não quero que você pense que sou sua amante...
— Nunca pensei isso, Cecil.
Nunca pensei mesmo.
— E o que somos então? — Ela parecia confusa.
— Não sei Cecil, mas, podemos descobrir, não precisamos colocar
rótulos.
— Tudo bem. — Ela diz parecendo decepcionada.
Eu sei que ela esperava algo mais, mas, eu não posso dar isso a ela.
Não pode, ou não quer?
Prefiro pensar que não posso.
Ela desfaça sua decepção com um sorriso.
— Posso te tocar agora? — Ela pergunta de repente.
— Você não disse que precisa tomar banho?
— Posso fazer isso depois. — Ela responde passando sua mão em toda
minha barriga.
— Sou todo seu. — Digo tirando o lençol de cima de mim e mostrando
minha ereção.
Ela nem tentou disfarçar seu interesse, desde a noite passada que ela
pediu para me tocar, eu queria dar prazer a ela, agora mesmo estou me segurando
para não agarrá-la e beijar cada pedacinho de seu corpo, vê-la gemer até gozar
em minha boca.
Mas agora é o momento dela, quero ver até onde ela vai, não vou mentir
que metade é curiosidade e a outra metade é pura excitação.
Cecil começou beijando minha bochecha, em seguida seu beijo passou
para meu pescoço, às vezes dando leves mordidas em minha orelha.
Ela não se encostava em mim diretamente, mas, eu podia sentir a
vibração do seu corpo emanando ondas de puro tesão, que estava me deixando
maluco.
Às vezes ela me lançava olhares insinuosos, mordia os lábios ou o canto
da boca, eu já estava quase em meu limite.
— Mia bela, estou em meu limite. — Digo expondo meu pensamento.
— Só um pouco mais. — Balanço a cabeça afirmando.
Ela me deu um rápido beijo na boca e começou a beijar meu peito.
Não sou um homem magro e nem gordo, tenho porte atlético, malho todos
os dias e me sinto confortável com meu corpo, Cecil parece gostar também e isso
me agrada mais do que eu posso admitir.
Cecil volta a mordiscar minha orelha, depois passou a depois passou a
chupar meu pescoço.
Ela parou por alguns segundos, em seguida começou a descer para meu
peitoral, mordiscando meu mamilo, em seguida, descendo um pouco e começa a
beijar a minha barriga e foi descendo. Quando chegou ao meu umbigo, passou a
língua de leve e continuou descendo. Ela beija minha virilha e sua mão passa por
minhas coxas e pernas, depois maliciosamente, uma de suas mãos passam por
minha bunda e a outra passa em meus testículos.
Ela parecia não ter pressa, mas, eu estava ficando louco para sentir a
boca dela no meu pau.
Ela começou a chupar meus testículos, me arrancando um gemido alto.
Em seguida ela começa a me masturbar, enquanto sua língua passeava bem
devagar na cabeça de meu pau. Assim que ela começou a chupar, eu não sabia
mais se urrava ou se gemia, acho que fazia os dois ao mesmo tempo.
Ela fazia movimentos suaves de sucção, chupava meu pênis o colocando
todo na boca. Meu pau não é pequeno, além de grosso, ele tem uns vinte
centímetros e me impressionava o fato de caber todo em sua boca.
Eu tinha uma visão privilegiada, uma de suas mãos alcançou a minha e
ela entrelaçou nossos dedos.
Cecil me chupava com rapidez, subia e descia com movimentos rápidos.
Eu já não conseguia mais me segurar.
— Cecil, não estou mais aguentando, vou acabar gozando em sua boca.
— Exclamo entre gemidos.
Ela não me respondeu, deu um sorriso maroto e continuou a me chupar,
até que gozei em sua boca em vários jatos, fiquei preocupado em afogá-la em
meu sêmen, tentei me afastar e ela não deixou, continuou a chupar meu pau com
avidez. Ela tinha engolido todo meu gozo, ainda assim, meu pênis continuava
ereto. Quando se deu por satisfeita, ela rastejou até ficar em cima de mim.
— Vamos tomar banho? — Pergunta com ar inocente.
— Vamos. — Digo passando as mãos em suas costas e dando um selinho
nela. — Mas antes me diga uma coisa. — Faço uma pausa.
— Sim?
— Onde você aprendeu a fazer essas coisas?
— Tive uma professora excelente. — Ela diz sorrindo. — Ela me
ensinou a teoria e só esperei a pessoa certa para praticar.
Escutar essa resposta dela me deixou com um misto de receio e alegria.
Pensar que ela poderia ter praticado com outra pessoa essa maravilha de
boquete, me deixou puto de ciúmes.
Ciúmes não é um bom sinal.
— Posso perguntar quem foi sua professora?
— Você quer realmente saber? — Em sua face tinha uma sobrancelha
erguida, acentuando a sua pergunta.
— Não! — Respondo soltando uma gargalhada.
— Vamos tomar banho.
Levanto o quadril dela com as duas mãos e a faço sentar em meu pau. Ela
gemeu, enquanto eu suspirava, ela já estava toda molhada, isso me excitou mais
ainda.
— Enfim em casa. — Digo abraçando seu corpo.
— Sério? — Sua pergunta veio acompanhada de um sorriso.
— Sério, desde a noite passada que quero fazer isso outra vez, mas, você
estava cansada.
Segurei com firmeza em sua cintura e levantei com ela agarrada a mim e
meu pau ainda dentro dela. Caminhei até o banheiro e cada movimento meu, ela
gemia. Chegando ao banheiro, fizemos amor lenta e apaixonadamente.
Não sei se a palavra certa para nós é fazer amor, mas talvez tenha
chegado perto, esse pensamento me preocupa, tenho receio de me apegar muito a
ela, mas, decidi não pensar nisso agora, só curti o momento.

Vai me contar seu plano agora minha tigresa?


— Eu já disse que não Jonas, pare de insistir.
Fingir gostar desse abutre do Jonas está me saindo caro, todo meu tempo
perdido com esse idiota, tudo porque ele tem dinheiro e meios para que eu possa
me vingar de Andrew, não posso me esquecer do ódio compartilhado, mas isso é
a única coisa que temos em comum.
Andrew, se separou de mim me deixando sem nada, só porque me pegou
traindo-o com o motorista e porque eu tirei o bastado do bebê que ele pensa que
era dele.
Transei com vários homens quando era casada com Andrew, naquele
mês, tinha transado com mais três além do motorista.
Fazer o quê se sou insaciável?
Sou gostosa, os homens ficam loucos quando me veem.
A primeira coisa que eles observam em mim, é minha bunda, mas,
quando olham em meu rosto, é minha boca que eles desejam em todo seu corpo, e
quando faço sexo com eles, sempre elogiam meu cabelo castanho escuro, eu me
cuido, não vou mentir que gosto do quanto afeto todos eles.

Andrew é excelente na cama, e como ele é excelente, mas, ele nunca


tinha tempo para mim, eu gosto de sexo.
Sexo é vida.
Jonas acha que é o único em minha vida, mas, ele está bem enganado, ele
é só um meio para eu chegar aonde quero.
Quando me separei de Andrew, meu advogado me disse que ele não deve
ter mudado o testamento ainda, mas, não adianta muito saber disso, se Andrew
ainda está vivo, para receber algo, ele precisa estar morto, mas, por estar muito
jovem, não tem problemas de saúde, resolvi apressar sua morte antes que ele
mude a droga do testamento.
— O espião já disse quando Andrew viaja?
— Não!
— Então trate de agilizar isso, para o plano dar certo. — Traste
imprestável. Penso frustrada.
— Certo, Tigresa, mandarei uma mensagem para ele hoje a noite. Agora
podemos fazer amor? — Ele pergunta todo feliz.
— Claro meu Tigre. — Digo com a voz sensual.
Toda vez que digo isso, tento não vomitar, Jonas acha que é uma
maravilha na cama, mas, todas às vezes que transamos tenho que fingir orgasmo
para agradá-lo. Sou uma excelente oportunista, quando surge uma oportunidade,
tento tirar o máximo de proveito dela.
CAPÍTULO 14

Era meu terceiro dia na casa de Andrew, eu estava amando ser


paparicada por ele.
Ele me trata tão bem, faz as minhas vontades, pelo menos na cama,
porque quando se refere a eu limpar a minha casa, ou voltar a trabalhar, ele é
cabeça dura demais.
Ele está parecendo mais meu namorado do que só um ficante, ou seja lá
o que for que a gente seja um do outro.
Hoje eu voltei a trabalhar, mas tive que prometer voltar para casa dele
novamente.
Achei razoável essa promessa, mas impus uma condição, que na segunda
feira, eu voltaria para minha casa. Ele aceitou, talvez rápido demais, mas,
resolvi não focar minha mente nesse detalhe.
Às vezes, Andrew parece se importar comigo, a ponto de gostar
realmente de mim, não sei porque meu coração me leva a imaginar que ele possa
estar se apaixonando por mim. Mas a minha mente me cobra lucidez.
Mesmo a gente não colocando rótulos, eu sei, é apenas sexo, gostoso e
maravilhoso sexo.
Eu quero mais, sempre idealizei mais para mim, mas, Andrew foi o
homem que despertou o desejo em mim, ele me faz sentir coisas que nunca
imaginei sentir, ou sentimentos que nem sei explicar.
De todos os ensinamentos que minha mãe me deu sobre sexo, o prazer
que um homem, ou uma mulher pode dar um ao outro, me ensinou também sobre o
prazer da masturbação, amar o meu corpo, conhecê-lo melhor, foi tudo na teoria,
no entanto, seria legal se tivesse um homem para aprender na prática, ainda
assim, ela me ensinou tanto, mas, nunca me preparou para isso que estou
sentindo. Esse sentimento que só faz crescer, o sinto criando raiz dentro de mim.
Eu sei que posso estar apaixonada por Andrew, mas, amá-lo? Isso eu não
posso fazer.
Por mais que no início, quando o conheci, ele tenha sido um tremendo
arrogante, às vezes ele demonstra esse lado, mas parece ser cada vez mais raro.
Mesmo assim, eu pude ver no dia que eu me entreguei a ele, quando
expus meu medo a ele, de achar que sou sua amante. Quando ele disse que não
sabia, para não colocar rótulos, percebi que ele não procura nada sério, como
um casamento, mas, esperava ao menos um namoro.
Mesmo decepcionada, eu aceitei descobrir o que temos, não só porque
sou curiosa, mas, porque no fundo criei uma esperança de fazê-lo mudar de
ideia.
Tudo bem que fui radical em achar que ele possa me tratar como uma
amante, afinal, para ser considerada uma amante, ele teria que está
comprometido, e isso sei que não, realmente espero que não.
Eu nunca aceitaria ser bancada financeiramente por Andrew, só para
satisfazê-lo sexualmente.
Minha mãe sempre me diz: Nunca diga, nunca farei isso ou aquilo. Mas
dessa vez, eu digo nunca, pois, tenho princípios e ser amante não está em minha
lista de realizações.
Decidi fazer isso, descobrir até onde o meu "romance" com Andrew vai
dar, mas uma coisa eu sei, eu não vou aceitar menos do que eu mereço, assim
como todos, eu mereço ser feliz e ser o casinho de Andrew, ou sua amante não
me trará felicidade. Penso determinada, mas a minha mente sempre me trás
preocupações. Tenho medo desses princípios se perderem no caminho, por um
sentimento que não sei se é recíproco.
Eu não quero pensar que estou exigindo demais, só não aceito, eu não
quero receber migalhas. Se Andrew não for capaz de me dar mais, eu preferia
acabar com o que nem começou, sofro agora, mas não uma vida toda.
Desde meu fracassado relacionamento com Luís, no final do ensino
médio, que eu desconfio dos homens, Andrew, foi o primeiro que decidi arriscar,
tenho medo de ter tomado a decisão errada.
Meu ramal toca, tirando-me de minhas ondas de preocupações e medo
que tento não me afogar.
Noto que é Andrew, pela quinta vez, ou será sétima? Nem sei mais, eu
parei de contar na terceira ligação dele.
— Sr. Castillo, precisa de algo? — Pergunto em um tom de voz sério.
— É Andrew, Cecil. Andrew, repita comigo, A.N.D.R.E.W.
Ele parecia chateado, todas as vezes que ele ligou, o tratei dessa forma,
só não quero que ele esqueça que na empresa ele é meu chefe.
— Andrew, o que foi agora?
— Como você está se sentindo? — Ele parecia preocupado.
— Estou da mesma forma que te disse há dez minutos. Pare de se
preocupar tanto.
— Não seja grosseira, mia bella, estou preocupado com sua saúde. —
Dessa vez acho que o ofendi.
— Eu sei e entendo, mas, se você acha que minha pressão vai aumentar
por que estou trabalhando, então acho melhor parar de transar por um tempo,
pode afetar minha pressão também. — Completo com um sorriso na voz,
demonstrando que eu estava brincando com ele.
— Você está doida, mia bella? Aí que sua pressão vai aumentar de vez,
você vai estar perto desse corpinho maravilhoso e resistir vai se tornar uma
tortura para você. — Ele diz entrando na brincadeira.
Gosto desse lado dele, brincalhão, também gosto de vê-lo sorrir a
vontade quando estou por perto.
— Você se acha. — Digo e me encosto-me à cadeira.
— Um pouquinho, mas, no fundo você sabe que estou certo. — Ficamos
os dois sorrindo que nem idiotas.
Verdade, ele tinha razão, seria difícil resistir a ele, estamos juntos há três
dias, mas, já perdi a conta de quantas vezes transamos. Ocasionalmente, uma
mão boba das duas partes, um beijo de boa noite, troca de carinhos, nos leva a
transar e como todas às vezes, é muito bom, na verdade é maravilhoso, temo até
está me viciando nele.
São nesses momentos que percebo que valeu a pena esperar a pessoa
certa.
Espero que ele pense assim também.
Idiota, você precisa ir com calma. — Minha razão dizia ao meu coração.
Mas por que eu não posso ir com alma? — Meu coração exclamava
confuso.
Mas uma vez meu coração e minha razão entram em conflito e eu fico no
meio deles, afinal, eu sou a casa deles. E como todos os conflitos deles, em que
as opiniões são opostas, nenhum dos dois ganhou, nem um empate teve, nenhum
dos dois sabe a resposta, tudo não passa de conjecturas.
— Mia bela, vamos almoçar juntos hoje?
— Marquei de almoçar com Julieta e Paulo hoje.
— Paulo? Você vai deixar de almoçar comigo para almoçar com ele?
Eu não consegui me segurar, tive que rir da forma que a voz dele soou
falando isso, a expressão deve ter sido a mesma. Ciúmes misturado com ultraje.
Não quis ficar só na imaginação.
— Espere um segundo. — Digo, desligando o ramal.
Levanto-me e vou até a sala dele, entro sem nem mesmo bater. Como
imaginei sua fisionomia estava hilária.
— Precisava ver com meus próprios olhos.
— Ver o quê? — Ele pergunta confuso.
— Precisava ver se sua fisionomia espelhava o que sua voz estava
passando.
Respondo caminhando até um sofá que ficava em frente a sua mesa.
Sento-me e cruzo minhas pernas.
Eu usava uma saia jeans branca com uma abertura em minha coxa, os
olhos de Andrew foram diretos em minhas pernas e um sorriso malicioso brotou
de seus lábios. Ele levantou de sua cadeira e caminhou até mim.
— E o que você está vendo? Ele pergunta sentando ao meu lado
esquerdo.
— No momento não vejo mais o que imaginei. — Digo suspirando. Seu
cheiro é inebriante.
— E o que você imaginou? — Ele estava tão próximo.
— Realmente achei que você estivesse com ciúmes de Paulo.
— Eu não estava, Cecil, eu estou com ciúmes dele. Você está trocando de
almoçar comigo, para almoçar com ele.
Esta aí novamente, o ciúme e o ultraje. Ele fica lindo assim. Não vou
mentir, gostei dele senti ciúmes de mim.
— Não estou trocando coisa nenhuma, eu já tinha marcado com ele e com
J.U.L.I.E.T.A.
Falei pausadamente para ver se ele escutava o nome de Julieta dessa vez.
— Ah, sim, senhorita De Luca vai estar presente no almoço.
Dessa vez ele pareceu mais aliviado, eu estou me segurando para não rir
das expressões que ele faz, quando começo a rir, é um sacrifício para parar.
— Já falei isso duas vezes. — Beijo sua bochecha sorrindo. — Você fica
fofo com ciúmes.
— Carino? — Ele entorta sua boca ao falar. — Não me chame de fofo,
faz parecer ridículo, um homem másculo como eu.
— Já eu, acho que te faz parecer mais lindo e viril. — Digo com a
fisionomia séria para que ele entenda que estou falando sério com ele.
— Se você gosta pode me chamar assim.
— Você é tão complicado às vezes Sr. Castillo.
Aproximo-me mais dele e lhe roubo um beijo, mas quando vou me
afastar, ele me abraça e aprofunda o beijo.
— Não podemos, Andrew. — Digo ainda abraçada a ele após o beijo,
com minha cabeça encostada em seu peito.
— Eu sei mia bella. — Ele suspira a contra gosto, mas não desfaz o
abraço. — Vamos sair hoje à noite então?
— Tipo um encontro?
—Sim, tipo um encontro. — Ele alisa minhas costas, fazendo meu corpo
ficar arrepiado.
— Para onde vamos? — A curiosidade de minha voz poderia ser
palpável.
— Surpresa.
— Aff, não acredito. — Afasto-me do abraço dele e finjo lhe dá um tapa
de leve no ombro. Faço cara de brava, mas, ele sorrir.
— Espero que você goste da surpresa.
— Vou gostar! — Digo convicta. — Você sempre me surpreende e eu
gosto. — Fui sincera e ele ficou surpreso, a ponto de não saber o que dizer.
Não sei se fiz o certo em dizer isso, não pensei direito. O que eu disse
não foi nenhuma declaração de amor, então não entendo a reação dele.
— Preciso ir agora. — Digo me levantando de seu colo e ajeitando
minha saia.
— Tudo bem.
Ele aceitou tão rápido, fiquei decepcionada, mas, tratei de esconder logo.
— Nos vemos mais tarde.
Caminho até onde ele está, dou um selinho em sua boca e saio sem dizer
mais nada.
CAPÍTULO 15

Voltei do banheiro após ter chorado. Eu não entendia porque estava tão
emotiva. Andrew só falou tudo bem, nada mais. Talvez esse seja o problema, eu
esperava mais, sempre estou esperando mais, esse é o meu erro. Ele nunca me
prometeu nada.
Eu tenho um grande problema, penso demais e a maioria desses
pensamentos são sempre negativos.
Coloquei esses pensamentos de lado e foquei minha mente no almoço
com Julieta e Paulo.
Meu objetivo é fazer os dois se conhecerem.
Julieta nutre secretamente uma paixão por Paulo. Ela me confessou um
dia desses, enquanto almoçávamos no shopping. Eu como uma romântica, resolvi
ajudar, hoje é o primeiro passo.
Paulo às vezes era muito lento, pelo menos quando se refere aos assuntos
do coração, não sei como ele não percebia a forma que Julieta falava com ele ao
telefone, tem aquele tom que todo apaixonado faz quando fala com a pessoa que
ocupa todo o tempo seus pensamentos.
Minha mente teima em pensar em Andrew, mas, eu não estou
apaixonada por ele.
Meio dia, mando uma mensagem para Andrew, informando que vou
almoçar, ele não saiu de sua sala para nada. Por um lado eu queria que ele saísse
da sala e arranjasse uma desculpa para me dar um beijo, por outro lado, eu achei
melhor assim, afinal eu não estou apaixonada por Andrew.
Andrew só me mandou um, "CERTO" como resposta e mais uma vez
senti suas palavras distantes.
Ignoro a tristeza que tenta se apossar de meu coração. Minha amiga Juli
precisa de mim.
Encontrei-me com Paulo no elevador, ele usava uma camisa social
branca, uma gravata cinza, um colete preto por cima da camisa, sua calça
também era preta, em seu ombro, ele levava sua bolsa carteira de cor preta, seu
sapato social preto, completava seu look. Já eu, usava uma saia jeans branca de
cintura alta, com uma abertura em que ia de minha coxa ao meu joelho, uma
regata de alça crepe, leve, de cor verde, meus saltos eram um scarpin preto e
minha bolsa de mão preta completava meu look.
Fomos direto ao restaurante Alfredo e Ada, era um restaurante próximo a
empresa, mas, bem aconchegante e a comida era deliciosa. Como é perto, formos
andando mesmo.
— Quem vai almoçar com a gente mesmo? — Paulo pergunta pela
terceira vez.
— Julieta De Luca, uma amiga do trabalho. Não acredito que você nunca
a viu Paulo, ela trabalha na recepção há um ano.
— Quando entro na empresa, ela não está lá, Cecil, é sempre Gyovanni
quem está na recepção. Acho que ela chega mais tarde.
— Sim, sua mãe faleceu ano passado e Julieta precisa cuidar dos irmãos
gêmeos de cinco anos, Alessandro e Nelita, ela os coloca na escola às oito da
manhã e a babá os pega às dezessete horas e fica com eles até Julieta chegar.
— Sério? — Balanço a cabeça afirmando.
— Ela me parece uma pessoa corajosa em enfrentar tudo isso sozinha. —
Paulo parecia impressionado com a história de Julieta.
— Verdade. — Digo orgulhosa. — Ela me disse que explicou ao Sr.
Castillo e ele deu total apoio a ela e a ajuda pagando a escolinha das crianças
também.
Eu nem sabia desse lado generoso dele, e fiquei mais impressionada
ainda com ele.
Impressionada sim, apaixonada não.
Chegamos ao restaurante e Julieta já estava nos esperando, acenei para
ela e, caminhamos ao seu encontro.
Ela se levanta, tentando disfarçar o nervosismo e me dá um abraço.
Como sempre, ela estava linda, usava um vestido curto, ombro a ombro vazado
de cor branca, fazia um contraste belíssimo com sua pele de tom amendoado, seu
blazer preto descansava no encosto de seu assento, seu salto alto scarpin fino de
cor preta, fazia seu look ficar mais ousado, a deixando mais linda, tanto que
Paulo não disfarçava seu olhar pelo corpo de Julieta.
— Estou nervosa, Cecil. — Ela diz em meu ouvido.
— Não fique, seja você mesma. — Sussurro em seu ouvido. — Você está
linda. — Ela apenas se afasta de mim e sorrir.
— Paulo, essa é a minha amiga Julieta De Luca. Julieta, esse é meu
amigo Paulo Lorenzo.
Paulo estende a mão para Julieta e sorrir ao beijar galante sua mão, ela
cora que nem um pimentão.
— Chame-me de Paulo, é um prazer conhecê-la senhorita De Luca.
— O prazer é todo meu Paulo, pode me chamar de Julieta. — Ela diz
tímida.
— Você foi à pessoa que me ligou no dia da entrevista de Cecile?
— Sim, fui eu, por quê?
— Lembrei-me de sua voz.
— Eu sempre liguei para aquele ramal e sempre falei com você. — Boa
amiga, o coloca na parede. Conversávamos a pouco sobre ela trabalhar na
recepção e ele vem com essa conversa.
— Verdade, sempre achei sua voz linda.
— Grazie. — Ela responde.
— Liguei algumas vezes para escutá-la, mas, a senhorita nunca atendia.
Ele não me contou esse detalhe. — Se eu soubesse que a dona da voz é tão linda
quanto assim, já tinha descido para conhecê-la.
Boa, uma resposta e tanto vinda da parte dele, em menos de cinco
minutos, ele já deixou ela corada duas vezes. É visível o interesse dele por ela,
difícil ela não perceber também.
Senti-me sobrando. Fingi olhar alguma coisa em meu celular e volto a
falar com eles quebrando todo clima.
— Miei cari, a conversa está boa, mas acabei de receber uma mensagem
do Sr. Castillo, muito importante.
— Mas ainda nem almoçamos Cecil. — Julieta diz parecendo triste.
— Eu sei amiga, mas, é importante, posso comer alguma coisa no
caminho.
Dou um beijo em sua bochecha me despedindo e me viro para Paulo.
— Cuide de minha amiga, Paulo. — Ele ficou sem entender o meu
pedido, mas, eu apenas pisquei. Nesse momento eu tive certeza que ele entendeu
o motivo do almoço.
— Bem sutil você. — Ele sussurra em meu ouvido ao me abraçar. —
Cuidarei sim, não se preocupe que ela está em boas mãos. — Ele completa,
olhando para ela sério.
O olhar de surpresa dela me fez amar estar presente naquele momento.
Apenas balancei a cabeça sorrindo, joguei um beijo e saí, ainda escutei Paulo
dizer a ela:
— Vamos nos sentar, Julieta?
CAPÍTULO 16

Quando cheguei à casa de Andrew, era quase dezoito horas, como


sempre, tudo estava quieto. No almoço, só comi um cachorro quente, mesmo
assim não sentia fome. Parei e fiquei admirando a casa de Andrew.
Eu não me canso de olhar cada cômodo da casa dele, não era uma
simples casa, mansão seria a palavra mais apropriada para dizer.
Ontem ele me levou para fazer um tour em sua casa, fiquei foi exausta,
confesso que achei um exagero, mesmo sendo linda, é muito para uma pessoa só
morar, sei que no caso dele, tem Mona e alguns empregados.
A mansão de Andrew possuem 10 quartos, incluindo a suíte dele, oito
banheiros, um elevador privado, possui um cinema, onde cabem no máximo umas
vinte pessoas. Possui uma quadra de futebol, uma quadra de tênis, duas piscinas,
uma pequena e a outra grande, uma casa de hóspedes, um heliporto, salão de
beleza e um SPA. Ele disse que fez o salão e o SPA para sua ex-mulher, mas,
hoje se arrepende de ter feito isso.
Como eu disse, exagero, mas, fiquei com essa informação para mim.
— Senhorita Cecile, já em casa. — Mona me recepciona alegre e arranca
um sorriso sincero de mim.
Desde minha última conversa com Andrew, que estou deprê, se eu
pudesse iria para minha casa e me entupiria de chocolate.
— Vou sair com Andrew daqui a pouco, Mona. — Digo dando um abraço
nela a deixando surpresa. — Eu não te pedi para me chamar de Cecil?
— Pediu sim. — Ela responde com um sorriso contagiante.
Nesses quatro dias que estou na casa de Andrew, passei a admirar muito
a Mona.
Ela é inteligente, espirituosa, teimosa, dura quando é necessário, mas, um
amor de pessoa. Pude ver que Andrew a respeita muito. Ele a olha sempre com
amor e carinho.
Na noite anterior, quando estávamos rindo de alguma besteira que eu
falei, ele me confessou que considera Mona uma mãe, a mãe que ele nunca teve.
Achei linda essa declaração.
Eu não sei muito sobre Andrew, quando pergunto algo, ele é sempre
muito evasivo, quando ele me pergunta alguma coisa, faço o mesmo que ele, e
faço questão de mostrar a ele que é de propósito. Ele apenas olha para mim e
sorrir, ainda assim, não dá o braço a torcer.
Depois eu que sou teimosa. Andrew sabe mais de mim do que eu sei
dele, ocasionalmente sou cabeça dura, mas, é porque gosto da reciprocidade,
seja no amor, ou seja, lá o que for que eu e Andrew temos.
— Você deseja comer alguma coisa, Cecil? — Ela pergunta usando meu
apelido pela primeira vez.
— Estou sem fome, Mona. — Digo voltando a pensar em Andrew.
— Tenha paciência, querida, figlio mio de vez em quando é muito asino,
quando se trata de sentimentos, ele demora a perceber algo bom em sua frente.
Eu nada respondi a essa observação, não quero pensar em Andrew no
momento, daqui a pouco terei que vê-lo, como prometi, eu sempre cumpro
minhas promessas.
— Eu vou sair daqui a pouco e não sei que roupa irei usar.
Mona me olhou por um tempo e depois balançou a cabeça.
— Dois asino. — Sério isso produção? Ela me chamou de burra
também? Eu apenas sorri dessa observação dela, quando estava saindo, ela me
diz:
— Andrew já mandou a roupa que você vai vestir, está no quarto.
Eu ia subi correndo a escada, só para ver a roupa, mas, optei em me
conter e andar devagar.
— Mona, tem sorvete de chocolate? — Pergunto depois de subir metade
da escada.
— Tem sim. — Eu estava voltando quando Mona me interrompe. — Eu
levo querida.
— Não precisa, Mona. — Digo terminando de descer as escadas.
Chego ao quarto com meu pote de sorvete na mão e noto o grande
embrulho em cima da cama, ao lado, tinha uma caixa média e outra bem pequena.
Guardei minha curiosidade novamente e fui tomar meu sorvete, que a
propósito estava muito bom. Assim que terminei, faltavam vinte minutos para as
sete da noite. Tomei um banho quente e relaxante, em seguida fui abrir os
pacotes.
Abri primeiro o pacote grande, nele tinha um vestido de alça todo preto,
ele era liso, tinha uma abertura que vai de minha coxa esquerda até meus pés.
Acho que ele gostou de vê minhas pernas hoje pela abertura da saia. Penso
cheia de expectativa. O vestido é muito lindo. Ao lado do vestido tinha uma
bolsa carteira Clutch Black pérola, muito bonita. Vesti o vestido rapidamente, ele
ficou lindo e a abertura da coxa era muito ousada.
Quando abri a caixa média, quase caí para trás, tinha um salto alto preto
Christian Louboutin's, um Louboutin's? Nunca que eu conseguiria comprar um
desses. Calcei os saltos e suspirei, era o salto mais confortável que já usei.
Abri o terceiro pacote, o menor, dentro tinha uma linda gargantilha de
ouro com um pingente de triângulo, que se estendia até o decote de meu vestido,
um par de brincos Gardênias de resina preto. Coloquei-os rapidamente e passei
a arrumar meu cabelo.
No cabelo, escolhi passar uma escova alisadora chapinha, tirando todos
os cachos. Escovado, meu cabelo chega ao meio de minhas costas, coloquei ele
todo pra trás, peguei dois misses preto e coloquei um de cada lado.
Minha maquiagem foi um pouco demorada. Preparei a minha pele com
base, corretivo e pó, depois passei uma sombra escura em meus olhos, em
seguida usei um delineador gatinho, fazendo um traço fino que ia do canto
externo de meus olhos a minha sobrancelha. Iluminei minhas sobrancelhas e usei
uma máscara de cílios, para finalizar minha maquiagem, utilizei um batom
vermelho escuro, efeito matte, que por sinal, é ótimo, durável e não sai com
facilidade, posso beijar Andrew à vontade.
Enfim, estava pronta. Como prevenção, coloquei o batom na bolsa
carteira e minha identidade. Peguei meu celular dentro da bolsa que cheguei do
trabalho, havia uma mensagem de Andrew, dizendo que me esperava lá em
baixo.
Antes de descer, tirei uma foto do meu look pelo espelho do guarda-
roupa de Andrew e mandei para Livi.
“Você’
— Estou bonita?
“Pop”
— Você está gostosona, esse Andrew vai ter que dar duas viagens.
“Você”
Kkkkkk
Só você mesmo Livi.
“Pop”
Kkkkkk
— Falando sério, amiga, você está linda, divirta-se.
“Você”
— Obrigada amiga, te amo.
“Pop”
— Também te amo.
Tinha conversado com Livi e contado tudo a ela, que me deu total apoio e
torcia para que surgisse algum relacionamento de verdade entre mim e Andrew.
Já minha mãe, não sabia de toda história, só disse que estou conhecendo alguém,
ela queria conhecer Andrew, mas, eu disse que está muito cedo, ela respeitou e
não tocou mais no assunto, mas, sei que é por enquanto.
Parei de divagar, peguei a bolsa coloquei meu celular dentro e saí do
quarto. Desci as escadas com mil pensamentos.
Será que ele vai gostar? Será que estou bonita? E se ele estiver
estranho comigo ainda, como devo agi?
Fazia-me vários questionamentos e não vinha nenhuma resposta. Quando
olhei no final da escada, Andrew estava a minha espera, todo lindo e gostoso em
um smoolking preto, ele parecia o James Bond, só que mais lindo e mais gostoso,
seu cabelo penteado para trás, deixava-o mais elegante, sua barba feita o deixava
mais gostoso, não me canso em dizer essa palavra.
Quando cheguei perto dele, pude sentir a fragrância de sua loção pós-
barba, todas as vezes era inebriante.
— Você está linda, mia bella. — Ele beija minha face e diz em meu
ouvido. — Estou quase desistindo de sair, agora quero tirar esse vestido e fazer
amor aqui na sala mesmo.
Todo meu corpo se acendeu com a proposta indecente.
— Você também está lindo. — Aproximo-me de seu ouvido também e
digo. — Gostoso seria mais apropriado. — Ele deu uma gargalhada tão gostosa,
que fiquei boba olhando seu lindo rosto. Só agora percebi o quanto senti falta
dele.
Quando cheguei do almoço, ele não estava mais em sua sala, deixou um
recado em minha mesa, dizendo que foi a uma reunião de última hora, muito
importante, que a noite estaria em casa para me buscar. Eu queria saber se estava
tudo bem entre nós dois, se ele ainda estava estranho.
Olhando para ele agora, parece que está tudo bem.
— Sua proposta é tentadora, mas, realmente estou curiosa para saber
aonde você vai me levar. Então... — Pergunto não escondendo minha
curiosidade. — Aonde você vai me levar?
— Vamos. — Ele diz me oferecendo o braço. — Quando chegar lá, você
vai ver.
Fiz minha melhor cara de brava.
— Não é justo.
— A vida não é justa, mia bella. — Ele diz e sorrir para mim. — A
propósito...
— Sim?
— Gosto dessas aberturas em suas pernas. — Falei. — Você precisa usar
mais roupas assim, facilita muito o acesso de minhas mãos. — Ele pisca para
mim e vira de frente sorrindo.
— Safado. — Digo em voz alta, expondo meu pensamento.
— Sou mesmo. — Ele afirma com um sorrisinho.
Não acredito, falei em voz alta.
Olho para ele sorrindo e ele me encara com um olhar predador.
A noite promete.
CAPÍTULO 17

Quando o carro de Andrew estacionou, eu pude ver onde estávamos.


Em minha boca havia um grande "O", demonstrando minha surpresa.
— Você me trouxe à opera? — Eu não escondia a minha surpresa e meu
olhar sonhador.
— Surpresa. — Ele diz sorrindo. — Gostou da surpresa?
— Se eu gostei? — Ele balança a cabeça. — Eu amei. Jogo-me em seus
braços sorrindo e sentando em seu colo. — Sempre quis conhecer o Teatro
Dell'opera, dizem que é lindo demais por dentro.
— É lindo sim. — Ele beija minha face com carinho. — Vamos? Se
continuarmos assim, não sairemos desse carro. — Ele toca em minha coxa e me
olha sedutoramente.
— Vamos. — Sorrio e me levanto de seu colo.
Essa noite só Mathew e mais um segurança nos acompanhava. Mathew
sai e abre a porta para nós, o outro segurança vai estacionar o carro e Mathew
nos acompanha.
Ao entrar no teatro, meu queixo quase cai. A fachada e o foyer, são de
tirar o fôlego. O teatro é bem grande, Andrew me disse que antes da reforma, ele
tinha 2212 lugares, mas, após a reforma o número foi reduzido para 1600
lugares.
O teatro tem o térreo e mais três andares, no térreo só havia cadeiras,
mas, os andares são divididos com um tipo de divisórias, fazendo os
espectadores que estão nelas, ficarem mais a vontade, cada divisória continha
dez cadeiras. Eu e Andrew e Mathew, ficamos no segundo andar, nossa divisória
ficava mais próxima ao palco, nos dando uma bela vista, em cada assento, tinha
uma pequena luneta para observar o espetáculo. Nos sentamos, enquanto Mathew
ficou próximo a saída de guarda. Fiquei que nem boba observando tudo e
Andrew explicando.
Falando dos acondicionados, das decorações, dos acabamentos que
foram tudo restaurados, o palco reforçado, assoalho substituído, mas, a caixa
acústica não foi substituída, porque ela é considerada uma das melhores do
mundo.
Vendo-o falar com tanto amor, perguntei se ele ajudou na reforma, ele,
com um sorriso satisfeito, me disse que sim.
Depois não tivemos mais tempo para conversar, as luzes se apagaram
demonstrando que o espetáculo estava para começar.
Quando as luzes voltaram a se acender, um lindo homem vestido de
cavalheiro surgiu. Ele começou a cantar lindamente, com sua voz grave. Alguns
minutos depois, surgiu uma linda mulher, vestida de princesa, cantando
juntamente com o homem.
— Eles vão encenar a história de Tristão e Isolda. Você já escutou falar?
— Andrew pergunta em meu ouvido, logo após ele tira do bolso um folheto
explicativo e me entrega. Pego o folheto de sua mão.
— Sim, essa história é uma das minhas histórias preferidas do tempo
medieval. — Respondo a ele e volto a prestar atenção na opera.
Eles param de cantar e uma linda música se inicia, no folheto explicativo
que Andrew me passou a pouco, diz que a música chamada "Tristan uns Isolde",
Prelude, pertence Richard Wagner, ele criou especialmente para esta história, só
pelo nome percebe-se isso.
A cada nota da música, eu sentia algo dentro de mim, como se tocasse
minha alma. Assistir ao vivo a história de Tristão e Isolda, narrada e encenada é
um sonho se realizando e as lágrimas saiam sem que eu pudesse detê-las.
Quando Tristão e Isolda tomam a poção do amor, fazendo os dois se
apaixonam, anuncia o fim do primeiro ato.
— Vamos ter uma pausa de cinco minutos. — Andrew diz olhando para
mim. Balanço a cabeça afirmando, limpando as lágrimas com as palmas das
mãos. — Não chore mia bella, achei que você ia ficar feliz. — Completa ele,
com a expressão preocupada.
— Não estou triste, estou feliz. — Aproximo-me dele e dou um selinho
em sua boca e volto a falar. — Poucos gostam da história de Tristão e Isolda, por
ser um romance melancólico, mas, eu gosto porque a característica que faz dele
um romance único, é por não ser previsível. Todo o livro dá indícios de que eles
iam ficar juntos no final, mas, no fim tudo acontece diferente, o livro termina
dramático com a morte dos dois, só que no final do livro diz que eles viveram
tão intensamente que ultrapassaram os limites do que é terreno e partiram juntos,
numa longa viagem para a imortalidade. Pensando assim, parece ser um final
bem melhor. É uma grande história, para mim todos deveriam ler, acho injusto
poucos conhecerem. Eu queria saber o nome do autor, mas, dizem que a história
foi contada várias vezes, em várias versões.
— Verdade, eu também queria saber o nome do autor. — Ele diz
sorrindo, parecendo admirado.
— O que foi?
— Estou feliz por você ter gostado.
— Eu não só gostei, eu...
— Você amou. — Ele completa.
— Sim. — Digo dando outro beijo nele, só que mais demorado.
Mas o celular de Andrew vibra e ele se afasta um pouco para ver o que
é. Assim que ele olha o celular, todo seu corpo fica tenso.
— O que foi? — Pergunto preocupada.
— Eu preciso ir, mia bella. — Ele diz se levantando. Fiquei preocupada.
— Eu vou com você. — Levanto-me.
— Não, fique e termine a ópera, Mathew te levará para casa.
Casa? Lá não é a minha casa, Andrew. Não posso esquecer isso.
— Mas...
— Por favor, Cecile, depois conversamos.
Ele nem se despediu de mim direito, saiu sem nem olhar para trás.
Sentei-me novamente, o espetáculo começou, mas, eu não conseguia mais
prestar atenção, minha cabeça estava longe, exatamente em Andrew.
— A senhorita está bem? — Mathew pergunta depois de um tempo.
— Estou sim, Mathew, agradeço por perguntar.
— Vamos, o espetáculo já acabou.
— Mas já? Vixe, nem percebi.
No final das contas, eu não assisti ao espetáculo todo.
— Vamos, Mathew.
Demoramos um pouco para conseguir sair do teatro. Existem várias
saídas, mas, o teatro estava lotado. Chegando ao carro, suspirei aliviada,
Mathew me dá um rápido sorriso e eu retribuo.
Já passava das onze e meia e o percurso até a casa de Andrew levou no
máximo meia hora. O carro parou enfrente a casa meia noite e dez. Mathew saiu,
entrou na casa, o outro segurança que levou Andrew para não sei onde, esperava
as ordens de Mathew. Senti vontade de perguntar onde Andrew está, mas me
contive.
Passou-se alguns minutos, Mathew sai de dentro da casa, abre a porta do
carro para mim e me espera sair.
— Está tudo seguro senhorita.
— Certo Mathew, grazie.
Eu não entendia o motivo de tanta segurança, Andrew não diz o motivo,
só que eles são necessários.
Entrei na casa e tudo estava escuro, a não ser pela luz da cozinha, que
ainda estava acesa e um barulho de piano vindo da sala de estar.
Resolvi ir ver quem estava tocando tão desafinado.
Ao chegar à sala, noto uma silhueta na penumbra, sei que é Andrew, pois,
todo meu corpo arrepiou-se em antecipação.
— Você realmente toca ou está fingindo que toca? — Ele levanta a
cabeça assustado. — Desculpa, não quis te assustar.
— Eu estava te esperando, mia bella. — Ele diz me chamando.
Amo quando ele me chama assim, é tão carinhoso.
— Nenhumas das opções, eu não toco piano, esse piano é de Mona, dei a
ela de presente, ela sim toca e lindamente.
O piano de cor branca é bem lindo e seu acabamento demonstra que foi
caríssimo.
Deixo minha bolsa de mão em cima do piano e me aproximo mais dele,
ainda em pé, toco em seus cabelos fazendo um cafuné, ele encosta-se a minha
barriga e suspira de prazer.
— Você está bem?
— Agora estou bem melhor.
Não sei se ele disse isso pelo cafuné ou pela minha presença.
Espero que seja pelas duas coisas.
— O que foi que aconteceu que você precisou sair às pressas do teatro?
Será que ele vai me responder dessa vez?
— Recebi uma mensagem de meu hotel em New Orleans.
— Em Salvador?
— Sim, a mensagem dizia que um funcionário sofreu um acidente, mas, a
mensagem não dizia nada com nada, mia bella, se trata da vida de alguém e eles
não sabem dar uma informação?
Ele parecia tão tenso e preocupado.
— E o que você sabe até agora sobre o acidente?
— Só que a funcionária por nome Valbia, estava saindo do trabalho
quando foi abordada por um assaltante que roubou sua bolsa e atirou nela.
— Ela está bem? — Pergunto horrorizada.
— Não sabem dizer, pedi a Mattias para viajar para Salvador e me
informar tudo sobre o estado dela.
Mattias, fazia um tempo que não o via, na verdade desde que ele me deu
a carona até minha casa.
— Eu já deixei as minhas ordens claras, funcionários que saem depois
das nove horas precisam de um carro que os levem ao seu destino, seja um táxi,
não importa, a segurança precisa vir em primeiro lugar.
— Você faz isso em todos os seus hotéis?
— Não, só em alguns, naqueles que os funcionários se sentem menos
seguros saindo tarde da noite.
Após falar, Andrew beija minha barriga, fazendo todo meu corpo se
arrepiar.
— Entendo! — Digo, não conseguindo formar uma frase coerente. — E
Mattias? — Pergunto a primeira coisa que vem em minha mente.
— O que tem ele? — Ele pergunta, levantando-se e ficando de frente
para mim.
— Como ele está? Faz um tempo que não o vejo.
— Ele está muito bem.
— Ele vai poder visitar sua família?
— Não sei, mia bella, se ele quiser.
— Espero que ele os visite.
— Hum, certo, agora podemos parar de falar de Mattias? — Andrew diz
tocando as alças de meu vestido e descendo-as.
— Ei, o que você está fazendo? Alguém pode chegar aqui a qualquer
momento.
— Não vai, mia bella, Mona já está dormindo e os seguranças só entram
quando eu os chamo.
Ele abaixou as alças de meu vestido por completo, expondo meus seios,
em seguida beija meu pescoço fazendo-me arrepiar da cabeça aos pés. Andrew
aproxima seu rosto do meu. Senti-me toda excitada e não me preocupava se
seríamos pegos ou não. Eu me sentia entregue as suas carícias.
Mais uma vez indaguei surpresa quando ele coloca suas mãos em minha
cintura e me levanta me fazendo soltar um grito.
— O que está fazendo?
— Relaxe, mia bella.
Andrew me coloca sentada em cima da caixa do piano, de uma forma que
meus saltos tocassem nas teclas do piano fazendo sons incoerentes, o piano não é
nem muito alto e nem muito baixo. Andrew fica entre minhas pernas e tira o meu
vestido por cima.
Eu tiro minhas mãos do piano e as coloco em seu rosto, de uma forma a
trazer sua boca até a minha. Nos beijamos ardentemente e minhas mãos
agarravam seu pescoço como se quisesse aprofundar mais ainda o beijo. A
contra gosto de minha parte, ele desgruda nossas bocas, e começa a chupar os
meus seios, um de cada vez, depois ele me faz deitar na tampa do piano e arranca
minha calcinha em um impulso, a rasgando.
Seus lábios percorreram meu corpo inteiro e as sensações deliciosas
preenchiam todo meu corpo. Eu só estava com meus saltos Louboutin's, me senti
desejada, me senti única para ele.
As carícias e seus beijos chegaram mais abaixo, sua boca tocou minha
boceta de leve e tudo o que eu conseguia sentir era puro tesão ao olhar para ele.
Sua boca percorreu meu clitóris excitado. Ele me chupava e as sensações só
aumentavam. De minha boca saiam sons e palavras desconectas.
— Andrew eu... — As palavras sumiam de minha mente excitada.
— Goze, mia bella, goze.
Ele não precisou pedir duas vezes, não conseguindo mais me segurar,
gozei freneticamente num gemido alto e cheio de tesão, foi um gozo intenso.
Assim que fiquei mais lúcida, podendo formar uma frase completa, olhei para ele
e pude ver a tempo seu sorriso satisfeito, retribui seu sorriso, por fim era dessa
forma que eu me sentia.
— Agora é a sua vez. — Digo voltando a sentar no piano.
— Se é assim que você deseja, mia bella, assim faremos. — Ele se
abaixa e pega meu vestido e o resto de minha calcinha. — Mas vamos terminar
no quarto, não quero que os seguranças ache que está acontecendo algo com
você, se escutarem outro grito seu como esse, é isso mesmo que eles vão pensar.
— Engraçadinho. — Dou uma tapa de leve em seu ombro. — Sua culpa.
— Verdade. — Diz e solta uma gargalhada, eu apenas fico o observando
que nem idiota. Gosto de vê-lo sorrir e saber que eu sou a razão de seu sorriso,
me traz satisfação.
Isso é um sinal de paixão? Será? Preciso conversar com Livi.
Pego minha bolsa que estava ao meu lado, no momento em que vou
descer, ele me impede, carregando-me em seus braços.
— Eu sei andar Andrew.
— Eu sei disso mia bella, mas te colocar no chão iria privar-me de senti
seus seios. — Ele chupa meu pescoço, arrancando um gemido de mim e começa
andar.
— Ai, isso é muito bom. — Minha voz sai rouca, denunciando o desejo
que eu ainda sentia.
Minha mão esquerda toca seu peito por debaixo de sua camisa, enquanto
a direita segura em seu pescoço. Levo minha boca até lá e passo a língua de leve.
— Covardia mia bella, estou te carregando.
— Então acho melhor você ir mais rápido, minha cabeça está cheia de
ideias. — Sorrio maliciosamente.
Andrew iniciou seus passos mais rápidos, me fazendo rir de antecipação,
eu já imaginava que hoje dormir estava fora de cogitação.
CAPÍTULO 18

— O que está fazendo, Cecil? — Eu Ainda me encontrava nu, deitado


na cama desleixadamente, apenas um lençol cobria minha cintura. — Volte aqui
mia bella. — Eu pedi a ela que caminhava nua, sem pressa até o banheiro. Ela
para em frente a porta e olha para mim.
— Preciso tomar banho, Andrew, fizemos amor toda à noite, nem
dormimos ainda.
— Eu sei, mas ainda nem acabamos. — Digo de uma forma que a faz
arregalar os olhos em surpresa, arrancando-me um sorriso.
Ela fazia umas expressões às vezes que eu me seguro para não rir em sua
cara, me sinto um adolescente outra vez, uma sensação maravilhosa. Para mim
ela fica linda de qualquer jeito, com raiva, alegre, ultrajada, chorando, triste, só
não gosto de vê-la triste, isso me doe o coração.
— Meu magnata insaciável. — Ela revira os olhos.
— O que disse? — Sento-me na cama surpreso.
— Não é assim que a mídia te chama? Magnata.
— É sim, mas eu não gosto, faz com que eu me senta tão prepotente.
— Eu não acho isso. O faz parecer poderoso, másculo, gostoso.
— Uma palavrinha dessas me faz parecer assim aos seus olhos?
Á altura eu já me levantava e a imprensava na parede.
— Claro. — Ela da um risinho que a faz ficar mais linda. — Fico feliz
em ter um magnata só para mim.
— O que a faz pensar que sou seu? — Pergunto sério.
— Você. — A seriedade em seu olhar me fez fazer outra pergunta.
— Quando foi que eu disse isso? Não lembro.
— Quando você disse com todas as letras que sou sua, então você
também é meu.
— Não sei disso não. — Digo me desvencilhando dela.
Agora eu não sei dizer como nossa conversa ficou tão séria. Como assim
dela? Faz-me parecer comprometido demais.
— Tudo bem. — Ela diz com um sorriso irônico nos lábios. Eu sabia que
ela diria alguma coisa a mais e eu não gostaria nada. — Fico feliz que tudo está
esclarecido entre nós.
— Como assim?
— Eu não sou nada sua e você não é nada meu, posso me relacionar com
outras pessoas.
Como assim se relacionar com outras pessoas? Ela só pode está
ficando louca.
— Namorar talvez, ter algo que eu possa realmente dar um nome. — A
última frase dela foi como receber um soco na cara, me senti colocado contra
parede.
— Eu não divido o que é meu.
Nunca me imaginei tão possessivo.
— Eu não sou sua, Andrew, você acabou de dizer isso. — Ela revira os
olhos outra vez.
Não gosto quando ela faz isso.
— Eu não falei nada disso.
— Se você não é meu, então eu não sou sua. — Sentia-me perdendo essa
luta de palavras. — Não divido o que é meu. — Ela usava minhas palavras
contra mim. Ela aparentava uma calma fingida, seus olhos castanhos claros me
encaravam com uma raiva contida neles.
Eu precisava resolver isso, pensar em Cecile transando com outro cara
não é um pensamento nada bom. Ela se vira para sair, mas, eu seguro em seu
braço a impedindo.
— Se você se sente mais confortável colocando um nome no que temos...
— Faço uma pausa. Talvez eu não deva fazer isso, talvez eu deva a deixar ir...
Não posso fazer isso! — Você aceita namorar comigo? — Vi-me perguntando,
agora já era tarde para voltar a atrás.
— Por qual motivo?
— Eu não divido o que é meu.
— Isso não é um motivo.
— Mas é o que eu tenho no momento, Cecil.
Por um momento senti medo de ela ir embora e não querer nada comigo.
— Tudo bem.
Ela diz com um sorriso fraco, tentando esconder sua tristeza, mas, eu
podia ver em seus olhos a decepção.
Tudo o que eu queria era ser o homem certo para ela, mas, eu fechei meu
coração. Não posso dar o que ela quer, no entanto, não quero que ela saia de
minha vida, sei que é egoísmo de minha parte, mas não tê-la significa voltar a ser
como antes, sozinho e sem alegria, algo que eu não sinto quando estou com ela.
— Aceito namorar com você. — Ela substituir o olhar triste por um
sorriso, que infelizmente não chegava aos seus olhos. Puxo-a para mim e lhe dou
um beijo quente e demorado.
— Precisamos comemorar. — Digo assim que desgrudamos nossas
bocas.
— O que você quer fazer? — Ela sussurra em meu ouvido, abraçada a
mim.
— Vamos viajar!
— Viajar? — Ela desfaz o abraço e segura em minhas mãos. — Você está
louco? Hoje ainda trabalhamos.
— Eu trabalho hoje, você vai arrumar suas coisas para viajarmos
amanhã.
— Mas...
— Mas nada Cecil. Vamos? Sábado é seu aniversário, quero comemorar
com você.
— Você sabe a data de meu aniversário. — Seu olhar estava tão
carinhoso.
— Claro que sim.
— De todos os funcionários?
— Não, só o de Mona, Mattias, Mathew e agora o seu. Vamos Cecil? —
Imploro a ela.
— Vamos. — Ela diz pulando em meus braços, sorrindo e me beijando.
— Vamos tomar banho meu magnata?
— Você vai parar de me chamar assim? — Pergunto encostando ela na
parede novamente, fingindo estar bravo. Coloco minha mão direita em seu
pescoço e a pressiono levemente contra parede.
— Não! Gosto de te chamar assim, ainda mais quando eu coloco o a
palavra “meu” antes da palavra magnata.
Seu olhar sedutor estava me deixando todo excitado e sem que eu
pudesse controlar, meu pau fica ereto. Cecil tenta me beijar, mas, eu a impeço
com minha mão ainda em seu pescoço.
Sua mão direita agarra meu braço esquerdo com força. Eu podia ver que
ela estava excitada, sua respiração ofegante se igualava a minha. Sua mão
esquerda segurou meu pau com destreza, fazendo uma perfeita punheta nele.
Gemi alto em resposta.
— Sou sua refém agora? — Sua voz carregada de tesão só fazia o meu
tesão aumentar. A vezes quando estou com ela, o tesão vem tão rápido, ela
parece dominar meu corpo e meus sentidos, ainda não sei se isso é bom, ou ruim.
— Você quer que eu pare?
— Quero. — Seu sorriso malicioso dizia o contrário.
— Então você é minha refém.
Não esperei uma resposta dela, tirei minha mão de seu pescoço e a mão
dela de meu pau, levantei sua perna esquerda e a penetrei ali mesmo. Eu a
penetrava com rapidez, ela gemia em resposta. Mudei de posição a virando de
costa, e a penetrei novamente, às vezes rápido, às vezes devagar, com uma mão
eu segurava seu quadril e com a outra estimulava seu clitóris. Era um sexo
selvagem, diferente para mim, nunca havia transado em pé com ninguém, até
agora. Está sendo uma experiência excepcional.
Eu sentia que Cecil estava quase gozando, estava me segurando para não
gozar antes dela.
— Goze para mim, mia bella? — Eu sussurrei em seu ouvido.
Não foi preciso pedir pela segunda vez, Cecil gozou incontrolavelmente,
foi preciso segurar com firmeza em seu quadril. Com as mãos na parede, ela se
debatia, enquanto meus dedos ainda massageavam seu clitóris. Quando seu
orgasmo cessou, tirei minha mão melada com seu gozo de sua boceta e chupei
cada dedo, saboreando o gosto de Cecil. Quando eu provo o seu gosto, fico
querendo sempre mais.
— Você tem um gosto delicioso, mia bella.
— Isso foi... Uau... Muito bom. — Ela disse sem fôlego. — Agora é a sua
vez, quero te chupar quando você estiver gozando.
Não era um pedido, parecia mais uma ordem com uma promessa
deliciosa.
Levei minhas mãos aos seus seios e massageava os mamilos dela,
enquanto ainda por trás a penetrava com força, seu gemido se misturava ao meu
me deixando com mais tesão a cada segundo que passava. Não demorou muito,
anuncie ofegante que estava gozando.
— Vou gozar, mia bella.
Ela se ajoelha em frente a mim começa a chupar meu pau com gosto,
gozei em sua boca com vários jatos que nem consegui contar.
Fico observando ela terminar o que estava fazendo, Cecil limpava meu
pau com um prazer que me excitava novamente. Quando enfim ela terminou, com
sua mão em meu pênis, ela levanta seu olhar para me encarar, passa a língua nos
lábios e fala:
— Você tem um gosto delicioso, meu Magnata.
— É mesmo? — A levanto para ficar de frente para mim, a beijo
lentamente, nossas línguas fazia uma dança sensual, eu a pressionava contra meu
corpo, meu membro já estava ereto outra vez.
— Vamos terminar isso no banho, mia bella?
— Vamos.
— La mia ragazza (namorada). — Sussurro em seu ouvido, fazendo-a se
arrepiar.
— Soa bem melhor. — Ela diz segurando minha mão.
— Não é que soa mesmo. — Afirmando, a puxo em direção ao banheiro.
CAPÍTULO 19

— Notícias da senhora Valbia, Mattias?


Eu me encontrava na sala de reuniões, fazendo um vídeo conferência.
— Tenho sim, Andrew.
— E?
— O tiro foi em seu braço, os médicos dizem que por sorte, passou de
raspão, o estrago poderia ser pior.
— Sorte? Como se tomar um tiro fosse sorte. — Digo indignado.
— Verdade. — Ele parecia exausto ao falar.
Conheci Mattias, ele não passava de uma criança assustada, quando ele
me contou sua história, foi como se algo em meu inconsciente me mandasse
cuidar dele. E foi o que fiz. Achei que ele preencheria o vazio que sempre trago
dentro de mim, mas, ele só preencheu uma pequena parte, deixando ainda uma
grande parte a ser preenchida.
Eu aprendi a amá-lo como um amigo, um irmão mais novo, que eu nunca
tive, sei que ele me considera o mesmo e me sinto feliz por isso. Lembro como
se fosse hoje do momento que apresentei Daniele a Mattias. Ela o odiou na hora,
vi em seu olhar, nunca soube qual o motivo.
Admito que sempre ficava torcendo por Mattias quando eles discutiam e,
Daniele tentava humilhá-lo. Mattias sempre a colocava em seu lugar, e eu o
aplaudia mentalmente antes de acabar com a discussão.
— Andrew?
— Sim? — Pergunto mudando o rumo de meus pensamentos.
— Tudo bem?
— Ah, tudo bem sim, só estava pensando. — Levanto-me e fico em frente
ao telão. — E você Mattias, está tudo bem? Você me parece cansado.
— Estou bem, só preciso dormir um pouco e volto. — Ele diz abrindo a
boca, sonolento.
— Faça uma visita a sua família.
— Como? — A surpresa em seu olhar era nítida.
— Já que você está aí, faça uma visita a sua família, sei que você sente
falta deles.
— Certo. — Ele diz com um sorriso de orelha a orelha. — Mas e o
trabalho? Vamos começar a construção do hotel no México, preciso voltar e
entregar alguns documentos ao advogado.
— Segunda feira você volta e faz isso, se ele estiver com pressa, deixe
que o advogado mesmo faça isso.
— Certo, vou dormir um pouco e mais tarde eu pego a estrada.
— Ok. — Retribuo o seu sorriso. — Mattias?
— Oi?
— Dessa vez fale a verdade a sua família, eles merecem saber.
Ele balança a cabeça com um olhar preocupado, eu sabia que ele estava
com medo, mas, o acalmei dizendo que tudo ia ficar bem, após me despedir dele,
desliguei.
Fiz outra chamada de vídeo para o Brasil, depois voltei ao meu
escritório para trabalhar. Passei pela mesa de Cecil e senti sua fragrância
maravilhosa, entrei em minha sala, sentei em minha cadeira, respondi alguns e-
mails, dei alguns telefonemas e voltei a pesquisar algumas coisas para o novo
projeto que quero realizar, ainda não sei o que realmente quero, mas, a pesquisa
vai servir para isso.
Olhei pela janela, vi que a noite já tinha surgido. Queria ter pesquisado
mais, afinal, eu não tinha nada concreto em meu projeto, porém, eu não conseguia
focar minha mente e fiquei pensando em mim e em Cecile.
Faz tanto tempo que namorei alguém, mas, nenhuma delas me faz senti
essa sensação maravilhosa.
— Eu poderia amá-la facilmente.
Isso seria bom, ou ruim? Pergunto a minha mente cheia de dúvidas.
— Seria ruim, muito ruim. — Digo em voz alta, dando um murro em cima
da mesa, espalhando alguns papeis no chão. Levanto-me e caminho em direção
ao aparador que é multifuncional, eu utilizo como um pequeno bar, onde
armazeno minhas garrafas de whisky e vodka. Coloco bastante whisky em meu
copo, bebo tudo de uma vez, deixo o copo em cima do aparador e caminho a
passos largos em direção a janela, fico olhando a beleza que é o centro de Roma.
— Droga. — Digo frustrado. — Esse negócio de amor é furada. A única
coisa interessante no amor é fazer amor, simples assim.
Eu me sentia maluco falando sozinho, mas as palavras saiam sem que eu
as controlasse. O amor sempre vem me ferindo, ou as pessoas que diziam me
amar que faziam isso. Primeiro meu pai, que me dizia várias vezes que me
amava, na primeira coisa que fiz e o decepcionou, ele me excluiu de sua vida.
Depois foi Daniele, que me jurava amor e me traiu.
Eu tenho amor em meu coração, mas esse amor, eu destinava a Mattias e
a Mona, a mãe que eu nunca tive, ela me amava, não só com palavras, ela
cuidava de mim, e ainda cuida. Foi para ela que eu fui chorar quando Daniele
abortou nosso filho. Naquele momento, eu tive plena confiança que poderia
contar com ela. Tanto ela, quanto Mattias.
Mona mesmo não aparentando, já tinha cinquenta e cinco anos, e dizia
sempre com sua voz doce:
— Figlio você precisa achar uma boa moça para cuidar de você, não
vou estar aqui à vida toda.
Eu só balançava a cabeça e sorria, não adianta argumentar com ela,
teimosa demais, Cecil é bem parecida com ela. Sorrio com meu pensamento.
Eu posso não amar Cecil, mas, gosto muito dela, tanto que eu não me
sinto preparado para abrir mão dela.
É bem difícil abrir mão de alguém tão linda por dentro e por fora.
— Talvez seja por isso que a pedi em namoro. Eu gosto dela e sinto
ciúmes, duas coisas que nunca me imaginei sentir por ela. Realmente achei que
só queria sexo.
Cecil me olha de um jeito que ainda não fiz por merecer e nem sei se
farei algum dia. Muitas vezes sou grosso com ela, para mascarar qualquer
sentimento que não quero sentir, depois me arrependo pela forma que a tratei.
Ela tenta descobrir sobre minha vida e tudo que eu digo a ela são palavras
evasivas.
Agora não tenho mais para onde correr. Penso irônico.
No namoro precisa haver confiança e isso, bom, eu sei que sinto por
Cecil. Ao menos isso eu sei que sinto.
CAPÍTULO 20

— O que tem dentro dessa mala, mia bella?


Eu me segurava para não rir, nos encontrávamos em meu quarto, enquanto
Cecil tentava fechar sua mala, por estar tão cheia, a mala estava toda deformada.
— Ôxe, roupas. Pergunta mais sem sentido. — Ela diz estressada.
Espero que seu estresse seja com a mala, não comigo.
— Oxê? O que é isso?
— Não pronuncia oxê, no Nordeste se diz ôxe. — Ela para de mexer na
mala e olha para mim. — Ôxe é uma abreviação de oxente, expressão que
relacionamos ao espanto, surpresa ou reclamações, essas coisas, entendeu?
Seu sorriso sonhador me fez acreditar que ela gostaria da surpresa que
preparei para ela, claro que eu tive ajuda.
— Entendi sim, mia bella. — Na verdade não tinha entendido nada, meus
olhos estavam focados nela, não no que ela dizia.
— Sei. — Ela revira os olhos em resposta e volta a tentar fechar a mala.
— Fecha, mala idiota. — Ela ordenava estressada.
— Mas voltando às roupas. — Digo suspirando. — Para quê tantas, só
vamos passar três dias.
— Eu sei, mas, você não me disse para onde vamos. — Diz fazendo um
lindo bico. Aproximo-me dela, abaixo-me e lhe dou um beijo rápido e sento ao
seu lado. — Aonde vamos faz frio, ou calor? — Penso por um instante.
— Acredito que faça calor.
Ela começou a tirar varias roupas da mala, até botas de inverno ela tirou.
Dessa vez eu não consegui me segurar, minha risada passou a ser uma
gargalhada, eu chegava a me contorcer na cama de tanto rir.
— Do que é que você tanto ri? Espero que não seja de mim. — Ela para
de tentar fechar a mala e vem engatinhando pela cama e fica por cima de mim.
— Não estou rindo de você e sim da situação. — Digo com uma fingida
seriedade.
O modo que agíamos, como agora, uma cumplicidade, uma intimidade
que parece estar presente entre nós há anos, faz eu me sentir ansioso, quando
penso dessa forma, surge aquele friozinho que dá na boca do estômago quando
estamos nervosos. Fazia muito tempo que eu não sentia isso.
— Onde está a sua mala? — Aponto para uma cadeira ao lado da janela.
— Nem é uma mala, é uma sacola de viagem Andrew, pequena demais para meu
gosto, mas, até que é bonitinha. — Ela entorta a boca e beija meu pescoço.
— Não preciso de muita coisa, vocês mulheres que exageram.
— Engano seu, sempre levamos o essencial, ainda mais quando não
sabemos para onde vamos. — Ela morde minha orelha de leve, arrepiando todo
meu corpo.
— Eu sei o que você está fazendo, a resposta é não para as duas.
— O que eu estou fazendo? — Ela beija minha boca e deita ao meu lado
com a cabeça em meu peito.
— Primeiro você quer saber o nosso destino, eu não vou contar, a única
coisa que posso dizer...
— O quê? — Ela pergunta ansiosa e eu a encaro.
— A única coisa que posso te contar é que você vai gostar, mia bella. —
Sorrio pela cara de decepção dela.
— Está bem, qual a segunda coisa que você tem que me dizer não.
— Você dormiu hoje?
— Não.
— Hoje não vamos transar, pare de ficar me provocando. Você está
cansada, temos que descansar que a viagem será longa.
— Nem um pouquinho? Contento-me com um beijo.
Depois eu que sou insaciável. Sorrio desse meu pensamento.
— Só um beijo?
— Um ou dois, você me diz.
Ela estava se divertindo com minha cara e com meu corpo, sua mão
tocava meu abdome e sempre ia mais para baixo.
— Você já foi ao médico ver o contraceptivo?
— Já. — Ela beija meu pescoço e volta a montar em cima de mim.
Fico aliviado em saber isso, a ultima coisa que eu quero é uma gravidez
não planejada, tenho certeza que ela também. Não que fosse ruim ter um filho
com Cecil.
Não! Afaste esse pensamento de sua mente, você só está com ela
intimamente há quarto dias e só a conhece há dois meses e já está pensando
nisso? Você não aprende Andrew. Tratei logo de afastar esse pensamento.
Tentei resisti às investidas de Cecil, mas, confesso que não quis resisti
muito. Fizemos amor umas duas vezes antes que ela pegasse no sono. Levantei-
me e tirei várias coisas da mala dela, antes de conseguir fechá-la, fiquei
preocupado de ela ficar chateada, mas, qualquer coisa compraremos o que
estiver faltando lá mesmo.
Acordamos no dia seguinte, bem dispostos, ela reclamou da mala está
muito vazia, quando contei o que fiz ela só faltou me esganar, mas, acabou
cedendo um pouco, já que ela botou de volta na mala metade das coisas que eu
tinha tirado noite passada. Teimosa.
Decidi viajar em meu avião particular, para não precisar fazer nenhuma
parada. O voo teve a duração de quatorze horas e vinte cinco minutos, foi muito
cansativo, tranquilo e até divertido. Desde que Cecil entrou em minha vida, tenho
motivos para sorrir, seja de uma bobagem, ou não.
Assim que o avião pousou, pedi a Cecil para fechar os olhos, o piloto
abriu o avião, eu tirei meu sinto e ajudei Cecil com o dela. A ajudei a levantar-
se e andamos até a saída com minha mão em seus olhos. Ao chegar ao inicio da
escada, perguntei a ela:
— Preparada, mia bella?
Estou muito ansioso pra ver a reação dela.
— Estou.
A ansiedade dela se misturava a minha. Retiro minha mão de seus olhos.
— Pode abrir os olhos, mia bella.
Ela os abriu e ficou olhando ao redor por alguns segundos antes de abrir
um lindo sorriso.
— Andrew... — Ela sussurra meu nome. — Andrew, você... — Ela olhou
para mim e em seus olhos tinham tantas emoções, eu podia destingir cada uma
delas.
Ela começou a chorar e seu choro a fez parecer vulnerável, a abracei
com carinho e ela retribuiu. Pela primeira vez, me preocupei se fiz a coisa certa
em fazer dessa viagem uma surpresa.
CAPÍTULO 21

A
— ndrew, por que não me disse que viríamos para minha terra? Minha
linda Salvador? — Ela pergunta emocionada, olhando tudo ao redor, quando
enfim o choro cessa dando lugar a um lindo sorriso.
— Assim não seria mais surpresa, mia bella. — Acaricio a sua face e
sorrio. Ela parecia uma criança que acabou de ganhar seu doce preferido.
— Vamos, quero ver minha mãe, vamos Andrew. — A emoção cedeu seu
lugar à conhecida ansiedade que para mim a deixava mais linda ainda.
Não sei como isso é possível.
— Está muito tarde mia bella, estamos cansados, prometo que vamos
amanhã pela manhã. — Tento persuadi-la.
No dia anterior, logo após falar com Mattias, fiz uma chamada de vídeo
para a amiga dela, Lívia.
Até que nos demos bem, ela é ótima, pude ver o porque Cecil gostava
tanto dela.
Contei a Lívia o que faria, ela amou a ideia e disse que organizaria uma
festa de aniversário, um almoço surpresa e convidaria a família para dar as
boas-vindas. Eu queria ter falado com a mãe de Cecil, mas, ainda não tive
oportunidade.
Ou talvez eu queira adiar esse contato inevitável.
Meu papel nessa história era só trazer Cecil a Salvador e segurá-la até
amanhã. Vai ser difícil. A se vai.
— Mas...
— Por favor, mia bella.
— Tudo bem. — A decepção era nítida em seus olhos. Ela se afasta de
mim. — Vamos? — Ela diz sisuda e direta. Suspiro em resposta a sua reação.
— Também não precisa ficar assim mia bella.
— Assim como, Andrew? Só estou te chamando para ir para o hotel.
— Sei, se você diz... — Faço uma pausa e volto a falar. — Se deseja ir à
casa de sua mãe, então vamos, só estou pensando em você.
Por que não usar um pouco de psicologia reversa? Não faz mal a
ninguém. Mulher teimosa.
— Não, amanhã a gente vai, você está certo. — Ela responde de repente.
È stato veloce (Isso foi rápido). Talvez eu deva usar isso mais vezes.
— Agradeço, encheu meu ego escutar isso de você. — Ela sorrir e vem
até mim, me dá um beijo demorado, mas somos interrompidos por alguém me
chamando, viro-me para ver quem me chama.
— Sr. Castillo?
— Sim, Ruan?
Ruan é meu piloto particular faz uns dois anos, pago muito bem a ele para
trabalhar exclusivamente para mim. Sempre quando preciso, ele está aposto. Na
época, eu pensei duas vezes antes de contratá-lo. Ele tinha sido demitido ao
beber em serviço, como deixar minha vida nas mãos de alguém assim? Ele deu a
sua palavra que não faria isso outra vez, então dei um voto de confiança, afinal
ele tem três filhos e sua esposa para sustentar. Até agora ele tem cumprido o
combinado.
— Senhor, quais suas ordens?
— Fiz uma reserva no hotel para você também Ruan, A reserva está em
seu nome, coloquei um dinheiro para você curtir a cidade, mas, esteja aposto na
segunda feira quando eu te chamar.
— Grazie senhor.
— Você já terminou aí?
— Ainda não.
— Certo, você pega um táxi, o endereço você já sabe. — Tiro um
dinheiro da carteira e dou a ele.
— Não precisa, senhor.
— É dinheiro brasileiro, Ruan, você vai precisar para pegar o táxi. —
Entrego o dinheiro a ele, que agradece e sai.
— Vamos mia bella. — Descemos as escadas de mãos dadas.
— E nós? — Ela pergunta.
— O que tem?
— Como vamos para o hotel?
— O motorista do hotel está a nossa espera.
Chegamos ao hotel era um pouco mais de nove horas, Cecil estava muito
cansada, então a deixei sentada próximo a recepção, enquanto eu ia fazer o check
in.
Daniele achava um absurdo, eu como dono dos hotéis ter que pagar para
ficar neles. Eu não tinha que fazer nada, eu escolhia fazer, algo que ela nunca
entendeu, diferente de Cecil, quando contei o que faria, esperava ao menos algum
protesto da parte dela, mas, às vezes eu esquecia que em nada ela parecia com
Daniele, à única coisa em comum era sua nacionalidade e nada mais. Cecil
apenas sorriu e disse:
— Vai lá, te espero aqui sentada.
Nunca vi problema em pagar minha hospedagem e a hospedagem de meus
funcionários que me acompanhavam em viagens, até sinto prazer em fazer isso,
fico que nem bobo admirando minhas criações.
Queria que meu pai pudesse estar comigo, o quanto eu queria que ele
tivesse comigo, ele ia amar Cecil. Sinto falta de seus sábios conselhos.
Coloco esse pensamento de lado e a tristeza que veio acompanhada com
ele.
Instalei Cecil no quarto e fui à administração do hotel conversar com o
gerente. Ele não estava na sala, entrei e fiquei a sua espera. Quando ele chegou,
eu estava em pé olhando pela janela.
— Sr. Castillo, A cosa devo l'onore? (a que devo a honra?).
— Oi Lucas, dessa vez estou no Brasil para assuntos pessoais, só vim
saber como está o hotel.
— O que deseja saber, senhor?
— Como está a organização de trabalho na recepção? O controle das
acomodações? Relação dos hóspedes com o hotel, muitas reclamações? O
estoque, finanças, essas coisas Lucas. — Completei irônico.
— Mandamos o relatório senhor...
— Nesse mês ainda não recebi nada.
— Hoje ainda é o dia três, pensei em mandar o relatório no dia dez...
— Você não tem que pensar sobre isso Lucas, eu já deixei claro as
minhas ordens, quero o relatório em meu e-mail no dia primeiro de cada mês.
Realmente eu estava stressato, Lucas não estava fazendo um bom
trabalho ultimamente.
— Mandarei o relatório ainda hoje, Sr. Castillo.
— Va bene, agora me diga, que história é essa de você não disponibilizar
um carro para os funcionários que saem tarde?
— Sr. Castillo...
— Não quero desculpas Lucas, quero que você faça seu trabalho e
cumpra as minhas ordens, se não pode fazer isso, me diga que contrato alguém
que possa. — Eu não queria falar dessa forma, mas, Lucas precisava entender e
cumprir suas responsabilidades.
— Eu posso senhor, eu posso. — Ele diz se aproximando de mim.
— Lucas, você sabe que te mantive no cargo por que confio em você, não
é a primeira vez que você falta comigo, não costumo dar segunda, ou terceira
chance. — E não costumo mesmo, as únicas pessoas com quem fiz isso foi com
ele e Ruan.
Espero não me arrepender.
Lucas foi preso há dois anos com porte de drogas, ele disse que a droga
não era dele, não acreditei de imediato, pedi a Mathew para investigar.
realmente a droga não era dele e sim de seu irmão mais novo. Lucas é uma boa
pessoa e um bom profissional, mas, ele não sabe separar as coisas, deixa sua
vida pessoal interferir na profissional. Se as coisas não estão indo bem, é porque
sua vida não está indo bem.
— Eu sei senhor, dou a minha palavra que vou resolver tudo. — Ele me
olhava com um olhar culpado, mas sincero, decidi encerrar o assunto.
— Vá bene, Lucas, você já foi visitar a funcionária que foi baleada?
— Sim, fui visitá-la ontem e hoje.
— Como ela está?
— Bem melhor, senhor. — Ele diz com um breve sorriso. — O médico
deu um mês de atestado a ela, devido ao trauma psicológico que sofreu. O
médico tentou me explicar mais ou menos sobre isso. — Ele faz uma pausa.
— Continue, o que ele disse?
— Ele falou que quando acontecem traumas psicológicos, as sensações e
emoções da pessoa ficam contidas em sua mente, ao se recordar do evento o qual
foi acometida, ela sente-se insegura e desprotegida, incapaz e indefesa. Pode
levar um tempo para se curar.
— O que você acha?
— Um mês é muito pouco.
— Também acredito que um mês não será o suficiente.
— E o que você sugere? — Ele coloca a mão no queixo como se
estivesse pensando, mas, eu sei que ele já deve ter pensado em algo. Sorrio com
esse meu pensamento.
— Pensei em darmos mais tempo a ela, quando sentir-se apta para
trabalhar, ela volta.
— Acha que pode confiar nela?
— Sim, Valbia é uma excelente funcionária.
— Então vou deixar que você resolva isso, cuide para que não falte nada
nem a ela e nem a sua família.
— Certo, senhor.
— Quando ela sairá do hospital?
— Segunda feira.
— Farei uma visita a ela amanhã ou depois.
Quem sabe eu consiga fazer a visita com Cecil amanhã pela manhã,
seria uma forma de dar mais tempo a amiga dela.
Terminei minha conversa com Lucas e voltei para o quarto. Cecil estava
deitada na cama dormindo, me aproximo dela, beijo sua face e caminho até o
banheiro.
Tomo um banho rápido, visto apenas um short folgado e deito ao lado de
Cecil. Coloquei minha cabeça no vão de seu pescoço, seu cheiro, como sempre
era delicioso. Ela se remexe e vira para ficar de frente para mim.
— Senti sua falta. — Ela diz sonolenta.
— Eu também, mia bella, agora se vire, vamos dormir. Ela me dá um
selinho e vira de costa para mim sorrindo. — A propósito, você já comeu
Alguma coisa?
— Já, e você?
— Não, estou sem fome, amanhã pela manhã como algo.
— Você está bem, Andrew? — Ela pergunta com preocupação na voz.
— Estou sim, talvez seja o fuso horário.
— Tem certeza?
— Tenho sim.
Mentira.
Na verdade eu estava bem nervoso, ia conhecer minha suocera (sogra).
Como tenho que agir? O que fazer? Será que ela vai gostar de mim?
Espero que ela goste de mim.
Passaram-se alguns minutos, escuto sua respiração mais leve. Assim que
ela adormece, volto a colocar minha cabeça no vão de seu pescoço. Adormeço
rapidamente sentindo seu cheiro.
CAPÍTULO 22

A
— ndrew, acorda.
— Ainda é cedo, Cecil.
— Já são nove horas.
— O quê?
— Eu disse que são nove horas.
— Eu sei, Cecil, eu escutei da primeira vez. — Digo me levantando e
sentando na cama. — Era só uma pergunta retórica.
Droga, não era para ter dormido tanto.
— Ei, magnata, por que está bravo comigo? — Ela pergunta com uma
sobrancelha erguida.
— Não estou bravo com você mia Bella e sim comigo, eu tinha planos de
ir ao hospital ver a funcionária Valbia, antes de te levar pra ver sua mãe.
Isso era verdade, meia verdade. O problema é que se fosse mais cedo,
ela poderia aceitar e ir comigo.
— Você vai demorar lá?
— O quê? — Pergunto não entendendo a pergunta.
— Só perguntei se você vai demorar lá, se não for demorar, podemos
passar lá rapidinho. — Fiquei surpreso de ela aceitar tão rápido.
— Você faria isso por mim?
— Claro meu magnata gostoso. — Ela diz e senta em meu colo na cama.
— Temos tempo para uma rapidinha? — Pergunto após dar um beijo
nela.
— Não, não temos não, Andrew. — Ela se desvencilha de mim sorrindo.
— Eu já tomei banho, falta você, ande logo, quero que você coma algo antes de
sair, você não comeu nada ontem.
— Depois eu que sou mandão.
— Não está esquecendo algo? — Ela pergunta inocentemente.
— Eu não. — Levanto-me sorrindo.
— Deixa para lá. — Ela vira antes que eu veja alguma emoção em sua
fisionomia e vai até a janela.
Caminho até a jaqueta que eu usava na noite anterior. Ela tirou minhas
roupas de dentro da mala e perdurou no guarda roupa, fiquei feliz de ter deixado
o presente comigo ontem. Pego o presente no bolso de dentro da jaqueta.
Caminho até a janela e a abraço por trás.
— Feliz aniversário, mia bella. — Mostro o presente a ela. Era uma
pequena caixa de veludo, dentro tem um colar de ouro, o pingente é em formato
de um coração que abria com várias pedrinhas de diamante, dentro tem nossa
foto juntos, tiramos a foto depois de um maravilhoso sexo, os olhos delas
estavam sensuais e felizes e eu a olhava com cara de apaixonado.
Sei que o presente é clichê, mas, quando eu o vi, soube que ela ia gostar,
o colar vinha com um chaveiro, então coloquei nossa foto e fiquei para mim,
para me lembrar dela sempre quando olhar nossa foto. Ela me olha com os olhos
brilhando.
— Vamos, abra. — Quero ver a reação dela. As caras que ela faz são
engraçadas e excitantes demais.
Ela abre o presente e um grande "O" Surgi em sua linda boca.
— Amei, Andrew. — Seu sorriso fez a demora valer a pena. Estou
agindo que nem um garoto apaixonado, ridículo isso. Faço uma careta
mentalmente. — Coloca em meu pescoço. — Ela me pede como um largo
sorriso.
Coloco o colar e ela corre até o espelho para ver como ficou.
— Como ficou?
— Lindo, você toda é linda mia bella, o colar é só um acréscimo a sua
beleza.
Ela usava um lindo vestido florido de alça, que ia até a altura do joelho,
deixando suas lindas pernas de fora, sua pele amendoada dava um lindo
contraste e as sandálias havaianas vermelhas deixavam seus lindos dedos
amostras. Aproximo-me dela e agarro sua cintura.
— Tem certeza que não temos tempo para uma sveltina mia bella? —
Faço cara de menino pidão.
— Nada de rapidinha, Andrew, por mais que você esteja merecendo. —
Ela diz sorrindo e piscando para mim, mas seus olhos caem sobre meu pau ereto
e ela fica olhando. — Acho que não faz mal saímos um pouco mais tarde. Vamos,
vou tomar banho com você. — Dou uma gargalhada em resposta. — Não precisa
ser tão rápido assim. — Ela completa.
— A aniversariante é você, hoje é você quem manda, mas só hoje.
— Você que pensa que será só hoje. — Seu sorriso travesso só
aumentava.
Esse seis dias que estamos juntos sinto que está mudando minha vida,
sei que estou apaixonado por ela, acho que faz algum tempo, mas, falar isso
em voz alta é como se tornasse realidade, como se abrisse meu coração para
amá-la, não me sinto preparado para amar ninguém.
Ponho esse pensamento de lado e foco em Cecil.
A ajudei a tirar o vestido e corremos até ao banheiro. O banho não foi
rápido, saímos do hotel era quase dez e meia. Tomamos café em um restaurante
próximo ao hospital, em seguida, compramos flores para senhora Valbia e para
minha sogra Marcela. Para senhora Valbia comprei um lindo lírio rosa plantado
e para minha sogra comprei violetas plantadas, Cecil disse que são as flores
preferidas dela.
Espero que ela goste.
A visita ao hospital durou uma hora, graças un Deus. Cecil não quis vir
logo embora. A senhora Valbia, gostou muito dela, praticamente me excluíram da
conversa, ela amou as flores, agradeceu por tudo, ainda nos convidou para
almoçar em sua casa, prometi que na próxima viagem faremos isso. Mandei uma
mensagem para Lívia, perguntando se já podia levar Cecil, a resposta foi sim.
Despedimo-nos da senhora Valbia e saímos.
Chegamos à casa da mãe de Cecil, pouco mais de meio dia e meia, o
trânsito em Salvador é terrível.
Está aí algo que eu nunca me acostumarei.
A casa se localizava na Rua Perambu, em Brotas. A discreta casa de
paredes amarelas, com pequenos muros e grades vermelhas, se destacava entre
as casas do bairro. O bairro possui mercados, padarias e outros pontos de
comércio, era bem sossegado e tranquilo, não se escutava nenhum barulho. Algo
bem diferente pra mim.
— Como eu estou? — Pergunto assim que saímos do carro. Eu usava uma
calça jeans branca com uma camisa xadrez, nos pés, eu usava um Mocassim
masculino.
— Você está lindo. — Ela me olhava como se quisesse me comer vivo,
um olhar que me excitava. Então acreditei na afirmação.
— E se a sua mãe não gostar de mim? Como estão minhas roupas? As
flores, esquecemos as flores no carro.
Não estou acostumado com esse tipo de nervosismo.
— Calma, Andrew, você está ótimo, a senhora Valbia não parava de te
elogiar, meu chefe é lindo, meu chefe é um ótimo homem, você tem sorte filha. —
Cecil faz uma voz engraçada ao falar, me fazendo rir. — Se ela gostou de você,
imagine minha mãe?
— Não é a mesma coisa Cecil, sua mãe é minha sogra, além do mais, não
me pareceu isso tudo com a senhora Valbia, me senti excluído.
— Como não pareceu? A senhora Valbia ainda disse que te apresentaria
a filha dela, se você não fosse comprometido.
— Está com ciúmes mia bella, não fique, sou todo seu.
— Só por isso eu relevei o que ela disse. Agora pare de se preocupar
com minha mãe, ela é ótima, vai te amar. — Suspirei aliviado, mas, ainda estava
nervoso. — Vamos meu magnata.
— Não me chame assim na frente de sua mãe, Per l'amor di Dio.
— Não prometo nada. — Ela diz e me puxa pela mão.
— Faça um esforço, mia bella. — Ela sorrir em resposta. Mulher
teimosa. Penso frustrado.
Caminhamos de mãos dadas até o portão, ela abre e entramos. Ela toca a
campainha, mas, nenhuma resposta do outro lado, toca mais uma vez e nada. Ela
desiste e tenta abrir a porta e logo consegue, entramos e a sala estava sem
ninguém, achei estranho, esperava o grito de surpresa agora.
— Será que ela não está em casa? — Vamos lá nos fundos, ela pode estar
lá cuidando do jardim.
Ainda de mãos dadas, passamos por uma cozinha americana
aconchegante. Ela estava distraída falando comigo, quando um grande coro
grita.
— Surpresa!
Ela virou em direção ao coro de vozes.
— Ai meu Deussss. — Ela gritou surpresa. — Andrew? Ela olha para
mim.
— Cos'è mia bella? (o que foi minha linda?).
— Você fez isso?
— Com ajuda de sua amiga Lívia. Foi um trabalho e tanto guardar esse
segredo de você, sua ansiedade é extrema.
— Engraçadinho, mas, você tem razão. — Ela me dá um selinho. —
Grazie. — Ela diz e um brilho diferente aparece em seu olhar, mas, o encanto é
quebrado e eu já não sei mais o que aquele olhar quis dizer.
— Filha? — Sua mãe grita ao se aproximar da gente. Então essa é minha
sogra, sai ciò che Dio Vuole. (seja o que Deus quiser).
— Sua mãe é linda. — Sussurro no ouvido dela.
— Você acha que essa beleza veio de quem?
— Ótima observação. — Digo em resposta. Eu sei que ela falou
brincando, mas é bem verdade.
— Mamãe, que saudade, vem cá, me dá um abraço.
Elas ficaram se abraçando, falando palavras uma no ouvido da outra,
começaram a chorar, achei melhor não atrapalhar o momento e me afastei um
pouco.
As duas pareciam ser mais irmãs, Marcela não parecia ter quarenta e seis
anos. Seus cabelos eram castanhos escuros, que passavam do ombro como os de
Cecil, as duas tinham quase a mesma altura. Ela usava um vestido longo
vermelho de alça, seu cabelo estava solto, diferente do de Cecil que estava preso
coda di cavallo ( rabo de cavalo).
— Mamãe, esse é meu namorado e chefe Andrew Castillo. — Ouço-a
falar. É agora.
— È un piacere, signora. (é um prazer senhora). Depois de falar que me
dou conta que falei em italiano. — Desculpe, força do hábito.
— Tudo bem querido, entendi o que você disse, essa daí... — Ela diz
apontando e sorrindo para Cecil. — Ela me fez aprender um pouco e, por favor,
pare de me chamar de senhora, me faz parecer velha, me chame de Marcela.
— Chiaro, Marcela, eu estava dizendo a Cecil que a senhora é muito
linda, parecem mais irmãs.
— Ou assim me fez se senti jovem outra vez. Filha seu namorado é
galante e muito lindo. — Olho para Cecil e ela está me olhando que nem boba.
— Grazie. — Digo envergonhado com tanta atenção. — Aqui, trouxe
essas flores para você.
— Obrigada Andrew, são minhas proferidas, venha aqui de um abraço
em sua sogra. — A abraço e lhe comprimento com dois beijos na bochecha. Ela
coloca as flores em cima da mesa. — Agora vamos, quero mostrar meu genro
lindo para todo mundo.
Ela pegou em minha mão e na mão de Cecil e saiu nos arrastando.
Na parte do fundo tem um jardim, e um espaço coberto com algumas
mesas e cadeira espalhadas pelo ambiente, no canto, uma churrasqueira feita de
tijolos acesa deixava o ar com um cheiro maravilhoso.
Marcela me apresentou a todos, me senti como se estivesse sendo
avaliado, alguns olhares de desejo, outros admirados, alguns homens já me
olharam diferentes, suas mulheres me olhavam com cobiça. Ocasionalmente,
meus olhos caiam sobre Cecil e ela me encarava com aquele olhar ciumento,
dessa vez não podia fazer nada, ser grosseiro com seus avós, tios, primos,
amigos, não sou louco. Por último, conheci Lívia, ela é bem mais linda
pessoalmente, mas, me parecia cansada e um pouco pálida, Cecil também
percebeu porque a olhava sempre com preocupação nos olhos.
O almoço foi anunciado e algumas tias de Cecil, que estavam servindo,
pediram para todos se acomodarem, Cecil pegou em minha mão e na de Lívia e
nos levou até a mesa onde sua mãe estava sentada, nos sentamos e iniciamos uma
conversa sobre as aventuras de Cecil em Roma, sua mãe perguntou como nos
conhecemos, ela me olhou assustada, apenas disse:
— Ela estava no lugar errado e na hora certa. — Sorri para ela e toda
tensão havia sumido de seu corpo.
O ambiente estava tão aconchegante, tão familiar, não lembro se um dia
já tive isso, acho que nunca tive, mas, isso é algo que eu poderia me acostumar
facilmente.

Os almoços com minha família sempre foram divertidos, sejam na casa


de meus avós, tios, ou aqui em casa. Se não tivesse as piadas idiotas, discussões
desnecessárias, tios intrometidos e aqueles poucos primos vagabundos, que
fazem questão em manter o discurso, e as frases de efeitos prontas na ponta da
língua, não seria almoço em família.
— O emprego está por aí, só que eu não o encontrei ainda! Vagabundos
de carteirinha.
Estou amando tudo, quero dizer, quase tudo, não me agrada nadinha os
olhares cobiçosos de minhas primas direcionados ao meu homem. Na ocasião
que isso acontecia, eu tentava esconder meu ciúme. Tentava mesmo, mas, era
difícil não fuzilá-las com o olhar, Andrew só faz sorrir cinicamente, isso é
irritante.
— Eu sou todo seu mia bella. — Ele sussurra em meu ouvido me
arrepiando toda.
— Obrigada. — Sussurro em seu ouvido também.
— Pelo quê? Por ser todo seu?
— Não, engraçadinho, obrigada por tudo isso. — Digo olhando ao redor
sorrindo. — E por isso. — Toco no colar em meu pescoço.
— Não precisa mia bella, você merece tudo e muito mais.
— Você é maravilhoso. — Beijo sua face e ele faz o mesmo. Eu queria
fazer amor com ele, mas, no momento não dava para fazer isso. Droga.
— Você não sabe nem disfarçar, mia bella.
— Disfarçar o quê?
— Você está com aquele olhar, doida para tirar minha roupa. — Sorrio
com o comentário dele.
Mas é a mais pura verdade.
— Vocês são tão lindos juntos. — Ouço minha avó Marisa, dizer. Ao nos
virarmos, todos nos encaravam, um momento constrangedor.
— Agradeço Vó. — Andrew apenas sorrir em resposta, corado de
vergonha.
Ele é tão fofo e gostoso, acho que devia chamá-lo assim ao invés de
Magnata. Meu gostoso.
Ponho esse pensamento de lado e foco em minha avó Marisa, que ainda
me encarava.
— A senhora que é linda. — Levanto-me e dou um beijo em sua face e na
face de meu avô Geraldo. Abraço o pescoço dos dois ignorando os olhares de
todos.
Aff, não gosto de ser o centro das atenções.
— Senti tantas saudades de vocês.
— Nós também querida. — Meu avô diz sorrindo.
Meus avós já eram de idade, mas nem parecia, minha avó tem sessenta
anos, baixinha, pele amendoada, cabelo castanho escuro, cacheado, magra.
Parecemo-nos bastante, a diferença é a altura, ao qual puxei de minha mãe que
puxou de meu avô. Um homem de sessenta e cinco anos, alto, pele clara, seu
cabelo preto e liso, saiu de cena dando lugar a um lindo cabelo grisalho.
— Por que não leva seu namorado a praia, Cecil? O dia está lindo. —
Minha vó Marisa diz.
— Ótima ideia Vó, você quer ir Andrew?
— Vamos sim mia bella. — Algumas primas minha suspiram ao escutar
Andrew me chamar carinhosamente de minha linda em italiano.
Estou tão acostumada com esse mia bela, que parece que sempre fui
chamada assim.
Olho pra minhas primas e reviro os olhos.
Saí convidando a todos para ir à praia, mas, só minha mãe e Lívi
aceitaram ir. Precisei chamar várias vezes para Lívi aceitar o convite, ela estava
muito estranha, sei que está escondendo algo de mim, sua magreza não me passou
despercebida, tentei convencê-la a me contar, mas, ela nada me diz sobre o
assunto, só que amanhã conversaremos. Faço um esforço para colocar a
preocupação de lado, mas está difícil.
— Tudo bem mia bella? Você me parece preocupada.
— Estou bem sim, mas, estou preocupada. Venha, vamos ao meu quarto,
vou colocar o biquíni. — Seguro sua mão e o chamo pra entrar.
Assim que entramos no quarto, ele começou a olhar tudo, enquanto eu
peguei o biquíni em meu guarda roupa, rosa e branco.
— Por que está preocupada mia bella? — Ele pergunta de repente,
encostado a porta.
— A Livi está me escondendo alguma coisa, eu sei que é sério, mas ela
nada me diz.
— E o que ela disse quando você perguntou?
— Como você...
— Te conheço o suficiente para saber que você perguntaria a ela. — Ele
entorta a boca e pergunta novamente. — E o que ela respondeu?
— Ela disse que amanhã conversamos, hoje é dia de diversão. — Tiro
minha roupa para vesti o biquíni.
— Respeite a vontade de sua amiga, quando ela se sentir à vontade, ela te
conta.
— Eu sei, estou fazendo isso, mas a preocupação ainda está aqui. —
Aponto em meu coração.
— Acalme-se, mia bella, talvez não seja nada demais. — Nem ele
acreditava em suas palavras. Visto a parte de baixo do biquíni.
Eu tenho uma coleção de biquínis, ou tinha uma coleção, a maioria dos
biquínis estão velhos, o melhorzinho que achei foi um bege, ele era muito
pequeno comparado aos biquínis que eu costumava usar, então só pode ser de
Livi. Olhei para Andrew, ele estava me devorando com seus lindos olhos verdes.
— Vai ficar me olhando desse jeito, ou vai me ajudar a amarrar o
biquíni?
— O quê?
— Amarrar o biquíni, Andrew. — O safado nem se dignava a olhar em
meus olhos. Caminho em direção a ele rindo, viro-me de costa. — Amarra para
mim, Andrew.
— Mia bela, esse biquíni está pequeno demais.
— Só tem esse.
— Compramos outro. — Ele disse ao terminar de amarrar.
— Nada disso, eu gosto do jeito que você me olha quando estou com ele.
— O provoco.
— Eu preferia que você usasse só para mim, Cecil.
— Eu estou usando primeiramente para mim, Andrew, e depois para
você, além do mais, você é meu lindo espectador.
— Eu e alguns mais que vai ter na praia.
Ele quis reclamar mais sobre o biquíni, só que eu o impedi lhe dando um
beijo, mas, acabou que o beijo foi esquentando e quase transamos no quarto.
Andrew foi o mais sensato e interrompeu o beijo. A desculpa dele era que
alguém poderia chegar a qualquer momento, no entanto, eu sei que sua maior
preocupação era minha mãe chegar e pegar nós dois no flagra.
Para mudar o rumo da conversa, ele começou a implicar com meu quarto.
Ele é todo pintado de rosa, antigamente essa era a cor preferida minha e de Livi.
No quarto, os moveis eram todos brancos, só tinham um guarda roupa de três
portas, uma cômoda, duas camas e o Post de Idris Elba, sem camisa, colado atrás
da porta. Aos quinze anos, eu e Livi eramos apaixonadas por ele, ainda somos,
mas, deixei esse pensamento para mim, Andrew, já estava querendo arrancar
meu lindo Post, era o charme do quarto.
Ele perguntou também por que em meu quarto tinha duas camas, então
expliquei sobre o dia que Livi veio morar comigo.
— Na ocasião em que eu e Livi tínhamos quatorze anos, seu pai foi
embora de casa e sua mãe entrou em depressão e acabou ficando muito doente,
Lívia achava que era depressão, foi isso que sua mãe disse e não deixava que
Lívia a visitasse no hospital de jeito nenhum. Sua mãe piorou e o hospital
chamou Lívia, para se despedir de sua mãe. Livi descobriu já era tarde, sua mãe
estava com leucemia em estado terminal. Foi horrível, nunca mais quero passar
por aquilo novamente, doloroso ver minha amiga sofrendo tanto. Quando a mãe
dela faleceu, queriam levar Livi para ficar em um orfanato, minha mãe não
deixou, Lívia ficou com a gente, um mês depois, minha mãe, a adotou. A partir
daquele momento, ela não era só minha melhor amiga, ela também se tornou
minha irmã.
Ele me abraçou, entendendo o por quê me preocupava tanto com Livi,
talvez eu temesse o pior, mas, eu coloquei esse pensamento de lado.
Pode não ser nada tão grave.
Sairmos do quarto e nos despedimos de todos, agradeci mais uma vez a
surpresa e chamei Lívia e minha mãe para sairmos, Andrew, não quis comprar
uma sunga, disse que ia ficar com a cueca mesmo, notei que minha mãe e Livi já
estavam com seus biquínis.
Chegamos à praia da Barra era um pouco mais de duas e quarenta, minha
mãe ficou só de biquíni e os homens não paravam de olhar para ela. A parte de
cima de seu biquíni era preta e a de baixo rosa com estampa. O tempo parecia
está a favor dela, estava mais linda ainda.
Andrew, ficou de cueca azul e sem camisa, fiquei o admirando por um
tempo, até meus olhos caírem sobre Lívia, ela usava a parte de cima de seu
biquíni preto com alças brancas e um short branco. Minha amiga estava tão
magra, comparado a seu peso ideal. Parei de olhar para ela assim que ela fez
uma careta para mim.
O tempo na praia foi maravilhoso, comemos muita acarajé, abará,
moqueca, queijo e chupamos muito picolé. Na verdade, eu fiz isso, sou fissurada
em picolé de amendoim, já Andrew, amou acarajé e ficou pedindo várias vezes,
minha mãe comeu umas duas abarás e Livi só comeu uma acarajé e chupou um
picolé de coco.
Conversamos bastante, ainda fomos ver o pôr do Sol no farol da Barra,
lindo demais, senti muita falta de fazer isso. Eu e Andrew nos sentamos atrás do
farol e namoramos um pouco, enquanto Livi e minha mãe foi tomar água de coco.
Foi um dia maravilhoso. Na volta, Andrew deixou minha mãe e Livi em casa, e
fomos para o hotel.
Chegamos ao hotel, tomamos banho, comemos algo e nos deitamos para
dormir, ou tentamos, até Andrew ficar me provocando. Transamos quase a noite
toda. No outro dia, acordamos mais tarde ainda. Levei Andrew para conhecer
Salvador, ele conheceu o Forte são Marcelo, Mercado Modelo, Elevador
Lacerda, a Praça Castro Alves e por último o Pelourinho, ao qual ele amou,
comprou várias lembranças para Mona, tirou várias fotos, ele amou os meninos
jogando capoeira, até se arriscou a jogar também, mas, não deu muito certo.
Chegamos lá em casa dezoito horas, Livi já estava a minha espera para
nossa conversa. A chamei para o quarto e deixei Andrew com minha mãe na
sala.
— Vamos Livi, me conte o que há de errado? Estou preocupada. — Digo
assim que nos acomodamos em minha cama.
— Eu não sei como dizer isso, Cecil. — As lágrimas se acumulavam em
seus olhos
— Só me diga de uma vez. — Eu já estava em alerta, meu coração
acelerado, o medo já se aconchegando em meu coração.
— Vou morrer Cecil, estou com a mesma doença que minha mãe.
— O que disse? — Pergunto arregalando os olhos de pavor. As lágrimas
desciam involuntariamente e o medo comprimia meu peito, fazendo-me ficar sem
ar.
— Eu estou com leucemia, Cecil. — Ela diz chorando.
— Não, você não está doente. — Grito para ela, chorando também.
— Cecil...
— Não, eu não quero ouvir mais. — Não esperei resposta, saí correndo
do quarto e encontrei minha mãe chorando.
— A senhora sabia disso? Sabia que Lívia está doente? — Pergunto
gritando. — A senhora sabia que Lívia está morrendo? Responde. — Eu não
conseguia mais me controlar, só gritava as palavras e chorava compulsivamente.
Minha mãe nada respondeu, só chorava, mas, ela nem precisou responder.
— Acalme-se, mia bella. — Andrew dizia, mas, eu não conseguia me
acalmar.
Corri para fora chorando, meu coração estava doendo, eu perderia Livi,
minha melhor amiga, minha irmã querida.
Andrew aproxima-se de mim por trás e me abraça, senti-me tão segura
em seus braços, pude chorar em seu ombro.
— Mia bela, existe tantas histórias de pessoas doentes que melhoram do
dia para noite. — Ele e acaricia meu cabelo.
— Mas, se ela não se curar? — Pergunto em um fio de voz. — Tenho
medo de perdê-la, Andrew.
— Eu sei querida. — Ele diz carinhosamente.
— A gente vê a morte todos os dias nos noticiários, mas, ainda assim não
fica nada fácil, na vida eu finjo não temer a morte, sorriu e brinco, mas eu sei
que vou morrer.
— Não fale isso, mia bella.
— Mas é a verdade, Andrew, a morte causa tanta dor, foi assim com a
mãe de Livi, não sei se consigo passar por isso novamente, dessa vez é a Lívia,
minha querida Lívia, ela já sofreu tanto, por que isso agora?
— Mia bela, eu sei que dói perder alguém, realmente sei o quanto dói. —
Fungo o nariz e olho para ele. — Sua amiga ainda não se foi, ela precisa de
você.
Eu não tinha pensado nisso, o quanto sou egoísta, minha amiga precisa de
mim.
— Não posso, não consigo acreditar, Andrew. Eu estava em estado de
choque, não quero aceitar que minha querida amiga vai morrer.
— Eu sei querida, fique com ela hoje, volto amanhã para te ver.
— Não voltamos amanhã para Itália? — As lágrimas caíam
controladamente, mas, não paravam de cair.
— Não, eu voltarei na terça feira, você pode ficar um pouco mais.
— Grazie Andrew. — Agradeço o abraçando.
— Não precisa agradecer, Cecil, sinto muito por tudo isso. — Balanço a
cabeça, se eu falasse algo, minha voz poderia falhar. — Vá lá, vá abraçar sua
amiga. — Dou um beijo nele em despedida e corro para dentro. — Diga a sua
mãe que mandei um beijo. Ouço-o gritar.
Minha mãe ainda estava na sala chorando, sentei em seu colo e a abracei
com carinho.
— Perdoe-me por ter gritado, mãe.
— Tudo bem filha, eu sei que você está sofrendo, nossa linda Lívia... —
Ela diz e sua voz falha.
— Eu sei mãe, eu sei. — A abraço mais forte. — Agora preciso ir ver a
Livi.
— Certo minha filha, vai lá.
— Andrew mandou um beijo.
— Obrigada. — Ela diz e dá um breve sorriso em meio as lágrimas.
Levanto do colo dela e corro até o quarto. Assim que entro, vejo Livi
deitada em minha cama, ela estava toda encolhida, em posição fetal, seus braços
em volta de seus joelhos, ela chorava silenciosamente. Aproximei-me da cama e
deitei a abraçando, as lágrimas ainda caiam.
— Perdoe-me, Cecil, eu quis te contar...
— Eu que peço perdão, amiga, sinto muito por meu egoísmo, mas, vamos
conversar depois, quero só te abraçar agora, tudo bem para você?
— Tudo bem, amiga. — Ela vira-se e me abraça de frente.
— Eu a amo, Livi.
— Também te amo, Cecil.
Comecei a cantar para ela o refrão da música onze vidas de Lucas Lucco.
“Mas eu só quero lembrar;
Que de 10 vidas, 11 eu te daria;
Que foi vendo você;
Que eu aprendi a lutar.
Mas eu só quero lembrar

Antes que meu tempo acabe pra você não se esquecer


Que se Deus me desse uma chance de viver outra vez;
Eu só queria se tivesse você”.
Minha voz desafinada se embolava em meio às lágrimas que caiam.
— Eu sei pirulito, eu sei. — Ela diz sorrindo em meio às lágrimas. —
Amo você, Cecil, sua amizade, ter você como irmã foi o melhor presente que
Deus me deu.
— Você e minha mãe são os meus melhores presentes...
— Agora Andrew também é. — Ela me interrompe dizendo e me lança
um sorriso fraco.
— Verdade, vocês três são, eu sou abençoada. A amo muito, Livi.
Ficamos ali deitadas, abraçadas na cama, chorando em silêncio, o sono
começou a fazer nossos olhos se fecharem. Livi foi a primeira a pegar no sono,
eu fiquei fazendo cafuné nela até pegar no sono também.
CAPÍTULO 23

Quando Andrew disse que eu podia visitar minha família, senti uma
grande alegria. Nem consegui pregar o olho de tanta ansiedade. Agora me
encontro quase chegando a Retirolândia. São seis horas de viagem até lá, agora
faltam apenas uma hora, minhas mãos suavam antecipando o encontro com minha
família.
Estou com muitas saudades deles, até dos meus primos e tios chatos.
E como são chatos.
Saudades de minha mãe Maria Conceição e meu pai José Neto. Quantas
saudades meu coração sente de minhas irmãs Luana, Isabella e meu irmão Pedro.
Eles devem estar enormes.
Na ocasião que viajei, Luana estava com cinco anos, Isabella com nove e
Pedro com doze. Eu tinha dezesseis anos na época, hoje estou com vinte e dois.
Ah, como fico feliz de eles não terem passado pelo o que passei.
Não posso me esquecer de Elaine, meu grande amor, por mais que tenha
se passado seis anos, meu coração ainda bate descompassado quando penso
nela.
Será que ela conheceu alguém? Será que ela ainda gosta de mim?
São perguntas que sempre me faço, mas, eu não tenho coragem em
perguntar aos meus pais. Até minhas redes sociais eu excluir, para não saber
sobre a vida dela.
Por mais que meu coração esteja cheio de saudades por eles, o momento
que eu sempre temia está chegando.
À noite, eu não durmo direito, porque acordo no meio da noite gritando,
suando frio, o coração disparado. E choro, choro muito, E sempre anseio o colo
de minha mãe.
Minha mente sempre me lembra do meu passado, como agora. Lembro
como se fosse hoje, quando aquele homem veio ao nosso município.
Retirolândia não é um município tão grande, 15.020 habitantes! Deve ser
isso ainda. O cultivo do sisal é a principal atividade econômica. Na minha época
era assim, Acredito que ainda seja assim.
Aquele homem chegou iludindo a todos, com suas promessas de riquezas
e grandezas. Ele dizia que eu e os outros jovens seriamos modelos famosos.
Pura ilusão.
Eu não queria ir, largar tudo para trás, deixar Elaine, mas os meus pais
insistiram, acreditaram ser o melhor para mim. Eu precisava do dinheiro para
ajudar minha família, então eu concordei em ir.
Cheguei a Roma na segunda semana de fevereiro de 2012. Assim que
desembarquei, me iludi com a beleza do aeroporto, lembro que cheguei a pensar:
“Talvez meus pais tenham razão, Roma é um país de promessas e
oportunidades.”
Quando passei pela imigração, senti-me uma criança ganhando o melhor
presente do mundo. Viver uma nova aventura, em um país fascinante, com suas
belezas naturais, suas histórias, culinárias e lindas mulheres.
Cheguei a lembrar dos filmes de romances que já foram rodados na Roma
e Itália, e que Elaine me forçava a assistir quase todo final de semana. Como
Beleza Roubada,
Malena, Sob o Sol de Toscana, O Turista, comer, Rezar, Amar, esses filmes
melosos, ao qual nunca mais tinha conseguido assistir, porque me lembravam
dela. Confesso que o Meu preferido sempre foi o Turista, ao menos tinha balas
para todo lado, não só a melação.
Elaine sempre foi uma romântica incurável, me dói não saber se ela ainda
é a mesma menina doce e amorosa pela qual me apaixonei.
No portão que desembarcava, havia um rapaz segurando uma placa com
meu nome, achei sensacional e mais uma vez me lembrei dos filmes.
Achei que outras pessoas também iriam e que o tal homem acompanharia
a gente, mas, nos dois pensamentos eu estava equivocado.
O rapaz que segurava a placa sorriu para mim calorosamente. Então não
me preocupei. Ele usava um terno preto, então imaginei que seria meu motorista
particular.
Mas um equívoco meu.
O rapaz disse que se chamava Lito e estava lá para me ajudar a ir até o
hotel que eu ficaria hospedado.
Se eu soubesse o que aconteceria comigo, não tinha entrado no carro
daquele homem.
O hotel que ele me levou parecia uma espelunca, foi muito difícil para
mim. Puseram-me em um quarto por dez dias, sem comer, só bebia água uma vez
por dia, banheiro só pela manhã e a noite, não tinha cobertores, eu dormia no
chão. Mesmo assim, minha ficha não tinha caído ainda.
Como algo que começou bom, virou um pesadelo desse para mim?
A resposta nunca vinha em minha mente. Eu me sentia sozinho,
desamparado e frustrado. E minha maior preocupação era minha família
passando necessidades e sem notícias minhas.
Foi então que o homem que teve em Retirolândia apareceu. Mais tarde
descobri que seu nome era Carlos. Ele entrou no quarto que me trancaram e
ficou me encarando.
— O que está acontecendo? — Eu perguntei fraco. Achei que ia desmaiar
a qualquer momento.
— Você achou que trabalharia como modelo, mas, você se enganou, você
vai trabalhar para gente, sarà la cagna degli italiani. Eu não sabia falar italiano,
então não tinha entendido o que ele havia falado, ele repetiu em português. —
Você vai ser a puta dos italianos.
Nesse momento eu quis gritar, mas a minha voz não saia.
— Leve ele ao próximo esconderijo, limpe-o e alimente-o, está na hora
de ele trabalhar.
O tal de Carlos ordenava a Lito, que dessa vez vestia uma calça jeans
surrada e uma camisa branca.
Fui levado para vários esconderijos, forçado a me prostituir, transar com
homens, mulheres, jovens ricos querendo perder a virgindade. Fui espancado
muitas e muitas vezes por não fazer o que eles queriam. Isso durou quatro meses
de pura tortura.
Depois, eles se cansaram de minha insubordinação (era assim que Carlos
falava). Ele me vendeu a um casal de italianos, sádicos, que fodiam meu corpo
de tantas maneiras, que minhas forças abandonavam meu corpo, me tratavam
como lixo descartável. Toda vez que eu fazia algo que eles não gostavam, eles
mandavam tirar a roupa e me batiam com um tipo de açoite, eu sangrava e minhas
feridas demoravam em cicatrizar, porque eles faziam sexo comigo ainda
machucado. Enquanto a mulher me forçava a penetrá-la, seu marido forçava seu
membro em minha boca.
Eu, um garoto de apenas dezesseis anos, não aparentava essa idade. Eles
me davam algum tipo de remédio para fazer meu corpo crescer rápido. Agradeço
a Deus por não ter pegado nenhuma doença grave, e nem ficado doente pelas
drogas que eles me davam.
O casal que me comprou, morava em uma casa muito grande, lá tinha um
sótão, foi onde eles me prenderam. Fiquei preso lá por dois meses, dois longos e
torturantes meses. Eu não podia sair e nem olhar pela janela. Eles trancavam o
sótão por fora. Toda noite, eu chorava e pedia a Deus para me ajudar. Eu já não
aguentava mais e, pensar em morrer estava cada vez mais entranhado em minha
mente.
Um dia, não sei, talvez por algum descuido deles, a porta do sótão ficou
destrancada. Era madrugada. Saí do sótão decidido a fazer qualquer coisa para
não me manter naquele lugar. Assim que eu consegui passar pela porta, eu corri,
corri com meus pés descalços, sem olhar para trás. Minha calça era surrada e
minha blusa estava rasgada, suja com meu sangue.
Fiquei catando comida no lixo para sobreviver, água era mais difícil para
conseguir, mas, quando eu conseguia, eu guardava por no máximo dois dias.
Até hoje me lembro do dia sete de agosto, foi à data que minha vida
mudou.
Fazia duas semanas que eu tinha fugido e nesse dia, eu acordei disposto a
roubar pela primeira vez. Não conseguia mais comida e tinham muitos que
mendigavam também.
Decidi fazer minha primeira tentativa na Piazza Navona, pela praça ser
cercada por restaurantes e cafés, ela está sempre lotada de turistas, ou
moradores. Lá também tem a Fonte dos Quatro Rios, eu tomava banho toda noite
nela, para não ficar fedendo, por mais que minhas roupas não ajudavam.
Fiquei horas tentando roubar, mas não vinha a coragem, era quase final
de tarde. Foi quando vi um homem vestido com uma calça jeans e uma camisa
social, ele estava com uma mochila nas costas e em suas mãos vários papéis. Ele
parecia esperar alguém, acho que seu motorista, porque ele tinha grande pinta de
ser rico.
Os papéis caíram de suas mãos, ele colocou a mochila no chão.
Distraído pegando os papéis, aproveitei e peguei sua mochila, saí correndo que
nem doido. Entrei em um beco tentando ordenar minha respiração acelerada. Já
me sentia arrependido por ter feito isso. Virei-me querendo voltar e entregar a
mochila do rapaz, mas, já era tarde, ele estava bem atrás de mim.
— Stai cercando di derubarmi? (você está querendo me roubar?) — Ele
perguntou em Italiano, mas, na época eu não conseguia entender a língua italiana
ainda.
— Eu já estava indo devolver. — Disse desesperado.
— Você acha que engana a quem? Vou chamar a polícia.
— Você fala minha língua. — Quase chorei de emoção, pela primeira vez
tinha alguém que me entendia.
— E o que tem isso?
— Por favor, me ajude?
— Por que eu faria isso? Você acabou de me roubar.
— Eu estou com fome, sei que não justifica, mas, eu não sei mais o que
fazer, ninguém entende minha língua.
Eu comecei a falar tudo de uma só vez, me sentia fraco, me apoiei na
parede do beco, porque tudo girava em minha cabeça.
— Ei garoto? — O homem dizia, mas, eu não conseguia responder,
acabei desmaiando e acordado horas depois em um hospital.
Descobri por uma das enfermeiras, que o nome do rapaz que eu tentei
roubar, era Andrew. Ele prometeu me ajudar, foi com a ajuda dele que o casal foi
preso, foi pela ajuda dele que Carlos, Lito e grande parte dos envolvidos foram
presos. Muitas crianças, jovens e mulheres foram salvos.
Eu devo muito a Andrew, sempre agradeço a Deus por tê-lo colocado em
minha vida.
Meus pensamentos são interrompidos quando entro na cidade de
Retirolândia, que estava um pouco diferente pelas reformas que fizeram nela.
A praça, a farmácia, a padaria, a loja de chip da claro e os poucos
restaurantes estavam reformados, mas, ainda não tinha um shopping, nem um
cinema.
Isso é frustrante.
Sorri com esse pensamento.
Passava pelas ruas e via muitos conhecidos que olhavam estranho para o
carro, um Golf Variant preto, quatro portas com vidros escuros. A casa de meus
pais ainda era em Retirolândia velha, dirigi até lá.
Assim que cheguei, vi Luana e Isabella sentadas na escadinha em frente a
porta. A casa tinha sua fachada simples, pintada de branco, mas, ainda estava do
jeitinho que eu me lembrava.
As meninas estranharam o carro e levantaram para ver quem era. Quando
eu saí, elas ainda não tinham me reconhecido.
— Não lembram mais de seu irmão mais velho? — Sorri para elas ao
perguntar. Como imaginei, elas estão bem crescidas.
— Mattias? — Elas gritam em coro.
— Mainha? — Luana grita. — Corre mainha, é o Mattias. — Elas correm
e me dão um abraço duplo, bem apertado.
— Mattias? — Ouço a voz de minha mãe vinda dentro de casa. Meus
olhos encheram-se de lágrimas. — Mattias, filho. — A emoção era nítida em sua
voz e em sua fisionomia.
As meninas se afastam e minha mãe toma o lugar delas. Ela falava várias
palavras, mas, eu não entendia por que o choro dela se misturou ao meu.
— E meu pai e Pedro? — Pergunto assim que consigo formar alguma
palavra.
— Estão trabalhando na fábrica de sisal, daqui a pouco eles estão aqui.
Vamos entrar. — Responde. — Você veio de vez ou só de passagem? — Ela
pergunta assim que nos acomodamos no sofá. Minha mãe ficou ao meu lado me
abraçando por vários minutos, ou horas, nem sei. Eu senti muito a falta de seus
carinhos
— Vim a trabalho, mas o meu chefe me liberou para passar o final de
semana com vocês.
Ficamos conversando até meu pai e Pedro chegar, assim que eles
chegaram, chorei mais ainda, rimos brincamos, comemos.
Chegou a hora de descansar, fui ao meu antigo quarto, ele ainda era o
mesmo. Meus livros ainda estavam na prateleira improvisada com caixotes que
fiz com a ajuda de Elaine. Senti-me confortavelmente em casa.
Deitei-me para dormir e rapidamente o sono me tomou por completo.
CAPÍTULO 24

Acordei no meio da noite gritando. Tive outro pesadelo com Carlos e o


casal que me violentaram.
Ouço batidas frenéticas na porta e me levanto para abrir. Tinha me
esquecido que estava em casa.
Abro a porta, noto que são meus pais e meus irmãos.
Achei que estando em casa esses pesadelos iriam passar.
— Mattias, o que foi? Por que você estava gritando? Você está chorando
filho? — Minha mãe perguntava sem parar.
Juro que tentei não desmoronar. Sentei no chão do quarto e comecei a
chorar, meus pais entraram e ficaram sem entender, meus irmãos estavam na
porta olhando para mim assustados. Minha mãe sentou ao meu lado e me abraçou
forte e meu pai sentou ao lado de minha mãe e nos abraçou. Não sei se chorei
horas ou minutos, quando me acalmei, pedi desculpas a eles por ter agido
daquela forma.
— Por que você chorava daquele jeito? — Meu pai pergunta com o
semblante preocupado. Eu não queria contar a eles assim, mas, eu precisava
falar com eles, eu não sabia o quanto até agora.
Chamei meus irmãos para entrar, eles sentaram no chão em frente a mim e
aos nossos pais.
— Eu não queria falar a verdade a vocês dessa forma, mas, eu preciso
que vocês saibam de tudo.
Contei a eles pelo que passei, vi que ficaram em choque, mas o que me
doeu foi o semblante de minha mãe, ela se sentiu culpada e as lágrimas desciam
em seu rosto.
— Perdoe-me, Mattias, eu... Eu sinto muito. — Ela chorava e me doía
vê-la nesse estado. Nunca a culpei ou ao meu pai por isso. No início eu me
culpava e culpava a vida, depois aprendi a culpar aos malditos que fizeram isso
comigo.
— Escute aqui vocês. — Olho para todos, mas, os meus olhos repousam
em minha mãe. — Eu nunca culpei vocês, sei que isso que aconteceu comigo foi
horrível, ainda tenho marcas, essas que me fazem acordar toda noite gritando e
chorando, mas, eu também consigo ver o lado bom disso.
— Qual o lado bom disso, Mattias? — Minha mãe pergunta em meio às
lágrimas. — Você foi machucado, violentado, não há lado bom nisso.
— Ah sim minha mãe, eu conheci Andrew, meu chefe e meu amigo, foi
através dele que outras pessoas foram salvas. Vamos ao menos tentar esquecer
tudo isso. Sei que é difícil, mas podemos consegui.
Eles nada disseram, só me abraçaram. Quando todos estavam saindo,
pedi a minha mãe para ficar um pouco mais.
— A senhora pode ficar até eu pegar no sono?
— Posso sim, querido.
Ela sentou-se na cama e eu deitei minha cabeça em seu colo, que
acariciou com carinho, com suas mãos delicadas e firmes pelo trabalho de
lavadeira. Não demorou muito para que eu pegasse no sono.
Acordei no outro dia, feliz, como se os meus fantasmas não fossem mais
me assombrar.
Talvez o primeiro passo que faltava para deixar tudo isso no passado,
fosse contar a minha família.
— Bom dia, família! — Digo entrando na cozinha, já estavam todos
sentados a mesa para o café da manhã. É algo que meus pais sempre fizeram
questão de fazer. Para eles, o café da manhã é algo sagrado e que traz comunhão.
Eles retribuem o bom dia, menos Luana.
— São sete da manhã e você acorda todo feliz desse jeito. — Luana
reclama. Ela e Isabella estava com a farda do colégio.
— Estou feliz porque estou com vocês. — Beijo sua testa, a de Isabella e
de minha mãe.
As mulheres de minha vida, só faltou Elaine para completar.
Tomamos café, depois levei meu pai e Pedro a fábrica, em seguida levei
as meninas para a escola.
Passei no lugar que eu sempre ia com Elaine, para namorar. Mas, para
minha surpresa, vi Elaine encostada a nossa árvore. Ela estava de cabeça baixa
escrevendo algo no caderno.
— Elaine? — Ela olha-me com um olhar surpreso e distante. — Você
está bem?
— Você some por seis anos e tudo que pergunta é isso? Não lhe devo
explicação, Mattias. — Ela levanta para sair, mas, eu agarro seu braço.
Imaginei que ela estivesse com raiva de mim, só não imaginei que
doeria tanto presenciar isso.
— Por favor, não vá. — Implorei a ela.
Ficamos fazendo uma batalha com nossos olhares, até que ela deixou seu
caderno cair e me beijou. Foi um beijo quente e demorado. Um beijo diferente,
mais maduro e ousado, recheado de saudades.
Assim que o beijo é desfeito, nos abraçamos por um bom tempo. Depois
a chamei para sentarmos encostados a arvore para conversar.
Como nos velhos tempos.
— Senti tanto sua falta, Elaine. Perdoe-me por não ter dado notícias. Eu
queria. — Contei a ela o motivo, não com muitos detalhes, mas, o necessário.
Após ter chorado muito, ela me pediu perdão por ter sentido raiva de mim. Eu
não achei necessário, até eu já senti raiva de mim.
— Eu mantive nossa promessa. — Ela diz depois de um tempo em
silêncio.
— Eu também.
Antes de eu viajar, ela prometeu me esperar e eu prometi esperar por ela
também. Achei que seria difícil, na verdade foi e muito, mas, eu consegui. Eu
queria ter perdido minha virgindade com ela, não daria para fazer isso mais, só
que meu coração, meu amor ainda pertence a ela e será assim até o fim de minha
vida.
Chamei Elaine para viajar comigo, conhecer Roma e a Itália. Expliquei
que precisava voltar, por conta do meu trabalho. Achei que demoraria para ela
responder, mas, nem precisou. Ela aceitou na mesma da hora.
— Até já fiz meu passaporte esperando esse momento. Fiquei feliz em
saber disso. — Eu iria atrás de você, só demorei porque estava juntando o
dinheiro para fazer o passaporte e me manter lá por um tempo.
— Você largaria tudo para ir atrás de mim? — Pergunto emocionado.
— Sim, eu sei e sinto que valeria apena. — Ela diz e sorrir para mim. A
menina que me apaixonei ainda estava ali com a mulher linda que ela tinha se
tornado.
— Eu iria adorar a surpresa. — Digo em resposta.
Dessa vez a minha ida para Roma será diferente e não estarei sozinho.
— Eu a amo, Elaine. — Beijo-a na boca de novo.
— Também amo você, Mattias. — Ela sorrir para mim. Minha doce
Elaine. — Hoje é o dia mais feliz de minha vida.
— Não mais que o meu, minha querida. Minha felicidade não tem
tamanho.
Sinto que vou explodir de alegria. Completo em pensamentos.
CAPÍTULO 25
Oito meses depois

Daqui a duas semanas fará um ano que trabalho na empresa Società


Andrew. Andrew, quer renovar meu contrato, mas ainda não me decidi.
Eu e Andrew ainda estamos na mesma, o sexo maravilhoso, mas, nada sei
sobre ele. Confesso que já estou perdendo a paciência. Não sei como deixei
chegar tão longe assim.
Na verdade eu sei.
Meu coração anda muito triste, sei que o fim de Livi está próximo, eu só
não desmoronei ainda, porque Andrew está sempre comigo, seja pessoalmente,
ou me ligando e mandando mensagens.
Meu coração dói toda vez que lembro minha conversa com Lívia, no dia
seguinte ao descobrir sobre a doença.
Eu não tinha dormido bem, na verdade eu não tinha dormido nada. Na
mesma hora que adormeci, acabei despertando com o gemido de Livi. Ela
parecia sentir dor, mas, eu temia acordá-la e piorar a situação. Passei minha mão
direita em seu cabelo, tentando acalmá-la. Constatei que um pouco de seu cabelo
veio em minha mão. Meus olhos se encheram de lágrimas.
Eu me sentia mentalmente cansada, meu corpo estava doendo e dormente
por está muito tempo na mesma posição. Eu me sentia impotente por não poder
ajudar a Lívia.
— Por que está chorando, Cecil? — Ela perguntou com seus grandes
olhos, sonolentos olhando para mim.
— Não estou chorando, Livi.
— E o que é isso então em seus olhos? — Já desperta, ela pergunta. —
Gotas de chocolate? — Não me passou despercebido o sarcasmo dela.
— Não seja sarcástica, Lívia, não agora, não comigo.
— Eu sei, me perdoe Cecil, só não quero você chorando pelos cantos por
minha causa.
— Eu só estou preocupada com você, Livi... — Minha voz saiu
engasgada pelo choro. Ela levantou com o semblante preocupado
— Mas chorar não ajuda no momento, Cecil, eu me sinto mal em te fazer
sofrer, você pode adoecer e eu não quero te ver doente. Promete que não vai
ficar chorando pelos cantos? Eu nada respondi. — Prometa-me Cecil. Eu ainda
não morri, estou aqui, amiga, vamos viver o aqui e o agora, afinal já li em algum
lugar que a vida é uma série de momentos, sejam eles felizes, ou não. Eu preciso
de você comigo, não quero desmoronar, não quero parar de lutar. Prometa para
mim, Cecil. — Ela completa, direta, com um olhar intenso sobre mim.
Pude ver por aquele olhar, a minha amiga, eu não via a doença, só a
mulher que sempre amou viver intensamente do seu jeito.
— Eu prometo, Livi. — Peguei-me dizendo com um fraco sorriso nos
lábios. — Eu quero que me conte tudo. — Digo autoritária.
— Ok, mandona. — Ela sorrir e volta a deitar ao meu lado novamente.
— O que você quer saber?
— Tudo! Quando você descobriu a doença?
— Faz quatro meses...
— Mas...
— Deixe-me terminar, Cecil.
— Certo. — Digo emburrada.
Ela sabia da doença há quatro meses e não me disse nada? Por que ela
fez isso?
Senti-me magoada, mas, rapidamente expulsei de meu coração, no
momento de nada ajudaria. Fiquei escutando Lívia falar.
— Quando descobri a doença, meu mundo veio abaixo. O médico me
disse que a doença estava muito adiantada, perguntei minhas opções, ele disse
que eu podia fazer o transplante de medula óssea. Sua mãe fez o exame, mas, não
é compatível comigo, como minha mãe morreu, meu pai poderia ser o doador.
— Vamos procurar seu pai, Andrew tem meios para fazer isso mais
rápido.
— Eu o procurei e o achei. — Ela disse triste.
— E o que ele disse? — A tristeza dela já dizia que a resposta não seria
nada boa.
— Ele também faleceu ano passado.
— Que droga de vida é essa? — Levantei-me com raiva e Livi sentou-se
na cama.
— Não culpe a vida Cecil, era para ser assim. Devemos nos conformar e
seguir enfrente.
— Eu não me conformo com isso.
— Eu me conformei, Cecil.
— Não diga isso, você não pode parar de lutar por sua vida, você acabou
de me dizer que não quer parar de lutar, Livi.
— Eu não disse que vou parar de lutar, Cecil, porque isso é tudo o que
me resta, vou continuar a lutar até o fim, Cecil.
— Eu vou estar com você amiga. — Sorrio para ela determinada.
— Obrigada Cecil, ter você ao meu lado é uma força extra para mim.
— E se eu fizer o exame? — Digo de repente. — Para ver se minha
medula e compatível com você.
— Tudo bem, Cecil, podemos fazer isso. — Ela diz desanimada
— Hoje, mais tarde vamos lá. — Disse me sentando ao seu lado. — Você
não está feliz que eu tente? Se eu for compatível?
— Estou feliz sim amiga, mas, a dúvida, aquele "e se", a esperança
frustrada. Não quero sentir isso. — Abraço minha amiga, suspirando. Prometi
que não choraria e vou cumprir. — Eu quero sentir esperança, mas, eu tenho
medo. Abracei-a mais apertado. — Medo e esperança não combinam.
— Engano seu, amiga, o medo e a esperança são inseparáveis. Onde tiver
um, o outro também estará. Você disse que não deixaria de lutar...
Meu medo era que ela desistisse de viver.
— E não vou deixar de lutar Cecil, é só que... É que esperar é doloroso.
Quando descobri o diagnóstico, toda minha vida passou diante de meus olhos.
Achei que teria tempo para investir mais em minha carreira, meu próximo
trabalho como modelo seria na Itália, agora não posso mais fazer o que amo,
achei que teria tempo para me apaixonar, ter filhos, agora não sei o que fazer.
Como se eu não tivesse mais objetivos e sonhos.
— Eu sei amiga, a esperança às vezes é foda, chega a ser sacana, ou ela
nos dá força para seguir, ou ela nos decepciona.
— E como faço para ela não me decepcionar, se o resultado não for o
esperado?
— Não sei amiga, estou buscando a resposta ainda. — Dou-lhe um
sorriso torto. — Mas acredito que o importante não é só esperar, mas também
viver. — Eu dizia aquilo a Lívia, mas por dentro estava falando comigo também.
Eu preciso ter esperança. Por ela e pelo meu relacionamento com Andrew. —
Podemos fazer disso o nosso lema. Espere e viva.
— Espere e viva. — Ela repete o que eu acabei dizer. — Gostei Cecil.
— Espere e viva, espere e viva.
Ficamos as duas repetindo a frase em voz alta até minha mãe chegar
reclamando do barulho e perguntar o que significava essa frase. Explicamos a
ela e ela entrou no clima.
Eu sorria para as duas, mas, dentro de mim eu estava arrasada, ainda
estou arrasada.
Naquele dia, fui ao médico com Lívia, mas a minha medula não é
compatível com ela, senti vontade de chorar, mas, eu me segurei por ela.
Abracei-a e disse em seu ouvido:
— Espere e Viva.
— Espere e viva. — Ela sussurrou com um sorriso fraco. Senti-me
culpada em frustrar sua esperança.
Levei Lívia e minha mãe para fazer compras, depois fomos ao cinema, à
noite, Andrew foi se despedir de mim, no dia seguinte, ele voltou para Roma
com Mattias e sua namorada. Fiquei surpresa de ele ter uma namorada e mais
surpresa por ser uma namorada de sua adolescência. O amor deles durou todos
esses anos. Quero um amor assim, um amor que sobreviva ao tempo, mesmo aos
trancos e barrancos permaneça firme.
Será que é pedi muito?
Passei uma semana maravilhosa com elas, mas, eu tinha que voltar para
Roma devido ao meu trabalho na empresa de Andrew.
Chamei as duas para viajar comigo, elas aceitaram por muita insistência.
Minha mãe estava de férias do trabalho e só passou um mês com a gente e voltou
ao Brasil, convenci a Lívia a ficar mais tempo.
Assim que cheguei a Roma, Andrew tentou me convencer a morar com
ele em sua casa, achei acelerado demais, nosso namoro só tinha duas semanas e
ele já me pedia isso? A desculpa dele era para minha mãe e Livi ter mais
conforto. Respondi a ele que minha casa é bem confortável. Confesso que me
ofendi.
Oxê, como é que ele fala assim de minha casinha?
Eu moro nela desde que cheguei ao país.
Lívia morou comigo durante cinco meses. Passou por três sessões de
quimioterapia, tirando as duas que ela havia feito no Brasil. Foi horrível,
minha amiga estava sumindo diante de meus olhos e não podia e nem posso fazer
nada. Minha amiga que era cheia de vida, sentia muita dor e definhava aos
poucos.
No último exame que ela fez, o médico disse que a doença não regredia.
Deu apenas um ano de vida a ela. Eu queria chorar, gritar, mas, eu me controlava
na frente de Lívia, mas, de madrugada, eu caminhava até o banheiro e chorava,
abafando meus soluços com a toalha.
No outro dia, após o diagnóstico, ela pediu para voltar para o Brasil, eu
quis ir com ela, mas, ela não deixou, dizendo que eu tinha a faculdade, meu
emprego e agora tenho Andrew, não podia deixar tudo para trás por ela.
Eu poderia fazer isso por ela, a faculdade terminaria depois, quando ela
estivesse curada, porque eu ainda tinha um pouco de esperança de que isso
acontecesse. Agora, e Andrew? Bom, eu nem sei se o tenho realmente.
Ultimamente eu tenho avaliado muito minha vida.
Descobri que não só estou apaixonada por Andrew, como também o amo.
Não sei porque isso aconteceu, o que o destino nos reserva, mas, eu só sabia que
estava insatisfeita. É uma sensação nada agradável, você amar alguém e não
saber se a pessoa está sentindo o mesmo.
Eu não sabia, mas agora eu sei, sou uma medrosa quando o assunto é o
coração.
A companhia toca, tirando-me de meus devaneios sombrios. Eu tinha
chegado do trabalho, tomei um breve banho e me sentei no sofá, olhando para o
nada.
Levantei-me e fui atender a porta e noto que é Andrew.
— Você ainda está assim, mia bella?
— Assim como? — Pergunto dando espaço para ele passar. Ele estava
lindo com um Smoolking preto, feito sob medida e uma camisa branca por
dentro.
— O baile. — Ele levanta a sobrancelha intensificando a resposta.
— Ai meu Deus, é hoje? — Atualmente tenho esquecido muita coisa,
acho que a única coisa que tenho feito bem é o meu trabalho. Está com Andrew
me faz bem e raramente me sinto bem quando estou com Julieta e Paulo. Eles
começaram a namorar e estão uma melação só. É lindo vê-los juntos, mas, por
vezes me dá nos nervos.
Será que é inveja deles? Espero que não.
Não costumo agir dessa forma.
— É sim, o baile é daqui a pouco. — Ele parecia mais preocupado do
que chateado. — Você está bem, Cecil?
— Estou bem sim, Andrew, minha cabeça que anda cheia de coisas.
Perdoe-me Andrew, de fato eu esqueci.
— Tudo bem, mia bella, não é necessário à gente ir se você não quiser.
Sempre compreensível, mas, talvez o baile não seja uma má ideia.
— Não, eu vou, talvez não seja uma má ideia ir. — Digo expressando
meu pensamento. — Estou precisando preencher minha mente com outras coisas,
nem que seja por alguns instantes.
— Entendo, mia bella. — Ele se aproxima de mim e beija minha boca
carinhosamente, mas, acaba intensificando o beijo.
— Se continuarmos assim vamos nos atrasar mais. — Digo a ele após
interromper o beijo.
— Não me importaria de nos atrasar só um pouquinho. — Já tomou
banho?
— Ainda não.
Ele começou a desabotoar seu Smoolking olhando para mim com cara de
safado.
— O que está fazendo?
— Vou tomar banho com você?
— Mas...
— A minha bella, faz dois dias que não nos vemos, estou com saudades.
Saudades do meu corpo, como eu queria que ele dissesse que me ama,
quem sabe assim eu tenha coragem e diga também.
— Eu também estou com saudades suas.
— Vamos! — Ele me puxa em direção ao meu quarto.
Ele termina de tirar seu Smoolking e eu minha calça legging preta de
malha e minha camiseta preta.
Fui a primeira a entrar em meu pequeno banheiro, que só tinha espaço
para o vaso, a pia e um pequeno armário no canto esquerdo. Nunca tomei banho
o dividindo com alguém, me preocupei se daria para nós dois tomarmos banho
juntos. Liguei o chuveiro e esperei Andrew entrar.
Minhas dúvidas quanto ao tamanho do espaço foram postas de lado,
quando Andrew chegou me abraçando por trás.
—Você é tão linda, mia bella.
Ele ensaboava meu corpo me arrancando vários suspiros. Em um
rompante, interrompo suas carícias.
— Vire-se, deixe-me ensaboar suas costas!
— Mas ainda não terminei de fazer isso em você.
— Agora é a minha vez. — Não dou margens para ele contestar.
Tiro o sabonete de sua mão e me posiciono em suas costas. Com ele já de
costas para mim, o ensaboei enchendo seu corpo de espuma. Deixei o sabonete
cair e acariciei seus ombros largos.
Fui descendo minhas mãos por suas costas lentamente. Ele todo inquieto.
Ao chegar à cintura, coloquei minhas mãos em seu abdome gostoso, fui descendo
até pegar em seu pau, que já estava duro em minhas mãos.
Ainda por trás dele, continuei a acariciar seu pau e suas bolas, enquanto
meus seios roçavam em suas costas.
— Eu o quero agora, Andrew. — Digo com minha testa encostada em
suas costas. Ele desliga o chuveiro.
— Vem comigo.
Ele me puxa pela mão e senta no vaso e manda que eu fique por cima
dele.
Minha boceta estava toda molhada, fazendo ele me penetrar facilmente.
Ele me penetrava com força e urgência, enquanto chupava meus seios e batia em
minha bunda, era a primeira vez que ele fazia isso. Ele não batia muito forte, mas
o suficiente para me fazer sentir prazer. Um prazer ao extremo, delicioso.
Ele me virou de costa e mandou-me apoiar minhas mãos no vaso
sanitário. Penetrava-me cada vez mais rápido e eu o mandava aumentar mais
ainda. Gozei como louca, ele ainda me penetrando. Em seguida, foi à vez de ele
gozar. Tirando o seu pau de minha boceta, ele gozou em minhas costas, falando
várias palavras desconexas em italiano.
— Isso foi... — Ele começa a dizer. Viro-me e o abraço beijando sua
boca em um beijo rápido.
— Muito bom. — Completo a frase dele.
— Precisamos repetir. — Ele diz e beija meu pescoço.
— Não agora, quando chegarmos do baile à gente faz isso.
— Não vejo a hora de voltarmos. — Seu sorriso safado me derrete toda.
—Nem eu.
— Vamos, precisamos terminar de tomar banho, estamos meia hora
atrasados.
— Precisamos parar com isso. — Digo assim que ligamos o chuveiro
novamente.
— Isso o quê?
— Nos atrasarmos para ir aos lugares.
— Isso acontece por que o que fazemos antes vale a pena, já sinto
vontade de fazer novamente.
— Nem pense, o evento primeiro.
Mas ele tem razão, vale a pena, eu também quero fazer de novo. Mas só
depois, só depois. Eu dizia a mim mesma em pensamento.
Como eu disse, o sexo é ótimo, mas, eu não sinto mais nenhuma ligação a
mais. Meu receio é não ter esperança tempo o suficiente para que isso um dia
aconteça e por outro lado, temo quebrar minha cara e machucar meu coração.
Como eu disse: A esperança é foda. Penso.
— Espere e viva. Ouço a voz de Livi em minha cabeça.
— Estou tentando amiga, isso é o que mais tenho tentado.
CAPÍTULO 26

Chegamos ao evento atrasados pelo horário que haviam marcado, mas


ainda nem tinha começado por completo, muitos chegaram atrasados. Eu achando
que os ricos fossem pontuais quando se tratava de eventos.
Engano meu.
Eu me sentia bonita com meu vestido bege e dourado, tomara que caia,
ele tinha uma fenda que ia da minha coxa direita ao meu pé. Era todo soltinho,
parecia ser feito de fios, em meus pés, usei uma sandália verniz salto alto em
tiras, também dourada. Em meu cabelo fiz um coque alto, com uma maquiagem
simples, coloquei um batom nude, para não chamar muito atenção para minha
boca, meu corpo em si já estava chamando por conta do vestido. Para completar
o look, usei um brinco de argola grande, banhado a ouro. Nada usei no pescoço,
não precisou.
— Acha mesmo que minha roupa está bonita?
Nós tínhamos chegado há algum tempo, a casa era muito chique, a de
Andrew era maior, mas ainda assim, a casa deixava qualquer um de boca aberta.
Eles arrumaram o espaço, só pode ser um salão de festa. Dinheiro eles tem para
fazer isso. De um lado, mesas e cadeiras ornamentadas lindamente. Do outro
lado uma grande pista para dançar. Bem no meio, encostado a parede, ficavam os
músicos. Uma mulher enchia todo o salão com sua linda voz.
Andrew, já tinha falado com vários conhecidos dele e me apresentado
também como sua namorada.
Confesso que meu coração só faltou transbordar de alegria.
Algumas mulheres estavam lindas, outras bem exageradas. Agora os
homens, eu não via nenhum vestidos inadequados.
— Você é a mais linda daqui, mia bella.
— Exagerado, você nem queria que eu viesse com esse vestido. —
Reviro os olhos ao dizer.
— Exagerado não, sincero. — Ele diz em meu ouvido. A música estava
alta, impossibilitando a gente de conversar de forma normal. Estávamos sentados
em um canto, afastados da “multidão” de pessoas espalhadas pelo salão. — Se
você estivesse se olhando com meus olhos, também teria essa mesma opinião.
Olha para isso? — Ele diz olhando para todos os lados.
— O quê?
— Os homens não tiram os olhos de você.
— Não vejo nada disso, as mulheres que ficam te secando com os olhos,
essas despudoradas. Assanhadas. Penso. Ele ri com meu comentário. Mas eu
estava falando sério. Piranhas.
Nunca me imaginei alguém tão ciumenta, agora mesmo, sinto uma vontade
de arrancar os olhos de algumas mulheres descaradas, estão com seus maridos e
namorados, ainda assim, secam meu homem com os olhos. Aonde esse mundo vai
parar?
— Eu pediria para você parar com esse ciúme bobo, mas, ele me excita.
— Seu olhar estava safado, todo meu corpo se arrepiou em resposta. — Vamos,
venha dançar comigo, preciso ocupar minha mente, se não vou te levar para o
primeiro lugar reservado e você já sabe... É, sei muito bem. Ajeito-me no
assento.
— Eu não danço esse tipo de dança. — A mulher cantava uma
música no ritmo de Tango. — Só danço pagode, samba, me arrisco no axé e no
reaggue, mas Tango? Nunca fiz isso não.
— Arrisque-se, mia bella, eu te guio.
Ele ficou me olhando com aquele olhar de pidão, e acabei não resistindo.
— Tudo bem, mas, não me deixe cair. Meu Deus, por que aceitei fazer
isso? Só posso ser maluca.
— Mai mia bella. (Jamais mia linda). — Sou um excelente dançarino de
Tango.
Tenho certeza que sim. Meu sedutor gostoso.
— Pare de me olhar assim.
— Assim como?
— Como se eu fosse um sorvete de chocolate e você está aponto de
comer.
— Ôxe, achei que sorvete se tomasse. — Digo rindo.
— No seu caso é comer mesmo. — Dou uma gargalhada em resposta e
beijo sua boca em um breve selinho. — Engraçadinho, vamos!
Depositei minha bolsa carteira na mesa e fui com ele para a pista de
dança.
Tentei lembrar-me dos passos quando Antônio Bandeira dança com a
loira no filme "Vem Dançar". Meu filme preferido de dança.
A loira dançava com sensualidade, eu fui disposta a fazer o mesmo, ou
tentar. Só não quero passar vergonha.
Coloquei minha mão esquerda no ombro de Andrew, enquanto ele
segurava minha cintura com firmeza. Nossa mão direita se tocava no alto, um
pouco acima de meu ombro. De repente, Andrew me puxou em uma pegada
firme. E que pegada. Quase eu me derretia em seus braços.
— Relaxe minha bella, já disse que eu te guio.
Relaxei mais em seu braço e ele iniciou a dança. Ele me guiava com
maestria, errei alguns passos, quero dizer muitos passos. Ele fez um passo que
ficava por trás de mim, parecido com o do filme, então pensei: — É agora que
vou ser sensual.
E conseguir, nem acreditei, Andrew ficou me olhando que nem bobo.
— Aprendeu a fazer isso onde?
— No filme vem dançar. — Sorrio pela resposta que dei a ele.
— Já assisti também, lembra todos os passos?
— Lembro sim, assistir tanto que meu CD arranhou.
Que louca, por que eu disse isso?
— Ótimo, porque vamos imitar os passos do filme.
— A parte que ele dança com a loira? Porque eu só sei essa. — Lembro
vagamente do filme e dos passos, mas podemos dar o nosso melhor.
— Está pronta?
— Estou! Mentira, mas seja o que Deus quiser.
Dançamos que nem dois apaixonados. As pessoas paravam para nos
observar e comecei a sentir vergonha de tanta atenção.
— Esqueça eles. — Ele parece ler meus pensamentos. — Estamos aqui
para nos divertir. E foi o que eu fiz, me diverti como nunca dançando com
Andrew.
A música estava chegando ao final, quando ela tocou os últimos acordes,
Andrew me puxou com aquela pegada gostosa. Levantei minha perna direita,
deixando minha coxa exposta e deixei ao lado de seu quadril. Nossos rostos
ficaram tão próximos que eu podia beijá-lo. E foi o que fiz, suas mãos tocaram
minha coxa exposta arrepiando todo meu corpo.
— Esses vestidos abertos não são mais meus preferidos. — Ele diz
assim que o beijo cessou.
— Eu gosto, vou comprar mais.
— Você gosta de me provocar não é?
— Gosto não, eu amo. — Sorrio. Afasto nossos corpos quando ouço
aplausos. — Meu Deussss, que vergonha. Todos estão nos olhando.
— Vergonha de quê, Cecil? Deixem que olhem.
— Você já fez isso antes?
— Não, confesso que me divertir muito.
— Eu também, mesmo não sabendo dançar.
— O que lhe falta em técnicas, você compensa com paixão, mia bella.
Espero que seja um elogio.
— Você é um ótimo guia, poderia ser um excelente professor.
— Obrigado. — Ele cora de vergonha. Fica tão lindo assim.
Parece que a cada dia me sinto mais apaixonada por ele. É preocupante,
mas é bom, sinto algo em meu estômago toda vez que olho para ele.
Deve ser as tais borboletas que os livros de romances dizem surgir na
boca do estômago quando nos apaixonamos. Sinto-me até idiota em pensar isso.
— Vamos dançar novamente?
Ele só pode está ficando louco.
— Eu não.
— Por quê? — Ele pergunta rindo. Acho que da cara que eu fiz.
— Você acha que eu vou arriscar dançar tango de novo? Nem sei mais
passos nenhum.
— Improvisamos.
— Deixa para outro dia, quando não tiver muita gente nos observando.
Vamos sentar. — Puxo-o pela mão e sentamos a mesa onde deixei minha bolsa.
— Com quem você aprendeu a dançar tão bem o tango? — Pergunto
assim que nos acomodamos.
Na mesa tinha lugares para quatro pessoas, mas, só nós dois ocupávamos
ela. Bem melhor assim, tínhamos mais privacidade.
— Aprendi com mio padre, ele era um dançarino excepcional.
Pela primeira vez ele falava sobre sua família. Senti-me recebendo um
presente. Mas doeu meu coração vê-lo triste.
— Foi assim que ele conheceu a minha mãe. Como é que ele falava? —
Ele para por alguns segundos para pensar. — Ela não aguentou il mio swing.
(Meu balançar).
Ele falava sonhador. Como estivesse lembrando-se dos bons momentos
com seu pai.
— E como foi?
— Eles estavam em um bar, onde tinha vários tipos danças, meu pai
sentou e viu uma linda mulher de cabelos loiros acastanhados e cacheados,
dançando a tarantella, dança folclórica da Itália. Ele disse que seus Olhares se
encontraram e ela sorriu para ele. Um sorriso que o conquistou. Ele disse que
naquele momento, soube que ela seria o amor de sua vida. A chamou para dançar
tango todos os dias, até ela dizer sim para ele.
— Que lindo. — Digo emocionada. — Quanto tempo eles ficaram
juntos? — Eu sabia que seus pais eram falecidos, mas, eu precisava saber isso
dele, pela primeira vez ele se abria comigo.
— Minha mãe morreu ao me dar à luz, meu pai faleceu faz alguns anos.
— Ele estava muito triste, me arrependi por ter perguntado.
— Sinto muito.
— Não se preocupe, mia bella, já faz muito tempo.
Ainda assim mexia muito com ele.
— Eu sei que... — Alguém me interrompe.
— Andrew, como é prazeroso te ver aqui.
Essa voz me é conhecida.
A fisionomia de Andrew mudou de tristeza para raiva.
— Não posso dizer o mesmo de você Jonas.
Jonas? Esse maldito do Jonas. Sabia que essa voz me era conhecida.
Levantei-me, não pensando em mais nada, com raiva me aproximei de
Jonas e dei dois murros na cara dele, um do lado e do outro. As pessoas nos
olhavam abismados, com a cena e Andrew ficou surpreso com minha atitude,
mas, acredito que não mais do que eu.
Fiz sem pensar, mas não me arrependo.
— Sua vagabunda, como ousa me bater? — Depois de passar seu
espanto, ele pergunta passando a mão no rosto.
— Se você xingar minha mulher novamente, eu quebro seus dentes. —
Andrew diz me abraçando por trás. Jonas recua com a ameaça.
— Quem é a piranha que ousa bater em meu homem? — Uma mulher
muito bonita pergunta ao se aproximar da mesa. Até que ela estava bonita em seu
vestido curto e preto, grudado ao seu corpo com um grande decote em V.
— Daniele? — Andrew exclama. Ele parecia mais enojado que surpreso.
— Andrew? — Ela recua assustada. — Não sabia que você vinha ao
baile.
— Você não tem que saber de nada sobre minha vida, Daniele.
Vixe, ele cuspia as palavras.
— Quem é essa aí? — Ela pergunta olhando para mim com desdém.
Como se eu me importasse. Penso sarcástica.
— Ainda que não seja da sua conta, eu sou a mulher dele. — Digo
contendo minha raiva. A minha calma me surpreendeu. — Agora você e esse
doente saiam de perto de nós, ou eu mesma os tiro.
— Engraçado que no dia que nos conhecemos, você não estava toda dona
de si assim. — Jonas diz com escárnio.
Idiota!
— Hoje eu tenho algo que não tinha antes. Eu tenho ódio de você,
desprezo, a vontade que eu tenho agora é de avançar em sua cara e acabar com
ela. — Minha calma realmente me assustava, eu me sentia uma psicopata,
naquele momento fiquei com receio de olhar a cara de Andrew, mas, eu sabia
que estava preparada para fazer isso com Jonas a qualquer momento. Eu nunca
tinha sentido essa raiva por ninguém. Ele dá um passo para trás.
Marica.
— Vamos Daniele. — Ele puxa a mão dela. — Saiba que ainda não
acabou.
— Suas ameaças não me atingem.
Mentira, mas, eu não posso deixar que ele veja que sinto medo de suas
ameaças.
— Olhe como você... — Daniele tenta falar, mas é cortada por Andrew.
— Já chega. — Ele diz de uma forma áspera, fazendo nos três se
encolher.
— Mas Andrew...
— Eu não vou falar novamente, Daniele.
Furiosos, Daniele e Jonas saíram de mãos dadas, nos xingando com
raiva. Eu comecei a tremer de raiva, medo. Vários sentimentos misturados.
— Você está tremendo, Cecil?
— Estou com muita raiva, muita raiva. Quem é aquela mulher e aquele
homem Andrew?
Aquele maldito que fez aquilo comigo. A única coisa que sei sobre esse
homem é que eles são inimigos.
— Daniele é minha ex-mulher e Jonas é o meu primo por parte de pai.
— Quero ir embora, Andrew. — Ex-mulher? A vaca é ex-mulher dele e
atual mulher do primo odioso. Muita coisa para minha cabeça assimilar.
— Aguarde-me lá fora que Mathew estará te esperando, preciso falar
com o anfitrião.
— Certo! — Caminhei automaticamente até a saída, Mathew já me
aguardava.
— Tudo bem senhorita?
— Cecil, Mathew, pode me chamar assim. Estou bem, não se preocupe.
— Você não me parece bem.
— Perspicaz você. — Digo com toda ironia revirando os olhos. —
Perdoe-me, Mathew, não estou bem, mas ficarei. — Ele balança a cabeça sem
dizer nenhuma palavra.
— Vamos? — Andrew chega e coloca a mão em minha cintura.
— Vamos! — Respondo sisuda.
A gente nem deu se quer um passo, alguém chama Andrew de novo.
— Andrew?
— Droga, quem é agora? — Acho que falei isso alto porque Andrew e
Mathew me encaravam com as sobrancelhas erguidas. Viramo-nos em direção a
voz. Adivinha quem é? A gostosona piranha que teve a reunião com Andrew em
seu escritório.
A noite não podia piorar.
Desde aquele dia que eu não vejo essa mulher. Ela tinha que aparecer
logo hoje? Vai tomar no... O que eu estou fazendo? Não sou de ficar xingando
desse jeito. Acalme-se Cecil, acalme-se.
— Você está bem? — Ela pergunta.
— Oi, Alissa, estou bem sim, e você? — Ele diz e a abraça. Olho para
Mathew e pela primeira vez desde que o conheci, o vejo quase babando por uma
mulher. Outro idiota? Andrew não parecia se afetar por ela. — O que faz aqui?
— Estou bem! Hoje vim a trabalho.
— Essa é minha namorada, Cecile. Cecile, essa é... — Agora que ele vai
dizer ex-namorada, ou alguma ex-amiga intima. — Minha prima, Alissa. —
Hã? Prima? Sinto-me uma completa idiota agora por tê-la xingado em minha
mente.
— É um prazer, Cecile. — Ela estende sua mão direita para mim e eu
retribuo. — E você é? — Ela pergunta olhando Mathew dos pés à cabeça. Ele
gostou, porque retribuiu o olhar de igual modo.
— Sou Mathew, segurança do Sr. Castillo. — Ele diz com um breve
sorriso.
— É um prazer Mathew. — Estende a mão. Olhando para ele, ela parecia
uma predadora. Olhei para Andrew escondendo o riso. Ele também percebeu o
clima.
— Alissa, preciso conversar com você sobre o andamento da
investigação.
— Sim primo. — Ela responde, mas, seu olhar ainda estava em Mathew.
— Amanhã tenho uma viagem, mas, terei tempo segunda que vem, tudo
bem para você?
Viajem? Como assim? Por que ele não me disse nada? E que história é
essa de investigação?
— Para mim tudo bem, primo. — Dessa vez ela olha para ele. — Agora
preciso ir, até semana que vem na reunião. Foi um prazer Cecile e Mathew.
Ela saiu e eu continuei a pensar no que eu acabei de escutar. Entrei no
carro automaticamente. Nem notei que o carro já estava andando.
— Tudo bem, mia bella?
— Uhum, Uhum. — Respondo a ele olhando pela janela do carro.
— Cecile?
— Oi?
— Eu perguntei se está tudo bem?
— Estou bem!
— Não está coisa nenhuma.
— Agora você sabe quando estou bem, ou não? Engraçado, porque eu
nunca sei o que se passa com você.
— O que foi? Por que está chateada? — Fiquei olhando em seus olhos e
decidi perguntar.
— Que investigação é essa? — Ele me encarou alguns segundos antes de
me responder.
— A mais de um ano minha casa sofreu um atentado, colocaram
explosivos em alguns lugares da casa.
— Andrew? — Exclamo assustada.
— Calma mia bella, está tudo bem agora.
— Alguém se feriu?
— Não, acho que a pessoa que fez isso só queria assustar e não ferir.
— E o que Alissa tem haver com isso?
— Alissa, é investigadora particular, a contratei para descobrir os
culpados.
— Ainda não acharam nada?
— Não, a pessoa foi esperta o suficiente para não deixar pistas.
Fiquei preocupada com Andrew, muito preocupada. Ainda nem perguntei
sobre a tal viagem.
— O quê mais? — Olhei para ele com a sobrancelha erguida. — Eu sei
que você tem mais alguma coisa para perguntar, Vamos, pode falar.
— Tudo bem! — Suspiro e volto a falar. — Por que não me disse que vai
viajar?
— Nem eu sabia, mia bella, vim saber hoje que teve um problema com o
terreno do México.
Alguma coisa deixava meu coração apertado, medo que aconteça algo
com ele.
— É preciso mesmo você viajar? Meu coração está apertado.
— Calma mia bella, a viagem vai ser rápida, no máximo dois dias. —
Suspirei em resposta. — Hoje você vai para minha casa ou eu vou para a sua?
— Você quer ir para qual? — Pergunto. Mas a minha mente não para de
se preocupar pela segurança dele.
— Quero ir para sua casa, terminar aquela nossa brincadeira. — Ele
completa, falando em meu ouvido. Olhei corada de vergonha em direção a
Mathew, que dirigia o carro.
— Pare de falar essas coisas, Andrew.
— Por quê? Mathew nem está escutando nada.
— Sei... — Olhando o retrovisor tenho quase certeza de ter visto Mathew
sorrindo.
— Mathew?
— Sim, Sr. Castillo?
— Para casa de Cecile!
— Certo senhor. — Mathew responde.
Já vi que a noite vai ser longa.
Minha mente não parava de pensar nessa viagem de Andrew, tenho medo
por ele, medo em saber que alguém quer fazer mal a ele.
Quem, meu Deus, deseja fazer mal a ele?
Por favor, protege Andrew. Eu pedia em uma oração silenciosa.
CAPÍTULO 27

— Q ue ódio, que ódio. — Aquela vagabunda está se achando demais,


ela vai ter o que merece também, assim como Andrew. Penso enfurecida.
— Calma Tigresa. — Jonas dizia. Esse corno imprestável.
— Calma? Você está me pedindo calma? — Respire Daniele, respire.
Minha mente ordenava ao meu corpo, mas a raiva impregnava meu sangue, que
fervia ferozmente dentro de mim. — Você viu como fomos tratados? — Eu
cuspia as palavras aos gritos, o ódio me cegando, mas, eu sabia que tinha que me
acalmar.
— Eu vi, mas o estresse de nada adianta. A quietude em sua voz me
deixava com mais raiva ainda. — Já está tarde linda, vamos fazer amor um
pouco, estou com saudades.
Como se a gente não tivesse transado pela manhã. Penso revirando os
olhos.
— Jonas, nada de sexo para você.
— E por quê? — Ele pergunta indignado. — Não fiz nada.
— Está aí o problema, você não fez nada. — Controlei minha explosão
de raiva, mas, os meus olhos faiscavam.
— Do que você está falando?
— Estou falando de você continuar a pagar aquele segurança por mais de
oito meses e ele não faz o trabalho pelo qual está sendo pago.
— Ele disse que está arriscado, o chefe de segurança de Andrew está
desconfiando de um traidor em sua equipe.
— Isso é problema dele, não nosso. — Sento pesadamente no sofá bege,
olhando ao redor.
A casa de Jonas não é de todo o mal, o apartamento é mediano para
minha classe social. Não chegava aos pés da casa de Andrew. O apartamento era
composto de dois quartos e uma suíte, uma cozinha moderna, sala de estar, sala
de jantar e a lavanderia. Os pisos brancos, dispostos nos ambientes da casa,
faziam meus olhos doerem, gosto de pisos escuros, cria um clima mais agradável
para mim. Às vezes me pego pensando na casa de Andrew.
Tenho saudades de meu SPA.
Suspiro deprimida. Acho que essa é a pior parte... Estou com alguém que
não quero estar e nem tenho meu SPA para me fazer relaxar. Os sexos casuais
não são mais suficientes, necessito de meu dinheiro, minha luxuosa casa
novamente.
— Eu sei Daniele. — Jonas diz interrompendo meus pensamentos.
— Não vamos dormir agora. — Digo severa e sem rodeios.
— Vamos fazer o quê então? Se não vamos dormir e nem fazer amor? —
A frustração era evidente em sua voz.
Problema dele.
— Você vai ligar para o informante e perguntar quando será a próxima
viagem de Andrew.
— Para quê isso? — Sua sobrancelha se ergue acompanhando sua
pergunta.
— Não interessa, meus planos mudaram e vou começar a pôr em prática
o mais rápido possível.
— E que plano é esse?
— Jonas pare de perguntar e ligue para o informante. — Ordeno furiosa.
— Vá bene, vá bene. — Suspiro buscando calma.
Ele tira o celular do bolso e vai na discagem rápida. O telefone chama
por um tempo e alguém atende do outro lado.
— Eu sei que você já pediu para não ligar com meu número de telefone,
mas, eu não sei onde está meu celular descartável. — Jonas diz e passa sua mão
direita em sua face demonstrando cansaço.
....
— Sei, agora pare de reclamar e me escute.
.....
— Ela quer saber quando será a próxima viagem de Andrew...
....
— Vá bene. Amanhã. — Ele diz tirando o celular do ouvido. Balanço a
cabeça afirmando com minha mente fervilhando de ideias.
— Passe-me o telefone Jonas. — Digo direta.
— Ela quer falar com você. — Ele não espera uma resposta e me entrega
o celular.
— Aqui é Daniele. Amanhã dê um jeito para não trabalhar, você vai
viajar comigo e Jonas. — Digo autoritária. Ele tentou argumentar, mas logo
interrompi. — Não estou pedindo, essa é uma ordem, afinal, pagamos muito bem
a você, agora faça sua parte. Ele ficou em silêncio por um tempo.
— Ok senhora. — Diz sem nenhuma emoção. Eu nuca vi esse cara, mas,
deu vontade de conhece-lo agora, ver se a aparência dele é tão gostosa quanto
escutar sua voz.
Minha libido está pegando fogo.
— Você sabe os detalhes da viagem de Andrew?
— Sei senhora.
— Para onde ele vai? O que ele vai fazer lá?
— Ele vai ao México, Um dos arquitetos achou algum problema no
terreno, sei que o Sr. Castillo terá que usar o helicóptero para visualizar o
problema.
Ótima notícia ele me deu, toda minha ideia é voltada para o maldito
helicóptero de Andrew.
— Eu preciso que você esteja amanhã no aeroporto e...
Dei várias instruções a ele, enquanto Jonas me observava sem entender
nada.

O plano é bem arriscado, mas de uma coisa eu tenho certeza, amanhã será
o fim de Andrew e toda sua herança será minha, toda minha.

— Então Pietro, qual o problema com o terreno?


A tenda branca improvisada se encontrava uma desordem. Pietro é meu
arquiteto assistente, mesmo eu sendo o arquiteto chefe, não dá para estar presente
todo o tempo nas construções, tenho que está constantemente na empresa e não
me agrada ficar muito tempo longe de Cecil, sendo assim, contratei Pietro para
fazer isso por mim.
Mas, ele é desorganizado demais. Vários papéis estavam espalhados
pelas mesas e cadeiras, impossibilitando que eu, Mattias e até mesmo ele
sentasse.
— Perdonare a bagunça Sr. Castillo. — Ele diz e sai catando os papéis
de cima das cadeiras. — Sente-se, prego. —Os papéis são retirados das
cadeiras e colocados em cima da mesa.
Eu, Mattias e Pietro nos sentamos nas cadeiras, enquanto Mathew se
encontrava parado do lado de fora da tenda.
Quando Mathew está comigo, me sinto mais seguro, mas confesso que me
arrependi em trazê-lo nessa viagem, era para ter deixado ele com Cecil. Se
houver mesmo, um traidor em sua equipe, meu coração fica inquieto pela
segurança de mia bella.
Um dos seguranças pediu folga, então só apenas dois seguranças estão
disponíveis. Faço uma anotação metal para contratar mais alguns, incluindo
seguranças mulheres para Cecil sentir-se mais a vontade.
Forço minha mente a focar na reunião com Pietro.
— Então Pietro, qual o problema com o terreno? — Repito a pergunta.
— Um dos trabalhadores acredita ter encontrado um terreno arenoso e
com lençol freático próximo da superfície...
— O quê? Como assim o lençol freático próximo à superfície, Pietro? A
primeira coisa que pedi a você que fizesse foi que realizasse os testes de perfil
geotécnico, junto com um profissional.
— Eu sei senhor, fizemos isso e não achamos nenhum problema...
— Nesse caso, por que você está me dizendo isso agora? — A última
coisa que quero é que meu hotel fique inclinado, ou afunde, porque a carga do
solo aumentou. Levanto-me contrariado, afrouxando minha gravata.
— Fique calmo Andrew. — Mattias diz, falando pela primeira vez desde
que entramos na sala.
Respirei algumas vezes, buscando me acalmar. Minha mente só focava na
segurança de Cecil, desde que a deixei dormindo pela manhã em sua casa, que
fico com a impressão de nunca mais poder vê-la.
Espero que seja só uma impressão mesmo.
E agora, mais esse problema para ocupar minha mente também?
Olho meu celular e ele ainda não funciona.
— Mathew? — O chamo voltando a me sentar na cadeira.
— Sim, Sr. Castillo? — Ele pergunta entrando na tenda.
— Veja se está tudo bem com Cecile.
— Certo senhor.
Olho de relance para Mattias, ele está me encarando com um olhar
compreensível.
— Ela está bem. — Mattias diz tocando em meu ombro.
— Espero que sim. — Digo em um sussurro.
Ouço Pietro Pigarrear e me lembro de que ainda estou na reunião com
ele. Olho para ele com mais fleuma.
— O profissional geotécnico já veio averiguar? — Pergunto.
— Sim.
— E qual foi a resposta dele?
— Que é só um vazamento de água, quando for resolvido, poderemos
voltar a construir.
— E por que não disse isso logo Pietro?
— Achei melhor explicar desde o início, senhor.
— Dá próxima vez, me dê a boa notícia primeiro, depois as más. —
Suspiro desanimado. — Já resolveu os problemas do vazamento de água?
— já resolvemos sim.
— Ótimo, mas alguma coisa a tratar?
— Não senhor. — Neste momento estou com uma grande raiva interna de
Pietro, algo que podíamos tratar pelo telefone, ou até vídeo conferência, ele me
arrasta para cá, para longe de mia bella. Ai que vontade de esganar esse homem.
— Senhor o helicóptero já está pronto, deseja piloto dessa vez? Ele já
está aguardando suas ordens.
— Não precisa, Mathew vai pilotar para mim.
— Certo. — Pietro diz com um rápido sorriso.
Com a reunião encerrada, eu e Mattias saímos da tenda, deixando Pietro
organizando os papéis de sua mesa. Caminhamos em direção ao helicóptero com
Mathew, um passo atrás de nós.
Prontamente acomodados no assento do helicóptero, eu e Mathew na
frente e Mattias no fundo, colocamos os fones e Mathew liga o helicóptero.
— Então Mathew, alguma notícia de Cecile? — Indago.
— Ela está bem, senhor. — Ele diz rápido. Olho em seus olhos.
— O que foi que ela te disse dessa vez? — Entorto a boca ao fazer a
pergunta. Ele pensa por um instante, acho que ponderando se deveria falar ou
não. Achei graça disso.
— Diga a Andrew que estou bem, como há vinte minutos, estou tentando
trabalhar, Mathew, se ele deixar, darei um beijo ou algo a mais em
agradecimento quando chegar, e diga a ele também que se não estiver aqui como
combinado, arrancarei as orelhas dele.
Como ela diz uma coisa dessas ao meu segurança? Penso contrariado.
Ouço Mattias gargalhando no fundo, olho para ele com um olhar severo,
ele não liga e continua rindo. Olho para Mathew e posso ver um discreto sorriso
em seus lábios. Pego meu celular e vejo que já está funcionando, mando uma
mensagem para ela pelo whatsapp.
“VOCÊ”
Como é que você fala algo assim para Mathew, Cecil?
Você me paga mia Bella. Mas de uma forma bem prazerosa.
Isso é mais uma promessa que uma ameaça.
Passam alguns segundos ela me responde.
“MIA BELLA”
Espero ansiosa por isso.
Sorrio com sua resposta ousada e desafiadora.
— Vamos logo com isso Mathew, quero voltar para casa. Escuto Mattias
rir mais ainda. — Mattias, se você não parar de rir, eu mesmo o faço. — Ele
parou na hora sua gargalhada, ele sabe que estou falando serio.
— Pronto, parei, parei. — Ele levanta as duas mãos.
— Melhor assim.
Mathew levanta voo e paramos de conversar. Ele Sobrevoava a área
onde será construído hotel.
O solo estava quase tudo completo, no máximo daqui a dois dias
começa a levantar as paredes, alguns meses depois poderei ver meu hotel
ganhando formas. Penso orgulhoso.
De repente, Mathew mudar a rota, indo para o lado contrário.
— Você está indo para o lado contrário Mathew. — Digo revelando meu
pensamento.
— Alguma coisa está errada, senhor. — Meu sangue gela na hora, ao
escutar suas palavras.
— Como assim, Mathew?
— Eu não consigo controlar o helicóptero, alguém o está controlando por
mim.
— Isso é possível?
— Sim, se alguém hackear os sistemas, podem controlar o helicóptero até
com um controle Android.
— Para onde estamos indo? — Mattias pergunta, o desespero
substituindo seu bom humor de antes.
— Para o leste. — Mathew responde com um tom preocupado.
— Mas lá só tem árvores. — Tento não demonstrar meu desespero.
— Fique calmo, senhor.
— Por que, Mathew? — Meu coração perdeu uma batida e minha voz
perdeu toda a calma fingida.
— O que eu vou dizer é muito importante, então peço que os dois prestem
atenção.
— Certo. — Eu e Mattias respondemos ao mesmo tempo.
— Vamos cair. — Meus olhos se arregalam em pânico. Mathew diz com
tanta tranquilidade, parecendo que já tinha passado por isso outras vezes. Não
tenho medo da morte, um dia sei que todos nós iremos morrer, meu medo é não
poder ver mia bella uma última vez. Obrigo a minha mente a se concentrar no
problema. — A pessoa jogará o helicóptero direto nas árvores, elas são densas e
fará um grande estrago, mas, usaremos isso ao nosso favor. — Ele continua a
falar.
— Qual o seu plano? — Puxo fôlego algumas vezes, relaxando meu
corpo.
— Quando eu disser para vocês pularem, vocês pulam...
— Mas e você Mathew?
— Estarei logo atrás de vocês, senhor.
Espero que ele esteja mesmo.
O helicóptero começou a cair rápido.
— Tirem os cintos. — Mathew ordena. — Passe para o fundo Sr.
Castillo. — Obedeci. — Quando eu disser agora, vocês pulam naquela árvore.
— Ele aponta uma árvore que ocupava um grande espaço com seus enormes
galhos e folhas.
O helicóptero já estava próximo à árvore que Mathew tinha falado para
pular.
— Agora senhores, pulem agora. — Mathew grita.
Primeiro Mattias pulou, em seguida fiz o mesmo, tentei olhar para ver se
Mathew tinha pulado também, mas o meu corpo bateu em vários galhos da
árvore, eu fazia um esforço para me segurar, mas de nada adiantou. Meu corpo
caiu com um baque surdo, a última coisa que escutei antes de apagar foi à
explosão do helicóptero.
— Mathew?
CAPÍTULO 28

A
— deus Andrew. — Daniele diz com um sorriso maligno.
Essa mulher às vezes me assusta.
— Como você conseguiu esse controle Daniele? — Pergunto mais uma
vez a ela.
— Eu já disse a você que tenho meus contatos, Jonas. — Suas respostas
não me satisfaziam, mas, por hora deixei para perguntar depois, mais uma vez.
— Vamos Daniele, já acabou, breve esse lugar vai estar rodeado de
polícia. O segurança de Andrew, estava um pouco afastado observando Daniele
com a fisionomia assustada.
Mas também, Daniele estava assustadora.
— Ainda não acabou. — Ela diz e se vira, em uma de suas mãos se
encontrava o controle remoto e na outra uma arma. Eu não conheço armas, então
não sabia dizer qual o tipo e nem me importava isso no momento.
— Para quê essa arma, Daniele? — Pergunto assustado. A cara que ela
fazia era assustadora, muito assustadora.
Será que ela vai atirar em mim?
— Preciso eliminar aqueles que podem me prejudicar.
— Abaixe essa arma, tigresa, não faremos isso, eu te amo.
— Amor, Jonas? Não seja idiota. — Suas palavras eram como sentir uma
faca transpassando meu coração. — Já eu não te amo, pare de me chamar desse
apelido ridículo. — Ela diz com sarcasmo. — Espero que você apodreça no
inferno.
Assim que ela aponta a arma para mim, o segurança que não lembro o
nome, avança sobre ela. Ela deixa o controle cair. Eles brigam pela arma, até
que escuto um tiro. Achei que tinha acertado nela, mas, de repente o homem cai
no chão agonizando. Antes que ela olhasse para mim, comecei a correr. Daniele
atira a primeira vez e a bala atinge a árvore, mas na segunda vez que ela atira, a
bala acerta em minha coxa direita. Caio no chão sentido muita dor, mas me
levanto em seguida e continuo a correr.
Minha coxa latejava de dor e sagrava muito, comecei a sentir tontura e
vontade de vomitar. Achei uns arbustos grandes o suficiente para me esconder.
Olhei para ver se tinha algum rastro de sangue meu, como não tinha, fui me
esconder atrás dos arbustos. Fiquei lá dez ou vinte minutos, nem sei, a dor não
me deixava pensar. De repente, ouço barulho de passos e controlo minha
respiração.
— Devemos voltar. — Escuto uma voz familiar dizer.
— Também acho isso, é muito perigoso, senhor. — A segunda voz
também me é familiar.
— Os tiros foram por esse lado. — Uma terceira voz diz. Não acredito,
Andrew? Passei por tudo isso, perdi a mulher que amo, tomo um tiro, para
Andrew ainda estar vivo? Meu ódio por ele só fez aumentar mais ainda. —
Mathew, você tem uma arma reserva? — Ele pergunta ao seu segurança.
— Tenho, Sr. Castillo.
— Então passe para cá, não sabemos o que vamos encontrar. — Vejo seu
segurança entregar uma pequena arma nas mãos de Andrew e nas mãos do
terceiro homem uma faca. A arma do segurança parecia semiautomática, igual
dos filmes de ação que costumo assistir.
Fiquei num canto, esperando eles passarem. Assim que isso aconteceu,
voltei a correr. Fui parar em uma estrada. Escondi-me, esperando algum carro,
não demorou muito uma caminhonete caindo aos pedaços apareceu. Corri para o
meio da pista e acenei gritando socorro.
— Socorro, socorro... — O carro para e eu vou até a janela do carro.
— Qual foi cara, como é que você para em frente ao carro assim? — Um
jovem aparentando ter uns vinte anos pergunta em um inglês cheio de gírias. Ele
estava sozinho. Dei graças a Deus por isso.
— Eu estava fazendo trilha...
— Assim? — Ele aponta para minha roupa. Eu usava uma calça jeans
branca e uma camisa polo da mesma cor, meu sapato social inadequado para
fazer trilha.
— Disseram que ai é empesteado de mosquitos, tenho alergia. — Minto.
— Mas, isso não vem ao caso. Eu estava fazendo trilha, quando escutei tiros,
corri sem direção, acho que um desses tiros pegou em minha coxa. — Ele olha
para minha coxa cheia de sangue. Sempre fui bom em improvisos, mesmo agora
sentindo dor.
— Devem ser os caçadores. — Seu olhar amedrontado mirava minha
perna cheia de sangue.
— Você pode me levar ao hospital?
— Claro cara, sobe aí. — Suspirei aliviado.
Entrei no carro com dificuldade. Minha perna latejava muito mais e, eu
sentia a fraqueza pela perda de sangue. Eu sabia que tinha que ordenar a minha
mente, saber qual passo seguirei, mas, o meu corpo não contribuía.
— Fique acordado. — O jovem dizia.
— Não consigo...
— Chegamos. — Ouço-o dizer, mas, apaguei antes mesmo de conseguir
proferir: Graças a Deus.
CAPÍTULO 29

— A ndrew? Acorda, acorda Andrew? — Ouço uma voz conhecida me


chamar, em seguida senti inúmeros tapas serem desferidos em minha face. Os
tapas ardiam, mas, eu não conseguia reagir, todo meu corpo doía, parecia que eu
tinha levado uma surra. Concentrava-me na voz, para saber de quem era a mão
pesada que me batia na cara. — Vamos Andrew, não me assuste assim cara,
acorde.
Mattias?
— Scemo, Stronzo, Faccia di culo... Comecei a pensar vários palavrões
com raiva. (Retardado, Babaca, cara de cú).
— Está me xingando assim porque Andrew. — Ele pergunta ainda
batendo em meu rosto.
Xingando? Ele está louco, nem falando estou.
— Figlio di puttana, pare de bater em minha cara. — Penso com mais
raiva ainda. Tentei me mexer para tirar as mão dele de minha cara, mas, soltei
um gemido de dor.
— Vaffanculo, Andrew. — Ele diz se levantando com raiva.
Mattias me mandando se fuder? Porque mesmo? Ele bate em minha cara
e ainda me xinga.
— Pare de xingar a minha mãe, seu Stronzo. — Xingar a mãe dele?
Ao menos que eu tenha falado em voz alta, meu pensamento de agora a
pouco.
— Xingar a sua mãe? — Pergunto para ter certeza. Solto um gemido de
dor.
— Sim, você acabou de me xingar de filho da puta.
— Perdono Mattias, não notei que havia falado em voz alta, lembro-me
de senti tapas em minha cara e uma dor alucinante em minha costelas e xingar
vários palavrões em minha mente. — Tento me mexer mais uma vez, mas sinto
uma dor no lado esquerdo de minha coluna e rosno de dor, rangendo os dentes e
apertando os olhos.
— Você está com o olho fechado, abra o olho Andrew. — Ele diz com
tom preocupado. Abri o olho com muita dificuldade, a luz feria meus olhos. Olho
para Mattias e noto que sua aparência está horrível. Sua calça jeans estava toda
suja de lama, sua blusa social azul tinha suas mangas rasgada, sua boca estava
partida, havia um corte em sua testa e vários arranhões em seus braços. Talvez a
minha não esteja tão diferente da aparência dele.
— Ajude-me a levantar, Mattias, prego. — Peço a ele com dificuldade.
Ele tentou me ajudar, me puxando pelas duas mãos, mas, a dor foi tanta que gritei
em resposta.
— Não, o deixe onde está. — Olhei em direção a voz. Mathew? Suspiro
aliviado. Ele Parecia muito bem, a não ser por alguns arranhões em seus braços,
seu terno preto estava intacto, só tinha um pouco de lama, ele trazia uma arma em
sua mão direita, pronta para atirar.
— Por quê? — Mattias pergunta alarmado pelo tom de voz de Mathew.
— Ele fraturou as costelas e geralmente as fraturas ocorrem por
impacto. Tome segure a arma.
— Eu não gosto de armas Mathew. — Mattias diz se afastando.
— Sr. Castillo não têm condições em atirar, eles tentaram nos matar a
pouco, podem querer vir terminar o trabalho.
— E você vai onde? — Eu nada dizia, preferi respirar, já que a dor era
menor, fiquei observando o diálogo deles.
— Preciso arranjar alguma coisa para fazer uma tala na coluna do Sr.
Castillo, para não causar mais problemas em suas costelas. — Mattias pensou
por alguns segundos e aceitou a arma da mão de Mathew.
Mathew explicou a ele o funcionamento da arma, como travar, destravar,
o básico, como ele havia me ensinado há um tempo, quando tudo isso começou.
— Essa pistola tem capacidade para vinte tiros, não posso te ensinar a
mirar no alvo agora, mas, qualquer eventual perigo, use seu instinto. — Mattias
balança a cabeça parecendo aflito.
Mathew sai adentrando mais na floresta, enquanto Mattias, olhava
alarmado, andando de um lado para o outro. Eu poderia rir da cara que ele fazia
se não doesse tanto minhas costelas e respirar fosse o maior martírio.
— Dá para parar com isso uomo? (Homem). — Digo exasperado. —
Você vai me deixar louco, andando para todo lado desse jeito, relaxe.
— Não fale comigo Andrew, você xingou a minha mãe. — Sua cara
emburrada era hilária, eu nunca o vi desse jeito, mas, eu sabia que a conversa é
seria.
— Já te pedi perdão, Mattias, foi sem querer, você estava batendo em
minha cara, doeu, caso você queira saber.
— Você não queria acordar, achei que estivesse morto. — Ele diz em um
sussurro. Senti-me feliz de ele se importar comigo e arrasado por ter xingado sua
mãe, mesmo que eu tenha pensado em voz alta.
— Eu sei, me desculpa mesmo por ter xingado sua mãe.
— Tudo bem, desculpas aceitas. — Ele diz e caminha até mim. Juntamos
nossas mãos em um comprimento silencioso. — Desculpa os tapas na cara
também. Ele me dá um sorriso torto. Escutamos um barulho de galhos se
quebrando e Mattias levanta, voltando a ficar em alerta. Eu também fiquei,
porque o barulho estava alto.
Mas para o nosso alívio, Mathew surge do mesmo lado que saiu.
Suspiramos de alívio
— Não atire, sou só eu. — Ele diz e sorrir. É a primeira vez que o vejo
tão à vontade. Em suas mãos tinha sete galhos de árvore, do mesmo tamanho e
um pedaço de papelão. Esse último item prefiro nem saber onde ele encontrou.
— Graças a Deus que é você Mathew, já estava a ponto de ter um enfarte.
— Mattias declara dramático. Reviro os olhos em resposta e ele me olha com um
olhar zangado.
— Ainda bem que isso não aconteceu. — Mathew declara divertido. —
Sr. Mattias, se aproxime, me ajude a colocar a tala. — Depois olha para mim. —
Relaxe Sr. Castillo, isso vai doer. — Suspiro, já prevendo a dor. Ele tira seu
terno, em seguida sua camisa social branca e rasga em várias tiras.
Mattias se aproxima, enquanto Mathew termina de rasgar minha camisa
social cinza, assim que termina, ele pede para Mattias segurar meu corpo para
quando ele me virar de lado. Assim que ele fez isso, senti uma dor atordoante
que me tirou o ar por alguns segundos, parecia que minhas costelas furariam
minha carne. Ele coloca duas tiras de pano, logo após parte o papelão ao meio,
um pedaço depositou no chão, em cima do papelão que estava no chão pôs
quatro galhos. Depois me fez deitar novamente. Os galhos pinicavam minha pele,
mas era um incômodo suportável. Terminando de colocar a tala, amarrando com
a tira de pano, Mathew me ajuda a levantar com um pouco de dificuldade.
— Como está se sentindo, senhor? Consegue respirar? — Fico inalando
o ar por uns segundos e sinto a melhora vir de imediato.
— Estou bem melhor, Mathew, obrigado. — Aproximo-me dele e lhe dou
um abraço, surpreendendo a ele e a mim. — Estou feliz por você está bem, não
vi você pulando do helicóptero.
— Fico feliz também, senhor. — Ele retribui o abraço parecendo incerto.
— Agora vamos embora, o senhor precisa ir a um hospital. — Disfarço o
abraço.
— Você está certo, melhor irmos embora. — Pego meu celular do bolso
e vejo sua tela rachada. — Alguém com o celular funcionando? — Eles
balançam a cabeça em negativo. — Ótimo, não há um celular, como vamos
avisar onde estamos?
— Tenho um telefone satélite, mas, aqui não tem área, temos que ir a um
lugar mais alto. Mathew avisa.
— Então vamos fazer isso. — Digo e começo a andar com dificuldade.
— Senhor?
— Sim, Mathew.
— Vamos para oeste.
— Oeste? Certo, entendi. — Dou um sorriso sem graça e paro de andar.
— Sr. Castillo, tome meu terno.
— Não precisa Mathew, estou bem assim.
— Não se incomode Mathew, ele está gostando de mostrar seus
músculos.
— Mattias, se eu não tivesse nessas condições. — Aponto em direção a
minha coluna. — Daria uma lição agora mesmo em você e nós dois sabemos
quem venceria essa luta. — Completo rindo.
— Eu! Quem mais seria? — Ele diz e se aproxima de mim e fica sério
de repente. — Se a gente morrer aqui, quero que saiba que te considero meu
irmão, antes de meu chefe.
— Eu sei irmão, vem cá, me dê um abraço. — Também é a primeira vez
que expresso abertamente a Mattias que o considero um irmão e não me sinto mal
por isso, me sinto bem. Ele me abraça apertado. — Ai, não tão apertado, porca
miséria. (Porra).
— Sua boca está muito suja hoje, fratello. (Irmão).
— E você querendo acabar com meu lindo corpo.
— Não se preocupe que mesmo que você estivesse sem dente e com a
cara irreconhecível, ainda assim Cecile te amaria.
Fiquei com minha cara de interrogação.
Como assim Cecile me ama? Não sei disso não. E eu a amo?
Não a amo, posso até gostar dela, sei que me apaixonei, mas, eu não
quero me decepcionar quando ela decidi ir embora.
E se eu a pedisse em casamento?
De onde surgiu esse pensamento?
— Cara, se você não percebeu isso só pode estar ficando cego. —
Mattias completa.
— Vamos senhores? — Mathew pergunta tirando a arma do chão, onde
Mattias tinha deixado. Aproveito a deixa e não respondo a Mattias.
— Vamos! — Digo e começo a andar.
— Cego. — Mattias diz às minhas costas e começa a andar também.
Ignorei-o e continuei a andar, estava andando com um pouco de dificuldade no
início, mas logo peguei um ritmo suportável.
Andamos por um tempo, acho que uns dez minutos, ou mais, sem relógio
fica difícil ter certeza. De repente, escutamos um barulho alto na mesma direção
que seguirmos, que fez os pássaros se assustarem.
— Isso foi um tiro. — Mathew diz parando. Assim que ele termina de
falar, mais dois tiros foram disparados. — Vamos, escondam-se senhores. —
Mathew grita.
— E você Mathew?
— Preciso ver o que está acontecendo.
— Vamos com você. — Digo direto, deixando claro que não mudarei de
ideia.
— Vamos? — Mattias pergunta indeciso.
— É muito perigoso, Sr. Castillo.
— Sei disso, mas, você não vai sozinho...
— Eu sou treinado para passar por situações assim.
— Por isso sei que vamos ficar bem. — Na verdade eu não sabia de
nada, mas, eu não me sentiria bem o deixando ir sozinho.
Que tipo de chefe eu seria?
Voltamos a caminhar em silêncio, Mathew, o tempo todo em alerta.
Chegamos próximo a uns arbustos e parei para respirar um pouco.
— Devemos voltar. — Mattias diz.
— Também acho isso, é muito perigoso senhor.
— Os tiros foram por esse lado. — Digo ignorando os protestos deles.
— Mathew você tem uma arma reserva? — Pergunto já sabendo a resposta, sei
que ele sempre tem uma.
— Tenho Sr. Castillo. — A face de Mathew e a face de Mattias
desaprovavam minhas atitudes.
Problema deles, espero sair logo do meio dessa mata.
Os trabalhadores devem ter visto meu helicóptero cair, existe a
possibilidade de acharem que estou morto, nessa altura Mona e Cecil já sabem.
— Então passe para cá, não sabemos o que vamos encontrar. — Digo
com determinação. Ele abaixa e tira um revólver calibre trinta e oito de sua
perna direita e me entrega, de sua perna esquerda, ele tira uma faca e entrega a
Mattias. Olho a capacidade de tiro e vejo só oito balas.
Melhor que nada.
Voltamos a caminhar na direção de onde escutamos os tiros.
— Você tem quantos pentes?
— Para sua arma não tenho mais nenhum, para minha tenho dois, cada um
com vinte balas.
— Espero que você não precise usar.
— Eu também, senhor.
— Sangue. — Mattias exclama.
Mathew para e observa a área, se abaixa e toca o chão, depois levanta e
se aproxima de uma árvore.
— Algum problema, Mathew? — Sondo.
— Alguém veio correndo de lá. — Ele aponta para uma rocha mediana.
— E outro alguém estava atirando na pessoa, uma bala agarrou nessa árvore e a
outra agarrou na pessoa que estava correndo. Essa pessoa teve sorte que o
atirador é inexperiente, pelas pisadas... — Ele abaixa tocando o chão. — Parece
ser de um homem, tamanho quarenta, no máximo quarenta e dois.
Como ele sabe esse tipo de coisa só olhando? Impressionante. Penso.
Eu sou um excelente empresário, a única selva que prefiro estar é a selva
dos negócios, eu me sinto bem, no entanto, no meio dessa floresta me sinto um
peso. Dei graças a Deus por Mathew estar presente, mas, eu me sentia culpado
de os ter colocado nessa situação.
Mathew correu até perto da rocha para olhar o perímetro, enquanto eu e
Mattias, ficamos a espreita esperando.
— Podem vir. — Ele grita. Quando subimos na rocha, vimos um corpo
caído. A cara de Mathew se transformou na hora.
— Enrico? — Mathew diz preocupado e corre até o corpo caído.
— O segurança que pediu folga? — Pergunto demonstrando total
incredulidade.
— Sim, Sr. Castillo.
Tinha muito sangue junto ao corpo, Mathew sentiu o pulso.
— O pulso está muito fraco, ele está morrendo. — Mathew procura o
local do ferimento e o acha no abdômen. — Ele sofreu uma perfuração intestinal,
a bala não saiu, pode ter atingido o intestino delgado, o cólon, o fígado ou até os
rins.
Mathew estava triste com a situação de seu subordinado. Escutamos um
gemido e olhamos em direção ao rapaz deitado, quase desfalecido no chão.
— Enrico? — Mathew chama novamente.
— Sr. Acco. — Ele diz em um gemido.
— O que aconteceu?
— Eu sinto muito, eu não queria ter feito isso.
— O que você fez?
— Eu traí o Sr. Castillo. — O quê? Então ele é o traidor? Porque não
sinto raiva ao saber disso?
Talvez porque o homem está morrendo, Andrew. Minha mente me lembra.
O rapaz começa a tossir.
— Depois conversamos sobre isso, você precisa ficar bem, vou pedir
ajuda. — Mathew tira o telefone satélite do bolso de seu terno. Pego o telefone
das mãos dele e entrego a Mattias.
— Estou morrendo senhor, preciso falar com o senhor Castillo antes que
seja tarde. — Aproximo-me mais dele, ajoelho com um pouco de dificuldade
com a ajuda de Mathew.
— Estou aqui, Enrico.
— Senhor, me perdoe, não quis te trair, eles me ofereceram muito
dinheiro, meu olho cresceu e quando vi, já tinha aceitado. — Sua fraqueza ao
falar me deixava preocupado, ele poderia morrer a qualquer momento.
— Quem ofereceu dinheiro para você me trair?
— O senhor Jonas e sua mulher, Daniele. — O que adianta saber isso se
não tenho como provar? A pessoa que poderia fazer isso está morrendo bem na
minha frente.
Ele a chamava pelo primeiro nome, não duvido nada ter sido um de
seus amantes. Penso com raiva. Essa mulher foi a pior coisa que aconteceu em
minha vida.
— Não temos como provar, Enrico. — Exclamo.
— Tem senhor. — Ele aponta para um lado da rocha. Eu e Mathew
seguimos a direção de seu dedo e pouco atrás de nós, estava um controle,
parecendo um controle de drones. — Ali têm digitais, em meu celular tem um
número que levará direto a eles.
— Grazie Enrico, agora descanse a ajuda já vai chegar.
— Agora já é tarde sen...
Senhor!
Era isso que ele ia dizer, mas não conseguiu completar a frase, dando
assim seu último suspiro. Seus olhos continuaram abertos e Mathew os fecha.
Eu via nos olhos de Mathew que ele sofria por ter perdido um homem de
sua equipe, ainda que esse homem tenha sido um traidor.
— A ajuda já está vindo. — Mattias anuncia. Suspiro ao mesmo tempo
aliviado e inquieto pelo dia que tive.
Prometi a mia bela, que voltaria amanhã pela manhã bem cedo, mas agora
não sei se vou poder cumprir isso.
Vejo que ela vai ter um motivo pra arrancar minhas orelhas.
Sorrio com esse pensamento. Quero muito vê-la, abraça-la, beijar sua
boca. A saudade é muita.
Espero que ter passado por tudo isso não tenha sido em vão, que as
provas sejam suficientes para acusar Jonas e Daniele. Depois de ter visto os dois
juntos no baile, não me sinto surpreso de eles estarem nisso juntos.
Não sei por que Jonas me odeia tanto, mas, quando enfim isso tudo
terminar, perguntarei a ele o motivo de tornar a minha vida um inferno.
CAPÍTULO 30

— O que você quer agora, Daniele? — Ravier pergunta impaciente.


A última coisa que quero agora é enfurecê-lo.
— Preciso de mais uma ajuda sua. — Digo com cautela.
— Mais? Não já basta o controle, a arma e ter feito meu melhor homem
hackear o helicóptero daquele ricaço? Você ainda quer mais? Sorte sua que
temos o mesmo pai. — Ele fala em um espanhol nativo, no qual eu luto para não
perder nenhuma palavra. Eu aprendi a falar espanhol, mas às vezes me perco nas
palavras.
Ravier é um jovem de vinte cinco anos, com a estatura mediana. Ele é a
cópia de nosso pai. Cabelos pretos longos até o ombro, uma barba sempre bem
feita, o terno sempre impecável. A única diferença era a idade de sessenta e
cinco anos de nosso pai e seus cabelos grisalhos.
— Le ruego, Ravier. (Eu imploro). — Só mais essa ajuda.
Morei no Brasil toda minha vida, quando minha mãe estava no leito de
hospital morrendo, me revelou que meu pai é o líder de uma gangue mexicana,
chamada Los Macetas. (os cabeças). Depois de enterrar minha mãe, vendi tudo o
que era dela e fui para o México. Isso aconteceu há sete anos. Meu pai me
aceitou de cara e pela primeira vez, me sentir uma pessoa de sorte. Mas,
aconteceram alguns problemas e ele me fez ir embora para qualquer lugar, então
escolhi Roma, foi onde conheci Andrew, e vi nele a oportunidade de ser rica.
— Nosso pai ficou com raiva porque eu te ajudei. — Ele revela
contrariado.
— Vocês são minha única família Ravi, com quem posso contar? Porque
nosso pai me odeia tanto? — Pergunto emburrada.
— Ele não te odeia e se ele te expulsou foi porque você mereceu,
Daniele.
— Só porque tive um casinho?
— Um casinho? É assim que você chama transar com quase todos os
homens casados daqui? Você tem o que no meio dessas pernas, que vive
insaciada?
Já me fiz essa pergunta, mesmo não tendo resposta, gosto de ser assim.
Eu que o diga, aquele segurança de Andrew é uma delicia, quero dizer,
era uma delicia. Eu não queria matá-lo, mas foi o necessário. Chega sinto falta
de nossa transa essa manhã.
Mandei Jonas atrás de um carro, para nos levar ao local onde
colocaríamos em prática o plano para a morte de Andrew. Ele mandou o
segurança ir, mas, eu logo o cortei dizendo que passaria o plano com ele no
quarto de hotel, para não levantar suspeita, e o idiota acreditou.
Assim que Jonas saiu, o chamei para o quarto.
— O que deseja Sra. Daniele? — A pergunta fria me excitava mais
ainda.
— Quero que você me coma?
— O que disse?
— Como é seu nome?
— Enrico, senhora.
— Bom, Enrico. — Disse me aproximando dele, já tirando seu terno. —
Você prefere que eu te estimule mais? — Fiz minha melhor cara de safada para
ele.
O beijo que seguiu foi duro e sensacional. Enrico além de ser lindo,
beijava super bem. Suas mãos grandes e ligeiras rasgaram meu vestido com
rapidez, sua brutalidade me deixava toda molhada.
Porque Jonas não tem essa pegada? Talvez assim o sexo fosse bom.
Eu e Enrico já estávamos sem roupas. Suas costas largas, seu abdômen
rígido, sua altura magnífica, seu cabelo preto, bem cortado e sua pele bronzeada,
eram um afrodisíaco para mim, até sua tatuagem solitária em seu braço esquerdo,
me fazia estremecer por dentro.
Voltamos a nos beijar, dessa vez um beijo desesperado, possessivo.
Coloquei minha mão sobre seu pau, que já estava duro. Ajoelhei-me e comecei a
chupá-lo com vontade. Ele fodia a minha boca, metia até a garganta, eu me sentia
sufocar e babando muito, até que ele mim levantou, me colocou de quatr, com as
mãos posicionadas na cama. Ele enfiou seu pau com vontade, eu sentia dor e
prazer misturando-se. Ele puxava meu cabelo para trás, fodendo cada vez mais
rápido.
— Toma puttana, gosta de ser fodida, então toma, vou te arrombar toda.
— Então me faça gozar gostoso, Enrico.
— Você é bem apertada, gostosa.
Suas palavras me davam mais tesão. Ele gozou dentro de mim umas duas
vezes e me fez gozar umas três vezes seguida, gozaria a quarta vez, se não
escutasse um carro chegar, poderia ser Jonas, não quis arriscar. Ah como eu
queria uma seção de sexo agora.
Aquele novo chefe de segurança de Andrew é gostoso demais, eu o faria
cair de boca em mim fácil, fácil.
— Está me escutando, Daniele? — Ouço a voz de Ravier atrapalhar meus
pensamentos libidinosos.
— O que foi Ravi?
— Papai não quer você aqui no México. O que você quer de mim?
— Só preciso de uma passagem para Roma. — Ele pensa por alguns
instantes.
— Tudo bem Daniele, mas será a última vez. Quando sair do México, não
volte mais, porque as coisas ficaram feias para o seu lado e não mais vai
importar você ser do nosso sangue. — Ele fala de uma maneira calma, ma, eu
sabia que não poderia ignorar o aviso. — Esse Andrew é rico demais, a última
coisa que queremos é nos envolver com a mídia.
Não se preocupe irmão, Andrew já não está entre nós. Penso já sentindo
o gosto da vitória.
— Se acontecer algo com você, não pense que vamos nos envolver, você
está cavando sua própria cova irmãzinha. Faça um favor para todos nós e não
volte mais aqui, Daniele, nem mesmo a passeio. — Balanço a cabeça afirmando.
Senti-me sozinha, escutando suas palavras.
Esse sentimento de solidão é uma bosta.
E mais uma vez empurrei ele para bem fundo em minha mente, tenho
coisas melhores para me ocupar.
Saí de lá só pensando na fortuna que vou ganhar. Fiquei preocupada em
não ter matado Jonas, mas, vou contratar uns seguranças para mim e contratar
alguém para terminar o serviço.
Suspiro em meu acento no avião.
Quando eu tiver com as mãos em minha herança, a primeira coisa que
vou comprar é um avião particular.
Vai ser um gasto prazeroso. Sorrio, já me vendo deitada na grana.
— Herança, aí vou eu.
CAPÍTULO 31

— O que está acontecendo com esse wifi? — Pergunto-me em


pensamento. Já é quase noite, Andrew ficou de me mandar uma mensagem
quando chegasse ao hotel, mas, até agora nada.
Sabe aquele arrepio inesperado que sentimos dos pés a cabeça?
Arrepios que vem do nada? Arrepios inexplicáveis? Estou sentindo isso desde
cedo. Uma sensação de mal estar, uma energia negativa. E isso começou logo
após ter trocado mensagens com Andrew.
Dou uma olhada no wifi e vejo que está tudo bem. Suspiro frustrada, me
levanto de minha cadeira e caminho até o segurança de Andrew, que estava me
olhando estranho desde que recebeu uma mensagem no celular.
— Desembuche, Jean.
— O quê? — A confusão que sua voz transmitia não chegava aos seus
olhos.
Tenho quase certeza que ele está mentindo.
— Cadê o Andrew? Por que não consigo falar com ele?
— Não sei dizer senhorita.
— E a mensagem que você recebeu a pouco?
— Antônio que me mandou a mensagem. Ele disse que não recebeu
notícias do Sr. Acco.
— Tem algo errado. — Digo mais para mim do que para ele. Passo a
mão direita em meu cabelo que está solto, desmanchando meus cachos.
— Acredito que sim, o Sr. Acco não me passou o relatório que ele passa
de duas em duas horas, foi o principal motivo de Antônio mandar a mensagem,
ele estranhou, achou que eu tinha recebido o relatório.
— Ligue para ele, Jean. — Ele pega o celular no bolso e liga para
Mathew. — Senhorita, ele não atende nem o celular, nem o telefone satélite. Têm
algo errado. — Ele completa. Seu olhar preocupado, que ele não mais escondia,
se assemelhava ao meu.
Meus olhos se encheram de lágrimas acumuladas, eles ardiam, mas, eu
não queria chorar na frente de Jean, não queria demonstrar fraqueza sem nem
mesmo saber o que está acontecendo.
Meu celular toca e eu atendo rapidamente sem nem mesmo olhar no visor
do celular.
— Andrew? — Digo ao atender.
— Cecil? — Mona?
— Você está chorando Mona? O que aconteceu? Cadê o Andrew?
— Na TV... Na TV... — Ela gagueja ao falar.
— O que tem a TV? Fique calma, Mona.
— Na TV está dizendo que o helicóptero de fligio mio caiu, isso é
mentira não é?
— Caiu? — A pergunta saiu em um sussurro e eu não mais conseguia
segurar as lágrimas.
O celular caiu de minha mão e Jean o pegou do chão, alarmado. Ele
conversava alguma coisa, mas, eu não escutava direito.
— Andrew? Meu Andrew. Não posso perdê-lo. — Sentei no chão
encolhida, sem me importar se sujaria meu vestido bon prix. Ele passava do
joelho, então Jean nada podia ver.
— Vamos senhora. — Jean dizia, mas, eu não conseguia me mover. Não
obtendo resposta ele decide me carregar.
Eu não conseguia sair desse transe. Eu me sentia presa e sem reação, meu
coração estava acelerado e o medo me mantém aprisionada.
Não sei quando cheguei à casa de Andrew, eu me encontrava no quarto
dele, seu cheiro invadia minhas narinas, abracei seu travesseiro.
— Ela está assim desde que recebeu a ligação da senhora Mona. — Ouço
Jean dizer para alguém.
— Já averiguei, o helicóptero realmente caiu. — Ele sussurrava, mas, eu
escutava Antônio, o outro segurança de Andrew, que ficou protegendo Mona
dizer.
Ainda assim eu não podia acreditar em suas palavras.
— Estou aguardando novas informações da perícia, não sabemos se a
queda foi proposital ou um acidente. Ele nos mandou se preparar para o pior,
eles podem ter morrido.
Não, eles não morreram.
— Mas, caso tenha acontecido o pior, breve saberemos, o helicóptero do
Sr. Castillo foi equipado com uma caixa preta.
— Pare dizer isso. — Grito, me sentando na cama, assustando a Jean e a
Antônio. — Não aconteceu o pior, eles estão vivos.
— Eu sei senhorita, só estou reproduzindo o que eles falaram,
precisamos nos preparar para o pior. — Antônio completa, dando um passo para
trás.
— Saiam daqui. — Eu grito. — Saiam, saiam daqui.
Eles saem às pressas, assustados com minha reação. Eu chorava que nem
criança, a última vez que fiz isso foi quando descobri sobre a doença de Lívia.
Andrew está bem, Mathew está bem e Mattias está bem. Eu fazia uma
prece silenciosa. Adormeci em um sono pesado, cheio de medos. Mesmo sendo
pouca, eu sentia fé e se existe um Deus, ele vai escutar minhas preces.
CAPÍTULO 32

C
— ecil? Acorda querida. — Gemi em resposta. Abro meus olhos com
dificuldades e vejo uma Mona com olhos inchados me encarando. Eu havia
esquecido dela, me tranquei em minha própria dor e esqueci Mona.
— Mona, me perdoe, eu não queria te deixar sozinha, não...
— Tudo bem mio caro. (mia querida). Eu sei que você ama fligio mio e
não ter notícias é horrível.
Eu amo Andrew? Eu amo Andrew!
Por que eu não admiti isso logo? Por que eu não disse a ele? Sou
estúpida demais. Foi preciso quase perdê-lo para entender meus sentimentos por
ele. Sou muito idiota.
— Não faça essa cara, quando ele chegar você diz a ele. — Ela sorrir.
— Eu amo o Andrew. — Sento na cama e retribuo o sorriso. — Espera o
que você disse?
— Não faça essa cara?
— Não, a outra parte.
— Eu disse: Quando ele chegar você diz a ele.
— Ele chegar?
— Achei que você não entenderia, minha linda.
— Quando ele chega? Ele está bem? Quero vê-lo. Cadê ele, Mona. —
Levanto-me impaciente da cama.
— Calma Cecil. — Ela diz se levantando também. — Ele só chega
amanhã, não me disseram o horário.
— Onde ele está?
— No hospital, ele...
— Hospital? — Aproximo-me dela alarmada.
— Sim, mas, não se preocupe, todos estão bem. Andrew fraturou as
costelas, por isso vai ter que passar a noite no hospital, ele disse para você não
se preocupar...
— Você falou com ele, Mona? Por que não me chamou?
— Ele mandou te deixar dormir mais.
— Que horas são? Por que você me chamou agora? Eu quero falar com
Andrew. — Minha chateação era visível.
Por que ele não quis falar comigo?
— São dez e meia, querida, ele disse que se você não acordasse por
volta desse horário, então era para te acordar. Ele foi bem direto: Mona, não
deixe mia Bella dormir com fome, isso é uma ordem.
A chateação foi logo embora ao ver a forma engraçada que Mona imitava
Andrew, meu mandão. Eu decidi dizer a ele o que sinto e vai ser amanhã. Eu o
amo, não planejei, mas aconteceu.
— Venha, trouxe sopa para você, Andrew disse que você ama sopa.
— Amo, principalmente sopa de feijão.
— Não é sopa de feijão. — Ela entorta a boca com nojo.
— Ei, não faça essa cara, sopa de feijão é uma delícia e você fazer essa
cara é um sacrilégio. — Digo e me aproximo do prato de sopa, posto
cuidadosamente na mesinha improvisada com o pufe. — A cara está boa, Mona.
— Sorrio com a cara orgulhosa que ela fez.
— Não só está com a cara boa, a sopa está uma delícia. Mona se acha.
— Ela chama-se capelletti in brodo, um prato típico da Itália, uma receita
passada de minha avó para minha mãe, e de minha mãe para mim. — Acomodo-
me no chão junto ao pufe e disparei a comer.
Não é que ela está certa? A sopa está uma delícia.
— Que sopa deliciosa Mona, tem mais?
— Você nem terminou de comer e já quer mais?
— Tem ou não Mona? — Pergunto ainda comendo. A sopa está
maravilhosa.
— Aqui. — Ela aponta para uma pequena vasilha depositada no criado
mudo. — Coma devagar, querida. — Ignoro seu pedido. Não tomo sopa devagar,
tomo rápido e engulo, para mim sopa não se mastiga, independente que seja feita
com macarrão ou não, agora se for sopa de verduras, é outra coisa, só que não
gosto de sopa com verduras, tenho pavor.
Assim que terminei de comer, Mona saii levando o prato e a vasilha com
ela. Sua felicidade era visível e a minha também. Só em saber que Andrew está
bem, me trás um grande alívio. Agradeço por minhas preces terem sido
escutadas.
Tomei um banho rápido, vesti uma camisa de Andrew e uma cueca dele.
Deitei-me na cama abraçada ao seu travesseiro, o cheiro dele é tão gostoso, um
cheiro amadeirado, embriagador, que exala de todo seu corpo, por sua pele, seu
cheiro me relaxa e ao mesmo tempo me excita.
Meu objetivo era ficar acordada até ele chegar. Liguei a TV, que
dificilmente Andrew usava, ela ficava no rack, em frente a cama. Coloquei em
um canal aleatório e fiquei vendo fotos de Andrew em meu celular, a lágrimas
saiam, mas, dessa vez era de agradecimento e de alegria.
O relógio marcava quase meia noite, meus olhos começaram a pesar e
por mais que eu tentasse, não conseguia mantê-los abertos. Acordei sentindo
carícias em meu cabelo e suspirei em resposta. O cheiro de Andrew pareceu
estar mais forte. Meu coração disparou, pois, eu sabia que Andrew estava bem
atrás de mim. Eu o sentia.
— Andrew? — Pergunto com cautela, receando estar imaginando coisas.
— Estou aqui, mia Bella. — Eu sentia saudades de sua voz, de seu cheiro
e só nos afastamos por um dia. — Durma, ainda é cedo.
Dormir?
Eu quero vê-lo, tocar nele.
Virei-me e me deparei com os lindos olhos verdes que me desarma toda
vez que olham para mim. Em sua face, tinha alguns arranhões, sua boca gostosa
continuava intacta, o abraço forte e ele geme de dor.
— Perdoe-me, não quis te machucar.
— Não me machucou, mia Bella, relaxe, minhas costelas que ainda doem
um pouco, mas já estou tomando os remédios.
— Está tomando direitinho?
— Estou sim. — Ele sorrir e me abraça, colocando sua cabeça no vão de
meu pescoço e deposita um beijo demorado. Arrepio-me com o contato de sua
boca. — Senti tanto a sua falta, cheguei a pensar que não ia te ver mais.
— Eu também! Não faz mais isso, por favor? — Nessa altura já estava
chorando outra vez, molhando o ombro de Andrew. — Não me deixa sem
notícias, prometo não reclamar.
— Vou andar com dois celulares de reserva. — Ele diz e sorrir, mas, eu
sabia que ele está falando sério.
— Uma ótima ideia. — Digo ainda chorando.
— Pare de chorar mia Bella, não fique assim, meu coração fica partido
em te ver assim. — Balanço a cabeça e dou um beijo em sua boca. Um beijo
rápido, mas que acendeu todo meu corpo. — Não faz isso comigo não Cecil,
desde que entrei, senti um desejo enorme de fazer amor com você, aquele tolo do
médico proibiu.
— Quanto tempo?
— Uma semana no máximo.
— Tudo isso?
— Não é? — Perguntei a mesma coisa a ele, ele disse que brincadeiras é
o que não falta.
— Que tipo de brincadeiras? — Pergunto curiosa.
— Tipo essa. — Ele diz e põe sua mão em meu sexo. Gemi com o contato
de sua mão. — Está usando o quê por baixo? — Ele levanta sua blusa, que eu
vestia.
— Sua cueca. — Respondo entre gemidos. — Chateado?
— Eu não, estou excitado. — Ele enfia um dedo dentro de mim. Grito
surpresa pela invasão.
— Ai, isso é gostoso. — Meus olhos reviravam de prazer. — Andrew,
não podemos fazer isso, sua costela.
— Estou usando os dedos mia Bella. Agora venha quero sentir o seu
gosto em minha boca.
— Como vou fazer isso? Você não pode, pare de me provocar com seus
dedos.
— Agora não posso, quero vê-la gozando. — Seu tom malicioso arrepiou
todo meu corpo. — Segure-se na cabeceira, faça como se fosse sentar em minha
cabeça. Vamos Cecil, agora.
— Acalme-se magnata, deixe de pressa.
— Não me chame assim. — Ele diz contrariado.
— Eu gosto e você disse que eu posso te chamar assim.
— Eu sei, mas é ridículo.
— Não acho, se for assim você não me chama mais de mia bella.
— Achei que você gostasse.
— Eu amo, mas se você não me deixar te chamar assim, te proíbo de me
chamar de mia bela, só para te deixar chateado.
— Mia bella, pare de agir que nem uma criança mimada e venha logo
aqui.
— Criança? Não vou mais, já que eu sou uma criança.
— Não faça isso, por favor, perdono, uso errado de palavras. Sua
obstinação é um afrodisíaco e tanto.
— Certo, eu te perdoo, seu castigo será me fazer gozar. — Dou uma
gargalhada.
— Eu aceito o castigo. — Seus olhos brilham ao falar isso. — Agora
venha.
Ergo-me, ficando em pé em cima da cama. Tiro a cueca, me apoiando na
cabeceira da cama, faço que vou sentar e deixo sua língua invadir minha boceta.
Meus joelhos estavam apoiados em seu travesseiro. Não sei quando ele o
colocou a li, pois, eu me lembro de dormir abraçada a ele. Eu comecei a gemer,
jogando minha cabeça para trás enquanto ele fazia maravilhas com sua boca em
minha boceta, estimulando meu clitóris.
— Olhe para mim, mia bella, quero ver seus olhos quando você gozar em
minha boca.
Olhei para ele e me perdi em seus neles, eles estavam dilatados, sua
excitação quase palpável.
Andrew me encara e sorrir, em seguida penetra toda sua língua em minha
boceta, se é que isso é possível, e começou a mexer. Gemi e fiz a cara de quem
estava amando todas aquelas sensações. Enlouquecida, comecei a rebolar sem
parar com a boceta na boca dele, ele me olhava fixamente, sua língua parecia ir
cada vez mais fundo. Ele chupava com tanta vontade, estava tão gostoso, ele
passou a chupar meu clitóris com força, sugando com vontade, sempre me
olhando fixo, me hipnotizando com seus olhos. Minha boceta estava toda
inchada, sentia o orgasmo chegando, eu rebolava feito louca, ainda apoiada com
as mãos na cabeceira, parecia que ele ia me engolir com sua boca gostosa. Não
consegui me segurar mais e gozei, gozei tanto que podia sentir sua garganta
mexendo, enquanto ele engolia meu gozo
— Isso foi... — Respiro e com muita dificuldade saio de cima de seu
rosto e volto a me deitar ao seu lado. — Maravilhoso, você faz um sexo oral
inesquecível.
— Fico feliz por você ter gostado. — Ele diz envaidecido.
— Eu não só gostei, eu...
— Amei. — Ele completa. — Senti saudades de seu gosto, achei que
nunca mais sentiria isso que sinto quando estou com você. — Seu olhar
preocupado me fez lembrar que eu quase o perdi.
Preciso contar a ele o que sinto.
Eu queria perguntar o que ele sente quando está comigo, mas não tive
coragem.
— Eu senti saudades de seu gosto também. — Toco em seu membro
ereto, sob sua calça social preta. — Posso?
— Você não precisa pedir, sou todo seu mia bella.
Eu realmente queria que isso fosse verdade.
Coloquei esse pensamento de lado e me debrucei em cima dele, tendo o
cuidado de não o machucar. Eu queria lamber todo seu abdômen, mas, estava
todo enfaixado. Entorto minha boca olhando seu curativo e ele sorri.
— Está rindo de quê? Ainda tem um pedacinho de pele aqui. — Aponto
para um pequeno pedaço de pele descoberto, quase próximo de sua virilha, me
aproximo e lambo, o fazendo gemer em resposta. Ele já estava no limite, um
líquido sai de seu membro, constatando sua total excitação.
Abocanhei seu membro em minha boca e o chupei com gosto. Ele gemia
de prazer e dor.
— Pare de se mexer assim, não quero te machucar.
— Mia bella, por favor, quero...
Eu sabia o que ele queria, mas, a preocupação era tanta.
— Eu sei, mas, eu não quero te machucar. — Volto a dizer.
— Não vai. — Sua firmeza ao falar foi como um incentivo.
Não esperei duas vezes, eu também queria senti-lo dentro de mim.
Passei minhas pernas ao seu redor e com a ajuda de minha mão direita, o
coloquei dentro de mim. Movimentava-me lentamente, um vai e vem gostoso e
ele gemia.
— Mas rápido, mia bella. — Ele ordena.
Apoie meus joelhos e minhas mãos na cama e fiz movimentos rápidos, o
fazendo entrar e sair. Eu já estava gozando novamente, o sentindo crescer e
inchar dentro de mim. Em seguida ele gozou gritando meu nome.
— Você é tão apertada, minha perdição.
— E você é tão gostoso. — Dou-lhe um selinho e volto a deitar ao seu
lado. Pego meu celular no criado mudo e vejo que ainda são cinco e meia.
Coloco o celular de volta ao lugar e encaro Andrew. — Você chegou que horas?
— Quase cinco da manhã. Mandei deixar o jato pronto, assim que o
médico me deu alta, eu vim para cá, eu e Mattias.
— E Mathew? — Minha preocupação não passou despercebida.
— Não se preocupe, ele está bem.
— Por que ele não veio com você?
— Vamos falar de Mathew agora? — Seu tom grosso não me abalava
mais.
— Pare com esse ciúme bobo.
— Não estou com ciúme de Mathew. — Ele diz, parecendo ultrajado.
— Se você diz. Você vai me dizer por que Mathew não veio?
— Descobrimos que Jonas e Daniele, mexeram de alguma forma no
sistema do helicóptero. Eles tentaram me matar. — Sua voz trazia ódio, mas, eu
podia ver em seu olhar a magoa e a decepção. Não sei se pelo primo ou se pela
ex-mulher. Não saber trás uma sensação péssima, não ter coragem de perguntar,
deixa uma sensação pior ainda.
— Já os prendeu? — Eu ia me levantar, mas, ele não deixou. Meu corpo
e minha mente estavam agitados e a preocupação pela segurança de Andrew
voltou com tudo.
— Tire esse olhar preocupado, mia bella. Mathew ficou lá para ver se as
provas que temos contra eles serão o suficientes. Breve os dois serão presos. —
Eu sei que ele não contou toda história, faço uma anotação mental para perguntar
depois a ele.
— As provas são fortes?
— Não sei dizer, mas acredito que é o bastante para polícia ter um
mandado. Espero que eles sejam logo presos. — Ele completa, suspira e me
abraça apertado.
— Também espero. Vamos tomar banho?
— Para quê?
— Estamos sujos, tive dois orgasmos deliciosos, estou toda melada.
— Estou cansado, tomo banho quando acordar, faça o mesmo, tome
banho quando acordar. — Ele me olhou com seu olhar pidão.
— Vá bene. Vou tomar o anticoncepcional.
— Mas tarde você toma. Só fique aqui abraçada a mim.
Confirmo com a cabeça e beijo sua boca, um beijo quente que excitou
todo meu corpo novamente. Andrew geme em minha boca.
— Olha o que você faz comigo mia bella. — Ele diz e leva mia mão ao
seu membro que já estava ereto de novo.
— Olha o que você faz comigo il mio magnate. (meu magnata). —
Coloquei sua mão sobre minha boceta, que já estava encharcada mais uma vez.
— Somos insaciáveis. — Ele enfia seu dedo médio dentro de mim, me
fazendo gemer. Ele tira seu dedo e chupa. — Você é uma delicia mia bella.
— Não podemos...
— Eu sei. — Ele diz insatisfeito. Gostoso. — Vamos dormir um pouco.
— Vamos sim. — Como ele estava deitado de barriga para cima, então
fiquei de lado e coloquei minha cabeça no vão de seu pescoço. Seu cheiro
amadeirado se misturava ao seu cheiro de sexo. Senti seus dedos passarem em
minha boceta mais uma vez.
— Andrew? — Digo em meio ao gemido rouco que saiu de minha
garganta.
— Só mais um pouquinho, você não sabe o quanto eu quero te chupar
outra vez.
— Eu também quero que você me chupe e quero te chupar também, mas
só mais tarde. — Eu poderia rir da cara que ele fez, mas todo meu corpo estava
excitado e minha respiração acelerada.
— Só um pouquinho mais? — Volta a pedir.
— Só um pouquinho mais. — Digo me levantando e encaixando minha
boceta em sua boca outra vez. Gemi sentido o contato de sua boca. Olhei para
ele e tentei passar todo meu amor através de meu olhar. Eu podia ver uma
emoção em seus olhos também, mas não sabia dizer qual.
E no fundo, eu pedia coragem para dizer a ele que o amo, pedia que uma
oportunidade surgisse. Mal Sabia eu que essa oportunidade chegaria e não seria
como eu esperava.
CAPÍTULO 33

— D roga. — Digo ao me cortar com o barbeador.


Eu sei usar uma ama muito bem, armar e desarmar bombas, luto boxe,
taekwondo, judô e karatê e já fiz ioga para ter mais controle sobre meu corpo.
Penso. — Faço tudo isso e não estou conseguindo fazer a barba sem me cortar?
Muito bem Mett. Ouço minha mãe dizer em meu pensamento.
Quando isso me acontece, deveras me assusto. Dona Francesca é uma
ótima mãe, mas quando se trata de dar bronca, ela é terrível, meu antigo chefe
lembrava muito ela. Arrepio-me e coloco essa memória na parte escura de meu
cérebro, onde ponho todas as lembranças indesejadas. Lavo meu rosto e saio do
banheiro, deitando na confortável cama box.
Quando o Sr. Castillo voltou para Roma, mandou que eu ficasse
hospedado no mesmo quarto que ele estava. Não costumo me hospedar em hotéis
tão caros, só em hotéis baratos e sempre perto dos hotéis que o Sr. Castillo se
hospeda.
Pagar quatro mil por noite? Não sou maluco de fazer isso, ainda mais
precisando do dinheiro.
Quero dar à casa dos sonhos de minha mãe, mas, a casa custa quarenta
mil, tenho no banco trinta e cinco mil, no mês que vem vou poder presenteá-la.
Agradeço a Dio por trabalhar para o Sr. Castillo. Trabalho como
segurança faz três anos e meio, mas, como chefe da equipe, trabalho há um ano e
dois meses. Achei que seria um trabalho chato, sem emoção, afinal, eu trabalhei
no serviço secreto como espião e o que não faltava era emoção.
Desarmar bombas, matar, me infiltrar, eram tantas missões, que
duravam meses, ou anos. Eu era um sedutor de primeira, as mulheres caiam
aos meus pés.
Sorrio com esse pensamento. Gastei todo o meu dinheiro nessas
deduções. Volto a ficar sério. Estupidez pura.
Mas agora, parece que nem sei fazer mais isso. Suspiro irritado, jogando
o travesseiro em meu rosto. Estou nervoso que nem um adolescente só porque
vou encontrar a mulher que deixa meu corpo excitado depois de tanto tempo no
celibato, ultimamente não tenho tempo para mim e a muito não me interessava
por ninguém. Agora me vejo interessado pela prima de meu chefe e para piorar,
só a vi uma vez e nem estava sozinho.
Ouço o alarme de incêndio tocar e me levanto da cama estressado. Não
daria tempo Vestir algo, como estou sem camisa, usando apenas uma cueca
samba canção, peguei o roupão que estava jogado desleixadamente no sofá,
próximo a cama. Visto as pressas e saio do quarto descalço mesmo. Faço o
possível para não tombar nas pessoas que corriam desesperadas pelo corredor.
Sei que deve ser algum engano, fui treinado para detectar perigo, tudo bem que
ultimamente ando desleixado, negligenciando minhas habilidades, mas como não
sinto cheiro de fumaça, decidi seguir em frente.
Chegando ao lado de fora do hotel, tento não me misturar à multidão de
hospede que se acumulava. Fico mais afastado e sento no banco junto ao portão
de saída do hotel.
Passam-se dois, ou três minutos, sinto alguém se aproximando, inspiro
pesadamente o ar, a última coisa que eu quero é conversar com alguém. Mas, ao
inspirar, sinto o cheiro dela, da mulher que invade meus sonhos todos os dias.
— Sr. Acco? Quase não o reconheci. — Ela diz ao chegar mais perto.
Acho que alguém andou pesquisando sobre mim, não me lembro de o Sr. Castillo
dizer meu sobrenome, tão pouco eu. A quem eu quero enganar? Eu também
pesquisei sobre ela.
Descobri que o nome dela é Alissa Montanari, 25 anos, pais já falecidos,
única herdeira da fortuna Montanari, seus pais fabricavam joias e quando
faleceram, tudo ficou para ela. Estudou direito em Oxford, passou com louvor,
primeira de sua turma, atuou na área por cinco anos, mas, desistiu para trabalhar
como detetive particular, o qual atua por três anos.
Como a imaginei, ela é uma mulher inteligente, determinada, confiante,
forte e muito linda e o que me excitava mais, é que ela nem precisa se esforçar
muito.
— Buona notte, Srta. Montanari. Chame-me de Mathew. — Digo ao me
virar para ela.
Contive um gemido ao vislumbrar sua aparência. Ela usava um roupão
também e uma sandália havaiana nos pés, seu longo cabelo castanho escuro se
encontrava solto e minhas mãos coçavam para tocá-lo ao menos uma única vez.
Reprimi minha vontade. Levantei-me, forçando meus olhos a encarar o rosto
dela, mas, eles teimavam em descer para o seu corpo. Minha intuição dizia que
ela não usava nada por baixo.
Isso vai ser uma tortura Dio mio, ou se vai.
— Deixe de formalidades Mathew, me chame de Alissa. Vamos trabalhar
juntos, não precisamos ser tão formais.
Precisamos sim, a formalidade me faz lembrar onde é o meu lugar
nessa história.
— Preciso sim senhorita, seu primo é o meu chefe...
— O senhor falou certo. — Ela me interrompe. — Meu primo é o seu
chefe, não eu, estou pedindo educadamente que me chame pelo meu nome.
Isso me pareceu mais uma ordem que um pedido.
Arqueei minhas sobrancelhas e continuei a encarar seu olhar
determinado.
— Srta. Montanari? — Escuto alguém chamá-la e dou um passo para trás.
Notei que era o gerente do hotel. Ele aparentava ter uns vinte e cinco ou vinte
seis anos, sua forma de agir, falar, até mesmo olhar, dizia que ele está a fim de
Alissa.
Não gostei, sei que não tenho nada com ela, mas, ainda assim não
gostei. Reprimir meu ciúme.
— Perdoe-me o transtorno, o alarme de incêndio apitou no quarto de um
dos hospede, mas, foi um alarme falso. — Ela balança a cabeça e eu fico só
escutando. — Sobre o problema de seu quarto, o acondicionado está com
defeito, estamos tentando conseguir um novo quarto para senhorita, mas, estamos
lotados, por isso a demora. Vamos reembolsá-la por isso.
— Não se preocupe Sr. Alejandro, vou ficar no quarto do Sr. Acco essa
noite.
— Vai? — Perguntamos os dois juntos. Ele deve está pensando que
estamos juntos.
Que pense, melhor assim.
— Vou. — Ela responde, alternando seu olhar entre mim e o gerente. —
Temos um trabalho a cumprir e quanto mais rápido realizarmos, melhor. — Ela
completa rápido, rápido até demais.
Achei que ela quisesse passar algum tempo comigo.
Algo idiota em pensar, se eu acabei de dizer para mim mesmo que sei
qual é o meu lugar e isso me frustra.
— Como queira senhorita. — Digo polido, nem olhando em sua face,
olhar para ela, com toda certeza me denunciaria. — Os quartos já foram
liberados? — Pergunto ao gerente.
— Foram sim. — Ele responde para ela.
Eu pergunto e ele responde para ela.
— Ok! Idiota. — Deem-me licença. — Digo e começo a caminhar.
— Mathew espere, vou com você. — Escuto ela dizer. Paro e ela me
alcança, depois recomeço a andar com ela ao meu lado.
Ela nada disse, então não achei necessário dizer algo. Entramos no
elevador e aperto meu andar.
— Qual andar a senhorita está?
— No mesmo que o seu.
— Deseja buscar alguma coisa lá? — Eu queria muito olhar para ela,
mas, enclausurados dentro desse elevador, seu cheiro começava a me excitar.
— Não precisa, tenho tudo que preciso no momento, pela manhã eu volto
para o meu quarto, mas se for incomodar, posso dormir em meu próprio quarto,
não se sinta obrigado a me ajudar. — Ela toca em meu braço ao dizer. Meu pau
reage na hora.
— Não se preocupe, não incomoda.
Mas é uma grande má ideia dividimos o mesmo quarto.
Chegando a porta do quatro, abro e deixo-a entrar.
— fique a vontade. — Digo, sentando no sofá. Ela se joga na cama sem
cerimônia. Juro que não foi porque eu quis, vi uma coxa inteira dela e metade de
sua bunda.
E que bunda é aquela?
Cruzo as pernas, disfarçando minha ereção que já me incomodava.
— O que a senhorita precisa conversar?
— Ah, sim, a conversa. — Achei que ela quisesse conversar, mas, pela
cara que ela fez, tenho certeza que não.
Por que ela quis dormir aqui então? Será que é para fugir do gerente?
Espero que sim.
— O resultado do DNA deu positivo para Daniele e o número levou a
Jonas.
— Como sabe do resultado de DNA? Ele ficou de sair somente pela
amanhã.
— Conheço alguém lá dentro.
— Preciso avisar ao Sr. Castillo...
— Não precisa, já avisei.
Eficiente ela. Penso irônico. Esse é o meu trabalho.
— OK, senhorita.
— Temos um problema. — Ela diz e senta na ponta da cama em frente a
mim.
— Qual? — Pergunto alarmado.
— Nenhum juiz quer liberar um mandado, nem daqui e nem de Roma.
— Como não? As provas justificam um mandado.
— Eles não querem reconhecer como provas.
— Droga! — Exclamo com raiva.
Por um deslize, acabo descruzando as pernas e o olhar dela vai direto em
minha ereção e ela nem disfarça. Talvez ela ache que vou ficar constrangido,
mas, ela está enganada se tiver pensando isso. Pigarreio para chamar sua atenção
para mim. Ela me olha e o que vejo é desejo, puro desejo. Tive que disfarçar o
quanto isso me agradou.
— Ah, sim, a conversa. — Ela diz deixando claro que não queria
conversar.
— Sim...
Será que ela é sempre assim, transparente, ou isso só se passa comigo?
— Tive uma ideia para prender de uma vez por todas Jonas e Daniele.
— Qual ideia? — Forço minha mente a prestar atenção na conversa que
se desenrolava.
— Amanhã te conto melhor.
Vai entender essa mulher.
— Assim, tudo bem, a senhorita deve está cansada. Pode ficar com a
cama, dormirei no chão.
— Por que não dorme na cama também? Afinal ela é sua, você está
pagando por ela.
— Não me importo em dormir no chão, além do mais, a senhorita pode
ter sua privacidade.
— Porra, eu quero lá privacidade. — Ela bufa e levanta da cama. Eu
fiquei sem entender sua reação. O que eu disse que a deixou assim? — Acha que
eu quero dormir? Você dificulta muito para mim não tomando uma atitude.
Ela começa a abrir o seu roupão e eu começo a ver minha resistência
indo por água abaixo.
— O que está fazendo? — Ela abre o roupão e eu vejo meus sonhos se
tornando realidade, era até melhor do que eu imaginei. Sua pele amendoada
parecia chamar por mim. Seu corpo malhado, suas pernas carnudas, seus seios
fartos e firmes, sua cintura linda, sua bunda empinada e sua boceta lisa, tudo
chamavam por minha boca, mas ainda assim, eu escolhi resistir, eu precisava.
— Você me come com os olhos e não toma nenhuma atitude. — Ela joga
o roupão no chão e caminha até mim, sentando em meu colo.
— Acho melhor a senhorita não fazer isso. — Digo com minha voz rouca
de tesão.
— Então me tire? — Ela me olha determinada e começa abrir meu
roupão. — Está com medo, Mathew?
— Da senhorita? — Ela balança a cabeça afirmando. — E por que eu
teria medo? A senhorita é prima de meu chefe, cadê meu profissionalismo?
— Você é profissional, Mathew, mas, nesse momento somos duas pessoas
que se sentem atraídos um pelo outro. Sinta Mathew, o quanto você me deixa
excitada.
Ela leva minha mão direita a sua boceta lubrificada de tão molhada que
estava. Senti-la fez meu pau pulsar e minha resistência ir por agora abaixo.
Comecei a massagear seu clitóris, arrancando gemidos de sua boca.
Suas mãos foram direto em minha cueca samba canção, puxando-a para
baixo, levanto meu quadril a ajudando a tirar a cueca.
Feito isso, ela senta em cima de meu pau novamente, me fazendo gemer
alto, mesmo sem penetrá-la. Ela se move para frente e para trás, gemendo cada
vez mais alto, jogando a cabeça para trás. Essa é a cena mais erótica que já
presenciei, eu podia gozar com esse vai e vem dela, mas, eu me segurei, eu
queria vê até onde ela iria.
— Vou gozar, Mathew. — Ela sussurra em meu ouvido, me deixando
arrepiado.
— Então goze para mim, La mia principessa. — Digo em seu ouvido
também.
Tiro minha mão de sua boceta e as coloco em seu quadril, fazendo ela se
mover mais rápido, ela beija minha boca com voracidade, gozando em seguida,
eu sentia seu gozo em mim e me arrependi de não tê-la chupado, sugado todo seu
néctar. Seu beijo era enlouquecedor, quase gozei junto com ela.
— Você me fez gozar tão gostoso e nem está dentro de mim ainda. — Ela
me beija outra vez. — Quero senti seu gosto Mathew.
— Eu também quero sentir seu gosto, mas, eu preciso estar dentro de
você.
— Eu também quero. — Ela levanta o quadril e segura meu pau, seu
toque foi sensacional. Seu olhar era totalmente seguro de que queria meu membro
grosso de dezessete centímetros, dentro dela.
Ela se movia lentamente, Subindo e descendo. Eu beijava com ternura
sua boca e pescoço.
— Mas rápido, Mathew. — Ela diz e morde meu ombro. Agarro a cintura
dela a fazendo gritar em surpresa. Deito-a no sofá e começo a penetrá-la com
rapidez.
— Isso, tá gostoso demais, não para, não para Mathew. — Ela diz rindo
que nem louca. Ela é tão entregue, isso me deixa mais excitado.
— Não vou parar. — Digo me controlando para não gozar antes dela.
— Vou gozar, Matthew. — Ela anuncia minutos depois.
— Então goze para mim, principessa.
Seu gozo foi espetacular, ela gemia e se debatida, eu podia sentir o
líquido de seu gozo e dessa vez desci e chupei sua boceta com gosto, ela estava
alucinada, eu tive que segurar suas duas coxas. Satisfeito, subi e voltei a penetrá-
la cada vez mais rápido, sua boceta se contraia e a medida em que eu acelerava,
uma sensação gostosa, singular, me invadia, tudo muito novo para mim.
— Vou gozar, principessa. — Digo me afastando, mas, ela me agarra com
suas pernas.
— Não, goze dentro de mim, quero sentir. — Olhei para ela com carinho
e voltei a me afundar bem fundo dentro dela.
Quando gozei dentro dela, me senti em casa, como nunca havia sentido
com nenhuma mulher. Ela ainda anunciou que estava gozando outra vez. Senti-me
um homem sortudo em ter proporcionado a ela três orgasmos intensos.
Levantei-me do sofá com ela em meu colo e comigo ainda dentro dela.
Deito na cama, saio e a puxo para deitar sua cabeça em meu peito. Ela estava
toda mole. Sorrio a vendo desse jeito.
— Está rindo de mim, Mathew? — Seu sorriso encantador já me deixava
excitado outra vez.
— Eu não, Alissa.
— Diz outra vez? — Ela põe sua mão em minha face e a aproxima mais
sua cabeça no vão de meu pesco.
— Alissa?
— Sim, parece até uma canção vinda de seus lábios.
— Fico feliz em você gostar, prometo passar a chamar mais vezes. —
Beijo sua boca selando a promessa.
— Vou amar todas às vezes que você disser. — Ela diz sonolenta.
— Eu também vou amar. — Pego o cobertor e cubro nós dois,
aconchegando-a mais perto de mim.
— Fico feliz de você não ter me rejeitado.
— Eu não faria isso, a quero desde o primeiro dia que te conheci.
— Eu também. — Ela diz abrindo a boca. — Estou quase dormindo. —
Ela sorrir.
— Então durma, principessa.
Sinto sua respiração ficar lenta e vejo que ela já adormeceu. Fico
pensando no sexo maravilhoso que tivemos, já querendo repetir. Tenho receio de
ser apenas um sonho e que pela manhã, ela acorde e diga que foi um erro.
Espero que não, anelo fazer isso mais vezes.
Penso em uma forma agradável de acordá-la ao amanhecer. Sorrio já com
algo em mente.
CAPÍTULO 34

Desperto sentindo um hálito quente em minha barriga, sinto um beijo


molhado, que vai descendo cada vez mais. O sono tinha ido embora, dando lugar
a uma fome pelo homem que estava a ponto de lamber meu ponto mais sensível.
Suspendi minha respiração, antecipando seu toque.
— O que está esperando? — Ofegante, pergunto a ele. Uma breve
surpresa passou por seus olhos, mas foi substituído pelo desejo, puro desejo.
— Estou admirando você, é tão linda principessa. — Ele lambe meu
ponto sensível e arranca um gemido alto e rouco de mim. — E deliciosa também.
Desde a primeira vez que eu bati meus olhos em Mathew, senti uma
atração instantânea, minha calcinha ficou toda molhada. Imaginei-o fazendo
maravilhas comigo.
Pesquisei sobre a vida dele e quando vi que seus arquivos estavam
criptografados, pensei logo: Aí tem coisa.
Pedi a Miguel, meu irmão adotivo, para hackear seus arquivos e para
minha surpresa, descobri que ele é um ex-agente secreto aposentado, saiu para
cuidar da mãe.
Parecia que quanto mais eu sabia sobre ele, mais eu me sentia atraída.
E ontem, conversando com ele, decidi que o queria, ansiava senti-lo
dentro de mim. Sou um tipo de mulher que quando quero algo, vou à luta.
Cheguei a pensar que ele não estivesse interessado, mas quando vi o enorme
volume abaixo de sua cintura, toda a dúvida foi embora.
Toda hora olhava para seu pau, curiosa para saber o que tinha por dentro
daquele roupão, imaginando seu membro enterrado fundo dentro de mim. Por
mais que eu notasse seu desejo por mim, já o peguei olhando meus lábios, meus
seios, mas ainda assim, ele resistia. Juntou minha fome com a vontade de comer,
então tomei a iniciativa, ele só precisava disso.
Ele me enlouquecia com sua língua e boca. Sua boca gostosa, sua língua
macia, que brincava e rodeava meu clitóris, nunca ninguém tinha me chupado
desse jeito e eu me sentia cada vez mais envolvida.
Notei sua experiência em chupar uma boceta sem mimimi, me fazendo
cada vez mais o querer, foi com esse pensamento que eu gozei feito louca, não
era um simples gozo, o líquido parecia jorrar de dentro de mim e ele me chupava
com gosto. Esse homem vai ser minha perdição.
Sentei na cama e o puxei para mim, dando um beijo quente e molhado,
pude senti meu gosto em sua boca.
— Agora é a minha vez. — Digo o fazendo deitar e montando em cima
dele.
— Eu sou todo seu. — Ele rir e posicionam suas duas mãos atrás da
cabeça.
— Continue dizendo isso e vou acabar acreditando. — Beijo seu
peitoral. Seu físico não era muito forte, mas, era do jeitinho que eu gostava, sua
barriga chapada era uma delícia. Desci e abocanhei com tudo seu pau enorme,
cheguei a ficar sem ar com aquele membro todo em minha boca. O sentia pulsar
em minhas mãos, ele ia gozar em minha boca e eu estava faminta por isso. Mas
ele me puxou de repente e eu gritei em resposta.
— O que está fazendo? Quero que goze em minha boca.
— Depois, agora quero gozar dentro de você outra vez.
Ele estava todo gostoso em cima de mim, esfregando seu pau pelo meu
corpo, não via a hora dele entrar. Ele me beijou e eu senti seu pau descendo até
minha boceta e sem pena, enfiou com tudo e eu gemendo e sentindo seu membro
latejando dentro de mim. Sem que eu pudesse evitar, imaginei na minha cabeça:
Porra o quero dentro de mim todos os dias.
Ele me comia sem dó, empurrava com vontade, era selvagem e novo para
mim fazer um papai e mamãe tão sacana. Eu estava sem sexo há meses e nunca
tinha gozado assim, fui ao céu e voltei. Eu gemia e ele empurrava mais e com
força.
— Você é meu gostoso. — Mordo seu ombro com vontade.
— Sou seu sim. — Olhei em seus olhos, havia algo além de desejo.
Talvez ele possa me amar algum dia, porque eu sei que já posso estar nesse
caminho.
Talvez seja rápido demais pensar isso Alissa. Questiono-me em
pensamento.
Mas no fundo eu sabia que não me importava em ser rápido, desde que
seja verdadeiro.
Foi assim, nos olhando que gozamos juntinhos, olhei para ele e disse:
— Se eu soubesse que seria tão bom, tinha te seduzido naquele dia que
nos conhecemos. — Ele deita na cama e eu me aconchego em seu peito.
— E eu não teria resistido tanto, negando meus sentimentos. Não quero
que acabe aqui.
— Nem eu, vamos tentar, namora comigo?
— Eu não tenho nada a te oferecer...
— Eu quero você, quero que esteja ao meu lado, quero contar com você,
você pode fazer isso?
— Posso!
— Então você tem algo a me oferecer. Você quer namorar comigo? —
Volto a perguntar.
— Eu quero sim. — Ele me beija selando o momento.
— Se você quiser, eu posso contar ao meu primo...
— Não, eu quero contar. — Meneio a cabeça em resposta. —Vamos
tomar banho e comer alguma coisa.
— Vamos, tomamos café em algum restaurante e te conto o plano.
Tomamos um banho demorado e excitante, cheio de carícias e beijos
deliciosos. Em seguida fui ao meu quarto, que era um pouco afastado do dele e
deixei-o se vestindo.
Vesti uma calça jeans preta e uma blusa social branca e um blazer bege.
Deixei meu cabelo solto e calcei uma sandália de salto alto preta. Saí e me
encontrei com Mathew, no elevador. Ele vestia uma calça jeans azul, uma camisa
social cinzas e um terno preto, seu cabelo despenteado dava uma linda visão.
Ao entra no elevador, ele aperta o botão da garagem e sem demora agarra
minha cintura e me dá um beijo de tirar o fôlego, a porta do elevador se abre e
quando interrompemos o beijo, o Sr. Alejandro nos observava de boca aberta.
— Vai descer? — Mathew pergunta impaciente. O gerente sempre
deixava claro que estava interessado em mim, eu que nunca o incentivei a
continuar e Mathew parece ter notado seu interesse.
— Não, estou subindo. — Notava-se a mentira em seus olhos, mas, fiquei
feliz por ele não ter entrado, pelo menos o clima não ficaria pesado.
O elevador se fechou e continuou a descer e eu e Mathew a nos beijar
ardentemente.
Saímos com meu carro e Mathew dirigia. Tomamos café em um
restaurante próximo ao hotel, contei a ele um pouco do plano, de início ele achou
perigoso, mas acabou cedendo, deixei claro que faria com ele ou sem ele. Após
o café, seguimos para conhecer os outros integrantes da equipe. Missão: Fuder
com a vida de Jonas e Daniele.

— Mathew esse aqui é Fernando, o melhor mecânico do mundo, conserta


tudo e também é um excelente inventor.
— Satisfação cara. — Fernando diz com um sotaque arrastado. Mathew o
cumprimenta estendendo sua mão direita.
— Esse é Carlos, o melhor piloto que você vai encontrar. — Carlos
balança a cabeça e cumprimenta Mathew. Ele não gosta de contatos físicos.
— Exagero dela. — Carlos diz sorrindo timidamente.
— Exagero coisa nenhuma, você é um piloto sensacional. — E esse
daqui é Miguel, o melhor hacker que conheço.
— E você conhece outros? — Miguel pergunta sorrindo que nem uma
hiena.
— Conheço não. — Respondo sorrindo também. — Garotos, esse é meu
namorado Mathew, ele vai nos ajudar nessa missão. — Mathew acena, em
seguida coça o queixo.
— Quantos anos vocês tem?
— Fernando tem dezenove anos, Carlos dezessete e Miguel dezesseis.
— Eles são apenas crianças, Alissa...
— Crianças? Eu já fiz coisas que você nem imagina. — Miguel diz
parecendo ofendido.
— Tipo? — Mathew pergunta desacreditando.
— Já invadi o pentágono duas vezes e não fui pego. — Ele diz orgulhoso
e eu olho para ele com cara feia.
— Impressionante. — Mathew responde sorrindo. Olho para ele com
cara feia também. — Mas não se deve fazer esse tipo de coisa, é perigoso
demais. — Ele emenda rápido.
— Eu sei, isso foi antes de conhecer Alissa, agora somos irmãos.
Mathew olha não entendendo nada.
Eles eram muito diferentes. Fernando tem a pele muito clara, seu cabelo é
loiro, escorrido até o ombro, ele é bastante alto, quase a altura de Mathew, perde
por alguns centímetros, já Carlos, é negro e forte, seu cabelo é cacheado
volumoso e castanho escuro, Miguel, seu pai era coreano e sua mãe negra, ele
saiu uma mistura linda, ele é baixinho, magro, cabelos pretos bem cortados, sua
pele é em um tom amendoado. Eles são muitos diferentes como eu havia falado.
— Somos irmãos adotivos. — Miguel explica. — Alissa nos conheceu há
quatro anos nas ruas de Roma. Ela nos tirou de lá e desde então, nos ajuda,
pagou a faculdade de Fernando e Carlos e agora paga a minha. Ela nos adotou,
mas nos trata como irmãos e a amamos muito, então é melhor você não magoá-la,
porque se não, vou hackear seus dados, faço você um desconhecido, acabamos
com sua vida. — Os outros afirmam concordando com Miguel. Ele falou sério e
achei linda a atitude deles em me proteger.
Olhei para Mathew, ele estava me encarando encantado, nem pareceu
ligar para ameaça de Miguel. Pisco para ele.
— Não ligue para as ameaças deles. — Sussurro.
— E o que você faz, Mathew? — Carlos pergunta quebrando o clima.
— Sou ex-agente secreto e atualmente sou chefe de segurança. — Os
garotos pareceram impressionados. Eu também, não achei que ele falaria que era
agente secreto.
— Matou muitos bandidos?
— Miguel! — O repreendo. — Isso é pergunta que se faça?
— Deixe Alissa. — Ele diz com um sorriso triste. — Já fiz muita coisa
de que não me agrado. Fui treinado para ser o melhor e fui. — Os meninos
ficaram o encarando por algum tempo e Miguel pareceu assustado, confesso que
até eu fiquei. — Mas isso agora é passado. Vamos repassar o plano. — Ele
completa parecendo incomodado.
— Sim, vamos. — Digo e me aproximo dele, beijando sua face e depois
sua boca. — Não vejo a hora de estar sozinha com você. — Sussurro em seu
ouvido.
— Ah, pelo amor, façam isso quando estiverem sozinhos. — Miguel diz
aparentando incomodo.
— Vai à merda Miguel. — Digo, ainda abraçada a Mathew. Ele bufa em
resposta.
— O plano. — Carlos diz de repente.
— Sim, o plano. — Exclamo. Aproximamo-nos da mesa improvisada que
Fernando montou. — Descobri que Jonas alugou uma casa aqui, já pesquisei o
lugar e a segurança é reforçada, mas nada que vocês não possam resolver. Eu
estava mais confiante do que aparentava. — Há muitas câmeras, o trabalho de
Miguel será hackeá-las, Fernando vai desarmar os alarmes, eu e Mathew,
cuidamos dos dois seguranças que ficam no portão e dos dois que ficam na
entrada da casa. Carlos vai ser nosso motorista. Então fiquem atentos. — Digo
olhando para eles. — Assim que Fernando desarmar os alarmes, só teremos
trinta minutos até o alarme voltar a funcionar, a desativação é temporária.
Perguntas?
— Qual o objetivo disso tudo? — Miguel pergunta.
— O objetivo é fazer Jonas confessar tudo olhando em uma câmera.
— Como faremos isso? — Dessa vez Carlos que pergunta.
— Mathew fará.
— Eu?
— Sim, de todos nós, você é o mais qualificado.
— Estou fora de forma principessa.
— Essas coisas não se esquecem, sei que você vai se sair muito bem.
— OK! — Ele me pareceu chateado, talvez eu devesse ter perguntado se
ele pode ou não fazer. — E as armas? — Ele indaga seco.
O que eu disse de errado?
— Armas de dardos tranquilizantes. — Pego a mala e entrego-o. —
Comprei uma para cada. — Ele tirou as armas e começou a desmontar uma por
uma e olhar, ele fazia tão rápido, nem parecia tocar nelas. Os meninos ficaram
admirados. E eu só conseguia imaginar as mãos dele a me tocar de novo.
Realmente eu não sabia desse meu lado fogoso.
— Trouxe minha arma também. — Ele tira uma arma grande de dentro de
seu terno.
— Quer isso cara, como foi que essa arma coube ai dentro? — Miguel
questiona entusiasmado. — Que tipo de arma é essa?
— Uma Airsoft Rifle Shotgun Escopeta Spring. — Miguel balança a
cabeça como se tivesse entendido alguma coisa, mas, eu e os meninos sabemos
que ele não entendeu nada. — Tudo bem eu levá-la? — Ele olha para mim e
pergunta.
— Tudo bem! — Digo e Mathew começa a limpar sua arma com maestria
e mais uma vez imaginei a mão dele em meu corpo. Ultimamente meus
pensamentos estão muito libertinos.
— Mas alguma duvida? — Inquiro, encarando cada um deles.
— Não. — Eles dizem, menos Mathew, que nem olha para mim. —
Ótimo. Vão fazer o que vocês precisam fazer e estejam aqui às vinte horas em
ponto. Miguel, consiga a câmera que pedi e o modificador de voz, usem o cartão
para comprar e Carlos e Fernando, consigam nosso transporte, a van preta e
nossas roupas pretas também. — Eles concordam e saem pela porta.
Mathew ainda trabalhava em sua arma. Fui ao lado mais escuro do
galpão, lá tinhas uns fenos que dava para deitar. Fui para lá acalmar meus
nervos, eu estava excitada e Mathew parecia chateado com algo, fiquei com
receio de beijá-lo.
Viro-me de costa para porta e suspiro frustrada. De repente sinto um
braço ao meu redor, fico tensa na hora.
— Relaxe, principessa, sou só eu. — Mathew diz, suspiro e relaxo na
hora. — Tudo bem?
— Sim, e você, algum problema?
— Não.
— Tem certeza? — Volto a perguntar, me virando e olhando em seus
olhos. — Você ficou estranho de repente. — Ele me encara por um tempo antes
de voltar a falar.
— Eu não quero machucar ninguém.
— Você não vai, vou estar lá com você. — Dou-lhe um selinho.
— Certo, grazie. — Ele sorrir ao dizer.
E que sorriso é esse pai, meu coração chega perder uma batida. — E
você?
— O que tem eu?
— Algum problema?
— Não!
— Tem certeza? — Ele sabe que estou excitada? Seu sorriso safado
confirmou a minha suspeita. — Você me parece incomodada com algo. — Olhei
para ele na dúvida se dizia ou não à verdade.
— Ver você mexendo naquelas armas me deixou muito excitada, vim para
cá me acalmar.
— E por que não me agarrou? Vi várias formas de te fazer gozar em cima
daquela mesa. — Desabotoei minha calça e a desci até metade de minha bunda.
— Toque em mim, quero que você foda minha boceta com seus dados.
— É mesmo? — Sua voz, seu hálito quente em meu rosto, só me deixava
mais excitada.
Suas mãos foram bem devagar em direção a minha boceta, quando ele me
tocou, suspirei aliviada.
Ele estimula meu clitóris, deixando ele duro, em seguida seu dedo entra
lento e gostoso em meu ponto pulsante. Depois ele coloca três dedos e começa a
me penetrar rápido.
— Isso, Mathew, mete mais rápido. — Ele sentou no feno e tirou minha
calça e minha calcinha com sua mão livre e com a outra ainda metia fundo dentro
de mim.
— Eu quero que você me foda com força, usando seus dedos longos
Mathew, sonhei muito com isso. — Ele levanta seu joelho esquerdo e põe minha
perna direita em cima de seu joelho, intensificando cada vez mais seus
movimentos.
— Goze em meus dedos, principessa. — Ele me beija. Meu corpo ficou
tenso e o gozo veio com tudo, tão intenso que revirei os olhos.
Mathew tirou seus dedos de dentro de mim e os chupou com o meu gozo
que escorria deles, uma visão muito excitante.
— Você é muito gostosa, sinta o quanto você é gostosa. — Ele beija
minha boca e eu sinto meu gosto em sua boca.
Ele abre sua calça, colocando seu membro enorme de fora. Coloca
minhas pernas em seu quadril e desliza seu pau delicioso para dentro de mim.
Com um movimento rápido me fez ficar por cima dele. Pude sentir toda sua
extensão. Gemi em resposta.
— Cavalgue seu homem, principessa.
— Amo quando me chama assim. — Ele me chamou assim três ou quatro
vezes?
Ele coloca suas mãos em meu quadril, intensificando a penetração.
Eu queria que ele gozasse na minha boca, cavalguei gostoso, mexia e
rebolava com vontade e as vezes bem devagar, alternando para rápido, até ele
anunciar que ia gozar, então levantei, me debrucei sobre ele e coloquei minha
boca naquele membro grande e cheio de veias, que encheu minha boca em vários
jatos, suguei tudo, chupei até achar que já tive o suficiente dele. Ergui-me,
limpando a boca e sorrindo.
— Você é gostoso demais. — Jogo-me em cima dele, exausta.
— E você é suculenta, já estou com vontade de te chupar novamente. —
Sinto seu membro crescer em minha barriga.
— Insaciável. Estou exausta, acho que vou dormir em cima de você.
— Durma principessa. — Ele diz, beijando meu pescoço com carinho. E
foi o que fiz, acabei dormindo em cima dele.
CAPÍTULO 35

— H ackeou as câmeras, sentinela? — Pergunto pelo


comunicador. Cada um ficou com um codinome, invenção de Miguel.
— Sim, Moana. — Miguel que estava dentro da van responde.
— Dominic Toledo, o carro está apostos?
— Com toda certeza, Moana. — Carlos responde.
— The Rock já cuidou dos bonecos de chumbo, transforme já cuidou do
alarme, a Barbie está dormindo em seu quarto. Fiquem ligados.
— Estamos ligados. — Sentinela responde. Deixo Fernando de guarda na
porta e subo com Mathew, que estava todo gostoso usando calça e blusa de
manga preta. Todos vestiram a mesma coisa, mas nele, o deixou gostoso demais.
Fico feliz de estar com a máscara, senão, ele veria minha cara de safada,
olhando a bunda gostosa dele.
— Fique atenta. — Ele diz virando e me pegando no flagra, olhando sua
bunda. Tenho quase certeza que ele está rindo.
— Ficarei. — Respondo.
— É sério, principessa.
— Eu sei gostoso.
— Vocês se comportem, todos estão escutando suas melações, vamos
acabar enjoando. — Miguel diz exasperado.
— Idiota. — Respondo.
Mathew para em frente ao quarto de Jonas e liga seu modificador de voz,
eu faço o mesmo. Ele abre a porta com cuidado e vai na frente, ele parecia
flutuar e eu me sentia uma desastrada perto dele. Mathew tirou sua arma do
bolso, colocou um silenciador e bateu de leve na cabeça de Jonas.
— Acorda dorminhoca? — Diz.
Jonas deu uma virada que eu cheguei a pensar que ele tinha tido um
torcicolo.
— Quem são vocês? — Ele questiona assustado.
— Somos aqueles que você não vai querer ver com raiva, agora se senta
na cama. — Mathew ordena, fazendo gestos com a arma. Eu nada disse, preferi o
deixar fazer o seu trabalho.
— O que vocês querem comigo? Dinheiro? Eu tenho.
— Não queremos seu dinheiro, queremos a verdade. — Mathew estava
tão sexy, aquela voz o fazia parecer mais atraente ainda.
— Que verdade? — Jonas pareceu confuso.
— Que você tentou matar Andrew Castillo.
— Eu não fiz isso.
Mentiroso.
— Sr. Jonas Vitello. — Que ironia gostosa de ouvir. — Uma coisa que
eu farejo de longe são pessoas mentirosas.
— Eu não fiz isso. — O idiota continuava a insistir.
— Sr. Vitello, eu já fiz coisas que você não imagina ou sonha. Fazer
essas coisas requer uma estrutura mental que o senhor não teria, executo alvos,
fazendo parecer acidentes, ou deixar outra pessoa receber a culpa.
Agora eu sei por que ele disse que não queria machucar ninguém.
— Vou te contar um segredo, Sr. Vitello... — Mathew se aproxima de
Jonas e diz em um tom baixo. — Puxar o gatilho é fácil, fácil até demais.
Eu vi a hora que Jonas tremeu na base. Mathew me chamou e eu me
aproximei já ligando a câmera.
— Outra coisa, sua mulher disse que a culpa é toda sua, o que você vai
fazer a respeito?
Entreguei a câmera ligada para ele e disse que ele tinha que usar como se
tivesse usando uma câmera frontal. Ele virou a tela da câmera para ele e se
posicionou para falar.
— Meu nome é Jonas Vitello, e declaro que eu e Daniele Araújo,
tentamos matar meu primo Andrew Castillo. Um hacker contratado, hackeou o
sistema do helicóptero e Daniele manipulou a aeronave com um controle remoto.
Daniele também é a responsável pela bomba plantada na casa de Andrew há um
ano e dois meses. Eu fui seu cúmplice. Ela fez isso de olho na herança de
Andrew, achando que o nome dela estava no testamento dele ainda. A maldita
tentou me matar, eu quero mais é que ela se foda.
Se eu não tivesse com a máscara, ele me veria de boca aberta. Que
absurdo, a vadia queria o dinheiro de meu primo, puta, desgraçada.
— Vocês acham que vou me deixar prender. — Ele diz entregando a
câmera para mim. — Eu fugirei na primeira oportunidade.
— Eu vou atrás de você onde estiver e quando eu te pegar, você vai se
arrepender por ter fugido.
Um barulho alto se ouviu pela casa toda, dando o sinal de que tínhamos
que sair logo dali.
— A polícia está chegando.
— Verdade, mas ainda temos tempo para algo mais. — Ele olha para
mim. — A arma. — Entrego a ele a arma de tranquilizante.
— O que é isso? Você disse que não me mataria.
— E não vou. — Mathew aponta a arma para ele.
— Não, não. — Ele grita. Mathew atira e acerta um dardo bem na sua
testa, demorou alguns segundos, mas logo Jonas desmaia. Mathew puxa o dardo e
saímos às pressas do quarto, descendo as escadas correndo. Encontramos um
Fernando todo agitado.
— Porra, achei que vocês não sairiam nunca daquele quarto. Vamos,
vamos, temos cinco minutos no máximo até a polícia chegar. — Ele tinha razão,
eu já escutava as sirenes.
Saímos correndo pela porta da frente mesmo. Os seguranças estavam
quase despertando.
Chegamos ao local onde a van estava estacionada. Para nossa surpresa,
as portas da van estavam fechadas. Bateu-me um desespero. Fui até a frente da
van e vejo uma cena ridícula. Carlos cantava as alturas acompanhando o som da
van que estava altíssimo também. A música era um Rip Rop americano. Bati nas
portas, nada de ele me escutar. Ele só faz esse tipo de coisa quando está nervoso.
Isso é uma merda mesmo, pedi para ficarem atentos.
— Carlos está com a música nas alturas e não está me escutando.
— O quê? — Fernando pergunta desesperado. — Vamos todos ser
presos.
— Ninguém vai ser preso. — Mathew diz calmo.
Fomos os três para frente da van e começamos a bater e nada dele nos
notar. Mas Fernando teve a brilhante ideia de subi no capô da van assustando o
Carlos. Eu estaria rindo da situação se não tivesse puta de raiva com Carlos.
— Abre a porra dessa van. — Fernando diz. Rapidamente a van é aberta
e nós entramos correndo. Bati na janelinha que dá acesso a frente e a cabeça de
Carlos aparece.
— Oi? — Ele diz envergonhado.
— Você tem trinta segundos para nos tirar daqui em segurança.
— Deixe comigo. — Fecho a janelinha e Carlos sai em disparada com o
carro.
— Tome Miguel, coloque a gravação na internet, faça uma forma desse
vídeo viralizar.
— Deixe comigo. — Ele responde com um sorriso largo. Suspiro
aliviada.
Olho para Mathew e ele está me encarando. Ele me chama e eu vou até
ele e o surpreendo sentando em seu colo.
— Oi? — Pergunto e lhe dou um selinho em seguida.
— Senti saudades, não vejo a hora de estar sozinho com você.
— Eu também, quero apertar sua bunda. — Ele rir de meu comentário.
— Eu vou apertar e fazer muito mais. — Ele diz.
— Cazzo, cazzo. (Puta que pariu). — Miguel exclama de repente. — Eu
estou aqui sabia? E o Fernando também. Se quiserem transar, esperem estar
sozinhos.
— Cala a boquinha Miguel, me deixe conversar com meu namorado em
paz.
— Ah, tanta coisa para conversar Lissa. — Fernando diz. — Transem
depois.
— Conversar sobre o quê?
— Como o fato de seu namorado ser um fodão. — Miguel se intromete
dizendo. Seus olhos brilhavam denunciado sua idade.
— Eu não quero falar sobre isso agora, prefiro namorar. — Digo e me
viro beijando Mathew com intensidade.
— Estraga prazer. — Miguel declara exasperado. Eu e Matthew sorrimos
em meio ao beijo.
— Acho que vou pedir uns dias de folga ao meu chefe. — Mathew
declara me olhando com carinho.
— Sério? — Ele balança a cabeça afirmando. Abraço-o bem apertado e
sussurro em seu ouvido. — Acho que estou me apaixonando por você.
— Eu tenho certeza que já estou apaixonado por você. — Ele diz e me
beija com carinho outra vez.
Abraçada e escutando suas palavras, acendeu algo dentro de mim. Pela
primeira vez, desde que meus pais faleceram, me senti em casa, rodeada pelos
“homens de minha vida”. Agarrarei essa oportunidade que a vida se encarregou
de me presentear.
Eu não sei, não sei dizer, quando me senti assim, sei que tudo está sendo
rápido demais, mas sabe quando você sente no intimo que é a pessoa certa,
minha mente e meu coração concorda, raramente isso ocorre.
Dentro de mim parecia sempre ter um vazio sem fim, mas agora, esse
vazio se encheu de corres. Não é todo dia que o amor acontece, mas também o
amor não marca hora, ele surge quando menos se espera, agora olhando nos
olhos de Mathew, tenho certeza que ele chegou para mim.
CAPÍTULO 36

— A corda Andrew, assim vamos nos atrasar para o trabalho. — Cecil


diz sacudindo meus ombros. Eu estava deitado de bruços e a contra gosto abri
meus olhos sonolentos.
— Não vamos trabalhar hoje, mia Bella. — Minha voz se arrasta devido
ao sono. Se eu dormi duas horas de relógio foi muito, passei a noite pensando no
dia que teria com Cecile. Um dia especial.
Assim espero, na verdade é o que eu mais quero.
— Você só ficou duas semanas de folga e já está preguiçoso. — Ela
sussurra em meu ouvido, passando sua boca em meu pescoço. Suspiro com o
contato repentino.
— Não é preguiça, vamos sair hoje. — Viro-me, fazendo ela se afastar
um pouco e agarro sua cintura, a forçando deitar-se em meu peito.
— Aonde vamos? — Seus olhos brilham de curiosidade.
Mulher curiosa, já estou prevendo sua cara de decepção.
— Surpresa! — Como disse, seu olhar de decepção apareceu, mas dessa
vez veio acompanhado com um biquinho lindo. Sorrio ao ver sua expressão. —
Achei que você gostasse de minhas surpresas.
— Eu não só gosto, eu amo. — Quando ela diz isso, infla meu ego e ao
mesmo tempo fico envergonhado. — Eu amei a ópera e o meu presente de
aniversário, você é maravilhoso com surpresas.
Agora tenho certeza que devo estar corando.
Não recebo muitos elogios, a não ser quando é relacionado ao meu
trabalho, quando o contrário acontece, fico envergonhado. Poucas são as pessoas
que me causam isso.
— Então, mia bella?
— Você me conhece Andrew, eu sou...
— Curiosa demais? — Pergunto sorrindo. Ela beija meu peito nu.
—Verdade. — Cecil diz, sorrir para mim e volta a beijar meu peito. —
Sabe uma coisa que amo também? — Ela senta em cima de mim e apoia suas
mãos em meu peito.
— Não, o quê? — Pergunto e me ajeito embaixo dela. Meu pau já estava
pronto para entrar nela. Era mais que uma desculpa da ereção matinal, Cecil está
sendo sempre o motivo de minhas ereções.
— Você fica mais lindo ainda quando fica corado.
— Eu não estou corado. — Finjo indignação.
— Está corado sim, será que embaixo também cora? — Ela vira de costa
e puxa o lençol de meu quadril.
— Não sei, quer dá uma olhada para ter certeza?
Antes de Cecil, o sexo era tão simples, tinha prazer sim, mas, ele passava
logo após o ato sexual não ter mais sentido, mas com Cecil, parece sempre fazer
sentido, era mais do que sexo, ou prazer, só não sei o que é ainda.
Desperto de meus devaneios quando sinto sua mão tocar meu pau. O
gemido involuntário sai logo em seguida. Suas mãos são tão macias e seu toque
tão carinhoso.
— Aqui você não cora, a cabeça continua rosa. — Ela chupa a cabeça de
meu pau. — Continua delicioso iambém.
— Cecil?
— O que foi? Quer que eu pare?
— Não, continue. — Respondo entre gemidos ao receber uma chupada
forte. — Você vai acabar comigo, mia bella.
— Você que vai acabar daqui a pouco comigo. — Ela diz com um olhar
sedutor e decidido. — Quero que me pegue forte e com força.
— Ontem não foi o suficiente? — Pergunto em tom brincalhão, mas
curioso para saber sua resposta.
— Nunca é o suficiente, de você sempre quero mais.
Depois de sua resposta, sentei-me na cama e a peguei pela nuca com uma
mão, enquanto com a outra, a ajudava a sentar em cima de mim. Acariciei sua
bochecha sem quebrar o contato de nossos olhos. Mas acabo quebrando nosso
contato quando roço meus lábios em sua bochecha. Ela suspira e geme. Passo a
língua em seus lábios e depois chupo com força, a beijo com voracidade,
sentindo seu hálito quente, sensual com gostinho de creme dental.
Aproveitando minha distração, ela empurra meu peito com suas duas
mãos, me fazendo cair na cama. Sei sua intenção e a deixo prosseguir.
Ela vestia uma camisola branca que chegava até o meio de suas coxas, a
camisola era transparente e deixava todo seus seios amostra, bem diferente da
camisola da noite anterior, que era preta e longa, mas agora estava toda rasgada,
afinal eu acabei com a camisola em um sexo selvagem e maravilhoso.
Cecil suspende a camisola e eu noto sua calcinha bem pequena, uma
vontade de arrancá-la com os dente veio com tudo sobre mim.
Mas mia bella tinha outros planos. Ela pôs a calcinha de lado e sentou-se
com tudo em meu pau duro, com sua boceta molhada, quente e convidativa.
Ela cavalgava com maestria, jogava sua cabeça para trás e gemia alto,
chamando meu nome. Eu gemia e me contorcia. Minhas mãos pressionaram seu
quadril, enquanto me enterrava cada vez mais fundo e com força nela.
Passamos alguns minutos na mesma posição, depois pedi a ela para ficar
de quatro. Não perdendo tempo, meti meu pau de uma só vez nela.
Puxava seu cabelo de leve com uma mão, enquanto a outra puxava seu
ombro de encontro ao meu pau faminto.
Apertando os seios dela, trago-a para mais perto de mim e passo minha
língua várias vezes em seu pescoço.
— Você quer mais mia bella? — Sussurro em seu ouvido com minha voz
rouca.
— Sim. — Sua voz sai grave e exaltada, nem parecia a voz dela. Ela
estava chegando ao seu limite e eu também.
Comecei a dar estocadas rápidas, meus dedos estimulando seu clitóris
inchado. Sua mão direita agarrou meu pescoço, me puxando para um beijo,
enquanto sua mão esquerda pressionava minha bunda, às vezes apertando, às
vezes puxando.
Sinto sua boceta se contrair em meu pau, seu corpo começa a tremer e ela
grita de tesão em um gozo arrebatador.
Deixo-a deitar na cama e abro suas pernas e caio de boca em sua boceta
que não parava de jorrar seu gozo delicioso, o bebi até que não tivesse mais
nenhuma gota.
Eu ia me enterrar nela outra vez, mais uma vez ela foi mais rápida,
tomando meu pau em sua boca, chupando a cabeça de meu pau como se fosse um
sorvete, provavelmente de chocolate, seu preferido.
De repente, sua boca engole todo meu pau. Seus olhos não perdiam
nenhum movimento meu. Eu me contorcia e gemia cada vez mais. Minha mão
direita agarrou seu cabelo em um rabo de cavalo improvisado. Passei a foder sua
boca, enquanto ela me olhava e se masturbava em minha frente. Eu me
encontrava ajoelhado na cama e ela sentada.
Em uma última sugada, gozo em sua boca gostosa. Ela engoliu tudo e
ainda assim seus olhos não se desviaram dos meus.
— Como você pode ser tão gostoso? — Sua pergunta feita em tom safado
e seu olhar sedutor fizeram daquela manhã memorável.
— Sua boca que chupa gostoso demais. — Respondi, sentando e lhe
dando um beijo demorado, sentindo meu gosto em sua boca. Meu gosto de nada
se comparava ao dela, que é sempre doce, gostoso e me deixava sempre sedento
por mais. — Vamos tomar banho? A viagem até nosso destino vai ser longa. —
Mudo o rumo de meus pensamentos antes que eu queira tomá-la em meus braços
novamente.
— Vamos, quero saber aonde você vai me levar. Iremos sozinhos? — Seu
olhar esperançoso sempre me deixa frustrado em não poder atender ao seu
pedido de ficarmos sozinhos, eu queria que fosse assim, mas ainda não podemos.
— Infelizmente não, mia bella. — Sua fisionomia fica séria de repente.
— Jonas foi preso, mas, Daniele ainda está solta por aí.
— Você ainda não me disse como ele foi preso...
— Mathew e Alissa não me disseram como o fizeram confessar, mas fico
feliz de terem feito.
Agora só falta Daniele. — Penso. — Conheço Daniele, sei que ela é
perversa quando quer, mas nunca desconfiei que ela também é assassina ou
quase assassina.
— Falando em Mathew, quando ele volta? — Ela pergunta mudando o
rumo de meus pensamentos.
— Ele volta amanhã. — Respondo revirando os olhos.
— Pare com isso, ciúme bobo.
— Não estou com ciúme, mas você vive perguntando por ele.
— Porque o considero um amigo e me importo com meus amigos. Ele
pode estar com algo sério e não quis te chatear.
— Tenho certeza que não é algo sério assim, não como você imagina. —
Sorriu ao dizer
— Como assim? — Ela retribui meu sorriso com seu olhar curioso
analisando meu rosto.
— Mathew e Alissa estão juntos, aquele clima no dia que se conheceram,
você acha que não aconteceu nada entre eles? Tenho quase certeza que
aconteceu, mas só vou saber amanhã, Mathew disse que precisava conversar
comigo.
— E você se incomoda se ele namorar sua prima? — Seu olhar cauteloso
não perdia nenhum movimento meu.
— Claro que não, quero mais que eles sejam felizes. — Ela continuou me
analisando antes de suspirar e levantar em seguida.
— Você acha o quê? Acha que sinto algo por minha prima, ou Mathew?
— Ela me encara em silêncio. — Que horror Cecil, não sou adepto do incesto e
achei que sempre deixei claro que gosto de mulher.
— Nunca achei que você gostasse de Mathew, mas sua prima, ela é uma
mulher gostosa, bonita e solteira, conheço pessoas que já casaram com primas.
— Que nojo Cecil, ela é sangue do meu sangue, pelo amor de Dio, pare
de pensar essas coisas.
— Perdoe-me, não queria te chatear, só fiquei com ciúmes de sua prima e
pensei isso.
— Ciúmes? — Aproximei-me dela com mais calma. — Você não precisa
ter ciúmes dela ou de nenhuma outra mulher, já disse que sou seu e de mais
ninguém. — Isso é verdade, não me vejo com mais ninguém, a não ser com ela.
Ela me beija com carinho.
— Perdão. — Ela sussurra contra minha boca.
— Não tem o que perdoar mia bella, só pare com esses pensamentos.
— Va bene, parei de pensar essas coisas. — Ela beija dois dedos como
se selasse sua promessa. Sorrio com seu ato engraçado e a puxo até o banheiro.
CAPÍTULO 37

F
— alta muito para chegar, Andrew?
— Só um pouco, Cecil. — Olho para ela irritado. A cada dez, quinze
minutos ela pergunta a mesma coisa. Ela começa a rir do nada e eu a olho de
relance. Será que ela ficou doida? — Por que você está rindo?
— Você todo irritadinho. — Ela puxa meu rosto e me dá um beijo na
face. — Aguente minha chatice, quando você fizer surpresas.
— Eu sei. — Suspiro a contra gosto.
— Vai me contar agora? — Ela e sua curiosidade.
— Não! — Pisco para ela e sorrio vitorioso. Ela me dá língua e volta a
se acomodar no assento do carro. Eu estava dirigindo e logo atrás de nosso
carro, um utilitário prateado, os seguranças nos segue com outro utilitário preto.
— Mimada. Sussurro já prevendo a discussão.
— O que disse?
— Nada, mia bella.
— Você me chamou de mimada. Você quer que eu te mostre quem é
mimada? — Sua mão vai direto ao meio de minhas pernas, apertando meu pau
com um pouco de força.
— Para Cecil, Estou dirigindo, eu estava brincando, mia bella.
— Mentira, pode pedir desculpa, não vai ter beijos por uma semana.
— O quê?
— Quer ficar sem sexo também?
Ela só pode estar brincando.
— Você faria isso?
— Ô, se faria. — Ela pisca para mim e sorrir vitoriosa.
— Desculpa, me perdoe mia bella. — Diminuo o carro e beijo sua boca
em um selinho rápido, depois, voltando à velocidade normal. Ela ficou me
encarando por um tempo. Seu olhar divertido. Fico feliz de ela esquecer um
pouco os problemas, o medo, a tristeza, esquecer tudo aquilo que a preocupa
tanto.
— Já estamos chegando? — Ela pergunta, dessa vez tocando em meu
braço com carinho. Olho para ela e lhe dou o meu melhor sorriso.
— Já chegamos! — Ela começa a olhar para todo lado.
Seu olhar repousou sobre a praia, eu não podia ver seu rosto, mas sabia
que ela estava sorrindo.
— Gostou da surpresa? — Prendo minha respiração esperando sua
resposta. Ela olha para mim com seus lindos olhos castanhos, nunca me canso em
olhar para eles, na verdade, nunca me canso em tê-la por perto. Seus olhos
transbordavam emoção e o silêncio dentro do carro nada impedia as palavras
que seu olhar transmitia.
— Eu Amei, Andrew. — Ela beija minha boca e me abraça, o máximo
que o cinto de segurança do carro permitia. — vamos, quero olhar mais de perto.
— Cecil diz ainda abraçada a mim.
Saímos de mãos dadas, enquanto os seguranças nos seguiam. Ela
começou a fazer várias perguntas. Qual o nome da praia, porque ela é tão limpa?
Você já trouxe alguém?
Mia bella de sempre, curiosa e linda.
Escolhi a praia Santa Marinella, porque era onde mio padre me levava
quando criança. Era a praia preferida de mia madre e quando estou aqui, me
lembro dos momentos bons que passei velejando e nadando com meu pai Leonel
Castillo. Na primavera e no verão, eram nossas estações preferidas de ir a praia,
o sol de 40 graus nada influenciava.
As praias não são propriamente em Roma, mas é perto, não muito perto,
mas o suficiente. Santa Marinella é a praia mais longe, no entanto, é a mais
bonita também.
Eu e Cecile nos acomodados em uma tenda improvisada que os
seguranças me ajudaram a armar, eu fiz questão de comprar duas tendas para os
seguranças não ficarem no sol. Eles também ficaram mais a vontade, usando
shorts coloridos e camisas floridas.
Eu e Cecil, passamos algumas horas dentro do mar relaxando. Ela usava
um biquíni dourado, que realçava sua pele amendoada e eu usava uma sunga
preta.
Assim que saímos da água, fomos deitar nas espreguiçadeiras que
alugamos na praia mesmo. Tomamos sol, saboreando um delicioso Spritz.
Comemos várias coisinhas apetitosas, mini bruchetas, pequenas porções de
lulas fritas, bolinhos de queijo, entre outras coisas. Cecil não gostou da Lula frita
e chegou a fazer cara de nojo ao comer, não sei por que, lula frita é uma delícia.
O dia e a tarde passou rápido e o sol já estava quase se pondo. Pedi aos
seguranças que continuassem me esperando no mesmo lugar. Convidei Cecil
para fazer uma caminhada comigo. Levei-a no lugar onde algumas pessoas iam
namorar. Chegamos ao lugar e ela tirou sua saída de praia e a pôs no chão para
sentarmos.
Ficamos os dois em silêncio, observando a cena majestosa a nossa frente.
O sol se escondia cada vez mais atrás das águas do mar, parecia uma cena de
filme, ou poderia facilmente ser uma bela obra de arte. Cecil suspira, sua
expressão sonhadora, relaxada.
— É tudo tão lindo, tão mágico. — Olho para ela compenetrado,
admirando toda a sua beleza.
— Verdade, é tudo tão lindo. — Seus olhos brilham ao olhar para mim.
— Estou falando sério. — Seu sorriso envergonhado a deixava mais
charmosa ainda. — Olha só para isso... — Ela aponta para o sol. — É
magnífico.
— Eu sei que é lindo o pôr do sol, mas, eu prefiro olhar para você. Você
é meu sol, minha lua, você é toda minha, o sol perde para você. — Eu não sei ser
poético, mas as palavras saíram subitamente, até que gostei delas.
— Você está assistindo muito Game Of Thrones. — Ela diz de repente.
Estragando meu momento poético.
— Game Of Thrones? — Eu nem sabia o que significava isso.
— Sim, Jon Snow, Khal Drogo, Daenerys? Ainda continua não
significando nada para mim.
— Quem? — Pergunto com minha fisionomia em confusão, tentando não
esquecer o motivo de estar ali.
— Como é que alguém não conhece GOT? “É só a melhor série de todos
os tempos". Têm de tudo, dragões, reis, rainhas, zumbis de gelo. Livi disse que
fica feio os chamar assim, White Walkers, fica mais bonito...
Eu não entendia nada do que ela falava, então precisei cortá-la antes
que seu discurso continuasse a crescer.
— Cecil?
— Sim? — Ela está nervosa? Será que ela sabe o que vou fazer? Espero
que não.
— Não quero falar dessas coisas, quero falar sobre nós. — Ela fica em
silêncio me observando. Noto que é o sinal para continuar a falar. — Você é a
melhor coisa que aconteceu na minha vida. Sei que não começou muito bem e
sinto muito por isso, pela forma que te tratei mia bela, quando nos conhecemos.
— Ela balançava a cabeça só escutando. — Se eu pudesse voltaria no tempo. —
Em seus olhos havia um brilho de lágrimas não caídas.
Levantei-me, retirando a caixinha e com mãos ágeis, tirei o anel de
dentro. Ajudei a Cecil a se levantar também, peguei em sua mão e me ajoelhei à
sua frente. Cecil parecia assustada, talvez em pânico. Fiquei nervoso em
constatar que poderia ser um erro fazer isso. Tudo bem que eu pedi a mão dela a
sua mãe e ela aceitou, mas talvez eu devesse ter falado antes com Cecil. Meu
corpo começou a suar, eu estava sem camisa, usando só minha bermuda branca
por cima da sunga. Sentia um nervosismo fora do comum, antes de prosseguir,
pensei mais uma vez no que estava por fazer. Não era minha primeira vez, mas
era a primeira vez que eu ansiava por uma resposta positiva. Já havia roído as
unhas de ambas as mãos na noite anterior, sei que preciso continuar, não podia
mais voltar atrás.
Se começou, termine Andrew.
Ansioso, segurei o anel que mandei fazer especialmente para ela. Ele foi
feito em ouro amarelo, em cima é em formato de flor, onde repousava um
diamante. Eu queria algo especial e único.
Olhei para ela e disse:
— Cecile Viana, você quer se casar comigo?
Por que ela não diz nada?
Ela me encarava com seus olhos esbugalhados.
— Andrew? — Sua voz era apenas um sussurro. Sua mão soltou-se da
minha e ela deu um passo para trás. — Eu não posso me casar com você. — Ela
diz jogando um balde de água fria em mim.
O que eu fiz de errado? Por que ela disse não?
Minha mente não conseguia entender. Por vezes escolho me calar, senti o
vento passar e acariciar o meu rosto com leveza, mas, raramente as pedrinhas
trazidas pelo vento me machucam, parece que o vento nunca vai cessar, nesse
momento esforço-me para me proteger de piores machucados que podem surgir,
como agora, não me calei e tomei na cara. Eu não queria admitir para mim
mesmo, mas a rejeição dela me afeta e muito, achei que tinha me preparado o
suficiente, mas olhando para ela, com minha cara de idiota, ainda por cima
envergonhado e com o anel estendido, me sentia péssimo, o pior dos homens.
CAPÍTULO 38

P
— or que Cecil? — Andrew levanta, passando a mão com nervosismo
em seu cabelo. Sua fisionomia era uma mistura de vergonha e confusão.
Tudo o que eu mais queria era dizer sim, mas, eu sempre sonhei em casar
por amor.
— Andrew, você me ama?
Eu preciso saber, sei que atitudes contam mais que palavras, mas, eu
necessito escutar de sua boca.
— O quê? O que amor tem haver com isso, Cecile?
Era o que eu temia.
Sou tão falha, imperfeita, mas não tenho complexo de Cinderela, estou
ciente de que nenhum cavaleiro de armadura virá, mas ainda assim, anseio que
Andrew seja meu cavaleiro.
Sou tão idiota às vezes, ou, sempre.
— O que o amor tem haver com isso? — Eu perguntei mais alto do que
pretendia, Andrew recuou um passo com a sobrancelha erguida. — O amor tem
tudo haver. — Aproximei-me e toquei em seu braço chamando sua atenção para
mim, seus olhos repousaram em seu braço, para em seguida olhar para mim
alarmado. — Eu o amo, Andrew, não sei quando aconteceu, mas sinto isso aqui
dentro. — Aponto para o meu peito. Ele se afasta de meu toque com brusquidão.
Eu não vou chorar na frente dele, não vou chorar. Eu mandava um
comando ao meu celebro.
— Somos tão perfeitos juntos, por que você tinha que falar disso agora?
— Suas palavras me magoavam e eu queria urgentemente sair de lá.
— A gente não escolhe quando ou a quem amar, Andrew. Você acha que
para mim qualquer coisa é tolerável, e até casar sem que haja amor?
— Você não percebe que não precisamos de amor? As pessoas que
amamos nos magoam, nos machucam com suas ações e palavras, amor
enfraquece, Cecile. — Eu sei que ele estava falando de sua ex-mulher e seu pai,
ele me contou sobre eles faz uma semana, achei que ele já estava se abrindo para
a possibilidade de me amar, seu olhar dizia isso.
Talvez ele me ame, só não sabe ainda. É coração, parece que você gosta
de sofrer, só pode ser isso.
— Por que você teme tanto o amor? — Olhei para o mar sabendo que
poderia ser a ultima vez que eu estaria com ele nesse lindo lugar.
— Eu não temo o amor, Cecil, só não quero que ele interfira em nosso
relacionamento. — Sua voz saiu carregada de ironia.
— Minha avó sempre me diz que temer o amor nos priva de viver, se não
"vivemos", por mais que estejamos vivos, por dentro a "morte" é eminente. —
Olhei para ele indignada. — Você não percebe que está comparando nossa
relação com o seu passado?
— Não há comparação, Cecile. — Desde que começamos essa conversa
que ele não me chamou mais de mia bella. Eu já sentia falta de seu olhar
apaixonado e de seus carinhos. — Por favor, Cecil, vamos parar com essa
conversa, se não quer casar, tudo bem, vamos voltar ao que era antes?
— Não há como voltar ao que era antes, Andrew, não há como fingir que
essa conversa não aconteceu. Como vou ficar com o homem que amo, sabendo
que ele não quer me amar?
Eu não vou chorar, eu não vou chorar.
— Cecil? — Sua voz era quase inaudível. Abaixo e pego minha saída de
praia do chão e o encaro antes de falar.
— Sei que nossos corações são traidores, dependentes de afetos
momentâneos, feridos e incompletos. — Chego mais perto dele, tocando em seu
rosto. — Antes de te conhecer, me sentia assim, mas você chegou e mudou tudo,
foi meu primeiro homem, meu primeiro amante, juro a você que tentei não me
apaixonar. Eu pensei: Como vou me apaixonar por um homem arrogante que me
fez senti medo e tesão ao mesmo tempo? — Dou-lhe um sorriso torto. — Mas aí,
além de me apaixonar, descobri que te amo, não escolhi, aconteceu e não me
arrependo.
Juntei nossas bocas em um beijo demorado, talvez seja o nosso último, eu
já não conseguia segurar as lágrimas. Andrew me beijava com desespero e
carinho, tocando meu corpo.
Eu não sabia o que fazer, como dizer a meu coração para deixar de ser
tolo? Para parar de se iludir, Andrew pode me oferecer o mundo inteiro, mas não
aceita me amar, só deixa que caiam as migalhas. Migalhas não saciará minha
fome de amor, talvez por um tempo isso seja o suficiente, no entanto, não
preenche nem um terço, piorou metade. Como dizer ao meu coração para
entender de uma vez por todas...
Não se apegue demais.
Agora vou ficar sofrendo e longe do homem que amo.
Separei nossos lábios e encarei seus lindos olhos verdes.
Eu sei que ele me ama, seus olhos me dizem isso, mas por que ele não
admitiu? É tão ruim assim me amar? Quem sabe seu coração seja de tal
maneira incompleto que ele não saiba ser recíproco. Pensei.
Meu coração se apertava cada vez mais. Separei nossos corpos virando
de costa para ele.
— Você pode me levar para casa? — Peço a ele antes de limpar minha
face que escorria lágrimas sem parar.
— Posso! — Foi tudo o que ele disse antes de começar a andar me
deixando para trás.
Caminhei um pouco atrás, observando seu andar decido e seus ombros
curvados, como se ele carregasse o peso do mundo neles. De súbito ele olha
para sua mão esquerda e meus olhos seguem seu gesto. Entre seus dedos se
encontrava o lindo anel que ele ia me dar. Por um momento achei que ele jogaria
fora, meu coração chega perdeu uma batida imaginando a cena, mas ele o
colocou no bolso de sua bermuda e eu suspirei aliviada.
Passamos do lugar que nossa tenda estava armada, mas os seguranças já
tinham tirado, seguimos direto até o carro, onde os seguranças estavam apostos
nos esperando.
Andrew com toda sua frieza, deu um meneio de cabeça e entrou no carro,
olhei para eles e sorri, mas acho que o sorriso nem chegou aos meus olhos.
Pietro e Antônio se entre olharam desconfiados, eles devem ter notado o
clima estranho.
Entrei no carro onde Andrew estava e ele me olhou surpreso, mas nada
disse. Acomodei-me no banco do carona, coloquei o cinto, peguei meu celular e
botei na reprodução de música, na pasta onde só tinha as músicas de Lucas Luco,
olhei para frente, enquanto ele começou a dirigir.
A viagem de volta foi horrível, o clima dentro do carro pesado demais.
Andrew em nenhum momento olhou para mim, eu nem me importava, olhei para
ele abertamente, gravando seus traços.
Ele estacionou em frente ao prédio que moro, como ele sempre faz, sai e
abre a porta do passageiro para mim quando os seguranças não estão por perto
para fazer.
Ele olhou feio para estrutura do prédio que moro, como ele faz a todo o
momento quando vem a minha casa.
Seus olhos repousaram nos meus, pude ver tristeza e saudade, duas
combinações péssimas. Ele já estava saindo quando o chamei.
— Andrew? — Ele para e vira-se para mim, não havia mais emoções
nenhuma, só o homem frio que conheci naquele hotel. — Talvez você ache que
seja um grande erro de minha parte, mas, eu não encaro com esse olhar. Eu
pensei em fazer de tudo para você me amar, mas o engraçado é que tenho quase
certeza que você me ama. — Não havia emoção nenhuma em seus olhos e mais
uma vez senti uma imensa vontade em chorar. — Mas agora sei que só me resta
um decisivo recurso: não fazer mais nada, a decisão agora é sua, eu disse para
mim mesma que esperarei, mas não demore a tomar sua decisão...
— Que decisão, Cecil? — Sua voz soava confusa, mas em seus olhos
ainda não tinha nada.
— Aceitar que me ama e nos dar uma chance ou não se importar e segui
em frente.
— Hum... — É tudo o que ele diz em resposta.
É um babaca mesmo, mas não posso fazer nada, eu o amo, amo tanto.
Ainda assim preciso ser forte.
— Mas eu não sei se vou esperar por muito tempo, se você não quer me
amar, talvez eu deva procurar mais adiante, com toda certeza alguém vai querer.
Não esperei sua resposta, virei e saí, sem ao menos me despedir. Eu não
queria falar isso, mas agora já saiu. Entrei no elevador chorando e a síndica
estava lá, me olhando curios, doida pra saber o motivo de meu choro
compulsivo.
Bruxa, fifi.
Entrei em meu apartamento as pressas, me joguei no sofá ainda chorando,
minha cabeça doía e meu corpo estava pesado, minha resistência ficando fraca,
mas, eu não podia, se eu quero mais, preciso arriscar.
Toda noite eu dormia com Andrew, ou na minha casa ou na casa dele,
isso só não acontecia quando ele viajava. Mas acabei pegando no sono ali no
sofá mesmo. O sono sem sonhos e uma noite de muitas sem meu Andrew.
CAPÍTULO 39

Já se passaram quase cinco meses que estou longe de Andrew, ele nem
aí para mim. Sempre quando era possível, eu ligava e perguntava sobre ele para
Mona, ela sempre fazia as mesmas reclamações.
— Fligio mio está muito magro, não come direito, vive trabalhando, não
para mais em casa, Cecil, por que você não volta para ele? Ele era mais feliz
quando você estava por perto.
Por mais que eu tente fazer o contrário, sempre me sinto mal, me sinto
culpada por ele viver desse jeito.
Durante esses quatros meses, tivemos dois encontros nada agradáveis.
O primeiro foi quando eu voltei à empresa, três dias depois de nossa
última conversa, com o meu pedido de demissão em mãos.
Primeiro falei com Julieta e Paulo, expliquei o que estava por fazer, eles
de imediato tentaram me persuadir, mas cortei logo, nunca gostei de ninguém me
pressionando. Eles notaram meu desconforto e pararam de insistir. Eles são
ótimos amigos, aprendi a amá-los, só que eu tinha vergonha de ficar conversando
com eles, porque passei a sentir inveja deles e do seu relacionamento está indo
tão bem. Mas, hoje não vejo mais assim, assim como antes, desejo toda
felicidade a eles e ao futuro casamento que já foi marcado.
Após falar com eles, fui direto a sala de Andrew.
Tudo estava em seu devido lugar, a não ser Mathew, que parecia um
poste parado em frente a sala de Andrew. Aquilo para mim era novo.
— Mathew, como você está meu caro? — Disse, me aproximando dele.
Dei-lhe um rápido abraço acompanhado com um sorriso sincero e para minha
surpresa ele retribuiu.
— Estou bem e a senhorita? Temi não vê-la mais.
— Como não? Não é porque não namoro mais com Andrew, que vou
esquecer vocês, eu considero você e Mona amigos...
— Eu também a considero uma amiga, senhorita...
— Não parece Mathew, você ainda me chama de senhorita, que amigo faz
esse tipo de coisa? — Minha indignação não era fingida.
— Desculpe, são ofícios do trabalho.
— Eu autorizo você a me chamar de Cecil e que se dane tanta
formalidade. — Ele sorriu para mim, logo me senti mais relaxada.
— Combinado Cecil. — Retribuí seu sorriso.
— E como vai Alissa? — Seu sorriso foi sumindo e deu lugar a um
Mathew envergonhado. Ele ficou fofo, corado. Mas o meu Andrew, além de ficar
fofo, ele ficava gostoso e me excitava demais.
Mas infelizmente é um gostoso babaca. Pensei desiludida.
— Ela está muito bem.
— Fico feliz por vocês.
— Quem te contou sobre nós? — Ele fez a pergunta parecendo
desconfortado.
— Na verdade ninguém, Andrew fez uma suposição uma vez e quando
perguntei sobre Alissa, você ficou todo envergonhado.
— Estou muito feliz, ela é incrível, eu estou apaixonado, acho até que a
amo.
Vixe, o homem nem parou para respirar.
— Quero muito que vocês sejam felizes, digo de todo coração. — Sorri
para ele, mas o meu sorriso não chegou até meus olhos.
— Grazie Cecil, desejo o mesmo a vocês. Eu sei o que se passou entre
você e o Sr. Castillo, sei que ele te ama, um dia ele verá isso.
— Espero que você esteja certo, Mathew. — Suspirei frustrada e voltei
a sorrir. — Falando nele, será que posso entrar rapidinho? — Ele ficou sério,
passou a mão no queixo nervoso. — O que foi?
— Ele não quer falar com ninguém.
— Nem comigo?
— Principalmente você.
— Por quê? Ainda sou sua secretaria.
— Não sei dizer, Cecil.
— Dê-me licença, Mathew, vou entrar nessa sala você querendo ou não.
— Mas, Cecil, eu não...
— Mathew? — Eu disse em um tom tão sinistro, que até eu me arrepiei.
Eram tantos sentimentos se misturando dentro de mim, mas a raiva era o que mais
prevalecia.
— Va bene, va bene. — Ele levantou as mãos se rendendo e saiu da
frente da porta. — Seja o que Dio quiser.
Entrei na sala toda imponente para receber um olhar frio em resposta.
— O que você está fazendo aqui, Cecile? — A pergunta foi feita com
calma, mas me fez sentir como uma intrusa.
— Eu trabalho aqui, Andrew, não pude vim esses três dias por motivos
de saúde...
— Você não trabalha mais aqui. O que você teve?
O quê? Por que ele disse que não trabalho mais aqui?
— Foi só uma gripe. — Respondi rápido. — Por que você disse que não
trabalho mais aqui?
— Seu contrato acabou e como você não quis renovar, achei melhor
assim. — Fiquei surpresa pela forma que ele estava agindo, fazendo pouco caso
de tudo.
— Então vai ser assim agora? — Perguntei incrédula com toda essa
situação. Acho que o meu arriscar de nada valeu.
Talvez eu não fosse tão importante assim para ele como eu imaginava.
— Você quis assim, Cecile, você fez essa escolha por nós. — Meus olhos
se encheram de lágrimas com suas palavras, mas, eu não daria a ele esse
gostinho de chorar em sua frente.
— Tudo bem, Andrew, acho que esse pedido de demissão de nada vai
adiantar. — Levanto o papel que estava em minhas mãos e mostro a ele. Foi à
vez de ele ficar surpreso, mas, a sua surpresa não durou muito. — Sabe Andrew,
durante toda minha vida, eu aprendi muito observando os relacionamentos das
pessoas...
— Sim? — Ele se recosta na cadeira para me escutar.
— Uma coisa eu aprendi com tantos erros e acertos alheios, é que amores
inteiros são doces; enquanto amores pela metade são amargos. Cabe a você
escolher o que te dá mais prazer... O doce ou amargo? Acho que eu não preciso
dizer a você o que prefiro. — Fui me virando para sair, mas, ele me impediu ao
falar com seu velho e conhecido tom irônico.
— Cecile e suas frases de efeitos.
— Para você pode ser frase de efeito, mas para mim, está se referindo a
minha vida.
— Ok, terminamos aqui. — Ele disse com sua voz imponente, mandão
como sempre.
— Com toda razão. — Rebati com firmeza. — Você é um babaca, sabia?
— Não, mas agora eu sei.
— Acho que vou começar a te chamar assim ao invés de meu magnata,
afinal em minha mente, eu já te chamo faz três dias. — Ele sorriu, achando graça
de meu comentário. — Babaca! — Revirei os olhos para ele.
— Você está muito ousada, vou cortar a sua língua com tanta insolência.
— E o sorriso não saia do rosto dele.
— Se é isso o que você quer, mas saiba que é tudo que você pode sonhar
fazer agora. — Ele voltou a ficar sério, sem tirar os olhos de mim e aquele seu
olhar predador surgia quando ele estava excitado. — Isso mesmo que você está
pensando, não terá mais enquanto não deixar de ser idiota. — Resolvi sair de lá
enquanto estava por cima, mas no Uber de volta para casa, chorei que nem
criança.
Nosso segundo encontro foi dois meses depois, imagina a saudade que
senti dele, que ainda sinto? Após a primeira semana, comecei a imaginar ele com
outras mulheres e esse pensamento acabava comigo.
As mulheres não são cegas, Andrew é um homão da porra, faz qualquer
mulher suspirar excitada, não duvido nada que até homens babem por ele. Sobe-
me um ódio quando penso essas coisas.
Eu estava no supermercado, era quase dez horas da noite quando recebi
uma ligação de Mathew todo animado.
— Mathew, como você está?
— Você sumiu Cecil, olhe que você disse que não se afastaria. —
Ignorando minha pergunta, ele começou a reclamar.
Sempre quando dava, eu conversava com Mathew, Paulo e Julieta pelo
whatsapp, até Alissa conseguiu meu número com Mathew e me chamava sempre
para conversar, dando conselho sobre relacionamento. Confesso que me sentia
desconfortável, com raiva por ela se intrometer em meu relacionamento com
Andrew, mas acabei mudando meu pensamento quando ela demonstrou que
realmente queria ser minha amiga.
Nas últimas semanas me afastei de qualquer rede social, principalmente o
whatsapp. Nos status do whatsapp parecia que todos estavam felizes, menos eu,
para não ficar agourando a felicidade de ninguém, me afastei.
— Desculpa Mathew, só precisei de um tempo para mim, como estou
quase terminando a faculdade, foquei em meu TCC...
— Cecil, você precisa parar de se excluir, isso não vale a pena, ragazza.
— Eu não estou fazendo isso, Mathew...
— Va bene, va bene. — Ele me cortou ao falar, deixando bem claro que
não acreditava em mim. — Vim te fazer um convite, espero não ter recusa.
— Faça o convite. — Disse suspirando. Em minha mente estava
planejando várias desculpas para recusar o convite.
— Eu pedi Alissa em casamento e ela aceitou...
— Casamento? Vocês são tão rápidos. — Eu fiquei pasma com a
revelação dele.
— Nos amamos, isso é um motivo suficiente para nós, sei que ela é rica,
mas, eu trabalho e me orgulho disso.
— Calma, não estou falando disso...
— Eu sei, desculpa. Você não tem nada haver com isso, mas, eu me sinto
tão sufocado, minha mãe acha que não vai dar certo, ela acha que vou ficar mal
falado, vão me acusar de querer dar o golpe na mulher rica.
— E o que Alissa acha disso?
— Ela me lembra você, não mede as palavras, fica revoltada, quando
volta e meia eu volto ao mesmo assunto. — Ele sorriu do outro lado da linha. —
Mathew, se esses bastardos gostam de cuidar de nossa vida, acham que nossa
vida é mais interessante que a deles, deixe que cuidem, enquanto eles fazem isso,
a gente está se amando cada vez mais e transando loucamente. — Eu comecei a
rir do outro lado da linha, fazia tempo que eu não ria. Não acreditei que Mathew
teve coragem em me dizer todas as palavras que Alissa falou, ele é todo
envergonhado quando se trata dela.
— Realmente ela é uma das minhas. — Disse ainda sorrindo. — Mathew,
pare de se preocupar muito com as opiniões alheias, pare de esgotar a energia de
seu relacionamento por causa deles, pense que eles queriam estar em seu lugar,
mas não estão. São somente espectadores querendo cuidar da vida dos outros e
nem cuidam da própria vida. Tenho ranço de pessoas assim...
— Ranço? — Ele perguntou parecendo se divertir, mas sua curiosidade
não me passou despercebida.
— Sim, repulsa, ódio. É só uma gíria usada no Brasil.
Até que cai bem.
— Vocês brasileiros são criativos demais.
— Em algumas coisas sim, mas em outras deixamos a desejar. Enfim... —
Disse mudando de assunto. — Quando será a festa de noivado?
— Sábado...
— Esse sábado? É amanhã Mathew, poxa, em cima da hora, preciso
ajeitar meu cabelo, unha, roupa, meu Deus, nem sei que roupa usar.
— Calma, vai ser à noite.
Homens acham que tudo é fácil, espero achar alguma hora vaga em
algum salão de beleza.
— Pode levar alguém se quiser, vai ser na casa de minha mãe, mando o
endereço pelo whatsapp...
— Não tenho mais whatsapp...
— Baixe novamente, ragazza. — Esses homens são muitos mandões.
— Andrew vai?
— Provavelmente sim, mas, ele não confirmou, está viajando a trabalho,
me deixou aqui para cuidar de Mona e levou Pietro com ele.
— E Antônio?
— Não sei dizer.
— Sei. — Como o chefe de segurança não sabe onde está seu
subordinado?
Aí tem. Eu estava curiosa, mas a ideia de reencontrar Andrew, fez meu
coração acelerar e minha barriga se contrair em completo nervosismo.
Desliguei o celular e voltei a fazer minhas compras, mas sabe como é,
você ficar no automático? Era assim que eu me sentia quando terminei minhas
compras e voltei para casa.
No dia seguinte, cuidei de meu cabelo, das unhas, de minha pele, peguei
uma roupa qualquer no guarda roupa e vesti, mas o meu coração continuava
descontrolado, ansiando por ver Andrew, mas ao mesmo tempo, temendo um
encontro desagradável.
Cheguei à casa da mãe de Mathew, pouco mais das sete e meia. Estava
meia hora atrasada, mas só por causa da demora do Uber. Alissa e Mathew, me
receberam ao chegar.
— Cecil, como você está linda, ragazza. — Alissa disse ao me abraçar.
Eles e essa mania de me chamar de menina.
— O quê? Essa velharia? — Perguntei sorrindo, retribuindo ao seu
abraço.
Eu vestia um macacão bege de manga, com um decote em V que deixava
a curva de meus seios a mostra, coloquei um blazer, que também era bege por
cima do macacão e calcei um salto alto scarpin preto. Fiz um coque baixo em
meu cabelo, a maquiagem foi leve, mas o batom era vermelho bem chamativo.
Quando Livi me deu o conjunto, macacão e blazer, achei tão ousado, que
nunca me imaginei usando, nem sei quanto tempo ele ficou guardado no fundo do
guarda roupa, mas, sem ânimo em ir ao shopping comprar alguma coisa, então
vesti ele mesmo. Meu intuito não era ficar muito tempo, só o suficiente.
— Você que está maravilhosa, Alissa. — Disse com um sorriso sincero.
Alissa usava um vestido longo, branco com a manga igualmente longa,
ele tinha uma fenda que ia de sua coxa aos pés, havia também um decote em V
bordado, que deixava a curva de seu seio também à mostra. Acho que
maravilhosa é pouco, ela estava gata e o olhar admirado de Mathew, não deixava
dúvida sobre o quão linda ela estava.
Eu queria que Andrew me olhasse assim, no entanto, se não for ele essa
pessoa, que um dia alguém o faça.
Ficamos os três jogando conversa fora, até Alissa sair pela festa me
apresentando a todos os seus amigos, conhecidos, seus irmãos adotivos, Carlos,
Fernando e Miguel.
Todos foram bem gentis comigo, mas o único que eu não fui com a cara
foi com o tio de Alissa, Pedro, ele me olhava estranho e descaradamente seus
olhos não saiam de meu decote. Alissa, notando meu desconforto, me levou para
pegar uma bebida em um canto distante. De modo inconsciente, comecei olhar
todos os lados.
— Ele ainda não chegou.
— Ele quem? — A confusão estava estampada em meus olhos.
— Ah Cecil, você sabe de quem estou falando?
— Eu não estou procurando Andrew.
— Va bene, se você diz.
— Não sei se estou preparada. — Confessei a ela, deprimida.
— Preparada para quê?
— Rever Andrew, já faz dois meses que não o vejo.
— Vocês são malucos.
— Andrew que não toma a decisão dele, mas admito a você que a espera
é cansativa e frustrante.
— Eu sei querida, você... — Meus olhos repousaram na porta e eu nem
escutava mais Alissa. Andrew surgia todo elegante em um terno Armani preto,
feito sobre medida, mas o que meus olhos teimavam em olhar, era para mulher
que estava agarrada ao seu braço. Ver aquilo foi como um soco no estômago. —
Cecil você está bem? Ficou pálida de repente. — Seus olhos seguiram os meus e
um disfarçado “O” surgiu em seus lábios. — Quem é aquela piranha?
— Não sei. — Respondi em um sussurro. Pensei em repreender Alissa
por xingar a mulher, mas em minha mente passava vários nomes horríveis que
deixavam o de Alissa no chão, então resolvi não dizer nada a respeito.
Andrew conversou por alguns minutos com Mathew, com a mulher ainda
agarrada a ele. Ele me pareceu procurar alguém, até seus olhos se encontrarem
com os meus, depois foi descendo, avaliando meu corpo, quando voltaram a se
encontrarem com os meus, nele estava contido raiva.
Não aguentando sustentar seu olhar de raiva, pedi licença a Alissa e fui
caminhar no jardim. A casa de dois andares era bem linda e se encontrava em
ótimo estado, o jardim era belíssimo, havia fontes em formatos de pequenos
anjos espalhados pela área, todo lado que eu olhava, tinha rosas plantadas e
bancos dispostos ao redor e um pouco mais distantes havia uma grande árvore e
foi para lá que eu fui. Passaram-se alguns minutos e ouvi passos atrás de mim.
— Não estou a fim de conversar agora, Andrew. — Minha voz séria,
estava carregada de raiva contida.
— Desculpe decepcioná-la querida. — Ouvi a voz arrastada do tio de
Alissa dizer, e todo meu corpo ficou em alerta. Ao me virar, notei que ele estava
perto demais, muito perto, tanto que seu cheiro de bebida impregnava minhas
narinas.
— O que deseja senhor?
— Uso errado de palavras querida.
— O que você quer? A pergunta está mais clara para você? — Ele ficou
me encarando com o olhar divertido, impaciente, tentei passar sem precisar tocar
nele, mas ele foi mais rápido e me puxou pelo braço. — Solte-me, quem disse
que você pode tocar em mim?
— Vamos brincar um pouco querida. — Seu hálito fazia meus olhos
arderem e seu suor impregnava suas roupas. Eu sentia ânsia de vômito.
— Eu já pedi para me soltar, você quer que eu grite?
— Faça isso, a música está alta, não há ninguém além de mim e você no
jardim, seu eu quiser, arrasto você para trás dessa árvore e fodo você gostoso.
Que nojo, homem asqueroso.
— E quem vai te ajudar? Sou maior que você. — Ele tinha razão, ele era
um homem alto e forte, sozinha eu não conseguiria impedi-lo.
— Se afaste agora de minha mulher. — Nunca me senti tão aliviada em
escutar a voz de Andrew, mesmo tão brava com ele. Ele me chamou de sua
mulher e por um momento eu esqueci minha raiva e todos os problemas.
— É o quê cara? A conversa aqui é particular. — O homem cambaleou
ao falar e sua mão pressionava mais forte meu braço.
— Ai, você está me machucando. — Gritei.
— Eu não vou falar outra vez, solte a minha mulher. — Não havendo
resposta da parte do homem, Andrew pôs sua mão sob a dele e com brutalidade
abriu os dedos que estavam em volta de meu pulso, assim o libertando. —
Pietro?
— Chamou Sr. Castillo? — Eu nem tinha visto que Pietro observava a
cena.
— Tire esse homem daqui discretamente. — Ele voltou a olhar para o
homem que trocava suas pernas de bêbado. — Eu só não lhe ensino uma lição,
porque diferente de você, não sou um covarde para bater em um homem em seu
estado.
O homem lançou sobre Andrew um olhar de raiva e saiu cambaleando
com Pietro logo atrás dele.
Só assim pude respirar livremente e dei conta que Andrew estava ali a
minha frente, meu coração começou a disparar, frenético. Quando estamos a sós,
quero abraçá-lo, recostar minha cabeça em seu peito. É uma sensação que me
deixava desnorteada.
— O que você está fazendo? — A pergunta feita de forma tão fria me
deixou em alerta.
— Não estou fazendo nada, Andrew.
— Por que está vestida desse jeito? Seus seios estão quase na rua.
— Poupe-me de suas observações, Andrew. Alissa está com um decote
mais acentuado que o meu e não vi você fazendo nenhuma reclamação.
— Alissa não é minha mulher...
— E nem eu. — Ele por um momento se calou.
— Tem razão, Cecile.
— Ótimo! — Disse com raiva.
— Ótimo! — Ele revidou calmo, me deixando com mais raiva.
— Agora que estamos conversados, pode voltar para aquelazinha lá
dentro.
— Quem? — Ele perguntou confuso.
— A vagabunda que você veio agarrada ao seu braço quando chegou.
— Ah, você está falando de Valentina.
— Não quero saber quem é essa mulher.
— Ela é só uma colega que está me ajudando a fechar um acordo mia
bella.
Mia bella? Agora que ele me chama assim.
— Não me importa quem ela seja Andrew, só consigo pensar que você
escolheu desfilar com ela em um lugar que eu também estaria.
— Eu nem pensei a respeito...
— Agora não importa mais, Andrew, eu não preciso de suas palavras, de
suas desculpas, ou de suas dúvidas, o que eu quero, você já me mostrou que não
é capaz de me dar. Você já tomou sua decisão, não se preocupe que vou respeitá-
la.
Naquele momento eu me senti arrasada, mas ainda assim, saí de lá com a
cabeça erguida.
— Cecile? — O ouvi me chamar.

— Você não merece meu amor, Andrew. — Disse ainda de costa para
ele.

— Você tem razão. — Ele respondeu e eu continuei andando, entrei na


casa e me despedi de Alissa de Mathew e fui embora sem olhar para trás.
Agora estou aqui, sozinha em meu apartamento, dois meses depois de
meu último encontro com o amor de minha vida e quatros meses separados.
Toda vez que penso em nosso último encontro, às ondas de dúvidas vem
como um frenesim sobre mim e naquele dia infeliz, fui capaz de sentir uma
tempestade silenciosa se instalar em meu interior, e nem as ondas foram capazes
de quebrar o rochedo em meu coração, o rochedo do medo e do vazio. Como
quebrar, se elas são a culpada desse rochedo ter se formado em mim?

O telefone toca me tirando de minha autopiedade. Olhando o visor noto


que é minha mãe e fico surpresa.

Quando minha mãe me ligou pelo celular? Penso por um instante. —


Nunca, ela sempre conversa comigo por chamada de vídeo.

Ela deve ter tentado falar comigo, mas estou sem internet desde a noite
anterior, já falei com a sindica, mas a bruxa não resolve meu problema.

Atendo ao telefone, receosa.

— Mãe?

— Cecil eu já estava preocupada filha, estou desde a noite anterior


tentando falar com você. — Sua preocupação não disfarçava sua voz de choro.

— Eu estou sem internet, mãe, desculpa, mas por que a senhora andou
chorando? O que aconteceu? Cadê Livi? — Meu coração começou a bater
rápido. Ela ficou em silêncio fazendo meu medo aumentar. — Mãe cadê a Livi?
— Um sentimento de culpa se apossou de mim de repente. Eu fiquei presa em
meu mundo de dor e esqueci as pessoas importantes de minha vida.

— Ela piorou, Cecil, os médicos acreditam que ela não tem muito tempo.
— As lágrimas desciam desenfreadas. Minha Livi, minha amiga e irmã,
precisando de mim e eu me sufocando com minha dor.
Que tipo de pessoa eu sou?
— Livi está chamando por você, venha se despedir dela, querida.

— Eu já estou indo mãe, eu preciso desligar, entro em contato quando


pousar.

Desliguei o celular antes mesmo de escutar qualquer resposta. Corri ao


quarto, peguei minha mochila em cima do guarda roupas e coloquei algumas
peças de roupas, apanhei meu passaporte dentro do guarda roupa e meus outros
documentos, como RG, CPF e meu cartão de crédito.
Como já tinha tomado banho, vesti uma calça jeans azul escuro, uma
camisa polo azul e calcei uma sapatilha da Moleca, que sempre acaba com meus
pés, mas era única disponível em minha frente. Fiz um coque as pressas e saí
correndo, torcendo para que um taxi passe logo.
Onde eu morava, era um pouco deserto e raramente passava um taxi, por
isso eu sempre chamava um Uber, mas sem internet e sem dados moveis,
complicou minha vida.
Como não surgia nenhum táxi, sabendo que próximo dali havia um ponto
de ônibus, corri até lá.
— Senhorita Cecil? Ouço alguém me chamar. — Senhorita? — Viro-me e
vejo Antônio em meu encalço.

— Oi, Antônio, estou com pressa.


— Por que está chorando? Posso ajudá-la?
— Você pode consegui um taxi para mim? Preciso ir ao Brasil.
— Vamos, estou de carro. — O alívio veio com tudo.
— Grazie, Antônio. — Dei-lhe um abraço apertado e recomecei o choro
novamente, segui Antônio até o carro que estava parado ao lado de meu prédio.
Fiquei logo desconfiada. Já mais calma e a caminho do aeroporto, perguntei a
ele o por quê de estar parado ao lado de meu prédio.
— Vamos Antônio, não vai me responder?
— O Sr. Castillo pediu...
— Para você ficar me vigiando? — Pergunto cortando sua fala.
— Não, ele pediu para te proteger, Daniele ainda está à solta. — Eu nem
lembrava mais dessa mulher, a infeliz é muito boa em se esconder.
— Entendo Antônio, mas, ele poderia ter me avisado antes, agora sinto
que minha privacidade foi invadida.
— Tenho certeza que ele quis falar com a senhorita.
— Sei! — Inspiro com força e viro meu rosto para a janela ao lado do
banco carona.
— Por que vai viajar as pressas ao Brasil? Se a senhorita me permite
perguntar?
— Minha amiga Lívia piorou e os médicos acreditam que ela pode
morrer a qualquer momento. — Abracei meu corpo inconformada. — Não posso
perdê-la, não posso perdê-la. — Eu murmurava para mim mesmo.
— Você não vai perdê-la, tenha fé.
— Eu tenho fé, Antônio, mas, eu sinto aqui dentro. — Aponto para meu
coração. — Sinto que ela está indo embora e pensar que não vou poder ver seu
sorriso, me bate um desespero.
— Acalme-se, se desesperar assim não vai ajudá-la, você pode ficar
doente de tanto chorar. Vamos, chegamos.
Saí do carro às pressas, com Antônio atrás de mim. Fui atrás de uma
passagem, mas a passagem estava muito cara e meu cartão não passava, me
desesperei mais ainda. A recepcionista muito prestativa, disse que comprar pela
internet evitava taxa adicional.
— E agora Antônio? — Virei para ele e perguntei aflita.— Você tem
internet?
— Tenho, mas deixe que eu resolvo. — Ele diz
Ele saiu e ficou conversando ao celular por uns três minutos, ao se virar,
vi seu olhar alegre e dei um sorriso cansado, mas de puro alívio.
— Conseguiu, Antônio?
— Sim, o Sr. Castillo tem um colega com um jato particular que cedeu à
senhorita, o avião já está preparado, o dono ia viajar, mas por um pedido do Sr.
Castillo desistiu. — Abracei Antonio, agradecendo, mas não posso me esquecer
de Andrew, mesmo longe ele ainda cuida de mim.
Fiz Check-in e corri ao meu portão de embarque. Já no avião, respirei me
sentindo cansada. Eu queria tanto que Andrew estivesse ao meu lado, mas, ele
não estava e o sentimento de solidão só piorava meu estado.
— Já estou chegando Livi, já estou chegando, por favor, me espere. —
Eu pedia em uma oração silenciosa.
CAPÍTULO 40

Faltando poucos minutos para rever mia bela, minha ansiedade estava
quase no limite, não sei por que deixei chegar a tanto, não aguento mais ficar
longe dela.
Eu cheguei a imaginar que seria eterno nosso relacionamento, porque eu
consigo me ver assim com Cecile, mas, quando ela se declarou para mim, entrei
em pânico e instantaneamente senti receio que a velha cicatriz de dor se abrisse.
Foi esse receio que me fez perdê-la.
Os nossos dois e breves encontros, durante esses quase cinco meses,
foram uma tortura para mim. Em meu escritório usei da ironia para não ceder a
minha vontade louca de beijá-la, mas na festa de noivado de Mathew e Alissa,
fui despreparado, me arrependo de duas coisas: de ter olhado para Cecil com
raiva e de ter levado a grudenta e intrometida da Valentina comigo.
A raiva não era direcionada a ela, mas a todos os homens que não
tiravam os olhos de Cecil e Alissa. Quem em sã consciência faz um tipo de roupa
que deixa os seios das mulheres quase a mostra? Eu realmente não consigo
entender.
Valentina foi minha pior decisão, ela é a dona do novo terreno que eu ia
comprar, mas depois do que aconteceu na festa, decidi que não vale a pena, ela
insistiu tanto em me acompanhar, com a velha desculpa de estar com tédio, não
pensei a respeito, eu queria ver mia bella, mas essa decisão mal pensada só fez
piorar tudo.
Naquele dia, eu tinha tido uma conversa decisiva com Jonas e sempre
quando me lembro, sinto que deixei para trás situações dolorosas.
Dois dias antes, Jonas havia sido transferido do presídio do México para
o presídio de Roma, chamado “Regina Coeli”. Se fosse por mim, eu iria lá no
mesmo dia que ele foi transferido, mas, ele acabou chegando muito tarde e na
sexta feira, ouve a saudação e os votos do “Santo Padre" o cardeal Agostino
Vallini.
Cancelei toda minha agenda e optei em ir no sábado pela manhã. Cheguei
a achar que a visita não aconteceria.
Para receber visitas, Jonas teria que me registrar na administração do
presídio, na lista de pessoas que ele deseja receber visitas, só que eu não estava
no rol de visitas dele.
Liguei na noite anterior para o meu advogado particular e pedi para saber
se teria algum problema, não foi surpresa quando descobri que teria, mas não sei
dizer como, Mathew junto com meu advogado, conseguiram que a visita
acontecesse.
Assim que cheguei ao presídio, acompanhado de Pietro, me senti
desconfortável, o ambiente é bem opressor, fedia a sangue e sexo.
O agente penitenciário, um homem com mais ou menos minha idade,
altura mediana e a fisionomia bem séria, me olhou de cima abaixo com desprezo
no olhar, eu fingi que nem notei sua hostilidade.
— Bom dia senhor, estou aqui para visitar Jonas Vitello. — Disse assim
que me aproximei do balcão da recepção.
— Documentos! — Ele nem retribuiu o bom dia, ainda assim, continuei
com minha educação.
— Certo! — Tirei todos os documentos necessários de dentro do bolso
de meu terno preto.
Entreguei ao agente penitenciário meu RG, um documento comprovando
meu parentesco com Jonas, antecedentes criminais, meu comprovante de
endereço e duas fotos 3x4. Ele avaliou meu RG, em seguida os outros
documentos, depois colocou um em cima do outro e voltou a olhar para mim.
— Chaves, algum objeto cortante, Sr. Castillo?
— Não.
— Arma de fogo?
— Não, só meu segurança que está portando uma, mas ele tem licença.
— Celular?
— Sim!
— Preciso que me entregue. — Afirmei com a cabeça, tirei o celular do
bolso de minha calça e entreguei a ele.
— Ok, pode entrar no portão á direita.
— Meus documentos?
— Assim como seu celular, serão entregues quando retornar.
— Va bene!
Caminhei em direção ao portão com Pietro logo atrás de mim, mas fomos
barrados pelo agente penitenciário antes mesmo de entrar.
— Perdono Sr. Castillo, mas só o senhor pode entrar.
— Por que isso? Pietro é meu segurança.
— Mas o nome dele não consta na lista. — Pensei em retrucar, mas logo
desisti, olhei para Pietro.
— Aguarde-me aqui, Pietro. — Ele ia reclamar, mas logo o cortei. —
Por favor, não irei me demorar.
— Va bene, senhor. — Ele respondeu relutante.
Entrei pelo portão e fui parar em outra sala, onde outro guarda de
segurança me aguardava. Ele mandou abrir os braços e as pernas e passou um
detector de metal por todo meu corpo.
— Aguarde nessa sala que o prisioneiro já está à caminho.
— Não preciso fazer revista intima?
— Não senhor. — Suspirei aliviado. Isso é muito humilhante, se tivesse,
eu faria, mas fico feliz em não precisar fazer.
Entrei na sala, esperei por alguns minutos, não sei ao certo quanto, sem
relógio e sem celular não tinha como saber.
— O magnata Andrew Castillo. — Ouvi Jonas dizer logo atrás de mim.
Virei e meus olhos se arregalaram de espanto. Jonas estava muito magro, todo
machucado, seu cabelo todo despenteado e sua pele muito pálida.
— Você está horrível. — Disse, ignorando seu tom irônico.
— É o que acontece quando se está na cadeia.
— Você só está preso ao quê? Dois meses? Deu tempo para ficar assim?
— Aponto para ele.
— A comida é horrível demais e alguns presos são terríveis. — Ele
disse parecendo cansado, seu tom irônico sendo substituído por um grande pesar.
— O que você quer Andrew? Veio se vangloriar?
— Não vim fazer nada disso, por favor, acomode-se. — Indiquei a
cadeira à frente da minha.
Um agente penitenciário estava logo atrás dele. Jonas caminhou e se
acomodou na cadeira. O agente tirou as algemas e já estava prendendo seus
pulsos na mesa, mas o interrompi.
— Não precisa disso. — Jonas olhou para mim surpreso com minha
intervenção. O agente olha para mim e depois para Jonas.
— Va bene, mas não banque o engraçadinho. — Jonas levantou as mãos
em rendição.
Assim que o agente se afastou, levando consigo as algemas e se
acomodando de pé em frente a porta de saída, Jonas recostou-se na cadeira,
alisando seus pulsos avermelhados. Ali só tinha uma mesa nos separando.
— Você ainda não me disse o que você quer, Andrew.
— Eu quero saber o porquê...
— O por quê? — Ele perguntou confuso.
— O porque você fez tudo isso.
— Você não sabe? — Ele sorriu sarcasticamente.
— Não sei Jonas, não sei por que você tentou me matar, ou por que me
odeia tanto. Daniele queria meu dinheiro e você?
— Seu pai e sua mãe acabaram com minha família, por causa deles, eu e
minha mãe ficamos na miséria. Seus pais acusaram meu pai de coisas horríveis e
em seu leito de morte, meu pai me fez prometer que me vingaria de vocês por
ele, pela honra de minha família. — O ódio dele poderia ser palpável.
Eu fiquei abismado, escutando as palavras dele.
— Isso é um absurdo, meus pais salvaram sua mãe, o que ela disse a
respeito disso?
— Minha mãe não me disse nada, acha que eu acreditaria? Ela é uma
dissimulada, aproveitadora, uma viciada. Nem sei como seu pai conseguiu casar
com ela.
Nem eu sei. Pensei.
— Deve ter sido por pena, só pode. — Ele completou parecendo
enojado.
— Você está enganado, seu pai te enganou...
— Limpe essa sua boca para falar de meu pai. — Ele se levantou
revoltado.
— Sente-se e se comporte ou eu vou colocar as algemas em você outra
vez. — O agente intervém ameaçando. Jonas senta-se, com raiva no olhar.
— Não estou ofendendo seu pai, Jonas, meu pai me contou toda a
verdade sobre o relacionamento de minha tia com ele. — Esperei ele pronunciar
alguma coisa, mas ele nada disse. — Sua mãe era violentada e humilhada
constantemente por seu pai. Em uma noite, seu pai chegou em casa embriagado e,
mais uma vez, agrediu e violentou sua mãe que estava grávida de você, a
machucando muito. De alguma forma, ela conseguiu pedir ajuda aos meus pais e
eles foram lá com a polícia. Sua mãe deu queixa de seu pai e ele foi preso. —
Fiz uma pausa e voltei a falar novamente. — Foi o seu pai quem levou vocês a
miséria, acabando com o dinheiro em bebidas, drogas e mulheres. Foi a partir
dessa época, que sua mãe começou a beber muito e a usar drogas, ela mudou
totalmente.
— Isso não pode ser verdade. — Jonas disse em um sussurro.
— Essa é a verdade, pergunte a sua mãe, ela vai dizer.
— Minha mãe morreu ano passado de overdose.
Saber aquilo me fez ver o quanto Jonas é desafortunado, viver uma
mentira, se vingar por uma mentira. Eu entendo, sua mãe era ausente, ele achou
que seu pai se importava com ele, para no final, descobrir que só estava sendo
usado.
— Sinto muito por sua mãe. — Disse contrito.
— Não mais do que eu. A negligenciei tanto, a odiei por muito tempo,
agora descubro que minha raiva é direcionada a pessoa errada.
— Eles são seus pais, independente dos erros que cometeram, como
filho, você precisa amá-los, respeitá-los e ajudá-los a seguir o caminho certo
quando eles se desviam, assim como eles fazem por nós. — Falei com
sinceridade, por que é o que eu faria se meu pai ainda vivesse. Eu pediria
perdão por tudo e acima de tudo, eu diria o quanto o amo. Sinto tanta saudade de
mio padre.
— Seu pai te deserdou e te excluiu da vida dele, tudo isso por orgulho e
você ainda o respeita? — Ele perguntou incrédulo. — Achei que você estivesse
magoado com ele.
— Eu também cometi erros ao qual se pudesse, consertaria, por orgulho
me afastei dele também. Estou magoado sim, mas isso não é nada, se eu pudesse
tê-lo de volta, eu queria ter dito o quanto o amo, que segui meus sonhos não foi
uma forma de afrontá-lo. — Limpei uma lágrima solitária que sempre caia
quando me lembrava de meu pai. Não me importei em chorar na frente de Jonas,
desde que conheci Cecile, que aprendi a não ligar para isso.
Agora que a ficha caiu. Eu já perdoei há muito tempo ao meu pai, Daniele
não passava de um borrão em minha vida. Eu amo Cecile, por que não admiti
logo isso a ela? Por que tenho tanta vergonha, ou será medo? Levantei-me às
pressas.
— Preciso ir Jonas, tenho algo muito importante para fazer.
Dizer a Cecil que a amo muito. Completo em pensamento.
— Não, espere. — Jonas disse e eu fiquei todo alarmado com seu tom.
Virei-me cauteloso para ele.
— Sim?
— Tenho algo para te dizer...
— O quê?
— É sobre seu pai.
— Sobre meu pai? O que tem ele? Não me diga que você o matou? —
Caminhei até ele com olhar de raiva.
— Espere Andrew, eu não o matei.
— O que foi então?
— É que... É que, bom...
— Fala Jonas. — Eu já estava preocupado.
— Seu pai não morreu.
— O que disse?
— Seu pai não morreu, eu fingi a morte dele, ele ainda está vivo. — Eu
não sabia explicar qual sentimento era mais predominante dentro de mim.
Dúvidas, esperança, alegria, cautela.
— Não brinque comigo, Jonas. — Repliquei áspero.
— Não estou brincando. Eu precisei fingir a morte dele, porque da
herança.
— Onde ele está? Eu quero vê-lo agora.
— Esse é o problema, dois dias antes de ser preso no México, recebi
uma ligação dizendo que seu pai havia sumido do asilo que eu o tinha colocado.
— Ele está perdido durante esses dois meses, sozinho, com fome?
Porque fez isso com ele, Jonas? — Meu coração estava cheio de raiva, medo de
perdê-lo mais uma vez.
— Sinto muito, eu ia procurar por ele, mas não tive como. Eu sei que fiz
tudo errado, não queria machucar seu pai, ou você...
— Você tentou me matar. — Acusei-o.
— Eu amo Daniele, ela acabou me convencendo a fazer isso...
— Daniele não ama ninguém, ela só faz usar as pessoas.
— Agora eu sei disso.
— Você acha que Daniele pode tê-lo o sequestrado?
— Não, ela não sabe sobre ele, nunca contei e sempre tomei cuidado
para ficar assim. — Achei que ele a amasse e confiasse nela, mas isso demonstra
que a confiança não era tanta assim.
— Eu vou procurá-lo. — Minha determinação sempre foi uma de minhas
qualidades.
— Comece pelo Asilo Nido Pietra Porzia.
— Va bene! — Viro-me novamente para sair.
— Andrew? — Jonas me chamou novamente.
— Sim?
— Espero que um dia você me perdoe.
— Eu não posso te responder isso agora, Jonas, a minha vontade é
quebrar a sua cara por tudo o que você causou ao meu pai e a mim, mas, eu não
farei isso, afinal, você também fez algo bom para mim. — Ele me olhou confuso.
— Você me apresentou a mulher que amo.
— Ah, sim, a gostosa. — Olhei para ele com raiva. — Quero dizer: a
brasileira.
— Sim, se não fosse por sua brincadeira de muito mau gosto, eu não a
teria conhecido.
— Ela me odeia!
— E com razão.
— Eu sei.
— Sabe Jonas, o homem que só segue suas emoções, acaba cometendo
muitos erros, talvez por isso me controlo tanto para não quebrar sua cara. Agora
realmente preciso ir...
— Você vai voltar? — Ele parecia esperançoso. Eu quis dizer não, mas
sabia que independente dos erros dele, ele ainda é parte de minha família.
— Sim, mas não posso por agora, vou procurar meu pai e tenho outras
coisas para resolver.
— Tudo bem, eu entendo. — Ele disse e voltou a se sentar. Acenei para
ele com a cabeça e saí daquela sala como se um grande peso fosse arrancado de
meus ombros.
Assim que saí do presídio, fui ao tal asilo, mas, eles não sabiam dizer
nada sobre o desaparecimento de meu pai, eu fiz um escândalo, ameacei
processá-los por sequestro e cárcere privado. O que eu pensei em fazer com
Jonas, mas acabei desistindo.
Pedi a Pietro para me ajudar nisso e depois Mathew também ajudaria.
Quando fui perceber, já estava bem atrasado para o noivado de Alissa e
Mathew.
Tinha que conversar com Cecil, como ela ia para festa, decidi conversar
com ela lá mesmo, mas, Valentina me pegou desprevenido quando estava saindo
da empresa, quando dei por mim, ela já me acompanhava. E foi a pior decisão de
minha vida.
Quando Cecile disse que eu não merecia seu amor e saiu do jardim,
parecia que eu tinha recebido uma facada no peito e um grande vazio se formou
em mim.
Eu quis correr atrás dela, só que eu pude perceber que mia bella merecia
algo melhor do que eu.
E durante esses meses, foquei em procurar meu pai, Leonel, deixei
Antônio protegendo-a, como não comuniquei a ela minha decisão, sei que vai ter
muita discussão.
Eu estava averiguando uma pista sobre o paradeiro de meu pai no
momento em que Antônio me ligou.
Na ocasião em que ele falou do estado que Cecil se encontrava, eu fiquei
com ódio de mim, prometi estar lá por ela e agora ela precisa de mim e eu não
estava.
Deixei Pietro cuidar de seguir a pista e mudei meu voo para o Brasil.
Cheguei faz uma hora, como o hospital que Lívia está é bem longe do
aeroporto, demorei muito para chegar.
Aproximei-me da recepção e uma jovem de estatura mediana, cabelos
pretos e olhar gentil, se encontrava.
— Boa noite. Estou procurando minha namorada, Cecile Viana, e sua
amiga Lívia Araújo.
Dessa vez eu estava sozinho, sem segurança, Mathew e Alissa, Mona,
Mattias e sua noiva chegam amanhã. Pietro está seguindo a pista e Antônio foi
ajudá-lo.
A recepcionista ainda me encarava, impaciente falei mais brusco do que
pretendia.
— Senhorita? Eu preciso de uma resposta, a senhorita vai poder me dar,
ou eu vou precisar chamar alguém que possa?
— É que... Bom, me perdoe senhor.
— Eu que peço perdão, a senhorita não tem nada haver com meus
problemas. — Ela balança a cabeça afirmando.
— Não estamos no horário de visitas, senhor.
— Eu sei, mas, a amiga de minha namorada está morrendo, cheguei de
viagem agora, vim me despedir dela e consolar minha namorada. — Não sei
porque fico dizendo que Cecil é minha namorada, sendo que nem sei se somos
amigos.
— Oh, sinto muito por isso estar acontecendo. — Ela me pareceu
sincera, então balancei a cabeça afirmando. — Um segundo. — Ela diz e digita
algo no computador. — Lívia Araújo se encontra no quarto trezentos e quinze,
segundo andar.
— Grazie. — Agradeço em italiano, fazendo a mulher corar.
Não sei por que as mulheres brasileiras coram perto de mim, será meu
sotaque?
Deixo a recepcionista ainda me encarando e caminho até o elevador.
Entro e aperto o botão do segundo andar. Ao chegar lá, me direciono ao quarto
trezentos e quinze. A porta está meio aberta, empurro e entro, encontro Cecil
chorando sobre o corpo de Lívia. Doeu-me muito vê-la assim.
— Mia bella? — Ela me encara com o olhar carregado de dor.
— Andrew? — Ela sussurra. Eu não sabia o que fazer, a não ser abrir
meus braços para ela. Ela corre e me abraça apertado.
— Estou aqui mia bella, estarei aqui por você sempre que você quiser.
— Eu disse com meu queixo apoiado em sua cabeça, encharcando seu cabelo
com minhas próprias lágrimas.
CAPÍTULO 41

No momento que o avião aterrissou em Salvador, passava das vinte e


duas horas da noite. A aeromoça anunciou que eu podia tirar o cinto e foi o que
fiz.
Agradeci a ela o cuidado e carinho que tiveram por mim, mandei meus
cumprimentos ao piloto e saí de lá o mais rápido que pude.
Caminhei até a entrada de desembarque, tentando organizar minha mente.
Em minha carteira só tinha no máximo dez reais, brasileiro, daria para pegar até
dois ônibus, mas não seria o suficiente para pagar um Uber. A opção era tirar
algum dinheiro, só que eu não sei onde tem uma caixa eletrônico e não tinha
paciência para sair perguntando.
— Droga, Uber também aceita cartão. — Digo em voz alta, fazendo as
pessoas me olharem alarmados.
Devem achar que sou maluca. Cogito com sarcasmo.
Apressei meus passos, cheguei ao balcão e o atendente fez o check out,
conferido minhas informações. Dirigi-me a saída que dá direto ao
estacionamento, onde sempre tinha uma grande quantidade de táxi e Uber
disponível.
Cheguei perto das portas e elas se abriram com minha aproximação.
Assim que saí, respirei fundo e observei a minha volta.
Tinham poucos táxis e aparentemente nenhum Uber. Meu corpo todo
tremeu de medo.
E se Lívia tiver morrido?
Eu nem consegui chegar ao hospital ainda. É tão frustrante tudo isso, não
ter controle sobre as coisas. O sentimento de perda é tão opressor, não saber o
que fazer, ou não ter ninguém para abraçar e dizer que tudo vai ficar bem, mesmo
sabendo que pode ser o contrário. Sentir medo e se sentir sozinho é uma
combinação péssima. Minha mente se torna uma habitação de pensamentos ruins,
negativos.
— Cecile Viana? — Ouço uma voz atrás de mim e meu corpo todo fica
tenso. Volto todo meu corpo em direção à voz para me deparar com o motorista
do hotel de Andrew. A apreensão saiu na hora.
— Sim?
— O senhor Andrew, me pediu para levá-la aonde quiser.
— Obrigada! — Grazie Andrew, grazie por tudo.
— Disponha! Venha, me dê sua mochila.
— Não precisa, ela não está pesada.
— Por favor, não é nenhum incômodo. — Ele parecia que ia insistir,
então entreguei e o segui até o carro.
Deste modo, chegando ao carro, abri a porta do carona e entrei, olhando
pelo espelho retrovisor, notei que o motorista me pareceu meio atordoado.
Talvez possa ter achado que sentaria no fundo como da última vez.
Ele entrou com minha mochila ainda nas mãos e acomodou em um dos
assentos do fundo.
— Para onde vamos?
— Hospital Aristides Maltez Geral.
— Certo! — Ele prende seu cinto de segurança e eu faço o mesmo.
O carro é uma SUV preta muito confortável, me recostei no assento,
tentando fazer meu corpo relaxar. Fechei meus olhos lembrando o som da risada
de Livi, dos nossos momentos de alegria. E dormi com essa linda lembrança.

— Chegamos. — Sinto um toque de leve em meu ombro.


Abri meus olhos e estudei o lindo casarão histórico a minha frente.
Fundada há quase oitenta anos, sua fachada ainda está bem conservada. O
Hospital Aristides Maltez, é referencia quando o assunto é a luta contra o câncer.
Atende pacientes através do SUS, sei a luta que as pessoas passam para
conseguir uma vaga. Quando os portões se abrem às cinco e meia da manhã, as
pessoas entram correndo em busca de fichas para atendimentos e remédios
gratuitos e uma chance para lutar. Fico feliz que Livi pôde pagar e não precisou
passar por isso, claro que todos ajudaram e agradeço a Deus por minha família a
considerar tanto.
Peguei minha mochila no assento do fundo.
— Agradeço muito pela ajuda, qual o seu nome?
— Geraldo! E disponha, será sempre uma honra servir a futura esposa de
meu chefe. — Quis consertar o equivoco dele, mas desisti e saí do carro, mas
não antes de lançar um sorriso de agradecimento.
Subi as escadas que dava acesso à entrada do hospital e entrei. Caminhei
até a recepção, expliquei a situação.
Já no elevador, apertei o segundo andar. Chegando lá, me dirigi ao quarto
trezentos e quinze, respirei, bati na porta e entrei.
Minha mãe estava olhando pela janela, meus olhos caíram sobre a figura
quase desfalecida sobre a cama. Livi estava tão magra, seus ossos ficavam
acentuados por sua pele enrugada. Sua pele antes dourada, agora estava pálida.
Seu cabelo já não existia mais e pela forma que ela respirava, parecia ter
dificuldade em encontrar ar.
Vendo-a nesse estado, a realidade veio em cheio e meu coração perdeu
uma batida e as lágrimas já desciam uma atrás da outra.
— Mãe? — Ela vira-se em direção à porta.
— Cecil, minha menina. — Ela caminhou com seus braços estendidos,
também chorando. — Você está tão magra querida, você está doente?
— Não, mãe. — Digo apoiando minha cabeça em seu ombro.
— Não quero perder outra filha. — Ela soluça ao dizer.
— Não vai mãe, não vai. A Livi, ela está tão magra, por que não me
disse que ela piorou?
— Ela não quis te preocupar querida.
— Agora me sinto tão culpada em tê-la negligenciado, mãe, só me
importei comigo mesma, com minha dor e esqueci-me de minha pop.
— Pare com isso, não se culpe, quando chega nossa hora de partir, é
assim mesmo. O Dr. Nilo Jorge, médico de sua irmã, disse que o número de
células de leucemia anormais está muito elevado, ela já não consegue lutar mais.

— Eu não quero perdê-la, mãe.


— Nem eu, meu amor. — Ela beija o topo de minha cabeça com carinho.
— Cecil? — Livi me chama, ainda com seus olhos fechados. — É você
Cecil?
— Sou eu, Livi, estou aqui, não diga nada, não se canse muito. Vá
descansar mãe, eu fico com Lívia.
— Vou à lanchonete comer alguma coisa e já volto. — Acenei para ela e
me aproximei da cama de Livi. — Você quer que eu peça para colocarem o
respirador em você?
— Não precisa...
— Você está com dificuldade em respirar, Livi, por favor, me deixei
fazer isso?
— Não posso, Cecil, como vou me despedir de você? Meu tempo já está
acabando, querida.
— Não fale isso...
— Mas é a verdade amiga, eu quero matar a saudade de conversar com
você. — Ela começa a rir de repente. Não foi bem rir, mas era uma tentativa
frustrada.
— O que foi?
— Matar a saudade, chega a ser irônico essa palavra.
— Não tem graça, Livi.
— Na verdade tem sim, Cecil. — Ela diz ainda sorrindo. A alegria que
existia no brilho de seus olhos, a luta pela doença ocultou, ainda assim, ela fazia
questão de sorrir para mim.
Essa é minha Lívia, nunca perde a sua garra.
— Pare de chorar amiga... — Ela faz uma pausa. — Quando foi a última
vez que você foi dormir sorrindo? A última vez que você sorriu de verdade,
amiga? Conhecendo você, isso deve ter acontecido há meses. Seus olhos estão
inchados de tanto chorar.

— O importante é você, Livi, não eu.


— Engano seu, você que está ficando aqui, Cecil. — Ela já estava
conformada, isso me deixou arrasada.
— Não consigo parar de chorar, Livi, chorar alivia o peito, a esperança
não me conforta mais. Perdi Andrew, agora estou perdendo você...
— Você não perdeu Andrew, eu vejo em seus olhos amiga, que seu
coração está doendo, mas aquele babaca te ama e você sabe disso. — Ela acaba
sorrindo pela forma que chama Andrew.
— Eu também o tenho chamado assim.
— Cai muito bem no momento.
— Verdade! — Digo limpando as lágrimas de meus olhos. Livi estava
bem debilitada e seu esforço ao falar é bem visível.
Ela é tão teimosa. Penso deprimida.
— Chore tudo que você quiser chorar hoje, Cecil, mas amanhã, você vai
lutar por sua felicidade. Prometa para mim. — Seus olhos determinados me
encaravam, eu queria dizer a ela que não consigo, mas tentarei por ela e por
mim.
— Eu prometo, Livi, prometo a você lutar por minha felicidade.
— É assim que se fala, amiga.
— Perdoe-me Livi, por não ter ligado muito para saber como você
estava, não ter me importado, me perdoe por ter ficado presa em minha tristeza,
por ter...
— Você se importou sim, Cecil, eu que na quis te preocupar mais, você já
tem tantos problemas...
— Você não é um problema.
— Eu sei, mas, eu não quero que você se culpe, chega de culpas.
— Tudo bem amiga. — Chego mais perto dela e lhe dou um beijo na
testa. Ela cheirava a flores, seu perfume preferido, rosa do campo. — O que eu
posso fazer por você, Livi? Por favor, me diz.
— Segure a minha mão, pirulito, esteja aqui comigo até o fim. — Suas
palavras traziam tanta dor e a dor esmagava meu peito.
Segurei sua mão esquerda e me debrucei sobre ela, para lhe abraçar, com
dificuldade ela passou sua mão livre por minha cintura e lá deixou.
— Não esqueça nosso lema, amiga. — Ela diz com sua voz cansada. —
Espere e viva. — Falamos ao mesmo tempo.
— Eu a amo, Lívia, vou te amar para sempre.
— Eu também a amo, Cecile, meu amor por você também será eterno.
Pude sentir quando ela deu seu último suspiro, seu braço em minha
cintura caiu na cama e todo seu corpo ficou mole.
— Livi? — Sussurrei ao chamá-la. — Livi? — Chamei mais alto. Chorei
convulsivamente. Um pedaço de mim foi junto com ela e por mais que eu tente,
não consigo abrir mão dela, de minha amiga.
É muito difícil abrir mão de alguém que amamos, é muito difícil deixar
essa pessoa ir embora. Fiquei chorando em cima do corpo de Livi, já
desfalecido, a dor não passava, só aumentava.
— Mia bella? — Ouço Andrew me chamar.
— Andrew? — Sussurro. Mesmo em meio a tanta dor, meu coração ficou
alegre em vê-lo. Andrew abre seus braços para mim e eu corro e o abraço
apertado.
— Estou aqui mia bella, estarei aqui por você sempre que você quiser.
— Ele diz e suas palavras acalmam meu coração. Seu queixo fica apoiado em
minha cabeça e eu sinto suas lágrimas em meu cabelo. Sei que ele também
gostava de Livi, desde a ajuda de Livi no meu aniversário, senti uma amizade se
formando entre eles.
— Ela se foi Andrew, minha Livi se foi.
— Eu sei querida, se acalme, por favor, tente se acalmar, não quero que
você fique doente.
— A lanchonete estava muito cheia, desculpa a dem... — Escuto minha
mãe dizer, mas, ela não termina a frase. — Andrew? O que faz aqui? — Ela
chega mais perto do leito de Livi. — O que aconteceu? Por que Lívia não se
mexe, Cecil? Lívia? — Minha mãe grita. — Afastei-me de Andrew e a abracei.
— Ela se foi, mãe, ela se foi.
— Minha menina se foi? Minha Livi?
Minha mãe Marcela sempre nos amou por igual, e a dor que ela sentia ao
perder Livi, era quase palpável.
Andrew saiu, demorou alguns minutos e voltou acompanhado de uma
enfermeira e um médico. O médico se aproximou da cama de Livi, sentiu seu
pulso, auscultou seu coração, em seguida olhou para o relógio na parede a sua
frente.
— Hora da morte, meia noite e dois.
A enfermeira tirou os aparelhos de Livi e saiu.
— Sinto muito por sua perda. auscultou O médico diz ao se aproximar
de nós duas.
— Obrigada! auscultou Digo sem tirar os olhos de Livi.
— Sinto muito dizer isso, mas, o corpo precisará ser removido para o
instituto médico legal.
— Eu cuido disso. auscultou Andrew diz. — Esperem-me lá embaixo,
Cecil, na recepção, logo estarei com você.
Dei um último beijo na testa de Livi e saí do quarto amparando minha
mãe. Ficamos na recepção por uns dez ou quinze minutos talvez, esperando por
Andrew.
Quando ele chegou, nos levou até a SUV preta, estacionada em frente ao
hospital, eu e minha mãe nos acomodamos atrás, enquanto Andrew, ficou no
assento do carona, com Geraldo no volante.
— Vamos para o hotel, Geraldo. auscultou Andrew diz e olha para mim
pedindo permissão. Confirmo com minha cabeça.
O caminho até o hotel foi tranquilo, mas um pouco cansativo. Várias
vezes peguei Andrew me olhando, meu coração sempre perdia uma batida, para
em seguida bater descompassado. Chegamos ao hotel e Andrew nos acompanhou
ao seu quarto. Era um quarto diferente do anterior que ficamos em meu
aniversário.
No quarto havia duas suítes. Andrew nos acomodou na suíte maior e logo
depois saiu.
Eu e minha mãe tomamos banho, nenhuma das duas sentia fome, então
deitamos na cama tentando dormir um pouco. Eu fiquei de frente para porta e
minha mãe Marcela, atrás de mim, me abraçando. Ela quis me convencer a
dormir no quarto de Andrew, mas não achei certo, nem conversamos direito e eu
não queria deixá-la sozinha.
Senti minha mãe relaxar e logo pegar no sono, só que eu não conseguia
dormir profundamente, sempre cochilava e acordava com o menor barulho.
Eu estava ressonando quando senti um beijo na testa. Com medo, cheguei
a pensar que fosse o espírito de Livi, ou algo parecido, não sei se estaria
preparada para ver esse tipo de coisa, mas, se eu pudesse ouvir a voz de Lívia
outra vez, colocaria esse medo de lado. Mas eu nunca acreditei nesse tipo de
coisa, talvez por isso nunca aconteça comigo.
Logo após o beijo, senti uma carícia em meu cabelo e o perfume de
Andrew invadiu todo o meu sentido.
Abri meus olhos devagar e me deparei com os lindos olhos verdes que
invadiam constantemente meus sonhos.
— Oi? — Pergunto bem baixinho.
— Oi, perdono por te acordar, preciso falar sobre o horário do enterro.
— Tudo bem! — Digo tentando esconder e controlar minha vontade de
chorar.
— Será amanhã às três da tarde, no cemitério Jardim da Saudade, em...
— Brotas. — Completo para ele. — Grazie, Andrew, por tudo.
— Não precisa agradecer, mia bella, eu queria poder fazer mais por
você, se eu pudesse tirar essa dor em seus olhos, seria o suficiente para mim. —
Só uma pessoa muito cega não veria que Andrew sente amor por mim, seus olhos
estavam cheios desse amor ainda não revelado. Mas o deixarei escolher o tempo
certo para me dizer isso. — Durma mais um pouco. — Ele diz.
Quando ele está saindo, agarro seu braço, o fazendo se inclinar, em
seguida passo meu braço direito em seu pescoço e puxo sua boca até a minha.
Foi um beijo rápido, mas cheio de saudades. Separamos nossos lábios e ficamos
nos olhando por vários minutos, o olhar dele penetra minha alma.
— Senti muito a sua falta. — Ele diz, tocando meus lábios com o polegar.
— Eu também senti. — Puxo sua cabeça e roço meus lábios nos dele.
— Eu... — Ele faz uma pausa. — Eu acho melhor você descansar um
pouco, conversamos mais tarde. — Droga, não era isso que ele ia falar. Mas eu
disse que vou esperar o tempo dele, então, eu vou. Suspiro e solto seu pescoço
para ele se erguer.
— Boa noite, mia bella. — Andrew diz e sai do quarto.
Sentimentos é um negócio doido, eu sou doida por esse homem e ele só
dificulta para mim.
Custei a dormir outra vez, mas consegui, no dia seguinte, eu e minha mãe
acordamos passava do meio dia. Tomamos banho e eu emprestei uma roupa
minha para ela. Almoçamos e fomos em casa vestir uma roupa mas apropriada
para um velório.
Andrew não estava e Geraldo foi incumbido de nos levar aonde
quiséssemos.
Passamos em casa, nos vestimos e antes de três da tarde, eu e minha mãe
Marcela, estávamos no cemitério Jardim da Saudade.
Velar o corpo de Livi, não foi algo que sequer um dia imaginei, sempre
pensei o contrário. A gente dificilmente imagina que as pessoas que amamos
partirão antes de nós. Só consigo pensar que é foda toda essa dor que a morte
nos causa.
Andrew chegou depois e ficou o tempo todo ao meu lado, me abraçando
ou limpando minhas lágrimas.
No momento de enterrar, foi bem doloroso, foi o momento que minha
ficha caiu de vez.
Não poder mais escutar a voz de Lívia, nem poder tocá-la, pedir seus
conselhos, rir das besteiras, não haverá mais nossos segredos, abraços e
momentos compartilhados.
Antes era nós três contra o mundo. Tudo aconteceu de uma forma que não
esperávamos, mas transformou em tudo para nós.
Sempre desejei tudo de bom para ela e mais um pouco, ela seria a
madrinha de meus filhos. Nossa amizade simplesmente aconteceu, não há uma
explicação para isso. Agora não haverá isso, não haverá mais nada.
Notei que no enterro, tinha vários rostos conhecidos, além de minha
família, estava Mathew e Alissa, Mona, Mattias e Elaine, sua noiva. Depois do
enterro, fomos todos para casa de minha avó, lá apresentei minha família a cada
um deles.
Minha mãe decidiu passar a noite na casa de minha avó, eu também
passaria, mas, ela me disse para ficar um tempo com Andrew, ele fez muito por
nós, foram às palavras que ela usou e ela estava certa.
Aproximei-me de Andrew e sussurrei em seu ouvido para me tirar de lá,
ele me olhou surpreso, mas balançou a cabeça concordando.
A viagem até o hotel, foi em um silêncio profundo, mas não estava
incômodo.
Assim que chegamos ao quarto, fui à suíte que dormi na noite anterior.
Precisava tomar um longo banho.
Após o banho, vesti uma calcinha box e uma blusa social de Andrew, que
coloquei na mochila e não tinha notado. Ele tinha deixado à camisa em sua última
visita à minha casa, então resolvi deixá-la para mim.
Saí da suíte, Andrew olhava pela janela, tomando algum tipo de bebida,
acredito que whisky, vestido com um roupão preto.
Vi que ele notou minha presença, mas não olhou em minha direção.
Cheguei mais perto dele e o abracei por trás, apoiando minha cabeça em suas
costas. Suspirei sentindo o confortável algodão do roupão contra minha pele.
— Faz amor comigo, Andrew?
— Não sei se é uma boa ideia mia bella. — Ele responde depois de
algum tempo.
— Por quê? Não me quer mais? — Perguntei com receio.
— Sempre vou querer você, mia bella. — Ele Vira-se e fica de frente
para mim. — Só não quero que seja algo de momento, eu te quero para sempre.
— Eu também te quero para sempre, não é algo de momento. Eu ainda o
amo e sempre vou te amar. — Ele me olhou surpreso, mas dessa vez não recuou.
— Eu...
— Não quero te pressionar a nada. Conversamos amanhã, por hoje, só
faça amor comigo. — Não foi mais um pedido, mas deixei claro em meu olhar
que ele poderia recusar.
Suas mãos pressionaram minha nuca com carinho, o beijo seguido foi
avassalador.
— Eu estava procurando essa camisa. — Ele diz com o olhar divertido
ao interromper o beijo.
— Você sabe que não é mais sua?
— Agora que estou sabendo disso. — Ele diz e sorri para mim. — Mas
tudo bem, você pode ficar, ela cai muito bem em você.
— Fico feliz que você tenha gostado, mas agora eu prefiro tirar. — Levo
minhas mãos aos botões da camisa, só que Andrew me interrompe.
— Espere, deixe que eu a tiro.
— Ainda sei tirar minha roupa. — Digo com um sorriso bobo.
— Só que eu faço isso bem melhor. — Ele diz com um sorriso safado,
fazendo com que me apaixone mais uma vez por ele. — Tenho quase certeza que
já lhe disse isso.
— Não lembro, La Mia Magnata. — Ele entortou a boca e voltou a me
beijar, tirando minha roupa.
Andrew começou a morder meu pescoço e dizer no meu ouvido bem
baixinho: — Você é uma delicia. — Isso deixava todo meu corpo mole de
desejo.
Ele me pegou no colo e me levou para sua suíte e trancou a porta,
começamos a nos beijar novamente.
Andrew me colocou com cuidado na cama e ficou em cima de mim. Eu
estava toda molhada, pronta para ele. foram quase cinco meses sem poder tocá-
lo ou beijá-lo.
Ele tirou seu roupão e eu pude constatar o quanto ele estava magro, mas
ainda bem gostoso.
O que se seguiu foi maravilhoso, fizemos um amor lento e gostoso.
Andrew beijava meu corpo com carinho e eu me sentia única perto dele.
Ele foi o primeiro a dormir, mas, eu fiquei apreciando seu lindo rosto.
Ter Andrew por perto sempre me lembra de que não só existe dor em
minha vida. Livi estava certa em me dizer que Andrew não me deixou. Ele, em
todo tempo cuidou e cuida de mim, quero poder fazer o mesmo por ele. E farei.
— Eu poderia te amar por milhares de anos e pediria mais mil anos só
para ficar assim ao seu lado. — Sussurro em seu ouvido e me aninho ao seu
corpo quente e convidativo. Dormi quase que imediatamente, me sentindo depois
de quase cinco meses, em casa, nos braços do homem que amo.
CAPÍTULO 42

— O que está fazendo? — Uma Cecile, com a voz sonolenta pergunta.


— Estou admirando você, mia bella. — Eu me encontrava sentado na
cama, olhando para ela com um sorriso bobo nos lábios.
— Há quanto tempo você está aí? Eu ronquei ou babei? — Ela arregala
seus lindos olhos.
— Pare mia bella, você é linda de qualquer jeito, mas te respondendo,
você não roncou e nem babou. — Respondo a ela, rindo de sua cara
envergonhada.
— Não tem graça, Andrew. — Ela me puxa pelo braço e eu deito ao seu
lado e ela se aninha ao meu peito.
— Você é suspeito em falar. — Ela beija meu peito, me arrepiando todo.
— Você não disse há quanto tempo está me olhando...
— Só faz tempinho. — Mentira. Minha mente me acusa.
Estou olhando para ela desde que ela pegou no sono. Suas palavras
ecoam em minha mente: — Eu poderia te amar por milhares de anos e pediria
mais mil anos, só para ficar assim ao seu lado.
Meu coração se encheu de alegria em escutar suas palavras, eu quis dizer
o mesmo, quis me declarar, mas, e a coragem? Eu não me reconhecia, não
entendo porque tanta dificuldade em me declamar para ela.
Cheguei a pensar em desistir de nós dois, mas no fundo, tive esperança.
Ter esperança não é só saber esperar, é ter paciência também. E quando paro
para pensar sobre esses quase cinco meses separado dela, sinto que esperei
demais. Eu necessito dizer a ela sobre meu amor o quanto antes.
— Tudo bem com você? — Ela questiona franzindo a testa.
— Sim, por que a pergunta?
— Você ficou sério de repente.
— Preciso falar com você, só não sei por onde começar.
— Comece pelo inicio meu lindo. — Ela faz parecer tão fácil.
Comece pelo inicio.
— Eu... Eu quero... — Meu celular toca e eu não completo a frase. —
Droga. — Exclamo impaciente. Olho a tela do celular e noto que é Pietro, rejeito
a chamada, ele pode esperar. — Eu quero dizer que... — O celular tocar
novamente. — Accidenti. — Digo sem nem mesmo pensar antes.
— Calma Andrew, por que não atende logo? Pode ser importante.
— Tudo bem, mia bella. — Senti-me tão frustrado, nem me declarar a
mulher que amo estou conseguindo. O clima tinha ido todo embora e minha
coragem também, se é que eu tive alguma coragem. Respirei algumas vezes antes
de retornar a ligação a Pietro.
— Ciao Pietro? — Pergunto com friesa e Cecile levanta a cabeça de meu
peito e me olha feio. — Oi Pietro? — Com o tom mais brando, volto a perguntar.
— Sr. Castillo, encontrei seu pai...
Meu pai? Eu nem me atentei que a ligação de Pietro era relacionado ao
meu pai. Foi ele dizer, meu coração disparou em reposta.
— Encontrou? — Minha voz sai falha. Cecil senta na cama alarmada. —
Como foi isso?
— A pista que nos deram era quente...
— Onde ele está agora?
— Ele conseguiu trabalho em um barco pesqueiro que viaja e fica meses
em auto mar, tudo indica que o barco vai sair depois de amanhã às nove da
manhã.
— Ele sabe sobre mim?
— Não senhor, mas estou vigiando-o, não perderei seus passos.
— Grazie Pietro. — Não sei se sentia alivio ou decepção pela notícia.
— Viajarei ainda hoje. — Cecile estava com a cara confusa, abaixei o celular e
pedi a ela para aguardar um instante, ela balança cabeça confirmando. — Pietro?
— Sim, Sr. Castillo?
— Preciso que avise a Ruan...
— Ele já sabe e o avião já está preparado, só está esperando autorização
para levantar voo, só o tempo que o senhor chega ao aeroporto. — Agradeci a
Pietro e desliguei o celular. Fiquei olhando para o aparelho sem saber o que
fazer, me sentia atordoado.
— Andrew? Tudo bem? — A voz de Cecil preocupada, me tirou de meus
pensamentos conturbados. — O que aconteceu? Encontrou quem? — Em seu
rosto não havia nenhum traço de curiosidade, só preocupação.
— Meu pai. — Respondo baixo.
— Seu pai não está...
— Falecido? Era o que eu pensava também, até Jonas, dizer dois meses
atrás que fingiu a morte dele.
— Aquele bastado, filho de uma cadela. Como ele foi capaz de fazer uma
coisa dessas? — Ela levanta com raiva.
— Dinheiro, mia bella, dinheiro. Agora, por favor, se acalme.
— Tudo bem, tudo bem. O que você vai fazer agora?
— Não sei. Eu achei que mio padre estivesse debilitado, mas, Pietro me
disse que ele conseguiu um trabalho em um barco pesqueiro.
— Isso quer dizer que ele pode estar bem, o que te preocupa? — Ela
senta ao meu lado, me abraçando.
— Ele nem me procurou, mia bella. E se ele não quiser me ver? E se ele
tiver raiva de mim ainda? Dói em mim cogitar isso.
— Posso imaginar querido, mas não adianta ficar nessa dúvida. Faça o
que você disse a Pietro.
— O quê? — Pergunto confuso.
— Viaje ainda hoje.
— Você vem comigo?
— Eu quero, mas, eu não posso deixar minha mãe sozinha nesse
momento.
— Entendo. — Digo, não escondendo minha tristeza. — Eu não quero te
deixar, estou com saudades ainda, mas se eu não for, posso perder a
oportunidade de rever meu pai. — Eu realmente não sabia o que fazer.
— Daqui a duas semanas, em um sábado, será a minha formatura,
prometa que você vai estar lá, bem lindo e maravilhoso. Quando terminar, nós
dois faremos nossa comemoração particular. — Poder ver seu sorriso maroto me
trazia uma emoção que eu não sabia descrever. Tudo nela me emocionava.
— Prometo sim, agora pare de me olhar assim mia bella, você não sabe o
quanto estou com vontade de me enterrar fundo em você agora, digo literalmente.
— Completo com um sorriso malicioso.
Dou-lhe um beijo rápido e corro até o banheiro da suíte. O banho foi
breve, vesti uma camisa polo, uma calça jeans e calcei um sapato esportivo.
Quando saí, beijei mia bella demoradamente, tentando gravar seu gosto em minha
boca, mas parecia nunca ser o suficiente.
Eu não queria deixá-la e sentia raiva de mim por não ter me declarado. E
uma sensação esquisita se instalou em mim, pensamentos ruins se apossaram de
minha mente. Eu nunca confiei em sensações ruins, mas do jeito que vai as
coisas, parece que eu vivo pisando em ovos agora.
Eu me sinto alguém totalmente diferente de um ano e meio atrás, e sei que
Cecile, é a grande responsável por isso. Eu quis ser melhor por ela, ela viu o
melhor em mim, mesmo eu não vendo nada.
Como diz William Shakespeare: O amor não se vê com os olhos,
mas com o coração.
Tenho certeza que Cecil depois de nosso primeiro, segundo, talvez
terceiro encontro, me viu assim. A vida foi tão boa comigo, me presenteando
com essa linda mulher. Eu não vou deixá-la escapar outra vez, não vou mesmo.

— Onde ele está, Pietro? — Eu me sentia exausto devido a viagem, mas


a vontade em ver meu pai prevaleceu.

— Naquele hotel. — Ele aponta um hotel que mais parecia uma


espelunca. É aquele tipo de hotel de beira de estrada que os quartos eram do
lado de fora.
— Qual o número do quarto dele?
— Sete.
— Onde está Antônio?
— Foi comprar café.
— Quando ele chegar, vocês podem ir, estou de carro, daqui vou direto
para casa.
— Va bene Sr. Castillo.
Despedi-me de Pietro e caminhei a passos decididos em direção à porta
de número sete. Respirei algumas vezes, meu corpo todo suava em antecipação e
minhas mãos hesitaram em bater na porta, mas quando menos esperava, minha
mão direita tocava a porta em uma leve batida.
— Já vai. — Ouço uma voz grave e grossa dizer do outro lado da porta.
Agora já era tarde para recuar. — Sim? — Meu pai Leonel diz ao abrir a porta.
Seu olhar se arregala quando ele olha para mim. — Andrew?
— Oi, pai. — Digo segurando o choro. Ele estava o mesmo homem que
eu me lembrava, a não ser pelo cabelo todo grisalho, sua pele que antes era
queimada pelo sol, hoje estava muito pálida e seu corpo magro. Senti falta de
poder olhar em seus olhos azuis perspicaz, de ver seu sorriso, até de suas
broncas. — Podemos conversar?
— Claro, entre, por favor.
O quarto parecia pequeno com nós dois dentro, meu pai é muito alto e
meus traços e altura puxaram a ele, e meus olhos puxaram os de minha mãe.
— Eu não sei por onde começar. —Encaro seus olhos, envergonhado. —
Sei que o senhor não tem culpa do que Jonas fez, mas por que não me procurou?
Foram mais de cinco anos achando que o senhor estava morto e ainda assim, o
senhor está com raiva de mim?
— Não estou com raiva de você, Andrew, nunca senti...
— Por que não me procurou?
— Vergonha. Com qual cara eu te olharia? E se você não quisesse me
ver? Todos esses dias presos naquele lugar, não tinha um dia que eu não
pensasse em você, ainda posso lembrar-me de nossa última conversa, de cada
palavra que te falei e hoje me arrependo, se sua mãe estivesse aqui, teria
vergonha do homem que me tornei. Perdoe-me Andrew, você é o melhor presente
que sua mãe me deixou, e eu o deixei ir...
— Eu estou aqui, pai, eu também errei, mas quero mudar isso, quero meu
pai de volta, eu vim te buscar, vamos para casa comigo? — Seus olhos
surpresos, se encheram de lágrimas, enquanto minhas lágrimas rolavam
livremente em meu rosto. — Dê-me um abraço, esperei tanto por isso, sonhei
tanto com isso.
Senti seu abraço outra vez foi como voltar para casa e quando saí
daquele quarto de hotel, meu pai foi comigo e por um momento, senti tudo se
encaixando em seu devido lugar, só faltava me declarar e me casar com mia
bella. Do dia de sua formatura não passava, nem que eu precisasse desligar, ou
jogar longe meu celular. Nada me impediria em dizer o quanto a amo.
CAPÍTULO 43

—V amos mãe, vamos nos atrasar para minha formatura.


— É isso mesmo que está te preocupando? — Sua pergunta veio
acompanhada de um tom irônico e um sorriso zombeteiro. Ignoro seu tom e entro
no taxi às pressas.
— Que se dane a formatura, eu quero ver Andrew. — Decidi ser sincera,
ela me conhece muito bem.
Fiquei duas semanas em Salvador com minha mãe. Ficar em nossa casa
era muito difícil, Livi estava em tudo, em todo canto e a todo o momento, eu e
minha mãe chorávamos com saudades, então ficamos na casa de meus avós
durantes os três dias restantes.
Chamei minha mãe para vir em minha formatura e prontamente ela
aceitou, acho que tudo que ela esperava era um motivo para escapar das
lembranças constantes e eu dei a ela.
A viagem demorou muito, tivemos que pegar dois voos, de Salvador a
São Paulo e de São Paulo à Roma, Itália. Andrew ofereceu seu avião particular,
mas não quis fazer Ruan viajar por quatorze horas e depois viajar novamente de
volta. Pelo menos a gente voou de primeira classe, Andrew quis pagar, então
aceitei.
Chegamos a Roma e só deu tempo de deixar as malas em meu
apartamento, tomar um banho ligeiro, vestir uma calça jeans e uma blusa
qualquer, passar uma maquiagem bem básica e sair. Eu, com toda certeza serei a
formanda menos arrumada, mas não seria nenhuma festa, era só a colação de
grau, onde o reitor vai entregar os diplomas, quem quiser que faça sua festa, eu
já tenho a minha partícula que será com meu magnata gostoso.
Não vejo a hora.
Vesti minha bata e coloquei minha beca, ao entrar no salão, muitos
olhares se voltaram para mim. Fiquei morrendo de vergonha, mas ver os lindos
olhos de Andrew, no meio daquela multidão, foi como se ninguém mais existisse.
— Consegui chegar a tempo. — Sussurro para ele, sorrindo.
— Ainda bem. — Ele diz e sorrir. Seu sorriso fez todo cansaço da
viagem ir embora, depois dessa formatura vai ser eu e ele. Ele me repreende
com o olhar. Acho que estava olhando para ele com cara safada.
— Gostoso. — Sussurro para ele outra vez. Ele começa tossir e se não
tivesse uma multidão, eu já estaria gargalhando que nem louca, vendo a cara
dele. Tinha um coroa pintoso nos observando, pisco para ele e sorrio, ele
retribui o sorriso. Ele tinha um sorriso bem parecido com o de Andrew e só
então me toquei que ele era o pai de Andrew, as fotos não faziam jus a ele.
O Reitor começou a falar e eu tive que me sentar às pressas. O reitor
falou tanto que achei que passaria a noite ali. Já passava das oito e meia da noite
e homem não parava de falar. Quando ele começou a chamar os alunos, faltava
pouco para às nove da noite.
Meu nome foi o último de vinte alunos a ser chamado. Levantei-me e subi
no palco, aproximei-me do Reitor e peguei meu diploma em sua mão, forcei o
sorriso para ele e voltei a caminhar. Desci do palco e estava caminhando em
direção a Andrew, quando uma voz me parou. Essa voz? Todo meu corpo se
arrepiou.
— Oi Cecile? Você realmente achou que eu deixaria vocês em paz?
— O que você quer Daniele? Você já não tentou destruir nossas vidas o
suficiente? — Questiono ao me virar em direção a dona da voz.
— Isso não é nada comparado ao que seu namoradinho fez comigo. —
Seu tom ameaçador deixou todo meu corpo em alerta.
— Vá embora, Daniele ou chamarei a polícia.
— Faça isso, não tenho mais nada a perder.
— O que você quer aqui? Deixe-nos em paz.
Satanás, encosto ruim. Penso contrariada.
— Quero que você dê um recado a Andrew...
— Eu não darei nenhum recado a ele, agora se me der licença. — Virei-
me, olhei para Andrew com medo no olhar, ele estranhou meu olhar e começou a
andar em minha direção. O vi parar de repente e me olhar assustado antes de
começar a correr.
— Cecil? — Ele grita. Foi tudo muito rápido.
Escutei o tiro sendo disparado. Senti uma dor aguda, algo se rasgar por
dentro de mim e minhas pernas falharem. Andrew chegou a tempo de me
amparar.
— Andrew? — Gemi.
— Não fale, mia bella, não fale. Alguém chame uma ambulância. — Ele
grita e posso sentir seu desespero, as lágrimas me cegavam.
— já chamei, filho. — O pai de Andrew fala, seu tom assustado me
deixando com mais medo.
— Estou tirando o que você mais ama, Andrew. O que vai fazer a
respeito? — Daniele pergunta. Andrew ia levantar, mas pressionei seu braço, já
que eu não podia falar.
— Mathew?
— Sim, Sr. Castillo?
— Tire essa maldita de minha frente, entregue-a às autoridades.
— Eu venci, Andrew, eu venci. — Daniele grita. Eu não mais escutava
sua voz.
Meus olhos começaram a pesar, eu estava morrendo e não conseguia falar
a Andrew o quanto o amava.
— Não durma meu amor.
Ele me chamou de meu amor?
— Não me deixe Cecil, eu amo você, eu tive medo de me apaixonar e de
repente aconteceu. É você que eu sempre esperei mia bela, e sem querer te
encontrei meu amor, você apareceu no momento que eu mais precisava, chegou e
mudou algo dentro de mim, sem você eu não sei se vou suportar essa dor que
estou sentindo, não posso jamais te perder meu amor, volta para mim, não me
deixe.
Eu queria dizer a ele que o amava que, não o deixaria, eu ouvia o choro
de minha mãe ao lado, o pai de Andrew tentado ampará-la, eu queria me
despedir deles, mas não tinha forças e minha voz não saia. Senti gosto de sangue
em minha boca e meus olhos se fecharam. Tudo o que eu via ou sentia, era a
escuridão.

— Acorde Cecil, acorde mia bella. — O desespero em minha voz


mostrava o quanto eu me sentia incapaz.
O que é isso que estou sentindo?
Meu peito dói, nem consigo pensar direito.
— Se acalme filho...
— Por que ela não acorda, Pai? Ela se foi agora que eu disse que a
amava? Porque fui tão covarde?
— Ela sabe que você a ama, querido. — Minha sogra diz e me abraça.
— Isso é o amor? Essa vulnerabilidade, a dor que se instalou aqui. —
Aponto para meu peito. — Essa dor parece não ter tamanho. Não posso nem
cogitar em perdê-la, dona Marcela.
— Nem eu, querido, não quero perder outra filha...
— Ela não está morta, senhor, o pulso dela está fraco, mas, ela ainda
vive. — Pietro diz agachado, próximo ao corpo de Cecil. O sangue escorria sem
parar de suas costas e sua pele ficava cada vez mais pálida pela falta de sangue.
— A ambulância chegou, se afastem um pouco, eles precisam fazer os primeiros
socorros.
Após os primeiros socorros, os socorristas levaram Cecile para a
ambulância. Do lado de fora estava lotado de pessoas, as pessoas saíram
correndo do salão ao escutar o tiro.
Já na ambulância, eu orava a Deus, ou a qualquer um que me escutasse,
que pudesse salvar mia bella.
O hospital era bem perto, então não demorou muito a chegar. Eu sabia
que o aparelho que fora colocado na ambulância, era que estava mantendo Cecil
viva e meu coração doía.
— O que temos aqui? — Na entrada da emergência, o médico pergunta
aos socorristas.
— Cecile Viana, vinte e três anos, baleada à queima roupas, pelas costas,
a bala não saiu, indícios de sangramento interno. Pressão muito baixa.
— Grazie, senhores, agora podem deixar com a gente. —Eles passam
Cecil para uma maca, em uma pequena sala improvisada com cortinas.
Foi os socorristas saírem, o aparelho começou a apitar. Meu coração deu
um salto.
— Parada cardíaca, doutor. — A enfermeira diz.
O médico começou a fazer a massagem cardíaca nela. Eu não conseguia
dizer nada, só ficava observando eles agirem rápido.
— Um, dois, três, quatro, cinco. — O médico falava. — Um, dois, três,
quatro, cinco. Ele fez isso três vezes e nada dos aparelhos pararem de apitar. —
Márcia?
— Sim, doutor?
— Desfibrilador! — A enfermeira se aproximou com o que foi pedido.
— Carrega em trezentos, Márcia.
— Carregado, doutor.
— Afasta. — E nada de mia bella voltar ao normal. — Carrega outra
vez, Márcia. Outra vez.
— Doutor, acha que ela vai aguentar?
— Não me questione, carregue mais uma vez em trezentos.
— Certo doutor. Carregado.
— Afasta. — Após ele usar o desfibrilador pela quarta vez, ele ficou
esperando, olhando o corpo de Cecil sem vida.
— Doutor?
— Espere um instante. Foi ele dizer isso, os aparelhos voltaram a
funcionar normalmente.
— Temos pulso. — A enfermeira exprime aliviada.
— Por pouco nós não a perdemos. — O doutor sorri aliviado. Eu fico
mais aliviado ainda, tanto que minha respiração volta ao normal. — Vamos ver o
estrago que essa bala fez dentro dela. Ele uso a maquina de raios-X e fica
observando por um tempo. — A bala não atingiu nem o pulmão e nem o coração,
mas existem umas lacerações no fígado e... Espere o pouco.
— O que foi doutor?
— Pegue o ultrassom. A enfermeira pega o aparelho e entrega ao médico.
Depois de colocar o gel na barriga de mia bella, ele iniciou usando o aparelho
por toda extensão da barriga de Cecil. — Não acredito.
— O que foi doutor? Algo errado?
— Essa mulher está grávida. Não deviam ter deixado passar isso. Vamos,
precisamos operá-la agora.
— O que disse? — Manifesto-me pela primeira vez no pequeno quarto.
— Quem é o senhor? Não devia estar aqui.
— Sou o noivo dela. O que disse agora a pouco?
— Disse que ela está grávida, o feto tem no máximo quatorze dias,
provavelmente nem ela mesma saiba sobre a gravidez.
— Ela vai ficar bem?
— Vamos fazer o possível por ela e pelo bebê. Dê-nos licença, vamos
Márcia. Tragam três bolsas de sangue, O negativo. — Ele grita antes de sair
correndo com Cecil na maca e a enfermeira no encalço dele. Entraram em uma
porta que dizia: Só pessoas autorizadas.
Fico olhando a porta. A ficha ainda não caiu. Agora não só o amor de
minha vida estava em perigo, mas o meu filho também.
— Não, a vida não seria tão cruel. Eles vão ficar bem, eles vão ficar
bem. — Eu dizia em voz alta, voltando à sala de espera.
— E minha filha, Andrew? — Olhei para dona Marcela, com o olhar
cheio de lágrimas. — Não me diga que minha menina... — Ela não consegue
completar a frase.
— Não, ela está em cirurgia, estão tentando salvar ela e nosso bebê.
— O quê?
— Ela está grávida, a senhora sabia?
— Não, acho que nem ela, querido.
— Eu não quero perdê-los...
— Não vamos, meu querido, tenho fé que nossa Cecil vai sair dessa e
meu netinho também, ele é forte como a mãe.
Foram quase nove horas de espera, as piores de minha vida. Todos
vieram torcer por mia bella. Mathew e Alissa, Mattias e Elaine, Mona e meu pai
Leonel. Dona Marcela não saia de meu lado, acho que se ela não estivesse aqui,
segurando minha mão, mesmo que chorando em silêncio, eu já teria
desmoronado.
— Família de Cecile Viana?
— Sim doutor, o senhor já me conhece, essa é a mãe dela. Como ela
está? E o nosso filho, ou filha?
— Fique calmo rapaz, uma pergunta de cada vez. Realmente eu estava
nervoso.
Se esse médico for como os médicos de filmes e série, que demoram
séculos para dar uma notícia, eu juro que darei um soco nele.
— Vamos por partes. Primeiro, sua noiva. Ela vai se recuperar. —
Depois de horas de terror, pude sorrir. — Ela teve algumas lacerações, mas no
momento ela está estável e não corre risco de vida, mas tivemos que deixá-la em
coma por causa do bebê, ela vai ficar assim no máximo quatro dias, até a
gravidez ficar estável.
— Podemos vê-la, doutor?
— Só vocês dois. Ela está sendo levada para o pós-operatório, aguardem
por cinco minutos, que uma enfermeira vem buscar vocês.
— Grazie, doutor. — Digo o abraçando sem jeito.
— Disponha rapaz, agora sorria e se prepare para ver sua noiva. —
Balanço a cabeça concordando.
Assim que o médico saiu, dei um abraço em dona Marcela, com meu
melhor sorriso entre as lágrimas de alegria que caia de meus olhos.
— Ela vai ficar bem. — Expresso-me mais alto do que pretendia.
— Eeeeee... — Todos dizem ao mesmo tempo.
— Silêncio, aqui é um hospital. — Uma enfermeira diz ao passar por
nós. Sorrio para ela, me desculpando.
Não sei se ria, chorava ou gritava. Meu coração transbordava de alegria
e algo dizia ao meu coração que nosso bebê também vai viver. Estou conhecendo
algo que não conhecia... A fé. Eu nunca acreditei nisso, sempre acreditei na força
de vontade, em meu trabalho duro, mas a fé vai estar sempre comigo agora,
independente da situação.
CAPÍTULO 44

Hoje mia Bella acorda e eu estou me consumindo de ansiedade e


alegria. Ela está conseguindo manter a gravidez e eu não sei o que conto a ela
primeiro, sobre nosso bebê ou sobre meu amor por ela.
Entrei no quarto com um buquê de flores em minhas mãos, encontrei a
enfermeira ajeitando o lençol no corpo de Cecil.
— Ela está quase despertando, deixamos uma jarra de água para o caso
de ela sentir sede.
— Grazie! — Agradeci e caminhei com passos decididos até o leito de
mia bella. Ela estava mais corada e mesmo dormindo, era visível que ela ficava
mais forte a cada dia. Puxei a poltrona destinada aos visitantes para mais
próximo da cama e sentei.
Toquei em sua mão esquerda, quente e macia, ela se mexeu um pouco,
mas não acordou.

— De almas sinceras a união sincera


Nada há que impeça: amor não é amor
Se quando encontra obstáculos se altera,
Ou se vacila ao mínimo temor.
Amor é um marco eterno, dominante,
Que encara a tempestade com bravura;
É astro que norteia a vela errante,
Cujo valor se ignora, lá na altura.
Amor não teme o tempo, muito embora
Seu alfanje não poupe a mocidade;
Amor não se transforma de hora em hora,
Antes se afirma para a eternidade.
Se isso é falso, e que é falso alguém provou,
Eu não sou poeta, e ninguém nunca amou.

Esse poema me lembra a minha história com Cecil e dos obstáculos que
causei não declarando o meu amor. Ficamos meses afastados por minha causa.
Sou realmente estúpido.
— Que lindo meu amor. — Cecil exclama bem baixinho. Sobressalto-me
com a voz de mia bella, mas logo em seguida abro um grande sorriso para ela.
— Gostou mesmo? — Ela afirma.
— Fica mais lindo ainda nesse seu sotaque maravilhoso. — Sorrio
constrangido para ela.
— Esse era o poema de William Shaskesppeare, preferido de minha
mãe, lembro que meu pai sempre declamava para mim quando me colocava para
dormir.
— Realmente é um poema lindo e você também, achei que não veria mais
esse sorriso maravilhoso, você tem um sorriso tão lindo, precisa sorrir mais,
magnata. — Ela sorrir, mas logo para com uma careta de dor.
— Tudo bem? Que pergunta idiota, claro que você não está bem. Sente
alguma dor? Vou chamar o médico.
— Andrew?
— Sim?
— Volte aqui, a dor não é muita, devem ter me entupido de mofina. —
Arregalo os olhos preocupados.
— Mofina? Será que é recomendável em seu estado?
— Meu estado? Eu tomei um tiro, claro que é recomendável. — Cocei o
queixo pensando em como contar a ela. Esqueci que ela não sabe que está
grávida. — O que foi Andrew? O que você não está me contando? Ai meu Deus,
eu não vou mais Andar? — Ela supunha assustada.
— Vire essa boca para lá, mia bella, não é nada disso.
— O que é então?
— É que... Como vou dizer isso?
— Oxe, dizendo.
Como se fosse fácil.
Nesses casos sempre acontece o contrário. Nunca me imaginei contando
a uma mulher que ela está grávida de mim.
— Eu fiquei preocupado de dar mofina a você, por que você está
grávida.
Pronto, falei.
— Estou o quê?
— Grávida!
— Eu entendi da primeira vez, Andrew.
— Você perguntou novamente.
Vai entender.
— Pergunta retórica. Como isso foi acontecer?
— Bom, da forma tradicional mia bella.
— Isso eu sei, Andrew. Ajude-me a sentar na cama, por favor.
— Acha uma boa ideia?
— Acho sim. Agora, por favor. — Com relutância, ajudei-a sentar-se.
— Formulei a pergunta errada, eu quis dizer: Quando aconteceu?
— Só pode ter sido em minha última visita ao Brasil. A noite toda
fazendo amor gostoso, não usei proteção, achei que você estava usando pílula
anticoncepcional.
— Coloca maravilhoso nisso. — Mia bella exclama com um sorriso
maroto. — Parei de usar pílula faz três meses, não tinha pensado em uma
possível gravidez.
— Nem eu. — Preocupei-me de ela não querer a gravidez. — Você não
quer a gravidez? — Exponho minha preocupação a ela. — Você não está feliz?
— Estou muito feliz, pode não parecer, mas, eu estou. E você?
— Estou feliz por demais mia bella. — Il mio cuore trabocca. — Eu
nunca me imaginei sendo pai, mas com você, já me imaginei pai, avô, bisavô. Já
me imaginei com um futuro diferente, e é melhor do que o futuro que imaginei
para mim.
— Você é tão lindo, fofo, gostoso.
— Assim vou ficar envergonhado, mia bella.
— Não vou parar coisa nenhuma. Por que não me diz aquilo novamente?
— O quê?
— Aquilo sobre eu aparecer no momento que você mais precisava.
— Nossa, você escutou. — Fiquei surpreso e emocionado ao mesmo
tempo.
Mia Cecil é tão apressada. Sorrio com esse pensamento.
— Sim, escutei tudo o que você disse e me doía não poder dizer o
mesmo.
— Eu amo você mia bella e não me vejo sem você, perdoe-me por ter
demorado tanto em admitir isso. Em pensar que tudo começou tão complicado,
me odeio até hoje por ter causado medo em você, se pudesse mudaria tudo isso.
— Eu também o amo, Andrew e, saber que você também me ama, me faz
sentir completa. Eu não mudaria nada, talvez se fosse diferente, nós não nos
conheceríamos e eu não me vejo sem você e nem poderia.
— Agradeço a Deus por ter me dado você...
— Não sabia que você era um homem religioso.
— E não sou bella, esses últimos dias me ensinaram a ser um homem de
fé e isso confortou meu coração.
— A fé faz isso e muito mais. Vem cá, me dá um beijo, meu amor.
— Achei que você não pediria.
— E preciso? — Ela pergunta sorrindo.
— Não, mas me deixa em uma expectativa tentadora. — Ela ia dizer
alguma coisa, mas, eu não deixei. Colei nossos lábios em uma dose de paixão e a
parti daquele momento, meu corpo não mais me obedecia. Não resisti ao nosso
desejo, ao nosso amor que o beijo transmitia, eu parecia estar nas nuvens. Não
conseguia conter a alegria de beijar a mulher que me fez conhecer o amor, e o
sentimento de me sentir amado. Minhas mãos pressionaram seus seios por cima
da camisola que ela vestia. Constatei seus seios endurecerem por baixo do
tecido e isso fez aumentar mais ainda meu desejo. Gemi em resposta. Minha boca
passou para seu pescoço, mordendo e chupando. Ela gemeu de prazer, para
depois gemer de dor. Foi então que voltei a mim.
— Perdoe-me mia bella, não quis te machucar.
— Não machucou meu amor, mas não poderemos passar dos beijos, ao
menos por enquanto.
— Vai ser uma tortura, mas, eu consigo resistir. — Confessei sério.
— Vai ser uma tortura para mim também, vou ter meu magnata gostoso o
tempo todo por perto e não poder avançar o sinal. Vai ser uma tortura. — Ela
completa, parecendo zangada, mesmo não gostando do apelido de magnata, eu
não posso deixar de sorrir. Mas de repente ela fica séria.
— O que foi?
— Você acha que vou ser uma boa mãe?
— Você vai ser a melhor mãe, Cecil, não há ninguém que te conheça e
não se apaixone por você, com nosso bebê não vai ser diferente.
— A tal da Daniele não se apaixonou.
— Ela não ama ninguém, se duvidar não ama nem ela mesma. Agora
esqueça essa mulher. Falar sobre nós é bem melhor. Quando vamos nos casar?
— Logo, assim que eu sair daqui vamos marcar a data, não quero perder
tempo.
— Nem eu, mia bela.
Recebo uma mensagem no celular e vejo que é meu pai Leonel.
— Quem é? — Ela pergunta receosa. A curiosidade vencendo a
vergonha.
— Meu pai. Você está preparada?
— Para quê?
— Estão todos aí fora querendo te ver, inclusive sua mãe.
— Estou sim, como está minha aparência?
— você está maravilhosa.
— Sei. — Ela entorta a boca.
— Para mim você está sempre linda, gostosa, maravilhosa, a mulher
perfeita para mim.
— Vem cá, me dá outro beijo.
— Acho melhor não bella. — Ela ri em resposta.
— Mande eles entrar então.
É o que eu faço. Eu me sinto tão feliz, parece que meu coração não cabe
dentro de mim. Estou me sentindo completo. Como se eu tivesse morrendo de
amor, mas ao mesmo tempo, me sentisse vivo. O amor me fez ver que nada é
pequeno. Quero que o mundo veja minha felicidade. Senti-me grato não parece o
suficiente. Hoje posso dizer que o amor me mudou por completo.
EPÍLOGO

— V amos Cecil. — Andrew grita de nosso quarto. Parecendo-me bem


impaciente.
— Calma Andrew, precisei trocar Geovanna novamente. Sabe o trabalho
que essa menina está me dando ultimamente? Ela está cada vez mais parecida
com o pai.
— Então ela é um amor de menina. — Ele diz, já no quarto de Geo. Olhei
para ele e revirei os olhos.
Andrew abriu uma porta na parede do quarto ao lado, assim ficaria mais
fácil cuidar de nossa filha. Nos primeiros meses, eu não quis me desgrudar dela.
Três meses depois que saí do hospital, eu e Andrew nos casamos.
Tivemos que voltar ao Brasil para casar no civil, assim seria mais rápido, eu
consegui o visto permanente para morar em Roma, Itália. O casamento no
cartório da Barra foi bem simples. Mathew e Alissa, Mattias e Elaine foram
nossas testemunhas. Ao sair de lá, fomos almoçar com a família e amigos em um
restaurante próximo.
Se dependesse de mim, só casaríamos no civil, mas Andrew tinha outros
planos, sete dias depois, tivemos nosso casamento no religioso. Admito que foi
maravilhoso. Nosso casamento aconteceu na praia que Andrew me pediu em
casamento.
Eu queria mais uma lembrança boa de lá.
Para o grande momento do "sim", uma estrutura em madeira foi montada
de frente para o mar. Toda a decoração foi leve, feita em flores brancas e
amarelas. Na estrutura de madeira, havia um longo tapete branco, que seria onde
eu e Andrew caminharíamos até o pastor, onde ele nos esperava em uma linda
tenda ornamentada com flores também.
No vestido, eu quis no visual, o máximo de elementos que lembrassem o
mar e a natureza. Escolhi um vestido inspirado nas espumas das ondas do mar e
nas redes dos pescadores. Era um pouco transparente em partes de meu corpo,
como, pernas, coxas, e minha barriga que já mostrava o início de minha gravidez,
atrás, deixava minhas costas nuas e as curvas de meu seio apareciam.
Não sei como Andrew não reclamou.
Não há como não sorrir com esse pensamento. Já Andrew, usou um
conjunto de terno todo em azul marinho, em seus pés havia uma sandália
trançada, bege, eu optei em ficar descalça.
Minha mãe Marcela, entrou com Andrew e meu sogro Leonel, entrou
comigo. Quando fiquei de frente para Andrew e olhei em seus lindos olhos
verdes, e ele sorriu para mim, pude ter mais uma vez a certeza de que ter entrado
naquele hotel, foi a melhor decisão que tomei, por mais que naquele dia eu não
soubesse disso.
Cinco meses depois, com oito meses e meio de gestação, dezessete de
fevereiro, nasceu nossa Geovanna. Nosso pacotinho, nosso presente de Deus,
nasceu com cinquenta centímetros e três quilos e seiscentos. Hoje ela está com
sete meses, bem fofinha, meus braços não aguentam quando fico com ela dez
minutos.
— O que você tanto pensa, mia bella? — Andrew pergunta, atrás de mim,
agarrando minha cintura possessivamente.
— Estou pensando no dia do nosso casamento e no nascimento de nossa
filha. Foi tudo tão lindo.
— Verdade, me pego sempre pensando também.
— Ah, Andrew, precisamos mesmo ir à festa? Eu pensei em fazer algo
mais particular. — Hoje é nosso aniversario de um ano de casamento e Andrew
inventa de fazer um jantar.
— Poxa bella, todos os nossos amigo estão lá embaixo nos esperando,
agora não dá para chegar e dizer que não vai haver mais jantar.
Nossos amigos se resumiam a Mathew e Alissa, que já se casaram faz
três meses, Mattias e Elaine, que casaram há nove meses, Pietro e Antônio que
não querem escutar falar de casamento tão cedo, e Mona, que parece que
conheceu alguém, mas ainda não nos apresentou e Leonel, meu sogro, e minha
mãe Marcela, que agora estão namorando, fizeram cinco meses de namoro ontem.
— Vá bene. — Suspiro e me deixo ser vencida.
— Mas...
— Mas? Esse mais parece bom.
— Pedi a sua mãe e meu pai para ficarem com Geo...
— Aonde vamos?
— Vamos fazer amor à noite toda em alto mar. — Sorrio da forma que ele
fala.
— Essa notícia é maravilhosa. Agora venha, carregue sua filha, meus
braços já não aguentam mais.
— Você me parece exausta, andou trabalhando a noite toda novamente?
— Só um pouquinho, não fique chateado.
— Vá bene, hoje não vou ficar. — Reviro os olhos e sorrio para ele. —
Como vai à administração da ONG LÍVIA ARAÚJO?
Decidi construir essa ONG faz quatro meses e Andrew apoiou minha
decisão. Ele foi meu primeiro contribuinte, agora estou atrás de outros. A ONG
foi criada com o intuito de acolher todas as pessoas que passam por alguma
doença, seja ela grave ou não, mas que precisam de um ombro amigo. Queremos
fazê-las sorrir e aprenderem coisas novas. Nosso lema é: Respire e Viva!
Com o tempo quero poder levar médicos especialistas em cada doença,
tenho fé que vou conseguir.
Andrew larga minha cintura e aproxima-se do trocador de fraudas e pega
Geovanna no colo. Ela começa a sorrir e espernear para o pai.
— Olha só como ela parece com você, não é injusto? Sou a mãe dela, a
carreguei por quase nove meses e ela parece inteiramente com você.
— Engano seu, ela tem o seu sorriso e sua beleza.
— Só isso, mas de você ela tem tudo, espero que o próximo pareça
comigo, para você aprender.
— E você está...
— Não, não estou grávida, mas você quer outro filho?
— Quero no máximo mais dois, bella.
— Então vamos começar a fazê-los ainda hoje. — Digo sorrindo.
— Uma ótima ideia. Não acha minha linda? — Ele pergunta a nossa filha.
— Você quer um irmão? — Geovanna sorrir ao escutar a voz de Andrew perto
de seu ouvido. Nunca me canso em ver essa cena. Meus dois amores, o melhor
presente de Deus em minha vida.
— Deus, como eu os amo, como amo tanto vocês. Já te disse isso hoje?
— Exclamo de repente.
— Todos os dias, eu não me canso em ouvir mia bella, nunca vou me
cansar. Eu também a amo e amo nossa filha e os próximos filhos que virão. —
Andrew completa emocionado e meus olhos se enchem de lágrimas.
Naquele mesmo dia, não só Andrew me engravidou, como vieram dois
filhos de uma vez. Nossos meninos, Enrico e Vittorio. Os dois parecidos com o
pai. Só reclamei por meses e Andrew só ficava rindo.
A vida parece estar constantemente sorrindo para mim e eu só tenho a
agradecer. Sinto-me abençoada pelo marido maravilhoso e por meus três filhos.
Todos os dias que acordo, eu olho para o céu e digo: Não para não, está bom
demais, Deus.
Por vezes quando as ondas têm me levado em sua confusão, muita
preocupação com as pessoas que buscam por minha ajuda na ONG, em meio a
tanto caos que agitam minha vida e me fundindo raramente à tempestade.
Andrew, é a minha calmaria, é nos braços dele que sempre me aconchego. A
chuva passa e ele traz com ele um ensolarado dia. Ele é o meu sol e eu sou sua
lua. Toda vez, a todo o momento que nossos olhos se encontram, tudo para e eu
me apaixono outra vez. Ele me encanta e eu viajo em seu olhar, imagino mil
motivos para não me desviar. Enquanto ele estiver em minha vida, o sol vai
brilhar e a calmaria permanecerá.

FIM!
Table of Contents
SINOPSE
PRÓLOGO
CAPÍTULO 01
CAPÍTULO 02
CAPÍTULO 03
CAPÍTULO 04
CAPÍTULO 05
CAPÍTULO 06
CAPÍTULO 07
CAPÍTULO 08
CAPÍTULO 09
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
CAPÍTULO 35
CAPÍTULO 36
CAPÍTULO 37
CAPÍTULO 38
CAPÍTULO 39
CAPÍTULO 40
CAPÍTULO 41
CAPÍTULO 42
CAPÍTULO 43
CAPÍTULO 44
EPÍLOGO

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