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FRANCOISE GADET TONY HAK (Orgs.) POR UMA ANALISE AUTOMATICA DO DISCURSO Uma Introdugdo 4 obra de Michel Pécheux EDITORA DA. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS UNICAMP, Divetor Eecutvo: Eduardo Guimaries -MOUNIN es pobiag Mee eae) 1963, p. Seema 1915, 3&me Edition 1962, p.2, pp.8-9, p.9, 11, p.l3. Bdigéo em portugués: Curso de lingiitstica geral. 13* ed. Org. por Ch.Bally ¢ A.Se- chehaye, com a colaboragdo de A-Reidlinger. Tradugio de AntOnio Chelini, José Paulo Pacs.¢ Izidoro Blikstei Sao Paulo, Cultrix, 1987. TODOROV: 1966 ~ p.28. pilg ANALISE AUTOMATICA DO DISCURSO (AAD-69) Sadar + agua a creo ca dos ei a ert ter acanroelo ao canal acoam' Sr us Gece texto, os “‘meios de expresso” estavam a servico do fim visado — “O que quer dizer este texto?” pelo produtor do texto (a saber: fazer-se compreender).. = Teak GSDNEaN Gas texto?” Nessas condigées, se o homem entende seu semethante — “Em que 0 sentido deste texto difere daquele de tal ov verieteelien oe oneal cee tro texto” aad © especialista da linguagem s6 pode fazer ciéncia a aale Forsue, dino, ele €; como gualqer bomem, apo a= ex. So essas as diferentes formas da mesma questo, 2 qual primir. vérias respostas foram fornecidas pelo que chamamos andlise de ‘Ora, 0 deslocamento conceptual introduzido por Saussure conteddo e, as vezes também, andlise de texto. consiste precisamente em separar essa homogencidade ctimplice Propomo-nos examinar diferentes tipos de resposta que entre a prética e a teoria da linguagem: a partir do momento em \) podemos discerir nas praticas atuais de andlise: a mancira pela que a lingua deve ser pensada como um sistema, deixa de ser ‘qual 0 terreno deixado livre pela lingifstica € abordado em cada compreendida como tendo a fungdo de exprimir sentido; ela tor- Sao eel Sin oscar cieticaeas) nase um objefo do qual uma ciéneia pode descrever 0 funcio- rnamento (retomando a metéfora do jogo de xadrez utilizada por Saussure para pensar 0 objeto da lingifstica, diremos que nio se ‘deve procurar 0 que cada parte significa, mas quais so as re- Y Os mésxioe nbo-ingtisicos f ‘gras que tornam posstvel qualquer parte, quer se realize ou para a ciénc te istica pois ele néo funciona; o que funciona meiro e seu desenvolvimento se deu mais ou menos ao mesmo €.a Itngua, isto &, um conjunto de sistemas que autorizam com- ‘tempo em que 0 deslocamento acima descrito se operava, 0 que binagées € substituigdes reguladas por elementos definidos, cu- ‘explica que eles 0 tenham ignorado, por falta de recuo. Esses jos mecaniamoe colocados em causa alo de dineasto inferior 00 métodos se dio, pois, a tarefa de responder A questo sob uma ‘texto: a lingua, como objeto de ciéncia, se opée a fala, como re- forma, por assim dizer, “‘pré-saussuriana”’: colocam-se fora da s{duo néo-cientifico da anélise. “Com 0 separar a lingua da fala, lingtifstica atual, o que ndo quer dizer que no se basciam em ‘separa-se a0 mesmo tempo: 1°, 0 que € social do que é indivi- conceitos de origem lingifstica — simplesmente, esses conceitos dual; 2°, 0 que é essencial do que € acessério e mais ou menos esto defasados em relacdo a teoria lingiifstica atual, scidental” (Saussure, 19 ed., 1987, p. 22). do.oentatuo de ciéncia da expressdo © de seus meios, peter ‘método de deducéo frequencial dendo tratar de fendmenos de grande dimensio, se curvou & po- sigo que € ainda hoje 0 lugar da lingiistica. Mas, como é de regra na hist6ria da cincia, a inclinagao pela qual a lingtistica Designamos assim 0 processo que consiste em recensear 0 constituiu sua cientificidade, deixou a descoberto o terreno que riimero de ocoréncias de um mesmo signo lingifstico (palavra ela estava abandonando, e a questio que a lingiifstica teve que ou lexia, mais freqidentemente) no interior de uma seqiiéncia de >. oat. B) Os métodos para-lingiiisticos giilstica, a saber, a, vpassagem da fureto ao fancomdimentd sea, ep maiz, elas deciftram este acontecimento no como um fe- ° | Ga funcio ao funcionamento) mas desta vez no n{vel do texto. \ Sm oto ermos, una ver qb exstem sistemas sntios, az literfrios etc., ou seja, que os textos, como a lingua, ime a nomogecicadsepstensigica que se supée entre 66 i 08 fatos da lingua © os fendmenos da dimensio do texto, garan- ‘tem, assim, 0 emprego dos mesmos instrumentos conceptuais; por exemplo, a relagio paradigma-sintagma serd estendida a0s diferentes nfveis de funcionamento, logo da andlise: visa-se 0 ideal da anélise lingifstica transportando o instrumento lingi(s- tio.) Pode-se, no entanto, dizer que isto foi atingido? Aqui se (sail squab 18 ape ere tn pomp eae 1 propésito dist “Rao hd wm fim verdadiro para a anise mica, Secreta que se possa aprender ao a Os temas se des- dobram ao infinito... conseqiientemente, a unidade do mito nto ¢seno tndencil¢ projet: la ndo 4 seu modo, tan mito” (Lévi-Strauss, 1964, p.13). Parsee que cosootomnos aqui “a harnooin pocetbcte ida” entre 0 produtor do mito ¢ seu analista, que j4 nos apare- cect (p62) cate 0 Romer que fal © 0 srendton per dl- do qual € preciso construir a pe mee a 67 come objeto do deeo, ‘© que implica duas conseqtiéncias: a “(0 analista) constitui, para cada espécie de obje primeira 6 a de que @ ® cnatnico do ceo depente, dal | tos, 0 cddigo de simbolos que marcardo a Perera Ge, no espiito do anaista, ole a colocé-lo; a segunda é a de ou auséncia de todos. distintivos do ti ceo li Sng cen io come um 6200 natural, 0 que Shinto esr dant « clea A coins 6 o livra de sua res responsabilidade. - So peat una erate ise tecnolégica destinada ‘problema diz respeito, pois, antes de tudo, 20 modo de a estabelecer 0 recenseamento de todos os tracos dis- acesso 20 objeto, ¢ € em tomo desse ponto que se articulam as lives neemtroe a dace de jt ete tp, ex00 20 objeto, © oa ee i al ea al omita definir 0 que pertence ou nfo 20 corpus: ore, em Pre- erm de um texto jurdico ou cientiico, esta dificuldade no pa- ‘que 0 tee coat a mata em ge exe, esse caso, una ins- Thole (cient, jurdica etc) 8 qua podemese referr 08 tex: sn de aie ted portntn & Wade tdricn (0 nel de denen). ton Podemos, pois, estabelever a diferenga ene anélise doct- vimento) da instituigdo que € sua norma, e permitiré definir mental, efetuada no interior de uma referéncia institucional com ee apiecut edness elites fins que respondem em geral a0s da in stig, a anise a n srcoe "on vidéncia a possibilidade de medir a adequacdo progressiva de propésito d > sacs metwdslégen pela oP pjetos as ue Thes so impostas Q rier ispocitivos de documentagao autontica se encontram Sesee Sure ee ey fplicados na andlise “*néo-institucional” pode, pois, suscitar al~ ‘Ao termo desta andlise, vérias questdes se colocam e nés, ium tstranhamento. Com efeito, a alse documenta! supe 8 formularemos do seguinte modo: fundamentalmente que as classes de equivaléncia sejam defini- 1. Se se considera como adquirido 0 fato de que toda das, a priori, pela prépria norma institucional; a0 falar das mo- Seacia ca aT TeaaeaS one eats Galidades de memorizacéo da informagdo necesséria A anslise de do terreno da funcéo de expresso e de sentido para se situar no ‘um documento, J.C.Gardin escreve: do funcionamento, que tipo de funcionamento se pode designar ° “« jc ic e , ‘Qualquer que seja 0 partido adotado, o que fica € 2. Em que 0 conceito de institicdo importa para acons- ‘que devemos estabelecer antes as relagbes em ques- Mo, isto é, constituir de wma maneira ou de outra ee re meee pe ‘uma ‘classificagdo’ na qual o lugar de cada palavra~ 3. Se entendemos por texto qualquer objeto lingifstico or- “reve reflia as relagbes semdnticas que entretim ganizado submetido 2 anflise, poder-se-ia conservar este con- com outros termos (exemplo: ‘lobo temporal , ceito para designar o objeto de uma prética analiftica que levasse Cre do “teleneffalo") ou grapo de terms (exer ‘em conta as respostas &s duas questdes precedentes? Oe et atc Y (Garin 1908 9) i TI. Orientagdes conceptusis teoria do discurso Daf compreende-se, pois, a importincia do pré-requisito are ae qualquer anélise, enunciado claramente por A) Conseqiténcias tedricas induzidas por certos conceitos saus- ‘surianos C CF No Curso de Lingifstica Geral, no capftulo TT, encontra- Assim, a Ingua & pensada por Saussure como um objeto ‘aoe io re aS conceito de Ifngua. cientifico homogéneo (pertencente a regido do “‘semiolégico”), A princi Resi Greil Ch ea ae ea as caja especficidade ee eatabeloce sobs duas oxcundosinvices: objeto detinido: ae Se lingiifstica; ‘a exclusio das instituicdes “‘ndo-semiolégicas” para fo- ““A lingua... & a parte social da linguagem, exterior ~ fada zonsde petingncia da cincia lingfstca 20 individuo, que por si 36 néio pode nem crié-la lucidemos agora as conseqiéncias que resultam das duas nem modificd-la’”. definigSes apresentadas, A segunda forma de defini¢io consiste em definir 0 objeto 1. As implicagées da oposicio saussuriana entre lingua fala ‘pela sua relagao com outros objetos situados no mesmo plano: Esta oposigio pertence & tradi¢o lingtifstica pés-saussu- a lingua é uma instituigdo social; mas se dis- tiana: eigen ito peed cre a Uticas, juridicas etc. Para compreender sua natureza “Entre os dois termos, a lingua ¢ a fala, a antino- ‘especial, wna nova ordem de fatos precisa intervir. ‘mia € total. A fala é wm ato, logo wma manifestacdo lingua é um sistema de signos que exprimem atualizada da faculdade da linguagem. Ela pressupée idéias, e por isto compardvel a escrita, ao alfabeto wn contexto, wma situagdo concreta e determinada. dos surdos-mudos, aos ritos simbélicos, as formas A lingua, ao contrdrio, é wm sistema virtual que 86 de polides, aos sinajs militares etc. Ela € somente 0 ‘se atualiza na e pela fala. Nao & menos verdade que ‘mais importante desses sistemas. Pode-se pois con- 0s dois princtpios so interdependentes: a Itngua no cceber wma ciéncia que estuda a vida dos signos no 6 gentoo rela de-imamentots ates de fla, er seio da vida social; ela formaria uma parte da psi- quanto que estes sao apenas a aplicacéo, "ios asia coeacmmomer aa ala oe {ite ee expt ome pla nga ral; nds a nomearemos semiologia’ (Saussure, Decorre dat que a fala é um ato ou wma attvidade ‘ibid., p. 33). Fe ea ey Al da lingua’ (Ullmann, 1952, p16). Por meio desta definicéo, Saussure opera uma dupla divi- séo: opée wn sistema semiol6gico (‘‘o mais importante”: a Iin- Este texto pée as claras as conseaiiéncias da operagio de gua) a0 conjunto de todos os sistemas semiolégicos que sio exclusio efetuada por Saussure: mesmo que explicitamente ele pensados como tendo um estatuto cientffico potencialmente ‘adic jtena deseo, (6 (ima fat, que eats oposigio autoriza ‘equivalente, e entra no campo da teoria regional do significan- reaparicao triunfal do sujeito falante como subjetividade em ato, te.(7] Mas h& uma outra oposigéo que é evocada por Saussure unidade ativa de intengdes que se realizam pelos meios coloca- ppor meio do termo instituicdo: ela The permite separar os siste~ dos a sua disposicao; em outros termos, tudo se passa como sea ‘mas institucionais jurfdico, politico etc. da série dos sistemas lingiifstica cientffica (tendo por objeto a Ifngua) liberasse um re- institucionais semiolégicos, e exclut-los pura e simplesmente do siduo, que € 0 conceito filoséfico de sujeito livre, pensado como | ‘campo da teoria regional em questo. © avesso indispensvel, 0 correlato necessfrio do sistema. A fa- | Ja, enquanto uso da Ifagua, aparece como um carninho da liber- dade humana, avangar no Camino estranho que conduz dos fo- De ee 70 ticas ds astnciote de berdades Na com ‘Na medida, pois, em que a Iingua se define pelo conjunto das regras universalmente presentes na ‘‘comunidade” lingtifsti- ‘ca, concebe-se que 0s mecanismos ielaloonceeeen ee f © tudo, 0 ee aaa cen pe ee esse limite ¢ tendem a constr uma teoria lingtica da frase, sem, no entanto, sair do sistema da Ifngua: enquanto que sure pensava que a a era erNe meseaaee osm gramética gerativa coloca em evidéncia uma forma de criativi- dade néio-subjetiva no préprio interior da lingua. ‘Seria 0 caso de se pensar que a ciéncia lingifstica vai as- sim progressivamente estender seu empreendimento © chegar a dar conta de toda a “escala” utilizando instrumentos combinat6- rios cada vez mais potentes? formas atuais: pode-se enuncit-la dizendo que néo 6 certo que © objeto tedrico que permite pensar a linguagem seja uno e homo- sénco, mas que talvez a conceptualizagio dos fenémenos que eceuc 00S cokes en dniocmnet do nicano, oie cage ae S gamit graivar os ela € normal ou anémala apenas por sua referéncia a uma norma ‘universal inscrita na lingua, mas sim que esta frase deve ser re- ). feiida 20 mecanimne discursive especitco que a torn possvel © necesséria em um contexto cientifico dado. Em outros termos, Fe ee Se oes Seen erica, estabelecida por Saussure entre 0 universal © 0 extra-in- age | dividual, mostrando a possibilidade de defini um nfvel interme- cculares considerados sobre o “fundo invariante”” da Ifn- (7) difrio entre a singularidade individual e a universalidade, a sa- gua (csscucialmente: a sintxe como fonte de coergées ber, 0 nfvel da particularidade que define “‘contratos” lingufsti- iversais). Especificaremos mais adiante os conceitos cos espectficos de tal on tal regilo do sistema, ito 6, feince do metodologia utilizados. normas mais ou menos localmente definidos, e desigualmente cestudo da ligagio entre as “‘circunstincias” de um dis- ap isseminar-se uns sobre os outros; como escreve Jakob- curso — que chamaremos daqui em diante suas condicées son: de produgio! — © seu processo de produgio. Esta pers- pectiva esté representada na teoria lingifstica atual pelo “Sem nenhuma ditvida, para toda comumidade lin- Papel dado ao contexto ou A situagdo, como pano de sittstica, para todo sujeito falante, existe wna unida- fundo especffico dos discursos, que toma possfvel sua de da Ifngua, mas esse cédigo global representa um formulacio € sua compreensio: é este aspecto da ques- sistema de subcédigos em comunicacao reciproca: ‘Ho que vamos tentar esclarecer agora, através do exame cada lingua abarca vérios sistemas simulténeos, ‘exftivo do conceito saussuriano de instituigdo. 2. As implicagées do conceito saussuriano de instituico minticas entre os elementos morfemsticos, suas relages in Saussure, ‘uma instituicio social ‘pracsentia e in absentia em wma érea de significagao dada. En- cain heeded ie ee els ‘retanto, ele no dé conta dos efeitos seqiienciais ligados & dis- fica que a coloca na série das instituigGes como uma espécie no ursividade. Em outras palavras, 0 conceito de campo semifinti- interior de um género: tudo parece claro uma vez que se deter- recobre uma das duas significagées da palavra “ret6rica”” mine que esta diferenca espectfica se chama o semiolégico. En- (isto ¢, ret6rica como saber que incide sobre a “‘disposicdo”, a ‘tretanto, encontramos no Curso de Lingtitstica Geral wm outro ‘ordem € 0 encadeamento de idéias” etc.): em termos tomados tipo de diferenga que coloca ainda uma vez. em causa as “ou- | de empréstimo A I6gica, pode-se dizer que a normalidade local tras” institaiges © cuja avaliagéo crftica 6 para nés fundamen- ‘que controla a producio de um tipo de discurso dado conceme an no somente @ natureza dos predicados que so atribudos a van n ‘sujeito mas também as transformacoes que esses predicados be cai sofrem no fio do discurso ¢ que 0 ‘conduzem a seu fom, nos dois “As = os as ssentidos da palavra. leis etc. ~ se fundam, em diversos graus, nas rela~ _Provomos designs por msi dines procaine oe ees (96es naturais das coisas; hd nelas wna conformidade ‘40 © conjunto de mecanismos formais que produzem um dis- necessdria entre os meios empregados e os fins per- derivam da estrutura de uma ideologia politica, correspondendo, pois, a um certo lugar no interior de uma formagao social dada. uum discurso.é sempre pronunciado a~ as instituigdes em geral pode fazer ressaltar 0 caso ‘meio predestinado por natureza. de motte pilin, © 0 oradot sabe que quando evoeg tal coete- | ccimento, que j& foi objeto de discurso, ressuscitano espfrito dos ouvintes 0 discurso no qual este acontecimento era alegado, com fas “deformagées” que a situacéo presente introduz e da qual pode tirar partido.{13) Isso implica que 0 orador experimente de certa maneira constitutiva de qualquer discurso, através de variagdes que so 6 7 I*", ‘© empreendimento de Dolezel permanece, sob muitos pontos de REGRA 1 vista, esclarecedor para nossos propésitos; com efeito ele pros- segue: 0 processo de producdo de um discurso D, fro eaten) a ae a resulta da composicio das condigées de producdo de i ee cba soa Seat .stado n) com um sistema lingiitstico dado. : ee me . Convencionaremos notar esta operagéo de composigao lingiitstica, o discurso [...] & preciso estabelecer e pelo sfmbolo escreveremos: especificar 0 conjunto de regras cuja aplicagio per- Tioga ‘mite alinhar, durante o processo de codificacdo, as interpretagdo que se pode dar a essa regra € a seguin- CE Oa te: I funciona como um princfpio de selecio-combinagio so- bre 05 elementos da Iingua.¥e constitui, a partir deles, o sistema aes ae de ligagées semfnticas que representa a matriz do discurso D,.. bipsicae oo cater aricrcstaciondrio dos" Spears qve no estado 1, isto €, os dominios seménticos © as dependéncias retomamos por nossa conta. entre esses domtnigs. Acrescentemos que a efetuacao dessa ope- racdo apresenta, de fato, diversos n{veis hierarquizados: con- forme mostraremos em seguids,2 a constimicio do enunciado — frase clementar ~ nio responde &s mesmas leis seménticas, ret6- REGRA 2 | ricas e pragméticas que a disposicao dos enunciados na seqién- cia discursiva. A partir de premissas tedricas bastante diferentes das ex- Todo proceso de produgéo 4}, em composigéio com wn posta aqui, o tabatbo de L_Doleas (1964) manifet, pelos fins etado deter w das condicb de produto de wn dsc ‘que se propée, uma convergéncia interessante de se notar: ‘D, induc uma transformagio desse estado. Convencionaremos designar esta composicéo pelo sim “‘Ao utilizar as unidades elementares do cédigo e as bolo “, e escreveremos: regras do cédigo, escreve ele, a fonte da informagéo liga = © CORR EOC aes co Tre 4 Ts cretas — 08 discursos que siio wma representagio dos conjuntos de acontecimentos extralingiifstica e Esta regra coloca em evidéncia 0 cio de wesfomacio que transmitem a informagéo desses acontecimen- ‘que induz a presenca de um processo particular no campo dis-Y tos”. urivo sobre o estado das condigées de producto: € car, jé de infcio, que o discurso que A dirige a B modifica o estado de B ‘na medida em que B pode comparar as “antecipagses” que faz jossas consideragées teSricas anteriores devem advertir 0 de A no discurso de A. Jeitor sobre as ivergéncias que registramos aqui: 0s conceitos ‘Mas, por outro lado, a 5 7 25, he arta, detent 96 poregoooe axpians xe dt govinda, oq pling oa co, em ‘ culdades acreditamos ter assinalado, em tempo til. Entretanto, erence alice a [ODN Cns | CECE) 88 89 | prdprias @ A, permitindo-the “continuar™ seu discurso: as “per- ®): Codificagso, turbagées do comportamento narrative”, caracterizadas pela is perda do fio do relato, o incessante retomo ao inicio etc. pode- (DE: Decoditicagio externa, iam ser interpretados como uma perturbacdo dese mecanismo. (DD: Decodificagio interna. Essas duas regras pedem alguns comentérios. Em primeira ‘Vé-se que, a cada “paso”, 0 discurso de um dos protago- lugar, vé-se que a primeira regra corresponde a emissdo da se- nistas € modificado pelo do outro. qiéncia discursiva, ao passo que a segunda diz respeito a sua | Consideremos, a0 contrério, 0 tipo de discurso em que 0 Tecepeao, 0 que significa que elas desempenham, respectiva- destinador nio recebe nenhuma resposta por parte do destinats- mente, um papel comparivel ao que é chamado freqiientemente rio (nenbuma resposta, isto é, nem discurso nem gesto simbsli- de codificagiio © decodificaao. Deve-se, entretanto, observar 0). ue 2 oposicéo linguagem/realidade, que serve freqientemente i de fandamento a esses dois conceitos, néo estf operand aqui e a a “‘simetria” entre a codificagio e a decedificacéo, muitas Em segundo lugar, a segunda regra (‘‘regra da decodifica- » do”) comporta, como acabamos de ver, duas modalidades de ._Cx J | funcionamento, aos quais propomos chamar decodificaco ex S hit | tema e decodificacio interna: vé-se, pois, que toda situacio de See dee iscurso comporta necessariamente decodificagées intemas mas he oe que a existéncia de decodificagdes externas esté ligada a uma OD eat am “resposta”” do destinatério dirigida ao destinador inicial, res- © mee — gl posta que pode muito bem estar ausente de certas situagées de : discurso — por exemplo a redacdo de uma carta, um discurso ra- : diodifundido ete. Este ponto explica 0 caso particular que estamos opondo 0 caso geral. Seja, com efeito, uma situagio de discurso entre ‘Estamos em presenga de um caso particularmente simples, Ae B, tal que cada um “responda” ao outro; ela pode ser repre. pois, assim como © vemos acima, a série dos estados po. sentada da maneira seguinte de ser deduzida de discurso D, assimilado a se- 4 2 uéncia. ria) 18,4) © mee = 4 8 reg SH op m hea me mw +D24..4D% reg — mp id ‘mae hea ® Te ee essas condigées, falaremos de I, integrando ey 2 tee — oy como condigéo de produgio do discurso tegran- oD ee i 409,93...9), condi¢fo & qual corresponde 0 processo de pro- © a is dugdo 4, (integrando Ai, 42, ..., 42), 90 1 Tataremor aqui unicimente deste cso parila do die tsi, exauitivae simples. A teria a de grmicn gerativa in cla Tiny ‘maneja-se, pois, um sistema de regras ao nfvel de um sistema de elementos.” Suponhamos que os resultados deme ato covera, Be do “s ", ai do “vocabulério terminal” a8 eais (roan) remetom de fen a ‘uma andlise dos elementos morfemdticos em tracos semdntices, cujo carter altamente problemético em geral concordamos em _ | Nessa codes ¢ posto que o desvio por uma andie Por exemplo: x — brilhante y= notével _y so substitufveis em certos contextos. Por exemplo: este matemético 6 (xy) ‘ou entio: a demonstracio desse matemtico 6 (x) Mas existem outros contextos para os quai iio 0 substituiveis | Por exemplo: a luz, brithante do farol o cegou; seem ot rep a estruturas Profi Ot et: enc canorn om yuo eine. — | (3) representa, a0 contrério, 0 caso em que xe y so subs- titaveis, qualquer que seja 0 conterto, propomes COMO eXet 1. Bfeito metaférico Plo: x= refrear js eee Consideremos a seguinte questo: pecs props do qual a existéncia de um contexto que impega a Sejam dois termos x e y, pertencentes a uma mesma cate- Seino eae tientie, Observemos no entanto que, ead ara ser correta, a deciséo de classificar 0 par refrear/reprimir discurso no interior do qual x ¢ y possam ser substitudos um em (3) deveria se apoiar em um exame de todos os contextos pelo outro sem mndar a interpretacio desse discurso? Aiscarsivos possis para wma Ungua dada, Em outaspslavra, Consideremos S(x,y) a operacio de substiticdo que res- © par xy pertence a (2), € possfvel sabé-lo em um tempo fi. Peita a restricéo indicada, ¢ D, uma seqiéncia de termos engen- ise © que ndo € evidentemente o caso para (3). drada por 4, na lingua Z,correspondente a um estado Ty no conjunto dos estados possfveis. Designaremos a possibilidade de substituicéo (2) pelo ter- _ 8s casos sio logicamente posstveis, a saber: to sinontnia local 08 contextual, por oposicao A possibilidade @) ~39, se,9) (3) qual chamaremos sinontnia ndo-contextual. xe y munca so substitutveis wm pelo outro. @) 3D, Se; ye ~V De S69) Yemos que, em preseng dem conjunto finito de discur x ey sdo substitufveis um pelo outro, As vezes, mas Se commevondecte aum mesmo I, , devemos, por prudéncia, aoleempre” cconsiderar que todas as sinonfinias so contextuais, até se verifi- Ger gee, eventalnente, algunas delas so conervadas 20 longo @ VD, S69) de todas as variagées estudadas do I’: a sinonimia nio-con- z¢,7o seme shatter ext ‘assim como um limite para o qual tende uma Comsideremos 0s casos (2) © (3), em que a subsiigSo € Si aul vez mais mumerosss, o gue remete Q) representa o caso em que x € y sio substitutveis em sloceniae, De mows pre, forcnlremos 8 funco de um contexto dado. 94 mias ndo-contextuais so excepcionais, se nos referimos & teoria Notemos que, de fato, € possfvel considerar sinonfmias contextuais entre dois grupos de termos ou expresses que pro- duzem o mesmo efeito de sentido em relagdo a um contexto da 18) Seja um estado T, © um corpus C, de discursos estrita- mente representativos desse estado, C, — Daj Dra aa compéem os discursos considerados (a ada pela, ierone corresponde uma letra diferente e reciprocamente). 96 série quase infinita de “superficies” pela sua restrigéo a limites de fansionamento alm dos quis a “strutura profunda” explo- 97 serene [Nessas condigées, 0 confronto recfproco das formas varia- produc&o para um estado dado, estrutura esta cujas variagdes sio 0 sintoma. ‘Vamos agora expor de que modo esta confrontagéo pode ser efetivamente realizada. 2. Da superficie discursiva 3 estrutura do processo de produgio, Consideremos o exemplo terico que acaba de ser exposto: coucerente A noglo de confero, ¢ a elaboragso ted seqiiéncia, em fungio de um 4, dado. No que se refere ao primeiro ponto, é claro que a hipétese proposta j4 € quase impossfvel de ser sustentada a propésito de dois discursos quaisquer, uma vez que existe, na lingua, um equeno nimero de palavras-gperadores muito freqUentes, cujo uso no est semanticamente ligado a um contexto dado. Para Ge forma que cerias metaforas a6 existem no discurso em estado 98 “adormecido”, caso em que a substituigdo que dé um sentido 20 termo empregedo nfo funciona no intetior do dacuso (atin, oo de cots formos em torno dos quis oe gttuam os desler ‘mentos metaféricos. Isso significa dizer que no se passa necessariamente de um soqéncia daca ra 4 outra apenas por uma substituicto, mas que as duas seqiéncias estio, em geral, igadas uma & outra E ele acrescenta: (C6digo)” (bid). Se tomamos esse texto a0 pé da letra, poderfamos supor que do fonema ao discurso estamos em presenga de signos lin- 99 ‘mesma um signo" (Benveniste, 1966, p.128). 100 lgico-retérica, que nao € mais restrita & conexidade: dois enun- ciados podem estar em relagdo funcional através de um espaco discursivo neutro face a esta relagao, ‘Vemos, entio, que nosso problema se apresenta como sen- do o de saber pér em relacdo as propriedades internas dos enun- dados. Estabeleceremos que, para que feito metaférico entre dois termos x ¢ y pertencentes a dois enunciados Eq ¢ Ep, les mesmos respectivamente situados em dois discursos Dj Daj representatives de um mesmo HE) = HE) isto €: 8) que os elementos de Eq © Ey fornecam um contexto comuun de substituigao para x ¢ y, condicéo a que chamaremos “condigao de proximidade paradigmética” entre Ey e By, b) que os enunciados Eq ¢ Bp tenbam uma posipéo fiar- cional idéntica frente aos dois enunciados E. e Eq pertencentes respectivamente a Dxj ¢ Dxj ¢ tendo eles mesmos uma interpre- taco seméntica idéntica ou seja HE) = HE)™ Tustremos 0 que precede com um exemplo. Sejam os se- guintes enunciados: Ey = E' = 0 xerife avangava prudentemente em diregdo 20 saloon Ep = E'2 = a tempestade ribombava E3 = um tiro” atravessou a noite Eg = ite Es = um rio atravessou a noite tents 101 aeeeemmmesmmamnieminainan 5E) = HE) HE) = HE) HE) = HE) ME) = HES) 102 Por outro lado, E3 ¢ ten ome imnrprtao semttica ess Coo eee ad J Ey). Resulta dato efeito meta- 2 HE= HE) 5e) =e)" implicam HE) = XE) Com efeito, a aplicagio das regras de interpretagiio enun- ciadas acima coloca em evidéncia que lene pois a “condigéo de proximidade paradigmstica”” entre E3 ¢ Es esti preenchida mas no a 3 ond Herta ds oss fe cionais. Com efeito, (E;) # WE) e Ey) # KES). estado Ty, de que modo determinar Vf penta su Sanna tee que © representam?”, Isto suporia que ca- 103 da clemento da superficie discursiva remete necessariamente discurso, mas que toda forma discursiva particular remete nece: ‘com uma necessidade igual, logo que todos os discursos sariamente série de formas possfveis, e que essas remissées da correspondentes a0 mesmo estado de produgSo sdo estritamente superficie de cada discurso as superficies possfveis que Ihe so paralelos, isto 6, absolutamente isomorfos, considerados os (em parte) justapostas na operacdo de anélise, constituem justa- ‘efeitos metaféricos que os diferenciam. mente os os fits perinnesdopoceso de proto com nante que rege o discurso submetido & andlise, induz, mas seqiiéncias discursivas concretas mani festam sultam necessariamente da interagio do processo dominante com os processos secundérios, cujo encavalamento produz toda a aparéncia do aleat6rio, do infinitamente imprevi sfvel, face & ignoréncia total em que ainda estamos atualmente ‘no que conceme aos mecanismos desta interacéo. Estamos, agora, em condigéo de formular mais correta- mente nosso objetivo atual, dizendo: dado um estado dominante ceca provenionte dene mesmo ead deniant: 1 po

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