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A Música na Educação Infantil.

Music in EarlyChildhoodEducation

Emanuel de Paula Pires1 e Felipe Estevam Fernandes2

RESUMO: Este trabalho apresenta os resultados de uma pesquisa sobre a funcionalidade da música
na Educação Infantil, no processo de ensino aprendizagem. A metodologia adotada foi uma pesquisa
bibliográfica. Pretende-se, portanto, nesta pesquisa verificar se a música pode fazer a diferença nas
instituições de ensino, pois ela desperta a criança para um mundo, prazeroso e satisfatório para a
mente e para o corpo que facilita aprendizagem e também a socialização do mesmo.

PALAVRAS-CHAVE: Aprendizagem. Música. Criança.

ABSTRACT: This work presents the results of a research on the functionality of music in Early
Childhood Education in the process of teaching learning. The methodology adopted was a
bibliographical research. The aim of this research is to verify if music can make a difference in
educational institutions because it awakens the child to a world that is pleasurable and satisfying to
the mind and body that facilitates learning and also the socialization of the same.

KEYWORDS: Learning. Music. Child.

INTRODUÇÃO

A música é uma das formas importantes de expressão humana, que


proporciona a integração entre os aspectos sensíveis, afetivos, estéticos e
cognitivos, assim como a promoção de interação social (BRASIL, 1998, p. 45).

Um ensino musical consistente serve para formar seres humanos


mais respeitados, mais críticos e conscientes de suas escolhas
estéticas, cidadãos prontos a estender essa capacidade a esferas
amplas de sua vida pessoal e de suas relações em sociedade
(COSTA, 2010, p. 20).

No contexto escolar, a música tem a finalidade de ampliar e facilitar a


aprendizagem do educando, e na sala de aula, ela pode auxiliar de forma
significativa na aprendizagem, apesar de se verificar que, na maioria das vezes, o
professor não sabe ou não dá valor a esse instrumento facilitador da aprendizagem
(ONGARO et al, 2006).

1
Aluno do 6º período do Curso de Licenciatura em Música (EaD), da Universidade Vale do Rio Verde
– Unincor – Três Corações/MG
2
Aluno do 6º período do Curso de Licenciatura em Música (EaD), da Universidade Vale do Rio Verde
– Unincor – Três Corações/MG
No aprendizado das artes, a música tem fundamental importância no
desenvolvimento e formação das crianças, como indivíduos produtores e
reprodutores de cultura (ONGARO et al, 2006). Segundo os Parâmetros Curriculares
Nacionais (BRASIL, 1998), os alunos devem ser capazes de utilizar as diferentes
linguagens como maneiras de expressar, produzir e comunicar suas ideias .

Foi feita uma pesquisa teórica sobre a música para educação infantil com
base nos seguintes autores,PCNs vol. 2 e 6 (1997); RECNEI (1998); FERRAZ,
FUSARI (1993); MAFFIOLETTI (2001); ZAN, HILDEBRANDT (2004); OLIVEIRA
(2008) e JEANDOT (2005); dentre outros.

A música deve ser mais bem aproveitada diante a educação, pois:

A formação dos alunos não pode ser pensada apenas como uma
atividade intelectual. É um processo global e complexo, onde
conhecer e interagir no real não se encontram dissociados. Aprende-
se participando, vivenciando sentimentos, tomando atitudes [...]
(LEITE, 1996, p. 27).

Assim sendo, o importante é perceber que a música é motivação para


aprender, para construir e compartilhar o que sabem, é uma forma prazerosa que o
professor tem para estimular os alunos a pensar, a formarem em si um pensamento
crítico e autônomo (LEITE, 1996).

2. A Música na Educação Infantil

2.1. Então o que é música?

Para Ferreira (1989, p. 348), música é a “arte e ciência de combinar os sons


de modo agradável ao ouvido”, mas a música se resumiria somente a isso? Ela é
sim esta arte e mais ainda, pois proporciona ao ser humano formas de libertação do
seu mundo real, e leva-o para um mundo de ficção, de harmonia aonde pode se
transportar para o seu interior, proporcionando uma sensação de bem estar consigo
mesmo e com o resto da humanidade (FERREIRA, 1989).

Para Shneider a música:

[...] nunca expressa uma ideia intelectual definida, nem um


sentimento determinado, mas somente aspectos psicológicos
absolutamente gerais abstratos. Segundo Schopenhauer, essa
generalidade não é, no entanto, uma abstração vazia, mas uma
espécie de expressão e de determinação diferentes das que
correspondem ao pensamento conceitual (SHNEIDER apud,
JEANDOT, 2005).

Essa definição mostra que a música não é uma estrutura fixa e determinada,
ela expressa o sentimento do ser humano, da humanidade e sua diversidade cultural
e temporal, assim a música é uma arte que vem se evoluindo junto com a
humanidadedesde as suas primeiras necessidades de produzir sons vocais,
imitando a natureza a sua volta e é justamente essa necessidade da música que faz
com que o homem se sinta tão confortável com ela, e a mesma consegue lhe tirar o
chão (SHNEIDER apud, JEANDOT, 2005).

A arte é portadora de um trunfo e este é sem dúvida a novidade, ou,


como costumamos escutar daqueles que estão envolvidos mais
diretamente com a questão estética, o “eterno novo”. Pois bem,
eterno é aquilo que não muda nunca, o novo refere-se à
efemeridade, logo, isso tem a ver coma humanidade. A novidade
está no olhar, no perceber daqueles que, por exemplo, se estacam
todos os dias para ver o pôr-do-sol e, mesmo assim, conseguem se
encantar de novo com o fenômeno (JÚNIOR, 2008, p. 11).

A arte tem o poder de dominar os sentimentos humanos de dar a liberdade ao


homem para se expressar, libertar-se das inquietações da vida real, dando um novo
sentido ao agir e pensar (JÚNIOR, 2008).

Assim, podemos dizer que a música não tem uma definição única e fechada,
observa-se então que os estudiosos estão longe de se alcançar uma definição
universal. No entanto, o educador infantil deve utilizá-la na escola de forma
significativa ecativante para as crianças, poisessa relação com a música pode fazer
do lúdico algo emocionante, ondeo desenvolvimento infantil torna-se mais eficaz
quando a criança tem um contato mais próximo e significativo com a arte, pois, é
através da expressão artística que a criança expõe suas fantasias, desejos e medos
(KOLLING, 2009).

2.2. O Desenvolvimento Infantil

Várias correntes descrevem o desenvolvimento infantil, uma delas é o


Inatismoque retrata a ideia de que o desenvolvimento se daria somente a partir das
características genéticas e hereditárias de cada individuo, sendo assim ele só teria
capacidade de se desenvolver se essa potencialidade estivesse evidente em seu
código genético; outras, ao contrário do Inatismo, mostram que o desenvolvimento
de uma criança está ligado tanto a fatores genéticos quando a fatores ambientais
“[...] segundo elas, o homem tem plasticidade para adaptar-se a diferentes situações
de existências, aprendendo novos comportamentos, desde que lhe sejam dadas
condições favoráveis” (OLIVEIRA, 2008). Essa concepção é chamada de
Ambientalismo, assim, de acordo com essa concepção, a criança nasce desprovida
de características psicológicas pré-determinadas, as quais só aparecem por
influência do ambiente, ou seja, do meio cultural, em que ela se insere (OLIVEIRA,
2008).

Contudo, ainda há a vertente Interacionista, a qual não acredita que somente


fatores ambientais ou genéticos, isolados, são capazes de concretizar a
aprendizagem, e sim que “[...] não há uma essência humana, mas uma construção
do homem em sua permanente atividade de adaptação a um ambiente. Ao mesmo
tempo em que a criança modifica seu meio, é modificada por ele” (OLIVEIRA, 2008,
p. 126).

Portanto, é preciso considerar que a criança se desenvolve e se modifica nas


relações com outros indivíduos, mas somente se modificam, constituem-se,
constroem-se enquanto modificam o meio em que vivem (OLIVEIRA, 2008).

Segundo Oliveira (2008), Vygotsky demonstra que o pensamento tem sua


formação por meio de signos e do contato social do sujeito. Enquanto os animais
reagem a partir dos seus instintos, o homem deve explorar suas capacidades
sensoriais na medida em que age sobre estes, tocando, olhando, ouvindo e
“pensando” a seu respeito do(s) objetos e da(s) relações de conhecimento, com isso
o homem assimila essas ações e nesse processo desenvolve o seu conhecimento
(OLIVEIRA, 2008).

O desenvolvimento cognitivo não se dá simplesmente dizendo à criança o que


fazer, falar, brincar e tocar, ele acontece na medida em que ela trabalha e interage
com o objeto de conhecimento, assim como o brincar, a música é uma parte do
mundo simbólico que retrata as vivências culturais e sociais de uma criança, de uma
época e de um acontecimento, portanto é um ótimo facilitador da aprendizagem
(OLIVEIRA, 2008).
[...] todo indivíduo, ao ser relacionar com a música, toma contato com
sua história, sua identidade e sua cultura; através da música, como
forma de linguagem, articula suas respostas às experiências e
compartilha suas observações [...] Estimular as potencialidades
musicais de cada indivíduo é contribuir para o seu desenvolvimento,
uma vez que a música integra os aspectos sensíveis, afetivos,
estéticos e cognitivos [...] (MAURO; COELHO, 2005, p. 181).

Deve-se, portanto procurar facilitar e fortalecer a comunicação, a criação, a


auto expressão, a percepção e a aprendizagem, analisando as necessidades
individuais, sociais e cognitivas de cada indivíduo, e como nos apresenta Kamii
(2003), os adultos devem criar situações que indiretamente encorajam o
pensamento da criança, situações como de conflitos são ótimos exercícios. Também
se deve encorajar a criança a agir de acordo com sua escolha e convicção ao invés
de agir de forma dócil e obediente, assim o pensamento numérico para desenvolver
naturalmente sem nenhum tipo de ligações artificiais.

Desse modo a utilização da arte, mais precisamente da música, como um dos


eixos norteadores para a introdução e desenvolvimento de tais aspectos, junto às
crianças, é muito importante, já que esta, segundo Aranha (1992), é a pura
expressão humana e pode ser interpretada de várias formas. Pois, cada ser é único
e detém-se no direito de encarar a realidade do seu próprio ponto de vista.

2.3. A Importância da música na Educação Infantil

Segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil –


RECNEI (Brasil, 1998), documento do Ministério de Educação e Cultura (MEC), um
dos vieses básicos do processo de aprendizagem da criança de 0 a 6 anos é a
“música”.

Desse modo, a aprendizagem das artes tem fundamental importância no


desenvolvimento e formação das crianças, como indivíduos produtores e
reprodutores de culturade acordo com o Referencial Curricular Nacional para a
Educação Infantil – RECNEI (Brasil, 1998), documento do Ministério de Educação e
Cultura (MEC), utilizar-se da música na Educação Infantil, como uma expressão
artística no processo de formação do sujeito, implica em ampliar o mundo interno e
externo da criança, no sentido de que a partir do trabalho prazeroso que a música
proporciona, a criança aprende a conviver com o outro, enquanto desenvolve suas
áreas cognitiva, social, efetiva e motora.

Nesse sentido, a música como qualquer outra arte acompanha,


historicamente, o desenvolvimento da humanidade,ela está presente na vida diária
das pessoas,e assim o referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil
(RECNEI, 1998) apresenta a música como parte da educação há muito tempo,
sendo que, já na Grécia Antiga, era considerada como fundamental para a formação
do cidadão, ao lado da Matemática e da Filosofia.

Em Siqueira (2004), no texto “Música, Modernidade e Educação”, a música,


desde a Antiguidade, tem desempenhado papel decisivo na formação do ser
humano como sujeito sócio-histórico-cultural. Conforme o autor, no século XX, com a
cultura de massa, o papel da música na formação do sujeito ampliou-se, invadindo o
cotidiano, tornando-se conhecimento instituído e instituindo valores (SIQUEIRA,
2004).

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais de Arte, a


aprendizagem através da arte permite que: “[...] o aluno desenvolve sua
sensibilidade, percepção e imaginação, tanto ao realizar formas artísticas quanto na
ação de apreciar e conhecer as formas produzidas por ele e pelos colegas, pela
natureza e nas diferentes culturas” (BRASIL, 1997, p. 19), no entanto o trabalho com
a música na Educação Infantil deve ser levado a sério, deve ser sistematizado, para
que seu uso não seja aleatório.

O interesse das crianças pela música vai além de cantar, ou tocar, elas
buscam entender sua construção, por isso a importância de possibilitar a reprodução
e composição de uma música, percebendo que para cantar ou tocar uma melodia é
preciso respeitar uma ordem, à semelhança do que ocorre com a escrita de palavras
(BUENO, 2012).

A leitura é um processo no qual o leitor realiza, um trabalho ativo de


construção de significado do texto, a partir dos seus objetivos, do seu
conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que sabe
sobre a língua: características do gênero, do portados, do sistema de
escrita, etc. Não se trata simplesmente de extrair informação da
escrita, decodificando-a letra por letra, palavra por palavra. Trata-se
de uma atividade que implica, necessariamente, compreensão na
qual os sentidos começam a ser construídos antes da leitura
propriamente dita (BRASIL, 1997, p. 53).

Nesse sentido, estudar as letras de música possibilita à criança analisar todos


os indicadores disponíveis para descobrir o significado do texto escrito e poder
realizar a “leitura”, assim é possível o acesso das crianças à letra de músicas e
outros textos impressos bem elaborados de diferentes autores, facilitarão a
compreensão da textualidade que foi utilizada, sendo esses exemplos de texto uma
forma de facilitar às crianças a compreensão e a elaboração de texto (BRASIL, 1997).

Para tanto, é necessário que os professores se reconheçam como sujeitos


mediadores de cultura dentro do processo educativo e levem em conta a importância
do aprendizado das artes e da língua materna no desenvolvimento e formação das
crianças, devem ter em mente que a música para os alunos é motivação para
aprender, construir e compartilhar o que sabem, é o que os estimula a imaginação e
criatividade, o que os leva a descobrir um novo mundo,e é uma das coisas mais
importantes, ela proporciona uma troca de experiências e aprendizagens (RECNEI,
1998).

Apensar de a música ser utilizada de forma a estabelecer hábitos, atitudes e


comportamento, no contexto escolar, ela tem como verdadeira finalidade, ampliar e
facilitar a aprendizagem do educando, a música é uma arte que propicia ao aluno
um aprendizado global, no desenvolvimento motor, audição e domínio do ritmo,
auxiliando de forma significativa na aprendizagem, mas de forma alguma a música
deve ser utilizada como forma de condicionar as crianças, atraindo-as para alguma
atividade, isso seria domesticá-las quando o interesse principal é a construção da
sua autonomia (FARIA, 2001).

Nesse sentido, todas as atividades voltadas às crianças, inclusive as musicais,


devem ser significativos, devem ter um “para que”, sob essa perspectiva, a
Educação Infantil precisa cumprir o seu papel, não como fase preparatória par ao
Ensino Fundamental, mas sim como o espaço no qual relações e desenvolvimentos
humanos acontecem, portanto as atividades realizadas nessa fase educacional
precisam ser sistematizadas e valorizadas, assim também, deve acontecer com o
trabalho com a música, cuja conquista de seu valor requer a convicção dos objetivos
que se pretende alcançar, então a música deve ocupar seu espaço no campo do
saber, pois se constitui num conjunto de saberes, como linguagem universal
desenvolvida por todas as culturas, sem exceção (FARIA, 2001).

Buscando um espaço entre os diferentes campos do saber, a música


– linguagem universal, é capaz de despertar a sensibilidade dos
alunos, preparando-os para uma melhor integração com os seus
semelhantes (OLIVEIRA, 2002, p. 20).

Constata-se que Oliveira (2002) não aponta somente a importância da música


no processo de formação humana, mas também sua desvalorização como um saber
como se só pode proporcionar o desenvolvimento global e efetivo das crianças.

Segundo Diniz (2006), “a natureza caracteriza-se por uma profusão de sons,


uns agradáveis aos nossos ouvidos e aos nossos sentimentos e outros
desagradáveis”.

Ainda de acordo com Diniz (2006), “cada sociedade assume alguns ruídos e
renega outros; elabora determinados sons e ruídos, tonalidade e duração, criando
uma escala musical”. Para Diniz (2006), “o canto é o som da fala transformado em
música. É o grito liberado, desculpabilizado, harmonizado em todas as culturas há
música, fala e canto”, assim, é necessário que o trabalho musical se desenvolva a
partir da experiência intra-corporal, passando por vivências sinestésicas e auditivas,
quando mais as crianças puderem experimentar as sensações musicais em corpo,
mais ela será capaz de interiorizar o som,onde o corpo é instrumento para expressar
o seu potencial musical (Diniz, 2006).

A natureza do homem é tal que, de certa forma ele já nasce “músico”.


Se as pessoas tivessem a leveza adequada, iriam realmente danças
com todas as crianças pequenas, iriam movimentar-se de alguma
maneira com elas. O homem nasce no mundo querendo levar sua
própria corporalidade ao ritmo musical, à relação musical com o
mundo e essa faculdade musical interior existe mais acentuada entre
os três e os quatro anos de idade (STENNER apud MAURO;
COELHO, 2005, p. 186).

A criança é movimento, ele se expressa pelos gestos, através do corpo,


nesse sentido, a que se trabalhar a expressão corporal das crianças, tendo com viés
principal a música (STENNER apud MAURO; COELHO, 2005, p. 186).

Para Delcrose (apud MAURO; COELHO, 2005, p. 186) o corpo humano é um


instrumento musical por excelência:
O movimento corporal é manifestação visível de elementos musicais,
sentindo e de “pensamentos” e emoção: tempo de
desencadeamentos musical, duração de valores e de silêncio,
periodicidade, simultaneidade, alternâncias, repetições, evocações,
chegadas; medidas, tempos, acelerações, ralentados; antecipações,
retardos, pausas; ordenações de frases sucessivas [...](DELCROSE
apud MAURO; COELHO, 2005, p. 186).

Nesse sentido, não há como fugir das manifestações musicais, já que fazer
parte do nosso próprio corpo, entretanto, no contexto da Educação Infantil, a música
vem, ao longo de sua história, atendendo a vários objetivos, os quais, alheios às
questões próprias dessa linguagem, como por exemplo, formação de hábitos,
atitudes e comportamentos, pois ocorrem de forma mecânica, estereotipada,
deixando pouco, ou nenhum espaço às atividades de criação ou às questões ligadas
à percepção e conhecimento das possibilidades e qualidades expressivas do som
(DELCROSE apud MAURO; COELHO, 2005).

Contrariando o uso tradicionalista da música, de acordo com o RECNEI


(1998):

[...] o trabalho com a música, deve considerar, portanto, que ela é um


meio de expressão e forma de conhecimento acessível aos bebês e
crianças, inclusive aquelas que apresentam necessidades especiais.
A linguagem musical é excelente meio para o desenvolvimento da
expressão, do equilíbrio. De autoestima e autoconhecimento, além
de poderoso mio de integração social (BRASIL, 1998, p. 49).

Desse modo, o ambiente sonoro, assim como a presença da música em


diferentes e variadas situações do cotidiano, faz com que as crianças iniciem o
processo de musicalização de forma intuitiva, nesse sentido, o envolvimento de
educador junto às crianças no desenvolver das atividades é fundamental, poisele
deve estar atendo e sensível às sutilizar de sua relação com o educando(BRASIL,
1998, p. 49).

Assim, o “brincar” com o educando, o integrar-se às atividades e a relação


com estes, proporciona ao educador maior interação consigo mesmo e
consequentemente mais conquista de seus objetivos, desse mesmo modo, a
educação musical deve abarcar e valorizar o brincar, levando a criança a
desenvolver-se de forma global: individual, social, intelectual, psicológica e
artisticamente, nessa perspectiva, as cantigas de roda, as cirandas cantadas do
folclore infantil, instituem-se como um ótimo coadjuvante para a realização desse
trabalho envolvendo o brincar e o desenvolver das crianças (BRASIL, 1998).

2.4. Cantigas de roda expressão cultural e subsidio para a formação infantil

Segundo Diniz (2006), as cantigas de roda e as cirandas contribuem para o


desenvolvimento físico, a liberdade de dançar, subir, correr, saltar, aperfeiçoar a
coordenação motora, a cognição, unindo-se para dar expressão ao lúdico, ao prazer
e à libido, porém, as cantigas de roda e as cirandas têm sido esquecidas, nessas
perspectivas, as cantigas de roda e as cirandas catadas do folclore infantil, enquanto
forma de brincar, proporcionam à criança um desenvolvimento que valoriza a cultura
e leve à formação do sujeito, na perspectiva de uma cidadania crítico-reflexivo, além
de contribuir para o desenvolvimento psicomotor, momentos de interação e
socialização.

[...] a brincadeira de roda pode contribuir para o desenvolvimento


cognitivo, psicomotor, linguístico, social, musical, embora seu objeto
maior seja oferecer à expressão da motricidade natural, o bem-estar
e o prazer das crianças e também dos adultos com quem elas
brincam (DINIZ, 2003, p.3).

Assim as brincadeiras de roda são uma das formas mais interessantes de se


agregar a música na Educação Infantil, por essa trabalhar de uma forma que o
desenvolvimento da criança seja trabalhado de uma forma global, onde conhecer e
interagir no real não se encontram dissociados(DINIZ, 2003, p. 3).

3. Conclusão

Procuramos com esse trabalho verificar que a música tem grande utilidade
pedagógica na aprendizagem e no desenvolvimento da criança, pois elas são
atraídas pela música, gostam de cantar, dançar, pular e se divertem fazendo isso.

[...] por ser a música uma arte auditiva, interiorizada, que exige mais,
esforço, ao contrário das artes visuais, cuja captação é mais imediata.
A finalidade do ensino de música do 1º grau, e mais ainda na fase
pré-escolar, não é tanto transmitir uma técnica particular, mas sim
desenvolver no aluno o gosto pela música e a aptidão para captar a
linguagem musical e expressar-se através dela, além de possibilitar o
acesso do educando ao imenso patrimônio musical que a
humanidade vem construindo (JEANDOT, 2005, p. 132).
Para Jeandot (2005) a música influência diretamente ao corpo, à mente e às
emoções, e, portanto, deveria estar sempre presente nas salas de aula e ser tratada
de forma a valorizá-la cada dia mais, pois ela deveria ser utilizada como objeto
facilitador da aprendizagem, mas pelo contrário, ela é tratada muitas vezes como
descaso, sendo utilizada somente como objeto de recreação de ocupação de tempo.

Após a nossa pesquisa verificamos que ainda a muito que se estudar sobre
este tema dentro e fora das escolas, pois apesar de se saber da sua importância
para a humanidade, à música ainda não foi inserida nos currículos escolares de
forma integral e autônoma.

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nacionais: língua portuguesa/Secretaria de Educação fundamental. Brasília:
MEC/SEF, 1997. vol. 2.

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Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil/
Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental.
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