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Rede de Distribuição de Agua
Rede de Distribuição de Agua
RESUMO
Este artigo trata da metodologia utilizada para a implantação de uma rede de distribuição e seu
dimensionamento, com o intuito de atender a comunidade rural Chapada de São Miguel, em
Esperantina-PI, que, atualmente, possui um chafariz comunitário como principal fonte de
abastecimento de água. O trabalho propõe a instalação da rede tendo o chafariz como parte integrante
do sistema, sendo a fonte de abastecimento da rede de distribuição. A realização do dimensionamento
deu-se por meio de planilhas em Excel, baseadas na revisão literal, em que foram reforçados os
conceitos básicos da hidráulica, assim como os estudos para a concepção de sistemas de abastecimento
de água. Realizou-se também a pesquisa de campo, com o levantamento de dados locais, tais como:
população, cotas e medidas do terreno, análise das partes que compõem o chafariz, verificando a
viabilidade de aproveitamento do mesmo. Cercando-se de todas as informações necessárias, realizou-
se o estudo da concepção do sistema, optando-se pela rede ramificada. Para a escolha desse traçado,
levou-se em conta a geometria do terreno e as características da comunidade, pois, de acordo com
Porto (2006), redes ramificadas são bastante utilizadas em sistemas de distribuição de pequeno porte,
como: irrigação por aspersão e abastecimento de água em pequenas localidades, povoados,
acampamentos, granjas, entre outros.
ABSTRACT
The proposed article deals with the methodology used for the implementation of a distribution network
and its dimensioning, in order to serve the rural community Chapada de São Miguel, in Esperantina-
PI, which currently has a community fountain as its main source of supply. The design was done
through excel spreadsheets, based on the literal revision, which reinforced the basic concepts of
hydraulics as well as studies for the design of water supply systems. Field research was also carried
out, with the survey of local data, such as: the population, the dimensions and measures of the land, as
well as the analysis of the parts that compose the fountain, verifying the viability of its use.
Surrounding itself with all the necessary information, the study of the system conception was carried
out choosing the branched network. To choose this layout, we took into account the geometry of the
terrain and the characteristics of the community, because according to Porto (2006), Branched
networks are widely used in small distribution systems, such as sprinkler irrigation and water supply in
small towns, villages, camps, farms, etc.
1
Engenheiro Civil pelo Centro Universitário Maurício de Nassau – UNINASSAU em Teresina – PI, email:
manoel.dantas309@gmail.com.
2
Engenheira Civil pelo Centro Universitário Maurício de Nassau – UNINASSAU em Teresina – PI, email:
jesmach2007@gmail.com.
2
INTRODUÇÃO
A água é uma das substâncias mais importantes para os seres vivos. Ela exerce papel
fundamental para as funções da natureza, manutenção do ecossistema e está relacionada
diretamente à saúde, à qualidade de vida e ao desenvolvimento humano.
Embora a Terra tenha a maior parte de sua superfície coberta por água, não significa
que se trate de um bem inesgotável. Para Victorino (2007), toda a água existente no planeta
constitui-se de dois tipos, a água doce presente nos rios, lagos e subterrâneo e a água salgada,
que compõe os mares e oceanos. Desse total, somente 2,8% são de água doce, sendo que
apenas 0,029% representam as águas superficiais, presentes em rios e lagos, que estão
diretamente disponíveis, pois os outros 2,771% de água doce, somam as águas congeladas nas
calotas polares, assim como as águas subterrâneas de difícil acesso, e por fim, as águas
evaporadas na atmosfera.
O Brasil, apesar de ser bastante rico em recursos hídricos, vem sofrendo com a
escassez de água disponível. O aumento da população aliado a fatores climáticos atribuídos ao
aquecimento global e a degradação dos mananciais são fatores determinantes para a redução
dos níveis de água nos reservatórios. Uma das regiões que mais sofre é o semiárido
brasileiro.
Victorino (2007) afirma que apesar da irregularidade das chuvas no sertão nordestino e
mesmo com os longos períodos de estiagem que mantêm rios e lagos secos durante a maior
parte do ano, há mais disponibilidade de água no semiárido nordestino do que em muitos
países do mundo. Significa que há uma relativa disponibilidade de água no semiárido
brasileiro, o que faltam são investimentos para gerenciar os recursos hídricos.
A Comunidade Rural Chapada de São Miguel, localizada na cidade de Esperantina-PI,
semiárido nordestino, possui um chafariz comunitário para atender as 168 famílias que
moram no local. Neste chafariz, os moradores lavam suas roupas e transportam a água por
meio de baldes até suas residências. A comunidade possui uma área de 176 hectares, o que
torna longa a distância entre o chafariz e a maioria das residências. Além da falta de
comodidade, existe também o risco de contaminação da água, tanto no transporte quanto no
armazenamento, pois
3
que discorre, de forma bastante didática e sucinta, sobre os conceitos básicos da hidráulica,
contemplando as principais características de escoamento em condutos livres e forçados em
seus fundamentos; Tsutiya (2006), que aborda com riqueza de detalhes os estudos da
concepção de um sistema de abastecimento de água; Azevedo Netto (2017), reeditado por
Miguel Fernández y Fernández, que estuda o dimensionamento de sistemas hidráulicos,
apresentando comentários e aplicações práticas, desenvolvidas pelas experiências do próprio
autor.
A justificativa para a realização deste trabalho parte da necessidade de se desenvolver
junto à comunidade Chapada de São Miguel um sistema que venha atender as necessidades
básicas da referida comunidade, para que a população local possa dispor de água encanada na
quantidade e qualidade adequadas, contribuindo para a qualidade de vida dos moradores e
para o desenvolvimento daquela região. O estudo também traz como benefício os
conhecimentos desenvolvidos durante o processo de pesquisa, aliando a prática às teorias
adquiridas durante a graduação, contribuindo assim para uma excelente formação profissional
e servindo de fonte de pesquisa para futuros trabalhos acadêmicos.
Dessa forma, este trabalho constitui-se de quatro etapas organizadas, apresentando,
inicialmente, os estudos e levantamentos necessários para se determinar a vazão de projeto do
sistema. Na sequência, aborda-se os estudos necessários para a concepção de um sistema de
abastecimento de água. Realiza-se também uma revisão dos conceitos da hidráulica para
elaboração de projetos de redes ramificadas, para, em seguida, finalizar com o
dimensionamento da rede de distribuição e a análise dos resultados obtidos.
demanda efetiva, quando não se considera as perdas, é 25% menor, e em alguns estados se
adota uma demanda de até 135l/habitante/dia.
Quanto ao cálculo da população, segundo Tsutiya (2006), são diversos os métodos
existentes para estimar o crescimento populacional, dentre todos se destacam: o método dos
componentes demográficos, considerando variáveis demográficas como fecundidade,
mortalidade, imigração, sempre tomando como base tendências passadas naquela região; há
também o método da extrapolação gráfica, que é ideal para estimar populações em longos
períodos, este método consiste em uma curva arbitrária que vai se ajustando através de dados
levantados em comunidades semelhantes à estudada; e, por fim, os métodos matemáticos, que
estimam a população através de cálculos matemáticos, tendo como base parâmetros e dados
já conhecidos como a população dos anos anteriores. Dentre os métodos matemáticos,
destacam-se o aritmético e o geométrico, conforme as equações 1 e 2.
Aritmético:
(equação 1)
Geométrico:
(equação 2)
Onde:
Dessa forma, o consumo diário total ( ) de uma região pode ser obtido,
basicamente, multiplicando o consumo médio per capita ( ) pela população ( ) a ser
atendida, em litros por dia, conforme mostra a equação 3:
(equação 3)
Segundo Porto (2006), a vazão de projeto de uma rede de distribuição deve ser
dimensionada pela equação 4:
(equação 4)
segundos que contém em uma hora e ( ) é o número de horas que o sistema estará em
funcionamento, tal aplicação faz-se necessária para transformar a unidade de medida de litros
por dia (L/dia) para litros por segundo (L/s), que é mais usual em medidas de vazão.
Os coeficientes de majoração ( são utilizados para compensar o dia e a hora
de maior consumo respectivamente, devido à impossibilidade de se determinar com exatidão
a vazão de projeto, já que se trata de uma estimativa, haja vista os vários fatores que podem
influenciar o consumo, como mencionados mais acima. Os valores de e podem variar de
acordo com o porte do projeto e as características do local a ser atendido, mas normalmente
atribui-se o valor de 1,2 para , já o coeficiente adota-se um valor de 1,5 (TSUTIYA, 2006).
8
3.2 Manancial
3.3 Captação
3.4 Adução
3.6 Reservação
Tsutiya (2006) também afirma que, para reservatórios elevados, é comum adotar-se
valores entre 10% e 20% do volume total diário, devido aos custos para a construção desses
reservatórios.
De acordo com Tsutiya (2006), redes de distribuição podem ser compreendidas como:
“[...] a parte do sistema de abastecimento formada de tubulações e órgãos
acessórios, destinada a colocar água potável à disposição dos consumidores, de
forma contínua, em quantidade e pressão recomendadas.” (TSUTIYA, 2006, p. 389).
Os condutos de uma rede de distribuição classificam-se como principais e secundários.
Os condutos secundários são responsáveis por abastecer os consumidores; e os principais,
que possuem diâmetros maiores, são responsáveis
14
pela alimentação e distribuição da rede. “De acordo com a disposição dos condutos
principais e o sentido do escoamento nas tubulações secundárias, as redes são
classificadas como rede ramificada e rede malhada.” (PORTO, 2006, p. 169).
A principal diferença entre as redes ramificadas e malhadas é que as redes ramificadas
admitem somente um sentido para o fluxo de água, sendo ideal para atender pequenos
empreendimentos, devido a sua baixa complexidade para dimensionamento. Porém, apresenta
um sério inconveniente, pois, em caso de manutenção no sistema, dependendo do ponto, faz-
se necessária a interrupção do fornecimento de água a jusante, o que não ocorre com a rede
malhada devido seu traçado em forma de anéis, a interrupção em ponto dificilmente interfere
nos demais (PORTO, 2006). A figura 2 mostra a diferença entre ambos os tipos de rede.
A própria NBR 2218/94 define parâmetros que devem ser respeitados para o correto
dimensionamento de uma rede de distribuição, como o diâmetro mínimo de 50mm e os
limites máximos e mínimos de pressão na rede, que são respectivamente 50mca, para a
pressão máxima estática, e 10mca para pressão dinâmica mínima. Ela também delimita as
velocidades mínimas e máximas na rede entre 0,6m/s e 3,5m/s.
inerentes a este tipo de sistema. Para que se possa dar continuidade a este estudo, tais
conhecimentos são indispensáveis.
(equação 5)
mesma como o produto entre a velocidade ( ) e a área ( ) da secção do conduto por onde
atravessa o fluido.
(equação 6)
(equação 7)
16
(equação 8)
Onde:
= energia total (m)
(equação 9)
somente a soma das parcelas ( ), denominado cota piezométrica, que pode ser
compreendida como o nível alcançado pelo líquido dentro da tubulação, se instalados
piezômetros ao longo do percurso, ao qual representa a energia potencial do líquido atuando
no sistema devido ao efeito da gravidade.
Para Coelho e Baptista (2014), a perda de carga é a parcela de energia perdida durante
o escoamento em forma de calor, devido ao atrito do líquido com a parede do conduto, ou
pela mudança interna de energia no próprio líquido, devido à viscosidade, turbulência, etc.
Sendo que esta energia, uma vez perdida, não pode mais ser recuperada em forma de energia
cinética ou potencial.
De acordo com Coelho e Baptista (2014), além da energia perdida ao longo da
tubulação, denominada perda de carga contínua, há também aquela que se perde nas
conexões, nas curvas, nos registros e etc., as chamadas perdas de carga localizadas, que se
somam às contínuas para formar a perda de carga total.
Em algumas instalações, como as prediais, a perda de carga localizada é mais
considerável que a contínua, devido à enorme quantidade de curvas e conexões, o que não
ocorre em instalações de grandes dimensões, como as adutoras e redes de distribuição, onde
o comprimento e o diâmetro das tubulações
3
Disponível em: <https://www.guiadaengenharia.com/equacao-bernoulli-teoria/>. Acesso: 05 out. 2019.
18
são relativamente bem maiores do que em instalações hidrossanitárias. Nestes casos, as perdas
de carga localizadas podem ser desconsideradas para efeito de cálculo (COELHO;
BAPTISTA, 2014).
O escoamento é a principal condição para que haja perda de carga, que também
depende de outros fatores, tais como: a viscosidade e o regime de escoamento do líquido,
como das dimensões e do material. A equação geral da perda de carga é mostrada abaixo,
através da equação 10, onde a perda de carga
unitária ( ) que ocorre em cada metro de tubo é a razão entre a perda de carga total
(equação 10)
(equação 11)
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
ANO POPULAÇÃO
T1 2010 P1 37.767
T2 2019 P2 39.737
T 2039 Horizonte projeto 20 anos
Taxa de cresc.
MÉTODO POPULAÇÃO Ao ano
ARITMÉTICO 44.115 hab. 0,58% ao ano
GEOMÉTRICO 41.810 hab. 0,37% ao ano
Fonte: Elaborada pelos autores (2019).
20
(equação 12)
(equação 13)
Em um nó, a vazão de jusante de um trecho que chega será a soma das vazões de montante
dos trechos que saem desse nó, ou vice-versa.
Para o dimensionamento das perdas de carga e, consequentemente, das pressões, faz-se
(equação 14) e
(equação 15)
22
(equação 16)
Onde:
= Velocidade máxima na rede
= Diâmetro do trecho
(equação 17)
Onde:
Nas colunas 15 e 16, têm-se as pressões disponíveis em cada ponto, que podem ser
dimensionadas através das equações 18 e 19, de acordo com as relações abaixo:
23
(equação 18)
e
(equação 19)
Onde:
= Pressão disponível a montante
= Cota geométrica a montante =
Pressão disponível a jusante
= Cota geométrica a jusante
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
HELLER, Léo; PÁDUA, Valter Lúcio de. Abastecimento de Água para Consumo
Humano. 2. ed. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.
PORTO, Rodrigo de Melo. Hidráulica Básica. 4. ed. São Paulo: EESC-USP, 2006.
VICTORINO, Célia Jurema Aito. Planeta Água Morrendo de Sede uma Visão
Analítica na Metodologia do Uso e Abuso dos Recursos Hídricos. 1. ed. Porto
Alegre: EDIPURS, 2007.
ANEXO
TABELA DE DIMENSIONAMENTO DE REDE DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
COTA
PERDA DE PRESSÃO
COMPRIMENTO VAZÃO (L/s) D VELOCIDADE COTA (m) PIEZOMÉTR
TRECHO J(m/m) CARGA (m)
(m) (mm) (m/s) .
(m) (m)
1 Qm Qj Qd Qf Zm Zj CPm CPj Pm Pj
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
TOTAL
ANEXO
TABELA DE DIMENSIONAMENTO DE REDE DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA PREENCHIDA
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
COTA
PERDA
COMPRIMENTO VAZÃO (L/s) D VELOCIDADE COTA (m) PIEZOMÉTR PRESSÃO (m)
TRECHO J(m/m) DE
(m) (mm) (m/s) .
CARGA (m)
(m)
1 Qm Qj Qd Qf Zm Zj CPm CPj Pm Pj
2 1a2 182,34 1,875 1,7327 0,1423 1,8038 50 0,955414 0,01826 3,32997 113,71 112,61 128,268 124,94 14,558 12,328
3 2a3 84,24 1,5573 1,4915 0,0658 1,5244 50 0,79353 0,01338 1,1268352 112,61 112,23 124,938 123,81 12,328 11,581
4 2 a 11 224,63 0,17535 0 0,1754 0,1012 50 0,089353 8,9E-05 0,0199056 112,61 112,93 124,938 124,92 12,328 11,988
5 3a4 107,93 1,27593 1,1917 0,0843 1,2338 50 0,650156 0,00904 0,9762113 112,23 111,75 123,811 122,83 11,581 11,085
6 3 a 12 276,2 0,21561 0 0,2156 0,1245 50 0,109866 0,00013 0,035874 112,23 111,16 123,811 123,78 11,581 12,615
7 4a5 130,34 0,97352 0,8718 0,1017 0,9226 50 0,49606 0,00528 0,6886335 111,75 110,58 122,835 122,15 11,085 11,566
8 4 a 10 279,46 0,21816 0 0,2182 0,126 50 0,111163 0,00013 0,037094 111,75 110,43 122,835 122,8 11,085 12,368
9 5a6 179,38 0,6361 0,4961 0,14 0,5661 50 0,324129 0,00214 0,3838892 110,58 109,37 122,146 121,76 11,566 12,392
10 5a9 301,89 0,23567 0 0,2357 0,1361 50 0,120085 0,00015 0,0462233 110,58 112,1 122,146 122,1 11,566 10
6a7 286,74 0,22384 0 0,2238 0,1292 50 0,114059 0,00014 0,0399148 109,37 110,21 121,762 121,72 12,392 11,512
11
6a8 348,73 0,27223 0 0,2722 0,1572 50 0,138717 0,0002 0,0697247 109,37 108,9 121,762 121,69 12,392 12,793
12
TOTAL 2.401,88