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U11 – INTERVENÇÃO DO ESTADO NA ECONOMIA

Funções e organização do Estado


Estado – Sociedade politicamente organizada, soberana e independente, fixa em determinado
território, que lhe é privativo. Constituído por Povo, Território e Soberania.

Funções do Estado:

 Jurídicas.
 Legislativa – elaboração das leis (Assembleia da República).
 Executiva – fazer cumprir as leis (Governo).
 Judicial – intervir na resolução de conflitos (Tribunais).
 Não jurídicas.
 Política.
 Social.
 Económica.

Organização do Estado português:

 Constituição da República Portuguesa aprovada em 1976. Órgãos de soberania


incluem Presidente da República, Assembleia da República, Governo e Tribunais.

Estrutura do setor público:

 Setor público administrativo (SPA) – prestação de serviços não mercantis com vista à
satisfação de necessidades coletivas.
 Administração central.
 Administração regional – goza de autonomia política e financeira; dispõe de
governos próprios; dispõe de poder tributário (Açores e Madeira).
 Administração local – dispõe de órgãos executivos e legislativos eleitos pelos
cidadãos; gozam de autonomia orçamental, política e patrimonial.
 Segurança Social – fornece as prestações sociais; recursos provêm de
contribuições sociais obrigatórias; concretiza as políticas de redistribuição.
 Fundos autónomos.
 Setor empresarial do Estado (SEE) – contribuição para a obtenção de níveis adequados
de satisfação das necessidades coletivas.
 Empresas públicas – organizações empresariais nas quais o Estado exerce uma
influência dominante.
 Empresas participadas – organizações empresarias nas quais o Estado exerce
uma participação permanente, mas não uma influência dominante.
 Setor empresarial local – municípios exercem uma influência dominante
(empresas Municipais Intermunicipais e Metropolitanas).

Nacionalização – transferência da propriedade de uma empresa privada para o Estado.


Justificada pela importância da empresa, situação de desagregação, não satisfação das
necessidades da população e pela má administração ou boicote ao desenvolvimento.

Privatização – transferência total ou parcial do capital de uma empresa pública para


investidores privados. Possíveis consequências incluem degradação dos serviços prestados,
aumento da modernização e competitividade, perda pelo Estado do controlo de empresas
estratégicas, etc.
Funções económicas e sociais do Estado
A intervenção do Estado na economia tem como objetivo promover:

 Eficiência – afetação eficiente dos recursos.


 Equidade – intervenção da repartição primária dos rendimentos.
 Estabilidade – promoção do crescimento económico.

Eficiência – correção de falhas de mercado:

 Imperfeições na concorrência (fixar preços máximos e aumentar a concorrência).


 Externalidades positivas (subsidiar) ou negativas (penalizar).
 Bens públicos (bens não rivais e não excluíveis).

Equidade – função redistribuição:

A repartição primária do rendimento (pelo mercado) gera desigualdades económicas e sociais


e, orientado por princípios de justiça social, o Estado intervém para corrigir estas situações e
promover a equidade, efetuando uma redistribuição do rendimento (repartição secundária).

 Aplicação de impostos de taxas progressivas (IRS, IRC).


 Despesas com prestações sociais (subsídios de desemprego, invalidez).
 Necessidades coletivas (segurança, iluminação).

Estabilidade – função:

 Estado intervém como estabilizador macroeconómico, através de políticas de combate


ao desemprego e à inflação, de equilíbrio das contas externas, etc.

Instrumentos de intervenção económica e social do Estado


Planeamento:

 Devido ao problema da escassez, há necessidade de definir um conjunto de objetivos


(quantificados) económicos e sociais, recursos necessários e prazos a cumprir.
 Imperativo para o setor público.
 Indicativo para o setor privado.

Orçamento de Estado – documento escrito proposto pelo Governo à Assembleia da República,


no qual se preveem as despesas a efetuar e as receitas a cobrar durante um ano, constituindo
o principal instrumento de intervenção económica e social do Estado.

 Permite formação de expectativas, estabilidade e previsibilidade; enquadramento legal


da governação; clarificação das prioridades políticas.
 Limita as despesas; adapta as receitas às despesas.

Conta Geral do Estado – apuramento das despesas que foram efetivamente realizadas e das
receitas que foram efetivamente cobradas.

Despesas públicas – conjunto dos pagamentos efetuados pelo Estado ao longo de um ano.

 Despesas correntes – realizam-se ao longo de um ano e terminam nesse ano


(vencimentos, transferências sociais, bens não duradouros, etc.).
 Despesas de capital – realizam-se ao longo de um ano, mas os seus efeitos perduram
nos anos seguintes (investimento em capital fixo, transferências de capital, etc.).
Efeitos das despesas públicas:

 Aumento de gastos com pessoal e de subsídios/prestações → aumento do RDP →


aumento da procura de bens finais → crescimento económico.
 Aumento da produção, do capital fixo, da procura, etc. → aumento da produção →
aumento da oferta → crescimento económico.

Receitas públicas – conjunto das cobranças efetuadas pelo Estado ao longo de um ano.

 Patrimoniais ou voluntárias – acordos negociais entre particulares e Estado.


 Creditícias – recorrer a crédito através de particulares.
 Coativas – é obrigatório submeter-se a essa exigência.
 Impostos diretos/indiretos – incidem sobre rendimento/consumo; unilaterais.
 Taxas – pagamento de um serviço prestado pelo Estado; bilaterais.
 Contribuições para a SS – pecuniárias com caracter de obrigatoriedade.
 Multas – caracter de obrigatoriedade e de sanção.

 Receitas correntes – receitas que se repetem anualmente (impostos, taxas, juros, etc.).
 Receitas de capital – receitas que podem não se repetir noutros anos (privatizações,
empréstimos, etc.).

Impostos:

 Taxas progressivas – aumento do rendimento → aumento da taxa de imposto →


aumento proporcionalmente maior do valor do imposto pago.
 Taxas proporcionais – aumento do rendimento → manutenção da taxa de imposto →
aumento na mesma proporção do valor do imposto pago.
 Taxas regressivas – aumento do rendimento → redução da taxa de imposto.

Efeitos das receitas públicas:

 Sobre o rendimento.
 Famílias com maior rendimento pagam maior parcela de imposto.
 Famílias com menor rendimento pagam menor parcela de imposto.

MAIOR EQUIDADE

 Efeitos do IVA (enquanto imposto regressivo).


 Tem menor peso no rendimento das famílias com maior rendimento.
 Tem maior peso no rendimento das famílias com menor rendimento.

MENOR EQUIDADE
Saldo orçamental:
 Corrente – diferença entre receitas correntes e despesas correntes.
 De capital – diferença entre receitas de capital e despesas de capital.
 Global ou efetivo – diferença entre total de receitas (menos emissão da dívida pública)
e de despesas (menos amortizações da dívida); não inclui ativos/passivos financeiros.
 Primário – saldo global menos despesa relativa a juros e encargos da dívida pública.
 Se receitas > despesas → superavit orçamental.
 Se receitas = despesas → saldo orçamental nulo.
 Se receitas < despesas → défice orçamental.
Dívida pública – endividamento do Estado, que recorreu a empréstimos devido ao défice
orçamental. Paga os reembolsos desses empréstimos e os seus juros (juros da dívida pública).

 Interna – se os financiadores são residentes.


 Externa – se os financiadores são não residentes.

Défice orçamental → novos empréstimos → emissão de nova dívida pública.

Pacto de estabilidade e crescimento – défice orçamental inferior a 3% do PIB.

Políticas sociais e económicas do Estado


Políticas sociais e económicas – ações dos estados intervencionista para atingirem
determinados objetivos. Promovem medidas e utilizam instrumentos macroeconómicos
(impostos, fixação de alguns preços, fixação do salário mínimo, etc.).

 Conjunturais (ou de estabilização) – de curto prazo, 1 ano. Política fiscal, orçamental,


monetária, de preços, de combate ao desemprego, etc.
 Estruturais – de médio e longo prazo, mais de 1 ano. Ambiente, agrícola, industrial,
etc.

Ao definir estas políticas, o Estado pretende pôr em prática as suas funções (eficiência,
equidade, estabilidade).

Política fiscal – incide sobre os impostos (principal fonte de financiamento do Estado).

Política orçamental – corrige os excessos do ciclo económico e promove a estabilidade


económica, através das despesas e receitas do Estado.

Política monetária – garante estabilidade monetária e regulação da liquidez. Na zona euro, o


BCE é responsável pela definição da política monetária, através de:

 Taxas de desconto e de juro


 Reservas bancárias
 Limites ao crédito
 Taxas de câmbio.

Políticas expansionistas – invertem a fase do ciclo económico em caso de recessão.

 Diminuição dos impostos → aumento do consumo privado e do investimento →


aumento da procura, da produção, do emprego e dos preços.

Políticas restritivas – minimizam os desequilíbrios provocados pela expansão económica


(inflação, défice orçamental e dívida externa).

 Diminuição das despesas públicas, aumento dos impostos e das taxas de juro, limite ao
crédito → redução do rendimento, do consumo, do investimento e da massa
monetária em circulação → redução da procura interna e da inflação → estabilização
dos preços.
 Aumento das taxas de desconto, venda de títulos pelo Banco Central em open market,
aumento das taxas de reserva → redução da oferta de moeda → redução da procura
interna e da inflação → estabilização dos preços.
Outras políticas – combate ao desemprego, redistribuição dos rendimentos, Segurança Social,
Agrícola, Industrial, Ambiente, etc. Estas são conseguidas através das políticas fiscal,
orçamental e monetária.

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