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Disciplina de Cartografia Digital- 2018 Profa. Dra. Luciana


Corpas Bucene

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS


COLÉGIO TÉCNICO DE LIMEIRA

CURSO DE GEODÉSIA E CARTOGRAFIA

DISCIPLINA DE

CARTOGRAFIA

Curso Técnico de Geodésia e Cartografia COTIL


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Disciplina de Cartografia Digital- 2018 Profa. Dra. Luciana
Corpas Bucene

SUMÁRIO

1- REPRESENTAÇÃO GRÁFICA

2- ESCALA

3- REPRESENTAÇÃO CARTOGRÁFICA

4- REDE GEOGRÁFICA

5- PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS

6- SISTEMA DE PROJEÇÃO UNIVESAL TRANSVERSA DE MERCATOR (UTM)

7- TRANSFORMAÇÃO DE SISTEMA UTM PARA COORDENADAS GEODÉSICAS

8- FUSOS HORARIOS

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MAPA:
1. REPRESENTAÇÃO GRÁFICA

Traduzir graficamente alguma informação significa transformar dados descritivos ou


tabulares em alguma forma de representação gráfica (mapas ou diagramas). Para tanto, há
necessidade de escolher os tipos de símbolos e a melhor maneira de dispô-los no documento,
além do nível da informação a ser alcançado pelo leitor do mapa.
Para tal documento ser considerado um mapa, os elementos a seguir devem ser
apresentados.

TÍTULO

NORTE
COORDENADAS Y

LEGENDA

COORDENADAS X

Escala numérica
Escala gráfica

Sistema de Projeção CARIMBO


Elipsóide de referência

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Durante o planejamento do mapa devemos selecionar primeiramente os fenômenos que


serão representados através de linhas, pontos e zonas.

1.1. MODO DE IMPLANTAÇÃO LINEAR:

O Modo de Implantação Linear refere-se àqueles elementos cujo desenvolvimento requer


um traçado, tais como estradas, rios, correntes marinhas, ventos, etc. De modo geral, a espessura
do traço tem apenas um valor convencional, haja vista que sua largura, em muitos mapas, não
tem relação com a escala do documento. Isto acontece com mapas em escalas pequenas, como
por exemplo 1:1.000.000 , em que um milímetro da espessura do traço representaria um
quilômetro da realidade. Mas sabemos que isto não é verdade.
Por outro lado, se a escala fosse 1:2.000 , por exemplo, um milímetro no mapa representaria
dois metros da realidade. Portanto, podemos afirmar que escalas grandes favorecem a
informação de detalhes e escalas pequenas levam as informações a um nível de generalização. A
experiência tem mostrado que para uma boa distinção dos símbolos lineares não se deve usar
mais de quatro ou cinco espessuras. Porém, as combinações resultantes do desdobramento do
traço nos permitem um aumento significativo das possibilidades de fazer distinções, como por
exemplo:

De modo geral, a descontinuidade é usada para representação de obras em realização ou


projetadas, elementos não materializados na natureza (como limites administrativos) e rios
intermitentes.

Incorporando símbolos subsidiários ao traço


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Usando cores

O uso de cores aumenta muito as possibilidades de combinações, pois cada um dos


exemplos anteriores poderá ser usado duas ou mais vezes variando-se apenas a cor.

Eis alguns temas onde Modo de Implantação Linear é cabível: falhas geológicas,
temperatura (isotermas), precipitação (isoietas), pressão atmosférica (isóbaras), ventos, correntes
marinhas (quentes= vermelhos; frias= azul), fluxo de transporte, estradas, rios, rede geográfica,
exportação e importação, migrações, além de outros.

1.2. MODO DE IMPLANTAÇÃO PONTUAL:

Este modo de implantação refere-se àqueles elementos cuja representação simbólica


pode ser reduzida à forma de um ponto, tais como cidades, casas, indústrias, animais, pessoas,
portos, etc. Tal como no modo linear, aqui poderão ocorrer também variações com base na
espessura ou então descontinuidade do traço, além da combinação de símbolos, inclusão de
desenhos subsidiários e cores. Os símbolos pontuais transmitem a idéia de localização exata no
espaço territorial, podendo ser usado o próprio ponto, figuras geométricas e evocativas (fig. 12).
Estas últimas também chamadas figuras pictóricas, são aquelas que procuram retratar o elemento
que está sendo mostrado (Ex: o desenho de um porco significaria a presença de gado suíno no
local, e assim por diante). Porém, é prudente tomarmos cuidado com o uso abusivo de tais
símbolos, visto que nem sempre eles conseguem levar ao leitor o significado pretendido pelo
autor. Se houver necessidade de recorrer com freqüência à legenda, o símbolo evocativo perde
sua razão de ser, já que, em tal caso, qualquer outro símbolo poderia substituí-lo. O ideal é seu
uso para representar elementos que sejam familiares ao leitor, como animais, pessoas e frutas,
por exemplo.
Eis alguns temas em que o Modo Pontual pode ser usado: localização de vulcões,
cidades, portos, aeroportos, parques ecológicos, reservas indígenas, centros industriais, usinas
hidrelétricas, jazidas minerais, distribuição de população, além de outros.

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1.3. MODO DE IMPLANTAÇÃO ZONAL:

Trata-se da representação de elementos que ocupam ou pressupõe ocupar uma


determinada extensão sobre a superfície terrestre. Além da área que ocupa sobre a região, a
intenção é mostrar também como certo fenômeno se distribui no espaço geográfico.
Relacionamos, a seguir alguns temas que podem ser mostrados através deste modo de
implantação: relevo, geologia, glaciações, clima, tipos de solos, vegetação, religiões, densidade
demográfica, bacias hidrográficas, além de outros.

Após a escolha do modo de implantação dos símbolos, é necessário também, durante a


fase de planejamento do documento cartográfico, verificar o Nível da Informação que se pretende
alcançar. Entende-se por Nível da Informação o significado Qualitativo ou Quantitativo dos
componentes de um mapa, os quais poderão ser ainda Ordenados, Seletivos e Associativos.
Vejamos cada um desses casos.

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1.4. NÍVEL QUALITATIVO:

Quando o documento cartográfico permite que sejam extraídas informações sobre as


propriedades ou atributos dos elementos representados, não havendo nenhuma intenção do autor
do mapa em dar ênfase para valores ou quantidades.

1.5. NÍVEL QUANTITATIVO:

Quando o mapa traz a idéia clara de mostrar grandezas dos elementos representados.

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Tanto o nível qualitativo como o quantitativo podem trazer embutida a idéia de ordenação,
seleção ou associação, o que nos leva a três outros níveis de informação, que são:

1.6. NÍVEL ORDENADO:

Quando a representação expressa uma hierarquia ou uma ordem dos elementos.

1.7. NÍVEL SELETIVO:

Quando a intenção é mostrar a distinção dos elementos entre si.

1.8. NÍVEL ASSOCIATIVO:

Quando os elementos no mapa ficam agrupados de acordo com determinadas


características comuns.

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Em qualquer dos exemplos, os minerais estão associados em dois grupos (Metálicos e


Não-Metálicos), favorecendo o detalhamento da informação.

1.9. VARIÁVEIS VISUAIS

Considera-se Variável Visual toda diversificação imposta aos símbolos de modo a


traduzir uma informação para a linguagem gráfica.

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VARIÁVEIS VISUAIS:

1. TAMANHO

2. VALOR

3. GRANULAÇÃO

4. CORES

5. ORIENTAÇÃO

6. FORMA

 TAMANHO

Diz respeito à variação da dimensão de símbolo, permitindo que sejam extraídas


informações sobre a grandeza dos componentes do mapa, sendo a variável mais apropriada
quando se pretende que o nível da informação seja quantitativo.

 COR

Corresponde à sensação subjetiva das pessoas ao perceberem uma radiação


eletromagnética com determinado comprimento de onda e que depende da intensidade do fluxo
luminoso e da composição espectral da luz. O que se entende por Cor em cartografia implica tanto
o colorido de uma Rosa Cromática como, por extensão, as representações em uma só tinta
através de hachuras, tramas e símbolos subsidiários.
OBS: pesquisar www.colorbrewer.org

 VALOR

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Trata-se da diversificação da tonalidade de uma cor, quando valores fortes e fracos são
representados, respectivamente, por tons escuros e claros. No caso de uma só tinta, a técnica do
degradê (passagem contínua do valor forte até outro mais fraco através do afastamento das
hachuras) é que demonstrará a intensidade do fenômeno. A variável visual “valor” é mais
apropriada para mostrar a ordenação ou seqüência de um fenômeno. Eis alguns temas cabíveis
para uso desta variável: altimetria, batimetria, temperatura, amplitude térmica, precipitação,
densidade demográfica, densidade rodo-ferroviária, esperança de vida, percentagem da
população urbana e rural, percentagem do crescimento da população, renda per capita, consumo
de energia, percentagem de alfabetização, além de outros.
Temos visto, quando da representação de seqüência de valores numa legenda, que
alguns autores mostram uma ordem crescente cima para baixo. Não há uma regra rígida que diga
ser o certo deste modo ou ao contrário. Nossa experiência tem revelado que há uma preferência
para uso da ordem crescente de baixo para cima, sendo, inclusive, a que temos adotado em
nossos trabalhos.

 FORMA

Trata-se do feitio ou da configuração dos símbolos, podendo ser usadas variações


geométricas, combinações de traços figuras, além de símbolos evocativos. A Forma é uma
variável visual bastante apropriada para representação do Nível de Informação Qualitativo,
especialmente quando se quer “associar” ou “selecionar” os componentes do mapa.

 ORIENTAÇÃO

Corresponde a inclinação do traço, nas representações em uma só tinta, quando usamos


hachuras e tramas, variando a posição entre vertical, oblíqua e horizontal.

 GRANULAÇÃO

Trata-se de uma representação semelhante às hachuras, porém definida como a mesma


repartição do preto no branco, sendo uma Variável Visual pouco usada.

Bibliografia consultada- Cartografia Digitall:


DUARTE, P. A. Fundamentos de Cartografia. 2 edição revista e ampliada. Florianópolis:
Ed. da UFSC, 2002. 208p.
DUARTE, P. A. Cartografia Básica. 2 edição. Florianópolis: Ed. da UFSC, 1988. 182p.
DUARTE, P. A. Escala: fundamentos. Florianópolis: Ed. da UFSC, 1983. 43p.
DUARTE, P. A. Cartografia Temática. Florianópolis: Ed. da UFSC, 1991. 145p.
FITZ, P. B. Cartografia básica. Ed. Oficina de Textos. 2008. 143p.
MARTINELLI, M. Mapas da Geografia e Cartografia Temática. Ed. Contexto. 144p.
MARTINELLI, M. A Cartografia da Geografia: Um Processo de Comunicação com a
linguagem Gráfica, Visual. In: VI Encontro Nacional de Geógrafos. Campo Grande, MS, julho de
1986. Martinelli, M As Representações Gráficas da Geografia: Reflexões Teóricas e Especulações
Visuais. In: VII Encontro Nacional de Geógrafos. Maceió, AL, 23-29 julho de 1988.
MARTINELLI, M. Orientação Semiológica para as Representações da Geografia: Mapas e
Diagramas. Orientação, No 8, p.53-69, USP, São Paulo, 1990.
MARTINELLI, M. Curso de Cartografia Temática. São Paulo, ed. Contexto, São Paulo, 1991.
MARTINELLI, M Cartografia Ambiental: Uma Cartografia Diferente? Revista do
Departamento de Geografia, No 7, p.61-80, USP, São Paulo, 1994.
MARTINELLI, M. A Cartografia do Meio Ambiente: A Cartografia do Tudo? In: X Encontro
Nacional de Geógrafos.(Mesa Redonda: Cartografia do Meio Ambiente) Pernambuco, RE, 14-19
julho de 1996.

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Exercícios propostos:
1- Esboce como deve ser um mapa.
2- Explique como deve ser lido um mapa.
3- Comete sobre: a. título do mapa, b. carimbo do mapa, c. legenda
4- Esboce o carimbo do mapa.
5- O que são variáveis visuais?
6- Quais são as variáveis visuais?
7- Como representar os fenômenos do mundo real em um mapa.
8- Exemplifique a legenda abaixo, identificando qual variável visual utilizou. Obs. usar
variável visual diferente em cada exercício.
a. ouro, prata, bronze.
b. caderno, lápis, borracha.
c. Criança, adulto, idoso.
d. 10, 15, 20, 25 e 30.
e. <1000 hab., 1001 a 10000 hab., 10001 a 20000, > 20000 hab.
f. área urbana, milho, cana, café, app.

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2. ESCALA
2.1. Conceito
Todo mapa é uma representação esquemática e reduzida da superfície terrestre.
É uma representação convencional que apresenta os elementos do mundo real reduzidos
segundo uma proporção estabelecida antecipadamente. E esta proporção é o que se denomina
de escala.
Pode-se definir escala, como sendo também, a relação entre duas dimensões, o desenho
(mapa) e o objeto real (superfície terrestre). É uma relação entre a distância de dois pontos
quaisquer do mapa com a correspondente distância na superfície terrestre. Essa relação é
representada por uma fração, que significa a relação entre as distâncias lineares do mapa e as
mesmas distâncias no terreno. Nessa fração o numerador representa a distância no mapa, e o
denominador a distância correspondente no terreno, tantas vezes maior, na realidade, quanto
indica o valor representado no denominador.
Por exemplo, a escala é 1:200000, concebemos que uma medida no terreno é 200000
vezes maior que a correspondente medida no mapa, ou ainda, indica o número de vezes que a
superfície terrestre foi reduzida, sendo então, que o terreno foi reduzido 200 mil vezes.
A escala é expressa sempre como 1 sobre E, ou 1: E. O número 1 que fica antes dos dois
pontos, corresponde à unidade considerada sobre o mapa e é chamado de numerador da escala;
o número 200 mil que fica após os dois pontos, indica o número de unidades da realidade e é
chamado de denominador da escala.
A unidade de que falamos poderá ser considerada como qualquer tipo de medida que se
conheça: milímetro, centímetro, metro, quilômetro, etc. Assim se o 1 for considerado como
centímetro, o 200 mil também o será. Mas se quisermos adotar outra unidade qualquer de medida
poderemos fazê-lo, desde que o numerador e denominador sejam considerados na mesma
unidade.

2.1. Unidade de medida, múltiplos e submúltiplos do metro


A unidade de comprimento adotada no Brasil é o metro, e freqüentemente, quem opera com
escala precisa utilizar-se de múltiplos e submúltiplos esta unidade de base. Os múltiplos e
submúltiplos do metro são o quilômetro (km), hectômetro (hm), decâmetro (dam), decímetro (dm),
centímetro (cm) e o milímetro (mm).
Por isso, sempre é conveniente lembrar a importância de saber fazer, com firmeza, as
transformações cabíveis entre os múltiplos e submúltiplos do metro. A figura abaixo indica as
unidades correspondentes.

Km hm dam m dm cm mm

Um metro ou cem centímetros, por exemplo, quer significar a mesma dimensão, já que
somente o modo de expressá-la é que é diferente. Se pegarmos uma régua, iremos verificar que
no espaço de um centímetro existem dez milímetros. Assim, 1cm = 10mm.
Para irmos, de km até m, devemos passar por três casas; para irmos até cm, passamos por
cinco casas; e até mm, seis casas.
Deste conjunto de múltiplos e submúltiplos, usam-se apenas, no Brasil, o quilômetro, o
centímetro e o milímetro, além, é claro, a unidade de base que é o metro.

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A razão de se dar ênfase a estas operações é reflexo daquilo que a prática exige, pois, com
alguma freqüência nos deparamos com situações em que dimensões gráficas precisam ser
transformadas em dimensões reais, e vice-versa. Por exemplo, ao medir-se o comprimento de
uma estrada sobre um mapa, calculando-se conforme sua escala achou-se o resultado de
200.000cm como sendo sua dimensão real. Em se tratando de dimensões naturais, é mais
comum a utilização de valores dados em quilômetros ou metros, o que nos leva, por razões
práticas, à necessidade de transformar 200.000cm naquelas unidades. Portanto, a dimensão real
daquela estrada deveria ser dita como 2.000m ou então 2km.
Como se pode imaginar são muitas as situações que justificam as operações de
transformações entre si dos múltiplos e submúltiplos do metro.
Alguns erros quanto à grafia dos símbolos são cometidos com certa freqüência,
principalmente por aqueles que desconhecem as normas do Sistema Internacional de Unidades.
Para evitar alguns dos mais comuns, convém lembrar que os símbolos dos múltiplos e
submúltiplos do metro devem ser expressos em caracteres minúsculos (Ex: não existe 20CM).
Também, estes símbolos não devem ser seguidos de ponto (Ex: não existe 20cm.). Mesmo que
estão indicando pluralidade de elementos, os símbolos mantém no singular (Ex: não existe 20ms).
Outra questão ainda é a de que não se deve usar ponto ou qualquer separação entre os sinais
gráficos de um símbolo, sendo errado, por exemplo, d.a.m em lugar de dam.

2.2. Fundamentos
Representar a superfície terrestre sob o papel implica na redução de uma superfície muito
grande. Isto significa que um mapa sempre estará demonstrando a superfície real de forma
reduzida. E esta redução respeita uma proporção entre as dimensões naturais e as dimensões
gráficas, seguindo uma razão de semelhança que nada mais é do que a escala.
A representação gráfica, ou seja, a representação no papel, é representada por d, e sua
correspondente natural, ou seja, a representação do terreno, é representada por D, e assim,
teremos que a escala é a proporção entre essas duas dimensões, podendo-se dizer que d está
para D ou d é proporcional a D ou ainda d:D.
Assim, a escala pode ser representada pela fração a seguir:

Escala = distância no papel


distância no terreno

E=d
D

Como exemplo, se uma dimensão gráfica, ou seja, se uma medida no papel, no mapa, de
2cm estivesse representando 2.000cm, ou 20m, de uma correspondente dimensão natural, ou
seja, no terreno, teríamos:

E = 2cm = 0.001
2.000cm

Poderíamos imaginar o inconveniente de uma escala ser mostrada em forma de fração


decimal, pois não consegue identificar objetivamente a relação entre o desenho e o objeto real.
Por isso, esta forma fracionária de expressar a relação entre d e D não é muito comum e tem sido
substituída por d:D ou d/D.

O quociente que resulta da expressão d/D é chamado de módulo ou fator de escala que,
como vimos, não é apropriado para mostrar objetivamente a relação entre as dimensões gráfica e
natural. Por tal razão, seria preferível expressar esta relação, tomando o exemplo anterior, como

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segue: 2cm:20m ou 2cm/20m, em que se lê: dois centímetros para vinte metros ou dois
centímetros por vinte metros, em ambos os casos.
O título de uma escala é a expressão d:D reduzida à sua forma mais simples. Assim, por
uma questão de ordem prática, dá-se preferência aos títulos em que o numerador seja um (1),
ficando assim 1:E, em que o dígito um é o numerador – reduzido à unidade para efeito de
simplificação, e E é o denominador do título da escala.

Então, como se percebe, a expressão d:D deve ser reduzida à uma forma simples que
facilite a percepção das proporções existentes entre o papel e o objeto real. Assim, podemos dizer
que d deve ser reduzido à unidade, e que D deve ser reduzido a um valor proporcional identificado
por E. Desta maneira, vamos concluir que d está para D, assim como 1 está para E, que podemos
expressar como d:D::1:E, em que d é a dimensão gráfica de um elemento do mapa; D é a
dimensão natural deste mesmo elemento; 1 é a unidade escolhida para efeitos práticos e de
simplificação; E é o valor que indica a quantidade de vezes que a dimensão natural sofreu
redução.
Tendo-se que d:D::1:E, podemos deduzir que:

1 =d
E=D

d=D/E
D=d*E
E=D/d
Tomando o exemplo anterior, em que a escala foi dada como 2cm:20m, tem-se d = 2cm e D
= 20m, podemos simplificar a expressão d:D, ou 2cm:20m e, com isso, acharmos um outro título
para a escala e que será expressa por 1:E. Assim, se temos que d:D::1:E, o valor de E, será
achado mediante a expressão E = D/d, ou seja, E = 2.000cm / 2cm; então, obteremos o resultado
1.000. Desta forma, a expressão d:D foi simplificada para outra 1:E. E é esta última expressão que
está consagrada na indicação do título de toda escala. No exemplo em questão, diremos, então,
que a escala é 1:1.000. Importante ainda é observar que em todo cálculo que envolve escala, faz-
se necessário que d e D correspondam ao mesmo múltiplo ou submúltiplo do metro, ou seja,
estão na mesma unidade.

Convém salientar ainda que a expressão simplificada 1:E, é adotada como padrão para
indicação das relações entre as dimensões gráficas e naturais.

Observando a expressão 1:E, verifica-se que, ao lidarmos com os mapas, os módulos ou


fator de escala (resultado da expressão 1/E), são quase sempre menores que a unidade. E isto
acontece porque o valor de E será maior que a unidade, ou seja, maior que 1, ou então porque o
valor D será maior que o de d.

Tomando por base o exemplo anterior, temos que d = 2cm e D = 2.000cm, logo, D é maior
que d, e temos também que E = 1.000, logo, maior que um. Estes são casos em que as
dimensões naturais ou reais são reduzidas. Diz-se, então, que a escala é reduzida.

Se tivéssemos uma expressão em que d fosse igual a D, consequentemente, E seria igual a


unidade. Neste caso, a escala seria expressa pelo título 1:1. Exemplificando, se d=400cm e
D=4m, o valor de E será E= D/d = 400cm/400cm = 1. Então, a escala será expressa por 1:1, o que
identifica a chamada escala natural, pois não houve redução nem ampliação, já que a dimensão
natural é a mesma dimensão gráfica. Diz-se, em tais casos, que o mapa ou desenho apresenta-se
em verdadeira grandeza.

Uma outra hipótese, menos comum, mas perfeitamente cabível, é a do módulo que se
apresenta maior que a unidade, o que implica dizer que d é maior que D, ou então que E é menor
que a unidade, ou seja, E é menor que 1. Neste caso, estamos diante de uma ampliação.
Exemplificando, se d= 400cm e D=2m, o valor de E será:

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E = D/d
E = 200cm/400cm
E = 0,5
Então, a escala será expressa por 1:0,5, o que identifica uma escala ampliada. O módulo,
neste exemplo, é igual a 2.

Em resumo, podemos concluir dizendo que:


ESCALA REDUZIDA: D > d ou E > 1 e MÓDULO < 1 (é a mais usual)
ESCALA NATURAL: D = d ou E = 1 e MÓDULO = 1
ESCALA AMPLIADA: D < d ou E < 1 e MÓDULO > 1

Outra questão ainda a ser analisada é a que diz respeito ao que se entende por escala
maior e escala menor.
Diz-se que uma escala é maior que outra quanto maior também for o seu módulo.
Poderemos também identificar se uma escala é maior que outra atentando para o fato de
que na expressão 1:E, o elemento E indica o número de vezes que a dimensão natural foi
reduzida. Assim quanto maior for o E, mais vezes houve redução do objeto real. Uma escala será
maior quando indica menos redução. Por sua vez, uma escala será menor quando indica mais
redução.
Exemplificando, se temos um conjunto de mapas, apresentando cada um a sua escala, que
são:
1:2.000, 1:5.000, 1:10.000 e 1:100.000, esta última é que será menor, porque indica que o
objeto real foi reduzido cem mil vezes, ou seja, uma quantidade maior que as demais.
Logicamente, a maior escala será a primeira, 1:2.000.
Outro exemplo a seguir é dado, na relação de escalas de 1:5.0000 até 1:5.000.000, sendo
maior a escala de 1:5.000 e menor a escala de 1:5.000.000.
1:5.000 (maior)
1:50.000
1:500.000
1:5.000.000 (menor)
É de se deduzir, então, que, quanto maior for o denominador (indicado por E) da escala,
menor ela será.
Tendo relação também estes conceitos, são usadas as expressões Escala grande e Escala
pequena. Não existem limites estabelecidos que definam cada um dos casos. Mas poderemos
dizer, por exemplo, que 1:20.000.000 é uma escala pequena e que 1:10.000 é uma escala grande.
Tais denominações estão mais relacionadas com o nível de precisão que a escala permite nas
representações em mapa. Um nível maior de precisão indica uma escala grande; o contrário, um
nível de menor precisão indica uma escala pequena.
Alguns autores arriscam um limite:
- Escalas pequenas (menores que 1:500.000)
- Escalas médias (aquelas um pouco maiores que 1:500.000)
- Escalas grandes (aquelas bem maiores que 1:500.000)

2.3. Classificação
As escalas podem ser numéricas e gráficas.
Quando a escala é representada por um título, ou seja, composto por um numerador (1) e
um denominador (E), isto é, feita através de números, diz-se que a escala é numérica. Essa é que
vem representada pela fração. Pode ser representada, 1/E ou1E 1:E. Ela mostra a proporção entre
as dimensões do desenho e as dimensões reais através de um título, em que o numerador é a
unidade, e, o denominador, um valor numérico que indica quantas vezes o objeto real foi reduzido
(ou ampliado, ser for o caso).
Assim, usando travessão(---), dois pontos ( : ) ou barra ( / ), estaremos diante de um título ou
uma escala numérica, que indica a proporção entre as dimensões reais e as do mapa. Tomando-
se como exemplo, o título 1:20.00 significa que uma unidade do papel representa vinte mil
unidades do mundo real. Em outras palavras, quer dizer que vinte mil unidades do mundo real
estão representadas como apenas uma unidade no papel. Assim, podemos afirmar que uma
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representação que tenha utilizado a escala de 1/20.000, o objeto real sofreu uma redução de vinte
mil vezes. Portanto, é o denominador (E) que nos indica o número de vezes que o objeto real
(casas, estradas, ruas, rios, etc.) sofreu redução.
É conveniente salientar que, regra geral, tudo que constar num mapa estará reduzido na
mesma proporção, ou seja, a escala será válida para todo o mapa, apesar de que o Sistema de
Projeção implique em algumas distorções e cause exceções a esta regra.
A escala gráfica expressa a proporção entre as medidas reais e as do mapa através de um
gráfico. Por isso, é dado o nome de Escala Gráfica a esta forma de representação, como
demonstra a figura abaixo.

As dimensões do gráfico se referem à medidas do mapa, enquanto que os números indicam


as medidas sobre a superfície real, sendo conveniente salientar que no que diz respeito às
proporções nada se altera. Somente o modo de expressar a relação entre as dimensões do
desenho e da realidade é que modifica. Em lugar de se fazer por meio de números separados por
dois pontos, faz-se por meio de um gráfico.

A escala gráfica é representada por um segmento de reta graduado. Esta reta é dividida em
partes, e que cada parte corresponde a um certo valor das dimensões reais. Tem-se ainda que a
escala gráfica pode ser simples, podendo ser aberta ou fechada, demostrado a seguir.

Observando acima, vemos que cada segmento eqüivale a uma certa medida da realidade
(no exemplo, cada segmento eqüivale a 20km), tendo-se, portanto, a demonstração da proporção
entre as dimensões gráfica e natural. Observa-se que a forma “fechada” difere da outra apenas
por apresentar-se mais estilizada, porém, na prática, ambas têm a mesma utilidade, apesar de
que o tipo fechada dê um melhor efeito estético.

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Numa escala gráfica, percebe-se duas partes: uma à esquerda do zero; outra à direita do
zero, formando um segmento maior dividido em partes iguais, que se chama divisão principal.
Como as escalas gráficas têm finalidades práticas, técnicas e estéticas, é conveniente que sejam
bem planejadas para que atinjam os efeitos desejados. Assim, o segmento que contém a divisão
principal deve ser compatível com as dimensões do papel, com a própria escala e com a desejada
precisão de leitura, recomendando-se ainda que contenha de três a seis divisões.

Á esquerda de zero temos uma repetição da divisão principal, porém, contendo divisões
menores, visando permitir a leitura fracionária de certas dimensões. À esta parte da escala gráfica
chama-se Talão. Há autores que usam também a denominação de Escala Auxiliar. Quando
possível, o talão deve ser dividido em dez partes, a fim de permitir a leitura com razoável precisão,
especialmente se o mapa estiver em grande escala.
No exemplo da figura do mapa, podemos verificar que os segmentos AB, CD e EF, no
mapa, medem, respectivamente, 240km, 480km e 720km. Isto o leitor poderá verificar abrindo o
compasso nos citados segmentos, levando-o em seguida para o gráfico. Estas medidas poderão
ser obtidas também com um tira de papel, marcando-se o segmento em sua beirada e depois
levando-a para o gráfico.
Um mapa nunca deixa de trazer a escala em que se encontra, sob pena de perder boa parte
de seu valor técnico e científico. A escala é um componente absolutamente indispensável.
Há mapas que mostram, simultaneamente, escala numérica e escala gráfica. A proporção
entre as dimensões do modelo e as reais é a mesma em tais casos, ocorrendo apenas que é
expressa em duas formas diferentes ao mesmo tempo. Outras vezes, verificamos que certos
mapas demonstram a escala numa de suas formas somente: numérica ou gráfica.
Uma escala numérica tem a grande vantagem de informar imediatamente o número de
reduções que a superfície real sofreu. Por sua vez, é imprópria para reproduções de mapas com
base em processos fotocopiadores, quando há ampliação ou redução do original. Isto ocorre
porque ao ser alterado o tamanho do original, obviamente que também haverá alteração na
proporção entre as medidas reais e as do desenho, fazendo com que a escala mude. Isto quer
dizer que uma mesma escala não poderá constar em mapa iguais e de tamanhos diferentes. Por
exemplo, se for feita uma redução ou ampliação do mapa da figura abaixo, a escala não será mais
1:200.000. Se houver redução de duas vezes, a escala passará a ser 1:400.000. No caso de ter
sido feita uma ampliação de duas vezes, a escala do novo mapa passará a ser 1:100.000.

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A grande vantagem de uma escala gráfica está na sua utilidade quando são feitas reduções
ou ampliações por processos mecânicos fotocopiadores. Em tais casos, deve-se eliminar a escala
numérica e registrar um gráfica. Quando for feita a ampliação ou redução do original, as
dimensões do gráfico sofrerão as mesmas alterações de tamanho dos mapas, mantendo-se a
proporcionalidade entre todas as dimensões.

2.4. A escolha da escala


Quando se planeja uma carta, tem-se que determinar em que escala esta carta será
construída. Essa escolha varia em função de:
a) a finalidade da carta,
b) a conveniência da escala.
No primeiro item, a finalidade determina a escala e, no segundo, a escala determina a
construção da carta.
Para que uma escala seja determinada, deve-se levar em consideração cada caso particular
e assim é que irá condicionar o tipo de escala ideal para comportar a representação desejada,
aliada à precisão requerida. Trata-se de uma questão, em suma, da necessidade ou não de um
exigência de detalhes. Desta maneira, as escalas se situam em grandes, médias e pequenas.
Exemplos de escalas grandes são 1:50, 1:500, etc., que comporta um número infinito de detalhes;
escalas como 1:100.000 ou 1:250.000, são escalas do tipo médias, de detalhamento topográfico
regular; e escala 1:20.000.000, uma escala pequena onde não é possível o detalhe.
Resumindo, a escala grande tem o denominador da fração, pequeno, ao passo que a escala
pequena, tem um denominador grande.
O segundo item diz respeito, em geral, a certas dimensões predeterminadas para a
elaboração ou impressão de um mapa. No caso dos mapas murais, por exemplo, temos que, de
saída, determinar as suas dimensões e, em decorrência, a escala. Ora, no caso do Brasil, um
mapa mural em dimensões aproximadas de 1 metro quadrado, temos que sujeitar a escala a essa
área. Achamos, por cálculo, que a escala 1:5.000.000 se apropria magnificamente.
Citemos outro exemplo: um mapa estadual para as mesmas dimensões – a Bahia. Na
escala 1:1.000.000 se encaixa perfeitamente a representação deste estado.
Mas, nem sempre, no caso de sujeitarmos a escala às dimensões do papel, se conseguem
escalas redondas. O mais comum é, neste particular, acharmos escalas fracionárias, as quais, a
maioria das vezes, devemos evitar. Quando do planejamento da edição de um atlas é que
dificilmente são possíveis as escalas redondas. Mesmo assim, ressalta-se o trabalho apresentado
por Rodolpho Pinto Barbosa, Atlas Nacional do Brasil, em que, dentro de dimensões rígidas,
conseguiu para os mapas regionais do Brasil escalas redondas e padronizadas.

2.5. Ampliação e redução dos mapas

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Sempre que um mapa é ampliado e reduzido, ocorre alteração de sua escala. Devemos
lembrar que a escala é uma RELAÇÃO LINEAR entre duas dimensões (desenho e objeto real),
sendo, por exemplo, que numa escala de 1/90.000, isto quer significar que uma linha de um
centímetro do desenho eqüivale a novecentos metros de sua correspondente da superfície real.
Porém, quando mudamos as dimensões de uma mapa, ocorrem tanto alterações lineares
como também superficiais. É conveniente lembrar que ampliar ou reduzir x vezes significa fazer
com que as dimensões lineares sejam multiplicadas ou divididas por x, determinando as
dimensões do novo mapa. Isto vem confirmar que a escala é sempre referida às dimensões
lineares.
Entretanto, também ocorrem alterações superficiais, mas estas respeitam funções
exponenciais (potências para ampliações; radicais para reduções). Assim sendo, quando falamos
em ampliar x vezes uma mapa, isto se refere às dimensões lineares do mesmo, porém, no que diz
respeito às dimensões superficiais, estas correspondiam a uma ampliação de x2.
Para ficar mais claro, vejamos o seguinte exemplo, em que consideramos o mapa da figura
a seguir como original, do qual queremos obter uma ampliação de duas vezes.

Escala 1:90.000

Fazendo-se a ampliação, vamos obter o mapa abaixo, que foi duas vezes ampliado.

Escala: 1:45.000

Observe que tanto as linhas da quadrícula como a reta AB aumentaram duas vezes. Mas
veja que a quadrícula do novo mapa contém 4 quadrículas do mapa original, significando que a
alteração superficial não foi de 2 vezes e sim de 22.
No exemplo dado, se a quadrícula do mapa original medisse 4cm por 6cm, teríamos uma
área de 24cm2. Na ampliação feita, a quadrícula passa a medir 8cm por 12cm, ocupando uma
área de 96cm2.
Vejamos agora um caso de redução, tendo-se como original o mapa de escala 1/90.000.

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Escala: 1:30.000

Reduzindo-se 3 vezes este mapa, note que as dimensões lineares da quadrícula, bem como
a reta AB, diminuíram 1/3 do tamanho original. Entretanto, a nova quadrícula ficou reduzida a 1/9
do tamanho original. Assim sendo, se a redução foi de 3 vezes, a alteração superficial foi de 1/32.

Escala: 1:90.000

Muitas vezes falamos em ampliar ou reduzir um mapa em termos percentuais. Por exemplo,
em lugar de se dizer “ampliar um mapa 2 vezes”, poderíamos dizer “ampliar um mapa em 100%”.
Neste caso, seriam modos diferentes de dizer a mesma coisa.
É importante destacar: QUANDO FALAMOS CORRENTEMENTE EM AMPLIAR OU
REDUZIR UM MAPA, ESTAMOS NOS REFERINDO SEMPRES ÀS ALTERAÇÕES LINEARES.
Com relação a este assunto, convém salientar que, nos casos de redução, o denominador
da escala original deve ser multiplicado pelo fator de redução. Em casos de ampliação, dividimos
o denominador da escala original pelo fator de ampliação.
Como exemplo, pode-se citar uma escala original 1:200.000. Se houver redução de duas
vezes, a escala passará a ser 1:400.000. Este fator foi igual a 2, por isso multiplicamos 200 mil por
2. No caso de ter sido feita uma ampliação de duas vezes, a escala do novo mapa passará a ser
1:100.000. Como a ampliação foi de 2 vezes, então dividimos 200 mil por 2.

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2.6. Precisão Gráfica


É a menor grandeza medida no terreno, capaz de ser representada em desenho na
mencionada escala.
A experiência demonstrou que o menor comprimento gráfico que se pode representar em
um desenho é de 1/5 de milímetro ou 0.2mm, sendo este o erro admissível.
Fixado esse limite prático,pode-se determinar o erro tolerável nas medições cujo desenho
deve ser feito em determinada escala. O erro de medição permitido será calculado da seguinte
forma:

Seja:
E = 1/M

em = 0.0002 metro x M

sendo,
M = denominador da escala;
em = erro tolerável em metros.

O erro tolerável, portanto, varia na razão direta do denominador da escala e inversa da


escala, ou seja, quanto menor for a escala, maior será o erro admissível.

Os acidentes cujas dimensões forem menores que os valores dos erros de tolerância não
serão representados graficamente. Em muitos casos é necessário utilizar-se convenções
cartográficas, cujos símbolos irão ocupar no desenho, dimensões independentes da escala.

2.6.1. Escolha de escalas.

Da fórmula,

em = 0.0002 metro x M

conclui-se que,

M = em / 0.0002

Considerando uma região da superfície da Terra que se queira mapear e que possua
muitos acidentes de 10m de extensão, a menor escala que se deve adotar para que esses
acidentes tenham representação será:

M = 10m / 0.0002m =
M = 100.000 / 2 =
M = 50.000

A escala adotada deverá ser igual ou maior que 1:50.000.

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Na escala 1:50.000, o erro prático (020mm ou 1/5mm) corresponde a 10m no terreno.


Verifica-se que multiplicando 10 * 5.000 encontrará 50.000, ou seja, o denominador da escala
mínima para que os acidentes com 10m de extensão possam ser representados.

Bibliografia consultada- Cartografia Digital anual:


SANTOS, A. A. Representações Cartográficas. Recife. Universidade Federal de
Pernambuco, Ed. Universitária., 1985. 201p. (BC – 192771)
DUARTE, P. A. Fundamentos de Cartografia. 2 edição revista e ampliada. Florianópolis:
Ed. da UFSC, 2002. 208p.
DUARTE, P. A. Cartografia Básica. 2 edição. Florianópolis: Ed. da UFSC, 1988. 182p.
DUARTE, P. A. Escala: fundamentos. Florianópolis: Ed. da UFSC, 1983. 43p.
DUARTE, P. A. Cartografia Temática. Florianópolis: Ed. da UFSC, 1991. 145p.
LIBAULT, A. Geocartografia. Universidade de São Paulo. Biblioteca Universitária. 6 série, v.
1. Companhia Editora Nacional. Editora da Universidade de São Paulo. 1975. 390p.
RAISZ, E. Cartografia Geral. Trad. Neide M. Schneider, Pericles Augusto Machado Neves.
Editora Científica. Rio de Janeiro. 1969. 414p. (BC- 441117)
MARTINELLI, M. Curso de Cartografia Temática. São Paulo: Contexto, 1991. 180p.
JOLY, F. A cartografia. Trad. Tânia Pellegrini. 1 reimpressão. Campinas, SP: Editora
Papirus 1997. 136p.
OLIVEIRA, C. Curso de Cartografia Moderna. 2 edição. Rio de Janeiro: IBGE. 1993. 152p.

Exercícios propostos
1- Utilizando a escala gráfica, determine a extensão real da ferrovia que liga os
lugares A e C. Obs: dar resposta em quilômetros.

2- Sobre uma mapa, foi medida a distância de 200cm entre dois pontos. A escala
deste mapa era 1:20.000. Qual é a distância real entre aqueles dois pontos?

3- Um trecho de 800m de uma estrada é mostrado com 25mm sobre um mapa. Em


que escala se apresenta este mapa?

4- Um mapa está na escala de 1:50.000. Com quantos milímetros será mostrada uma
dimensão real de dez quilômetros?

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5- Uma certa montanha mede 200m de altitude. Esta dimensão foi representada, em
uma maquete, com 4cm. Em que escala vertical apresenta-se esta maquete?
6- Transforme a escala numérica 1:25.000 em escala gráfica simples fechada, de
maneira que cada parte da Divisão Principal corresponda a 250 metros.

7- Um mapa, na escala de 1:50.000, foi ampliado 2 vezes. Que escala passou a ter o
novo mapa?

8- Um mapa, na escala de 1:20.000, foi reduzido 4 vezes. Que escala passou a ter o
novo mapa?

9- Um mapa, na escala de 1/100.000, foi ampliado 4 vezes, o qual estava desenhado


dentro de uma quadrícula de 8cm x 12cm. Que escala passou a ter o novo mapa? Quais as
dimensões da nova quadrícula? E qual a área dessa nova quadrícula?

10- Dado um mapa na escala de 1/20.000, tendo uma quadrícula de 27cm por 45cm,
fazer uma redução de um terço. Qual a escala e as dimensões do novo mapa?

11- Um mapa tem as dimensões de 12cm por 18cm, do qual queremos fazer uma
ampliação de 100%. A escala deste original é 1/10.000. Que escala terá o novo mapa? E as
dimensões da nova quadrícula?

12- Desenhar a escala gráfica:


g. 1:5.000 em metros
h. 1:20.000 em metros
i. 1:5.000.000 em quilômetros
j. 1:12.500 em quilolitros

13- Obter a escala numérica:


a. 1 cm equivale a 10km
b. 1 cm equivale a 2000cm
c. 1 cm equivale a 45000m
d. 1 cm equivale a 500m

14- Qual a dimensão real de uma estrada que, em um mapa cuja escala é 1:20.000, é
representada com 8.0cm?

15- Em um determinado mapa, qual a distância correspondente a 12.5km no terreno,


sendo a escala do referido mapa igual a 1:50.000?

16- Qual a escala de um mapa na qual uma estrada de 1600m reais é representada por
64cm?

17- A distância medida entre dois pontos em um mapa na escala 1:250.000 é de


0.007m. No terreno, qual a distância correspondente a esses dois pontos?

18- Qual a distância gráfica representada em um mapa na escala 1:25.000, de um


canal de 0.5km de extensão? Resposta em cm e mm.

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19- Ao medirmos em um mapa uma distância de 0.066m, e sabendo que a distância
verdadeira correspondente é de 6.600m, qual será a escala do mapa onde foi realizada a
medição?

20- Ao consultarmos um mapa na escala 1:250.000 verificamos a existência de um


canal medindo 12.0mm. Qual será o seu tamanho real?

21- A ponte Rio-Niterói, com 14km de extensão, é representada em um mapa na escala


1:50.000 com que valor? Resposta em m, cm e mm.

22- Em um mapa, verificamos que um segmento AB mede 0.008m. O correspondente a


esse segmente no terreno é igual a 400m. Determine a escala do mapa onde estamos
trabalhando.

23- Determinar a escala de um mapa onde um viaduto é representado com 3.0cm de


extensão, sabendo-se que em um outro mapa na escala 1:50.000 este mesmo viaduto mede
15.0mm.

24- Em um mapa na escala 1:50.000 a distância entre dois pontos A e B é indicada por
12.0cm. Em outro mapa cuja escala desconhecemos, para essa mesma medida encontramos
24.0cm. Determine a escala desse mapa.

25- Uma distância gráfica de 0.004m, corresponde a uma distância no terreno de 200m.
Responda qual a escala desse mapa.

26- Qual a menor dimensão real de um elemento natural ou artificial representável nas
seguintes escalas:

a. 1:25.000
b. 1:50.000
c. 1:100.000
d. 1:250.000
e. 1:1.000.000

27- Sabendo que o erro gráfico em qualquer escala é de 0.2mm, comprove se uma
edificação de 50m de comprimento (reais) pode ser representada em um mapa na escala
1:100.000.

28- Verifique se um elemento de 5.0m de comprimento poderá ser representado em um


mapa na escala 1:50.000. Caso não possa, e tendo-se a necessidade de representa-lo, que
solução seria viável, sem alterar a escala?

29- Ao planejarmos o mapeamento de uma determinada região, verificamos a


existência de muitos elementos naturais e artificiais com 4.0m de extensão. Qual a escala
indicada para que esses elementos possam ser representados?

30- Determine a menor escala em que qualquer elemento com 50,0m de comprimento
terá representação.

31- Se no exercício anterior o comprimento dos elementos fosse de 10.0m?

32- Ampliar em 5 vezes a escala 1:100.000.

33- Reduzir em 4 vezes a escala 1:25.000.

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34- Um técnico de Geodésia e Cartografia, desejando mapear uma determinada área
na escala 1:250.000, chegou a conclusão que a melhor solução seria utilizar mapas na escala
1:50.000, já existentes. Ele tem que reduzir ou ampliar esses mapas, e em quantas vezes?

35- Em um mapa na escala 1:1.000.000, medimos uma estrada com 3.0cm de


extensão. Ao ampliarmos esse mapa 4 vezes, que escala encontraremos e qual será o valor da
mesma distância?

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3. REPRESENTAÇÃO CARTOGRÁFICA
3.1. POR TRAÇO
GLOBO - representação cartográfica sobre uma superfície esférica, em escala pequena,
dos aspectos naturais e artificiais de uma figura planetária, com finalidade cultural e ilustrativa.

MAPA (Características):
- representação plana;
- geralmente em escala pequena;
- área delimitada por acidentes naturais (bacias, planaltos, chapadas, etc.), político-
administrativos;
- destinação a fins temáticos, culturais ou ilustrativos.

A partir dessas características pode-se generalizar o conceito:


" Mapa é a representação no plano, normalmente em escala pequena, dos aspectos
geográficos, naturais, culturais e artificiais de uma área tomada na superfície de uma Figura
planetária, delimitada por elementos físicos, político-administrativos, destinada aos mais variados
usos, temáticos, culturais e ilustrativos."

CARTA (Características):
- representação plana;
- escala média ou grande;
- desdobramento em folhas articuladas de maneira sistemática;
- limites das folhas constituídos por linhas convencionais, destinada à avaliação precisa de
direções, distâncias e localização de pontos, áreas e detalhes.

Da mesma forma que da conceituação de mapa, pode-se generalizar:


" Carta é a representação no plano, em escala média ou grande, dos aspectos artificiais e
naturais de uma área tomada de uma superfície planetária, subdividida em folhas delimitadas por
linhas convencionais - paralelos e meridianos - com a finalidade de possibilitar a avaliação de
pormenores, com grau de precisão compatível com a escala."

PLANTA - a planta é um caso particular de carta. A representação se restringe a uma área


muito limitada e a escala é grande, consequentemente o nº de detalhes é bem maior.
"Carta que representa uma área de extensão suficientemente restrita para que a sua
curvatura não precise ser levada em consideração, e que, em consequência, a escala possa ser
considerada constante."

3.2. POR IMAGEM

MOSAICO - é o conjunto de fotos de uma determinada área, recortadas e montadas técnica


e artísticamente, de forma a dar a impressão de que todo o conjunto é uma única fotografia.
Classifica-se em:
- controlado - é obtido a partir de fotografias aéreas submetidas a processos específicos de
correção de tal forma que a imagem resultante corresponda exatamente a imagem no instante da
tomada da foto. Essas fotos são então montadas sobre uma prancha, onde se encontram plotados
um conjunto de pontos que servirão de controle à precisão do mosaico. Os pontos lançados na
prancha tem que ter o correspondente na imagem. Esse mosaico é de alta precisão.

- não-controlado - é preparado simplesmente através do ajuste de detalhes de fotografias


adjacentes. Não existe controle de terreno e as fotografias não são corrigidas. Esse tipo de
mosaico é de montagem rápida, mas não possui nenhuma precisão. Para alguns tipos de trabalho
ele satisfaz plenamente.

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- semicontrolado - são montados combinando-se características do mosaico controlado e do
não controlado. Por exemplo, usando-se controle do terreno com fotos não corrigidas; ou fotos
corrigidas, mas sem pontos de controle.

FOTOCARTA - é um mosaico controlado, sobre o qual é realizado um tratamento


cartográfico (planimétrico).

ORTOFOTOCARTA - é uma ortofotografia - fotografia resultante da transformação de uma


foto original, que é uma perspectiva central do terreno, em uma projeção ortogonal sobre um
plano - complementada por símbolos, linhas e georreferenciada, com ou sem legenda, podendo
conter informações planimétricas.

ORTOFOTOMAPA - é o conjunto de várias ortofotocartas adjacentes de uma determinada


região.

FOTOÍNDICE - montagem por superposição das fotografias, geralmente em escala


reduzida. É a primeira imagem cartográfica da região. O fotoíndice é insumo necessário para
controle de qualidade de aerolevantamentos utilizados na produção de cartas através do método
fotogramétrico. Normalmente a escala do fotoíndice é reduzida de 3 a 4 vezes em relação a
escala de vôo.

CARTA IMAGEM - Imagem referenciada a partir de pontos identificáveis e com


coordenadas conhecidas, superposta por reticulado da projeção, podendo conter simbologia e
toponímia.

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4. REDE GEOGRÁFICA
Entende-se por rede geográfica o conjunto formado por paralelos e meridianos, ou seja,
pelas linhas de referência que cobrem o globo terrestre com a finalidade de permitir a localização
precisa de qualquer ponto sobre sua superfície, bem como o orientar a confecção de mapas.

Planisfério com algumas linhas da rede geográfica.

4.1. As linhas da rede geográfica


As linhas dispostas no sentido norte-sul (vertical) recebem o nome de meridianos, enquanto
que aquelas dispostas no sentido leste-oeste (horizontal) são denominadas paralelos, podendo
ser definidas de forma mais técnica, conforme segue:
 Meridianos – são semicircunferências de círculos máximos, cujas extremidades são os
dois pólos geográficos da Terra. O plano de cada meridiano contém o eixo da Terra e todos eles
têm como ponto comum os pólos verdadeiros.

Um meridiano é somente a semicircunferência de círculo máximo. Qualquer deles divide a


Terra em dois hemisférios: um a leste e outro a oeste, mas uma convenção internacional adotou
aquele que passa por Greenwich, em Londres, como sendo o meridiano-base para determinação
dos hemisférios (oriental e ocidental) e também para contagem da longitude.

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Meridianos.

 Meridiano superior – refere-se à linha norte-sul da rede geográfica que passa pelo local ao
qual estivermos fazendo qualquer referência; é aquele que contém o zênite1 de um lugar. É, na
realidade, a linha que chamamos de meridiano.
 Meridiano inferior – é o meridiano que se encontra diametralmente oposto ao meridiano
superior; é aquele que contém o nadir2. Hoje em dia, prefere-se chamá-lo e antimeridiano. Fica
sempre no hemisfério contrário ao do meridiano superior.
 Meridiano de origem – é aquele tomado como base para a determinação dos hemisférios
oriental e ocidental da Terra. A partir deles temos 180 graus tanto para leste como para oeste. O
seu antimeridiano (180graus) serve como base para o traçado da Linha Internacional da Mudança
de Data (ver fusos horários).
 Paralelos são circunferências que têm seus planos, em toda sua extensão, a igual
distância do plano do Equador, sendo sempre perpendiculares ao eixo da Terra.

1
Zênite: ponto da esfera celeste na vertical da nossa cabeça.
2
Nadir: ponto da esfera terrestre diretamente abaixo do observador e diretamente oposto ao zênite.

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A todo meridiano corresponde um antimeridiano situado no hemisfério contrário.

Nesta visão, centrada no pólo Sul da Terra, vemos os hemisférios oriental e ocidental. O
antimeridiano referente ao meridiano de 45 graus oeste é o de 135 graus leste. Por sua vez, se
tomarmos como referência o meridiano de 135 graus leste, o seu antimeridiano será o de 45 graus
oeste. Com isso, podemos deduzir que uma dessas linhas será chamada de meridiano ou
antimeridiano conforme o ponto de vista adotado. Observamos, ainda, que entre um meridiano e
seu antimeridiano, a diferença será sempre de 180 graus.

Nesta visão, frontal ao meridiano de Greenwich, vemos os dois hemisférios: oriental e


ocidental. O meridiano de Greenwich corresponde a 0 graus. A partir dele, tanto para oeste como
para leste, vamos encontrar o seu antimeridiano, que vale 180 graus.

4.1.1.Paralelos com nomes especiais


Existem alguns paralelos que recebem nomes especiais, sendo definidos a partir de
situações estratégicas relacionadas com o movimento de rotação da Terra (que define a posição
do eixo) e o movimento de revolução (que demarca o plano da eclíptica).

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 Equador – é o paralelo cujo plano é perpendicular ao eixo da Terra e está eqüidistante dos
pólos geográficos dividindo o globo terrestre em dois hemisférios: norte e sul.
Além do Equador, existem outros paralelos que ocupam posições geograficamente
estratégicas, recebendo também nomes especiais. São eles: Trópico de Câncer, Trópico de
Capricórnio, Círculo Polar Ártico e Círculo Polar Antártico.

Numa visão centrada em qualquer um dos pólos geográficos, os paralelos seriam vistos
como círculos concêntricos. O Equador seria a linha mais externa. Convém observar que,
enquanto os meridianos são semicircunferências, os paralelos são circunferências.

Nesta visão, frontal à linha do equador, os paralelos se apresentam como linhas paralelas
àquela. A metade do círculo que contém o pólo sul é o hemisfério sul; a outra é o hemisfério norte.

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Paralelos com nomes especiais.

4.1.2.Coordenadas geográficas
Com base na rede geográfica, podemos determinar as coordenadas, ou seja, a latitude e a
longitude, de qualquer ponto situado sobre a superfície terrestre. Para determinação da latitude
são considerados os paralelos, enquanto que para a longitude levamos em consideração os
meridianos.
Latitude é o valor angular do arco do meridiano compreendido entre o Equador e o paralelo
do lugar de referência. Será sempre norte (N) ou sul (S).
Com base na figura abaixo, podemos tirar algumas conclusões:
 O Equador e o eixo da Terra formam um ângulo de 90 graus; esta é a latitude máxima.
 Os pontos A e B, situados no mesmo paralelo, possuem latitude de 45 graus norte.
 Os pontos C e D possuem latitude de 60 graus sul.
 O valor de cada paralelo é determinado pelo ângulo formado, no centro da Terra, pelo
plano do Equador e a linha que corresponde ao prolongamento da vertical do lugar.

Latitude.

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Longitude é o valor angular, junto ao eixo da Terra, do plano formado pelo prolongamento
das extremidades do arco de paralelo compreendido entre meridiano de Greenwich e o meridiano
do lugar de referência, considerando-se este plano sempre paralelo ao plano do Equador. A
longitude será sempre leste (E- east) ou oeste(W-west).
As coordenadas geográficas de um ponto qualquer sobre a superfície terrestre
correspondem, então, ao conjunto da latitude e longitude.
As figuras que seguem exemplificam a latitude e a longitude.

Longitude.
Vamos considerar que o meridiano de Greenwich seja aquele que passa pelos pontos A e
D. Neste caso, a longitude dos pontos C e F é de 90 graus. O ponto C encontra-se no plano do
Equador e sua longitude é determinada pelo ângulo formado em B, no centro da Terra. Com
relação ao ponto F, o que determina sua longitude (a mesma do ponto C) é o ângulo formado em
E. Observe que o prolongamento das linhas em D e F não podem ir na direção do centro da Terra
(ponto B) e sim na direção do eixo da Terra, de modo que o alinhamento DEF seja paralelo a
ABC.

Visão esquemática do globo terrestre, centrada no pólo norte.

Podemos ver que o hemisfério ocidental compreende a metade da esfera que vai de zero a
180 graus a oeste de Greenwich; o hemisfério oriental fica entre zero e 180 graus a leste.
Com isso, deduzimos que a longitude máxima é de 180 graus (leste ou oeste) e que o ponto
“A” tem 90 graus de longitude oeste, enquanto que a longitude do ponto “B” é de 90 graus
leste.

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Coordenadas geográficas.

Latitude e longitude constituem o que se chama de coordenadas geográficas e indicam com


precisão a posição de um ponto qualquer sobre a superfície terrestre. No exemplo desta figura, o
ponto “P” tem as seguintes coordenadas: 50 graus de latitude norte e 110 graus de longitude
leste.
(visitar www.youtube.com.br : latitude longitude / coordenadas geográficas)

4.1.3.Rede geográfica e mapas


Nos mapas, paralelos e meridianos apresentam-se como linhas retas ou curvas,
dependendo do sistema de projeção adotado. De modo geral, os paralelos mantêm uma
disposição no sentido horizontal, enquanto que os meridianos dispõem-se no sentido vertical,
procurando-se também evitar um número exagerado de linhas para que não ocorra uma
saturação de informações desnecessárias. Por essa razão, tais linhas são dispostas em
quantidade compatível com o nível da informação a ser prestada ao leitor, estando também
estreitamente relacionada com a escala do mapa.

4.1.3.1. Determinação de coordenadas geográficas sobre mapas


Muitas vezes, necessitamos obter as coordenadas geográficas de um lugar qualquer sobre
um mapa. Isto poderá ser feito por meio de um simples cálculo. Entretanto, devemos salientar que
quanto menor for a escala, mais generalizações ocorrerão, o que, certamente, irá contribuir
também para fazer com que nossos cálculos resultem em valores menos precisos.
Determinar as coordenadas geográficas e um ponto qualquer sobre um mapa significa
identificar a latitude e a longitude deste ponto, o que, em outras palavras, seria calcular o valor do
paralelo e do meridiano que se cruzam sobre o lugar considerado. Para isso, usamos um
procedimento muito simples que consta da obtenção de medidas sobre o mapa com uma régua e
aplicação de uma regra de três em que medidas decimais são transformadas em sexagesimais.
Em primeiro lugar, devemos identificar os limites da quadrícula em que se encontra o lugar
do qual queremos determinar as coordenadas. Vamos tomar como exemplo a figura abaixo, em
que vemos o ponto “A” representando uma cidade qualquer que está situada na quadrícula
formada pelos paralelos de 10 e 20 graus e os meridianos e 60 e 70 graus.

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Cálculo da latitude do ponto “A”.

Para determinarmos a latitude do ponto “A”, tomamos por base os dois paralelos (10 e 20
graus) que envolvem este ponto, os quais estarão separados por 66 mm. Sabendo-se que do
paralelo de 10 graus até o ponto “A” a distância é de 23mm, uma regra de três simples nos
permitirá deduzir a latitude em questão.
Para o cálculo da latitude, medimos, junto ao ponto, a distância total entre os dois paralelos,
tendo-se obtido o valor de 66 milímetros. Assim, podemos afirmar que 66 mm eqüivalem a 10
graus (diferença entre 20 e 10 graus). Em seguida, verificamos que do ponto “A” até o paralelo de
10 graus temos 23 mm (66 – 43 = 23). Com isso, podemos montar o seguinte raciocínio, na forma
de regra de três: se 66mm eqüivalem a 10 graus, então 23mm eqüivalerão a “x” graus, ou seja:
66 mm = 10 graus
23 mm = x graus
x = (23 x 10)/66
x = 230/66
x = 3 graus
Diante do resultado, chegamos à conclusão de que o lugar “A” está afastado 3 graus desde
o paralelo de 10 graus. Isto quer dizer que o paralelo que passa sobre o ponto “A” é o 13 graus.
Em outras palavras, a latitude do lugar “A” é de 13 graus sul.
Considerando-se que qualquer pequena diferença nas medidas seja por causa do uso de
réguas de marcas diferentes, e por isso é claro que os resultados não serão exatamente iguais,
mas deverão ser aproximados.
Se quisermos chegar aos detalhes de minutos e segundos, podemos calcular da seguinte
forma:
x = 230/66
230/66 = 3 quociente (graus) e resto de 32
resto de 32 * 60 = 1.920
1.920/66 = 29 quociente (minutos) e resto de 6
resto de 6 * 60 = 360
360/66 = 5 quociente (segundos) e resto de 30

Dividindo-se 230 por 66 obtivemos o quociente 3 e um resto de 32, o qual deve ser
multiplicado por 60. O produto 1.920 será dividido por 66, obtendo-se o quociente 29 e um resto
de 6. Este resto também será multiplicado por 60 e o produto novamente dividido por 66, obtendo-
se o quociente 5 e um resto que poderá ser abandonado. Os quocientes 3, 29 e 5 serão,
respectivamente, graus, minutos e segundos. Assim sendo, a latitude do lugar “A” será de 13
graus, 29 minutos e 5 segundos.
Usando-se calculadores, podemos proceder da seguinte maneira:

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230/66 = 3,484848 – 3 = 0,484848 * 60 = 29,09088 – 29 = 0,09088 * 60 = 5,4528

Com isso, os valores 3, 29 e 5 corresponderão, respectivamente, aos graus, minutos e


segundos.
Observe que, tanto no cálculo da latitude como no da longitude, tomamos por base sempre
o paralelo ou meridiano de menor valor para medirmos a distância até a localidade. No exemplo
que estamos abordando, o paralelo-base é o de 10 graus, enquanto que o meridiano-base é o de
60 graus, como veremos a seguir.
O cálculo da longitude segue o mesmo modelo, porém tomando por base os meridianos. A
distância total entre os meridianos (esta medida deve ser obtida sempre junto do ponto e não nos
cantos da quadrícula) é de 65mm. Do ponto “A” até o meridiano de 60 graus, temos 30mm
(diferença entre 70 e 60), enquanto que 30 mm correspondem a x graus, ou seja:
65 = 10 mm
30 mm = x graus
Então, x = (30 * 10 )/65
X = 300/65
Usando-se uma calculadora, teremos:
300/65 = 4,6154
4,6154 – 4 = 0,6154
0,6154 * 60 = 39,924
39,924 – 36 = 0,924
0,924 * 60 = 55,44
Os valores 4, 36 e 55 são, respectivamente, graus, minutos e segundos. Sendo assim,
concluímos que o ponto “A” está a 64 graus, 36 minutos e 55 segundos de longitude oeste.
Diante dos resultados, podemos dizer, finalmente, que as coordenadas geográficas do lugar
“A” são 13 graus, 29 minutos e 5 segundos de latitude sul e 64 graus, 36 minutos e 55 segundos
de longitude oeste.

Cálculo da longitude do ponto “A”.

Para determinarmos a longitude do ponto “A”, procedemos do mesmo modo como fizemos
para a latitude, porém tomando por base os meridianos que envolvem o ponto (60 e 70 graus).
Convém lembrar que tal procedimento nos leva apenas a uma estimativa, ou seja, uma
aproximação dos valores oficiais.
Convém observar que as medidas devem ser feitas sempre sobre o ponto de referência ( o
ponto “A” neste exemplo), tanto na latitude como na longitude.
Outro exemplo podemos ver na próxima figura, na qual temos:

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Coordenadas geográficas, aproximadas, de Timbé do Sul/SC: 28 graus, 49 minutos e 43


segundos de latitude sul e 49 graus, 50 minutos e 54 segundos de longitude oeste.
Cálculo da latitude:
11,1cm = 30 minutos
7,3cm = x
x = (7,3 * 30) / 11,1
x = 219/11,1
x = 19 minutos e 43 segundos

Cálculo da longitude:
9,9cm = 30 minutos
6,9cm = x
x = (6,9 * 30)/9,9
x = 207/9,9
x = 20 minutos e 54 segundos

Bibliografia consultada- Cartografia Digital anual:


DUARTE, P. A. Fundamentos de Cartografia. 2 edição revista e ampliada. Florianópolis:
Ed. da UFSC, 2002. 208p.
DUARTE, P. A. Cartografia Básica. 2 edição. Florianópolis: Ed. da UFSC, 1988. 182p.
DUARTE, P. A. Escala: fundamentos. Florianópolis: Ed. da UFSC, 1983. 43p.
DUARTE, P. A. Cartografia Temática. Florianópolis: Ed. da UFSC, 1991. 145p.

Exercícios Propostos
1- Explique a rede geográfica
2- O que são meridianos?
3- O que são paralelos?
4- O que são coordenadas geográficas? Explique detalhadamente.
5- Esquematize
a) Latitude
b) Longitude
6- Com a Carta Topográfica do IBGE (1:50.000) em mãos, calcule as coordenadas
geográficas especificadas na próprias carta.

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5. PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS
A história dos mapas reflete a preocupação que o homem sempre teve em representar a
superfície terrestre, utilizando técnicas de acordo com o estágio de seus conhecimentos. Com o
passar do tempo, impõe-se a preocupação em obter resultados cartográficos com o maior rigor
científico possível, tendo-se duas formas principais de representar a superfície terrestre: globos e
mapas. Os globos geográficos constituem-se no modo mais fiel de representar a Terra, mesmo
sabendo-se que nosso planeta não é uma esfera perfeita. Entretanto, a diferença entre os eixos
polar e equatorial do planeta é tão pequena que seria praticamente impossível representá-Ia em
escala tão reduzida nos globos de mesa. Por isso, podemos ter certeza que tais globos são os
modelos mais parecidos com a superfície real da Terra. Mas os globos possuem algumas
vantagens e desvantagens que fazem com que a Cartografia dê preferência para os mapas, os
quais, por sua vez, também não são perfeitos. Por isso, faz-se necessário tecer algumas
considerações sobre certas vantagens e desvantagens de globos e mapas.
 Os globos não permitem que o observador tenha visão de toda a superfície terrestre ao
mesmo tempo, ou seja, em razão de sua esfericidade eles nos mostram sempre um de seus lados
e escondem o outro. Isto já não ocorre com os mapas, pois estes podem representar o mundo
inteiro ao mesmo tempo (planisférios).
 Podemos girar os globos para termos uma visão centrada em qualquer ponto da superfície
terrestre, o que já não se pode fazer com os mapas, pois estes são fixos.
 O manuseio dos globos é muito incômodo, como por exemplo: tirar cópias, obter medidas
com instrumentos, transportar. Os mapas, por sua vez, possuem grande facilidade de manuseio.
 Os globos, para que fiquem num tamanho razoável e permitam mais fácil manuseio,
precisam representar a Terra numa escala muito pequena, o que leva a muitas generalizações e
também poucas informações. Os mapas, porém, podem representar a Terra em várias escalas,
permitindo que se possa planejar a quantidade de informações, bem como seu nível de precisão.
 A confecção dos globos requer grande dispêndio de materiais e equipamentos especiais, o
que encarece bastante seu custo ao consumidor. Com relação aos mapas, estes têm um custo
bem mais acessível.
 De modo geral, os globos são a representação mais fiel da Terra no que diz respeito à
forma do planeta, forma e dimensões dos acidentes geográficos, além da distribuição das terras e
águas. Os mapas, no entanto, ao reproduzirem numa superfície plana (o papel) aquilo que na
realidade é curvo (a superfície terrestre), sempre apresentam distorções. Não existe o mapa
perfeito. Mesmo assim, dá-se preferência pelo seu uso em lugar dos globos, tendo em vista uma
série de vantagens que eles apresentam, conforme vimos anteriormente. Por isso é que se faz
necessário um estudo das projeções cartográficas, para que se possa entender sua relação com
os mapas e o importante papel que elas apresentam na Cartografia.
Vejamos, a seguir, uma definição de projeção cartográfica:
“Traçado sistemático de linhas numa superfície plana, destinado à representação de
paralelos de latitude e meridianos de longitude da Terra ou de parte dela. Pode ser construído
mediante cálculo analítico, ou traçado geometricamente. freqüentemente referido como projeção,
o termo completo é aconselhado, a não ser que o contexto indique claramente o significado
“(Oliveira ,1983, p.539).
Uma projeção cartográfica é a base para a construção dos mapas, pois ela se constitui
numa rede de paralelos e meridianos, sobre a qual os mapas poderão ser desenhados. No
entanto, os modos de obtenção desta malha de linhas são os mais diversos, cada qual gerando
certas distorções e evitando outras. Parte-se do princípio de que, sendo a Terra uma esfera, esta,
ao ser colocada numa folha de papel, deverá adaptar-se à forma plana. Para que isso ocorra só
há um modo: pressionar o globo terrestre para que ele fique plano. Logicamente que ao sofrer tal
pressão o globo irá partir em vários lugares, como mostra a figura abaixo.
A Terra finalmente ficará plana (um mapa), porém com uma série de deformações. Então, a
Cartografia busca solucionar este problema com base no estudo das projeções cartográficas,
apesar de que se saiba que nenhuma delas irá evitar a totalidade das deformações.

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A Terra pressionada sobre um plano.

O princípio primário das projeções cartográficas é o de se colocar um globo entre uma fonte
de luz e uma tela. As imagens curvas do globo, ao serem projetadas na tela, irão adaptar-se à sua
forma plana, com isso sofrendo uma série de deformações. Em razão disso, voltamos a dizer que
nenhum mapa é perfeito. Todos eles possuem determinadas propriedades que fazem com que se
conheça, conforme o tipo de projeção, as deformações ocorridas. Para facilitar o entendimento de
tais deformações, os cartógrafos buscaram três superfícies de mais fácil resolução geométrica
para que sobre elas fossem feitas as projeções da rede geográfica: cilindro, cone e plano. A
projeção dos paralelos e meridianos será feita na parte interna do cilindro, do cone ou diretamente
na superfície plana. Nos dois primeiros casos, as figuras geométricas, após feita a projeção,
deverão ser “desenvolvidas”, isto é, tornadas planas. Isto é conseguido cortando-se a figura ao
longo de uma de suas linhas, abrindo-a em seguida. O que antes era um cilindro ou um cone
passa a ser um plano com a rede geográfica nele inscrita, constituindo-se, então, numa projeção
cartográfica cilíndrica ou cônica.

Princípio primário de obtenção de uma projeção cartográfica. Uma fonte de luz projeta a superfície
terrestre numa tela. As imagens curvas do globo irão adaptar-se à superfície plana da tela. Daí as
deformações dos mapas. Fonte: Duarte, 2002.

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Superfícies de apoio, cônica, cilíndrica e plana.

O estudo sobre projeções cartográficas é bastante extenso, envolvendo uma série de


aspectos. Nosso propósito, neste capítulo, é fazer com que o leitor consiga entender o porquê das
deformações dos mapas, o fato de eles nunca serem perfeitos, a razão do grande número de
projeções cartográficas, além dos tipos de deformações que ocorrem. Assim sendo, devemos

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esclarecer que um cartógrafo, sabendo que é impossível ter um mapa plenamente correto, ao
conceber um tipo de projeção busca obter determinados efeitos, visando atender certas
finalidades. De modo geral, são considerados os seguintes aspectos:
 Manter inalteradas as grandezas dos ângulos. Em tal caso, é mantida a similitude entre as
regiões representadas, ou seja, a forma ou fisionomia dos elementos desenhados no mapa
mantém-se igual àquela da superfície terrestre. Para conseguir manter a similitude das formas,
são alteradas as áreas. Neste caso, as projeções são denominadas Conformes. A Projeção de
Mercator que vemos na figura abaixo é deste tipo.

Planisfério desenhado sobre a Projeção de Mercator.

 Conservar a relação entre as áreas da superfície terrestre com as representadas no mapa.


As projeções deste tipo mantêm a proporção de tamanho entre a superfície real e a do desenho,
sendo denominadas de Equivalentes. Em tais tipos, para que a relação entre as áreas seja
mantida, é alterada a forma ou a fisionomia das regiões representadas no mapa. Um bom
exemplo temos na próxima figura, que mostra a Projeção de Peters, feita com intuito de
representar as áreas em suas reais proporções, embora alterando as formas. Podemos observar
que o Brasil está com um alongamento maior no sentido norte-sul, o que não é verdadeiro, pois
nosso país tem 4.320km de extensão norte-sul e 4.328km no sentido leste-oeste. Sua forma,
portanto, foi alterada para ser conseguida a similitude da área real com a do desenho.

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-
Planisfério desenhado sobre a Projeção de Peters.

 Conservar inalterada a relação entre os comprimentos medidos em certas direções. Esta


questão implica a relação de comprimento dos paralelos e meridianos reais com aqueles
desenhados nos mapas. Esta propriedade é denominada Eqüidistância e só pode ser consegui
da em algumas linhas apenas.

Portanto, equivalência, conformidade e eqüidistância são propriedades gerais das projeções


cartográficas, as quais podem ser obtidas variando-se o tipo e a posição da superfície de projeção
(plano, cone ou cilindro).
Quanto às projeções cilíndricas, temos os seguintes tipos:
 Cilíndrica direta tangente, quando o cilindro tem seu eixo perpendicular ao Equador,
tocando apenas esta linha.
 Cilíndrica direta secante, quando o cilindro tem também seu eixo perpendicular ao plano do
Equador, porém cortando o globo terrestre através de dois paralelos.
 Cilíndrica transversa tangente.
 Cilíndrica transversa secante, quando o cilindro está na posição anterior, porém cortando o
globo terrestre ao longo de dois paralelos.
 Cilíndrica oblíqua tangente. O cilindro é colocado em qualquer outra posição que não seja
direta ou transversa.
 Cilíndrica oblíqua secante. O cilindro também é colocado em qualquer outra posição que
não seja direta nem transversa, porém cortando o globo terrestre.

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Projeção cilíndrica direta tangente (a); projeção cilíndrica direta secante (b).

Projeção cilíndrica transversa tangente (a); projeção cilíndrica transversa secante (b).

Projeção cilíndrica oblíqua tangente (a); projeção cilíndrica oblíqua secante (b).

As projeções cônicas podem apresentar os seguintes tipos:


 Cônica oblíqua tangente, o cone é colocado com seu eixo inclinado em relação ao
plano do Equador.

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 Cônica oblíqua secante, o cone também é colocado com seu eixo inclinado em relação ao
plano do Equador, porém cortando o globo terrestre.
 Cônica normal tangente, o eixo do cone é perpendicular ao plano do Equador, tocando
apenas um paralelo.
 Cônica normal secante, o cone corta o globo terrestre em dois pontos, tendo o eixo ainda
perpendicular ao plano do Equador.
 Cônica transversa tangente, o eixo do cone é coincidente com o plano do Equador.
 Cônica transversa secante, o eixo do cone coincide com o plano do Equador, mas corta o
globo terrestre em dois pontos.

Projeção cônica oblíqua tangente (a); projeção cônica oblíqua secante (b).

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Projeções cônicas normal e transversa .

As projeções planas, também chamadas zenitais ou azimutais, podem apresentar-se com os


seguintes tipos:
 Plana polar: o plano tangencia um dos pólos geográficos.
 Plana equatorial: o plano tangencia a linha do Equador.
 Plana oblíqua: o plano é colocado em qualquer posição desde que não seja no Equador
nem nos pólos.
Os tipos anteriores ainda podem sofrer variações, mudando-se a posição do ponto de vista.
Conforme o caso, a projeção poderá receber uma das seguintes denominações: gnomônica,
Estereográfica e ortográfica.

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Projeções planas e projeção gnomônica.

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Projeções Estereográfica e ortográfica.


Diante do que vimos, podemos concluir que é muito grande o número de projeções
cartográficas, cada qual possuindo determinadas características que fazem com que os mapas
estejam “certos” e “errados” ao mesmo tempo. Isto acontece porque a transformação da superfície
curva da Terra num plano resulta sempre em distorções. O papel das projeções, então, é fazer
com que essas deformações sejam conhecidas, bem como também permitir que em certas partes
os mapas sejam corretos. Assim, cada tipo de projeção cartográfica atenderá a determinadas
finalidades ou efeitos que se pretende alcançar no desenho dos mapas.

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Comparações entre os Sistemas de Projeções.

Exercícios propostos:
1- O que é projeção cartográfica?
2- Por que a existência das projeções cartográficas?
3- O que são superfícies de apoio? Quais os tipos?
4- Faça um esquema com a classificação dos tipos de superfícies de apoio e suas
derivações.
5- Explique e dê exemplos:
a. Projeção conforme
b. Projeção equivalente
c. Projeção eqüidistante
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6- Porque existem vários tipos de projeções cartográficas para representar o globo


terrestre?
7- Para construir mapas na escala 1:1.000.000, qual a projeção mais indicada? Dê suas
características.
8- Para a nossa região (Limeira/SP/Brasil), qual a projeção cartográfica mais indicada?

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6. SISTEMA DE PROJEÇÃO UNIVESAL TRANSVERSA DE MERCATOR (UTM)


6.1. Introdução
Desde a antigüidade o homem tem buscado conhecer sua localização na Terra. Vê-se
acompanhado das perguntas: Onde? O que existe neste lugar? Nos relatos da História percebe-
se a constante busca da localização e, também, a representação, com perfeição, da superfície
terrestre sobre uma superfície plana. Porém, a superfície da Terra apenas será verdadeiramente
representada, sem distorção, sobre um globo de igual forma que ela. Para representar a Terra
sobre uma superfície plana, nos sistemas desenvolvidos, sempre houve distorções, que devem
ser minimizadas pela correta seleção da projeção.
Projeção é um traçado sistemático de linhas numa superfície, denominado grade, destinado
à representação de paralelos de latitude e meridianos de longitude da Terra.
O modelo de grade depende da posição do ponto de projeção e da posição do ponto do
mapa. A superfície sobre a qual a projeção é feita pode ser um plano, um cone ou um cilindro.
Uma vez que a grade é desenhada, características podem ser plotadas em suas corretas
posições com referências aos meridianos e paralelos.
Em 1569, Mercator elaborou um mapa-múndi, em projeção cilíndrica isógena, e descreveu .
seus princípios e propriedades sobre o próprio mapa.
Em 1951, a projeção Mercator (Universal Transversa de Mercator - UTM) foi adotada pela
Associação Geodésica Internacional para uso no mundo inteiro para uniformização da cartografia
internacional.
Neste sistema, a Terra, representada por um elipsóide de revolução, foi dividida em
sessenta fusos de 6° de longitude, numerados de 1 a 60, com origem no antimeridiano de
Greenwich, em sentido anti-horário para um observador situado no polo norte.

6.2. UTM
Gerhard Kremer Mercator (1512-1594) foi o matemático e cartógrafo, autor da projeção que
levou seu nome. E considerado o “pai da cartografia moderna”.
Mercator elaborou um mapa-múndi no sistema de projeção cilíndrica isógena (a projeção
dos elementos é feita a partir de um mesmo ponto) em 1569 e descreveu seus princípios e
propriedades sobre o próprio mapa. Tornou-se a projeção cilíndrica mais conhecida devido a sua
grande utilidade para a navegação, sendo uma projeção onde os pontos tem a propriedade da
conformidade (conservação da forma para uma área não muito extensa). Os meridianos e
paralelos se interceptam sob ângulos retos.
Essa projeção não é apropriada para mapear as regiões dos pólos e zonas próximas a eles
porque seria praticamente impossível projetá-las sobre o cilindro uma vez que as linhas
projetantes estariam cada vez mais beirando o paralelismo com seu eixo.
Desta forma, o cilindro é tangente à esfera representativa da Terra e seus eixos são
coincidentes, isto é, o eixo de rotação da esfera com o eixo do cilindro.

Posicionamento relativo do planeta Terra e do cilindro utilizado para a projeção de Mercator.

Transformando-se o cilindro tangente em secante pela redução de seu raio e com a rotação
de 90º no eixo do cilindro. Este passa a cortar o elipsóide ao longo de dois meridianos

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eqüidistantes de um meridiano central. Tem-se o princípio da projeção cartográfica denominada
Universal Transversa de Mercator ou UTM.

Formação da projeção UTM. Fonte : AGUIRRE (1997) – adaptado.


Diagramação: TREVISAN. M. L.

Características do Sistema UTM:


- coordenadas planas;
- projeção cilíndrica;
- projeção conforme;
- divide toda a Terra em fusos de 6º, limitados por meridianos múltiplos de seis.
Esta projeção tem os paralelos horizontais e os meridianos verticais. Os meridianos estão
locados de tal forma que o espaçamento entre eles é verdadeiro no Equador (naturalmente
considerando a escala).
A projeção de Mercator, portanto, representa uma grande deformação na região dos pólos,
sendo verdadeira grandeza mostrada no Equador.
Os paralelos são espaçados de tal forma que, numa zona de dimensões relativamente
pequenas, a relação entre duas distâncias, tomadas respectivamente sobre o paralelo e o
meridiano, é igual à relação entre os comprimentos homólogos tomados sobre o globo terrestre.
Por exemplo, na latitude de 60º, o comprimento medido sobre o Equador, que se apresentará em
sua verdadeira grandeza, considerando-se a escala.

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Mas se os meridianos guardam o mesmo espaçamento em todas as latitudes, disto resulta
que as dimensões do mapa são exageradas, chegando a deformação a 100% na latitude de 60º.
Na latitude de 80º esta ampliação de dimensões chega a ser seis vezes a do Equador. Por isso, é
evidente que nesta projeção não se pode representar os pólos, pois os meridianos, sendo
paralelos entre si, só se encontrarão no infinito.
Este sistema surgiu em 1947 para determinar as coordenadas retangulares nas cartas
militares, em escala grande, de todo o mundo, por recomendação da União Geodésica
Internacional para a uniformização cartográfica. A projeção adotada mundialmente é a
esterográfica polar universal.
O Brasil, através da Diretoria do Serviço Geográfico (DSG), passou a utilizar esse sistema a
partir de 1958.

6.3. Origem do Índice de Nomenclatura de Cartas

O sistema UTM estabelece que a Terra seja dividida em sessenta fusos de seis graus de
longitude, os quais têm início no antimeridiano de Greenwich (180º), e que seguem de oeste para
leste a partir deste fuso, até o fechamento neste mesmo ponto de origem. Quanto à extensão em
latitude, os fusos se originam no paralelo de 80ºS até o paralelo 80ºN. Os fusos são decorrentes
da necessidade de se reduzirem as deformações.
Assim, o globo terrestre foi dividido em faixas (fusos) de 6º na direção da longitude, sendo
as faixas numeradas de 1 a 60 de oeste para leste, iniciando-se a numeração no antimeridiano de
Greenwich.

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A numeração das zonas, começando com a Zona 1, tem sua origem no meridiano de 180ºW
(antimeridiano de Greenwich). Caminhando no sentido anti-horário (em direção a leste) chega-se
até a Zona 60, compreendida entre 174ºE e 180ºE.

Se em relação à longitude os fusos são de número 60, no que toca à latitude a divisão
consiste me zonas de quatro graus (isto está vinculado ao tamanho da carta de 1:1.000.000, e
não à projeção). O Brasil é composto de 46 cartas de 1:1.000.000.
A figura abaixo demonstra quatro quadrículas localizadas na região Sul do Brasil. Nesta
figura, duas quadrículas apresentam o meridiano central de 51º e os dois meridianos laterais de
48º e 54º respectivamente. As duas outras apresentam o meridiano central de 57º e os dois
laterais de 54º e 60º respectivamente. Quanto aos limites em latitude, tem-se, para as quadrículas,
os paralelos de 24º, 28º e 32º.

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Limites de quadrículas em relação a zonas UTM na Região Sul do Brasil.


Diagramação: TREVISAN, M. L.

Pode-se observar que o estado do Rio Grande do Sul situa-se entre dois fusos, enquanto
que Santa Catarina insere-se em apenas um fuso.
Os fusos correspondentes ao território brasileiro vão de 18 a 25, sendo as do estado do Rio
Grande do Sul de 21 e 22, conforme se observa na próxima figura.

Fusos UTM para o Brasil.


Fonte:http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/cartografia/manual_nocoes/representacao.html

Os fusos de 6º de longitude são divididos na latitude de quatro em quatro graus, iniciando no


Equador, recebendo cada quadrícula a designação de uma letra do alfabeto que será antecedida
pela letra “S” ou “N” conforme a posição Sul ou Norte do Equador.
As coordenadas de origem de uma quadrícula são:
a) Hemisfério Sul:

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na direção leste-oeste: 500km (500.000m) no fuso central, reduzindo no sentido oeste e
aumentando para leste;
na direção norte-sul: 10.000km (10.000.000m) no Equador, reduzindo no sentido norte
para o sul.

b) Hemisfério Norte:
na direção leste-oeste: 500km (500.000m) no fuso central, diminuindo para o oeste e
aumentando para leste;
na direção norte-sul: origina-se em 0km no Equador no sentido sul para o norte.

Os valores 10.000km e 500km são adicionados às coordenadas N e E, obtidas pelas


equações da projeção.

Quadrícula UTM.

6.4. Articulação Sistemática das Folhas de Carta

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A articulação sistemática de folhas de carta foi criada com a finalidade de padronizar o
tamanho das folhas de carta e sua respectiva designação alfanumérica, constituindo o Sistema de
Articulação de Folhas de Cartas, atualmente em uso pelos órgãos envolvidos na cartografia
sistemática do Brasil. Origina-se da articulação de folhas estabelecida para a Carta Internacional
ao Milionésimo – 1:1.000.000 (CIM) e se estende até a Carta Topográfica na escala 1:25.000. O
decreto-lei 243/67 de 28 de fevereiro de 1967 e a portaria 124/EME de 28 de setembro de 1971
fixam as normas para esta articulação.
A Carta do Brasil ao Milionésimo é composta de 46 folhas, conforme ilustra abaixo.

Articulação das Folhas da Carta do Brasil ao Milionésimo

A Carta do Brasil
ao Milionésimo é
composta de 46
FOLHAS

CIM do Brasil. 46 folhas.

Observa-se a seguir a conformação do Índice de Nomenclatura das CIM para o Brasil,


tomando como exemplo a quadrícula SH-22, onde se refere a cidade de Porto Alegre.

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Conformação do Índice de Nomenclatura das CIM para o Brasil. Diagramação: TREVISAN,


M. L.

A quadrícula básica corresponderá à da CIM, tendo os mesmos meridianos centrais do


Sistema UTM. Utilizando-se o exemplo acima, tomou-se o marco zero de Porto Alegre de
coordenadas:
Latitude= 30º 02’ 00” Sul
Longitude= 51º 13’ 00” Oeste
O resultado é a quadrícula SH-22. A letra S é devido à localização no hemisfério Sul e a
letra H é devido a seqüência alfabética iniciada no Equador com a letra A. A partir daí, faz-se a
subdivisão sistemática até a carta na escala 1:25.000, como descrito a seguir:
A folha de escala 1:500.000 resulta da divisão da folha da quadrícula básico em quatro
quadrículas de 2º x 3º designadas pelas letras V, X, Y e Z (Exemplo: SH-22-Y).
A folha de escala 1:250.000 eqüivale à divisão da folha de 1:500.000 em quatro quadrículas
de 1º x 1,5º designadas pelas letras a, B, C e D (Exemplo: SH-22-Y-B).
A folha de escala 1:100.000 corresponde à divisão da folha de 1:250.000 em seis
quadrículas de 30’ x30’ designada pelos algoritmos romanos, I, II, III, IV, V e VI (Exemplo: SH-22-
Y-B-III).
A folha de escala 1:50.000 resulta da divisão da folha de 1:100.000 em quatro quadrículas
de 15’ x 15’ designada pelos algarismos arábicos, 1, 2, 3 e 4 (Exemplo: SH-22-Y-B-III-2).

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A folha de escala 1:25.000 eqüivale à divisão da folha de escala 1:50.000 em quatro
quadrículas de 7,5’ x 7,5’ designadas pelos quadrantes colaterais NO, NE, SO e SE (Exemplo:
SH-22-Y-B-III-2-NO).
As figuras abaixo representam a divisão sistemática da CIM.

Representação sisemática do desdobramento da CIM.


Fonte: MELO et al., 2003.

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Articulação das Folhas da Carta do Brasil ao Milionésimo.

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Quadro demonstrativo de articulação da carta básica (CIM):

Escala da folha Formato da folha Área do terreno Dimensões da Articulação da


abrangida (km) folha (cm) Folha
1:1.000.000 4º x 6º 444,48 x 666,72 44,44 x 66,67 SH-22
1:500.000 2º x 3º 222,24 x 333,36 44,44 x 66,67 SH-22-Y
1:250.000 1º x 1,5º 111,12 x 166,68 55,56 x 55,56 SH-22-Y-B
1:100.000 30’ x 30’ 55,56 x 55,56 55,56 x 55,56 SH-22-Y-B-III
1:50.000 15’ x 15’ 27,78 x 27,78 55,56 x 55,56 SH-22-Y-B-III-2
1:25.000 7,5’ x 7,5’ 13,89 x 13,89 55,56 x 55,56 SH-22-Y-B-III-2-NO

Conforme mostra o quadro acima, com este sistema obtém-se a padronização, tanto no
tamanho quanto na designação das folhas de cartas, representadas nas figuras anteriores.
Para mapear o Brasil seriam necessárias aproximadamente 3.065 cartas de 1:100.000 ou
12.144 cartas de 1:50.000 ou ainda, 48.576 cartas de 1:25.000.

Bibliografia consultada –
BECKER, E. L. S.; PIROLI, E. L.; TREVISAN, M. L.; CASSOL, R. Algumas considerações com
referência às formas de representação da Terra através de coordenadas UTM. UFSM-RS, 1.999.
MELO, E. D. F.; CANDEIAS, A. N. B; MENDES, E. B. Anais XI SBSR, Belo Horizonte, Brasil, 05-
10 abril 2003, INPE, p. 341-347.

Exercícios Propostos
1- O que significa a projeção cartográfica UTM?
2- Quais as características da projeção UTM?
3- Explique detalhadamente a projeção UTM.
4- Descreva a origem de nomenclatura de Cartas.
5- Como se dá a articulação das Cartas, a partir da CIM até a 1:25.000?
6- Preencher a Figura que segue com os respectivos nomes das Cartas ao Milionésimo do
Brasil.

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7. TRANSFORMAÇÃO DE SISTEMA UTM PARA COORDENADAS GEODÉSICAS


7.1. Características do Sistema UTM
 Projeção: Transversa de Mercator em fusos de 6º de amplitude
 Latitude de Origem: 0º (Equador)
 Longitude de Origem: Meridiano Central (MC) de cada fuso
 Translação Norte-Sul: 0m para o hemisfério Sul
 10 000 000m para o hemisfério Norte
 Translação E-0: 500 000m
 Numeração das Zonas: a partir do antimeridiano de Greenwich, para leste
 Zona1: 180ºW a 174ºW
 Zona 60: 174ºE a 180ºE
 Limites em Latitude: 84ºN e 80ºS

Características do Sistema de Projeção UTM.

7.2. Características do Sistema Latitude/Longitude:

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Latitude: ângulo formado a partir da linha do Equador, em relação ao Centro da Terra, até o
lugar de referência.
Longitude: ângulo formado a partir do Meridiano de Greenwich, em relação ao Centro da
Terra, até o ponto de referência.

7.3. Transformação das Coordenadas Geodésicas (Lat/Long) em Sistema UTM

Fórmulas:
Convencionou que as coordenadas geodésicas, quando transformadas para o Sistema UTM
seriam designadas de N e E representando latitude e longitude, respectivamente.

N1 = (I) + (II) *p2 + (III) * p4 + (A’6)*p6

E = 500 000 + (IV) * p + (V) * p3 + (B’5)*p5

Hemisfério Norte: N = N1
Hemisfério Sul: N = 10 000 000 – N1
p = 0.0001 * (Longitude – MC)”
MC = Longitude do Meridiano Central
(I), (II), (III), (IV), (V), (A’6), (B’5) = Tabelas fornecidas pelo IBGE. Através da interpolação
linear dos valores contidos na tabela 1, tendo o valor absoluto da Latitude como argumento.
OBS.: As tabelas não fornecem todos os valores requeridos, sendo assim, deve calcular o
valor requerido através da interpolação, dada pela fórmula abaixo:
(I), (II), (III), (V), (B’5) = (valor tabela) + ((valor tabela acima) – (valor tabela)) * segundos/60
(IV) = (valor tabela) + ((valor tabela acima) – (valor tabela)) * 0.segundos/30
Exemplo
Latitude = -16º 23’ 30.7554”
Longitude = -54º 51’ 22.1918”

Cálculo de p:
Meridiano Central: -57º
p = 0.0001 * (Longitude – MC)” =
p = 0.0001 * (54º 51’ 22.1918” - (57º))” =
p = 0.0001 * (+2º08’37.8082”) =
p = 0.0001 * (7717.8082”) =
p = 0.77178082

Então,
p2 = 0.595645634
p3 = 0.459707876
p4 = 0.354793721
p5 = 0.273822989
p6 = 0.211331331

Cálculo de (I), (II), (III), (IV), (V), (A’6), (B’5) :

(I), (II), (III), (V), (B’5) = (valor tabela) + ((valor tabela acima) – (valor tabela)) * segundos/60

(IV) = (valor tabela) + ((valor tabela acima) – (valor tabela)) * 0.segundos/30

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Daí então,
(I) = 1811344.581 + (1813188.229 – 1811344.581) *30.7554/60 = 1812289.617
(II)= 2028.151 + (2029.985 – 2028.151) * 30.7554/60 = 2029.091090
(III)= 1.8171 + (1.8184 – 1.8171) * 30.7554/60 = 1.817766367
(A’6)= 0.0015
(IV) = 296614.024 + (296588.788 – 296614.024) * 0.7554/30 = 296613.3886
(V) = 98.375 + (98.329 – 98.375) * 30.7554/60 = 98.35142086
(B’5)= 0.0406 + (0.0405 – 0.0406) * 30.7554/60 = 0.040548741

N1 = 1813498.881

Como o ponto de referência está no hemisfério Sul, então,

N= 10 000 000 – N1
N = 8186501.119m

E = 228965.9935 + 500 000


E = 728965.994m

7.4. Transformação de UTM para Coordenadas Geodésicas:


Fórmulas:
OBS: deve achar o N1 para começar o cálculo (pois estamos no hemisfério Sul), e após
procurar na coluna I para encontrar a latitude da tabela.

Latitude = LAT1 – (VII) * Q2 + (VIII) * Q4 – (D’6) * Q6

Longitude = MC + (IX) * Q – (X) * Q3 + (E’5) * Q5

LAT 1 = Tabelado. Argumento da Tabela 2 para (I) = N1. Verificar que hemisfério está o
ponto de referência para poder calcular o N1.
LAT 1 = Lat tabela + 60” * (N1 – (I) tabela)/((I) tabela acima – (I) tabela))

OBS: deve-se achar o N1 para começar o cálculo (isto porque estamos no hemisfério Sul),
depois olhar na coluna I, para encontrar o LAT tabela.

Hemisfério Norte: N1 = N
Hemisfério Sul: N1 = 10 000 000 – N

Q = 0.000001 * (E – 500 000)


MC = Longitude do Meridiano Central.
(VII), (VIII), (IX), (X), (D’6) e (E’5) = Tabelas fornecidas pelo IBGE. Através da interpolação
linear dos valores contidos na tabela 2, tendo LAT1 como argumento.
OBS: As tabelas não fornecem todos os valores requeridos, sendo assim, deve calcular o
valor requerido através da interpolação, dada pela fórmula abaixo:

(VII), (VIII), (X) = (valor tabela) + ((valor tabela acima) – (valor tabela) * segundos/60

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(IX) = (valor tabela) + ((valor tabela 2) – (valor tabela) * segundos/30

Exemplo:
N = 8186501.119m
E = 728965.994m
MC= -57º

Cálculo de Q:
Q = 0.000001 * (728965.994 – 500 000)
Q = 0.228965994
Daí,
Q2 = 0.052425426
Q3 = 0.012003640
Q4 = 0.002748425
Q5 = 0.000629296
Q6 = 0.000144087

Cálculo de LAT1: argumento da Tabela pg. 121 para (I) = N1


O ponto de referência está no hemisfério sul, então,
N1 = 10 000 000 – 8186501.119 =
N1 = 1813498.881

LAT 1 = Lat tabela + 60” * (N1 – (I) tabela)/((I) tabela acima – (I) tabela))
LAT 1 = 16º 24’ + 60” * (1813498.881 – 1813188.229)/(1815031.880 – 1813188.229)
LAT 1 = 16º 24’ 10.10989607”

OBS: o valor 16º 24’ + 60” foi retirado da coluna I, a partir do valor de N1.

Cálculo de (VII), (VIII), (IX), (X), (D’6), (E’5) = através da interpolação linear dos valores
contidos na tabela 2, tendo LAT1 como argumento.
OBS: As tabelas não fornecem todos os valores requeridos, sendo assim, deve calcular o
valor requerido através da interpolação, dada pela fórmula abaixo:

(VII), (VIII), (X) = (valor tabela1) + ((valor tabela 2) – (valor tabela1) * segundos/60

(IX) = (valor tabela1) + ((valor tabela 2) – (valor tabela 1) * segundos/30

Daí então,
VII = 750.9642 + (751.7692 – 750.9642) * 10.10989607/60 = 751.0998411
VIII = 8.095 + (8.105 – 8.095) * 10.10989607/60 = 8.096684983
D’6 = 0.09
IX = 33715.2815 + (33716.7162 – 33715.2815) * 10.10989607/30 = 33715.76499
X = 162.959 + (163.024 – 162.959) * 10.10989607/60 = 162.9699524
E’5 = 1.30
OBS: o valor de 10.10989607 utilizado no cálculo de VII, VIII, IX e X foi retirado dos
segundos da LAT1

Cálculo da Latitude:
VII * Q2= -39.37672945
VIII * Q4 = 0.022253134

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+ - (D’6) * Q6 = -0.000012968

Latitude = -39.35448929” + LAT1 =


Latitude = -39.35448929” + 16º 24’ 10.10989607 =
Latitude = 16º 23’ 30.7554”

Como o ponto de referência está no hemisfério Sul, então,


Latitude = -16º 23’ 30.7554”

Cálculo de Longitude:
 Q= 7719.763644
- (X) * Q3 = -1.956232618
(B’5) * Q5 = 0.000818095

Longitude = 7717.808229” + MC =
Longitude = 02º 08’ 37,808229” – 57º =
Longitude = -54º 51’ 22.1918”

Exercício proposto:
1- Calcular as coordenadas UTM das coordenadas geodésicas:
a. Latitude = - 22º 37’20.1218”
Longitude = - 43º 12’33.4751”

2- Calcular as coordenadas geodésicas das coordenadas UTM:


a. N = 7497180.237m
E = 684049.5918m
MC = -45 º

OBS. Para os cálculos acima, o aluno deverá ter em mãos as tabelas de conversão,
fornecidas pelo IBGE (o material está na gráfica).

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8. FUSOS HORÁRIOS
A questão das horas e datas no mundo está estreitamente relacionada com a rede
geográfica, em especial com os meridianos.
O movimento de rotação da Terra, feito de oeste para leste, determina um movimento
aparente da abóbada celeste sobre nossas cabeças no sentido contrário. Por essa razão, o Sol
nasce no leste e se põe no oeste, bem como todos os demais astros. Devido a este movimento de
nosso planeta, todos os meridianos passam pela frente do Sol num determinado momento,
voltando a fazê-lo somente depois de 24 horas, o que quer dizer que os 360 graus da
circunferência terrestre passam pela frente do Sol no período de um dia. Um rápido raciocínio
aritmético nos leva a concluir que, se 24 horas correspondem a 360 graus, então 1 hora irá valer
15 graus. Assim, cada fuso, correspondente a uma hora, fica delimitado pelo espaço de 15 graus.
Ainda, na figura que segue, devemos observar que os fusos estão delimitados por linhas cheias,
tendo no centro os meridianos de 0, 15,30,45,60,75,90, 105, 120, 135, 150, 165 e 180 graus, tanto
para leste como para oeste de Greenwich. Portanto, cada fuso horário tem um meridiano central,
contando com 7 graus e 30 minutos de cada lado deste meridiano. Cada fuso é numerado de zero
a doze, tanto para leste como para oeste. Quanto à numeração dos fusos, muitas vezes são
anexados os sinais “+” e “-“ para indicar a relação horária com o fuso de Greenwich, sendo que
alguns mapas divergem quanto ao hemisfério em que os sinais aparecem. Isto tem explicação,
sendo apenas uma questão de ponto de vista. Vamos tomar como exemplo os fusos a leste de
Greenwich. Quando o sinal “+” aparece nestes fusos, significa que as horas são adiantadas em
relação a Greenwich. Digamos que temos 16 horas no fuso de Greenwich. Neste caso, no fuso +5
teremos cinco horas a mais, ou seja, 21 horas. Se aparece o sinal “-“, significa que a hora de
Greenwich está atrasada em relação ao fuso em que estivermos. Seguindo o exemplo anterior, se
tivermos 21 horas no fuso -5, vamos ter cinco horas a menos em Greenwich, isto é, 16 horas.
Como já dissemos, é somente uma questão de ponto de vista.

Fusos horários. Considere esta figura como uma visão esquemática da Terra olhada de
cima do pólo norte. A rotação da Terra faz-se de oeste para leste, enquanto que o movimento
aparente do Sol é no sentido contrário.

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Para os fusos do hemisfério ocidental, o raciocínio será o mesmo. Por outro lado, os fusos
podem também ser numerados de 0 a 23, seguindo-se no sentido oeste-leste. Neste caso, o fuso
de Greenwich seria o “0”, vindo depois os fusos 1, 2, 3, 4, ...., 23.

- - - - - - - - - - - 0 - 0 + + + + + + + + + + +
-12 -11 -10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 +1 +2 +3 +4 +5 +6 +7 +8 +9 +10 +11 +12
Fusos horários. Neste caso, os fusos do hemisfério oriental recebem o sinal “+”, enquanto que os fusos do hemisfério ocidental
recebem o sinal “-”. Estes sinais indicam que as horas dos fusos são adiantadas ou atrasadas em relação ao fuso de Greenwich.

+ + + + + + + + + + +1+ 0 - - - - - - - - - - - -
+12 +11 +10 +9 +8 +7 +6 +5 +4 +3 +2 -1 -2 -3 -4 -5 -6 -7 -8 -9 -10 -11 -12
Fusos horários. Há mapas que trazem os fusos do lado oeste com o sinal “+” e os fusos a leste com o sinal “-“.

13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Os fusos também podem ser numerados de 0 a 23, no sentido oeste-leste. Assim, em lugar de dizermos que os fusos que
passam pelo Brasil são os de número 5, 4, 3 e 2 do hemisfério ocidental, podemos dizer que são os fusos 19, 20, 21 e 22.

Fusos horários.

Outro detalhe importante para se entender a questão das horas e datas sobre o globo
terrestre é o fato de que sempre será mais tarde em todo lugar que estiver a leste de outro;
obviamente, sempre será mais cedo em todo lugar que estiver a oeste de outro. Quando tivermos,
por exemplo, meio-dia no fuso “A”, vamos ter 13 horas no fuso “B”, 14 horas no fuso “C”, 11 horas
no fuso “D”, 10 horas no fuso “E”, etc.

Na direção leste de um lugar qualquer, as horas serão adiantadas; obviamente que para
oeste serão atrasadas. Se o Sol estiver sobre o fuso 3 (lugar A), aí teremos 12 horas. Em
conseqüência, teremos 13 horas no lugar B, 14 horas no lugar C, 11 horas no lugar D e 10 horas
no lugar E.

Quanto às datas, há algumas questões que devem ser esclarecidas, a fim de que se
entenda como elas estão distribuídas sobre o globo terrestre:
1) Há dois pontos estratégicos que determinam os limites das datas: a Linha Internacional
da Data (LID) e o fuso em que temos meia-noite. Sabemos que meia-noite é o final de um dia e o

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começo do dia seguinte. Assim, ficou convencionado que o dia anterior fica compreendido entre o
lado oeste da LID e o fuso em que é meia-noite. Por sua vez, o dia seguinte vai do fuso em que é
meia-noite até o lado leste da LID.

Com o Sol sobre o fuso 4 do hemisfério ocidental, o dia anterior vai do lado oeste da LID
até o fuso número 8 do hemisfério oriental, onde temos 24 horas. O dia seguinte abrange os fuso
9, 10, 11 e metade do fuso 12 (metade que fica no hemisfério oriental).

2) De modo geral, temos sempre duas datas que abrangem o globo terrestre.
3) Há apenas um momento em que temos todos os fusos do globo terrestre abrangidos por
uma só data: é quando temos meio-dia no fuso de Greenwich. Em nosso exemplo, teríamos
apenas o dia 3 de novembro.

Estando o Sol sobre o fuso de Greenwich, vamos ter 24 horas (meia-noite) no fuso da LID.
Se estivéssemos no dia 3 de novembro, por exemplo, o globo terrestre estaria sendo abrangido
inteiramente por esta data.
4) Quando a Terra gira o equivalente a 15 graus, o Sol se posiciona um fuso a oeste
Considerando-se o exemplo anterior, quanto tínhamos o Sol em Greenwich e somente o dia 3 de
novembro, vamos supor que a Terra tenha girado 15 graus. Com isso, o Sol estará agora sobre o
fuso número um do hemisfério ocidental. Se antes tínhamos meia-noite no fuso 12, vamos ter
meia-noite agora sobre o fuso 11 do hemisfério oriental. Desse modo, o dia 4 de novembro
começa a aparecer. Quando a Terra tiver girado o equivalente a 90 graus , o Sol estará sobre o
fuso 6 (oeste), enquanto que teremos meia-noite no fuso 6 (leste), ficando agora o dia 3 de
novembro com uma abrangência de 18 horas e o dia 4 de novembro com 6 horas. Percebe-se,

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com este exemplo, que meia-noite funciona como o ponteiro de um relógio, fazendo com que
diminua o dia anterior e aumente o dia seguinte. Quando a Terra fizer um giro de 360 graus, o Sol
novamente estará posicionado sobre o fuso de Greenwich, quando então teremos apenas o dia 4
de novembro abrangendo todos os fusos da Terra.

Estando o Sol agora sobre o fuso número 1 do hemisfério ocidental, onde temos 12 horas,
será meia-noite no fuso 11 do hemisfério contrário. Neste caso, o dia seguinte (4 de novembro)
começa a surgir na metade leste do fuso da LID.

Agora, o dia 4 de novembro já aumentou um pouco mais a quantidade de fusos, abrangendo


os de número 7, 8, 9, 10 , 11 e metade oriental do fuso 12. Comparando esta figura com a
anterior, percebe-se que a linha que delimita as duas datas (meia-noite), funciona como o ponteiro
de um relógio, fazendo com que aumente o dia seguinte e diminua o dia anterior.

5) A Linha Internacional da Data (LID) deveria, em princípio, coincidir com o meridiano de


180 graus. No entanto, em razão de conveniências horárias locais, ela sofre alguns desvios.

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Linha Internacional da Data.

6) Cruzando-se a LID do hemisfério oriental para o ocidental, passamos para o dia anterior,
ou seja, podemos fazer uma viagem hoje e chegar ontem ao nosso destino.
7) Como o fuso 12 é dividido pela LID, ficando uma parte em cada hemisfério, pode
acontecer que dois lugares “A” e “B”, situados no mesmo fuso, tenham a mesma hora e datas
diferentes. Neste exemplo, se tivéssemos 16 horas do dia 28 de maio no lugar de “A”, teríamos
também 16 horas no lugar de “B”, só que do dia 29 de maio. Diga-se de passagem, é o único fuso
em que isto pode acontecer, justamente por causa da presença da LID.

Com relação à distribuição dos fusos pelos hemisférios oriental e ocidental, temos onze
fusos (de 1 a 11) e dois semifusos (metades dos fusos O e 12) em cada hemisfério. No que diz
respeito ao Brasil, devido à sua grande extensão no sentido leste-oeste, passam por ele quatro
fusos, que são os de número 2, 3 ,4 e 5 a oeste de Greenwich. O que fornece a hora oficial
brasileira é o de número 3.
É importante lembrar também que existem os fusos teóricos e os práticos. Os primeiros
seguem exatamente o traçado dos meridianos. No entanto, uma série de conveniências locais
levam a algumas adaptações dos fusos, fazendo com que estes não coincidam com os
meridianos e se apresentem, em certos casos, bastante distorcidos. São os fusos práticos, na
qual aparecem os fusos brasileiros. Além dos fusos práticos, ainda existem outras formas de
adaptação horária que implicam diferenças das horas em relação aos fusos teóricos: seria o uso
da hora de verão e também o fato de alguns países usarem horas fracionárias, como, por
exemplo, a Guiana, que em lugar do fuso -4h usa -3h 45min; a Índia, que no lugar do fuso +5h usa
+5h 30min; o centro da Austrália, que no lugar do fuso +9h usa +9h 30min. Quando fazemos
cálculos para resolver determinadas situações referentes a horas em certas localidades, os
resultados podem não coincidir com a hora do lugar, justamente porque existe a questão das
adaptações a que nos referimos anteriormente. Assim sendo, a melhor maneira de se resolver
problemas sobre fusos horários é usar um bom mapa atualizado que mostre os fusos práticos. No
entanto, ainda corremos o risco de desconhecermos alguma adaptação temporária local, como a
hora de verão, por exemplo. Apesar de tudo, não deixa de ser interessante saber resolver alguns
problemas, mesmo que seja com base nos fusos teóricos, como veremos a seguir .

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Fusos horários do Brasil.

Fusos teóricos.

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Exercício sobre fusos horários.


O exemplo da Figura acima servirá para ilustrar uma série de situações. Vamos levar em
consideração que nos encontramos no lugar “ A”, situado no fuso 6 a oeste de Greenwich, onde
temos 20 horas do dia 4 de junho. Neste caso, que hora e data teríamos nos demais lugares? As
respostas estão no quadro a seguir:

Diante do quadro anterior e da Figura 103, podemos tirar algumas conclusões:


 dia 04/jun. está compreendido entre o fuso 2 (oeste) e o lado ocidental da LID.
 a hora oficial brasileira é: 23 horas do dia 04/jun.
 os lugares I e J possuem a mesma hora, mas estão em datas diferentes.
 ao cruzarmos a LID, passando rapidamente do hemisfério oriental para o ocidental, saímos
no dia 5 e chegamos no dia 4 de junho.
 a diferença horária entre dois lugares que estejam no mesmo hemisfério corresponde à
diferença entre os indicativos dos fusos. Por exemplo, os lugares A e C que estão nos fusos 6 e 4
do hemisfério ocidental possuem uma diferença entre si de 2 horas (6 - 4= 2). Como o lugar C
está a leste do lugar A, terá 2 horas mais tarde. Assim, se em “ A “ temos 20h, em “C” teremos
22h.
 a diferença horária entre dois lugares que estejam em hemisférios diferentes será a soma
dos dois indicativos. Por exemplo, os lugares A e G, que estão, respectivamente, nos fusos 6

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(oeste ) e 4 (leste), têm, entre si, uma diferença de 10 horas (6 + 4 = 10). Como temos 20 horas
do dia 04/jun. no lugar “A”, o lugar “G” terá 10 horas mais tarde. Fazendo-se a operação 20 + 10,
vamos obter 30 como resultado mas como o dia termina em 24 horas, diminuímos 24 de 30 e
obtemos o resultado de 6 horas do dia seguinte. Assim, o lugar “G” terá 6 horas do dia 05/jun.
Quando temos apenas a longitude de um lugar, podemos saber em que fuso teórico ele se
encontra. Dividimos a longitude por 15, sendo que o quociente obtido (apenas a casa dos inteiros)
será o valor do fuso.
Vejamos o caso de um lugar situado a 120 graus de longitude oeste:
120/ 15 = 8
Neste caso, o lugar cuja longitude é 120 graus oeste estará situado no fuso 8 a oeste de
Greenwich. Um lugar que esteja a 119 graus de longitude oeste também estará no fuso 8 do
hemisfério ocidental. Neste caso, porém, devemos observar que o quociente é 7, mas, como o
resto é maior que 7 graus e 30 minutos, acrescentamos 1 ao 7. Então, devemos observar sempre
que, quando o resto da divisão for maior que 7 graus e 30 minutos, o quociente deve ser
aumentado em uma unidade. O cálculo ficaria assim:
119/ 15 = 7 (resto = 14)
Fazendo tais operações com calculadoras, basta verificar os valores após a vírgula e aplicar
a regra do arredondamento. A operação anterior, feita com calculadora, ficaria assim:

119 + 15=7,933333333

Como neste caso o quociente é superior a 7,5, isto quer dizer que o lugar está no fuso 8 e
não no 7. Sabendo o fuso em que o lugar se encontra, é só seguir os exemplos anteriores para
determinar horas e datas.

Bibliografia consultada- Cartografia Digital anual:


DUARTE, P. A. Fundamentos de Cartografia. 2 edição revista e ampliada. Florianópolis:
Ed. da UFSC, 2002. 208p.
DUARTE, P. A. Cartografia Básica. 2 edição. Florianópolis: Ed. da UFSC, 1988. 182p.
DUARTE, P. A. Escala: fundamentos. Florianópolis: Ed. da UFSC, 1983. 43p.
DUARTE, P. A. Cartografia Temática. Florianópolis: Ed. da UFSC, 1991. 145p.
LIBAULT, A. Geocartografia. Universidade de São Paulo. Biblioteca Universitária. 6 série, v.
1. Companhia Editora Nacional. Editora da Universidade de São Paulo. 1975. 390p.
RAISZ, E. Cartografia Geral. Trad. Neide M. Schneider, Pericles Augusto Machado Neves.
Editora Científica. Rio de Janeiro. 1969. 414p. (BC- 441117)

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Exercícios propostos
1- Completar os quadros abaixo, indicando o Fuso horário, o hemisfério, a hora e a
data, conforme cada Figura ilustra.

a)

F
A

LUGAR FUSO HEMISFÉRIO HORA DATA


A 9 OESTE 12 10/ABRIL
B
C
D
E
F

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b)

A
B
C
H

G
D

F
E

SOL

LUGAR FUSO HEMISFÉRIO HORA DATA


A 11 OESTE 1 8/OUTUBRO
B
C
D
E
F
G
H

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c)

F G

D
C

B
E
A

SOL

LUGAR FUSO HEMISFÉRIO HORA DATA


A 1 13 25/DEZEMBRO
B
C
D
E
F
G
H

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d)

G H
F I

J
E

D
C

B
A

LUGAR FUSO HEMISFÉRIO HORA DATA


A 6 9/Maio/2015
B
C
D
E
F
G
H
I
J

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