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RESUMO: A Educação de Jovens e Adultos vem abrindo espaço de inserção e promoção da cidadania de uma demanda
que já possui conhecimentos adquiridos nas suas vivências e diferenças. Paulo Freire já havia proposto esta educação
libertadora, na qual vem abordar a concepção ampliada da EJA, que entende Educação como direito de aprender, de
ampliar conhecimentos ao longo da vida, e não apenas de se escolarizar somente, vencendo os desafios da evasão escolar
por meio de práticas pedagógicas aplicadas. Através do tema proposto, iniciou-se o projeto de pesquisa quanti-qualitativo,
por meio da pesquisa bibliográfica e de campo para fundamentar o artigo.
Palavras-Chaves: educação libertadora – educação de jovens e adultos - práticas pedagógicas.
ABSTRACT: The Youth and Adult Education has opened space for integration and promotion of citizenship of a demand
that has already acquired knowledge in their experiences and differences. Paulo Freire had already proposed this liberating
education, which is addressing the design of rf EJA, who understands education as a right to learn, to expand knowledge
throughout life, not just to educate only, overcoming the challenges of truancy by through pedagogical practices applied.
Through the theme, began the project of quantitative and qualitative research, through literature and field support for the
article.
Keywords: liberating education - youth and adults - pedagogical practices.
1
Graduanda em Licenciatura em Pedagogia pela UNIVAR – Faculdades Unidas do Vale do Araguaia de Barra do Garças –
MT . hellentaniarodrigues@hotmail.com.
2
Mestra em Ciências da Educação (UI), Especialista em Administração e Planejamento para docentes (ULBRA) e
Graduada em Pedagogia: Supervisão Escolar e Magistério das Matérias pedagógicas (UNIVAR). Possui experiência no
Ensino Básico, Superior e na Pós Graduação Lato-Sensu. Atualmente exerce a função docente e coordena o curso de
Pedagogia das Faculdades Unidas do Vale do Araguaia.
letras, também ensinavam a doutrina católica e os adequadas para as questões referentes à qualidade do
costumes europeus. professor, o material didático adequado e as estruturas
Segundo Freire (2011), a Educação de Jovens dos prédios escolares.
e Adultos não é recente no país e que, com a expulsão A década de 1960 foi marcada na história da
dos jesuítas ocorrida no século XVIII, desorganizou o EJA com a instauração do Plano Nacional de
ensino até então estabelecido. Novas iniciativas sobre Alfabetização (PNA), dirigido por Paulo Freire, que
ações dirigidas rumo à Educação de Jovens e Adultos depois com a aprovação do Ministério da Educação,
só ocorreram na época do Império. A Constituição implantou o Sistema de Paulo Freire em nível nacional,
Imperial de 1824 reservava a todos os cidadãos a tendo o seu reconhecimento em todo o país pelo
instrução primária gratuita. Contudo, a titularidade de sucesso que obteve. Segundo Paiva (2006), pode-se
cidadania era restrita às pessoas livres, saídas das dizer que a EJA na década de 60 foi marcada em toda a
elites, que poderiam ocupar funções na burocracia sua extensão pelo método Paulo Freire, na qual a
imperial ou no exercício de funções ligadas à política e alfabetização e a humanização andavam juntas, ou seja,
ao trabalho imperial. educação libertadora e educação funcional. Em 1964,
Neste período, começaram a abrir novas com o golpe militar, todos os movimentos de
escolas noturnas para trabalhar com esses alunos e alfabetização que se vinculavam à ideia de
possibilitar o acesso dos mesmos no meio escolar. O fortalecimento de uma cultura popular foram
ensino tinha curta duração e pouca qualidade. Na reprimidos.
década da Revolução de 1930, o único interesse do
governo era alfabetizar as camadas baixas com o Nos anos 60, as múltiplas relações entre a
intuito de aprender ler e escrever para atender o educação e a política marcaram os conflitos
desenvolvimento no processo de industrialização. A entre grupos de todas as tendências, de modo
oferta de ensino era de graça, tendo o estímulo do geral agrupadas entre aquelas de
Governo Federal no qual, projetava diretrizes conservação e de inovação/mudança social.
educacionais para todo o país. Observe-se que esses dois grupos eram
Desde a Revolução de 1930, as mudanças heterogêneos, cada um deles abrigando
políticas e econômicas permitiram o início da radicais de direita e de esquerda.
consolidação de um sistema público de educação (SCOCUGLIA, 2000, p. 33).
elementar no país. A Constituição de 1934 estabeleceu
a criação de um Plano Nacional de Educação (PNE), Nisto, percebe-se o quando a Educação
que indicava pela primeira vez a EJA com dever do brasileira se apresentou como uma forte representante
Estado, incluindo em suas normas, a oferta do ensino da população que, mesmo diante da repressão militar,
primário integral, gratuito e de frequência obrigatória fez surgir uma nova perspectiva de elevar a Educação
extensiva para adultos. do Brasil em nível de progresso da nacionalidade,
Segundo Haddad (2007), o período da década apresentando jovens e adultos não somente
de 1940 houve mudanças na Educação de Jovens e alfabetizados, mas sim, críticos e reflexivos mediante
Adultos, onde ocorreram grandes iniciativas políticas e as imposições políticas.
pedagógicas como: a criação e regulamentação do Com a chegada da década de 70, mesmo ainda
Fundo Nacional do Ensino Primário (FNEP); a criação a população sendo submetido à ditadura militar, o país
do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (INEP); o abraça o Movimento Brasileiro de Alfabetização
surgimento das primeiras obras dedicadas ao ensino (MOBRAL), que era um projeto para se acabar com
supletivo; o lançamento da Campanha de Educação de analfabetismo em apenas dez anos, com princípios
Adolescentes e Adultos (CEAA), e outros. Este opostos aos de Paulo Freire. Em 1971, foi implantado o
conjunto de iniciativas permitiu que a EJA se firmasse Ensino Supletivo, com proposta de ser um modelo de
como uma questão nacional. educação do futuro, atendendo às necessidades de uma
Em 1945, com o fim da Ditadura de Vargas, o sociedade em processo de modernização e ao mercado
país passou por tribulações políticas e a sociedade por de trabalho competitivo, buscando escolarizar um
grandes momentos de crises. Com a instalação do grande número de pessoas, mediante um baixo custo
Estado Nacional Desenvolvimentista, houve um operacional.
deslocamento do projeto político do Brasil, passando
do modelo agrícola e rural para um modelo industrial e No Brasil, até a segunda guerra mundial, a
urbano, o que gerou a necessidade de mão de obra educação de adultos foi integrada à educação
qualificada e alfabetizada. chamada popular, isto é, uma educação para
A partir desse período, a EJA ganhou o povo, que significava difusão do ensino
destaque na sociedade, mostrando seu valor. Em 1947, elementar. Depois da segunda guerra,
o MEC promoveu a Campanha de Educação de seguindo tendências mundiais, a educação
Adolescentes e Adultos (CEAA) com o intuito de de adultos foi concebida basicamente como
alfabetizar grande parte da população e capacitar independente da educação elementar, muitas
profissionais que atuem junto à comunidade. Já na vezes com objetivos políticos populistas.
década de 1950, foi realizado o Segundo Congresso (GADOTTI et al, 2008, p.35).
Nacional de Educação de Jovens e Adultos, avaliando
as ações trabalhadas na área e propondo soluções
A história da Educação de Jovens e Adultos O ciúme por parte dos homens em relação a
no Brasil acompanhou as transformações políticas, sua companheira que estuda também é considerado
sociais e econômicas do país, buscando o ensino de como fator que causa a evasão, dificultando a sua
qualidade, porém, as lutas foram grandes em manter permanência no âmbito escolar. Ainda existe o fato da
este sistema de ensino e fazer com que os educandos adequação dos horários disponíveis dos alunos quanto
desta modalidade educacional conheçam e busquem o aos horários da escola, levando-os a abandonar os
direito a uma vida mais digna, com perspectiva de estudos, por não conseguir cumprir as normas
construir um Brasil de mudanças positivas, escolares, bem como por estarem cansados fisicamente.
promovendo assim, a formação de cidadãos que visam Muitos alunos não conseguem permanecer nos
à humanização. estudos pelo motivo de estarem desempregados,
ocasionando os problemas financeiros, dificultando
3. ALGUNS DESAFIOS ENFRENTADOS NA ainda mais a avançar no processo de ensino e
MODALIDADE EJA NA ATUALIDADE. aprendizado. Outros, têm se perguntado onde vão
chegar e o que vão ganhar com tanto esforço que fazem
Como nos níveis de ensino, a modalidade EJA em frequentar as aulas, levando-os a ficarem
também enfrenta desafios para continuar na ativa. A desmotivados, ainda mais com os apertos que passam
evasão, por exemplo, faz parte destes e pode ser para acompanhar as disciplinas. Segundo Brunel
comprovada por meio de pesquisa bibliográfica e de (2011), onde se lê: “Desmotivação: Sem se interessar
campo, que apresentam alguns impasses para que este pelo que a escola oferece, vários adolescentes deixam
educando continue na escola. de frequentar as aulas e só tempos depois retornam
Dentre eles destacam-se: o ciúme do cientes da importância dos estudos”.
companheiro, a distância da escola de casa e horário
3.1 Alfabetização: um dos Desafios de Inclusão. problemática ainda permeia os tempos atuais. Uma das
formas de modificar esta realidade é que o professor
Dentre os vários desafios da prática de entenda.
Educação de Jovens e Adultos a Alfabetização tem se Segundo Rocha et.al (2009), o processo de
destacado. Pesquisas apontam que o adulto em ensino e aprendizado tem que se fundamentar na
processo de alfabetização são os que mais abandonam confiança que o educador apresenta para seu aluno no
a escola. Muitos fatores desencadeiam a evasão escolar que refere à sua capacidade de criar, aprender,
de muitos educandos, confirmando assim, dados descobrir, buscar, desafiar, escolhendo e assumindo a
alarmantes do descaso com o ensino público. sua posição mediante a sua escolha e determinação,
A porcentagem de alunos que literalmente fazendo com que o educando se sinta motivado a
abandonam os estudos é considerável e, o país se aprender mais e mais, promovendo a construção do
apresenta longe de vencer esse obstáculo na educação conhecimento. Para Souza (2007), tem sido apontado
brasileira. em vários estudos para se alcançar uma práxis que
possibilite uma aprendizagem significativa, é
[...] No entanto, parece prioritário e viável imprescindível que sejam consideradas, no processo
apreciar alguns aspectos da educação escolar educativo, informações que desvelem o contexto no
de jovens e adultos, não só por ser um objeto qual os educandos estão inseridos.
acessível e mensurável, mas também porque
incide sobre um direito básico da cidadania Gráfico 3: Resposta do Professor.
que é o acesso à alfabetização e ao ensino
básico para todos [...]. (HADDAD et al,
2000).
que, em nome das suas supostas objetividade pessoas interessadas em dar um novo rumo em suas
e neutralidade, abdica de se comunicar com vidas.
o mundo das pessoas. (OLIVEIRA. 2010). Estas pessoas eram desfavorecidas pela
sociedade, de classe baixa, sem qualquer requisito que
Os desafios relacionados às práticas pudesse as apresentar como inclusas na sociedade.
pedagógicas estão focados no professor, ou seja, o Porém, na década de 60, o estudioso Paulo Freire
educador precisa rever seus conceitos e fazer uma auto instaurou o Plano Nacional de Alfabetização (PNA),
avaliação do seu trabalho que, por sinal, reflete na vida sistema este que se estendeu por todo o país,
do aluno, tanto podendo ser o resultado positivo como apresentando uma nova concepção de educação, isto é,
negativo. a educação libertadora, que transforma mentes e vidas
numa perspectiva bem maior do que trabalho, mas sim,
Os objetivos do trabalho pedagógico uma educação que promova a construção do
deixariam de ser apenas os de levar ao aluno conhecimento, que forma cidadãos críticos e reflexivos
alguns conhecimentos escolares clássicos mediante aos acontecimentos que se propagam no
formais e passariam a incorporar as mundo.
possibilidades dos conteúdos de A EJA apresentou avanços com a Nova
contribuírem para as ações concretas que os Constituição de 1988, que passou a garantir o ensino
alunos devem ser capazes de desenvolver na fundamental, obrigatório e gratuito para aqueles que
sua vida cotidiana, tanto para melhorar sua não tiveram acesso à escola na idade apropriada. A
própria qualidade de vida como para educação deixou de ser um ensino voltado para o
associar esta com a vida do conjunto da tradicionalismo, fazendo com que os educadores
sociedade. (OLIVEIRA, 2010). buscassem novas propostas de ensino, com o intuito de
colaborar e propiciar o crescimento do aluno para um
ensino mais qualificado que proporcione um futuro
Contudo tudo que foi apresentado nos textos, melhor para o país.
como as práticas pedagógicas, a didática e os Mas, mesmo com todos estes avanços, a
integrantes deste processo de ensino e aprendizado, Educação de Jovens e Adultos passa até hoje por
todos requerem afinidade e participação, ou seja, tem dificuldades no que se refere, não só a inserção, mas
que estar ativos e unidos na construção do sim, na permanência destes educandos no processo de
conhecimento, fazendo com que o educando apresente ensino e aprendizado, pois, os mesmos apresentam
a sua demanda e o educador mostre respostas realidades de vidas bem complexas, tendo muitas
motivadoras e criativas para que o ensino seja de dificuldades econômicas e sociais, acometidas pelo
qualidade. desemprego, doenças, trabalho árduo, cansaço,
Considerando o trabalho de pesquisa, a evasão desmotivação em relação ao ensino oferecido e outros.
escolar na Educação de Jovens e Adultos, está mais Segundo Soares (2008), é preciso refletir
voltada para as áreas social, cultural e econômica, e sobre as práticas pedagógicas que estão sendo inseridas
percebe-se o quanto estes fatores quando não estão neste contexto educacional, necessitando andar em
bem resolvidos, afetam a área educacional do sintonia com a realidade apresentada pelos educandos
indivíduo, permitindo que o mesmo abandonem os da EJA, buscando avanços no que se refere à
estudos. Segundo Leitão (2004), as práticas construção do conhecimento, fomentando o
pedagógicas precisam ser bem planejadas e planejamento sistematizado, por meio da ação/reflexão
fundamentadas para que o aluno seja motivado a e reflexão /ação.
aprender, promovendo assim, a construção do Em suma, a Educação de Jovens e Adultos
conhecimento, levando o mesmo a ser um cidadão precisa de pessoas compromissadas com a Educação
crítico e reflexivo mediante aos acontecimentos que lhe Nacional, imbuídas no objetivo de resgatar no
são apresentados mostrando que, houve avanços no que educando a autoestima, motivação, confiança de que o
se refere à Educação de Jovens e Adultos no Brasil, um mesmo é capaz, para que assim, o processo de ensino e
crescimento tanto no ingresso e participação dos aprendizado na EJA seja significativo, qualitativo e
educandos no processo de ensino e aprendizado, construtivo como para o lado pessoal, profissional e
também na abertura de novas oportunidades dentro de humanitário.
uma sociedade tão preconceituosa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
ABEC- Elaborando trabalhos Científicos –Normas
Considerando a Educação de Jovens e Adultos para apresentação e elaboração /Univar- Faculdades
no Brasil ao longo dos anos, percebe-se que esta Unidas do Vale do Araguaia. Barra do Garças (MT):
modalidade de ensino enfrentou muitos obstáculos de Editora ABEC, 2008.
cunho social, político, econômico e cultural para que o
processo de ensino e aprendizado de milhares de BARCELOS, Valdo. Formação de Professores Para
brasileiros pudesse concretizar-se, ou seja, a EJA Educação de Jovens e Adultos. 2. ed. Petrópolis:
passou por cima de vários preconceitos para alcançar Vozes, 2007.
BRUNEL, Carmen: Jovens Cada Vez Mais Jovens na SOARES, Leôncio. O Educador de Jovens e Adultos
Educação de Jovens e Adultos. Cuiabá: Ed. e Sua Formação. Educ.rev; Junho 2008, nº47, p.83 –
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GADDOTI, Moacir, ROMÃO, José E. (orgs.). SOUZA, Janine Fontes de and MOTA, Kátia Maria
Educação de Jovens e Adultos: teoria, prática e Santos. O Silêncio é de Ouro e a Palavra é de Prata?
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HADDAD, Sérgio. A Ação de Governos Locais na Dezembro de 2007, vol.12, nº 36, p 505 – 514 ISSN
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Disponível em: <http:www.scielo.br>. Acesso em 20
de setembro de 2012.