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Anexo A - Laboratorio de Projeto IV - 18 - 19
Anexo A - Laboratorio de Projeto IV - 18 - 19
Desenvolvendo-‐se
a
partir
do
morro
de
São
Miguel
e
das
suas
encostas
mais
suaves,
como
a
praia
do
Bispo,
este
aglomerado
foi-‐se
progressivamente
adaptando
à
topografia
do
lugar
e
tomando
partido
dela.
Mas
a
sua
maior
expansão
deu-‐se
o
longo
da
baía,
adoptando
a
direcção
desta
como
referência
para
um
traçado
regular
e
plano.
São
Paulo
de
Loanda
mantinha,
nesta
época,
uma
economia
próspera
e
estável
devido
ao
comércio
de
escravos,
tendo
esta
capitania
evoluído
para
uma
feitoria.
Como
consequência,
a
população
europeia
cresceu
e
toda
a
urbe
começou
a
beneficiar
não
só
de
espaços
públicos
qualificados,
mas
também
da
construção
de
diversos
equipamentos.
O
que
fez
com
que,
em
1605,
com
o
capitão-‐general
Manuel
Cerveira
Pereira
como
governador,
o
tecido
urbano
já
tivesse
uma
considerável
extensão
e
que
a
vila
recebesse
foros
de
cidade.
Data
de
1607
o
manuscrito
de
Luciano
Cordeiro
que
descreve
como
a
cidade
se
ia
desenvolvendo
e
calcula
uma
população
de
aproximadamente
300
vizinhos
(portugueses).
Já
em
1621,
estimava-‐se
uma
população
de
400
vizinhos
(portugueses)
e
250
soldados.
Progressivamente,
o
aglomerado
também
começou
a
expandir
para
uma
zona
mais
alta,
posteriormente
denominada
de
cidade
alta1,
na
continuação
do
Morro
de
São
João
e
onde
se
construíram
uma
igreja
e
o
edifício
da
administração
civil,
orientando
este
pólo
urbano
para
o
poder
político,
militar
e
religioso.
Em
oposição,
o
assentamento-‐base
que
passou
a
ser
chamado
de
cidade
baixa2
e
que
se
prolongava
do
morro,
passando
1
Ainda
hoje
mantém
a
sua
denominada.
2
Hoje
chamada
de
zona
dos
Coqueiros.
No
entanto,
segundo
António
de
Oliveira
Cardonega3,
Luanda
encontrava-‐se
parcialmente
destruída
e
contaria
apenas
com
cerca
de
135
brancos.
Refugiada
em
Massangano,
entre
outros
territórios,
a
população
foi
regressando
à
cidade,
encorajada
pela
suspensão
da
cobrança
judicial
de
dívidas
e
pela
construção
de
poços
de
água
potável.
A
reconstrução
da
cidade
foi
progressivamente
acontecendo,
com
o
surgimento
de
novos
edifícios,
entre
eles:
a
nova
Sé
Catedral,
em
1651;
a
Igreja
de
Nossa
Senhora
dos
Remédios,
em
1651;
a
igreja
e
convento
de
Nossa
Senhora
do
Carmo,
em
1661;
a
igreja
da
Nazaré,
em
1664;
o
hospício
de
Santo
António,
em
1668;
a
igreja
de
S.
João
dos
Europeus,
em
1663;
a
Casa
da
Moeda.
Esta
arquitectura
caracterizava-‐se
pela
suas
linhas
simples
e
por
uma
construção
robusta,
pesada
e
maciça.
O
pouco
ornamento
que
tinha
encontrava-‐se,
maioritariamente,
nos
portais
e
nas
cantarias.
Apesar
do
seu
crescimento,
Luanda
manteve
os
seus
limites
inalterados
até
ao
fim
do
século
XVII,
sendo
estes
a
fortaleza
de
S.
Miguel,
o
convento
de
S.
José,
a
igreja
e
o
convento
de
N.
S.
do
Carmo,
a
igreja
da
Nazaré
e
a
fortaleza
de
S.
Pedro
da
Barra.
Em
1700,
a
cidade
sofreu
enormes
estragos,
consequência
de
chuvas
copiosas,
levando
a
câmara
de
Luanda
a
pedir
ajuda
ao
reino
para
que
a
cidade
pudesse
ser
reparada
e
as
suas
condições
melhoradas.
3
Historiador
português
erradicado
em
Angola.
Com
a
descoberta
em
1761
de
pedra
calcaria
em
regiões
próximas
de
Luanda,
o
volume
de
construção
cresceu
ainda
mais.
Segue-‐se
um
período
de
significativa
actividade
construtiva
de
índole
pública,
do
qual
resultaram:
a
Casa
dos
Contos,
construída
em
1731;
a
Cidadela,
em1754;
o
Passeio
Público,
em
1765;
a
Alfandega,
a
Junta
da
Fazenda
Real,
o
Arsenal
e
um
Estaleiro
Naval,
todos
em
1776.
Esta
arquitectura
de
carácter
público
à
época
caracteriza-‐se,
principalmente,
por
um
aligeiramento
e
uma
maior
pureza
das
formas.
Luanda
contava,
ainda,
com
outros
espaços
públicos
que
remetiam
para
a
cidade
de
Lisboa,
nomeadamente
a
rua
direita
que
ligava
o
largo
do
Pelourinho
à
calçada
da
Relação
(onde
se
encontrava
o
Tribunal
da
Relação)
e
a
praça
do
desembarque.
No
âmbito
da
actividade
construtiva
de
índole
privada
resultaram,
entre
outras,
a
Casa
Grande
dos
Coqueiros,
o
Palácio
de
D.
Ana
Joaquina,
a
Casa
Nobre
dos
Coqueiros
(actual
Museu
de
Antropologia),
o
Sobrado
da
rua
Direita
do
Bungo,
a
Casa
Nobre
da
rua
de
Sousa
Coutinho;
o
Sobrado
“Mendes
e
Valladas”
e
a
Casa
Grande
do
Morro
da
Cruz.
Desta
época
emergiram
ainda
novas
estruturas
militares.
Foram
estas
o
Forte
das
Necessidades,
o
Forte
da
Conceição,
o
Fortaleza
do
Rosário,
a
Fortaleza
de
Santa
Maria
e
a
Fortaleza
de
Nossa
Senhora
da
Nazaré.
De
acordo
com
uma
planta
da
cidade
baixa
de
1755,
Luanda
contava
já
com
os
seguintes
bairros:
Coqueiros,
Esgravata
O
Boi,
Raízes
de
Rosa,
Capontinha,
Carmo,
Emgombota,
Bungo
e
Nazaré.
No
entanto
e
apesar
da
extensão
da
cidade,
a
malha
urbana
continuava
a
desenvolver-‐se
de
forma
espontânea,
visto
não
haver
à
data
nenhum
plano
nem
traçado
previamente
definido.
Esta
época
marca
também
o
inicio
da
industrialização
de
ferro
em
Luanda,
com
a
criação
em
1772
da
fábrica
Nova
Oeiras.
Este
espaço
abrangia
ainda
a
ambivalência
de
também
funcionar,
em
simultâneo,
como
Escola
de
Artes
e
Ofícios.
Em
1773,
contabilizavam-‐se
2131
moradores,
dos
quais
536
eram
europeus,
612
militares
e
983
escravos.
Seguiu-‐se
um
período
conturbado
entre
1800
e
1836,
devido
ao
enfraquecimento
de
Portugal
face
às
invasões
napoleónicas
(1807-‐1811),
à
instabilidade
política
portuguesa
(1820-‐1845)
decorrente
da
independência
do
Brasil
(com
quem
Angola
fazia
a
maior
parte
do
comércio
(1822))
e
à
abolição
da
escravatura
(1936).
Curiosamente,
ao
contrário
da
maioria
das
cidades
portugueses,
Luanda
não
tinha
à
data
um
tecido
urbano
contínuo.
Com
uma
base
que
seguia
a
linha
da
baía,
a
cidade
apresentava-‐se
fragmentada
entre
a
cidade
alta
e
a
cidade
baixa,
onde
se
desenvolvia
a
maioria
do
tecido
urbano
(que
se
prolongava
ao
longo
da
baía,
desde
a
fortaleza
até
à
igreja
da
Nazaré).
À
época,
a
ligação
entre
estes
dois
tecidos
ainda
só
era
feita
por
alguns
caminhos
e
calçadas
íngremes.
Apesar
de
se
terem
desenvolvido
mais
ligações
com
a
cidade
alta,
esta
urbe
desenvolvia-‐se
maioritariamente
segundo
o
eixo
longitudinal
da
baía.
Outra
alteração
significativa
que
se
deu,
foi
a
extinção
dos
conventos
e
das
casas
religiosas
de
todas
as
ordens
religiosas.
A
imagem
da
cidade
foi
mudando
com
o
desaparecimento
das
estruturas
religiosas
que
até
então
marcavam
significativamente
o
território,
tais
como
o
convento
das
Carmelitas
Descalças,
a
igreja
e
o
convento
de
São
José
dos
Padres
Terceiros
Franciscanos
e
a
igreja
e
hospício
dos
Capuchinhos
Italianos.
Em
1845,
é
fundada
a
Imprensa
Nacional
de
Angola
e
é
publicado
o
primeiro
Boletim
Oficial.
Iniciam-‐se,
por
este
meio,
as
descrições
do
quotidiano
da
cidade
e
o
registo
das
alterações
que
lhe
eram
implementadas.
A
partir
desta
data,
inauguram-‐se
diversas
publicações,
maioritariamente
jornais.
As
actividades
urbanas
vão-‐se
progressivamente
desenvolvendo,
verificando-‐se
entre
1824
e
1832
o
triplicar
do
número
dos
trabalhadores
dentro
da
cidade.
Este
crescimento
desencadeou
a
necessidade
de
se
desenvolverem
mais
e
novos
serviços
e
equipamentos,
bem
com
medidas
de
higiene,
conservação
e
segurança
na
cidade.
Uma
medida
importante
à
época
foi
a
construção
do
primeiro
cemitério
junto
ao
hospital
Maria
Pia
seguindo-‐se,
até
1874,
a
construção
de
mais
três
cemitérios,
todos
nos
limites
da
cidade.
Outras
medidas
importantes
foram,
em
1839,
a
instalação
de
iluminação
nas
ruas,
em
1844
a
criação
da
Junta
de
Saúde,
em
1867
a
primeira
praça
de
touros,
em
1874
a
primeira
biblioteca
pública,
em
1877
o
primeiro
serviço
telegráfico
e
a
primeira
força
policial
regular,
em
1883
o
hospital
da
cidade,
em
1887
o
matadouro
e,
em
1889,
é
fundada
a
Companhia
das
Águas
de
Luanda
que
passa
a
ser
responsável
pelo
aqueduto
que,
no
mesmo
ano,
passou
a
abastecer
a
cidade
de
água
potável
(oriunda
do
rio
Bengo,
a
norte
do
actual
Cacuaco).
Data
de
1930
a
primeira
alteração
feita
aos
limites
da
cidade,
definidos
em
novo
foral,
até
então
aproximadamente
com
350
hectares,
que
se
mantinham
inalterados
desde
1909
(data
em
que
a
cidade
recebeu
o
foral
com
esses
limites).
Mas
o
grande
crescimento
demográfico
de
Luanda
só
se
verificou
a
partir
de
1940,
acompanhado
por
um
desenvolvimento
económico
agrário,
maioritariamente
devido
à
elevada
cotação
do
café.
Este
crescimento
levou
a
Câmara
Municipal
de
Luanda
a
encomendar,
em
1942,
o
primeiro
Plano
de
Urbanização
da
cidade
a
Etienne
De
Gröer
e
David
Moreira
da
Silva.
O
plano
apresentado
pelos
arquitectos
mostrava
uma
estrutura
baseada
no
modelo
da
cidade-‐jardim
articulado
com
cinco
cidades
satélites,
as
quais
teriam
perímetros
generosos
para
lá
de
uma
zona
rural
de
protecção
com
cerca
de
2km
de
largura
e
estariam
ligadas
por
uma
via
de
circunvalação,
descongestionando
o
centro
da
cidade.
Este
plano
nunca
foi
implementado
pois,
entre
outros
problemas,
nunca
obteve
aval
jurídico.
Segue-‐se,
em
1949,
um
segundo
Plano
de
Urbanização
de
Luanda
da
autoria
de
João
António
de
Aguiar,
arquitecto
do
Gabinete
de
Urbanização
Ultramarina.
Este
plano
identifica
as
zonas
consolidadas
da
cidade
à
época
e
o
que
seriam
as
áreas
de
expansão,
com
novas
zonas
industriais
e
rurais
a
estabelecerem
um
novo
limite
da
cidade.
O
trabalho
aproveitou
alguns
dos
princípios
do
anterior
plano,
nomeadamente
os
novos
eixos
estruturantes
(vias
e
radiais).
Este
plano
nunca
foi
executado.
Em
1957,
a
Câmara
Municipal
de
Luanda
encomendou
um
novo
Plano
de
Urbanização,
também
denominado
de
Plano
Regulador,
para
controlar
o
crescimento
urbano
e
estruturar
a
cidade
e
os
seus
bairros
por
funções.
Uma
das
medidas
mais
significativas
deste
plano
era
o
zonamento
de
toda
a
cidade
e
a
organização
de
um
enorme
parque
industrial.
Mais
uma
vez,
este
plano
também
não
avançou.
Apesar
de
se
manter
sem
plano,
ao
longo
da
década
de
50
a
cidade
de
Luanda
foi
recebendo
algumas
obras
de
vulto,
como
a
execução
do
projecto
para
a
baía,
da
autoria
de
Vasco
Vieira
da
Costa.
Simultaneamente,
construíram-‐se
edifícios
de
cariz
público
que
contribuíram
para
a
transformação
da
imagem
desta
cidade,
dos
quais
detacamos:
o
Mercado
do
Kinaxixe,
de
Vasco
Vieira
da
Costa;
o
Banco
Nacional
de
Angola,
de
Vasco
Regaleira;
o
Ministério
das
Obras
Públicas
de
Angola,
de
Vasco
Vieira
da
Costa;
o
Ministério
das
Finanças,
de
Vasco
Vieira
da
Costa;
o
Banco
de
Poupança
e
Credito,
que
tinha
Januário
Godinho
como
chefe
de
projecto;
o
Cinema
Miramar,
de
João
Garcia
de
Castilho
e
Luís
Garcia
de
Castilho
e
o
Edifício
de
Habitação
dos
Coqueiros,
de
João
Garcia
de
Castilho.