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Amores de Lú - L.M. Gomes
Amores de Lú - L.M. Gomes
L.M. Gomes
2ª Edição
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forma sem a prévia autorização do autor.
L. M. Gomes
Dedico este livro à você que está lendo neste momento e que
me possibilita sonhar… sem moderação.
ÍNDICE
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
EPÍLOGO
BÔNUS
Capítulo 01
Lú
― Lú! Acorda! ― a voz estridente da minha mãe vinda do lado de fora, me fez revirar os
olhos. Ninguém merecia ser acordada daquele jeito em uma sexta-feira, mesmo que eu já estivesse
alerta, já que na verdade nem havia dormido ainda.
Havia me esgueirado pelos fundos da casa, pulado minha janela apenas meia-hora antes.
Passei à noite fora, em uma fogueira na praia de Maresias, nos braços de Fernando, meu atual ficante.
As coisas funcionavam de uma forma bem simples para mim: era muito jovem para me prender à
alguém. Deus, eu só tinha 18 anos! Morava no litoral Norte de São Paulo, mais precisamente em
Boracéia, e só queria curtir. Fernando era lindo, o tipo de cara que toda garota sonharia em ter como
namorado... menos eu. Para mim, beijar e ser livre era bom demais.
Minha mãe abriu a porta e eu me levantei, nos meus 1,65cm de altura. Meus cabelos eram um
emaranhado loiro, devido ao vento que peguei na praia, e meus olhos verdes estavam vermelhos... de
sono. Só para constar, eu era bem careta neste sentido. Me arrastei pelo quarto e nem era cena, eu
estava mesmo acabada.
— Vamos sair em trinta minutos. Sua irmã já está pronta, esperando ― ah, claro que ela
estava. Clarice era tão mimada e centrada em ser tudo que meus pais queriam. Tinha vinte e um anos
e namorava há três o Caio, um mauricinho metido a besta que morava na capital e achava que nada
prestava se não fosse conhecido por ele. Era muito chato com todos aqueles papos sobre seu último
ano de faculdade de Medicina. Oh, sim, ele ainda seria médico. Minha mãe estava no céu.
— Tudo bem, tudo bem! Vou me arrumar e estarei na sala em meia hora ― passei por minha
mãe indo até o banheiro que ficava no corredor. Isso era outra coisa que Clarice tinha vantagens
sobre mim, ela tinha a suíte. Acho que mudei de ideia... de repente, queria muito que desse certo com
o Caio e que ela casasse e se mudasse, deixando o imenso quarto com banheiro todinho para mim.
Eu estava pronta na hora. Ok, eu admito... quase. Quarenta minutos depois entrei no banco de
trás do carro da minha irmã, usando meus jeans escuros, sapatilhas pretas e uma blusa justa com os
dizeres: “Keep Calm And Carry On...” Eu precisaria “keepar” minha calma com minha irmã
tagarelando que eu não era mais uma criança e já estava na hora de crescer e fazer alguma coisa da
vida.
— Tudo bem, me acorda quando chegarmos ― coloquei os fones de ouvidos, escutando
“Children don’t Stop Dancing”, de uma das minhas bandas favoritas, Creed. Meio irônico, não?
“Children don't stop dancing
Believe you can fly
Away... away”
“Crianças, não parem de dançar”, dizia a letra. Eu seguiria o conselho, dançaria pela vida.
Chegamos quase uma hora depois ao nosso destino. Faríamos compras de presentes para o
aniversário de casamento dos meus avós. Vovó Emília e Vovô Pedro fariam 60 anos de casados, e
tinham respectivamente 77 e 79 anos de idade. Nem preciso dizer que casaram virgens os coitados.
Entramos na loja de antiguidades. Minha mãe insistia que eles adorariam um jogo de louças
antigas com aqueles desenhos velhos, ou então aquelas taças, caixa de joias e velharias. Eu não
concordava. Se pudesse, comprava uma passagem para irem nadar pelados em algum paraíso
tropical. Poderia parecer louco, mas eu, se envelhecesse com alguém um dia, pode acreditar, faria
isso. Mas é óbvio que ninguém me escutou, então eu decidi relaxar ouvindo minha música e olhando
ao redor. Lily Allen mandava eu me foder ao som de “Fuck You” no meu fone de ouvido, enquanto eu
olhava umas bonecas antigas de porcelana em uma réplica de um quarto antigo. Era tão lindo, apesar
de achar que não combinava comigo. Era meigo demais. Estava segurando uma quando senti alguém
tocar meu ombro. Tirei os fones com uma mão e me virei. Uma senhorinha simpática, me olhava
através de seus óculos de grau e sorria de forma simpática com um batom rosa claro nos lábios.
— Senhorita, temo que possa quebrar a boneca. Por favor, tenha mais cuidado ― me advertiu,
e eu olhei para a minha mão. A pobre boneca estava de cabeça para baixo na minha manobra de fazê-
la dançar ao som da Lily...
— Me desculpe. Pode deixar, vou ter mais cuidado ― me afastei das bonequinhas, que mais
pareciam o Chucky, Brinquedo Assassino, em uma versão mais delicada. Olhei em volta e, para o
meu grande constrangimento, um homem lindo de olhos azuis e cabelos castanhos bagunçados me
olhava sorrindo pelo vidro da loja. O maldito estava rindo de mim! E tinha o sorriso mais sexy que
já tinha visto. Foi inevitável, tive que dar de ombros e acenar com um sorriso amarelo no rosto. Ele
riu mais ainda – aquela gargalhada gostosa que te faz inclinar a cabeça para trás – e eu senti um soco
no estômago. Porra de sorriso lindo, e ainda com covinhas! Fiquei de costas, procurando com o
olhar, a minha mãe e Clarice na loja, mas não resisti em dar uma olhadinha para trás. Ele não estava
mais lá. Certo, ainda bem, ele merecia ter conhecido o melhor da Lú.
Cheguei até as duas, que estavam segurando uma toalha rendada que, para mim, parecia uma
rede ou um tecido de vestido de noiva de algumas celebridades bizarras. Minha mãe me olhou,
arqueando uma sobrancelha.
— O que foi? Não gosta, Lú? ― será que eu tinha mesmo que responder?
— É bem bacana ― adornei meu rosto com um sorriso bem falso que foi facilmente
interpretado.
― Vamos levar ― ela se virou para a vendedora e entregou o pedaço de pano medonho na cor
“bege broxante”. Dona Cristina Serrano, tinha um termômetro para medir o que era bom para ela: Lú
gostava, não era bom... Lú não gostava, era perfeito. Ela pirava nas minhas combinações de roupas e
acessórios. Clarice era mais sem graça. Blusinhas rosa bebê, jeans claros e brinquinhos de mocinha.
― Podemos dar uma volta pelo centro e ver as lojas. Vamos aproveitar o dia das garotas! ―
Clarice disse, batendo palminhas. Batendo palminhas! Gemi internamente. A minha ideia de dia das
garotas envolvia horas de conversa com minhas amigas: Flávia, Vivi, Ana e Mag, mergulho na praia
e surfistas gostosos... não necessariamente nessa ordem.
— Claro, quem sabe umas comprinhas de roupas pra você, Lú? Coisas mais femininas, mais
clássicas, que te deixem menos adolescente e mais adulta ― minha mãe disse, me olhando. Eu só dei
o meu sorriso de resposta que sempre funcionava: aquele amarelo. Deixa a velha sonhar, o bazar de
caridade agradecia.
Quatro horas depois, meus pés estavam em um chinelo que comprei em uma loja de sapatos e
meu cabelo loiro enrolado em um coque bagunçado no alto da minha cabeça, e eu estava sentada em
uma mesa na varanda do “Petit” ― um restaurante onde adorávamos comer por ali ― olhando
atentamente aquele cardápio e decidindo o que eu devoraria primeiro. Minha mãe e Clarice estavam
impecáveis como só elas conseguiam, ocupando as outras duas cadeiras enquanto a pobre coitada da
que sobrou estava entupida de sacolas que escorriam até o chão. O garçom se aproximou e fizemos
nossos pedidos. Minha barriga roncou constrangedoramente.
Tentei me distrair do monstrinho grunhindo em meu interior e olhei em volta, recostada na
minha cadeira. Santa merda! Quer dizer... maldita merda! Em uma mesa, no canto direito, dentro do
restaurante, aqueles olhos azuis, sorriso de covinhas matadoras, me encaravam através do vidro. O
que há com ele? Sempre por trás de vidros?! Gostava de aquários o maldito? Piscou para mim
quando eu o encarei e automaticamente me arrumei na cadeira, esbarrando nos talheres derrubando
no chão. Ótimo, com certeza deve achar que eu tinha problemas mentais.
Olhei para ele que estava rindo daquele jeito de novo. Maldito, mil vezes. Observei quando o
garçom se aproximou com a conta dele ao mesmo tempo em que uma mulher chegou. Sentando-se
graciosamente, colocou uma mecha do cabelo castanho liso “boi lambeu” atrás da orelha enquanto o
garçom puxava sua cadeira. Ela era mais graciosa e estonteante que as mulheres dos comerciais de
absorventes e perfumes. Era linda. Não me leve a mal, eu gosto é de piroca, sabe? Mas toda mulher
repara na outra. Principalmente quando a outra está sentada ao lado do cara do comercial de
aparelho de baebear... perfeito.
Voltei minha atenção para a conversa animada sobre como estava uma pechincha aqueles
saltos na loja “Blue”, mas eu não conseguia me concentrar na idiotice. Fiquei muito tentada a olhar
na direção onde estava o deus das covinhas, mas resisti bravamente até o maravilhoso garçom
chegar. Tudo bem, ele era um senhor de óculos e careca, mas era maravilhoso por estar me salvando
da minha ansiedade. Eu beijaria aquela careca.
― Obrigada ― eu disse, e ele se retirou depois de servir minha mãe e Clarice. Comemos
tranquilamente, com a dona Cristina roubando um olhar para mim, vez ou outra, por eu estar
comportada demais, sentadinha ereta como me persuadia desde que eu tinha sete anos de idade:
“Uma lady, Lu”. Eu nem liguei, estava preocupada em ser discreta para não derrubar mais nada na
minha frente.
Terminei minha refeição, e quando recebi o cardápio das sobremesas, olhei naquela direção
novamente imaginando uma calda de chocolate no peito daquele deus das covinhas... mas ele já havia
ido embora. Murchei descaradamente. Eu até que estava curtindo ter um colírio no meio da tarde. No
final, quando nos levantamos para sair, o garçom que atendeu a mesa dele, veio até mim e entregou
um origami na forma de um gatinho. Olhei surpresa para o homem. Estava me cantando? Fala sério,
ele era barrigudo! Agradeci com um sorriso amarelo, e segui até o carro com o bichinho de papel e
as sacolas na mão. Sentei e me ajeitei, colocando os fones e escutando Lily de novo. Queria cantar
isso para o deus das covinhas:
Peguei o papel jogado e notei, na dobrinha da orelha direita do bicho, uma setinha. Eu
desdobrei e um “ei, me abre” apareceu. Comecei a seguir as intruções, estripando o animal, quando
vi a mensagem:
Você é uma gatinha charmosa mesmo tentando não ser. Espero ‘esbarrar’ com
você por aí. Beijos, gatinha. Edu.
Oh, meu Deus! Gatinha? Que coisa mais brega, e, francamente, aquilo era cafona... Tudo bem,
eu sei, eu confesso, fiquei assim, também: Encantada.
Capítulo 02
Cheguei em casa exausta. Com a desculpa de curtir minhas novas aquisições, corri até o
quarto, chutei o chinelo, joguei as bolsas no chão e fui ao encontro do meu grande amor: Minha cama.
Fechei os olhos, pronta para tirar aquele sono da beleza, e escutei o toque do meu celular; “The Lazy
Song”, do Bruno Mars, que cantava que não queria fazer nada, só ficar deitado na cama... é, cara, eu
também. Praguejei enquanto andava para buscar o aparelho caído do lado da bolsa e avistei o sorriso
perfeito do Fernando na tela. Tá legal, Bruninho, você está perdoado.
— E aí, coisa linda? Já com saudades? ― rindo me deitei na cama, olhando para o teto.
— E então, te vejo hoje à noite?
— Hm, não sei...
— Tudo bem, então deixa eu te convencer: Festa na piscina.
— Que horas que eu chego? ― ele riu. O danadinho sabia que eu não resistiria à oportunidade
de estar rodeada de gente. Principalmente gente sarada e bronzeada.
— Chega às oito. Chama as meninas, vem uma galera pra cá, amigos de faculdade do Felipe, e
um primo dele que chegou de Amsterdã há pouco tempo.
— Bonito?
— Luciana... Cara, na boa, não rola, sou seu ficante, lembra?
— Nossa, que maldade! Eu estava pensando na Flávia, eu só tenho olhos pra você… ― por
enquanto, mas isso eu não precisava dizer.
Passei rímel, um brilho labial e ajeitei a trança para cair no meu ombro. Eu não era
convencida, mas eu estava lindona. Não dizem que a gente tem que se valorizar? Pois é, minha bunda
estava muito bem valorizada no shortinho jeans, e minha blusinha azul com um biquíni branco por
baixo completava o visual “garota festa de piscina”. Coloquei o hidratante na cômoda e vi o gatinho
arreganhado lá. Eu o peguei nos dedos e li o recadinho cafona. Ah, ele até que não era tão cafona
assim, seu status naquele momento era: Bonitinho. Revirei os olhos e coloquei o papel na gaveta.
— Flávia e Mag chegaram! ― minha mãe anunciou do corredor. Apaguei a luz e fechei a
porta. Eu estava estranhamente animada naquele dia, parecia que o sono da tarde me fez bem.
— Beijos para todos. Mãe, não me espera ― passei por ela e parei para dar um beijo no Seu
Alfredo, meu pai, que estava na poltrona da sala assistindo televisão.
— Eu não vou esperar ― disse Clarice, do outro sofá. Megera. Umas tequilas na veia e ela
seria apenas um mosquitinho zumbindo às três da manhã, quando eu esbarrasse no vaso de planta que
ficava embaixo da janela do quarto dela. Há! “Quem mandava não sumir com ele?” Fechei a porta e
saí pelo portão, onde Mag e Flávia esperavam no carro.
— Gostosa! Arrasou no shortinho. ― Mag, com aquele cabelo ruivo lindo e olhos castanhos,
me fez dar uma voltinha. Não disse? Mulher repara na outra.
— Vamos lá, vamos logo curtir ― Flávia, impaciente como era, parou de enrolar o dedo nos
cachos ― mania que tinha quando estava com tédio ― dando partida no veículo assim que entrei.
A frente da casa estava tomada de carros e motos. Havia alguns ao longo da rua sem saída,
acabamos colocando o da Flávia no final. Andamos pela grama sem dificuladade com nossas
sandálias baixas até à entrada, seguindo pela sala que estava cheia de gente conversando e bebendo.
Passamos pelas portas dos fundos, chegando à piscina, quando uma garota quase nos atropelou
correndo de top less para se atirar na água, seguida por um garoto de sunga branca super
comprometedora. Eu disse super? Meu amor, aquilo era mega master. Fernando me viu e corri até
ele, pulando e enrolando as pernas em sua cintura, dando um daqueles beijos que fazem o corpo todo
arrepiar.
— Bem-vinda, delícia ― sorriu quando eu desci do seu colo. Seus olhos castanhos brilhando
e o cabelo loiro desgrenhado ― só para constar: o desgrenhado sexy que descrevem naqueles livros,
aquele tal do “cabelo pós-foda” ― e, sério, aquele cabelo abria portas... Se é que me entende.
— Tá bombando aqui, hein? ― me puxou mais perto e me deu aquele beijo gostoso.
― Vai bombar mais tarde, delícia, mas só nós dois.
― Vou dar uma volta com as garotas. Vivi chegou?
— Já sim, andando por aí com o Felipe ― ele disse, dando um “oi” para as meninas em
seguida.
— Ok, então. A gente se vê logo ― pisquei, brincando. Ele me deu outro beijo, quase
transformando meu cérebro em geleia, e me soltou. O cara beijava.
— Parou, hein? Esfrega só quando todas estiverem ocupadas ― disse Mag, rindo, quando me
juntei a elas.
― Meninas, não olhem agora, mas no canto direito da porta de acesso do jardim tem um deus
lindo com uma garrafinha de ice na mão... de camiseta regata, tatuado ― disse Flávia, e eu, super
discreta, virei a cabeça em 360º, tipo garota do filme O exorcista, e encontrei aquelas covinhas. Não
acredito! Era o cafona do gatinho que se chamava Edu, mais conhecido como o deus das covinhas. E
pasmem! Não tinha vidro! Ele levantou a garrafa para mim e acenou. E a Lú super confiante, que
sabia o que queria, fugiu, me deixando sorrindo de volta para ele como uma adolescente. Eu podia
até estar babando.
―Puta que o pariu! Ele é lindo! ― Mag exclamou quando o viu. Não tinha como não notar, e
estava apetitoso naquela regata revelando seus braços musculosos com uma tatuagem tribal que
descia do ombro esquerdo. Tatuagem! Quando ele começou a andar em nossa direção, eu me ajeitei
de forma inconsciente. Ele não tirava os olhos de mim, e, na boa, eu já estava sentindo coisas com
aquele olhar.
— Ele tá vindo ― Flávia disse, próximo ao meu ouvido. Fiz minha melhor cara de paisagem
quando chegou até nós três.
— Boa noite, meninas ― fodeu! A voz dele era melhor do que o sorriso e todo o resto. Aquela
voz levemente rouca no meu ouvido me levaria à lua. Ouvi as meninas suspirarem um “oi”, e Flávia
praticamente beliscou minhas costas. Merda! Era o sinal universal: “Você está babando...
literalmente”.
— Nos esbarramos de novo ― me encarou diretamente, e eu quase fui incinerada pelos
olhares da Mag e Flávia em cada lado da minha cabeça.
— É, verdade ― foi a única coisa que saiu da minha boca. Onde estava a porra do meu
cérebro com as tiradas?
— Vocês se conhecem? ― Flávia perguntou, e eu me virei para fuzilá-la com o olhar. Que
merda de interrogatório!
— Na verdade, não. Nos vimos por duas vezes hoje mais cedo, no centro da cidade, mas eu
ainda nem sei o nome dela ― olhou para mim na última parte.
— Luciana, minha garota... ― a voz de Fernando interrompeu nosso olhar. Ele me abraçou por
trás, beijando minha cabeça. Merda! ― Flávia e Mag, nossas amigas ― concluiu. Eu queria chutar a
canela dele, ou o saco, mesmo. Eu detestava rótulos; só ficávamos de vez em quando e ponto. O deus
das covinhas sorriu e levantou as mãos, em sinal de rendição.
— Entendi, sua garota. Então, essa é a Lú que você me falou mais cedo ― me virei para
encarar Fernando, que fingiu não notar meu olhar de “que porra é essa?”, porque era impossível ele
não saber que eu estava muito brava.
— Essa mesmo. Meninas, esse é Eduardo, um amigo que chegou de Amsterdã mês passado ―
apresentou e Edu sorriu para as meninas. Aquelas covinhas...
— Lú! ― o grito salvador da Vivi me fez soltar o ar. Me virei, e ela estava chegando radiante
em um vestidinho branco, os cabelos longos ondulados realçando a pele bronzeada. Felipe estava em
sua cola, junto com a mulher de cabelos castanhos boi lambeu. A miss comercial de absorvente. A
acompanhante do Edu no restaurante. Ela estava linda de short branco e blusa verde colada ao corpo.
Me senti estranha.
— Edu! Nossa, te achei. Você sumiu ― ela disse, passando por nós e parando ao lado dele
que a beijou no rosto, e juro, eu podia saltar naquelazinha. Fernando me apertou.
— Eu estava aqui o tempo todo. Você quem sumiu, Nathalia ― ela sorriu. Cadela.
Cumprimentei com aceno quando me avaliou da cabeça aos pés, e o pessoal começou um papo
animado naquela roda improvisada. Eu não estava aguentando estar no meio daquilo. Fernando,
irritante e grudento, não me largava, e Vivi me olhava de canto de olho com uma cara de quem estava
curtindo uma piada particular. Eu acabaria dando uns tapas nela se não parasse com aquilo.
— Vou ao banheiro e circular mais um pouco. Vamos, meninas?
— Chamei, e as traidoras estavam tão absortas nele que eu tive que cutucar Flávia para ela
sair do lugar, o que não funcionou. Decidi ir sozinha mesmo. Passei por Vivi e digitei uma mensagem
no celular para ela.
“ Você conhece?”
Mandei e revirei os olhos. Ah, que ótimo, eram irmãos. Até que eles se pareciam mesmo, os
olhos azuis e os sorrisos lindos, idênticos.
Circulei um pouco e parei na sala, bebendo uma garrafinha de cerveja, conversando com o
máximo de gente que eu conseguia. Eu não queria voltar para o jardim. Fernando se aproximou e
tentou me beijar. Virei o rosto.
— O que foi, delícia?
— Não gosto quando as coisas ficam estranhas pra mim. Somos ficantes sem compromissos e
você sabe disso, não gosto que me trate como propriedade sua.
— Me desculpe, delícia, mas eu não posso mais com isso. Vem aqui... ― me puxou pela mão
até o corredor que estava mais tranquilo. Merda, eu até gostava dele. Se virou para me encarar.
— Eu quero mais, Lú. Você é incrível, linda, inteligente e desencanada. A namorada perfeita
― confesso que achei fofo, mas não rolava. Não mesmo.
— Poxa, obrigada por achar que sou perfeita pra você, mas sabe que não rola, não comigo ―
a expressão dele dizia que tínhamos ido longe demais. Ele já estava gostando demais, se é que me
entendem.
— Lú... A gente se dá bem, vai dar certo.
— Desculpe, Fernando.
— Tudo bem, mas estou aqui, tá bom? ― me segurei pra não dar um beijinho de despedida.
Ele beijava tão bem... Era uma pena, mesmo.
— Tudo bem, lindão ― dei um soquinho no braço dele. Ele riu, mas não chegou aos olhos. Lú
destruidora. Merda.
Voltei até a sala tentando ver alguém e avisar que estava indo. Tinha gente demais e eu estava
desanimada, queria ir embora. Saquei o celular do bolso de trás do short jeans e deixei uma
mensagem pra Flávia.
“Fui andando.”
Terminei e guardei no meu bolso. Saindo pelo portão, comecei meu percurso pela rua cheia de
carros nas calçadas quando escutei uma voz levemente rouca, de tremer as pernas e molhar calcinha.
— Gatinha? ― porra, como ele conseguia? “Gatinha” nunca tinha sido tão sexy.
Definitivamente, não era mais cafona. Me virei com o som e o vi sair da escuridão, desencostando-se
de uma moto. Caralho, aí a porra ficou séria. O pacote “deus das covinhas, voz sexy, tatuagem e
moto” acabaria com a minha sanidade.
— Perdido? ― ele parou centímetros da minha boca. Minha sanidade já era.
— Estava, mas então eu vi você ― fechei os olhos sentindo que se aproximava quando ele
passou a mão até a minha bunda. Pera aí! Já? Abri os olhos e o senti tirar o celular do meu bolso de
trás. Com ele na minha frente, destravou a tela, discou seu próprio número e esperou chamar.
Desligou e colocou de volta no meu bolso, parando milímetros da minha boca.
― Boa noite, Lú. Amanhã eu ligo ― aquele hálito quente, me fez sentir um choque delicioso
correndo meu corpo, e, depois de beijar o canto da minha boca, se virou, voltando para a casa. Eu
tinha certeza, eu estava perdida. Ele me pegou. Porra, Lú!
Capítulo 03
Oh, meu cacete! Não podia acreditar que estava toda suada no meio da noite, com os pés
enrolados no lençol, uma mão no meu próprio seio e a outra lá... Covinhas. Voz sexy. Tatuagem... eu
estava tendo um sonho erótico. Com o Edu.
Sentei ofegante. Precisava tomar um banho gelado. A coisa estava feia. Peguei meu celular e vi
que era um pouco depois das duas da manhã. Toquei no ícone de registro de ligações e lá estava a
última efetuada. Um número que estava queimando minha mão e outras partes no momento. Será que
ele ainda estava na festa? E se estivesse acompanhado? Coloquei o celular de volta na mesa de
cabeceira, antes que eu fizesse besteira, e fui correndo tomar um banho. Malditos hormônios.
— Acorda, garota! ― uma vozinha irritante me chamava. Ouvi o som das cortinas abrindo,
fazendo o sol brilhar no meu rosto. Ah, que ótimo.
— Vá embora! Ainda é madrugada de sábado! ― joguei a coberta em cima da cabeça. Certas
pessoas eram sem noção, eu merecia mais uns minutos ou horas de sono. As olheiras agradeciam.
— Para de drama, são nove da manhã e tem alguém te esperando lá na praia.
— O quê? Quem? ― tirei as cobertas do rosto. Eu estava louca para saber. Será que era o
Edu? Olhando o sorriso diabólico da Vivi com a mão na cintura, sabia que não era e ela tinha me
pego. Safada.
— Hmmm, não é ele. Na verdade, ele vai estar lá mais tarde. Parece que dormiu na casa do
Fernando ― arqueou uma sobrancelha. Ela sabia, maldita! Eu estava coçando a língua para
bombardeá-la de perguntas, e a danada estava usando as iscas certas.
— Tá, não vou ser hipócrita. Ele é lindo pra caramba, fiquei interessada em dar uns pegas
nele.
― E por que não deu? ― questionou sentando-se ao meu lado. Fiz minha melhor expressão de
nada. Afinal, era só isso, né?
— Ah, você sabe, ficaria chato pro Fernando ― dei de ombros e levantei.
— Conta outra, Lú, você nunca ligou pra isso, e devo dizer que a sua cara com ciúmes da irmã
dele foi muito hilária. Eu deveria ter gravado.
— Eu já disse que não era ciúme ― bufei revirando os olhos. Mas é claro que ela não
acreditou. Levantou-se e foi para a porta.
— Tá certo, estamos esperando na praia ― saiu e eu me levantei em seguida.
Depois de ouvir: “Nossa, o que aconteceu pra chegar cedo ontem?”, “Você está com
problemas” e “O vaso da janela está inteiro” dos meus pais e Clarice no café da manhã, peguei
minha bolsa de praia e minha bicicleta. Eu adorava pedalar, principalmente em um sábado fresco
com promessa de sol e banho de mar, surfistas e Edu. Ah, esse Edu!
Vesti o biquíni mais sexy que eu encontrei: um pequeno, preto e com lacinhos nas laterais,
prendendo os minúsculos triângulos, os de cima e os de baixo. Eu estava me sentindo poderosa.
Coloquei meu shortinho apertado branco, meus óculos de sol e chinelos, e segui me sentindo a deusa
da praia de cabelos soltos ao vento. Deixei a bicicleta no quiosque do “Seu Paulo” junto com as
outras, como de costume, e andei até a areia, tentando definir as formas na água conforme me
aproximava. Ele não estava lá.
— Chegou a Bela Adormecida! ― Vivi me chamou, levantando-se. Felipe estava estirado em
uma canga, cochilando. Pelo visto, não fui a única a ser jogada para fora da cama por ela.
— Oi. E aí? ― ela entendeu no ato.
— Não sei. Não perguntei, não queria dar bandeira. Sossega que acontece ― deu uma
piscadinha.
— Ok. Mergulho? ― vi de longe um grupo na água. Eu consegui distinguir Flávia e mais
algumas meninas com uns caras. Pelas pranchas enterradas no chão perto de Felipe, eu sabia que
eram os primos e afins que estavam na festa.
Comecei a tirar o short e coloquei na bolsa com meus óculos. Procurei o protetor para deixar
por cima e notei meu celular vibrando. Peguei, com o coração na mão e um frio no estômago. Era ele.
E agora? Eu queria me bater. Era só atender, Lú!
Vivi seguiu sem mim, entendendo pela minha expressão quem era.
Eu fiz um ok para ela e atendi.
— Oi ― que voz era essa de garotinha, Lú?
— Adoro loiras de preto, sabia? ― virei-me automaticamente, procurando. Comecei a achar
meu biquíni pequeno demais.
— Onde você está? ― soltei igual idiota. Ele riu, um som levemente rouco e altamente sexy.
Caramba, me arrepiei.
― Estou no quiosque do Seu Paulo tomando água de coco. Ressaca ― Ah, ótimo. Ele estava
me vendo com cara de idiota. Olhei novamente naquela direção e o vi de longe, levantando a bebida.
Ah, mesmo àquela distância, o sorriso brilhava.
— Estou indo dar um mergulho. Você não vem? ― boa, garota! Até que enfim. Atitude! Beija
logo, usufrui e manda embora. Simples como sempre foi.
— Por que você não vem ficar comigo aqui na sombra? Vai ser constrangedor te ver molhada
com esse biquíni ― me segurei pra não denunciar que aquilo me provocou. Caralho, ele podia me
ligar de madrugada que eu aposentava meu vibrador só com aquela voz.
— Tudo bem.
Desliguei, vesti o short e segui até onde ele estava sentado. Levantou-se e veio me dar um
beijo no canto da boca, sem me tocar. Malditos mamilos constrangedores.
— Você está linda ― sorriu com aquelas covinhas, e eu corei. Corei! Que coisa de menininha!
Argh!
— Obrigada. Você não está nada mal ― retribuí seu sorriso, aproveitando para olhá-lo
descaradamente. Usava um short tipo aqueles de basquete, preto, e sem camisa. Musculoso sem ser
bombado... perfeito, sabe? Tatuagem tribal no braço esquerdo e aquele caminho feliz. Eu podia
lambê-lo todinho. Ele pigarreou. Levantei os olhos no momento em que eu registrei o pacote. Pacote?
Aquilo era presente de natal embrulhado. Eu literalmente salivei.
— Apreciando? – me olhava de esgueira, sorrindo com aquelas covinhas. Oh, deus das
covinhas... E nada desarmava o homem. Desafio? Aceito.
— Ah, sim. Você é bem gostoso para olhar ― me aproximei dele que se endireitou e colocou
uma mão na minha cintura. Foi com muito esforço que não pulei e arranquei o short dele com aquele
toque quente, forte e viril. Se inclinou perto da minha boca e me deu um beijo no canto, enquanto
apertava minha cintura. Molhei.
— Quer provar? ― querido, você quer saber se macaco quer banana? Claro que eu queria.
Muito. Fiz que sim com a cabeça, preparadíssima para sentir aquela boca na minha, aquele peito nas
minhas mãos, aquela língua na minha... Ele parou milímetros perto da minha boca e lambeu o próprio
lábio inferior. Eu não conseguia reagir. A Lú ficou sem ação. Ponto para ele.
Deu seu sorriso sexy do inferno com aquela covinha e se afastou, me soltando e pegando a
água de coco do balcão. O que? Maldito, estava brincando comigo.
— Qual o seu problema? Brincando comigo? Vou avisando que não gosto de joguinhos ―
fiquei furiosa e louca para me virar e largar aquele metido lá. Seria a minha saída triunfal, mas é
óbvio que não consegui. Edu me encarou sério, e aquela voz rouca e forte me desarmou. Não que eu
fosse demonstrar. Tudo bem, ele estava vendo que eu estava toda derretida. Merda.
— Lú, eu não brinco. Eu jogo sério. E você? ― me encarou como se eu estivesse nua. Maldito
deus das covinhas que exalava sexo. Precisava ser difícil?
— Eu não brinco. Eu vivo o momento.
— Muito bem, então ― colocou uma nota no balcão, veio até mim e parou de novo a
centímetros do meu rosto. ― Você vive o momento, certo? ― observava-me com uma sobrancelha
levemente arqueada. Eu tinha certeza que havia baba no canto da minha boca. Que homem perfeito...
Eu só consegui balançar a cabeça em positivo. ― Tudo bem, então. Vamos viver um momento de
cada vez. Não tenho pressa, gatinha ― como ele conseguia isso? Eu ainda não tinha me acostumado.
— E o que você sugere? ― por favor, sugira na sua cama, na minha, “na rua, na chuva, na
fazenda e até naquela casinha de sapê”. Pirada, já.
— Eu sugiro... ― colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha. Mas que droga, eu
senti o arrepio até o meio das minhas pernas com o roçar dos dedos dele. Eu estava perdendo o juízo
de tanta expectativa e tesão. Ele continuou: ― Sugiro que a gente se conheça, saia, converse... E as
consequências disso a gente vê depois ― eu abri a boca para protestar. Ele colocou o indicador nos
meus lábios afim de me calar. Eu juro que queria chupar aquele dedo com o mesmo vigor que eu faria
em outro lugar. Foco, Lú...
— Eu estou louco pra fazer loucuras com você, Luciana. Mas eu não sei abrir mão das coisas
boas, e você parece boa demais pra eu deixar sair andando da minha vida no dia seguinte ― liberou
o dedo da minha boca. Eu não consegui falar nada. Eu precisava acalmar meus hormônios. Se ele não
ajudaria, o mar faria.
— Tudo bem, então. Eu vou dar um mergulho. Sabe onde me encontrar, se quiser ― declarei e
me virei, indo em direção à areia da praia novamente, doida para que ele mordesse a isca e viesse
atrás de mim.
Cheguei até onde as coisas do pessoal, as pranchas e Felipe estavam. Tirei meu short de novo
e segui direto até a água. Eu estava morrendo de vontade de olhar para trás, mas eu sabia que duas
coisas poderiam acontecer, e as duas eram igualmente constrangedoras:
a) Ele estaria me olhando, sorrindo com as covinhas, e eu iria correr e me atracar com
ele.
b) Não estaria mais lá e eu faria um beicinho ridículo de quem acaba de derrubar o
melhor sorvete no chão. E que sorvete!
Dei um mergulho e encontrei as meninas, que ainda estavam na água com aquele bando de
gostosos, fazendo brincadeiras e flertando. Flávia estava aos beijos com um moreno lindo. Eu
afundei a cabeça para me esfriar. Adoraria me infiltrar na bagunça e arrumar uma curtição na água,
mas quem eu queria curtir, estava querendo muito da minha paciência e tempo. O pior é que eu queria
dar tudo... até mesmo o meu tempo.
Voltei à superfície e Vivi estava me olhando, sorrindo. Franzi o rosto para ela, que fez um
gesto pequeno de cabeça na direção da areia.
Eu sabia que ele estava lá. Danado, estava sorrindo e deu um tchau para mim. Eu ignorei e
fiquei de costas. Edu estava fazendo doce demais para o meu gosto, então, que provasse do meu
desprezo. Maldito. Gostoso. Lindo. Argh! Maldito de novo.
Um dos rapazes do grupo veio até mim. Ele parecia aquele ator, o Channing Tatum. Se a
Helaine, amiga da Clarice, estivesse ali, piraria com aquilo. Ele sorriu e retribuí. “É, Edu... Se não
quer, tem quem queira”.
— Oi, linda. E aí? Por que longe da gente? ― a voz dele não era tipo a do Edu, deus das
covinhas que exalava sexo, mas era forte também. Sorri o mais largo que pude. Por puro despeito de
mostrar que eu não brincava.
— Eu estava só me refrescando um pouco.
— Entendi ― chegou mais perto de mim. Estranhamente, fiquei tensa. Em outras
circunstâncias, estaria feliz em contribuir e me aproximar também. Ele envolveu uma mão na minha
cintura, que estava abaixo do nível da água. Recuei e ele ficou totalmente ereto. Dei mais um passo e
encostei em uma protuberância sólida que colocou a mão na minha barriga e me puxou para mais
perto de si. Eu senti que era o Edu.
— E aí, Guilherme? Valeu por fazer companhia para a minha garota ― aquela voz sexy acima
da minha cabeça dizendo que eu era dele, e com seu corpo tão próximo me fazendo sentir cada
ondulação, me fez querer inclinar para trás e gemer igual uma louca no cio. Mas que porra, Lú, você
tinha que ficar puta de raiva. Eu fiquei puta... Mas no sentido sujo da coisa.
— Tranquilo, Edu. Só estava conversando ― o Guilherme levantou as mãos em rendição,
brincando, e se afastou, rindo.
Eu não conseguia achar minha língua para falar. Ele apertou mais a mão na minha barriga, me
forçando encostar mais ainda, e... nossa! Ele estava duro. Eu literalmente salivei, lambi os lábios e
involuntariamente arrebitei minha bunda mais um pouco. Ele desceu a boca na minha orelha direita e,
depois de dar uma mordida leve que quase me fez gemer (tá, eu gemi baixinho), ele disse com aquela
voz sussurrada e rouca:
— Se você não parar de se esfregar, eu não vou poder sair daqui — aí sim eu gemi e o
negócio ficou louco. Ele beijou e lambeu meu pescoço, enquanto seu dedo mindinho roçava a borda
interior da calcinha do meu biquíni, me fazendo tremer de puro desejo. Puta que o pariu! Se ele
descesse mais o dedo, havia chances de me fazer gozar ali mesmo. Ele me mataria. Eu juro.
Desgraçado! Eu o queria, brincando ou não. Eu queria as consequências.
Capítulo 04
Edu
Eu tinha toda intenção do mundo de prolongar a sedução do momento. Desde que bati os olhos
nela, naquela vitrine de loja, toda despojada e linda de uma forma tão natural, eu me vi cativado. Em
tão pouco, eu já sabia que ela era diferente de todas que já havia conhecido, ela me deixou curioso.
Lú era vida. Livre e solta. Sem amarras. Amores para ela pareciam ser diversões convenientes.
Fernando era prova disso. Então, eu tinha que ser diferente.
Mas aí foi só eu ver aquele babaca do Guilherme se aproximar dela que isso se derreteu, e
naquele minuto eu estava com sua deliciosa bunda esfregando em meu pau. Seu cheiro e o calor da
pele salgada do mar, tão perto de mim... eu já estava a ponto de sentir dor. Beijei e lambi seu
pescoço. Meu dedo sorrateiro, estava louco para descer mais no biquíni. Se a praia fosse deserta, eu
já teria arrancado os lacinhos. Com a boca.
Virei-a de frente para mim e aqueles olhos verdes estavam fogo puro. Afundei com ela até o
pescoço e apertei sua deliciosa bunda. Que delícia! Sonhei com aquilo desde que a vi naquele
shortinho jeans na festa. Ela enrolou as pernas em mim.
— Porra, você é... ― ela me calou com sua boca quente. Eu dei passagem para sua língua
impiedosa, acariciando com a minha. Agarrando sua deliciosa bunda, eu a amassei e a puxei mais
perto de mim, fazendo-a sentir o quanto eu estava afetado por ela. E como estava. Nossa... muito
duro.
Subi uma mão por suas costas e cheguei à nuca, por baixo do cabelo molhado, segurando com
força e puxando para trás, liberando sua boca; ou melhor, ela liberando a minha. Desci mordiscando
seu pescoço, e depois voltando para a orelha. Ela estava gemendo. Eu não parava de pensar em como
seria quando eu estivesse todo dentro dela... mas estávamos na praia, e não era aquele o meu
objetivo. Eu iria conquistar a Lú. Me recompus o quanto pude, antes de falar:
— Acho que precisamos nos acalmar. Tenho certeza que estamos chamando bastante atenção
― abracei-a forte, sentindo seus seios contra mim, escutando sua respiração ofegante no meu ouvido.
— Certo, tudo bem ― soltou as pernas da minha cintura. Eu nos ergui, e a água ficou abaixo
da minha bunda e na cintura dela. Ela era pequena e fogosa. Uma pimentinha. Afrouxei o abraço, o
suficiente para olhar diretamente em seu rosto. Estava magnífica, com uma cara de quem estava louca
pra trepar. Eu sorri.
— Você está doida pra ficar comigo, não é? ― perguntei, me divertindo, mas queria mesmo a
resposta. Me deu um soquinho no peito que pareceu uma pluma e me empurrou.
— Idiota ― fiquei sério.
— Lú, era brincadeira. Eu também estou louco, não dá pra ver? ― arqueei uma sobrancelha e
ela olhou direto na minha barraca estava armada e, cara... Eu acho que ela queria se ajoelhar bem ali,
se possível. Suspirou pesado, e com esforço visível que me fez sorrir, voltou a me olhar no rosto.
— Você é um idiota, sabia? Tenho mais o que fazer ― se afastou de vez, se virando andando
para areia. E, merda, eu tive que me abaixar rápido para que ninguém mais contemplasse meu estado.
Porra!
Capítulo 05
Lú
Ele era um idiota. Merda. Um idiota que beijava muito, e que tinha uma pegada e um pacote...
Céus, será que eu aguentaria aquilo tudo? Foco, Lú. Edu estava se achando e eu estava dando as
ferramentas para ele se sentir. Cheguei à areia muito quente ainda, apesar do mergulho. Notei Felipe,
agora sentado. Tava assistindo o show? Pervertido.
— E aí, Lú, deixou o Edu na mão? ― eu o olhei, morrendo de vontade de ter laser nos olhos
para transformá-lo em cinzas.
— Vá se ferrar, Felipe ― ele apenas riu. Cachorro. O que havia com todos que queriam rir de
mim? Estava puta da vida para fazer piada ou ouvir àquela altura. Peguei meu short e vesti, toda
molhada mesmo.
— Avisa às meninas que fui para casa ― pedi para ele, pegando minha bolsa e começando a
andar.
— Pera aí... Tava brincando, Lú, fica! ― Felipe chamou e eu nem me dei o trabalho de
responder. Continuei andando e escutei a voz dele, falando com um alguém que eu não queria citar o
nome.
— Tá difícil, hein, amigo? ― Felipe o provocou, rindo, e não escutei resposta. Ouvi os passos
logo atrás de mim. Eu não parei. Que corresse de pau duro, o maldito. Ah, eu estava louca pra olhar.
“Controle-se, Lú”.
— Lú, espera! Eu não queria ser rude com você ― não respondi, e ele segurou meu braço. Me
virei. Aquele toque me poria de joelhos qualquer hora dessas. “Porra de submissa, sai de mim, filha
da puta!”.
— Olha aqui, Edu... Eu queria mesmo ficar com você, mas note que eu disse “queria”,
passado. Você é cheio de joguinho pro meu gosto, cansei disso. Odeio complicações e mimimi ―
declarei, e ele me encarou sério.
— Você é uma garotinha mimada, que acha que pode ter tudo o que quer, na hora que quer.
Bem, cresça ― rebateu e passou por mim direto. Eu fiquei de boca aberta.
O quê? Ele me provoca, me agarra, me deixa louca e diz que eu que quero ir para cima dele?
Tudo bem que é isso mesmo que eu quero. Queria. Quero. Ah, merda! E agora ele dá um showzinho e
fica com raiva? Vai embora mesmo, idiota. Eu podia arrumar melhores que ele. Podia? Não podia?
Aquelas covinhas, olhos lindos, voz rouca, pegada e pacote tinha em qualquer esquina, não tinha?
Merda. Acho que não, Lú.
Fui embora, indo na direção da minha casa bufando de raiva. Quem ele pensava que era?
Queria que eu fosse atrás dele? Aquele idiota lindo, de covinhas e voz sensual, e que beijava
loucamente e tinha uma pegada incrível? “Merda, Lú, você está ferrada. Ele é tudo de bom”.
— A praia não estava boa, Lú? Voltou rápido ― passei por minha mãe, depois de guardar a
bike na garagem. Ela estava regando umas plantas no jardim se achando a botânica. Morria de
orgulho quando paravam para admirar os coqueiros cheios de orquídeas. Eram os bebês dela. Depois
de Clarice, claro.
— Tenho umas coisas pra fazer ― dei de ombros, passando por ela que riu. Com certeza,
pensava: “fazer o quê?”. Isso me deixou mais irritada, porque na hora pensei no que ele disse: “você
é uma garotinha mimada...”. Maldito.
Tomei um banho demorado, pensando nele. Entrei no quarto com uma toalha enrolada na
cabeça e outra no corpo, fui até a cômoda pegar uma calcinha e me deparei com o maldito gatinho.
Fiquei encarando aquele bilhetinho que era tão lindinho e, depois de alguns segundos, joguei com
raiva de volta na gaveta. Vesti um short de malha curto e uma regatinha e inclinei a cabeça pra secar
o cabelo com a toalha. Escutei quando a porta do meu quarto abriu e fechou, e em seguida dois pés
masculinos de tênis escuros pararam diante de mim. Gelei e me ergui lentamente com a toalha na
mão. Tinha certeza que eu estava delirando; eu queria estar, porque meu cabelo estava um
emaranhado de rato. Eu estava horrível.
— O que você está fazendo aqui? Como entrou? E minha mãe? ― Edu estava com os braços
fortes cruzados diante do peito incrível, com aquela camiseta preta apertada, e eu automaticamente
fui descendo e olhando aqueles jeans escuros com aquele volume bem ali. Lú? Foco! Obriguei-me a
olhar em sua direção (realmente ele) quando percebi que eu estava salivando. Literalmente. Uma
expressão séria tomava seu rosto.
— Vim pedir desculpas. E sua mãe me deixou entrar depois que eu disse que era um amigo seu
― Hã? Como assim? Minha mãe simplesmente o mandou entrar? No meu quarto? Mas o que ele
disse primeiro prendeu minha atenção.
— Desculpas?
— Fui rude com você. Eu nem te conheço direito e já fui falando aquelas coisas, e me senti
mal com isso. Estou indo pra casa, e não queria ir, sem ter a certeza de que terei a chance de
realmente conhecer você. Amigos? ― estendeu aquela mão grande para mim. Tudo bem, ele só
levantou. Naquela proximidade, se esticasse, estaria segurando meus seios. E só o pensamento fez
meus mamilos enrijecerem. Ele sorriu... Aquele sorriso lindo de covinhas. Maldito.
— Sem mãos, então ― recolheu depois de ver que eu estava mentalmente incapaz e, se
inclinando, plantou um beijo no canto da minha boca. ― Me leva lá fora? ― pediu, e eu acenei um
sim. Cadê minha língua, porra?! Ele se virou e eu o segui depois que abriu a porta. Passei por minha
mãe no jardim e ele chegou até ela, despedindo-se dando um beijo na mão da dona Cristina. A coroa
estava derretida. Safada! Saímos pelo portão e ele subiu na Harley dele. Caralho, ele ficou
totalmente comestível em cima dela. Por um milagre, eu consegui dizer alguma coisa.
— Você mora no centro? – ele olhou pra mim e sorriu.
— Pensei que tinham comido sua língua, gatinha ― antes que eu começasse a gemer pensando
no que eu queria que comesse, ele continuou. ― Sim, mais de uma hora daqui. Mas é perto de onde
eu te vi, te levo lá qualquer dia e venho te ver, também ― eu sorri. Putz, eu sorri! Parecia
adolescente.
— Hum... Legal ― estava insegura. Definitivamente, tinha algo errado comigo. Ele ligou a
moto.
— Nos vemos em breve ― e assim ele saiu da minha rua. Eu me virei para entrar e minha mãe
veio atrás de mim. Revirei os olhos.
— Nossa, você não disse que conhecia um engenheiro! Ele é lindo e educado, e muito culto ―
me segurei para não parar em meus passos. Engenheiro? Culto? Que merda é essa? Então, ele contou
a vida para minha mãe... tudo explicado. Imagina uma filha casada com um médico e a outra com um
engenheiro? Paraíso para ela.
Entrei no quarto e peguei o pente. Ela sentou na cama.
— Conversa comigo, Luciana. Como se conheceram? Estão namorando? ― olhei bem para
ela.
— Sinceramente? Jura isso? Desde quando esse interesse?
— Desisto, Lú. Não precisa dizer ― se levantou. ― Mas partidos como esse, minha filha, são
raros. Você acha que tem futuro enterrada aqui na praia com esses garotos que só sabem surfar e
fumar maconha? ― arregalei os olhos, chocada. ― Nem me olha assim. Entendo que quer prolongar
sua adolescência, mas você já é uma adulta. Deveria começar a tomar rumo com a vida, minha filha.
— Ah, é? Como Clarice?
— Sim, como sua irmã ― bufei e me virei para o espelho novamente, pegando um hidratante,
ignorando-a que ficou me encarando pelo reflexo. Finalmente desistiu, e saiu logo depois de largar
uma bomba no meu colo.
— Eu convidei seu amigo para o aniversário dos seus avós ― fechou a porta. Esperta a velha,
ela sabia que eu surtaria. “Eu não acredito nisso! Eu não acredito nisso! Eu não acredito que eu
GOSTEI disso”.
∙∙∙
Coloquei meus fones de ouvido e comecei a escutar “Numb”, do Linkin Park, e fiquei ali,
viajando na vida. Eu tinha que admitir: eu estava caidinha por aquelas covinhas. Eu não podia negar
que eu queria muito ficar com ele. Tipo, muito mesmo. Eu precisava. Fiquei repensando aquele
amasso gostoso na praia... Edu parecia tão excitado quanto eu. Pra uma foda casual? A verdade era
que era diferente. Do Fernando, do Bernardo, do mês passado... de todos. Era a atitude. Ele estava
me deixando louca com a expectativa porque sabia o que estava fazendo... será que eu sabia?
Já estava anoitecendo quando acordei. Dormi escutando música. Tão típico. Levantei-me e
coloquei o celular para carregar. Comeria alguma coisa, estava morrendo de fome... Fiz um
sanduíche e voltei, fechando a porta do quarto e dando o sinal claro que era dia de humor negro da
Lú. Assim que fechei, vi o celular na mesinha da cabeceira vibrando e corri para pegar. E se fosse
ele? Eu já nem xingaria, estava fodida mesmo com aquele papo de menininha.
O sorriso de Fernando na tela não teve o efeito da tarde passada.
Senti vontade de ignorar, mas o futuro era terra de ninguém.
— Oi, lindão.
— Lindão? Gostei de ver que ainda me chama assim. Oi, Lú...
— Foi automático. E aí, o que manda?
— Queria conversar com você... pessoalmente ― o tom de voz estava sério. Mau sinal.
— Hm... vou aí, pode ser?
— Pode, claro. Quer que te busque?
— Não, eu vou a pé, é bom que ando um pouco.
∙∙∙
Passei pela rua e sorri quando olhei o lugar que Edu me parou quando pegou meu celular.
Affão, Lú. Fernando abriu a porta antes que eu chamasse, e fui andando com ele até o jardim dos
fundos, na área da piscina. Me sentei em uma das espreguiçadeiras, e ele sentou do meu lado
virando-se de frente, apoiando os braços nas pernas e juntando as mãos.
— Você tá saindo com o Edu? ― ele mandou sem rodeios e meu impulso foi rebater.
— E é da sua conta por quê? ― ficou ereto e suspirou.
— Porra, Lú, ele estava na minha casa quando pegou a minha garota ― “Que merda era
aquela?”.
— Tá maluco, Fernando? Eu nunca fui sua! ― me levantei.
— Você não é o tipo dele, Lú, ele gosta de... ― parou e eu fiquei esperando. O quê? Gay não
era... se fosse, eu me matava. Que desperdício, meu pai!
— Gosta do quê, porra? ― o encarei irritada, enquanto ele coçava a parte de trás da cabeça.
— Lú, não me entenda mal, mas Edu é um homem vivido. Pode ter esse estilo todo descolado,
mas gosta de compromisso. Ele já foi até noivo — falou olhando bem nos meus olhos quando disse o
“noivo”. Isso me desarmou... eu não queria compromissos, mas com ele... eu ainda não entendia esse
“mas” se formando sempre que Edu entrava na equação.
— Acho que o Edu é bem grandinho e pode se defender de meninas como eu, certo? Boa noite,
Fernando ― saí, deixando ele para trás, sem me dar ao trabalho de sequer olhar enquanto gritava
meu nome.
Voltei correndo até em casa, fui direto para o meu quarto e peguei o celular, em um impulso
que não pude controlar. Tocou até cair na caixa postal, e quando a voz eletrônica entrou, desliguei e
sentei com o aparelho na mão, frustrada. O que eu falaria para ele? O celular vibrou na minha mão:
era o Edu.
— Alô? ― atendi, insegura.
— Boa noite, gatinha. Estava no banho, vi sua ligação... ― deixou no ar.
— Queria ouvir sua voz ― soltei rápido e escutei o riso dele. Já estava imaginando aquelas
covinhas.
— Eu queria estar aí agora. Queria ouvir sua voz no meu ouvido ― mordi o lábio em
expectativa, aquela voz rouca no telefone...
— Eu queria dizer também que eu não namoro ― falei mesmo isso?
— Sério? ― ele pigarreou e parecia incomodado com alguma coisa. — Certo. Entendi o
recado ― respondeu, seco. Hã? O que isso significava? Nada de beijo e fodas casuais?
— Então, sem compromisso? ― qual a necessidade de repetir ?
— Sem compromissos. Boa noite, Lú ― desligou. Porra, aquela doeu. O telefone vibrou
novamente. Eu nem tive tempo de falar.
— Só escuta. Eu não quero te pressionar com nada, mas você não sai da minha cabeça desde a
loja e estou desesperado querendo ficar com você desde que eu te beijei. Isso pode parecer ridículo
e uma coisinha de adolescente pra você, mas é exatamente o que eu sinto, Lú. E eu nunca me senti
desse jeito. ― fiquei desarmada, porque era assim que eu me sentia.
— Eu sei, Edu, sei como é ― respirei fundo. Parecia estar testando a paciência dele.
— Você me deixa louco, sabia? ― me disse e eu escutei o riso de volta.
— Idem.
— Quero você. Muito ― sussurrou, e eu comecei a me sentir excitada. Ele tinha um poder
sobre mim. “Olha lá a porra de submissa vindo à tona”.
— Edu, você é Dom? Pratica BDSM? ― indaguei e ele riu.
— Sou o que você quiser, Lú ― e aquilo me excitou no limite.
— Quero você. Muito ― sussurrei, como ele havia feito. Não soou grandes coisas com a
minha voz toda rouca de tesão. O telefone ficou mudo. “O quê?! Ele desligou na minha cara de
novo?!”.
Queria que ele morresse. Maldito. Deitei-me com raiva e uma lágrima escorreu. Eu estava
fodida, mesmo. Conheci o cara segundos antes e já estava daquele jeito; Peguei o telefone e coloquei
a Adele para gritar no meu ouvido “Someone Like You”, e eu só pensava que ela era uma vaca
mentirosa, porque eu sabia que não encontraria ninguém como ele...
Edu me beijou lentamente, colocando-me de barriga para cima e ficando sobre mim. Eu senti
seus pés; ele já havia tirado os sapatos. Liberou minha boca e, trilhando aqueles beijos com a ponta
da língua, foi do meu pescoço até meu ouvido. Eu gemi, agarrando sua bunda. Porra, até a bunda era
boa, mesmo por cima dos jeans. Me olhou com uma expressão divertida com aquelas covinhas
espreitando seu sorriso. A expressão foi mudando enquanto me prendia com seu olhar. Ele ficou sério
de repente. Sua voz saiu ainda mais grave quando falou:
— Eu falei sério. Eu quero muito você ― me disse, e, Deus, eu podia gozar com aquela voz
facilmente.
— Eu também. Agora, por favor ― se aproximou da minha boca novamente e passou a ponta
da língua, traçando meus lábios e me mandando choques deliciosos por todo o corpo. Nossa, ele era
foda. Foi abrindo meus lábios, sutilmente buscando uma passagem até que veio sem dó e nem
piedade: me deu o beijo mais quente que já recebi, chupando minha língua. Seu hálito quente, a
umidade das nossas bocas contrastando com outro lugar... Como se lesse meus pensamentos, Edu
abaixou uma das mãos até o meu short de malha e enfiou dentro da minha calcinha. Estava tão quente,
eu podia sentir... Tocou de leve me fazendo gemer gostoso.
— Caralho, muito molhada ― enfiou um dedo. Eu não queria nem pensar em como seria bom
receber o seu “dedo maior”. Ah, ele era tão devagar dentro e fora... E, apoiado em seu cotovelo meio
de lado, ficava me olhando. Eu gemia como podia e inclinava a cabeça, apoiada nos travesseiros.
Então surgiu o segredo: o polegar que começou a acariciar meu clitóris em ritmo com o dedo que me
penetrava, pacientemente me explorando, sem pressa alguma até que ele conseguiu, e me deixei ir...
gozei, pulsando na mão dele. Porra, demais!
— Nossa ― foi tudo o que consegui dizer. Abri os olhos e ele estava com um sorriso
malicioso, ainda totalmente vestido. Pegou os dedos e os colocou na boca, chupando vagarosamente.
Acho que fiquei vesga vendo aquilo sem piscar.
— Muito gostosa, Lú. Louco pra provar mais ― e eu achando que estava bom. A sessão
tortura acabara de começar. Ele se acomodou aos meus pés e puxou meu short e calcinha. Eu tinha
muita sorte de morar na praia, estava sempre com a depilação em dia. Santos biquínis!
— Caralho, gatinha, você é mesmo loirinha ― eu ri. Eu gostava de deixar aquela tirinha, os
caras gostavam. Edu gostou. Ele desceu a boca lá e meu sorriso deu lugar a um “o” sem som. Lambia,
chupava e penetrava a língua, e eu me senti naquele espiral delicioso de novo. Não era possível.
Apertou aquelas mãos grandes nos meus quadris, e aí, com aquela sensação toda, eu fui rápido
agarrando o seu cabelo, bagunçando mais. Edu levantou o rosto pra me olhar: o sorriso torto com a
covinha e a boca brilhando da minha excitação. Veio engatinhando sobre mim e me beijou, com sua
mão passeando pela minha barriga, puxando minha regata e tirando pela minha cabeça. Se afastou
para olhar.
— Porra, Lú. Eu até pensei assim, mas, melhor que nas minhas fantasias, você é toda rosinha.
Porra! ― sem cerimônia começou a chupar meu mamilo, com aquela mãozona agarrando o outro
seio. “Para tudo!” Como assim, eu já estava com vontade de novo? Foda! Foda! Ele mordeu e depois
assoprou, com a mão apertando o outro enquanto seu quadril esfregava em mim, com o pacote
impressionante pressionando aquele ponto. Eu desci a mão até a calça e abri o botão, descendo o
zíper em meio a muitos “Ah”, “Nossa’” e um “Caralho!” quando senti realmente o tamanho daquilo
tudo. Libertou meu seio e deu um sorriso presunçoso. Se afastou e abaixou a calça e a cueca até os
joelhos, e eu não conseguia parar de olhar aquele negócio todo. Tipo assim, abra a boca e agora faça
um “o” bem grande... entra aí sem brincadeira. E o comprimento? Porra, aquilo perfura um útero.
Fiquei embasbacada, salivando. Ele se acariciava ainda de joelhos entre minhas pernas, se
mostrando “o safado”.
— Eu não vou te comer hoje porque não vou parar. E você vai gritar, Lú. Muito ― quase gozei
só com aquela declaração. Me ajeitei rápido e fui com tudo até o sorvete da minha vida. Caí de boca
com aquele “o” bem grande. Ahhhh, que delícia!
— Nossa, gatinha ― ele gemia, e isso me deixava mais doida. Queria enlouquecê-lo, na
mesma medida. ― Hmm... Isso, gostoso. ― Caralho, ahhh! ― apertou minha cabeça, e eu me senti
uma puta submissa; e adorei aquilo. Estava muito excitada em ver o descontrole dele que não parava
de murmurar:
— Mais fundo, um pouquinho mais… Ah, porra, Lú... Para, eu vou... Ahh... Porra... Não! ―
naquela hora, eu não estava ligando. Eu queria muito, eu não obedeceria. Deixei que gozasse gostoso,
quente e forte. Quase me engasguei, mas disfarcei e fui tirando da minha boca, me sentindo
sobrenatural. Aquilo tudo coube?
Ele me ergueu e ficamos de joelhos, de frente um para o outro enquanto ele me beijava, me
apertando contra ele. E o pacote já estava querendo dar sinal de vida. Ele era foda. Me soltou e subiu
a cueca e a calça, escondendo aquela raridade e me deitando no peito dele. O quê? Era sério, ele não
ia?
—Eu... é... então, eu queria... ― sem pudor passei a mão em cima da protuberância. Peguei a
mão dele e coloquei em cima da minha boceta. Ele acariciou com o indicador e tirou rápido,
passando a mão nas minhas costas. Fiz beicinho.
— Não posso. Não trouxe camisinha porque eu não te pegaria aqui na sua casa, Lú. Eu quero
te fazer gritar meu nome a noite toda, não daria muito certo. Eu disse com calma, quero que você
queira mais de mim.
Eu queria dizer que tinha camisinha, que queria mais dele e não só a piroca gigante, queria ele.
Mas não disse.
— Eu não posso ficar. Amanhã tenho compromisso muito cedo, vim só porque eu estava louco
pra te provar e você ficou me provocando.
— Eu?
— É, você ― beijou a ponta do meu nariz, sentando-se em seguida. Pegou os tênis e calçou, se
virando para me olhar. Tirou uma mecha de cabelo da minha testa, colocando atrás da orelha, dando
uma passeada com o olhar por meu corpo até a barriga. Senti queimar.
— Você é tão linda, Lú... Toda ― voltou a encarar meus olhos, e os dele estavam tão lindos
com aquele azul brilhando na luz fraca... E então me beijou, de forma bem carinhosa. Sem dizer nada
levantou-se e pulou a janela, indo embora. Minha mãe reclamava que eu me esquecia de trancar
sempre, dizia que um ladrão podia entrar e roubar a casa. Ela estava certa, Edu estava roubando
meus pensamentos. Pronto, falei. Estava perigosamente me encantando pelo maldito deus das
covinhas e, agora, pirocudo. Eu sei, eu sei... Ferrou de vez.
Espreguicei-me de manhã, sentindo nada além de relaxamento. Sorri largo... Edu. Eu tinha que
admitir: não adiantava merda nenhuma negar, eu estava louca por ele... Com aquela língua mágica,
queridinha, qualquer uma ficaria.
Cheguei na mesa do café da manhã quase cantando. Eu estava em um humor pós-orgasmos que
ninguém, eu disse, NINGUÉM estragaria, nem o pentelho do namorado da minha irmã, sentado à
mesa.
— Bom dia, pessoas lindas ― você precisava ver, foi um choque. Todos pararam o que
estavam fazendo e me olharam ao mesmo tempo. ― O que foi? ― olhei pra minha roupa e passei a
mão no rosto. Será que tinha alguma coisa no meu cabelo?
— Nada, querida. É bom ver você de bom-humor ― meu pai me salvou daquela e todos
voltaram ao “normal”, eu diria. Sorri pra ele. O velho Alfredo era um senhor legal, na dele, capacho
da minha mãe, mas o melhor pai do mundo. E eu começava a perceber que a pentelha da casa era eu.
O café seguiu dentro do esperado, com Clarice babando no maricas, enquanto ele contava os
feitos de sua faculdade de Medicina e que o pai dele estava montando um consultório quando
terminasse e tivesse seu registro. Só pra constar, Caio se especializaria em ginecologia e obstetrícia.
De jeito nenhum que ele tocaria na minha preciosa. Argh.
Fui até a casa da Vivi, e ela já esperava por aquilo. Eu tinha, tipo, várias amigas, mas Vivi era
aquela que sacava tudo de mim. Talvez essa história de morar na mesma rua desde bebês,
praticamente me fez considerá-la mais minha irmã que Clarice. Eu amava a cadela.
— Não acredito nisso! ― colocou as mãos na boca e depois se abanou. Eu já estava ficando
quente em contar.
— Caramba, Vivi, foi demais. Eu nem acredito que ele veio assim... do nada ― eu falei, com
uma cara de idiota.
— Eu agarrava e não o soltava mais.
— Eu sei... Aí é que tá, ele parece ser o tipo que gosta de mulher do lado, sabe? Namoro
firme, com todas aquelas coisas de “onde você está?”, “que roupa é essa?”...
— Você acha que vai ficar dando e beijando por aí pra sempre? ― me olhava debochada, e,
merda, eu não queria mais isso. Não depois do Edu.
— Eu vou acabar me apaixonando por ele. Eu não sei o que fazer ― ela revirou os olhos e
começou a mexer no celular.
— Eis a grande novidade do século. Lú, eu te saquei na festa, você já está caidinha por ele. E
ele por você ― bufei.
— Ele quer é me comer... até eu gritar ― me encarou, de olhos arregalados. Dei de ombros.
― Foi ele quem disse ― suspirei. ― Vivi, eu quero ser comida até gritar ― declarei e nós rimos.
— Às vezes, para uma garota esperta, você é uma tapada. Ele se apresentou à sua mãe, pulou
sua janela depois de vir sei lá de onde, mas sabemos que é longe pra cacete e, só fazendo constar,
veio depois que pirou por uma ligação sua... te fez ter vários orgasmos pro seu bel prazer e foi
embora pra casa dele que, como citei, é longe pra caramba... Não, ele tá se lixando pra você.
Tapada!
Tá, eu sei, ela estava certa, aposto que geral que tá lendo me chama de tapada também.
Suspirei. Passamos o resto da manhã falando dele, é claro. Vivi também me contou que a
Flávia estava ficando sério com o tal do Márcio ― ele era da cidade vizinha, pertinho ― e que
provavelmente estava lá na casa dele àquelas horas. Eu ri. Flávia era o oposto de mim: Se envolvia
rápido e certeiro, aposto que apresentaria logo o namorado, amor da vida dela da vez. Ela se
apaixonava e se deixava levar, tranquila e sem nóia... queria poder dizer tipo eu.
Fui para casa e depois do almoço me tranquei no meu quarto. Deitei naquela cama e, senhor
amado, eu sentia as mãos dele. Estava pensando em buscar o vibrador quando minha mãe bateu na
porta.
— Lú, chegou uma encomenda pra você ― levantei correndo. Peguei a caixa na mesa e corri
de volta para o quarto. Era retangular, um pouco grande. E nem era tão pesada. Abri e tirei de lá uma
jaqueta de couro preta feminina... Eu babei, era linda! Fiquei olhando de cenho franzido, quando meu
celular tocou. Coloquei na cama, ainda observando que era o meu tamanho, certinho. Atendi, sem
olhar o visor, avaliando o pacote tentando achar pistas.
— Alô?
— Recebeu minha encomenda, gatinha? ― aquela voz... Edu?
— Você que mandou essa jaqueta? ― ele soltou um riso alto, abafado com a minha voz
empolgada. Já estava ficando louca com ele. Caramba! Seria sempre isso?
— Sim. Você vai precisar dela. Coloca um jeans confortável e botas ou tênis, o que preferir.
— Como?
— Vou te buscar às sete e você vai ser minha até o amanhecer ― não consegui responder.
Caralho, eu paralisei. Já estava contando os segundos. ― Tenho que ir, gatinha. Só esteja pronta, e...
Lú?
— Oi, pode falar ― ainda estava sem ação.
— Você vai gritar ― e, dito isto, desligou. Porra, meus pedidos atendidos...
Capítulo 07
Tomei um banho demorado, estava caprichando pra ele. Então, finalmente me aproveitaria dele
por inteiro... ou ele aproveitaria de mim? Bom, eu estava super ok com as duas opções. Sequei o
cabelo, deixando um pouco de ondas nas costas, e parti para o dilema da vida... Que roupa usar?
Segundo as instruções, um jeans confortável, em outras palavras, fácil de tirar.
Acabei com um jeans preto baixo e uma batinha regata solta, branca, um pouco transparente,
mostrando a renda do meu sutiã preto, que combinava com a minha calcinha minúscula. Não via a
hora dele ver e arrancar tudo. Com os dentes, de preferência.
Um rímel e um brilho labial rosa clarinho finalizaram meu visual. Joguei o cabelo pra frente e
pra trás, e, voilá... Diva! Peguei a jaqueta e minha mãe entreabriu a porta em sincronia. Ela estava no
céu porque eu sairia com ele. Era tão fácil agradá-la.
— Seu amigo chegou... ― uma tosse falsa ― ...está na sala, esperando.
— Ok, mãe. Avisa pro meu amigo que estou indo ― ela fechou a porta. Será que era hora de
dizer que eu estava com o coração na boca, pernas tremendo e borboletas no estômago? Pois é, toda
essa merdinha aí, de menininha apaixonada me pegou... E feio.
Respirei fundo e peguei minha mochila, com uma muda de roupa e todo o kit emergência. Abri
uma última vez para conferir, e camisinhas; ok. Melhor prevenir, né? Eu não deixaria passar daquela
vez, nem morta. Estava pronta pra gritar, quer dizer... Passar a noite com o Edu.
Cheguei à sala e ele estava de costas para o corredor, conversando animadamente com meu
pai, Clarice e Caio. Eu estava chocada... ele laçou todos. Senti uma pontinha de satisfação em ver a
cara da Clarice diante do meu deus das covinhas. O maricas do namorado estava em cólicas.
— Lú! Olha aí você... filha, você está linda ― meu pai se levantou, e eu queria abrir um
buraco no chão. “Por favor, que ele não pague de paizão... por favor, que ele não pague de paizão...”.
Mas é óbvio que isso perdeu a importância quando Edu se levantou virando na minha direção.
Totalmente comestível. Eu tenho certeza que fiquei de boca aberta. Usava jeans escuros e uma
jaqueta preta – que combinava com a minha - por cima de sua camiseta branca, marcando seu peito.
Não acredito, estávamos em sintonia. Isso me assustou. Voltei à olhar pra cima quando uma tosse me
despertou, e ele estava com aquele sorriso sexy do inferno. Ah, essas covinhas...
— Ela está sempre linda, Sr. Alfredo ― ele disse, com aquele sorriso no rosto, e eu estava
com aquela mania de nem piscar o encarando. O danado me despia só com o olhar.
— E aí, pessoal? Vamos, Edu? ― consegui enfim dizer e ele só acenou em positivo, ainda
sorrindo. Aquilo tudo era muito louco pra mim, situação que eu sempre fugi: um homem na minha
sala com a minha família... Minha mãe o ladeou até a porta depois que ele se despediu de todos.
Notei a safada da Clarice olhar a bunda dele quando se virou. Eu não a culpava, Edu era um deus
perfeito e, para minha sorte, eu que apertaria aquela bunda naquela noite.
— Apareça sempre, Edu ― minha mãe só faltava suspirar.
— Pode deixar, dona Cristina ― pegou minha mão, me levando até a moto estacionada no
meio-fio. Confesso que achei fofo aquilo, ele agir como adolescente naquela idade... Aliás, quantos
anos ele tinha?
— Vamos colocar essa jaqueta, é frio de moto ― pegou a jaqueta da minha mão e abriu pra
que eu colocasse os braços. Me virei e coloquei, e ele se aproximou passando a mão pela minha
nuca, tirando meu cabelo. Senti a sensação daquele toque correr todo meu corpo. Expectativa era
tudo. Encostou-se em mim, dando um beijo de leve na minha orelha.
— Pode virar ― obedeci, quase colada nele. Ah, o perfume tão maravilhoso... colocou as
mãos entre nós e senti aquele choquinho, sabe? Subiu o zíper da jaqueta e se afastou, me entregando
minha mochila e subindo o dele em seguida. Eu tinha certeza que só aquela merda estava me
deixando molhada. “A noite promete Lú, Edu entende tudo de sedução”. Ele deu uma piscadinha.
Com certeza tinha toda ciência do seu poder.
Subi na moto e coloquei o capacete que me ofereceu. O abracei apertado, o máximo que podia,
a fim de sentir cada pedacinho daquele abdômen. De vez em quando apertava minha coxa. Percebi
que pegou um sentido diferente da cidade, mas, àquela velocidade, e com ele, eu só queria curtir a
viagem. Foi desacelerando quando pegou uma estradinha secundária, e seguimos até que chegamos
em frente a uma casinha à beira mar, cerca de quarenta minutos da minha casa. Estacionou e me deu a
mão, pra me apoiar. Desceu logo em seguida, tirou o capacete e, pegando o meu, colocou na moto.
— Chegamos, gatinha. Eu e você, a noite toda... ― me puxou pra perto, segurando minhas
mãos atrás das minhas costas, embaixo da mochila. Ele pairou com a boca centímetros da minha, e eu
já estava com um tesão da porra. Podíamos inaugurar a varanda se quisesse, ou a moto. Plantou um
beijo no meu pescoço e gemi, sorriu e a vibração me fez gemer de novo. Eu tinha certeza que estava
no cio. Era a única explicação para tanto.
Soltou minhas mãos e me conduziu até a varanda, tirando uma chave do bolso, abriu a porta.
Eu estava cheia de perguntas. Queria saber que lugar era aquele, de quem era e um monte de coisas,
mas Edu me acendeu tanto que eu só queria saber onde ficava o sofá mais próximo, ou o tapete,
mesmo. Acendeu as luzes, e percebi ser maior do que parecia do lado de fora. Andei até o meio da
sala, olhando em volta e colocando a mochila em um sofá. Tudo simples e acolhedor. Segui até uma
porta de correr na extremidade oposta. Abri e me deparei com um deck de madeira com vista para o
mar - era suspenso e podia ver a areia da praia logo embaixo. Era lindo. Cheguei até o corrimão de
madeira e fechei os olhos, sentindo o cheiro e a brisa marinha. Estava escuro e só a luz da lua
iluminava a praia, magnífico. “Sex on Fire”, do Kings of Leon, começou a tocar. O cara sabia fazer
um clima.
Senti-o se aproximar por trás e afastar os cabelos do meu pescoço, dando um beijo logo
abaixo da minha orelha, seguindo com aquela língua habilidosa até minha nuca. Gemi de novo.
Daquela vez não riu, continuou mordiscando sem dizer uma palavra até chegar ao meu ouvido. Suas
mãos seguraram meus quadris e ele se apertou contra mim. Eu já sentia o quanto estava excitado.
— Segura no corrimão e não solta, Lú ― ordenou, e minha boca começou a encher de saliva.
Meu coração palpitava, minha pele formigava de desejo pelo que faria comigo. Segurou mais forte
meus quadris e puxou mais ainda, deixando minha bunda empinada, ao mesmo tempo em que se
inclinou para falar bem perto do meu ouvido enquanto segurava meu cabelo na altura da nuca. Já vi
que ele curtia dominar, e atire a primeira pedra quem não se submeteria a um deus como ele.
— Eu vou te comer aqui primeiro ― suspirei e ele apertou minha bunda. ― Estamos só
começando, Lú.
— Sim, senhor ― escapou de mim e ele riu, baixinho e rouco.
— Boa menina ― abriu meu zíper e botão, descendo minha calça até os joelhos. Senti se
afastar e me deu vontade de olhar para trás, mas ele se encostou novamente.
— Caralho, você é linda – e, assim, abaixou minha calcinha dolorosamente devagar, beijando
por onde o tecido passava. Em seguida, se levantou e colocou um dedo por trás, e depois outro.
Dessa vez, ele quem gemeu. Ouvi a calça abrir e fechei os olhos em deleite. Tirou os dedos pra
colocar a camisinha, e eu nunca desejei tanto alguém na minha vida. A expectativa era tanta que eu
estava propensa a gozar só com a penetração.
— Ah! ― o senti colocar bem devagar, e eu já não podia conter.
Caralho, ele tinha razão, eu gritaria.
— Tudo bem? ― respirava pesado e nem tinha ido metade, ainda.
— Ahhhh, sim... Sim, por favor, não... Não para! ― escutei um murmúrio e o senti em minhas
costas segurando forte meu cabelo, com uma mão no meu quadril. Empurrou mais até onde pôde e me
inclinou, descendo devagar a mão da minha nuca e correndo os dedos por minha coluna. Aí a porra
ficou séria. Era bom demais. Puxou devagar e empurrou, acelerando cada vez mais. Eu partiria no
meio, era tão apertado e tão...
— Ah! ― gritei, quando ele bateu com tudo e forte.
— Pode gritar, só eu e você... Vou te foder até não poder mais ― e eu não duvidava. Sentia
que gozaria a qualquer minuto e estávamos no auge; era só o começo.
— Edu... eu... Ah!
— Isso... assim... Você é tão gostosa.
— Ah!
— Apertadinha.
— Ah!
— Gulosinha...
— Edu, Ah! ― eu voaria... não dava para aguentar.
— Porra, Lú, tá me apertando mais... Ah! ― gemeu, e senti quando gozou também. Encostou-
se nas minhas costas, respirando forte. Eu ainda estava vestida com a calça arriada até os joelhos e
me sentindo muito bem comida. Ele beijou minha pele e foi tirando devagar de dentro de mim e,
pasmem... Ele ainda estava no ponto. Estava realmente só começando.
— É só o começo, gatinha. Quero você nua agora... ― não falei? Coitada de mim, não andaria
no dia seguinte... Coitada o cacete, eu queria ficar de cama. “Foda-se... Foda-me, Edu”.
Capítulo 08
Edu tirou a minha roupa ali mesmo e me levou até o sofá. Eu ainda estava tremendo do
orgasmo poderoso que me deu na varanda, e, vou confessar... Nunca tive orgasmo com penetração.
Pronto, falei. Eu começava a duvidar que houvesse algo que ele não pudesse fazer, e estava louca
para descobrir. Me colocou sentada e abriu minhas pernas, ajoelhando no meio. Ah, aquela língua
poderosa... Trilhou beijos pela minha coxa direita e, quando eu o senti chegar lá, gemi, empurrando a
cabeça contra o encosto. Sua língua maldosa me penetrava, enquanto o polegar e o indicador abriam
espaço para ela. Ele gemia, e a vibração me enlouquecia de prazer.
Morte por orgasmos... Eu estava super satisfeita em morrer assim. Liberou-me daquela tortura
e se inclinou sobre me beijando. O gosto da minha excitação em sua boca deixava tudo mais sensual.
Enfiou aqueles dois dedos em mim enquanto me beijava, e eu comecei a mexer o quadril naquele
ritmo. Ele liberou minha boca seguindo até minha orelha, gemendo mordiscou o lóbulo... Ahhhhhhh,
aquele ponto. Fazia loucuras comigo.
— Você é muito gostosa. Apertadinha, meladinha... ― dizia, com aquela voz levemente rouca
e o hálito quente. Os dedos não paravam.
— Você apertou tanto meu pau, quero de novo... ― Ahh, ele só falava as coisas certas. Eu já
estava pulsando nos dedos dele. Se ajeitou e levantou, me deixando ofegando e mais molhada... E,
naquele momento, com certeza estava prestes a desidratar quando começou a se despir, sem tirar os
olhos de mim. Eu conheceria o paraíso inteiro.
Ele deixou a jaqueta cair de seus ombros e jogou em um canto. Começou a puxar a camiseta
branca e tirou pela cabeça, e a visão daquele abdômen fez minha mão tomar vida própria. Desci até
meu clitóris e comecei a me tocar vendo aquilo . Eu vi o pequeno choque em seus olhos, mas se
recompôs logo, sem parar com aquele show... e eu o mataria se parasse.
— Caralho, Lú. Porra, tá doendo de tão duro que eu fiquei agora, quer ver? ― deu aquele
sorriso safado com as covinhas, e eu mordi meu lábio no maior estilo puta safada. Ah, eu adorava
fazer aquilo. Ele fechou o sorriso e me olhou como se estivesse me fodendo com os olhos, e eu gemi.
Tirou outra camisinha do bolso, desceu a calça e a cueca e liberou aquela deliciosidade toda só para
mim. Minha boca entreaberta vendo aquilo tudo tão ereto me fez aumentar o ritmo do meu dedo.
— Shhhh, agora não. Devagar, junto comigo, gatinha ― pediu e começou a se tocar, ali na
minha frente, se acariciando em todo aquele membro... Caralho, era lindo. Se me perguntasse qual
era a parte do corpo dele que eu mais gostava... Ele começou a respirar mais forte acelerando a
punheta dele, e eu a minha. Seus olhos não deixavam os meus. Começou a falar junto com aquilo e eu
quase enlouqueci de tão quente que fiquei. As coisas só estavam cada vez mais intensas.
— Você vai gozar pensando no meu pau em sua bocetinha, não é?
— Sim... ahhhh! ― eu não iria conseguir responder. Fechei os olhos, inclinando a cabeça pra
trás. Senti mais do que vi, no meu estado delirante, quando ele veio até mim. Ajoelhou-se entre
minhas pernas, me puxou até que eu sentei em cima dele, me posicionando engolindo pedacinho por
pedacinho dele. Gritei naquela hora com aquela sensação toda. Ah... Escorregou tanto... Me
segurava, e, devagar, empurrou meu torso pra que eu encostasse as costas na beira do sofá,
inclinando-se mais sobre mim, segurando minha coxa direita por trás, com uma mão apoiada na
lateral da minha cabeça no assento do sofá. Naquele ângulo ele empurrou fundo, e, aquilo foi demais.
— Ah! Demais! ― fora de mim me entreguei e ele rosnou baixo, em um som tão viril que
minha boceta apertou em reação.
— Porra, Lú, apertada pra caralho ― começou a estocar forte, com a boca procurando meus
seios e intercalando entre eles, beliscando mamilos enquanto se impulsionava. Eu choramingava,
totalmente rendida... e, sim, ele sabia foder. As inclinações que ele fazia eram...
— Ah, porra, eu vou de novo ― admiti e ele segurou meus quadris, me guiando pra encostar
ao peito dele.
— Assim... Monta em mim, sente tudo entrando e saindo ― me inclinei sobre ele, que estava
segurando firme meu cabelo. Comecei a me mover e ele capturou minha boca, dando beijos
possessivos, mordendo meu lábio inferior em pura ferocidade. Nossos corpos estavam suados
daquele vai e vem... Ele se impulsionou mais naquele movimento que ele fazia que achava aquele
ponto, e ...
— Ahh, Edu, ahh! ― Porra, aquilo devia ser o tal do orgasmo múltiplo. Ele, sem nenhuma dó,
tirou de mim e me colocou de joelhos, muito rápido, e me comeu por trás, metendo de forma bruta,
puxando meu cabelo.
— Ah, caralho, Edu!
— Vou te comer de um jeito que você não vai esquecer.
— Ah! ― puxou meu cabelo até que eu me inclinasse mais perto da boca dele.
— Vou te marcar.
— Ah! Por favor, ah!
— Você vai implorar pra eu te comer sempre que me ver.
— Ahhhh! ― era tudo que eu conseguia dizer. Ele estava em modo animal, sem controle. Eu
não andaria no dia seguinte, tinha certeza.
— Edu! Por favor ― parou e tirou lentamente até a cabeça. Porra, eu estava acabada! Mas
estava tendo a melhor foda da minha vida.
— Não tira, eu preciso... ― implorei, e ele meteu com tudo. Eu já estava chegando lá de novo,
e ele envolveu uma mão na minha cintura e a outra passou pelos meus seios, até chegar a minha boca.
— Chupa, Lú. ― colocou o dedão e eu chupei, pensando em outra coisa... Ele tirou rápido e
começou a acariciar meu clitóris, ainda estocando forte. Ele era uma máquina, eu estava a ponto de
perder os sentidos. E assim foi, ele estocou fundo e foi fatal pra mim. Gozei gritando, chamando o
nome dele. Ele deu mais duas e eu senti aquela pulsação frenética dentro de mim, enquanto falava
meu nome em meio a palavrões, fazendo o remanescente daquela onda seguir e seguir. Foi só aí que
eu notei a música que ainda tocava... “Gorilla”, Bruno Mars.
“I bet you never ever felt so good, so good
I got your body trembling like it should, it should
You'll never be the same baby once I'm done with you
You”
Eu sorri e ele me puxou em seus braços, me aninhando no sofá. Beijou meu cabelo e eu saquei
naquele momento... Era exatamente assim, ele tinha razão, estava marcada agora. Não tinha mais
volta.
Capítulo 09
Acordei com um cheiro delicioso. Abri os olhos e notei que estava nua, com um lençol fino
sobre mim, deitada em um sofá. Me estiquei, estava toda doída. Tentei me situar. Sentei-me e
espreguicei. “Breakaway”, da Kelly Clarkson, estava tocando baixinho...
Edu era eclético. Enrolei-me no lençol e segui o cheiro, olhei em direção à porta de correr da
varanda e vi que era noite, ainda. Cheguei ao cômodo de onde vinha o cheiro e vi Edu colocando
uma travessa com arroz na mesa ao lado de uma com salada tropical. Ele sorriu quando me viu e,
contornando a mesa, notei que vestia apenas uma cueca boxer azul escura. Nossa, ele podia fazer
propaganda daquilo. Aquelas pernas torneadas, aquele V descendo e aquele caminho da felicidade,
levando até o grande pacote, todo embrulhadinho... Uma tosse e eu percebi que estava com o dente no
lábio inferior, encarando demais o que não devia naquele momento. Não é todo dia que a gente se
depara com um Edu da vida.
― Hum, acho que deve estar com fome... ― eu o encarei, arregalando os olhos. Eu precisava
de uns minutinhos. ― ... de comida completou ― com um sorriso torto. Acenei em positivo e ele me
deu um beijo rápido, me levando pra sentar em uma cadeira.
Minha nossa! Eu achando que estava dolorida, a palavara certa era destruída. Tenta fazer um
canudinho receber uma lata de leite condensado versão especial... é isso aí. Sentei-me um pouco de
lado e ele arqueou uma sobrancelha vendo minha expressão. Eu o encarei de volta.
— Você sabe... A noite toda ― declarou e piscou, se voltando para o fogão e tirando uma
travessa do forno. Mas que diabos? O cara cozinhava?
— Linguado ao molho de maracujá ― anunciou e eu literalmente fiquei de boca aberta. Sorriu,
presunçoso.
— Quando que você vai parar com isso? ― comecei a me servir. Nossa, que fome!
— Isso o que? ― sentou-se de frente para mim se servindo também.
— De ser bom em tudo.
— Tudo? ― me olhou, com aquela carinha de safado. Eu podia dizer que só tinha começado, e
apesar da dor lá na minha sofrida, eu já estava me excitando com aquela expressão maliciosa dele.
— É... tudo ― repliquei, em um tom mais excitado.
— Lú, você mal tá andando. Acho que fui muito bruto com você. Come, senão eu, é quem vou
te comer agora ― eu queria aquela oferta. Parece que leu minha expressão. Quando foi que ele
começou a me sacar tanto?
— Come, Lú ― parecia um comando... Eu não duvidava que ele jogava no lado escuro, vendo
a forma como me conduziu o tempo todo. Afastei o pensamento e terminei minha comida, com uma
mão segurando o lençol e a outra traçando o peixe, que estava maravilhoso, só pra constar. Maldito,
era perfeito demais. Demais pro meu gosto.
Comemos em silêncio, e ele recolheu tudo, colocando na pia. Me ofereci para lavar e ele disse
que não precisava, no dia seguinte limpariam.
— Essa casa é sua?
— Era dos meus pais ― senti um tom triste naquele “era”... eu não queria que se prendesse
nisso.
— É linda.
— Você não viu nada. Vamos conhecer a banheira? ― com o intuito de distraí-lo, soltei o
lençol ali mesmo. Os olhos dele brilharam, analisando todo o meu corpo. Lambeu os lábios enquanto
encarava sem cerimônia lá... foi a minha vez de tossir. Voltou a olhar meu rosto, com um sorriso
torto, enquanto eu o fitava, com a sobrancelha arqueada.
— Desculpe, gatinha, ainda não me acostumei... Você é loirinha mesmo, muito sexy isso ―
aproximou-se, dando um beijo molhado. Eu suspirei quando me soltou. ― Deixa que eu te levo ―
me pegou no colo e me carregou pela grande suíte, direto para o banheiro. Preparou o banho e
ficamos naquela calma, desfrutando do relaxamento, até que eu inventei de ajudá-lo a se lavar...
Depois de um boquete incrível – palavras dele – me deitou lentamente na cama, sem tirar os
olhos dos meus. E acho que podia me acostumar com aquilo. Foi assim que eu conheci a versão “Edu
fazendo amor”. É, ele era versátil pra caramba.
Dormimos de conchinha, e eu me senti tranquila. Meu sono foi interrompido algumas vezes. Eu
estava em êxtase, e, apesar de estar extremamente cansada e dolorida, eu me deixei levar em cada
momento que me conduzia, conhecendo todas as facetas e posições do Edu. Estava quase
amanhecendo quando fechou a cortina e me envolveu em seus braços, e eu sabia que, quando
voltássemos para o mundo real, tudo teria mudado. A única coisa que eu não sabia era se meu
coração aguentaria tantas mudanças.
— Vou deixar você dormir um pouco, meu anjo ― ele disse, já caindo no sono, me puxando e
cheirando meu cabelo. Meu anjo...? E eu dormi, pensando que nunca um apelido teve tanta
intensidade aos meus ouvidos. Ao invés de me assustar, eu só me sentia... bem.
Estiquei-me, me sentindo dolorida. Virei-me para abraçar meu travesseiro, e... Pera aí! Duro
demais pra ser meu travesseiro. Edu. Dormia profundamente, e estava tão perfeito que demorou um
pouco para sair do transe. Que noite!
Levantei devagar para não incomodá-lo e fui atender ao chamado da natureza. Caramba! Eu
devia estar esfolada! Como ardeu fazer xixi! Voltei andando esquisito e ele ainda estava dormindo.
Parei em pé ao lado da cama, olhando igual a uma idiota, com um sorriso bobo. Eu tenho certeza que
estava suspirando. E aí aqueles olhos azuis se abriram, e foi constrangedor. Edu fez uma expressão
de confuso e logo depois suas covinhas se mostraram.
― Bom dia, gatinha ― ah, meu santo! Aquela voz estava mais rouca ainda, e juro, se não
estivesse toda estripada lá embaixo, pularia em cima dele.
— Bom dia ― ele me olhou de cima a baixo, balançando a cabeça sorrindo.
— O que foi? ― o que era engraçado?
— Você é loirinha ― lambeu os lábios e se afastou, batendo na cama. ― Deita aqui ―
Obedeci, né? Deitei e ele me puxou, pra ficar aninhada em seu braço. O que estava livre me
envolveu, com sua mão grande e quente acariciando minhas costas. Tudo parecendo normal demais.
— Hum... Eu queria fazer uma pergunta ― interrompi o momento.
— Manda.
— Na verdade, são duas ― corrigi e ele beijou meu cabelo.
— Manda as duas, então.
— Hum... É que você parece, assim, muito imponente em “certos momentos” ― levantei dois
dedos para fazer o sinalzinho das aspas. Ele sabia onde eu queria chegar.
— Você quer saber se eu sou Dominador e coisas assim? ― perguntou, na lata. E eu corei. Ele
era bom em me fazer corar.
— É ― riu com vontade. Um riso que ecoou no peito dele e deu uma vibração boa – e, junto
com o cheiro de seu corpo, me deu uma sensação de plenitude. Ele respondeu com outra pergunta.
— Você seria uma submissa para mim? ― “Que porra é essa?”. Sentei na hora, olhando-o com
olhos arregalados. Na verdade, estava assustada porque, lembrando tudo que me fez, eu seria.
— Claro que não! ― ataquei. Riu ainda mais e se ajeitou na cabeceira da cama para me olhar
sério.
— Não, gatinha, não sou Dom, mas gosto do sexo cru, de estar no comando. Então, pode dizer
que eu adapto pra minha vida e não faço disso um rótulo, ― um calorzinho subiu em mim. Mas,
diferente da porra de menininha apaixonada, era um calor irritante. “Como adapta pra vida? Ele é
assim com todas? Ele tem outras?”. Isso me deu vontade de bater em alguma coisa, acho que devia
estar estampado na minha cara. ― E qual a outra dúvida? ― sua voz me chamou de volta pro meu
juízo. Como aquela resposta de adaptar toda foda na vida dele me fez perder a coragem de
perguntar...
— Não é nada, estou com fome ― dei um sorrisinho de desculpas.
— Eu também ― me puxou para montar nele. ― Mas de outro tipo. ― E aquela piroca
cutucando me deu a dica.
— Percebi ― me beijou. Abriu os olhos e ficamos assim uns segundos, olhando um para o
outro. Eu estava vulnerável ali e agradeci mentalmente quando ele quebrou aquele olhar, porque eu vi
coisas demais. Sei que ele também.
— Mas você não pode. Acho que te deixei fora de combate por uns dias ― me levantou do seu
colo, descendo da cama e andando até o banheiro, me dando uma visão daquela bunda gloriosa.
— Eu sei que você está olhando ― declarou e fechou a porta.
— Maldito convencido. Claro que eu estava.
∙∙∙
Ele me deixou em casa depois do almoço. Apresentou-me em um restaurante perto da casa de
veraneio como “amiga” pra um senhor que parecia conhecê-lo desde garoto, e eu podia ver que ele
queria me apresentar como outra coisa... E eu estava percebendo que eu também queria. Cada vez
mais. Parou na frente da minha casa. Desceu da moto junto comigo e me levou até o portão. Dois
adolescentes. Eu ri.
— O que foi? ― perguntou, com uma expressão curiosa.
— Nada. Me senti adolescente ― acenou rapidamente para minha resposta e me puxou, me
beijando com vontade. Me apertou contra ele e amassou minha bunda. Bem, eu gostava daquilo. Me
soltou, e estávamos ambos ofegantes.
— Agora eu também me sinto adolescente ― já estava sentindo falta dele. Beijou a ponta do
meu nariz e me deu um selinho.
— Adorei cada minuto, gatinha ― tocou meu rosto, e, droga, eu queria que durasse mais.
— Eu também. Muito, na verdade ― sorriu largo. Parecia satisfeito com alguma coisa.
— Vou indo, então ― me deu um selinho e seguiu para a moto.
E assim ele se foi. Sem promessas de ligar depois e nem nada do tipo. Fiquei o observando
enquanto sumia, com um nó no peito. Por mais esquisito que fosse, eu queria escutar um “te ligo à
noite”. Fechei o portão e entrei em casa, passando direto para o meu quarto e gritando pelo caminho
que estava bem. Encostei a porta e deitei na minha cama. Fechei os olhos e suspirei. A pergunta não
feita rodando em minha cabeça... “Edu, você quer compromisso comigo?”
Capítulo 10
O relógio da tela do meu computador parecia lento demais. Eu estava em um estado crítico, em
um total desespero. Eu não acreditava que podia estar apaixonada, e ainda por cima, por ele... Edu.
Mas como resistir? O cara veio cheio de mistério e sedução e cumpriu sua promessa de me fazer
gritar, e eu garanto, nunca mais seria a mesma coisa. Chega disso, Lú, você não precisa daquele
idiota arrogante que te deu a foda mais incrível sua vida, te fez o jantar e te tratou como se fosse a
namorada dele - mas você não é. E então me dei conta: Eu queria ser.
Katy Perry cantando “Thinking Of You” não ajudava em nada... Como que eu não podia
concordar com ela?
“Comparações são facilmente feitas, uma vez que você tem o sabor da perfeição”...
E, eu tive o sabor, há dois dias... Dois dias!!!! Por que ele não me ligou ainda? Ah, chega
disso! Cala a boca, Katy! Fechei o notebook e decidi ir caminhar na praia ou sentar e ver o mar...
Qualquer coisa dessas que a gente faz quando está na fossa.
Coloquei um casaco de moletom e um short e fui chorar minhas pitangas com o mar. O final da
tarde estava igualzinho ao meu humor: nublado e confuso, sem sol nenhum. A praia estava deserta e
as ondas grandes demais para um banho – só estava perfeita para três surfistas pingados que eu
observava de longe. Eu não acreditava que estava com vontade de chorar... eu queria gritar de raiva.
—Lú? ― eu não precisei olhar. Sabia quem era. Fernando. Ele chegou e se sentou ao meu
lado.
—E aí? Nada de ondas hoje? Parece bom pra surfar ― puxei assunto, sem olhar para ele. Sem
chances de mostrar que eu estava sofrendo.
—Qual é, Lú! Pensa que eu não sei que você está assim por causa do Edu? ― merda, estava
tão aparente assim? Virei o rosto para encará-lo e ele se assustou. Caralho, tava ruim mesmo.
—Caramba, Lú! Você estava chorando? ― me puxou e eu aceitei o colo dele. Na verdade era
o ombro, mas deu pra entender o sentido, né? Encostei minha cabeça nele que envolveu um braço nas
minhas costas, me consolando. Eu estava muito fodida mesmo. O único que eu queria pra mim eu
chutei longe, com o meu mantra “sem compromissos, Edu pirocudo”. Ficamos assim alguns minutos,
quando ele resolveu estragar tudo.
—Não acredito que você se apaixonou por ele... ― começou e me levantei em um pulo,
cuspindo maribondo.
—Escuta aqui, Fernando. Chega dessa história de se meter nas minhas coisas. Eu já sei: eu não
sou boa, eu não gosto de compromissos e blábláblá... pois bem, fique sabendo que eu estou sim,
apaixonada por ele, e pode ter certeza que eu vou lutar, porque eu quero compromisso! E me deixa
viver minha vida ― me virei com a intenção de ir embora. Claro que ele levantou e me deixou com
algo terrível pra pensar.
—A ex do Edu chegou ontem de Amsterdã. Nathalia me contou. Queria socar a cara dele e de
todo mundo, mas eu não deixaria que ele tivesse aquele gostinho. Continuei andando, e não olhei pra
trás. Quando estava fora do alcance da visão dele, corri o mais rápido que pude e invadi a casa da
Vivi. Foi bem isso, invasão. Eles estavam assistindo TV na sala, e o máximo que eu consegui dizer
foi um:
—Oi, tia Jô e tio Marcos ― saí em disparada para o quarto dela. Vivi me alcançou e sentou ao
mesmo tempo em que eu na cama. Ela entendeu no ato. Deitei minha cabeça em seu colo e deixei que
a Lú durona e desencanada tirasse uma folga, por hora.
Capítulo 11
Edu
Subi na moto com a afirmação dela na cabeça. “Eu também. Muito, na verdade”... É, Lú, você
já era minha, e eu iria fazê-la dizer isso. Com cada letra.
Por duas vezes naquela noite tive que me lembrar do meu propósito de não correr até a casa
dela e pular a janela novamente. A forma que se entregava e como se moldou em mim foi tão perfeita
que eu sabia: Lú era a garota certa para mim, só faltava ela se ligar nisso. Não consegui deixar de
sorrir e ficar excitado lembrando os momentos que passamos. Aquele olhar que me deu me disse
tantas coisas. Ela era muito gostosa, e ainda loirinha! Balancei a cabeça, ainda rindo, quando fui
atender o telefone sem fio na sala.
—Alô?
—Eduardo? ― uma voz familiar me deixou tenso. O que Bruna ainda queria de mim? Ela
fodeu com a minha vida, e ainda queria o que mais?
—Bruna, o que foi dessa vez?
—Eu estou de volta ao Brasil. Preciso te ver.
—Me ver pra quê? ― esfreguei a mão no rosto, indignado, decidindo por que eu não
desligava na cara dela.
—Escuta, eu não queria que fosse assim, por telefone. Eu preciso te contar uma coisa ―
prendi a respiração alguns segundos tentando não soltar um palavrão.
—Bruna, eu não preciso saber de nada que venha de você. Eu já disse tudo, e você também.
Vai viver sua vida, porque eu estou vivendo a minha e...
—Estou grávida ― me cortou, e eu paralisei. Fiquei mudo. “O quê?”.
—Dú?
—O quê? Como? ― perguntei igual a um idiota.
—Como assim “como”? Eduardo, eu me lembro de muitas ocasiões em que isso poderia ter
acontecido.
—E a porra do seu anticoncepcional? Você fez essa merda de propósito?
—O quê? Claro que não! Eu estou assustada, Dú.
—Assustada?! E qual a garantia que o filho é meu? ― “Eu não acredito nisso!” Andei de um
lado para o outro como um animal enjaulado.
—Não mistura as coisas, você está sendo infantil.
—Infantil? Caralho! Você diz na minha cara que está apaixonada por outro justamente quando
eu tento passar mais tempo com você, aproveitando para escolher a porra do lugar que a gente
casaria, e você vem me dizer que eu sou infantil?!
—Eduardo, me escuta! ― soquei a parede na minha frente.
—Escuta você! Eu não vou assumir porra nenhuma sem fazer um DNA.
—Você está me ofendendo! Eu não saí com ele, você veio embora e tudo ficou claro. Por
favor, eu preciso te ver.
—Ficou claro como? Ele te deu um pé na bunda depois que te comeu e você vem atrás do
idiota que ficou com você por anos?! O que você quer? ― eu estava com tanta raiva que, se eu a
visse, não responderia por mim.
—Não fala assim comigo. Eu não fiquei com ele, eu estava encantada... Mas quando ele me
beijou, eu vi que era você, meu amor ― ela disse, chorando. Era uma vaca, mesmo.
—Eu não quero nada contigo, Bruna. Eu conheci uma pessoa que vale muito mais do que você
jamais valeu. E sabe por quê? Porque ela é real. Ela é o que é! Sem máscaras, ao contrário de você.
—Você não pode fazer isso comigo. Eu te amo e você me ama!
—Amor? O que você sabe dessa porra? Sabe nada, Bruna. Eu nunca amei você, agora vejo
isso. Tenho mais é que te agradecer por ter fodido com a porra toda, agora eu sei o que as coisas são.
—Eduardo ― suspirou.― Eu realmente estou cansada, e você está nervoso demais agora. Vou
te dar um tempo. Tente processar a notícia, depois nos falamos ― fechei os olhos e respirei pesado
pelo nariz. ― Você sabe que eu sou feita pra você. Ninguém te entende como eu. Aprendemos juntos
muitas coisas, lembra? ― ouvindo aquilo, eu só conseguia ver, que sobre amor, estava aprendendo
ainda. Pensar nisso me fazia querer ir pra Lú novamente, sem porra de fetiches, noiva, aparências ou
amarras. O que eu queria era ser livre...
—Boa noite, Bruna ― desliguei, na cara dela. Eu não poderia deixá-la me manipular.
Conhecia a Bruna o suficiente, sabia que era capaz de jogar.
∙∙∙
Acordei depois de meia hora de sono. O dia de trabalho foi longo, cansativo, e eu não me
concentrei em nada. Nathalia passou em casa depois do telefonema de Bruna, e eu só consegui contar
que ela estava de volta. Nem preciso dizer que a minha irmã odiava de morte aquela vadia, e eu não
precisava piorar as coisas - eu nem ao menos sabia se o filho era meu.
Estava nublado e escuro, mas eu não me importei. Saí mais cedo e peguei a minha moto,
decidido a procurar a Lú, contar toda a merda pra ela e dizer que, se ainda me quisesse, eu apostaria
na gente. Estava nervoso quando cheguei à casa dela, preocupado que fosse fugir de mim. Mas eu
precisava tentar. Sabia como ela era, e se eu ligasse e desse alguma indicação de que a conversa
seria séria, ela podia escapar por entre meus dedos... E eu lutaria com tudo que tinha para começar
uma história nova, mas ela decidiria.
—A Lú foi dar uma volta na praia, na altura do quiosque do Paulo ― a mãe dela me atendeu
sorrindo amavelmente.
—Obrigado, Dona Cristina. Vou lá vê-la. Venho com mais calma depois ― me despedi com
um beijo em seu rosto e subi na moto novamente. Parei no quiosque do “Seu Paulo” e sorri quando
passei me lembrando de poucos dias antes. Lú era tão divertida...
Avistei sua forma em um moletom, sentada na areia com os cabelos loiros da cor do sol
voando com o vento. Ela olhava para o mar, e ao mesmo tempo vi Fernando, sentando ao lado dela.
Ela encostou a cabeça no ombro dele, e eu queria matá-lo... e ela. Eu era um fodido mesmo. Eram
todas iguais. Não importava que não estivéssemos oficialmente juntos, eu não pagaria pra ver. Voltei
no mesmo passo e subi na moto, indo embora. Porra, Lú, você não vai mudar. Nunca vai ser de
ninguém... nem minha. Porra!
Capítulo 12
Lú
Ele morava em um prédio. No sétimo andar, para ser mais precisa. Flávia tinha uma lábia
incrível. Ela convenceu o porteiro a me deixar entrar sem avisar no apartamento, e ainda descobriu
que estava em casa. Como ela arrancou isso? Não me pergunte.
― Vai lá e faz direito dessa vez. Seja menininha mesmo e se declare, Lú! ― me disse, antes
de voltar para o carro. O portão destravou e eu passei apressada, pegando o elevador. Na boa, a
sensação de estar apaixonada e meio que no drama de ter seu homem de volta é um tremendo teste
cardíaco. Quando o elevador parou e abriu no sétimo, eu achei que precisaria de um desfibrilador.
Meu coração perdeu uma batida quando parei na porta do 706. Levantei o dedo para apertar a
campainha, mas abaixei no segundo seguinte. Eu estava com medo. Medo que ele não me quisesse!
Levantei o indicador tremendo para apertar a campainha, quando a porta abriu. Meu coração não
pararia. Explodiria! Batia tão rápido que eu estava ficando surda. Ele estava usando uma camisa
social azul marinho com as mangas dobradas até o antebraço, e uma calça preta social... era mais
lindo do que eu me lembrava. Olhou-me com uma expressão de surpresa, que deu lugar à expressão
que eu esperava: raiva.
—O que você está fazendo aqui? ― mandou na lata, sem se mexer um centímetro. Me senti
estranha. Parecia que desmaiaria, estava difícil respirar.
—Edu, eu... eu... ― não aguentei e comecei a chorar. CHORAR! NA FRENTE DE UM
CARA! NA FRENTE DO EDU! Ele me puxou e me abraçou, e aí, ao invés de me recompor, agarrá-
lo e dizer tudo que queria, eu chorei mais. Estava assustada. Afastou-me um pouco, me puxando pela
mão e fechando a porta. Conduziu-me até o sofá, e eu não conseguia olhar nada que não fosse ele.
Estava perdidamente louca por ele. Fodida. Na fossa. Apaixonada.
—O que você veio fazer aqui? ― perguntou, depois de se sentar na mesinha de centro, de
frente pra mim. Seu tom frio me cortou o coração. Eu queria o meu Edu. Respirei fundo e fui dizendo,
em uma respiração só. Sem chance de ele não me escutar.
—Eu soube que você apareceu por lá quando eu estava na praia com o Fernando, mas não era
nada daquilo. Eu estava surtando, porque você tinha sumido. Ele me disse que não acreditava que eu
estava apaixonada por você, e eu surtei com ele e me levantei, dizendo que eu estava sim e que eu
queria só você ― criei coragem de olhar pra ele, que me encarava sério. Os cotovelos estavam
apoiados nos joelhos e os dedos indicadores na frente da boca, contemplando alguma coisa.
Respirou fundo e se endireitou. Mal sinal, eu estava sendo uma ridícula.
—Lú, eu... ― fechou os olhos e balançou a cabeça. Eu não aguentaria ser rejeitada por ele.
Levantei-me e antes que dissesse as palavras ele segurou minha mão. Virei-me devagar e me puxou,
já procurando minha boca, me beijando tão forte que eu achei que ela fosse inchar depois... E eu
estava me lixando. Era tão bom sentir seu corpo duro contra mim, sua boca, a língua. Agarrei o
cabelo dele na nuca com as duas mãos e gemi baixinho contra a boca dele, que me assaltava sem
trégua, como se quisesse me possuir por ali. Suas mãos baixaram na parte de trás das minhas coxas e
foram subindo por dentro do vestido até espalmarem e amassarem a minha bunda, me apertando mais.
Estava com saudades, eu podia sentir. Liberou minha boca, mas não minha bunda. Ainda me
apertando contra ele, falou baixinho em meu ouvido:
—Preciso te dizer uma coisa ― eu o interrompi.
― Edu, sou louca por você. Eu quero compromisso com você. Eu quero tudo ― me declarei e
ele sorriu, me mostrando aquelas covinhas matadoras que o transformavam em um deus...
—Senti tanto a sua falta ― me beijou castamente, e eu achava que podia me acostumar com
aquilo. Encostou a testa na minha e fechou os olhos por uns segundos, antes de abrir e me soltar, indo
sentar no sofá. “Hã?”. Nos filmes era mais fácil. O que mais ele queria?
—Eu realmente preciso te dizer uma coisa ― sabia o que era. A noiva.
—Sua ex voltou, é isso?
― Ela está grávida ― soltou de uma vez. Congelei. Aí era demais, o buraco era muito
embaixo para eu me arriscar.
Capítulo 13
― Desculpe... Eu entendi? Ela está grávida de você? ― ainda congelada no lugar. Achei que
meu peito seria esmagado, estava doendo demais.
—Sim, ela está grávida e diz que é meu ― o encarei. Ele estava com um olhar tão triste no
rosto que me deixou mais dolorida. Não podia com aquilo. Por que caralho eu achei que daria certo
essa porra de se comprometer e se apaixonar? Tudo mentira, dava mais dor de cabeça mais do que
valia a pena. Pelo menos para mim.
—Então é isso, Edu? Vocês voltaram e vão casar? ― olhei pro chão. A reação da menininha
apaixonada e agora super fodida querendo tomar conta. Levantou-se rápido, segurando meus braços e
me fazendo encará-lo naqueles olhos que me fizeram perder o rumo... e o juízo.
—Não, eu não estou voltando com ela. Eu nem sei se esse filho é mesmo meu! ― parecia
desesperado. Mas pra mim era demais tentar entender. Eu não conseguia nem formar uma palavra. ―
Lú? Pelo amor de Deus, isso foi antes de conhecer você! Eu a deixei em Amsterdã porque ela estava
me traindo ― aquela declaração me fez encará-lo em descrença. Eu podia ser inexperiente nessa
coisa de compromisso, mas eu era mulher.
—E essa vaca diz que é seu? Você é o quê? Burro?! ― comecei a alterar a voz e ele me
soltou, em choque.
—Você me chamou de burro? ― encarei-o, furiosa. O que ele queria? Era um idiota mesmo.
—Chamei, sim. Você pensa o quê? Vai assumir filho de outro? Isso soa como burrice pra mim
― não me abalei por sua expressão de raiva e ele continuou me olhando, com as mãos no quadril,
estreitando os olhos. ― O que, Edu? Na boa! Nunca assistiu novela, leu livro ou algo assim? Mais
antigo que o mundo ― não disse nada. ― Ah, quero que se foda! ― me virei, indo para a porta. Ele
me agarrou no segundo seguinte, me fazendo encará-lo com aquele corpo delicioso colado no meu. E
o cheiro, me anestesiando. Ah, droga, eu nem conseguia raciocinar.
—Você me chamou de burro? ― repetiu. Além de tudo, era surdo o maldito. Eu balancei a
cabeça em positivo, porque aquela proximidade me deixava mentalmente incapaz. ― Você sabe... eu
queria te dar uma surra e depois te fazer gritar meu nome por causa disso. ― falou baixinho, com
uma covinha se espreitando no seu sorriso de lado, e eu comecei a ofegar. Fechei os olhos. Aquilo
estava fodidamente fora de lugar. Achei minha língua e um pouquinho do juízo.
—Me solta, quero sair daqui ― o sorriso sumiu no ato, e seu olhar mudou para aquele de
desespero.
—Vamos conversar mais. Eu quero você, Lú, quero que seja minha. Eu não vou deixá-la
atrapalhar, eu juro.
—Eu realmente preciso sair daqui ― enfatizei, porque, caralho! Eu passei aqueles dias todos
querendo ser dele, do jeitinho que ele dizia, mas a equação tinha mudado e eu não estava pronta,
ainda não. Eu só queria ir pra casa chorar e gritar, e depois eu veria. Depois... Não naquele
momento.
― Lú...
—Por favor, eu não posso. Não agora ― me soltou e se afastou. Eu só queria pular nele.
—Não vou desistir de você ― fechei os olhos e respirei fundo, antes de responder algo que
penderia a balança da minha vida.
—Por favor, Edu... Não desista ― me virei para sair e não fui impedida daquela vez. Eu
precisava pensar melhor. Se possível, quebrar a cara daquela vaca assim que eu descobrisse o nome
e onde estava, porque eu não podia entregá-lo de bandeja. Mas eu precisava daquela pausa, eu tinha
o direito de avaliar, e nada melhor do que uma reunião da corte suprema. Cheguei ao carro, e as duas
pararam de falar quando me viram. Eu as impedi de perguntar, porque eu desmoronaria se fizessem.
—Só me tirem daqui... Por favor ― elas eram mulheres e entenderam... Às vezes, espaço é
tudo que precisamos, porque mulher é foda. Você é derrubada e aí se levanta, mas no processo se
torna mais forte e decidida. No momento, eu estava na fase “derrubada no chão”, e o tombo ainda
doía.
Eram duas e meia da manhã, eu não estava em uma festa, nem na praia com ninguém e ainda
estava acordada! Minha cabeça girava tanto. As meninas foram unânimes: “não larga o osso”. E eu
não iria. Mas como bater de frente com um filho? Um possível filho do Edu com uma tal de Bruna? O
nome da vaca arranquei do Fernando depois de imprensá-lo na parede e ele confessar que sabia que
o Edu estava indo à praia naquele dia. Maldito, eu podia arrancar as bolas dele e jogar para os
cachorros. Desgraçado.
Levantei chutando os lençóis e andei até a cômoda, pegando o gatinho de papel. Voltei,
sentando na cama. Tinha tudo para dar certo... “A Lú que eu conheço vive tudo, não fica pensando no
que teria sido. E isso é o que eu mais admiro em você”. As palavras de Flávia estavam repetindo na
minha cabeça. Estava na hora de começar a lutar, e a Lú não entrava pensando em perder. Christina
Perri cantando baixinho no meu som “Thousand Years” me fez renovar o pensamento.
“Toda a minha dúvida de repente se vai de alguma maneira Um passo mais perto (...)”
Daria aquele passo. Peguei meu celular, pouco me lixando que eram quase três da manhã, e
mandei uma mensagem para o Edu.
“Quando acordar, preciso que me envie três palavras...”
Esperaria a resposta e iria atrás dele. Mostraria para aquela vaca que ele era meu... O resto eu
podíamos viver. Me assustei com o celular vibrando na minha mão.
Pela primeira vez desde que aquela merda começou, me permiti um sorriso. De verdade. Ele
estava acordado... queria e me teria. Eu não respondi. O dia seguinte seria diferente, e eu lutaria pelo
meu deus das covinhas pirocudo.
Capítulo 14
Edu
Vi da varanda do meu apartamento quando ela entrou no carro muito rápido e partiu. Foi uma
surpresa muito grande aquele encontro, e eu não imaginava que finalmente estava ouvindo aquelas
palavras dela. Fiquei muito puto com tantas coisas... queria dormir, acordar e só existir a Lú e eu,
mas infelizmente não podia. Bruna estava me esperando no apartamento dela, e eu simplesmente
estava decidido a resolver tudo naquele dia.
Peguei minhas chaves e fui, determinado. Resolveria aquela situação e arrastaria Bruna para
um médico, se preciso. Eu não cairia naquela. Inferno! Eu não podia deixar minha pimentinha
escapar.
Nem precisei bater à porta. Estava entreaberta, e aquilo era sinal de alerta para mim. Bruna
era muito engenhosa quando se tratava de surpresas... Ela podia fazer qualquer coisa; e não duvide,
qualquer coisa mesmo. Uma música sensual tocando ao fundo me deu o tom do que seria aquela
conversa. Ela jogaria sujo. Entrei, chamando e fechando a porta, quando apareceu de toalha na minha
frente. Eu precisava dizer: Bruna e eu começamos a namorar quando ela tinha 21 e eu 22, e não havia
mudado nada naqueles seis anos. Seus cabelos longos e escuros contrastavam com sua pele clara, e
imediatamente me lembrei dos cabelos de sol da Lú.
—Desculpa, Dú. Não pensei que fosse chegar tão cedo ― começou, e aquilo era jogo velho.
Eu olhei meu relógio.
—Sem problemas, Bruna. Vou esperar lá fora enquanto coloca uma roupa.
—Eduardo, olha pra mim ― falou manhosa, e eu costumava me amarrar naquilo. Mas, no
momento, vindo dela, eu me sentia enojado.
—Estou esperando lá fora ― comecei a andar e ela entrou rápido na minha frente, me parando
segurando em meu peito.
—Dú, você não sente mais nada por mim? Nada?
—Me deixa passar, por favor ― segurei o máximo que pude minha calma. Eu sabia que seria
daquele jeito. Ela derrubou a toalha, ficando nua na minha frente, e eu expirei forte. Estava bem claro
para mim que ela queria engravidar naquele minuto. “Burro!”. Comecei a rir com sarcasmo. Ela era
uma puta fodida mesmo.
—Não tenho nada para falar com você. Me deixa passar ou não respondo por mim ― o meu
tom a fez me dar passagem. Ela falou, atrás de mim:
—Você e eu vamos ter um filho, temos que conversar ― parei com a mão na maçaneta e
respondi, sem me virar:
—Eu não aceito sua palavra, Bruna. Minha conversa com você só será aceitável com um
exame DNA em mãos. Até lá, esquece que eu existo.
—Cretino! ― foi a última coisa que escutei antes de fechar a porta. Eu estava pronto para o
jogo. Não sabia se ela estava grávida ou não, mas podia dizer que a Lú tinha razão... Aquilo era mais
velho que o mundo. Passaria em uma livraria em breve. Ah, Lú, eu te daria tempo, mas no dia
seguinte você vai me ouvir...
Capítulo 15
Lú
Gemi, colocando o travesseiro no rosto. Não adiantou muito. O barulho irritante continuou.
Virei-me e olhei o relógio: 04h10min da manhã. Escutei o barulho novamente e franzi o cenho,
olhando na direção de origem: minha janela: Edu! Levantei em um pulo antes que ele acordasse a
casa inteira, abri a janela com o rosto amassado e ele estava lá, lindo, com um olhar cauteloso. Não
consegui dizer nada. Porra! Quando se tratava dele, isso era bem comum.
—Posso entrar? ― disse sério, com sua voz mais baixa. Não era um sussurro, mas mesmo
assim me fez ter um arrepio. Estava com saudades dele entrando... afastei-me e pulou minha janela.
No instante seguinte, me puxou e me abraçou, beijando meu cabelo.
—Eu esperaria até amanhã cedo pra vir atrás de você, mas vi sua mensagem ― me afastei
para olhá-lo.
—Você viria aqui? ― já queria sorrir igual a uma idiota. Ele iria vir atrás de mim!
—Conversei com a Bruna ― meu sorriso sumiu. Fiquei petrificada. Ódio mortal daquela vaca.
Me puxou para nos sentar na cama e se virou de frente para mim, dobrando uma perna, assim como
eu.
—Eu fui lá. Estava disposto a arrastá-la até um médico, qualquer coisa dessas. Mas, quando
cheguei, ela estava de tolha e ficou nua na minha frente ― disse, me olhando fixamente, e eu acho que
vi vermelho. Levantei-me num pulo e me forcei para não gritar. Que merda, eu queria berrar! Mas
não queria meu pai com a espingarda ali.
—Você fodeu com ela? ― levantou-se no segundo que pronunciei e me agarrou, segurando
meu pescoço me fazendo encará-lo.
—Não, Lú. Eu só quero você, e eu só desejo você. Isso que ela fez só me lembrou o que você
disse, e eu me toquei que eu era...
—Burro? ― completei, com uma menção de sorriso em meu rosto. Ele sorriu, mas lentamente
seu sorriso se transformou e seu olhar queimou o meu. Eu sabia que estava diante de outro Edu...
—Você não deveria dizer coisas assim ― encostou a boca no meu ouvido, e daquela vez ele
sussurrou: ― Estou me fodendo que alguém vá te escutar. Vou te ensinar a ser uma boa menina ― me
advertiu e mordiscou a ponta da minha orelha, me mandando arrepios no corpo inteiro. Eu gemi e
senti minhas pernas amolecerem quando passou aquela mão grande por minha coxa e subiu por baixo
do meu camisão de dormir, puxando a calcinha para o lado com dedos hábeis e roçando meu clitóris
de leve antes de meter um dedo. Gemeu no meu pescoço, junto comigo.
—Também senti saudades ― disse contra meu pescoço e subiu a boca até parar perto da
minha, mordiscando meu lábio inferior. Sua mão estava segurando firme na base do meu pescoço,
com dois dedos me penetrando ao mesmo tempo em que ele começou a me beijar – daquela forma
louca e sensual do Edu beijar. Caralho, eu já estava latejando de vontade, eu precisava dele.
—Por favor... eu quero muito, Edu ― implorei, quando liberou minha boca e a mão do
pescoço e envolveu meu seio, apertando por cima do tecido.
—Eu sei. Eu também.
—Por favor...
—Por favor, o quê? ― ah, caralho, eu tinha que dizer... Essa adaptação de foda com pegada
me deixaria de joelhos. Perfeito, rendida... foda-se.
—Por favor, senhor.
Capítulo 16
—Gostei disso ― passou a mão na barra do meu camisão de dormir. Lentamente puxou pela
minha cabeça e me deixou só de calcinha. O caralho que eu abriria mão daquele homem... eu estava
enlouquecendo só com as preliminares, estava ansiosa para o resto. Começou a me beijar lento ao
som da música baixa, me conduzindo segurando meus quadris, até que toquei a cama. Sentou-me,
ainda me beijando, e me liberou aos poucos, puxando meu lábio inferior antes de soltar.
—Quero sua boca ― ah, eu daria o que ele quisesse.
—Sim, senhor ― esticou a mão para segurar meu cabelo enquanto eu abria a embalagem que
envolvia o presente de Natal... não me cansava de admirar. Era tão viril, e estava tão duro... Segurei
a base com a mão e fui com a boca até onde consegui. Gemeu e eu olhei pra cima. Cerrou os olhos e
continuou me observando, com aquela expressão de prazer e luxúria pura. Porra, ele não cansava de
me deixar mais caída de tesão... eu gemia, lambendo e rodando a língua naquela cabeça incrível.
—Chega ― me parou, em um comando que eu não me atrevi a desobedecer. Tirei a boca e ele
passou os dedos em meus lábios. ― Agora é minha vez ― declarou, me empurrando deitada na
cama, e tirou rapidamente a roupa, revelando toda aquela glória. Puta merda, muito gostoso! E
desceu minha calcinha... Ele prendeu a respiração segundos antes de engatinhar em cima de mim.
Começou a me beijar com aquela língua pecaminosa, me deixando cada vez mais louca... perfeição.
Os beijos molhados foram seguindo pro meu mamilo direito e ele começou a morder e girar a língua
logo em seguida de cada mordida, repetindo no outro. Era tão bom... Vou confessar: eu estava
curtindo aquela parada do Edu. Ergueu-se e me pediu uma venda. Eu tateei a gaveta do meu criado-
mudo e achei uma que a Ana Paula me deu no meu aniversário: era num tom rosa bem forte, com
estrelas brancas desenhadas no lugar dos olhos. Ele sorriu e colocou nos meus olhos, me deitando
novamente. Suas mãos entrelaçaram nas minhas e ele as ergueu acima da minha cabeça, até que eu
senti a cabeceira da cama.
—Se você abaixar, eu vou te bater e depois amarrar ― se alguém me dissesse algo assim há
tão pouco tempo atrás, eu juro que dava na cara do cretino. Eu queria dar muito pro Edu. Outra coisa.
Estava adorando esse fetiche.
—Sim, senhor. Ahhh... ― soltei, assim que sua língua encontrou meu clitóris. Mordi a boca
pra não gemer tão alto, afinal, eu tinha quase gritado com a sensação repentina. Era tudo tão
amplificado que não aguentei quando chupou e depois soprou de leve meu clitóris. Acabei soltando
outro gritinho de prazer e ele agarrou forte meu quadril, falando pertinho.
—Quietinha ou não deixo você gozar ― o quê? Era sério isso? Eu não arriscaria. Mordi forte
meus lábios e gemi abafado quando ouvi batidas na porta. Ah, ótimo.
—Tá tudo bem, Lú? ― Clarice falou do outro lado. Tinha que ser a empata-foda. Achei que o
Edu pararia e eu responderia numa boa, mas aí ele enfiou dois dedos e começou a lamber meu
clitóris no segundo em que abri a boca para dar uma resposta à Clarisse.
—Tudo bem, sim... eu... ― Ahh, caralho! ― Eu...
—Tem certeza que está bem? ― perguntou novamente, e senti o sorriso do Edu. Chupou meu
clitóris mais uma vez enquanto os dedos circulavam aquele ponto. Fodeu, eu acabaria gritando.
—Tenho simmmm ...
—Abre a porta, Lú! ― Edu me virou de bruços, levantando minha bunda e meteu lentamente.
O movimento todo foi tão rápido que eu tive que me esforçar pra lembrar da empata-foda atrás da
porta. Estava tão apertado, molhado e delicioso e... porra, nossa... Edu me deu um tapa no mesmo
instante em que enterrou mais, e eu segurei um grito.
—Está tudo bem, eu... Por favor, me deixa, Clarice!
—Tá bom, mas abaixa isso ― graças! Ela se foi, e... nossa! Ele tirou lentamente, deixando só
a cabeça, e acariciou minha bunda.
—Sabe, Lú, você é tão gostosa... ― e meteu um pouco. ― Tão apertadinha... ― e mais um
pouco. ― Tão gulosa e safada... ― ele meteu mais um centímetro e eu achei que fosse explodir. ― É
um tesão te fazer gozar. ― e foi tudo. Eu sentia tudo entrando e saindo, seu quadril batia na minha
bunda. Estava me matando. Mordi o travesseiro pra não gritar, e aquilo estava me excitando ao
extremo. Senti apertar de novo.
Porra... isso, me aperta... goza no meu pau agora... ― obedeci prontamente. Desisto de contar,
cada orgasmo era mais intenso que o outro. Ele me puxou, me sentando e encostando as minhas costas
no peito dele. Segurou meu quadril e a outra mão serpenteou pelo meu seio, apertando e amassando
enquanto me impulsionava pra cima. Eu estava anestesiada, pulsando forte, ainda. Mordeu minha
orelha e depois meu pescoço, dando um chupão incrível. Senti-me apertar de novo. Ahh! Eu queria
gritar, mas ele virou meu rosto de lado e capturou minha boca ao mesmo tempo em que o senti pulsar
junto comigo. Eram gemidos presos, um na boca do outro, enquanto nossas línguas estavam
enlouquecidas, fazendo tudo ficar mais intenso e molhado... Molhado? Caralho, e a camisinha? Eu
tomava pílula, mas ele não sabia. Liberou minha boca, beijando meus ombros, e me levantei devagar.
Tirou minha venda, enquanto se deitava do meu lado. Nossa, aquilo foi incrível.
—Camisinha? ― eu disse na lata.
—Pela maneira que reagiu, imagino que tome anticoncepcional.
—É, eu tomo, sim. Mas você é burro mesmo, tem que perguntar — Edu fez um som estalado
com a boca, de desaprovação. Virou-se, ficando em cima de mim, segurando meus pulsos acima da
minha cabeça.
—Eu vi a cartela na sua escrivaninha ― me beijou. ― Eu queria muito evitar. ― me deu mais
um beijo. ― Mas você não aprende mesmo... Pronta para outra lição?
—Sim, senhor ― ele riu.
—Quero foder sua boca quando fala isso, mas agora eu quero te comer até o sol nascer em
todas as posições em que eu possa ver seus olhos... ― declarou, e, porra, que declaração linda. Me
apaixonei de novo.
∙∙∙
Ele estava em cima de mim, me olhando, quando gozou. O dia estava começando a clarear lá
fora.
—Você ainda me mata, pimentinha ― disse, deitando-se em cima de mim. Pimentinha? Adorei
isso. Deitou-se de lado e me puxou para o peito dele.
—Nossa, isso foi demais ― consegui dizer, e ele sorriu no meu cabelo.
—Foi sim. Com você, tudo é fodidamente bom e intenso.
—Edu, quantos anos você tem? ― bocejei no instante seguinte.
― Tenho 28 anos, gatinha. Sou velho pra você?
― Eu gosto de mais velhos.
—Eu gosto de você ― rebateu e eu sorri, respondendo a mais pura verdade.
—Eu também, Edu. Gosto tanto que não quero mais ninguém ― ele se apoiou em um cotovelo
para me olhar.
—Repete isso.
—Qual parte?
—A do mais ninguém.
—Eu não quero mais ninguém. Quero você, Edu, com vaca ou sem vaca atrás ― riu e pegou
minha mão, beijando-a.
—Você sabe... ela não significa nada, e eu não vou deixa-la se meter na nossa vida.
—Nossa?
—Nossa ― repetiu e me beijou, lentamente. E sabe o que mais?
—Quer namorar comigo, Edu?
Eu queria que todo mundo soubesse que ele era meu.
—Aceito ― aquilo foi assim, tão incrível, que Bruna nenhuma se colocaria no meio. Eu estava
disposta a viver aquele romance.
Capítulo 17
Aquele momento, derretida com calda de chocolate e um morango em cima... Pois é, agora eu
entendia aquela coisa que tanto ouvi falar. Porque parecia que eu só queria sorrir e suspirar, e
também queria muito uma pomadinha. Vou te falar: para aguentar namorar o Edu, eu teria que ter
estoque de pomada. Meu pirocudo... sorri igual a uma tonta apaixonada.
—No que você está viajando aí? ― Edu me perguntou, acariciando minhas costas enquanto eu
estava encostada naquele peito perfeito. Eu tinha certeza que ele estragou qualquer perfume para
mim, eu poderia sentir o cheiro dele por horas e nunca me cansar.
—Nada demais. Estava aqui pensando em como você é bem dotado, sabe?
—Ah, é? ― claro que ele sabia.
—É ― fiquei um pouco sem graça. Nunca exalte demais um homem fora do rala-e-rola,
porque isso pode se virar contra você.
—E você é muito gostosa, sabia? ― se virou, ficando em cima de mim, apoiando-se com os
cotovelos... Com um olhar que derretia até a mais resistente das calcinhas. Edu estava no auge. Pobre
perseguida... Lazy Song, o toque do meu celular, ecoou no quarto. Santo Bruninho Mars... Ele me
liberou e eu corri até à escrivaninha, atrás do som. Virei-me, atendendo e olhando pra ele, glorioso,
nu e se tocando na minha cama. Safado.
—Alô? ― soou meio atendente de telesexo. Dei um pigarro para melhorar.
—Lú? Sei que é cedo. Posso falar com você? ― o que a criatura queria?
—O que você quer, Fernando? ― Edu fechou o sorriso e se sentou na cama. Foi difícil me
concentrar... Ele ainda estava "de pé".
—Queria dizer que eu sinto muito por tudo que está acontecendo, essa história da Bruna...
Você estava furiosa ontem...
—Obrigada pela preocupação, mas já sou grandinha e... ― Edu pegou o telefone da minha
mão.
—Fernando, olha só... eu sei que foi meio estranho, estou com... ― parou pra escutar alguma
coisa e, imagina a cena: Edu, a meio-mastro falando no telefone...
—Escuta: eu queria que fosse tranquilo, mas já que não se ligou ainda, é assim que vai ser...
― mais algum blá blá blá do Fernando e eu estava hipnotizada. Por mais baixo que ele estivesse
falando, a voz dele soava feroz. Porra, até brigando ele era sexy.
—Chega dessa porra, quero você longe da minha namorada, escutou? ― agora ele falou mais
alto. Uma batidinha na porta me indicou que alto demais.
—Já está avisado ― desligou. Peguei meu camisão e coloquei rápido, entreabrindo a porta o
suficiente pra falar. Vi que minha mãe estava parada, com uma cara estranha.
—Vi a moto aí fora quando fui molhar as orquídeas e escutei o papo da “namorada” ― fiquei
boquiaberta pra ela. Ela se inclinou um pouco e elevou a voz. ― Bom dia, Edu, daqui a pouco tem
café fresquinho.
—Bom dia, Dona Cristina. Obrigado ― continuei olhando pra ela, que voltou a atenção pra
mim, sorrindo.
—Você pensa que eu sou idiota, né? Sorte sua que seu pai tem um sono pesado. Fico feliz que
se acertaram... já passou da hora, né? ― me deu um beijo no rosto, seguindo para os seus afazeres.
Virei-me e Edu estava sorrindo com um dedo na boca, como se quisesse prender o riso.
—Me conta como você conseguiu isso?
—Isso o quê? ― me olhou, desentendido. Maldito.
—Você sabe o quê... ― ele veio me abraçar.
—Ela só vê que eu gosto da filha dela e que eu sou um rapaz legal.
—Deve ser isso. ― O senti dar de ombros e sorrir no meu cabelo.
—É, deve ser isso ― a ficha caindo aos poucos. Eu estava oficialmente comprometida. Sorri
um pouco. Com ele, não era tão ruim.
∙∙∙
—Edu, pode me passar a margarina? ― Clarice só faltava cantar falando com ele.
—Claro. Aqui. ― estendeu a mãozona e deu aquele sorriso de covinhas. Porra, eu nem podia
culpar a tonta suspirando do outro lado da mesa. Ele olhou na minha direção e piscou. Fiquei que
nem ela: Suspirando. Eu estava muito sem graça. Meu pai olhava de esgueira vez ou outra, e eu fingia
que não via. Todos estavam se divertindo às minhas custas.
—Peço desculpas, mas eu tenho que ir trabalhar. Tenho material para avaliar ainda hoje e já
estou atrasado ― Edu disse e eu já senti aperto. Como fiquei tão dependente de alguém assim?
Depois de despedir-se de todos na mesa, eu o acompanhei até a moto, de mãos dadas.
Totalmente adolescente, e eu estava nem ligando mais... Era assim que seria, não era? Quando não
estivesse tomando surra de piroca, estaríamos andando de mãos dadas. “Acostume-se, criatura”.
Ele se virou, segurou minha nuca me dando um beijo, cheio de carinho e outra coisa. Um beijo
tão calmo e decidido que eu encolhi enrolar os dedos dos pés. Isso era incrível.
—Comporte-se na minha ausência, ok? ― me deu um selinho demorado e molhado. Quem
olhasse de fora, estaria correndo para vomitar.
—Tudo bem. Você volta hoje?
—Caso queira, eu volto sim. Posso te levar pra minha casa, se quiser. Amanhã vou viajar para
uma obra no interior do estado... Te deixo aqui antes de ir ― aquilo me deixou nervosa, sem motivo.
—Quantos dias?
—Dois. Quero passar a noite abraçadinho com você, hoje. Tenho que aproveitar, dois dias é
muito tempo longe, gatinha ― sorri. Já disse que achava lindo aquilo? “Gatinha”?
—Tudo bem, vai lá ― me deu um último beijo e se foi. Estava suspirando quando entrei em
casa.
—Falem com a minha mão ― passei por todos indo para o quarto. Tomaria um banho e
deitaria mais um pouco. Estava pegando a toalha quando vi o meu celular vibrando com um número
desconhecido. Curiosidade matou o gato, e mesmo assim eu atendi.
—Alô? ― Minha voz saiu ríspida, nem precisava dizer “Quem é?”.
—Luciana? ― a voz feminina me fez totalmente alerta.
—Ela mesma.
—Então você é a pirralha que está fodendo com o meu noivo? ― Caralho, era vaca até na voz.
Era aquele dia que eu acabaria com ela.
—Fodendo bem gostoso, por sinal ― respondi, debochada. ― Não tô nem andando, pra ter
ideia ― aquela eu tive que segurar pra não rir. A puta ficou muda e desligou. Ela mexeu com a
pessoa errada. Que vontade de massacrá-la. Ela conheceria o pior lado da Lú.
∙∙∙
Vivi e Flávia estavam rindo horrores no meu quarto quando contei o que eu disse para a vaca
no telefone.
—Você está muito determinada, né? ― Flávia conseguiu dizer, entre risos.
—Claro que estou. Não pense que porque é meu primeiro namorado que vou dar mole. Sou eu
que vejo como ele me olha, eu que estou com ele agora, que sinto a entrega dele quando nos
olhamos... eu que sinto o cheiro dele e... ― silêncio. Olhei para as duas, que estavam sérias. Eu sei
que eu estava pagando de apaixonada. Joguei um travesseiro nelas. Voltaram a rir e me abraçaram no
instante seguinte.
—Luciana está namorando! Luciana está namorando! ― Ah, odiava isso.
∙∙∙
Depois de rir de muitas piadinhas de como eu andava toda melosinha, estava me preparando
para passar a noite com o Edu. MEU PIROCUDO; "meu namorado" era muito comum pra ele.
Coloquei um conjunto de lingerie branca, calcinha minúscula com algumas pedrinhas na lateral
e um sutiã transparente. Naquele dia, eu seria a namoradinha, quem sabe ele não teria dó de mim... eu
ainda estava andando estranho. Abri a porta do guarda-roupa pensando que adoraria usar um vestido,
mas a moto não ajudaria. Senti braços envolvendo minha cintura e uma barba por fazer arranhando
meu pescoço, com uma respiração quente no meu ouvido. Fiquei empinada por reflexo.
—Vai ficar difícil te dar um desconto hoje. Sexy pra caralho ― disse no meu ouvido, e acho
que não queria mais desconto nenhum. Sua mãozona firme me virou e eu envolvi os braços no
pescoço dele.
—Livre acesso agora, né? ― perguntei, sorrindo pra ele.
—Gosto de acesso livre, mas gosto disso ― passou o indicador por cima da renda da minha
calcinha, escapando para dentro pela lateral. Envolvi uma perna na cintura dele para ajudar. Aquele
dedo quente roçando... todo o acesso do mundo para o Edu! Ele mordiscou minha orelha enquanto o
dedo entrou... ahh, entrou...
—Você me enlouquece, Edu. Acaba comigo, sabia? ― segurei o rosto dele. Olhou-me e
lambeu os lábios deliciosos, enquanto o dedo não parava.
—Eu posso sentir isso ― declarou, com um sorriso de lado.
Aquela covinha... beijei-o com voracidade.
—Pimentinha ― respirou entre os beijos que eu dava e me ergueu, me levando com as pernas
envolvidas na cintura enquanto sentava-se na minha cama comigo em seu colo. Assim que sentou,
puxou meu sutiã pra baixo e mandou ver com a sua boca pecaminosa. O homem me enlouquecia. Eu
gemia e me esfregava na calça dele. Parou de repente e colocou o sutiã no lugar. Abri os olhos e ele
estava me encarando, sorrindo. Maldito.
—O que foi? Por que parou?
—Temos que ir, gatinha. Isso foi só um esquente - disse, beijando o topo dos meus seios e
respirando no meio. Passei a mão no cabelo dele. Tão macio... Batida na porta pra estragar.
—Já vou! ― gritei e me levantei. Estava adorando aquela história de namorinho.
—Pode colocar vestido, vou te comer no meu carro ― saiu do quarto. Sorri de orelha a
orelha... É, eu gostava de carros.
∙∙∙
—Você fica tão sexy dirigindo essa picape.
—Prefiro conduzir você ― Ah, olha aí, ele só sabia me deixar molhada.
—Eu gosto de ser conduzida.
—Percebi isso ― a mão que estava no meu joelho subiu por baixo do meu vestidinho de
alcinha branco justo. Ele concluiu o que começou no quarto e eu segurei firme na alça em cima da
janela. Caralho, como ficaria dois dias sem orgasmos?
—Você é incrível, sabia?
—Você me faz incrível, Lú. Você trouxe uma coisa na minha vida que eu nunca achei que
viveria. Você me trouxe espontaneidade ― ele disse tudo aquilo olhando adiante, à frente, e depois
olhou pra mim. Meus olhos marejaram. Com ele eu era tão sentimental... A porra da menininha se
apossou de mim definitivamente.
—Isso foi... Fodástico.
—Fodástico? Essa palavra existe?
—Claro que sim. E, no dicionário, a definição é: Edu.
Entramos no apartamento e ele me conduziu direto para a sala, tirando os sapatos e ligando o
som... “All About Us”, do He Is We feat. Owl City, começou e ele veio andando até mim. Mas que
porra! Ele dançava? Estava ferrada, era um caso perdido.
—Não sei dançar.
—Também não ― Ufa, ele tinha defeito. ― Podemos apenas... seguir, eu e você ― com ele
dizendo aquilo, eu podia dançar tango e merengue, tudo junto. Aceitei a mão e encostei em seu peito.
Era tão bom. Ele cantou baixinho no meu ouvido:
—Estamos fazendo isso direito, Lú. Você e eu... ninguém vai atrapalhar isso. ― Agora não
estávamos dançando, e eu olhei pra ele. Se aproximou lentamente, me dando um beijo tão carinhoso...
envolvi seu pescoço com os braços e me puxou mais perto. Eu já sentia tudo que ele tinha pra me dar
aquela noite, e via que seria mais do que aquilo. Ele me ergueu e me levou até o quarto. Fez tudo com
tanta calma que eu só sentia flutuar. Deitei no peito dele, saciada e feliz. Porra, era ele.
Acordei com ele duro contra as minhas costas. Era um bom dia incrível, eu adorei aquilo. Me
pegou assim, de ladinho mesmo, e doeu; mas nada que eu não fosse aguentar. Acho que eu estava
flexível por ele. Caralho, Lú, você estava era arrombada. Foda-se, tinha dois dias para me curar.
Estava tomando suco de laranja na cozinha enquanto ele estava no telefone na sala. Ouvi a
campainha e o escutei pedir um minuto no telefone. Claro que eu era curiosa: olhei da porta da
cozinha e vi as costas dele - ele ainda estava de tolha.
—Eu já te ligo ― ele disse, no telefone, e voltou a atenção para o visitante.
—O que você está fazendo aqui, Bruna? ― gelei. Encostei-me à parede e respirei fundo.
Coloquei o copo na pia com o suco de laranja pela metade e segui com o meu maior sorriso...
“Vamos ver como é a vaca”.
Cheguei até o meu namorado e o abracei por trás. Graças, ele me puxou para o lado dele. A
expressão no rosto da vaca – que era a cara da nojenta daquele seriado de vampiros – estava
paralisada me vendo em uma camiseta do Edu. “Chupa, puta”.
—Bom dia ― eu disse, com meu sorriso maléfico. Edu me apertou mais.
—Você é a... ― ela começou com o nariz torcido.
—Sim. Ela mesma, a pirralha que o Edu está fodendo ― virei-me para o Edu, que me olhava
com olhos arregalados.
—Amor, tô no quarto esperando pra testar aquela posição ― sorri e dei um beijo nele, dando
meia volta.
Foda-se, ele queria compromisso? Aquela era a Lú comprometida. Escutei a porta fechando e
corri para a cama. Ele apareceu segundos depois.
—O que foi aquela cena? ― pera aí? Ele estava com raiva de mim?
Capítulo 18
― Como é? ― perguntei, porque eu não queria acreditar que estava puto comigo.
― Porra, que cena foi aquela?
—Como assim, Edu? Você está defendendo aquela vaca? Cadê aquela merda de "ninguém vai
se meter entre a gente”?
—Não se trata disso, Luciana. Porra, eu gostei que você me abraçou e aquela coisa, mas
porra! Pra que dizer aquilo?
—Como é?
—Precisava ser infantil? ― me fuzilou com o olhar e eu perdi a paciência.
—Vá se foder, Edu! A cretina me liga, me chamando de pirralha e perguntando seu estou
fodendo com o noivo dela, e quando eu devolvo as palavras dela você fica putinho comigo? Qual é a
tua?
—Ela te ligou? – ele parecia confuso.
—Quer saber? Não importa. Vai atrás dela e pede desculpas por eu ter sido infantil ― me
levantei pegando meu vestido e correndo para o banheiro, trancando a porta. Mas que merda! Eu
queria chorar. Filho da puta.
—Abre isso, Lú ― ele batia e eu queria sumir.
—Vai pro inferno, Edu ― ele não respondeu. Escutei a maçaneta abrindo. Que merda, ele
tinha a cópia da chave.
—Me desculpa ― ele disse, parando perto de mim. Eu estava sentada a tampa do vaso.
—O que está acontecendo, Edu? ― perguntei, de cabeça baixa.
De jeito nenhum ele veria os meus olhos.
—Ela está grávida mesmo, Lú ― O quê?
—Como você sabe? ― tive que olhar pra ele. Me puxou para um abraço e eu soquei aquele
filho da puta. Queria que ele e a vaca fossem para o inferno, no mesmo carro. Droga. Ele não me
soltou.
—Ela saiu jogando o exame em mim ― fodeu, comecei a chorar de verdade. Que inferno,
aquilo de novo.
—Me desculpe, me desculpe. ― ficava repetindo. Eu estava com vontade de bater em tudo e
matar, também. Forcei-me pra longe dele, e daquela vez ele deixou.
—Mas que porra, Edu, isso de novo? Que droga. Chega, pra mim deu ― marchei para fora do
banheiro. Ele me seguiu e me puxou, encostando o corpo nas minhas costas.
—Lú, eu não vou deixar você ir. Escuta ― me virou e eu cedi, porque eu estava cansada e me
sentindo esquisita. Caralho, de coração partido.
—Minha palavra é a mesma. Eu só quero saber com um teste de DNA em mãos, mas eu não
posso ignorar isso agora. Estou preocupado, entende? ― olhou-me, suplicando, e porque caralho eu
senti pena dele? Merda.
—Eu entendo que três é demais, Edu. Foi você que exigiu compromisso de mim e,
sinceramente, eu não sei se estou pronta para bagagens ― me soltou. Queria que ele ajoelhasse, me
impedindo de ir embora. Queria incinerar a vaca por pensamento. Queria ser só eu e o Edu.
—Vou te dar esses dois dias, Lú. Pense em tudo, eu já estou mais que decidido. Eu quero você.
― ele me encarou por uns segundos. ― Vou me trocar e te levo em casa. ― E ele entrou no banheiro.
Sentei na cama, com a cabeça nas mãos. “É, nada é perfeito”.
∙∙∙
Fomos o caminho inteiro em um silêncio fodido. Eu podia ver que estava pensando... nela. Que
ódio! Forcei-me muito a só olhar pela janela, não queria ver aquela expressão pensativa no rosto
dele. Eu queria dormir e acordar e ser só um pesadelo. Foda isso, estava tudo indo tranquilo, porque
no fundo eu achava que era golpe dela, mas aquilo era real demais. Parou em frente ao portão e eu
me virei pra encarar. Eu tinha que fazer as escolhas certas. Ele falou antes de mim:
—Lú, eu e a Bruna nos conhecemos há mais de dez anos. Eu fui o primeiro homem dela ―
começou e eu engoli. Eu estava mesmo querendo saber dessa merda? Como masoquista que era, eu
não disse nada e ele continuou olhando pra frente.
—Começamos a sair mais, então eu a pedi em namoro. Os anos foram passando e eu fui me
acomodando com ela, eu realmente achava que, o fato de termos tanta intimidade sugeria que ela me
conhecia e, consequentemente ela era a mulher da minha vida. Então, decidi pedi-la em casamento,
achando que era isso que faltava pra nós... ― ele suspirou pesado e me olhou. Queria abrir um
buraco e me enterrar... estava sabendo demais. ― Fomos para Amsterdã mês passado, procuraríamos
um lugar diferente para casar e coisas loucas assim. Eu queria ter uma pessoa que se preocupasse em
estar só comigo, e não em ser alguma coisa para os outros. Bruna estava muito distante depois de uns
dias... descobri que ela se envolveu com um morador local que trabalhava no hotel em que
estávamos. Na minha cara ela disse que estava apaixonada por ele, e eu vim embora no dia seguinte.
Estava puto demais com tudo, por ter perdido tempo com ela, por achar que era ela, e foi então que
eu vi você com aquela boneca na mão... ― passou a mão no meu rosto e eu fechei os olhos. ― Eu vi
você tão despojada de rótulos, com aquele coque estranho no cabelo, cantando com fones de ouvido,
parecia uma menina se divertindo... E quando você me olhou, eu vi uma mulher, sem máscaras e sem
nada dessas porras. E, aí, qual foi minha surpresa no restaurante? Eu comecei a pensar que de
repente era isso que eu precisava, uma coisa espontânea e não delimitada por arranjos e
conveniências de gostos. Eu tive essa confirmação quando vi você na festa. ― aproximou-se e me
deu um selinho rápido. Beijou uma bochecha e se ajeitou novamente. Eu estava muda.― Lú, eu quero
você de uma forma que eu achei que não existia. De uma forma adolescente, impulsiva, livre. Eu
quero você como um homem deseja uma mulher, e quero que a gente cresça nossa relação. Mas acho
justo te dar esse tempo, não posso prender você e apagar o que mais me encantou em você: seu brilho
de sol.
Porra, eu estava ferrada. Antes que a merda fosse mais longe, eu abri minha boca.
—Edu, eu quero você inteiro, só meu. Isso tudo é demais pra pensar, mas pode ter certeza... Eu
não desisto de nada, não vou desistir de você. ― Que se foda! Subi no colo dele, com as costas no
volante, e o beijei com toda paixão que eu tinha em mim. Ele retribuiu, espalmando minha bunda e
gemendo na minha boca. Encostei minha testa na dele e, quando consegui abrir os olhos, estava
decidido. Levantei do colo dele e desci do carro. Entrei sem olhar pra trás, e ouvi quando o carro
partiu.
Uma coisa era certa: eu nunca mais seria um sol sem ele.
∙∙∙
O dia estava quase acabando e eu ainda estava lá, deitada, olhando o teto, tentando montar o
grande quebra-cabeça que era estar em um compromisso, em um relacionamento cheio de bagagem.
Tentava racionalizar da melhor maneira que eu podia. Nunca fui boa nessa merda, eu sempre fui
aquela que vivia o momento, não estava acostumada a ter que planejar meus passos. “Ah, Edu, eu já
sou tão dependente de você”. Senti meu peito apertar em saber que ele estava longe, e uma lágrima
solitária desceu pelo meu rosto.
Senti a cama afundar quando minha mãe se sentou. Olhei para ela, podia ter todos os defeitos
do mundo, mas aquela mulher daria a vida por mim, isso eu não podia negar. Aninhei-me em seu colo
e a escutava falar enquanto alisava meu cabelo.
—Nem sempre as coisas seguem caminhos fáceis ― começou a faceta filósofa dela. ― Caso
você veja que vale à pena, minha filha, lute com toda a sua coragem e energia. Mas se notar, por um
segundo, que não está segura, não é vergonhoso recuar. Essa viagem do Edu vai te fazer bem, você
vai ver que espaço, nos faz enxergar melhor as coisas. Está na cara que vocês se gostam. Ele é um
bom rapaz, só fez algumas escolhas erradas ― disse e eu me sentei para olhá-la.
—Do que você sabe, dona Serrano? ― me olhou e deu um sorriso. “Mãe sabe tudo”.
—Ele me ligou enquanto você ficou aí, vegetando no quarto. Estava preocupado com você. Eu
entendo o lado dele, e entendo o seu. É realmente uma barra para segurar. Mas acho que você está
certa em lutar por vocês, o máximo que pode acontecer é você virar uma madrasta.
—Fala sério, mãe!
—Estou falando, ué! Não é o fim do mundo, não nos dias de hoje.
—Certo ― dei um sorrisinho forçado. Madrasta? Argh, eu estava surtando em imaginar uma
barriga crescendo com um ser imaginário. Imagina idealizar uma criança no meu pé me chamando de
bruxa? Era demais pra mim... por ora, não queria pensar naquele futuro possível.
—Certo ― ela repetiu e se levantou. ― Vou trazer um sanduíche pra você. ― dei um
sorrisinho murcho. Suspirei e deitei novamente. Me daria aquela fossinha básica.
∙∙∙
O refrão de “California Gurls”, Katy Perry, ecoou no quarto e eu sabia que era Vivi no
telefone. Atendi com minha voz de enterro:
—Morri!
—Certo. O velório é na minha casa, às oito ― gemi. Não sei se era boa ideia festejar com a
Vivi, eu sempre terminava a noite bêbada e enroscada em alguém, fato.
—Já disse que morri.
—Ok. Passando aí, então. Vamos àquela boate nova na barra do Kiti.
—Não vou a lugar... ― o telefone ficou mudo. Já sabe... eu fui, né?
O lugar estava lotado. Estranhamente, estava puxando meu vestido preto tomara-que-caia para
baixo. Estava achando curto demais. O que Edu pensaria disso? Aquela merda de namorado
contagiava. Mesmo longe, eu me sentia presa.
― Desencana, não vou deixar você fazer besteira ― Flávia falou alto do meu lado, enquanto
andávamos até o balcão para pedir bebida. Certo, eu relaxaria um pouco, só um pouco... Um
pouquinho, mesmo...
Meia hora depois, eu estava pingando suor, dançando em uma das tendas com música techno.
Ana, Mag, Flávia e Vivi estavam junto comigo, viajando na batida pulsante. Uns rapazes se
aproximaram com garrafinhas de cerveja na mão e nos entregaram. Aceitamos, e eu estava na fase rir
igual a uma louca e dançar como uma girafa desengonçada. Matei minha garrafinha rápido em uma
golada só, ao som de “LOL”, do pessoal na minha roda. Gritei um “yeah!” bem alto e coloquei a
garrafa na mão do moreno que havia me entregue. Ele sorriu pra mim... era bem bonitão, um Paulo
Zulu mais novo. Sorri pra ele, que veio com a mão livre me segurando pela cintura, querendo dançar
perto de mim. Aproximou a boca pertinho da minha, e é aí que você sabe que a porra tá séria. Por
mais louca que estivesse, era em Edu que eu pensava. Virei o rosto em um reflexo totalmente lúcido e
ele se afastou na boa. Sorriu e começou a segurar a cintura da Mag, que estava dançando de costas
pra gente. Corri procurando o banheiro, queria vomitar tudo. Achei uma cabine vazia e coloquei o
que podia e não podia pra fora.
Estava fodidamente louca quando fui lavar meu rosto, tonta que nem o cacete e louca pra ir pra
casa. Levantei os olhos no espelho e reconheci aquele rosto de vaca no reflexo. Bruna estava
pegando um batom na bolsa e não olhou pra cima, ela não havia me notado, ainda. O que estava
fazendo ali? Minha vontade era me virar e dar na cara dela, mas eu queria saber que porra ela estava
fazendo longe de casa e perto do meu território. Abaixei a cabeça novamente e disfarcei quando ela
parou ao meu lado. Virei-me no mesmo pé e saí do banheiro, me entocando em um canto. Santas luzes
fracas de boate! Olhei pra tenda e Vivi estava dançando que nem doida, com Felipe se esfregando
nela.
Ana e Flávia não estavam no meio e Mag estava engolindo ou sendo engolida pelo Paulo Zulu
cover. Porra! Eu estava um pouco tonta, mas eu tinha que ver o que era dessa vaca por lá. A vi saindo
do banheiro do cantinho, estava com um vestido pink de alças e o cabelo em um rabo de cavalo. Ela
olhou para os lados e eu me recolhi pra não ser vista. Devagar, coloquei a cabeça novamente e ela
estava com o celular na mão, parecia digitar uma mensagem.
Meu celular vibrou na minha bolsinha lateral. Peguei, em choque, e li a mensagem.
“Obrigada pela solidariedade, querida. Não se preocupe comigo, estou bem, obrigada.
Fodendo melhor ainda, só pra constar ;)”
“Devo admitir, você é durona. Mas é para mim, que ele vai correr quando cansar de brincar.
Aliás, aonde ele está mesmo?”
Mas era muito vaca mesmo, queria insinuar que o Edu estava com ela? Idiota. “Eu vou quebrar
a cara dela é agora, com filho ou sem filho, foda-se”. Guardei o celular com tudo na bolsinha e me
virei pra ir lá quando eu vi a última coisa que imaginaria na minha vida. Alguém chegou até por trás
enquanto Bruna ainda olhava o celular e ela se virou, dando um beijo que só poderia ser classificado
como pornográfico.
Desgraçado. Filho da Puta. Estava jogando. Fernando... desgraçado!
Capítulo 19
—Cretino!
Fiquei ali vendo a cena, chocada e tonta. Porra, que canalha! Então foi ele que deu o meu
número pra vaca! Eu sabia que ela queria o Edu, e ele queria o quê? Eu? O que tá acontecendo que
você está parada aí e... ― Flávia parou quando viu o que eu estava olhando. Eles pararam de se
acasalar e nós duas encostamos na parede, fora da visão deles.
—Caralho, Lú, é o Fernando ali? E quem é ela?
—Bruna, a ex do Edu...
—O quê? ― disse, alto demais. Dei uma espiada e eles não estavam mais lá. Merda!
—É isso mesmo. Acredita?
—Filhos de uma puta! Você tem que ir lá e quebrar a deles dois. Eu te ajudo! ― começou com
sua sede de vingança.
—Tá louca? Não, temos que jogar isso direito. Vamos caçar eles e tirar uma foto, e aí
podemos fazer a sua parte do plano.
—Oh, certo... fotos... manjei ― disse, meio grogue. Me permiti olhá-la direito e ela estava
pior do que eu.
—Vamos à ação, Batman! ― berrou, agarrando meu ombro.
―Porra, Flá! Tá mal, hein?
―Tô nada, vamos lá colher provas do crime.
Juro que caçamos todas as quatro tendas, os bares e os banheiros, mas eles sumiram. Será que
tinham nos visto? Merda! Pra que eu fui beber? Sentei no banco traseiro do carro de Vivi com Flávia
dormindo no meu colo, totalmente fora de combate. Felipe estava roncando no banco da frente ao
lado de Vivi; ela era a motorista da rodada.
—Vivi, eu vi Fernando na boate ― me olhou pelo espelho retrovisor por segundos e riu.
—Eu também vi. Não disse nada pra não azedar a sua noite. Ele estava com uma morena
bonitona.
—Vivi! ― berrei com ela.
—O que foi? Para de putaria, vai dizer que está com ciúmes?
—Era a ex do Edu.
—O quê? Não! Mentira! Retiro o que disse, ela era ridícula.
—Eles te viram?
—Não, eles estavam saindo. Cerca de duas horas atrás, eu acho ― Ufa, pelo menos isso, eu
tinha um trunfo e uma testemunha confiável. seris milagre a Flávia lembrar no dia seguinte. Meu
celular vibrou na minha bolsa. Peguei rapidinho com dificuldade com o peso da Flávia – e atendi.
—Alô?
—Oi... Achei que estivesse dormindo, só arrisquei ― a voz rouca de Edu fez minha boca
separar. Tipo quando você fica excitada, sabe? Eu estava morta de saudades, uma nova rodada de
tequila na cara e tesão. Acendi fácil.
—Oi. Estou indo pra casa com as meninas, saímos pra dançar ― ele deu um pigarro.
—Hum, legal isso. E aí, se divertiu? ― perguntou, meio seco.
Ficou com ciúmes, mas tentou disfarçar e eu adorei.
—Mais ou menos. Você não estava lá ― Vivi fez som de vômito lá na frente. Ele riu. Sua
risada grave era deliciosa e sexy pra caralho.
—Que roupa está vestindo? ― perguntou, em um tom inconfundível.
—Um vestido preto, tomara-que-caia, curto ― escutei um “hmmm” dele.
—Nada de sexo por telefone no meu carro e comigo presente! ― Vivi gritou para que ouvisse.
—Manda um beijo pra ela ― Edu respondeu rindo. ― Mais tarde eu ligo. Me espera sem
vestido, ok? ― ah, caralho, gemeria se respondesse.
—Lú? ― chamou. ― Entendido?
—Sim, senhor... ahh... ― eu sei, foi inevitável. Gemi, porra. Ele também.
—Fiquei duro agora pensando na sua boca.
—Hmm... eu... é... saudades, beijos ― o ouvi rir antes de desligar. “Onde eu guardei mesmo o
meu vibrador?”.
∙∙∙
Tinha acabado de fechar a porta do quarto quando ele ligou novamente.
—Sozinha? ― perguntou sem rodeios, com aquela voz fodidamente sexy.
—Sim, acabei de entrar ― falei quase sussurrando. Eu estava com saudades, minha calcinha
podia dizer.
—Tira o vestido... agora ― ahh, ele queria me enlouquecer. Segurei o celular com o ombro
contra a orelha e abri o zíper lateral, e desceu tudo.
—Hmm... Tirou? Só de calcinha?
—Sim, só a calcinha.
—Tira a calcinha, deita na cama e coloca o celular do seu lado, no viva-voz.
—Sim, senhor ― suspirou.
—Estou me tocando pra você, sabia?
—Ah, é? ― liguei o viva-voz e me deitei, colocando a mão onde eu queria que ele colocasse
a língua. Porra, eu estava encharcada, já.
—Sim... Queria sua boca agora, mas vamos ter que trabalhar com o que temos.
—Sim... Ah... ― estava gostoso me tocar só com a voz dele; ele poderia estar recitando o
Código Penal ou uma receita que daria no mesmo, era sexy pra caralho.
—O que você está fazendo? Está se tocando? Tocando a minha bocetinha gostosa?
—Simmm... Ahhh, eu queria sua boca nela...
—Ah, gatinha, eu também. Agora, com a mão livre, belisque o seu mamilo... Amasse seu seio
delicioso como eu faria ― eu só gemia. Queria apenas escutá-lo. Ele adivinhou. ― Imagina meu pau
esfregando na sua boceta... faz de conta que seus dedos sãos os meus, faz o que você gostaria que eu
fizesse... ― me instruía, tava muito bom. Fechei os olhos e o imaginei ali comigo, viril, me
conduzindo...
—Massageie seu clitóris com o polegar e deixe seu dedo do meio entrar, bem gostoso. Tá
molhado?
—Ahh, Edu... sim, muito...
—Porra, eu queria sentir... Meu pau tá molhado também, sabia? Fico pensando na sua boceta,
linda e loirinha, toda molhadinha, recebendo cada centímetro...
—Edu, eu ...
—Goza pra mim, pimentinha. Eu vou gozar quente pra você também... ― Porra! Eu gozei
gostoso, mas ainda faltava ele ali. Não era só o orgasmo que eu queria.
—Isso, gostoso... Porra, tá pulsando aqui ― disse, mais rouco que o normal. Eu sorri. Mesmo
longe, era incrível. Me acalmei e falei, antes que caísse no sono. Estava relaxada pra caralho.
—Edu, você é incrível. Queria que estivesse aqui.
—Eu também, gatinha... queria estar com você.
—Boa noite, meu lindo.
—Seu lindo?
—Meu. Meu lindo.
—Boa noite, meu amor ― E ele desligou. “Meu amor? Ah, acaba o mundo que tá tranquilo”.
—Boa noite, meu amor ― respondi para o telefone mudo.
∙∙∙
Acordei com a cabeça pesando uma tonelada. Duas bebedeiras na mesma noite seguidas de um
orgasmo fodástico por telefone não eram pra qualquer um.
—Bom dia, filha. Café preto? ― olhei pra minha mãe quando me sentei à mesa e fiz um “ok”
com o polegar. Olhei em volta e vi um buquê de flores no balcão da cozinha. Franzi o rosto. Minha
mãe me entregou uma xícara de café e pegou as rosas.
—São pra você ― sorri largo. ― Mas não são do Edu. ― olhei pra ela em descrença.
—Sério, mãe?
—Foi mal, querida ― saiu, deixando-me curiosa. Peguei o cartão. Juro que, se tivesse comido
alguma coisa, teria saído naquele minuto.
SINTO SAUDADES SUAS, DELÍCIA, QUERIA UMA CHANCE DE LUTAR POR VOCÊ.
FERNANDO.
Filho da puta. Ainda era digitado. Argh! Levantei e joguei tudo no lixo, rasgando o cartão em
mil pedaços – ou quase isso – e jogando junto com as flores. Tomei um banho frio pra despertar de
vez e fui buscar apoio.
∙∙∙
—Acorda, cadela! ― adorei me vingar. Flávia estava inerte na cama dela e eu a cutuquei pra
ver se estava viva. Puxei a coberta e ela lançou um travesseiro em mim.
—Porra, vou trazer balde com gelo! ― insisti e ela sentou. Garota esperta; Arrastei-a até a
casa da Vivi. Como eu imaginei, Flávia lembrava-se remotamente do ocorrido. Malditos choque de
ver aquela cena e bebida que não me fizeram mais rápida. Uma foto e eu fazia Bruna engolir todos os
dentes.
—Tá, e o que fazemos? Confrontamos Fernando? ― Vivi perguntou.
—Cara, eu acho que ele vai desmentir e falar que era outra pessoa qualquer... é arriscado ―
Flávia ponderou.
—Meu problema com isso é que eles estão juntos, por algum motivo. Ela diz que está grávida
e quer o Edu... como pode estar de boa com o Fernando? ― indaguei. Aquilo estava me matando.
—Ah, isso é óbvio. Eles estão tramando, e isso é fato. Temos que nos adiantar ― Vivi já
estava com a cara de quem estava arquitetando um plano incrível. Eu acreditava que estivesse.
Vou te falar, eu era super paciente para algumas coisas. Daria a corda para a vaca se enforcar
e, de quebra, levar Fernando, vulgo filho da puta junto. Eles que esperassem pra ver.
Estava assistindo televisão no final da tarde - na verdade, fingindo - no sofá da sala, ansiosa
por um telefonema do Edu. Pelo que eu entendi, ele chegaria à noite ou de manhã no dia seguinte.
Pareciam meses longe, e não malditos dois dias... estava com os pés para cima no braço do sofá,
deitada com o controle na mão e zapeando pela TV sem som quando escutei o ronco do motor
familiar: a moto do Edu.
Levantei-me em um salto, e amaldiçoei que eu estava com aquele minúsculo shortinho de
moletom e a parte de cima de um biquíni lilás. O cabelo estava em um coque desgrenhado, e eu
estava descalça. Parei na porta e o vi estacionando a moto pelas frestas do portão. Que se fodesse
meu cabelo, eu queria abraçá-lo. Mal havia descido da moto e tirado o capacete. Saí correndo e
escancarando o portão, com o coração na garganta e sorriso enorme... como senti falta dele!
Só teve tempo de abrir os braços quando eu pulei em seu colo, envolvendo minhas pernas em
sua cintura, e com ele segurando em minha bunda. Um beijo meio sem sentido. Aquela barba por
fazer roçando meu rosto... eu só pensava que podia dar ali mesmo.
—Senti saudades ― consegui dizer, quando liberou minha boca e beijou minha orelha,
suspirando forte.
—Eu também, minha gatinha... muita ― eu o abracei mais apertado. Aquele cheiro era tão
perfeito... Senti-lo finalmente era o céu.
Liberou minha bunda, e era a deixa para eu ficar de pé. Olhei-o que sorriu largo, com aquelas
covinhas matadoras. Eu me derreti mais um pouco... segurou meu rosto e me deu um beijo que, puta
que o pariu, me molhou fácil – como sempre acontecia, na verdade. Abri os olhos e estava me
encarando, com aqueles olhos azuis intensos.
—Tava na praia? ―“Hã?”. Demorei um pouquinho até me ligar.
Olhei pra minha roupa e ri.
—Não. Estava no sofá, esperando se você ligaria.
—Vamos na praia?
—Agora? Tá escurecendo e você deve estar cansado.
—Perfeito, vamos até as pedras do cantão ― concordei prontamente. Mais um lugar pra
lembrar dele.
—Vou buscar o chinelo e deixar um bilhetinho em casa. ― Dei um beijo nele e corri, igual a
uma adolescente pronta para aprontar. Fui até meu quarto e prendi meu cabelo em um rabo de cavalo
mais arrumadinho. Escrevi uma notinha que prendi na geladeira quando passei pela cozinha. Corri de
volta e ele estava lá, encostado na moto, usando uma bermuda leve e uma camiseta verde que
realçava seu peitoral incrível. Suspirei e ele sorriu, desencostando.
—Vamos, gatinha ― veio até mim e seguimos até a praia, de mãos dadas. Andamos até as
pedras, com ele me contando sobre as decisões que tinha feito na obra e como procederia com
algumas coisas que eu não entendia muito. Mas eu estava me lixando, queria sentir aquela conexão,
aquela coisa de que ele queria partilhar tudo comigo. Não quis falar em Bruna, Fernando ou filhos,
queria apenas curtir um anoitecer na praia com o meu namorado lindo que estava me fazendo
experimentar a mais suave e quente brisa... aquela tal brisa do amor. Amor? É, essa coisa aí.
—Chegamos às pedras e a lua já estava se mostrando; um típico comecinho de noite à beira-
mar. Ele me puxou para não subir, me levou até uma das fendas onde havia um pequeno espaço com
areia e me beijou com vontade. Sua mão seguiu até o feixe de trás do meu biquíni e o soltou. Sem
parar o beijo, puxou as alças dos meus braços e jogou em cima de uma pedra pequena. Amassou
meus seios com as mãos e, nossa! “Que saudades dessas mãos quentes”. Eu gemi em sua boca e ele
me liberou, só pra abocanhar um dos meus seios com a sua boca maldosa. Chupou e mordiscou, e
amassou como se não houvesse amanhã... eu estava toda pronta pra ele, e podia dizer que ele estava
pronto pra mim.
—Ahhh, Edu... nossa... ― gemia, enquanto descia minhas mãos e tentava abrir o short. Ele me
beijou e me ajudou – sem liberar a boca da minha –, abrindo e liberando sua ereção, guiando minha
mão até tocá-lo. Ah, ele estava tão duro...
—Estava com saudades. Muita mesmo ― me disse, mordiscando minha orelha, conforme me
deixou trabalhar sozinha em seu pau duro.
Suas mãos rapidamente começaram a descer meu short e calcinha. ― Eu preciso estar dentro
de você agora... ― sussurrava me deixando louca de tesão, e era exatamente o que eu precisava...
—Sim, por favor ― chutei o shorts e ele me virou, fazendo-me apoiar em uma das pedras.
Abriu minhas pernas com a dele e se enterrou em mim sem demora. Um gemido escapou de sua boca,
e eu me senti apertar nele. Tão perfeito, tão encaixado...
—Isso é o paraíso, Lú. Porra! ― começou a meter, segurando minha cintura. Pesado,
necessitado e saudoso. Um sorriso se espalhou pelo meu rosto, e um gemido intenso se formou com
uma estocada profunda que ele deu. Ele estava certo.
Paraíso.
Capítulo 20
Senti aquelas mãozonas quentes envolvendo minha cintura e sorri. Dancei rebolando e
encostando nele, descendo até o chão. Levantei e ele me apertou contra ele. Muito sexy. Mexi-me,
limitada por seu aperto, e ele se aproximou do meu pescoço, roçando a barba por fazer - deliciosa
sensação. Ele me deixava ligada com tão pouco... Virou-me e eu envolvi meus braços em seu
pescoço. Aquelas covinhas surgiram, e sem pensar mais, tasquei um beijo nele, que me ergueu e me
jogou no sofá...
Porra! Porra! Porra! Minha vontade era gritar a plenos pulmões. Que puta sacanagem comigo!
Que rasteira filha de uma puta! Raiva, ira, tristeza. Mistura que me entorpecia enquanto eu pegava a
moto na rua paralela onde eu deixei para que a Lú não visse quando chegasse. Eu precisava falar
com ela. Precisava dela. Ela tinha razão, eu era um burro, um idiota que caiu como um patinho mais
uma vez.
Estacionei na frente da casa do maldito do Fernando. Estava me fodendo que era cedo. Ao
abrir a porta sua cara deixava claro que percebeu minha ira, molhado àquela hora da manhã. Eu não
precisava enrolar.
—Seu desgraçado, vou acabar contigo! ― rosnei. Eu queria quebra-lo em pedaços. Piscou,
confuso.
—Qual é, Edu? O que aconteceu? ― filho de uma puta! Agarrei ele pela camisa; não reagiu.
Joguei-o na grama molhada. O puto ficou irado e se levantou, sujo, me empurrando. Me recompus
antes de cair e acertei um soco no queixo dele. Caiu, como o monte de merda que era.
—Você está louco?! ― gritou, caído na grama com a mão no queixo. ― Porra, qual o seu
problema?! Caralho! ― pela expressão estava com dor. Eu queria que ele urrasse de dor, no mínimo.
—Você se meteu na minha vida, seu desgraçado! Eu sei que você está ajudando a Bruna! Não
sou idiota, apesar de saber que acham que eu sou. ― a cara de confusão dele era absurda. Eu
respirava pela narina, queria chutar ele. Levantou-se, molhado e sujo, e chegou perto de mim.
—Não sei o que a Lú te contou, mas vou dizer: ela é uma putinha que se atrac... ― não
terminou. Soquei-o mais uma vez o derrubando novamente. Mas dessa vez, não haveria piedade. Subi
nele e o soquei com fúria. Tentava proteger o rosto, mas desistiu depois que viu que eu não iria
mesmo parar. Respirando pesado e me controlando não sei como, olhei pra ele com o rosto
arrebentado no chão e me abaixei mais pra falar bem perto do rosto dele.
—Eu sei de tudo. Vocês são farinha do mesmo saco e se merecem, e estou me fodendo se você
come aquela puta da Bruna. Mas vou te dar um aviso: se você, por acaso, mesmo que em pensamento,
se meter com a minha mulher, eu te mato. Mato.
Levantei e o deixei lá, sem olhar pra trás. Minhas contas agora eu acertaria com aquela puta.
Eu provaria. Minha pimentinha teria todas as provas que eu pudesse dar.
Capítulo 24
Lú
“(…) And I'm gonna miss you like a child misses their blanket
But I've gotta get a move on with my life
It's time to be a big girl now,
And big girls don't cry”
- Firgie (Big Girls don’t cry)
Garotas grandes não choram. Não choram. Bem, isso não era verdade: eu estava muito triste,
arrasada e preocupada. No dia anterior, Edu saiu do meu quarto e da minha vida. Nem mensagem,
nem uma ligação... Eu estava em um casulo no meu quarto, que nada e nem ninguém me tirariam.
Confesso que ri muito só uma vez: quando a Vivi e a Flávia vieram me contar que o Fernando
estava destruído, com pontos no queixo, testa e bochecha, roxo em quase todo o rosto e com um dente
quebrado. Bem feito, maldito. Eu sabia, e as meninas também, que não foi um carro que o atropelou...
Foi um trator; meu pirocudo. Bufei alto, queria me estapear. “Porra, ele não é mais meu”.
Sentei-me, decidida a dar um fim naquela deprê. Levantei e mandei a Fergie se foder com o
choro dela. Desliguei aquela merda. A música que eu gostava e que me animava, me faria chorar,
com certeza – “Rockstar” estava fora, definitivamente.
Saí do quarto e fui tomar um banho. Deixei aquela água escorrer pelo meu corpo e fechei os
olhos para aquela sensação deliciosa. Estava lavando a alma. Era o efeito menininha, tudo vira
filosofia. Eu estava lavando para longe as coisas ruins e as tristezas. O meu sol tinha que voltar a
brilhar, com ou sem Edu.
Entrei no meu quarto e vesti um short jeans, uma regata justa vermelha e uma rasteirinha.
Deixei os cabelos soltos, deixaria secar ao sol. Andar de bicicleta sem hora de voltar. Queria
enxotar aquela névoa ruim de mim. “Chega!”.
Estava tirando a bicicleta da garagem quando Vivi veio correndo sem fôlego até mim. Ela me
olhava esquisito. Senti minha respiração acelerar. Eu só havia visto Vivi assim uma vez: quando ela
veio dar a notícia há três anos, que uma amiga querida nossa havia falecido. Hora de dizer que a
bicicleta já estava no chão?
—Lú, é o Edu...
Posso dizer que acabo de me juntar à bicicleta?
∙∙∙
—Lú, acorda! Acorda! ― alguém batia na minha cara. E, doeu!
—Acorda! ― Vivi estava me chamando. Olhei pra ela e seus olhos vermelhos e a cara de
desespero me lembraram. “Edu!”. Sentei e agarrei seus braços tão rápido que a assustei.
―É o que eu tô pensando? Ele... ele... ― eu não podia dizer.
Droga, eu não podia.
—Não, Lú, pelo amor de Deus. Não! ― Eu não sabia se batia nela ou se a beijava pelo alívio.
“Então, por que aquelo?”.
—O que aconteceu? ― me levantei, puxando-a comigo. ― Me fala! Droga! ― eu gritava.
—Ele caiu de moto, ontem. Estava quase em casa. Felipe me contou agora há pouco.
—E onde ele está? Vamos lá! Pelo amor de Deus, se mexe, porra! — ela não saía do lugar.
—Ele está no hospital, em observação. Parece que deslocou o ombro, teve uma ou duas
costelas fraturadas e... ― fechei os olhos e respirei fundo.
—Ok, entendi. Vamos lá ― saí andando. Ela veio correndo atrás de mim. Entrei apressada em
seu carro, adrenalina correndo. Eu precisava ver meu lindo.
Capítulo 25
Edú
Dor. Dor. Eu só sentia dor. Porra, latejavam minhas costelas, e meu ombro estava imobilizado.
Estava chovendo muito e a curva acabou como eu não queria... Minha cabeça doía. Fechei os olhos e
respirei fundo. Dor. Merda!
Está tudo bem, querido? ― escutei a voz da Nathalia ao meu lado. Abri os olhos.
Só respirei fundo. Péssima ideia ― suspirou e passou a mão no meu rosto. Conforto. Nathalia
era minha única família, desde o acidente que tirou a vida dos meus pais 10 anos antes.
—Já avisou à Lú? ― perguntou, e meu coração palpitou ao som daquele nome. Deus, como eu
queria ela ali. Balancei um pouco a cabeça. Ela me encarava e sorria.
—E você acha que ela não vai aparecer aqui a qualquer minuto?
—Você ligou pra ela? ― perguntei, querendo que sim e não.
Queria ela ali, mas não a queria sofrendo.
—Não. Liguei pra Felipe, e aí já sabe...― cerrei os olhos pra ela. Piscou e deu um beijo na
ponta do meu nariz. Um médico entrou nesse momento.
—Eduardo Lucena ― disse, olhando um prontuário.
—Eu ― respondi e veio até mim.
—Você teve muita sorte, garoto. Mais cuidado da próxima. Está de alta, aqui a prescrição com
a medicação de dor. Deixe uma consulta marcada com o ortopedista antes de sair, ele deve avaliar o
ombro direito e as costelas em quinze dias. Tonturas e enjoos, retorne imediatamente. Alguma
pergunta?
—Não.Tudo certo ― respondi, aliviado. Eu iria para casa. O médico deu um aceno e saiu.
Nathalia me ajudou a levantar e foi ao banheiro pegar minhas coisas que ela trouxe no dia anterior.
Bruna entrou correndo e me abraçou. Caralho, dor. Eu me contorci. Ela agarrou o lado fodido.
Assustou-se e me soltou.
—Tá louca? ― resmunguei, ainda um pouco agachado.
—Não toque nele ― escutei a voz que me fez conseguir respirar novamente. Levantei a cabeça
e vi a minha gatinha parada na porta, olhando furiosa com aquele jeitinho pimentinha, só dela. Estava
linda, usando aquela blusinha vermelha, e eu segui até ela. Estava ignorando a dor, eu só queria
abraçá-la. Achei que não a abraçaria mais. Céus... Ela retribuiu com cuidado, com meu braço
esquerdo envolvendo suas costas e seus dois braços segurando em minha cintura. Cheirei o cabelo
dela.
—Some daqui, sua vadia ― escutei Nathalia enxotando a Bruna e eu não queria saber de mais
nada. Ela passou ao nosso lado e eu sussurrei no cabelo da minha garota:
—Senti sua falta. Senti muito ― ela me soltou. Latejavam minhas costelas, mas eu não estava
ligando. Minha mão passou em seu rosto e ela fechou os olhos. Uma lágrima desceu e eu beijei,
seguindo até sua boca. Ela recuou um pouco e abriu os olhos.
—Porra, seu idiota, eu achei que você... eu achei... ― fechei a distância novamente e segurei
seu rosto.
―Shhh... Tudo bem, meu amor, eu estou bem. Acabei de ter alta. — deu um pequeno sorriso.
—Está de alta? ― olhou em volta. Refleti seu gesto e notei que Nathalia tinha saído,
provavelmente quando Bruna saiu.
—Sim. Vem pra minha casa, cuida de mim...?― pedi e ela me olhou, séria.
—Você ainda não resolveu as coisas, não é? ― apesar da dor, respirei fundo.
—Não deu ainda ― revirou os olhos. Ela era dura na queda, era a minha Lú.
—Pois bem, ainda estou esperando me provar ― e, tendo dito, foi embora. Não seria Lú se
fosse fácil, e era por isso que eu amava tanto minha pimentinha.
Capítulo 26
Lú
Quase tive um treco vendo o Edu encolhido de dor e aquela vaca ali. Contive-me para não
arrastá-la pelos cabelos. Quando os olhos dele pousaram em mim, agradeci mentalmente a tudo que
eu conhecia. A sensação de alívio me inundou profundamente. Ele estava vivo!
Veio até mim e me envolveu. Estava tão frágil que me soou irônico, quando tudo que eu queria
era dar uns tapas nele por ter me feito passar aquele susto. Quando me disse que estava de alta, eu
soube que ele estava, apesar de tudo, bem e podia muito bem arrumar a bagunça da vida dele. Eu não
me deixaria levar pelo Edu doentinho. Tudo bem, era o que eu mais queria... Mas aí já sabe, viraria
aquele círculo vicioso, e eu era garota de palavra. “Chega de rolo. Vaca Bruna fora ou nada feito”.
Passei por Vivi, que se levantou do banco do corredor e me seguiu.
—Como assim? Estamos indo? E o Edu?
—Pronto pra outra ― ela riu.
—Você é fogo, Lú ― ele me amava, só restavam as provas.
—Aprenda, Vivi. Nunca ceda aos caprichos de um homem.
—Mas isso não foi um capricho, foi um acidente.
—Que seja, tá valendo a dica.
Seguimos até o estacionamento e entramos no carro. Vivi ligou e começou a dar ré. Um
barulho no capô e Vivi freou. Olhei para frente e lá estava ela... Bruna. Um sorriso lento se espalhou
no meu rosto.
—Me espera aí, Vivi ― desci do carro. Sem um segundo pensamento, fui direto dando um tapa
na cara dela. Foi bem em câmera lenta, seu rosto foi e voltou e ela colocou a mão, me encarando em
seguida de olhos arregalados.
—Vou te deixar compatível com o seu namoradinho ― esbofeteei o outro lado. Escutei um
"Vai, Lú!" vindo do carro. O que dizem? Gravidez não é doença... Deve valer surras também.
Bruna se endireitou e eu sorri. Aquele sorriso de maldade pura. Eu ia acabar com ela. Seu
rosto empalideceu de medo... Vivi segurou minha mão, que estava pronta para um soco.
—Acho que tá bom, Lú ― falou no meu ouvido. ― Pensa, amiga... Ela pode dizer que perdeu
o bebê por culpa sua, ou pior... Confia em mim, logo você vai poder terminar isso ― olhei-a e vi
pelo canto de olho a vaca sorrir. Desgraçada. Vivi também viu e desceu uma mão na cara dela, sem
aviso. A criatura era uma mosca morta.
—Arrebenta, Lú ― saiu da frente. Olhei para o lado e as duas acompanharam meu olhar. Um
segurança do hospital estava chegando. Controlei-me e a coisinha medrosa fez o que eu sabia que
faria: correu até o homem, que estava com um rádio na mão.
—Por favor, chame a polícia! Eu fui agredida, ela tentou me matar e estou grávida! ― disse,
chorando, e o segurança olhou para mim e Vivi. Ódio. Eles vieram até nós.
—Precisam me acompanhar, senhoritas ― abri a boca, e antes de responder, aquela voz
deliciosa se pronunciou atrás de mim. Mesmo sem a voz, eu saberia que ele estava chegando. Nem
pergunta... eu saberia.
—Está tudo bem. Desculpe o incômodo, foi só um mal entendido. Estão comigo ― parou ao
meu lado, com Nathalia, que se pronunciou sedutoramente para o segurança. Ele babava nela, era
nítido.
—Bruna está brincando. Não é, querida? ― ela disse e encarou a Bruna - assim como o
segurança, que parecia um dois de paus e não dizia nada.
—Sim, eu acho que sim ― a sonsa concordou rápido, o que me assustou. Entendi que ela tinha
medo da Nathalia. Boa.
—Tudo bem, então. Por favor, tenho mais o que fazer ― o cara disse, mal-humorado, e saiu.
Nathalia piscou para ele antes que se virasse. A garota era das minhas.
—Eduardo, essa selvagem louca me atacou e você fica ao lado dela! Eu quase perdi o bebê
por causa dela, e agora de novo... ― Edu a calou erguendo uma mão.
—Merecia muito mais. E nunca mais se refira a ela dessa forma. Aliás, temos um assunto a
tratar ― meu coração palpitou de ciúme. Eu sei, era idiota da minha parte, afinal, era isso que eu
queria que ele fizesse, mas, de boa, não na minha frente. Puxei Vivi e saí andando até o carro. Senti a
mão dele me segurar. Aquilo estava um circo. Virei-me pra ele, que me segurou com o braço livre e
me deu um beijo delicioso. E eu deixei, só para acabar com a nojenta. Ele me soltou e disse, no meu
ouvido:
—Vou te conquistar quantas vezes for preciso. Vou te dar tudo, gatinha ― me encarava com
aqueles olhos lindos faiscando nos meus e, porra, eu tive que me segurar, senão soltaria um “own” .
Ele já tinha me conquistado, só não precisava saber... Por enquanto.
—Tchau, Edu. Cuide-se ― dei um beijo no rosto dele e saí. Entrei no carro e, enquanto Vivi
deu a volta para pegar a saída do estacionamento, olhei uma última vez e ele estava lá... Observando-
me enquanto Nathalia mantinha a porta do carro aberta pra ele.
Acenou de longe e sorriu. Virei o rosto, e eu sabia que isso o faria sorrir mais largo.
Pimentinha estava ardida. “Vamos ver se o paladar dele é forte o suficiente”.
Capítulo 27
Edu
Confesso que estava ficando um pouco preocupado, estava achando que eu tinha voltado ao
zero com ela. Porém, quando me deixou beijá-la, eu sabia... ela ainda era minha, só precisava
aceitar. E eu... Bem, eu precisava ser merecedor. Porra, ela estava muito sexy daquele jeito bravo
atacando a Bruna. Queria dizer que podia terminar o trabalho, eu estava fervendo de raiva da mulher
que me enganou por anos e continuava me enganando. Graças a Nathalia e às amigas da Lú, que se
juntaram sem que nós, eu e minha gatinha soubéssemos, eu havia acabado de descobrir... Bruna não
estava grávida coisa nenhuma.
Os conhecimentos da minha irmã, como advogada e a lábia das amigas da Lú, não conheciam
limites. Descobriram inclusive que ela pagou para arrumarem um exame falso. Estava radiante por
isso, mas também estava me sentindo louco de pura raiva. Sentia-me um idiota. Nathalia me ajudou
com as coisas e foi embora. Havia combinado com Bruna que viesse seguindo o carro e subisse.
Nathalia se despediu e deu um sorriso largo pra Bruna, que entrava naquele instante. Minha irmã
estava mais que contente; como já mencionei, ela odiava Bruna.
—Eduardo, eu estou um pouco enjoada e cansada. Será que eu poderia passar a noite aqui? ―
aquela ladainha estava me dando dor de cabeça. Lentamente saboreando o momento que viria, o
momento em que eu despacharia para sempre aquela situação da minha vida, me levantei e andei até
ela, que estava parada de pé ao lado do sofá.
—Sabe o que mais me surpreende? ― comecei com um tom enganosamente amigável. Ela me
conhecia um pouco, sabia que não seria bom.
—Eu queria me acertar com você, Dú. Podemos tentar levar numa boa... Pela criança,
deveríamos tentar ― eu sorri. Na verdade, eu gargalhei. Me arrependi, porque as costelas
protestaram.
—Sabe, você me surpreende ainda mais. Eu não consigo deixar de me assustar com a sua cara
de pau, Bruna ― me olhava com expressão de confusão, mas eu a conhecia. Era nítido, era a mesma
que fazia todas as vezes que eu perguntava algo que não podia responder com a verdade. Aproximei-
me do seu rosto. Queria brincar com ela, como fez comigo. Fechou os olhos. Respirava pesado. Falei
baixinho, bem de perto. ― Sabe, Bruna, eu não entendo como consegui ficar com você esses anos
todos e como pude sequer cogitar passar minha vida com você. ― Me endireitei e ela abriu os olhos.
Estavam chocados. Petrificada. ― Você é daquele tipo de mulher que não tem capacidade de ser
feliz, e não consegue entender o que significa a palavra “compromisso”.
—E aquela pirralha sabe?
― Cala a sua boca, sua maldita ― aquilo a chocou mais ainda. Seus olhos diziam que estava
sem rumo... era bom, excelente. Quero te lembrar que essa pirralha, a que você se refere, é muito
mais mulher do que você jamais será, e sabe por que? Porque ela sabe ser honesta com os
sentimentos dela. Porque é verdadeira, porque ela é tudo o que eu preciso. E antes que diga algo
estúpido que me faça perder a paciência, ela é a mulher mais incrivelmente sexy, gostosa, quente e
que mais me deu prazer em toda minha vida... E mesmo que isso não te diga respeito, eu nunca vou
sentir nada do que eu sinto por aquela menina por mais ninguém. E, pra não ser injusto, eu tenho que
dizer. ― Agora, ela já estava querendo chorar... isso me dava mais raiva. ― Bruna, você é uma
manipuladora, mentirosa e asquerosa. Eu tenho nojo de você.
Ela se sentou no sofá, chorando com as mãos no rosto. Parei ao lado dela.
—Saia da minha frente e nunca mais me procure. ― Ela tirou as mãos do rosto e tentou me
abraçar. Me afastei rápido, e aquilo doeu.
—Pelo amor de Deus! E o bebê?
—Bebê? Você é burra ou o que? Eu descobri tudo, sua mentirosa. Sai da minha vida! ― gritei
e ela estremeceu. Pela primeira vez, foi inteligente. Sabia que eu estava no limite... A porta bateu e
eu ainda estava com os olhos fechados, respirando pelo nariz. Aos poucos, fui me recompondo. Eu
precisava me recuperar, precisava travar minha próxima batalha. A batalha pelo coração da minha
Pimentinha.
Capítulo 28
Lú
—Lú, acorda! ― me virei e olhei pra ela. Estava com um sorriso imenso no rosto. Sentei,
esfregando os olhos.
—O que foi, mãe? ― peguei meu celular e eram 8:05. “Putz, quem sorri a essa hora?”
—Levanta, tem uma coisa pra você na sala. Nossa, que coisa linda! Vem logo! ― ela disse,
saindo, e eu a segui, curiosa. Meu cabelo estava todo embolado, e eu estava usando um pijama rosa.
Para tudo! Agora entendi porque minha mãe estava no céu... Flores. Muitas flores. Buquês de rosas
brancas, vermelhas, amarelas, rosas... margaridas e girassóis lindos. Como ele sabia que eu amava
girassóis? Todas espalhadas pela sala, e, na mesinha de centro, uma caixa branca grande e retangular
envolta numa fita dourada brilhantemente incrementada com um laço, e outra do tamanho de sapatos,
também com uma fita e laço ― e com um girassol em cima. Corri até elas para abri-las, com o
coração na boca e minha mãe na espreita. Clarice estava em um dos sofás, com a mão no peito e
visivelmente emocionada. Pisquei pra ela e me ajoelhei diante da caixa. Ah, Edu, Edu...
Abri a fita e tirei a tampa da branca maior. Tirei de lá, dobradinho, um vestido curto azul
turquesa, estilo boneca. Era justo, pelo que dava pra ver, até a cintura, e solto na saia. Lindo! Lindo!
Lindo! Fiquei olhando igual uma boba e corri para abrir a outra caixa: um salto do estilo “me foda
gostoso”, de oncinha! Eu nunca liguei para aquilo, mas era demais. Me juntei à minha mãe e Clarice
nos gritinhos de puro deleite feminino, e um rapaz com um uniforme e chapéu pigarreou da porta.
Olhei. Minha mãe levantou em um salto.
—Oh, eu tinha esquecido. Entra, moço ― fiquei olhando ele se aproximar, com uma caixa
menor e um cartão em cima dela.
—Senhorita, devo entregar em mãos e colher sua assinatura ― ele disse e eu pisquei.
Levantei-me, sentindo como naqueles livros de romances onde o homem é um CEO e move o céu e a
terra para a mocinha sem sal se surpreender. Amei! Assinei o contrato “Christian Grey”...
—Tudo bem ― peguei a caixa pequena e coloquei junto com as coisas, na mesinha. Fui
pulando assinar. ― Onde assino? ― Ele me indicou. Logo em seguida, me entregou um origami azul
da cor do vestido, em forma de coração. Lindo. Pisquei pra ele. “Será que se eu o sacudir cai mais
coisas?”. Ele se despediu e foi embora.
Sentei no sofá, entre minha mãe e Clarice, e abri aquela caixa. Um lindo conjunto de colar e
brincos me aguardava. O colar, simples e com uma pedrinha no centro igual às dos brincos, brilhava
tanto... Culpei o brilho pelas lágrimas que desciam como loucas pelo meu rosto. O que isso queria
dizer?
—Abre o coração! ― Clarice exclamou e eu peguei o negócio. Abri, com as mãos tremendo.
Estava me sentindo uma princesa. Meus olhos estavam embaçados das lágrimas, e tive que passar a
mão no rosto pra enxergar melhor.
Lú,
Eu não sei viver sem você. Você conquistou tudo o que eu sou e tudo o que eu quero me
tornar ao seu lado. Devolve o meu sol, me dá uma chance de te conquistar.
Hoje à noite, você será minha princesa. Quero te tratar como merece, te ter a noite inteira e
não te deixar ir.
Te amo, minha pimentinha. Me liga, estarei ansioso para escutara sua voz. Seu... Edu.
—Foda-se!
― Clarice, levanta a bunda e me ajuda ― peguei as caixas. Minha irmã levantou e recolheu os
sapatos, e eu saí porta a fora.
—Pera aí, onde você vai? ― minha mãe me chamava, atrás de mim e Clarice. Pela primeira
vez, minha irmã estava em sintonia comigo.
—Não arranha que eu te mato ― destravou o carro, abrindo a porta pra eu colocar tudo
dentro. Sorri largo pra ela. Até que, quando queria, não era tão sem noção.
Obrigada! ― peguei as chaves e os sapatos. Dei ré enquanto o portão abria e minha mãe
berrava.
—Cuidado! Louca! Te amo! ― eu sorri mais. Que se fodesse aquele papo de punição, eu não
dava a mínima pra isso, mesmo.
∙∙∙
Parei em frente ao prédio e desci. Corri até o interfone.
—Apartamento 706, por favor.
—Quem é?
—A namorada dele. Estou preparando uma surpresa. Abre, por favor? ― olhei para a câmera
de segurança, em cima da minha cabeça, e fiz aquela carinha de pidona. O portão destravou e eu
corri para pegar tudo no carro. Passei por ele, com as caixas, e ele correu para me acompanhar e
chamar o elevador. Estava quicando por dentro. A excitação era tanta que me deixava zonza. As
portas se abriram e a lembrança de ser fodida no corredor fez tudo melhor, me deixou no ponto que
eu precisava; louca para estar com ele. Apoiei tudo como pude e toquei a campainha. Imaginei que
fosse demorar a abrir, afinal, estava machucado. Poderia estar dormindo, ainda... Droga! Podia ter
ligado antes. Estava amaldiçoando que meu celular não veio quando a ele abriu a porta.
Ele estava lindo usando um short, com seu abdômen e peito expostos. Aquele pacote, ali... Fui
viajando, passando pelos braços e a tatuagem, e olhei seu rosto. Porra, era lindo demais. Estava com
uma cara de quem acabou de acordar... Seus cabelos castanhos estavam bagunçados; seus olhos
azuis, confusos. Mordi o lábio para conter o sorriso. Suas covinhas se instalaram, e eu consegui
dizer:
—Achei que ligar demoraria muito ― as caixas estavam fora dos meus braços em questão de
segundos, quando ele me puxou, ali na porta mesmo e me beijou. Caralho, me beijou! Como senti
falta daquele beijo... Ele me consumia com a boca e me apertava, com as mãos grandes me puxando
pela cintura pra sentir o meu pacote favorito. Liberou minha boca, beijando minha mandíbula até
minha orelha, e me abraçou. Seu suspiro, cheiro e aquela barba por fazer me deixavam louca.
—Você está aqui... Senti tanto sua falta ― ah, como podia ser tão lindo? Eu definitivamente
era uma menininha, sempre que estava nos braços dele.
—Sim, estou ― me afastou e me olhou por alguns segundos, com o rosto sério. Refleti sua
expressão... Estava com dor?
—O que foi? Está doendo? ― apenas balançou a cabeça em negativo.
—O que foi, então?
—Você... ― e suas covinhas se mostraram. ― Eu amo seu cabelo quando acorda, e
definitivamente amei o pijama cor de rosa... Totalmente fodível. ― Caralho, corei. Passei a mão pelo
cabelo. Ali eu entendi a minha mãe... Clarice maldita, podia me falar. Ele me puxou e segurou meu
queixo para olhá-lo. Eu estava impotente com seus olhos e seu cheiro tão perto de mim. Sua voz
rouca soou baixinho:
—Pimentinha, você fica sexy de qualquer jeito. Estou louco para arrancar isso de você ― e,
dito isso, minha calcinha estava em perigo. Sua boca veio suave e sua língua passou por meu lábio
inferior, me pedindo uma passagem. Eu dei... ah, eu daria tudo pra ele. Me beijou, lento e sensual.
Meus seios estavam pesados, loucos pelo toque dele. Me puxou para si, me beijando mais rápido,
nossas línguas duelando. Segurando meu cabelo na parte de trás da minha nuca, me puxou para me
olhar.
—Vamos fechar a porta e ir até o quarto... estava louco pra te dar uma lição agora, mas tudo
que vou poder fazer é deixar você abusar de mim ― uau! Eu acabaria com ele. Sorri de maldade.
Sem soltar minha mão, fechou a porta e colocou as caixas no canto. Estava com pressa. Me pegou no
colo e ouvi um gemido. As costelas...
—Eu posso andar ― não me deixou concluir, me beijou, me calou e saiu andando rápido
comigo até o quarto. Ah, como eu queria estar ali... Colocou-me em cima da cama e, sem demorar
nada, tirou seu short, me mostrando tudo aquilo. Eu não lembrava direito; era bem melhor que minhas
lembranças taradas. Ele sabia que eu gostava. Começou a se acariciar, me observando com uma
expressão safada enquanto subia na cama.
—Gosta do que vê? ― sua voz deixava tudo mais sensual. Eu já estava gemendo. Caralho,
como eu fiquei tanto tempo sem ele?
—Sim, senti falta ― respondi, em um quase sussurro. Seu sorriso de lado com aquela covinha
me deu mais um pouco de desidratação; eu estava ficando molhada. Ajoelhando-se ao meu lado, sua
mão livre levantou minha blusa do pijama e eu tirei pela cabeça. Ele não parava de se tocar, olhando
pra mim. Lambeu os lábios lentamente e começou a beliscar meus mamilos com a mão livre.
—Nossa, adoro eles...
Não demorou naquilo e seguiu para puxar meu short do pijama. O ajudei e puxei junto minha
calcinha. Ouvi ele suspirar. Mas não parava com aquela punheta ao meu lado... Eu estava quase
implorando que viesse em cima de mim. Sua mão livre novamente passou por cima dos meus
pouquíssimos pelos e ele gemeu baixinho.
—Porra... Sonhava com sua boceta loirinha, e ainda com essa marquinha de biquíni. Caralho,
quero te saborear todinha, mas isso vai ficar pra segunda rodada ― moveu-se para o meio das
minhas pernas. Inclinou-se sobre mim e colocou seu pau delicioso na minha entrada sedenta. Não
entrou. Abri os olhos e aquele azul estava quase colado ao meu rosto. O calor do seu peito, seu
hálito, seu cheiro e seu pau na minha entrada molhada, pronto pra me possuir, me levariam à lua... Se
ele falasse com aquela voz rouca, eu estava perdida.
—Estou com saudades disso ― me penetrou, em uma estocada só. Seu gemido fez exatamente
o que eu sabia que aconteceria... O primeiro orgasmo já estava ali, na portinha. Foi só ele sair um
pouquinho, empurrar tudo de novo e gemer no meu ouvido...
—Você já gozou... Caralho, está me apertando ― murmurou, com seu corpo colado enquanto
seu quadril trabalhava freneticamente em mim. Minhas mãos e unhas arrastavam por suas costas.
Sentia seus músculos, e eu estava no melhor lugar do mundo... No domínio do Edu.
Cada vez mais fundo e mais forte, eu podia sentir a pele de suas costas arrepiar. Eu estava
consumida por ele, e estava amando. Queria que ele me bebesse com canudinho... apoiou-se em um
cotovelo e me olhou, sem parar de meter. Caralho, eu estava gemendo e arfando. Sua mãozona livre
segurou meu rosto e ele não parava, me olhava obrigando a encará-lo de volta. Sem uma palavra,
senti-o pulsar, levando-me junto mais uma vez. Estava no paraíso, e achei que era aquela hora em que
desabaria em mim e íamos ficar de boa por algum tempo. Não era à toa que eu ficava tão dolorida;
ele tirou de mim e caiu ao meu lado, me puxando para montar nele.
—Segunda rodada... Estava morrendo de saudades ― disse, com aquelas covinhas em seu
sorriso, e eu me inclinei para beijá-lo. Agora eu mataria minha saudade... Minha língua invadiu sua
boca e engoli seus gemidos. Já sentia aquela piroca perfeita ficando pronta pra mim... liberei sua
boca e desci por seu pescoço. Beijei, lambi e chupei, enquanto ele passeava as mãos por todo lugar
que conseguia em mim. Olhei pra ele. Ele olhou pra mim.
—Menino mau, vou ter que te amarrar? ― sorriu aquele sorriso safado que eu tanto amava e
ergueu as mãos, cruzando elas atrás da cabeça.
—Sou todo seu, gatinha. Me ensina a ser bonzinho ― sorri maliciosamente pra ele e lambi os
lábios. Seu sorriso desapareceu na hora e deu lugar a um “o”. Gemeu quando eu comecei a lamber
por sua barriga, passando por seu umbigo e tomando cuidado para não tocar a lateral do seu corpo,
que ainda estava marcada e devia estar dolorida. Seu pau me cutucava enquanto eu chegava nele.
Ahh, como eu senti falta.
Me ajoelhei entre suas pernas e segurei sua base com as duas mãos. Era tão quente, tão duro...
Fiquei admirando, passando uma mão pra cima e pra baixo, sentindo as veias, o calor e a tensão. Ele
gemia e eu já estava ofegando. Lambi os lábios mais uma vez e levantei o olhar pra ele, enquanto
minha boca se aproximava mais e mais daquela deliciosidade... Ele não aguentou segurar o olhar e
virou a cabeça pra trás no instante que a minha língua tocou sua cabeça inchada.
—Ah, caralho... ― sussurrava. Desci a boca onde pude e suguei. Se tratando de Edu, eu queria
ser a mestre do boquete, acabaria com ele. E eu cumpria minhas promessas...
—Ahh, nossa... ― dizia, enquanto eu retirava a boca devagar passando a língua. Minha mão
estava segurando suas bolas e acariciando enquanto a outra segurava em sua coxa, sentindo a tensão
de seus músculos. Suas mãos se soltaram de sua cabeça e seguraram em meu cabelo. Chupei mais
forte e mais duro enquanto ele acariciava meu cabelo... os barulhos de sucção estavam
enlouquecendo ele. Seus gemidos e palavrões me davam o termômetro que eu precisava. Eu também
gemia enquanto lambia a cabeça, vez ou outra, e ele amaldiçoava, segurando cada vez com mais
força o meu cabelo.
—Porra, eu não vou durar... ― arfava. Eu estava curtindo cada vez mais. Ele puxou meu rosto
e me fez olhá-lo. Suas pupilas estavam brilhando, e sua expressão tão carnal, que eu tinha certeza que
nada seria mais sexy do que aquele olhar.
—Monta em mim, agora ― seu comando soou tão áspero, com a sua voz rouca, que me deixou
mais louca ainda. Obedeci sem pestanejar, com uma mão segurando na sua em apoio e a outra
segurando a base de seu pau enquanto eu me encaixava, pedacinho por pedacinho, escorregando e
empalando-me nele. Os gemidos foram altos e em uníssono.
—Ahhh! ― gritei. Ele serpenteou as duas mãos até minha cintura, me segurando no lugar.
—Shhhh... Quietinha, agora. Está bom demais, deixa eu sentir. ― Suas mãos subiram pela
minha lateral, até fecharem em meus seios. Ele apertava e acariciava, enquanto eu absorvia a
plenitude de estar com ele todo dentro de mim. Eu estava pulsando de tanto tesão. Sutilmente
começou a empurrar o quadril, e eu senti o movimento e comecei a minha dança em cima dele. Não
largava meus seios e eu aumentava meu ritmo, esfregando e cavalgando nele. Porra, aquilo era foda
demais. Inclinei a cabeça um pouco pra trás, sentindo seu corpo tencionar e me apertar, quando ele
sentou e me segurou na parte de trás do meu cabelo. Olhei pra ele. Mesmo restringida, eu continuava
a me impulsionar, com sua boca a centímetros da minha.
—Te amo, pimentinha ― ele sussurrou e eu gemi. — Te desejo ― eu só conseguia gemer...
Era incrível. Cada palavra em contraponto com a nossa dança... sua boca roçou meu ouvido e sua
língua acariciou o lóbulo. E, quando eu achei que seguraria mais um pouco o momento, ele deu o
golpe final.
—Goza comigo ― sussurrou rouco no meu ouvido, com o peito suado e duro colado ao meu,
preenchida de uma forma incrível. Não me restou alternativa... Obedeci.
Capítulo 30
Edu
Ela estava estirada sobre meu peito, dormindo. Minha mão acariciava seus cabelos,
penteando-os com os dedos até as costas e seguia até a base de sua coluna, voltando o processo.
Estava com dor nas costelas e meu ombro incomodava, mas estava me fodendo. Estava feliz
demais... Achei que pudesse amolecê-la com as flores e os presentes, mas acreditava que a teria em
meus braços só depois de muito tempo. Nem acreditava que ligaria... Mas a Lú era única, e nada do
que fazia estava previsto. Era uma das coisas que eu amava nela... Acho que não viveria mais sem
ela, aliás era uma certeza não verbalizada, não quero pressioná-la.
—Edu? ― sem se mexer, e eu sorri. Ela não estava dormindo, não disse? Nada do que se
espera.
—Oi, gatinha.
—Você ainda quer namorar comigo? ― me ajeitei, ficando um pouco de lado, olhando para
ela. Estava sorrindo. E eu sorri de volta, entrando na brincadeira.
—Não sei. Talvez depois que você me conquistar ― tirei uma mecha de cabelo grudado da
testa. Ela cerrou um pouco os olhos e respondeu:
—Posso tentar no banho? ― ri alto e inclinei a cabeça. Ela me mataria. Me recompus, e seus
olhos estavam brilhando. Ela estava falando sério. Sorriu pra mim, e eu me derretia sempre com
aquele sorriso.
—A primeira vez que você sorriu assim na vitrine da loja, eu te xinguei ― confessou.
—Ah, é?
—Porra de sorriso lindo, e ainda com covinhas.
—Gosta das covinhas?
—Eu amo as covinhas ― a encarei, sério. Aproximei-me e dei um beijo no canto de sua boca.
Olhei novamente pra ela.
—E eu amo você. Toda.
—Vamos tomar banho? ― eu já conhecia a minha garota. “Ela me ama... só precisa se
acostumar com a ideia”.
∙∙∙
—O que vamos fazer hoje? ― perguntou, enquanto colocava uma camiseta minha. Eu adorava
vê-la assim; já queria prová-la de novo.
—Por enquanto, nada ― pisquei para ela e coloquei minha boxer. Veio até mim e envolveu os
braços no meu pescoço. Empurrei seu cabelo molhado para trás e comecei a pentear com os dedos.
Estava gostando daquilo.
—Estou morrendo de fome. O que vai fazer sobre isso? ― fingi pensar no assunto.
—Hmm... Que tal eu te preparar o café da manhã enquanto você fica aqui, descansando? E aí
você finge surpresa quando eu trouxer na cama... ― ela me contemplou, como eu fiz entes por alguns
segundos, antes de responder:
—Parece perfeito. Exceto a parte “eu na cama sem você” ― e minha pimentinha me beijou. Eu
juro que adorava foder e fazer amor de todo jeito, mas ela ainda me mataria. Sorri largo quando me
libertou.
—Pimentinha, pimentinha... Você e essa sua boca perigosa... ― dei um beijo rápido na ponta
do seu nariz e a ergui do chão. Suas pernas enrolaram minha cintura. Malditas costelas que ainda
doíam... mas eu não mostraria isso. Segui andando com ela enrolada em mim até a cozinha e a
coloquei na bancada. Beijou-me, daquele jeito que me deixava louco, tive que respirar fundo para me
acalmar e conseguir terminar o que eu fui fazer ali: o café.
Sorri pra ela. Ainda estava na surpresa de tê-la ali... dei um beijo em seu rosto.
—Gatinha, gatinha... Vamos morrer secos se não nos controlarmos ― ela riu alto.
—Se eu estiver seca e enroscada em você, tá tudo bem ― amava as tiradas dela. Virei-me e
abri a geladeira. Peguei geleia, requeijão e morangos para colocar na bancada. Ela estava me
observando de uma forma que me deu arrepios. Fingi não perceber e continuei o que estava fazendo;
liguei a cafeteira e comecei o processo todo. Ela ainda me observava... sentia na pele, aquele olhar.
Virei-me para ela depois que peguei duas xícaras no armário de cima.
—O que foi, gatinha? ― ela suspirou e deu de ombros. Aproximei-me e abri suas pernas para
ficar no meio. Segurei seu rosto com uma mão e sua coxa com a outra. Ela ficou ereta, se empinando
pra frente... Lú era tão fácil de conduzir. Amava isso. Olhei dentro daqueles olhos verdes-esmeralda,
e ela me encarava de volta. Seu sorriso aos poucos puxou os lábios, e a curiosidade estava me
matando.
—O que foi, meu amor? ― perguntei e ouvi outro suspiro. Passei a mão em seu rosto lindo.
Ela segurou e beijou a palma. Segurou minha mão em seu colo e falou:
—Edu, ainda me assusto com meus sentimentos por você ― começou. Eu era todo atenção,
acho que não pisquei. ― Eu nunca vivi algo assim... Eu nunca me senti tão presa e necessitada de
alguém como me sinto com você. Eu durmo e acordo pensando em você...― suspirou. Sorri largo pra
ela. Meus olhos brilhavam... aquilo estava meio invertido, mas foda-se. Com ela, nada era comum.
Segurei seu rosto com carinho e aproximei meus lábios dos seus. Dei um beijo casto e sussurrei pra
ela:
—Tenho todo o tempo do mundo pra você. Vou esperar se acostumar...― E então ela me
beijou. O café esperou mais um pouco... Adorei batizar o balcão, com minha pimentinha me dando
tudo o que ela tinha... E era perfeita nisso.
∙∙∙
Ficamos enroscados no sofá um bom tempo, assistindo uns clipes. Conversamos sobre muitas
coisas; foi uma surpresa saber que ela dirigia, me disse que havia ido no carro da irmã. Fiz uma nota
daquilo... Ideias surgiam na minha cabeça. Ela ouvia das minhas viagens e de como eu amava motos.
Disse que queria aprender pilotar, não sei bem se estava de acordo com isso. Mas ela me calou com
um beijo, e, quando minhas mãos começaram a passear dentro da camiseta que vestia, segurando em
seus seios, ela fez o mesmo e agarrou meu amigo por cima da minha cueca. Ah, pimentinha... Eu e
você éramos perfeitos juntos. Sorri pra ela. Estava duro, mas queria conversar mais... Ela protestou e
se acalmou aos poucos.
Escutei que sonhava em fazer faculdade de Filosofia e olhei intrigado pra ela.
—Eu sei. Nada a ver comigo, né? Na verdade, queria fazer Marketing, mas aí conheci você e...
― a interrompi.
—Como assim? Minha culpa? ― ela deu de ombros.
—Ando muito menininha agora, e acho que gosto desses lances de refletir ― disse, sorrindo, e
piscou. Gargalhei, e isso me cobrou um preço; senti aquela pontada chata e meu rosto demonstrou.
Ela deu um salto do sofá.
—Te machuquei? Cadê seus remédios? ― me olhava tão preocupada e tão atrapalhada que eu
só consegui ficar como um bobo encarando seu rosto.
—Fala, criatura! ― ela disse, exasperada, e eu abri um sorriso.
—Não foi nada. Deita aqui de novo ― relaxou um pouco e se aninhou novamente. Ficamos em
silêncio vendo o clipe da música “Never Gonna Be Alone”, do Nickelback. Era bem bonito, o pai
com a filha... Minha vez de suspirar. Eu queria um futuro com ela, com direito a filhos e tudo isso.
Mas, com ela, eu tinha que calcular o próximo passo para não assustá-la. Virou-se pra me olhar.
—O que foi?
—Estava aqui pensando... Ainda tem o presente que compramos para os seus avós, certo? ―
me olhou, franzindo e depois ficando com a cara de espanto.
—É hoje! Caralho! Esqueci! Fodeu, Edu! ― começou a falar e eu ri.
—Porque tá rindo? Não é engraçado, e a... ― parou e sorriu também.
—Gostou do presente? ― me inclinei sobre ela. Ela balançou a cabeça afirmativamente. Falei
bem perto de seu ouvido ― Estou louco para usufruir daquele vestido.
—Estou louca para ser usufruída.
—Pimentinha... o que eu quero fazer com você? ― disse, pensando em coisas que envolviam
nosso futuro... Mas no momento eu a deixaria pensar no presente.
∙∙∙
Deslumbrante. Foi tudo que eu consegui pensar quando apareceu pronta na sala. Ela sorriu,
corando, e eu literalmente estava boquiaberto diante dela.
—Uau! ― consegui dizer, e ela deu uma voltinha. Aproximei-me e segurei suas mãos em suas
costas, dando um beijo no canto de sua boca. Senti o perfume. A noite era nossa. Rocei seu ouvido e
toquei com a ponta da língua o lóbulo da orelha. Senti seu corpo arquear pra mim.
—Melhor irmos... eu estou louco pra te tirar desse vestido ― sussurrei, do jeito que eu sabia
que ela gostava. Com o salto, me abaixei quando fez menção de falar no meu ouvido. Mordi o lábio
com suas palavras
—Quero arrancar suas roupas com os dentes ― me provocou. Afastei-me para olhá-la. Aquela
cara de safada que fazia me deixava duro. Sorri com malícia.
—Hora de ir, gatinha. Senão, não vamos sair ― coloquei sua mão na minha ereção. Suspirou e
apertou. Minha garota... com muita força de vontade a detive.
—Vamos.
—Claro ― passou na minha frente. Pimentinha, acabaria comigo na festa. Esperava ter o
mesmo efeito sobre ela... Fiquei nervoso pensando no que faria. “Espero que ela não surte”.
Seguiu no carro da Clarice e eu a segui de perto na minha picape. Não insisti em outra
maneira, pois precisava confirmar umas coisas. Liguei primeiro para Vivi.
—Edu! ― ela praticamente berrou no telefone. Ela conhecia a amiga e estava na mesma pilha
que eu; não estava surtando sozinho.
—Estamos indo. Preciso que a segure no estacionamento, como combinamos.
—Ok, tudo bem. Já estou aqui... Achei que tivesse desistido.
—Fala pra ele que a Lú vai adorar! ― a voz de Flávia ecoou. Ouvi o suspiro de Vivi.
—Ele já escutou. Edu, boa sorte. Nathalia também está a postos, assim como todos.
—Ok. Obrigado por isso... Vou fazer sua amiga a mulher mais feliz do mundo.
Eu sei, eu sei. Céus, que melação. Tchau, Edu ― desligou e eu sorri. Estávamos perto... muito
perto. Por ela, eu faria tudo.
Capítulo 31
Lú
Seguimos; eu no carro da Clarice, e Edu naquela picape dele que o deixava tão comestível
quanto na moto. Nossa, ele estava lindo com aquela camisa preta em contraste com a cor de seus
olhos e aquela calça jeans escura... E o olhar dele, quando me viu produzida... Valeu cada segundo
fazendo meus cabelos ficarem esvoaçantes à La Giselle. Estava nervosa. Meus avós e família o
conheceriam, e como meu namorado. Virei à esquina e entrei no estacionamento do salão de festas.
Achei, até mais cedo, que seria um jantar na casa dos meus avós, mas minha mãe, exagerada como
era, me disse que transferiram tudo pra um salão. Já estava imaginando o circo armado lá dentro.
Como arrumaram tudo em tão pouco tempo? Eu conhecia minha mãe, não precisava de respostas.
Parei em uma vaga, e Edu, três depois de mim. Saiu, com o celular na mão e uma expressão
séria no rosto. Gelei. Minha cara disse tudo, não suportaria merdas novamente. Sorriu pra mim e
gesticulou “emergência de trabalho”. Atendeu e se afastou um pouco. Estranho.
—Lú! ― escutei o grito da Flávia e me virei. Apressei-me em alcançá-la. Flávia de com a
expressão amarrada não podia ser boa coisa.
—O que foi? Que cara é essa?
—Vamos no banheiro aqui da entrada, Vivi está lá ― a menção e o tom me tomaram de
preocupação. Que porra tava acontecendo? Virei-me para a direção do Edu e ele assentiu, com o
telefone ainda no ouvido. “Deve ter percebido a expressão da Flá”.
—O que aconteceu com ela? Não me esconde nada.
—Ela e o Felipe terminaram ― Oh, merda! Vivi era o meio termo. Não era melosa, mas
demonstrava aos quatro ventos que Felipe era a vida dela e ela a dele. Me apressei... devia estar
arrasada.
Entrei correndo no banheiro, e ela estava em uma cabine fechada.
—Abre pra mim! ― pedi, do outro lado. Flávia estava inquieta da porta. Mas que merda,
precisava dela ali... Não dei muita atenção. Voltei a pedir.
—Vivi, conversa comigo!
—Vai embora! ― gritou, chorosa.
—Sabe que eu não vou. Anda, abre isso!
—Não posso.
—Abre essa porra! ― já estava me irritando. O celular da Flávia apitou. Caralho, daria uns
tapas nela. Ela foi até o meu lado e sorriu.
—Felipe quer te ver, Vivi! ― disse, contra a porta. Sorri também. “Seja o que for que tenha
acontecido, sei que vai ter jeito”. Aqueles dois morreriam juntos. Pensei no Edu... Acho que queria
morrer com ele também. A porta da cabine abriu. Vivi me abraçou forte e disse, no meu ouvido:
—Eu te amo, amiga ― ferrou. Era a ressaca da fossa. Sorri, e Flávia abraçou nós duas no
banheiro.
—Ah, eu também! ― exclamou e gargalhamos.
—Legal... Também amo vocês, loucas. Agora, vamos. Parece que tem alguém ansioso pra te
ver ― pisquei pra Vivi.
—Não imagina o quanto. Acho que vou chorar ― Flávia disse e Vivi deu um cutucão nela. Ah,
minhas amigas...
—Preciso falar com o Edu.
—Manda mensagem. Aposto que ele acha a gente ― Vivi disse e eu concordei.
Passamos por um caminho com arcos, de onde pendiam luzes, em forma de estrelas e
corações. Era lindo e romântico. Uau, dona Cristina se superou. Escutei os suspiros das meninas. Era
inevitável, suspirei também. Paramos diante de portas duplas ladeadas por vasos imensos com
girassóis. Minhas flores preferidas... Senti um calorzinho em lembrar das flores daquele dia de
manhã. Vivi se adiantou, abrindo um lado e nos dando passagem. Entrei na antes sala do grande salão
e olhei, chocada, para aquilo tudo. Balões prateados e dourados, com fitas longas de cetim, pairavam
acima no teto rebaixado. Cada uma com um rolinho de papel preso... Genial. “Minha mãe podia
trabalhar com isso”. Peguei um dos rolinhos e li:
Para tudo! Eu achava brega lá no começo de tudo, mas saber que meu avô usava isso me fez
rir. Peguei outro.
“Gosto de cachorros.”
Sorri.
Passei a mão na barriga imensa. Estava chegando a hora, estava ansiosa e animada.
― Filha! Você precisa pensar no seu corpo quando o bebê sair! ― minha mãe entrou na sala,
com aquela ladainha. Dona Cristina Serrano era a vaidade em pessoa, sem descontos ― não pega
leve nem com grávidas. Clarice olhou pra mim e sorriu. Ela entendia, e estava se fodendo pra tudo
aquilo. Eu fiz como ela, sorri e revirei os olhos.
—Ela chutou! ― eu disse, maravilhada, ainda alisando a barriga. Caramba, estava muito
emocionada... Eu seria tia da Beatriz! Clarice estava imensa; apesar de ter se casado com um
ginecologista obstetra, a bichinha comia demais e não estava nem aí para as dietas. “Casa de
ferreiro, espeto de pau”, como dizia o meu amado pai Alfredo.
— Ela chuta o tempo todo, Lú ― diminuiu o momento. Eu nem liguei, estava curtindo.
Pausa. Só um segundo... Você achou que era eu nessa cena, certo? Bom, ainda não chegamos
nesse estágio. Sabe como é, ainda tinha 20 anos e uma vida de coisas pela frente. Não se assuste, eu
e Edu estávamos muito bem, obrigada. Nossa relação acabara de entrar em um novo nível. Ele era o
meu patrão, desde a semana anterior. Aquele papo de faculdade de Filosofia não rendeu em nada;
parti para administração, e agora eu era a secretária estagiária de um Engenheiro fodidamente sexy.
Falando nele...
—Já guardei tudo, amor. Vamos? ― entrou na sala, lindo, com aqueles jeans escuros e uma
camiseta branca com seus óculos aviador preso na gola. Olhou pra mim, e meus olhos brilhando ao
lado de Clarice, o fizeram sorrir. Eu sabia que Edu era um cara para o futuro... Aquele tipo que
queria cerquinha e filhos correndo no quintal. E o amava mais ainda por respeitar e entender que um
dia eu chegaria lá também. Estava ansiosa pelo final de semana na casa de praia dele, queria dar um
presente de aniversário inesquecível para o meu amor...
—Tudo bem, vamos ― me levantei dando um beijo em Clarice e outro em minha mãe. Edu foi
até elas e se abaixou em frente à minha irmã.
—Posso? ― ele perguntou, estendendo a mão. Clarice acenou positivamente, e minha mãe
suspirava ao lado. Edu tocou a barriga dela e disse, baixinho:
—Por favor, não chegue antes do titio e da titia voltarem. Quero te conhecer assim que chegar.
Vai ser a princesinha do tio ― tirou a mão e se levantou, dando um beijo na testa da minha irmã. ―
Fica bem, cunhada. ― Clarice sorriu. Sorri, também, e minha mãe disfarçadamente piscou pra mim.
Ela sabia do meu presente.
—Pode deixar.
Seguimos até o meu A3 vermelho e lindo. Nada dessa porra de modelo submissa, só era legal.
Presente de um ano de namoro do Edu... Batizamos no mesmo dia, demais! Entrei no banco do
motorista e recebi uma mensagem de Vivi.
“TUDO CERTO, AMIGA”.
Minhas amigas eram mesmo incríveis. Vivi estava noiva do Felipe e Flávia estava namorando
há dez meses um japonês. Zoamos muito ela quando nos apresentou o Alexandre... sabe como é...
Reza a lenda...
Mas, segundo ela, não tinha nada de lenda e o moço mandava muito bem no quesito importante.
Uma novidade era que agora éramos um quarteto. Nathalia não desgrudava da gente, estava ficando
com um gringo que estava de férias por lá. Amava minha cunhadinha, tinha dedo dela na minha
surpresa também.
—Então, gatinha... Pronta pra se render a mim pelo final de semana inteiro? ― aquelas
covinhas me arrancaram do meu devaneio. Eu guardei o celular e liguei o carro.
—Prontíssima, meu lindo ― pisquei pra ele e arranquei.
∙∙∙
Parei devagar em frente à casa. Edu olhou pra fora e pra mim, confuso.
—O que é isso? ― dei de ombros. Um sorriso lentamente se espalhou em seu rosto. ―
Adorei, pimentinha! Lindo! ― saí do carro, e ele também. Me agarrou e me beijou, antes que eu
pudesse sair de perto do veículo.
—Te amo, gatinha! Adorei o presente. ― Sorri largo. Aquilo não era nem o começo.
—Tem mais ― me afastei, segurando a mão dele e seguindo pelo caminho de rosas que
planejei até a porta. Edu era todo sorrisos. Eu sei, aquilo era brega, mas eu já não ligava. Meu amor
merecia tudo aquilo e mais... e eu daria pra ele.
Chegamos à porta e eu destranquei, deixando-o entrar. A sala estava cheia de balões de ar em
forma de corações, pendendo do teto com fitas, igual fez comigo no aniversário de casamento dos
meus avós. Porém, ao invés de bilhetes, as fitas prendiam fotos nossas. Na praia, no Chile, na cama,
ele dormindo... olhou pra mim quando viu aquela. Dei de ombros outra vez. Ele era lindo de todo
jeito. A trilha de balões ia até a porta de correr da varanda, que tinha um cartaz de “me abre”. De
costas pra mim, ele seguiu passando a mão em cada foto. Vi uma mão passar pelo seu rosto... Estava
emocionado. Eu já estava muito mais. Passei por ele e segurei seu lindo rosto antes que ele abrisse a
porta. Uma lágrima desceu, chegando à minha mão. Meu Deus, como era lindo.
―Eu te amo tanto, Edu... Quero que saiba que você é a minha vida, e eu nunca tive tanta
certeza de nada tanto quanto tenho agora. ― Seus olhos azuis me encaravam. Ele estava mudo. Sorria
e beijava meu rosto, meu cabelo... Me abraçou apertado.
― Nunca duvidei disso, gatinha ― morri contra o peito dele. Forcei-me fora do seu abraço e,
impaciente, abri a porta por ele e o conduzi até o corrimão de madeira. Prendi a respiração enquanto
ele lia, na areia, o seu presente de aniversário escrito com rosas vermelhas.
“Casa comigo?”
Virou-se para me olhar, atônito, e eu me ajoelhei diante dele. Um sorriso lindo se formou
naquela boca, mostrando as covinhas que me conquistaram pra sempre. Tão lindo...
Tirei a caixinha vermelha do meu bolso. Deu aquela gargalhada gostosa dele e eu pisquei.
Estendendo pra ele igual aqueles príncipes, eu dei o passo:
— Eu sei que te fiz esperar demais. Não houve um momento em que eu tivesse dúvida de que
era você o homem da minha vida, mas eu precisava apenas... você sabe... ― sorriu, balançou a
cabeça em positivo. Continuei, antes que eu desmaiasse de nervoso. ― Quero acordar com você
todos os dias da minha vida. Quero nadar pelada daqui há 50 anos em uma praia com você. Quero ter
filhos seus e aprender a cozinhar pra você. Quero ser tudo na sua vida, assim como você é na minha.
― Levantei. Estava doendo o joelho, já. Ele me ajudou. Coloquei um dedo em sua boca, antes que
falasse, e abri a caixa. Coloquei a aliança grossa de ouro branco no dedo dele. Beijei o anel, e eu
nunca vi um homem chorar tanto. Céus! Chorava mais que eu... E eu o amava por ser assim.
— Eduardo Lucena, casa comigo? ― ele sorriu e levantou a mão, mostrando-me o anel.
—Acho que não posso mais fugir, certo? ― ele me beijou, com necessidade e euforia. Me
encostou no corrimão e puxou meu vestido rápido pela cabeça. Estava com pressa, e eu também.
Desabotoou sua calça e, pra coroar, rasgou minha calcinha. Levantou-me, amassando minha bunda, e
me apoiou no corrimão. Penetrou-me. Parou ali, naquele instante, e me olhou. Extasiada por estar tão
completa, o olhei também.
—Aceito ― finalmente respondeu, e começou a estocar e gemer no meu ouvido, sussurrando
palavras que me enlouqueciam. Puxei seu cabelo... A mão dele que segurava minha bunda apertou
forte, e continuamos assim até que chegamos ao orgasmo juntos. Segurou-me em seu colo, sem sair de
mim, e retornou para a sala. Aquilo me trazia lembranças... Íamos sempre ser assim, não tinha
dúvidas...
Edu era todos os meus amores e mais um pouco. Edu era o amor da Lú.
Bônus Edu
Dias atuais
Ainda não acredito que finalmente estou aqui, de pé, embaixo desse arco de girassóis, na beira
do mar ao pôr do sol, tendo a visão mais linda que meus olhos já viram. Minha pimentinha está
magnífica vindo até mim, descalça, margaridas nos cabelos e um vestido levemente solto, revelando
um pouco de suas lindas pernas. Ela sorri pra mim, seus seios marcados pelo modelo tomara que
caia, revelando o colo bronzeado e incrivelmente sexy. Ela está parecida com o sol: gloriosa e
única. Meus olhos não saem dos seus. Ela desvia de mim só para olhar de relance para o seu
Alfredo, que tem um sorriso estampado no rosto enquanto guia minha gatinha até aqui. Como eu amo
essa mulher e, quando eu achei que não podia amar mais, ela me surpreendeu com aquele pedido de
casamento. “Filho da puta sortudo”. Meu sorriso pode partir meu rosto em dois.
— Cuide bem dela ― seu Alfredo diz enquanto aperto sua mão.
— Sempre ― respondo e ele se afasta. Porra, minha voz está falhando. Olho para ela e pego
sua mão estendida, erguendo até minha boca e dando um beijo. Seus olhos brilham e eu a puxo ao
meu lado. O homem que fala de amor e coisas mais tem sua boca movendo, mas eu não ouço nada, só
consigo olhar para ela...
— Sr. Eduardo?! Eduardo! ― Olho pra frente, ainda sorrindo.
Ouço a risadinha do meu lado. Ah, pimentinha...
— Sim ― respondo e o coroa ergue uma sobrancelha. Ah, sim, claro. Viro-me para ela e
respiro fundo antes de começar ― Luciana... Eu prometo te amar e respeitar até o fim dos meus dias
neste mundo. Prometo segurar sua mão em qualquer circunstância, na doença e na saúde. Prometo
manter seu sol brilhando, prometo te adorar de todas as maneiras que eu puder e, mais, vou fazer
valer a pena cada dia, hora, minuto e segundo da sua vida.
Paro e pego a aliança que Vivi estende pra mim.
— Sou seu desde o dia que meus olhos focaram em você naquela vitrine. Aceita ser minha
para amar e proteger até o infinito? ― termino os votos que fiz para ela e, com as mãos trêmulas,
deslizo a aliança em seu dedo anelar esquerdo. Sem chance de deixá-la escapar. Ela sorri mais que
eu. Linda de tudo, seus olhos verdes lacrimejam e ela dá uma pequena fungada antes de responder:
— Aceito, gatinho ― ela diz e ouço os sons de sorrisos e um “Viva!”, que só pode ser da
Flávia. Sorrimos nos olhando e ela começa os votos que fez. Estou ansioso para escutar. Meu
coração parece que vai voar do meu peito.
—Eduardo, dono do sorriso com as covinhas mais lindas que eu já vi, prometo te amar e
cuidar do seu coração até meu último suspiro. Prometo estar lá para você na saúde e na doença,
prometo ser aquela que irá segurar a sua mão em qualquer tempo. Prometo ser sua “menininha” e sua
mulher. Prometo dizer “te amo” sempre que me der vontade e isso será com frequência. Prometo te
respeitar em todos os momentos e te enlouquecer nos melhores ― pisca pra mim... dou uma risada e
ela pega a aliança da mão de Vivi. ― Aceita ser meu marido? — diz, olhando-me daquele jeito que
só ela pode. Perfeita.
—É claro, gatinha ― minha voz um pouco embargada, não há nada que quisesse mais no
mundo do que tê-la oficialmente minha.
—Pode beijar a noiva ― o coroa diz e ela segura a minha camisa, puxando-me e me dando
aquele beijo de tirar o ar. Seu sorriso triunfante reflete o meu.
—Senhoras e Senhores, eu os apresento o Sr. e a Sra. Lucena. ― nos viramos e levantamos as
mãos com alianças para nossa pequena plateia. Noto Nathália limpando os olhos com um lenço,
assim como Clarice com a minha estrelinha no seu colo. Tão linda, será minha próxima batalha: ter a
nossa estrelinha. Sorrio mais ainda. Estarei com dor nas bochechas mais tarde.
—Aqui, Lú ― Vivi estende o buquê de flores do campo e ela pega, correndo até o meio da
areia. Assisto a cena das garotas indo atrás dela. Em um impulso totalmente Lú, ela conta até três e
joga para o ar. Flávia apanha as flores e olha para Alexandre, que está se aproximando de mim.
—Estou ferrado ― ele diz e eu dou uma batidinha em seu ombro. Olho para frente e lá esta
ela, me observando também. A luz do sol se pondo a faz ficar mais linda. Levanta o indicador diante
de seu rosto e me chama. Vou correndo até ela e a abraço, girando no ar. Ouvimos uma música
começar ao fundo. Nosso casamento/lual não poderia ter sido mais perfeito.
—Queria nadar com você... pelada ― ela diz, eu beijo seu rosto e sigo trilhando até seu
ouvido.
—Vamos fazer isso amanhã, no lugar aonde vou te levar, mas, por enquanto... ― eu a ergo no
meu colo, entrando na água. Sua gargalhada preenche meu coração. Afundo com ela até o pescoço e
nos beijamos como se não houvesse mais ninguém ali.
Este paraíso é meu e dela. Ainda haveria desafios a percorrer e muita coisa a acontecer. Com
a minha pimentinha, nada é como o esperado, e isso me deixa mais e mais excitado para deixar a
vida correr seu curso.
Neste momento, na perfeição do pôr do sol, eu sou só dela e ela é só minha. Finalmente.
FIM