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Caderno de resumos 22º InPLA [recurso eletrônico]: linguagem e interfaces -


aproximações e distanciamentos

Book · November 2021

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6 authors, including:

Viviane Carrijo Ulysses C. C. Diegues


Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Faculdade de Tecnologia de Praia Grande
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Luciana Kool Modesto-Sarra Viviane Klen Alves


Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) University of Georgia
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Evento acessível em Libras

Caderno de resumos [recurso eletrônico]: linguagem e interfaces - aproximações e distanciamentos / org.


Viviane Leticia Silva Carrijo [et. al.]. / Viviane Leticia Silva Carrijo; Ulysses C. C. Diegues; Luciana Kool Modesto-
Sarra; Fernando Venâncio da Costa; Viviane Klen-Alves; Gustavo Cardoso Silveira. São Paulo: Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo, 2021.

1 recurso online: PDF

Bibliografia. 22º InPLA – Intercâmbio de Pesquisas em Linguística Aplicada.


Será realizado online no período de 08 a 12 de novembro de 2021. Evento acessível em Libras.

ISBN 978-85-60453-54-2

1. Linguística aplicada. 2. InPLA - Intercâmbio de Pesquisas em Linguística Aplicada. I. Carrijo, Viviane Leticia
Silva.

CDD 418
Bibliotecária: Jailda Marina do Nascimento - CRB 8ª/9146

2
SUMÁRIO
COMISSÕES .............................................................................................................................................15
AGRADECIMENTOS ...............................................................................................................................17
APRESENTAÇÃO ....................................................................................................................................18
PROGRAMAÇÃO .....................................................................................................................................19
CONFERÊNCIA DE ABERTURA ...........................................................................................................23
CONFERÊNCIA DE ENCERRAMENTO ................................................................................................24
MINICURSOS ...........................................................................................................................................25
Jogo, Estrutura e Fantasia ............................................................................................................................................................. 25
Rebeldia, ousadia e resistência frente às máscaras da colonização ........................................................................... 25
Quando os enunciados aderentes são « expressivos »..................................................................................................... 25
Da responsividade e da escuta ativa na distopia Fahrenreit 451 ............................................................................... 26
Fonética forense e a comparação de locutores ................................................................................................................... 26
Avaliação: para além da “forma” e da nota escolar ........................................................................................................... 26

GRUPOS DE PESQUISA E DE TRABALHO ........................................................................................27


Grupo de Pesquisa Linguagem, Identidade e Memória em A importância dos textos filosóficos de
Bakhtin e o Círculo e sua repercussão na contemporaneidade ................................................................................... 27
Grupo de Pesquisa Clínica de Linguagem, Psicanálise e as Instituições .................................................................. 27
Grupo de Pesquisa Linguagem em Atividades no Contexto Escolar (GP LACE) ................................................... 28
Grupo de Pesquisa Atelier Linguagem e Trabalho - 25 anos/ GT ANPOLL Discurso, Trabalho e Ética ..... 29
Comunicações no Grupo de Pesquisa Atelier Linguagem e Trabalho - 25 anos/ GT ANPOLL Discurso,
Trabalho e Ética ........................................................................................................................................................................... 30

MESA REDONDA ....................................................................................................................................31


Educação Multilíngue e o SULear: práticas decoloniais para uma educação crítica .......................................... 31
Desafios e Perspectivas das Ciências Vocais em tempos de pandemia .................................................................... 31
Multimodalidade e Análise do Discurso Crítico .................................................................................................................. 31
Práticas discursivas intersemióticas na contemporaneidade ...................................................................................... 32
Interação e Aquisição de Linguagem: questões atuais .................................................................................................... 32
Luto e destino nas Afasia: Corpo e Linguagem .................................................................................................................... 33
Mikhail Bakhtin: pensador da crise e da mudança ............................................................................................................ 33
Transdisciplinaridade e Complexidade: mudanças, crises e realidade .................................................................... 33
Ciências da fala: o campo, as instituições e as perspectivas de atuação profissional ........................................ 34
Marx, Vygotsky e Freire: um diálogo crítico-político e ativista com foco na linguagem para uma
educação transformadora ............................................................................................................................................................. 34
Leitura do Impresso e Leitura do Digital: Desafios da Leitura na Contemporaneidade ................................... 34
Impasses na relação criança, linguagem e outro: relações clínicas e o campo social ........................................ 35

SIMPÓSIOS ..............................................................................................................................................36
TEMÁTICA 01. ESTUDOS BAKHTINIANOS HOJE .................................................................................. 36
OS ESTUDOS BAKHTINIANOS E O ENSINO-APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS: ENTRE TEORIAS E PRÁTICAS
.................................................................................................................................................................................................................. 36
A REDAÇÃO DO ENEM: UMA ANÁLISE DIALÓGICA DA COMPETÊNCIA III ...................................................... 37

3
A VERBO-VISUALIDADE: O TRATAMENTO DIDÁTICO PARA A REPRODUÇÃO DE PINTURA EM
LIVROS DIDÁTICOS DE LÍNGUA PORTUGUESA ............................................................................................................ 37
ALGUNS RETRATOS AMARELECIDOS NA CULTURA MUSICAL: REFLEXÕES E ANÁLISES DIALÓGICAS
DO GÊNERO RAP EM “SOBREVIVENDO NO INFERNO” ............................................................................................... 38
ESTOQUE DE IDEOLOGIAS LINGUÍSTICAS ESTADUNIDENSES: O LIVRO DIDÁTICO DE INGLÊS DO
PNLD 2020 ..................................................................................................................................................................................... 38
LETRAMENTOS DOCENTES EM CONTEXTO (PÓS) PANDÊMICO EM PERSPECTIVA DIALÓGICA ......... 39
LIVROS DIDÁTICOS DE LÍNGUA PORTUGUESA DO ENSINO MÉDIO: ANÁLISE DA DIDATIZAÇÃO DO
GÊNERO ESCOLAR TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO ............................................................................ 40
OS CONHECIMENTOS LINGUÍSTICOS NA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR- UMA ANÁLISE
DIALÓGICA DO DISCURSO ...................................................................................................................................................... 40
VERBO-VISUALIDADE E MULTILETRAMENTOS EM ATIVIDADES DE LEITURA DE MATERIAL
DIDÁTICO EM CONTEXTO PANDÊMICO .......................................................................................................................... 41
A ATUALIDADE DA CONCEPÇÃO ÉTICA DE BAKHTIN - EXPLORAÇÕES TEÓRICAS E PRÁTICAS ............... 42
ASPECTOS DA DIMENSÃO AXIOLÓGICA PRESENTES NO ATO MUSICAL COM BASE NA FILOSOFIA DA
LINGUAGEM DE MIKHAIL BAKHTIN ................................................................................................................................. 43
NARCISO ACHA FEIO O QUE NÃO É ESPELHO: UMA ANÁLISE BAKHTINIANA DO DISCURSO DE JAIR
BOLSONARO EM MEIO À PANDEMIA ................................................................................................................................ 43
O DIREITO À VACINA COMO ATO INDIVIDUAL OU COLETIVO: HÁ DIFERENÇA? ........................................ 44
O DISCURSO INDIVIDUALISTA NO BRASIL FRENTE À SITUAÇÃO DE PANDEMIA: UMA ANÁLISE
BAKHTINIANA ............................................................................................................................................................................. 44
PENSAMENTO BAKHTINIANO: RECEPÇÃO, TEORIA E PRÁTICA ............................................................................... 45
ANÁLISE DIALÓGICA DOS DISCURSOS DE MULHERES NEGRAS EM EVENTOS DE LEITURA –
CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS E IDENTIDADES ............................................................................................................. 46
APROXIMAÇÕES EM TEMPOS PANDÊMICOS: REFLEXÕES ACERCA DAS CAPAS DA COLEÇÃO
“PANDEMIA CAPITAL” DO PONTO DE VISTA DA VERBO-VISUALIDADE ......................................................... 46
CORPUS E OBJETO EM PERSPECTIVA DIALÓGICA: UMA ANÁLISE EM OBRAS DE M. BAKHTIN ........... 47
DIFERENTES RECEPÇÕES DA TEORIA DO ROMANCE DE MIKHAIL BAKHTIN .............................................. 47
ETICA PARTICIPATIVA EN BAJTÍN. PANDEMIA Y PANSEMIA ............................................................................... 48
DILEMA DIALÓGICO NAS REDES SOCIAIS ...................................................................................................................... 49
O DISCURSO TEATRAL NAS ARTES DO CORPO: SONETO 116 EM PERSPECTIVA DIALÓGICA ............... 49
O HUMOR É UMA ESFERA?: UMA DISCUSSÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA A PARTIR DE BAKHTIN E
POSSENTI ....................................................................................................................................................................................... 50
ORALIDADE EM FOCO: PRODUÇÃO DE PROGRAMA JORNALÍSTICO RADIOFÔNICO POR ALUNOS DO
ENSINO FUNDAMENTAL......................................................................................................................................................... 50
“SUA GRACIOSIDADE ME DIVERTE”: DIDO DESAMPARADA ENTRE MECANISMOS DE
CARNAVALIZAÇÃO GRACIOSOS ........................................................................................................................................... 51

TEMÁTICA 02. PESQUISA E ENSINO EM PERSPECTIVA DIALÓGICA ............................................. 52


ABORDAGEM DIALÓGICA DO DISCURSO NA MÍDIA E NO ENSINO ........................................................................... 52
A EVOLUÇÃO CRONOTÓPICA DO ENUNCIADO FIQUE EM CASA NA MÍDIA DIGITAL E REPERCUSSÕES
NO ENSINO E NA APRENDIZAGEM .................................................................................................................................... 52
ANÁLISE DA LINGUAGEM VERBO-VISUAL DAS CHARGES COMO RECURSO INTERPRETATIVO NA
PERSPECTIVA BAKHTINIANA .............................................................................................................................................. 53
DISCURSO VIOLENTO NAS REDES SOCIAIS: CONFRONTAÇÃO DE AXIOLOGIAS .......................................... 53
FAKE NEWS EM MANUAL DIDÁTICO DO NOVO ENSINO MÉDIO: QUE LEITURAS CONFIAR? ................ 54
LINGUAGEM E MEMÓRIA: RELAÇÕES DIALÓGICAS EM ESFERAS MIDIÁTICAS ........................................... 54
O MÉTODO SOCIOLÓGICO EM DOIS MENINOS DE KAKUMA ................................................................................... 55
POLÍTICAS LINGUÍSTICAS E ENSINO DE PRODUÇÃO ESCRITA: A MUDANÇA DO DISCURSO ................ 55
RECONSTRUINDO A SALA DE AULA EM TEMPOS DE PANDEMIA: POR UMA EDUCAÇÃO HÍBRIDA,
RADICAL E TRANSFORMADORA ...................................................................................................................................... 127

4
SABERES LINGUÍSTICOS NA PROPOSTA CURRICULAR DE LÍNGUA PORTUGUESA NA DÉCADA DE
1980: UMA ABORDAGEM BAKHTINIANA ....................................................................................................................... 56
ESTUDOS BAKHTINIANOS E PESQUISAS APLICADAS EM LINGUÍSTICA: APROXIMAÇÕES E
CONTRIBUIÇÕES ............................................................................................................................................................................... 57
A IDENTIDADE NA INTERAÇÃO DISCURSIVA: UMA CONSTRUÇÃO DIALÓGICA .......................................... 57
ALTERIDADE E RESPONSIVIDADE ÉTICA: PRESSUPOSTOS BAKHTINIANOS PARA O
EMPRETECIMENTO DA LINGUÍSTICA APLICADA ....................................................................................................... 58
ANÁLISE DIALÓGICA E COMPARATIVA DE DISCURSOS: APROXIMAÇÕES TEÓRICO-
METODOLÓGICAS PARA O ESTUDO DA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA ................................................................... 59
DIALOGISMO E ALTERIDADE NA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA BRASILEIRA: RELAÇÕES ENTRE
CIÊNCIA E SOCIEDADE............................................................................................................................................................. 59
DISCURSO ACADÊMICO ESCRITO: UMA ANÁLISE DOS VERBOS LEXICAIS NO GÊNERO REDAÇÕES
ARGUMENTATIVAS ................................................................................................................................................................... 60
GÊNEROS DISCURSIVOS E MULTILETRAMENTOS EM UMA UNIDADE DIDÁTICA DE LÍNGUA
INGLESA: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES ............................................................................................................................ 61
LETRAMENTOS DIGITAIS E MULTILETRAMENTOS NOS LIVROS DIDÁTICOS DE LÍNGUA
PORTUGUESA DO PNLD 2020: UMA ANÁLISE DIALÓGICA ..................................................................................... 61
MEMÓRIA E (IM)POSSIBILIDADE DE NARRAR-SE: REPENSANDO OS GÊNEROS DO ESPAÇO
BIOGRÁFICO À LUZ DA TEORIA BAKHTINIANA .......................................................................................................... 62
MEMÓRIA E ESPAÇO BIOGRÁFICO EM ATOS NAS NARRATIVAS LITERÁRIAS CONTEMPORÂNEAS .. 63
NÃO É SÓ UMA GRIPEZINHA, PRESIDENTE! (D)EFEITOS DE SENTIDO DO ENUNCIADO GRIPEZINHA E
A RESPONSIVIDADE MATERIALIZADA EM COMENTÁRIOS E CARTAZES ....................................................... 63
NARRATIVAS AUTOBIOGRÁFICAS E ESCRITA ACADÊMICA: UM OLHAR PARA O AUTORREVELAR-SE
EM TEXTOS MONOGRÁFICOS DO CURSO DE PEDAGOGIA/EDUCAÇÃO ........................................................... 64
O CORPO FEMININO NO ESPAÇO-TEMPO: ANÁLISE COMPARATIVA DE PROPAGANDAS DAS
DÉCADAS DE 1970 E 2010 NO BRASIL E NA FRANÇA .............................................................................................. 65
O DIALOGISMO E O DIALOGAL: RELAÇÕES POSSÍVEIS PARA O ENSINO DA ARGUMENTAÇÃO NA
INTERAÇÃO EM AULAS DE PORTUGUÊS COMO LÍNGUA MATERNA ................................................................. 65
O DISCURSO PARENTAL SOBRE A CARDIOPATIA CONGÊNITA: .......................................................................... 66
O “INCÔMODO” MANIFESTO NAS REDES SOCIAIS ...................................................................................................... 66
O DISCURSO POLÊMICO EM REPORTAGEM DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA NO LIVRO DIDÁTICO DE
PORTUGUÊS .................................................................................................................................................................................. 66
PRINCÍPIOS DIALÓGICOS PARA UMA HERMENÊUTICA DO TESTEMUNHO LITERÁRIO .......................... 67
TEMAS, DIÁLOGOS E REFLEXÕES SOBRE O ENSINO: LINGUÍSTICA, PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO EM FOCO
.................................................................................................................................................................................................................. 68
FORMAS RELATIVAMENTE ESTÁVEIS DE ATIVIDADE DOCENTE: O QUE ELAS TÊM A VER COM A
SAÚDE DO PROFESSOR? .......................................................................................................................................................... 68
UMA TRAJETÓRIA DE FORMAÇÃO DE INTERVENIENTE EM CLÍNICA DA ATIVIDADE DOCENTE ....... 69
SEMIÓSFERA E VALORES SOCIAIS EM NARRATIVAS ESCRITAS POR CRIANÇAS EM DUAS ESCOLAS
COLOMBIANAS ............................................................................................................................................................................ 70
O ENSINO VIRTUAL DE PORTUGUÊS PARA ESTRANGEIROS: DO BRASIL PARA O MUNDO .................... 70
PRÁTICAS DIALÓGICAS EM TENSÕES POLIFÔNICAS NAS TRAJETÓRIAS DE TRANSIÇÃO
EDUCACIONAL ............................................................................................................................................................................. 71
DINÂMICAS POLIFÔNICAS NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR.................................................................................. 71

TEMÁTICA 04 - DECOLONIALIDADE EM CONTEXTOS DIVERSOS .................................................. 72


A DIMENSÃO AFETIVA DAS LINGUAGENS: ARQUÉTIPOS CATÁRTICOS E DECOLONIZADORES ................ 72
CONSTRUINDO PRÁTICAS DIDÁTICAS DECOLONIAIS POR MEIO DA COMPREENSÃO DOS DISCURSOS
SOBRE A PANDEMIA DO CORONAVÍRUS......................................................................................................................... 73
O BRINCAR E OS AFETOS: FORMAS DE SER, AGIR E SENTIR ................................................................................. 73
O PATRIMÔNIO VIVENCIAL COMO ALTERNATIVA PARA A MOBILIDADE NO ENSINO SUPERIOR
TECNOLÓGICO ............................................................................................................................................................................. 74

5
O PROJETO BRINCADAS E A RUPTURA DA NECROEDUCAÇÃO: CRIANDO O INÉDITO VIÁVEL ............ 75
PRÁTICAS DE LINGUAGEM E PRODUÇÃO DE (DES)COLONIALIDADES NO MUNDO CONTEMPORÂNEO
.................................................................................................................................................................................................................. 75
A COLONIZAÇÃO E O APAGAMENTO DA IMAGEM DE SI ......................................................................................... 76
A CONCEPÇÃO DA LÍNGUA NACIONAL COMO INVENÇÃO E SUA MATERIALIZAÇÃO E MANUTENÇÃO
EM PRÁTICAS LINGUÍSTICAS NO MUNDO CONTEMPOR NEO .............................................................................. 76
CORAZONAR E ESPERANÇAR NA PANDEMIA POR MEIO DE LETRAMENTOS DECOLONIAIS NO
ENSINO REMOTO EMERGENCIAL: APROXIMAÇÕES ENTRE LÍNGUA PORTUGUESA MATERNA E
ADICIONAL .................................................................................................................................................................................... 77
EM “SUA” LÍNGUA CONTAREI A MINHA HISTÓRIA: A EDUCAÇÃO LINGUÍSTICA E O PENSAMENTO
DECOLONIAL EM LMOOCS CHINESES .............................................................................................................................. 78
FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUA ESPANHOLA NA UNILA: PRÁTICAS DECOLONIAIS NO
TRIPÉ ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO .......................................................................................................................... 78
LINGUAGEM INCLUSIVA NA PERSPECTIVA DO ATIVISMO EPISTEMOLÓGICO: O VERBETE
“PRESIDENTA” EM DICIONÁRIOS BRASILEIROS, ESPANHÓIS E GALEGOS ..................................................... 79
“MANDA PIX” E AS (DES)REGULAÇÕES TECNODISCURSIVAS NO FAZER LABORAL NA
PROSTITUIÇÃO MASCULINA ................................................................................................................................................. 79
MULTILETRAMENTO ENGAJADO: POSSIBILIDADE PARA UMA EDUCAÇÃO DECOLONIAL .................... 80
MUNDOS BINÁRIOS, ESTUDOS POSSÍVEIS - ABORDAGENS DESCOLONIAIS EM PESQUISAS DE
LINGUÍSTICA APLICADA ......................................................................................................................................................... 81
PAULO FREIRE E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES/AS DE LÍNGUAS: PRINCÍPIOS PARA
DE(S)COLONIZAR LETRAMENTOS ACADÊMICOS ....................................................................................................... 81
PEDAGOGIAS DECOLONIAIS E UMA CARTOGRAFIA-OUTRA: OS COLETIVOS FEMININOS MEXICANOS
NO SUL GLOBAL .......................................................................................................................................................................... 82
SABERES E PRÁTICAS INSURGENTES PARA A JUSTIÇA SOCIAL: A RESISTÊNCIA DE GRUPOS
MINORITARIZADOS NO CONTEXTO DA PANDEMIA........................................................................................................ 82
A EDUCAÇÃO DA POPULAÇÃO LGBTQIAP+ EM TEMPOS DE PANDEMIA: ENCONTRANDO GRETAS NO
PROJETO ENGLISH TO TRANS-FORM. .............................................................................................................................. 83
A EDUCAÇÃO PARA MIGRANTES BOLIVIANOS NA ZONA LESTE DE SÃO PAULO E SEUS DESAFIOS . 84
A RELAÇÃO SEXUALIDADE E IDENTIDADE NA LETRA DA CANÇÃO AINDA GOSTO DELA DA BANDA
SKANK: UMA QUESTÃO DE ENUNCIAÇÃO. ..................................................................................................................... 84
ENVELHECIMENTO ENGAJADO: PRÁTICAS DE RESISTÊNCIA E COMBATE AO IDADISMO .................... 85
O DIREITO À LITERATURA NO CONTEXTO PRISIONAL PANDÊMICO: UMA EXPERIÊNCIA NO
PRESÍDIO FEMININO DE ITAJAÍ - SC ................................................................................................................................. 85
O RESSOAR DA ALDEIA TEKOÁ PIAU ................................................................................................................................ 86
REFLEXÕES SOBRE O ENSINO DE PORTUGUÊS COMO LÍNGUA DE ACOLHIMENTO A IMIGRANTES
HAITIANOS NO CONTEXTO REMOTO: VOZ, AUTONOMIA E PERTENCIMENTO ........................................... 87

TEMÁTICA 05. FONÉTICA E CLÍNICA FONOAUDIOLÓGICA .............................................................. 88


INTERLOCUÇÕES: FONÉTICA E CLÍNICA FONOAUDIOLÓGICA .................................................................................. 88
A INFLUÊNCIA DO FRÊNULO LINGUAL NA PRODUÇÃO DE FALA ....................................................................... 88
ANÁLISE DA FALA DE SUJEITOS COM DIFICULDADES ESCOLARES PRÉ E PÓS TREINAMENTO
AUDITIVO ACUSTICAMENTE CONTROLADO................................................................................................................. 89
ANÁLISE PERCEPTIVO-AUDITIVA DA QUALIDADE E DINÂMICA VOCAL DE TELEOPERADORES DE
EMERGÊNCIA ............................................................................................................................................................................... 90
ASPECTOS PERCEPTIVOS E ACÚSTICOS DOS AJUSTES SUPRAGLÓTICOS DE QUALIDADE VOCAL ..... 90
DADOS DERMATOGLÍFICOS E ACÚSTICOS DE CANTORES LÍRICOS E DE MUSICAIS .................................. 91
DESIGN E AVALIAÇÃO DE UMA INTERFACE GAMIFICADA DE SOFTWARE DE BIOFEEDBACK DE
FALA ................................................................................................................................................................................................. 91
ESTUDOS PARA UMA PROPOSTA DE FEEDBACK DE SUAVIZAÇÃO E PROLONGAMENTO DA FALA DA
PESSOA QUE GAGUEJA ............................................................................................................................................................. 92

6
TEMÁTICA 07. COMPLEXIDADE E FORMAÇÃO DE PROFESSORES ............................................... 93
AUTO-HETEROECOFORMAÇÃO DOCENTE: O DESENVOLVIMENTO DE PROFESSORES SOB O FOCO DA
COMPLEXIDADE................................................................................................................................................................................ 93
AUTO-HETEROECOFORMAÇÃO DOCENTE: REFLEXÕES A PARTIR DE VIAS EM UM CURSO, SOB O
FOCO DA COMPLEXIDADE ..................................................................................................................................................... 93
AUTO-HETEROECOFORMAÇÃO DOCENTE: UM OLHAR COMPLEXO SOBRE A DOCÊNCIA EM LÍNGUA
PORTUGUESA NA EDUCAÇÃO BÁSICA ............................................................................................................................. 94
CIDADANIA GLOBAL OU CIDADANIA PLANETÁRIA? REFLEXÕES SOBRE A FORMAÇÃO DOCENTE-
CIDADÃ NA CONTEMPORANEIDADE ................................................................................................................................ 95
DESENVOLVIMENTO DOCENTE E MOBILIDADE: UMA EXPERIÊNCIA DIDÁTICA COMPLEXA NO
WHATSAPP COM PROFESSORES DE INGLÊS ................................................................................................................. 95
ESTUDOS DOS LETRAMENTOS E PENSAMENTO COMPLEXO: UMA MIRADA ALTERNATIVA ............... 96
FORMAÇÃO TECNOLÓGICA DE PROFESSORES DE LÍNGUAS ................................................................................. 96
LINGUAGEM AUDIOVISUAL NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES: UMA PROPOSTA BASEADA NO
DESIGN EDUCACIONAL COMPLEXO .................................................................................................................................. 97
LINGUÍSTICA APLICADA E COMPLEXIDADE: POSSÍVEIS ARTICULAÇÕES NO PROCESSO DE
FORMAÇÃO DOCENTE ............................................................................................................................................................. 98
O AUTOCONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUAS: UMA VISÃO SISTÊMICO-
COMPLEXA..................................................................................................................................................................................... 98
O CULTIVO DOS SENTIMENTOS E DA BIOESPIRITUALIDADE DOCENTE EM ARTICULAÇÃO COM AS
LINGUAGENS DOS CAMPOS DA VIDA E A COMPLEXIDADE .................................................................................... 99
O PORTFÓLIO DIGITAL NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE LÍNGUA INGLESA: UM
ESTUDO SOBRE EMERGÊNCIA COMPLEXA .................................................................................................................... 99
O PROFISSIONAL DE LETRAS E A "EDUCAÇÃO DO FUTURO": REFLEXÕES A PARTIR DE EDGAR
MORIN .......................................................................................................................................................................................... 100
PRÁTICA DE INGLÊS PARA PROFESSORES: UMA EXPERIÊNCIA COMPLEXA TRANSDISCIPLINAR VIA
WHATSAPP ................................................................................................................................................................................. 101
FORMAÇÃO DE PROFESSORES E OS PROCESSOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM DA (COMPREENSÃO
EM) LEITURA NA E PARA A CONSTRUÇÃO DO LEITOR .............................................................................................. 102
A DESMISTIFICAÇÃO DAS PRÁTICAS DE LEITURA BASEADAS NOS LIVROS DE AUTOAJUDA: OS
ESTUDANTES DO PRIMEIRO ANO DA ESCOLA SUPERIOR PEDAGÓGICA DO BIÉ EM FOCO ................ 102
ENSINO-APRENDIZAGEM DA LEITURA EM UM CONTEXTO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA:
REPRESENTAÇÕES DE PRÁTICAS DE TRADUÇÃO, PRONÚNCIA E AVALIAÇÃO ........................................ 103
ESTRATÉGIAS DE LEITURA PARA A CONSTRUÇÃO DA COMPREENSÃO ...................................................... 104
FORMAÇÃO DE PROFESSORES E PSICOLINGUÍSTICA: FORÇAS ALIADAS NO DESENVOLVIMENTO DA
(COMPREENSÃO EM) LEITURA ........................................................................................................................................ 104
FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES E FOMENTO À LEITURA NA EDUCAÇÃO BÁSICA ................... 105
O ENSINO DE LÍNGUAS SOB A PERSPECTIVA DA COMPLEXIDADE E O PROGRAMA DE RESIDÊNCIA
PEDAGÓGICA ............................................................................................................................................................................. 105
PROFESSOR-LEITOR, COMPREENSÃO LEITORA E AVALIAÇÃO DA LEITURA: INDICATIVOS DAS
PESQUISAS BRASILEIRAS .................................................................................................................................................... 106
FORMAÇÃO E TRABALHO DOCENTE: DISTÂNCIAS E APROXIMAÇÕES NO ENSINO DE LÍNGUAS ......... 107
A IDENTIDADE DE PROFESSORES DE INGLÊS DA REDE PÚBLICA DE MANAUS: UM ESTUDO DE CASO
EM TEMPOS DE PANDEMIA ............................................................................................................................................... 107
AUTOCONFROTAÇÃO REMOTA EM CONTEXTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL ................................................ 108
DIFICULDADES, CONFLITOS E DILEMAS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES: UMA ANÁLISE DO
TRABALHO DE ENSINAR ..................................................................................................................................................... 108
PROFESSORES INICIANTES DE FLE REVISITANDO SUA ATIVIDADE DO ESTÁGIO DE REGÊNCIA A
PARTIR DE UMA PROPOSTA INTERVENTIVA ............................................................................................................ 109

TEMÁTICA 08. LINGUÍSTICA CRÍTICA SOB O ENFOQUE SISTÊMICO-FUNCIONAL ................ 110


PROCESSOS DE SIGNIFICAÇÃO: LINGUAGEM, MÍDIAS E SOCIEDADE .................................................................. 110

7
A IMAGEM ENQUANTO PROSÓDIA E OS DIRECIONAMENTOS DA LEITURA............................................... 111
O TEXTO MULTIMODAL – UM ESTUDO CRÍTICO DA CHARGE E DO ARTIGO CIENTÍFICO SOB O
ENFOQUE SISTÊMICO-FUNCIONAL ................................................................................................................................ 111
CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS NA PUBLICIDADE DIGITAL: UMA ANÁLISE DE SEMIOSES VEICULADAS
EM UM ANÚNCIO PUBLICITÁRIO DA MARCA TRESEMMÉ .................................................................................. 112
DIÁLOGOS ENTRE A SEMIÓTICA SOCIAL E A TEORIA DA ARGUMENTAÇÃO: A ARGUMENTAÇÃO
MULTIMODAL PRÁTICA EM CAMPANHA DO METRÔ DE LISBOA .................................................................... 112
DO DISCURSO SOBRE TECNOLOGIAS À EDUCAÇÃO PARA OS MEIOS: TECNOLOGIAS E O ENSINO DE
LÍNGUA MATERNA NAS ARENAS DE DEBATE SOBRE A BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR
PARA O ENSINO MÉDIO ........................................................................................................................................................ 113
IMIGRAÇÃO E O CONTEXTO DO BREXIT: REDES DE COLOCADOS E ANÁLISE MULTIDIMENSIONAL
APLICADAS À AVALIAÇÃO .................................................................................................................................................. 114
IRONIA E METÁFORA NA CRÍTICA SOCIAL EM "TEORIA DO MEDALHÃO", DE MACHADO DE ASSIS
UM ENFOQUE DA LINGUÍSTICA SISTÊMICO-FUNCIONAL.................................................................................... 114
NOW WE HAVE PERMISSION TO SPEAK? Análise metafuncional de uma capa da revista Vogue ..... 115
UM ESTUDO COMPARATIVO SOBRE A LEITURA MIDIÁTICA DOS INCÊNDIOS NO PANTANAL PELOS
JORNAIS LATINOS ................................................................................................................................................................... 115

TEMÁTICA 10. A FACE E A VOZ DA FALA............................................................................................. 116


A FACE E A VOZ DA FALA .......................................................................................................................................................... 116
ANÁLISE PERCEPTIVO-AUDITIVA DA QUALIDADE DE VOZ EM MENSAGENS DE VOZ POR
APLICATIVO: IMPLICAÇÕES PARA A FONÉTICA FORENSE ................................................................................. 117
DECLAMAÇÃO A EXPRESSIVIDADE DA FALA EM FOCO ........................................................................................ 117
ESTEREÓTIPOS VOCAIS NA DUBLAGEM DE UMA ANIMAÇÃO EM PORTUGUÊS BRASILEIRO............ 118
O PAPEL DOS GESTOS FACIAIS NA PERCEPÇÃO DA ENTOAÇÃO DA ASSERÇÃO E DA QUESTÃO-ECO
EM ÁUDIO LIMPO E DEGRADADO ................................................................................................................................... 119

TEMÁTICA 11. PROSÓDIA VOCAL E VISUAL....................................................................................... 120


PRODUÇÃO E PERCEPÇÃO DE FALA EM L2 ...................................................................................................................... 120
ANÁLISE DE FENÔMENOS COARTICULATÓRIOS EM INGLÊS COM BASE NA FONOLOGIA
ARTICULATÓRIA...................................................................................................................................................................... 121
INTONATION CHANGES IN RUSSIAN-BRAZILIAN PORTUGUESE BILINGUALS: MUTUAL
INTERFERENCE........................................................................................................................................................................ 121
METODOLOGIA DE ENSINO DE FONÉTICA DA LÍNGUA RUSSA PARA FALANTES DO PORTUGUÊS
BRASILEIRO NO NÍVEL INICIAL........................................................................................................................................ 122
O INPUT FONÉTICO NA AQUISIÇÃO DOS SONS DA L2 POR CRIANÇAS EM CONTEXTO BILÍNGUE ... 122
PERCEPÇÃO E PRODUÇÃO DE SONS DO INGLÊS COMO L2 POR BRASILEIROS: UM OLHAR PARA OS
MATERIAIS DIDÁTICOS ........................................................................................................................................................ 123
O GRAU DE SOTAQUE ESTRANGEIRO NO INGLÊS-L2: EFEITOS PROSÓDICOS E IMPLICAÇÕES
FORENSES ................................................................................................................................................................................... 123
TAREFA DE PRODUÇÃO ORAL EM LÍNGUA INGLESA A PARTIR DA ELABORAÇÃO DE UM
VÍDEO/PODCAST ..................................................................................................................................................................... 124
THE PERCEPTION AND PRODUCTION OF THE BRAZILIAN PORTUGUESE OPEN AND CLOSE MID
VOWELS, AND BILINGUAL PROFILES OF THE RUSSOPHONE IMMIGRANTS .............................................. 125

TEMÁTICA 12. COLABORAÇÃO CRÍTICA E ENSINO HÍBRIDO....................................................... 126


DESAFIOS EPISTEMOLÓGICOS, TEÓRICO-METODOLÓGICOS E POLÍTICOS: REPENSANDO O ENSINO-
APRENDIZAGEM HÍBRIDO NO CONTEXTO ESCOLAR .................................................................................................. 126
ANÁLISE DE INDICADORES RELACIONADOS AO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM REMOTO
DURANTE O PERÍODO PANDÊMICO ............................................................................................................................... 127
ENSINO-APRENDIZAGEM HÍBRIDO NA ESCOLA: DESAFIOS NA CONSTITUIÇÃO DE PROFESSORES E
ALUNOS COMO AGENTES CRÍTICOS ............................................................................................................................... 128

8
MODELO DIALOGAL ASSOCIADO AO ENSINO HÍBRIDO: FORMAÇÃO CRÍTICO-COLABORATIVA DE
PROFESSORES RELATIVA AO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA ARGUMENTAÇÃO ......... 129
VIVÊNCIAS DO TEATRO SOCIAL DOS AFETOS NO ENSINO-APRENDIZAGEM HÍBRIDO EM AULAS DE
LÍNGUA PORTUGUESA .......................................................................................................................................................... 130

TEMÁTICA 13. METODOLOGIA DE ENSINO-APRENDIZAGEM CRÍTICO-COLABORATIVOS EM


TEMPOS DE CRISE ....................................................................................................................................... 131
(TRANS)FORMAÇÃO DOCENTE COMO ATO RESPONSÁVEL PARA ATUAR NO ENSINO REMOTO EM
TEMPOS DE CRISE ........................................................................................................................................................................ 131
CRIANDO O INÉDITO VIÁVEL EM AULAS DE INGLÊS NO ENSINO SUPERIOR TECNOLÓGICO ............ 132
DILEMAS DA GESTÃO PEDAGÓGICA NO CONTEXTO DO ENSINO REMOTO – UMA ABORDAGEM
CRÍTICO-COLABORATIVA .................................................................................................................................................... 132
FORMAÇÃO DE PROFESSORES E ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS DIGITAIS: PROBLEMATIZAÇÕES À
PRÁTICA DOCENTE NO ENSINO HÍBRIDO EM TEMPOS DA PANDEMIA DA COVID-19 .......................... 133
O USO DO GOOGLE FORMS – JOGO INTERDISCIPLINAR ....................................................................................... 133
O TRABALHO COLABORATIVO EM PRÁTICAS DE LINGUAGEM EM CONTEXTOS DE ENSINO-
APRENDIZAGEM ............................................................................................................................................................................ 134
A EXPERIÊNCIA DO TRABALHO COLABORATIVO COM A LINGUAGEM NA PRODUÇÃO DE UM
JORNAL ESCOLAR NO CEFET-RJ ....................................................................................................................................... 134
BRINCADA JOVEM: POSSIBILIDADE DE COLABORAÇÃO E AGÊNCIA ATIVISTA TRANSFORMATIVA
.......................................................................................................................................................................................................... 135
CRIAÇÃO DE CONTEXTOS ESCOLARES PARA A PRODUÇÃO COLABORATIVO-CRÍTICA E SEUS
EFEITOS NA APRENDIZAGEM DA INTEPRETAÇÃO DE TEXTOS ....................................................................... 136
O ENSINO COLABORATIVO DE LINGUAGENS NO ENSINO MÉDIO INTEGRADO (EMI) .......................... 136
O PENSAR ALTO EM GRUPO E A CONSTRUÇÃO DE MÚLTIPLOS SENTIDOS: UMA PROPOSTA DE
LEITURA DIALÓGICA ............................................................................................................................................................. 137
OS PRINCÍPIOS NORTEADORES DO TELETANDEM - DE ONDE VIEMOS E PARA ONDE VAMOS........ 138
O USO DA COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA NA ESCOLA: UMA PESQUISA COLABORATIVA EM UM
CONTEXTO DE INCLUSÃO ESCOLAR .............................................................................................................................. 138
THE EXTRAORDINARY PROJECT: PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO BILÍNGUE POSSÍVEIS PARA O ENSINO
MÉDIO INTEGRADO ............................................................................................................................................................... 139

TEMÁTICA 14. LETRAMENTO DO IMPRESSO, LETRAMENTO DIGITAL E A FORMAÇÃO DO


LEITOR ............................................................................................................................................................ 140
A LEITURA DIALÓGICA E A FORMAÇÃO DO LEITOR RESPONSIVO: (RE)SIGNIFICANDO PRÁTICAS
SILENCIADORAS ............................................................................................................................................................................ 140
A PRÁTICA DIALÓGICA E COLABORATIVA DE LEITURA EM GRUPO E A CRITICIDADE DO LEITOR 141
CONCEPÇÃO DE LEITURA NA BNCC: UMA REFLEXÃO SOBRE A FORMAÇÃO DO LEITOR .................... 141
CONSTRUÇÕES DE RELAÇÕES DIALÓGICAS QUE (RE) CONSTROEM O INTERESSE PELA LEITURA NA
TRANSIÇÃO DO ENSINO FUNDAMENTAL I PARA II ................................................................................................ 142
HISTÓRIA EM QUADRINHOS NO ENSINO DE LÍNGUA EM PERSPECTIVA DIALÓGICA ........................... 142
UMA POSSÍVEL MATRIZ PARA O LETRAMENTO ...................................................................................................... 143

TEMÁTICA 16. DIMENSÃO ÉTICA DAS PRÁTICAS DE ANÁLISE DO DISCURSO ....................... 144
DISCURSO, TRABALHO E ÉTICA: SENTIDOS E SABERES NAS ATIVIDADES LABORAIS ............................... 144
“A MAIS PONDEROSA DAS QUESTÕES”: CONTROVÉRSIAS NORMATIVAS NUM MANUAL DE REVISÃO
DE TEXTOS DO SÉCULO XIX ............................................................................................................................................... 144
CENOGRAFIA E ETHOS NO DISCURSO DA DONA DE CASA E DOCENTE: DRAMÁTICAS DO CORPO-SI
NA ATIVIDADE LABORAL .................................................................................................................................................... 145
CINQUENTA TONS DE VERDE – UMA ANÁLISE DISCURSIVA DAS PRÁTICAS DE GREENWASHING EM
EMBALAGENS ........................................................................................................................................................................... 145
JOGOS COMO METODOLOGIA FACILITADORA DA COMUNICAÇÃO COM O SER HUMANO AUTISTA146

9
OS MUNDOS ÉTICOS DA PESQUISA SOBRE MEDIAÇÃO EDITORIAL: A FIANÇA ESTABELECIDA PELA
REPUTAÇÃO NA COMUNIDADE ........................................................................................................................................ 147
RETORNO ÀS AULAS PRESENCIAIS DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19: JOGO DOS 7 ERROS ..... 147
ABORDAGENS DISCURSIVAS OU ERGODISCURSIVAS: PRODUZIR CONHECIMENTO SOBRE OU COM
SUJEITOS? ......................................................................................................................................................................................... 148
A LINGUAGEM E SUAS ALTERAÇÕES SOB A PERSPECTIVA DISCURSIVA ..................................................... 149
A LINGUAGEM NO TRABALHO INVISÍVEL: O INTERDISCURSO SOBRE O TRABALHO DOMÉSTICO 149
O DISPOSITIVO LEITURA E AS PRÁTICAS DE PODER E DE RESISTÊNCIA NO ENSINO DE LEITURA 150
OS DIZERES DISCURSIVOS DOS(AS) PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO NA REDE PÚBLICA MUNICIPAL
DE BELÉM ................................................................................................................................................................................... 150
O ETHOS EM CENA: RECORTES AUTOBIOGRÁFICOS DA PROFISSÃO DOCENTE ...................................... 151
O USO DE SI NO CONTEXTO PANDÊMICO: ETHOS E CENOGRAFIA NOS DIZERES SOBRE O
TRABALHO ................................................................................................................................................................................. 152
UM OLHAR ERGODISCURSIVO SOBRE A ENTREVISTA: AS CONTRIBUIÇÕES DO DOCUMENTÁRIO DE
EDUARDO COUTINHO EM JOGO DE CENA ................................................................................................................... 152

TEMÁTICA 17. PRODUTIVIDADE DO CONCEITO DE PRÁTICA DISCURSIVA ........................... 153


DISCURSOS RACISTAS, BRANQUITUDE E SUBJETIVIDADE: A PRODUTIVIDADE DE PRÁTICAS
DISCURSIVAS CONTEMPORÂNEAS ....................................................................................................................................... 153
CENOGRAFIA E ETHOS NOS VERSOS DE UMA CANÇÃO: A INFINITUDE DISCURSIVA DE STRANGE
FRUIT ............................................................................................................................................................................................ 154
DIVERSIDADE COMO UMA COMMODITY? REFLEXÕES SOBRE A REPRESENTAÇÃO DA MULHER
NEGRA NAS CAPAS DA VERSÃO BRASILEIRA DA REVISTA GLAMOUR (2012-2020) ............................. 154
“NUNCA FOI SOBRE O QUE FAZ, MAS SOBRE QUEM FAZ...”: REFLEXÕES SOBRE FORMAÇÃO E
PRÁTICAS DISCURSIVAS A PARTIR DE ENUNCIADOS SUPREMACISTAS. ..................................................... 155
O ALTAR DA PÁTRIA: ANÁLISE DISCURSIVA DOS TEXTOS INSTITUCIONAIS DO SITE DO MUSEU DA
INCONFIDÊNCIA SOB UMA PERSPECTIVA ÉTNICO-RACIAL ............................................................................... 155
RAÇA E RACISMO NO PROGRAMA TRAINEE MAGALU 2021: ANÁLISE DISCURSIVA DE
COMENTÁRIOS NO LINKEDIN ........................................................................................................................................... 156
POR QUE TRABALHAR COM O CONCEITO DE PRÁTICA DISCURSIVA? ................................................................ 157
A EXONERAÇÃO DO ESTADO PELO LIVRE MERCADO ........................................................................................... 157
A REFORMA DO ENSINO MÉDIO EM NOTÍCIAS DIGITAIS .................................................................................... 158
ATAQUES A PRÁTICAS DISCURSIVAS EDUCACIONAIS DEMOCRÁTICAS: RACIONALIDADES EM
EMBATE ....................................................................................................................................................................................... 159
“DESCE DO SALTO E VAI VIVER”: UMA ANÁLISE INTERDISCURSIVA DO MOVIMENTO #KUTOO .... 159
DISCURSO POÉTICO-ANCESTRAL: CONTRIBUIÇÕES CARTOGRÁFICAS PARA A EDUCAÇÃO
LINGUÍSTICA ANTIRRACISTA ............................................................................................................................................ 160
ENLAÇAMENTOS NA ARTICULAÇÃO DE ETOS E CENOGRAFIA EM DUAS PRÁTICAS DISCURSIVAS
SOBRE O PROGRAMA NACIONAL DAS ESCOLAS CÍVICO-MILITARES............................................................. 160

TEMÁTICA 18. CORPUS E CATEGORIAS DE ANÁLISE – AMPLIAÇÃO INVESTIGATIVA DA


ANÁLISE DO DISCURSO ............................................................................................................................. 161
ANÁLISE MULTIDIMENSIONAL LEXICAL: CORPORA E CATEGORIAS DE ANÁLISE ....................................... 161
A LINGUAGEM VERBAL DAS ARTES VISUAIS: UMA ANÁLISE MULTIDIMENSIONAL DO DISCURSO
SOBRE A FOTOGRAFIA DE SALLY MANN ..................................................................................................................... 162
A MULTIDIMENSIONAL ANALYSIS OF RESEARCH PAPERS ON THE SUSTAINABLE DEVELOPMENT
GOALS (SDGs) ............................................................................................................................................................................ 162
ANÁLISE MULTIDIMENSIONAL LEXICAL DE CONVERSAS EM GRUPOS DE WHATSAPP, FACEBOOK E
TWITTER EM TEMPOS DE PANDEMIA .......................................................................................................................... 163
AS DIMENSÕES LEXICAIS DO TWITTER CONTRA E A FAVOR DAS MANIFESTAÇÕES DO 7 DE
SETEMBRO DE 2021 .............................................................................................................................................................. 163

10
BOOKTUBERS E AFINS EM SEU DOMÍNIO DISCURSIVO: ANÁLISE MULTIDIMENSIONAL EM ESTUDO
SOBRE RESENHAS E VÍDEO-RESENHAS ....................................................................................................................... 165
DETECTANDO OS DISCURSOS DA MODA EM UMA PERSPECTIVA MULTIDIMENSIONAL .................... 165
IT'S IN MY BLOOD: AS CARACTERÍSTICAS PERVASIVAS PRESENTES NAS LETRAS DE MÚSICAS .... 166
VARIAÇÃO LEXICAL EM REALITY TV SHOWS NORTE-AMERICANOS: DIMENSÕES TEMÁTICAS...... 166
CARTOGRAFIA DOS DISCURSOS E O DESAFIO DE PRODUÇÃO DE UM CÓRPUS DE ANÁLISE ................... 167
ANÁLISE DO ENUNCIADO DE APRESENTAÇÃO E DE CRÍTICA DO FILME POLONÊS “365 DNI” À LUZ
DA TEORIA DOS BLOCOS SEMÂNTICOS ........................................................................................................................ 168
CARTOGRAFIA DAS REDES DISCURSIVAS DE CENSURA NA BIENAL INTERNACIONAL DO LIVRO .. 168
CRITÉRIOS DISCURSIVOS PARA A CONSTRUÇÃO DE CORPUS COMPOSTO POR MATERIALIDADE
MULTISSEMIÓTICA: UMA POSSIBILIDADE PARA CAPAS DE REVISTAS SEMANAIS DE INFORMAÇÃO
.......................................................................................................................................................................................................... 169
“DESMANCHAMENTO DE MUNDOS” E CAMINHOS DE PESQUISA: A PRODUÇÃO DE UM CÓRPUS EM
ANÁLISE CARTOGRÁFICA DO DISCURSO ..................................................................................................................... 170
FAZER PESQUISA EM ANÁLISE CARTOGRÁFICA DO DISCURSO: NÃO LINEARIDADE E PRODUÇÃO DE
CÓRPUS EM GRUPOS DE PESQUISAS ............................................................................................................................. 170
INTERNET COMO CORPUS: A TENSÃO DOS CORPUS RELACIONAIS ............................................................... 171
PLANO DE GOVERNO DE JAIR BOLSONARO: UMA ANÁLISE RIZOMÁTICA DO DISCURSO POLÍTICO-
ELEITORAL SOBRE A EDUCAÇÃO .................................................................................................................................... 172

TEMÁTICA 21. CLÍNICA DE LINGUAGEM COM CRIANÇAS .............................................................. 172


CLÍNICA DE LINGUAGEM COM CRIANÇAS: QUESTÕES ATUAIS .............................................................................. 172
A COMPLEXIDADE DO DIAGNÓSTICO PRECOCE DE AUTISMO: UMA QUESTÃO DE LINGUAGEM .... 174
A IMPLICAÇÃO DA FAMÍLIA NA CLÍNICA DOS DESVIOS FONOLÓGICOS ....................................................... 174
ARTICULAÇÕES ENTRE FONOAUDIOLOGIA CLÍNICA E PSICANÁLISE: QUANDO OS SONS E
SILÊNCIOS PODEM TER MUITO A DIZER ..................................................................................................................... 175
CLÍNICA DE LINGUAGEM E SAÚDE MENTAL: REFLEXÕES EM UM CENTRO DE ATENÇÃO
PSICOSSOCIAL INFANTO-JUVENIL .................................................................................................................................. 176
CLÍNICA DE LINGUAGEM: REFLEXÕES SOBRE O BRINCAR ................................................................................. 176
GRUPO HETEROGÊNEO DE LINGUAGEM: O QUE UMA CRIANÇA PODE FAZER PELA OUTRA? .......... 177
INTERPRETAÇÃO NA CLÍNICA DE LINGUAGEM COM CRIANÇAS ..................................................................... 177
INTERVENÇOES FONOAUDIOLÓGICAS EM UMA CRIANÇA COM DEFICIENCIA: UMA SITUAÇAO
CLÍNICA COMPARTILHADA ................................................................................................................................................ 178
O TEMPO DE EXPOSIÇÃO ÀS TELAS E A AQUISIÇÃO AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM: O QUE DIZEM OS
PAIS? .............................................................................................................................................................................................. 178
QUANDO O TRANSTORNO DE LINGUAGEM APONTA PARA UMA DESORDEM: A DIREÇÃO DO
TRATAMENTO QUANDO AS PALAVRAS ESTÃO FORA DE LUGAR .................................................................... 179
UMA PERSPECTIVA DA FONOAUDIOLOGIA PARA OS IMPASSES NA ESTRUTURAÇÃO DA
LINGUAGEM COM CONTRIBUIÇÕES DO CONCEITO DE MUSICALIDADE ...................................................... 179

TEMÁTICA 23. CLÍNICA DE LINGUAGEM COM ADULTOS ............................................................... 180


A ARTICULAÇÃO ENTRE A CLÍNICA DE LINGUAGEM E AS ATIVIDADES QUE VISAM INCLUSÃO SOCIAL
DE PACIENTES AFÁSICOS E DEMENCIADOS .................................................................................................................... 180
CLÍNICA DE LINGUAGEM COM AFÁSICOS: RELATO DE CASO ............................................................................ 181
CLÍNICA DE LINGUAGEM E ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO COM PESSOAS DEMENCIDAS:
RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA ....................................................................................................................................... 181
OFICINAS DE ARTE: DISPOSITIVO DE INCLUSÃO DE SUJEITOS AFASICOS E DEMENCIADOS ............ 182
RELAÇÃO FALA-LEITURA-ESCRITA NO ATENDIMENTO DE AFÁSICOS ........................................................ 182
SOBRE OS EFEITOS DA ESCUTA FORA DE CENA EM UM CASO DE AFASIA: REFLEXÕES SOBRE O
MANEJO DA DEMANDA NA CLÍNICA DE LINGUAGEM ........................................................................................... 183

TEMÁTICA 24. ESCRITA, CLÍNICA, ESCOLA ........................................................................................ 184


OS IMPASSES DA CRIANÇA NA ESCRITA E O MAL-ESTAR NA EDUCAÇÃO......................................................... 184

11
A CRIANÇA NO REFORÇO ESCOLAR E SEUS IMPASSES NA RELAÇÃO COM A ESCRITA ......................... 185
A ESCRITA SINTOMÁTICA: CONSIDERAÇOES SOBRE A RESISTÊNCIA DO SUJEITO NA CLÍNICA DE
LINGUAGEM ............................................................................................................................................................................... 185
A RELAÇÃO ALUNO-ESCRITA: QUANDO A EDUCAÇÃO FALTA... ....................................................................... 186
ARTICULAÇÕES PSICANALÍTICAS DA LINGUAGEM ACERCA DA SEXUALIDADE INFANTIL E O CAMPO
DA EDUCAÇÃO SEXUAL: TEORIA E PRÁTICA ............................................................................................................. 186
DIÁLOGOS ENTRE FONOAUDIOLOGIA E EDUCAÇÃO: CONTRIBUIÇÕES A PARTIR DE UMA REFLEXÃO
SOBRE LINGUAGEM ............................................................................................................................................................... 187
O TABU LINGUÍSTICO E A SEXUALIDADE NO AMBIENTE ESCOLAR ............................................................... 188
REEDUCAR OU CLINICAR? PERSPECTIVAS TEÓRICAS E DIREÇÕES CLÍNICAS DA ATUAÇÃO
FONOAUDIOLÓGICA VOLTADA PARA AS DIFICULDADES DE LEITURA E ESCRITA................................. 188
SOBRE OS ENIGMAS DA LEITURA: O SEGREDO QUE NÃO PODE SER DITO ................................................. 189

TEMÁTICA 25. ESTUDOS SOBRE LÍNGUAS DE SINAIS..................................................................... 190


PERSPECTIVA DIALÓGICA NOS ESTUDOS DA TRADUÇÃO E INTERPRETAÇÃO DE LÍNGUA DE SINAIS
............................................................................................................................................................................................................... 190
A AUTORIA NA TRADUÇÃO ARTÍSTICA-POÉTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA PARA A LIBRAS:
(IN)VISIBILIDADE NA DIMENSÃO VERBO-VISUAL ................................................................................................. 190
A FORMAÇÃO CONTINUADA DO TRADUTOR E INTÉRPRETE DE LIBRAS EDUCACIONAL: A
INFLUÊNCIA DAS PRÁTICAS FORMATIVAS DIALÓGICAS NA ATUAÇÃO PROFISSIONAL ...................... 191
INTERFACES ENTRE INTERPRETAÇÃO EDUCACIONAL (LIBRAS-PORTUGUÊS) E OS ESTUDOS
DIALÓGICOS: O QUE DIZEM AS TESES E DISSERTAÇÕES (1990 A 2020) ..................................................... 192
O INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS NO TEATRO ONLINE E AS ADAPTAÇÕES IMPOSTAS PELA
PANDEMIA .................................................................................................................................................................................. 192
UM OLHAR SOBRE TRADUTORES/INTÉRPRETES DE LIBRAS EM TEMPOS PANDÊMICOS: VIVÊNCIA
PRÁTICA MULTIMODAL NA PERSPECTIVA DIALÓGICA DA LINGUAGEM NA PLATAFORMA ZOOM 193
O OLHAR PARA A TRADUÇÃO E INTERPRETAÇÃO DE LÍNGUA DE SINAIS E GUIA-INTERPRETAÇÃO A
PARTIR DA PERSPECTIVA DIALÓGICA: ESFERAS E CONTEXTOS DE ATUAÇÃO ....................................... 194
ELABORAÇÃO DE QUESTIONÁRIO BILÍNGUE PARA TESTE DE RECEPÇÃO DAS JANELAS DE LIBRAS
POR SURDOS: UMA ANÁLISE DIALÓGICA .................................................................................................................... 194
INVESTIGAÇÕES SOBRE A LIBRAS E O UNIVERSO DA SURDEZ .............................................................................. 195
A REPRESENTAÇÃO SOCIAL SOBRE O SURDO NA MÍDIA DIGITAL ................................................................. 196
AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA ALUNOS SURDOS EM TEMPOS DE PANDEMIA: DA SALA DE
AULA À CYBER DE AULA ...................................................................................................................................................... 196
LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS: UM DESAFIO PARA OS ENFERMEIROS NA ATENÇÃO BÁSICA ...... 197
CONSIDERAÇÕES SOBRE O ATRAVESSAMENTO DA LIBRAS EM FENÔMENOS QUE CERCAM A SURDEZ
............................................................................................................................................................................................................... 198
A QUESTÃO DA LÍNGUA NOS IMPASSES DA CLÍNICA PSICANALÍTICA COM SURDOS SINALIZANTES
.......................................................................................................................................................................................................... 198
APROXIMAÇÕES AO INTERACIONISMO NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES ............................................... 199
BIOLOGIA E LIBRAS: AS RELAÇÕES DO LINGUÍSTICO PARA SURDOS E PROFESSORES OUVINTES 199
O QUE DIZEM OS MEMES SOBRE A LIBRAS? UM OLHAR PARA A LÍNGUA DE SINAIS EM MÍDIA
DIGITAL........................................................................................................................................................................................ 200
SINALIZAÇÃO ATÍPICA: UM ESTUDO ACERCA DA INTELIGIBILIDADE ......................................................... 200

TEMÁTICA 26. ENSINO E PESQUISA EM DIFERENTES PERSPECTIVAS ..................................... 201


ABORDAGEM TEXTUAL-DISCURSIVA NA PESQUISA E NO ENSINO: APROXIMAÇÕES NO
DISTANCIAMENTO ....................................................................................................................................................................... 201
A TEORIA DO FLOW COMO CONTRIBUIÇÃO PARA O ENGAJAMENTO DO ESTUDANTE EM
ATIVIDADES DE ESCRITA ACADÊMICA NO ENSINO HÍBRIDO: ALGUMAS REFLEXÕES ......................... 201
ESCRITA ACADÊMICA NO CONTEXTO DE ENSINO REMOTO .............................................................................. 202

12
GÊNEROS, DISCURSOS E TIPOS DE TEXTO: ANÁLISE DE ENUNCIADOS VEÍCULADOS EM MÁSCARAS
NO CONTEXTO DA PANDEMIA DA COVID-19 ............................................................................................................ 203
INTERAÇÃO EM AULAS REMOTAS: CONTRIBUIÇÕES DA PESQUISA EM ANÁLISE TEXTUAL DOS
DISCURSOS ................................................................................................................................................................................. 203
PLANO DE TEXTO, SEQUÊNCIAS TEXTUAIS E ORGANIZAÇÃO TÓPICA EM UMA VIDEOAULA ........... 204
PONTOS DE VISTA DE PÓS-GRADUANDOS CONCERNENTES A AULAS REMOTAS ................................... 204
RESENHA CRÍTICA NA UNIVERSIDADE EM TEMPOS DE PANDEMIA: COM A PALAVRA, OS
ESTUDANTES, NO PADLET .................................................................................................................................................. 205
SEQUÊNCIA DE AULAS PARA ESCRITA COLABORATIVA DE NEWSLETTER ............................................... 205
VIDEOAULA NO YOUTUBE: HIPERTEXTUALIDADE E MULTIMODALIDADE NO ENSINO DE REDAÇÃO
DISSERTATIVA.......................................................................................................................................................................... 206
PESQUISA NARRATIVA NA BASE DE REFLEXÕES SOBRE INCLUSÃO E IDENTIDADES DOCENTES ....... 207
IDENTIDADES E CRENÇAS SOBRE SER E APRENDER A SER PROFESSOR DE INGLÊS: NARRATIVAS
NA FORMAÇÃO INICIAL........................................................................................................................................................ 207
NARRATIVAS SOBRE INTERCULTURALIDADE E APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS POR IMERSÃO ...... 208
ENSINO DE LÍNGUAS PARA FINS OCUPACIONAIS: PESQUISA, ENSINO, PRÁTICAS PEDAGÓGICAS,
DESAFIOS E REFLEXÕES ............................................................................................................................................................ 209
A LÍNGUA INGLESA NO DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES NECESSÁRIAS À FORMAÇÃO DO
ALUNO DO ENSINO TÉCNICO: UM DIÁLOGO COM A BASE TECNOLÓGICA .................................................. 209
ANÁLISE DE LIVROS DIDÁTICOS PARA ENSINO/APRENDIZAGEM DE INGLÊS PARA AVIAÇÃO EM
RELAÇÃO ÀS NECESSIDADES DE MECÂNICOS E ENGENHEIROS AERONÁUTICOS .................................. 210
LETRAMENTO TERMINOLÓGICO E ACESSIBILIDADE TEXTUAL E TERMINOLÓGICA NO ENSINO DE
LÍNGUA PORTUGUESA EM ESCOLAS PÚBLICAS DE ENSINO MÉDIO .............................................................. 211
LÍNGUA INGLESA E INTERNACIONALIZAÇÃO: UMA ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA NO CONTEXTO
ACADÊMICO ............................................................................................................................................................................... 211
TERMINOLOGIA PEDAGÓGICA E INGLÊS PARA PROPÓSITOS ESPECÍFICOS/ACADÊMICOS: UMA
PARCERIA NECESSÁRIA NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL ..................................................................................... 212
PESQUISA COLABORATIVA: CONTRIBUIÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DOCENTE
............................................................................................................................................................................................................... 213
A PESQUISA COLABORATIVA COMO (TRANS)FORMAÇÃO DA SUBJETIVIDADE DOCENTE: UMA
EXPERIÊNCIA NA PERSPECTIVA DA JUSTIÇA CURRICULAR .............................................................................. 213
A PESQUISA COLABORATIVA E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES: EXPERIÊNCIA DE SUPERAÇÃO DAS
NORMATIZAÇÕES.................................................................................................................................................................... 214
CONSULTORIA COLABORATIVA DO PROFESSOR DE AEE PARA PRÁXIS INCLUSIVAS NO ENSINO
FUNDAMENTAL COM BASE NO DUA .............................................................................................................................. 215
DO ENSINO PRESENCIAL AO ENSINO REMOTO EMERGENCIAL: O IMPACTO DA PANDEMIA NA
ATIVIDADE DE TRABALHO DOCENTE SOB O ENFOQUE ERGO-DIALÓGICO ............................................... 215
INGLÊS NA ESCOLA PÚBLICA: UM ESTUDO COLABORATIVO EM RELATOS DO PIBID .......................... 216
O USO DE CORPUS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES E PROFESSORES-PESQUISADORES................. 217
PESQUISAS DE PROFESSORES COM PROFESSORES: APRENDIZAGENS COLABORATIVAS .................. 217
PROGRAMA RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA NA PERSPECTIVA DO TRABALHO COLABORATIVO:
CONTRIBUIÇÕES PARA DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DOCENTE .................................................... 218

13
ADMINISTRAÇÃO DA PUC-SP

o Grão-Chanceler, Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano


de São Paulo

o Profa. Dra. Maria Amalia Pie Abib Andery, Reitora

o Prof. Dr. Pedro Paulo Teixeira Manus, Vice-Reitor


o Profa. Dra. Alexandra Fogli Serpa Geraldini, Pró-reitora de Graduação

o Prof. Dr. Márcio Alves da Fonseca, Pró-reitor de Pós-Graduação

o Profa. Dra. Altair Cadrobbi Pupo, Pró-reitora de Educação Continuada

o Profa. Dra. Monica de Melo, Pró-reitora de Cultura e Relações Comunitárias

o Dra. Márcia Flaire, Pró-Reitora de Planejamento e Avaliação Acadêmicos

o Profa. Dra. Mariangela Belfiore Wanderley, Chefe de Gabinete

14
COMISSÕES

Comissão Executiva (LAEL/PUC-SP/CNPq)


Lúcia Maria Guimarães Arantes
Maria Cecília Pérez de Souza e Silva
Maria Francisca A. F. Lier-de-Vitto
Sumiko Nishitani Ikeda

Comissão Organizadora
Coordenação: Viviane Letícia Silva Carrijo (UNESCO/GP LACE/CNPq)

Ana Augusta Filomena Monteiro (LAEL/PUCSP)


Ana Paula Vilardo Barboza (LAEL/PUCSP/GP Atelier/CNPq)
Andrea Gabriela do Prado Amorim (LAEL/PUCSP/GP LACE/CNPq)
Carla Regina Sparano Tesser (LAEL/PUCSP/GP LACE/CAPES)
Catarina Vitorino (LAEL/PUCSP/GP Atelier/CNPq)
Cleber Ferreira Guimarães (LAEL/PUCSP)
Fabiano Silvestre Ramos (UFBA/LAEL/PUCSP)
Fernando Venâncio da Costa (UniLogos/GP LACE/CNPq)
Gleiciane Oliveira de Morais (LAEL/PUCSP)
Gustavo Cardoso Silveira (LAEL/PUCSP)
José Carlos Barbosa Lopes (LAEL/PUCSP/GP LACE/CNPq)
Juliana Carolina Faria (LAEL/PUCSP)
Karem Datti Ragnev (LAEL/PUCSP/ GIA BR)
Larissa Picinato Mazuchelli (UEMS/LAEL/GP LACE/CNPq)
Leonor Nora Fabián Bráñez (UFRR/LAEL/GP LACE/CNPq)
Luciana K. Modesto-Sarra (LAEL/PUCSP/GP LACE/CNPq/CAPES)
Luís Rodolfo Cabral Sales (IFMA/GP Atelier/CNPq)
Marli Pereira da Silva (LAEL/PUCSP/GP LACE/CNPq)
Rafael da Silva Tosetti Pejão (LAEL/PUCSP/GP LACE/CNPq)
Sandra Santella de Sousa (LAEL/PUCSP/GP LACE/CNPq)
Sarah Bento dos Santos Silva (LAEL/PUCSP/GP LACE/CNPq)

Stephan Arthur Solomon Hughes (LAEL/PUCSP)


Ulysses C. C. Diegues (FATECPG/ GP LACE/ GP NUVYLA/ CNPq)
Vivian Alencar Carvalho Cunha (LAEL/PUCSP)
Viviane Klen-Alves (UGA-EUA/GP LACE/CNPq)

15
Comissão Científica (LAEL/PUC-SP/CNPq)
Angela B. C. T. Lessa
Beth Brait
Fernanda Coelho Liberali
Lúcia Maria Guimarães Arantes
Mara Sophia Zanotto
Maria Cecília Camargo Magalhães
Maria Cecília Pérez de Souza e Silva
Maria Francisca A. F. Lier-de-Vitto
Maximina Maria Freire
Sandra Madureira
Sumiko Nishitani Ikeda
Suzana Carielo da Fonseca
Tony Berber Sardinha
Zuleica Antônia de Camargo

Caderno de Resumos
Viviane Letícia Silva Carrijo
Ulysses C. C. Diegues
Luciana Kool Modesto-Sarra
Fernando Venâncio da Costa
Viviane Klen-Alves
Gustavo Cardoso Silveira

16
AGRADECIMENTOS

A Comissão Executiva agradece a colaboração das pessoas e


organizações abaixo:

o PUCSP, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo


o Stela M. Bronzo do Setor de Eventos
o Professores do PEPG Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem
(LAEL)
o Catarina Vitorino pela criação da logo deste evento
o Comissão Organizadora
o Todos os monitores
o Todos os participantes

17
APRESENTAÇÃO

O Programa de Estudos Pós-Graduados em Linguística Aplicada e Estudos da


Linguagem – LAEL, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), tem o
prazer de anunciar a realização do 22º InPLA – Intercâmbio de Pesquisas em Linguística
Aplicada, formato online, no período de 08 a 12 de novembro de 2021.
Nesta edição, teremos como tema central Linguagem e Interfaces - aproximações e
distanciamentos, que coloca em discussão a relação envolvida no encontro entre campos
heterogêneos com objetos e objetivos diferentes. Respeitar fronteiras e permitir
tangenciamentos produtivos caracterizam um espaço de tensão a ser contemplado na
sustentação de programas e teorias que afastem a indesejada inconsistência conceitual.
Quando um conceito transita de um campo a outro, é imperativo que uma dialética
particular seja respeitada, a saber: o conceito deve transformar o ambiente teórico para
onde migra e ser ele mesmo transformado pelas cadeias argumentativas em que se insere.
O evento contará com pesquisadores representativos da Linguística Aplicada e
Estudos da Linguagem do Brasil e de outros países. Será constituído de conferência,
minicursos temáticos, mesas-redondas e apresentação de trabalhos em simpósios, que serão
submetidos por pesquisadores.

À memória de Maria Antonieta Alba Celani,


sempre presente.

18
PROGRAMAÇÃO
08/11/2021

09:00 - 12:00 - Minicurso Jogo, Estrutura E Fantasia


09:00 - 12:00 - Minicurso Rebeldia, Ousadia E Resistência Frente Às Máscaras Da Colonização
09:00 - 12:00 - Minicurso Quando Os Enunciados Aderentes São « Expressivos »
12:00 - 14:00 - ALMOÇO
14:00 - 17:00 - Minicurso Da Responsividade E Da Escuta Ativa Na Distopia Fahrenreit 451
14:00 - 17:00 - Minicurso Avaliação: Para Além Da “Forma” E Da Nota Escolar
14:00 - 17:00 - Minicurso Fonética Forense E A Comparação De Locutores

09/11/2021

09:00 - 12:00 - GP Linguagem, Identidade E Memória Em A Importância Dos Textos Filosóficos De


Bakhtin E O Círculo E Sua Repercussão Na Contemporaneidade
09:00 - 17:00 - Grupo De Pesquisa Atelier Linguagem E Trabalho - 25 Anos/ GT ANPOLL Discurso,
Trabalho E Ética
12:00 - 14:00 - ALMOÇO
14:00 - 17:00 - GP Aquisição, Patologias E Clínica De Linguagem
14:00 - 17:00 - GP A Inclusão Linguística em Cenários de Atividades Educacionais - ILCAE
18:00 - 19:30 - Conferência de Abertura - "Disciplinas e suas interfaces"

10/11/2021

09:00 - 11:00 - Mesa-Redonda Educação Multilíngue E O SULear: Práticas Decoloniais Para Uma
Educação Crítica
09:00 - 11:00 - Mesa-Redonda Desafios E Perspectivas Das Ciências Vocais Em Tempos De
Pandemia
09:00 - 11:00 - Mesa-Redonda Multimodalidade E Análise Do Discurso Crítico
09:00 - 11:00 - Mesa-Redonda Práticas Discursivas Intersemióticas Na Contemporaneidade
09:00 - 11:00 - Mesa-Redonda Interação E Aquisição De Linguagem: Questões Atuais
09:00 - 11:00 - Mesa-Redonda Luto E Destino Nas Afasia: Corpo E Linguagem
12:00 - 14:00 - ALMOÇO

19
14:00 - 16:00 - Mesa-Redonda Mikhail Bakhtin: Pensador Da Crise E Da Mudança
14:00 - 16:00 - Mesa-Redonda Transdisciplinaridade E Complexidade: Mudanças, Crises E
Realidade
14:00 - 16:00 - Mesa-Redonda Ciências Da Fala: O Campo, As Instituições E As Perspectivas De
Atuação Profissional
14:00 - 16:00 - Mesa-Redonda Marx, Vygotsky E Freire: Um Diálogo Crítico-Político E Ativista
Com Foco Na Linguagem Para Uma Educação Transformadora
14:00 - 16:00 - Mesa-Redonda Leitura Do Impresso E Leitura Do Digital: Desafios Da Leitura Na
Contemporaneidade
14:00 - 16:00 - Mesa-Redonda Impasses Na Relação Criança, Linguagem E Outro: Relações
Clínicas E O Campo Social

11/11/2021

09:00 - 12:00 - Simpósio Os Estudos Bakhtinianos E O Ensino Aprendizagem De Línguas: Entre


Teorias E Práticas
09:00 - 12:00 - Simpósio Pensamento Bakhtiniano: Recepção, Teoria E Prática
09:00 - 12:00 - Simpósio Abordagem Dialógica Do Discurso Na Mídia E No Ensino
09:00 - 12:00 - Simpósio Práticas De Linguagem E Produção De Descolonidades No Mundo
Contemporâneo
09:00 - 12:00 - Simpósio Estudos Bakhtinianos E Pesquisas Aplicadas Em Linguística: Aproximações
E Contribuições
09:00 - 12:00 - Simpósio Interlocuções: Fonética E Clínica Fonoaudiológica
09:00 - 12:00 - Simpósio Auto-Heteroecoformação Docente: O Desenvolvimento De Professores
Sob O Foco Da Complexidade
09:00 - 12:00 - Simpósio Processos De Significação: Linguagem, Mídias E Sociedade
09:00 - 12:00 - Simpósio Produção E Recepção De Fala Em L2
09:00 - 12:00 - Simpósio (Trans)Formação Docente Como Ato Responsável Para Atuar No Ensino
Remoto Em Tempos De Crise
09:00 - 12:00 - Simpósio Discurso, Trabalho E Ética: Sentidos E Saberes Nas Atividades Laborais
09:00 - 12:00 - Simpósio Cartografia Dos Discursos E O Desafio De Produção De Um Córpus De
Análise
09:00 - 12:00 - Simpósio Perspectiva Dialógica Nos Estudos Da Tradução E Interpretação De
Língua De Sinais
09:00 - 14:00 - Simpósio Análise Multidimensional Lexical: Corpora E Categorias De Análise

20
12:00 - 14:00 – ALMOÇO
14:00 - 17:00 - Simpósio Pensamento Bakhtiniano: Recepção, Teoria E Prática
14:00 - 17:00 - Simpósio A Dimensão Afetiva Das Linguagens: Arquétipos Catárticos E
Decolonizadores
14:00 - 17:00 - Simpósio Práticas De Linguagem E Produção De Descolonidades No Mundo
Contemporâneo
14:00 - 17:00 - Simpósio Estudos Bakhtinianos E Pesquisas Aplicadas Em Linguística: Aproximações
E Contribuições
14:00 - 17:00 - Simpósio Auto-Heteroecoformação Docente: O Desenvolvimento De Professores
Sob O Foco Da Complexidade
14:00 - 17:00 - Simpósio O Trabalho Colaborativo Em Práticas De Linguagem Em Contextos De
Ensino-Aprendizagem
14:00 - 17:00 - Simpósio A Leitura Dialógica E A Formação Do Leitor Responsivo: (Re)Significando
Práticas Silenciadoras
14:00 - 17:00 - Simpósio Abordagens Discursivas Ou Ergo-Discursivas: Produzir Conhecimento
Sobre Ou Com Sujeitos?
14:00 - 17:00 - Simpósio Discursos Racistas, Branquitude E Subjetividade: A Produtividade De
Práticas Discursivas Contemporâneas
14:00 - 17:00 - Simpósio Análise Multidimensional Lexical: Corpora E Categorias De Análise
14:00 - 17:00 - Simpósio Clínica De Linguagem Com Crianças: Questões Atuais
14:00 - 17:00 - Simpósio Os Impasses Da Criança Na Escrita E O Mal-Estar Na Educação
14:00 - 17:00 - Simpósio Investigações Sobre A Libras E O Universo Da Surdez
14:00 - 17:00 - Simpósio Pesquisa Narrativa Na Base De Reflexões Sobre Inclusão E Identidades
Docentes

12/11/2021

09:00 - 12:00 - Simpósio Saberes E Práticas Insurgentes Para A Justiça Social: A Resistência De
Grupos Minoritarizados No Contexto Da Pandemia
09:00 - 12:00 - Simpósio A Atualidade Da Concepção Ética De Bakhtin - Explorações Teóricas E
Práticas
09:00 - 12:00 - Simpósio Temas, Diálogos E Reflexões Sobre Ensino: Linguística, Psicologia E
Educação Em Foco
09:00 - 12:00 - Simpósio Formação De Professores E Os Processos De Ensino E Aprendizagem Da
(Compreensão Em) Leitura Na E Para A Construção Do Leitor

21
09:00 - 12:00 - Simpósio Formação E Trabalho Docente: Distâncias E Aproximações No Ensino De
Línguas
09:00 - 12:00 - Simpósio A Face E A Voz Da Fala
09:00 - 12:00 - Simpósio Desafios Epistemológicos, Teórico-Metodológicos E Políticos:
Representando O Ensino-Aprendizagem Híbrido No Contexto Escolar
09:00 - 12:00 - Simpósio Por Que Trabalhar Com O Conceito De Prática Discursiva?
09:00 - 12:00 - Simpósio Abordagem Textual-Discursiva Na Pesquisa E No Ensino: Aproximações
No Distanciamento
09:00 - 12:00 - Simpósio Clínica De Linguagem Com Crianças: Questões Atuais
09:00 - 12:00 - Simpósio A Articulação Entre A Clínica De Linguagens E As Atividades Que Visam
Inclusão Social De Pacientes Afásicos E Demenciados
09:00 - 12:00 - Simpósio Considerações Sobre O Atravessamento Da Libras Em Fenômenos Que
Cercam A Surdez
09:00 - 12:00 - Simpósio Ensino De Línguas Para Fins Ocupacionais: Pesquisa, Ensino, Práticas
Pedagógicas, Desafios E Reflexões
09:00 - 12:00 - Simpósio Pesquisa Colaborativa: Contribuições Para O Desenvolvimento
Profissional Docente
12:00 - 14:00 - ALMOÇO
14:00 - 16:00 - Conferência De Encerramento Materialidade Linguística E Dimensão Ético-Política
Das Práticas De Linguagem

22
CONFERÊNCIA DE ABERTURA
“DISCIPLINAS E SUAS INTERFACES”
José Borges Neto

Minha fala vai abordar, basicamente, duas questões. Vou começar com uma
pequena reflexão sobre a divisão do conhecimento em disciplinas distintas, o que
supõe recortes na massa indistinta que podemos chamar de "realidade" (o que quer
que esse termo possa significar). Como essa "realidade" não nos diz como quer ser
recortada, os recortes são, todos e sempre, resultado de atividade interpretativa
humana que, como toda atividade interpretativa é, em certa medida, subjetiva,
contextual, histórica e ideológica. Logo, o estabelecimento das disciplinas será
sempre historicamente datado, sujeito a divergências ideológicas subjetivas e,
principalmente, provisório. Logo, a aparência de estabilidade das disciplinas surge
de sua institucionalização. Dizer, então, que uma área de investigação é inter, trans
ou multidisciplinar implica, de um lado, em reconhecer a institucionalização disciplinar
estabelecida e, de outro lado, em reconhecer que as disciplinas já instituídas não
correspondem às necessidades ou aos interesses da pesquisa.
Passo, em seguida, a uma questão relacionada com as interfaces, sempre
presentes e necessárias nas inter, trans ou multidisciplinas, que tem a ver com a
apropriação de conceitos de uma disciplina em outra. Para tornar minha discussão
mais crucial, não vou abordar as disciplinas tradicionais, mas vou tentar discutir essa
questão no interior de uma única disciplina: a Linguística.

23
CONFERÊNCIA DE ENCERRAMENTO
“MATERIALIDADE LINGUÍSTICA E DIMENSÃO ÉTICO-POLÍTICA DAS
PRÁTICAS DE LINGUAGEM”
Décio Rocha
Em consonância com o tema das aproximações e distanciamentos promovidos pelos estudos
da linguagem em suas diversas interfaces, esta palestra problematiza ajustamentos
progressivos entre diferentes linguagens e mundo, sendo o verbal o plano linguageiro que
nos interessa de perto enquanto linguistas. Tais aproximações e distanciamentos serão
abordados por meio de diferentes formas de materialidade – a materialidade linguística
e a materialidade discursiva – que se conjugam para a produção de “rizomas de
inteligibilidade” de um TEXTO. A materialidade linguística, por um lado, constitui a base
de toda e qualquer investigação na área, seja qual for a orientação teórica adotada,
voltando-se para seus diferentes modos de atualização, desde as formas mais explícitas
às mais implícitas – e nem por isso menos presentes nas práticas de análise. Por outro lado,
a materialidade discursiva remete, em sentido lato, aos variados efeitos de sentido
produzidos na interlocução com o entorno social, por intermédio da mobilização de
conceitos que explicitam o caráter ético-político de toda e qualquer pesquisa na área,
dentre os quais o de produção de subjetividade e o de cartografia. Com efeito, o recurso
a procedimentos da cartografia (Deleuze e Guattari 1980; Passos et alii 2010; 2014))
auxiliará o pesquisador a refazer sua relação com os objetivos de pesquisa: ao invés de
uma metodologia que o guie em direção a metas pré-fixadas, a cartografia possibilita
novas paisagens de pesquisa, nas quais é o percurso realizado que promove uma
progressiva definição de metas. Para tal fim, pesquisadores do campo das ciências
humanas e sociais serão revisitados, tendo em vista suas contribuições de ordem teórico-
filosóficas para os estudos da materialidade das línguas e dos revezamentos do linguístico
com o sócio-histórico.

24
MINICURSOS
Jogo, Estrutura e Fantasia
O brincar ocupa um lugar central na clínica de crianças, o que equivale a dizer que o “brincar” é
comandado pelo jogo significante. Neste sentido é ele que organiza e estrutura a cena clínica,
constrói a fantasia e articula o texto em que incide o analista. Abordar o jogo por este ângulo é
assumir que não há brincar anterior ou independente do simbólico, o que significa ser fiel a
concepção lacaniana de que a morada do sujeito é a linguagem. Estas considerações serão
desenvolvidas neste minicurso são de interesse para clínicos de linguagem, psicanalistas,
educadores e para todos aqueles que que se interrogam sobre a infância.

Professores: Alba Flesler, Lucia Arantes (Coordenadora), Maria Francisca Lier-DeVitto


(Coordenadora).

Rebeldia, ousadia e resistência frente às máscaras da colonização


O objetivo deste minicurso é refletir sobre conceitos chaves para outras pedagogias possíveis
desde os estudos da linguística aplicada, para pensar um paradigma decolonial desde o sul e
para o sul. Nossa proposta é estabelecer um diálogo entre os estudos decoloniais partindo de
entender o conceito como rebeldia desde a perspectiva da socióloga e ativista Silvia Cusicanqui.
Para a ativista, a rebeldia é uma possibilidade de horizonte para pensar transgredindo os cânones
e os padrões preestabelecidos pela acadêmica, os currículos, as políticas públicas. As reflexões se
apoiam em conceitos de estudos pós-coloniais e, fundamentalmente, latino-americanos com autores
como Fals Borda Orlando, Enrique Hamel, Gunther Dietz, Catherine Walsh, Ofélia Garcia, bell
hooks, que permitem pensar em outras pedagogias possíveis. Pretendemos discutir, assim, os
conceitos de plurilinguismo, translinguagem, transculturalidade e formação docente. É possível
transgredir os currículos de formação de docentes de línguas adicionais? É possível fazê-lo
pensando desde a rebeldia? Estas são as perguntas que norteiam este minicurso.

Professores: Fernanda Liberali (Coordenadora), Jorgelina Tallei, Virginia Unamuno.

Quando os enunciados aderentes são « expressivos »


Neste minicurso, a proposta é agrupar sob o termo "enunciados aderentes" um conjunto muito
diverso de manifestações do discurso que proliferam ao nosso redor, mas que até agora foram
pouco abordadas pelos analistas do discurso. Isso se explica, sem dúvida, pelo fato de que se
trata de enunciados inscritos em todos os tipos de objetos (uma roupa, uma garrafa, um carro, um
monumento...) e porque os linguistas preferem, em geral, estudar dados puramente verbais. Levá-
los em consideração, com efeito, implica que se conteste um pressuposto profundamente arraigado
segundo o qual é preciso separar rigorosamente a linguagem e o mundo, embora uma infinidade
de elementos do mundo seja portador de enunciados. Após ter explicitado a relação de
“aderência” entre o enunciado e seu “suporte”, e sublinhado como este enunciado modifica a
identidade desse suporte, o curso se interessará por uma categoria de enunciados aderentes que
se pode qualificar como “expressiva”: eles são colocados sobre roupas ou objetos do ambiente

25
próximo de um indivíduo, sem que isto entre no quadro de uma atividade militante ou profissional.
É particularmente o caso de um grande número de enunciados que aparece em camisetas, mobília
ou carros.

Professores: Dominique Maingueneau, Maria Cecília Pérez de Souza-e-Silva (Coordenadora).

Da responsividade e da escuta ativa na distopia Fahrenreit 451


Incluído pelos críticos entre as 100 obras literárias mais importantes do século XX, ainda hoje a
obra Fahrenreit 451, escrita em 1953 por Ray Bradbury, faz sentido como olhar e reflexão sobre
processos identitários que nos constituem como sujeitos sócio-históricos. Num contexto distópico, em
que leitores são considerados criminosos, sentidos estabilizados são previamente dados e os livros
e a própria leitura, como espaço de reflexão e produção de sentidos, são proibidos por serem
nocivos ao ‘bom funcionamento’ da sociedade. A metadiscussão sobre o espaço da leitura como
lugar de escuta ativa do outro amplia-se quando o protagonista ingressa no mundo da leitura,
iniciando um processo de responsividade ativa perante aquela sociedade em decorrência dos
novos sentidos e valores que passam a constituí-lo. Do conflito literário emerge, portanto, a
discussão teórico-conceitual central que guia este minicurso, cujo objetivo é refletir acerca desta
obra sob o viés da Análise Dialógica do Discurso, baseando-se no conceito de responsividade
presente nas obras de Bakhtin e o Círculo e no conceito de escuta ativa como um desdobramento
advindo de pesquisadores contemporâneos das obras do Círculo.

Professores: Beth Brait (Coordenadora), Carlos Gontijo Rosa, Paulo Stella.

Fonética forense e a comparação de locutores


Este minicurso tem como objetivo apresentar a área de atuação da Fonética Forense. Serão
considerados os objetivos da investigação fonético forense e conteúdos relacionados à perícia
vocal, entre eles, o processamento e a análise de enunciados falados, a identificação de
características estilísticas, paralinguísticas e extralinguísticas que impactam as produções de fala
e procedimentos de avaliação perceptiva e de análise acústica na comparação de locutores. A
usabilidade de um protocolo de avaliação da qualidade de áudios será demonstrada e a
aplicabilidade de um sistema de avaliação perceptiva de ajustes de qualidade de voz e de
dinâmica vocal será abordada. Atividades de avaliação de vozes em filas de reconhecimento
serão propostas aos participantes.

Ministrante: Sandra Madureira (LAEL/PUCSP)

Avaliação: para além da “forma” e da nota escolar


Este minicurso discute a relação educação e avaliação no contexto escolar; as diferentes
concepções de avaliação que norteiam a ação-pedagógica docente; a articulação teórico-prática
da avaliação no processo de inclusão e exclusão na escola e na sociedade. Objetiva: possibilitar
o entendimento da relação entre educação e avaliação e sua relevância para o processo de
ensino-aprendizagem; compreender como as diferentes concepções de avaliação são entendidas
pelo docente/discente na inclusão e exclusão escolar; problematizar como a avaliação formativa
contribui para a manutenção do binômio aprovação e reprovação.

Professores: Angela Brambilla Cavenaghi Themudo Lessa (Coordenadora), Grassinete


Albuquerque Oliveira, Paula Tatiana Silva-Antunes.

26
GRUPOS DE PESQUISA E DE TRABALHO

Grupo de Pesquisa Linguagem, Identidade e Memória em A importância dos textos


filosóficos de Bakhtin e o Círculo e sua repercussão na contemporaneidade
Coordenadora: Beth Brait

O Grupo de Pesquisa PUC-SP/CNPq Linguagem, Identidade e Memória, constituído em 2000, no


âmbito do PEPG em LAEL/PUC-SP, reúne pesquisadores das seguintes IES: PUC-SP, USP, UNICAMP,
UFPE, UFBA, UFU, UNIFESP, UFSCar, UFPR, PARIS 8 (França). Os componentes articulam-se de
forma sistemática em torno da Análise Dialógica do Discurso (ADD), da Perspectiva Dialógica, dos
Estudos de Bakhtin e o Círculo, da Verbo-visualidade em toda a sua complexidade, incluindo as
línguas de sinais. Dentro desse espectro, são consideradas as formas de construção de sentidos e
identidades em diferentes domínios: trabalho, literatura/ artes, educação, ensino, livro didático,
tradução, divulgação científica, mídia, saúde etc. Os resultados são constatados em ICs;
dissertações e teses; pós-doutoramentos; bolsas-sanduíche/CAPES/França; Reino Unido e
Portugal; congressos nacionais e internacionais e no periódico Bakhtiniana. Revista de Estudos do
Discurso. Um dos focos atuais das pesquisas concentra-se nas traduções das obras de Bakhtin e o
Círculo, realizadas diretamente do russo ou não, assim como em suas re-traduções. Para o 22º
InPLA, um espaço já tradicional de encontro do grupo, daremos continuidade às discussões mensais
e, por essa razão, não haverá “trabalhos individuais”. O encontro estará centrado no tema “A
importância dos textos filosóficos de Bakhtin e o Círculo e sua repercussão na contemporaneidade”.
Com o um texto específico, definido na reunião de setembro, todos os membros se prepararão
para o debate.

Diretório do Grupo CNPq:


dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/5214291116645780

Grupo de Pesquisa Aquisição, patologias e clínica de linguagem


Coordenação/Liderança
Maria Francisca Lier-DeVitto – PUC-SP
Lúcia Arantes – PUC-SP

O encontro proposto pelo Grupo de Pesquisa Aquisição, Patologias e Clínica de Linguagem, LAEL–
PUCSP (CNPq), visa aprofundar o intercâmbio acadêmico-científico entre pesquisadores deste e
de outros grupos de pesquisa voltados para a discussão de questões ligadas aos impasses na
relação sujeito-linguagem-outro que, no caso particular deste grupo de pesquisa, envolve o
diálogo criterioso entre Linguística e Psicanálise; mais diretamente, envolve reconhecer, por um
lado, a ordem própria da Língua (Saussure, 2016; Jakobson,1954, 1960) e, por outro lado, a
hipótese do inconsciente introduzida por Freud e a teorização lacaniana sobre o sujeito. Tendo
em vista que tal discussão é pautada pela problemática da clínica e das instituições públicas, é
incontornável considerar “impasses” e “conflitos” na relação entre o sujeito, o outro e a linguagem.
Nesta reunião, aspectos teórico-clínicos e experiências clínicas e em instituições públicas são
temáticas colocadas em primeiro plano. Este encontro é caracterizado como um fórum de debates
e de levantamento de questões sobre a prática clínica. Espera-se promover o estreitamento entre
os participantes, e impulsionar um movimento inter-regional e internacional entre universidades,
pesquisadores e clínicos. Fazem também parte de seus objetivos definir diretrizes de estudos, metas

27
de produção bibliográfica, elaboração de uma agenda de encontros e sistematização de
parcerias. Importa dizer que resultados já obtidos, suficientemente sólidos e ricos, que justificam a
realização desta interlocução entre as linhas de pesquisa. Participam do encontro pesquisadores
da Universidade Nacional de Rosario – Argentina (UNR); Universidade Nacional Autônoma do
México (UNAM); Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP); Universidade do Centro do
Paraná (UNICENTRO); Universidade Católica de Pernambuco (UNICAPE); Universidade Federal
da Paraíba (UFPB), Universidade Federal da Bahia (UFBA); Universidade Federal de São Paulo
(UNIFESP).

Diretório do Grupo CNPq:


http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhorh/5397033022898353uisição

Grupo de Pesquisa Linguagem em Atividades no Contexto Escolar (GP LACE)


Coordenação/Liderança
Maria Cecília Camargo Magalhães – PUC-SP
Fernanda Coelho Liberali – PUC-SP

Neste encontro, o Grupo de Pesquisa “Linguagem em Atividades no Contexto Escolar” (GP LACE)
objetiva apresentar as bases epistemológicas e teórico-metodológicas que permeiam as
atividades de ensino, pesquisa e extensão que tem desenvolvido. Credenciado pelo CNPq desde
2004, o grupo integra linguistas aplicados e educadores das mais diversas áreas, principalmente,
pelo vínculo das líderes Magalhães e Liberali com os Programas de Estudos Pós-Graduados em
Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem (LAEL), em Educação: Formação de Formadores
(FORMEP) e em Educação: Currículo (CED) da PUC-SP. Como um grupo marcado pela diversidade,
o LACE abriga doutores, doutorandos, mestres, mestrandos, gestores, docentes, pais e alunos de
escolas públicas e privadas. O GP LACE tem como base a Teoria da Atividade Sócio-Histórico-
Cultural (TASHC), fundamentada na tradição filosófica marxista e espinosana e que se desenvolve
a partir da perspectiva vygotskiana e freireana, centradas na visão dialética de atividade. As
pesquisas trazem a percepção dialógica de linguagem (VOLÓCHINOV, 1929/2017), concebida
como argumentativa, que visam contribuir à produção intencional de um espaço propício à
democratização das relações humanas em contextos escolares (LIBERALI, 2013). O grupo se
organiza a partir da Pesquisa Crítica de Colaboração que se sustenta na ideia de que em conjunto
os sujeitos podem construir novas possibilidades e realidades a partir da crítica engajada nos
contextos vividos e das bases teóricas acima apontadas. Assim, pesquisadores e participantes se
unem na constituição de uma força de transformação de condições de injustiça, opressão e
desigualdade nas quais todos estão envolvidos. Para exemplificar o trabalho do GP LACE,
abordamos neste encontro as três dimensões acadêmicas: o ensino-aprendizagem (com discussões
sobre o modo de organização nas disciplinas), a pesquisa (com exposição das formas de conduzir,
organizar e publicar seus trabalhos) e a extensão (com a apresentação dos projetos realizados
pelo grupo junto às escolas e comunidades). Por fim, ressaltamos o posicionamento político do GP
LACE no entrelaçamento de diferentes saberes que movem o grupo para a transformação social.

Diretório do Grupo CNPq:


dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/2544910924106098

28
Grupo de Pesquisa Atelier Linguagem e Trabalho - 25 anos/ GT ANPOLL Discurso,
Trabalho e Ética
GPesq Atelier Linguagem e Trabalho
Coordenação/Liderança
Maria Cecília Pérez de Souza-e-Silva - PUC-SP
Décio Rocha - UERJ

GT Anpoll Discurso, Trabalho e Ética


Coordenação/Liderança
Poliana Arantes - UERJ
Luciana Salgado - UFSCar

Esta edição do InPLA se insere nas comemorações dos 75 anos da PUC-SP, rememora os 51 anos
do LAEL e antecipa os 25 anos do Grupo de Pesquisa Atelier Linguagem e Trabalho/CNPq.
Cadastrado no Diretório do CNPq desde 1997, constituiu-se como plataforma para a
implementação do acordo bilateral Capes-Cofecub "Atividades de linguagem em situação de
trabalho" (1997 a 2000), celebrado entre o Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada
e Estudos da Linguagem-LAEL/PUC-SP (coordenação de Maria Cecília Pérez de Souza-e-Silva) e
o Laboratório Analyse Pluridisciplinaire des Situations de Travail/Université de Provence
(coordenação de Daniel Faïta). Participaram também, do lado brasileiro, Departamento de
Letras/PUC-Rio e GENTE-COPPE/UFRJ e, do lado francês, o Laboratório Dynamiques
Sociolangagières/Université de Rouen. Diretamente envolvido nos vários espaços que
antecederam e contribuíram para construção e dinamização do Acordo, Décio Rocha
(Departamento de Estudos da Linguagem/Instituto de Letras/UERJ) assumiu a vice-liderança do
Grupo e, com Vera Lucia de Albuquerque Sant’Anna e Del Carmen Daher, contribuíram para
impulsionar e sedimentar as pesquisas iniciais do Atelier. Desse núcleo inicial, surgiram outros
grupos de pesquisa, Práticas de Linguagem e Subjetividade (Pralins), Tessitura: Vozes em (Dis)curso
e Práticas de linguagem, trabalho e formação docente, sob a liderança, respectivamente, de Décio
Rocha, Maria da Glória di Fanti e Del Carmen Daher. São duas as linhas de pesquisa do Grupo:
Estudos discursivos e Linguagem e trabalho. A primeira tem por objetivo articular princípios teórico-
metodológicos pertinentes para o estudo do funcionamento dos mecanismos de produção e
interpretação de discursos que circulam em diferentes esferas de atividade. Mobiliza a análise do
discurso de tradição francesa, principalmente, as noções formuladas por Dominique Maingueneau.
A segunda tem por objetivo estudar discursos sobre, no e como trabalho, ancorada, principalmente,
na ergologia, abordagem pluridisciplinar, que vem construindo conhecimentos sobre o trabalho na
relação entre os diversos saberes acadêmicos voltados para as questões do trabalho e as
experiências, saberes e valores investidos pelos protagonistas da atividade. Construída
coletivamente sob a direção do filósofo Yves Schwartz, tal perspectiva busca compreender a
‘atividade de trabalho’ por trás do ‘trabalho’ e procura fazer ver que não é apenas no nível
macro que as questões do trabalho se revelam. Compõem atualmente o Grupo os seguintes
pesquisadores: Maria Cecília Souza e Silva (PUC-SP), Décio Rocha (UERJ), Del Carmen Daher (UFF),
Vera Lucia Sant’Anna (UERJ), Maria da Glória di Fanti (PUCRS), Ana Raquel Motta (UNICAMP),
Fátima Pessoa (UFPA), Silma Mendes, Bruno Deusdará (UERJ), Clarissa Bastos (PUC-Rio), Catarina
Vitorino e Luis Rodolfo Cabral (IFMA). A maior parte desses pesquisadores integra o GT da Anpoll
Discurso, trabalho e ética. As parcerias acontecem, já há algum tempo, tendo se materializado em
atividades diversas, como publicações, convênios, coorientações, participação em bancas e
eventos.

29
Comunicações no Grupo de Pesquisa Atelier Linguagem e Trabalho - 25 anos/ GT ANPOLL
Discurso, Trabalho e Ética

PRÁTICAS DISCURSIVAS CAPITALÍSTICAS: REFORMAS EDUCACIONAIS E TRABALHO


DOCENTE
Del Carmen Daher (UFF, CNPq, Capes Print)
Vera Lúcia de Albuquerque Sant’Anna (UERJ)

Nossa pesquisa, em andamento, tem como foco as atuais políticas impostas, a partir de 2017, à
Educação brasileira. Políticas que determinaram uma reforma no Ensino médio (Lei 13.415/2017)
e a obrigatoriedade de uma Base Nacional Comum Curricular (Resolução CNE/CP nº 2, de 22 de
dezembro de 2017 e a Resolução CNE/CP nº 4, de 17 de dezembro de 2018) e, que, agora,
exigem uma reforma nas licenciaturas, por meio da Base Nacional Comum - Formação (Parecer
CNE/CP nº 22 de 7 de novembro de 2019 e Resolução CNE/CP nº 2, de 20 de dezembro de
2019), ignorando a autonomia das universidades públicas. Com o objetivo de discutir e melhor
compreender o desmanche de propostas educacionais democráticas, construídas ao longo de
nossa história, recorremos em nossas análises às noções de interdiscurso e prática discursiva
(Foucault, 1969; Maingueneau, 2005 e 1997; Rocha, 2014; Rocha e Deusdará, 2017), no âmbito
dos estudos da Linguagem, e de rizoma e cartografia (Deleuze: Guattari 2008; 2011), no da
Filosofia da diferença, como forma de identificar modos de funcionamento e circulação dos
discursos que constituem práticas discursivas capitalísticas (Guattari; Rolnik, 1986), atravessadas
“por discursos privatistas e neoconservadores, constituindo certa visão de educação que mantém
privilégios de grupos socialmente hegemônicos” (Souza, 2019). Privilégios que impõem uma
racionalidade a serviço do mercado.

DELIRANDO O PRESENTE: O ETHOS DISCURSIVO EM CANÇÕES AFRODIASPÓRICAS -


PERSPECTIVA AFROFUTURISTA
Helena Lucas Rodrigues de Oliveira
Grupo Atelier, LAEL, PUC-SP

Este trabalho tem por objetivo investigar a construção do ethos discursivo nas canções do álbum
Corpura, da banda paulistana Aláfia. Em 2015, a banda venceu a categoria “Apostas” do Prêmio
Natura Musical, o que resultou no lançamento desse álbum. Dado que essa obra tem como
propósito ressaltar a herança africana na formação da identidade nacional brasileira, pontuando
a necessidade de se observar como as experiências sociais contemporâneas da população negra
brasileira dialogam com o passado e se projetam para o futuro, lançou-se a hipótese da existência
de uma Tríade da (re)tomada de consciência, que consiste nas três canções que compõem o corpus
de referência: Salve Geral, Preto Cismado e Proteja seu Quilombo. Além das letras, o projeto
artístico do encarte e dos convites de lançamentos dos singles também são analisados com o intuito
de verificar a valência genérica e o agenciamento. Para isso, recorreu-se ao quadro teórico-
metodológico da Análise do Discurso Francesa, em sua vertente enunciativo-discursiva, sobretudo
aos trabalhos de Dominique Maingueneau, em que se encontram os conceitos de Primado do
interdiscurso, simulacro, cena da enunciação e ethos discursivo. Os resultados mostram que a
hipótese da Tríade da (re) tomada de consciência se confirmou e dessas canções emerge um ethos
discursivo que se pode equipará-lo aos princípios do afrofuturismo, ou seja, que convoca, demarca
e reforça um lugar de possibilidades no presente para efetivar um futuro a partir da reconstrução
de episódios históricos do passado.

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MESA REDONDA
Educação Multilíngue e o SULear: práticas decoloniais para uma educação crítica

Palestrantes: Antonieta Megale, Elias Paulino da Cunha Junior, Jorgelina Tallei


Mediadora: Fernanda Coelho Liberali

Nesta mesa, será discutida a Educação Multilíngue no Brasil, tendo como base contextos diversos
como Educação nas Fronteiras, Educação de surdos, dentre outros. A mesa reúne pesquisadores
que abordarão perspectivas decoloniais para questões e práticas que visem uma educação crítica
e rebelde.

Desafios e Perspectivas das Ciências Vocais em tempos de pandemia

Palestrantes: Emi Murano, Gláucia Laís Salomão, Kátia Nemr


Mediadora: Profa. Dra. Zuleica Camargo

Esta mesa volta-se à reflexão e ao debate dos desafios impostos aos pesquisadores das Ciências
Vocais com o advento da pandemia e com o cenário esboçado para o período pós-pandemia.
Possibilidades e limitações de coletas e de análises de dados para pesquisas, trabalhos com banco
de dados, planejamento de coletas por vias remotas, suportes tecnológicos, incorporação de
preceitos de biossegurança em procedimentos presenciais e o papel da voz/fala nas interações
em ambientes remotos serão alguns dos tópicos explorados pelos participantes. As reflexões e os
debates em torno dos contextos de proximidade e de distanciamento social pautam-se no potencial
comunicativo e expressivo da voz em suas vertentes falada e cantada, na ausência ou mesmo na
presença de manifestação clínica de distúrbios. Abre-se um espaço para o debate das interfaces
da linguagem num cenário de contextos e ambientes de interação que se impuseram de forma
abrupta com o advento e a manutenção da pandemia.

Multimodalidade e Análise do Discurso Crítico


Palestrantes: Leonardo Antonio Soares, Lindinalva Zagoto Fernandes, Ulisses Tadeu Vaz de Oliveira
Mediadora: Profa. Dra. Sumiko Ikeda

A comunicação da mídia multimodal contemporânea é usada em todos os lugares, por quase todos
os falantes, e ainda assim permanece opaca em termos de seus efeitos sociais. O que pensar sobre
texto e sobre o significado dele decorrente em um mundo em que entidades semióticas multimodais
começam a dominar o cenário da comunicação? A perspectiva sociossemiótica da linguagem, ao
utilizar o prefixo sócio, não o incorpora por uma simples mudança de nomenclatura, mas toma uma

31
posição ao apontar a noção de sócio para o sistema social, ou seja, para a cultura. A acepção de
cultura é tida como um conjunto de sistema semiótico, um conjunto de significados que se
interrelacionam. Assim, sempre que consideramos conjuntos multimodais ou complexo de signos,
podemos questionar: qual modo carrega maior peso funcional em relação a outros? Como cada
modo contribui para o significado que está sendo construído? Como os recursos semióticos são
disponibilizados para os produtores de signos e por quem?

Práticas discursivas intersemióticas na contemporaneidade


Palestrantes: Ana Raquel Motta, Catarina Isabel Vitorino dos Santos, Maria da Glória Corrêa di
Fanti
Mediadora: Profa. Dra. Maria Cecília Pérez de Souza-e-Silva

Nesta mesa-redonda, apresentam-se propostas que contribuem para dar visibilidade a práticas
discursivas intersemióticas na contemporaneidade, com ênfase na relação linguagem e trabalho.
A primeira delas, inclui, nesta relação, um terceiro elemento, também universal e também uma
prática humana, a música e seu papel no trabalho. Para compreendê-lo, leva em conta as
renormalizações postas em jogo e as comunidades discursivas implicadas em cada atividade,
recorrendo a princípios da análise do discurso e da abordagem ergológica. A segunda, também
ancorada na abordagem ergológica, mas tomando como base os estudos bakhtinianos, reflete
sobre questões teórico-práticas que possam contribuir para o enfrentamento de problemáticas
laborais contemporâneas, como as surgidas no contexto da pandemia da Covid-19. A terceira, à
semelhança das anteriores, enfatiza a interdisciplinaridade como uma característica das pesquisas
na área de Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem e traz a público, na intersecção estudos
discursivos e “humanidades ambientais”, o esforço de reformulação de identidade do espaço
natural amazônico e da valorização econômica e ecológica do seu patrimônio, no decurso do
século XX.

Interação e Aquisição de Linguagem: questões atuais


Palestrantes: Cecília Rojas Nieto, Maria Francisca Lier-DeVitto, Marianne Carvalho Bezerra
Cavalcante, Rosa Attie Figueira
Mediadora: Profa. Dra. Maria Francisca Lier-DeVitto

Na área da Aquisição de Linguagem a presença da noção de interação não só representa um


corte em relação à proposta inatista de Chomsky, como é noção consolidada no Campo.
Reconhecer sua presença estável na área não deve obscurecer a pluralidade de sua conceituação
e função no que concerne a entrada e a trajetória da criança na linguagem. Cabe dizer que
“interação” ocupa uma posição de borda entre campos na medida em que que transita em
subáreas da linguística como a pragmática, por exemplo, na Psicologia e na Psicanálise em que é
interrogada - espaços teóricos, estes, que são consultados por pesquisadores da Aquisição de
Linguagem. Os participantes desta mesa apresentam suas posições e criam assim, oportunidade
de discussão de um tema relevante.

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Luto e destino nas Afasia: Corpo e Linguagem
Palestrantes: Juliana Marcolino-Galli, Melissa Catrini, Michelly Daiane de Souza Gaspar Cordeiro
Mediadora: Profa. Dra. Suzana Cariello da Fonseca

A clínica com afásicos implica cérebro lesionado, sintoma na fala e drama subjetivo. Este
enodamento aponta para a complexidade envolvida no atendimento destes pacientes que se
estranham na língua materna, que desafiam a interpretação do outro e que sofrem nesta nova e
enigmática condição de falante. A questão do luto se impõe como problema teórico-clínica, assim
como a imprevisibilidade da resolução que cada afásico dá ao seu drama subjetivo.

Mikhail Bakhtin: pensador da crise e da mudança

Palestrantes: Beth Brait, Paulo Bezerra, Sheila Vieira de Camargo Grillo, Tatiana Bubnova
Mediadora: Profa. Dra. Beth Brait

O pensador russo Mikhail Bakhtin é mundialmente conhecido por seus trabalhos sobre os escritores
Fiódor Dostoiévski e François Rabelais. Mas haveria uma relação entre as teses da criação do
romance polifônico pelo romancista russo do século XIX e da influência da cultura popular e do
carnaval sobre o autor francês do século XVI? Irina Popova, comentadora e editora dos volumes
sobre Rabelais das “M. M. Bakhtin: obras reunidas”, lança a hipótese de que um traço condutor do
pensamento de Bakhtin foi a reflexão sobre a crise e a mudança. A partir dessa hipótese e à luz
do contexto contemporâneo mundial, as intervenções dessa mesa visam iluminar, por um lado, a
peculiaridade do pensamento de Bakhtin sobre a linguagem, a cultura, a literatura, o ser humano,
e, por outro, evidenciar a atualidade do pensador russo para uma reflexão sobre a crise e as
mudanças em curso potencializadas pela pandemia da Covid-19.

Transdisciplinaridade e Complexidade: mudanças, crises e realidade

Palestrantes: Izabel Cristina Petraglia, Maria Cândida Moraes


Mediadora: Profa. Dra. Maximina Freire

Os últimos tempos têm produzido muitas mudanças e gerado inúmeras crises. Vivemos tempos de
policrises, de mudanças paradigmáticas, de ligação e religação de saberes, de associações
sistêmicas entre disciplinas e áreas antes estanques. A polaridade binária tende a ser substituída
pela visão complexa da transdisciplinaridade que, colocando sujeito e objeto frente a frente e,
assim, níveis de realidade e de percepção em confronto, fazem emergir as intrigantes noções de
terceiro incluído e terceiro oculto. É a trans-realidade que apresenta, desafiando posturas
consolidadas, incluindo formas de lidar com a linguagem. Como articular essas noções e construir
uma via para uma Pedagogia da Transdisciplinaridade? Essa é a questão central que direciona à
discussão que propomos na Mesa Redonda que apresentamos.

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Ciências da fala: o campo, as instituições e as perspectivas de atuação profissional
Palestrantes: Miguel de Oliveira Jr., Plinio Almeida Barbosa, Tommaso Raso
Mediadora: Profa. Dra. Sandra Madureira

Esta mesa redonda tem como objetivo discutir o campo de saber das ciências da fala, as temáticas
concernidas, as disciplinas e competências envolvidas na formação profissional e as perspectivas
de atuação profissional na academia e em vários setores da sociedade. Por ser um campo
interdisciplinar, o campo das ciências da fala engloba a formação em disciplinas das ciências da
linguagem, ciências da vida e ciências exatas. Entre as temáticas a serem abordadas os
instrumentais de análise experimental de fala, as tecnologias e aplicativos de fala, os recursos de
corpora de fala espontânea, os subsídios para a descrição de falares, para o ensino de pronúncia
em L2 e para a investigação clínica da linguagem. Entre as perspectivas de atuação profissional,
o desenvolvimento de pesquisa experimental na academia, a perícia forense de comparação de
falantes, a assessoria em comunicação falada e a atuação em empresas que desenvolvem produtos
computacionais com tecnologias de fala

Marx, Vygotsky e Freire: um diálogo crítico-político e ativista com foco na linguagem


para uma educação transformadora
Palestrantes: Anna Stetsenko, Luciana Magalhães, Wanda Maria Junqueira de Aguiar
Mediadora: Profa. Dra. Maria Cecília Camargo Magalhães

This table aims to critically reflect on epistemological and theoretical-methodological issues relating to
the organization of research in educational contexts, whose political movement of returning to colonial
values has long supported relationships in which the positivist and liberal epistemological bases were
opened wide by the Corona virus Pandemic. For this, it brings Brazilian and foreign researchers from
the areas of Linguistics, Psychology and Educational Psychology who, in different ways, develop
research based on the conception of Marxist dialectical historical materialism and on the dialogical
approaches of Vygotsky and Freire as fundamental to challenge power issues, oppression, transmission
and maintenance of individualism and colonial approaches that maintain the status quo. The focus is
on reflecting critically on innovative ways of thinking and acting in the creation of collaborative-critical
contexts that enable a dialogical praxis, as a cultural artifact mediating transforming/tive Education.

Leitura do Impresso e Leitura do Digital: Desafios da Leitura na Contemporaneidade


Palestrantes: Rosangela Gabriel, Roxane Rojo
Mediadora: Profa. Dra. Mara Sophia Zanotto

As mídias digitais vieram para ficar, trazendo inúmeras possibilidades, mas também inúmeros
desafios. No entanto, os problemas e desafios da aquisição da escrita e da formação do leitor
proficiente do texto impresso estão ainda fortemente presentes na realidade brasileira, pois só
uma minoria consegue atingir o desempenho de um leitor proficiente, responsivo e crítico. Com o
surgimento das mídias digitais, trazendo textos multimodais ou multissemióticos, o problema se
tornou mais complexo ainda. Por isso, a proposta desta mesa é discutir a interação entre a leitura
do texto impresso e a leitura do texto digital, apontando a relevância e desafios de cada
modalidade, assim como as possibilidades de integração de ambas no ensino-aprendizagem de

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leitura. Tudo isso leva a uma grande questão: Como trabalhar as diferentes formas de leitura tanto
no meio impresso como no meio digital de uma forma integrada?

Impasses na relação criança, linguagem e outro: relações clínicas e o campo social


Palestrantes: Inês Catão, Luciano Elia, Rinaldo Voltolini
Mediadora: Profa. Dra. Lucia Arantes

Os impasses na relação criança, linguagem, outro são um desafio inequívoco e permanente para
as clínicas e não menos para o atendimento institucional. A presença dessas crianças, com
diagnóstico de autismo ou psicose, suspende práticas habituais que sustentam o tratamento de
crianças com dificuldades superáveis e impõe direções de tratamento inusitadas que devem ser
reinventadas respeitando o rigor teórico envolvido neste gesto para garantir a emergência do
sujeito na cena clínica. O necessário diálogo entre a clínica e o atendimento institucional deve ser
pautado pelo mesmo rigor e por uma ética que favoreça um enlaçamento particular dessas
crianças com a linguagem e outro. Os participantes desta mesa levantam questões e apontam
direções para o atendimento dessas crianças.

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SIMPÓSIOS

TEMÁTICA 01. ESTUDOS BAKHTINIANOS HOJE

SIMPÓSIO

OS ESTUDOS BAKHTINIANOS E O ENSINO-APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS: ENTRE


TEORIAS E PRÁTICAS
Coordenação: Cláudia Graziano Paes de Barros (UFMT)
claudiagpbarros@gmail.com
Elizangela Patrícia Moreira da Costa (UNEMAT)
ecosta@unemat.br

Fundamentado, dentre outros aportes, em (re)leituras das obras do chamado círculo de Bakhtin,
nas últimas décadas, o contexto de ensino-aprendizagem de línguas brasileiro sofreu uma
profunda mudança paradigmática. De uma visão de ensino que partia da monologia do docente
e seu ‘domínio’ sobre os conteúdos e alunos, os documentos curriculares oficiais da área de Língua
Portuguesa, desde o final da década de 1990, objetivam considerar a sala de aula um espaço
dialógico, em que os sujeitos alunos e docentes sejam coautores das leituras, reflexões e
aprendizagens; em que o ensino de língua se constitua a partir de uma perspectiva sócio-histórica
e cultural; além de se propor que diferentes gêneros discursivos sejam objetos de ensino. Por sua
vez, no âmbito acadêmico, inúmeras investigações têm se dedicado a estudar conceitos basilares
da obra bakhtiniana, sua influência nos campos da literatura, da metodologia de pesquisas, como
também a sua influência e desdobramentos no ensino de línguas. Neste contexto, o presente
simpósio pretende reunir pesquisadores que se dedicam a investigações sobre os fundamentos
bakhtinianos e o ensino-aprendizagem de línguas em seus mais diversos aspectos. Objetiva-se,
dessa maneira, que este simpósio se constitua em um espaço para reflexões sobre esses temas,
congregando pesquisas que abranjam tanto os conceitos-chave da obra quanto as suas leituras,
influências e implicações para o ensino-aprendizagem de línguas, em especial no que concerne à
análise de documentos e livros didáticos, metodologias de pesquisa e ensino, além de
possibilidades e experiências de ensino-aprendizagem, dentre outros. Pretende-se que as
discussões realizadas neste simpósio possam contribuir tanto para os estudos da obra bakhtiniana
quanto para o ensino de línguas.

Palavras-chave: estudos bakhtinianos; teorias e práticas; ensino-aprendizagem.

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COMUNICAÇÕES DO SIMPÓSIO
A REDAÇÃO DO ENEM: UMA ANÁLISE DIALÓGICA DA COMPETÊNCIA III
Fernanda Silva de Souza, PUC/RS
f.souza84@edu.pucrs.br

Considerando as adversidades presentes na prova de redação do ENEM e a exigência que o


candidato articule seu conhecimento de mundo com a produção textual, de modo a estabelecer
conexões entre o tema e o repertório que sustentem a argumentação de maneira coerente, este
artigo tem o objetivo de verificar de que forma as relações dialógicas se desenvolvem na
produção da redação do Enem, observando como alguns candidatos que obtêm nota mil no exame
utilizam repertório em seus textos e como se dá o fundo perceptivo do corretor ao ler as produções
de texto. Para isso, o nosso estudo voltará o olhar para a Competência III, que avalia a
capacidade do participante de “selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos,
opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista”, e a forma como ocorre a avaliação dos
corretores nesta competência. Para o estudo, analisamos o seguinte documento oficial
disponibilizado pelo Ministério da Educação relacionado a essa competência: a Cartilha do
Participante, utilizando para as reflexões do artigo as bases teóricas dos autores do Círculo de
Bakhtin. Logo, de acordo com as análises realizadas, e os estudos bibliográficos, constatou-se que
nas avaliações do ENEM o texto é uma unidade de sentido em que todos os aspectos se inter-
relacionam, todavia, a avaliação dos textos é separada por competências, o que torna o processo
mais objetivo, porém nas avaliações de cada capacidade não são consideradas outros aspectos.
Verifica-se, portanto, que, para a correção das redações do Enem, é essencial que se estabeleçam
relações dialógicas entre os argumentos da dissertação, as ideias da coletânea (mesmo que de
forma indireta), o repertório externo (este, evidente) e as avaliações dos corretores, corroborando
o que é solicitado pelo exame.

Palavras-Chave: dialogismo; Círculo de Bakhtin; redação; ENEM; competência III

A VERBO-VISUALIDADE: O TRATAMENTO DIDÁTICO PARA A REPRODUÇÃO DE PINTURA


EM LIVROS DIDÁTICOS DE LÍNGUA PORTUGUESA
Márcia Graciela Luft, (PPGL/UNEMAT)
luft_marcia@hotmail.com
Elizangela Patrícia Moreira da Costa, (PPGL/UNEMAT)
ecosta@unemat.br

Este trabalho é um recorte dos resultados parciais da pesquisa de Mestrado em andamento no


Programa de Pós-graduação em Linguística da Universidade do Estado de Mato Grosso. A
pesquisa tem por objetivo investigar, a partir das propostas didáticas direcionadas para a
reprodução de pintura, quais relações dialógicas são estabelecidas para promover a formação
do leitor literário do Ensino Médio. Para esse intento, selecionamos uma coleção didática de Língua
Portuguesa do Ensino Médio, aprovada pelo Programa Nacional do Livro Didático em 2018 e
utilizada por uma escola estadual do município de Canarana-MT. Neste recorte, apresentamos os
dados quantitativos referentes à ocorrência e à posição ocupada pelos enunciados “reprodução
de pintura” nos livros da coleção. Para o desenvolvimento deste trabalho, assumimos a Teoria
Dialógica da Linguagem, de Bakhtin e do Círculo. Os dados deste recorte foram organizados após
termos feito o mapeamento das reproduções de pintura nos livros da coleção. Terminado o
mapeamento, observamos a presença delas em diferentes seções didáticas e as organizamos em
quatro categorias, as quais caracterizam os tipos de tratamento didático realizado pelos autores
para os enunciados “reprodução de pintura”. Dessa forma, a partir dessas categorias, os dados

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da análise evidenciaram que há duas abordagens para o gênero “reprodução de pintura”. Os
livros apresentam, para a primeira abordagem, atividades direcionadas à ilustração de páginas,
atividades e de outros textos e, na segunda, as reproduções de pintura são tomadas como objeto
de leitura. Por fim, esses dados iniciais nos mostram que a segunda abordagem tem contribuído,
em certa medida, para a formação do leitor literário.

Palavras-chave: Livros didáticos de Língua Portuguesa; formação do leitor literário; verbo-


visualidade; reprodução de pintura.

ALGUNS RETRATOS AMARELECIDOS NA CULTURA MUSICAL: REFLEXÕES E ANÁLISES


DIALÓGICAS DO GÊNERO RAP EM “SOBREVIVENDO NO INFERNO”
Irene de Lima Freitas, UNIUBE
irene.limafreitas@gmail.com

Este trabalho tem por objetivo refletir a respeito de alguns discursos da cultura musical brasileira
e sua forma de inserção na sociedade do século XXI, a partir da análise da obra Sobrevivendo no
Inferno, do grupo de rappers Racionais MCs. Para esse intento, utilizamos a perspectiva teórico-
metodológica da Análise Dialógica do Discurso, desenvolvida por Bakhtin e os pensadores russos
do Círculo. Considerando que a obra Sobrevivendo do Inferno constitui-se objeto cultural que
evidencia confronto de vozes que se articulam em interações discursivas tensas e que retratam
embates, anseios e conflitos - de grupos minoritários da sociedade brasileira -, suas letras musicais
tornam-se matéria de fundamental importância para se criarem espaços de reflexões e análises
no processo de ensino aprendizagem de língua, em uma perspectiva interdisciplinar com
literatura, história, política, direito, dentre outros - em instituições de Ensino Médio e/ou Superior.
Por meio das análises, é possível perceber que esses textos musicais estão situados não somente
em um contexto situacional imediato, mas, também, em uma temporalidade sócio-histórica e cultural
mais ampla: dialogam com outros discursos que têm lugar na história e na memória. Assim, diante
desse objeto de estudo, pode-se vivenciar, na sala de aula, reflexões e interações dialógicas que
revelem/comprovem, para discentes e docentes, que é no confronto dos valores, das entonações,
das visões de mundo, que se dá a construção dos sujeitos, dos discursos, das identidades e dos
sentidos, além de desenvolver o pensamento crítico em prol das transformações sociais e das lutas
pelos direitos fundamentais sociais que deveriam ser garantidos aos cidadãos pelo Estado
Democrático de Direito instituído pela Constituição Federal de 1988.

Palavras-chave: análise dialógica do discurso; gênero musical; ensino-aprendizagem.

ESTOQUE DE IDEOLOGIAS LINGUÍSTICAS ESTADUNIDENSES: O LIVRO DIDÁTICO DE INGLÊS


DO PNLD 2020
Marcelo Luna de Morais, UFRJ
marceloluna@letras.ufrj.br

Este trabalho analisa o material didático de inglês do PNLD 2020 utilizado no sexto ano do ensino
fundamental da rede pública de Santarém, Pará. Os objetivos do estudo são analisar criticamente
ideologias de hegemonia linguística e cultural estadunidense no livro bem como implicações para
a aprendizagem, a partir de pressupostos do círculo de Bakhtin relativos ao marxismo e à filosofia
da linguagem, e de fundamentação baseada em ideologias linguísticas e letramento crítico, dentro
do contexto da Linguística Aplicada Indisciplinar. Foram analisados três tipos de conteúdo no livro
do aluno: textos com ênfase na língua inglesa praticada pela classe dominante estadunidense;
discursos comunicando que aquela língua é superior; e discursos expressando a superioridade
daquela classe. Este trabalho concluiu que o livro do aluno enfatiza ideologias de hegemonia
mundial de uma língua inglesa única praticada pela classe dominante estadunidense e de

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superioridade da sua cultura. O manual do professor apresenta incoerências, identificadas na
comparação entre objetivos nele estabelecidos e o conteúdo do livro do aluno. Inúmeros signos de
alto valor social para a classe dominante estadunidense são apropriados pelos autores e
recontextualizados no livro, visando à formação do discurso pedagógico. Foram encontradas
centenas de palavras, expressões, imagens e variadas construções sígnicas que apontam
explicitamente para ou indexicalizam o inglês e/ou a cultura daquela classe dominante. Estão
presentes discursos que inferiorizam outras classes e povos, através da recontextualização
negativa de imagens e conteúdos referentes às suas realidades. A estratégia discursiva dos autores
promove apagamento de línguas e culturas diferentes daquelas da classe dominante. O livro
difunde mensagens associadas a individualismo, banalização da vida e consumo supérfluo. Através
de ideologias específicas e da tentativa de homogeneização global de uma língua e uma cultura,
o material prejudica a compreensão da realidade e a formação da subjetividade de jovens,
gerando letramento a-crítico e a-político.

Palavras-chave: Bakhtin; Ideologias linguísticas; Letramento crítico; Inglês estadunidense;


Globalização.

LETRAMENTOS DOCENTES EM CONTEXTO (PÓS) PANDÊMICO EM PERSPECTIVA DIALÓGICA


Amasílio dos Santos Vaz, UNEMAT
amasiliodossantosvaz@gmail.comb
Elizangela Patrícia Moreira da Costa, UNEMAT
ecosta@unemat.br

O estudo proposto, objetiva investigar os letramentos docentes em contexto (pós) pandêmico, em


específico compreender a constituição de suas práticas de leitura, por meio do acesso aos livros
digitais. Para tanto, serão investigados professores de Língua Portuguesa da rede pública de
ensino de Pontes e Lacerda – MT. Na contemporaneidade, destaca-se que a evolução tecnológica
é, sem dúvida, um marco na história da humanidade e que apresenta mudanças significativas nas
práticas escolares, sobretudo no trabalho com a leitura digital. Vale destacar que os livros digitais
fazem parte da grande revolução digital que já ocorre, ao longo dos anos, e que acelerou na
pandemia da COVID-19. O acesso a esses livros digitais multiplicou-se em razão das atividades
remotas, online instituídas nas redes de ensino brasileiras, por vezes, com a prática de ensino
híbrido, inserindo os professores neste universo digital. Neste contexto, esta investigação visa
analisar como ocorrem tais práticas docentes, mediadas pelas TDIC, na rede de ensino de Pontes
e Lacerda – MT. O estudo será fundamentado nos pressupostos teóricos da Análise Dialógica do
Discurso, de Bakhtin e o Círculo, em diálogo com os documentos oficiais que normatizam a educação
em nível nacional, em especial a Base Nacional Comum Curricular – BNCC (BRASIL, 2017), a partir
das competências gerais 4 e 5 que tratam especificamente dos estudos da leitura e da cultura
digital no universo escolar e o Documento de Referência Curricular do Estado de Mato Grosso –
DRC (MATO GROSSO, 2018), e com os constructos teóricos de Vygostky (2005), Santaella (2007),
Rojo (2009), Bakhtin (1979), Chartier (1991) entre outros. Trata-se de uma investigação de
abordagem dialógica que terá como objetivo analisar como se constituem os processos de
letramentos, em especial o digital, de docentes de língua portuguesa do sistema público de ensino
de Pontes e Lacerda-MT.

Palavras-chaves: Ensino; Práticas de leitura; letramentos docentes e letramentos digitais.

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LIVROS DIDÁTICOS DE LÍNGUA PORTUGUESA DO ENSINO MÉDIO: ANÁLISE DA
DIDATIZAÇÃO DO GÊNERO ESCOLAR TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO
Giovana dos Santos Ribeiro, UFR
gi.ribeiro23@hotmail.com
Lezinete Regina Lemes, PPGL/UNEMAT/UFR
lezinete.lemes@unemat.br

O objetivo desta comunicação é apresentar resultado de uma pesquisa de iniciação científica


realizada no Curso de Letras – Língua Portuguesa da Universidade Federal de Rondonópolis. Este
trabalho investigou o tratamento didático realizado pelos autores de livros didáticos de Língua
Portuguesa para o gênero escolar texto dissertativo-argumentativo. Desde a década de 1980,
por meio das propostas curriculares, o texto é base para o ensino-aprendizagem de Língua
Portuguesa
nos Ensinos Fundamental e Médio. Nesse período, segundo estudos realizados por diferentes
pesquisadores, o texto foi tomado como um objeto empírico, não como objeto de ensino. Assim, a
esfera escolar transformou o gênero escolar texto dissertativo-argumentativo em modelo de
produção escrita para os alunos do Ensino Médio devido às exigências do ENEM e de outros
vestibulares, que solicitam aos candidatos a produção desse gênero. Partindo desse contexto,
selecionamos quatro livros didáticos de Língua Portuguesa do Ensino Médio aprovados pelo
Programa Nacional de Livro Didático e do Material Didático de 2012 e 2015 para a análise das
propostas didáticas direcionadas ao texto dissertativo-argumentativo. As reflexões enunciadas na
pesquisa estão ancoradas na teoria enunciativo-discursiva de Bakhtin e do Círculo. Os resultados
deste trabalho nos mostraram que as propostas didáticas configuram-se desta forma: a) não existe
uma sequência linear na apresentação das atividades; b) não são apresentados textos exemplares
do gênero escolar texto dissertativo-argumentativo; c) há poucas atividades direcionadas à
argumentação; d) a abordagem das atividades está, em certa medida, centrada na forma
composicional; e) existem poucos encaminhamentos didáticos para que os alunos sejam autores de
seus dizeres; f) não há o exercício de reescrita do texto. Desse modo, concluímos que a abordagem
das atividades está centrada no domínio da estrutura, embora existam algumas em que os
contextos de produção, circulação e recepção tenham sido mobilizados.

Palavras-chave: Livros didáticos de Língua Portuguesa; Ensino Médio; Didatização, Produção


textual; Gênero escolar texto dissertativo-argumentativo.

OS CONHECIMENTOS LINGUÍSTICOS NA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR- UMA


ANÁLISE DIALÓGICA DO DISCURSO
Cláudia Graziano Paes de Barros, UFMT
claudiagpbarros@gmail.com

O presente estudo objetiva apresentar algumas reflexões sobre o ensino-aprendizagem dos


conhecimentos linguísticos na “Base Nacional Comum Curricular” (2017), doravante BNCC. Esse
documento “assume a perspectiva enunciativo-discursiva de linguagem” (p.65). Tal perspectiva,
adotada em releituras das obras de Bakhtin e o Círculo voltadas para o ensino-aprendizagem,
encaminha o estudo da língua a partir da consideração dos gêneros discursivos como um eixo de
onde partem os diferentes componentes curriculares, como já ocorria desde a publicação dos
“Parâmetros Curriculares Nacionais” (1998). Ao se tomar um gênero discursivo como objeto de
ensino de línguas, o ensino da leitura, da oralidade formal pública, da produção escrita e da
reflexão sobre a língua, constituir-se-iam em uma espiral que promovesse o conhecimento, o uso e
a reflexão sobre os significados em seus contextos sócio-históricos e os fatos linguísticos mobilizados
nessas práticas. Entretanto, muitas pesquisas demonstraram uma forte recorrência de duas práticas

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de ensino distintas: de um lado, a leitura, por vezes descontextualizada, seguida de descrições da
forma composicional de gêneros discursivos e a transmissão de conteúdos isolados, sem quaisquer
vínculos com o estudo dos gêneros e, de outro, o quase abandono completo do ensino da linguagem
formal, reduzindo as aulas de Língua Portuguesa a horas de discussão sobre a interpretação de
textos e seus temas. Nesse contexto, a BNCC foi elaborada, como “um documento de caráter
normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os
alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica” (BNCC, 2017,
p. 7). Assim, para esta comunicação, sob a ótica da “Análise Dialógica do Discurso” (Brait, 2006),
objetivamos observar e refletir não somente sobre os modos como esse documento apresenta os
conteúdos para a aprendizagem formal da língua e sua progressão, mas também refletir sobre
os seus possíveis desdobramentos na prática escolar.

Palavras-chave: ensino-aprendizagem; estudos dialógicos do discurso; BNCC

VERBO-VISUALIDADE E MULTILETRAMENTOS EM ATIVIDADES DE LEITURA DE MATERIAL


DIDÁTICO EM CONTEXTO PANDÊMICO
Larissa de Campos Mascarello, UNEMAT
larimascarello@gmail.com
Elizangela Patrícia Moreira da Costa, PPGL/UNEMAT
ecosta@unemat.br

Este trabalho é um recorte de pesquisa de mestrado, em andamento, cujo objetivo geral é


contribuir com o ensino de línguas, por meio da análise do material didático disponibilizado às
escolas estaduais pela Secretaria de Educação do Estado de Mato Grosso, no ano de 2021. A
pesquisa fundamenta-se nos aportes teóricos do círculo de Bakhtin (1981), Brait (2012; 2013) e
Costa (2016). Nesta comunicação, apresentamos resultados parciais referentes à presença da
verbo-visualidade em atividades de leitura do material. A leitura sempre foi um assunto de suma
importância no âmbito escolar e é através dela que interagimos com o meio em que estamos
inseridos. Em todas as interações, a leitura se faz presente, seja ela de forma verbal ou não
(MANGUEL, 2010). Com o crescente avanço tecnológico, os gêneros discursivos decorrentes de
nossas práticas sociais têm sido cada vez mais imagéticos, sendo impossível falar sobre leitura sem
citar a relevância que as imagens têm tido nesse processo (COSTA, 2016). Além disso, com a
intensificação do uso das mídias no meio escolar, principalmente na modalidade de ensino remoto,
em decorrência da pandemia causada pelo vírus Covid-19, tornou-se ainda mais urgente
repensarmos o lugar da leitura e do texto imagético na sala de aula. Nesse contexto, espera-se
que os gêneros discursivos trabalhados na escola favoreçam tanto à pedagogia dos
multiletramentos, quanto à multimodalidade de leitura, possibilitando a formação de leitores
capazes de transitar entre o verbal e o visual, desenvolvendo todos os âmbitos de suas
competências leitoras.

Palavras-chave: Ensino Fundamental; Leitura; Livro Didático; Multiletramentos; Verbo Visualidade.

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SIMPÓSIO 02

A ATUALIDADE DA CONCEPÇÃO ÉTICA DE BAKHTIN - EXPLORAÇÕES TEÓRICAS E


PRÁTICAS
Coordenador: Adail Sobral (FURG) adail.sobral@gmail.com
Karina Giacomelli (UFPEL)
Ida Maria Marins (UNIPAMPA)

Partindo de teorizações de Bakhtin acerca do ato ético, responsável, pode-se afirmar que todo
sujeito é absolutamente individual (só cada pessoa é essa pessoa) e constitutivamente social (cada
pessoa constitui as outras e é por elas constituída) e que, nessa condição, é responsável por si e
pelos outros, bem como perante os outros – ou ao menos responsabilizável por seu atos, dado não
haver álibi no ser. Todo sujeito se constitui ao reconhecer que os outros são constitutivos de seu ser
e assumir sua individualidade irredutível. Como implicação disso, sem alteridade não há
individualidade e sem a assunção da individualidade não pode haver reconhecimento da
alteridade, condição da responsabilidade ética. Este simpósio pretende examinar possibilidades
de exploração de estudos bakhtinianos na atualidade com ênfase na concepção de ato ético e
considerando a atual situação pandêmica. Os trabalhos devem partir das proposições
bakhtinianas sobre responsabilidade ética e responsividade. Podem ter caráter teóricos ou
analítico, envolvendo ações de sujeitos no período de pandemia em termos de um conjunto de
atitudes que tanto podem se aproximar de uma radical assunção da responsabilidade – por si,
pelos outros e perante os outros -- como envolver, em alguma medida, a recusa dessa dimensão
do ser humano (chegando à impostura). Importa explorar o ponto de vista bakhtiniano de que os
sujeitos nunca estão isentos de responsabilidade nem liberados do não-álibi, por serem estes a
condição sine qua non da identidade dos seres humanos, em sua imersão na sociedade e na história,
ainda que possam tentar contorná-los. Podem ser submetidas, assim, propostas que analisem ações
na pandemia dessa perspectiva, que examinem essas ações para questionar, rever ou esclarecer
os fundamentos da teorização bakhtiniana sobre o ato ético, bem como explorações de possíveis
relações destes com outras proposições do campo bakhtiniano de estudos, seja em análises ou
discussões teóricas.

Palavras-chave: Bakhtin; Análise Dialógica do Discurso; responsabilidade ética; não-álibi;


pandemia.

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COMUNICAÇÕES DO SIMPÓSIO
ASPECTOS DA DIMENSÃO AXIOLÓGICA PRESENTES NO ATO MUSICAL COM BASE NA
FILOSOFIA DA LINGUAGEM DE MIKHAIL BAKHTIN
Ricardo Petracca, UNESPAR
ricardo.petracca@gmail.com

Consta que alguns integrantes do Círculo de Bakhtin atuaram como músicos ou críticos musicais,
como a pianista Maria Yudina (1899-1970), o crítico musical Ivan Sollertinsky (1902-1944) e o
compositor e pianista Valentin Volóchinov (1895-1936) e que, em meio aos diferentes temas
abordados nas reuniões, as questões sobre filosofia e estética musical tinham também o seu lugar
na pauta de discussões. Em minhas pesquisas realizadas no estágio pós-doutoral (em andamento),
no Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Rio Grande, investigo,
com base na filosofia da linguagem de Mikhail Bakhtin, os aspectos da dimensão axiológica
presente na música. Assim sendo, as questões sobre ética e estética elaboradas pelos integrantes
do Círculo são particularmente relevantes em meus estudos – como aquelas que podem ser
constatadas nos artigos O Problema de Beethoven I e II, publicados respectivamente em 1922 e
1923, por Volóchinov. Neles, o autor se propõe a entender a razão pela qual a obra do
compositor Ludwig Van Beethoven (1770-1827) não se tornou refém da tragicidade de sua vida
privada – fato que, para Volóchinov, se deve à transferência do princípio ético para o estético.
Ocorre que estes artigos não são autoexplicativos no que tange aos fundamentos que subsidiaram
as reflexões ali constatadas. No entanto, com base em minhas pesquisas bibliográficas, constato
que as questões sobre ética e estética musical ali presentes tiveram grande influência da obra
Estética do Sentimento Puro, de Hermann Cohen (1842-1918), publicada em 1912 e que,
provavelmente, tornou-se mais conhecida dos integrantes do Círculo a partir de 1918, nos
Seminários Kantianos, promovidos por aquele que foi aluno e orientando de Cohen, Matvei Kagan
(1889-1937). Conceitos de Cohen, como, por exemplo, o “amor estético”, pode ser constatado
tanto nos artigos de Volochínov como em Para uma Filosofia do Ato Responsável, de Mikhail Bakhtin.

Palavras-chave: estética; música; Círculo de Bakhtin; ética; Hermann Cohen.

NARCISO ACHA FEIO O QUE NÃO É ESPELHO: UMA ANÁLISE BAKHTINIANA DO DISCURSO DE
JAIR BOLSONARO EM MEIO À PANDEMIA
Ana Cláudia Porto, UFPel
ana.porto@uffs.edu.br

O presente trabalho pretende, por meio de uma perspectiva bakhtiniana, discorrer sobre possíveis
sentidos estabelecidos quando da análise de uma cadeia enunciativa proferida por Jair Bolsonaro
diante da crise pandêmica que o Brasil, especificamente, vive desde 2020, quando o SARS-CoV-
19, então, uma endemia, espalhou-se de Wuhan, China. Nesse sentido, buscamos apontar nosso
olhar para o que entendemos como discurso negacionista emplacado por JB acerca do contexto
pandêmico, a fim de sustentar a tese de que esse discurso deixa transparecer uma impostura, já
que aponta para um sujeito irresponsável do ponto de vista da vida. Essa premissa sustenta-se
pela reflexão que fazemos desde a compreensão da obra bakhtiniana Para uma Filosofia do Ato
Responsável, em que pese sua atenção particular para todo ato humano como responsável do
ponto de vista de uma filosofia primeira. Assim, entendemos toda projeção humana como um
espaço de construção ética, em que sujeitos são concebidos por meio de um processo alteritário. A
negação desse aspecto desemboca num quadro prototípico ao aparecimento de uma conduta
empobrecida no tocante à subjetividade, em que o sujeito portador de discurso interage mediante
a obliteração da diversidade. Desse modo, compreendemos que JB contrapõe-se ao discurso

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científico (comprovável) quando se refere à crise epidemiológica como “frescura”, por exemplo, o
que sugere dois níveis: um nível discursivo, em que o sujeito de discurso utiliza a linguagem para
construir uma realidade fora dos limites presumidamente reais, digamos, e um nível subjetivo, em
que essa negação demonstra uma conduta ética calcada na negação da presença do outro. Ao
negar a realidade atestada (científica), JB nega seus encargos como presidente do país, o que
aponta para a impostura, ao passo que, quando recusa a opinião divergente da sua, recusa a
propriedade de todo o discurso alheio ao seu, o que aponta para um excedente de eu.

Palavras-chave: Mikhail Bakhtin; Para uma Filosofia do Ato Responsável; Discurso Negacionista;
Pandemia.

O DIREITO À VACINA COMO ATO INDIVIDUAL OU COLETIVO: HÁ DIFERENÇA?


Adail Sobral, FURG
adai.sobral@gamil.com
Karina Giacomelli, UFPEL
karina.giacomelli@gmail.com

O entendimento do Ministério do Trabalho (MT) de que trabalhadores que se recusarem a tomar


a vacina poderão ser demitidos por justa causa desvelou a oposição entre individual e coletivo,
pensada, aqui, a partir da concepção de ato ético, cuja base é a centralidade do sujeito em sua
relação ética com outros agentes, no contexto concreto da ação, o que implica no agir responsável
do sujeito frente à uma situação e ao outro. Ora, o agir é responsável, pois cada ser ocupa um
lugar único, claro que diante da alteridade, como dois centros valorativos correlacionados. Bakhtin
destaca a cisão fundamental entre o conteúdo ou sentido do ato/atividade e sua concretude
histórica, o que priva o ato de seu valor, levando a um confronto entre dois mundos: o da cultura,
aquele em que os atos de nossas atividades são objetificados, e o da vida, em que os atos se
processam concretamente. Assim, quando uma pandemia coloca um problema coletivo, os
atos/atividades se realizam no agir no domínio do conhecido (a ciência) e o do agir individual
(seguir ou não a ciência). Sujeitos que se recusam a se vacinar, em um ato individual que ignora o
social, opõem conhecimento e vida, com justificativas como “livre escolha”, “direito de escolher”,
“forçar é ditadura”. “meu corpo, minhas regras, “vacina não evita a doença”, falta de eficácia”,
“pressa no registro”, “fase experimental” etc., em comentários sobre a decisão do MT. São reações
que desconsideram as duas direções do ato – criar para si um plano unitário único implica tanto a
direção de sentido como de seu ser, assumir a unidade bilateral, a do conteúdo (responsibilidade
especial) e a do Ser (responsibilidade moral). Logo, recusar a vacina, se não é ato responsável, é,
no entanto, ato “responsabilizável”, porque direcionado para (e determinado pelo) outro, no
tecido social.

Palavras-chave: ato/atividade; mundo da cultura/mundo da vida; sujeito; responsabilidade.

O DISCURSO INDIVIDUALISTA NO BRASIL FRENTE À SITUAÇÃO DE PANDEMIA: UMA


ANÁLISE BAKHTINIANA
Fernanda Taís Brignol Guimarães, UCS/UniRitter
fernandatbguimaraes@gmail.com

Este estudo objetiva analisar a fala: “Cidadão não, engenheiro civil, formado, melhor do que
você!” – proferida contra um agente sanitário que fiscalizava o não cumprimento do uso
obrigatório de máscaras em via pública. Para tanto, parte-se da concepção de sujeito discursivo
de Bakhtin, constituído socialmente, que é, ao mesmo tempo, social e individual, cujas ações são
responsivas porque nascem da interrelação estabelecida com seu interlocutor a partir de dada
situação social – é, portanto, um sujeito situado e investido de determinada posição enunciativa,

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sempre prenhe de valoração ideológica. Sendo assim, suas ações são também responsabilizáveis:
trata-se de um sujeito sem álibi. No caso analisado, o sujeito em questão busca um álibi em sua
formação profissional, que, segundo ele, lhe confere determinado “status” social, eximindo-o do
dever de agir como os demais cidadãos. Seu álibi (que na verdade não é possível, por não existir
álibi nas ações dos sujeitos) lhe conferiria, inclusive, a condição de um “mais-que-cidadão”, alguém
cuja posição é de superioridade diante dos demais, e que, portanto, estaria acima da lei, como
alguém que está além da coletividade, do social, e que, por isso mesmo, não precisaria seguir as
mesmas regras estabelecidas socialmente. Os resultados do estudo apontam para uma fala que
se configura como parte de um todo evidenciado no cenário político-social atual do Brasil, em que
evidências científicas são negadas por autoridades públicas em meio à situação de pandemia,
ocasionada pelo novo coronavírus. Como resultado do “negacionismo” e obscurantismo que se
instalou no país, criaram-se, por exemplo, as Fake News contra a vacina, o boicote a ações de
isolamento social, bem como à obrigatoriedade do uso de máscaras em locais públicos. Acaba-se,
assim, por “autorizar” e, até mesmo, validar falas e ações que tendem ao individualismo e negam
providências e ações preventivas pensadas em prol da coletividade.

Palavras-chave: Concepção bakhtiniana de sujeito discursivo; Pandemia do novo coronavírus;


Cenário político-social atual do Brasil.

SIMPÓSIO 03

PENSAMENTO BAKHTINIANO: RECEPÇÃO, TEORIA E PRÁTICA


Coordenadora: Maria Helena Cruz Pistori, PUC-SP (Pós-Doc)
mhcpist@gmail.com
Paulo Rogério Stella, UFAL
paulo.stella@fale.ufal.br

O pensamento bakhtiniano tem tido ampla acolhida na pesquisa brasileira dentro das
humanidades, especialmente na área dos estudos da linguagem. Por esse motivo, torna-se
relevante o constante debate e reflexão por parte dos pesquisadores acerca de processos
relativos à recepção da obra e dos conceitos bakhtinianos e seu funcionamento nas várias vertentes
dos estudos da linguagem por onde circula. Dessa forma, este simpósio tem por objetivo discutir a
recepção de conceitos advindos de Bakhtin e o Círculo por meio da apresentação de trabalhos
que, de alguma forma, instaurem um diálogo, teórico e/ou prático, com a perspectiva bakhtiniana
de tratamento da linguagem com base nos principais pilares de orientação do pensamento do
Círculo: dialogismo, responsividade ativa, gêneros discursivos, tempo, espaço, cronotopo e
carnavalização etc. Com isto em mente, a proposta do simpósio se configura em três vertentes:
reflexões acerca da recepção da obra de Mikhail Bakhtin e o Círculo pauno Brasil; debate e
aprofundamento de aspectos teóricos da obra bakhtiniana; possibilidades práticas de
operacionalização desse pensamento na compreensão de diferentes práticas discursivas.

Palavras-chave: Estudos da linguagem, Pensamento bakhtiniano; Recepção de conceitos; Teoria


e/ou prática.

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COMUNICAÇÕES DO SIMPÓSIO
ANÁLISE DIALÓGICA DOS DISCURSOS DE MULHERES NEGRAS EM EVENTOS DE LEITURA –
CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS E IDENTIDADES
Maria Helena Cruz Pistori, PUC/SP
mhcpist@gmail.com
Paulo Rogério Stella, UFAL
paulo.stella@fale.ufal.br

Esta tese de doutorado investiga a construção da identidade sociopessoal no discurso de 10


mulheres negras brasileiras, estudantes de pós-graduação em Educação, relações étnico-raciais e
sociedade na cidade de São Paulo entre os anos de 2016-2017. Para constituição do corpus,
recorremos a leitura e discussão de textos literários com temática étnico-racial por meio da técnica
de grupo focal. A análise dialógica dos discursos em circulação se apoiou nos fundamentos teórico-
metodológicos do Círculo de Bakhtin. Mobilizamos os conceitos de dialogismo, signo ideológico e
tema. A escolha por textos literários para discussão estimulou a produção de discursos de
autorreflexão, memória, crítica social e cultural. O conteúdo temático dos contos e poemas
orientaram a temática das discussões nos encontros, porém as participantes se posicionaram como
sujeitos, ressignificaram os textos e atribuíram-lhes sentidos, que se constituíram como tema único,
singular e irrepetível, vinculado ao momento da enunciação. Os discursos presentes nos textos e
aqueles produzidos pelas participantes se entrelaçaram e dialogaram com discursos sócio-
históricos, discursos da psicologia social, da antropologia e da sociologia constituindo uma arena
de signos ideológicos em constante debate. Dessa forma, as relações dialógicas se realizaram,
perpassadas por matrizes valorativas e posições axiológicas. As participantes relevaram a sua
identidade sociopessoal respondendo a temática do texto. O cabelo crespo das participantes,
como extensão do corpo negro, revelou-se um signo ideológico importante que reflete e refrata
crenças racistas. A relação de cada participante com seu cabelo evidenciou o tema como parte
constitutiva de sua identidade sociopessoal. Descobrir-se negra foi uma metáfora usada pelas
participantes para evidenciar a sua conscientização do racismo no Brasil que as exclui e afeta
significativamente todas as esferas de suas vidas. O assumir-se negra está relacionado aos signos
de empoderamento, luta e resistência contra a opressão racial a que estão sujeitadas.

Palavras-chave: Mulheres negras; Identidade; Linguagem; Literatura; Análise dialógica do


discurso.

APROXIMAÇÕES EM TEMPOS PANDÊMICOS: REFLEXÕES ACERCA DAS CAPAS DA


COLEÇÃO “PANDEMIA CAPITAL” DO PONTO DE VISTA DA VERBO-VISUALIDADE
Paulo Rogério Stella, UFAL
paulo.stella@fale.ufal.br

Esta comunicação faz parte de um projeto mais amplo acerca dos discursos que circularam e ainda
circulam sobre a pandemia do Covid-19 e tem como objetivo propor reflexões acerca da relação
entre o contexto pandêmico e uma coleção intitulada de Pandemia Capital lançada por uma
editora brasileira em formato de e-book entre março e novembro de 2021. O recorte
metodológico para esta comunicação corresponde às capas das obras que compõem a coleção,
produzidas por uma mesma dupla de designers brasileiros. Cada capa contém o título da obra, o

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nome do autor e uma imagem do vírus. As imagens não somente diferem entre si como também
diferem, em sua totalidade, da imagem do vírus conhecida a partir da mídia tradicional.
Entendendo o conjunto de capas como um enunciado concreto, propomos observá-las pelo viés da
verbo-visualidade em diálogo com o momento histórico, considerando as noções de resposta ativa,
responsabilidade e acabamento relativo. Os resultados apontam para discursos que remontam ao
passado conhecido das epidemias e ao presente instável de uma sociedade aparentemente
desatenta e infantilizada.

Palavras-chave: Verbo-visualidade; capas de livros; discursos; enunciado concreto; incerteza.

CORPUS E OBJETO EM PERSPECTIVA DIALÓGICA: UMA ANÁLISE EM OBRAS DE M. BAKHTIN


Maria Elizabeth da Silva Queijo, PUC-SP/CNPq
elizabeth.queijo@gmail.com

Esta exposição é parte das reflexões desenvolvidas na pesquisa de doutorado intitulada O método
em obras de M. Bakhtin, dedicada ao exame de um possível método empreendido pelo autor russo.
No campo da Análise Dialógica do Discurso, a comunicação tem como objetivo discutir as fronteiras
entre o que se compreende como corpus e o que se compreende como objeto. Para tanto, partimos
de A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais, datado
de 1965, e de Problemas da Poética de Dostoiévski, de 1963, para examinar o trabalho
investigativo empreendido por M. Bakhtin. Ao contrário do que possa ser observado por alguns
estudos a respeito das obras bakhtinianas e até mesmo pelo que é afirmado por Bakhtin, o que
se verifica nos textos do autor a respeito dos escritos de Dostoiévski e Rabelais é que, embora a
princípio o objeto do autor-pesquisador em cada uma das investigações possa não se apresentar
de modo definido, isso não significa dizer que o corpus se confunda com objeto (e vice-versa).
Assim, apontamos que, ainda que corpus e objeto se apresentem a priori amalgamados, é a
imprescindível relação do autor-pesquisador com esse corpus que vai, gradualmente, destacando
qual seja efetivamente seu objeto. As reflexões pretendem contribuir tanto com o aprofundamento
teórico de noções advindas do pensamento dialógico, isto é, das proposições de Bakhtin e o Círculo,
e da recepção desses autores no Brasil, como com subsídios para a configuração de diretrizes
metodológicas gerais a serem mobilizadas por pesquisas que se inspirem nesse pensamento.

Palavras-chave: Análise Dialógica do Discurso, Bakhtin e o Círculo, método, objeto, corpus.

DIFERENTES RECEPÇÕES DA TEORIA DO ROMANCE DE MIKHAIL BAKHTIN


Beth Brait, PUCSP
bbrait@uol.com.br
Maria Helena Cruz Pistori, PUCSP
mhcpist@gmail.com

Esta comunicação dá continuidade ao projeto/CNPq “Discursos de resistência: tradição e ruptura”,


na vertente em que se propõe a “discutir as particularidades assumidas pelo pensamento
bakhtiniano no Brasil, a partir das traduções da obra do Círculo, considerando os paratextos
(apresentações, prefácios, posfácios, orelhas, etc.) como elementos que, ao compor o todo, inserem-
se na tradição de um momento científico acadêmico internacional ou se revelam como resistência
que expõe as especificidades da ciência brasileira da linguagem na atualidade”. Neste trabalho,
examinamos as duas edições/traduções brasileiras dos ensaios bakhtinianos que propõem uma
teoria do romance: a primeira, de 1988, com o título Questões de literatura e de estética: a teoria
do romance, publicada pela Editora UNESP/Hucitec, em tradução do russo realizada por Aurora
Fornoni Bernadini e outros; a segunda, composta de três volumes, publicados pela Editora 34 a

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partir de 2015, em tradução de Paulo Bezerra. A seleção dos ensaios, em cada uma delas,
obedece a critérios diferentes, como se verá. Os textos-moldura que as apresentam, que também
não são os mesmos, possibilitam a audição de um diálogo, por vezes polêmico, entre tradutores,
editores, prefaciadores e leitores, tanto brasileiros, como russos, franceses e americanos. O
objetivo deste trabalho, pois, é observar, a partir da comparação das duas edições, quanto mudou
– e se mudou - a recepção da teoria do romance de Mikhail Bakhtin, histórica e espacialmente.
Considerando que os textos que as emolduram apontam dialogicamente para posicionamentos
axiológicos em relação à teoria bakhtiniana do romance, a uma estilística dialógica característica
do Círculo, visamos um levantamento crítico das relações entre os sujeitos discursivos aí implicados
e a forma como tal recepção ocorre social e culturalmente na academia brasileira, desenhando
tradições e/ou rupturas.

Palavras-chave: Mikhail Bakhtin; Teoria do romance; Textos-moldura; Recepção; Estilística


dialógica.

ETICA PARTICIPATIVA EN BAJTÍN. PANDEMIA Y PANSEMIA


Pampa Olga Aran, UNC-Argentina,
aranpampa@gmail.com
Ariel Gómez Ponce, UNC - Argentina,
arielgomezponce@unc.edu.ar

El proyecto filosófico que Bajtín concibe a principios del siglo XX es, según entiendo, revolucionario,
en cuanto pretende fundar una filosofía moral que modifique el desempeño del hombre tanto en
la vida cotidiana cuanto en la cultura. La cultura en general, y especialmente el arte, se
transformarían en virtud del ejercicio de una conducta responsable en cualquiera de los actos
producidos tanto en el campo de la ciencia como del arte y del ethos social. Aunque de modo
tardío e incompleto hemos conocido este proyecto en un ensayo que, en su versión castellana, fue
titulado Hacia una filosofía del acto ético (1997). Cabe pensar que en la fecha en que se presume
su redacción (1920-1924) en Vitebsk, el contexto era postrevolucionario y quizás transcurría la
guerra civil (1918-1921), previa a la fundación por Lenin de la URSS en 1922, lo cual parece
señalar el rumbo que tomaba el pensamiento de Bajtín y el modo como proponía, casi
utópicamente, la transformación cultural en un momento signado por enormes tensiones políticas.
Se atreve a proponer la construcción social de un sujeto real en tanto persona consciente, cuya
responsabilidad moral esté históricamente situada y se convierta en un modo de acción
participativa en todos los órdenes del hacer.
Ha transcurrido exactamente un siglo desde que B pensaba y escribía sobre su momento histórico.
Hoy puede ser oportuno releerlo y confrontarlo con nuestro presente, en un planeta gobernado
por la economía capitalista y una población sufriendo una pandemia de grandes proporciones,
aunque solamente podamos ofrecer algunas notas, algunos apuntes y ciertas imágenes que nos
inciten a la reflexión, al análisis detenido y, quizás, a la discusión de un ensayo muy denso que no
creemos poder abarcar en toda su complejidad.

Palavras-chave: Mijaíl Bajtín - ética participativa - contexto de pandemia

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DILEMA DIALÓGICO NAS REDES SOCIAIS
Adriana Pucci Penteado de Faria e Silva, UFBA
appucci@uol.com.br

Neste trabalho, tenho como objetivo refletir sobre a natureza discursiva das interações numa
esfera discursiva específica: as redes sociais. O corpus de análise foi construído tendo como base
respostas a um comentário crítico feito sobre uma postagem que circulou no perfil @pera_toons,
do humorista italiano Alessandro Perugini. As lentes teóricas e epistemológicas para o diálogo com
esse corpus têm como base os escritos de Bakhtin e do(s) Círculo(s), em diálogo reflexões de Amorim
(2000, 2007, 2015) sobre as formas de saber e de conhecimento que a autora nomeia como
Mythos, Logos e Métis e sua relação com tipos de interação discursiva. Os conceitos de relações
dialógicas, dialogismo e monologismo ganham destaque na discussão e são repensados com base
no acesso às novas traduções para o português dos trabalhos de Bakhtin, bem como a paratextos
presentes nas edições em que elas circulam. Entendendo que podemos pensar numa tradição das
redes sociais, resgato, por pesquisa bibliográfica, alguns aspectos sobre a constituição do
Instagram e do Facebook como palcos de interação. Tais aspectos estão refletidos e refratados
em prescrições tácitas que se deixam ler pelas vozes dos usuários que debatem no recorte
analisado. Pela materialidade linguística presente nos comentários que rechaçam a crítica feita à
postagem, como o uso dos pronomes ou formas de tratamento tu/você e não de Lei/ A senhora
(italiano/português), é possível pensar que há características de um estilo presente em gêneros
que Bakhtin aponta como íntimos ou familiares, os quais, pela proximidade dos interlocutores,
seriam atravessados por um estilo que leva a uma “franqueza especial”. O diálogo com o recorte
analisado aponta para possíveis hábitos monologizantes em redes sociais, onde a interação
desejável é pautada pela concordância absoluta, pelo aplauso, pela metamorfose com a palavra
do outro.

Palavras-chave: Bakhtin e o Círculo; Dialogismo; Redes sociais; Formas de saber.

O DISCURSO TEATRAL NAS ARTES DO CORPO: SONETO 116 EM PERSPECTIVA DIALÓGICA


Jean Carlos Gonçalves, UFPR/PUC-SP/CNPq
jeancarllosgoncalves@gmail.com

A presente comunicação pretende refletir sobre as relações entre o discurso teatral e o projeto
cênico audiovisual Soneto 116, de William Shakespeare, dirigido por José Roberto Jardim e com
atuação de Fernanda Nobre em 2021. Inserida na esfera virtual de produção, circulação e
recepção das Artes do Corpo, termo polissêmico que nos permite considerar a adaptação da cena
a diversos formatos e plataformas desencadeados radicalmente pela pandemia global de Covid-
19, a obra apresenta possibilidades de discussão sobre presença e ausência em tela, um dos temas
fundantes que constituem os estudos da cena na atualidade. Apoiada no pensamento do grupo de
intelectuais russos que denominamos hoje como Bakhtin e o Círculo, a comunicação mobiliza os
conceitos de alteridade, cronotopo e exotopia, a partir dos quais se debruça sobre seu objeto de
análise. Os resultados apresentam contribuições para o campo dos estudos da linguagem, aos
quais interessam o funcionamento do discurso em campos diversos, inclusive os do teatro e da
performance, e também para o universo (hoje mais expandido do que outrora) das Artes do Corpo,
o qual temos enfrentado, já há algum tempo, a partir das lentes bakhtinianas.

Palavras-chave: Discurso teatral; Artes do corpo; Bakhtin e o Círculo.

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O HUMOR É UMA ESFERA?: UMA DISCUSSÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA A PARTIR DE
BAKHTIN E POSSENTI
Beatriz Amorim de Azevedo e Silva, USP
beatriz.amorim.silva@usp.br

Este trabalho visa debater dois grandes desafios teórico-metodológicos da abordagem do tema
do riso e do humor na teoria bakhtiniana: a operacionalização da malha conceitual tecida pelo
Círculo ao longo de diversos escritos e a sua relação com as práticas cultural-discursivas do riso
contemporâneas. Frente a essas questões, propõe-se um diálogo com Possenti, autor
contemporâneo de grande relevância nos estudos linguístico-discursivos do humor, o qual considera
o humor um campo (em acepção bourdieusiana). Tendo em mente tanto as perspectivas bakhtiniana
e possentiana do riso, bem como trazendo à discussão outras propostas atuais de categorização
do fenômeno do riso bakhtiniano, propomo-nos a discutir o humor enquanto esfera da comunicação
discursiva, bem como as vantagens e limites dessa proposta. Dentro dessa hipótese, a esfera do
humor é definida por uma vontade discursiva particular que orienta o projeto de dizer do autor –
o divertir – e a tematização da realidade orientada por uma cosmovisão libertadora,
questionadora e universalizante; por sua vez, a carnavalização é vista como modalidade de
relações dialógicas entre a esfera do humor e demais esferas, justificando a presença de aspectos
tipicamente humorísticos em enunciados de esferas distintas. Essa proposta nos auxilia a
compreender a institucionalização do humor na atualidade, tal como apontada por Possenti, bem
como interpretar como as formas atuais de humor constituem-se como resistência e oposição ao
discurso oficial e sério. No entanto, a proposta também possui limitações, tendo em vista a
universalidade da presença do humor enquanto fenômeno discursivo, frente à qual a nossa
proposta pode ser vista como uma distinção artificial entre discursos afetados por um fenômeno
em comum. Portanto, esperamos que o cotejo e confronto dessas diferentes hipóteses teórico-
metodológicas possam conduzir a um produto dialético que supere ambas as suas limitações.

Palavras-chave: teoria bakhtiniana; estudos do humor; cômico; carnavalização; esfera da


comunicação discursiva.

ORALIDADE EM FOCO: PRODUÇÃO DE PROGRAMA JORNALÍSTICO RADIOFÔNICO POR


ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Letícia Jovelina Storto, UENP/ PUC-SP
leticiajstorto@gmail.com

A BNCC prevê o trabalho com a oralidade em aulas de língua portuguesa no Ensino Fundamental
e no Ensino Médio. Considerando isso, este trabalho tem por objetivo relatar a implementação de
um projeto de multiletramentos focalizando o ensino da oralidade. O projeto foi realizado com
estudantes de um 9º ano de uma escola de campo da região do Norte Pioneiro do Paraná. O
material didático-pedagógico construído visava a promover o trabalho com gêneros discursivos
orais da esfera jornalística radiofônica em sala de aula. O trabalho resultou em um programa de
rádio cuja responsabilidade, tanto da composição e produção dos textos, quanto da locução,
coube aos discentes do 9º ano envolvidos no projeto. Diante dos resultados obtidos, a proposta
estimulou nos alunos uma produção oral mais elaborada e consciente. Além disso, o rádio despertou
a atenção dos ouvintes, mostrando-se uma excelente ferramenta para o exercício da produção e
da compreensão da oralidade e com gêneros orais formais.

Palavras-Chave: Ensino. Língua Portuguesa. Oralidade. Gênero Discursivo.

50
“SUA GRACIOSIDADE ME DIVERTE”: DIDO DESAMPARADA ENTRE MECANISMOS DE
CARNAVALIZAÇÃO GRACIOSOS
Carlos Gontijo Rosa, PUCSP
carlosgontijo@gmail.com

Com origem na epopeia virgiliana, Dido desamparada, ou A destruição de Cartago - opera segundo
o gosto do teatro português, publicada em Lisboa, em 1762, na Oficina de Francisco Borges de
Sousa, é uma tradução acomodada “ao gosto português” da ópera Didone abbandonata (1724),
de Pietro Metastasio. Recentemente recebida junto com acervo Vicente Ancona no Centro de
Documentação Teatral da ECA/USP, a proposta desta comunicação é a leitura da peça teatral
pela via da carnavalização bakhtiniana como um mecanismo de aproximação do original italiano
ao contexto e gosto da audiência portuguesa da peça. Para tanto, formalmente, há a inserção de
três personagens cômicas entre as personagens elevadas da ópera séria italiana: a lacaia
Chamariz e os graciosos Balandrão e Calambuco. Além desta grande alteração, já perceptível na
lista de personagens – ou “pessoas, que representaõ” –, analisaremos ainda outras alterações
formais no texto, que levam a alterações mais substanciais de conteúdo na tradução/adaptação
lusa. Por fim, chega-se à conclusão que as alterações formais acabam por interferir na intriga
principal e modificar o gênero da peça original. Assim, através da carnavalização do original
metastasiano, o tradutor anônimo português elabora um discurso concreto, vivo, em franco diálogo
com o contexto histórico em que se insere e com a audiência a que se dirige.

Palavras-chave: Carnavalização, Teatro Português – Século XVIII, Gracioso, Metastásio, Gosto.

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TEMÁTICA 02. PESQUISA E ENSINO EM PERSPECTIVA DIALÓGICA

SIMPÓSIO

ABORDAGEM DIALÓGICA DO DISCURSO NA MÍDIA E NO ENSINO


Dóris de Arruda C. da Cunha (UNICAP/CNPQ)
doris@ufpe.br
Maria Inês Batista Campos (USP)
Geraldo Tadeu Souza (UFSCAR Sorocaba)

O simpósio busca reunir pesquisadores, professores e estudantes de pós-graduação que possam


contribuir para as reflexões e discussões no âmbito da teoria dialógica. Vários estudos no campo
da mídia e do ensino de língua portuguesa fazem uso abundante de noções "bakhtinianas":
dialogismo, gênero, vozes, polifonia, entonação expressiva, cultura entre outras. Em muitos desses
trabalhos, no entanto, elas aparecem sem articulação com o conjunto das demais noções, em outros
não merecem a importância que Bakhtin dá nos seus escritos. Daí a relevância da análise e
discussão com diferentes objetos de estudo (gêneros digitais, documentos oficiais, materiais
didáticos etc.), fundamentado na perspectiva teórico-metodológica, articulando cada conceito com
o todo do pensamento bakhtiniano. Nessa perspectiva, o objetivo do simpósio é apresentar
pesquisas em andamento com base em diferentes recortes dos vários escritos de Bakhtin,
Volóchinov e Medviédev, e a partir de corpora constituídos de gêneros da mídia e do ensino em
todos os níveis. Os resultados pretendidos contribuem para o campo da teoria dialógica, seus
desdobramentos e avanços, e para o fortalecimento da formação de professores de língua
materna.

Palavras-chave: gênero digital; ensino; teoria dialógica.

COMUNICAÇÕES DO SIMPÓSIO
A EVOLUÇÃO CRONOTÓPICA DO ENUNCIADO FIQUE EM CASA NA MÍDIA DIGITAL E
REPERCUSSÕES NO ENSINO E NA APRENDIZAGEM
Rita Maria Diniz Zozzoli, UFAL/GEDEALL
ritazoz@gmail.com

Este trabalho apresenta reflexões sobre o que denomino enunciado prototípico em pesquisas e
escritos de 2014 a 2020, considerado na perspectiva dialógica. Tomo como exemplo uma análise
de uma postagem de uma declinação do enunciado Fique em casa no Twitter, tomado como
enunciado de base. Nessa perspectiva, e, paralelamente, numa postura transdisciplinar de
Linguística Aplicada, proponho observar, numa ótica dinâmica e cronotópica de funcionamento, as
relações dialógicas estabelecidas através desse enunciado no plano do diálogo social. O que

52
denomino declinações são diferentes arranjamentos linguístico-discursivos a partir do enunciado de
base e estão relacionadas a temas e a acontecimentos no plano histórico social e a esses
enunciados de base. Levada para o plano do ensino e aprendizagem de línguas, a discussão
sobre as relações dialógicas desse tipo pode ser produtiva na formação de cidadãs/cidadãos
leitores/as e produtores/as de textos de gêneros diversos, em língua materna e em língua
estrangeira outra, ao permitir explorar, ao mesmo tempo, os aspectos essencialmente linguísticos
e os discursivos através de discussões sobre o diálogo social que se dá através dos temas e dos
acontecimentos aos quais os enunciados prototípicos e suas evoluções estão interligados.

Palavras-chave: Enunciado prototípico; diálogo social; mídia digital; ensino e aprendizagem.

ANÁLISE DA LINGUAGEM VERBO-VISUAL DAS CHARGES COMO RECURSO


INTERPRETATIVO NA PERSPECTIVA BAKHTINIANA
Miriam Bauab Puzzo, UNITAU
puzzo@uol.com.br

O objetivo desta comunicação é propor a análise da linguagem verbo-visual de charges


veiculadas na mídia impressa como recurso interpretativo reflexivo do contexto social imediato. As
charges, pelo seu impacto imagético e irônico, representam um material atrativo aos jovens pelo
seu poder de síntese em que se manifestam posicionamentos críticos em relação aos problemas
sociais imediatos. Para concretizar a análise desses enunciados concretos toma-se como referência
teórica a perspectiva bakhtiniana dialógica da linguagem, em especial o gênero discursivo e seus
elementos composicionais, a responsividade e o posicionamento valorativo do enunciador, segundo
Bakhtin (2015, 2016) e o signo ideológico, segundo Volóchinov (2017). Como objetos de análise
foram selecionadas três charges de Reinaldo Figueiredo publicadas na revista Piauí 179 (agosto
2021): Abolsonaporu, O Pequeno Presidente, Natureza morta com caveira e Salles. Elas dialogam
com enunciados artísticos num viés satírico para explicitar as questões cruciais enfrentadas no
contexto social pela política do atual presidente: a destruição do meio ambiente, a liberação das
armas, e o desprezo pela educação formal e cultural. A análise da linguagem verbo-visual das
charges permite discussão e reflexão interativa como recurso pedagógico para interpretar os
conflitos sociopolíticos e as questões imediatas que afetam a comunidade.

Palavras-chave: linguagem verbo-visual; charge; relações dialógicas; reflexão crítica

DISCURSO VIOLENTO NAS REDES SOCIAIS: CONFRONTAÇÃO DE AXIOLOGIAS


Dóris de Arruda C. da Cunha, UNICAP/CNPQ
doris@ufpe.br

Esta comunicação tem o objetivo de trazer uma reflexão empírica sobre a construção do discurso
violento nas redes sociais, tendo como foco o caráter axiológico constitutivo dos sentidos na
perspectiva dialógica. Nos escritos de Bakhtin, a visão axiológica e o tom emotivo volitivo, pilares
da sua reflexão filosófica, estão vinculados a um conjunto de noções articuladas: relação eu outro,
vida vivida, sujeito, linguagem, temporalidade tanto na arte como nas diferentes esferas da
atividade humana. Interessa responder à questão: quais são os valores e afetos que movem os
internautas nas redes sociais, local de práticas de uso agressivo da linguagem, de conflito, de
ataques de ódio? Para tantos, analisamos um corpus de comentários eletrônicos de diferentes
comunidades discursivas do Instagram e do Facebook, partindo do contexto histórico e social dos
sujeitos para compreender os enunciados e suas respostas violentas. Tais enunciados contém formas
assertivas, peremptórias, expressivas, injuntivas, destinadas aos que têm pontos de vista diferentes
daqueles da comunidade bem como acusações contra terceiros, revelando mais sobre os seus

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autores do que sobre o objeto do discurso. Os comentários mobilizam afetos tais como cólera,
ressentimento, ódio, zombaria, escárnio, fazem ameaças incitando à violência física, indo de
encontro aos valores necessários à vida social e ao debate público.

Palavras-chave: discurso violento; valores; redes sociais.

FAKE NEWS EM MANUAL DIDÁTICO DO NOVO ENSINO MÉDIO: QUE LEITURAS CONFIAR?
Nathalia Akemi Sato Mitsunari, USP
nathalia.mitsunari@usp.br

A disciplina de língua portuguesa, segundo a Base Nacional Comum Curricular/BNCC (BRASIL,


2018), tem como objetivo desenvolver habilidades relativas à apreciação ética e estética da
informação e da opinião, considerando a profusão de notícias falsas nas variadas mídias. Essas
habilidades são de extrema importância para a crise sanitária, social e cultural em que vivemos
atualmente, conforme Schwarcz (2020). Nesta comunicação, o objetivo é discutir o encaminhamento
da proposta didática em torno das fake news do volume único do ensino médio Estações língua
portuguesa: rotas de atuação social (BARROS et al., 2020). Essa obra, publicada pela Ática, foi
aprovada pelo Programa Nacional do Livro Didático /PNLD (2021). O foco é no capítulo 7,
intitulado “Fato ou fake?”. As questões norteadoras são: (1) Que textos compõem a coletânea para
apresentar fake news para o aluno? (2) Como a coletânea lhe é apresentada? (3) Que temas
podem ser identificados? Para respondê-las, ancora-se teórico-metodologicamente na concepção
de língua do círculo de Bakhtin, sobretudo, nos conceitos de signo ideológico (VOLÓCHINOV,
2017) e de enunciado concreto (VOLÓCHINOV, 2017, 2019), e é recuperada a discussão de
Paveau (2017) acerca do logocentrismo e do dualismo na análise do discurso digital. Os resultados
obtidos mostram que (1) as fake news são (re)apresentadas pelos autores do livro didático como
assunto, não como gênero, distanciando o aluno da participação no campo da vida pública; (2) a
busca por transparência e objetividade na língua pode apagar, no livro didático, a importância
da responsabilidade no acabamento ético e estético de todo enunciado concreto e os
posicionamentos axiológicos que o perpassam, imprescindíveis no campo de atuação da vida
pública. Para comparação entre formas de (re)apresentação de fake news, é apresentada a
notícia “Médica engana ao dizer que vacinas contra covid são experimentais” (2021), publicada
na seção “Estadão verifica”, do site do Estadão.

Palavras-chave: Bakhtin; livro didático; novo ensino médio; fake news; campo de atuação da vida
pública.

LINGUAGEM E MEMÓRIA: RELAÇÕES DIALÓGICAS EM ESFERAS MIDIÁTICAS


Maria Bernadete F. de Oliveira, UFRN

No campo das ciências humanas, a partir dos anos 20 do século passado, surgem estudos sobre a
linguagem, com foco em sua natureza social, histórica e cultural, configurados em textos produzidos
por pensadores do chamado Círculo de Bakhtin. O trabalho desses autores permeia-se de
inquietações com o mundo da vida e o mundo dos signos, em sua relação com os valores, no
processo de construção da linguagem. Uma de suas características constitutiva é a de apresentar
sempre “outras palavras”, face àquelas hegemônicas em seu tempo histórico, relacionando estas
outras palavras, de maneira constitutiva, a linguagem ao mundo vivido, à alteridade e ao eixo
axiológico. Nesse texto, à luz do pensamento desses autores, pretendemos discutir no âmbito de
uma Linguística Aplicada Crítica, o processo de construção discursiva da imagem de grupos
minoritários presentes em práticas discursivas circulantes na sociedade brasileira, partindo do
ponto de vista de que a “colonialidade do poder”, na América Latina, traz em seu bojo uma leitura
da raça e do racismo como princípio organizador e estruturante das múltiplas hierarquias do

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sistema mundo. A partir dessa constatação, nossa reflexão, focalizando noções de memória, busca
as relações dialógicas que se travam em enunciados produzidos na esfera midiática, analisando
a memória construída sobre o outro diferente do eu.

O MÉTODO SOCIOLÓGICO EM DOIS MENINOS DE KAKUMA


Viviane Mendes Leite, USP
mendesviviane82@usp.br

Esta comunicação tem como foco apresentar uma análise sociológica do livro, Dois meninos de
Kakuma, de Marie Ange Bordas (Pulo do Gato, 2018). Nesta obra, fotoilustrações imbricam-se
com o texto ficcional criador a partir da vivência da autora em um dos maiores campos de
refugiados do mundo, localizado em Kakuma. O texto apresenta dois amigos: Geedi e Deng
personagens criadas, mas que representam milhares de crianças que vivem em situação de refúgio.
Diante da crise humanitária mundial em que vivemos, não podemos fechar os olhos para a situação
daqueles que perderam sua pátria, seu lar, sua família. Partindo da capa do livro, analisada como
gênero discursivo, até os textos molduras que dão acabamento ao texto, refutamos a abstração
da língua, apontando a dimensão discursiva e ideológica que atravessam a obra. A escolha deve-
se ao fato de que, muitas vezes, a obra ficcional é tratada como irreal e descolada da vida vivida,
além da relevância do tema – refugiados – para os dias atuais. O percurso metodológico está
assentado nos três preceitos apontados por Volóchinov (2017, p.110), a saber: i) não isolar a
ideologia da realidade material do signo; ii) não isolar o signo das formas concretas de
comunicação social; iii) não isolar a comunicação de sua base material. Nesse tripé sociológico,
arquitetamos a análise que tem por finalidade entrelaçar ficção e realidade atravessadas pela
cultura do outro. Pretendemos discutir questões alheias que constituem o “eu”, o reconhecer-se no
olhar do outro. Como fundamentação teórica, recorremos ao conceito de texto verbo-visual (BRAIT,
2015); poética sociológica (MEDVIÉDEV, 2012) e signo ideológico (VOLÓCHINOV, 2017). O
resultado da análise mostra que a palavra reflete e refrata uma valoração, a percepção do outro
é constitutiva para a formação do “eu” e que texto ficcional e a realidade materializam-se na
palavra.

Palavras-chave: Método sociológico; Refugiados; Narrativa; Signo ideológico

POLÍTICAS LINGUÍSTICAS E ENSINO DE PRODUÇÃO ESCRITA: A MUDANÇA DO DISCURSO


Maria Inês Batista Campos, USP
maricamp@usp.br

Nesta comunicação, o objetivo é discutir o documento “O ensino de língua portuguesa e literatura


brasileira no 2° grau: sugestões metodológicas” (1981), elaborado pela secretaria de educação
paulista, focalizando as críticas feitas ao ensino de português em bases tradicionais e as propostas
inovadoras em torno da linguagem, e as sugestões frente à crise do ensino no final da década de
1970. Ao considerar a organização desse documento e os conceitos linguísticos articulados ao
ensino, pretendo recuperar os discursos com os quais ele dialoga, de modo a reconstruir o diálogo
entre as esferas acadêmica e escolar. Para essa análise, adoto os conceitos de cultura advindo
da teoria bakhtiniana o de texto, entendido como pertencente a uma cultura, envolvendo, no
mínimo, dois sujeitos: “O acontecimento da vida do texto, isto é, a sua verdadeira essência, sempre
se desenvolve na fronteira de duas consciências, de dois sujeitos” (BAKHTIN, 2003, p. 311). Nessa
perspectiva teórico-metodológica, articulo três aspectos: - materialidade do documento (sua
organização), - singularidade e carga de valores, configurando o contexto histórico-social-cultural
que o constitui como forma viva e responsiva, - espaço para novas diretrizes curriculares com
mudanças para o ensino de português. Essas diretrizes foram impulsionadas pelas novas teorias

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linguísticas advindas do discurso acadêmico da área de Letras desde a década de 1970 como
estruturalismo, gerativismo, funcionalismo, linguística textual, estudos de Bakhtin. Frente ao diálogo
com esse documento, levanto alguns questionamentos: Que concepções de linguagem ocuparam
esse documento? Quais as recomendações com relação ao ensino da escrita? A revisão de práticas
escolares no ensino de língua portuguesa permite apresentar os discursos linguístico-discursivos que
embasaram o documento dirigido ao que hoje conhecemos como ensino médio. O resultado aponta
para um movimento tenso entre as teorias linguísticas e o ensino na escola básica que se mantém
até os dias atuais.

Palavras-chave: Texto; relações dialógicas; proposta curricular; ensino da escrita.

SABERES LINGUÍSTICOS NA PROPOSTA CURRICULAR DE LÍNGUA PORTUGUESA NA


DÉCADA DE 1980: UMA ABORDAGEM BAKHTINIANA
Dante Augusto Assis Ribeiro de Freitas, USP
danteaugusto@usp.br

Como premissa preliminar dos estudos da linguagem de abordagem dialógica está a interação
entre os sujeitos que trocam enunciados entre si, atualizando sentidos no mundo da cultura. As
relações estabelecidas entre autor, destinatário e objeto, em suas situações concretas, caracterizam
a expressividade e a vivência desses sujeitos que enunciam nos campos da atividade humana.
Nesta comunicação, o objetivo é discutir os encaminhamentos propostos de ensino de leitura e
escrita para 7ª e 8ª séries, presente na Proposta Curricular para o ensino de Língua Portuguesa
para o 1° grau (1988), produzida pela Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas (CENP),
sob a gestão do governador Orestes Quércia (1987-1991). Esse estudo tem como ponto de
partida o documento oficial do Estado de São Paulo com seu aporte teórico partindo das teorias
linguísticas do interacionismo. A concepção de língua neste currículo modifica o foco de entendê-
la como sistema de normas, para o ensino da língua viva. O objetivo é analisar essa reconfiguração
do ensino de escrita se situa em tensão (ou não) entre dois discursos: I) o do eixo da prescrição
preconizada pela CENP, a qual era a responsável pelo material; II) o eixo da inovação teórico-
metodológica que o documento então apresenta. O processo analítico dar-se-á por meio de
análise documental de caráter qualitativo de modo que se possa observar as nuances do eixo que
prescreve o ensino da escrita e o que oferece autonomia, de acordo com o documento curricular.
Esse é um enunciado e seu horizonte é social. Com isso, o fluxo discursivo apreendido pela análise
pode levar a uma tensão enunciativa ou ser corroborado mediante a abordagem dialógica da
linguagem.

Palavras-Chave: Dialogismo; Interação, Escrita; Proposta Curricular; Ensino.

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SIMPÓSIO 02

ESTUDOS BAKHTINIANOS E PESQUISAS APLICADAS EM LINGUÍSTICA:


APROXIMAÇÕES E CONTRIBUIÇÕES
Coordenador: Urbano Cavalcante Filho (IFBA/UESC/Diálogo-USP) urbanocavalcante@gmail.com
Vânia Lúcia Menezes Torga (UESC/Diálogo-USP)
Annallena de Souza Guedes (IFBA-GECEA-UFMG)

Esta proposta de simpósio tem como objetivos, a partir dos estudos bakhtinianos e dos estudos
aplicados em linguística, congregar estudos teóricos, metodológicos e/ou analíticos que: i)
explorem os vínculos entre os pressupostos do Círculo de Bakhtin e os debates contemporâneos que
vêm ocorrendo no âmbito da Linguística Aplicada; ii) se proponham a descrever, refletir e analisar
os usos da língua(gem) e/em práticas sociais, que possam valorizar posicionamentos discursivos
que reflitam e refratam sujeitos, corpos em suas classes sociais, sexualidades, gêneros, etnias etc.,
tão ignoradas ao longo dos estudos da LA (cf. MOITA LOPES, 2008); iii) analisem, no escopo da
multiplicidade de sistemas semióticos em jogo na construção de sentidos na contemporaneidade,
as realizações concretas no âmbito da teoria dos Letramentos, em especial os Acadêmicos. Assim,
os trabalhos devem partir de uma concepção de língua(gem) enquanto interação discursiva,
realidade fundamental da língua (cf. VOLÓCHINOV, 1929), considerando sua natureza de se
dirigir ao outro. Dessa forma, serão bem-vindos estudos que tomem diferentes objetos de discurso
(enunciados das mais variadas esferas ideológicas e materializados nos mais variados gêneros
discursivos (cf. BAKHTIN, 1952-3), enquanto manifestações reais e objetivas e não manifestações
abstratas e/ou hipotéticas. Assim, com o presente simpósio entendemos que, se estudamos a língua
e o discurso nas perspectivas da Linguística Aplicada e do Círculo de Bakhtin sob um olhar de
concretude e vida (o enunciado concreto e a língua em uso), podemos perceber que tais estudos
ultrapassam as fronteiras de uma ciência fechada no sistema, mas aberta a um perspectiva que
se aproxima de uma metalinguística (tal qual pensada e proposta por Bakhtin), já que o que está
em jogo são as relações estabelecidas entre enunciados, sujeitos, vozes e posicionamentos que,
dentro de suas cronotopias e historicidades, conferem concretude e vida nas falas e lugares sócio-
históricos ocupados pelos sujeitos na sociedade.

Palavras-chave: Círculo de Bakhtin, Linguística Aplicada, Gêneros Discursivos, Letramentos


Acadêmicos.

COMUNICAÇÕES DO SIMPÓSIO
A IDENTIDADE NA INTERAÇÃO DISCURSIVA: UMA CONSTRUÇÃO DIALÓGICA
Thomas Rocha, PUCRS
thomas.rocha@edu.pucrs.br

Todos estamos investidos de identidades e, justamente por isso, a identidade é um tema que está
no centro de amplos debates, envolvendo estudiosos de campos diversos do conhecimento. Neste
trabalho, abordamos a identidade a partir do arcabouço teórico do dialogismo. Nosso objetivo
principal é desenvolver a noção de identidade dialógica, articulando três conceitos fundamentais:

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consciência linguística, interação discursiva e discurso alheio. O processo contínuo de identificação e
diferenciação em relação ao outro, realizado no continuum da interação discursiva, vem orientando
a formulação de nossa concepção de identidade. A contribuição teórico-conceitual dos Estudos
Culturais, em especial de autores como Stuart Hall e Kathryn Woodward, possibilitou uma reflexão
mais apurada sobre esse processo. Buscando um diálogo produtivo entre as duas perspectivas,
pretendemos destacar as relações entre identidade e subjetividade estabelecidas na
singularidade do ato discursivo, sem perder de vista que a produção discursiva da identidade está
fundamentada na interação dialógica que se configura entre sujeitos social e historicamente
constituídos. Assim, a alteridade está pressuposta na identidade. O pensamento de Bakhtin e seus
interlocutores do Círculo tem como horizonte a totalidade da identidade humana e funda-se na
conjunção de elementos repetíveis e irrepetíveis dos atos humanos, numa filosofia que envolve os
aspectos ético, estético, epistemológico e ontológico, buscando integrar a ciência, a arte e a vida
na unidade do sujeito responsível e responsável. Entendemos que nossa proposta teórica deve
estar ancorada na análise de enunciados concretos. Para isso, analisaremos o discurso de linguistas
em busca de indícios que revelem uma identidade dialógica. O corpus de análise compreende
artigos de opinião e notas de repúdio publicados por linguistas em resposta aos ataques infligidos
à categoria durante a repercussão do que ficou conhecido como “o caso do livro didático”, ocorrido
em 2011.

Palavras-chave: dialogismo; identidade; alteridade; estudos culturais.

ALTERIDADE E RESPONSIVIDADE ÉTICA: PRESSUPOSTOS BAKHTINIANOS PARA O


EMPRETECIMENTO DA LINGUÍSTICA APLICADA
Maria Elia dos Santos Teixeira de Carvalho, IF Baiano; UESC
mariaelia.carvalho@yahoo.com.br

A vida em sociedade, no mundo contemporâneo, demanda, cada vez mais, uma insurgência quanto
à colonialidade de saber e poder que determinada elite, inclusive científica, insiste em postular.
Frente a esse contexto e alinhados ao ensino de Língua Espanhola na Educação Básica,
reivindicamos tematicamente um processo de ensino e aprendizagem pautado no empretecimento
da Linguística Aplicada. Reconhecemos que já há, em curso, esse movimento na linguística
insurgente, entretanto, ainda é tímido e pouco tem chegado na Educação Básica, sobretudo nas
aulas de Língua Espanhola. Sendo assim, a partir de um estudo de metodologia bibliográfica e de
revisão teórica, distanciados de uma postura monológica e apoiado no dialogismo, defendemos
ser fundamental desenvolvermos como base para a ampliação desse empretecimento os conceitos
de alteridade e responsividade ética Bakhtinianos. Objetivamos, portanto, discutir como tais
concepções podem contribuir para a ampliação e fortalecimento de um empretecimento da
Linguística Aplicada utilizada nas aulas de Língua Espanhola. Isso em razão desses conceitos
trazerem, por princípio, a percepção daqueles que foram outrizados, subalternizados
historicamente e que, agora, agenciam novas instâncias de empoderamento, inclusive com a
reinvindicação de um ensino e aprendizagem que tenham por base a inserção desses sujeitos.
Evidenciamos, de modo conclusivo, que, ainda que Bakthin seja um homem branco e russo, os Estudos
Bakhtinianos, frente à encruzilhada de saberes, auxiliam a formar uma Linguística Aplicada
insurgente e empretecida, que ecoa ética e antirracista – da academia às salas da educação
básica.

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Palavras-chave: Linguística Aplicada Insurgente; Estudos Bakhtinianos; Educação Antirracista;
Decolonialidade; Educação Básica.

ANÁLISE DIALÓGICA E COMPARATIVA DE DISCURSOS: APROXIMAÇÕES TEÓRICO-


METODOLÓGICAS PARA O ESTUDO DA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA
Urbano Cavalcante Filho, IFBA/UESC/Diálogo-USP
urbanocavalcante@gmail.com

Partindo da ideia de continuum, com fez Latour (1994) ao pensar numa antropologia simétrica,
tenho me interessado a analisar o discurso da divulgação científica sob um prisma simétrico
articulando duas vertentes da análise de discursos: de um lado, a de orientação russa, chamada
de Análise Dialógica do Discurso (ADD); de outro, uma outra de orientação francesa, surgida na
França, no âmbito do Cediscor (Université Sorbonne Nouvelle), cujo foco central é a análise de
culturas discursivas de línguas e culturas distintas. Assim, na proposição dessa articulação e
complementaridade entre ambas, a dialogia e a comparação são tomadas, do ponto de vista
teórico e metodológico, como premissas basilares para a observação, descrição e análise da
arquitetônica do discurso de divulgação científica no Brasil e na França. Alicerçado na
metalinguística bakhtiniana, essas duas diretrizes teórico-metodológicas têm-nos orientado, sob o
princípio da comparabilité (“comparabilidade”, em tradução livre), observar semelhanças,
diferenças e variações tanto nos gêneros discursivos quanto nas operações linguageiras da
didaticidade desse fenômeno, tomando como corpus a materialização desses enunciados nas
revistas Ciência Hoje e La Recherche (publicações brasileira e francesa, respectivamente).

Palavras-chave: Análise de Discursos Comparativa; Análise Dialógica do Discurso; Divulgação


Científica.

DIALOGISMO E ALTERIDADE NA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA BRASILEIRA: RELAÇÕES ENTRE


CIÊNCIA E SOCIEDADE
Giselle Liana Fetter, PUCRS
gisellerevisora@gmail.com

A divulgação científica teve uma considerável expansão nas últimas décadas e constitui-se como
um objeto de estudo de diferentes áreas do conhecimento sob as mais variadas perspectivas
teóricas e metodológicas. No contexto da pandemia de covid-19, a divulgação científica se
destacou significativamente, impulsionando cientistas e pesquisadores a se engajarem em
atividades dessa natureza. Assim, o objetivo geral desta pesquisa de doutorado em
desenvolvimento é investigar como a divulgação científica é concebida por professores-
pesquisadores de diferentes áreas das universidades brasileiras a fim de contribuir para o
aprimoramento da divulgação científica do Brasil. A análise fundamenta-se nos preceitos do
Círculo de Bakhtin, para o qual a linguagem advém da interação de uma multiplicidade de vozes.
Por serem intrinsecamente dialógicos, os discursos estão permeados de valorações, condicionadas
à coletividade, que conduz os diversos pontos de vista a partir de contextos sociais, culturais e
históricos. Foram coletados, na ferramenta Google Acadêmico, artigos científicos, publicados entre
os anos de 2016 e 2018, e indexados pela palavra-chave “divulgação científica”. Desse recorte,
determinou-se, como critérios, que os artigos fossem de autoria de professores-pesquisadores de
pós-graduação stricto sensu das universidades, totalizando 56 artigos, vinculados às grandes áreas

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do conhecimento da CAPES. Percebe-se que a alteridade é constituinte da relação entre a ciência
e a sociedade, pois o público aparece, constantemente, no centro da discussão. A divulgação
científica pode ser concebida como um encontro dialógico e alteritário, uma vez que são
perceptíveis a voz da sociedade bem como de outros cientistas a partir dos movimentos de
exotopia e empatia, que são estabelecidos nos discursos dos professores-pesquisadores. Pretende-
se, com esta análise, considerar a divulgação científica como um diálogo que não é estável, que
pode ser ressignificado uma vez que novos contextos se apresentam e acredita-se que as
universidades possuem um papel fundamental na divulgação da ciência.

Palavras-chave: divulgação científica; Círculo de Bakhtin; alteridade; dialogismo; sociedade.

DISCURSO ACADÊMICO ESCRITO: UMA ANÁLISE DOS VERBOS LEXICAIS NO GÊNERO


REDAÇÕES ARGUMENTATIVAS
Annallena de Souza Guedes, IFBA/UFMG
annallenaguedes@hotmail.com

Alguns pesquisadores têm se dedicado aos estudos sobre os aspectos gramaticais das línguas e
têm delineado uma caracterização para a classificação gramatical dos verbos. Neste estudo,
tomamos como objetos de análise o que chamamos de “verbos do inglês acadêmico escrito” (VIAEs),
nomenclatura originada a partir do termo “EAP verbs” (verbos do Inglês para Fins Acadêmicos),
destacado por Granger e Paquot (2009). Biber et al (1999) afirmam que existem categorias
específicas de verbos que são típicos do discurso acadêmico e conceituam os verbos lexicais como
uma classe de palavras que funcionam apenas como verbos principais. Considerando esse
panorama, esta comunicação discutirá o papel dos verbos lexicais no discurso acadêmico escrito
em inglês. Pautado em Bakhtin (2016), este estudo toma o gênero discursivo redações
argumentativas e os dados extraídos para a análise fazem parte do CorIFA (Corpus do Inglês
para Fins Acadêmicos) e do British Academic Written English Corpus (BAWE). Utilizamos, para tanto,
ferramentas da Linguística de Corpus, a partir das quais é possível coletar dados linguísticos, a
partir de grandes quantidades de textos. Desse modo, defendemos que estudar os verbos lexicais
do discurso acadêmico escrito seja importante, no sentido de que podemos ter subsídios que melhor
caracterizem seu uso e, dessa forma, contribuirmos para preencher lacunas, principalmente no que
diz respeito aos textos produzidos em inglês e que circulam nos mais variados contextos
acadêmicos. Além disso, acerca do pouco conhecimento dos estudantes universitários com o uso
desses verbos que julgamos essencial à escrita acadêmica, nos reporta para a necessidade de
compreender o papel do discurso acadêmico e da escrita acadêmica nos contextos de ensino
superior.

Palavras-chave: discurso acadêmico escrito; verbos lexicais; língua inglesa; redações


argumentativas

60
GÊNEROS DISCURSIVOS E MULTILETRAMENTOS EM UMA UNIDADE DIDÁTICA DE LÍNGUA
INGLESA: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Ana Cecília Fernandez dos Santos, UFU/IFMG
fernandeza.cecilia@gmail.com

Em 2021, vários professores do ensino básico analisaram os novos livros didáticos, desenvolvidos
a partir das diretrizes da nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC). O trabalho a ser
apresentado é resultante de uma análise da primeira unidade didática, intitulada “Youth
identities”, do livro English and More!, uma vez que esse foi um dos livros de Língua Inglesa do
Ensino Médio escolhido em um campus de uma instituição federal do interior de Minas Gerais. A
partir dos multiletramentos (ROJO; BARBOSA, 2015), dos gêneros discursivos (BAKHTIN, 2019;
VOLÓCHINOV, 2018) e de discussões sob viés discursivo (SERRANI, 2020), busco, com este
trabalho, refletir sobre os gêneros discursivos e multiletramentos utilizados nessa unidade
discursiva. Em linhas gerais, apesar do tema central da unidade ser identidade – um tema em
acordo com a nova BNCC –, um número significativo de gêneros discursivos abordados nessa
unidade mostra-se distante do contexto dos estudantes do Ensino Técnico Integrado dessa cidade
do interior do estado, onde localiza-se essa escola. Ademais, outras práticas de letramento
relacionadas a um dos assuntos tratados na unidade (Discussão a respeito da Geração Z) e que
estão inseridas na realidade desses estudantes não foram abarcadas (STREET, 2014), tendo em
vista que eles próprios pertencem a essa geração. Além de debater os resultados deste trabalho,
o intuito desse gesto de análise também consiste em pensar em outras possibilidades (gêneros
discursivos, atividades, entre outras) que poderiam ser desenvolvidas a partir do que foi proposto
pelos autores da obra. Tal movimento insere-se, enquanto possibilidade de reflexão e orientação,
em uma pesquisa de doutorado que ainda está em sua fase inicial e desenvolver-se-á nos próximos
anos nesse contexto de ensino.

Palavras-chave: Material didático; Letramentos; Gêneros Discursivos; BNCC.

LETRAMENTOS DIGITAIS E MULTILETRAMENTOS NOS LIVROS DIDÁTICOS DE LÍNGUA


PORTUGUESA DO PNLD 2020: UMA ANÁLISE DIALÓGICA
Victor Schlude, Unicamp
vschlude@gmail.com
Juliana Hott, Unicamp
julianahott@gmail.com

Em articulação com perspectivas contemporâneas de educação linguística, compreendemos a


relevância de fomentar práticas de letramentos digitais e multiletramentos na sala de aula (de
línguas). Tais práticas são contempladas pelos objetivos e competências da BNCC, as quais
privilegiam o trabalho com múltiplas linguagens e contextos contemporâneos de interação. Assim
como Rojo (2013; 2017b) e Tilio e Schlude (2020), assumimos uma concepção socioideológica da
realidade e da linguagem (VOLOCHINOV, 1929 [2017]). Portanto, é a partir desse horizonte que
compreendemos e significamos as práticas de linguagem e letramento(s) na sala de aula. Nesse
sentido, entendemos que um olhar crítico (TILIO; SCHLUDE, 2020; TILIO, 2017) para essas práticas
é fundamental para a) não essencializar ou esvaziar o sentido dessas formas contemporâneas na
sala de aula; b) priorizar um olhar dialógico para o mundo e linguagem e c) não dissociar formas
linguístico-semiótico-discursivas de contextos e sujeitos. No caso dos letramentos digitais e
multiletramentos, comumente enfatizam-se questões técnicas, multissemióticas e até mesmo

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“inovadoras” de determinados gêneros e fazeres digitais/multissemióticos. Nossa análise,
portanto, é orientada por esses aspectos teóricos e contextuais. Este trabalho tem como recorte
livros didáticos de língua portuguesa aprovados pelo Programa Nacional do Livro e do Material
Didático (PNLD) em 2020. Acreditamos que analisar práticas de letramentos digitais e
multiletramentos em livros didáticos do PNLD é primordial para avaliar o alcance e promoção
desses outros textos/gêneros/práticas, relativos ao cenário contemporâneo. Nesse sentido, há de
se pesar também a abrangência de utilização desses materiais, uma vez que o programa atende
às escolas públicas de todo o país e, muitas vezes, dita ou direciona o trabalho realizado em sala
de aula pelos professores. Portanto, os objetivos de nossa análise são 1) mapear as práticas
letramentos digitais e multiletramentos; 2) interpretar e discutir tais práticas tendo em vista os
apontamentos e panorama teórico anteriormente apresentado.

Palavras-chave: letramentos digitais; multiletramentos; livro didático; educação linguística; PNLD.

MEMÓRIA E (IM)POSSIBILIDADE DE NARRAR-SE: REPENSANDO OS GÊNEROS DO ESPAÇO


BIOGRÁFICO À LUZ DA TEORIA BAKHTINIANA
Denise Gonzaga dos Santos Brito, UESC
dnisegonzaga@gmail.com

Entendendo a linguagem enquanto atividade humana que se liga à própria vida, a presente
comunicação se vale de algumas noções bakhtinianas com o objetivo de repensar os gêneros que
compõem o espaço biográfico, para compreender as razões pelas quais há uma impossibilidade
de uma fidelidade na narrativa de si mesmo ou de outrem. Trata-se de pesquisa qualitativa de
cunho bibliográfico, em que há uma discussão acadêmica importante, uma vez que muitos trabalhos
desenvolvidos na escola a partir desses gêneros sempre tendem a se voltarem para a noção de
referencialidade do texto, ensinando os alunos a lerem tais produções sob a lupa da verdade.
Obviamente, a partir de diversos estudos já realizados no campo dos gêneros textuais, bem como
das valiosas contribuições do teórico Russo Mikhail Bakhtin, não é mais possível sustentar tal discurso
nem na academia e nem na escola. A partir dos conceitos propostos por Philippe Lejeune (2008)
e Leonor Arfuch (2010), iluminados pela teoria de Mikhail Bakhtin (2010), repensamos a noção de
real enquanto representação fiel do passado, nos gêneros (auto)biográficos, considerando o
inacabamento do sujeito. Desse modo, a suposta isonomia entre autor, narrador e personagem,
que compõem a noção de pacto autobiográfico de Lejeune, já não pode mais deixar de considerar
o fato de que cada uma dessas três instâncias constituem três consciências enunciativas diferentes
umas das outras, diferindo-se a partir de seus estágios de acabamento. A partir desta
compreensão, fica evidente que não há como o sujeito narrar-se ou narrar a vida de outrem, tendo
como pretensão resgatar os eventos pretéritos da forma com efetivamente ocorreram. Isso porque
entre o Eu que narra e o Eu que vivenciou a história sempre haverá um sujeito enunciativo que, ao
rememorar, ressignifica a sua existência no fio dialógico da linguagem humana.

Palavras-chave: Autobiografia; Memória; Espaço Biográfico.

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MEMÓRIA E ESPAÇO BIOGRÁFICO EM ATOS NAS NARRATIVAS LITERÁRIAS
CONTEMPORÂNEAS
Vânia Lúcia Menezes Torga, UESC/Diálogo-USP
vltorga@uol.com.br

A presente proposta de comunicação, recorte de um projeto em desenvolvimento, tem como


objetivo investigar como a falta, constitutiva da memória, se configura no espaço biográfico em
narrativas literárias contemporâneas. A questão de pesquisa: como a falta, constitutiva da
memória, se configura no espaço biográfico nas narrativas literárias. Ao contrário do que se pensa,
a falta pode ser central na tessitura das narrativas e como justifica a investigação em
desenvolvimento. A metodologia adotada é a qualitativa, bibliográfica e tem como corpora, as
narrativas: de Carrascoza: Caderno de um ausente; Scholastique Mukasonga: A mulher de pés
descalços. “Ato” indicia um jogo com os sentidos da palavra, ora remetendo a ação, movimento,
ora remetendo à divisão em partes (ou atos como no teatro), um encadeamento da ação das
personagens, ação da palavra sobre uns e outros, o lembrar, o esquecer movidos pela palavra e
pelos silêncios, pelos ditos e não ditos constituintes da memória. Partindo dos conceitos basilares
da teoria dialógica do discurso, entendo que falar de memória, de esquecimento, de falta um
movimento enunciativo de trazer para o presente o que se pensa que foi um dia, põe em jogo as
posições axiológicas do recordador, do narrador, ou de ambos, do contador de historias.. A
memória, e o esquecimento, pois falar de um é falar do outro, se materializam mediados pelos
registros, seja na escrita, seja nas pinturas rupestres, nos mármores das esculturas, nas pedras de
muros construídos nas grandes fazendas pelos homens escravizados, nas tintas dos quadros
renascentistas, surrealistas –aqui eu cito Salvador Dali com sua obra A persistência do tempo,
indiciando que trazer para a cena “um e outro” é buscar a recuperação de esquecimentos ou na
tentativa de presentificar um tempo perdido.

Palavras-chave: Narrativas literárias; memória; falta; espaço biográfico

NÃO É SÓ UMA GRIPEZINHA, PRESIDENTE! (D)EFEITOS DE SENTIDO DO ENUNCIADO


GRIPEZINHA E A RESPONSIVIDADE MATERIALIZADA EM COMENTÁRIOS E CARTAZES
Emerson Tadeu Cotrim Assunção, PPGL/UESC; UNEB
emersonbrumado@hotmail.com
Urbano Cavalcante da Silva Filho, PPGL/UESC; IFBA
urbanocavalcante@yahoo.com.br

Com a eleição de Jair Bolsonaro em 2018 para a presidência do Brasil, o país presenciou uma
guinada política e ideológica à extrema-direita, já que vínhamos de 20 anos de presidentes de
espectros de esquerda e centro-direita e, pari-passu, a emergência de discursos políticos com outros
enfoques e temas. Durante a pandemia provocada pelo Sars-Cov-2, Bolsonaro se movimentou
discursivamente em diversas direções, ora negando os efeitos da pandemia, ora suavizando a
doença em si. Dentre esses discursos, apresentamos aqui o pronunciamento oficial feito pelo
presidente em 24 de março de 2020, primeira vez que Bolsonaro usa o enunciado gripezinha. Com
isso, pretendemos mostrar como esse enunciado aparece rarefeito em duas outras manifestações:
a) os comentários no Facebook do presidente no momento do discurso e b) em cartazes de protesto
contra Bolsonaro. Para a análise, nos valemos de teorizações sobre enunciado (BAKHTIN, 2015;
BAKHTIN, 2006), interação verbal (VOLÓSHINOV, 2018) e responsividade (BAKHTIN, 2006). A
pesquisa se enquadra na abordagem qualitativa (FLICK, 2009) e seguimos os procedimentos: i)
seleção do discurso de Bolsonaro disponível no portal da presidência da República; ii)
mapeamento dos comentários, que trazem o enunciado gripezinha, no Facebook do presidente no

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momento da performance e classificação entre oposição/concordância e iii) seleção, em portais
de notícias, de cartazes de manifestações/protestos que registram o gripezinha. As análises nos
autorizam dizer que quando (re)produzimos um enunciado, o fazemos já com o nosso tom
valorativo, evidenciando a responsividade de quem o (re)produz. Tanto é assim que nos
comentários de apoio, vemos um tom valorativo de aquiescência com a minimização da pandemia
e, de igual modo, os cartazes de protesto com o enunciado gripezinha como crítica à gestão do
presidente frente à pandemia.

Palavras-chave: Análise dialógica do discurso; Discurso político; Bolsonaro; Enunciado;


Responsividade.

NARRATIVAS AUTOBIOGRÁFICAS E ESCRITA ACADÊMICA: UM OLHAR PARA O


AUTORREVELAR-SE EM TEXTOS MONOGRÁFICOS DO CURSO DE PEDAGOGIA/EDUCAÇÃO
Patrícia Azevedo Gonçalves, PUCRS
patricia.goncalves87@edu.pucrs.br

A presente pesquisa teve por objetivo compreender, através da análise da seleção de


experiências e das escolhas quanto aos modos de narrar, como estudantes do curso de
Pedagogia/Educação se inscrevem enquanto autoras de seus textos autobiográficos e mobilizam
estratégias de distanciamento e auto-objetificação. Para tanto, após abordagem teórica acerca
de temas como autoria, consciência individual, excedente de visão e conhecimento e auto-
objetivificação, na análise, foram discutidos enunciados de quatros trabalhos acadêmicos. Nossa
proposta buscou organizar-se, principalmente, a partir dos textos Por uma metodologia das
Ciências Humanas (BAKHTIN, 2017) e Para uma filosofia do ato responsável (BAKHTIN, 2010). Como
resultado de nossa investigação, destacam-se estratégias como a escolha lexical (metaforização,
emprego de adjetivos) para semiotização e valoração dos eventos narrados; o emprego de
primeira pessoa e o diálogo aberto como formas de instanciar a ética e a responsabilidade pelos
posicionamentos assumidos, bem como materializar previsões quanto ao auditório social dos textos
produzidos; e a construção de um projeto de texto no qual os agentes partícipes dos atos
recuperados são categorizados e suas ações são reacentuadas em diálogo com outras narrativas.

Palavras-chave: Narrativas Autobiográficas; Escrita Acadêmica; Auto-Objetificação; Excedente


de Visão e Conhecimento; Autoria.

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O CORPO FEMININO NO ESPAÇO-TEMPO: ANÁLISE COMPARATIVA DE PROPAGANDAS
DAS DÉCADAS DE 1970 E 2010 NO BRASIL E NA FRANÇA
Letícia Thomé de Oliveira, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas-USP
leticia.thome.oliveira@usp.br

Objetiva-se investigar as mudanças na representação da mulher e seu corpo em anúncios


publicitários de duas línguas/culturas. Os conceitos de enunciado, signo ideológico e gênero do
discurso elaborados pelo Círculo de Bakhtin guiarão a análise dos reflexos e refrações de um
fenômeno social em transformação em anúncios publicitários: as representações da mulher e do
seu corpo no tempo e no espaço. Foi realizada uma análise comparativa de anúncios do Brasil e
da França, das décadas de 1970 e de 2010. A comparação revelou que, nos anos de 1970, a
mulher e seu corpo nos anúncios brasileiros são representados de maneira desigual em relação ao
homem, fato determinado pelo contexto político e social autoritário e conservador no Brasil nesse
período, enquanto na França eles adquirem uma representação mais igualitária em razão de um
contexto mais progressista e contestador da tradição. Na década de 2010 tanto Brasil como
França vivem regimes democráticos, o que revelou um maior equilíbrio na forma como a mulher é
retratada nos anúncios: em ambos os países observou-se uma maior igualdade da imagem da
mulher em relação à do homem.

Palavras-chave: anúncio publicitário; imagem da mulher; análise comparativa; Brasil; França.

O DIALOGISMO E O DIALOGAL: RELAÇÕES POSSÍVEIS PARA O ENSINO DA


ARGUMENTAÇÃO NA INTERAÇÃO EM AULAS DE PORTUGUÊS COMO LÍNGUA MATERNA
Soade Pereira Jorge Calhau, UESC
soade_pereira@hotmail.com

Uma das características das sociedades democráticas é o direito a posicionar frente às diferentes
situações. Nesse ínterim, a escola tem um papel essencial na garantia ao direito à argumentação
(PACIFICO, 2016), mobilizando propostas de atividades que contribuam com o desenvolvimento e
a coordenação das capacidades discursivas e argumentativas (AZEVEDO, 2016; GRÁCIO, 2016).
Propostas de atividades que reconhecem a relação intrínseca entre discurso e argumentação
ampliam as possibilidades de práticas didáticas e pedagógicas dos educandos e, por conseguinte,
do exercício à cidadania. Nesse sentido, esta proposta de comunicação, de abordagem teórica,
interpretativa e argumentativa, inscreve-se como uma possibilidade de diálogo entre o dialogismo
bakhtiniano e a concepção dialogal da argumentação postulada por Plantin (2008 [2005]). Para
tal, teoricamente, a discussão empreendida baseia-se, no primeiro momento, nas contribuições dos
estudos dialógicos de Bakhtin e sua importância para o ensino de língua portuguesa, de acordo
com Fiorin (2011) e Brait (2012). Em seguida, debruça-se nos estudos sobre a retórica aristotélica,
à Nova Retórica de Perelman e Olbrechs-Tyteca e nos desdobramentos na argumentação
interacional postulados por Plantin (2008 [2005], 2011) e ampliados por Grácio (2011, 2013,
2016), bem como na Argumentação no Discurso com base em Amossy (2018). No terceiro momento,
pretendemos trazer Pistori (2013, 2019) para mostrar os lugares de encontro entre retórica
clássica e os estudos bakhtinianos e, em continuidade, realizaremos as possibilidades de
aproximação com a argumentação na interação. É uma proposta em construção, logo,
apresentamos parcialmente ao final da comunicação algumas relações possíveis que consideramos
importantes para o ensino da argumentação sob uma perspectiva dialógica e que contemple
práticas de ensino de qualidade.

Palavras-chave: Dialogismo. Dialogal. Argumentação na interação. Ensino de Português.

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O DISCURSO PARENTAL SOBRE A CARDIOPATIA CONGÊNITA:
O “INCÔMODO” MANIFESTO NAS REDES SOCIAIS
Regina Maria Ayres de Camargo Freire, PUC-SP
freireregina@uol.com.br
Carlos Eduardo Borges Dias, PUC-SP
borgesdias.edu@gmail.com

As cardiopatias congênitas são doenças crônicas com alta letalidade entre as crianças. No Brasil,
em 2007, 6% das mortes em menores de um ano foram causadas por cardiopatias congênitas. As
raras pesquisas que abordam as implicações psicológicas que o diagnóstico dessa doença tem
sobre os pais apontam que tal condição pode despertar neles sentimentos de tristeza, raiva, medo
e culpa e, especialmente em relação às mães, pode causar o estresse pós-traumático, depressão
e ansiedade. Com efeito, para investigar essas implicações, tais pesquisas se pautaram na
aplicação de testes e questionários em vez de analisar o discurso parental. Buscando oferecer uma
metodologia alternativa, o objetivo desse trabalho foi analisar o discurso de familiares de crianças
cardiopatas presente em uma rede social a partir de uma perspectiva fundamentada na
psicanálise. Os resultados preliminares dessa análise sugerem que o diagnóstico implica no luto da
criança ideal vigente no imaginário dos pais, que não é imediatamente substituída pela imagem
de uma criança cardiopata, já que, a despeito de toda informação fornecida pelos profissionais
da saúde, no lugar desse ideal, surge no discurso parental um desconhecimento relacionado à
concepção da doença – marcado, por exemplo, no distanciamento em relação ao discurso médico
(“não entendo o que eles dizem”) e nas incessantes solicitações de relatos de experiências
semelhantes (“meu filho fará a cirurgia X, alguém já passou por isso?”). Como argumenta Freud
em seu trabalho sobre o incômodo (unheimlich), o desconhecido que provoca o medo diz respeito
não ao que é novo, mas a algo íntimo para o sujeito: é o caso de sua relação com a morte.
Concluímos que a contínua possibilidade da perda de um filho atinge o que Freud chamou de
“ponto mais delicado do sistema narcísico”, a saber, o da imortalidade do Eu, cuja segurança dos
pais é obtida refugiando-se na criança.

Palavras-chave: cardiopatia congênita; discurso parental; psicanálise.

O DISCURSO POLÊMICO EM REPORTAGEM DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA NO LIVRO


DIDÁTICO DE PORTUGUÊS
Jamille Santos Oliveira, UESC/ SEC-BA
jamelleca@gmail.com

A escola possui um importante papel na formação dos sujeitos fornecendo subsídios para que estes
possam tornar-se cidadãos críticos capazes de se posicionarem de forma crítica e ativa em
situações diversas. Diante do contexto pandêmico atual, com o aumento das fake news e,
principalmente, das fake sciences - informações falsas relacionadas à ciências - a escola precisa
direcionar seu olhar para observar como os gêneros da Divulgação Científica (DC) estão circulando
na esfera educacional e como tais enunciados podem contribuir no combate à desinformação, à
veiculação de informações inverídicas. Neste trabalho, nosso objetivo é analisar como um gênero
da DC no livro didático de Português relaciona o discurso da ciência com o do movimento
negacionista dos terraplanistas, marcados por conflitos sócio-histórico-ideológicos, e como
colaboram para a valorização da ciência e para o combate às fake news. Com esse fim,
selecionamos uma reportagem de DC presente no livro didático de Português do 9º ano do Ensino

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Fundamental, da coleção Singular & Plural: leitura, produção e estudos de linguagem (BALTHASAR;
GOULAR, 2018), para observar como se dá a articulação do discurso da ciência e dos
terraplanistas. Para desenvolvemos nossa análise, partimos do conceito de discurso bivocal
polêmico de Bakhtin (2018) para evidenciar as relações dialógicas presentes no referido
enunciado. Assim, nessa apresentação, pretendemos, inicialmente, abordar os conceitos de
relações dialógicas e discurso bivocal polêmico para, em seguida, analisarmos como a voz do
outro (do terraplanista) relaciona-se com a voz da ciência na construção dos sentidos constantes
em tal reportagem. Percebemos que a relação dialógica entre as vozes presentes no texto dão
um tom valorativo, evidente na recorrência do discurso polêmico velado e aberto. Dessa forma,
defendemos com essa análise que é possível oportunizar aos estudantes, destinatários presumidos,
assumirem uma atitude responsiva diante do que leem.

Palavras-chave: Divulgação Científica; Discurso Polêmico; Livro Didático de Português; Fake News.

PRINCÍPIOS DIALÓGICOS PARA UMA HERMENÊUTICA DO TESTEMUNHO LITERÁRIO


Yuri Andrei Batista Santos, USP/Université de Paris,
batista.yuriandrei@gmail.com

O uso em linguagem, numa leitura que aproxima a linguística aplicada e a teoria dialógica do
discurso, possibilita a inscrição do sujeito nas mais diversas práticas sociais. O testemunho literário,
prática de linguagem contumaz da contemporaneidade, é uma dessas práticas sociais que
dimensiona a interação do sujeito com o real, nesse caso específico, uma evidencia de um retorno
da morte para vida, uma volta a um mundo em que nada mais se parece com o que deveria ser.
Dada a frequente ocorrência desse uso de linguagem que, nas margens da estética literária,
elabora tópicos como o trauma pessoal/histórico, a memória individual/coletiva, buscamos
problematizar a constituição do testemunho pelo viés do discurso dialógico. Em cossonância com o
que sugere Moita-Lopes (2008), partimos do olhar da metalinguística bakhtiniana sobre o discurso
para compreender o testemunho literário, tendo em vista a relação com os elementos linguísticos e
extralinguísticos que condicionam tal uso em linguagem. Nossa interface teórico metodológica se
constrói a partir de trabalhos que discutem a teoria do testemunho como os de Agambem (2009),
Seligmann-Silva (2000; 2003), Assmann (2007) e Jaiser (2006), em vínculo com a perspectiva
discursiva proposta nos trabalhos de Bakhtin (2015a; 2015b), Medviédev (2016) e Volóchinov
(2017; 2019). Contemplamos, em nosso corpus de trabalho, excertos de obras autobiográficas em
que observamos o fazer testemunhal: Ainda estou aqui, de Marcelo Rubens Paiva (2015) e weiter
leben: Eine Jugend, de Ruth Klüger (1992). Esperamos contribuir com orientações teórico-
metodológicas que apontem caminhos para uma hermenêutica, uma forma de leitura e
compreensão desse fazer em linguagem que nasce de uma relação aporética: a impossibilidade
de representação de acontecimentos tão destrutivos que não conseguem ganhar conformidade nas
dimensões do pensamento humano e, ao mesmo tempo, a necessidade de falar sobre essas feridas
profundas que marcam os processos identitários intergeracionais de vários sistemas culturais.

Palavras-chave: testemunho literário; metalinguística bakhtiniana; discurso autobiográfico;


trauma; memória

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SIMPÓSIO 03

TEMAS, DIÁLOGOS E REFLEXÕES SOBRE O ENSINO: LINGUÍSTICA, PSICOLOGIA E


EDUCAÇÃO EM FOCO

Coordenador: Anselmo Lima, UTFPR


selmolima@hotmail.com
Silviane Barbato, UnB
Dalvane Althaus, UTFPR

Este simpósio tem como objetivo propor temas, diálogos e reflexões sobre o ensino, do ponto de
vista da Linguística Aplicada, da Psicologia do Desenvolvimento e da Educação. Para isso, reúne
pesquisadores dessas três áreas oriundos de quatro instituições diferentes (três brasileiras – IFG,
UnB e UTFPR – e uma colombiana – Universidad del Valle-Colômbia), que apresentarão e
colocarão em pauta os seguintes trabalhos: 1) Formas relativamente estáveis de atividade docente:
o que elas têm a ver com a saúde do professor?; 2) Uma trajetória de formação de interveniente
em Clínica da Atividade Docente; 3) Semiosfera e valores sociais em narrativas escritas por
crianças de 10 e 11 anos em duas escolas colombianas; 4) Práticas dialógicas em tensões
polifônicas nas trajetórias de transição educacional; 5) O ensino virtual de português para
estrangeiros: do Brasil para o mundo; e 6) Dinâmicas polifônicas na formação do professor.

Palavras-chave: linguística aplicada; psicologia do desenvolvimento; educação; ensino; escola.

COMUNICAÇÕES DO SIMPÓSIO
FORMAS RELATIVAMENTE ESTÁVEIS DE ATIVIDADE DOCENTE: O QUE ELAS TÊM A VER
COM A SAÚDE DO PROFESSOR?
Anselmo Lima, UTFPR, selmolima@hotmail.com

Dizer que existem formas relativamente estáveis de atividade docente equivale a dizer que essa
atividade possui um lado de repetição e inseparavelmente um lado de recriação. Tudo o que um
professor diz e/ou faz já foi dito e/ou feito antes, de uma forma ou de outra, por ele mesmo ou
por outros professores. Nesse caso, tudo o que o professor faz é repetir o que outros professores,
incluindo ele mesmo, já disseram e/ou fizeram. Mas um professor, ao repetir os ditos e/ou os feitos
de outros, também ao mesmo tempo os recria. Nesse sentido, gestos profissionais docentes
correspondem a soluções encontradas pelos professores para certos problemas de trabalho
enfrentados sob determinadas condições e em determinadas circunstâncias. Assim, ao mesmo
tempo em que se repete o gesto, é preciso recriá-lo, ajustando-o a novas condições e circunstâncias:
a recriação de gestos profissionais docentes que se tentam repetir exige do sujeito trabalhador
um constante engajamento na recriação de gestos já realizados. Com o tempo, em função
especialmente da inexistência de um verdadeiro coletivo de trabalho que possa apoiar o professor
e no qual ele mesmo possa se apoiar, é comum que esse engajamento vá diminuindo ou se
atrofiando, até o ponto de desaparecer completamente, ou quase! Nesse caso, o professor passa

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a repetir gestos praticamente ao idêntico, sem recriação. Disso resultam gestos disfuncionais e
problemáticos porque são pouco ou nada adaptados a seus novos contextos. Esses gestos – além
de comprometerem o desenvolvimento do coletivo profissional e de prejudicarem a qualidade do
trabalho – acabam por gradualmente levar o professor ao adoecimento. Então, uma das condições
para a promoção da formação continuada e da saúde do professor é a possibilidade de repetir
o trabalho com recriação. Esta apresentação vai propor reflexões e discussões acerca dessas
questões.

Palavras-chave: atividade docente; repetição com recriação; saúde; gestos profissionais;


formação continuada.

UMA TRAJETÓRIA DE FORMAÇÃO DE INTERVENIENTE EM CLÍNICA DA ATIVIDADE


DOCENTE
Dalvane Althaus, UTFPR, dalvanea@gmail.com

Este trabalho apresenta um recorte de uma tese que investigou a formação e o papel do
interveniente em Clínica da Atividade (CA), por meio de um estudo de caso em autoconfrontação
sobre práticas, inicialmente, docentes e, posteriormente, discentes, da Universidade Tecnológica
Federal do Paraná, Campus Pato Branco (ALTHAUS, 2019). A CA é uma perspectiva teórico-
metodológica que visa a provocar e estudar transformações em situações de trabalho (CLOT,
2010). Para tanto, utiliza-se de métodos indiretos, tal como o de autoconfrontação, que, de modo
geral, coloca os participantes autoconfrontados em um movimento dialógico de observação de si
e de um colega em ação, a fim de perceber o que fazem, como realizam e como podem agir
diferente. O interveniente é a pessoa que conduz a autoconfrontação, cabendo considerar,
especialmente, que a CA tem como primazia a ação e uma importante premissa de que o expert
na atividade em pauta é o agente da atividade. Assim, para se tornar interveniente é necessário
aprender a conduzir os aspectos conceituais e pragmáticos da CA de modo adequado. No caso
estudado, a trajetória para se tornar interveniente pode ser disposta por três dimensões: 1ª)
estudos contínuos sobre conceitos em Clínica da Atividade, Linguagem, Psicologia e Educação,
amparados na interlocução com o coletivo do grupo de pesquisa Linguagem, Atividade e
Desenvolvimento Humano (LAD’Humano); 2ª) imersão em autoconfrontações, inicialmente,
auxiliando intervenientes mais experientes até chegar à condição de atuar na formação de outros,
vinculada a um programa intitulado “Práticas Docentes: dialogar, compartilhar e refletir” (LIMA,
2016); 3ª) analisando dados de autoconfrontações e desenvolvendo a escrita cientifica sobre os
resultados. A análise da formação da interveniente foi realizada por meio do estudo de seu
discurso em situações de autoconfrontações, identificando marcas linguísticas de seus deslizes e
acertos, de sua transformação para se tornar interveniente.

Palavras-chave: clínica da atividade docente; interveniente; formação.

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SEMIÓSFERA E VALORES SOCIAIS EM NARRATIVAS ESCRITAS POR CRIANÇAS EM DUAS
ESCOLAS COLOMBIANAS
Danna Aristizábal Oviedo, UnB
danna.oviedo@aluno.unb.br
Mónica Roncancio Moreno, Universidad del Valle-Colombia
monica.roncancio@correounivalle.edu.co

O estudo dos valores sociais como processo psicológico torna-se relevante no mundo
contemporâneo, uma vez que sua compreensão está relacionada aos processos sociais de
construção da paz ou violência. Na perspectiva semiótica cultural do desenvolvimento (Valsiner,
2007; 2014), os valores sociais são considerados como sistemas semióticos que alimentam
diferentes posições pessoais assumidas pelos indivíduos nos diferentes contextos em que se
desenvolvem (Hermans, 2001). Nos contextos escolares o estudo da vivência cotidiana da criança
permite enriquecer o campo do conhecimento sobre a dinâmica das relações que são vividas e
gerar propostas de formação de professores voltadas para a convivência escolar. Assim, este
estudo tem como objetivo caracterizar o sistema semiótico -semiósfera (Lottman, 1984) - de
crianças entre 10 e 11 anos relacionado ao seu sistema de valores em duas instituições de ensino
em duas cidades da Colômbia. Textos narrativos autobiográficos foram utilizados para
caracterizar a semiósfera e os elementos que, segundo Lottman (1984), o estruturam:
individualidade semiótica, troca e tradução de outras realidades. Foram descritos os valores de
cooperação, solidariedade, competição e individualismo. Inicialmente, foi realizada uma revisão
geral com indicadores para rastrear a presença de valores e, posteriormente, foram
aprofundados os significados associados ao tipo de valor presente nas narrativas. Os valores do
individualismo e da solidariedade foram os mais frequentes nas narrativas. Os resultados em cada
um dos valores, em função das características exploradas da semiosfera, mostram que pode haver
diferenças na presença de certas características dos elementos que a compõem, embora não tenha
características específicas associadas a um tipo de valor ou outro. A análise dos aspectos
pragmáticos dos relatos das crianças mostra diferenças nos significados que atribuem às suas
narrativas e que configurariam o tipo de valor que emerge.

Palavras-chave: desenvolvimento; contexto escolar; narrativas; sistema semiótico.

O ENSINO VIRTUAL DE PORTUGUÊS PARA ESTRANGEIROS: DO BRASIL PARA O MUNDO

Siderlene Muniz-Oliveira, UTFPR


smoliveira@utfpr.edu.br

O objetivo deste trabalho é relatar uma experiência vivida como professora em um curso de
português para estrangeiros, de modo virtual, nesse período de pandemia em que as tecnologias
são as ferramentas essenciais no processo de ensino-aprendizagem. Partimos de uma perspectiva
dialógica da linguagem em que o diálogo é considerado o motor do desenvolvimento humano,
sendo a interação verbal a realidade fundamental da língua (Voloshinov, 1929). Como resultados,
serão abordadas as tecnologias utilizadas no processo de ensino-aprendizagem e as diferentes
formas de interação social neste processo educativo consideradas possibilidades de
desenvolvimento de capacidades de linguagem (Dolz; Pasquier, Bronclart, 1993) dos alunos do
curso.

70
PRÁTICAS DIALÓGICAS EM TENSÕES POLIFÔNICAS NAS TRAJETÓRIAS DE TRANSIÇÃO
EDUCACIONAL
Fernanda Pimentel Faria de Miranda, IFG
psimiranda@hotmail.com

Práticas dialógicas orientadas à formação integral na transição educacional do Ensino Médio (EM)
promovem rupturas nos modos convencionais de relações em espaços escolares, mobilizando
processos de transformação pessoal-coletiva em cronotopos gerados entre estudantes e
professores. Objetivando compreender em profundidade dinâmicas intersubjetivas que emergem
e se modificam em períodos de transição, analisamos longitudinalmente as vivências narradas por
cinco jovens no EM Técnico Profissional em uma unidade do Instituto Federal (IF) ao longo de 25
meses. A análise dialógico-temática das entrevistas gerou um sistema de polifonias, cuja
intersecção produziu a escola, simultaneamente, em dois temas: Espaço de Formação Técnica-
Profissional e Espaço Público, Político e Democrático, regulados pelo significado Igual Faculdade,
tensionando práticas monológicas conteudistas e dialógicas orientadas à construção democrática
da instituição. Os jogos polifônicos entre professores e estudantes orientados pelo sentido de
respeito mútuo em proposição de soluções coletivas geraram vínculos de pertencimento, integração
e cuidado em reciprocidade, transformando a relação mando<>obediência vivida nas escolas
anteriores pela possibilidade de falar, questionar, ser ouvido e ter opinião. No 1º ano do EM, a
emergência de agencialidades participativas em reuniões e manifestações políticas com sentido
de luta por direitos transformaram-se em agencialidades autorais em deliberações coletivas como
representantes discentes e nas atuações políticas em entidades estudantis com maior evidência no
2º e 3º anos. Os multiplanos polifônicos interseccionaram cronotopos do ciberespaço e da cidade
em interpretações convergentes da escola como espaço de qualidade que prepara para a vida
e a universidade, e interpretações divergentes tensionando vozes sociais progressistas e
conservadoras na ambivalência escola livre versus liberal demais. Nos IFs, as práticas de educação
integral abrangendo formação técnica, propedêutica e cidadã tencionam monologias e dialogias
em ambivalências, que reverberaram nas trajetórias educacionais como transformação pessoal-
coletiva gerada em espaços dialógicos abertos à reflexividade, potencializando criação
colaborativa de intervenções em agencialidade autoral no exercício da cidadania.

Palavras-chave: polifonia; intersubjetividade; transição educacional.

DINÂMICAS POLIFÔNICAS NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR


Silviane Barbato, UnB, barbato@unb.br

Os processos educacionais e de formação profissional são modificados em eventos de impacto,


prolongados por período indeterminado, enfrentando obstáculos que se impõem pela modificação
súbita das condições de socialização e desenvolvimento, por experiências traumáticas, de
mudanças nas rotinas, nas interpretações de si, do outro e do mundo e nos processos de
identificação. Nesta sessão, discuto como os estudantes de licenciatura interpretaram a relações
entre Educação e Psicologia do Desenvolvimento antes, agora e depois, em fórum de
aprendizagem colaborativa. O tema foi enunciado no moodle e os estudantes foram convidados
a participar com um texto e imagem(ns) pessoais e dois comentários a mensagens de colegas.
Participaram 31 estudantes, durante 4 semanas, sem intervenção da professora. Aplicou-se a
análise dialógico-temática e o UCINET. Os resultados indicaram que tornar-se professor foi
motivado por bons exemplos no passado; as imagens utilizadas foram de classes cheias,
professores perto fisicamente dos estudantes, manipulando livros e cadernos, práticas tradicionais
e rodas de Paulo Freire. Enquanto no presente e no futuro há necessidade de soluções emergenciais

71
por parte do governo, que não responde à demanda, e da geração de novas formas de aprender;
as imagens são de estudantes sozinhos diante da tela e mesas de trabalho remoto. As polifonias
enfocaram o impacto das mudanças liminares introduzidas pela pandemia nas expectativas e nas
interações, alteradas pela virtualidade. Tendo as desigualdades socioeconômicas sido acirradas,
tornando-se visíveis, houve a produção de ambivalências entre os prejuízos ao desenvolvimento do
fazer ativo dos estudantes, à aprendizagem e à continuidade dos estudos e os ganhos com a
geração de metodologias alternativas digitais e a autonomia no aprender e estudar. As soluções
foram orientadas à necessidade de desenvolvimento de novas pedagogias e políticas públicas em
educação.

Palavras-chave: pandemia; liminaridade; formação docente; polifonias; ambivalências.

TEMÁTICA 04 - DECOLONIALIDADE EM CONTEXTOS DIVERSOS

A DIMENSÃO AFETIVA DAS LINGUAGENS: ARQUÉTIPOS CATÁRTICOS E


DECOLONIZADORES

Coordenador: Francisco Estefogo (CULTURA INGLESA/UNITAU)


Daniela Vendramini-Zanella (UNISO)
Valdite Pereira Fuga (FATEC-MOGI)

O impacto social, econômico e tecnológico, decorrente do progresso industrial e tecnológico


contemporâneo, é veiculado por meio das diversas formas de manifestação da linguagem, pois
todos os conceitos, sentidos, ideias e sentimentos são concretizados e externados por esse
mecanismo tipicamente humano. As linguagens dizem respeito a tudo que nos cerca e constroem
sentidos do ponto de vista semiótico, considerando os processos de significação na natureza, na
cultura, no tecido social e na história. Entende-se que as linguagens têm uma dimensão
imprescindível na construção da afetividade humana, em razão de o afeto e de a cognição
estarem imbricados dialética e intimamente. A vida emocional está relacionada a outros processos
psicológicos e ao desenvolvimento da consciência na construção de novos saberes. Os aspectos
emocionais se fundam na imaginação por meio de representações e imagens, ou seja, as linguagens
presentes, advindas das vivências concretas, na relação com o mundo. Vygotsky, pautado em
Aristóteles, em Espinosa e em Marx, concernente às emoções, às paixões e à materialidade,
concebe essa dinâmica como um movimento catártico a partir da reação estética emergida da
percepção sensorial, o que catapulta sentimentos ressignificados, a imaginação subjetiva, a
criatividade, a renovação e, por conseguinte, a construção de novos conhecimentos. Apreende-se
que a catarse engendra práticas epistemológicas. Na perspectiva vygotskiana, como os modos de
pensar, sentir e agir são atravessados por significados e conceitos culturalmente construídos,
seguramente substancializados pelas linguagens, a gênese da vida afetiva social é mediada pelo
contexto sócio-histórico-cultural. Entender os novos tipos de linguagens é mister para que se possa
dimensionar o seu impacto afetivo, o fomento de catarses e a construção de novos conhecimentos.
Este simpósio objetiva reunir trabalhos que discutam a dimensão afetiva das linguagens como
movimento catártico, emancipador, decolonizador e de resistência, com vistas ao desenvolvimento
da consciência e ao fomento de novas formas de agir no mundo, numa toada criativa, com impactos
emocionais, epistemológicos e revolucionários.

Palavras-chave: dimensão afetiva; catarse; linguagem; decolonialidade.

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CONSTRUINDO PRÁTICAS DIDÁTICAS DECOLONIAIS POR MEIO DA COMPREENSÃO DOS
DISCURSOS SOBRE A PANDEMIA DO CORONAVÍRUS
Tony Berber Sardinha, PUCSP
Fernanda Liberali, PUCSP

A pandemia de coronavírus espalhou o horror pelo mundo, não apenas por causa do número de
mortes que devastaram famílias e grupos sociais, mas também por conta das respostas econômicas,
políticas e sociais que o mundo forneceu a ela. Em diferentes países, a negação patrocinada pelo
Estado, as notícias falsas e a falta de decisões pró-vida expandiram o terrível cenário e deixaram
as pessoas mais vulneráveis. O objetivo principal deste estudo é expressar como a análise dos
discursos sobre a pandemia pode se tornar um poderoso tema para o desenvolvimento de práticas
didáticas decoloniais que podem levar a uma atitude e ação mais crítica em relação à vida
durante e após a pandemia. A comunicação apresenta a ideia de necropolítica e seus resultados
escandalosos em nossa realidade atual e, ao mesmo tempo, sugere práticas decoloniais para
superar a tragédia das formas tradicionais coloniais de abordar a vida. Será apresentada a
análise do discurso em torno da pandemia de coronavírus baseada em análise de um grande
corpus de notícias em inglês que identificou os padrões de léxico compartilhado entre os textos.
Tendo em mente que os discursos são 'formas de olhar o mundo, de construir objetos e conceitos
de certas maneiras, de representar a realidade' (Baker & McEnery, 2015, p. 5), a apresentação
sugere cinco grandes discursos que moldam a forma como o mundo comunica notícias e opiniões
sobre a pandemia do coronavírus em inglês. Com essas grandes modelagens discursivas, sugere-
se uma proposta didática como meio de avaliar criticamente e refletir a realidade e, ao mesmo
tempo, criar bases para transformá-la.

Palavras-chave: Decolonialidade; Práticas didáticas; Linguística de Corpus; Análise


Multidimensional; pandemia.

O BRINCAR E OS AFETOS: FORMAS DE SER, AGIR E SENTIR

Valdite Fuga (Fatec Mogi das Cruzes/ PUC SP)


Daniela Vendramini-Zanella (Uniso/ PUC SP)

Esta comunicação está inserida na Linguística Aplicada (LA) e nos workshops online oferecidos pela
Global Play Brigade (GPB), uma comunidade internacional de ativistas em diferentes áreas, unidas
para lutar contra a crise global que ameaça o mundo de diferentes maneiras devido à pandemia
da Covid-19. Essas ações estão alinhadas teórico e metodologicamente ao Grupo de Pesquisa
Linguagem em Atividade do Contexto Escolar (GP-LACE) da Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo (PUC-SP). Apresenta como objetivo discutir a abordagem teórico-metodológica
envolvida no planejamento de um workshop intitulado “Global Collaboration: what can young
professionals do?”. Esse planejamento dialoga com as perspectivas spinozana, vygotskiana e
freireana com vistas à compreensão de como as pessoas podem ser afetadas no intuito de
promover a mudança social. Esse workshop foi idealizado por dois professores envolvidos na GPB
que, reunidos com uma colega da mesma instituição acadêmica, decidiram organizar o evento
tendo em vista os conflitos e anseios de seus alunos do Ensino Superior em diálogo com aquilo que
o mundo vivencia. Os participantes dessas três instituições integram cursos nas áreas de: Logística,
Recursos Humanos, Gestão Comercial, Análise e Desenvolvimento de Sistemas entre outros eixos
tecnológicos no contexto da formação profissional. Para alcançar o objetivo, este trabalho
apresenta exemplificações do evento realizado por meio da plataforma Zoom cujas bases teóricas
se perfilam à Pesquisa Crítica de Colaboração (PCcol) e aos princípios basilares da comunidade

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internacional formada pela GPB. Diante dos vários problemas que assolam o cenário atual, este
workshop, vinculado aos demais oferecidos pelo GPB, possibilitou a criação desse espaço, no qual
a criatividade e o pensamento crítico promoveram suporte emocional, desenvolvimento, esperança
e ação por meio do brincar como um recurso fundamental para a compreensão de modos de
experienciar diferentes afetos. Assim, esse workshop demarca uma perspectiva insurgente, na qual
formas de ser, sentir e agir são questões centrais para que se alcance as mudanças sociais.

Palavras-chave: brincar; afetos; colaboração; decolonialidade.

O PATRIMÔNIO VIVENCIAL COMO ALTERNATIVA PARA A MOBILIDADE NO ENSINO


SUPERIOR TECNOLÓGICO

José Carlos Barbosa Lopes (Fatec SP/Faculdade Méliès/ PUC SP)

Esta comunicação tem como objetivo discutir alguns resultados de uma pesquisa em nível de
doutorado sobre ações desencadeadoras de mobilidade em inglês, por meio de um programa de
intercâmbio virtual realizado com alunos do Ensino Superior Tecnológico (EST) de uma instituição
pública do Estado de São Paulo. Trata de aspectos do ensino-aprendizagem de inglês no currículo
de cursos superiores, indicando possibilidades de desenvolvimento de patrimônio vivencial
articulado aos contextos acadêmico e profissional, mais comumente enfatizados nesses espaços
educativos. A ideia é investigar as atividades nesse programa de intercâmbio, no qual alunos
brasileiros e norte-americanos buscam o enriquecimento de habilidades interculturais, linguísticas
e colaborativas pelo uso de diferentes recursos tecnológicos nas interações virtuais. Para
compreender as experiências vivenciadas pelos participantes, a pesquisa analisa diferentes
recursos semióticos suscitados nas relações entre participantes durante o programa e possíveis
impactos nas esferas sociais que tendem a expandir seu agir no mundo. Esse processo pode
impulsionar a mobilidade dos participantes e envolve, inevitalmente, a dialética das diversas
formas de manifestação da linguagem entre o individual e o social, questões inerentes ao tempo
e espaço discursivos, ou seja, um conjunto de fatores que atua no desenvolvimento humano como
um processo sócio-histórico-cultural. Inserida na Linguística Aplicada, essa pesquisa enfatiza a
organização das situações de ensino-aprendizagem para engajamento e transformação social
atrelada a abordagem dos multiletramentos, num processo contínuo, crítico, criativo e de
intervenção. No contexto do EST, busca contribuir na promoção e continuidade de políticas
linguísticas para a internacionalização de instituições brasileiras, expansão de oportunidades de
participação no cenário local e global e práticas de linguagem que favoreçam o patrimônio
vivencial dos participantes, tendo em vista a (re)definição de papéis sociais, a gestão de conflitos
e a tomada de decisões no agir. A investigação, portanto, se coloca numa vertente decolonial, em
que práticas de linguagem colaborativas contribuem para o engajamento nas demandas
emergentes e contrárias à subserviência e desigualdades sociais.

Palavras-chave: mobilidade; patrimônio vivencial; ensino-aprendizagem de inglês;


multiletramentos; internacionalização.

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O PROJETO BRINCADAS E A RUPTURA DA NECROEDUCAÇÃO: CRIANDO O INÉDITO
VIÁVEL
Luciana Kool Modesto-Sarra (Beacon School, LAEL/PUCSP, CAPES, GP LACE)
kms.luciana@gmail.com

Ulysses C. C. Diegues (FATEC Praia Grande, GP LACE, GP NUVYLA)


ulyssesdiegues@gmail.com

O objetivo desta apresentação é mostrar um estudo sobre o Projeto Brincadas, que conta com
quatro subprojetos, e que foi criado como resultado da pandemia da Covid-19, alinhado à Global
Play Brigade (GPB). O Projeto Brincadas reúne professores, estudantes e pesquisadores do Grupo
de Pesquisa Linguagem em Atividades no Contexto Escolar (LACE) que informam e promovem
encontros síncronos e assíncronos, seminários sobre educação, reuniões virtuais para brincar com
participantes de todas as idades e apoio psicológico e financeiro para os necessitados. Este
capítulo fundamenta-se na Teoria da Atividade Sócio-Histórico-Cultural (TASCH), centralizando a
constituição do conceito de atividade e seus aspectos fundamentais na teoria (VYGOTSKY,
1934/1994; LEONTIEV, 1977). Ainda, aborda a concepção do Brincar por Vygotsky
(1934/2001) e o conceito de inédito viável de Freire (1987) em meio a um contexto de pandemia
que evidencia, ainda mais, a desigualdade social existente no país, somado ao exercício da
necropolítica (MBEMBE, 2016) e da necroeducação (LIBERALI, 2020).

Palavras-chave: Projeto Brincadas; Pandemia; Necropolítica; Necroeducação; Inédito viável.

SIMPÓSIO 02

PRÁTICAS DE LINGUAGEM E PRODUÇÃO DE (DES)COLONIALIDADES NO MUNDO


CONTEMPORÂNEO
Coordenador: Fernando Zolin-Vesz (UFMT)
fernando_vesz@hotmail.com
Lívia Márcia Tiba Rádis Baptista (UFBA)
Alexandre José Cadilhe (UFJF)

Este simpósio define seu interesse por promover aproximações e tensionamentos entre a concepção
de (des)colonialidade e a geração de conhecimento na área dos estudos de linguagem, em
particular nas investigações voltadas para as relações entre práticas de linguagem e produção
de (des)colonialidades. O pressuposto subjacente a este simpósio, portanto, é que o fim do
colonialismo político imposto por países europeus a diversas regiões do planeta não significou o
término das relações sociais desiguais que foram geradas por meio de binômios, como europeu e
não europeu, mantendo-se, na contemporaneidade, sob a forma de distintas e complexas
colonialidades, de forma local e global. Nessa seara, os trabalhos deste simpósio buscam desenhar
a arena de embates de sentidos que o termo (des)colonialidade denota, como no caso das práticas
de linguagem que, mesmo na contemporaneidade, ainda constroem e legitimam colonialidades
que reafirmam e robustecem classificações dissimétricas do mundo e da vida social, a exemplo
das categorias de exclusão entre o “ocidente” e o mundo caracterizado como “não ocidental”.
Essas, por sua vez, concorrem para a manutenção de determinadas maneiras de pensar as quais
têm produzido universais excludentes, como se o mundo social tivesse que ser compreendido
apenas por um viés – preferencialmente “ocidentalizado” –, de modo a desqualificar e excluir
todos os demais (“não ocidentalizados”). Sendo assim, este simpósio propõe apresentar

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alternativas, sem purismos ou fundamentalismos, para a interrupção das colonialidades, por meio
de tensionamentos que envolvam as múltiplas interrelações entre linguagens e os sujeitos na
compreensão do mundo e na vida social. A fim de contemplar tais objetivos, o enfoque dos
trabalhos centra-se em temas e problemas relacionados com a concepção eurocentrada de língua,
o conceito de raça na constituição do (não) europeu, gênero e (des)colonialidade, relações
periferia/centro na produção de conhecimento, entre outros.

Palavras-chave: práticas de linguagem; colonialidade; de(s)colonialidade.

COMUNICAÇÕES DO SIMPÓSIO
A COLONIZAÇÃO E O APAGAMENTO DA IMAGEM DE SI
Luiz Carlos Zeferino (PUC-SP)
zeferinodesign@gmail.com

Na obra Ensaio sobre o Entendimento Humano, John Locke apresenta profundas reflexões sobre a
memória enquanto importantíssimo elemento de consciência para um povo e para o ser humano,
principalmente como consciência de si. Mas como lembrar, se tais memórias fossem apagadas? O
presente estudo resgata em forma de artigo científico o conceito de imagem de si, cunhado por
Isócrates e que foi abordado posteriormente por Platão, Michel Foucault, Friedrich Nietzsche e
Valentin-Yves Mudimbe. Ilustrado por eventos históricos da formação e da colonização brasileira,
inclusive com a investida da filologia catequética, o presente estudo problematiza a noção de
brasilidade enquanto identidade, refletindo sobre as muitas identidades que foram apagadas nas
terras aqui colonizadas. Elenca ainda algumas consequências já abordadas por diversos teóricos.
São consequências como o brasileirismo cordial, a extinção do povo Tupinambá e o fenômeno da
crise de identidade do Brasil, manifesto quando estrangeiros apontam as expectativas dos hábitos
da brasilidade, ao mesmo tempo, os próprios brasileiros reproduzem os hábitos dos americanos;
A sede por essa identidade é talvez fruto do apagamentos das diversas identidades brasileiras,
que foi apagado da memória e da história.

Palavras-chave: Decolonialidade, Filosofia, História do Brasil.

A CONCEPÇÃO DA LÍNGUA NACIONAL COMO INVENÇÃO E SUA MATERIALIZAÇÃO E


MANUTENÇÃO EM PRÁTICAS LINGUÍSTICAS NO MUNDO CONTEMPOR NEO
Alinee Silva dos Santos, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá (MT)
santosalinee@gmail.com
Marcos Antonio Castillo Barros, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá (MT)
marcoscastillo@hotmail.es

O mundo contemporâneo, devido ao processo de globalização, vivencia uma série de


transformações em distintas dimensões da vida em sociedade, como a crescente utilização das
novas tecnologias e o acesso à informação cada vez mais facilitado. Como resultado desse
movimento, percebem-se constantes cenários de convivência entre elementos de línguas, as quais,
em uma perspectiva monolíngue, são consideradas distintas, principalmente nas redes sociais e em
ambientes com presença de imigrantes. No entanto, em vez de tal configuração ser percebida
como efeito de um processo decolonial, o que se observa é que, mesmo após tantos anos do fim
do colonialismo e dos evidentes reflexos da globalização, ainda permanecem manifestações

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linguísticas que constroem, materializam e mantêm colonialidades, isto é, estruturas de dominação
que permanecem enraizadas na sociedade, as quais, incentivadas pela concepção eurocêntrica
de língua, reforçam práticas excludentes e reafirmam o conceito de legitimidade na construção do
conhecimento, classificando certas manifestações linguísticas como “certas” ou “erradas”,
“adequadas” ou “inadequadas” e identificando os sujeitos como “nativos” ou “não nativos”. Por
ser assim, a partir da perspectiva da Linguística Aplicada Indisciplinar, área de estudo que propõe
questionar visões cristalizadas e tradicionais sobre o que é produzir conhecimento nos campos dos
estudos linguísticos, e do posicionamento sócio-histórico do(a) pesquisador(a) baseado em suas
vivências e experiências, propomos analisar a materialização e a manutenção da percepção da
língua como invenção em dois trabalhos realizados em âmbito do Grupo de Pesquisa Linguagens
e Descolonialidades (GPLeD-UFMT) que evidenciam o reforço de colonialidades em publicações
nas redes sociais e na produção escolar de adolescentes venezuelanos na cidade de Várzea
Grande - MT. Compreende-se, por fim, que ainda são recorrentes posturas que reforçam e
mantêm colonialidades e que desqualificam práticas linguísticas que não se atenham a isso, o que
faz com que seja ainda mais urgente e relevante o debate sobre (des)colonialidades.

Palavras-chave: colonialidade; práticas linguísticas; invenção colonial das línguas

CORAZONAR E ESPERANÇAR NA PANDEMIA POR MEIO DE LETRAMENTOS DECOLONIAIS


NO ENSINO REMOTO EMERGENCIAL: APROXIMAÇÕES ENTRE LÍNGUA PORTUGUESA
MATERNA E ADICIONAL
Henrique Rodrigues Leroy (UFMG)

A atual crise sanitária e de saúde pública que estamos atravessando tem potencializado e
visibilizado ainda mais as inúmeras e seculares mazelas da nossa sociedade. Essas agruras são
constitutivas e também estão diretamente relacionadas às venenosas dimensões da colonialidade
do poder (QUIJANO, 2005). A pandemia do novo corona vírus tem atravessado nossas
cotidianidades e as epistemologias, as ontologias, a natureza, as linguagens, os gêneros, as
sexualidades, as espiritualidades, as artes visuais e tudo mais que delas fazem parte. Tal qual
acontece nas nossas práticas sócio-culturais, essas diversas dimensões das colonialidades são
traspassadas pelas racializações e também podem ser refletidas e reproduzidas, por meio das
linguagens e suas modalidades orais, escritas e multisemióticas, nas disciplinas ministradas por mim
na Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Portanto, com a
finalidade de provocarmos rachaduras e fendas nesses asfaltos das colonialidades do saber
(LANDER, 2006; CASTRO-GÓMEZ, 2007), do ser (MALDONADO-TORRES, 2007) e das linguagens
(MIGNOLO, 2013; VERONELLI, 2016), esta exposição tem o objetivo de apresentar as memórias,
narrativas e vivências de dois educandos; um da disciplina “Análise da Prática e Estágio do
Português III” e outro educando da disciplina “Prática Supervisionada em Português Língua
Adicional (PLA)”. Ao final dessas disciplinas, os educandos registraram suas memórias e vivências
em portfólios autorreflexivos (LEROY, 2021), que são entregues como trabalhos finais. Nesses
portfólios, os educandos trazem reflexões sobre o aprendizado, sobre as aulas, sobre a didática
do professor das disciplinas lecionadas em Ensino Remoto Emergencial (ERE), sobre os materiais e
textos multimodais lidos, assistidos e debatidos pelos educandos etc. Todas essas reflexões são
atravessadas por suas práticas translinguajeiras (CANAGARAJAH, 2013; GARCÍA & WEI, 2014;
LEROY, 2018, 2020b, 2021) e transculturais (SOUZA, 2017; GUILHERME & DIETZ, 2014), que
visibilizam os sujeitos e todas as suas histórias de vida por meio dos seus mais diversos repertórios
linguístico-culturais . Portanto, pode-se concluir que os portfólios translíngues e transculturais podem
funcionar como práticas de letramentos decoloniais (CADILHE & LEROY, 2020) que sensibilizam o
sentipensar (FALS BORDA, 2003), o corazonar (GUERRERO ARIAS, 2010), o sulear e o esperançar
(FREIRE, 2015), estimulando os educandos a desenvolverem atitudes e posturas decoloniais

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(MALDONADO-TORRES, 2019) na formação de professores de língua portuguesa materna e
adicional.

Palavras-chave: Português Língua Adicional (PLA); Português Língua Materna (PLM); Formação
Ampliada de Professores em Ensino Remoto Emergencial (ERE); letramentos e atitudes decoloniais.

EM “SUA” LÍNGUA CONTAREI A MINHA HISTÓRIA: A EDUCAÇÃO LINGUÍSTICA E O


PENSAMENTO DECOLONIAL EM LMOOCS CHINESES
Prof Dra Dáfnie Paulino da Silva, UNICAMP, profdpaulino@gmail.com
a

Profa Dra Cláudia Hilsdorf Rocha, UNICAMP, claudiahrocha@gmail.com

Este trabalho deriva de um levantamento sobre cursos LMOOC (Language Massive Onlien Open
Courses) dedicados à Educação Linguística, cujos resultados apontaram o uso de LMOOCs como
ferramenta de políticas linguísticas. A fim de entender como o e-learning se torna palco dessas
políticas linguísticas, examinamos um corpus de LMOOCs, coletados no provedor chinês XUETANG,
com enfoque em 12 cursos específicos, voltados ao ensino-aprendizagem automonitorado de inglês
como Língua Estrangeira (LE). Pensamos que a condução desta pesquisa é justificada pela
necessidade de privilegiar práticas metodológicas diferenciadas, que ajudem o aluno a
estabelecer uma relação com a linguagem e interculturalidade consoantes aquilo que tem sido
chamado de pensamento pós e/ou de(s)-colonial. Os achados da investigação indicam que os
cursos aplicam estratégias para promover uma educação linguística baseada no pensamento
decolonial. A análise dos dados mostrou que os cursos exploram uma dinâmica dialógica de
diferenças e semelhanças, entre a cultura da LE e a cultura chinesa, gerando uma prática de
alteridade que faz do “outro” um ponto de conexão para refletir sobre a própria realidade e
saberes locais. Ademais, observamos a aplicação de um chamado método misto, que promove o
ensino de LE baseado em textos e conhecimentos sociohistóricos chineses, traduzidos para o inglês.
Por fim, verificamos que o uso de textos chineses traduzidos para inglês sugere uma estratégia de
transferência, a qual promove valorização e prestígio desses textos locais, pois o processo de
tradução de uma língua a outra é afetado por uma complexa economia de capital literário. Em
nossa leitura, concluímos que essa estratégia mostra como, no caso de línguas usadas no processo
de colonização linguística, o contato com a LE pode ser orientado para trabalhar a autoconfiança,
promovendo a formação cultural e cidadã, por meio de um design instrucional que aplique
conteúdos situados no panorama de saberes prévios do aluno.

Palavras-chave: LMOOCs, e-learning, Decolonialidade, políticas, China.

FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUA ESPANHOLA NA UNILA: PRÁTICAS


DECOLONIAIS NO TRIPÉ ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO

Valdiney da Costa Lobo – Universidade Federal da Integração Latino-Americana


E-mail: valdineylobo@gmail.com

Essa comunicação tem o objetivo de apresentar práticas linguísticas, sociais e culturais na formação
de professores de língua espanhola, no tripé ensino/pesquisa/extensão da Universidade Federal
da Integração Latino-Americana (UNILA), localizada em Foz do Iguaçu, na região da tríplice
fronteira (Argentina, Brasil e Paraguai). Nesse contexto plurilíngue, as fronteiras não são apenas
espaços geográficos, mas também enunciativos (STURZA, 2016), produzindo uma multiplicidade
de textos multissemióticos que podem vir a possibilitar a produção e negociação de sentidos sobre
aspectos linguísticos, históricos, sociais e culturais e construindo um lócus de tensionamento, conflitos
e relações de poder que podem vir a produzir discursos racistas/xenófobos. Compreendo a

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formação de professores de línguas como uma práxis educativo-política e busco tecer relações
com a pedagogia decolonial (WALSH, 2009). Para tanto, estabeleço um diálogo entre o meu
projeto de pesquisa, intitulado “Letramento crítico na produção de material didático para o ensino
de línguas adicionais”; das (in)disciplinas “Letramentos” e “Tópicos de Linguística Aplicada”
(desenvolvida de forma assíncrona) e do projeto de extensão “Pedagogia de Fronteira”. aproprio-
me da construção social de dois ideários no Brasil: o mito da democracia racial (MUNANGA, 2008)
e a imagem de país receptivo (BAENINGER, 2012). relacionados à construção racial dos fenótipos
negroide (MUNANGA, 2008) e andino (VIDAL, 2012). Linguística Aplicada (MOITA LOPES, 2006,
2009; PENNYCOOK, 2006; FABRÍCIO, 2006; KLEIMAN, 2013); Colonialidade do poder
(QUIJANO, 2000); Colonialidade do ser e do conhecimento (ARGÜELLO PARRA, 2015);
Colonialidade da linguagem (VERONELLI, 2015). Por fim, as práticas pedagógicas desenvolvidas
no tripé ensino, pesquisa e extensão buscaram sinalizar para a necessidade de se repensar a
contribuição da LA e da decolonialidade na formação de professores na UNILA, buscando
visibilizar línguas e identidades marginalizadas, além da necessidade de construir experiências,
vivências e existências resistentes em diversos lócus da tríplice fronteira.

Palavras-chave: formação de professores de língua espanhola; práticas decoloniais; linguística


aplicada; tríplice fronteira.

LINGUAGEM INCLUSIVA NA PERSPECTIVA DO ATIVISMO EPISTEMOLÓGICO: O VERBETE


“PRESIDENTA” EM DICIONÁRIOS BRASILEIROS, ESPANHÓIS E GALEGOS
Antón Castro Míguez (UFSCar)
acmiguez@ufscar.br

O objetivo deste trabalho é propor problematizações que possam contribuir para a discussão e a
construção de entendimentos sobre a linguagem inclusiva na perspectiva do ativismo
epistemológico. Para tanto, parte-se da análise das discursividades em que se constrói o verbete
“presidenta” em três dicionários: brasileiro, espanhol e galego. A hipótese inicial é a de que, no
dicionário da Real Academia Galega, diferentemente dos demais dicionários, há um alinhamento
ao que se pode entender como “ativismo epistemológico”. A partir da análise proposta, ancorada
na linguística aplicada em interface com as teorias transgressivas, buscamos construir algumas
respostas para o seguinte interrogante: a linguagem tem a capacidade de incluir ou excluir
independentemente da agência das instituições e sujeitos?

“MANDA PIX” E AS (DES)REGULAÇÕES TECNODISCURSIVAS NO FAZER LABORAL NA


PROSTITUIÇÃO MASCULINA

Marcos da Silva Cruz, PPGL/UFPA, SEDUC/PA


Marcos.cruz@ilc.ufpa.br

Situada em um processo histórico de marginalização, as dinâmicas de sexo tarifado entre homens


são marcadas por uma série de agenciamentos do corpo, simultaneamente na adequação às
demandas do mercado sexual e nas movimentações espaciais. Esses agenciamentos se traduzem
nos usos linguageiros, que caracterizam os processos de subjetivação dos corpos e dos atores
envolvidos na constituição das imagens sociais que permeiam a prostituição masculina homoerótica.
Nesse enquadre, o deslocamento para os aplicativos de pegação sinaliza mudanças sociais,
permitindo descortinar, por meio de marcações linguísticas, as movências em seus modos de
realização. Entre esses registros discursivos, propomos analisar uma marcação linguística (“manda
pix”) e como ela desponta um processo de constituição do fazer laboral dos garotos de programa
em um aplicativo de relacionamento homoerótico, o Grindr. Elegemos, como ponto de observação,
um compósito teórico entre Maingueneau (1993, 2008, 2010, 2018) acerca do funcionamento das

79
práticas discursivas, Marie-Anne Paveau (2012, 2013, 2015a, 2015b, 2016, 2021) sobre a
natureza das tecnologias discursivas e Carla Akotirene (2020) sobre as formas de materialidade
dos elementos interseccionais nas relações de poder. A partir da análise de um corpus composto
por 25 perfis, constatamos a realização de um processo de (des)regulação das formas de
realização da prostituição on-line. Por um lado, os módulos que compõem a tecnologia discursiva
mobilizam enunciados interseccionais que projetam formas de subjetividade específicas para os
usuários, enquanto, por outro, os sujeitos envolvidos nas dinâmicas de sexo tarifado, rearranjam
esses enunciados e organizam de outros recursos semióticos para sinalizar seu objetivo no eixo
econômico. Concluímos que a expressão “manda pix” funciona como uma entrada para o processo
de regulação e movimentação dos enunciados que perfazem os modos de concretização da
prostituição masculine na contemporaneidade.

Palavras-chave: manda pix; tecnologia discursiva; prática discursiva; Grindr.

MULTILETRAMENTO ENGAJADO: POSSIBILIDADE PARA UMA EDUCAÇÃO DECOLONIAL

Luciana Kool Modesto-Sarra (Beacon School, LAEL/PUC-SP/CAPES)


kms.luciana@gmail.com
Fernanda Liberali (LAEL, FORMEP, CED /PUC-SP/CNPq)
liberali@uol.com.br

Diante da desigualdade econômica e social existente no cenário brasileiro e ainda mais


evidenciada na pandemia da Covid-19, um grave problema, em uma crise global, é dada a
necessidade dos sujeitos, de alguma forma, se reinventarem. No contexto escolar, professores e
alunos precisaram se apropriar de novos letramentos explorando e revisitando recursos
multimodais. Diante desse contexto, este artigo pretende apresentar como o Multiletramento
Engajado (LIBERALI, 2021, no prelo), proposto em eventos do Projeto Brincadas, pode servir como
base para promoção de uma práxis decolonial em contextos educacionais e como pode propor
transformações para esse cenário de desigualdades. A base teórica centra-se no inédito viável
(FREIRE, 1970), alternativas para superar situações-limites; na Pesquisa Crítica de Colaboração
(MAGALHÃES, 2009; 2014), com propostas que visem o transformar dos envolvidos na pesquisa;
no Multiletramento Engajado (LIBERALI, 2021), uma proposta de pensar a educação a partir da
imersão na realidade, sua compreensão crítica e a possibilidade de agência na sua transformação.
Por meio da análise das gravações das propostas via Zoom e dos registros de planejamento e
com base em uma perspectiva dialógico-enunciativa, serão discutidas duas propostas didáticas
que tiveram como objetivo (re)pensar práticas educacionais engajadas com o bem viver.

Palavras-chave: Projeto Brincadas; Multiletramento Engajado; Inédito viável; Brincar.

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MUNDOS BINÁRIOS, ESTUDOS POSSÍVEIS - ABORDAGENS DESCOLONIAIS EM PESQUISAS
DE LINGUÍSTICA APLICADA
Leandro José do Nascimento, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá (MT), Brasil.
leandro.nascimentomt@gmail.com
Viviane Braz Nogueira. Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá (MT), Brasil.
viviannebraznogueira@gmail.com

As constantes transformações incidentes sobre a sociedade vêm modificando as relações dos/entre


os sujeitos que nela se inserem. A velocidade de transmissão das informações, os avanços
tecnológicos, os efeitos da globalização, disseminam não apenas novas formas de enxergar o
mundo, mas também corroboram para a difusão de discursos e práticas que, ao mesmo tempo,
podem incluir ou excluir. Dicotomias aparentemente inconciliáveis produzem e (re)produzem
elementos da colonialidade, isto é, estruturas que hierarquizam, que classificam o “lá” e o “cá”, o
“verdadeiro” e o “falso”. Nesta pesquisa de base interpretativista, que tem como ponto de partida
a experiência dos pesquisadores, suas vivências e socio-histórias para analisar seus objetos e assim
produzir sentidos e significados, e adotando-se uma perspectiva de Linguística Aplicada
(in)disciplinar, buscamos discutir os efeitos de sentido de binômios como colonizado e colonizador,
inclusão e exclusão, para além da hierarquização e fora do eixo certo ou errado. Para tal, são
observadas duas pesquisas realizadas em âmbito do Grupo de Pesquisas Estudos de Linguagens
e Descolonialidades (GPLeD-UFMT) que questionam a produção de colonialidades que legitimam
verdades em construções discursivas sobre os povos indígenas e a universidade, sobre a
colonização da Amazônia. Conclui-se que o debate sobre (des)colonialidades oferece ao
pesquisador em LA uma visão interrogadora acerca da manutenção da colonialidade em
diferentes contextos da vida social e a produção de conhecimento.

Palavras-chave: (des)colonialidades; discurso; sentidos; produção de conhecimento.

PAULO FREIRE E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES/AS DE LÍNGUAS: PRINCÍPIOS PARA


DE(S)COLONIZAR LETRAMENTOS ACADÊMICOS
Alexandre José Cadilhe (UFJF)
alexandre.cadilhe@ufjf.edu.br

Paulo Freire, patrono da educação brasileira, costumava afirmar que não gostaria de ser
“seguido” ou “aplicado”, mas ter suas ideias reinventadas (FREIRE, [1996] 2021). Nesse sentido,
parto de uma premissa: o princípio de que a “leitura de mundo precede a leitura da palavra”
(FREIRE, [1981] 2006) tem sido negligenciado no que tange a uma formação docente de línguas
que considere a leitura (crítica) do mundo social, e não somente a leitura da palavra em suas
diferentes escalas, em especial nos letramentos acadêmicos que atravessam a experiência
formativa. Nesta comunicação, tenho como propósito construir uma reflexão acerca dos desafios
para uma formação de professores/as que considerem possibilidades de uma reinvenção das
ideias Paulo Freire como modo de engajá-lo/as em letramentos orientados para uma compreensão
crítica do mundo. Para isso, divido este trabalho em mais três seções: na primeira, situo as
proposições de Paulo Freire e argumento como a formação de professores de línguas afastou-se
dela, reproduzindo colonialidades do poder, do ser e do saber (QUIJANO, 2010; LANDER, 2008).
Em seguida, aponto algumas diretrizes mobilizadas a partir de Freire cujos efeitos encontram ecos
em recentes agendas da formação docente (e do ensino) pelas lentes da Linguística Aplicada,
como perspectivas que colaboram para de(s)colonizar letramentos acadêmicos na licenciatura em
Letras. Por último, apresento algumas provocações que compreendo fundamentais serem
superadas para uma reinvenção da educação docente e o engajamento em outros letramentos
não hegemônicos na esfera acadêmica, em especial na formação de professores/as de línguas.

Palavras-chave: formação de professores; letramentos; colonialidade do saber

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PEDAGOGIAS DECOLONIAIS E UMA CARTOGRAFIA-OUTRA: OS COLETIVOS FEMININOS
MEXICANOS NO SUL GLOBAL

Lívia Márcia Tiba Rádis Baptista (UFBA-PPGLinC/ILUFBA)


liviarad@yahoo.com

Neste trabalho propomos uma discussão acerca das potencialidades do pensamento e da práxis
decoloniais para a materialização das práticas de linguagem no Sul Global, com foco no que
denominamos pedagogias decoloniais. Sendo assim, interessa-nos ampliar a pluralidade
epistêmica e metodológica no campo aplicado, explicitando como as linguagens tensionam e
confrontam as múltiplas colonialidades por meio de distintas atitudes e práticas decoloniais. Para
tanto, ressaltamos a relevância de outros lugares enunciativos que, como locus de resistência,
sinalizam para um conjunto de materialidades discursivas que constituem práxis emancipatórias e
pedagogias decoloniais de sujeitos das ditas periferias epistêmicas. Buscamos, assim, consoante as
perspectivas decoloniais contemporâneas propor uma discussão acerca do entendimento sobre a
práxis e as pedagogias decoloniais, com destaque para a constituição de um espaço de ações,
metodologias e teorizações insurgentes plurais, considerando-se para tanto os amplos territórios
que constituem o Sul Global. Como recorte, no presente trabalho apresentamos três coletivos
femininos mexicanos (Mujeres trabajando, Batallones Femininos e Coletiva Fronteriza), demarcando
sua relação com a fronteira Norte do México e sua inserção nesse locus de enunciação. Esse recorte,
dos movimentos feministas juvenis, integra parte de nosso estudo atual que consiste em cartografar
pedagogias outras, em especial, aquelas que surgem no cenário de movimentos sociais, ativismos
e práticas de resistência em que a linguagem ocupa uma dimensão fundamental para sua
concretização.

Palavras-chave: decolonialidades; pedagogias decoloniais; coletivos femininos; Sul Global

SIMPÓSIO 03

SABERES E PRÁTICAS INSURGENTES PARA A JUSTIÇA SOCIAL: A RESISTÊNCIA DE


GRUPOS MINORITARIZADOS NO CONTEXTO DA PANDEMIA

Coordenadora: Larissa Mazuchelli (UEMS/PUC-SP/GP LACE)


lpmazuchelli@gmail.com
Leonardo da Silva (IFSC)
Daniela Aparecida Vieira (CIEJA Perus I - São Paulo-SP)

Já não é novidade que a pandemia de COVID-19 vem aprofundando a desigualdade existente


no Brasil, seja na educação, no desenvolvimento de políticas públicas e de cuidado, na saúde ou
na economia. Nesse contexto de reforma heteropatriarcal e neonacionalista, como diversos
pensadores o têm chamado, buscamos, com este simpósio, possibilitar o encontro de saberes e
práticas distintos para avançarmos na resistência e na desestabilização da colonialidade que
sustenta essa crise. Em especial, convidamos a participar deste simpósio pesquisadores do âmbito
da Linguística Aplicada e áreas afins cujos estudos e práxis estejam relacionados a uma ou mais
das seguintes questões: a luta antirracista; o movimento LGBTQIAP+; o combate a práticas e
saberes idadistas e sexistas; o trabalho com sujeitos encarcerados, com migrantes de crise e tantos

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outros grupos minoritarizados. Tendo em vista que todo conhecimento é um transaber, pois consiste
em atravessamento e opera por composição, serão aceitos trabalhos que abordem discussões e
análises de práticas discursivas e pedagógicas nos mais diversos contextos e linhas teórico-
metodológicas. Nesse sentido, serão bem-vindos trabalhos que tragam as vozes, as subjetividades,
as necessidades e as realidades de grupos minoritarizados para o primeiro plano e que
contribuam para a compreensão e a transformação das realidades vividas durante a pandemia
de COVID-19. Dessa maneira, pretendemos, no presente simpósio, reunir pesquisas relativas a
práticas insurgentes, que visem à busca por justiça social, visibilizando e valorizando esses grupos
que são sistematicamente excluídos e marginalizados.

Palavras-chave: grupos minoritarizados; justiça social; práticas insurgentes; pandemia

COMUNICAÇÕES DO SIMPÓSIO
A EDUCAÇÃO DA POPULAÇÃO LGBTQIAP+ EM TEMPOS DE PANDEMIA: ENCONTRANDO
GRETAS NO PROJETO ENGLISH TO TRANS-FORM.

Victor Fernandes Fiorotti (PUC-SP/GP LACE)


victorffiorotti@gmail.com

Keron Ravach, Gabriel Garcia, Lorena Muniz, Dandara Laís, Larissa Rodrigues, Ana Clara Lima,
Natasha Galvão e Madalena Leite. Poderíamos, ainda, seguir o texto com uma porção de outros
nomes de pessoas trans, travestis, gays, lésbicas, bissexuais, queer, assexuais, intersexuais e
pansexuais que foram brutalmente assassinadas no Brasil desde o ano de 2020. Segundo dados
apresentados pelos grupos “Acontece Arte e Política LGBTI+” e “Grupo Gay da Bahia”, no
relatório “Observatório das Mortes Violentas De LGBTI+1 No Brasil – 2020”, o Brasil se configura
como um dos países mais violentos para a população LGBTQIAP+ ao redor do mundo,
contabilizando 237 assassinatos registrados ao longo do ano de 2020 – sem contar as
subnotificações. Como, então, romper com esses padrões hetero-cis-normativos, pautados por um
projeto de naturalização colonial, que cada vez mais produz e reproduz o aniquilamento dessas
existências? Como repensar uma educação insurgente dentro de um governo assumidamente
LGBTfóbico, que perpetua as condições de miséria, saúde, educação, agravadas ainda mais pela
pandemia do COVID-19 para a população LGBTQIAP+? Como, por fim, encontrar gretas de
esperança e possibilidades de semear a própria vida (WALSH, 2019) por meio de uma luta de
resistência e reafirmação desses corpos dissidentes? Nesse contexto, propomos analisar uma
experiência de educação insurgente promovida por meio do projeto “English to Trans-form”,
realizado pela “ONG Casa 1” ao longo do ano de 2020 com a população LGBTQIAP+ em
situação de vulnerabilidade social, buscando, ao fim, encontrar possibilidades-outras de viver-agir
e resistir ao trabalho da morte.

Palavras-chave: grupos LGBTQIAP+; educação insurgente; pandemia.

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A EDUCAÇÃO PARA MIGRANTES BOLIVIANOS NA ZONA LESTE DE SÃO PAULO E SEUS
DESAFIOS
Elisângela Nogueira Janoni dos Santos, doutoranda em Ciências Sociais (PUC-SP)
elisangela.puc.sp@gmail.com

Os novos fluxos migratórios na cidade de São Paulo trazem na bagagem seus desafios, como, por
exemplo, acessar os direitos sociais previstos no artigo 5º da Constituição Federal (1988) e na lei
municipal de políticas públicas para a população imigrante (Lei 16.478/2016). O que poderia
caracterizar a Educação para migrantes internacionais de crise na zona leste de São Paulo? Esta
é a questão deste projeto de pesquisa. O objetivo principal é investigar como se dá o acesso e a
permanência dos migrantes bolivianos nas escolas públicas municipais da zona leste de São Paulo
e os desafios enfrentados para o alcance do sucesso educacional. A metodologia, por meio da
abordagem qualitativa, intenta que sejam realizadas entrevistas com os coordenadores
pedagógicos, professores, diretores, das Escolas Municipais de Ensino Fundamental da DRE Penha,
além de estudantes e responsáveis de nacionalidade boliviana. Nesta etapa da pesquisa, realiza-
se a observação participante nos encontros de formação contínua de coordenadores e professores
sobre assuntos relacionados com a Educação para migrantes. Espera-se, como resultados gerais
da pesquisa, caracterizar a educação para migrantes no território da DRE Penha, região com
maior número de estudantes migrantes internacionais de crise na cidade de São Paulo. Como se
dá o acesso à matrícula, passando pelas adaptações curriculares necessárias, os desafios
enfrentados, a necessidade de formação dos profissionais e as possibilidades de oferta de uma
educação pública de qualidade, promotora da inclusão social deste público.

Palavras-chave: migrantes; educação; formação docente

A RELAÇÃO SEXUALIDADE E IDENTIDADE NA LETRA DA CANÇÃO AINDA GOSTO DELA DA


BANDA SKANK: UMA QUESTÃO DE ENUNCIAÇÃO.
Prof. Me. William Saraiva, docente da UNICSUL e da UNICID.
william.saraiva@cruzeirodosul.edu.br

O presente trabalho é composto de uma análise das relações enunciativas da canção “Ainda gosto
dela”, da banda de rock mineira Skank, demonstrando como ocorre um esvaziamento da
identidade sexual e genérica do enunciador no ato da enunciação, observadas tanto nas marcas
do discurso verbal como na composição musical, especificamente o dueto que repete o refrão e é
composto por uma voz feminina e uma voz masculina. Realizamos uma pesquisa bibliográfica que
procurasse estabelecer um diálogo entre os Estudos da Enunciação, a Semiótica Discursiva, a
Análise do Discurso e a Gramática Funcional, procurando nas marcas do enunciado palavras ou
ideias que poderiam identificar o enunciador como homem ou mulher, seja cis ou transgênero. Após
a análise da letra e da música, chegamos à conclusão de que não é possível identificar nem gênero
nem sexualidade apesar de o enunciado ser direcionado a uma mulher. Partimos do princípio de
que não há possibilidade de determinar quem é o “eu” da canção uma vez que a tradição dos
estudos discursivos nos ensina que o sujeito falante (nesse caso o intérprete da canção) e enunciador
são dissociados, não sendo possível deduzir que o último seja homem ou mulher por conta das
condições do primeiro. Diante do exposto, o trabalho se justifica pela necessidade crescente da
desconstrução da heteronormatividade compulsória, uma vez que é de conhecimento geral que
mulheres e pessoas LGBT+ são subjugadas, excluídas e até mortas por sua condição e isso começa
pelo discurso hegemônico e a naturalização do preconceito por meio dele, fatos contra os quais
devemos ser combativos.

Palavras-chave: Canção; Enunciação; Gênero; Sexualidade.

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ENVELHECIMENTO ENGAJADO: PRÁTICAS DE RESISTÊNCIA E COMBATE AO IDADISMO

Larissa Mazuchelli (UEMS/PUC-SP/GP LACE)


lpmazuchelli@gmail.com

Em um contexto de crise humanitária e ética, em que Estado e a sociedade não compreendem que
o envelhecimento é um direito, em que idosos precisaram competir com jovens por respiradores
mecânicos no contexto da pandemia de Covid-19, e em que as denúncias de violência contra essa
parcela da população representam o 2º maior número de registros no Disque 100, somando mais
de 50.000 casos (30% dos registros) em 2019, o presente trabalho visa apresentar caminhos de
resistência e combate ao idadismo, preconceito baseado na idade, e que pode se manifestar
através de discriminação, preconceito e estereótipos (BUTLER, 1969; OMS, 2021). O trabalho
fundamenta-se no Envelhecimento Engajado, compreendido como uma forma de engajamento com
a vida e com sua transformação em que se mantém a “sensação viva da imortalidade histórica
coletiva” (BAKHTIN, 2010) e se articula ao Multiletramento Engajado (LIBERALI, 2021), à
Pedagogia Engajada (HOOKS, 2013; FREIRE, 1970; 1987), à perspectiva sócio-histórico-cultural
e à Pesquisa Crítica de Colaboração (MAGALHÃES, 2011). São três os projetos a serem
apresentados e debatidos: (i) práticas pedagógicas de formação docente, realizadas ao longo
de 2020 e 2021 com alunos do curso de Letras Português/Inglês da Universidade Estadual do
Mato Grosso do Sul; (ii) elaboração de material de divulgação sobre o tema do idadismo e ações
de combate ao preconceito e promoção de saúde, realizadas através do Projeto de Extensão
“Observatório do Idadismo”, ligado ao curso de Fonoaudiologia da Universidade Federal da
Bahia; (iii) projeto “Story Chain”, ligado ao Global Play Brigade e ao GP LACE, de narrativas
compartilhadas.

Palavras-chave: idadismo; pandemia; envelhecimento engajado

O DIREITO À LITERATURA NO CONTEXTO PRISIONAL PANDÊMICO: UMA EXPERIÊNCIA NO


PRESÍDIO FEMININO DE ITAJAÍ - SC
Leonardo da Silva (IFSC)
Melina Chiba Galvão (IFSC)
leonardo.silva@ifsc.edu.br, melina.chiba@ifsc.edu.br

As pessoas encarceradas já se encontram em situação de vulnerabilidade em função de um


contexto marcado por ausência de políticas públicas de saúde, educação, emprego e habitação.
Assim, as condições prisionais de confinamento, aglomeração, superlotação e insalubridade
aumentam o risco de contaminação e da propagação da COVID-19 e de outras doenças
contagiosas. Quando as medidas de distanciamento social foram impostas em 2020, um dos
primeiros grupos a ser atingido foi o da população carcerária, uma vez que muitos presídios
tiveram as ações vinculadas ao direito à educação restritas ou suspensas. Com o objetivo de refletir
criticamente sobre este contexto, discutiremos nesse trabalho as ações realizadas pelo projeto de
extensão "Nas Entrelinhas: o direito à literatura escrita por mulheres no presídio feminino de Itajaí"
do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC). Partindo do entendimento de que a literatura é um
direito humano (CANDIDO, 2005) e da urgência de promover reflexões sobre gênero a partir de
uma educação linguística crítica (CROOKES, 2013), a equipe executora do projeto - formada por
docentes e estudantes extensionistas - realizou adaptações ao projeto de leitura para o formato
remoto. Assim, o projeto tem sido realizado por meio da (i) seleção, compra e disponibilização de
livros impressos para as mulheres em privação de liberdade; (ii) discussão e produção de guias
de leitura com perguntas para reflexão que acompanham os livros; (iii) produção e envio de áudios
com pílulas literárias via programa de rádio acessado pelas participantes; (iv) produção e

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gravação de podcasts sobre as obras para fomentar discussões sobre a temática na comunidade.
Embora a realização de tais atividades seja fundamental para garantir o direito à literatura e a
qualificação do projeto de remição de pena pela leitura, o contexto pandêmico, o distanciamento
físico entre participantes e extensionistas e a indisponibilidade de recursos tecnológicos no cárcere
tem dificultado a construção de um processo dialógico de reflexão mais profundo, em que
professoras, discentes e participantes do projeto se engajam na construção de (novas) visões de
mundo de forma colaborativa e não-hierárquica.

Palavras-chave: leitura crítica, mulheres em privação de liberdade, direito à literatura,


pandemia.

O RESSOAR DA ALDEIA TEKOÁ PIAU


Rafael da Silva Tosetti Pejão LAEL/PUC-SP/GP LACE/CAPES
rafapejao@hotmail.com

Esta apresentação focaliza os processos de entrada na Aldeia Tekoá Piau, situada no bairro do
Jaraguá - São Paulo, onde esta pesquisa de mestrado pretende trabalhar sobre a valorização
dos conhecimentos dos povos originários, como base para processos de ensino aprendizagem e
desenvolvimento. Apesar dos muitos conhecimentos divulgados sobre os indígenas no Brasil, não há
efetiva divulgação das vivências indígenas em suas relações com territórios, natureza, história,
espiritualidade, cosmovisão/natureza e etnicidade. Este trabalho focaliza especificamente o não
apagamento das memórias dos povos originários, dando a importância necessária para a
valorização de povos injustiçados com a exploração instaurada desde a chegada de povos
europeus em território brasileiro. O objetivo do presente estudo é ampliar as vivências adquiridas
na aldeia, partindo de espaços democráticos, educativos, com uma abordagem audiovisual que
tem como o Cineclube com um instrumento pedagógico. A proposta parte das interações com a
comunidade da aldeia e da tentativa de responder a demandas colocadas pela comunidade para
o trabalho com jovens e crianças. Considerando uma perspectiva de engajamento com a realidade
(FREIRE, 1970; HOOKS, 2010), o projeto pretende a criação de uma programação com temática
diversa que aborde temas da atualidade perpassados pela proposta do Bem Viver (KRENAK,
2020). Os dados serão coletados a partir de encontros na Aldeia, em espaços educativos com
educadores, crianças, adolescentes e adultos indígenas na preparação, condução e reflexão sobre
eventos de cineclube. Esta comunicação especificamente apresentará as primeiras etapas da
entrada na aldeia, a definição dos trabalhos conjuntos, a escolha pelo trabalho com o cineclube,
além de cenas do primeiro encontro do cineclube realizado em setembro de 2021.

Palavras-chave: indígenas; vivências, cineclube, engajamento; bem viver.

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REFLEXÕES SOBRE O ENSINO DE PORTUGUÊS COMO LÍNGUA DE ACOLHIMENTO A
IMIGRANTES HAITIANOS NO CONTEXTO REMOTO: VOZ, AUTONOMIA E PERTENCIMENTO
Ana Flávia Boeing Marcelino, Instituto Federal Catarinense
anaflaviaboeing@gmail.com

Em meio a uma avalanche de mudanças que a população imigrante passa no processo de


adaptação a um novo país, de 2020 para cá, somou-se a esta a incerteza e transformações
provocadas pela pandemia. Além disso, a migração do ensino presencial ao ensino remoto tornou-
se ainda mais um obstáculo na busca por acesso a seus direitos no Brasil. Muito afetados por esses
fatores, imigrantes haitianos da Grande Florianópolis, se viram sem acesso a projetos de ensino
de Língua Portuguesa comumente ofertados por universidades públicas de forma presencial e
gratuita, como é o caso do projeto PLAM da Universidade Federal de Santa Catarina, contexto
no qual este trabalho se baseia. Levando em conta tal cenário, é o objetivo principal deste trabalho
apresentar os processos de ensino e aprendizagem e transformação pelas quais docente e
discentes passaram, adequando-se às novas demandas e condições disponíveis para a
continuidade do trabalho de acolhimento linguístico, tão essencial para a incersão plena dessa
população minoritarizada na sociedade brasileira. Assim, serão apresentadas as reflexões da
autora sobre tal contexto e processos, mas principalmente, será dado destaque a fala de dois
estudantes haitianos egressos do curso de Português, que aceitaram compartilhar suas experiências
de aprendizagem a partir de seus lugares de fala como imigrantes haitianos. Uma mulher negra,
mãe, trabalhadora que participava das aulas durante seu expediênte de trabalho, e um jovem
negro, que criou seu próprio canal na plataforma Youtube para ensinar Português a seus colegas
haitianos, compõem os relatos de experiência a serem apresentados. Espera-se que este trabalho
contribua para o desenvolvimento de processos de ensino e aprendizagem que considere seus
agentes, professores e estudantes, de forma referenciada a seus contextos e condições materiais,
trazendo, prática e diretamente, suas vozes e subjetividades para o primeiro plano da sala de
aula e, também, deste trabalho.

Palavras-chave: ensino de português como língua de acolhimento; ensino remoto; experiência


docente; experiência discente.

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TEMÁTICA 05. FONÉTICA E CLÍNICA FONOAUDIOLÓGICA

INTERLOCUÇÕES: FONÉTICA E CLÍNICA FONOAUDIOLÓGICA


Coordenadora: Zuleica Camargo (PUCSP)
zcamargo@pucsp.br
Aline Neves Pessoa-Almeida (UFES)

Sabe-se que as demandas oriundas do universo clínico fonoaudiológico suscitam discussões que
remetem às delimitações científicas entre as manifestações da Linguagem. Os aportes das Ciências
Fonéticas permitem o rompimento de dicotomias entre normalidade e alteração a estabelecer, num
universo transdisciplinar, integrações que fortalecem as interlocuções em contextos entre Saúde e
Educação. Nessa concepção, o fazer fonoaudiológico alicerçado às Ciências Fonéticas
crescentemente instaura novos saberes, que definem evidências a partir de metodologias assertivas
e que especialmente fornecem balizadores que, em perspectiva heurística, além de esmiuçarem o
fenômeno, impactam e definem em condutas e estratégias com resolutividade. Este simpósio volta-
se a apresentar e debater dados da clínica fonoaudiológica a partir das vertentes perceptiva,
acústica e fisiológica da Fonética, nas quais apresenta conhecimentos, habilidades e atitudes da
competência fonoaudiológica, em contexto interprofissional, aplicados a diferentes corpus de
produção de fala, que marcam a atuação profissional que considera indicadores indissociáveis ao
trabalho em Saúde: gestão em prol de integralidade ao fazer em Saúde indossociável à pesquisa
científica aplicada à abrangência de práticas fonoaudiológicas (saúde, doença e cuidado), a
incluir conteúdos concernentes às especificidades deste fazer que engloba instâncias como audição,
sistema vestibular, aprendizagem, linguagem oral e escrita, suplementar/alternativa e Libras, voz,
fala, fluência, deglutição, sistema neuromiofuncional, funções orofaciais e perícia que impactam
em promoção, prevenção, conservação, desenvolvimento, avaliação, diagnóstico, assessoria e/ou
terapia. Tais ferramentas Fonéticas, em especial ocasião que a sociedade vive devido à
necessidade de distanciamento físico e avantemente, conforme perspectiva da aplicabilidade de
Tecnologias em Saúde, significam inesgotável formação continuada e aplicabilidade diante dos
fenômenos em Saúde e Cuidado, com elucidação, liderança e tomada de decisão em Gestão e
Atenção à saúde da Fonoaudiologia e suas interfaces.

Palavras-chave: fonética, fala, distúrbios, análise acústica, percepção auditiva

COMUNICAÇÕES DO SIMPÓSIO
A INFLUÊNCIA DO FRÊNULO LINGUAL NA PRODUÇÃO DE FALA
Paula da Costa Canton e Zuleica Camargo, PUCSP
paulacanton@gmail.com / zuleica.camargo@gmail.com

O frênulo lingual (pequena prega de membrana mucosa que conecta metade da face lingual ao
assoalho da boca), quando alterado, pode limitar seus movimentos e afetar o desempenho das
funções orofaciais, inclusive a fala. Frequentemente, observam-se distorções dos sons consonantais
tepe [ɾ], lateral [l] e grupos consonantais com [ɾ] e [l]. O objetivo deste estudo foi comparar, do
ponto de vista acústico, as medidas acústicas (intensidade e duração) dos sons consonantais e dos
sons vocálicos adjacentes nas produções de fala dos sujeitos com e sem alteração do frênulo

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lingual. Os grupos Pesquisa (com alteração) e Controle (sem alteração) foram compostos por 9
crianças cada, na faixa etária entre 07 e 12 anos, de uma escola da cidade de São Paulo. Os
grupos foram submetidos à avaliação do frênulo lingual e à sessão de gravação de amostras de
fala. As gravações foram digitalizadas e analisadas a partir de script aplicável ao software Praat
para extração automática de medidas acústicas (intensidade e duração) de unidades VCV
contendo vogais [a], [ɛ], [e] e [i] e consoantes tepe [ɾ] e lateral [l]. A análise estatística pautou-se
em modelos GAMM e GLMM, respectivamente para medidas de intensidade e de duração. Dados
complementares de avaliação perceptiva de ajustes de qualidade vocal foram acrescidos à
discussão dos achados. As medidas de intensidade revelaram ampla variação em produções intra
e interfalantes para as consoantes [l] e [ɾ] nos grupos Controle e Pesquisa, especialmente quanto
ao contexto vocálico adjacente (grau de abertura), e com baixa influência do grau de alteração
do frênulo lingual. As medidas de duração revelaram influências da alteração do frênulo lingual,
especialmente para o grau moderado. Os achados sinalizam ampla variedade nas produções dos
falantes, indicativos de mobilizações individualizadas na tentativa de superar limitações mecânicas
na mobilidade de língua na vigência de alteração do frênulo lingual.

Palavras-chave: Freio lingual; Fala; Percepção; Acústica; Fonética.

ANÁLISE DA FALA DE SUJEITOS COM DIFICULDADES ESCOLARES PRÉ E PÓS TREINAMENTO


AUDITIVO ACUSTICAMENTE CONTROLADO
Adriana Bonachela Rodrigues Pereira PUCSP - dribonachela@gmail.com
Crianças em idade escolar podem apresentar Transtorno do Processamento Auditivo Central
(TPAC) que, por sua vez, pode interferir no desenvolvimento da fala e da aprendizagem, gerando
dificuldades acadêmicas e sociais. Objetivo: comparar, dos pontos de vista perceptivo e acústico,
a fala de sujeitos com dificuldades escolares e diagnóstico de TPAC, pré e pós Terapia Auditiva
Acusticamente Controlada (TAAC). Métodos: Foi realizado um estudo de caso múltiplo com 04
sujeitos, igualmente distribuídos quanto ao sexo, com idades entre 8 anos e 11 meses e 17 anos e
11 meses no início da pesquisa. Os sujeitos foram submetidos a procedimentos de: avaliação
audiométrica básica (audiometria, imitanciometria e logoaudiometria); avaliação do
Processamento Auditivo Central (PAC); audiogravações de amostras de fala pré e pós TAAC. As
amostras de fala foram digitalizadas, editadas e analisadas, utilizando arquivos TextGrid gerados
na segmentação e etiquetagem dos arquivos no software Praat. A etiquetagem foi realizada
manualmente segundo o roteiro do Script ProsodyDescriptorExtractor, o qual extraiu um conjunto
de parâmetros acústicos prosódicos dos domínios da duração (taxa de elocução, taxa de
articulação, IPI e duração de pausas silenciosas e preenchidas e das unidades VV), da frequência
(f0 mediana, f0 mínimo, f0 máximo, média da primeira derivada de f0), da intensidade (declínio
LTAS e ênfase espectral) e dos indicativos de qualidade vocal (ênfase espectral, declínio LTAS,
HNR e SPI). Os dados perceptivos e acústicos foram integrados em abordagem qualitativa,
observando-se a correspondência do conjunto de achados perceptivos às estatísticas descritivas
das medidas acústicas exploradas. Resultados: O Sujeito 1 apresentou aumento da variabilidade
de f0 e da taxa de elocução com melhor demarcação dos grupos acentuais. Os Sujeitos 2 e 3
apresentaram aumento da taxa de elocução e diminuição das pausas silenciosas, sendo o último
com uma evolução mais ampla em termos habilidades do PAC. E o Sujeito 4 apresentou aumento
da taxa de elocução com ligeiro aumento do intervalo entre pausas silenciosas e melhora dos
parâmetros relacionados a qualidade vocal. Conclusão: Para além das particularidades
detectadas, o grupo de sujeitos estudados revelaram, no período pós TAAC evolução em termos
das habilidades auditivas de ordenação e nomeação de padrões temporais, figura fundo auditiva
e escuta dicótica. Do ponto de vista das produções de fala, tal evolução clínica concentrou-se em
indicativos acústicos das esferas da duração (duração das unidades VV, taxa de elocução,
duração das pausas e do intervalo inter pausas (IPI)), de variabilidade de frequência e de
qualidade vocal (declínio espectral (LTAS), Índice de Fonação Suave (SPI), Razão Harmônico-Ruído
(HNR) e Ênfase espectral (emph), os quais encontraram correspondência a elementos perceptivos

89
de continuidade e de pitch, além dos ajustes de qualidade vocal, especialmente das esferas
supralaríngea e de tensão.

Descritores: Processamento auditivo; Terapia auditiva, Análise acústica; Fala; Fonética.

ANÁLISE PERCEPTIVO-AUDITIVA DA QUALIDADE E DINÂMICA VOCAL DE


TELEOPERADORES DE EMERGÊNCIA
Maryelle Thayane Lins da Silva, Universidade Federal da Paraíba- maryellels2000@gmail.com
Bárbara Tayná Dantas, Universidade Federal da Paraíba-
barbaratayna@yahoo.com.br
Maria Fabiana Bonfim de Lima Silva, Universidade Federal da Paraíba, coordenadora-
fbl_fono@yahoo.com.br

Na área do teleatendimento assistencial encontram-se os teleoperadores de emergências, estes


profissionais da voz lidam com situações que demandam uma atenção redobrada com o conteúdo
das chamadas que fazem parte da sua rotina. Este estudo objetiva analisar perceptivo-
auditivamente a qualidade e dinâmica vocal de teleoperadores de emergência do Centro
Integrado de Operações Policiais de João Pessoa por meio do roteiro Vocal Profile Analysis Scheme
for Brasilian Portuguese- VPAS-PB. O roteiro advém do Modelo Fonético de Análise da Qualidade
Vocal, elaborado por Laver (1981) para uma análise completa da qualidade e dinâmica vocal
de falantes. O presente estudo se caracterizou como sendo do tipo observacional, documental,
descritivo, transversal e de caráter quanti-qualitativo, com análise de 20 amostras de voz de 10
homens e 10 mulheres. Nos homens foram encontrados os ajustes predominantes de qualidade
vocal: lábios extensão diminuída; mandíbula fechada; corpo de língua recuado, abaixado e
extensão diminuída; laringe abaixada; escape de ar e voz áspera, já de dinâmica vocal destacou-
se a taxa de elocução rápida. E na qualidade vocal das mulheres foram observados
predominantemente: corpo de língua recuado, abaixado e extensão diminuída; constrição
faríngea; hiperfunção de trato vocal; escape de ar e voz áspera, quanto à dinâmica notou-se
variabilidade de pitch diminuída; loudness habitual aumentada e taxa de elocução rápida. Assim,
a maioria dos ajustes identificados pode favorecer a sobrecarga do aparelho fonador uma vez
que reduzem a dimensão das cavidades supraglóticas e da extensão do trato vocal e,
consequentemente, pode desencadear o desenvolvimento de distúrbio de voz.

Palavras-chave: Voz; Qualidade da Voz; Telemarketing; Fonoaudiologia.

ASPECTOS PERCEPTIVOS E ACÚSTICOS DOS AJUSTES SUPRAGLÓTICOS DE QUALIDADE


VOCAL
Kátia Milán Nasseh (PUC-SP)

INTRODUÇÃO: a abordagem fonética da qualidade vocal permite amplas e variadas aplicações


no campo de estudos e de práticas vocais. Nesses campos, as descrições dos ajustes supraglóticos
carecem de consenso. OBJETIVO: correlacionar dados perceptivo-auditivos e acústicos dos ajustes
supraglóticos de qualidade vocal em um conjunto de amostras de voz falada. FUNDAMENTAÇÃO
TEÓRICA: a qualidade vocal advém da relação entre os ajustes fonatórios, articulatórios e de
tensão nos diferentes segmentos pronunciados, segundo o Modelo Fonético de Descrição da
Qualidade Vocal. De sua parte, a Teoria Acústica da Produção da Fala, no modelo Fonte-Filtro,
descreve os diferentes sons da fala como resposta a mecanismos de fonte e filtro. METODOLOGIA:
serão consideradas as informações perceptivo-auditivas e acústicas no tratamento de
audiogravações de banco de dados de qualidade vocal do LIAAC-PUCSP. Para este fim, serão
utilizados o Roteiro VPAS (Vocal Profile Analysis Scheme) na análise perceptivo-auditiva e o
programa Praat para a análise de dados acústicos referentes aos dois primeiros formantes (F1 e

90
F2) das vogais orais do português do Brasil. Os referidos dados acústicos serão extraídos
automaticamente com a utilização script “AcousticParametersforVowelsExtractor” que promove a
normalização dos dados pelo método de LOBANOV, a partir da etiquetagem dos segmentos
vocálicos das amostras. As gravações constam de material de fala semi-espontânea e leituras de
sentenças-chave advindos de dez falantes masculinos e dez falantes femininos, todos adultos. O
Roteiro VPAS será aplicado por dois juízes especialistas em sua utilização. Os dados perceptivos
e acústicos serão correspondidos por meio de análise estatística de natureza multidimensional.

Palavras-chave: Qualidade vocal; Fonética; Percepção auditiva; Acústica da fala; Vogais

DADOS DERMATOGLÍFICOS E ACÚSTICOS DE CANTORES LÍRICOS E DE MUSICAIS


Cristiane Magacho Coelho
Zuleica Camargo

Objetivo: Identificar habilidades físicas (por meio da dermatoglifia) associadas a medidas


acústicas de amostras de vozes cantadas (canto lírico e música comercial contemporânea).
Métodos: A coleta de dados compreendeu um levantamento do desempenho vocal e habilidades
físicas, impressões digitais e gravações de áudio de voz de quatro cantores do sexo masculino:
31-53 anos, dois profissionais líricos (cantores 1 e 2) e dois CCM-musicais (3 e 4). A análise
dermatoglífica envolveu a identificação de padrões digitais predominantes (Arco, Presilha e
Verticilo), escores relacionados ao número de deltas (D10), Somatório da Quantidade Total de
Linhas (SQTL) e uma fórmula digital, gerando perfis aeróbico, anaeróbico ou misto. O script
ExpressionEvaluator foi aplicado para extração automática das medidas de f0, intensidade,
declínio espectral e LTAS. Os dados foram submetidos à análise estatística multivariada. Este
estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética (CAAE 52213115.9.0000.5482). Resultados: os
cantores 1 e 4 apresentaram perfil anaeróbico (habilidades de força e velocidade) e os cantores
2 e 3 apresentaram perfil aeróbico (resistência e coordenação motora). As correlações foram
estabelecidas entre os parâmetros de autoavaliação, índices de D10 (100%) e SQTL (100%) e
desvio padrão de LTAS (90%); adicionalmente, para cantores líricos, assimetria de intensidade
com valores de declínio espectral (75%) e D10 com SQTL (100%); para musical: D10, SQTL com
f0 (84%) e LTAS (90%). A análise aglomerativa separou os perfis dermatoglíficos com influência
das medidas de f0 (83,3%) e LTAS (16,6%). Conclusão: Os perfis dermatoglíficos (aeróbico /
anaeróbico) apresentaram correlação com as medidas acústicas (f0, intensidade, declínio espectral
e LTAS), mas sem correspondência com o estilo de canto. Uma relação entre o perfil dermatoglífico
e a qualidade da voz é então inferida por nossa análise preliminar de dados.

Palavras-chave: Linguística; Fonética; Dermatoglifia; Acústica da Fala; Qualidade Vocal.

DESIGN E AVALIAÇÃO DE UMA INTERFACE GAMIFICADA DE SOFTWARE DE BIOFEEDBACK


DE FALA
Dr.ª Andréa Silva Souza; Prof.ª Dr.ª Zuleica Camargo; PUCSP; andreassouza@yahoo.com.br

O objetivo desta tese foi a concepção do design e a avaliação de elementos da interface


gamificada de um software de biofeedback desenvolvido para uso clínico no contexto da terapia
da gagueira. O sistema do software contempla estratégias de suavização e prolongamento dos
sons da fala do método de terapia de modelagem de fluência. A fundamentação teórica desta
tese baseia-se nos preceitos da usabilidade e da acessibilidade, além daqueles relativos à
experiência do usuário e ao exergame. A metodologia foi dividida em várias etapas: 1)
levantamento de requisitos; 2) levantamento das ferramentas disponíveis na clínica dos distúrbios
de fala; 3) análise de interfaces de tais ferramentas, a partir de um instrumento avaliativo

91
desenvolvido com base nas diretrizes de usabilidade, nos padrões de acessibilidade e nas
considerações heurísticas de gamificação, e, finalmente, 4) proposta de design (e de avaliação em
duas etapas) de elementos da interface para um software desenvolvido no Grupo de Pesquisas
em Estudos sobre a Fala (GeFALA). Os resultados do levantamento de requisitos e da análise de
ferramentas disponíveis no campo clínico indicaram uma lacuna em termos da qualidade da
interação e de atendimentos em relação aos requisitos de usabilidade e de acessibilidade. Na
primeira etapa de avaliação da implementação da interface desenvolvida, o instrumento
avaliativo foi respondido por 16 pessoas que não gaguejam. Baseado nestas respostas foram
conduzidas implementações em termos de: estruturação do conteúdo, agrupamento dos exercícios
em níveis de dificuldade e sistema de conquistas, e incorporação dos conceitos do campo lúdico
conforme o desempenho durante a interação. Na segunda etapa de avaliação, o instrumento foi
respondido por 11 pessoas que gaguejam e 7 estudantes de graduação em fonoaudiologia. O
feedback dos sujeitos revelou atendimento a vários requisitos referentes à qualidade da interação
e à usabilidade, com demandas por aprimoramentos de alguns preceitos de acessibilidade.

Palavras-chave: Design; Interface; Usuários; Gagueira; Biofeedback.

ESTUDOS PARA UMA PROPOSTA DE FEEDBACK DE SUAVIZAÇÃO E PROLONGAMENTO DA


FALA DA PESSOA QUE GAGUEJA

Astrid Mühle Moreira Ferreira e Zuleica Camargo, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
astridmuhleferreira@gmail.com/ zcamargo@pucsp.com.br

O objetivo deste trabalho foi o de desenvolver uma proposta de modelagem da fluência da fala
da pessoa que gagueja (PQG) por meio de feedback de representação visual dos sons da fala.
Foram realizados dois estudos: (1) análise de dados fisiológicos, acústicos e perceptivos da fala
de PQG; e (2) desenvolvimento de uma proposta de estratégias de modelagem da fluência para
o desenvolvimento de um recurso tecnológico de biofeedback. No estudo 1, foram analisadas
amostras de fala de PQG do grupo de pesquisa (GP), antes e imediatamente após um
experimento de intervenção breve da fluência. A primeira coleta foi comparada a de falantes
fluentes do grupo controle (GC). As análises foram conduzidas por meio fisiológico, acústico e
perceptivo. Os resultados serviram de base para o desenvolvimento do estudo 2, que contemplou:
análises de softwares e sites; desenvolvimento da estrutura do software; gravações de amostras
de fala modelada, analisadas para determinar parâmetros do software. Concluiu-se que as
características de naturezas perceptiva e acústica da fala das PQG revelam particularidades em
relação ao GC. A aplicação imediata da intervenção de fluência implicou em variações nos
padrões de fala, com tendência à diminuição do esforço. Esta diminuição foi expressa por medidas
fisiológicas de pressão subglótica, acústicas do domínio de f0 e intensidade, e perceptivas infra e
supraglóticas. Tais achados justificam os requisitos incorporados à proposta de feedback de
modelagem de fala esboçada. Os resultados respaldam um trabalho integrado de concepção de
sistema para biofeedback de fala com a incorporação de estímulos de fala, cujas medidas de
intensidade e duração puderam colaborar ao seu desenvolvimento, em formato de estrutura
gamificada, viabilizando a possibilidade de estimulação frequente da modelagem da fluência da
fala às PQG.

Palavras-chave: Software; Fonética; Transtorno da Fluência com Início na Infância; Fonoterapia;


Biorretroalimentação Psicológica.

92
TEMÁTICA 07. COMPLEXIDADE E FORMAÇÃO DE PROFESSORES

SIMPÓSIO

AUTO-HETEROECOFORMAÇÃO DOCENTE: O DESENVOLVIMENTO DE PROFESSORES


SOB O FOCO DA COMPLEXIDADE
Coordenadora: Maximina M. Freire, PUCSP
mmfreire@uol.com.br
Suzanny Pinto Silva, UEPA
suzanny.silva@hotmail.com

A formação de professores tem sido investigada há décadas sob vários aspectos e a partir de
diferentes perspectivas teórico-metodológicas, recebendo denominações distintas que revelam a
epistemologia que as fundamenta. Em que pese seus diferentes matizes, nota-se o predomínio de
um eixo temporal cronológico que divide a formação em duas grandes etapas: uma inicial, pré-
serviço e outra, em-serviço, ao longo da vida, emprestando à licenciatura o papel de oficialização
do exercício docente. Contudo, essa definição não se mostra eficaz nos cursos de licenciatura, pois
muitos discentes já se encontram envolvidos no mercado de trabalho, lecionando e caracterizando,
ao mesmo tempo, dupla nomeação: são pré-serviço como alunos e em-serviço pela atuação. Dessa
forma, outro referencial se faz necessário para que a formação seja vista de forma mais
articulada, tecida nas especificidades que a constituem, abrangendo os âmbitos individual, social
e ambiental, bem como as dimensões do sujeito, do objeto, das ações e das relações, como
propõem Freire (2009), Freire e Leffa (2013) e Freire e Sá (2020), entre outros. Partindo dessa
motivação, temos na auto-heteroecoformação docente, uma visão formativa embasada na
epistemologia da complexidade de Edgar Morin (2005, 2008, 2013, 2015), que vem sendo
utilizada para o desenvolvimento de professores, promovido em contextos presenciais, digitais e
híbridos, com repercussão otimista para professores de vários níveis. Aliada a essa visão formativa
ternária, soma-se uma proposta também complexa de desenho de curso – design educacional
complexo, DEC – que, associando formação e atuação ao mesmo referencial teórico, confere
coerência à atividade docente. Essa proposta de desenho de curso/atividade, composta de três
elementos interdependentes e indissociáveis (preparação, execução e reflexão), pode envolver
alunos e professor em um processo auto-heteroecoformador capaz de construir conhecimentos de
forma não fragmentada, não linear, criando contextos em que a tessitura dos saberes possa ser
articulada, transdisciplinarmente, entre, através e além das fronteiras disciplinares.

Palavras-chave: Complexidade; Auto-heteroecoformação docente; Design educacional complexo

AUTO-HETEROECOFORMAÇÃO DOCENTE: REFLEXÕES A PARTIR DE VIAS EM UM CURSO,


SOB O FOCO DA COMPLEXIDADE
Marta Maria Silva de Faria Wanderley, UNEB
fariamarta4@gmail.com

A formação de professores é um assunto em pauta há várias décadas no cenário brasileiro. Tal


assunto tem sido objeto de investigação por profissionais e pesquisadores de diversas áreas:
professores, psicólogos, sociólogos e profissionais da educação, dentre outros. Nessa perspectiva,
este trabalho tem como objetivo relacionar a Complexidade à experiência docente vivida em um
curso desenvolvido com estudantes do Ensino Médio de uma escola do oeste da Bahia. Proponho,

93
a partir da pesquisa que contemplou a experiência vivenciada no curso, refletir a respeito da
auto-heteroecoformação docente, do desenvolvimento da professora do curso, sob o viés da
Complexidade. Este trabalho encontra-se subsidiado teoricamente pela Epistemologia da
Complexidade (MORIN, 2005, 2011, 2015), na noção de gêneros textuais (MARCUSCHI, 2008,
2010), bem como na perspectiva do trabalho pedagógico inspirado em projetos (BEHRENS, 2008).
A tessitura reflexiva do estudo dos elementos resultantes da pesquisa sustenta-se na formação de
professors (SCHÖN, 1983, 2000; FREIRE, 1987; FREIRE E LEFFA, 2013; MORAES, 2008).
Metodologicamente, tratou-se de estudo de natureza qualitativa, orientado pela abordagem
hermenêutico-fenomenológica complexa (FREIRE, 2010, 2012, 2017). Os instrumentos utilizados
para geração e registro de textos e os de apoio foram: questionário, entrevista, one minute paper
e diário de campo, selecionados para o processo de tematização, do qual revelou-se a essência
do fenômeno, por meio dos temas hermenêutico-fenomenológicos complexos: aprendizagem,
reflexão, superação, mudança e transcendência. Consoante com os pressupostos deste trabalho, a
leitura interpretativa dos ecos da experiência vivida no curso condiz com uma tessitura complexa,
nutrida com base nas relações opostas e complementares desenhada e tecida na rotina pessoal e
profissional, de maneira a ligar e religar os sujeitos professors e estudantes no curso que
contemplou de maneira interdependente e indissociável a preparação, a execução e a reflexão,
capaz de abarcar estudantes e professor, seus saberes e fazeres à ecologia local e global.

Palavras-chave: Complexidade; Auto-heteroecoformação docente; Curso; Ensino Médio.

AUTO-HETEROECOFORMAÇÃO DOCENTE: UM OLHAR COMPLEXO SOBRE A DOCÊNCIA EM


LÍNGUA PORTUGUESA NA EDUCAÇÃO BÁSICA
Rita Roberta Marioto IFSP
mariotorita@gmail.com

O presente trabalho apresenta, como tema, a docência em Língua Portuguesa na Educação Básica,
considerando a auto-heteroecoformação docente (FREIRE, LEFFA, 2013; FREIRE, 2019), sob o olhar
da epistemologia complexa (MORIN, 2010, 2015, 2018). Justifica a discussão apresentada a
possibilidade de novas reflexões sobre o tema em foco, a partir da contribuição conceitual das
perspectivas indicadas, que trazem uma ampliação da visão tradicional de formação docente
(formação inicial e formação continuada) (FREIRE, LEFFA, 2013). O objetivo do trabalho é refletir
sobre possíveis elementos constitutivos das dimensões ação, sujeito, objeto e relações, de acordo
com a perspectiva da auto-heteroecoformação, considerando o docente de Língua Portuguesa que
atua na Educação Básica. A reflexão sobre esses possíveis elementos constitutivos das dimensões
apontadas, de acordo com o objetivo estabelecido por este trabalho, recai sobre: (i) movimentos
que podem identificar a ação do docente de Língua Portuguesa, (ii) elementos que podem emergir
quando se considera o docente em foco como indivíduo complexo, uno e múltiplo (iii) objeto(s)
que podem se relacionar ao agir do sujeito complexo como docente de Língua Portuguesa e (iv)
interações passíveis de identificação, considerando o conjunto dos elementos indicados. As
reflexões apoiam-se em Moraes (1997, 2008), Bortoni-Ricardo [et al.] (2012), Albuquerque
(2006), Silva (2019). O resultado das reflexões propostas sinaliza que a formação do docente de
Língua Portuguesa, sob a conceituação da auto-heteroecoformação, revela-se sob uma
perspectiva multidimensional, o que permite novos olhares para o tema em foco.

Palavras-chave: Auto-heteroecoformação; Complexidade; Formação Docente; Língua Portuguesa

94
CIDADANIA GLOBAL OU CIDADANIA PLANETÁRIA? REFLEXÕES SOBRE A FORMAÇÃO
DOCENTE-CIDADÃ NA CONTEMPORANEIDADE
Cristina Lage De Francesco, Colégio Miguel de Cervantes e GPeAHFC
cris.lage@hotmail.com

Em meio à policrise em que vivemos, os conceitos de cidadania global (UNESCO, 2013, 2014,
2015) e cidadania planetária (MORIN, 2003, 2007, 2016) buscam responder às questões
impostas pelo modo de vida contemporâneo que foram exacerbadas pela pandemia de COVID-
19. Nesse contexto, apoiada em Morin, Moraes (2008) entende ser relevante que a formação de
professores considere a relação entre educação, sustentabilidade e cidadania para a formação
de sujeitos mais conscientes. Sob a ótica do pensamento complexo moriniano, Freire (2009) propõe
e Freire e Leffa (2013) aprofundam o conceito de auto-heteroecoformação como forma de
articular as dimensões formadoras envolvidas na educação do professor de modo que seu
desenvolvimento seja visto de forma mais articulada e abrangente. Ancorado em uma proposta
qualitativa, este trabalho tem o objetivo de comparar e contrastar as noções de cidadania global,
proposta pela UNESCO, e cidadania planetária, entendida por Edgar Morin, a fim de
compreender quais saberes docentes são necessários para a formação de cidadãos conscientes
de seu papel no mundo. A partir desta investigação, e sob o prisma da auto-heteroecoformação,
este estudo busca levar à reflexão acerca de uma formação docente-cidadã que, segundo Freire
e Leffa (2013, p. 74) compreenda que os sujeitos, suas individualidades, suas inter-relações e o
ambiente estão imbricados de tal maneira que se complementam, emprestando unidade ao
processo e revelando sua multidimensionalidade e multirreferencialidade.

Palavras-chave: Formação docente-cidadã; Auto-heteroecoformação; Cidadania global;


Cidadania planetária.

DESENVOLVIMENTO DOCENTE E MOBILIDADE: UMA EXPERIÊNCIA DIDÁTICA COMPLEXA


NO WHATSAPP COM PROFESSORES DE INGLÊS
Tatiane Molini Barros, LAEL-PUCSP (barros_tatiane@hotmail.com)
Marina Borges Muriana, LAEL-PUCSP (maribmuri@hotmail.com)

A presença das tecnologias digitais vem progressivamente modificando nossa forma de estar no
mundo. Destacamos as mudanças trazidas pelos smartphones, que se tornaram aliados para que
a construção de conhecimento possa se dar em qualquer lugar e em qualquer tempo. Observando,
na perspectiva de pesquisadoras de Linguística Aplicada, esse contexto de oportunidades
possibilitadas pela aprendizagem móvel, que tem o potencial de conferir maior autonomia,
continuidade e espontaneidade na aprendizagem (SACCOL et al., 2011, p. 24-25), e buscando
promover uma situação de ensino-aprendizagem com características transdisciplinares devido a
seu potencial para contribuir para a formação de indivíduos conectados, flexíveis e adaptáveis às
demandas do mundo contemporâneo (NICOLESCU, 2013, p. 17), desenvolvemos um curso com o
objetivo de atender ao anseio de aprimoramento docente expresso por alguns professores de
inglês: praticar a língua inglesa, aprender sobre recursos de tecnologia digital e descobrir
maneiras de incluí-los em sua ação docente. Na modalidade assíncrona via WhatsApp, por um
período de duas semanas, oferecemos o curso, cujo desenho, contexto e características
pretendemos compartilhar nesta comunicação. Observou-se que as atividades propostas para tal
vivência buscaram ir além da noção descontinuada do uso das tecnologias, na qual práticas
tradicionais imperam, visando construir novas formas de organização, relacionamento e

95
experiência cultural em um ambiente genuíno de cultura digital (SCHEIFER e REGO, 2020),
entendendo que o espaço para essa construção de conhecimento não pode ser fragmentado
(FREIRE e LEFFA, 2013), propiciando ao professor a percepção de que é ao mesmo tempo discente,
ao ser capaz de refletir sobre seu próprio processo de aprendizagem, e docente, ao elaborar/
adaptar suas próprias atividades, dialogando recursiva e dialogicamente (MORIN 2015) com seus
saberes, saberes dos colegas e com a construção de conhecimento em si.

Palavras-chave: Formação docente; Língua Inglesa; Whatsapp; Aprendizagem móvel.

ESTUDOS DOS LETRAMENTOS E PENSAMENTO COMPLEXO: UMA MIRADA ALTERNATIVA


Diego Satyro, PUCSP diegosatyro@bol.com.br

Os estudos dos letramentos têm sido amplamente expandidos por linguistas aplicados estrangeiros
e brasileiros, nos últimos trinta anos. Uma repercussão dessas pesquisas são as diferentes vertentes,
nomeadamente, os novos estudos do letramento (DIONÍSIO, 2007; KLEIMAN, 1995; STREET, 1993,
1997, 2012, 20141), os multiletramentos (GRUPO DE NOVA LONDRES, 1996; KALANTZIS, COPE
& PINHEIRO, 2020; MONTE MÓR, 2015; PINHEIRO, 2016, 2017; RIBEIRO, 2020; ROJO, 2012,
2017, 2019), os letramentos críticos (GARCIA, LUKE & SEGLEM, 2017; JORDÃO, 2017; LUKE,
2012; MENEZES DE SOUZA, 2011; MONTE MÓR, 2015; ROJO, 2009) e os letramentos digitais
(DUDENEY, HOCLY & PEGRUM, 2016; RIBEIRO & COSCARELLI, 2014; RIBEIRO, 2020a;
ZACHARIAS, 2016). Outro desdobramento desses estudos é sua influência na construção de
currículos oficiais, como a Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2017, 2018). De modo geral,
os estudos citados apresentam ora aproximações, ora distanciamentos. Esses movimentos de
atração e retração têm uma forte carga pedagógica, isto é, voltada à sala de aula, com destaque
para o contexto da Educação Básica e da formação de professores de línguas. Existem, ainda,
diálogos de cunho epistemológico entre os estudos dos letramentos e o dialogismo (e.g., KLEIMAN,
1995; ROJO, 2017) ou o pós-estruturalismo (e.g., JORDÃO, 2017; MENEZES DE SOUZA, 2011).
Este trabalho propõe um diálogo antro e epistemológico com outro quadro referencial: o
pensamento complexo. Acredita-se que lançar um olhar complexo pode contribuir para os estudos
das práticas letradas escolares. Para isso, dois recortes são necessários: quanto ao pensamento
complexo, são mobilizadas as ideias de Morin (1997, 2000, 2003, 2005, 2007, 2011, 2013,
2015, 2020) e as de Gee (2013); em relação às práticas letradas escolares, são colocadas em
destaque aquelas associadas ao ensino remoto emergencial, em função da pandemia de COVID-
19, que, em muitos contextos, exigiram o uso de tecnologias digitais.

Palavras-chave: Letramentos; práticas letradas escolares; pensamento complexo; ensino remoto


emergencial; tecnologias digitais da informação e da comunicação.

FORMAÇÃO TECNOLÓGICA DE PROFESSORES DE LÍNGUAS


Karin Claudia Nin Brauer (IFSP) kcnb76@gmail.com

A presente pesquisa teve como objetivo descrever e interpretar o fenômeno desenho de curso de
formação tecnológica de professores de línguas sob a epistemologia da complexidade, visando ao
uso de interfaces digitais com propósitos educacionais. Os aportes teóricos para o estudo das
questões interpretativas desta proposta foram a Epistemologia da Complexidade, o Design
Educacional Complexo, a formação docente e a Auto-heteroecoformação Tecnológica de
Professores. A investigação foi desenvolvida por meio da elaboração do curso de formação
tecnológica de professores de línguas em ambiente on-line sob a epistemologia da complexidade,

1 Apresento os autores em ordem alfabética.

96
no qual ficaram registrados os textos que foram usados para a interpretação do fenômeno em
estudo, o qual recebeu tratamento hermenêutico-fenomenológico. A pesquisa teve como
participantes professores de Ensino Médio de inglês, espanhol e alemão da rede pública e privada
de escolas brasileiras. A interpretação revelou temas e subtemas que compreendem o fenômeno
como, por exemplo: ensino, interação, criatividade. A interpretação desses textos revelou a
reflexão dos participantes acerca da formação realizada, bem como proporcionou à professora-
pesquisadora momentos reflexivos sobre o desenvolvimento do curso e dos traços complexos
necessários para o ensino-aprendizagem.

Palavras-chave: auto-heteroecoformação tecnológica docente; complexidade; abordagem


hermenêutico-fenomenológica; curso; línguas.

LINGUAGEM AUDIOVISUAL NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES: UMA PROPOSTA BASEADA


NO DESIGN EDUCACIONAL COMPLEXO
Cristiane Freire de Sá – IFSP-SENACSP-GPeAHFC-CNPq crisfsah@gmail.com

Este trabalho tem como objetivo apresentar uma proposta de formação de professores sobre a
linguagem audiovisual baseada nos elementos do Design Educacional Complexo (DEC)
desenvolvido por Freire (2013), visando contribuir com novos olhares para a formação de
professores em tempos de incertezas. Com a emergência da pandemia por COVID-19, o aumento
do uso de vídeos nos processos educacionais evidenciou, ainda mais, os desafios docentes na
produção audiovisual, embora, antes da pandemia esses desafios já pudessem ser observados.
Autores como Wolgemuth (2005) e Rizzo (2011) haviam problematizado a produção de vídeos
educacionais identificando a problemática ainda na formação inicial, trazendo olhares ainda
atuais sobre esta questão. Outros pesquisadores, como Almeida (2013), Priuli (2017) e Lino e
Pereira (2019), aprofundaram um pouco mais esta reflexão partindo da linguagem audiovisual
como elemento central na formação de professores, principalmente por sua natureza multimodal e
multissemiótica. Para esses autores, é necessário ir além da instrumentalização tecnológica e
fomentar o desenvolvimento de práticas que coloquem os professores para criar vídeos educativos
que utilizem os elementos simbólicos da linguagem audiovisual. Diante destas reflexões é evidente
que desenvolver propostas formativas que visem formar professores nesta temática é uma
demanda emergente desde antes da pandemia. Entretanto, soma-se a este desafio a necessidade
de se incrementar no atual cenário o desenvolvimento de ações formativas com o uso de
metodologias colaborativas, ambientes e recursos digitais. A partir desta necessidade apresentar
propostas formativas baseadas em design educacional, em especial, a partir do DEC pode servir
como inspiração para ações e projetos voltados para a formação de professores. Neste momento
em que grande parte dos educadores ainda estão atuando no ensino remoto, é possível colocar
os professores para vivenciar experiências significativas de aprendizagem em ambientes digitais
de modo que identifiquem o potencial do uso da linguagem audiovisual e do DEC em suas práticas.

Palavras-chave: Linguagem Audiovisual; Design Educacional Complexo; Formação de Professores.

97
LINGUÍSTICA APLICADA E COMPLEXIDADE: POSSÍVEIS ARTICULAÇÕES NO PROCESSO DE
FORMAÇÃO DOCENTE
Karem Datti Ragnev – LAEL (PUC-SP) / GIA BR
kragnev@gmail.com

Este trabalho tem por objetivo tecer uma discussão utilizando os fios que conduziram a trajetória
transformacional da Linguística Aplicada (LA). Partindo de uma da aplicação da Linguística e
chegando à Linguística Indisciplinar (MOITA LOPES, 2013), sob o viés da epistemologia da
complexidade (MORIN, 2000,2005, 2008, 2010, 2013, 2015, 2016), na tentativa de responder
a seguinte pergunta norteadora “É possível articular a LA com epistemologia da complexidade
em processos de formação docente?” Para melhor desenvolver o processo de reflexão e
investigação, recorro, também, as questões sobre necessidades de rupturas, nos processos de
ensino e aprendizagem de línguas, proposto por Bohn (2013); nas questões problematizadoras
em pesquisas na LA, proposta por Kleiman (2013), e aos estudos sobre os operadores da
epistemologia da complexidade (MORIN, 2015).

Palavras-chave: complexidade; linguística aplicada; ensino aprendizagem de línguas.

O AUTOCONHECIMENTO NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUAS: UMA VISÃO


SISTÊMICO-COMPLEXA
Daniela Santos Aires
GPeAHFC/CNPq; LAEL/PUCSP
danielasa.educacional@gmail.com

A formação de professores de línguas tem sido orientada, especialmente, com foco na construção
de conhecimento linguístico e/ou teórico-metodológico, na tentativa de auxiliá-los, principalmente,
em suas jornadas frente às necessidades e dificuldades de seus alunos, em detrimento de outro
aspecto que constitui, igualmente, o universo do ensino-aprendizagem de línguas: a dimensão
subjetiva, que atravessa alunos e docentes, a qual está intrinsecamente conectada ao sucesso e ao
fracasso de suas relações por meio de/com as línguas. Diante desse cenário, faz-se necessário
ampliar a visão para a formação docente e investir, também, na construção do autoconhecimento
dos professores de línguas, por meio de projetos que desenvolvam o aspecto humano,
reintroduzindo o sujeito no conhecimento. Nessa perspectiva, a Abordagem Sistêmico-Complexa,
concepção elaborada a partir da Constelação Sistêmica hellingeriana em articulação com o
Pensamento Complexo moriniano, busca lançar um olhar atento e sensível à formação de professors
de línguas e suas relações com os idiomas, valorizando e estimulando sua participação em seu
próprio processo de construção de conhecimento, autoconhecimento e de expansão da consciência
para suas questões entre línguas, uma vez que não se trata somente de conhecer outro idioma,
mas de perceber o sentir quando se fala outra língua, reconhecendo os idiomas podem despertar
emoções, sentimentos, crenças, memórias e origens, influenciando tanto positivamente, quanto
negativamente, o processo de ensino-aprendizagem de línguas.

Palavras-chave: Autoconhecimento; Formação de Professores; Complexidade; Educação


Sistêmica; Abordagem Sistêmico-Complexa.

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O CULTIVO DOS SENTIMENTOS E DA BIOESPIRITUALIDADE DOCENTE EM ARTICULAÇÃO
COM AS LINGUAGENS DOS CAMPOS DA VIDA E A COMPLEXIDADE

Fabiana Munhoz Barbosa Calderolli - PUCSP - fabiana.calderolli@gmail.com

Esse trabalho apresenta a interpretação de uma pesquisa de mestrado acerca de dois fenômenos
da experiência humana: a formação do professor de Educação Básica, sob a orientação
socioemocional e Bioespiritual, em articulação com as linguagens dos campos da vida e a
Complexidade, e a partir desse, o conviver e o fazer desse educador. Os fenômenos são
compreendidos sob a perspectiva dos sujeitos que os vivenciam: seis professores da Educação
Básica, em serviço. Sustentam o desvelar da sua essência, as perguntas: Qual a natureza de a
formação do professor de Educação Básica, sob a orientação socioemocional e Bioespiritual, em
articulação com as linguagens dos campos da vida e a Complexidade?, e Qual a natureza do
conviver e fazer desse educador? A formação acontece em 8 encontros semanais, por meio dos
quais os participantes podem ampliar a apropriação do autoconhecimento, da autoaceitação, do
autorrelacionamento e da autoconfiança. Para tanto, é considerada a multidimensionalidade
humana: a mente, por meio de reflexões críticas; o espírito, por meio da Bioespiritualidade, como
a capacidade que o ser humano tem em acessar o melhor de si mesmo; e o corpo, como uma forma
de integrar todos os anteriores. As linguagens consideradas nesse estudo são: oral, iconográfica e
corporal. À vista disso, fundamenta-se na necessidade de considerar, na educação atual, os
aspectos socioemocionais, oportunizado por meio da Epistemologia da Complexidade, do viés
transdisciplinar e da amplitude da auto-heteroecoformação. Estruturam os encontros de formação,
as teorias e práticas da Psicoterapia Corporal em Biossíntese. Como metodologia de pesquisa,
utiliza a abordagem hermenêutico-fenomenológica complexa, com interpretação dos textos
gerados a partir das narrativas acerca das experiências vividas pelos educadores. Esta
investigação revela os fenômenos investigados com temas hermenêutico-fenomenológicos
complexos significativos para o atual contexto educacional, entre eles, um caminho para a
solidariedade, tão necessário nas ações e relações da ecologia planetária.

Palavras-chave: Formação do professor; Educação Básica; Biossíntese; Complexidade;


Transdisciplinaridade.

O PORTFÓLIO DIGITAL NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE LÍNGUA INGLESA:


UM ESTUDO SOBRE EMERGÊNCIA COMPLEXA

Marco Aurélio Costa Pontes, Universidade Federal de Uberlândia


marcoacpontes@gmail.com

O uso do portfólio digital é uma forma de incluir os professores pré-serviço em uma constante
reflexão e participação mais ativa acerca da escolha dos conteúdos e de fomentar a compreensão
daquilo que efetivamente constitui um bom trabalho docente (DELANDSHERE; ARENS, 2003). Além
disso, esse instrumento pode ser utilizado para viabilizar mudanças nas práticas de ensino,
tornando as pedagogias mais abertas e ativas, abrindo espaço para as descobertas e pesquisa
(PERRENOUD, 1998). Dessa forma, considerando que a sala de aula é um sistema complexo e
aberto (LARSEN-FREEMAN; CAMERON, 2008; LARSEN-FREEMAN, 2017), em que há a interação
entre diversos componentes, esse estudo, de cunho qualitativo e interpretativo, visa mapear
emergências complexas (DAVIS; SUMARA, 2006) dentro desse sistema a partir da análise de
portfólios digitais, a saber: interação entre vizinhos, controle descentralizado, diversidade,
redundância e restrições possibilitadoras. Objetivamos, então, compreender os padrões

99
emergentes complexos de construção de conhecimento a partir das análises dos portfólios criados
por professores pré-serviço do curso de Letras/Inglês da disciplina de Metodologia de Ensino de
Língua Inglesa em uma universidade federal no estado de Minas Gerais. A partir das análises dos
dados, as condições de emergência complexas de Davis e Sumara (2006) foram observadas. Os
estudantes, a partir da interação com seus pares e com o professor, se engajaram nas produções
e desenvolvimento das atividades, enquanto que o uso da tecnologia digital fez com que várias
formas de aprendizagem emergissem. Ademais, algumas das restrições possibilitadoras foram
importantes para que o processo de produção dos portfólios acontecesse e a diversidade do
sistema criou novas possibilidades de respostas e ações inovadoras.

Palavras-chave: Complexidade; formação de professores; portfólio digital.

O PROFISSIONAL DE LETRAS E A "EDUCAÇÃO DO FUTURO": REFLEXÕES A PARTIR DE


EDGAR MORIN

Michele Eduarda Brasil de Sá (UFMS)


michele.eduarda@ufms.br

O filósofo francês Edgar Morin, no seu texto “Os sete saberes necessários à educação do futuro”,
apresenta o que muitos consideram a síntese do pensamento complexo tal como por ele
desenvolvido. No fio de sua narrativa, Lógica e Ética (aqui com maiúsculas, designando as áreas
da Filosofia), ainda que não direta ou expressamente citadas, subjazem às considerações que ele
faz sobre o ser humano - do Homo sapiens, do Homo demens, até o que ele chama de Homo
complexus. O conceito de complexidade tal como o filósofo francês o apresenta nos desafia a um
projeto de educação que desafia o que se entende tradicionalmente por conhecimento (isto é,
compartimentado em áreas e, na prática, por vezes envolvido em rivalidade acadêmica), daí a
sua relação próxima com a transdisciplinaridade. No trabalho proposto, cuja metodologia é
bibliográfica e reflexiva, objetiva-se refletir sobre o texto de Morin aplicando-o não apenas ao
contexto da educação brasileira de modo amplo, mas especificamente à realidade da formação
de professores nos cursos de Licenciatura em Letras, com suas especificidades e com a sua principal
ferramenta, que é a linguagem.

Palavras-chave: Conhecimento complexo, Filosofia da Educação, Transdisciplinaridade,


linguagem.

100
PRÁTICA DE INGLÊS PARA PROFESSORES: UMA EXPERIÊNCIA COMPLEXA
TRANSDISCIPLINAR VIA WHATSAPP

Solange Lopes Vinagre Costa, LAEL/PUC-SP, ansocosta@uol.com.br

As mudanças promovidas pela presença da tecnologia digital em nosso cotidiano vêm contribuindo
para que as práticas sociais assumam novas características, ao mesmo tempo aproximando e
distanciando as pessoas. Dispositivos como os smartphones ganharam importância nessas relações
e se tornaram alternativas para o acesso a informações e para a construção de conhecimento.
Pesquisando os possíveis benefícios da aprendizagem móvel pelo viés da Linguística Aplicada e
suas possível contribuição para que a aprendizagem se dê de maneira mais autônoma, contínua e
espontânea (SACCOL et al., 2011, p. 24-25), e buscando oferecer uma oportunidade de
desenvolvimento linguístico para professores de inglês, criamos um curso para prática da língua,
realizado no aplicativo do WhatsApp de maneira assíncrona, no qual os professores-alunos
puderam praticar inglês por meio de interações sobre a temática notícias da atualidade,
buscando-se proporcionar uma experiência entendida como transdisciplinar visto que,
potencialmente, pode contribuir para sua compreensão do mundo por intermédio da construção
de conhecimento (NICOLESCU, 2000, p. 11). Assim, as atividades desenvolvidas para o curso
tiveram o objetivo de ser uma alternativa às atividades entendidas como disciplinares, com foco
meramente na língua. Em vez disso, buscou-se que os participantes pudessem usar a língua inglesa
de maneira mais autêntica, podendo, possivelmente, proporcionar uma vivência na qual seus
participantes pudessem refletir sobre a vida, sobre o próximo e sobre si mesmos (MORIN, 2015,
p. 54) por meio dessa interação em inglês. Nesta comunicação, serão apresentados a estrutura e
os objetivos do curso, demonstrando como se articularam à complexidade e à
transdisciplinaridade, bem como exemplos das atividades desenvolvidas e comentários dos
participantes.

Palavras-chave: desenvolvimento de professores de inglês; complexidade; transdisciplinaridade;


aprendizagem móvel; WhatsApp.

101
SIMPÓSIO

FORMAÇÃO DE PROFESSORES E OS PROCESSOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM DA


(COMPREENSÃO EM) LEITURA NA E PARA A CONSTRUÇÃO DO LEITOR
Coordenadora: Claudia Finger-Kratochvil (UFFS, SC)
cfkrato@gmail.com
Angela di Palma Back (UNESC, SC);
Luciane Baretta (UNICENTRO, PR)

A ciência da leitura tem recebido atenção, especialmente nas 3 últimas décadas, com destaque ao
declínio dos resultados das avaliações em larga escala (e.g., PISA, Enem, Prova Brasil) e a
capacidade de leitura. Há muito mais tempo, entretanto, a ciência da leitura é foco de diferentes
trabalhos de pesquisa, especialmente, os desenvolvidos pelas instituições relacionadas de forma
direta com o tema: a escola e a universidade. Os estudos têm abordado diversos aspectos desta
intrincada teia, envolvendo os processos de base do processamento em leitura – e.g.,
decodificação, correspondências grafo-fonológicas, consciência fonêmica –, e também os processos
e o processamento de alto nível – (meta)cognitivo e (meta)linguístico –, e.g., léxico e vocabulário,
processamento de inferências, monitoração da compreensão, motivação, que permitem a
construção da compreensão do texto e, por conseguinte, a leitura. Para além destes aspectos, a
pesquisa inquieta-se também como o processo de construção do leitor, e desta forma, os processos
envolvidos no processo de ensino e aprendizagem da (compreensão em) leitura (e, por conseguinte,
da escritura) de textos e o importante papel do(a) professor(a), no contexto da sala de aula. Os
resultados de vários estudos (etnográficos, experimentais, de métodos mistos, pesquisa-ação)
apontam para a necessidade de trabalho sistemático e sistematizado no ensino e aprendizagem
deste multifacetado processo (para toda a vida) de construção do leitor, valendo-se de formação
especializada e específica, voltada à leitura, especialmente, na escola. Portanto, a atuação e a
formação do professor têm sido apontadas como fundantes no processo, uma vez satisfeitas as
condições estruturais relacionadas à contexto e condições de trabalho. Este simpósio tem por
objetivo a discussão de pesquisas relacionadas à formação de professores e à (compreensão em)
leitura, em seu processo e seu produto, considerando a construção do leitor a partir de bases
científicas da linguística, linguística aplicada, da psicolinguística (aplicada) e das neurociências.

Palavras-chave: Formação de Professores; (Compreensão em) Leitura; Construção do leitor;


Linguística Aplicada; Psicolinguística (Aplicada).

A DESMISTIFICAÇÃO DAS PRÁTICAS DE LEITURA BASEADAS NOS LIVROS DE AUTOAJUDA:


OS ESTUDANTES DO PRIMEIRO ANO DA ESCOLA SUPERIOR PEDAGÓGICA DO BIÉ EM
FOCO
Aristides Jaime Yandelela Cambuta-ESPB
aristidesjaimey@gmail.com

A presente pesquisa teve como finalidade analisar as práticas de leitura dos estudantes da escola
superior pedagógica do Bié baseadas nos livros de autoajuda. A investigação de natureza
qualitativa é um recorte da tese do doutorado em educação e teve como procedimento
metodológico as narrativas autobiográficas que serviram como instrumentos de geração de dados.
Para a sua efetivação, fez-se uso dos fundamentos teórico-científicos de Foucambert (2008),
Bourdieu (2017), Britto (2012), Silva (2000) e Adorno (2002). Assim, os resultados da pesquisa
evidenciam que, em muitas ocasiões, os estudantes optam por leitura de livros de autoajuda. Nesta
perspectiva, torna-se urgente desmistificar os aspectos ideológicos da sociedade capitalista que

102
condicionam a leitura dos estudantes. Neste sentido, é importante desvendar que as práticas de
leitura não podem ser encaradas como decorrentes de um gosto natural, pois elas dependem do
modo de organização social e do valor que a própria sociedade atribui à leitura. Assim sendo, a
análise das práticas de leitura dos estudantes precisa ter sempre como base a realidade concreta
deles, bem como o entorno social. Por outra, neste mundo de barbárie, onde o capitalismo impera
e, portanto, ganha cada vez mais espaço, a atenção deve ser redobrada, dado que, por conta
de modo organizacional, a indústria cultural incentiva cada vez mais o consumo bens culturais
(livros), sem se preocupar com a formação humana. Em nosso entender, a leitura deve contribuir
para os desenvolvimentos das potencialidades do ser humano e na formação crítica do leitor. Por
esta razão, a escola enquanto lugar de estudo deveria propiciar leitura com criticidade.

Palavras-chave: práticas de leitura dos estudantes; livros de autoajuda; formação crítica do leitor.

ENSINO-APRENDIZAGEM DA LEITURA EM UM CONTEXTO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA:


REPRESENTAÇÕES DE PRÁTICAS DE TRADUÇÃO, PRONÚNCIA E AVALIAÇÃO
Talita Duarte de Jesus (UNESC)
talitaduarte_sc@hotmail.com
Angela Cristina Di Palma Back (UNESC)
acb@unesc.net

Entende-se por compreensão leitora o processo complexo em que o leitor realiza proposições em
diferentes níveis de modo a formar a base textual, ao passo que integra os conhecimentos prévios
relevantes e seus objetivos individuais a essas informações com vistas a construir uma representação
mental da mensagem textual (KINTSCH; RAWSON, 2013). Contudo, o processo citado não é inato
e precisa de ensino sistemático. Quando se trata de um contexto de ensino-aprendizagem de uma
língua estrangeira, torna-se ainda mais complexo, pois a falta de conhecimento linguístico pode
levar a práticas que não propiciem a compreensão, uma vez que fazem com que o leitor se
mantenha preso a um nível baixo do texto. Nesse sentido, o presente trabalho, fundamentado em
teóricos como Kintsch e Rawson (2013), Kleiman (2013) e Perfetti et al (2013), contextualiza um
recorte de pesquisa de mestrado em que foram analisados relatos de observação de estágio de
Língua Inglesa como língua estrangeira com o intuito de verificar qual o lugar do texto nesse
contexto e se as práticas representadas como leitura levavam ao processo de compreensão. Para
a análise qualitativa, adotaram-se procedimentos dialógicos com vistas à interação entre as
recorrências de relatos de práticas de leitura e as teorias sociocognitivas. Identificou-se que o uso
do texto em aulas de LI aparece representado, principalmente, em práticas de tradução, pronúncia
e avaliação, geralmente, desvinculadas do acesso à construção de sentido. Ademais,
compreendeu-se que as expectativas, as concepções e as motivações dos docentes e alunos para
a leitura são preditivas da (não) compreensão de textos nos contextos relatados.

Palavras-chave: leitura; ensino; compreensão.

103
ESTRATÉGIAS DE LEITURA PARA A CONSTRUÇÃO DA COMPREENSÃO
Carlos Alberto Ramos Souza (Colégio Elite Monteiro Lobato);
Luciane Baretta (Universidade Estadual do Centro-Oeste)
o.carlosramos@gmail.com; lbaretta@unicentro.br

Apesar do reconhecimento de que a habilidade da leitura precisa ser ensinada, é entendimento


de muitos pais e educadores que, a partir do momento que o leitor é capaz de decodificar
automática e fluentemente diferentes gêneros textuais, o papel da instrução está finalizado.
Pesquisas com enfoque na compreensão leitora mostram que esta tarefa cognitiva, altamente
complexa, envolve um conjunto de processos e componentes, que vão muito além dos processos de
decodificação e compreensão literal. Para que a compreensão seja, de fato alcançada, é
necessário que o leitor seja capaz de se utilizar de processos de alto nível, como a inferenciação,
o monitoramento e a utilização de estratégias para remediar as lacunas e/ou dificuldades em
compreender um dado texto. Para que esses processos façam parte do conhecimento
procedimental e condicional do leitor, i.e., que ele saiba “como”, “quando” e “por quê” utilizá-los,
eles precisam ser ensinados. O objetivo desta apresentação é nos debruçarmos sobre as entrevistas
conduzidas com doze professores, ministrantes de disciplinas diversas, de três escolas da rede
pública da região centro-sul do estado do Paraná. Os participantes responderam perguntas
abertas sobre o ensino da leitura e de estratégias de leitura em sua prática docente. Os resultados
mostram que os professores entrevistados, independente de sua área de atuação, trabalham
estratégias durante o estudo e discussão de texto em suas aulas. No entanto, conforme nossa
hipótese inicial, não são todos os professores que demonstram conhecimento aprofundado sobre
como desenvolver, conjunta e ativamente com o estudante, a construção do significado do texto,
utilizando-se para isso de variadas estratégias de leitura. Além de cursos de capacitação aos
professores, outra questão que merece reflexão é a evidente fragilidade do processo de ensino
e aprendizagem relativo ao trabalho com a leitura nas escolas: onde está/permanece o problema?

Palavras-chave: Instrução para a leitura; processos de alto nível; entrevistas com professores.

FORMAÇÃO DE PROFESSORES E PSICOLINGUÍSTICA: FORÇAS ALIADAS NO


DESENVOLVIMENTO DA (COMPREENSÃO EM) LEITURA
Claudimir Ribeiro
Escola de Educação Básica “Galeazzo Paganelli”
Claudia Finger-Kratochvil
Universidade Federal da Fronteira Sul, UFFS, Chapecó, Brasil

A leitura tem ganho espaço na agenda de organizações internacionais e tem modificado a


compreensão em torno do assunto no mundo da educação e na formação para a cidadania. A
Unesco, há mais de meio século, contribui para o comprometimento internacional e promoção e
ampliação do conceito (e habilidades) e ganhos em leitura (partindo da literacia) ao redor do
mundo. A cada década intensificam-se as pesquisas em diferentes aspectos e processos envolvidos
na (compreensão em) leitura, conferindo-lhe o estatuto de ciência. Consequentemente, percebem-
se mudanças nas agendas de nações como o Brasil. Contudo, esta visão não tem garantido espaço
ao tema, na perspectiva psicolinguística, no currículo de formação de professores, quer em sua
formação inicial, quer na formação continuada, e, em certa medida, perpetua, assim, um círculo
vicioso. Considerando esse quadro, esta pesquisa busca avaliar a (compreensão em) leitura de
estudantes de graduação de licenciatura, por meio de resumos produzidos durante um projeto de
formação continuada, estudando o desempenho desses sujeitos como leitores e as habilidades em
leitura que parecem utilizar (ou não) nas atividades de sumarização. O suporte teórico utilizado
pauta-se no modelo de compreensão denominado, construction-integration (CI) model de KINTSCH.
Visando amparar a análise, relaciona-se o desempenho dos participantes a fatores como o
conhecimento prévio sobre a temática dos textos e o uso das macrorregras. Os resultados apontam

104
para o aprimoramento e desenvolvimento das habilidades necessárias ao refinamento do resumo,
indicativo de ganhos na compreensão. Os graduandos utilizam a macrorregra de
apagamento/seleção para selecionar ou construir a ideia principal. Contudo, à medida que a
quantidade de informação aumenta e se necessita inferir e/ou elaborar a ideia central
apresentam-se fragilidades em sua competência leitora. A formação inicial e continuada com foco
na psicolinguística (aplicada) apresenta-se como uma alternativa para criar um círculo virtuoso.

Palavras-chave: Formação de professores; Psicolinguística; (Compreensão em) Leitura; Resumo;


Macrorregras.

FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES E FOMENTO À LEITURA NA EDUCAÇÃO BÁSICA


Ana Cláudia de Souza, Universidade Federal de Santa Catarina
ana.claudia.souza@ufsc.br

Nesta exposição, pretende-se refletir sobre duas experiências de estágio obrigatório da


licenciatura em Letras - Língua Portuguesa, vivenciadas, na modalidade remota, com o mesmo
grupo de estagiários, em semestres consecutivos e em distintas instituições de ensino: uma federal,
outra estadual. Na primeira experiência, que contou com significativa e integrada participação
da docente da escola, desenvolvemos trabalho focado na leitura de mitos e lendas, propondo
atividades de contextualização e de compreensão leitora e explorando especificamente aspectos
textuais locais relativos ao léxico e aspectos globais da organização e constituição textual. Nesta
experiência, realizada em Colégio de Aplicação da rede federal de ensino, não houve regência
de classe pelos estagiários, tendo o trabalho sido desenvolvido diretamente junto à professora
regente, no ambiente virtual de aprendizagem e em ambiente próprio, desenvolvido para
fomentar a leitura dos estudantes. Na segunda experiência, realizada em colégio da rede pública
estadual, contou-se com menor participação da professora regente das turmas de Língua
Portuguesa, mas se obteve apoio e parceria de professores de outras áreas do conhecimento, que
compunham um projeto interdisciplinar ao qual o estágio foi, em alguma medida, integrado na
escola. Trabalhou-se com a leitura de duas obras completas da literatura brasileira, tendo-se
desenvolvido materiais em vídeo, texto, áudio e também nos formatos para a rede social
Instagram. Além disso, foram ministradas aulas síncronas remotas pelos estagiários, e os estudantes
da escola tiveram sua leitura direta e individualmente mente acompanhada, via WhatsApp, pelos
estagiários. Os resultados da análise dessas duas experiências indicam a necessidade e a
efetividade da interação, dos contatos, da orientação e do acompanhamento individual e coletivo
dos estudantes, ressaltando o papel imprescindível do Estado e das instituições na garantia da
implementação das aulas e ainda o relevante e insubstituível papel dos docentes e de um ensino
sistematizado no processo de formação de leitores.

Palavras-chave: formação de professores; ensino de leitura; ensino remoto; estágio obrigatório.

O ENSINO DE LÍNGUAS SOB A PERSPECTIVA DA COMPLEXIDADE E O PROGRAMA DE


RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA
Angela Luzia Garay Flain
Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS, Chapecó, Brasil
angela.flain@uffs.edu.br

Há mais de duas décadas, diferentes instâncias voltadas para a formação de professores no


contexto brasileiro têm buscado viabilizar e implementar o hoje chamado Programa de Residência
Pedagógica – PRP, na universidade pública. Na Universidade Federal da Fronteira Sul o PRP e

105
seus Subprojetos, na sua primeira versão, 2018/2019, proporcionaram o estreitamento dos laços
entre a universidade e as escolas públicas, no intuito de qualificar o estágio obrigatório e,
consequentemente, a formação dos futuros professores. No Curso de Letras, o RP ampliou a
formação dos residentes, na medida que puderam vivenciar a rotina da escola de forma mais
intensa, acompanhar e analisar o trabalho de vários setores, propor reformulações para melhorá-
los. Ao longo desta trajetória de formação de professores de língua materna e estrangeira, o
entendimento do ensino como um sistema complexo, pode facilitar o trabalho do professor. Os
sistemas complexos são abertos, sensíveis às condições externas que o cercam e às condições
iniciais, que lhe deram origem, dessa forma, se caracterizam por serem autorreguláveis. Tais
características dão ao professor a possibilidade de interferir no rumo desse sistema e assim,
potencializar o seu trabalho. A orientação dos residentes e o trabalho de formação com os
preceptores durou dezoito meses e, teve como objetivo, qualificar a formação dos acadêmicos e
contribuir para a formação continuada dos preceptores, assim como, proporcionar aos professores
da universidade o contato com o contexto de ensino básico, de fundamental importância, pois esses
alunos serão os futuros acadêmicos e professores que atuarão na rede pública. Assim, são vários
sistemas influenciando uns aos outros, não há como perceber a educação de outra forma que não
seja dinâmica e suscetível a influências do meio. Se isso exige do professor flexibilidade, também
permite autonomia para gerir e redimensionar o sistema em que atua.

Palavras-chave: Complexidade; formação de professores; PRP.

PROFESSOR-LEITOR, COMPREENSÃO LEITORA E AVALIAÇÃO DA LEITURA: INDICATIVOS


DAS PESQUISAS BRASILEIRAS
Margarete Gonçalves Macedo de Carvalho, Instituto Federal de Santa Catarina e Universidade
Federal de Santa Catarina
margarete.ifsc@gmail.com
Ana Cláudia de Souza, Universidade Federal de Santa Catarina
ana.claudia.souza@ufsc.br

Observa-se, desde o final da década de 1960, um crescente interesse pela pesquisa relativa aos
processos e usos da leitura em diferentes esferas que incluem a educação, o trabalho, a saúde, o
cotidiano, a arte e a academia. As áreas que se têm sobressaído nesta temática são a Psicologia,
a Educação, a Literatura e a Linguística, da qual se destacam a Linguística Aplicada e a
Psicolinguística, subárea a qual as autoras desta investigação se afiliam. O estudo que ora é
apresentado se constitui de duas revisões sistemáticas da literatura com vistas a mapear e discutir
os estudos brasileiros desenvolvidos acerca dos temas professor como sujeito leitor e avaliação da
leitura. As duas revisões são analisadas, focalizando-se as concepções de leitura, compreensão
leitora e leitor, os instrumentos de investigação e testagem e os resultados obtidos pelas pesquisas
sob análise. Sobre as investigações acerca do professor observado como um sujeito leitor, concluiu-
se que há maior volume de pesquisa de mestrado e que a abordagem mais frequentemente
adotada, por meio de pesquisa de levantamento, considera a constituição, o perfil ou a trajetória
dos participantes, ou seja, aspectos sócio-históricos. São poucos os estudos que analisam
comportamentalmente o desempenho leitor ou os processos de leitura. Não se identificaram
pesquisas neuropsicofisiológicas com este público no Brasil. Quanto aos estudos que se dedicam
particularmente à avaliação dos processos ou produtos da leitura, diferentemente das
investigações anteriores, observa-se uma maior incidência de pesquisas experimentais, voltadas
ao aspecto cognitivo, que se utilizaram, em geral, de apenas um instrumento de avaliação,
voltadas, sobretudo, a estudantes dos primeiros anos do ensino fundamental (apenas uma se
dedicou a investigar docentes), sendo a decodificação e outros processos relacionados à leitura
inicial os mais investigados.

106
Palavras-chave: Pesquisas em leitura; professor-leitor; compreensão leitora; avaliação da leitura;
estudo de revisão sistemática.

SIMPÓSIO

FORMAÇÃO E TRABALHO DOCENTE: DISTÂNCIAS E APROXIMAÇÕES NO ENSINO


DE LÍNGUAS
Coordenadora: Anise d’Orange Ferreira - UNESP
anise.ferreira@unesp.br
Ermelinda Barricelli - USF
Eliane Lousada - USP

As questões de formação docente têm sido largamente investigadas em décadas recentes,


fomentando algumas linhas de pesquisa, em diversas perspectivas: a do paradigma do professor
reflexivo, a das histórias de vida, a da complexidade, entre outras. Junto a essas, surge a
perspectiva de formação de professores sob o ângulo do ‘trabalho de ensinar’, desenvolvida pela
Ergonomia da Atividade dos Profissionais da Educação em diálogo com a Clínica da Atividade e
orientada primordialmente pelos estudos vygotskianos. Nessa perspectiva, foram desenvolvidos
métodos de coanálise do trabalho que colocam em debate formas de ação que possam
transformar as situações de trabalho por meio de métodos indiretos, como a Instrução ao Sósia e
a Autoconfrontação Simples e Cruzada. Essa prática tem fundamentos psicológicos que favorecem
a verbalização do que foi vivido, revelando a percepção da própria experiência. Em relação ao
trabalho educacional e à formação de professores, os proponentes do presente simpósio se servem
também do Interacionismo Sociodiscursivo que propõe um quadro teórico-metodológico para
analisar o agir por meio da linguagem, mais precisamente, por meio dos textos produzidos em
situação de trabalho. Por meio desse quadro de análise, é possível interpretar as condutas dos
trabalhadores-professores por meio dos textos que produzem, como, por exemplo, a
autoconfrontação e a instrução ao sósia. O presente simpósio tem por objetivo reunir estudos e
pesquisas que, inspirando-se desses quadros teóricos, proponham reflexões e discussões sobre o
trabalho docente e a formação de professores de línguas.

Palavras-chave: trabalho docente; instrução ao sósia; autoconfrontação; interacionismo.

A IDENTIDADE DE PROFESSORES DE INGLÊS DA REDE PÚBLICA DE MANAUS: UM ESTUDO


DE CASO EM TEMPOS DE PANDEMIA
William Pinheiro da Silva - UFAM
wpinheiro134@gmail.com
Marta de Faria e Cunha Monteiro - UFAM
martamonteiro20@hotmail.com

Este trabalho é uma pesquisa em andamento situada na Linguística Aplicada, ligada ao campo de
formação de professores. Seu objetivo geral é investigar questões identitárias de professores em
serviço no período pandêmico, causado pela COVID-19. Como objetivos específicos, pretende-se
analisar a identidade de professores de inglês da educação pública da cidade de Manaus e
refletir acerca de sua identidade em tempos pandêmicos. O arcabouço teórico da pesquisa
envolve os estudos sobre identidade de professores com base em Celani e Magalhães (2002),
Moita Lopes (2002), Leffa (2012), Monteiro (2014), Silva (2019) e Tílio (2019). No que se refere
à formação de professores, fundamenta-se em Cassemiro (2018), Celani (2003; 2009; 2010)
Leffa (2001; 2008), Gimenez (2009), Romero (2009), Schön (1992) e Vieira-Abrahão (2007). O
estudo está ancorado na abordagem qualitativa com base em Denzin e Lincoln (2006) e Dörnyei

107
(2006) e quanto à metodologia vem sendo adotado o estudo de caso descritivo com base em
Johnson (1992) e Stake (2003). A pesquisa tem como contexto 4 escolas da rede estadual de
ensino da cidade de Manaus e como participantes, os professores de inglês dessas escolas. Os
instrumentos de geração de dados são dois questionários, um de perfil e um investigativo, um
roteiro de entrevistas semiestruturadas, autobiografias e diários de campo. Ao final da pesquisa,
espera-se contribuir para o campo da formação de professores com o fortalecimento do debate
acerca da compreensão da identidade do professor de inglês, além de se oferecer contribuições
para as pesquisas a respeito do tema na área da LA.

Palavras-chave: Formação de Professores; Identidades de Professores de inglês; Pandemia.

AUTOCONFROTAÇÃO REMOTA EM CONTEXTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL


Ermelinda Maria Barricelli – USF
ermebarricelli@gmail.com.br

Esta apresentação discute uma intervenção realizada com a equipe gestora – Diretora, Vice-
Diretora e Coordenadora de uma Escola Municipal de Educação Infantil - EMEI (atende crianças
de 4-5 anos) em que se focou os desafios do trabalho da equipe gestora em tempos de atividade
remota. Essa intervenção que vem se desdobrando desde 2014 se valeu da Autoconfrontação,
entretanto, nesta etapa as entrevistas se desenvolveram mediadas pelo computador. Este trabalho
está ancorado em duas abordagens que tomam Vygotski (1930, 1934) como ponto de partida. A
primeira fundamenta-se na defesa vigotskiana pelos métodos indiretos que contribuíram para o
desenvolvimento de uma metodologia intervencionista que se apoia em dois métodos, um deles
denominado Autoconfrontação (CLOT e FAÏTA, 2001) desenvolvidos, especialmente, pelos
estudiosos da Clínica da Atividade do Conservatoire National des Arts et Métiers de Paris (CNAM)
e pelo grupo Ergonomie de l’Activité des Professionnels de l’Éducation (ERGAPE). A segunda baseia-
se, especialmente, nas discussões vygotskianas de linguagem para o desenvolvimento de uma
Ciência do Humano como base do Interacionismo Sociodiscursivo- ISD (BRONCKART, 1999, 2006,
2008). A análise do material empírico mostrou, em primeiro lugar, uma nova forma de intervir, e
em segundo, que a equipe gestora assumiu o protagonismo do processo se auto filmando e
debatendo os novos desafios postos em cena.

Palavras-chave: trabalho docente, infância, discurso, autoconfrontação.

DIFICULDADES, CONFLITOS E DILEMAS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES: UMA ANÁLISE


DO TRABALHO DE ENSINAR

Eliane Gouvêa Lousada – USP


elianelousada@uol.com.br

Nesta comunicação, apresentaremos a pesquisa realizada a partir de um dispositivo de formação


de professores iniciantes de francês que se organiza a partir de dois grandes eixos: 1. Intervenção
na situação de trabalho, procurando criar um espaço para debater as dificuldades e dilemas
enfrentados pelos professores; 2. Formação prática de orientação didático-pedagógica ligada
ao contexto de ensino dos professores iniciantes. O dispositivo de formação foi implementado com
base em duas linhas teóricas norteadoras: de um lado, a Clínica da Atividade (Clot, 1999, 2001,
2008, 2017) e Ergonomia da Atividade (Saujat, 2004, Faïta, 2004, 2011, 2016, 2017), que
propõem métodos de intervenção para transformação das situações de trabalho; de outro, o
Interacionismo Sociodiscursivo (Bronckart, 1999, 2006, 2008; Bulea; Bronckart, 2010), que estuda
o agir do professor a partir da análise de textos produzidos em situação de trabalho. O contexto

108
da formação é o de um curso de extensão de francês, ligado a uma universidade pública, no qual
os professores são alunos da Universidade que iniciam a prática docente e têm pouca ou nenhuma
experiência anterior. Os dados coletados são compostos de verbalizações de professores em
entrevistas de autoconfrontação (Faïta; Vieira, 2003), filmadas em vídeo, além de reuniões
pedagógicas também filmadas. Os resultados obtidos até o momento apontam o papel das
verbalizações para a reflexão sobre as dificuldades, conflitos e dilemas dos professores. Eles
também mostram como os debates entre os professores sobre essas questões contribuem para o
desenvolvimento profissional dos docentes e para gerar transformações em sua situação de
trabalho.

Palavras-chave: autoconfrontação; formação de professores; conflitos; dilemas; dificuldades

PROFESSORES INICIANTES DE FLE REVISITANDO SUA ATIVIDADE DO ESTÁGIO DE


REGÊNCIA A PARTIR DE UMA PROPOSTA INTERVENTIVA
Luciana Bessa, PosLA/UECE
luciana.bessa@aluno.uece.br
Rozania Moraes, PosLA/UECE
rozania.moraes@uece.br

Este trabalho constitui um recorte de uma tese de doutorado, em andamento, que busca analisar
a atividade de dois professores de francês língua estrangeira (FLE) em um centro de línguas de
uma universidade pública no Ceará, de modo a descrever o desenvolvimento das preocupações
desses docentes em uma nova intervenção, a saber, em uma nova (co)análise de sua prática à luz
da Clínica da Atividade e da Ergonomia da Atividade. Igualmente apoiando-se no pensamento
vigotskiano sobre o desenvolvimento humano e no princípio dialógico de Bakhtin e o Círculo, esta
comunicação visa a apresentar o processo teórico-metodológico empregado na pesquisa em curso,
com o intuito de viabilizar aos professores uma revisita à sua atividade em dois momentos distintos:
enquanto estagiários, e, posteriormente, enquanto mais experientes após o término da formação
inicial. Para tanto, além de discorremos sobre essa escolha teórico-metodológica para a construção
do corpus discursivo da tese em andamento, apresentamos o contexto, a natureza, os participantes
da pesquisa e a proposta de análise do corpus. Ressaltamos que a referida investigação foi
autorizada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos, parecer de número 1.040.370
e CAAE 43663815.0.0000.5534, e constitui-se de uma expansão de uma pesquisa anterior,
realizada por uma das autoras deste trabalho, que envolveu professores estagiários de FLE. O
presente trabalho aponta, em conclusões preliminares, que a revisita e a reflexão sobre a
atividade vivida desses professores, materializadas em seus enunciados concretos, podem apontar
traços de desenvolvimento das preocupações de professores iniciantes de FLE, além de poderem
indicar gestos profissionais característicos desses docentes, colaborando para produção de novos
conhecimentos sobre a atividade e a formação de professores de FLE.

Palavras-chave: atividade docente; autoconfrontação; professor iniciante; ensino de FLE.

109
TEMÁTICA 08. LINGUÍSTICA CRÍTICA SOB O ENFOQUE SISTÊMICO-FUNCIONAL

PROCESSOS DE SIGNIFICAÇÃO: LINGUAGEM, MÍDIAS E SOCIEDADE


Coordenador: Rodrigo Esteves de Lima-Lopes (UNICAMP)
rll307@unicamp.br
Tatiana de Medeiros Canziani (IFPR)
tatiana.canziani@ifpr.edu.br
Paulo Roberto Gonçalves-Segundo (USP)
paulosegundo@usp.br

Este simpósio parte dos estudos de sociossemiótica (HALLIDAY, 1978; VAN LEEUWEN, 2005), que
dá ao contexto especial significância para a compreensão e a produção de linguagem, tendo por
objetivo refletir sobre a significação a partir de uma perspectiva múltipla, congregando trabalhos
relacionadas à multimodalidade (KRESS, 2015; LEMKE; VAN HELDEN, 2015; MACHIN, 2013), ao
ativismo de dados (GUTIÉRREZ, 2019; GUTIÉRREZ; MILAN, 2019), assim como à educação para
os meios (BAZALGETTE; BUCKINGHAM, 2012; BUCKINGHAM, 2010), de forma a abranger tanto
o campo da análise das diferentes configurações sócio-textuais da contemporaneidade como
experiências relacionadas ao ensino e formação do cidadão. Propõe-se uma discussão
multifacetada do discurso, da sociedade, da educação linguística e dos mais diversos meios de
participação de modo a compreender como o processo significativo se constrói nas múltiplas
linguagens e contextos. Encaramos tal multiplicidade como algo inerente não apenas ao contexto
histórico em que nos situamos, mas à própria prática da Linguística Aplicada (HALLIDAY, 2003;
MCNAMARA, 2015) como área interdisciplinar relacionada às diversas práticas sociais e
preocupada com as diversas linguagens e seus contextos de uso.

Palavras-chave: Sociossemiótica; Multimodalidade; Sociedade Datificada; Educação para os


Meios.

110
COMUNICAÇÕES DO SIMPÓSIO
A IMAGEM ENQUANTO PROSÓDIA E OS DIRECIONAMENTOS DA LEITURA
Luiz Carlos Zeferino (PUC-SP)
zeferinodesign@gmail.com

No decorrer da História da Linguística muitos pensadores direcionaram e produziram vasta


investigação com o tema da prosódia em diversos aspectos. Suas estruturas, características,
dinâmicas e atributos foram revelados, como fruto dessas análises. No entanto, a prosódia é
comumente dependente de uma manutenção zelosa, arbitrária e estratégica. E essa manutenção
se dá também por meio da imagem. É dela que advém, então, a presente análise: visitarmos a
imagem ainda em seu estágio de criação, entendendo sua sintaxe. Imagem difere de obras de
arte, porém, assim como elas, tem como potência ser agente criador e direcionador. O presente
trabalho resulta de uma Iniciação Científica e uma de um seminário de Filosofia Política. Abarca
um estudo de campo apontando evidências de que as estratégias e objetivos traçados por parte
dos criadores de imagens persuasivas são, de fato, atingidos. Para tal constatação, a investigação
teve duas etapas. Na primeira, analisou de forma comparativa o esboço das imagens, ainda no
processo criativo, destacando o foco persuasivo e os elementos visuais que o criativo objetivou que
fossem lidos, no ato de recepção; Na segunda etapa, por meio do uso de um equipamento eye
tracking, em uma amostra de 45 observadores, o estudo coletou os gaze plots e heatmaps que
indicava os pontos e tempo de fixação do olhar. As evidências, a análise dos resultados, o sucesso
da estratégia de manipulação do olhar dos observadores.

Palavras-chave: análise de imagens, comunicação visual, eye tracking.

O TEXTO MULTIMODAL – UM ESTUDO CRÍTICO DA CHARGE E DO ARTIGO CIENTÍFICO SOB


O ENFOQUE SISTÊMICO-FUNCIONAL

Cláudia Moreira dos Santos e Eliane Alves de Sousa


Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP
e-mails: cmsantos17@gmail.com e licanisousa@hotmail.com

Os estudos linguísticos, devido ao advento da mídia digital interativa e ao crescente uso da


tecnologia na comunicação, envolvem atualmente textos com significados expressos por meio de
formas complexas, densas e multimodais. Há, assim, por exemplo, uma interrelação estreita entre
alguns domínios de conhecimento, que têm seus próprios critérios para julgar uma informação como
útil e efetiva - fato este chamado de "interferência de discursos", com requisitos diferentes vindos
de cada domínio. O objetivo desta apresentação é o exame, de cunho crítico, da interferência de
discursos, em texto multimodal, nas questões que cercam os casos de sofrimento emocional como,
por exemplo, a depressão e os transtornos mentais em pleno contexto da pandemia do Coronavírus
COVID 19, no ano de 2020, para verificar como os diferentes domínios do conhecimento – ciência
e mídia jornalística – têm-se manifestado sobre o assunto e os elementos persuasivos a que
recorrem em seus posicionamentos. A pesquisa deve responder às seguintes perguntas: (a) com
referência à questão dos casos de sofrimento emocional como, por exemplo, a depressão e os
transtornos mentais, quais são os recursos persuasivos empregados por esses domínios?; e (b) que
papel tem a relação língua-imagem-cor nesse processo? Em conformidade com muitas pesquisas
realizadas nos estudos multimodais, adotamos em nossas análises a teoria Sistêmico-Funcional

111
(1978, 1994); a teoria da Avaliatividade, Gramática do Design Visual (1996, 2000) e teorias
complementares da Linguística Crítica, como a Legitimização (2011). Os resultados do estudo
multimodal da combinação dos elementos da verbiagem, das imagens e das cores constituem
estratégia poderosa de persuasão textual e podem contribuir para o desenvolvimento da
consciência crítica dos estudantes do Ensino Básico, posto que estão cada vez mais conectados às
mídias digitais, demandando um alinhamento ao Currículo Paulista e à Base Nacional Comum
Curricular – BNCC.

Palavras-chave: Interferência de discursos; Multimodalidade; Charge; Artigo Científico e Recursos


persuasivos.

CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS NA PUBLICIDADE DIGITAL: UMA ANÁLISE DE SEMIOSES


VEICULADAS EM UM ANÚNCIO PUBLICITÁRIO DA MARCA TRESEMMÉ
Karla Mariana Souza e Santos (UFMG)
ksouzaesantos@gmail.com
Anna Beatriz Mormetto Alvarenga (UFMG)
biamormetto1@gmail.com

Os artefatos tecnológicos cada vez mais invadem o espaço cibernético, na sociedade


contemporânea, o que contribui para tornar as formas de comunicação humanas cada vez mais
sofisticadas, isto é, composta por configurações imagéticas, layouts e designs. Assim é que emerge,
sobretudo, no meio digital, um processo recorrente de integração de linguagens verbais e visuais,
que são amplamente produzidas e configuradas entre si na composição de gêneros como o
publicitário. Nessa perspectiva é que se torna necessário verificar o funcionamento desses
elementos multimodais que circulam frequentemente. Á vista disso é que o estudo empreendido
contribui para os estudos da língua por objetivar verificar a construção de significados de semioses
veiculadas na Web. Como procedimentos teórico-metodológicos, neste recorte, selecionamos
categorias de análise da Gramática Sistêmico-Funcional (Halliday, 2004), a Gramática do Design
Visual (Kress e van Leeuwen, 2006) e a Análise Crítica do Discurso (Fairclough, 2001). Assim sendo,
utilizaremos a metafunções ideacional (nos termos de Halliday), análoga a metafunção
representacional (Kress e van Leewen) por fim, consideraremos a metafunção identificacional
faircloughiana para analisar significados veiculados em um anúncio da marca TRESemmé veiculado
na Web. Assim é que aventamos a hipótese de que arranjos semióticos configurados por meio de
recursos verbais e visuais apontam para o uso de mecanismos que contribuem para influenciar
pessoas em larga escala. Nesse contexto é que os resultados parciais apontam que semioses são
produzidas e organizadas pela publicidade para atingir não só os fins específicos a que destinam,
mas também para promover a propagação de ideias, valores e costumes em voga, com a
finalidade de ditar hábitos de consumo, estilos de vida e até mesmo repercutir na formação das
identidades de propensos consumidores. Com isso, buscamos contribuir para a análise de
significados embutidos em linguagens que circulam no discurso publicitário contemporâneo.

Palavras-chave: Semioses; Publicidade; Gramática Sistêmico-Funcional

DIÁLOGOS ENTRE A SEMIÓTICA SOCIAL E A TEORIA DA ARGUMENTAÇÃO: A


ARGUMENTAÇÃO MULTIMODAL PRÁTICA EM CAMPANHA DO METRÔ DE LISBOA

Paulo Roberto Gonçalves-Segundo, Universidade de São Paulo


Gabriel Isola-Lanzoni, Universidade de São Paulo
paulosegundo@usp.br; gabriel.lanzoni@usp.br

112
Campanhas orientadas à mudança de padrões de comportamento têm sido cada vez mais
recorrentes não só no Brasil, como no exterior, especialmente no tocante aos cuidados com a saúde,
com a sustentabilidade e com o exercício da cidadania. Em 2018, em Lisboa/Portugal, a
companhia Metropolitano de Lisboa, E.P.E., responsável pelo serviço de metrô, lançou uma
campanha orientada à revisão do comportamento dos usuários do sistema para buscar garantir
uma melhoria na experiência de viagem. Constituída por onze textos verbo-pictóricos, a campanha
consistiu em uma instância de argumentação multimodal prática, objeto de pesquisa ainda
incipiente no Brasil e no mundo. Nosso objetivo, nesta comunicação, é discutir os padrões
multimodais e argumentativos que estruturam os textos da campanha de modo a destacar de que
forma eles constroem significado, refletindo acerca tanto do potencial retórico das escolhas verbo-
pictóricas, quanto da estruturação lógico-dialética dos argumentos da campanha. Para fazer isso,
partiremos do layout de argumentos práticos de Fairclough e Fairclough (2012) para dar conta
da estrutura dos argumentos; para a análise multimodal, com vistas à discussão sobre as
estratégias retóricas, partiremos da Gramática do Design Visual, de Kress e van Leeuwen
(2006[1996]), com aportes da Retórica Visual, tal qual discutida por Kjeldsen (2015, 2018). Como
resultados, depreendemos a especialização da modalidade verbal na construção da Proposta de
Ação e da Premissa de Valores e da modalidade imagética na construção da Premissa
Circunstancial, que representa situações incômodas possivelmente vivenciadas pelos usuários do
metrô. Nessa construção imagética, predominam conjuntos de processos encaixados, dentre os
quais os afetados são construídos como experienciadores de processos mentais emotivos e como
reatores de processos perceptivos que tomam como fenômeno o ator de processos de ação. Tais
processos espelham justamente os comportamentos que, na perspectiva da companhia, devem ser
revisados, tais como ouvir música alta ou comer no vagão.

Palavras-chave: multimodalidade; argumentação prática; argumentação multimodal; campanha;


semiótica social.

DO DISCURSO SOBRE TECNOLOGIAS À EDUCAÇÃO PARA OS MEIOS: TECNOLOGIAS E O


ENSINO DE LÍNGUA MATERNA NAS ARENAS DE DEBATE SOBRE A BASE NACIONAL
COMUM CURRICULAR PARA O ENSINO MÉDIO
Vanessa Bottasso Valentini (IEL/Unicamp)
vanessa.bottasso@gmail.com

Pautando-se em modelos de políticas implementadas em países veteranos no projet neoliberal,


como Reino Unido e EUA (BALL, 1994; GOODSON, 2019), o Brasil consolidou, na década de 90,
as políticas educacionais que estruturam o sistema educacional nacional contemporâneo (HERMIDA,
2012; SAVIANI, 2020). Tal modelo adota, como método de implementação das políticas públicas,
o isolamento e a despluralização dos debates, separando a ordem dos acontecimentos, dividindo
os sujeitos e suas vozes, transformando o contingencial em natural, apropriando-se de ideais e
estruturas para ressignificá-las de acordo com os interesses econômicos. (DARDOT e LAVAL, 2016).
Em contraste com a narrativa oficial sobre as as reformas curriculares para o Ensino Médio no
Brasil, a qual defendeu um alinhamento nacional político-ideológico e técnico para aprovar a Base
Nacional Comum Curricular para o Ensino Médio (BNCCEM) em 2018, o campo da crítica às
reformas denuncia o caráter antidemocrático das deliberações em torno dessas mesmas políticas
educacionais (SAVIANI, 2020). Nessa mesma linha, verifica-se que o discurso sobre tecnologias
como central nesse método de articulação das políticas reformistas educacionais, pois, em nome
da modernização, oculta-se os efeitos sobre os atores que constituem o campo educacional (LAVAL,
2019), divide-se os setores especializados em educação e reproduz-se clichês sobre a relação
entre tecnologias e ensino (RIBEIRO, 2020). Assim, partindo-se da perspectiva da Análise Crítica
do Discurso (ACD) e compreendendo-se a política como discurso, propõe-se a identificação das
posições individuais e coletivas, de modo a reconstituir articulações de aceitação, rejeição e

113
modificação das políticas (FAIRCLOUGH, 2002; FAIRCLOUGH e FAIRCLOUGH, 2013). Em
particular, propõe-se reconstituir a arena de debates em torno da BNCCEM (BRASIL, 2018)
demonstrando-se, em documentos oficiais e não-oficiais publicados, um panorama discursivo desde
o discurso sobre as tecnologias, o qual promove o ufanismo tecnológico, até a educação para os
meios (BUCKINGHAM, 2019).

IMIGRAÇÃO E O CONTEXTO DO BREXIT: REDES DE COLOCADOS E ANÁLISE


MULTIDIMENSIONAL APLICADAS À AVALIAÇÃO

Rodrigo Esteves de Lima-Lopes (Universidade Estadual de Campinas)


rll307@unicamp.br

Este artigo tem por objetivo discutir como três jornais conservadores do Reino Unido (The Sun, The
Telegraph and The Daily Star) representam a questão da imigração durante os dias que
precederam o Brexit. A base teórica está na Linguística Sistêmico-Funcional (sistema de
avaliatividade) e na Linguística de Corpus (análise fatorial e de colocados). Foram utilizados
programas para cálculo de colocados e representação em rede (COWO e Gephi), sendo que a
análise fatorial e análise de concordância foi baseada na linguagem de programação R. Os
resultados revelam uma série de estratégias de avaliação, relacionadas aos imigrantes, ao
governo do Reino Unido e suas políticas. Foi possível também levantar como tais estratégias co-
ocorrem nos textos, formando não apenas um perfil dos jornais em termos das dimensões mais
presentes, como também de quais estratégias são conjuntamente utilizadas na instanciação de
significados.

Palavras-chave: Brexit; Imigração; Linguística-Sistêmico Funcional; Linguística de Corpus.

IRONIA E METÁFORA NA CRÍTICA SOCIAL EM "TEORIA DO MEDALHÃO", DE MACHADO


DE ASSIS UM ENFOQUE DA LINGUÍSTICA SISTÊMICO-FUNCIONAL
Vivian Alencar Carvalho Cunha
vivianacarvalhocunha@gmail.com

O conto “Teoria do Medalhão”, de Machado de Assis, trata de um diálogo entre pai e filho. A
obra toca em temáticas universais, como o preconceito, a hipocrisia, as convenções sociais, o ciúme,
a ganância, a usura e a aparência. O objetivo desta pesquisa é a análise da ironia que perpassa
esse diálogo para entender o modo como o autor constrói psicologicamente seus personagens
para, por meio deles, lançar um olhar crítico sobre os costumes, comportamentos e a sociedade de
sua época. A meta do enquadre irônico é um convite ao leitor/audiência para compartilhar da
perspectiva do ironizador, o que a torna adequada para expressar a crítica. Nesse contexto, o
fato de que um texto reconstrói uma certa versão da realidade, os aspectos estruturais podem ser
vistos como um transformador discreto de um estilo em outro, ao alimentar a construção de uma
metáfora dominante. Essa metáfora é originada por metonímias (ou “minimetáforas”) resultantes
das escolhas lexicogramaticais feitas no texto que as relacionam ao frame do leitor. A pesquisa
tem o apoio da Linguística Sistêmico-Funcional (LSF) e da Teoria da Metáfora. A LSF é uma
proposta teórico-metodológica, de Halliday (2004), e estabelece que: o uso da língua é funcional;
sua função é construir significados; os significados são influenciados pelo contexto social e cultural
em que são intercambiados; e o processo de uso da língua é um processo semiótico de fazer
significado por meio de escolhas.

Palavras-chave: Teoria do Medalhão; Crítica Social; Ironia; Metáfora; Linguística Sistêmico-


Funcional.

114
NOW WE HAVE PERMISSION TO SPEAK? Análise metafuncional de uma capa da revista
Vogue
Anna Beatriz Mormetto Alvarenga, Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG Karla Mariana
Souza e Santos, Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG
biamormetto1@gmail.com
ksouzaesantos@gmail.com

O recrudescimento tecnológico por que passamos na contemporaneidade possibilitou que à


linguagem verbal fossem adicionadas novas configurações semióticas, de maneira que a
linguagem, como um todo, passasse a ser multissemiótica. Nessa conjuntura, a reconfiguração da
linguagem contribuiu para a complexidade das composições publicitárias, de que fazem parte as
capas de revista. No estudo proposto, objetivamos averiguar a articulação discursiva de uma das
capas da revista Vogue, de circulação virtual, a fim de compreender como se dá a representação
identitária da mulher negra pelas vias da disposição verbo-imagética do gênero analisado. Para
tanto, ancorar-nos-emos na base sistêmica de Halliday e Matthiessen (2014) e, especificamente,
nas ferramentas analíticas da Gramática Sistêmico-Funcional (metafunção ideacional e
interpessoal); na senda teórica desenvolvida por Kress e van Leeuwen (2006), dando enfoque à
Gramática do Design Visual e às metafunções representacional e interativa; e, ainda, lançaremos
mão dos postulados de Fairclough (2003) em se tratando da Análise de Discurso Crítica, com vistas
à construção identitária cujo foco recai no significado identificacional. Este trabalho é relevante
porque prende-se ao fato de fazer-se fundamental averiguar o modo como articulações
discursivas constroem e solidificam identidades que tendem a estruturar prática sociais e,
consequentemente, agir sobre a maneira como os indivíduos interpretam e atuam na realidade.
Metodologicamente, valemo-nos de um estudo interpretativo-qualitativo por meio do qual
colocaremos sob análise uma capa da revista Vogue a partir de um quadro teórico sistematizado,
isto é, às vistas das teorias supracitadas. Parcialmente, chegamos à conclusão de que, no gênero
multimodal capa de revista, a mulher negra é posta em evidência na composição discursivo-
linguística, e porta a reiteração de um discurso de combate ao racismo e de não silenciamento de
mulheres negras em mídias americanas.

Palavras-chave: Análise de Discurso Crítica; Multimodalidade; Capa de revista.

UM ESTUDO COMPARATIVO SOBRE A LEITURA MIDIÁTICA DOS INCÊNDIOS NO


PANTANAL PELOS JORNAIS LATINOS

Maristella Gabardo – IFPR/UNICAMP - maris.gabardo@ifpr.edu.br


Marco Túlio Pena Câmara UNICAMP - marcotuliocamara@gmail.com

Em 2020, o Pantanal sofreu um dos maiores incêndios dos últimos 50 anos, queimando mais de
12% da mata que era refúgio de diversas espécies de animais e plantas. No ambiente midiático,
circulam, desde então, diferentes versões e coberturas dadas tanto pelos órgãos oficiais, quanto
pelos órgãos de controle sobre tal catástrofe. O objetivo desse estudo é apresentar como essas
diferentes narrativas foram construídas tendo como base a análise das fontes selecionadas, o
tamanho da reportagem, a ordem da narrativa, o argumento central, as vozes representadas, a
semiótica das imagens que compõem a reportagem e a mineração de texto para identificarmos
os argumentos chave em cada notícia analisada. O referencial teórico que ampara esta pesquisa
relaciona a análise do discurso midiático (CHARAUDEAU, 2015; MACHIN, D., & VAN LEEUWEN,
T. 2007), multimodalidade (KRESS, 2005) e análise de imagens (BARTHES, 1990 MACHIN, D., &
MAYR, A., 2012; MACHIN, D.,2013; KRESS, G., & VAN LEEUWEN, T.,2008) Para que fosse possível
estabelecer esse comparativo, selecionamos cinco matérias de sites de notícias de grandes meios
de comunicação jornalística – G1 (Brasil), La Nación (Chile), La Nación (Argentina), El Clarín

115
(Argentina) e El País (Espanha). Como recorte temporal, escolhemos as publicações entre o dia 14
e 27 de setembro de 2020, após o manifesto da União Europeia sobre um possível embargo ao
Brasil, caso o incêndio não fosse controlado. Após a análise, verificamos uma diferença significativa
entre as matérias, desde o seu tamanho, quantidade de fotos veiculadas, a abordagem e
análise.Entre as explicações vinculadas a essa tragédia, encontram-se também diferenças, uma
vez que os jornais El País, El Clarín e La Nación – Argentina estabelecem um paralelo de
responsabilidade do governo federal e o G1, assim como o La Nación (Chile) enfocam nos impactos
e nas relações com as propriedades privadas que foram atingidas.

Palavras-chave: discurso midiático; Pantanal; educação midiática; multimodalidade

TEMÁTICA 10. A FACE E A VOZ DA FALA

A FACE E A VOZ DA FALA

Coordenador: Mario Augusto de Souza Fontes - PUCSP


Regina Célia Fernandes Cruz - Universidade Federal do Pará
Luma da Silva Miranda - Universidade Eötvös Loránd, em Budapeste, Hungria

Este simpósio tem como objetivo discutir teorias e métodos de análise em ciências de fala,
relacionados à pesquisa experimental sobre as prosódias vocal e visual em contextos interativos,
sociais, midiáticos, tecnológicos, forenses e clínicos, dada a relevância dos elementos prosódicos
nesses contextos de investigação da fala. O simpósio abre espaço para o debate de questões
referentes aos efeitos expressivos, impressivos e indéxicos das características entoacionais, de
qualidade de voz, de ritmo, de taxa de elocução, dos padrões respiratórios e dos movimentos dos
músculos da face em modalidades de fala, canto e declamação. Nesse sentido, o simpósio abarca
trabalhos experimentais, finalizados ou em andamento, que tenham como objeto de estudo temas
concernentes à investigação da fala, declamação e canto, sejam eles em relação a questões
estilísticas, expressivas ou de comparação de locutores.

Palavras-chave: Prosódia; Expressão vocal; Expressão facial; Ciências de fala; Multimodalidade.

116
COMUNICAÇÕES DO SIMPÓSIO

ANÁLISE PERCEPTIVO-AUDITIVA DA QUALIDADE DE VOZ EM MENSAGENS DE VOZ POR


APLICATIVO: IMPLICAÇÕES PARA A FONÉTICA FORENSE
Renata Regina Passetti, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo;
Sandra Madureira, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
re.passetti@gmail.com; sandra.madureira.liaac@gmail.com

Esta pesquisa analisa os efeitos da qualidade acústica de mensagens de voz por aplicativo e do
tempo na análise perceptivo-auditiva da qualidade de voz (QV), a fim de discutir possíveis
implicações para a Fonética Forense, tendo em vista a crescente utilização desses áudios como
peças periciais. Para isso, elaborou-se um corpus a partir de gravações dos mesmos locutores nas
condições direta e via mensagens de voz pelo WhatsApp (FACEBOOK Inc.), separadas pelo
período de cinco anos. Estímulos com durações de 40 segundos foram, então, selecionados para
compor um experimento perceptivo-auditivo, que visava avaliar a QV desses locutores, em ambas
as condições de análise, pelo preenchimento do sistema Voice Profile Analysis Scheme (VPA) (LAVER;
MACKENZIE-BECK, 2007) por três juízes treinados. O tratamento estatístico dos dados envolveu
as análises (1) da frequência relativa dos ajustes mais avaliados em cada condição de gravação
e (2) da distância perceptiva entre os pares de amostra de um mesmo locutor, por meio da técnica
de Escalonamento Multidimensional, seguida por (3) análise de regressão linear. Ajustes referentes
à laringe abaixada, à hiperfunção do trato vocal e ao pitch médio abaixado foram avaliados
com mais frequência nas amostras do aplicativo, o que sugere a interferência de elementos
relacionados tanto a características intrínsecas da tarefa quanto à qualidade acústica da
gravação na avaliação perceptivo-auditiva desses ajustes. Os resultados da análise
multidimensional revelaram que as diferenças perceptivas não se restringem a diferenças na
qualidade acústica dos áudios, mas também a questões estilísticas e temporais, já que nenhuma
das dimensões foi capaz de separar as condições de análise. Quanto às dimensões do espaço
bidimensional, os ajustes “laringe abaixada”, “hiperfunção laríngea” e “voz crepitante”
correlacionam-se significativamente com os elementos da QV, enquanto ajustes relacionados à
média e à extensão (aumentada) do pitch com os elementos de dinâmica vocal.

Palavras-chave: Qualidade de voz; Análise perceptivo-auditiva; Aplicativo de mensagens de voz;


Fonética Forense.

DECLAMAÇÃO A EXPRESSIVIDADE DA FALA EM FOCO


Paulo Sérgio Menegon – FMU/SP – plsgmen@gmail.com
Mario Augusto de Souza Fontes – PUC/SP - marioasfontes@gmail.com
Sandra Madureira – PUC/SP – Email: sandra.madureira.liaac@gmail.com

A expressividade da linguagem oral se manifesta nos variados estilos de fala. Entre as formas de
linguagem oral, a declamação suscita interesse na investigação pela sua função na comunicação
oral e a sua capacidade de transmitir ao outro, emoções e estados afetivos os mais diversos. O
propósito do presente trabalho é investigar, por meio de um experimento de natureza fonética,
os efeitos impressivos causados nos ouvintes ao escutarem declamações do poema de autoria de
Vinicius de Moraes. Dois tipos de análise foram realizados: perceptivo e acústico. No experimento
perceptivo foram avaliados 4 descritores semânticos (agradabilidade, impacto emocional,

117
projeção vocal e interpretação vocal) em 3 graus de força, do mais fraco ao mais forte, dentro
de uma escala Likert. Como estímulos para a avaliação dos ouvintes, os juízes do teste de
percepção, foram utilizadas gravações do “Soneto da Fidelidade”, por 8 locutores, 4 homens e 4
mulheres. A escolha desse poema teve como motivação o fato de a poética de Vinicius ser
caracterizada por forte carga emotiva que, em interpretações orais, suscita alterações vocais
eminentemente expressivas. O teste foi aplicado a 38 juízes que receberam instruções para avaliar
os efeitos impressivos causados pelas interpretações dos locutores a partir dos descritores
semânticos. A análise acústica compreendeu parâmetros do SG ExpressionEvaluator (BARBOSA,
2009), script aplicável no software de livre acesso PRAAT, desenvolvido por Paul Boersma e David
Weenik da Universidade de Amsterdam. Os resultados dos três tipos de análise são confrontados
por meio de análise estatística multidimensional a fim de serem verificadas as correlações entre as
variáveis quantitativas e qualitativas (impressões perceptivas). Os desdobramentos desta pesquisa
aludem à manifestação da expressividade da linguagem oral em um estilo no qual recursos de
expressividade da fala se destacam.

Palavras-chave: expressividade da fala; análise perceptiva; análise acústica.

ESTEREÓTIPOS VOCAIS NA DUBLAGEM DE UMA ANIMAÇÃO EM PORTUGUÊS BRASILEIRO


Alice Crochiquia
arcrochiquia@gmail.com

A maioria das pessoas já teve a experiência de ouvir uma voz específica e fazer suposições a
respeito do falante, mesmo para pequenos trechos da fala. Essa experiência esteve presente em
grande parte da história humana, pelo menos desde a Grécia Antiga. Estudos formais realizados
desde a década de 1930 indicam que, embora nem sempre corretas, muitas dessas suposições
sobre os falantes são compartilhadas pelos ouvintes. Esses achados de expectativas
compartilhadas pelos juízes apontam para o fenômeno dos estereótipos vocais e de sua influência
nas relações interpessoais. O presente trabalho faz parte de um estudo que tem como objetivo
investigar os principais fatores biológicos e culturais que levam ao desenvolvimento de estereótipos
vocais, examinando a relação entre avaliações auditivas, impressões de ouvintes e características
acústicas de vários atores interpretando os mesmos personagens animados em diferentes línguas.
O corpus do estudo é composto por amostras de fala dos 4 personagens principais do longa-
metragem Zootopia, dublados em 3 línguas diferentes (inglês, português brasileiro e sueco).
Considerando a busca por evidências a respeito dos fundamentos empíricos dos estereótipos
vocais, o estudo busca responder às seguintes questões: Os perfis vocais adotados pelos
dubladores em diferentes idiomas são compatíveis? Como esses perfis vocais refletem os
estereótipos específicos de uma língua/cultura? Esses perfis vocais são condicionados pelos códigos
de simbolismo sonoro? O estudo utiliza uma abordagem experimental, utilizando os seguintes
procedimentos e métodos analíticos: análise acústica; análise auditiva de ajustes de qualidade de
voz e de dinâmica vocal; avaliação perceptiva, por meio de testes aplicados a grupos de juízes
para avaliar suas impressões sobre os personagens. Os resultados das análises auditivas e
acústicas e do experimento perceptivo são comparados estatisticamente, pelo cálculo de
correlações entre eles. Este trabalho discutirá a metodologia adotada para estas análises e
apresentará os resultados preliminares das análises do português brasileiro.

Palavras-chave: Estereótipos vocais; qualidade de voz; dublagem

118
O PAPEL DOS GESTOS FACIAIS NA PERCEPÇÃO DA ENTOAÇÃO DA ASSERÇÃO E DA
QUESTÃO-ECO EM ÁUDIO LIMPO E DEGRADADO
Luma da Silva Miranda, Universidade Eötvös Loránd
João Antônio de Moraes, Universidade Federal do Rio de Janeiro
Albert Rilliard, Univ. Paris-Saclay, CNRS & LISN, & Univ. Federal do Rio de Janeiro
miranda.luma@btk.elte.hu, jamoraes3@gmail.com, albert.rilliard@limsi.fr

Nas últimas décadas, têm aumentado o número de trabalhos que investigam a relação entre os
gestos e a fala, no intuito de compreender qual é o papel dos gestos na comunicação oral. Chama-
se de prosódia audiovisual a área de investigação que se debruça sobre o estudo de funções
prosódicas manifestadas pela audição e pela visão. O objetivo deste trabalho é analisar a
contribuição do canal visual para a identificação perceptiva da entoação da asserção e da
questão-eco no português brasileiro. O pressuposto de que há uma integração perceptiva entre o
canal auditivo e visual e o de que pistas visuais contribuem mais para a percepção da fala em
ambiente de áudio degradado serão testados. A frase “Como você sabe” foi gravada por dez
falantes (cinco mulheres) do português brasileiro oriundos do Rio de Janeiro. Em seguida, foram
aplicados dois testes de percepção. No primeiro experimento, havia 64 participantes que tinham
como tarefa identificar a entoação da asserção e da questão-eco em três condições de
apresentação de estímulos: somente áudio (A), somente vídeo (V) e audiovisual (AV). No segundo
experimento, dois níveis de SNR (Signal-to-Noise Ratio) foram adicionados aos estímulos (0dB e -
6dB), e somente as condições somente áudio (A) e audiovisual (AV) foram usadas. Fizeram o teste
43 participantes e a tarefa de identificação era a mesma do primeiro teste. Os resultados dos
experimentos mostram que, apesar da condição somente áudio sem ruído ter recebido maiores
índices de acerto, o reconhecimento dos contornos entonacionais na condição audiovisual com ruído
é significativamente mais alto do que o da condição monomodal com ruído. Portanto, há uma
integração perceptiva de pistas acústicas e visuais na fala e o canal visual contribui de maneira
robusta para a identificação perceptiva da entoação de asserções e perguntas no português
brasileiro quando o áudio está degradado.

Palavras-chave: percepção audiovisual; entoação; asserção; questão-eco; português brasileiro.

119
TEMÁTICA 11. PROSÓDIA VOCAL E VISUAL

PRODUÇÃO E PERCEPÇÃO DE FALA EM L2

Coordenadora: Anna SMIRNOVA HENRIQUES, PUC-SP


annsmile141@yahoo.com
Amaury Flávio SILVA, FATECs de Jacareí, Diadema e Tatuapé
Leônidas José da SILVA JR (UEPB-UNICAMP/CNPq)

A percepção e produção de sons em L2 representam uma complementariedade fonética na qual


o sotaque estrangeiro é moldado. Dentro desse simpósio, serão discutidos tanto os trabalhos sobre
a percepção e produção de fala em L2 por falantes de português brasileiro que estão
aprendendo outras línguas, como os trabalhos que estudam a percepção e produção de fala em
português brasileiro como L2 por falantes de outras línguas maternas. Serão apresentadas
abordagens à luz da Fonética acústica experimental, Fonética articulatória e Sociofonética a partir
de elementos segmentais e prosódicos passíveis de influenciar o grau de sotaque estrangeiro. Dois
propositores do simpósio trabalham com a percepção e produção de fala em inglês, eles vão
destacar a importância de estudos de aspectos rítmico-entoacionais da prosódia em L2, bem como,
de estudos de fenômenos de coarticulação segmental com o uso de ultrassom. O trabalho
desenvolvido por outra propositora irá abordar a percepção e produção de sons de português
brasileiro como L2 por falantes de russo como L1, imigrantes da primeira geração, que constroem
no Brasil uma vida nova e aprendem a língua nova de maneira naturalística, na maioria dos casos,
chegando no país sem ter experiência de instrução formal em português. Entre as dificuldades de
produção de sons de português brasileiro comuns a falantes de outras línguas maternas estão: i)
dificuldades em discriminação de vogais médias /ε/ - /e/ e /ɔ/ - /o/, ii) a nasalização de vogais,
iii), a produção de consoantes sonoras sem desvozeamento. Sendo assim, esse simpósio tem como
objetivo reunir tanto pesquisas sobre aquisição de L2 por brasileiros, como pesquisas sobre a
aquisição de português como L2 por falantes de outras línguas maternas, inclusive conduzidas no
exterior.

Palavras-chave: Fonética acústica experimental; Fonética articulatória; Aquisição de L2.

120
COMUNICAÇÕES DO SIMPÓSIO
ANÁLISE DE FENÔMENOS COARTICULATÓRIOS EM INGLÊS COM BASE NA FONOLOGIA
ARTICULATÓRIA

Amaury Flávio Silva, Faculdade de Tecnologia de Jacareí, Jacareí, Brasil


amauryf.silva@outlook.com

Durante o processo de produção de fala, os falantes nativos de inglês tendem a coarticular os


segmentos fônicos que compõem as palavras, dando origem a uma redução no movimento dos
articuladores. Essa redução altera a produção dos segmentos fônicos gerando dificuldades de
percepção por aprendizes brasileiros de inglês. Além disso, tais aprendizes hiperarticulam
segmentos que geralmente são reduzidos por falantes nativos, o que acarreta um maior esforço
articulatório e dificulta a produção dos segmentos. Devido a esses fatores, produzimos um estudo
para investigar os fenômenos coarticulatórios presentes na produção de fala em língua inglesa
com base na fonologia articulatória. O estudo revelou que o falante nativo de inglês investigado
utilizou uma estratégia caracterizada por não incluir pausa entre as palavras nos contextos
analisados e por fazer uso das estratégias denominadas de “blending” e “hiding.”

Palavras-chave: Coarticulação; Percepção; Produção; Fonologia articulatória

INTONATION CHANGES IN RUSSIAN-BRAZILIAN PORTUGUESE BILINGUALS: MUTUAL


INTERFERENCE
Tatiana V. Kachkovskaia1 (Saint Petersburg State University, Russia),
Anna Smirnova Henriques2 (PUC-SP),
Sandra Madureira3 (PUC-SP),
Pavel A. Skrelin4 (Saint Petersburg State University, Russia)
1 kachkovskaia@phonetics.pu.ru, 2 anna.smirnova.liaac@gmail.com,
3 sandra.madureira.liaac@gmail.com, 4 skrelin@phonetics.pu.ru

The speech production in L2 undergoes the influence from the speakers´ native language. However,
L1 can also be affected, especially considering the L1 spoken by immigrants who use L2 as their
societal language. Prosodic changes may affect stress patterns, the placement and distribution of
nuclear accents, and intonation patterns. The present study aims at characterizing intonation
patterns produced in Russian by Russian native speakers residing in São Paulo, and comparing them
to the intonation patterns produced in Russian by Brazilian Portuguese native speakers also residing
in São Paulo. A reading task of 17 situational contexts (sentences or short dialogues) written in
Russian was used to elicit some productive Russian intonation patterns. The same task was translated
into Portuguese. The reading material was recorded in both languages by 19 Russian speakers
who, at the time of recording, had been residing in Brazil from 1 to 17 years (the mean time of
residence was 6.9 years), and by two native Brazilian Portuguese speakers proficient in Russian at
the B2 level, but without formal instruction on the use of Russian intonation patterns. The recorded
material was analyzed perceptually, and intonation contours were acoustically inspected in PRAAT,
by Russian and Brazilian phoneticians, to determine the non-standard intonation patterns produced
by the speakers, including cases of misplaced nucleus. As a result, we have managed to detect
what kinds of Russian intonation patterns were no longer used by the Russophone immigrants or had
been assimilated to those used in Brazilian Portuguese, and how this correlates with time spent in
Brazil. Many of the prosodic changes observed here were mirrored in Russian speech produced by
Brazilian Portuguese speakers. In addition, analyzing the speech of Russophone immigrants in

121
Brazilian Portuguese, we identified some cases of intonation pattern transfers from Russian to
Portuguese.

Keywords: bilingualism; L2 acquisition; Russian; Brazilian Portuguese; prosody.

METODOLOGIA DE ENSINO DE FONÉTICA DA LÍNGUA RUSSA PARA FALANTES DO


PORTUGUÊS BRASILEIRO NO NÍVEL INICIAL

Suellen Martins Medina, doutoranda no Instituto Governamental de Língua Russa Pushkin


suellenmedina@mail.ru

A dissertação de mestrado, defendida em junho de 2019, analisa a interferência fonética da


língua portuguesa durante o processo de ensino e aprendizagem de russo como língua estrangeira
(RLE) no nível inicial, levando em consideração a região de proveniência dos alunos. Foram
convidados para participar de um experimento alunos de diferentes regiões do país, de modo a
estabelecer a influência dos diferentes dialetos existentes no Brasil na fala do estudante. Dessa
forma, foram encontradas particularidades de cada região participante da amostra e
características comuns a todos os estudantes brasileiros. A autora tem como objetivo, através da
comparação dos dois sistemas fonéticos, russo e variante brasileira do português, interpretar os
possíveis erros no discurso dos alunos e desenvolver métodos a fim de contornar essas dificuldades.
Os resultados da comparação teórica e da análise dos dados coletados a partir do experimento
foram diferenças significativas nos sinais de dureza, brandura, lugar de articulação, modo de
articulação e nasalização, além de diferenças quanto à reprodução de sons em posição de coda
que apresentam variação dialetal.

Palavras-chave: russo como língua estrangeira; ensino de língua estrangeiras; língua russa; língua
portuguesa; interferência fonética.

O INPUT FONÉTICO NA AQUISIÇÃO DOS SONS DA L2 POR CRIANÇAS EM CONTEXTO


BILÍNGUE

Thaiza Barros, PUC-SP


thaiza.barros@gmail.com

Com o avanço das pesquisas empíricas, novas evidências surgiram na área da aquisição da L2,
possibilitando modelos de aprendizagem, como o Speech Learning Model (SLM, Modelo de
Aprendizagem da Fala). Atualmente, muitas pesquisas apontam o input como fator central para a
aquisição dos sons da L2, e sugerem que a acuracidade da produção oral do aprendiz depende
da qualidade e quantidade de input fonético recebido. A fim de entender o processo de aquisição
dos sons em L2, é necessário explorar o vínculo entre a produção e a percepção, o processo de
assimilação e a importância das pistas acústicas. O objetivo deste trabalho é discorrer sobre
conceitos relacionados à aquisição dos sons de L2 e sugerir caminhos para fortalecer a conexão
entre a teoria e a prática em sala de aula, com o intuito de proporcionar um input fonético de
qualidade para crianças em contexto de escolas bilíngues que não recebem, necessariamente,
input de falantes nativos da L2.

Palavras-chave: aquisição dos sons da L2; input; produção e percepção.

122
PERCEPÇÃO E PRODUÇÃO DE SONS DO INGLÊS COMO L2 POR BRASILEIROS: UM OLHAR
PARA OS MATERIAIS DIDÁTICOS

Lais Karina Buchener - UNICENTRO, laiskarinab@gmail.com

Este trabalho explora o papel da consciência fonético-fonológica no aprendizado de uma L2,


considerando-a uma importante ferramenta a fim de auxiliar o aprendiz no desenvolvimento de
hábitos articulatórios, entonação, ritmo, análise e produção dos sons da LE, fundamentando-se em
estudos que legitimam a conscientização fonético-fonológica para o ensino/aprendizagem da
pronúncia, por meio da percepção e produção de sons, especialmente da língua inglesa.
Averiguou-se, também, como se dá a sua inserção nos materiais didáticos disponíveis para a rede
pública de ensino. Como corpus de análise, selecionamos as coleções Alive High, da Editoração
SM, e Learn and Share in English, produzido pela Editora Ática, disponibilizados pelo Programa
Nacional do Livro Didático. Procuramos observar como o componente comunicativo oral é tratado
no decorrer das atividades propostas como meio de desenvolver a pronúncia do aprendiz, que
deseja estar apto à comunicação inteligível na língua alvo. Nesta análise, focamos nossa atenção,
primordialmente, em como as obras abordam, em que número e de qual maneira, os elementos
fonéticos e fonológicos, além de verificar se os aspectos e exercícios são de real relevância para
guiar o aprendizado e a conscientização. Como resultado observado por meio da análise
quantitativa e qualitativa, demonstramos os recursos e o avanço das coleções analisadas em
relação à oralidade e aos aspectos fonético-fonológicos. Constatamos que ambas as coleções se
destacam pelo espaço dedicado ao trabalho com a pronúncia e que há um número expressivo de
atividades que visam à conscientização nos níveis silábico, intrassilábico e fonêmico. Os materiais
analisados cumprem com os aspectos de ensino comunicativo, além disso, é importante destacar
que as coleções Alive High e Learn and Share in English consideram um elemento imprescindível
quando se trata de ensino de L2: o fato de eles serem pensados e destinados para as
peculiaridades de alunos brasileiros aprendizes de língua inglesa no Brasil.

Palavras-chave: Consciência fonético-fonológica; Ensino da pronúncia; Percepção; Produção em


L2.

O GRAU DE SOTAQUE ESTRANGEIRO NO INGLÊS-L2: EFEITOS PROSÓDICOS E


IMPLICAÇÕES FORENSES

Leônidas J. SILVA JR. (UEPB-UNICAMP/CNPq)


Plínio A. BARBOSA (UNICAMP/CNPq)
leonidas.silvajr@gmail.com
pabarbosa.unicampbr@gmail.com

Segundo Flege (1995), o sotaque estrangeiro é um registro fonético da fala de não-nativos


percebidos pelos nativos a partir de aspectos segmentais e prosódicos associados à L2. Para Solan
e Tiersma (2003), e Hollien (2012), o ouvinte leigo geralmente sente dificuldades em identificar
uma determinada voz quando um determinado falante, que compartilha a mesma L1 que esse
ouvinte, molda-se foneticamente em L2. Este estudo se justifica por suas implicações forenses
através da realização de identificação de locutor por meio do sotaque estrangeiro em contexto
de disfarce de voz. Nosso objetivo é identificar e avaliar quais parâmetros prosódico-acústicos
influenciam a percepção de sotaque estrangeiro do ouvinte. Para tanto, testaremos a seguinte
hipótese: à medida que um falante brasileiro de inglês-L2 se aproxima da estrutura prosódica da
língua-alvo, no caso, o inglês, ele será mais dificilmente reconhecido como falante de L1, no caso,
PB. Na Metodologia, realizamos a gravação de um sujeito brasileiro falando em duas instâncias
(leitura de um texto e uma imitação de dublagem de voz) de inglês-L2 para posterior análise

123
acústica e perceptual dos dados. A análise perceptual foi feita por falantes nativos de inglês-L1.
Os resultados apontam que os ouvintes reconheceram o mesmo falante como sendo distintos
quando houve alterações dos parâmetros prosódico-acústicos e da qualidade de voz. Concluímos,
ainda que de modo preliminar, que a prosódia da L2 influencia diretamente no grau de sotaque
estrangeiro causando um efeito de aproximação ou distanciamento de um determinado grupo que
originalmente ele pertence e, dessa forma, traz reflexões e implicações forenses quando da
identificação de locutores.

Palavras-chave: Sotaque estrangeiro; Prosódia de L2; Fonética forense.

TAREFA DE PRODUÇÃO ORAL EM LÍNGUA INGLESA A PARTIR DA ELABORAÇÃO DE UM


VÍDEO/PODCAST

Francieli Motter Ludovico, Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).


franludovico@hotmail.com
Mariana Backes Nunes, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
marianabackesnunes@gmail.com
Patrícia da Silva Campelo Costa Barcellos, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
patricia.campelo@ufrgs.br

Com a pandemia do Covid-19 e a instituição do Ensino Remoto Emergencial (ERE), novas


estratégias para os processos de ensino e aprendizagem foram necessárias. Na disciplina de
língua adicional, uma das preocupações foi suprir a falta da interação e da colaboração,
tipicamente presentes na aula presencial, essenciais para a prática da habilidade oral. Logo, o
objetivo deste trabalho é analisar uma tarefa de elaboração de vídeo/podcast que buscou suprir
algumas dificuldades impostas pela modalidade do ERE e, dessa forma, mostrar possibilidades
para o trabalho da produção oral mediado pelas tecnologias de comunicação digital.
Metodologicamente, seguiu-se o caminho da pesquisa qualitativa do tipo estudo de caso, em que
se investigou uma tarefa aplicada em uma disciplina de língua inglesa em ERE do curso de Letras
de uma universidade pública. A partir da análise, verificou-se que a tarefa possibilitou interação
e colaboração entre os estudantes, pois foi realizada em grupos, o que pode ter levado a
processos de mediação (VYGOTSKY, 1999; LANTOLF; THORNE, 2006); fez uso de material
autêntico (TOMLINSON, 2012), isto é, filmes com a temática vida universitária, dos quais os alunos
produziram uma resenha crítica em vídeo ou em podcast; promoveu a prática não só da habilidade
oral, mas também da produção escrita (SHAMSITDINOVA, 2018) através da escrita do roteiro de
preparação para o vídeo/podcast; possibilitou o desenvolvimento da autonomia dos estudantes,
além de fomentar o letramento digital (DUDENEY et al., 2016) com o uso de algumas ferramentas,
como Audacity, Podomatic, Youtube, entre outras. Espera-se que tal tarefa possa instigar os
estudantes/futuros professores de língua adicional a explorar igualmente e integralmente as
quatro habilidades em sala de aula, assim como inserir as tecnologias digitais como mediadoras
do aprendizado de línguas.

Palavras-chave: Ensino Remoto Emergencial; habilidade oral; língua adicional; tarefas


colaborativas; tecnologia de comunicação digital.

124
THE PERCEPTION AND PRODUCTION OF THE BRAZILIAN PORTUGUESE OPEN AND CLOSE
MID VOWELS, AND BILINGUAL PROFILES OF THE RUSSOPHONE IMMIGRANTS

Anna Smirnova Henriques1 (PUC-SP), Aleksandra S. Skorobogatova2(USP), Pavel A. Skrelin3 (Saint


Petersburg State University, Russia), Sandra Madureira4 (PUC-SP),
1 anna.smirnova.liaac@gmail.com, 2 as.skorobogatova@gmail.com,
3 skrelin@phonetics.pu.ru, 4 sandra.madureira.liaac@gmail.com

The differentiation of the mid vowels /ε/ - /e/ and /ɔ/ - /o/ is one of the most common difficulties
in acquiring Brazilian Portuguese (BP) as L2. The same phonemic contrasts exist in Catalan, but not
in Japanese, Spanish or Russian. The processes of assimilation of two distinct sounds in L2 into one
sound in L1 are explained by theories such as the Speech Learning Model (SLM). Many research
groups develop perception tests for the BP mid vowel contrasts, but they are applied mainly to
students that live in their native countries. Since the quantity and quality of input in L2 is considered
as a crucial criterion for the establishment of a new phonetic category, studying perception and
production of the BP mid vowels in immigrants that reside in Brazil is of special interest. Our current
aim is to describe how the perception and production of the BP mid vowels are related to the input
received in BP by Russophone immigrants that reside in São Paulo. We previously found that 103
native Russian speakers proficient in Portuguese had difficulties in discriminating the BP open/close
mid vowels in perception tests, and that 15 Russophones tested at the level of production did not
differentiate the vowels at all. Here we study the group of 27 Russian immigrants, participants of
our database of Russophone immigrants in São Paulo, that answered a detailed questionnaire
about their contact with BP, performed the perception test and recorded a corpus for the production
tests. Their mean percentage of correct answers in the perception test was 70%, the mean time of
residence, 7 years. The percentage of the correct answers and the time of residence were nor
correlated (R=-0.0037, p=0.988). A complex evaluation of the bilingual profile is necessary to
establish the relationship with the input.

Keywords: Brazilian Portuguese as L2; Russian as L1; Perceptual Phonetics; Acoustic Phonetics; mid
vowels.

125
TEMÁTICA 12. COLABORAÇÃO CRÍTICA E ENSINO HÍBRIDO

DESAFIOS EPISTEMOLÓGICOS, TEÓRICO-METODOLÓGICOS E POLÍTICOS:


REPENSANDO O ENSINO-APRENDIZAGEM HÍBRIDO NO CONTEXTO ESCOLAR

Coordenadora: Maria Cecília Camargo Magalhães (PUC-SP)


cicamaga@gmail.com
Maria Otília Guimarães Ninin (UNIP)
Adolfo Tanzi Neto (UFRJ)

O cenário atual da Educação em tempos de pandemia acentuou a preocupação da comunidade


escolar (professores, gestores, alunos) e fora dela (pais, pesquisadores e Organismos Oficiais)
quanto ao ensino híbrido (práticas educativas presenciais e on-line). As necessidades de propostas
de ensino-aprendizagem híbridas são hoje motivadas por razões diversas e, sem dúvida,
escancaradas pela pandemia que assola o mundo atual. Os sérios problemas causados à Educação
dos mais necessitados trouxe a necessidade de novos modos de organizar projetos de Formação
de Educadores em contextos escolares bem como um questionamento quanto às bases
epistemológicas e teórico-metodológicas que, usualmente, apoiam o ensino-aprendizagem híbrido
no cenário atual da Educação. Este simpósio discute o ensino-aprendizagem híbrido de forma
questionadora, com foco nas necessidades atuais de cada comunidade escolar. Aborda desafios
epistemológicos, decoloniais, teórico-metodológicos e políticos em que a organização dialética da
linguagem tem importância chave ao questionamento e transformação de conceitos quanto à
produção de conhecimento, de modos de sentir e agir quanto a papeis de aluno e de professor,
bem como de valores que questionem questões de poder, de silenciamento, de encapsulação
curricular e de transmissão de conteúdo. Com base na organização dialética da linguagem e na
mediação por meio de artefatos/instrumentos culturais, que têm importância chave na
transformação de modos de pensar, conhecer, sentir e agir, é urgente discutir o hibridismo com
base na constituição sócio-histórica de cada indivíduo em contextos específicos e sua participação
colaborativa na constituição de outros voltados à mudança social.

Palavras-chave: Ensino Híbrido, Colaboração Crítica, Contextos Escolares.

126
COMUNICAÇÕES DO SIMPÓSIO
ANÁLISE DE INDICADORES RELACIONADOS AO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM
REMOTO DURANTE O PERÍODO PANDÊMICO
Desafios epistemológicos teórico-metodológico e pol híbrido no contexto escolar
Rerlen Ricardo Silva Paglia, PUC-PR
rerlen.paglia@gmail.com
Danielle Cristine Silva, UFLA – Universidade Federal de Lavras
danielle.letrasufla@gmail.com

Este trabalho é fruto de um levantamento de dados relacionados ao processo ensino-


aprendizagem durante o período pandêmico, causado pela COVID 19, que impactou
substancialmente a educação, em especial os estudantes, no ano de 2020. A educação foi uma
das áreas mais afetadas, principalmente pela falta de estrutura mínima e políticas que pudessem
amenizar tais impactos. A pesquisa foi desenvolvida com uma abordagem qualitativa e método
de pesquisa documental, sendo o objetivo geral verificar quais os principais problemas
enfrentados pelos estudantes no modelo de ensino remoto. As principais fontes documentais
pesquisadas foram o CONJUVE (Conselho Nacional da Juventude) e a TIC domicílios, utilizamos
também como referência os autores: Freire (2000), Galeano (1977), Morin (2011), Saviani (2013).
Os principais resultados foram: cerca de 61% das residências brasileiras não possuíam
computadores, 28% não tinham acesso à internet, 30% dos estudantes já pensaram em deixar a
escola, 49% daqueles que planejavam realizar o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio)
pensaram em desistir. Finalmente, ao serem questionados sobre o interesse em retornar aos
estudos, após o isolamento social, a maioria respondeu positivamente, sendo 76% deles com idade
entre 15 e 18 anos, e cerca de 70% dos que possuem idade entre 19 e 29 anos. Com os resultados
levantados, podemos inferir que se em um país que conta com um sistema educacional estruturado
e organizado, os impactos da ausência do ensino presencial já foi bastante significativos,
imaginemos o nosso contexto em que, além de não existir um sistema educacional coordenado,
carência de políticas educacionais adequadas, além das condições sociais de nossos estudantes,
sendo que grande parcela deles não tem uma mínima condição de acesso, permanência e êxito
às escolas e tampouco aos artefatos tecnológicos digitais. Nesse sentido, precisamos de políticas
educacionais estruturadas e contextualizadas, além de investimentos em recursos tecnológicos.

Palavras-chave: pesquisa documental; educação escolar; processo ensino-aprendizagem; ensino


remoto.

RECONSTRUINDO A SALA DE AULA EM TEMPOS DE PANDEMIA: POR UMA EDUCAÇÃO


HÍBRIDA, RADICAL E TRANSFORMADORA
Leandro Rodrigo Galindo do Carmo, PIPGLA/UFRJ
leandrorodrigo@letras.ufrj.br

Considerando o contexto social em tempos de pandemia de COVID-19, no qual o isolamento tem


sido uma das formas mais eficazes no combate à disseminação do vírus, as escolas precisaram
mudar sua rotina e criar condições para a manutenção do acesso à educação pelos seus alunos.
Nesse sentido, essa comunicação apresentará um debate acerca da concepção de Educação
Híbrida baseada na Teoria Sócio-histórico-cultural (TSHC) e uma proposta de modelo que
contemple as necessidades reais e o interesse do aluno. Fundamentada na Postura Transformadora
Ativista (TAS) (STETSENKO,2016; 2017), agência radical (STETSENKO, 2019; LIBERALI, 2020;
ENGESTRÖM & SANINNO, 2020), Perezhivanie (VERESOV, 2016; LIBERALI & FUGA, 2018) e

127
Arquitetônica Escolar (TANZI NETO, 2016), a pesquisa buscou romper com o sentido de
hibridização associado à exclusivamente a tecnologia e propor uma Educação Híbrida em que a
experiência e vivência dos alunos fossem o ponto de partida no desenvolvimento do processo
educativo. O aporte metodológico fundamentou-se na Pesquisa Crítica de Colaboração (PCCol),
visto que tal perspectiva tem o foco na e pela transformação social, logo compreende-se que o
contexto e as interações corroboram em transformações das práticas pedagógicas individuais e,
de certa forma, coletiva dos membros que interagem no grupo em análise. A ideia é “criar
contextos de intervenção em que sejam trabalhados o papel político da escola e do educador, na
compreensão e transformação de desigualdades, preconceitos e valores” (MAGALHÃES, 2012, p.
23) através da contradição, que nesse caso é Educação Híbrida na escola pública. A partir da
PCCol, o intuito foi construir cadeias criativas com o objetivo de criar” elos concatenados, de
maneira não linear, para alcançar o trabalho com a comunidade e o tratamento de problemas
expressos por ela.” (LIBERALI, 2018, p. 13). Por fim, o discurso construído a partir de todo esse
processo foi analisado à luz da argumentação escolar e os modos de perguntar. (NININ, 2013;
2018).

Palavras-Chave: Educação Híbrida, Teoria sócio-histórico-cultural, escola pública, TAS, agência


radical

ENSINO-APRENDIZAGEM HÍBRIDO NA ESCOLA: DESAFIOS NA CONSTITUIÇÃO DE


PROFESSORES E ALUNOS COMO AGENTES CRÍTICOS
Adolfo Tanzi Neto – UFRJ
Maria Cecília Camargo Magalhães – PUC-SP
Maria Otilia Guimarães Ninin – COGEAE-PUC-SP

A Pandemia Coronavírus SARS-CoV2 escancarou, no Brasil, desigualdades, injustiças, verticalidade


e uso de poder que, há muito, apoiam as esferas sociais. Na Educação, escancarou a desigualdade
educacional oferecida a populações de diferentes níveis socioeconômicos. Nessa direção, destacou-
se o foco no individual, nas bases transmissivas coloniais, hierárquicas, na encapsulação do conteúdo
epistêmico isolado do uso social quanto ao ensino-aprendizagem por meio de práticas on-line ou
presenciais. Todavia, trouxe a central necessidade da rediscussão do ensino-aprendizagem híbrido
– foco desta comunicação – em contextos de formação colaborativo-crítica de educadores, de forma
questionadora, voltado às necessidades atuais de cada escola. Apoiada na Teoria Sócio-Histórico-
Cultural e da Atividade, aborda desafios epistemológicos, decoloniais, teórico-metodológicos e
político-ideológicos em que a organização dialética da linguagem tem importância chave quanto ao
questionamento e à transformação de epistemologias e metodologias. Assim, revisita e discute
pesquisas voltadas à organização crítico-colaborativa da linguagem, apoiadas na construção de
relações dialéticas entre os participantes, na desconstrução de relações e modos de agir hierárquicos
que enfatizam individualidade, silenciamento e questões de poder. Está organizada para discutir:
ensino-aprendizagem híbrido - questão controversa na literatura atual-, metodologias de ensino-
aprendizagem híbrido na produção de contextos que possibilitem a constituição de indivíduos críticos
e questionadores das experiências vividas em comunidades. Focaliza o diálogo entre professores e
alunos como práxis na organização colaborativo-crítica das relações apoiadas na dialogia
freireana, para discutir o potencial da ação dialógica que, intencionalmente, objetiva transformar
os modos próprios de agir. Propomos, assim, questionar um ensino-aprendizagem híbrido organizado
por meio de valores, temas e conceitos não opressores, voltados ao indivíduo coletivo, e da
linguagem não linear, mas histórico-social. Enfatizamos a organização de relações em que os papéis
de professor e de alunos se entrelacem dialogicamente na construção de conhecimentos e valores,
em que todos tenham voz para perguntar, questionar, pedir esclarecimentos e expandir a fala de
outros.

128
MODELO DIALOGAL ASSOCIADO AO ENSINO HÍBRIDO: FORMAÇÃO CRÍTICO-
COLABORATIVA DE PROFESSORES RELATIVA AO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM
DA ARGUMENTAÇÃO
Mayana Matildes da Silva Souza (UESC)
mayanamay@hotmail.com
Isabel Cristina Michelan de Azevedo (UFS)
icmazevedo@hotmail.com

Este trabalho tem como objetivo discutir de que modo o modelo dialogal de argumentação pode
ser articulado a propostas de ensino híbrido, visando ao desenvolvimento das capacidades
argumentativas em um projeto de formação de professores em perspectiva crítico-colaborativa.
Assim, este estudo visa colaborar com a superação de algumas limitações próprias do caráter
cognitivista dos modelos atuais de ensino híbrido e dos modelos monologais da argumentação em
circulação no contexto escolar. Para tanto, como aporte teórico foram selecionados: os trabalhos
sobre ensino híbrido apresentados por Bacich, Tanzi Neto e Trevisani (2015); a concepção de
colaboração crítica como constituinte das atividades proposta por Magalhães e Ninin (2018) e
Liberali e Fuga (2018), a noção de argumentação em contexto escolar discutida por Liberali
(2013) e Liberali et al. (2016), o conceito de modelo dialogal de argumentação de Plantin (2008)
e a definição de capacidades argumentativas de Azevedo (2016, 2019), a fim de distinguir os
modos de interagir pela linguagem em ambiente escolar e em sociedade. A metodologia adotada
será a Pesquisa Crítica de Colaboração (PCCol) (2009, 2011, 2012), organizada em encontros
de formação com professores de Língua Portuguesa de uma escola pública do município de
Ibicaraí, no estado da Bahia. Trata-se, portanto, de uma proposição inicial, fundada em revisão
bibliográfica, que pretende propor e analisar um modelo de formação de professores com base
nessas concepções, visando a contribuir com as discussões em torno das questões discursivas e
histórico-culturais que não são abordadas nos modelos atuais de ensino híbrido e no modelo
dialogal da argumentação. Espera-se, portanto, discutir como esse tipo de proposta formativa
pode colaborar com o desenvolvimento das capacidades argumentativas de docentes e discentes
e indicar meios para a realização de práticas escolares em perspectiva crítico-colaborativa, com
vistas a promover a agência de professores e estudantes.

Palavras-chave: Modelo dialogal. Ensino Híbrido. Argumentação Crítico-colaborativa. Formação


de professores.

129
VIVÊNCIAS DO TEATRO SOCIAL DOS AFETOS NO ENSINO-APRENDIZAGEM HÍBRIDO EM
AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA

Viviane Letícia Silva Carrijo, PUC-SP, vivinice@gmail.com


Luciana Kool Modesto-Sarra, PUC-SP, luciana.kool@gmail.com

O presente estudo analisa a transposição e integração de vivências do Teatro Social dos Afetos
em aulas de Língua Portuguesa, no Ensino Fundamental I, via Zoom, em uma perspectiva de ensino-
aprendizagem híbrido. A sociedade atual vive um grande momento de crise advinda da pandemia
da covid-19 e no contexto escolar, professores e alunos precisaram, num curto período,
adaptarem-se e apropriarem-se de novos letramentos para ensino-aprendizagem, para transpor
modelos já há muito tempo cristalizados. Nesse sentido, os estudos socioculturais (VYGOTSKY
2007, 2008, 2014) e do ensino híbrido (BACICH; TANZI NETO; TREVISANI, 2015) trazem
possibilidades para adequar as propostas pedagógicas ao tempo vivido. Segundo Rojo (2019),
os problemas de relevância social são o suficiente para exigirem respostas teóricas que tragam
ganhos às práticas sociais e a seus participantes, no sentido de uma melhor qualidade de vida. No
campo metodológico, este estudo apoiar-se-á na Pesquisa Crítica de Colaboração (MAGALHÃES,
2011; 2018) em propostas que visem o desenvolvimento afeto-cognitivo dos participantes por
meio do brincar, visando a expansão da aprendizagem para atuação na vida. Os dados serão
compostos por planejamento e gravações das práticas vividas em uma escola particular de São
Paulo, para entender como as brincadeiras pode integrar as propostas didáticas de sala de aula
em contexto do ensino-aprendizagem híbrido.

Palavras-chave: Teatro Social dos Afetos; Brincar; Ensino-aprendizagem híbrido.

130
TEMÁTICA 13. METODOLOGIA DE ENSINO-APRENDIZAGEM CRÍTICO-
COLABORATIVOS EM TEMPOS DE CRISE

(TRANS)FORMAÇÃO DOCENTE COMO ATO RESPONSÁVEL PARA ATUAR NO


ENSINO REMOTO EM TEMPOS DE CRISE
Coordenadora: Grassinete C. de Albuquerque Oliveira
Universidade Federal do Acre (UFAC/Geadel/Ilcae)
grassinete.albuquerque@ufac.br
Rosemeyre Moraes de Oliveira (SEDUC-SP)
Edilene da Silva Ferreira (IFAC)

Uma pandemia mundial obrigou-nos a olhar os anos de 2020 e de 2021 de modo diferente. O
Coronavírus instaurou o medo caótico generalizado e a morte sem fronteiras causadas pelo inimigo
invisível (SANTOS, 2020), colocou-nos no isolamento social como forma de proteção à vida. Com
isso, a educação precisou se reinventar e o Ensino Remoto foi instituído na Educação Básica e
Superior – pública e privada – em caráter excepcional/emergencial. Fez-se necessário, desse
modo, tecer múltiplos olhares sobre a forma como conduzimos a educação e buscar iniciativas
crítico-colaborativas que explorassem os recursos digitais como forma de preparar os educandos
para uma prática social transformadora. Ademais, o(a) educador(a) entrou em um processo de
formação virtual permanente, pois precisou aprender a interagir com as ferramentas digitais, as
múltiplas linguagens, as multimídias e as múltiplas manifestações culturais, além do ouvir as outras
vozes, marginalizadas e/ou não (IBERNÓN, 2009). Com essa perspectiva, ancoramo-nos em
autores que atuam e discutem de maneira inter-trans-IN-disciplinar (MOITA LOPES, 2006; CELANI,
1998) sobre as linguagens como prática social problematizadora e indissociável das relações
humanas. Em discussões que orientam a formação de professores (NÓVOA, 1992; 2009a; 2009b;
2009c; SACRISTÁN, [1999] 2014; SEVERINO, 2011; PIMENTA, 2002; [1994] 2005; 2012) por
argumentarem que o cenário educacional solicita uma permanente reconstrução sobre a formação
e a atuação docente, além de ser imprescindível problematizar as situações vividas para refletir
e agir em situações singulares, instáveis, incertas, carregadas de conflitos e dilemas, tais como a
que vivenciamos agora. Também encontramos suporte em Kress e van Leeuwen (2001) e Jewitt
(2011) por salientarem que, no ambiente virtual, a multimodalidade e as multissemioses
estabelecem relações entre imagens, gestos, posturas, sons, escrita, entre outros, na busca de
articular novos textos e novas linguagens (ROJO e BARBOSA, 2015). Assim, considerando todos
esses pontos abordados, este simpósio busca o diálogo com trabalhos que considerem a formação
e a atuação docente como ato responsável, que se realiza como prática social, próxima dos
problemas reais vivenciados pelos educandos, assumindo uma dimensão flexível e de investigação
ativa sobre a própria práxis pedagógica. Sob essa ótica, objetivamos discutir como o(a) docente
(re)pensou e ressignificou sua prática pedagógica para a modalidade remota, na educação
básica e superior e, por fim, esperamos apresentar as “balbúrdias” promovidas pelo(a) docente
como uma consciência ativa e responsável do viver-agir (BAKHTIN, 2017).

Palavras-chave: Formação e atuação docente; Ensino remoto excepcional/emergencial;


tecnologias digitais.

131
COMUNICAÇÕES DO SIMPÓSIO
CRIANDO O INÉDITO VIÁVEL EM AULAS DE INGLÊS NO ENSINO SUPERIOR TECNOLÓGICO
Ulysses C. C. Diegues (FATEC Praia Grande, GP LACE, GP NUVYLA)
ulyssesdiegues@gmail.com

Esta apresentação tem por objetivo relatar a experiência de um professor-pesquisador nas aulas
de língua inglesa em uma faculdade de ensino superior tecnológico, com transposição didática em
ensino remoto de emergência causado pela pandemia da Covid-19. Esta pesquisa fundamenta-se
no conceito de inédito-viável de Freire (1987) que se reporta à superação de situações-limites
visando superar barreiras e obstáculos que se interpõem na prática pedagógica e, por extensão,
na vida. Ademais baseia-se também no ensino remoto de emergência (BEHAR, 2020; NOGUEIRA,
2020) em meio a um contexto de pandemia que revela a desigualdade social existente no país
somado ao exercício da necropolítica (MBEMBE, 2016) e da necroeducação (LIBERALI, 2020). Os
dados, coletados através de questionários aplicados, serão analisados com base nas narrativas e
experiências individuais dos alunos participantes referente às aulas em ensino remoto de
emergência.

Palavras-chave: Aulas de inglês. Inédito-viável. Ensino remoto de emergência. Necropolítica.


Necroeducação.

DILEMAS DA GESTÃO PEDAGÓGICA NO CONTEXTO DO ENSINO REMOTO – UMA


ABORDAGEM CRÍTICO-COLABORATIVA
Silvia Armada Martins – UFRJ
silvia@letras.ufrj.br

Muito tem se falado e pesquisado sobre os impactos, desafios e processos de reinvenção nas formas
de ser e fazer que a pandemia do COVID 19 impôs a toda comunidade escolar. O principal foco
desses estudos e pesquisas tem ocorrido em torno da prática docente, profissional linha de frente
no ensino remoto. Entretanto, pouco se tem explorado as demandas do gestor pedagógico que,
muitas vezes atua de forma isolada sem ter com quem partilhar suas dores, mas que também tem
sido muito impactado pelas novas demandas, dilemas e desafios do atual contexto. Pensando nesse
cenário, este trabalho objetiva apresentar um projeto, com foco nos dilemas do gestor pedagógico,
desenvolvido com uma turma no curso de Extensão, oferecido pela PUC-SP, no qual sou professora.
Norteando esta pesquisa estão a Teoria Sócio-Histórico-Cultural, como discutida nos trabalhos de
Vygotsky (1930/2008; 1934/2001), Leontiev (1977) e Engeström (1987,1999, 2001); os
conceitos da colaboração e da reflexão crítica discutidos por Magalhães (2004, 2007, 2009,
2011) e Liberali (2007); os postulados de Freire (1979) sobre conscientização, momento em que
o indivíduo é capaz de envolver-se em um processo dialógico, crítico-reflexivo, de questionamentos
das normas sociais um processo crítico reflexivo; e os estudos sobre o ato de perguntar como
intervenção que possibilita a mediação e a argumentação, geradoras de ZDP e do pensar crítico,
como discutidos por Ninin (2018) e Freire (1985). Fundamentado no método do Action Learning,
desenvolvido pelos professores Reg Revans e Michael J. Marquardt, o projeto teve como principal
objetivo articular, de forma colaborativa, movimentos no grupo de gestores que, somente por meio
de perguntas, trabalharam na resolução de problemas e dilemas. Paralelamente a essa ação
coletiva, os gestores também foram convidados a atuar no desenvolvimento individual de
competências relacionadas a comunicação. Essa ação deu espaço para que a inteligência coletiva
pudesse operar momentos colaborativos, geradores de consciência crítica, ZDPs e transformação.

Palavras-chave: Gestão Pedagógica; Pergunta; Conscientização; Colaboração-Crítica;


Mediação.

132
FORMAÇÃO DE PROFESSORES E ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS DIGITAIS:
PROBLEMATIZAÇÕES À PRÁTICA DOCENTE NO ENSINO HÍBRIDO EM TEMPOS DA
PANDEMIA DA COVID-19
Danielle Cristine Silva, UFLA – Universidade Federal de Lavras
danielle.letrasufla@gmail.com
Rerlen Ricardo Silva Paglia, PUC-PR
rerlen.paglia@gmail.com

A presente pesquisa justifica-se na medida em que em um contexto de pandemia do novo


coronavírus, as práticas pedagógicas precisaram se adaptar às novas circunstâncias a fim de
promover a comunicação entre docentes e discentes. Assim, as tecnologias digitais passaram a
fazer parte das práticas pedagógicas cotidianas. Nessa conjuntura, o estudo parte do seguinte
problema de pesquisa: de que maneira os professores estão perpassando por uma formação
continuada para o trabalho com as tecnologias digitais voltadas para educação em um contexto
pandêmico? Buscando compreender esse cenário, o objetivo geral visou verificar a formação
continuada de professores para o trabalho com as tecnologias digitais em tempos da pandemia
da covid-19 e o objetivo específico pretendeu investigar as estratégias que os docentes estão
utilizando para atender a demanda do ensino-aprendizagem nas aulas híbridas. O quadro teórico
abarca os autores: Almeida Filho (2005), Braga (2013), Buckingham (2012), Calvo e Freitas
(2011), Moura Filho (2012), Pimenta (2002), Schön (1983), dentre outros. Na consecução do
estudo, a metodologia contemplou a natureza aplicada, a abordagem qualitativa e o método do
Estudo de Caso. A coleta de dados perpassou pela aplicação de um questionário semiestruturado
a dez professores do ensino fundamental II da rede privada de ensino. Os resultados indicaram
que a maioria dos professores não buscaram por uma instrução formal para a inserção das
tecnologias digitais nas práticas pedagógicas. Os resultados apontaram ainda, que a maioria das
estratégias utilizadas pelos docentes para promover o ensino-aprendizagem no contexto
pandêmico foram criadas para práticas sociais diversas e adaptadas ao âmbito educacional das
aulas híbridas. Portanto, acredita-se que os artefatos digitais utilizados pelos docentes os auxiliam
na tomada de decisão quanto a um ensino transformador e que os preparam na perspectiva
crítica, podendo propiciar mudanças no ciclo do ensino-aprendizagem, formando professores
aptos ao trabalho significativo com as tecnologias digitais.

Palavras-chave: formação de professor; tecnologias digitais; práticas pedagógicas; ensino


híbrido.
O USO DO GOOGLE FORMS – JOGO INTERDISCIPLINAR
Enis da Motta Ferreira da Silva – UNIC – enismotta.silva@gmail.com
Prof. Dr. Rosemar Eurico Coenga – UNIC – rcoenga.gmail.com

Diante de tantos desafios para o ensino remoto e na tentativa de melhorar o engajamento dos
alunos para participarem das aulas (os que têm acesso à internet) foi criado um jogo sobre os
conteúdos de inglês e espanhol, no Google Forms. O objetivo deste trabalho é de mostrar que a
atividade escolar, apresentada de forma lúdica tem mais eficácia do que uma atividade
apresentada de forma tradicional, ou seja, em forma de texto, por exemplo. O método utilizado
foi a observação dos alunos da turma 1º ano I do Ensino Médio na resolução das atividades
propostas. Os resultados analisados foram que os alunos participaram muito mais da atividade
com o jogo do que das atividades convencionais. Conclui-se que utilizar as ferramentas digitais
com ludicidade aumentam o engajamento dos estudantes para realizar as atividades.

Palavras-chave: Google Forms; engajamento; tecnologias digitais.

133
TEMÁTICA 13. METODOLOGIA DE ENSINO-APRENDIZAGEM CRÍTICO-
COLABORATIVOS EM TEMPOS DE CRISE

O TRABALHO COLABORATIVO EM PRÁTICAS DE LINGUAGEM EM CONTEXTOS DE


ENSINO-APRENDIZAGEM
Coordenadora: Shirlei Neves dos Santos – Instituto Federal de Brasília shirlei.santos@ifb.edu.br
Alinne Santana Ferreira – Instituto Federal de Brasília
Jane Beatriz Vilarinho dos Santos – Instituto Federal de Brasília

Este simpósio tem por objetivo reunir estudos de professores pesquisadores que investiguem, a
partir de suas próprias experiências, o trabalho colaborativo com a linguagem (escrita, leitura,
oralidade), a fim de construir letramentos na educação básica, técnica e tecnológica, assim como
no ensino superior. No escopo desta proposta, pressupomos que o surgimento de novas práticas
culturais e a transformação das já existentes ampliam as demandas educacionais linguísticas,
exigindo redefinições metodológicas para ensinar linguagem à medida que intensificam e tornam
complexo o seu processo de circulação. É nesse sentido que os novos estudos do letramento
representam novas perspectivas para o trabalho com a leitura que emergem da necessidade de
envolvimento das pessoas em eventos de letramento modernos e diversificados. Já a organização
escolar, piramidal e individual, não tem assegurado uma educação em que todos os alunos
participem na construção e transformação da sociedade de forma colaborativa e crítica no que
diz respeito às questões que envolvem suas vidas em uma nova ordem global. Essa participação
passa pela mudança de práticas pedagógicas escolares e pela adoção de uma organização que
possibilite a apropriação crítica dos conteúdos em sua relação com seu uso na sociedade. Além
desse movimento de conexão ao social, a escola também precisa mudar sua linguagem, centrada
no dizer do professor, para práticas colaborativas que rompam o individualismo rumo à construção
de organizações colaborativas e retirar a centralidade dos conteúdos escolares. Assim, esta
proposta encoraja pesquisadores a relatar suas pesquisas e experiências de trabalhos escolares
que compreendam o processo de escrita/leitura e compreensão de textos como processo
colaborativo, sociointeracional e discursivo. Assim, esperamos que este simpósio oportunize a troca
de experiências e o debate de saberes teórico-metodológicos.

Palavras-chave: Práticas Colaborativas; Metodologias; Práticas de Linguagem.

COMUNICAÇÕES DO SIMPÓSIO
A EXPERIÊNCIA DO TRABALHO COLABORATIVO COM A LINGUAGEM NA PRODUÇÃO DE
UM JORNAL ESCOLAR NO CEFET-RJ
Andreza Barboza Nora (CEFET/RJ)
andreza.nora@cefet-rj.br
Ana Letícia Couto Araújo (CEFET/RJ/CP II)
ana.araujo@cefet-rj.br

A presente comunicação focaliza a experiência do trabalho colaborativo com a linguagem


desenvolvido no seio das atividades de um projeto de letramento (KLEIMAN, 2000) denominado
Folha Cefet, que nasceu no ano de 2015 com o propósito de produzir e manter um jornal digital
voltado para toda a comunidade acadêmica do Centro Federal de Educação Tecnológica

134
(Cefet/RJ). Do ponto de vista teórico, o trabalho está amparado na teoria do letramento midiático
(BUCKINGHAM, 2010), multimidiático (LEMKE, 2010), dos letramentos múltiplos e multissemióticos
(ROJO, 2016, 2017) e na dos gêneros do discurso (BAKTHIN, 2010, 2011). Parte-se do
pressuposto de que os novos letramentos advindos da sociedade contemporânea e as diferentes
tecnologias têm o potencial de transformar os hábitos institucionais de ensinar e aprender. Nesse
sentido, o desenvolvimento do jornal on-line configura-se como um ponto de convergência entre as
novas linguagens tecnológicas, os multiletramentos e o ensino da linguagem pautado no trabalho
colaborativo. No que diz respeito aos resultados alcançados até então, ressalta-se que os
estudantes vêm demonstrando o desenvolvimento de diferentes competências no campo do
letramento midiático que contribuem para uma formação crítica quanto às mídias e a diversas
demandas sociais. Destacam-se, também, diferentes potencialidades relativas ao protagonismo
social assumido pelos discentes, que atuam como redatores e/ou editores de textos multimidiáticos
e têm suas produções difundidas na web.

Palavras-chave: jornal escolar; letramento midiático; trabalho colaborativo.

BRINCADA JOVEM: POSSIBILIDADE DE COLABORAÇÃO E AGÊNCIA ATIVISTA


TRANSFORMATIVA
Fernanda Liberali (LAEL, FORMEP, CED /PUC-SP/CNPq)
liberali@uol.com.br
Luciana Kool Modesto-Sarra (Beacon School, LAEL/PUC-SP/CAPES)
kms.luciana@gmail.com

Esta comunicação tem como objetivo discutir o desenvolvimento dos sujeitos na construção
colaborativa e atuação de jovens, diante de planejamentos e da realização de lives temáticas
realizadas pela Brincada Jovem, umas das frentes do Projeto Brincadas. Essa Brincada tem como
foco expandir as possibilidades de agência ativista transformativa (ENGESTRÖM; SANNINO,
2017; NININ; MAGALHÃES, 2016; STETSENKO, 2017) dos jovens que na situação de isolamento
físico, vivenciaram também contextos opressivos de isolamento social. Assim, com a Brincada Jovem
foi possível delinear um espaço seguro e colaborativa em que os jovens pudessem usar suas
criatividade e interesse para elaborar atividades várias de inserção social e denúncia. Nesta
apresentação, a agência dos jovens será multimodalmente apresentada a partir de suas
participações em lives, sessões de cineclube, e eventos internacionais. A discussão desses eventos
aponta para a consolidação das ações coletivas e colaborativas dos jovens, bem como para a
realização de atividades comprometidas com a superação da situação limite e criação do inédito
viável (FREIRE, 1970).

Palavras-chave: Colaboração. Agência ativista transformativa. Brincada Jovem. Pandemia

135
CRIAÇÃO DE CONTEXTOS ESCOLARES PARA A PRODUÇÃO COLABORATIVO-CRÍTICA E
SEUS EFEITOS NA APRENDIZAGEM DA INTEPRETAÇÃO DE TEXTOS

Shirlei Neves dos Santos - Instituto Federal de Brasília - Campus Gama -


shirlei.santos@etfbsb.edu.br

A escrita e a leitura são modos e meios de interagir socialmente e desenvolver percepções próprias
em relação aos fenômenos que tocam a vida das pessoas. As demandas educacionais linguísticas
aumentam e exigem redefinições metodológicas para ensinar escrita e leitura à medida que
surgem novas práticas culturais e as transformações das já consolidadas intensificam o seu processo
de circulação. Ainda muito baseada em sistemas hierárquicos, piramidais e no individualismo,
escola é instada a mudar suas práticas pedagógicas em prol de uma organização que possibilite
a apropriação crítica dos conteúdos escolares em sua relação com seu uso na sociedade, bem
como a sua linguagem, centrada no dizer do professor, a favor da ação e criação colaborativa
de alunos e professores. Neste trabalho investigamos práticas de colaboração em contexto escolar
de ensino de escrita e leitura e nosso objetivo é determinar as ações de colaboração instadas por
uma metodologia sociocultural e seus efeitos na aprendizagem. A metodologia sociocultural
empregada foi o fish bowl, que exige atuação ativa, organizada e colaborativa dos participantes
arranjados em grupos com funções específicas para discutirem determinada temática a partir de
um tema. Os participantes foram organizados em grupos de apresentação, discussão e
observação, além da mediação da pesquisadora. A experiência foi realizada em quatro encontros
no final dos quais os participantes avaliaram a experiência. Os dados extraídos do formulário
permitem afirmar que os participantes sentiram que coloboraram na preparação, apresentação e
discussão do tema, mas não na observação e síntese. Ainda, eles sentiram que a organização
colaborativa favoreceu a pesquisa, o estudo, a leitura crítica e situada, a atuação ativa e
autônoma, além da oralidade formal e da organização do pensamento. Em suma, os resultados
apontam que a criação de contextos escolares para a produção colaborativo-crítica do
conhecimento favorece aprendizagens mais críticas, singulares e descentralizadas.

Palavras-chave: colaboração crítica, contexto escolares, aprendizagens, interpretação

O ENSINO COLABORATIVO DE LINGUAGENS NO ENSINO MÉDIO INTEGRADO (EMI)


Jane Beatriz Vilarinho dos Santos – Instituto Federal de Brasília (jane.vilarinho@ifb.edu.br)
Alinne Santana Ferreira – Instituto Federal de Brasília (alinne.ferreira@ifb.edu.br)

Discutir o ensino colaborativo e a integração de saberes propostos no Ensino Médio Integrado


(EMI) dos Institutos Federais se faz ainda mais relevante no contexto atual – após a Lei
13.415/2017, de reforma do Ensino Médio. O EMI tem-se consolidado como uma alternativa de
educação pública de qualidade, principalmente a partir de 2008, quando houve considerável
expansão da Rede Federal de Ensino Técnico e Tecnológico. Moura e Lima-Filho (2017, p. 123)
defendem que o EMI é a proposta mais consistente de formação integral humana. A proposta de
formação do EMI não tem por objetivo uma formação utilitarista voltada somente para as
demandas de mercado e, portanto, não se coaduna ao caráter mercantil da reforma, que
reproduz desigualdades. O EMI almeja, sobretudo, uma formação integral dos alunos,
independentemente de suas condições sociais ou econômicas, a fim de que possam intervir e
transformar suas realidades. Nesse viés, apresentaremos um relato de nossa experiência em um
trabalho colaborativo docente no ensino de Linguagens (Língua Portuguesa e Inglesa) na
modalidade de ensino não-presencial do EMI, no IFB – câmpus Gama. Em agosto de 2020, devido
à pandemia COVID-19, as atividades letivas de nosso câmpus foram retomadas de maneira

136
remota e, no intuito de otimizarmos o processo de ensino-aprendizagem e a integração dos
saberes, adotamos como proposta pedagógica a metodologia Problem Based Learning (PBL).
Consideramos que nesta metodologia o aluno tem a oportunidade de mobilizar conhecimentos,
habilidades e atitudes para a identificação de uma solução viável para um problema proposto, o
que posteriormente pode ser aplicado à sua realidade, por meio do processo de reflexão crítica
ali propiciado. Desse modo, discutiremos, neste simpósio, o trabalho colaborativo docente e o
processo de formação do aluno neste contexto de ensino de Linguagens, por meio da metodologia
PBL.

Palavras-chave: Práticas Colaborativas; PBL; Ensino Médio Integrado.

O PENSAR ALTO EM GRUPO E A CONSTRUÇÃO DE MÚLTIPLOS SENTIDOS: UMA PROPOSTA


DE LEITURA DIALÓGICA

Edsônia de Souza Oliveira Melo (IFMT - Campus Cuiabá)


sonia.baiana@hotmail.com

Alinhado com a Linguística Aplicada e inserida no paradigma qualitativo (MOITA LOPES, 1994;
2006), este trabalho tem como objetivo analisar uma proposta de leitura que considera a
construção de sentidos como um processo de interação entre os interlocutores (BAKHTIN, 2003).
Assim, discutiremos o seguinte questionamento: Como analisar um texto considerando a perspectiva
dialógica da linguagem? Para tanto, apoiamo-nos, no Pensar Alto em Grupo (ZANOTTO, 1995;
2009) que, por lançar um olhar para o leitor e abrir espaço para que a sua voz emerja, se
caracteriza como uma prática de letramento colaborativa e humanizadora. Em grupo, mediados
pelo professor, após a leitura silenciosa do texto, os leitores pensam alto, coletivamente negociam
sentidos e constroem múltiplas leituras. Essa concepção nos faz compreender que a atividade de
leitura não deva representar meramente a decodificação, mas significar a emancipação (FREIRE,
2017, 1979) do aluno para que ele possa interagir dialogicamente com o outro (BAKHTIN, 2003).
E nessa prática dialógica que ele seja capaz de mobilizar os seus conhecimentos de mundo,
enciclopédicos, linguísticos e não linguísticos para assumir uma postura ativa e responsiva no
momento da leitura.

Palavras-chave: Pensar Alto em Grupo; leitores; interação; múltiplas leituras.

137
OS PRINCÍPIOS NORTEADORES DO TELETANDEM - DE ONDE VIEMOS E PARA ONDE
VAMOS
Viviane Klen-Alves (Universidade da Geórgia)
Laura Rampazzo, PhD (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo)

Diante do desenvolvimento das tecnologias de comunicação e das exigências do mundo


globalizado, tornam-se cada vez mais comuns iniciativas pedagógicas que impulsionam o contato
intercultural e online entre estudantes localizados em regiões geográficas distintas. Tais projetos
vêm sendo reconhecidos pelos termos Telecolaboração ou Intercâmbio Virtual e promovem o
trabalho colaborativo com fins de aprendizagem. Um desses projetos é o Teletandem Brasil:
Línguas estrangeiras para todos (TELLES, 2006), o qual vem, desde 2006, possibilitando que
aprendizes de língua em países diferentes se encontrem e, em duplas, se auxiliem na
aprendizagem de seus idiomas nativos ou de proficiência. Baseado nos princípios do tandem
(BRAMMERTS, 1996), o teletandem envolve a observação dos princípios de separação de línguas,
reciprocidade e autonomia (VASSALLO e TELLES, 2006), segundo os quais cada encontro virtual e
síncrono deve ser dividido em duas partes - uma para a prática de cada língua -, além de os
participantes alternarem nos papéis de aprendizes e tutores e serem autônomos o bastante para
conduzirem seu próprio processo de aprendizagem. Ainda que relevantes, são poucos os estudos
que se voltaram à discussão de como os aprendizes agem para observar os princípios. Nesta
apresentação, discutiremos os resultados de um estudo que investigou como uma dupla agiu para
garantir a observação desses princípios nas sessões orais. Para tanto, foi realizada uma análise
qualitativa de sete transcrições de uma dupla que participou do teletandem em 2012, cujos dados
estão disponíveis no Multimodal Teletandem Corpus (MulTeC) (ARANHA e LOPES, 2019). Os
resultados indicam que os participantes: (i) preocupam-se em manter a separação das línguas em
cada encontro síncrono; (ii) são recíprocos em pelos menos cinco dimensões (alternando papéis,
tomando decisões em conjunto, atendendo às necessidades um do outro, demonstrando afeto e
emoção, buscando e compartilhamento interesses mútuos e informações interculturais); e (iii) são
autônomos quanto à tomada de decisões sobre atividades e estratégias e ao avaliarem a si
próprios e sua experiência.

Palavras-chave: telecolaboração, intercâmbio virtual, aprendizagem de línguas em tandem

O USO DA COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA NA ESCOLA: UMA PESQUISA COLABORATIVA


EM UM CONTEXTO DE INCLUSÃO ESCOLAR

Elizabete Cristina Costa Renders. Universidade Municipal de São Caetano do Sul,


elizabetecostarenders@gmail.com
Salua Farah, Universidade Municipal de São Caetano do Sul,
salua.farah@gmail.com

Pedagogos e fonoaudiólogos podem trabalhar de forma colaborativa, qualificando os processos


de ensino e aprendizagem, pois o aprender dos diferentes estudantes é constituído por recursos e
estratégias que, muitas vezes, exigem uma interface entre estas áreas de conhecimento de forma
complementar. Em função da eliminação de barreiras comunicacionais no contexto escolar e em
cumprimento às políticas públicas inclusivas, torna-se pertinente a construção de pesquisas
colaborativas entre profissionais da saúde e profissionais da educação. Esta pesquisa considera a
inclusão escolar de estudantes que utilizam a comunicação não verbal, tendo como bases teóricas

138
a Comunicação Alternativa (CA) o Design Universal para Aprendizagem (DUA). Pergunta,
portanto, pela contribuição dos princípios do DUA para o reconhecimento da CA como um
instrumento multimodal de ensino. O objetivo geral é investigar, colaborativamente com os
professores, como o DUA pode contribuir para o uso da Comunicação Alternativa numa perspectiva
inclusiva na escola. Metodologicamente, trata-se de pesquisa narrativa combinada com pesquisa
de desenvolvimento, pois se espera que, ao final do processo investigativo, o professor tenha em
mãos materiais de apoio para o uso da Comunicação Alternativa no cotidiano escolar. Conta com
a participação de professores que lecionam para crianças com comunicação não verbal ou que
apresentem comunicação verbal não eficiente. Como resultados esperados, aponta para a
construção de material documentário sobre os processos inclusivos com o uso da Comunicação
Alternativa e para efetivação de uma consultoria colaborativa que apoie as professoras
participantes no processo de inclusão escolar. Os resultados parciais da pesquisa apontam que
esta investigação vai ao encontro da construção de um percurso comunicativo sem barreiras na
sala de aula, com possibilidades de expressão, compreensão e atuação colaborativa entre os
aprendizes e a professora. Trata-se do percurso comunicativo, construído com o uso da
Comunicação Alternativa apoiada nos princípios do Desenho Universal para Aprendizagem.

Palavras-chave: Comunicação; Consultoria Colaborativa; Comunicação Alternativa; Desenho


Universal para Aprendizagem.

THE EXTRAORDINARY PROJECT: PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO BILÍNGUE POSSÍVEIS PARA O


ENSINO MÉDIO INTEGRADO

Márjori Corrêa Mendes - Instituto Federal de Rondônia


marjori.mendes@ifro.edu.br

Os atuais processos de globalização (KUMARAVADIVELU, 2006) e a consequente internetização


do mundo (KUMARAVADIVELU, 2012) têm, cada vez mais, potencializado as oportunidades de
contato linguístico – isto é, situações de bilinguismo (SALGADO & DIAS, 2010) – através dos mais
diversos suportes multimodais. Nesse sentido, a afirmação de García (2009) de que a única forma
de se educar no século XXI é a partir da educação bilíngue torna-se cada vez mais imperativa.
Isso porque nossos aprendizes só serão capazes de exercer sua agentividade no mundo
contemporâneo superdiverso (BUDACH; SAINT-GEORGES, 2017; VERTOVEC, 2006) e
interconectado se forem capazes, também, de selecionar práticas translíngues (WEI, 2018;
GARCÍA, 2017; CANAGARAJAH, 2013) adequadas aos diferentes universos interacionais pelos
quais transitam. Partindo desse contexto, o presente trabalho busca apresentar um projeto
realizado ao longo de dois bimestres com três turmas de 1º ano do ensino médio integrado no
âmbito do Instituto Federal de Rondônia – Campus Porto Velho/ Calama. Denominado The
Extraordinary Project, a atividade baseou-se nas premissas da abordagem CLIL (MEHISTO, 2008)
e se constituiu de uma série de sequências didáticas que integraram o aprendizado de língua
inglesa e história, culminando em um mostra virtual das pesquisas realizadas pelos aprendizes, na
plataforma Instagram. Ao fim de todo esse processo, observou-se que: 1) as atividades
desenvolvidas fomentaram o protagonismo dos aprendizes participantes ao mesmo tempo em que;
2) a interação entre aprendiz/aprendiz, aprendiz/professor e aprendiz/contexto possibilitada
pela plataforma escolhida potencializou a construção de espaços simbólicos (MALINOVSKI) de
pertenciemento; 3) as pesquisas realizadas se configuraram como oportunidades de aprendizado
incidental (MENDES, 2017) da língua inglesa e; 4) os aprendizes puderam, também, desenvolver
suas práticas de letramento – não apenas linguístico, como também científico e social.

Palavras-chave: Educação Bilíngue; Translanguaging, Aprendizado de Línguas Estrangeiras; Ensino


Médio Integrado; Metodologias

139
TEMÁTICA 14. LETRAMENTO DO IMPRESSO, LETRAMENTO DIGITAL E A
FORMAÇÃO DO LEITOR

A LEITURA DIALÓGICA E A FORMAÇÃO DO LEITOR RESPONSIVO:


(RE)SIGNIFICANDO PRÁTICAS SILENCIADORAS
Coordenadora: Dalve Oliveira Batista Santos (Universidade Federal do Tocantins)
dalve@uft.edu.br
Marivan tavares dos Santos (Secretaria de Educação e Desporto do Amazonas),
marivantavaresm@gmail.com
Telma Franco Diniz Abud (USP)
telmafranco@hotmail.com

Os trabalhos propostos neste simpósio concentram-se no eixo temático que versa sobre as práticas
de letramento nos múltiplos contextos sociais: atividades didáticas de leitura, formação do leitor,
ensino-aprendizagem de línguas e formação do professor como agente de letramento e estão
alinhados às pesquisas em Linguística Aplicada, mais especificamente, aos estudos e reflexões
desenvolvidos no âmbito dos Novos Estudos do Letramento (STREET, 2014; LEA; STREET, 2014);
(KLEIMAN, 2013); (ZANOTTO, 2014) e numa concepção dialógica de linguagem (VOLÓCHINOV,
2017; BAKHTIN, 2003). Assim sendo, este simpósio tem como objetivo apresentar estudos sobre a
leitura numa perspectiva dialógica e a formação do leitor responsivo nos diversos contextos, em
diferentes etapas de ensino e métodos, visando ao desenvolvimento de habilidades do letramento
do impresso e do letramento digital com um ensino mais dinâmico e criativo. Dessa forma, é
fundamental valorizarmos práticas de leituras que possibilitem o protagonismo dos alunos e
ultrapassem o sentido de aprendizagem apenas para codificação, decodificação e aquisição do
sistema de escrita alfabética. Em outros termos, é necessário que ingressemos por prática de
leituras mais inferenciais, reflexivas e críticas, sobretudo acolhendo as vozes e subjetividades dos
alunos. Tais trabalhos são oriundos de pesquisas empíricas que apresentam dados gerados em
campo com sujeitos reais e em situações reais, trazendo temáticas que enfocam práticas de leituras
com o uso de diversos métodos e ferramentas tecnológicas como aliados à formação de leitores
responsivos. Portanto, a discussão dos trabalhos, neste simpósio, abrirá espaço para a reflexão
sobre as práticas de leitura e a formação de leitores para agirem de forma crítica e responsiva
na sociedade atual.

Palavras-chave: leitura dialógica; leitor crítico e responsivo; letramento do impresso; letramento


digital.

140
COMUNICAÇÕES DO SIMPÓSIO
A PRÁTICA DIALÓGICA E COLABORATIVA DE LEITURA EM GRUPO E A CRITICIDADE DO
LEITOR

Marivan Tavares dos Santos (Secretaria de Educação e Desporto do Amazonas),


marivantavaresm@gmail.com

Este trabalho objetiva apresentar como a prática dialógica e colaborativa de leitura em grupo
pode promover um espaço de discussão interativo, favorecendo a construção de múltiplas leituras
e a negociação de sentidos, visando ao desenvolvimento da criticidade do leitor. Para tanto,
problematiza-se as questões: a) Como a prática dialógica e colaborativa de leitura em grupo
pode promover um espaço de discussão interativo, com vista a criticidade do leitor? e b) Em que
consiste a criticidade em leitura? A base teórica se ancora nas discussões sobre os Novos Estudos
do Letramento (STREET, 1984; STREET e STRET, 2014; KLEIMAN, 2008; SOARES, 2010; ZANOTTO,
2014), na concepção de leitura crítica (FREIRE,1986, 2006; SILVA, 1998) e na perspectiva
dialógica de linguagem (BAKHTIN/VOLÓCHINOV, 2006). É uma pesquisa qualitativa (CRESWELL,
2010), de orientação interpretativista (MOITA LOPES, 1994), inserida no campo da Linguística
Aplicada. Os resultados indicam que essa prática de leitura possibilita mais espaço para leitores
construírem com mais liberdade suas leituras e negociá-las, o que favorece o empoderamento da
identidade do aluno como leitor e potencializa o pensamento crítico.

Palavras-chave: Prática dialógica e colaborativa; Criticidade do leitor; Negociação de sentidos.

CONCEPÇÃO DE LEITURA NA BNCC: UMA REFLEXÃO SOBRE A FORMAÇÃO DO LEITOR


Cleber Ferreira Guimarães, Pontifícia Universidade Católica de São
cleber_blod@hotmail.com

Sabemos que as propostas e políticas curriculares exercem grande impacto no cotidiano escolar,
pois orientam não só as ações pedagógicas como também a elaboração de materiais didáticos.
Desse modo, o objetivo geral deste trabalho, de natureza qualitativo-interpretativista, é identificar
e analisar a concepção de leitura proposta pela BNCC do Ensino Fundamental Anos Finais,
considerando que este documento tem caráter normativo, logo, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios devem (re) elaborar seus currículos e materiais didáticos de acordo com referido
documento oficial. Para atingir o objetivo proposto, realizamos uma Análise Documental com foco
no Eixo Leitura presente na área de linguagem, do componente curricular Língua Portuguesa.
Teoricamente, partimos da concepção dialógica de língua (gem) advinda do Círculo de Bakhtin,
bem como dos diferentes enfoques de estudo sobre leitura no campo da Linguística Aplicada.
Concluímos que a BNCC apresenta uma mistura de concepções teóricas – de vertente interacionista
e cognitivista -, o que exige dos educadores e produtores de materiais didáticos uma reflexão
crítica sobre a BNCC no sentido de promover práticas e materiais didáticos que contribuam,
efetivamente, para a formação de leitores responsivos e ativos, que vão além do mero exercício
de decodificação e identificação de informações no texto. Ou seja, leitores que, dialogicamente,
interajam com o autor mediados pelo texto a fim de construir sentidos.

Palavras-chave: Leitura; BNCC; Formação de leitores.

141
CONSTRUÇÕES DE RELAÇÕES DIALÓGICAS QUE (RE) CONSTROEM O INTERESSE PELA
LEITURA NA TRANSIÇÃO DO ENSINO FUNDAMENTAL I PARA II

Marta do Prado Marangoni, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo


martapradomarangoni@gmail.com
Mara Sophia Zanotto
msophia.sp@gmail.com

Este trabalho, que se insere na área da Linguística Aplicada, tem como objetivo: 1. Investigar as
práticas sociais de leitura (STREET, 2014) e o Pensar Alto em Grupo (ZANOTTO, 1992, 1998,
2014, 2016), a fim de buscar concepções teórico metodológicas em prol de um ensino de leitura
que promova o leitor à criticidade e à responsividade e resgate o interesse pela leitura na
transição do Ensino Fundamental I para o II. 2. Analisar minha prática, por meio da pesquisa-ação
crítica (KEMMIS; McTAGGART, 2005). As perguntas que nortearam esta pesquisa e às quais
busquei responder foram: 1. Como construir relações dialógicas e ações responsivas entre os alunos
por meio da prática Pensar Alto em Grupo?; 2. De que forma essa prática dialógica de letramento
denominada Pensar Alto em Grupo possibilita mudanças na formação dos alunos como leitores?
Trata-se de um trabalho de natureza qualitativa (CHIZZOTTI, 1998) interpretativista crítica
(MOITA LOPES, 2004; PENNYCOOK, 1998). As bases teóricas são: a concepção de uma educação
libertadora conforme FREIRE (1967, 1978, 2014), o dialogismo em BAKHTIN (2013) e o Pensar
Alto em Grupo. Os dados foram analisados a partir da interpretação da inter-relação dos sujeitos
envolvidos nas práticas sociais, considerando-se as intersubjetividades e as relevâncias para os
leitores. Os instrumentos de geração de dados foram: 1. O Pensar Alto em Grupo; 2. Entrevista
em grupo não-diretiva (CHIZZOTTI, 1998); 3. Diários de leitura (MACHADO, 1998). Os
participantes da pesquisa foram alunos matriculados no ano letivo de 2018 no 6.º ano do Ensino
Fundamental II de uma escola privada na zona sul de São Paulo. Participei como mediadora. Os
resultados obtidos revelaram: é uma prática libertadora, é positiva a construção coletiva dos
sentidos do texto; contribui para a formação de um leitor crítico, reflexivo e responsivo; promove
a inclusão e gera progressos, inclusive, nas avaliações individuais.

Palavras-chave: Formação de leitor; Agente de letramento; Leitura dialógica; Pensar Alto em


Grupo; Prática de Letramento

HISTÓRIA EM QUADRINHOS NO ENSINO DE LÍNGUA EM PERSPECTIVA DIALÓGICA

Lívia Chaves de Melo- UFT


liviamelo@uft.edu.br

Inserida no paradigma indisciplinar das pesquisas em Linguística Aplicada, neste trabalho,


analisamos uma História em Quadrinhos (HQ) do personagem Chico Bento, intitulada Na aula de
“ingreis”. Esta foi selecionada por provocar reflexões sobre o ensino formal de língua inglesa.
Temos como propósito de investigação discutir como a HQ constrói possibilidade para a construção
de representação sobre a prática de ensinar língua, ser professor, ser estudante e, os possíveis
desdobramentos desse tipo de material diante dos leitores. Os estudos dialógicos da linguagem à
luz de Bakhtin e de seu Círculo são utilizados como principais aportes teóricos, tendo em vista que
neste viés é possível explicar a produção de sentidos a partir da articulação da dimensão verbal
e visual organizados “numa expressão material estruturada” (BAKHTIN/VOLOCHINOV, 2002, p.
118), constitutiva do gênero do discurso HQ. O trabalho se configura como uma pesquisa de
natureza descritivo-interpretativa que segue uma abordagem qualitativa. Na HQ analisada temos

142
a representação de um ensino de língua escolástico, com ênfase em uma prática mecânica de
repetição, memorização de conteúdo e a execução de exercício; uma professora de inglês que é
reprodutora e aplicadora de conteúdo, desatenta ao que se passa na sala de aula, ignora os
possíveis ajustes na prática profissional em função dos estudantes e, representa-se utilizando de
castigos físicos. Os estudantes seriam os responsáveis pelo trabalho pouco produtivo.

Palavras-chave: Ensino de Línguas; História em Quadrinhos; Dialogismo.

UMA POSSÍVEL MATRIZ PARA O LETRAMENTO

Rosana Cardoso Gondim (UNEB)


rosana.gondim@gmail.com

As várias áreas de conhecimento sofrem influência das tecnologias digitais na contemporaneidade;


na educação não é diferente. Os estudantes, por exemplo, estão sempre conectados a um
aparelho eletrônico nas suas práticas sociais. Neste cenário, compete às agências de ensino
aproveitar esse interesse que o educando possui por esses recursos digitais e usá-lo em favor da
aprendizagem, visto que as dificuldades com a leitura e a escrita ainda persistem entre os
estudantes. As atividades nos ambientes digitais podem contribuir para o desenvolvimento das
habilidades dos multiletramentos. Algumas dessas habilidades, os estudantes já possuem, mas
outras precisam ser desenvolvidas. Diante dessa necessidade foi testada nessa pesquisa um modelo
de matriz de letramento, a fim de identificar quais são as habilidades de leitura e produção de
texto que os alunos já dispõem, quais as que eles não dispõem e quais as que precisam ser
desenvolvidas e aprimoradas para que eles possam ser considerados leitores eficientes nos
ambientes digitais. Assim, este trabalho propõe apresentar uma matriz que foi construída a partir
dos domínios adaptados da Taxonomia de Bloom, bem como dos estudos e fundamentos sobre
letramento como Soares (2002), Coscarelli (2005), Ribeiro (2008), Dias (2008) e Novais (2008).
Muitas das habilidades presentes nesse modelo, já são contempladas pelos descritores das
matrizes que medem habilidades de leitura e de escrita nos textos impressos. O método de coleta
de dados utilizado foi o protocolo verbal, por este nos permitir verificar o processo de navegação,
leitura e produção de textos, enquanto eles estão ocorrendo. Essa matriz poderá orientar os
professores no que diz respeito às reais necessidades dos estudantes em relação a uma leitura e
produção textual eficientes nos ambientes digitais.

Palavras-chave: Tecnologias; Habilidades Digitais; Letramentos.

143
TEMÁTICA 16. DIMENSÃO ÉTICA DAS PRÁTICAS DE ANÁLISE DO DISCURSO

DISCURSO, TRABALHO E ÉTICA: SENTIDOS E SABERES NAS ATIVIDADES LABORAIS


Coordenação: Poliana Arantes (UERJ)
Luciana Salazar (UFSCar)
Ernani Cesar de Freitas (UPF/FEEVALE)

Neste simpósio, acolheremos propostas de pesquisas e relatos, concluídas ou em andamento, que


partam do entendimento de que as práticas de análise do discurso estão conectadas a uma
dimensão sócio-histórica e, por esse motivo, faz-se relevante direcionar o olhar para as dimensões
éticas e políticas não apenas dos processos linguageiros que se tornam objeto de investigação,
mas também do próprio exercício analítico que requer um posicionamento dos sujeitos implicados
na produção de sentidos. Essa perspectiva retoma questões cruciais relativas ao estatuto dos
sujeitos do discurso na sua relação com a empiria e também aponta para questões novas,
desdobramentos terminológicos e ocupação de fronteiras disciplinares. Assim, serão muito bem-
vindas contribuições que discutam e problematizem, entre outros aspectos, saberes oriundos dos
contextos de trabalho e também os que circulam socialmente sobre as diferentes atividades
laborais, bem como as relações de poder implicadas entre os atores sociais e os processos de
subjetivação que se entrelaçam nas interações sociocomunicativas características do atual período.

Palavras-chave: Discurso; Trabalho; Ética; Práticas Discursivas.

COMUNICAÇÕES DO SIMPÓSIO
“A MAIS PONDEROSA DAS QUESTÕES”: CONTROVÉRSIAS NORMATIVAS
NUM MANUAL DE REVISÃO DE TEXTOS DO SÉCULO XIX

José de Souza Muniz Jr., CEFET-MG


jmunizjr@cefetmg.br

Este trabalho propõe uma análise do livro Arte da revisão de provas typograficas, de A. de
Medeiros, publicado pela Typographia Laemmert em 1882 e disponível para download no site da
Biblioteca Nacional. Por ser o primeiro manual de revisão de textos de que se tem notícia a ser
publicado no Brasil, trata-se de um documento importante para o registro da história dessa prática
profissional entre nós, tanto em chave descritiva como prescritiva. Contemporânea da Grammatica
Portugueza (1881) de Júlio Ribeiro, instrumento considerado documento inaugural do processo de
gramatização do português brasileiro, o livro de Medeiros é testemunho de controvérsias
gramaticais e investimentos normativos num momento histórico em que a língua nacional ainda era
ainda discutida sem as bases epistêmicas e institucionais que a filologia e a linguística nacionais
consolidariam décadas depois. A partir de uma perspectiva que considera toda atividade de
trabalho como “negociação de negociações” (Schwartz, 2004) e o trabalho de revisão como
gestão dos atravessamentos entre normas e textos (Muniz Jr., 2018), pretendo discutir de que
modo Medeiros toma posição nas discussões linguísticas e editoriais de seu tempo. Considero, para
isso, suas estratégias argumentativas em torno de certos modos de organização do trabalho e de

144
certas opções gramaticais, bem como as condições de produção desse saber metalinguístico
fundamentado no labor com textos. Tomando-se, ainda, o papel fundamental da imprensa na
fixação das línguas (Febvre & Martin, 2017), proponho discutir o trabalho de revisão como
fenômeno que “afeta a partilha social da palavra” (Guespin & Marcellesi, [1986]) e o manual de
Medeiros como “gesto glotopolítico” (Arnoux, 2016) que aponta para o caráter situado e
contingente da ação de revisores e outros profissionais do texto sobre a língua.

Palavras-chave: revisão de textos; trabalho; normas; glotopolítica.

CENOGRAFIA E ETHOS NO DISCURSO DA DONA DE CASA E DOCENTE: DRAMÁTICAS DO


CORPO-SI NA ATIVIDADE LABORAL

Keila de Quadros Schermack (UPF) – keilaschermack@gmail.com


Luis Henrique Boaventura (UPF) – luishboaventura@hotmail.com

Este artigo tem o objetivo de identificar e analisar cenografias e ethos discursivos manifestados
nas práticas linguageiras sobre o trabalho da dona de casa e docente que permitem compreender
as dramáticas do uso do corpo-si na atividade laboral em um contexto de pandemia. O marco
teórico fundamenta-se na perspectiva enunciativo-discursiva de Dominique Maingueneau (2005,
2008, 2018, 2020) em interface com os estudos ergológicos de Schwartz e Durrive (2010),
Schwartz (2014), Durrive (2011), Nouroudine (2002) e Trinquet (2010). A pesquisa é do tipo
exploratória, com procedimento bibliográfico e de campo e tem abordagem qualitativa. O corpus
de pesquisa constitui-se de entrevistas não estruturadas feitas com duas trabalhadoras que
exercem atividade laboral dupla, de dona de casa e de docência, em um contexto de isolamento
social e atividade remota em razão da pandemia da COVID-19. Como resultados, depreendemos
que a interface entre a Análise do Discurso e a Ergologia mostrou-se eficaz ao permitir identificar,
através dos enunciados que constroem a cenografia enunciativa, o debate de normas e valores
sobre a atividade e as dramáticas do uso do corpo-si, o que revela ethos discursivos de resiliência
e competência. Concluímos, nesse sentido, que mesmo diante do atual contexto de pandemia, as
profissionais fazem a gestão de si em prol do bem estar dos sujeitos envolvidos na atividade
laboral.

Palavras-chave: Ethos; Cenografia; Ergologia; Atividade de trabalho.

CINQUENTA TONS DE VERDE – UMA ANÁLISE DISCURSIVA DAS PRÁTICAS DE


GREENWASHING EM EMBALAGENS

Arianne Brogini, Grupo de Pesquisa Atelier Linguagem e Trabalho (PUCSP)


annebro@uol.com.br

O atual cenário de esgotamento e destruição dos recursos naturais vem despertando no


consumidor-cidadão uma nova forma de consumo na qual o impacto que os produtos geram no
meio ambiente são levados em conta no processo de decisão de compra. Nesse novo contexto,
algumas indústrias, empresas e organizações recorrem à prática conhecida como Greenwashing,
entendida como a apropriação indevida de características ecologicamente responsáveis, por meio
de técnicas de marketing e relações públicas. Temos por objetivo analisar tais práticas, que no
Brasil também são conhecidas como “lavagem verde”, “maquiagem verde”. O corpus é composto
por embalagens de cosméticos e de produtos de limpeza, respectivamente do shampoo Love,
Beauty and Planet e do sabão líquido para roupas Sétima Geração, cujo lançamento se deu no
período compreendido entre março de 2019 a dezembro de 2020; ambas as marcas da Unilever,

145
uma das empresas mais poluidoras do mundo, mas com forte apelo sustentável. Recorremos à
Análise do Discurso francesa, perspectiva enunciativa, tal como formulada por Dominique
Maingueneau, em especial a duas noções introduzidas recentemente pelo autor: Enunciados
Aderentes (EA) – enunciados escritos, em geral curtos, fixados sobre um ‘suporte’, com o qual
formam uma totalidade – e Agenciamento – organização dos objetos no espaço, escolha de
materiais, de cores etc. Os EA nos auxiliarão a observar o funcionamento discursivo dos selos
presentes nas embalagens e o Agenciamento, a problematizarmos a organização dos objetos nos
locais empíricos de venda (supermercados, drogarias etc.) e a escolha de materiais tanto dos
objetos quanto das embalagens. Acreditamos que, a partir da observação das práticas discursivas
dos consumidores de produtos de beleza e dos produtos a eles destinados, poderemos
compreender o funcionamento do discurso ambiental tanto no que se refere ao consumo
responsável quanto à simulação com a preocupação com o meio ambiente, como é o caso da
prática de Greenwashing.

Palavras-chave: Análise do Discurso de linha francesa; greenwashing; embalagens; enunciados


aderentes; agenciamento.

JOGOS COMO METODOLOGIA FACILITADORA DA COMUNICAÇÃO COM O SER HUMANO


AUTISTA

Profa. Dra Nádia Mara da Silveira, IFAL – Campus Maceió/GEDEALL/GEMPE


nadiasilveira@yahoo.com.br

Tendo por objetivo construir jogos inclusivos e afetivos para estimular o lugar de
fala/comunicação/aprendizagem do ser humano autista, partiu-se do princípio de que as
condições sociais; a qualidade da interação com a família/comunidade; a necessidade de ser
aceito e incluído na/pela escola; a possibilidade dele não ter acesso a bibliotecas, cinemas e
teatros; a carência de afeto, sem lugar de fala e respeito a sua origem pode repercutir em
dificuldade de comunicação/interação deles com os outros, sendo classificados como autistas,
porém desconsiderando que: não olhar no olho quando fala; não gostar de beijos/abraços;
preferir brincar sozinho; não fazer amigos facilmente; não cumprir as regras sociais podem ser
sintomas de outras deficiências e até de uma timidez. Diante desses diagnósticos abusivos,
estigmatizados e classificatórios, pois segundo Foucault (1996) nosso discurso classifica, demonstra
os grupos que pertencemos, a ideologia que nos é imputada, nossa origem e o quanto podemos
ser oprimidos, esmagados, calados pela força política e pela “elite” social; somado ao que Weil;
Tompakow (1986) enfatizam: a comunicação não se resume a fala, as pessoas se comunicam com
os olhos, com as mãos e nosso corpo fala por nós; e também embasados no que Kanner (1943) e
Asperger (1944) salientam: o autismo é um distúrbio neurológico, uma síndrome, que afeta o
funcionamento do cérebro e dos comportamentos, de possível causas internas e/ou externas não
bem definidas; é que construiremos jogos inclusivos e afetivos para o ser humano autista que
possibilitem/facilitem a sua interação/comunicação com o mundo, propondo capacitações no uso
desses jogos para pais, professores, cuidadores e todos que queiram contribuir para tornar o
mundo do ser humano autista um lugar melhor, respeitando-o, incluindo-o, escutando-o e
aceitando-o com afeto.

Palavras-chave: Ser humano autista; jogos inclusivos e a afetivos; estimulação.

146
OS MUNDOS ÉTICOS DA PESQUISA SOBRE MEDIAÇÃO EDITORIAL: A FIANÇA
ESTABELECIDA PELA REPUTAÇÃO NA COMUNIDADE

Luciana Salazar Salgado, Universidade Federal de São Carlos - UFSCar


lucianasalazar@ufscar.br

Considerando o recente acúmulo de pesquisas sobre “comunicação científica”, um sintagma tão


retomado quanto opaco (que nos permite a pergunta “o que cabe aí?”), pretendemos, nesta
ocasião, discutir procedimentos tácitos, implícitos e jamais tematizados em textos de ampla
circulação: o papel da reputação na comunidade acadêmica afiançando pesquisas. O caso das
pesquisas sobre mediação editorial é especialmente interessante, pois, por se tratar do estudo de
processos – e não de produtos – que envolvem materiais em etapas de circulação restrita – como
um artigo em tramitação na plataforma OJS, por exemplo –, questões como os tabus sobre autoria
e sobre a condução política da editoria ou sobre a existência ou não de uma equipe
profissionalizada costumam ser apagadas e, no entanto, são constitutivas do que afinal se comunica
como ciência. Com base na noção de mundos éticos, que faz parte do quadro teórico-metodológico
proposto por Dominique Maingueneau para o estudo do ethos discursivo (2008, 2019, 2020),
apresentaremos um caso emblemático do jogo de fianças que dá sustentação a certas pesquisas
ou que impede que elas aconteçam: examinaremos a trajetória de pesquisa de Letícia Clares
sobre o tratamento editorial de textos em diversas conjunturas acadêmicas (2013; 2017; 2021).

Palavras-chave: comunicação científica; fiador; mediação editorial; mundos éticos

RETORNO ÀS AULAS PRESENCIAIS DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19: JOGO DOS 7


ERROS

Bibiana Wist de Campos (Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ)


bibianacampos@gmail.com

Com média de duas mil mortes diárias no país causadas pelo muito transmissível coronavírus, em
3/3/2021, o jornal Extra noticiou o retorno às aulas presenciais para séries iniciais em 82 escolas
do Ensino Fundamental na rede municipal do Rio de Janeiro, mesmo sem a imunização dos
profissionais da educação e/ou da maioria da população. No dia seguinte, um grupo organizado
de responsáveis por estudantes dessa rede publicou em sua página, no Facebook, uma foto do
prefeito recebendo um aluno e seu pai em uma escola. A postagem, intitulada "Jogo dos sete
erros", desafia seus coenunciadores a identificarem o que há de errado na foto. Enquanto famílias
experimentam o medo e a morte, necessitam avaliar e agir em defesa da vida. Ainda assim, há
quem reaja apoiando o retorno e acusando professores de não gostarem de trabalhar.
Considerando noções de ética na leitura deleuziana de Spinoza e Nietzsche, analisaremos a
postagem e a notícia acima referidas a partir do conceito de cena da enunciação, lançando mão
dos conceitos de cenografia e de cena validada (Maingueneau, 1998 [2013]) revisitados por Rocha
(no prelo), bem como o de interdiscurso (Maingueneau, 1987 [1989]) com os protocolos de
segurança apresentados pela prefeitura. Pretendemos mostrar, através dessa análise, possíveis
produções de sentido causados pela articulação desses planos no título da postagem; na
fotografia publicada; nos depoimentos daqueles que deram entrevistas para esse jornal e dos

147
que interagiram com a postagem do grupo de responsáveis em rede social. A cena validada desse
jogo usada para fazer uma denúncia é uma estratégia que conduz as pessoas a observarem cada
detalhe da fotografia e refletirem sobre o etos (Maingueneau, 1987 [1989]; Deusdará, Rocha,
Arantes, 2019) mostrado pelo prefeito em dissonância com seu discurso de que as escolas estariam
preparadas para receberem os estudantes.

Palavras-chave: Discurso; Ética; Etos, Cenografia; Pandemia de Covid-19.

SIMPÓSIO

ABORDAGENS DISCURSIVAS OU ERGODISCURSIVAS: PRODUZIR CONHECIMENTO


SOBRE OU COM SUJEITOS?
Fátima Pessoa (UFPA)
fpessoa37@gmail.com
Maria do Socorro Morato Lopes (UFPA)
Aline Rodrigues (SEMEC-Belém; SEDUC-PA)

As abordagens discursivas ampliaram significativamente seu alcance nas investigações sobre a


linguagem, ao avançar para os mais diferentes campos discursivos (MAINGUENEAU, 2008) que
se tornam território de análises sobre as enunciações que são produzidas, circulam e são
consumidas em comunidades discursivas plurais, ora herméticas ora heterodoxas em sua
constituição. Os campos discursivos do mundo do trabalho, entre tantos outros, são territórios onde
as pesquisas em abordagens discursivas se mostraram relevantes, conforme a afirmação de Souza-
e-Silva (2001), que defende a importância da Linguística como disciplina convocada a pensar o
trabalho. Nessas práticas investigativas, sujeitos se encontram como participantes da pesquisa,
reconhecem-se, convergem ou divergem em posições assumidas em relação à organização
institucional dessas comunidades. Os encontros suscitam interpretações sobre as relações
interdiscursivas que constituem, ratificam e/ou transformam essa organização e as formações
discursivas que sustentam os objetos, temas, modos de enunciação que as definem. Nesses encontros
suscitados pelos projetos de pesquisa, posturas éticas atravessam a maneira como nossas relações
são estabelecidas com todas aquelas e todos aqueles que da pesquisa participam. São relações
carregadas de valores que orientam os encontros de saberes acadêmicos em desaderência e
saberes em aderência (SCHWARTZ; DURRIVE, 2015) à experiência cotidiana dos campos
discursivos em que se situam as pesquisas, conforme os postulados ergológicos. Portanto, não se
trata de encontros desprendidos com os textos/contextos produzidos pelas comunidades
discursivas, mas de encontros em que somos afetados por corpos políticos. Como descrever esses
encontros? Que posturas de enunciação e de escuta assumir na intersecção desses campos? Que
valores adotar no processo de interpretação que desses encontros derivam? São questões de
natureza metodológica que interessa discutir neste simpósio que privilegia a dimensão ética das
práticas de análise do discurso, mais especificamente sobre as relações intersubjetivas que também
compõem essas cenas de enunciação acadêmica.

Palavras-chave: Análise do Discurso; Ergologia; Práticas discursivas; Sujeitos de pesquisa;


Relações interdiscursivas.

148
COMUNICAÇÕES DO SIMPÓSIO
A LINGUAGEM E SUAS ALTERAÇÕES SOB A PERSPECTIVA DISCURSIVA

Andreza Shirlene Figueiredo de Souza – Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP)


andrezashirlene@gmail.com

O presente estudo objetiva mobilizar uma reflexão acerca da contribuição que a Análise do
Discurso francesa (doravante AD) pode acarretar para desdobrar sentidos sobre o conceito de
linguagem e de sua alteração/desvio e, consequentemente, de sujeito, já que defende que o sujeito
é constituído na/pela linguagem, e esta não é vista como mero instrumento de comunicação, mas
como funcionamento dos processos discursivos. Isto posto, o trabalho se justifica, pois visa refutar a
concepção ideal que a linguagem carrega na sociedade há décadas (conceito perenizado), bem
como ao simplismo tangenciado à fala, desconsiderando toda sua carga de trânsito de teorização
e heterogeneidade, principalmente, no que versa acerca da patologia/alteração/desvio da
linguagem. Tudo isso, será analisado à luz da Análise do Discurso de linha francesa, proposta por
Pêcheux e filiados, e, no Brasil, por Orlandi e seguidores. E, assim, objetivando problematizar a
unidade de uma teoria para a linguagem, principalmente, na que reduz a linguagem em uma
“caixinha” de certa e outra de errada. Nesse sentido, uma reflexão acerca da escolha da
abordagem que irá trilhar a corrente teórico-metodológica enfatizada acerca da linguagem e
fala durante o processo das práticas discursivas em jogo é fundamental, pois pode ressignificar o
sujeito e seu funcionamento linguístico-discursivo. Logo, parte-se do método bibliográfico, já que,
designa-se a propor um repensar e uma ressignificação acerca da concepção de linguagem e
trazer contribuições da teoria supracitada para análise e funcionamento discursivo do sujeito com
alteração/desvio de linguagem. Com as leituras e análises, verificou-se como gesto de
interpretação que, os efeitos de sentido sobre a linguagem e suas alterações podem ser
ressignificados, rompendo com discursos cristalizados e, com isso, mudar o paradigma de pesar
social para os sujeitos com a fala desviante. Portanto, o ápice para a teoria supracitada, é o
funcionamento da linguagem, com todas as suas incompletudes e deslizes.

Palavras-chaves: Linguagem; Transtorno/Alteração/Desvio de Linguagem, Análise do Discurso


francesa.

A LINGUAGEM NO TRABALHO INVISÍVEL: O INTERDISCURSO SOBRE O TRABALHO


DOMÉSTICO

Neuzer Bavaresco (UPF) – neuzermunhoz@gmail.com


Ernani Cesar de Freitas (UPF/Feevale) – ecesar@upf.br

O tema desta pesquisa interdisciplinar é a relação que se estabelece entre linguagem e trabalho
no ambiente laboral de empregadas domésticas. Este trabalho tem como objetivo geral descrever
e analisar como se constrói a cenografia da qual emerge o ethos discursivo, como imagem de si,
emanado nas práticas linguageiras sobre o trabalho no discurso que circulam na sociedade
brasileira. A fundamentação teórica apresenta uma interface entre a Ergologia (SCHWARTZ,
2010, 2011), com foco na relação Linguagem e Trabalho e a teoria enunciativo-discursiva de
Maingueneau (2008a, 2008b, 2008c, 2010, 2019). A pesquisa é de natureza aplicada,
bibliográfica e documental com abordagem qualitativa. O corpus de análise constitui-se por
recortes de três reportagens sobre o trabalho doméstico, além de utilizar a Cartilha dos
Trabalhadores Domésticos elaborada pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social. Como
resultados aponta-se que a ergologia e a teoria sociodiscursiva possibilitaram analisar os discursos

149
mediante cenografias que circulam sobre o fazer da empregada doméstica demonstrando que do
discurso sobre a atividade laboral emergem na cenografia pistas linguísticas que remetem à
invisibilidade social da empregada doméstica.

Palavras-chave: Ergologia. Invisibilidade no trabalho. Cenografia. Ethos discursivo. Empregada


doméstica.

O DISPOSITIVO LEITURA E AS PRÁTICAS DE PODER E DE RESISTÊNCIA NO ENSINO DE


LEITURA
Aline Batista Rodrigues – SEMEC – Belém/SEDUC – Pará
alinerodriguesufpa@gmail.com

Este trabalho é resultante da minha pesquisa de tese doutorado que investigou as operações
realizadas pelo dispositivo leitura, a fim de saber quais técnicas empreendidas por ele operam
para não tornar os alunos leitores proficientes. Pensar a existência de um dispositivo implicado nas
operações que envolvem acesso democrático aos conhecimentos e controle de saberes foi
importante para se compreender as tecnologias implicadas nas práticas de poder. Poder que
atravessa os corpos e está espalhado por todos os lugares, controlando formas de pensar, de
dizer, de ver e de agir sobre o mundo, conforme postulou Foucault (1970, 1984, 1989 e 2009).
Elegeu-se como objeto de pesquisa as turmas do 2º ano do ciclo II (5º ano do ensino fundamental
séries iniciais) da sala de leitura do município de Belém com o propósito de investigar o porquê
da existência de uma disciplina voltada especificamente para o ensino de leitura não garantir a
proficiência leitora dos alunos. Baseando-se em análises documentais, nas entrevistas realizadas
com as Professoras da sala de leitura e nas observações de suas aulas, buscou-se a(s) resposta(s)
da problemática supracitada. Os resultados mostraram que o dispositivo leitura controla o acesso
aos diversos saberes, razão pela qual há alunos que conseguem decifrar códigos, mas incapazes
de refletir sobre os efeitos de sentido produzidos pelos textos escolarizados.

Palavras-chave: Dispositivo leitura; práticas de ensino; ensino de leitura; dispositivo de controle.

OS DIZERES DISCURSIVOS DOS(AS) PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO NA REDE PÚBLICA


MUNICIPAL DE BELÉM

Valéria Patrícia de Farias Cuellar Almeida – PPGL/UFPA


valeriapcuellar@gmail.com

A Rede Municipal de Ensino de Belém – RMEB, desde 1997, adotou como plataforma de
escolaridade os chamados Ciclos de Formação (CF), com a principal justificativa de que a referida
adoção sanaria o ainda presente fracasso escolar, conforme constam nas Diretrizes Curriculares
do Ensino Fundamental (DCEF) – Ciclos III e IV, documento constituidor das prescrições que baseiam
os CF. Desse modo, inserida em um contexto de estranhamentos, essa pesquisa surge com uma
proposta que articula os estudos da linguagem e os estudos do trabalho cujo principal objetivo foi
saber em que medida o dizer do(a) trabalhador(a) educacional sugere um movimento de
participação ou resistência endereçados aos Ciclos de Formação, na RMEB. Para esse fim, o
alicerce teórico foi construído nas noções discursivas de Dominique Maingueneau (2006, 2008a,
2008b, 2015), especialmente em relação: ao Interdiscurso, à Cena Enunciativa e à
Interincompreensão generalizada. Noções que mantém entre si uma forte sintonia, ao constituírem
uma verdadeira rede de sentido. O estudo do trabalho ancora-se em uma base ergológica focada
– especialmente – nos postulados de Yves Schwartz (2004, 2010, 2016) acerca de suas teorias
sobre atividade, normas antecedentes, debate de normas, trabalho prescrito e trabalho vivo.

150
Fundamentos diretamente relacionados. A pesquisa classificada em exploratória e explicativa,
conforme Gil (2012) compreendeu um percurso metodológico envolvendo a pesquisa documental
das DCEF e a escuta dos(as) profissionais da educação (docentes, coordenadores(as)
pedagógicos(as) e diretores(as)), orientados por roteiro de entrevista, elencando os assuntos mais
evidenciados em momentos de tensão, observados na rotina profissional. Nossos resultados foram
alcançados por meio do jogo de relações identificadas pela enunciação dos(as) participantes da
pesquisa, a qual emoldurou um cenário de muitos desencontros, confrontos, assim como também
entre a SEMEC e as escolas, configurando saberes e práticas, distanciados, acerca do Sistema de
Ciclos, marcados – fortemente – por uma forma desalinhada de compreender e de realizar os
Ciclos.

Palavras-chave: Sistema de Ciclos; Profissionais da educação. Rede Municipal de Ensino de Belém.


Diretrizes Curriculares.

O ETHOS EM CENA: RECORTES AUTOBIOGRÁFICOS DA PROFISSÃO DOCENTE

Rosinélio Rodrigues da Trindade – PUC – SP


rosinelio@ufpa.br

A presente pesquisa, em andamento no PEPG LAEL da PUC-SP, toma como objeto de estudo
memoriais autobiográficos, produzidos por professores em formação continuada do Plano
Nacional de Formação dos Professores da Educação Básica (PARFOR), vinculado a UFPA, e tem
como objetivo inicial depreender o ethos profissional constituído discursivamente, por via de
cenografias sobre o trabalho docente. Entende-se que a apropriação de um corpo de saberes que
todo campo profissional se permitir instituir (teórico, prático e metodologicamente fundamentado)
é uma das condições que permite a inserção de um profissional em uma posição que lhe autorize
enunciar, a partir desse lugar, e exercer a profissão em sua complexidade. A profissão docente,
especificamente a do professor de língua portuguesa, tem se revelado um tanto reticente a essa
lógica, no sentido de que a adesão tão simplesmente a um corpo de saberes técnicos e a um
sistema de valores não lhes possibilita mover-se num contexto que envolve múltiplos interesses e
conflitos, como é o caso do universo escolar. O desenvolvimento da pesquisa perpassou, a princípio,
por uma pesquisa de campo de base qualitativa, seguida de levantamentos bibliográficos
específicos. O estudo se inscreve na interface entre as atuais pesquisas em Análise do Discurso,
especificamente de linha francesa, na visada de Dominique Maingueneau com enfoque particular
nas questões de: ethos, gênero discursivo e cenografia e atividade de trabalho do ponto de vista
ergológico. Temas desencadeadores para entender o trabalho docente como parte constitutiva do
lugar subjetivo da profissão. O corpus de estudo da pesquisa foi produzido por alunos/professores
do Programa Nacional de Formação dos Professores da Educação Básica - PARFOR (em exercício
na rede pública), vinculados à UFPA (turma de Letras-Português 2015/Polo Cametá-PA) na etapa
de fevereiro de 2018.

Palavras-chave: ethos docente; formação de professores; gênero memorial autobiográfico.

151
O USO DE SI NO CONTEXTO PANDÊMICO: ETHOS E CENOGRAFIA NOS DIZERES SOBRE O
TRABALHO
Elaine Ribeiro
Universidade de Passo Fundo (UPF) /Instituto Federal Catarinense (IFC) – Campus Fraiburgo. E-
mail: elaine.ribeiro@ifc.edu.br
Julia Caroline Goulart Blank
Universidade de Passo Fundo (UPF) / Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) – Campus
Ibirubá. E-mail: 181138@upf.br

Ir a uma festa, escutar boa música, tomar um drinque, relaxar após uma semana cansativa de
trabalho junto a familiares, colegas e amigos, eram cenários comuns nos finais de semana antes
da pandemia da COVID-19. No entanto, o contexto epidemiológico que se instalou no Brasil e no
mundo exigiu que a população ficasse em casa e se abstivesse de eventos sociais com aglomeração
de pessoas. Assim, os encontros e festejos foram substituídos pelo isolamento social, pela casa de
cada um, e eventos presenciais, festas e atividades de lazer em grupo foram paralisados ou
cancelados. Nesse contexto, profissionais do ramo de eventos, como músicos, decoradores,
cerimonialistas, produtores, organizadores e tantos outros, precisaram reinventar-se e renormalizar
sua atividade de trabalho. Diante desse cenário e com base nos estudos teóricos sobre Linguagem
e Trabalho, este estudo tem como objetivo analisar a construção do ethos discursivo do profissional
de eventos quando submetido às dramáticas e renormalizações que desafiam sua atividade de
trabalho. Nossa análise é pautada pelos pressupostos teóricos da Análise do Discurso de
Maingueneau (2008; 2019; 2020), e pelos preceitos da Ergologia, propostos por Schwartz
(2014), Schwartz e Durrive (2010), Nouroudine (2002), Faïta (2002), Souza-e-Silva (2002) e
Trinquet (2010). Esta é uma pesquisa bibliográfica e exploratória, com abordagem qualitativa. O
corpus é constituído pelos dados de duas entrevistas com profissionais da área de eventos afetados
pela pandemia da COVID-19. A análise discursiva nos permitiu constatar que as cenografias,
instituídas anteriormente pelos eventos, são alteradas pelo contexto pandêmico instigando
dramáticas e renormalizações que possibilitam a construção tanto de um ethos de profissionais
surpresos e abalados, quanto um ethos de superação e recomeço.

Palavras-Chave: Linguagem e trabalho; Pandemia; Profissionais de eventos.

UM OLHAR ERGODISCURSIVO SOBRE A ENTREVISTA: AS CONTRIBUIÇÕES DO


DOCUMENTÁRIO DE EDUARDO COUTINHO EM JOGO DE CENA

Silma Mendes (PUC-SP)


silma.rcm@uol.com.br

O objetivo desta comunicação é lançar um duplo olhar sobre a entrevista tal como realizada no
documentário Jogo de Cena (2007) por Eduardo Coutinho. O primeiro olhar advém do referencial
teórico da Análise do Discurso, conforme os estudos desenvolvidos por Maingueneau (2008, 2013,
2020), que postulam uma linguagem marcada não pela transparência, mas, ao contrário, pela
opacidade. Quanto ao pesquisador, considera-se que este participe de uma intervenção sobre o
social, por meio do olhar diferenciado que lança sobre as práticas linguageiras (Rocha &
Deusdará, 2005). Sob essa perspectiva, as entrevistas põem a circular cenas de fala produzidas
por sujeitos em situação de interação e atravessadas pela postura ética de um documentarista que
se recusa a assumir uma “suposta neutralidade” no agenciamento das entrevistas. O segundo olhar
é oriundo da Ergologia, abordagem que discute a atividade humana e a evidência do trabalho,
por meio de procedimentos de antecipação do espaço que precede o agir, valorizando a
experiência humana e sua dimensão epistemológica ou ética – o debate de normas e valores –
assim como as dramáticas do uso de si que cada indivíduo enfrenta na dialética entre os saberes
já construídos e o que é permanentemente recomposto pela atividade (Schwartz & Durrive, 2010).

152
Da análise ergo-discursiva efetuada, depreendem-se cenografias, mundos éticos e agenciamentos,
assim como certos registros de trama e urdidura que inscrevem a entrevista em um lugar criativo
de produção de discursos e saberes e que prefere apostar nas posturas de escuta e interpretação
que subjazem à intersecção desses campos, assim como nos processos de fabulação, inventividade
mobilizados no encontro com o outro. A contribuição da reflexão consiste assim em problematizar
a atividade de trabalho neutra e isenta do documentarista (pesquisador) e questionar os efeitos
de real e de verdade do que é dito nela, além de recusar-se a conclusões fechadas.

Palavras-chave: entrevista; análise do discurso; ergologia; agenciamento; cenas de fala.

TEMÁTICA 17. PRODUTIVIDADE DO CONCEITO DE PRÁTICA DISCURSIVA

DISCURSOS RACISTAS, BRANQUITUDE E SUBJETIVIDADE: A PRODUTIVIDADE DE


PRÁTICAS DISCURSIVAS CONTEMPORÂNEAS

Fabio Sampaio de Almeida (Cefet-RJ)


fabio.almeida@cefet-rj.br
Juliana Silva Rettich (UERJ)
Patrício Pereira Alves de Sousa (Cefet-RJ)

Neste simpósio, apoiados em propostas foucaultianas conforme as quais as relações de poder são
constitutivas de todas as práticas – discursivas ou não – e em uma visão de linguagem entendida
como forma de intervenção no social (Rocha, 2006), pretendemos discutir modos de construção de
práticas discursivas referentes a situações de “discriminação” a pessoas negras, ou seja, práticas
racistas, tendo em vista as condições sócio-históricas de possibilidade de emergência de um
discurso que hierarquiza pessoas (Mbembe, 2014). É nosso intuito, pois, problematizar e dar
visibilidade à produtividade do conceito de prática discursiva, entendido como constructo
articulador das dimensões social e textual do discurso (Maingueneau, 1997), em suas mais diversas
materialidades semióticas. Pretendemos, portanto, agregar propostas de análise que, a partir de
diferentes vertentes teórico-metodológicas dos estudos do discurso, versem sobre práticas
discursivas racistas ou que deem sustentação ao racismo nos mais diversos suportes textuais, a
exemplo das mídias impressas e audiovisuais, livros didáticos e documentos pedagógicos, redes
sociais, legislações e informativos oficiais. Assim, articulando aportes teóricos voltados para
questões de linguagem e de raça, acolhemos, neste simpósio, investigações sobre práticas
discursivas, com viés interdisciplinar, que tematizem discursos racistas contemporâneos em uma
perspectiva ética e política que ilumine modos de produção de subjetividades hegemônicas nos
quais a branquitude (Schucman, 2018; Cardoso, 2020; Bento, 2014) constrói-se como um
indiscutível lugar de privilégio, possibilitando a crítica necessária para a produção de formas mais
éticas de viver a vida social.

Palavras-chave: prática discursiva; racismo; branquitude, produção de subjetividade; linguagem-


intervenção.

153
COMUNICAÇÕES DO SIMPÓSIO

CENOGRAFIA E ETHOS NOS VERSOS DE UMA CANÇÃO: A INFINITUDE DISCURSIVA DE


STRANGE FRUIT
Débora da Silva Rodrigues C. de Araújo
deb9.rodrigues@gmail.com

Para além da apreensão dos elementos estritamente linguísticos do texto, os conceitos


apresentados no âmbito da escola francesa da Análise do Discurso (AD) permitem a identificação,
a observação e o estudo de todo tipo de enunciado em seu contexto sócio-histórico e ideológico.
Neste sentido, compreende-se que a observação e análise de um texto não pode ser dissociada
do contexto no qual ele é forjado. Sob tal perspectiva, considerando a atual disseminação de
temáticas de relevância social, como as pautas raciais em ampla discussão na atualidade,
pretendemos evidenciar neste simpósio a análise discursiva dos versos da canção Strange Fruit,
considerada a primeira música de protesto antirracista – e uma das mais icônicas obras voltadas
a esta temática – interpretada pela cantora negra norte-americana Billie Holiday, em meio ao
contexto da segregação racial nos Estados Unidos. Propomos para isso delinear os preceitos da
Análise do Discurso de base enunciativa, tal como formulada por Dominique Maingueneau, em
específico, os conceitos de cena de enunciação, aí compreendidas as cenas englobante, genérica
e a cenografia, e de ethos discursivo. Sequencialmente, visamos demonstrar a mobilização dos
referidos conceitos aos versos de Strange Fruit, determinantes para empreender a análise das
marcas enunciativo-discursivas, a fim de explicitar os movimentos de construção do enunciado e os
sentidos produzidos pelo discurso. Alicerçados nesse entrelace teórico-metodológico, pretendemos
evidenciar de que maneira a mobilização dos conceitos centrais de Cenas e Ethos, articulados ao
corpus dessa pesquisa – aliada aos princípios do interdiscurso, da prática discursiva e da prática
intersemiótica – trouxe contribuições que apontam para a relevância histórica de Strange Fruit, e,
consequentemente, para a circulação recorrente desse enunciado em diferentes épocas e mídias.
Assim, almejamos discutir a dimensão da Análise do Discurso, em benefício da fundamental
evolução das ferramentas no âmbito dos Estudos da Linguagem, para a apreensão dos significados
construídos pelo enunciado em determinado contexto sócio-histórico e ideológico.

Palavras-chave: Análise do Discurso; Cenografia; Ethos Discursivo; Strange Fruit

DIVERSIDADE COMO UMA COMMODITY? REFLEXÕES SOBRE A REPRESENTAÇÃO DA


MULHER NEGRA NAS CAPAS DA VERSÃO BRASILEIRA DA REVISTA GLAMOUR (2012-2020)

Amanda dos Santos Moura, Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Relações Étnico-Raciais
(PPRER-Cefet-RJ). amanda.moura87@gmail.com

O objetivo deste trabalho é analisar a representação de mulheres negras nas capas da revista
Glamour, em sua versão nacional, da chegada do título ao Brasil, em abril de 2012, a dezembro
de 2020. E, a partir disso, propomos reflexões teóricas sobre a (sub)apresentação das mulheres
negras na mídia em geral, e em específico nesta publicação, a partir de discussões sobre questões
raciais e de gênero, propostas pelo feminismo negro; e de linguagem, na perspectiva teórico-
metodológica da Análise do Discurso. Tratamos diretamente sobre o gênero do discurso “capa de
revista”, e buscamos identificar e analisar as marcas interdiscursivas que o constituem. Para tal, é
essencial pensarmos sobre como a branquitude se mantém ditando os rumos e as decisões que

154
fundamentam a revista Glamour. E questionamos se a presença de pessoas negras, especialmente
nas capas, não representam uma mera tokenização destes corpos, que funcionariam como
commodities para atender a interesses mercadológicos de uma ordem neoliberal.

Palavras-chave: mulheres negras; revista Glamour; representação; Análise do Discurso;


neoliberalismo.

“NUNCA FOI SOBRE O QUE FAZ, MAS SOBRE QUEM FAZ...”: REFLEXÕES SOBRE
FORMAÇÃO E PRÁTICAS DISCURSIVAS A PARTIR DE ENUNCIADOS SUPREMACISTAS.

Roberta Calixto, PPGL/UERJ


robertasc.santos@gmail.com
Priscila Thereso, PPGL/UERJ
prisgurgel@gmail.com

Diante da ascensão de movimentos de inspiração fascista/supremacista que se proliferam pelo


planeta — mesmo que essa ideologia conste como criminosa —, as práticas discursivas baseadas
em enunciados neofascistas têm encontrado nos fóruns da internet espaços de comunicação, bem
como em gestos/sinais/ações que a princípio são considerados corriqueiros, formas de produzir
uma comunidade de apoio. De uma forma geral, a apropriação desses símbolos garante, a quem
se alinha a essas práticas, a possibilidade de se expressar publicamente, mostrando apoio à
ideologia supremacista e, ao mesmo tempo, de se preservar, à medida que é possível, de certo
modo, negar que tal ato seja de fato uma adesão à essa prática criminosa. Diante dessa
possibilidade de “esconder-se nas brechas”, o presente trabalho, derivado de pesquisa em fase
inicial, pretende evidenciar os conceitos de formação discursiva e prática discursiva (FOUCAULT,
1969; MAINGUENEAU, 2005) para gerar uma reflexão sobre a relação entre a produção de
textos e uma comunidade discursiva (ROCHA, 2014). Para ilustrar esta reflexão, iluminamos o
recente caso brasileiro no qual o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da
República, Filipe Martins, fez um gesto associado à supremacia branca durante uma sessão no
Senado Federal. O córpus analisado é constituído por textos que repercutiram na mídia tradicional
e nas redes sociais, em defesa do assessor.

Palavras-chave: Prática Discursiva; Formação Discursiva; Racismo; Supremacismo.

O ALTAR DA PÁTRIA: ANÁLISE DISCURSIVA DOS TEXTOS INSTITUCIONAIS DO SITE DO


MUSEU DA INCONFIDÊNCIA SOB UMA PERSPECTIVA ÉTNICO-RACIAL

Patrício Pereira Alves de Sousa (Cefet-RJ) patricio.sousa@cefet-rj


Luisa Peixoto (Cefet-RJ) 0.luisa.peixoto.0@gmail.com

O Museu da Inconfidência, inaugurado em 1944 em Ouro Preto, marcou um pioneirismo, por ter
sido o primeiro museu histórico sobre movimentos de insurreição fora do litoral brasileiro. A
exposição permanente do Museu, que estava inalterada desde a inauguração, foi adaptada a
partir de 2006 visando expandir suas narrativas ao agregar mais objetos que dimensionassem a
vida social, política e artística dos séculos XVIII e XIX. A intenção com essa medida foi a de “fazer
justiça” a eventos que despertaram o movimento da Inconfidência e que não estavam
representados na exposição original. Conforme o discurso institucional do Museu, a preocupação
com essa modernização foi adequar as exposições às concepções museográficas mais atuais e
contemplar de forma mais abrangente o seu novo público. Assim, se em sua criação a narrativa

155
do Inconfidência se direcionava a uma elite intelectual, as adaptações na exposição visaram tornar
legível o Museu para um público mais amplo, composto principalmente por estudantes e turistas. A
visita ao Inconfidência permite o acesso a objetos e textos de apresentação que reforçam as
posições privilegiadas em sua narrativa: a de uma perspectiva burguesa, masculina, da
branquitude e da heterossexualidade. O que chama atenção é que mesmo nos textos institucionais
produzidos mais recentemente para o site do Museu, permanecem perspectivas que, apesar da
renovação que buscou aproximar as narrativas de posições mais contemporâneas da museografia,
mantêm-se discursos que privilegiam a colonialidade e a história e memória de sujeitos brancos.
Nesta comunicação, analisamos discursivamente como se dá a construção das narrativas acerca
dos acontecimentos históricos relacionados à Inconfidência Mineira e ao acervo do museu,
refletindo sobre a reificação e simplificação das imagens e histórias dos povos negros e indígenas
em detrimento ao protagonismo dos sujeitos brancos presente em cenas relacionadas à
Inconfidência, à Monarquia e à arte e cultura europeias.

Palavras-chave: espaços de memória; discurso; branquitude; relações étnico-raciais; Museu da


Inconfidência.

RAÇA E RACISMO NO PROGRAMA TRAINEE MAGALU 2021: ANÁLISE DISCURSIVA DE


COMENTÁRIOS NO LINKEDIN

Nathália Basil Gomes da Silva


PPRER – CEFET-RJ
nathaliaabasil@hotmail.com
Viviane Lopes dos Santos
PPRER – CEFET-RJ
vsvivianesantosrj@gmail.com

O presente trabalho propõe uma análise discursiva dialógica (BAKHTIN, 2000) dos comentários
postados no Linkedin, feitos a partir da publicação que anunciou o Programa Trainee Magalu
2021, exclusivo para pessoas negras. A ação, disseminada como antirracista, dividiu opiniões,
sendo interpretada por alguns como oportunista, visto o retorno financeiro que a organização
obteve. A opção pela análise dos comentários feitos no Linkedin se dá por seu caráter formal,
funcionando como vitrine profissional de seus usuários, já que a circulação do enunciado constitui a
organização do discurso (MAINGUENEAU, 2011). Como muitas companhias realizam seus
processos de seleção a partir dessa rede, buscamos compreender a construção de sentidos em
discursos produzidos como fruto da campanha, assim como discutir o Programa como estratégia
de captação de talentos que possuem dificuldades de inserção no mercado de trabalho, muitas
vezes, devido ao racismo estrutural (ALMEIDA, 2019), componente econômico e político da
sociedade.
Palavras-chave: Análise discursiva; Magalu; Linkedin

156
TEMÁTICA 17. PRODUTIVIDADE DO CONCEITO DE PRÁTICA DISCURSIVA

POR QUE TRABALHAR COM O CONCEITO DE PRÁTICA DISCURSIVA?


Coordenadora: Del Carmen Daher (UFF)
del_daher@id.uff.br
Vera Sant’Anna (UERJ)
Dayala Vargens (UFF)

A presente proposta de simpósio justifica-se pela relevância do conceito de prática discursiva


(Maingueneau 1984) nos estudos discursivos. Entendemos que tal importância reside em sua
contribuição para a produção de um sentido de discurso distinto do sentido de texto. Esse tem sido
muitas vezes um problema na área dos estudos discursivos: uma certa indistinção entre discurso e
texto. Ao postular que a prática discursiva se define pela coprodução de textos e de uma
comunidade discursiva de apoio a esses textos, comunidade essa que, a seu turno, também é
realimentada por esses textos, desfaz-se por completo a possibilidade de confundir texto e
discurso: os textos serão apenas uma das faces do conceito em tela. Como objetivo, o simpósio visa
mapear a presença da noção de prática discursiva em diferentes pesquisas, buscando concretizar
um perfil das diferentes áreas / disciplinas em que o conceito se atualiza. Tal objetivo poderá ser
alcançado por intermédio de procedimentos cartográficos, segundo o definem Passos, Kastrup e
Escóssia (2010), com base em proposta formulada inicialmente em Mil Platôs, de Deleuze e
Guattari (1980). Os resultados das diferentes pesquisas apresentadas no simpósio deverão
conduzir a conclusões que não apenas reafirmem a produtividade do conceito, mas contribuam
para novas formulações teóricas que o desloquem em novas articulações, em especial em relação
a outras noções desenvolvidas por Maingueneau no quadro de sua semântica global.

Palavras-chave: prática discursiva; comunidade discursiva; produção de textos; cartografia;


semântica global.

COMUNICAÇÕES DO SIMPÓSIO
A EXONERAÇÃO DO ESTADO PELO LIVRE MERCADO
Shayane França Lopes, UFF
shayaneflopes@yahoo.com.br

O conceito de prática discursiva proposto por Maingueneau em Novas Tendências em Análise do


Discurso (1997) e em Gênese dos discursos (2008) é bastante proveitoso, uma vez que por meio
dele se constrói uma rede entre discurso, comunidade que o produz e que é por ele produzida e
as instituições que o praticam, em uma relação indissociável. Refletir sobre esse entrelaçamento de
discursos e instituições permite enxergar as produções de linguagem a partir de suas condições de
produção. A prática discursiva designa essa “reversibilidade essencial entre as duas faces,
social e textual, do discurso” (MAINGUENEAU, 1997, p.56). O foco deste trabalho recai sobre a
análise de embate dos grupos favoráveis e contrários à Base Nacional Comum Curricular do Ensino

157
Médio (BNCC-EM), a que denominamos segmentos privatistas e representantes da contraconduta,
respectivamente. O discurso dessas duas comunidades é indissociável das suas respectivas práticas,
visto ser ele que sustenta suas práticas. A instituição de uma comunidade se faz por sua própria
enunciação, já que a prática discursiva só se faz possível quando há um corpo de sujeitos que a
preconiza. O interesse por esta pesquisa se justifica frente à indignação da aprovação e
implementação da BNCC-EM, assim como seus impactos na educação pública. Pelo viés da análise
da materialidade do discurso, busca-se identificar como discursivamente é retirado do profissional
docente o seu fazer, tendo como base enunciados sobre o documento BNCC-EM. O critério
metodológico é o de pesquisa-intervenção sob a perspectiva cartográfica, considerando “os
efeitos do processo do pesquisar sobre o objeto da pesquisa, o pesquisador e seus resultados”
(PASSOS; BARROS, 2010, p.17). Os resultados mostram a permeabilidade da educação pública
aos efeitos da educação de mercado.

Palavras-chave: cartografia; educação; pesquisa-intervenção; prática discursiva; segmentos


privatistas.

A REFORMA DO ENSINO MÉDIO EM NOTÍCIAS DIGITAIS

Nathália da Silva de Oliveira Peixoto, UFF


oliveira.nathalia@ymail.com

O presente trabalho tem por finalidade analisar notícias veiculadas em jornais de grande
circulação sobre a Reforma do Ensino Médio (EM) aprovada, em 2017. É de nosso interesse olhar
mais atentamente o funcionamento discursivo que se materializa nas notícias que abordaram o
processo de publicação da MP 746, as manifestações por parte das vozes de oposição e a
aprovação da Lei nº 13.415, de fevereiro de 2017. Para tanto, selecionamos notícias que
tratassem da reforma do EM, nos jornais digitais O Globo e Folha de S. Paulo. A pesquisa inscreve-
se na área dos estudos da linguagem e recorre a pressupostos teóricos da Análise do Discurso de
base enunciativa (Maingueneau, 1997; 2013). Sendo a AD uma disciplina que dialoga com outros
campos da ciência, este trabalho filia-se à noção de prática discursiva, de Foucault (2014) e as
contribuições de Maingueneau (1997, 2008, 2014), uma vez que que entendemos que a prática
discursiva se estabelece na relação entre textos que são veiculados por uma sociedade. Recorre
também aos conceitos de discurso relatado, segundo Authier-Revuz (1978), Maingueneau (1997)
e Sant’Anna (2000; 2004), e a noção de polifonia (Ducrot, 1987). A partir dessas definições, foi
possível observar quais as vozes trazidas a falar ou silenciadas nos discursos dos jornais escolhidos.

Palavras-chave: ensino médio; reforma; discurso; jornais digitais; prática discursiva

158
ATAQUES A PRÁTICAS DISCURSIVAS EDUCACIONAIS DEMOCRÁTICAS: RACIONALIDADES
EM EMBATE

Del Carmen Daher (UFF, CNPq, Capes Print) del_daher@id.uff.br


Vera Lúcia de Albuquerque Sant’Anna (UERJ) verasantanna@terra.com.br

A presente comunicação tem como objetivo compreender o processo de construção de diferentes


ações no âmbito da educação pública brasileira, a partir dos estudos da linguagem, que têm
levado ao desmanche de propostas educacionais democráticas. Esse estudo insere-se nas
discussões que promovem reflexões sobre o papel do linguista aplicado nos meios acadêmico e
social, com vistas a superar o lugar que vem sendo conferido a esse profissional (Rocha; Daher,
2015). Para tal, recorre a noções de interdiscurso e prática discursiva (Foucault, 1969;
Maingueneau, 2005 e 1997; Rocha, 2014; Rocha e Deusdará, 2017), no âmbito dos estudos da
Linguagem, e de rizoma e cartografia (Deleuze: Guattari 2008; 2011), no da Filosofia da
diferença, como forma de identificar modos de funcionamento e circulação dos discursos que
constituem práticas discursivas capitalísticas (Guattari; Rolnik, 1986), atravessadas “por discursos
privatistas e neoconservadores, constituindo certa visão de educação que mantém privilégios de
grupos socialmente hegemônicos” (Souza, 2019). Privilégios que impõem uma racionalidade a
serviço do mercado.

Palavras-chave: práticas discursivas, interdiscurso, rizoma, cartografia, educação pública

“DESCE DO SALTO E VAI VIVER”: UMA ANÁLISE INTERDISCURSIVA DO MOVIMENTO


#KUTOO

Ana Paula Vilardo Barboza, LAEL, PUC, anapbarboza@gmail.com

O objetivo deste trabalho é o de refletir sobre as práticas discursivas considerando os discursos


nativo-digitais, a partir dos resultados da pesquisa desenvolvida durante nossa dissertação de
mestrado, recém defendida. Durante a pesquisa foi possível acompanhar a criação e circulação
de um movimento nativo digital chamado #KuToo, que denuncia a desigualdade de gênero
através de um forte símbolo do universo feminino: o salto alto. O movimento nasceu no Japão em
2019 e rapidamente ultrapassou os limites territoriais impulsionado pelo poder da internet.
Através do método indiciário, coletamos um corpus composto por tuítes (Twitter), abaixo-assinado
digital (Change.Org) e Posts (Instagram). Para além da criação do movimento digital, pudemos
acompanhar o nascimento da comunidade discursiva #KuToo, que teve seu primeiro registro no
Twitter e consolidou-se no Instagram. Do ponto de vista teórico, a nossa pesquisa se sustentou na
Análise do Discurso de linha francesa, especialmente nos conceitos desenvolvidos por Dominique
Maingueneau. Com um corpus extraído do ambiente digital, a nossa pesquisa contribui com
evidências empíricas para reforçar as hipóteses de que, do ponto de vista discursivo, são
indissociáveis os textos produzidos por uma dada comunidade e o gerenciamento que essa
comunidade faz dessas produções.

Palavras-chave: análise do discurso de linha francesa, práticas discursivas; discurso digital;


comunidade discursiva

159
DISCURSO POÉTICO-ANCESTRAL: CONTRIBUIÇÕES CARTOGRÁFICAS PARA A EDUCAÇÃO
LINGUÍSTICA ANTIRRACISTA

Dayala Paiva de Medeiros Vargens, Professora da Universidade Federal Fluminense,


dayalavargens@gmail.com
Viviane Conceição Antunes, Professora da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro,
vivianecantunes.ufrrj@gmail.com

Partindo do reconhecimento da importância da apropriação do conceito de prática discursiva


(MAINGUENEAU, 1984) no estudo das relações entre texto e discurso, este trabalho se centra na
discussão sobre as contribuições do aprofundamento analítico do discurso poético-ancestral. Seu
escopo de desenvolvimento se dá pelo viés da educação escolar e, mais especificamente, da
educação linguística de crianças e adolescentes brasileiros, cujo repertório de leitura deve ser
constantemente cartografado a partir do esforço de tessitura de saberes artísticos, políticos e
éticos. Estabelecemos diálogos com os campos da poética da ancestralidade (OLIVEIRA; SANTOS,
2020) e da interculturalidade (WALSH, 2009; WALSH, OLIVEIRA e CANDAU, 2018) para refletir-
agir sobre processos educativos e movimentos de leitura implicados na mobilização de um sentir-
pensar-fazer que não aniquile a complexidade entre a subjetividade, estética, a política e a ética.
Etnoeducativamente, tomamos como corpus o livro “Mãe Sereia” da autora cubana Teresa
Cárdenas (2018), ilustrado por Vanina Starkoff e traduzido por Michele Strzoda. Recorremos ao
quadro da semântica global (MAINGUENEAU, 2005) para mapear posicionamentos e sentidos
que potencializam a beleza e a vida, especialmente de mulheres e crianças negras. Nossas
intervenções caminham na contramão dos desencantamentos promovidos por diversos tipos de
violência, principalmente pela violência ideológica colonial, combatida, com afinco, pela
pedagogia antirracista (MIRANDA; RIASCOS, 2016).

Palavras-chave: discurso poético-ancestrial; semântica global; educação linguística antirracista

ENLAÇAMENTOS NA ARTICULAÇÃO DE ETOS E CENOGRAFIA EM DUAS PRÁTICAS


DISCURSIVAS SOBRE O PROGRAMA NACIONAL DAS ESCOLAS CÍVICO-MILITARES

Juliana Ribeiro Azevedo - UERJ


jribeiroaz@gmail.com

Neste estudo, parto do estranhamento provocado pela percepção de que, nos discursos oficiais
do Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares – PECIM, projeto do governo Bolsonaro para
a educação básica, existe um “tom” contrário àquele que estamos habituados a ver nos discursos
bolsonaristas. Compreendendo o discurso bolsonarista e o discurso do PECIM como práticas
discursivas distintas, interrogo quais comunidades discursivas elas mobilizam e que efeitos de
sentido elas produzem, quando articuladas, para a viabilização da política educacional em
questão. Abdicando ao ponto de vista do observador e adotando um olhar de cartógrafo
(PASSOS; KASTRUP; ESCÓSSIA, 2009) sobre o problema pesquisado, busco mobilizar três
entradas da análise do discurso de base enunciativa na fricção entre as práticas discursivas do
córpus, quais sejam, as noções de enlaçamentos, etos e cenografia (MAINGUENEAU, 1997, 2008).
O córpus de análise é composto pelo pronunciamento do próprio presidente da república no
lançamento do programa e por excertos do Manual das Escolas Cívico-Militares, documento
destinado a orientar e regulamentar a implementação do “novo” modelo escolar. A análise de
etos e cenografia de cada uma das práticas discursivas, assim como dos enlaçamentos que eles
produzem, permitiu identificar a construção de comunidades discursivas distintas: uma mais
moderada e democrática, e outra, de radicalização do “desejo por autoritarismo” (CASARA,

160
2020). Como resultado, observei que a adoção da moderação e de uma cenografia não
transgressora no discurso do PECIM funciona como condição de possibilidade do projeto, em um
contexto no qual os investimentos autoritários do bolsonarismo têm encontrado limitações junto aos
órgãos de controle do Estado (por exemplo, nos poderes Judiciário e Legislativo). Por outro lado,
a militarização das escolas públicas talvez não tivesse a expressão necessária para se transformar
em política de governo, não fosse a mobilização de uma demanda por autoritarismo produzida
justamente pelo discurso bolsonarista.

Palavras-chave: Prática discursiva; escola cívico-militar; discurso bolsonarista; enlaçamentos; cena


de enunciação.

TEMÁTICA 18. CORPUS E CATEGORIAS DE ANÁLISE – AMPLIAÇÃO


INVESTIGATIVA DA ANÁLISE DO DISCURSO

ANÁLISE MULTIDIMENSIONAL LEXICAL: CORPORA E CATEGORIAS DE ANÁLISE

Coordenador: Carlos Henrique Kauffmann (Lael PUC-SP)


chkauffmann@gmail.com
Cristina Mayer Acunzo (Ânima)
Simone Vieira Resende (EBAC)

O objetivo deste simpósio é reunir trabalhos acerca de questões relacionadas a Linguística de


Corpus estudada por meio da Análise Multidimensional Lexical. O simpósio reúne trabalhos que
lançam mão de diferentes corpora e variadas categorias de análise para estudar o léxico,
privilegiando trabalhos baseados nos aspectos lexicais da linguagem, desde os mais tradicionais,
até os mais recentes, visando reunir abordagens interdisciplinares tanto teóricas quanto descritivas.
Tradicionalmente, as pesquisas do léxico são relegadas aos campos da Lexicologia e Lexicografia,
que observam o comportamento do léxico e usam tais informações como fonte para a organização
de dicionários e materiais lexicográficos. Pesquisas mais recentes, além de investigar o léxico como
unidades básicas da língua, ainda relacionam tais unidades como fonte de informação sobre o
mundo, a sociedade e a cultura e consideram o léxico como unidades representativas do mundo
externo, capazes de fornecer subsídios para investigar e representar a língua em uso,
considerando tanto aspectos linguísticos como culturais por meio de metodologias quantitativas e
qualitativas capazes de analisar representação sociocultural, aspectos históricos, constituição
identitária e outras faces interdisciplinares, agregando áreas como a sociologia, a psicologia, a
linguística e a história. Os trabalhos reunidos no simpósio têm caráter teórico e descritivo.

Palavras-chave: Linguística de Corpus, Análise Multidimensional Lexical, Estudos do Léxico.

161
COMUNICAÇÕES DO SIMPÓSIO
A LINGUAGEM VERBAL DAS ARTES VISUAIS: UMA ANÁLISE MULTIDIMENSIONAL DO
DISCURSO SOBRE A FOTOGRAFIA DE SALLY MANN
Yara Maria de Toledo Dias Romeiro (PUC-SP)
yara.toledo@outlook.com

Textos sobre as artes visuais desempenham funções importantes na sociedade, apoiando,


destacando, descrevendo, avaliando, educando e teorizando sobre o próprio objeto artístico (cf.
Lazzeretti, 2016). Com base nesse discurso, as teorias da arte são formadas e os conceitos através
dos quais a arte é vista e avaliada são desenvolvidos. O objetivo desta pesquisa é investigar o
universo discursivo da fotografia a partir de uma perspectiva de Análise Multidimensional de base
lexical (Berber Sardinha, 2014, 2017, 2019), que é uma abordagem baseada em cálculos
estatísticos capaz de detectar grupos de itens lexicais que coocorrem em textos, de forma a revelar
temas recorrentes na linguagem utilizada. Para conduzir esta pesquisa, um corpus composto por
555 textos (aproximadamente 765.000 palavras), representando o discurso sobre a fotógrafa
americana Sally Mann, foi coletado e analisado. O corpus compreende 12 registros diferentes,
entre os quais livros de fotografia escritos pela artista, textos de parede de suas exposições e
artigos da imprensa geral e especializada, entre outros, extraídos da biblioteca oficial de Mann
e de arquivos públicos e abrangendo um período superior a 30 anos. Os textos do corpus foram
limpos, depois lematizados e marcados para parte do discurso com o TreeTagger. Um script revelou
os principais lemas, contou e normatizou suas ocorrências. As contagens normatizadas foram
submetidas a uma análise fatorial no SAS University Edition. Os sete fatores resultantes foram
interpretados como dimensões lexicais relacionadas aos temas subjacentes à obra fotográfica de
Mann, centrados no Sul norte-americano, no fascínio pela mortalidade e nas relações familiares.
Esta pesquisa pretende contribuir para o uso de estudos linguísticos empíricos, baseados em corpus,
como uma ferramenta para investigar a arte e seu discurso.

Palavras-chave: Linguística de Corpus; Análise Multidimensional; Discurso da Arte; Fotografia;


Sally Mann

A MULTIDIMENSIONAL ANALYSIS OF RESEARCH PAPERS ON THE SUSTAINABLE


DEVELOPMENT GOALS (SDGs)

Paula Tavares Pinto, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP) - Campus de
S. J. Do Rio Preto
paula.pinto@unesp.br

Since the United Nations Agenda 2030 was set up, many countries have worked to find solutions
to interconnected global issues such as Hunger, Poverty, Education and Sustainability just to mention
some. After the striking of the COVID-19 pandemic, the world witnessed researchers gathering
around an international effort to find solutions to the problems previously pointed out. All sectors
of society have been mobilized for a decade of action in three levels which are: global action,
local action and people action, in which the academia and governmental stakeholders are included
with the aim of generating the “required transformations”. In order to observe how research papers
have depicted the Sustainable Development Goals (SDGs), we compiled a corpus of 2,000 million
words from the PLOs platform using the AntCorGen program using the query term “Sustainable
Development Goal”. After that, we part of speech-tagged the corpus using the Tree-tagger of
Sketch Engine in order to carry out a multidimensional analysis (MD). Our aim was to (i) identify the
major dimensions of variation based on the lexico-grammatical characteristics in the research

162
papers published in English by international researchers and, after that, (ii) carry out a lexical
multidimensional analysis to observe how the SDG themes stand out in the study corpus. We will
consider several extra-linguistic variables present in the corpus that are likely to influence the SDG-
related discussion such as the research group members, their institutions, scientific area, journal
impact over the years, publication dates, and how the SDG themes were present in the publications.
In this paper we will discuss the preliminary results which will be, in the future, compared to a
multidimensional analysis of the Brazilian Corpus of Academic English (BrACE) that contains research
papers published by Brazilian researchers and their teams.

Palavras-chave: Sustainble development goals (SDGs); Multidimensional analysis; Research


papers in English.

ANÁLISE MULTIDIMENSIONAL LEXICAL DE CONVERSAS EM GRUPOS DE WHATSAPP,


FACEBOOK E TWITTER EM TEMPOS DE PANDEMIA
Stephan Arthur Solomon Hughes, LAEL-PUC-SP
stephan.hughes@gmail.com

Assim como em outras áreas da vida moderna, os aplicativos de mensagens instantâneas


encurtaram distâncias geográficas e democratizaram o acesso a capacitação pedagógica e
recursos digitais para os profissionais de ensino pelo país, feito acentuado com as limitações
impostas ao ensino presencial pela pandemia. Os grupos de conversas por WhatsApp ou
Telegram, assim como fóruns alocados na rede social Facebook se transformam em verdadeiras
comunidades de prática, preenchendo lacunas preexistentes no conhecimento
técnico/metodológico de seus membros e auxiliando-os a migrar para formatos novos de ensino,
seja online, remoto, ou híbrido, síncrono e assíncrono. Simultaneamente a isso, professores, pais e
responsáveis e pessoas ligadas à educação se reúnem semanalmente via a plataforma Twitter
para discutir os desafios educacionais em tempos de pandemia, trocar experiências e boas
práticas, elaborar estratégias de ensino online e propor soluções inovadoras.
O presente trabalho investigar como estes ambientes virtuais realçam o aspecto social do processo
de ensino-aprendizagem. Para isso, será preciso identificar as características linguísticas que co-
ocorrem nas conversas geradas em cada plataforma e entre as três. A identificação se dá através
da análise multidimensional lexical, multi-método que inclui, entre outros, a N-Gram/cluster analysis
para a extração de duas ou mais palavras e o método cooccurrence analysis, em que prevalece
a coocorrência de uma plavara ocm outra, estatisticamente determinada.

Palavras-chave: rede social, AVAs, análise multidimensional lexical, análise do discurso.

AS DIMENSÕES LEXICAIS DO TWITTER CONTRA E A FAVOR DAS MANIFESTAÇÕES DO 7 DE


SETEMBRO DE 2021
Aline A. Zamboni Milanez, PUC-SP, alinezmilanez@gmail.com
Carlos Henrique Kauffmann, PUC-SP, GELC, chkauffmann@corpuslg.org
Maria Claudia Nunes Delfino, PUC-SP, Fatec-PG, maria.delfino@fatec.sp.gov.br
Patricia Pereira Bertoli, UERJ, pbertoli.uerj@gmail.com
Tamires Dártora, tamiresdartora@gmail.com

O sete de setembro é a data que celebra a independência do Brasil do colonialismo de Portugal.


Num momento de incerteza que se instaurou no mundo, em virtude da COVID19 e suas demandas,
o brasileiro vive também um período de bipolaridade política, em que esquerda e direita parecem
guerrear, sobretudo virtualmente. Prometendo se tornar um novo marco dessa divisão, o “sete de
setembro” se tornou tendência de “hashtags” nas mídias sociais, sendo utilizado por representantes
da direita e da esquerda. Este trabalho parte do princípio de que as mídias sociais refletem a

163
identidade social do indivíduo, sendo, inclusive, consideradas como “o novo estágio da sociedade”
(SHULMAN, 2017 p. 215) e, consequentemente, integram pesquisas sobre análise do discurso,
análise de sentimento, pensamento crítico, sociedade e cultura, entre outros (FUCHS, 2014; MILLER,
2016; RÜDIGER; DAYTER, 2020). Em relação à metodologia de análise de tweets como mídias
sociais, uma variedade de métodos com big data já foi aplicada em diversos contextos
sociohistóricos, tais como análise em grande escala de emoções (Wenbo, Lu, Thirunarayan e Sheth,
2012), movimentos sociais (Tinati, Halford, Carr e Pope, 2014) e agitações civis (Procter, Vis e
Voss, 2013). Embora exista grande interesse no estudo de tweets, há um número reduzido de
pesquisas empíricas sobre a linguagem das mídias sociais, especialmente quando se comparam
hashtags sobre o mesmo assunto, mas com visões contrárias. Há, portanto, duas lacunas
significativas na literatura prévia, uma relativa à escassez de estudos empíricos e uma segunda
que diz respeito à escassez de estudos baseados em grupos antagônicos representando o mesmo
assunto. Tendo em vista essas lacunas, o presente trabalho tem como objetivo realizar uma análise
multidimensional lexical (BERBER SARDINHA, 2017), isto é, em que cada tweet seja mensurado em
várias dimensões simultaneamente, e empírica a partir de big data, baseada em uma grande
amostra representativa da população de tweets veiculados com relação às manifestações pró e
contra governo nos dias 7 e 12 de setembro de 2021. A análise de aspectos visuais de corpora
eletrônicos ainda é recente, mas pode ser feita com o uso de ferramentas computacionais, como o
Google Cloud Vision (CHRISTIANSEN; DANCE; WILD, 2020). A referida análise possibilitará a
extração de fatores, através de uma análise fatorial, com o intuito de encontrar dimensões de
variação lexical, identificadas por meio da interpretação dos campos temáticos subjacentes à
coocorrência do léxico mais saliente (BERBER SARDINHA; VEIRANO PINTO, 2019).

Palavras-chave: análise multidimensional lexical, big data, tweets.

A TEMÁTICA DO DISCURSO RELIGIOSO SOB A ÓTICA DA ANÁLISE MULTIDIMENSIONAL


LEXICAL
Alexandre Trigo Veiga – Colégio Técnico de Campinas (Unicamp)
alexandretrigoveiga@gmail.com

Os textos religiosos são a base de diferentes sistemas de fé, e sua interpretação é a luz
orientadora dos códigos de conduta dos crentes. Este artigo tem como objetivo descrever os
principais temas de um corpus composto de textos em inglês do budismo, espiritismo kardecista,
hinduísmo, islamismo, judaísmo, mormonismo e protestantismo. O método utilizado foi a análise
fatorial multivariada, ou análise multidimensional. O corpus foi marcado morfologicamente com o
Tree-tagger, e então lemas de substantivos, verbos e adjetivo foram extraídos de acordo com sua
frequência normalizada; isto é, itens lexicais presentes em pelo menos vinte por cento dos textos
de cada conjunto religioso. Eles foram carregados em um programa estatístico para análise de
fatores e redução de dimensões, resultando em seis conjuntos de lemas baseados em sua
coocorrência no corpus. Esses conjuntos são chamados de dimensões e representam variações
temáticas em um corpus. Para interpretar essas dimensões, foi realizada uma análise de variância
para identificar os escores dos textos em cada dimensão. As coocorrências de lemas em cada
dimensão foram interpretadas em textos com escores médios a altos e as dimensões foram
marcadas como: 1. O mundo dos espíritos e do desenvolvimento moral, 2. Fluidez, adoração e
celebração à força divina, 3. Retidão para a iluminação espiritual vs a bênção da terra e o poder
do senhor, 4. Creia ou enfrente as consequências vs a casa do senhor e dos povos, 5. Devoção e
temência a Deus vs sacrifícios para proteção e espaços celestiais, e 6. Ritos sacrificiais para
adoração. Durante a comunicação, explicarei brevemente o método e descreverei os resultados
de forma detalhada.

Palavras-chave: Linguística de corpus. Discurso religioso. Variação linguística. Análise


multidimensional lexical.

164
BOOKTUBERS E AFINS EM SEU DOMÍNIO DISCURSIVO: ANÁLISE MULTIDIMENSIONAL EM
ESTUDO SOBRE RESENHAS E VÍDEO-RESENHAS

Maurício José Ferreira Lopes


mauricio.lopes@sme.prefeitura.sp.gov.br

Este projeto de pesquisa tem por objetivo geral, com base teórico-metodológica na análise
multidimensional (AMD), formulada e desenvolvida por Douglas Biber et al, investigar e descrever
na perspectiva do registro os padrões abrangentes de variação linguística no contexto da
produção discursiva de resenhas e vídeo-resenhas no Brasil nos últimos 30 anos. A abordagem
multidimensional busca investigar tipos de padronização e de coorrência de características
linguísticas compartilhadas em diferentes registros ou gêneros. Para Kauffmann (2021), em artigo
no prelo, resenhas, na esfera jornalística, são classificadas por especialistas como o tipo de registro
“menos concordes” entre seus autores. São objetivos específicos: 1) Investigar as características
léxico-gramaticais de co-ocorrência em relação a aspectos linguísticos e funcionais na comunicação
de três YouTubers, um bookster, (Instagram) e de 500 resenhas, publicadas em websites, jornais e
revistas; 2) analisar e descrever “como o contexto no qual os textos são usados para moldar a
linguagem e vice e versa”, ou seja, construir uma taxonomia das resenhas e vídeo-resenhas
veiculadas no ciberespaço (BERBER SARDINHA, 2021); 3) analisar e discutir sobre os sentidos e
significados dos conceitos-chave de leitura/interpretação e literatura na produção discursiva dos
vídeo-resenhistas. Por se tratar de pesquisa com linguística de corpus, com a utilização de
programas software e ferramentas computacionais para sua realização serão compilados dois
corpora, sendo um corpus composto por 650 resenhas e outro por 650 vídeo-resenhas num total
de 1.300 textos compilados. Com a utilização de programas software (ANACONDA, SAS ON
DEMAND, etc.), de ferramentas computacionais e etiquetadores como o PALAVRAS, a pesquisa
oferecerá um estudo de natureza ao mesmo tempo quantitativa e qualitativa na descrição
detalhada do comportamento da linguagem no domínio discursivo de resenhas e vídeo-resenhas.
A análise fatorial e multidimensional dos elementos constitutivos léxico-gramaticais e dos padrões
subjacentes de variação linguística revelará quais sentidos e significados emergem na mobilização
dos conceitos-chave de leitura/interpretação e literatura pelos booktubers e similares pesquisados.

Palavras-chave: Booktuber, vídeo-resenhas, análise multidimensional, registro, variação linguística.

DETECTANDO OS DISCURSOS DA MODA EM UMA PERSPECTIVA MULTIDIMENSIONAL


Katherine Oliva Ortolani, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
knpoliva@gmail.com

Embora a moda influencie a sociedade global de muitas maneiras diferentes, a linguagem verbal
da moda tem recebido pouca atenção. De acordo com Moeran (2004), a moda não existiria nem
poderia existir sem a linguagem. A maioria dos estudos que examinam a linguagem verbal da
moda enfoca tópicos como a terminologia (Koester & Bryant, 1991), empréstimos (Balteiro &
Campos, 2012) e semiótica social (Barthes, 1983, 2013). Faltam estudos sobre a moda na
perspectiva do discurso, uma vez que, de acordo com (Baker & McEnery, 2015) é uma forma de
olhar o mundo, construir e conceitos de maneiras a representar a realidade. Para preencher essa
lacuna, o presente trabalho apresenta um estudo cujo objetivo é detectar os principais discursos
no domínio da moda. Um corpus diversificado com registros relacionados à moda foi compilado,
consistindo em reportagens de jornais e revistas, programas de televisão e postagens em mídias
sociais. Os textos de jornais e revistas foram extraídos do Corpus NOW. Os programas de
televisão foram coletados de fontes online. As postagens nas redes sociais foram coletadas de
contas do Twitter, Instagram e Facebook. O corpus foi analisado por meio da análise

165
multidimensional lexical (LMD; Berber Sardinha, 2019), que deriva da estrutura de análise
Multidimensional (Biber, 1988). A Análise Multidimensional Lexical permite a identificação dos
parâmetros lexicais de variação entre os textos, que são detectados estatisticamente usando a
Análise Fatorial. Os fatores são interpretados em termos dos discursos subjacentes (Berber
Sardinha, 2020). O corpus foi etiquetado para as categorias POS, etiquetas morfossintáticas, e
semântica, usando o USAS Semantic Tagger. As contagens das categorias semânticas foram
computadas, normatizadas e inseridas em uma análise fatorial no SAS. Cada texto do corpus foi
pontuado em cada uma das dimensões e as pontuações foram comparadas entre os diferentes
registros. As dimensões serão apresentadas e ilustradas na apresentação.

Palavras-chave: Corpus, Análise Multidimensional, Moda.

IT'S IN MY BLOOD: AS CARACTERÍSTICAS PERVASIVAS PRESENTES NAS LETRAS DE


MÚSICAS

Maria Claudia Nunes Delfino, PUC-SP, Fatec-PG


maria.delfino@fatec.sp.gov.br

A música popular tem sido objeto de diversos estudos nas mais variadas áreas, como a Musicologia
(MIDDLETON, 1993; MOORE, 2021), Estudos Culturais (WALL, 2013), Sociologia (BENNETT, 2008),
Semiótica (DUNBAR-HALL, 1991) e Linguística (BARBOSA, 2012; BÉRTOLI DUTRA, 2010; BERTOLI-
DUTRA, 2014; DELFINO, 2016; WERNER, 2012), entre outras. Embora exista grande interesse no
estudo da música popular, há pelo menos duas tendências gerais na literatura relevantes ao
presente projeto. A primeira é o número reduzido de pesquisas empíricas sobre a linguagem
musical, visto que há uma predominância de trabalhos de natureza teórica. A segunda diz respeito
ao emprego, entre os estudos empíricos, de amostras reduzidas de dados, formadas por poucos
exemplares de canções, o que reduz o alcance do estudo e por conseguinte a possibilidade de
generalizar os resultados. Há, portanto, duas lacunas significativas na literatura prévia, uma
relativa à escassez de estudos empíricos e uma segunda que diz respeito à escassez de estudos
baseados em grandes amostras de dados. Tendo em vista essas lacunas, o presente trabalho tem
como objetivo realizar uma análise multidimensional lexical, isto é, em que cada canção seja
mensurada em várias dimensões simultaneamente e empírica big data, baseada em uma grande
amostra representativa da população de canções populares em inglês, veiculadas nos últimos 100
anos. A referida análise possibilitou a extração de 05 fatores que foram interpretados nas
seguintes dimensões: Dimensão 1 – Life issues; Dimensão 2 – Police vs love issues; Dimensão 3 –
Drug vs happy songs; Dimensão 4 – Booze and women e Dimensão 5- Friendship vs wrong doing.

Palavras-chave: análise multidimensional lexical, música, big data.

VARIAÇÃO LEXICAL EM REALITY TV SHOWS NORTE-AMERICANOS: DIMENSÕES


TEMÁTICAS

Rafael Fonseca de Araújo, UNIMES, prof.rafael.araujo@hotmail.com

Reality TV pode ser descrita como um tipo de programação com nenhum roteiro prévio com a
participação e atores não profissionais em um ambiente pré-configurado e controlado.
Considerada um divisor de águas na programação televisiva norte-americana (MURRAY &
QUELLETTE, 2004), é notoriamente evidente que ao longo das duas últimas décadas o Reality TV

166
obteve enorme sucesso comercial. Há uma variedade de formatos e tipos específicos, incluindo o
jogo-documentário, namoro, novela-documentário, show de talentos, transformação entre outros,
que motivaram estudos em diferentes áreas observando diferentes aspectos do Reality TV. Apesar
do termo Reality TV ser amplamente usado para se referir a um único tipo de programa, é de
fato um termo guarda-chuva que esconde uma ampla variedade de tipos de programas sob a
mesma rubrica. Na linguística de Corpus, poucos estudos investigando diálogos na televisão foram
realizados em uma perspectiva Multidimensional (BERBER SARDINHA e VEIRANO PINTO, 2019;
AL-SUMIR, 2012; QUAGLIO, 2009). O objetivo do presente estudo é revelar dimensões de
variação lexical dos reality TV shows. Dimensões lexicais são um conjunto de palavras
correlacionadas que são interpretadas como campos lexicais e que indicam os tópicos mais latentes
de um corpus (BERBER SARDINHA, 2014). Esses espaços linguísticos são definidos por padrões de
variação lexical que podem revelar os temas mais recorrentes em um corpus. As dimensões lexicais
foram inicialmente identificadas por Berber Sardinha (2014) seguindo os pressupostos teórico-
metodológicos da Análise Multidimensional desenvolvida por Douglas Biber (1988 et seq.). Para
o presente estudo, um corpus cuidadosamente projetado foi compilado com 780 textos extraídos
de 39 programas populares, totalizando mais de 6 milhões de palavras. O corpus foi etiquetado
com o Biber Tagger e a análise multidimensional foi empregada, identificando sete dimensões de
variação lexicais revelando os principais tópicos dos reality TV shows norte-americanos.

Palavras-chave: Análise Multidimensional, Dimensões lexicais, reality TV, televisão norte-


americana.

TEMÁTICA 18. CORPUS E CATEGORIAS DE ANÁLISE – AMPLIAÇÃO


INVESTIGATIVA DA ANÁLISE DO DISCURSO

CARTOGRAFIA DOS DISCURSOS E O DESAFIO DE PRODUÇÃO DE UM CÓRPUS DE


ANÁLISE
Coordenador: Bruno Deusdará (UERJ/FAPERJ)
brunodeusdara@gmail.com
Décio Rocha (UERJ)
rochadm@uol.com.br
Maria Cristina Giorgi (CEFET-RJ/CNPq)
cristinagiorgi@gmail.com

A proposição do presente simpósio encontra sua justificativa na urgência de uma reflexão voltada
para as etapas de produção – e não mera coleta - de um córpus de pesquisa nos estudos
discursivos. Uma reflexão de tal ordem tem por objetivo criar as bases que sustentarão uma
definição das categorias de análise cuja escolha cabe ao pesquisador. Do ponto de vista
metodológico, o caminho a ser percorrido aponta na direção de uma recusa do paradigma
positivista que vem sendo cultivado como ideal de cientificidade, afirmando-se, então, a

167
pertinência do paradigma ético-estético-político que subjaz às atividades de pesquisa de cunho
cartográfico (Passos, Kastrup, Escóssia, 2010). Com base nessas diretrizes, acolheremos trabalhos
cujos resultados tematizem, a partir de experiências concretas de pesquisa, a recusa às premissas
da representatividade e da quantidade e ao ideal de ação de pesquisador fundada em um
ilusório distanciamento do pesquisador. Os debates promovidos pelo simpósio buscarão explicitar
algumas conclusões que afirmem diretrizes de uma paradigma ético-estético-político em diálogo
com o exercício da uma Análise Cartográfica do Discurso (Deusdará, Rocha, 2021).

Palavras-chave: cartografia; materialidade linguística; materialidade discursiva; paradigma


ético-estético-político.

COMUNICAÇÕES DO SIMPÓSIO
ANÁLISE DO ENUNCIADO DE APRESENTAÇÃO E DE CRÍTICA DO FILME POLONÊS “365
DNI” À LUZ DA TEORIA DOS BLOCOS SEMÂNTICOS
Marilei Golfe Milan - UPF
181099@upf.br

Este estudo consiste em sistematizar e aplicar os conceitos da Semântica Argumentativa de Oswald


Ducrot e Marion Carel mais especificamente a Teoria dos Blocos Semânticos. O objetivo é a
aplicação da teoria para a construção do sentido dos enunciados. Para tanto teremos como corpus
do estudo, a descrição de um filme na provedora de filmes e seriados de televisão, a Netflix, e a
crítica do mesmo filme no site jornalístico da revista Veja. Propomos analisar o sentido da
argumentação existente na descrição do filme polonês “365 DNI” aos assinantes e o sentido da
crítica aos leitores da revista. Destacamos também a importância de contextualizar algumas
teorias que tratam a argumentação para que haja entendimento dos estudos desenvolvidos
primeiramente por Ducrot e Jean-Claude Ascombre e depois por Ducrot e Carel. No momento
atual da teoria, os estudos da constituição dos blocos semânticos reforçam a proposta de que a
argumentação está na língua e deve demonstrar na análise de corpora que o texto é um bloco
semântico que dá sentido à entidade concreta. O nível complexo de realização linguística nesse,
constrói o quadrado argumentativo para formar os blocos semânticos, normativo em donc e
transgressivo em pourtant. Os conceitos da teoria foram aplicados de forma esclarecedora, no
sentido dos discursos,
nos corpora crítico e informativo, e as relações deles, se encontram em todos os quadrados
argumentativos que se pôde construir.

Palavras-chave: Sentido; Quadrado argumentativo; Semântica argumentativa; Teoria dos Blocos


Semânticos.

CARTOGRAFIA DAS REDES DISCURSIVAS DE CENSURA NA BIENAL INTERNACIONAL DO


LIVRO

Victor Hugo do Nascimento Vasconcelos - Universidade do Estado do Rio de Janeiro


vasconcelos.vhn@gmail.com

No dia 06 de setembro de 2019, um grupo de fiscais da Secretaria Municipal de Ordem Pública


da Prefeitura do Rio de Janeiro percorreu os estandes da 19º Bienal Internacional do Livro. Sob
ordens do então prefeito da cidade, Marcelo Crivella, o objetivo da visita era recolher livros que
fossem considerados “inadequados” para o evento, destacando-se aqueles com temáticas

168
relacionadas à homossexualidade. Essa lamentável ação de censura acabou provocando uma
grande onda de reações por parte de setores progressistas da sociedade brasileira, culminando
não apenas em diversos protestos realizados nas dependências do evento, como também em redes
sociais na internet. Nesse contexto, o objetivo deste trabalho é cartografar o funcionamento das
redes discursivas que permeiam os enunciados produzidos sobre o episódio de censura ocorrido
na Bienal do Rio. Para isso, foram mapeadas mensagens publicadas na rede social Twitter entre
os dias 06 e 07 de setembro de 2019, que contivessem as hashtags #CensuraNaBienal,
#LeiaComOrgulho e #BienalResiste. Tomando como base as relações entre o dito e o não dito
presentes em enunciados nas mensagens encontradas, a análise do córpus evidenciou um
entrelaçamento de discursos sobre a censura e o controle do livro em uma rede que se estabeleceu
a partir das eleições presidenciais de 2018 e que se mostra ativa desde então. Considerando a
necessidade do combate ao autoritarismo, assim como a importância da defesa da liberdade de
expressão e pensamento, espera-se que este trabalho possa fomentar discussões sobre práticas
autoritárias de censura e controle do livro e da leitura no Brasil.

Palavras-chave: livro; censura; cartografia; discurso; linguagem

CRITÉRIOS DISCURSIVOS PARA A CONSTRUÇÃO DE CORPUS COMPOSTO POR


MATERIALIDADE MULTISSEMIÓTICA: UMA POSSIBILIDADE PARA CAPAS DE REVISTAS
SEMANAIS DE INFORMAÇÃO

Luís Rodolfo Cabral, Instituto Federal do Maranhão – Campus Santa Inês/


Grupo de Pesquisa ATELIER LINGUAGEM E TRABALHO (PUCSP)
rodolfo.cabral@ifma.edu.br

O objetivo deste trabalho é o de refletir sobre os critérios para a construção de um corpus


composto por capas de revistas semanais de informação, considerando o percurso da pesquisa
desenvolvida durante o nosso doutoramento e defendida no início deste ano. Coletamos edições
das quatro revistas semanais de informação que circulam no Brasil – Carta Capital, Época, Isto É
e Veja – publicadas entre janeiro de 2015 e setembro de 2016, período correspondente ao
segundo mandato da presidente da República Dilma Rousseff. Feito este levantamento preliminar,
as revistas foram organizadas conforme três critérios: i) maior e menor número de exemplares
impressos em circulação; ii) personalidade com maior incidência nas capas; e, iii) similaridade da
data de publicação. Com essa organização, o corpus foi progressivamente construído a partir dos
pressupostos teórico-metodológicos da Análise do Discurso de linha francesa, especialmente nos
conceitos desenvolvidos por Dominique Maingueneau. Desse quadro teórico, para a construção do
corpus, mobilizamos duas unidades de análise, respectivamente: uma unidade tópica, o gênero
discursivo, que permite o tratamento do corpus quanto às condições de êxito e ao potencial de
irradiação; e uma não tópica, o percurso, que contempla o fenômeno da destacabilidade,
abordado na perspectiva da enunciação aforizante. O nosso percurso alinha-se à perspectiva de
que o trabalho do pesquisador não é construído a priori, mas uma sequência de tentativas, em
que o não acerto não implica necessariamente o erro.

Palavras-chave: Análise do Discurso de linha francesa. Capas de revista semanais de informação.


Unidade tópica. Unidade não tópica.

169
“DESMANCHAMENTO DE MUNDOS” E CAMINHOS DE PESQUISA: A PRODUÇÃO DE UM
CÓRPUS EM ANÁLISE CARTOGRÁFICA DO DISCURSO
Cartografias dos discursos e o desafio de produção de um córpus de análise
Ariane Oliveira (UERJ)
Maria Cristina Giorgi (CEFET/RJ)
ariane.o.sousa@gmail.com
cristinagiorgi@gmail.com

A produção de um córpus nada tem a ver com a comprovação de uma hipótese pré-determinada
ou a busca por um resultado definitivo, mas sim com a construção de uma rede de elementos que,
de alguma forma, afetam o pesquisador a partir de suas implicações (AGUIAR; ROCHA, 2007).
O posicionamento ético-político da cartografia (DELEUZE; GUATTARI, 2011; PASSOS, KASTRUP;
ESCÓSSIA, 2015; ROLNIK, 2016) privilegia as implicações do pesquisador – recusando uma
pretensa neutralidade científica –, valoriza o próprio processo de pesquisa e possibilita o
mapeamento das relações de forças que atuam na constituição de formas instituídas. Neste
trabalho, apresentaremos, o modo como foi produzido o córpus de uma dissertação de mestrado
que teve como base a Análise Cartográfica do Discurso (ROCHA, DEUSDARÁ no prelo), adoção
do posicionamento cartográfico nos estudos discursivos. Mostraremos, então, que a opção por esse
posicionamento na pesquisa citada, cujo tema foi o período que ficou conhecido como “crise da
UERJ”, permitiu a desconstrução de uma hipótese inicial de que haveria duas formações discursivas
(FOUCAULT, 2015), totalmente opostas, em embate em artigos de opinião publicados na mídia.
O que análises apontaram foram práticas discursivas (MAINGUENEAU, 2008; FOUCAULT, 2015)
neoliberais que atravessavam todos os enunciados analisados, sinalizando que, mesmo com a
polaridade presente nos posicionamentos políticos na esfera macropolítica, na esfera micropolítica,
as subjetividades têm sido capturadas por uma racionalidade neoliberal (DARDOT; LAVAL, 2016)
que hierarquiza e ranqueia relações sociais a partir da noção de produtividade e enfraquece as
possibilidades de coletividade nas relações de trabalho. Isso só foi possível porque a construção
do córpus se deu ao longo do próprio percurso da pesquisa, por meio de pistas que surgiam da
leitura atenta dos textos analisados, das contribuições de colegas e das nossas próprias vivências
dentro da UERJ.

Palavras-chave: Análise Cartográfica do Discurso; Córpus; Cartografia; Neoliberalismo.

FAZER PESQUISA EM ANÁLISE CARTOGRÁFICA DO DISCURSO: NÃO LINEARIDADE E


PRODUÇÃO DE CÓRPUS EM GRUPOS DE PESQUISAS

Autores: Gabriel Merlim Moraes Villela (UFF)


villelagmm@gmail.com
Larissa Coelho (UERJ)
larissapereiracoelho8@gmail.com

O processo de pesquisa não se resume à obtenção de resultados finais a partir de um processo –


pretensamente – neutro e linear. Com efeito, o ato de pesquisar envolve refletir sobre o fazer
pesquisa: sobre nossas próprias práticas e os referenciais que nos permeiam como sujeitos de saber
(PASSOS; KASTRUP; ESCÓSSIA, 2009). Assim, interessa-nos, como pesquisadores das práticas
linguageiras (e) discursivas, pensar a própria prática do pesquisar em Análise Cartográfica do
Discurso, mapeando quais resultados podemos obter do processo de pesquisar, o fazer pesquisa.
Nesse sentido, pretendemos analisar o processo de construção de córpus, considerando seus
possíveis critérios e buscando debater como ele – para a Análise Cartográfica do Discurso – não
se insere em uma lógica linear, podendo redefinir, a todo momento, outras “etapas” da pesquisa
(definição do objeto, aportes teóricos etc.), além de redefinir a si mesmo. Para tanto, propomos, a

170
partir do referencial teórico-metodológico da Análise Cartográfica do Discurso (ROCHA;
DEUSDARÁ, 2021; ROCHA, 2021), uma análise de trechos de dissertações e tese oriundas de
grupos de pesquisa, como o da UERJ (RETTICH, 2018; ABRANTES, 2020), do Cefet/RJ (SANTOS,
2021) e da UFF (SOUZA, 2019), – formados a partir da experiência do grupo Atelier da PUC/SP
– que, partindo dessa perspectiva, relatam o processo de pesquisa, em especial o processo de
constituição de seu córpus de análise. Como resultados parciais, temos observado que a
constituição dos córpus vem se dando de modo rizomático, sendo reduzido e, posteriormente,
ampliado, tendo em vista o avanço nas leituras sobre o tema e as discussões coletivas com o grupo
de pesquisa. Portanto, entendemos que as reflexões teórico-metodológicas da Análise
Cartográfica do Discurso constituem uma postura prática, ética, política e afetiva para com o fazer
pesquisa, em especial, no que tange à construção de um córpus.

Palavras-chave: Córpus; Análise Cartográfica do Discurso; Pesquisa; Não linearidade.

INTERNET COMO CORPUS: A TENSÃO DOS CORPUS RELACIONAIS

Tamires Dártora – PUC-SP


tamiresdartora@gmail.com

O objetivo deste trabalho é refletir sobre os desafios da construção de um corpus de análise que
considere o elemento da relacionalidade. Quando nos propomos a analisar postagens de redes
sociais existe a possibilidade de realizarmos uma coleta estática, que não contemple os elementos
que apontam as relações entre uma postagem e seus leitores, outras postagens e o ambiente da
plataforma na qual está inserida, extraindo-a do contexto mais amplo a fim de estabilizá-la para,
então, analisá-la. Entretanto, quando consideramos na construção do corpus estes aspectos
relacionais citados, o analista do discurso é confrontado com um alto volume de enunciados e
observáveis na composição de seu corpus, o que nos convida a repensar procedimentos de seleção
e critérios de representatividade. Dessa maneira, partimos do conceito de unidades não tópicas
de Dominique Maingueneau e nos apoiamos no conceito de corpus relacionais proposto por Marie-
Anne Paveau, a fim de questionar de quais maneiras a internet pode ser usada como corpus, e
não apenas para encontrar um corpus, e de quais maneiras este alto volume de dados requer
metodologias quantitativas e tensiona nossos procedimentos metodológicos qualitativos. É no
contexto da campanha à prefeitura de São Paulo de 2020 do candidato Guilherme Boulos que
levantamos o corpus para realizar esta reflexão. Houve no dia 14 de novembro de 2020 uma
“disputa de hashtags”, sendo uma a favor (#virasp50) e uma contra (#derreteboulos) a
candidatura de Boulos. Por meio de um software de “scraping”, que coleta postagem de redes
sociais, coletamos 6.423 tuítes que utilizavam uma das duas hashtags e os dados relacionados a
cada uma como imagens, vídeos, retuítes, curtidas e respostas. Esta seleção servirá como
disparador para nossa reflexão sobre quais caminhos um analista do discurso possui para tomar
frente ao fenômeno da grande quantidade de enunciados em circulação característico da era que
vivemos.

Palavras-chave: Análise do Discurso vertente francesa; Análise do Discurso Digital; redes sociais,
tuítes, scraping

171
PLANO DE GOVERNO DE JAIR BOLSONARO: UMA ANÁLISE RIZOMÁTICA DO DISCURSO
POLÍTICO-ELEITORAL SOBRE A EDUCAÇÃO

Fabiana Diniz de Assis Oliveira, mestranda do Programa de Estudos de Linguagem da Universidade


Federal Fluminense
fabianadiniz@id.uff.br

A presente dissertação de mestrado, em andamento, levando em consideração o cenário de


ataques e políticas de desmonte da educação pública vivenciado nos últimos anos, propõe a
reflexão sobre os sentidos atribuídos à educação. Para tanto, volta-se especificamente para o
plano de governo de Bolsonaro visando refletir sobre esse gênero do discurso (BAKHTIN, 1997
[1979]) e sobre os sentidos instituídos nesse corpus acerca da educação e do professor. Recorre-
se como fundamentação teórica à Análise do Discurso de base enunciativa apoiada nos estudos
foucaultianos sobre o discurso e o poder (FOUCAULT, 2005 [1978], 2019 [1969]) e nos estudos
de Maingueneau sobre a semântica global e a cena de enunciação (MAINGUENEAU, 2008 [1984],
2009). A reflexão sobre o gênero do discurso plano de governo, articula-se nesta pesquisa ao
seu contexto de produção: o cenário político-educacional das eleições em 2018 e do período pós-
golpe que o antecede. Para o encaminhamento da análise do plano de governo de Jair Bolsonaro,
lançou-se mão do conceito de cenografia de Maingueneau (2009). Além dos estudos discursivos,
nesta investigação, estabelecemos diálogos com os estudos culturais (WILLIAMS 2001, [1985]) e
com teóricos da área da educação (FREIRE, 2015 [1996]; SAVIANI, 2018; SPIGOLON, 2018).
Com essa pesquisa, portanto, esperamos poder contribuir para o aprofundamento das discussões
acerca do discurso político-eleitoral sobre a educação, além de contribuir para a discussão do
plano de governo como gênero do discurso de extrema relevância social e educacional.

Palavras-chave: plano de governo; discurso; educação; gênero do discurso, política.

TEMÁTICA 21. CLÍNICA DE LINGUAGEM COM CRIANÇAS

CLÍNICA DE LINGUAGEM COM CRIANÇAS: QUESTÕES ATUAIS

Coordenadora: Lúcia Arantes (PUC-SP)


larantes@pucsp.br
Luciana Carnevale (UNICENTRO)
Silvana Perotino (UNICAMP)

Este simpósio aborda questões que emergem a partir do encontro do clínico de linguagem com
crianças que vivenciam embaraços na relação com a linguagem e o outro. Tais encontros não se
restringem unicamente à prática clínica, mas podem ocorrer ainda pela via de atendimentos em
espaços outros, como os institucionais, públicos e privados. Considera-se que um clínico de
linguagem é aquele que sustenta uma posição conceitual suficientemente rica quanto à linguagem
e o sujeito, o que lhe confere tanto mobilidade consistente nos diferentes ambientes em que atua,
quanto à possibilidade de recolher as interrogações que dela decorrem. A Clínica de Linguagem
nasce de uma iniciativa de Maria Francisca Lier-DeVitto, a partir de uma aproximação cuidadosa
ao Interacionismo em Aquisição da Linguagem, tal empreendimento teórico funda a Clínica de
Linguagem, dando início à discussão sobre as ditas patologias de linguagem e à natureza do
sintoma na fala. Os desdobramentos originais de tal reflexão possibilitaram uma configuração da

172
clínica que envolveu a instância diagnóstica e a própria terapêutica. Tal movimento, entretanto,
exigiu mais do que a aproximação acima mencionada, pois como afirma a autora “afinidade”
não é “identidade”, dado que são campos com objetos e objetivos distintos. A partir de uma
concepção de linguagem que se afasta da ideia de aprendizagem, solo sobre o qual foram
assentadas as bases da Fonoaudiologia tradicional, diálogos com outras áreas se impuseram, tanto
para o questionamento do modelo clínico da medicina, quanto para a recriação de dispositivos
clínicos originais potentes na promoção de mudanças nas “falas sintomáticas”. A posição do clínico
fica assim definida o que possibilita sua circulação em diferentes espaços clínicos e não-clínicos, os
quais envolvem dispositivos metodológicos distintos. O objetivo deste simpósio é colocar em
discussão as novidades produzidas na Clínica de Linguagem com crianças.

173
COMUNICAÇÕES DA TEMÁTICA 21
A COMPLEXIDADE DO DIAGNÓSTICO PRECOCE DE AUTISMO: UMA QUESTÃO DE
LINGUAGEM

Ana Carolina Prisco (PUC-SP) e Lúcia Maria Guimarães Arantes (PUC-SP)

As questões norteadoras deste trabalho advêm do atendimento de uma criança de um ano e seis
meses, com hipótese diagnóstica de Transtorno do Espectro Autista (TEA). A proposição do
atendimento levou em consideração a solidariedade entre aquisição de linguagem e constituição
subjetiva (DE LEMOS, 2002). O número de casos diagnosticados como TEA vem aumentando em
ritmo epidêmico (LAURENT, 2014), ao mesmo tempo que a atenção para a saúde mental na
primeira infância vem se tornando um tema que ganha espaço e relevância nos estudos científicos
(ZANON ET AL, 2014) e políticas públicas (Marco Legal da Primeira Infância). Os objetivos deste
trabalho foram: (1) realizar revisão bibliográfica narrativa dos trabalhos acerca do diagnóstico
precoce de TEA, focalizando como a linguagem é abordada; (2) apresentar o caso de uma
paciente que chega precocemente para atendimento fonoaudiológico. Esta pesquisa filia-se à
Clínica de Linguagem, instituída por Lier-DeVitto, que se coloca em relação de alteridade com o
Interacionismo em Aquisição de Linguagem (De Lemos (a partir de 1982)), e que tem o
estruturalismo europeu (de Saussure e Jakobson), e a noção de inconsciente (Freud (1900) como
solo teórico. A literatura, hegemonicamente, entende o transtorno a partir das descrições dos
manuais de diagnósticos médicos, como o DSM-V. O enfoque, em tais pesquisas, permanece nos
sinais atribuíveis a esta categoria diagnóstica, e a linguagem é marginalizada nas discussões. Na
discussão do caso, o raciocínio estrutural na aquisição de linguagem (DE LEMOS, 2002) propicia a
compreensão dos “sinais de TEA” e das mudanças observados ao longo do atendimento. Na
narrativa do caso, situei uma clínica cujo terapeuta sustenta uma posição frente a uma teoria de
linguagem (LIER-DEVITTO, 2006, ANDRADE, 2006). A partir dos resultados obtidos, ampliou-se a
discussão sobre o diagnostico precoce de TEA e sobre a cautela necessária para acolhimento de
crianças com suspeita de TEA.

Palavras-chave: diagnóstico precoce, linguagem, Transtornos do Espectro Autista, autismo, Clínica


de Linguagem

A IMPLICAÇÃO DA FAMÍLIA NA CLÍNICA DOS DESVIOS FONOLÓGICOS

Carlos Eduardo Borges Dias* (PUC-SP) – borgesdias.edu@gmail.com


Regina Maria Ayres de Camargo Freire** (PUC-SP) – freireregina@uol.com.br

Na terapia dos desvios fonológicos, desde as primeiras produções do(s) fonema(s)-alvo pela
criança até sua estabilização em situações cotidianas, a experiência clínica permite constatar o
fenômeno da autocorreção. Apesar de ainda não haver estudos exclusivamente dedicados a ele,
a literatura clínica tem ressaltado a importância de incentivá-lo, especialmente as abordagens
colaborativas nas quais a família é convocada a complementar a intervenção em casa. Para
conceber a autocorreção, essa literatura tem se pautado essencialmente em teorias psicolinguísticas
que a consideram como manifestação da consciência metalinguística. Nesse trabalho
argumentamos que, por essa via, tal literatura não pode responder pelo efeito de alteridade
implícito na suposição de que a autocorreção iniciada pelo outro é um determinante para o
advento da autocorreção autoiniciada. Para além de uma revisão crítica dessa literatura,

174
propomos apresentar uma concepção alternativa a respeito desse advento através do
desenvolvimento de uma reflexão sobre as relações que se estabelecem entre a criança e a família
ao longo da terapia ancorada em estudos linguísticos e na psicanálise freudo-lacaniana.
Retomando nossa hipótese de que as autocorreções seriam o resultado de uma internalização da
coerção social que se traduz na formação de um ideal a partir do qual o falante pode julgar suas
próprias formações linguageiras, pretendemos sustentar que, na psicogênese desse fenômeno na
fala da criança, tal tradução depende da demanda do Outro. Nossa proposta consiste assim na
apresentação de uma abordagem colaborativa baseada na formação de familiares de crianças
com desvios fonológicos, fundamentada pela ideia de que através dessa demanda a família pode
assumir o papel de quem favorece a identificação da criança com uma nova imagem de falante
(apresentada como um ideal para o eu por supostamente satisfazer o desejo do Outro), a partir
da qual ela pode julgar sua própria fala – condição elementar para o advento da autocorreção
autoiniciada.

Palavras-chave: Psicanálise; aquisição de linguagem; Fonologia Clínica; autocorreção; alteridade.

ARTICULAÇÕES ENTRE FONOAUDIOLOGIA CLÍNICA E PSICANÁLISE: QUANDO OS SONS E


SILÊNCIOS PODEM TER MUITO A DIZER
Ana Paula Ramos de Souza, Universidade Federal de Santa Maria
ana.souza@ufsm.br
Izabella Paiva Monteiro de Barros, Universidade Federal do Pará
barrosizabella23@gmail.com

Na atualidade, o fonoaudiólogo tem sido o primeiro especialista a ser consultado quando se


observam atrasos no desenvolvimento, em virtude da constância com que estes atrasos aparecem
junto ao sinal que mais chama atenção: a não emergência da fala. Por outro lado, a busca pela
avaliação psicanalítica costuma ser tardia, devido ao desconhecimento ou mesmo dificuldade dos
pais em reconhecerem possíveis entraves na constituição subjetiva de seus filhos. Diante da
importância do olhar interdisciplinar para a realização do diagnóstico diferencial e tratamento
de forma integral das dificuldades de fala e linguagem, a proposta deste trabalho visa
incrementar o debate acerca da demanda que é inicialmente direcionada ao campo
fonoaudiológico, de forma a extrapolarmos o campo da nosologia para pensar a importância do
caráter intersubjetivo da linguagem, esperando contribuir para a des-patologização dessas
manifestações de particularidades subjetivas. Portanto, destacamos a importância da/do
fonoaudióloga/o escutar além das dificuldades na aquisição e sustentação do lugar de falante,
especificamente na clínica dos casos graves, de forma a se interrogar: o que ele/ela quer dizer?
Assim, a suposição de sujeito falante torna-se uma via de acesso para a direção do tratamento,
que nos casos de atraso de linguagem, incluem obrigatoriamente um trabalho de equipe. Nesse
trabalho, propomos apresentar vinhetas clínicas, com um caráter cênico e heurístico dos conceitos
teóricos que queremos mobilizar, entre os quais a escuta na sustentação de um lugar de enunciação
à criança e a dialética que se estabelece entre essa sustentação e os modos como a criança pode
ocupar seu lugar, com gestos, vocalizações ou fala, analisando os obstáculos à articulação entre
os domínio semiótico e o processo de semantização da língua, atravessada pelo conceito de
suposição de sujeito falante. Discutimos, portanto, a interface necessária entre o trabalho
psicanalítico e fonoaudiológico na clínica de linguagem com a primeira infância.

Palavras-chave: aquisição de linguagem; psicanálise; clínica fonoaudiológica; direção do


tratamento; interdisciplina

175
CLÍNICA DE LINGUAGEM E SAÚDE MENTAL: REFLEXÕES EM UM CENTRO DE ATENÇÃO
PSICOSSOCIAL INFANTO-JUVENIL
Fernanda Fudissaku, PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO,
ffudissaku@pucsp.br

O lugar do fonoaudiólogo no Sistema Único de Saúde, mais especificamente no campo da Saúde


Mental, ainda é questionado por profissionais que atuam na área e também pelos próprios
fonoaudiólogos. Este trabalho surge de minha experiência como fonoaudióloga num Centro de
Atenção Psicossocial Infanto-Juvenil, serviço que compõe a Rede de Atenção Psicossocial do
Sistema Único de Saúde, em que a atuação não se restringe a um setting específico e bem
delimitado. O aporte teórico desenvolvido pelo Grupo de Pesquisas Aquisição, Patologias e
Clínica de Linguagem, coordenado pela Profa. Dra. Maria Francisca Lier-DeVitto e Profa Dra.
Lúcia Arantes me permitiu sustentar uma posição no CAPS, pois tinha como instrumento uma escuta
constituída que me permitia dar direções e definir manejos aos casos, mesmo aqueles em que não
havia uma manifestação sintomática na materialidade da fala dos sujeitos e que numa clínica
“tradicional” não se justificaria a presença do fonoaudiólogo. Objetivo: discutir o lugar do clínico
de linguagem em Centro de Atenção Psicossocial infanto-juvenil e refletir sobre os pressupostos
teóricos que balizaram minha experiência e permitiram que eu sustentasse uma posição clínica.
Método: Relato de caso para movimentar a discussão. Trata-se de adolescente em situação de
rua e vulnerabilidade social, que fazia uso abusivo de substâncias psicoativas e estava em intenso
sofrimento psíquico. Considerações finais: há lugar para o fonoaudiólogo no campo da Saúde
Mental, mas que precisa ser solidificado por uma teorização consistente sobre linguagem e sobre
a clínica da atenção psicossocial, a fim de não se reduzir a uma experiência intuitiva.

Palavras-chave: Linguagem; Clínica de Linguagem; Saúde Mental; Saúde Coletiva

CLÍNICA DE LINGUAGEM: REFLEXÕES SOBRE O BRINCAR

Paola Lurian Silva, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC


paola.lurian.silva@gmail.com

A Clínica de Linguagem com crianças assume o brincar como experiência indispensável, banhado
pela linguagem. Na direção de reflexões sobre este tema na clínica, o objetivo central deste
resumo é apresentar o brincar em diferentes abordagens. Para a Psicologia do Desenvolvimento,
Piaget (1951) e Vygotsky (1991), o brincar está alinhado ao desenvolvimento cognitivo. Na
Psicanálise, todavia, o brincar ganha outro contorno, como demonstram Melanie Klein (1981),
Winnicott (1975). Ainda na Psicanálise, encontram-se autores como Rodulfo (1990), Jerusalinsky
(2009), Vorcaro (1997) e Flesler (2012) que permitem entender o brincar como texto cifrado que
demanda interpretação. Na Clínica de Linguagem, destaca-se o trabalho de Lier (1983), que
reflete sobre o tema e dá um passo na direção de tomar o “brincar como texto”. Considera-se
que os trabalhos citados contribuem para discutir a temática do brincar na Clínica de Linguagem,
bem como produzem reflexões importantes para uma teorização deste tema, neste campo teórico-
clínico.

Palavras-chave: brincar; clínica com crianças; Clínica de Linguagem; Fonoaudiologia.

176
GRUPO HETEROGÊNEO DE LINGUAGEM: O QUE UMA CRIANÇA PODE FAZER PELA
OUTRA?

Mariana Trenche de Oliveira, Lugar de Vida e LAEL/PUC-SP


maritrenche@hotmail.com

“O que uma criança pode fazer pela outra?” é uma pergunta que, segundo Kupfer, Voltolini e
Pinto (2010), deve ser respondida por qualquer terapeuta que trabalhe com crianças em grupo.
Nesta apresentação, proponho lançar questões e aprofundar reflexões clínico-teóricas acerca dos
efeitos no processo de aquisição da linguagem de crianças a partir do grupo terapêutico
heterogêneo de linguagem do Lugar de Vida. Este grupo foi constituído por crianças que chegaram
à clínica com uma queixa comum de atraso no processo de aquisição da linguagem e dificuldades
no laço social. No entanto, apesar das queixas aparentemente similares, as crianças eram diversas
em suas posições na linguagem, nos modos de constituição subjetiva e em relação discurso social
que as circundava. Se essa heterogeneidade é considerada como fundamental para os efeitos de
inclusão (Kupfer e Voltolini, 2021), é preciso aprofundar a discussão sobre os efeitos da função
do semelhante sobre a fala e a linguagem nestas crianças.

Palavras-chave: aquisição da linguagem; entraves estruturais na constituição psíquica, grupo


terapêutico

INTERPRETAÇÃO NA CLÍNICA DE LINGUAGEM COM CRIANÇAS

Brenda Sousa Santos, Mestre em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem – PUC/SP


brendasousa.fono@gmail.com

Falar em interpretação na Clínica de Linguagem implica assumi-la como ato que incide sobre um
sintoma. Para isso, é necessária uma escuta fina para o jogo significante, o qual coloca em questão
a intemporalidade e a retroação como parte da interpretação. A interpretação de fragmentos
enigmáticos na clínica com crianças muitas vezes só pode chegar a alguma resolução a posteriori,
em um movimento de reencontro com falas sintomáticas em transcrições de atendimentos. Nesses
casos, o movimento para chegar a outra construção do significante não é da ordem do momento,
o que retira a interpretação da posição de atribuição de sentido ou compreensão de uma fala.
Se trata de uma proposta clínica que tem na interpretação a suspensão da cronologia e a assunção
de tempos lógicos na abordagem ao sintoma. O primeiro passo na suspensão da temporalidade
na clínica com falas sintomáticas de crianças foi dado por Andrade (2003), na abordagem ao
arco-reflexo em Freud. É possível indicar outro ponto de contato com a obra deste autor: a questão
da interpretação articulada a “construção”. O que interessa é o paralelo entre o trabalho do
analista e o do arqueólogo: ambos lidam, de maneiras distintas, com elementos perdidos que
precisam ser rearticulados. Essa reflexão faz pensar que os fragmentos enigmáticos de falas de
crianças também aglutinam restos de falas que pareciam esquecidos, mas estão presentes. Cada
segmento que os compõe remete às suas vivências e se associa a outros, constituindo o enigma que
impulsiona a escuta do clínico e sobre o qual de incidir o seu ato interpretativo. A interpretação
concebida enquanto ato é, portanto, responsável por promover reconstrução dos fragmentos
aglutinados em uma fala sintomática, e, dessa maneira, alcançar desarranjo de articulações
estranhas, afetando a relação da criança com a própria fala e com a fala do outro.

Palavras-chave: Clínica de Linguagem; Interpretação; Fonoaudiologia.

177
INTERVENÇOES FONOAUDIOLÓGICAS EM UMA CRIANÇA COM DEFICIENCIA: UMA
SITUAÇAO CLÍNICA COMPARTILHADA

Viviana Martinez. Universidade Nacional de Rosario. vivifon@hotmail.com


Marina Quiroga. Universidade Nacional de Rosario. diemare@hotmail.com

A partir da prática fonoaudiológica, é importante mais uma vez enfatizar o lugar da linguagem
nos processos de inclusão escolar em grupos de crianças com deficiência. A linguagem como
construção subjetiva e a linguagem a partir de sua apropriação instalam-se como necessárias para
serem sujeitos falantes. A relação dessa rede somato-psíquico-social é construída de forma única.
Não há nada mais imprevisível do que a construção da linguagem. Por isso, na clínica
fonoaudiológica nos encontramos diariamente com sujeitos singulares que anunciam uma
deficiência. Este anúncio não é do sujeito em si, ele se instala desde o social, familiar, médico,
escolar, jurídico e passa por ele para que possa ser localizado como sujeito de linguagem. Nossa
posição adere à deficiência como um conceito representacional que circula por meio de mudanças
na cultura. As ideias centrais que o sustentam seriam o modo como se processa o diagnóstico, o
libidinal e a posição identitária que conduzem a uma constituição subjetiva.A abordagem clínica
nesta perspectiva fonoaudiológica procura articular essa demanda que práticas disciplinares e
intervenções subsidiem e, ao mesmo tempo, que esses processos clínicos colaborem na passagem
de sujeitos com deficiência pela instituição escolar. A importância dessa articulação reside no fato
de que a fala nos torna sujeitos e é uma exigência social totalmente necessária para acessar as
primeiras aprendizagens que circulam em uma sala de aula. No entanto, em inúmeras ocasiões
terapêuticas nos sentimos presos entre o que é familiar, escolar, jurídico e social, uma vez que o
“falar” não aparece como a sociedade pretende ou impõe. Os argumentos acima tornam a vida
de J.P. (caso clínico a apresentar) que, embora não fale, é um sujeito falante. Embora utópico,
trata se de explorar as implicações subjetivas da deficiência no universo da cultura e da linguagem

Palavras-chave: linguagem; deficiência; intervenções, inclusão.

O TEMPO DE EXPOSIÇÃO ÀS TELAS E A AQUISIÇÃO AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM: O QUE


DIZEM OS PAIS?
Ana Cândida Schier Martins Lopes, LALINGUA – Unicentro/Irati-PR
anacsmlopes@gmail.com

O presente trabalho pretende discutir os possíveis efeitos da exposição prolongada às telas na


aquisição da linguagem a partir da percepção dos pais. Entendemos que a exposição às
tecnologias – parte do cotidiano das famílias – quando excessiva, refletirá sobre o brincar das
crianças, as interações sociais e também, na aquisição da linguagem. Deste modo, buscamos
investigar a partir da aplicação de um questionário qual a concepção dos pais sobre os impactos
do uso de telas na aquisição da linguagem. Trata-se da opinião de responsáveis por crianças com
atraso de linguagem, entraves psíquicos e no laço social atendidas em um serviço público de
saúde. Investigou-se: a) o tempo de exposição diaria às telas pelas crianças; b) se a exposição
as telas alterou de alguma maneira a rotina da família; c) se os pais acreditam que o uso de telas
pode interferir na aquisição da linguagem; e d) se acreditam que o uso de telas pode contribuir
com o processo de aquisição da linguagem. O uso de telas foi unanime entre os participantes da
pesquisa. Identificamos concepções favoraveis dos pais quanto ao uso de telas quando se tratarem
de vídeos, jogos e músicas com conteúdos educativos. Embora não consensual há pais que relatam
que a exposição excessiva as telas poderá gerar danos a criança, associando-os a futuros deficits
visuais, ao risco de exposição a conteúdos inadequados e a deficits na interação social. Há pais

178
que relataram que uso de tela afetou a rotina da família: a criança só se alimenta em frente a
tela; há recusa para sair de frente às telas para realizar outras atividades; alterações no sono,
dentre outros. Deste modo, pretendemos problematizar a partir dos discursos dos pais os possiveis
efeitos do uso excessivo dessas tecnologias para a aquisição da linguagem e para a constituição
subjetiva das crianças.

Palavras-chave: Aquisição da linguagem; tempo de exposição a telas; atraso de linguagem e


constituição subjetiva.

QUANDO O TRANSTORNO DE LINGUAGEM APONTA PARA UMA DESORDEM: A DIREÇÃO


DO TRATAMENTO QUANDO AS PALAVRAS ESTÃO FORA DE LUGAR

Cristal Rebouças Carvalho Braga, Universidade Federal do Pará – UFPA,


cristalcarvalhobraga@gmail.com
Marta Gonçalves Gimenez Baptista, Instituto Sedes Sapientiae, martagimenezbap@uol.com.br

A clínica com crianças muitas vezes convoca o fonoaudiólogo a movimentos que nos põe a pensar
e rearranjar um fazer, pois o encontro com cada criança é único, imprevisível. Mas quando vamos
colocando em cena todo repertório teórico-clínico e os resultados não comparecem é hora de falar
da clínica com o intuito de fazer circular o sentido daquilo que está travado. Ao levarmos um caso
para supervisão temos que colocar as ideias em ordem para que o colega possa construir
articulações que nos possibilitem desatar certos nós, o que já provoca no clínico um distanciamento
positivo, provocado pela escrita e pela escuta do seu dito. Esse dispositivo ajuda-nos a ter um
olhar crítico sobre a condução do tratamento e a colocar as ideias em uma nova ordem. E
justamente a ordem ou a (des)ordem tornou-se o mote da supervisão do caso Daniel que trazia o
sintoma clínico de colocar as palavras fora de lugar. Após as sessões de entrevistas iniciais foi se
tornando evidente que muito mais do que as palavras, a criança é que estava fora de lugar, ou
sem lugar na dinâmica familiar, isto é, sem lugar de falante. Daniel em plena construção da
linguagem não encontrava interlocutores que apostassem em seu lugar de sujeito falante. Nesse
caso a ordenação das ideias a partir da supervisão proporcionou um reposicionamento terapêutico
no sentido de reconhecer na criança um sujeito falante e ao mesmo tempo realizar manejos para
que Daniel e seus pais pudessem suportar os interditos. Com isso pudemos começar a perceber que
as palavras, “puro objeto acústico”, começavam a cair e então erguer-se a produção de sentido
em direção a construção de narrativas.

Palavras-Chave: Linguagem Infantil; Transtorno de Linguagem; Supervisão Clínica; Constituição


Psíquica.

UMA PERSPECTIVA DA FONOAUDIOLOGIA PARA OS IMPASSES NA ESTRUTURAÇÃO DA


LINGUAGEM COM CONTRIBUIÇÕES DO CONCEITO DE MUSICALIDADE
Juliana de Souza Moraes Mori*, PUC-SP, jsmmfono@gmail.com

É consenso clínico e científico que a clínica com a primeira infância é crucial para que existam
melhores possibilidades de desenvolvimento para uma criança que sofre algum impasse nos
primeiros anos de vida. Sabe-se que a intervenção fonoaudiológica em crianças pequenas é uma
clínica ainda em construção. Diversos trabalhos vêm sendo feitos na direção de sistematizar tal
prática. No entanto, neste conjunto, os trabalhos que especifiquem a intervenção fonoaudiológica
em crianças com entraves na estruturação da linguagem são restritos. Tendo como referência a
perspectiva da teoria psicanalítica de Freud e Lacan a respeito da constituição do sujeito e da
teoria interacionista, proposta por De Lemos (2002) a respeito da aquisição da linguagem, este

179
trabalho trará uma proposta de intervenção fonoaudiológica com bebês e crianças pequenas com
entraves na estruturação da linguagem fazendo uso do conceito de musicalidade para
circunscrever os acontecimentos clínicos trazidos para evidenciar tais intervenções.

Palavras-chave: clínica de linguagem, aquisição de linguagem, fonoaudiologia, musicalidade,


psicanálise

TEMÁTICA 23. CLÍNICA DE LINGUAGEM COM ADULTOS

A ARTICULAÇÃO ENTRE A CLÍNICA DE LINGUAGEM E AS ATIVIDADES QUE VISAM


INCLUSÃO SOCIAL DE PACIENTES AFÁSICOS E DEMENCIADOS
Coordenadora: Suzana Carielo da Fonseca – PUCSP
scfonseca@pucsp.br
Melissa Catrini - Universidade Federal da Bahia
Michelly Daiane de Souza Gaspar Cordeiro - Universidade Estadual do Centro-
Oeste/Unicentro

Clínica de linguagem é expressão que nomeia uma proposta teórico-clínica, iniciada em 1997, em
um Projeto Integrado CNPq 52002/97-8, por Maria Francisca Lier-DeVitto, no Programa de
Estudos Pós-Graduados em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem, da PUCSP. Nela se
encaminha uma reflexão sobre a fala e a linguagem que implica a ordem própria da língua na
discussão sobre o sujeito e sua fala sintomática. O diálogo teórico entre o Estrutualismo Europeu, o
Interacionismo em Aquisição da Linguagem e a Psicanálise constituem um solo a partir do qual se
problematiza a especificidade das ações em causa no enfrentamento do sintoma linguístico. No
âmbito de uma clínica de linguagem com adultos, afasias e demências, de modos diferentes,
colocam em cena o drama subjetivo e social de pacientes que experimentam dificuldade para
sustentar-se como falantes. O laço com o outro fica sob risco ou se rompe; o que responde por
sofrimento e demanda de transformação da condição sintomática. Investigações realizadas no
Grupo de Pesquisa CNPq “Aquisição, Patologias e Clínica de Linguagem” têm indicado a
efetividade da articulação entre ações clínicas e não clínicas (promotoras de inclusão social) no
atendimento destes pacientes. Este simpósio pretende trazer à luz estas investigações e seus
resultados com o propósito de aprofundar o debate sobre as bases de cuidado de pacientes
afásicos e demenciados. A justificativa para tal proposta encontra eco no fato de que, com o
envelhecimento populacional, o número de pacientes com tais patologias tem crescido, já que
ambas têm alta incidência na velhice. Além disso, na Saúde Pública, o número de profissionais
especializados para realizar os atendimentos é bastante reduzido, senão ausente. Entende-se que
esse debate pode contribuir para mudanças nesse cenário. A metodologia adotada será a de
discussão de casos, tendo em vista a teorização antes referida.

Palavras-chave: Afasia, Demência, Clínica de linguagem com adultos.

180
COMUNICAÇÕES DO SIMPÓSIO
CLÍNICA DE LINGUAGEM COM AFÁSICOS: RELATO DE CASO

Melissa Catrini, Universidade Federal de São Paulo


melissa.catrini@ufba.br

Fala-se em afasia quando, após uma lesão cerebral, tem-se uma alteração significativa na
linguagem, admitida como “sintomática” ou, como se diz, “patológica”. Trata-se de alteração que
se caracteriza seja por um distúrbio de expressão, seja de compreensão ou, ainda, por ambos.
Deve-se assinalar que tais perturbações podem afetar a fala ou a escrita e, também, as duas
modalidades a um só tempo. A clínica testemunha é que a fala ultrapassa teórica, empírica e
clinicamente sua redução à esfera do organismo. Assiste-se de forma imperativa os embates, com
a linguagem, de um sujeito em sofrimento. Não foi outra coisa que Freud afirmou, quando ainda
neurologista, na sua monografia A afasia. Ele, em 1891, dez anos antes da publicação da
Interpretação dos sonhos, que, em 1900, torna pública a Psicanálise, introduz outra concepção de
corpo que ultrapassa aquela de corpo-organismo. Frente a tal argumentação, ou melhor, instigada
por ela, Fonseca (1995, 2002, 2005, 2009, entre outros) sustenta que, de fato, a lesão cerebral
não esgota a questão das afasias. A autora propõe um método clínico que implica seja no
diagnóstico, seja no tratamento, a relação sujeito-língua-fala. O compromisso com a fala e com
aquele que fala faz necessário propor o cuidado para além das ações clínicas e individuais, já
que na afasia o sujeito perde a posição como falante e, em razão disso, experimenta a
marginalização e isolamento social. Por esta razão, a proposta de Fonseca inclui ações de natureza
não clínica (como oficinas de arte – artesanato, dança, música, culinária), voltadas para a inclusão
social e para o suporte/apoio familiar. Frente a tais considerações, disponho-me a refletir sobre
o método clínico elaborado na esfera da “Clínica de Linguagem com afásicos” (título da tese de
Fonseca), tendo no cerne da reflexão o relato de um caso clínico.

Palavras-chave: corpo, linguagem, afasia, clínica de linguagem

CLÍNICA DE LINGUAGEM E ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO COM PESSOAS


DEMENCIDAS: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA
Mariana Emendabili (PUCSP)
mariemendabili@hotmail.com

O objetivo deste trabalho é refletir sobre pontos de encontro e distanciamento das áreas: Clínica
de Linguagem e Acompanhamento Terapêutico (AT), especificamente, sobre o trabalho com
pessoas demenciadas. A ética que orienta o clínico de linguagem é da articulação entre: teoria de
Aquisição da Linguagem, Estruturalismo europeu, Psicanálise, abordando a estruturação do sujeito
e seus modos de presença na estrutura da Língua. A ética que orienta o AT é a psicanalítica. O
acompanhante empresta seu desejo e seu corpo para a sustentação de laços sociais, abre-se aí
uma possibilidade de novos enlaçamentos com a cultura, outro e desejo do acompanhado. Ambas
as clínicas se fazem nos efeitos da interpretação da fala do paciente, no suportar a ausência de
sentido aparente numa fala e na sustentação e oferta de laços. Trarei questões que apareceram
durante a minha pesquisa, especificamente, numa das bancas de qualificação. Apresentarei um
caso para movimentar esta discussão.

Palavras-chave: clínica de linguagem; acompanhamento terapêutico; demência.

181
OFICINAS DE ARTE: DISPOSITIVO DE INCLUSÃO DE SUJEITOS AFASICOS E DEMENCIADOS
Profa. Dra. Melissa Catrini - Universidade Federal da Bahia
Profa. Dra. Michelly Cordeiro – Universidade do Centro Oeste
Ms. Ana Célia Soares Gomes – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
soaresanacelia@hotmail.com

Na dissertação de mestrado pude articular os efeitos subjetivos e sociais da incidência de afasia


e/ou demência no curso da vida de sujeitos que realizam, ao mesmo tempo, atividades clínicas e
não clínicas no Centro de Atendimento a Afásicos, da Divisão de Ensino e Reabilitação dos
Distúrbios da Comunicação (CAAf/Derdic), da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, com
o objetivo central de sistematizar as atividades não-clínicas que realizo nas Oficinas de Arte do
CAAf, em conformidade com as investigações realizadas no Grupo de pesquisa CNPq “Aquisição,
Patologia e Clínica de Linguagem”. Nas Oficinas: 1) há suporte para que a marca de diferença
que a patologia impõe seja tratada como diferença, não como obstáculo para o laço social. Entra
aí a arte como dispositivo de inclusão social; 2) abre-se, ainda, a possibilidade de se experimentar,
como resultado do “fazer arte”, alívio para o sofrimento. Ações tais como as que se realizam no
CAAf se apresentam como favorecedoras de inclusão social, que podem fazer o pêndulo girar
para o lado da inclusão. Talvez esse possa ser dito um efeito “terapêutico” das Oficinas de Arte.
Efeito que engendra mudança de posição e alívio para o sofrimento; o que pode responder,
inclusive, pelo fato de que os sujeitos encontrem forças para sustentar o longo e árduo processo
de tratamento clínico. Da análise do material, recolhi que a experiência de participação e de
efetivo pertencimento a um grupo é, de fato, mobilizadora de potencias que, muitas vezes, ficam
encobertas em razão da falta de oportunidade para serem postas em ato. Também que os
participantes ali encontram proteção e se identificam, não apenas com as dores/sofrimentos que
são compartilhados, mas também com o propósito de juntos trabalharem para que elas possam
ser elaboradas, seja pela via do “fazer arte”, seja pela disposição para enfrentar e suportar a
diferença.

Palavras-chave: Inclusão Social; Arte e Atividade Não clínica.

RELAÇÃO FALA-LEITURA-ESCRITA NO ATENDIMENTO DE AFÁSICOS


Sabrina Pereira dos Santos, (PUC-SP)
sabrinapsantos00@gmail.com

Nessa apresentação discuto questões relacionadas a condução da terapêutica com afásicos na


Clínica de Linguagem. As bases teóricas que orientam a reflexão neste âmbito clínico são o
Estruturalismo Europeu, no que diz respeito a linguagem, e o reconhecimento da hipótese do
inconsciente, no que concerne as considerações sobre o sujeito falante. O objeto da linguística
instituído por Saussure (1916) como um funcionamento universal a que toda manifestação linguística
(inclusive as sintomáticas), devem ser referidas. Tendo em vista a resistência do sintoma a qualquer
recurso cognitivo entende-se como incontornável assunção da hipótese do inconsciente.
Resumidamente as afasias abalam de modo amplo a relação de um falante com sua língua
materna, envolvendo, em muitos casos, diferentes modalidades de linguagem. No que diz respeito
a clínica com afásicos, propõe-se, na Clínica de Linguagem, que o tratamento estabeleça
cruzamentos entre fala/escrita/leitura, sempre de modo singular já que, singular é a relação de
cada falante afásico com a sua fala/escrita/leitura. Leva-se em conta a surpreendente
heterogeneidade sintomática e o desequilíbrio nela encontrado entre as modalidades linguísticas.
A discussão desses efeitos inclui a posição singular do sujeito entre a fala/escrita/leitura, como
instâncias diferentes, mas que se afetam. Parte-se de autores e do próprio testemunho da clínica
de que o cruzamento das modalidades linguísticas mencionadas é apoio necessário na direção do

182
tratamento de sujeitos afásicos. Meu objetivo é discutir os efeitos clínicos na relação sujeito-
linguagem quando se articula oralidade/escrita/leitura no tratamento. A metodologia adotada
nesta apresentação é aquela que envolve recortes de situações clínicas presentes na literatura do
campo. Os resultados clínicos já obtidos na Clínica de Linguagem dão suporte a sua implementação
como um procedimento que favorece mudanças produtivas seja na fala, na escrita ou na leitura.
De fato, nesta apresentação os resultados e o próprio procedimento serão apresentados e
discutidos.

Palavras-chave: Clínica de Linguagem; Afasia; Relação sujeito-linguagem; Procedimentos Clínicos.

SOBRE OS EFEITOS DA ESCUTA FORA DE CENA EM UM CASO DE AFASIA: REFLEXÕES


SOBRE O MANEJO DA DEMANDA NA CLÍNICA DE LINGUAGEM
Michelly Daiane de Souza Gaspar Cordeiro, Universidade Estadual do Centro-Oeste/ UNICENTRO,
cordeiro.michelly2016@gmail.com
Juliana Ferreira Marcolino Galli, Universidade Estadual do Centro-Oeste/ UNICENTRO,
jumarcolino.galli@gmail.com

Na Clínica de Linguagem com afásicos a direção de tratamento e também seu prognóstico estão
articulados com a demanda para o atendimento fonoaudiólogico. O paciente deve apostar que o
tratamento possa produzir mudanças na sua fala/escrita e elaborar um pedido de ajuda ao clínico.
Temos observado na prática clínica que essa demanda pode estar articulada às outras
dificuldades impostas pela condição afásica, como a perda do trabalho, de uma nova posição na
família e o esgarçamento dos laços sociais. Nesse sentido, escutar e manejar as diversas demandas
é essencial para o trabalho clínico. O objetivo deste trabalho é apresentar os efeitos da escuta
fora de cena, a partir da leitura de prontuário, de um caso clínico de afasia atendido no Centro
de Atendimento Afásicos (Caaf/Lalíngua) da Universidade Estadual do Centro-Oeste. É possível
escutar o drama subjetivo e social por efeito de sua difícil condição de falante, com queixas
recorrentes sobre a exclusão social depois da afasia. Além disso, o caso possibilita a reflexão
sobre a escuta do clínico de linguagem e o manejo da demanda, incluindo ações não clínicas que
possam favorecer uma retomada (singular, e, portanto, caso a caso) de alguns laços sociais.

Palavras-chave: afasia; demanda; drama subjetivo/social; ações não clínicas.

183
TEMÁTICA 24. ESCRITA, CLÍNICA, ESCOLA

OS IMPASSES DA CRIANÇA NA ESCRITA E O MAL-ESTAR NA EDUCAÇÃO


Coordenadora: Juliana Marcolino-Galli, Universidade Estadual do Centro-Oeste,
jfmarcolino@unicentro.br
Luzia Alves, EMEF II Prof.ª Maria Dulce Davi de Paiva (SME Tremembé),
luziaalves613@gmail.com
Giseli Monteiro-Gagliotto, Universidade Estadual do Oeste do Paraná, giseligagliotto@gmail.com

O discurso sobre o fracasso escolar tem motivado os excessivos encaminhamentos de crianças e


adolescentes à clínica médica, psicológica e/ou fonoaudiológica. Nessa lógica complementar ao
olhar organicista, os “distúrbios de aprendizagem” estão relacionados às dificuldades de
percepção e/ou habilidades cognitivas desses indivíduos. Sob este rótulo estão as dificuldades
com a leitura e escrita, além de outras patologias associadas com a falta de atenção e memória.
Nota-se que, nesta discursividade que sustenta a clínica da reeducação ou adaptativa, não se
encontra uma teoria de linguagem sólida e a singularidade da criança está marginalizada no
processo de aquisição da linguagem escrita. A proposta deste simpósio, distante das abordagens
cognitivistas, abarca a linguística estruturalista (Saussure e Jakobson) e a Psicanálise (Freud e
Lacan) na reflexão desta temática que interessa aos clínicos e educadores. A relação da criança
com a linguagem inclui o funcionamento da língua (la langue) e a constituição psíquica (a hipótese
do inconsciente), a partir da abordagem da Clínica de Linguagem inaugurada pelo grupo de
pesquisa “Aquisição, Patologias e Clínica de Linguagem” (CNPq/LAEL/PUC-SP) no enfrentamento
das patologias de linguagem. O objetivo é discutir questões que atravessam os descaminhos e
impasses de crianças e adolescentes com a leitura e escrita. As reflexões movimentam a distinção
entre erros esperados no percurso de aquisição da escrita e erros sintomáticos; a clínica
psicanalítica e o mal-estar na aprendizagem; a Clínica de Linguagem com crianças com
dificuldades de leitura e escrita e os impasses na aquisição na/da escrita na Educação Básica; a
relação entre ensino e aprendizagem e o mal-estar de jovens no ensino superior. A reflexão que
se encaminhará é orientadora das práticas clínicas e educacionais.

Palavras-chave: escrita; clínica; linguagem; educação.

184
COMUNICAÇÕES DO SIMPÓSIO
A CRIANÇA NO REFORÇO ESCOLAR E SEUS IMPASSES NA RELAÇÃO COM A ESCRITA
Letícia do Nascimento Schavarem
leticiaschavaren@hotmail.com

A partir da perspectiva Interacionista em aquisição da linguagem, formulada por Cláudia De


Lemos, e seus desdobramentos na Clínica de Linguagem, este trabalho propõe uma discussão
acerca de produções textuais de uma criança em aquisição da linguagem escrita que foi
encaminhada para uma turma de reforço escolar. Esta prática escolar sustenta, em sua maioria,
discursos sobre o “fracasso escolar” e os “problemas de leitura e escrita” e o foco está nos erros e
nas dificuldades da criança. Espera-se que reflexões possam ser feitas sobre como essas práticas
têm causado efeitos nessas crianças. Nesse sentido, a pesquisa tem como objetivo investigar os
movimentos de subjetivação da criança durante a elaboração de diferentes textos. Para tanto, o
estudo segue uma diretriz qualitativa, tomando como dados produções textuais de uma criança
inserida no terceiro ano do ensino fundamental. A coleta desses dados foi realizada no ano de
2018, na própria escola, no período em que o sujeito frequentava o reforço escolar, com propostas
conduzidas pela professora responsável. Os dados são compostos, ainda, pela filmagem dos
encontros, as quais foram transcritas e destacados trechos para a discussão do processo de
produção textual, inclusive dos momentos em que ocorre a rasura. A análise permite visualizar que
os movimentos realizados por essa criança em seus textos dizem da sua relação singular com a
escrita, afetada pela sua escrita e/ou pela fala/escrita do Outro. Além disso nota-se a insistência
de um mesmo movimento realizado pela criança durante algumas produções escritas e, por outro
lado, há texto com mobilidade e possibilidades de mudança de posição na linguagem escrita, bem
como a presença de rasuras apontando para um movimento de reformulação. Este trabalho
contribui para a discussão entre o normal e o patológico no percurso da aquisição da linguagem
escrita.

Palavras-chave: Aquisição; Escrita; Subjetividade; Interacionismo.

A ESCRITA SINTOMÁTICA: CONSIDERAÇOES SOBRE A RESISTÊNCIA DO SUJEITO NA


CLÍNICA DE LINGUAGEM
Hellen Terluk Gnatta, UNICENTRO -LALINGUA
hellengnatta@hotmail.com

Partindo dos pressupostos teóricos da Clínica de linguagem, os quais se aproximam do


estruturalismo europeu na Linguística, com Saussure e Jakobson e da Psicanálise, na hipótese do
Inconsciente, este trabalho tem por objetivo discutir questões clínicas e direção de tratamento
fonoaudiológico das dificuldades que envolvem a leitura/escrita de um sujeito que chega à clínica
com queixa de dificuldades de aprendizagem e resiste escrever/ler. Realizou-se a análise do
material clínico (produções escritas e diálogos entre terapeuta e paciente) dos atendimentos
fonoaudiológicos realizados no Laboratório de Estudos da Linguagem (Lalingua) da Universidade
Estadual do Centro-Oeste. Trata-se do atendimento de O., 12 anos, cursando 6º ano do ensino
fundamental, que “não queria ler e escrever”, e “resistia” frente ao material escrito, ou seja, O.
quando convocado a ler ou escrever marcava sua tensão no corpo, escrevia e riscava/apagava
várias vezes, circulando sempre no discurso de “não saber”. A discussão que se encaminha
apresenta os efeitos do tratamento e os manejos dessas “resistências” da criança. Observa-se
mudança de posição do sujeito frente à própria escrita e ao Outro.

Palavras-chave: Leitura e escrita, Clínica de Linguagem, Distúrbio de leitura e escrita.

185
A RELAÇÃO ALUNO-ESCRITA: QUANDO A EDUCAÇÃO FALTA...
Luzia Alves SME, Tremembé
luziaalves613@gmail.com

No cenário educacional, é comum se deparar com alunos numa relação difícil com a escrita,
quando esses estão matriculados no Ensino Fundamental II e o esperado é que estejam
alfabetizados. O objetivo desse estudo é analisar produções escritas de alunos em sala de aula
regular e que precisam de adaptação curricular, pois são enquadrados como estudantes de
Educação Especial. O que se questiona é a (im)possibilidade de precisar o momento da mudança
deles em relação à escrita e se esta se deve aos métodos ou à relação de transferência. O
posicionamento teórico adotado é solidário à noção de captura em Lemos (2002), na
abordagem da fala de crianças (inusitada e errática), a partir da leitura de Lacan (1960) e do
Estruturalismo Europeu de Saussure (1916) e Jakobson (1954, 1960), entendendo que há uma
captura inconsciente da criança pela linguagem. Pommier (1993) relaciona a emergência da
escrita à imagem direta do objeto representado, mas salienta que a entrada do outro-falante
nessa jogada estabelece um corte na relação simbiótica/imaginária (palavra-coisa), produzindo
o distanciamento entre imagem e referente (ideofonogramas, rébus e silabismos). Num segundo
tempo, apesar de a escrita ser grafada por imagens, sua referência é a palavra e não mais o
objeto. Borges (1995) estendeu a noção de captura também para a linguagem escrita. A
reflexão sobre a alfabetização e as discussões acerca da relação criança‐escrita ganhou corpo
a partir de questões postas por Borges (2006) e Bosco (2005). A entrada da criança na escrita
não se dissocia da subjetividade e da interação, nem da própria língua, o que estabelece
trajetórias singulares. A aquisição da linguagem oral/escrita resulta de efeitos das operações
da própria língua, e que suspendem a certeza de uma alfabetização decorrente de métodos
bem construídos – o sujeito se constitui pela relação transferencial e não apenas formas
metodológicas preestabelecidas.

Palavras-chave: escrita, alfabetização, escola, transferência.

ARTICULAÇÕES PSICANALÍTICAS DA LINGUAGEM ACERCA DA SEXUALIDADE INFANTIL E


O CAMPO DA EDUCAÇÃO SEXUAL: TEORIA E PRÁTICA
Juliane Fontana Ribeiro e Giseli Monteiro Gagliotto, Universidade Estadual do Oeste do Paraná
(UNIOESTE), campus Francisco Beltrão
julianefontana@gmail.com e giseligagliotto@gmail.com

Esta pesquisa de mestrado busca articular Psicanálise e Educação, especificamente no campo da


linguagem e da sexualidade infantil. A cura pela fala é uma expressão fundante da Psicanálise,
por Sigmund Freud que, a partir da escuta de pacientes histéricas, elabora conceitos como
inconsciente, transferência, resistência, dentre outros. Jacques Lacan, em seu retorno à Freud, ensina
que o inconsciente se estrutura como linguagem. Lacan subverte a lógica do signo, significado e
significante da Linguística de Saussure, e caracteriza a supremacia do significante em relação ao
significado. Para Freud, a associação livre, recupera a lembrança encoberta pelo recalque. Lacan,
avigora tal método para recuperar as articulações significantes. Assim, a Psicanálise é uma
experiência de linguagem, na qual o sintoma é tratado a partir da fala. Transpondo ao campo
educacional, é possível pensar a contribuição da psicanálise no laço professor-aluno,
especificamente em relação à sexualidade infantil. Pela rede de significantes, algo singular de
cada pessoa, atravessada pelos registros do imaginário, simbólico e real, em Lacan: como o

186
professor responde às curiosidades das crianças sobre o sexual? De onde vem os bebês? Por que
o menino tem pipi e a menina não? Muitas perguntas, tecidas no campo da Educação Sexual,
convocam os atravessamentos da linguagem. Os desafios dos professores, apontados pela
literatura, perpassam vias políticas, econômicas, sociais, educacionais e subjetivas. Na história da
educação sexual escolar, há avanços e retrocessos sobre sexualidade e escola. O conceito da
sexualidade na Psicanálise está para além da genitalidade; é constitutivo do ser humano, no laço
social. A teoria lacaniana, permite pensar na figura do professor, que não precisa ocupar o lugar
do discurso do mestre, mas auxiliar a criança acesso ao saber. Faz-se necessário desnudar-se de
preconceitos, discriminações e desinformações sobre a sexualidade. Através da linguagem, há
possibilidade em contribuir ou não para uma educação emancipatória.

Palavras-chave: Educação Emancipatória; Educação Sexual; Linguagem; Psicanálise; Sexualidade


Infantil.

DIÁLOGOS ENTRE FONOAUDIOLOGIA E EDUCAÇÃO: CONTRIBUIÇÕES A PARTIR DE UMA


REFLEXÃO SOBRE LINGUAGEM
Francieli de Ramos- mestranda Universidade Estadual de Ponta Grossa UEPG
franciellideramos@gmail.com

A reflexão deste trabalho originou-se em trabalhos anteriores que desenvolvi na graduação em


Fonoaudiologia, os quais trouxeram à cena uma complexa questão envolvendo a relação entre
professores e alunos impossibilitados de produção da fala oralmente articulada, no contexto da
educação especial. Estes trabalhos anteriores foram sustentados pela abordagem Clínica de
Linguagem e, portanto, filiados à Linguística estruturalista (Saussure e Jakobson) e à Psicanálise.
Atualmente, minha atuação profissional como fonoaudióloga em uma Secretaria Municipal de
Educação convoca o diálogo constante entre esses dois campos que oriente práticas e inclua a
relação sujeito-linguagem. Nas muitas discussões que temos encaminhado com os professores da
educação infantil e ensino fundamental, tenho tido a oportunidade de escutá-los sobre os inúmeros
desafios experimentados no processo de ensino-aprendizagem envolvendo crianças que, segundo
entendem, apresentam dificuldades na linguagem, mais precisamente, na fala e na escrita. Nos
relatos desses educadores, é a linguagem da criança, especialmente o que, neste plano, é assumido
como limitação e desvio, o fator responsável pelo insucesso ao longo do percurso de escolarização.
Justifica-se a importância desta discussão na educação infantil e ensino fundamental, uma vez que
é nesse período que ocorre a maior parte dos encaminhamentos para a clínica fonoaudiológica.
Pretende-se, neste trabalho, problematizar o que sustenta estes encaminhamentos, quais são os
fatores determinantes de um discurso patologizante, que circula de forma recorrente no diálogo
com e entre os professores, acerca das manifestações orais e escritas de educandos cujo processo
de aquisição da linguagem está em curso. De um modo geral, a concepção de linguagem parece
ser assumida na escola enquanto um “objeto” de aprendizagem cujas propriedades podem ser
apreendidas a partir da cognição do sujeito-aprendiz. A criança figura, portanto, solitária no
processo de “aprendizagem o que nos permite supor o não reconhecimento dos efeitos da
linguagem sobre o professor e nem sobre o aluno nesse percurso.

Palavras-chave: Linguagem; educação; fonoaudiologia;

187
O TABU LINGUÍSTICO E A SEXUALIDADE NO AMBIENTE ESCOLAR
Andréia de Souza e Giseli Monteiro Gagliotto, Universidade Estadual do Oeste do Paraná
(UNIOESTE)
andreiasouza.psicologa@gmail.com e giseligagliotto@gmail.com

A presente pesquisa trata-se de um estudo qualitativo e bibliográfico om objetivos de investigar


as possíveis relações entre o tabu linguístico e a sexualidade no ambiente escolar; sintetizar
informações relevantes sobre a linguagem e a sexualidade a partir deste do momento histórico
atual, ameaçado por retrocessos políticos e sociais no sentido de negar a Educação Sexual Escolar
ao fragilizar a abordagem institucional-educativa da sexualidade. Para tanto, a linguagem é um
termo que caracteriza a socialização entre uma pessoa e outra; está presente em toda a existência
humana e com ela é possível significar e resignificar diversos aspectos da vida. Assim, se relaciona,
intimamente, ao processo educativo e à escola, instituição responsável, cuja ética promove
interação social quando trabalha com uma linguagem objetiva e clara frente às diversas temáticas
que, emergem da curiosidade das crianças no espaço escolar. Diante de questões e/ou
manifestações da sexualidade infantil, identificamos tabus linguísticos, resquícios de um período
histórico medieval, no qual sexo e sexualidade eram tratados como sinônimos, atrelados ao sujo,
ao feio e ao pecaminoso. A única sexualidade aceita, era entre adultos, com fins reprodutivos. Por
isso, ainda hoje, a comunicação sobre sexualidade, mantém-se relacionada a conceitos pejorativos,
inclusive no espaço escolar. O tabu linguístico passa pela sexualidade, pelos movimentos históricos-
sociais e pelas polêmicas fake news disseminadas nos últimos tempos. Vale ressaltar que, a escola
é portadora de conhecimentos científicos e possui papel fundamental na construção da identidade
do sujeito. Os resultados evidenciam que, muito embora, a sexualidade, ainda nos dias de hoje,
seja tratada como um tabu, a Educação Sexual é compromisso da escola e direito do aluno
constituir-se como sujeito através das relações sociais e da linguagem, a partir das experiências e
ensinamentos apreendidos tanto na família quanto na escola.

Palavras-chave: Ambiente escolar; sexualidade; tabu linguístico; linguagem.

REEDUCAR OU CLINICAR? PERSPECTIVAS TEÓRICAS E DIREÇÕES CLÍNICAS DA ATUAÇÃO


FONOAUDIOLÓGICA VOLTADA PARA AS DIFICULDADES DE LEITURA E ESCRITA
Flávia Rodrigues Andrade, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP),
flaviar.andrade@outlook.com

Este trabalho traz reflexões sobre o modo como a clínica fonoaudiológica tem acolhido crianças e
adolescentes com embaraços na escrita. Desse modo, foram identificadas, através de uma revisão
integrativa da literatura, as linhas teóricas que orientam as pesquisas científicas da Fonoaudiologia
brasileira voltadas para as questões de escrita nos últimos anos. Foram selecionados 9 trabalhos,
organizados conforme a perspectiva teórica abordada: 4 pesquisas sob influência Cognitivo-
linguística; 4 pesquisas filiadas à vertente Discursiva (Sócio-histórica); e 1 pesquisa fundamentada
na Clínica de Linguagem. As vertentes Cognitivo-linguística e Discursiva, foram discernidas daquela
que fundamenta o Grupo de Pesquisa Aquisição, Patologias e Clínica de Linguagem (CNPq nº
522002/97- 8), coordenado pela Profa. Dra. Maria Francisca Lier-DeVitto e pela Profa. Dra.
Lúcia Maria G. Arantes, ao qual este trabalho se filia. A configuração da Clínica de Linguagem,
consentiu um modo particular de tomar o sintoma na linguagem. Isto porque, graças a sua filiação
teórica que dialoga com o Interacionismo Brasileiro (proposta teórica fundada pela Profa. Dra.
Claudia Lemos), a Linguística Científica e com a Psicanálise - mantidos em posição de alteridade,
a escrita não tem status de representação, suspende-se, desse modo a noção de sujeito epistêmico
e de linguagem como objeto de conhecimento; bem como a relação com a Psicologia do

188
Desenvolvimento. O sintoma, neste trabalho, é tomado como um problema de natureza linguística,
circunscrevendo, assim, um compromisso com uma teorização sobre a linguagem. A discussão nesta
dissertação é movimentada pelas seguintes reflexões: (1) quais perspectivas teóricas sustentam a
prática fonoaudiológica voltada para as questões de escrita; (2) qual a relevância em discernir o
ensinar e o clinicar para o campo da Fonoaudiologia; (3) quais possibilidades a clínica
fonoaudiológica orientada pelos pressupostos da Clínica de Linguagem oferece para acolher o
caráter sintomático de impasses na escrita.

Palavras-chave: escrita; linguagem; clínica de linguagem; fonoaudiologia.

SOBRE OS ENIGMAS DA LEITURA: O SEGREDO QUE NÃO PODE SER DITO


Rosemy Aparecida Mendonça Villela, FAI - Centro de Ensino Superior em Gestão, Tecnologia e
Educação, rosemy_villela@fai-mg.br

A partir do estudo cenas escolares que envolvem uma menina, no qual chamaremos de Júlia,
matriculada no terceiro ano do Ensino Fundamental Anos Finais e que não sabia ler aos oito anos,
pretende-se com esse trabalho discutir as questões que envolvem o processo de aprendizagem da
leitura, a partir da interlocução entre os campos da Educação, da Psicanálise e da Clínica de
Linguagem inaugurada pelo grupo de pesquisa “Aquisição, Patologias e Clínica de Linguagem”
(CNPq/LAEL/PUC-SP). O entrelaçamento entre esses campos pode possibilitar aos educadores
uma melhor compreensão, e/ou uma nova possibilidade da escuta, dos impasses educacionais
experienciados pela criança e do adolescente. Espera-se contribuir para a abertura de
intercâmbio entre esses campos que têm em comum o entendimento do ser humano. A partir dessa
premissa, propomos pensar sobre as possibilidades de suporte teórico da Clínica de Linguagem e
da Escuta Psicanalítica para a compreensão dos impasses na aquisição da leitura.

Palavras-chave: educação; sintomas; clínica; linguagem; psicanálise.

189
TEMÁTICA 25. ESTUDOS SOBRE LÍNGUAS DE SINAIS

PERSPECTIVA DIALÓGICA NOS ESTUDOS DA TRADUÇÃO E INTERPRETAÇÃO DE


LÍNGUA DE SINAIS

Coordenador: Vinícius Nascimento (UFSCar/UFSC)


nascimento_v@ufscar.br
Neiva de Aquino Albres (UFSC)
Lara Ferreira dos Santos (UFSCar)

No cenário atual dos estudos da linguagem, pesquisadores, inscritos na Linguística Aplicada,


Estudos da Tradução, Estudos da Interpretação, Educação e campos correlatos, vêm adotando a
perspectiva dialógica, extraída das obras do Círculo de Bakhtin, para observar, descrever e
analisar práticas tradutórias e interpretativas envolvendo línguas de diferentes modalidades. Essa
perspectiva, que compõe a pluralidade teórico-metodológica do emergente campo dos Estudos
da Tradução e Interpretação da Língua de Sinais (ETILS), permite um olhar para essas atividades
enquanto práticas discursivas que promovem a interação entre sujeitos, histórias e culturas
considerando a dimensão linguístico-discursiva das línguas envolvidas nos processos tradutórios e
interpretativos, bem como os efeitos de modalidade a partir das esferas e gêneros em que
acontecem. No Brasil, a postura dialógica para análise da tradução e da interpretação da língua
de sinais tem crescido de maneira significativa, uma vez que, ao permitir a observação dessas
atividades de trabalho em suas dimensões linguageira, procedimental, valorativa e laboral,
lançam bases para uma necessária e fundamental interdisciplinaridade para pensar atividades
de trabalho que encontram na linguagem sua centralidade. Nessa direção, esse simpósio tem como
objetivo apresentar e discutir a adoção da perspectiva bakhtiniana para o estudo da tradução e
da interpretação de/para/entre línguas de sinais e suas contribuições com o constante movimento
social e científico dos objetos para a construção de políticas públicas voltadas à inclusão da pessoa
surda na sociedade e da ampliação da formação de tradutores e de intérpretes da língua
brasileira de sinais (Libras)-português.

Palavras-chave: Tradução, Interpretação, Línguas de Sinais, Perspectiva Bakhtiniana

COMUNICAÇÕES DO SIMPÓSIO
A AUTORIA NA TRADUÇÃO ARTÍSTICA-POÉTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA PARA A
LIBRAS: (IN)VISIBILIDADE NA DIMENSÃO VERBO-VISUAL
Ricardo Ferreira Santos
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo/PUC-SP
ricardo.libras1977@gmail.com

O objetivo desta pesquisa é investigar a atividade tradutória de texto artístico-poético da Língua


Portuguesa (LP) para a Língua Brasileira de Sinais (Libras), por meio da descrição, interpretação
e análise dos elementos verbais, verbo-visuais e extraverbais que marcam a autoria na produção
deste objeto estético. Atualmente, observamos um crescimento da tradução de poemas da LP para

190
Libras e a divulgação em sites de compartilhamento na internet. Como consequência direta dessa
atividade emergente em uma determinada esfera ideológica (artístico-literária) e ligado a um
determinado gênero discursivo (poema), ocorre uma mudança significativa na compreensão de
como realizar uma obra tradutória para língua de sinais nos meios audiovisuais. A pesquisa está
fundamentada na perspectiva dialógica da linguagem, advinda do Círculo de Bakhtin, nos estudos
da verbo-visualidade e nos estudos da tradução e da interpretação de línguas de sinais (ETILS).
O corpus desta pesquisa se constitui por três enunciados/textos artístico-poéticos traduzidos da LP
para Libras em vídeos postados no canal YouTube entre o ano de 2016 e 2017. Os critérios da
delimitação são: as variáveis e invariáveis na composição estética dos materiais audiovisuais; a
presença autorais dos tradutores-textuais e tradutores-performáticos (corpo-texto); a produção
do vídeo ser realizada por uma equipe de profissionais ou pelo Tradutor e Intérprete de Língua
de Sinais (TILS). Posteriormente, realizamos um estudo qualitativo do tipo analítico-descritivo e
analítico-comparativo com base no diálogo entre a perspectiva dialógica e os ETILS. Nossas
conclusões iniciais é a de que, os sujeitos discursivos, responsáveis pela obra tradutória artístico-
poética, por meio do processo de cocriação, realizam visibilidades e invisibilidades semiótico-
ideológicas, e, consequentemente, produzem sentidos diversos daqueles produzidos no poema, e,
com isso, constroem um outro objeto estético, ou seja, uma poética verbo-visual. Espera-se que este
estudo colabore com a investigação, compreensão e produção da tradução da LP para a Libras,
incidindo na formação do TILS.

Palavras-chave: Tradução; Libras; poema, autoria; verbo-visualidade; análise dialógica do


discurso.

A FORMAÇÃO CONTINUADA DO TRADUTOR E INTÉRPRETE DE LIBRAS EDUCACIONAL: A


INFLUÊNCIA DAS PRÁTICAS FORMATIVAS DIALÓGICAS NA ATUAÇÃO PROFISSIONAL
Lara Ferreira dos Santos, Universidade Federal de São Carlos
lfsantos@ufscar.br

O profissional Tradutor e Intérprete de Língua Brasileira de Sinais – Libras (TILS) vem se mostrando
presente nas pesquisas e práticas sociais recentes, pois é figura fundamental para a participação
do sujeito surdo em sociedade. A legislação atual assegura seus diretos e define suas funções e
papéis, porém a complexa história desse profissional ainda influencia suas práticas. Interessa-me,
especificamente, a atuação do TILS no espaço educacional e sua formação, visto que os cursos de
graduação na atualidade formam profissionais para uma atuação mais generalista. Assim, a
presente pesquisa objetiva analisar os desafios da atuação a partir da formação continuada ou
“em serviço” do TILS no espaço educacional. O estudo desenvolveu-se a partir das análises de
videogravações de encontros junto a estes profissionais e de relatos escritos produzidos por eles
– diários -, contendo reflexões sobre suas práticas, em um espaço destinado à formação
continuada, desenvolvido em uma escola pública com programa educacional inclusivo e bilíngue
para surdos. Os dados foram coletados durante o período de um ano (2018), e posteriormente
episódios de interesse foram recortados e transcritos para fins de discussão e análises. Os
resultados, analisados com base na teoria enunciativa proposta por Bakhtin, indicam a relevância
de espaços formativos que possibilitem, por meio das trocas dialógicas, o olhar para si mesmo
através do excedente de visão do outro, possibilitando transformações em si e nas práticas de
tradução e interpretação. Nota-se também que o instrumento de coleta de dados, os diários,
proporcionou a produção de relatos marcados pela dialogia e pela responsividade, endereçados
ao outro-pesquisador à espera de respostas sobre modos de fazer mais adequados. Conclui-se,
a partir dos achados que tais espaços mostram-se fundamentais, visto proporcionarem aos
profissionais TILS atuantes conhecimentos mais direcionados para as necessidades e peculiaridades
da atuação no âmbito educacional.

191
Palavras-chave: Tradutor e Intérprete de Libras; formação continuada; surdez; Libras; perspectiva
bakhtiniana.

INTERFACES ENTRE INTERPRETAÇÃO EDUCACIONAL (LIBRAS-PORTUGUÊS) E OS ESTUDOS


DIALÓGICOS: O QUE DIZEM AS TESES E DISSERTAÇÕES (1990 A 2020)
Ma. Mairla Pereira Pires Costa e Dra. Neiva de Aquino Albres (PPGET/UFSC)
mairla.libras@gmail.com

A educação de surdos tem se construído associada a políticas de inclusão escolar o que demanda
inúmeras pesquisas. Justifica-se analisar a produção acadêmica sobre o intérprete educacional
pela diversidade que estes estudos alcançam. Como nunca antes tinha sido feito um estudo com
este foco no Brasil, mediante um arcabouço de pesquisas que contemplam um escopo bem
generalizado de temas para as áreas de Estudos da Tradução e Estudos da Interpretação e sua
relação com a educação, apoiado no uso da revisão sistemática cobrindo longo período. O
presente trabalho tem como objetivo apresentar uma análise das pesquisas no âmbito da pós-
graduação stricto sensu que versam sobre a interpretação educacional (Libras-português)
publicadas no Brasil de 1990 a 2020. Tomando por base um corpus de 342 teses e dissertações
compilados em repositório institucional, fizemos uma busca utilizando os principais conceitos-chave
e obtivemos 11 teses e 21 dissertações que citam Bakhtin e o Círculo, seja no referencial teórico
ou nos procedimentos metodológicos. Assim, selecionamos as investigações amparadas teórico ou
metodologicamente na perspectiva dialógica (Bakhtin e o Círculo) e filiadas aos programas de
pós-graduação no país nas diversas regiões. Ao examinar os 32 documentos, constatamos que a
interpretação educacional é uma atividade pesquisada nos campos da Letras, Linguística Aplicada,
Educação, Educação Especial e Psicologia. Observa-se um aumento progressivo de pesquisas a
partir dos anos 2010, que acompanha a história das políticas educacionais em distintos níveis de
ensino, a história dos intérpretes de Libras-português que atuam na esfera educacional. A tecitura
que estamos delineando nesta pesquisa aspira depreender quais as contribuições dos estudos
dialógicos sobre a interpretação educacional para o campo dos Estudos da Interpretação em
Língua de Sinais. Ademais, ao investigar esses documentos, consideramos ser possível identificar
que aproximações epistemológicas existem entre os campos supracitados e que interfaces
emergem das pesquisas circunscritas nos estudos bakhtinianos.

Palavras-chave: Estudos da Interpretação em Língua de Sinais; Dialogismo; Revisão sistemática;


Análise dialógica do discurso.

O INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS NO TEATRO ONLINE E AS ADAPTAÇÕES IMPOSTAS


PELA PANDEMIA
Carolina Fernandes Rodrigues Fomin, PUCSP
carolfomin@gmail.com

Apresentaremos neste simpósio, um recorte da pesquisa de doutorado em andamento que tem por
objetivo geral analisar configurações variáveis e invariáveis na atuação do intérprete de libras
no teatro e seus efeitos para o espectador surdo em tempos de isolamento social decorrente da
pandemia do COVID-19. Partindo de tal objetivo, a investigação se propõe a responder a
seguintes questionamentos: a) quais as características variáveis e invariáveis da interpretação para
libras nos gêneros espetáculo teatral em tempos de isolamento social e apresentações virtuais?; b)
como as reconfigurações do gênero espetáculo teatral influenciaram nas reconfigurações da
interpretação para libras?; c) como essas reconfigurações são recebidas pelo espectador surdo?
d) o que faz com que surdos tenham uma experiência artística com o teatro? Para tanto, estamos
realizando uma pesquisa qualitativa, que adota como material para a coleta (a) entrevistas feitas

192
em grupo com intérpretes de Libras que atuaram na pandemia em apresentações teatrais on-line;
(b) entrevistas feitas em grupo com espectadores surdos (c) entrevistas com produtores de teatro
de uma instituição cultural. Com base nas respostas dos participantes da pesquisa, pretende-se
colocar em diálogo os discursos destes diferentes grupos e realizar um estudo qualitativo do tipo
analítico-descritivo para investigar como as reconfigurações do gênero espetáculo teatral
influenciam estes interlocutores. A hipótese é a de que as reconfigurações não se caracterizam
como desconfigurações, pois o teatro ainda que com novas características e novos modos de existir,
continua sendo teatro. No entanto, no que tange à atuação dos interlocutores TILS, atores,
produtores e também, à participação dos espectadores surdos, essas (re)configurações afetam
diretamente a experiência artística com o objeto estético.

Palavras-chave: Teatro; Teatro on-line; Intérprete de libras; Surdez; Dialogismo.

UM OLHAR SOBRE TRADUTORES/INTÉRPRETES DE LIBRAS EM TEMPOS PANDÊMICOS:


VIVÊNCIA PRÁTICA MULTIMODAL NA PERSPECTIVA DIALÓGICA DA LINGUAGEM NA
PLATAFORMA ZOOM
Carla R. Sparano-Tesser, PUC-SP
carla1sparano@gmail.com

Com o cenário pandêmico, surge a necessidade de reuniões em ambientes virtuais. Organizações


públicas e privadas de educação precisaram rever suas condições laborais obedecendo aos
protocolos de saúde. Nisso, a configuração dada pelo trabalho remoto eclodiu e passou a fazer
parte da rotina do corpus escolar para que as atividades não ficassem suspensas e os
compromissos tivessem suas ações em continuidade. Diante disso, surgiram novas necessidades:
adequações no planejamento, nos planos de ações e tomadas de decisões levadas para as telas
virtuais de plataformas específicas. Em consonância, a presença do sujeito Surdo, enquanto agente
educacional, neste cenário traz, também, à tona a necessidade da atuação do TILS
(Tradutor/Intérprete de Língua de Sinais) transladado para o espaço virtual de ensino. Na intenção
de compreender de que maneira a multimodalidade, ancorada na teoria de Kress (2010) e
Liberali e Santiago (2016). E sob a perspectiva dialógica da linguagem ao encontro da teoria
bakhtiniana, pode estar marcada na atuação do TILS educacional. Concernente à metodologia,
parte-se da pesquisa exploratória-descritiva, pretende-se realizar observações da atuação de
TILS em ambiente educacional virtual na plataforma Zoom como instrumento. Participaram desta
investigação dois profissionais TILS em uma reunião de 4 horas. Com o estudo, pretende-se
identificar as ferramentas que facilitam o ato dialógico na interpretativo nesta plataforma. Assim,
nos importa o recorte da acessibilidade comunicacional, que justifica pela presença majoritária da
modalidade oral nesses ambientes virtuais em que, nessa configuração de trabalho, requer o
acesso linguístico de direito da pessoa Surda. Por isso, nos debruçamos no olhar sobre professores
e TILS em tempos pandêmicos na perspectiva da vivência prática multimodal, na perspectiva
dialógica da linguagem, na plataforma Zoom.

Palavras-chave: Tradutor/Intérprete de Língua de Sinais educacional; Multimodalidade;


Pandemia.

193
O OLHAR PARA A TRADUÇÃO E INTERPRETAÇÃO DE LÍNGUA DE SINAIS E GUIA-
INTERPRETAÇÃO A PARTIR DA PERSPECTIVA DIALÓGICA: ESFERAS E CONTEXTOS DE
ATUAÇÃO

Vânia de Aquino Albres Santiago – PUC-SP


vania.santiago10@yahoo.com.br

A atuação do Tradutor e Intérprete de Língua de Sinais (TILS) e também do Guia-intérprete (GI)


compreende processo complexo, ato social e ideológico, fazer que mobiliza aspectos linguísticos,
enunciativos e discursivos. Bakhtin (2016) explica que os textos são tomados como enunciados
incluídos na comunicação discursiva de dado campo do sentido onde criam-se dois polos: o primeiro
pressupõe um sistema universalmente aceito de signos, uma linguagem, ou seja, tudo que é repetível
e reproduzível e o segundo polo refere-se ao texto como enunciado, como algo individual, único
e singular, que lhe confere sentido, que só pode se revelar na comunicação discursiva de dado
campo. Para Volóshinov (2017), a língua vive e se forma historicamente na comunicação discursiva
concreta, ou seja, nos gêneros dos discursos determinados pelas interações discursivas. Assim, é a
partir da perspectiva dialógica de Bakhtin e do Círculo que nos propomos a olhar para os
campos/esferas de atuação do TILS e do GI e investigar de que forma os diferentes gêneros do
discurso operam sobre o fazer desses profissionais. Essa temática resulta das investigações da tese
de doutoramento e este estudo propõe novas reflexões e mapeamento das esferas de atuação do
TILS e GI, dos contextos de produção, circulação e recepção dos enunciados e das estéticas e
coerções instauradas pelos gêneros do discurso, com base na revisitação das pesquisas acadêmicas
citadas na tese e atualizações, entre os anos de 2010 e 2020. Este estudo em andamento se coloca
na cadeia discursiva das reflexões sobre essas atividades de trabalho e se justifica pela
possibilidade de colaborar com o desenvolvimento da profissão e com a construção de uma
formação profissional, voltado para o reconhecimento da atuação do TILS e GI como prática
discursiva.

Palavras-chave: tradução e interpretação, língua de sinais, abordagem dialógica,


campos/esferas, mapeamento.

ELABORAÇÃO DE QUESTIONÁRIO BILÍNGUE PARA TESTE DE RECEPÇÃO DAS JANELAS DE


LIBRAS POR SURDOS: UMA ANÁLISE DIALÓGICA
Vinícius Nascimento (UFSCar/UFSC)

No Brasil, devido às políticas públicas de inclusão social das pessoas com deficiência, a tradução
audiovisual acessível (TAVa) tem ganhado espaço considerável nos Estudos da Tradução.
Documentos legais como a Lei 10.098/00, o Decreto 5.296/04, o Decreto 5.626/05, a Portaria
310/2006, o Plano de Diretrizes e Metas para o Audiovisual (2013) e as Instruções Normativas
da Agência Nacional do Cinema (ANCINE) N. 116/2014 e 128/2016 e a Lei Brasileira de Inclusão
13.436/15, que criou o Estatuto da Pessoa com Deficiência, criaram, no ordenamento jurídico
brasileiro, um cenário de acesso ao audiovisual por pessoas surdas e cegas como um direito.
Somado a panorama legislativo, outros documentos, de caráter mais instrutivo do ponto de vista
técnico como a NBR 15/290 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e o Guia para
produções audiovisuais acessíveis do Ministério da Cultura (2016), orientam produtores, editores,
redes concessionárias e salas comerciais de exibição de filmes os parâmetros técnicos de como
promover o acesso desse público por meio de legendas, audiodescrição e janelas de Libras. No
que diz respeito ao último recurso, pouco se sabe sobre sua usabilidade do ponto de vista do
público. Diante disso, esse trabalho apresenta o processo de elaboração, tradução e validação de
um questionário bilíngue para avaliação da usabilidade das janelas de Libras por surdos no

194
contexto brasileiro. O questionário foi elaborado e traduzido em equipe considerando aspectos
tradutórios e técnicos de edição audiovisual e adotou como base teórico-metodológica concepções
advindas da perspectiva bakhtiniana e suas contribuições para o estudo da verbo- visualidade e
da tradução e interpretação intermodal. Após elaborado, o questionário foi submetido à validação
de surdos falantes da Libras e a versão final teve circulação nacional nas redes sociais, e-mails e
grupos virtuais com ampla participação de surdos.

Palavras-chave: Tradução audiovisual. Janela de Libras. Estudos Bakhtinianos. Libras.


Gêneros

SIMPÓSIO

INVESTIGAÇÕES SOBRE A LIBRAS E O UNIVERSO DA SURDEZ


Tayana Dias de Menezes, UFPE
Tayana.menezes@ufpe.br
Jurandir Dias Jr, UFPE
Carlos Mourão, UFPE

As investigações que centralizam o universo da surdez ainda são incipientes. No entanto, a


comunidade surda é um grupo que tem ganhado força e, por isso, tem feito ecoar sua voz. Isso
justifica a importância e relevância da proposta, uma vez que vivemos em um momento histórico
de luta e de reconhecimento em relação às diferenças/especificidades dos grupos minoritários.
Nesse sentido, propomos um estudo amplo que integre os níveis micro, ou seja, estudos descritivos
sobre a estrutura da língua de sinais, aos níveis macro, isto é, estudos relacionados à identidade
e à representação social do sujeito surdo. Além disso, propomos também observar as produções
artísticas e culturais da comunidade em questão. Em outras palavras, pretendemos investigar as
diversas facetas que constituem a pessoa surda e o universo da surdez. Os estudos da estrutura
linguística ratificam a complexidade da libras e esclarece as diversas possibilidade estratégicas
de elaboração textual da modalidade gesto-visual. Os estudos literários em libras lançam luz
sobre a rica produção da comunidade surda. E, por fim, os estudos sociodiscursivos que circundam
os sujeitos surdos oferecem insumos para repensar práticas discriminatórias legitimadas numa
sociedade que categoriza o ouvinte como padrão hegemônico. Desta forma, esse simpósio, pela
sua amplidão temática, prevê como método de pesquisa as análises discursivas que centralizam o
tema da surdez e a libras; a análise de conteúdos voltada às manifestações artístico-visuais em
língua de sinais, de forma que contribuam para a construção de uma teoria da Literatura Surda,
capaz de identificar e descrever seus fenômenos; bem como análise descritiva nos diversos níveis
da investigação linguística (fonológico, morfossintático e pragmático) e ainda no que tange à
tradução e interpretação de línguas de sinais.

Palavras-chave: Discurso; Surdo; Literatura Surda; Análise e descrição linguística; Tradução-


interpretação de línguas de sinais.

195
COMUNICAÇÕES DO SIMPÓSIO
A REPRESENTAÇÃO SOCIAL SOBRE O SURDO NA MÍDIA DIGITAL
Roberta Carla Cosmo da Silva, UFPE, roberta.carla@ufpe.br
Tayana Dias de Menezes, UFPE, tayana.menezes@ufpe.br

O trabalho é fruto da pesquisa desenvolvida no PIBIC 2020/2021 e o objetivo primeiro é


averiguar quais os elementos organizam a representação social (RS) sobre o surdo dentro de
discursos construídos pela própria comunidade surda. Para cumprir o propósito, analisamos perfis,
administrados por surdos, em diferentes redes sociais: no Facebook e no Instagram, a saber Coletivo
Surdovisão e Isflocos. A pesquisa foi orientada pela Teoria das Representações Sociais (TRS),
desenvolvida por Moscovici, e pela Análise Sóciocognitivista do Discurso, especialmente em Van
Dijk. Concluímos que os textos que circulam nessa esfera revelam uma luta contínua contra o olhar
pernicioso da alteridade, a comunidade ouvinte, e a reivindicação de uma representação positiva
sobre o surdo e sobre a surdez.

Palavras-chave: Representação Social; Surdo; Discurso; Mídia Digital.

AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA ALUNOS SURDOS EM TEMPOS DE PANDEMIA: DA


SALA DE AULA À CYBER DE AULA
Amauri Moret da Silva (PPGL/UNEMAT), amauri.moret@unir.br
Elizangela Patrícia Moreira da Costa (PPGL/UNEMAT), ecosta@unemat.br

Este trabalho é um recorte dos resultados parciais da pesquisa de Doutorado em andamento no


Programa de Pós-graduação em Linguística da Universidade do Estado de Mato Grosso. Neste
resumo apresentamos processos autorreflexivos que foram desencadeados no caderno de campo
durante o registro de aulas de língua portuguesa para alunos surdos. A pesquisa tem por objetivos
identificar quais as abordagens teórico metodológicas são utilizadas no ensino de língua
portuguesa para alunos surdos. O processo dialógico de autorreflexão foi desencadeado por
meio das teorias de Bakhtin e o Círculo (2011, 2018), compreendendo a metodologia de
desenvolvimento da pesquisa de cunho qualitativo, com produção de dados em contextos de
interação verbal consistindo em: registros no caderno de campo, entrevistas com professores e
gravação das aulas. A pesquisa de campo em tempos de pandemia é um caminho intrigante para
pesquisadores em educação desde a chegada do vírus da Covid 19 no Brasil. Nesse sentido, o
caderno de campo é uma escrita da perspectiva exotópica do compreendente que busca
reproduzir impressões da sala de aula como texto virtual ou real, e é necessário perceber a
compreensão que esse signo requer neste momento histórico e cultural. Tornando-se uma percepção
dialógica, porque pesquisamos e também questionamos a nós mesmos sobre a forma como
significamos nossa observação. Assim, compreendendo-a como signo em significação de modo a
ampliarmos as percepções da sala de aula remota como outra esfera da linguagem humana, do
ensino ou trabalho, em que as relações interindividuais são mediadas por tecnologias. Na pesquisa
temos atentado para produção de sentido sobre o signo sala de aula em relação a cyber de aula
e os efeitos dessa produção de sentidos na aprendizagem da língua portuguesa pelos alunos
surdos.

Palavras-Chave: Ensino remoto para surdos; Escrita exotópica; Cyber de aula.

196
LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS: UM DESAFIO PARA OS ENFERMEIROS NA ATENÇÃO
BÁSICA
Maria Virgínia Dias de ÁVILA - UFU/FATRA, virginia@ufu.br
Priscila Barbosa MARTINS – FATRA, priscilamartins852@yahoo.com.br

A comunicação é um processo de troca de mensagens e permite a compreensão do mundo e


garante a relação entre as pessoas. Na área da saúde, a comunicação entre enfermeiros da
Atenção Básica e clientes é fundamental para acompanhamento e tratamento adequado e de
qualidade, portanto é necessário que seja clara. No que se refere ao atendimento ao paciente
surdo ou com deficiência auditiva, a comunicação não verbal, isto é, por meio da Libras, é essencial
para que lhe seja garantido um tratamento eficaz. Sendo assim, este trabalho tem por objetivo
apresentar uma discussão sobre a importância de o enfermeiro se comunicar em Libras nas
consultas de enfermagem aos clientes surdos ou com deficiência auditiva. Trata-se de uma revisão
da literatura com pesquisa nos bancos de LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em
Ciências da Saúde) e SciELO (Scientific Eletronic Library Online). Ficou evidente que há ainda
dificuldades enfrentadas pelos enfermeiros em atender aos clientes surdos com deficiência
auditiva, como também pode-se constatar que há pouca procura por atendimentos na Atenção
Primária por esses clientes. Além disso, notou-se que há um descumprimento à Lei no. 13.146 /2015
que garante condições de igualdade e inclusão social de pessoas com deficiência. Na maioria dos
casos, o cliente surdo ou com deficiência auditiva é acompanhado por outra pessoa nas consultas
o que pode interferir na descrição dos sintomas, podendo, também, comprometer o diagnóstico e
o tratamento. Isso ocorre, dentre outros fatores, por vergonha do cliente em relatar seu quadro
clínico frente a outra pessoa ou por dificuldade de o intérprete conhecer os sinais correspondentes
em Libras das doenças. Foi possível concluir que o atendimento a esses clientes carece de uma
grande evolução no que concerne ao conhecimento e domínio de Libras pelos enfermeiros.

Palavras-chave: Atendimento em Libras; Enfermagem e Libras; Língua Brasileira de Sinais;


Paciente surdo.

197
SIMPÓSIO

CONSIDERAÇÕES SOBRE O ATRAVESSAMENTO DA LIBRAS EM FENÔMENOS QUE


CERCAM A SURDEZ

Coordenador: Lucimar Bizio, Instituto Federal de São Paulo


Silvana Zajac
Elaine Reis Laureano
prbizio@yahoo.com.br

A surdez e seus efeitos sobre o sujeito é uma questão que nos interroga e nos coloca diante de
uma diferença radical, dado que põe em cena uma língua, a de sinais, cuja materialidade é
distinta da oralidade. O que se estabelece entre a família, principalmente a mãe, e a criança
surda tem um papel fundamental na história do sujeito surdo e na relação que ele poderá
estabelecer com qualquer língua, seja esta de modalidade oral-auditiva ou visuo-espacial. Neste
simpósio discutem-se questões sobre língua materna, língua estrangeira, gêneros textuais, L1, L2,
Libras e Português, tanto na clínica psicanalítica, quanto na formação de professores e na mídia
digital. O objetivo deste simpósio é refletir/discutir sobre: 1) a formação continuada de
professores para o trabalho com a Libras envolvendo as práticas escolares de oralidade e as
possibilidades de contribuições da teoria interacionista neste processo, 2) a complexidade do
atravessamento de línguas para os surdos e se os impasses na clínica psicanalítica estão para além
da dificuldade do compartilhamento de um código linguístico e 3) a(s) representação (ões) da
Libras em memes que circulam em sites da internet. O método assenta-se sobre a perspectiva
qualitativa. Os resultados mostraram que a língua de sinais é um elemento central para entender
a complexidade dos fenômenos que cercam a surdez, como o processo de aquisição de linguagem,
as práticas escolares, a clínica psicanalítica e as representações da Libras na mídia digital.

Palavras-chave: Interacionismo; Linguística; Língua de Sinais; Surdez; Escrita.

COMUNICAÇÕES DO SIMPÓSIO
A QUESTÃO DA LÍNGUA NOS IMPASSES DA CLÍNICA PSICANALÍTICA COM SURDOS
SINALIZANTES
Sofia Nery Lieber, sofianl18@gmail.com

A surdez e seus efeitos sobre o sujeito é uma questão que nos interroga e nos coloca diante de
uma diferença radical, dado que põe em cena uma língua, a de sinais, cuja materialidade é
distinta da oralidade. O que se estabelece entre a família, principalmente a mãe, e a criança
surda tem um papel fundamental na história do sujeito surdo e na relação que ele poderá
estabelecer com qualquer língua, seja esta de modalidade oral-auditiva ou visuo-espacial. Nesse
contexto, o objetivo desta apresentação é refletir/discutir sobre a questão da língua nos impasses
da clínica psicanalítica com surdos sinalizantes. Parto do pressuposto de que a psicanálise é uma
prática que teoricamente não exclui nenhum sujeito falante. O sujeito surdo sinalizante é candidato
a analisante desde que o psicanalista saiba Libras. A discussão será trabalhada a partir da
introdução de fragmentos clínicos para problematizar alguns impasses desta clínica, quais sejam,

198
a questão da queixa e da demanda de tratamento nas entrevistas preliminares, a transferência e
a associação livre. Pretende-se refletir/discutir que complexidade é esta e se ela está para além
da dificuldade do compartilhamento de um código linguístico.

Palavras-Chave: Surdez; Psicanálise; Libras; língua; linguagem.

APROXIMAÇÕES AO INTERACIONISMO NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES


Silvana Zajac, Universidade Federal de São Paulo
silvana.zajac@unifesp.br

O propósito desta comunicação é trazer algumas reflexões sobre a formação continuada de


professores para o trabalho com a Libras envolvendo as práticas escolares de oralidade e as
possibilidades de contribuições da teoria interacionista neste processo. A oralidade apresenta-se,
em sala de aula, sob a forma dos gêneros orais e/ou textuais que por sua vez converte-se em um
processo comunicativo que se expõe em situações de comunicação formais e informais. O
interacionismo, proposto por Claudia de Lemos afirma que a criança é capturada por um
funcionamento linguístico-discursivo por meio de sua interação com o adulto, instância desse
funcionamento. Desse modo, o que predomina na fala da criança são as marcas da fala do adulto
e a relação estrutural entre essas falas. No caso dos alunos Surdos, esse processo é afetado pela
perspectiva bilíngue que coloca em jogo a interface da língua de sinais, da língua oral e o trabalho
do professor. Assim, com base em uma pesquisa bibliográfica, este trabalho busca analisar a
hipótese de que métodos e técnicas da pedagogia são atravessados por um jogo particular de
relações, que fogem de qualquer possibilidade de controle, nos processos dialógicos que ocorrem
no âmbito educacional.

Palavras-chave: Formação de professores; Libras; Surdos; Interacionismo brasileiro.

BIOLOGIA E LIBRAS: AS RELAÇÕES DO LINGUÍSTICO PARA SURDOS E PROFESSORES


OUVINTES
Lucimar Bizio - IFSP
prbizio@yahoo.com.br

Atualmente, a oferta de educação para surdos aponta na direção de uma proposta pedagógica
bilíngue, em que o linguístico precisa ser convocado, assim como toda comunidade escolar. O aluno
surdo deve encontrar um ambiente linguístico favorável ao desenvolvimento da sua identidade
como ser capaz e, para tanto, é preciso que a escola reconheça e valorize a sua cultura, ou seja,
que vá além dos pressupostos da escola inclusiva e se reorganize na direção de uma escola
bilíngue e bicultural. Quando se pretende uma educação inclusiva em Biologia, voltada aos alunos
surdos, se faz necessário um repensar de práticas e estratégias não só de ensino, mas de uso de
língua que atendam às necessidades destes alunos. Ainda é escassa utilização de recursos visuais
do ensino de Ciências/Biologia pelos alunos com surdez. Primeiramente, a proposta desse Projeto
– LIBIO - é a oferta de aula de Biologia pensada linguisticamente a partir do surdo, em sua língua
materna, a língua de sinais, com todos os seus recursos imagéticos. Significante e significado fazem
uma relação direta na produção de sentido no ensino de Biologia para surdos, em uma visão
saussuriana e lacaniana.

Palavras-chave: Libras, Surdo, Biologia, Educação, Linguístico

199
O QUE DIZEM OS MEMES SOBRE A LIBRAS? UM OLHAR PARA A LÍNGUA DE SINAIS EM
MÍDIA DIGITAL
Elaine Reis Laureano – UFPB
elainereis1406@gmail.com

As mídias digitais vêm se configurando como espaços potentes para a circulação de diferentes
gêneros discursivos que abordam temas diversos como a própria organização da língua em sua
relação constitutiva com os sujeitos. Um exemplo disso são os memes que, através do humor,
abordam conteúdos relacionados à língua de sinais que constitui os sujeitos surdos. Pensando nisso,
esta comunicação tem o objetivo de discutir a(s) representação(ões) da Libras em memes que
circulam em sites da internet, a partir de um estudo exploratório de cunho qualitativo. Verificou-se
que a Libras aparece como uma língua, cujo aprendizado, como outra qualquer, requer estudo,
dedicação e aproximação com seus usuários nativos, os surdos. Mas, também aparece de forma
caricaturada, descontextualizada, com ênfase no parâmetro das expressões não manuais, em
atuações de tradutores e intérpretes.

Palavras-chave: Meme; Libras; Mídia digital.

SINALIZAÇÃO ATÍPICA: UM ESTUDO ACERCA DA INTELIGIBILIDADE


Delmir Rildo Alves, Pós-graduando pela Universidade de São Paulo
delmir1000@gmail.com

Este trabalho tem como objetivo apresentar uma pesquisa em andamento que tem como foco a
mensuração sobre a inteligibilidade na sinalização atípica de surdos. Como estamos na fase inicial
da pesquisa pretendemos apresentar sobretudo o arcabouço teórico, a metodologia de coleta de
dados e as contribuições práticas desta pesquisa para a fonoaudiologia e para a educação.
Iremos abordar a coleta de dados da sinalização atípica que será feita com surdos com paralisia
cerebral, também conhecida como Encefalopatia Crônica Não Evolutiva, que apresentem
alterações na sinalização. Já para a avaliação da inteligibilidade da sinalização atípica desses
indivíduos será realizada por surdos, intérpretes de Libras e por fonoaudiólogos com conhecimento
de Libras. Para a avaliação da inteligibilidade da sinalização atípica, os avaliadores utilizarão
uma escala liker de 1 a 5. Também pretendemos elaborar duas escalas, sendo uma delas a de
autoavaliação da inteligibilidade. Ao final da apresentação do trabalho mostraremos como os
estudos sobre a inteligibilidade contribuem com a prática na fonoaudiologia e na educação.

Palavras-chave: língua brasileira de sinais; sinalização atípica; inteligibilidade

200
TEMÁTICA 26. ENSINO E PESQUISA EM DIFERENTES PERSPECTIVAS

ABORDAGEM TEXTUAL-DISCURSIVA NA PESQUISA E NO ENSINO: APROXIMAÇÕES


NO DISTANCIAMENTO

Coordenadora: Sueli Cristina Marquesi – PUC-SP


suelimarquesi.sm@gmail.com
Maria das Graças Soares Rodrigues – UFRN
Rivaldo Capistrano de Souza Jr. – UFES

O ensino remoto, grande desafio dos tempos de pandemia, encontra na Linguística Textual e na
Análise Textual dos Discursos (ATD) subsídios teórico-analíticos que se revertem em importantes
estratégias para a elaboração de aulas que favoreçam a participação e a aproximação dos
alunos no distanciamento vivido. Desde março de 2020, três grupos de pesquisa – Texto, Escrita e
Ensino, Análise Textual dos Discursos e Estudos em Linguística Textual, respectivamente, da PUC-SP,
da UFRN e da UFES, vêm buscando, na pesquisa linguística em interface com estudos sobre
metodologias ativas, discutir problemas identificados nos diferentes espaços de ensino de
graduação e de pós-graduação, analisá-los e sugerir estratégias para vencê-los. Isto nos leva a
propor este simpósio, com o objetivo de debater as seguintes questões: (i) Como organizar aulas
para o ensino em contextos digitais, que possibilitem promover a tão necessária interação que
viabiliza uma aprendizagem autônoma, significativa, que motive e possibilite ao aluno assumir o
protagonismo de seu aprendizado? (ii) Que planos de texto podem viabilizá-las? (iii) Quais
sequências textuais concorrem para esses planos de texto? (iv) Como fazer progredir
coerentemente o tópico de cada aula? (v) Como o professor assume a responsabilidade enunciativa
em cada aula elaborada? (vi) Como os princípios de textualidade se inter-relacionam nas
diferentes textualizações das aulas elaboradas? Para respondê-las, tomamos por base teórica
estudos sobre a abordagem dialógica do discurso Bakhtin (2013, 2015, 2016); sobre a ATD,
Adam (2011, 2019); Marquesi (2017); Rodrigues, (2021); Capistrano Júnior (2021) e estudos
sobre ensino em meios digitais Marquesi et al. (2019); Marquesi e Aguiar (2020), em interface
com estudos sobre metodologias ativas. Pesquisadores interessados no tema, subsidiados por
também por outras vertentes teóricas, poderão participar do simpósio, enriquecendo a discussão.

Palavras-chave: Da pesquisa para o ensino. Aulas remotas. Análise textual dos discursos. Planos
de Texto. Interação.

COMUNICAÇÕES DO SIMPÓSIO
A TEORIA DO FLOW COMO CONTRIBUIÇÃO PARA O ENGAJAMENTO DO ESTUDANTE EM
ATIVIDADES DE ESCRITA ACADÊMICA NO ENSINO HÍBRIDO: ALGUMAS REFLEXÕES
Andréa Pisan Soares Aguiar – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
andreapisan@uol.com.br

Em qualquer esfera de atividade humana em que pensemos, da mais simples à mais complexa, a
escrita está presente. No âmbito escolar, ela faz parte da vida do estudante desde a infância,
contudo, lidar com atividades de escrita não é algo livre de estresse e desmotivação. A ansiedade
diante da escrita pode afetar negativamente a percepção do aluno em relação à produção

201
textual, que passa a ser vista como uma atividade que deve ser desenvolvida segundo certas
regras e, muitas vezes, desprovida de criatividade e motivação. Isso posto, buscamos, neste estudo,
refletir sobre possíveis contribuições da teoria do flow para atividades de escrita acadêmica,
presenciais ou não, e sobre as características do estado de flow como auxiliares no aumento da
motivação dos alunos na produção de textos escritos. Estamos nos referindo, especificamente, aos
oito elementos que compõem a referida teoria, quais sejam: 1. metas e submetas definidas; 2.
feedback imediato; 3. presente primordial; 4; noção de tempo; 5. concentração profunda; 6.
controle; 7. equilíbrio entre capacidade e oportunidade; 8. exclusão do ego. Sabemos que, no
ensino híbrido, as atividades em sala de aula e fora dela devem ser pensadas de maneira a
engajar o aluno e levá-lo a aprimorar suas habilidades, caso contrário, conteúdos e exercícios
acabam reduzidos a repetições desprovidas de reflexão e sem o necessário desenvolvimento do
senso crítico. No contexto particular da escrita acadêmica, foco de nosso estudo, adotamos a noção
de escrita como processo, isso significa que ele envolve a escrita propriamente dita, a leitura, a
revisão e a reescrita, o que se denomina de continuum, ao longo do qual, os princípios de
textualidade, denominados coesão, coerência, informatividade, intencionalidade, aceitabilidade,
situcionalidade e intertextualidade, podem constituir estratégias claras que direcionam o produtor
do texto em um caminho seguro para o aprimoramento textual, tornando a escrita mais prazerosa.

Palavras-chave: teoria do flow; ensino híbrido; escrita acadêmica; princípios de textualidade.

ESCRITA ACADÊMICA NO CONTEXTO DE ENSINO REMOTO


Sulemi Fabiano Campos (UFRN/PPgEL/GETED)
sulemi.fabiano@ufrn.br

Neste trabalho tenho o objetivo em relatar uma prática de escrita no contexto de ensino remoto.
As aulas foram ministradas de forma síncrona pela plataforma Google Meet, com atividades e
orientações assíncronas. Somado ao ensino/aprendizagem da escrita acadêmica, saber
movimentar o discurso alheio continua soando como uma sinfonia desarmoniosa, principalmente em
um contexto de aulas remotas no qual a relação entre professor e aluno encontra-se em outro
formato de mediação (através de redes tecnológicas). Nas análises dos textos produzidos, na
disciplina específica de “Leitura e Produção de Textos Acadêmicos I”, questiono é condição
necessária seguir somente os modelos dos gêneros estudados (fichamento, resumo, resenha) para
que o aluno se constitua enquanto sujeito do “conhecimento”? Para tal, apoio-me em Foucault
(2009), que afirma que nem tudo o que uma disciplina produz é considerado por ela mesma como
conhecimento, ainda que os parâmetros da disciplina tenham sido seguidos à risca. Da mesma
forma, não basta que um aluno dê sinais de filiação a uma disciplina para que aquilo que ele diz
em texto adquira o estatuto de “conhecimento” – pode-se apenas reproduzir ideias que já circulam
em determinada disciplina, sem que aquele que as reitera tenha tido qualquer participação em
sua produção. Esta pesquisa aponta que dentre outras, são características da escrita acadêmica
atual: o extremo apego à palavra alheia; os aspectos genéricos e desfocalizados de
desenvolvimento do tema; a dificuldade para construir argumentos a favor ou contra uma questão
específica; e, principalmente, a frágil assunção de posicionamento com relação ao objeto de
escrita. A maneira como a escrita tem sido produzida na universidade, a relação parafrástica com
a palavra alheia e a obscuridade para construir argumentos ainda são pouco discutidas quando
pensadas como um conjunto de indícios que aponta para um modo de o sujeito contemporâneo se
inserir nos universos de linguagens.

Palavras-chave: escrita acadêmica; aulas remotas; sujeito; conhecimento

202
GÊNEROS, DISCURSOS E TIPOS DE TEXTO: ANÁLISE DE ENUNCIADOS VEÍCULADOS EM
MÁSCARAS NO CONTEXTO DA PANDEMIA DA COVID-19
Alexandro Teixeira Gomes (UFRN)
alextgomes@yahoo.com.br

A pandemia da COVID-19 incluiu no cotidiano do brasileiro o uso de máscaras como forma de


prevenção do vírus SARS-CoV-2, causador da referida enfermidade. Nesse contexto, foi possível
observar o surgimento de considerável recorrência do uso de máscaras com algum enunciado na
busca de transmitir determinadas informações aos interlocutores a exemplo de protestos,
denúncias, anúncios publicitários, entre outros. Nesse sentido, esta investigação tem por objetivo
caracterizar a máscara como suporte textual, bem como analisar que gêneros, que discursos e que
tipos de textos são mais frequentemente veiculados por esse suporte no recorte estabelecido. Do
ponto de vista metodológico, analisamos os enunciados veiculados em vinte máscaras coletadas na
internet, considerando como categorias o gênero, o discurso e o tipo de texto estabelecidos. Do
ponto de vista teórico, ancoramo-nos em autores na interface da Linguística da Enunciação, da
Linguística Textual e da Análise Textual dos Discursos e exemplo de Bakhtin (2003), Travaglia
(2007), Adam (2008), Marcuschi (2003, 2008), entre outros. Os resultados parciais apontam para
uma heterogeneidade de gêneros e de discursos para uma predominância da tipologia
argumentativa. Esperamos que essa investigação contribua para os estudos da área, elencando
como esses elementos corroboram para a constituição e para a interpretação dos diversos discursos
veiculados em nosso cotidiano.

Palavras-chave: Gênero discursivos; Tipos de texto; Suporte textual; Máscaras; Covid-19.

INTERAÇÃO EM AULAS REMOTAS: CONTRIBUIÇÕES DA PESQUISA EM ANÁLISE TEXTUAL


DOS DISCURSOS
Sueli Cristina Marquesi – PUC-SP
marquesi@pucsp.br

O ensino remoto, grande desafio dos tempos de pandemia, encontra na Análise Textual dos
Discursos (ATD), em interface com estudos sobre Metodologias Ativas, subsídios teórico-analíticos
que se revertem em importantes estratégias para a elaboração de aulas que favoreçam a tão
necessária interação entre professores e alunos nos espaços virtuais de aprendizagem. Neste
trabalho, proponho-me a discutir o processo dialógico viabilizado por aulas cujos planos de texto,
constituídos por sequências textuais imbricadas, em que predomina a sequência dialogal (Adam,
2011, 2019; Marquesi, 2021), propicia uma aula interativa. Para tanto, com base no aporte
teórico indicado, analisarei uma aula gravada e disponibilizada em power point, destinada a curso
de Graduação em Letras – formação de professores -, cujo diálogo proposto evidencia diferentes
tipos de perguntas, na progressão textual, cada uma delas com uma finalidade na expansão do
conteúdo tratado. Proponho-me, assim, a responder as seguintes questões: (i) Como se pode
constituir a sequência dialogal que facilita a interação do aluno e seu envolvimento na construção
do conhecimento? (ii) Quais tipos de perguntas se fazem presentes e quais suas funções na
sequência dialogal? (iii) Que plano de texto pode cumprir esta finalidade? (iv) Como outras
sequências, como a descritivas e a explicativas, se imbricam no referido plano para contribuir para
tal alcance? Para respondê-las, tomo por base teórica estudos sobre a abordagem dialógica do
discurso Bakhtin (2013, 2015, 2016); sobre a ATD (Adam, 2011, 2019; Marquesi, 2017, 2018);
sobre o ensino em meios digitais (Marquesi et al., 2019; Marquesi e Aguiar, 2020) e sobre
metodologias ativas (Horn e Staker, 2015; Bacich e Moran, 2018). O trabalho resulta de pesquisa
em andamento no grupo CNPq-PUC-SP – Texto, Escrita e Leitura, em diálogo com os grupos CNPq-
UFRN – Análise Textual dos Discursos e CNPq-UFES – Estudos em Linguística Textual.

Palavras-chave: Interação. Aulas remotas. Planos de Texto. Sequências Textuais. Pesquisa e Ensino.

203
PLANO DE TEXTO, SEQUÊNCIAS TEXTUAIS E ORGANIZAÇÃO TÓPICA EM UMA VIDEOAULA
Rivaldo Capistrano Júnior – UFES
r.capistrano@uol.com.br

Neste trabalho, assumo o pressuposto de que o ensino remoto assíncrono possui estratégias de
textualização específicas que buscam promover a interação entre professor-aluno e objetivo
descrever, analisar e interpretar a organização textual-discursiva de uma videoaula,
disponibilizada no Portal e-Aulas USP. Para tanto, proponho-me a responder às seguintes
questões: (1) Como se organiza o plano de texto dessa vídeo-aula? (2) Que sequências textuais
constituem esse plano de texto? (3) Qual a relação entre essas sequências textuais e a progressão
tópica? Em resposta a essas questões, busco fundamentação teórico-metodológica em estudos
sobre plano de texto e sequências textuais (ADAM, 2011, 2019; MARQUESI, 2017, 2021), sobre
ensino em meios digitais (MARQUESI e AGUIAR, 2020; CARVALHO, 2020) e sobre organização
tópica (JUBRAN, 2006; CAVALCANTE et al., 2017). O trabalho resulta de pesquisa em andamento
no grupo CNPq-PUC-SP – Texto, Escrita e Leitura, em diálogo com os grupos CNPq-UFRN – Análise
Textual dos Discursos e CNPq-UFES – Estudos em Linguística Textual.

Palavras-chave: Videoaula. Plano de texto. Sequências Textuais. Topicalidade

PONTOS DE VISTA DE PÓS-GRADUANDOS CONCERNENTES A AULAS REMOTAS


Maria das Graças Soares Rodrigues (UFRN)
gracasrodrigues@gmail.com

O advento da pandemia Covid-19 continua interrompendo vidas, gerando órfãos, viúvas, viúvos,
fragilizando ainda mais a economia mundial, de modo especial, o Brasil. Esse complexo cenário
modificou sobremaneira os hábitos das pessoas, das instituições das mais diferentes esferas, a fim
de evitar aglomerações. Nessa perspectiva, as universidades encontraram como alternativa, as
aulas remotas, tanto síncronas como assíncronas. Houve reação de recusa ao novo modelo para
professores e alunos que até então só tinham experiência com o ensino presencial. As metodologias
ativas já usadas no ensino a distância, também em aulas presenciais, foram adotadas como uma
alternativa que viabilizava a interação entre professor e alunos. Entretanto, problemas
tecnológicos afetavam / afetam de modo especial os alunos, que muitas vezes, não dispunham,
não dispõem de condições viáveis de acesso com qualidade. Para realização deste trabalho,
aplicamos um questionário com perguntas abertas a mestrandos e doutorandos de dois programas
de pós-graduação de diferentes regiões geográficas: Nordeste e Sudeste. Ressaltamos algumas
das perguntas: (1) Qual seu ponto de vista sobre as aulas remotas síncronas e assíncronas? (2)
Você gostaria de continuar com as atividades remotas? Justifique sua resposta. (3) Qual seu ponto
de vista acerca de sua interação com os colegas e os professores? (4) Você avalia que está
dispondo de mais tempo para se dedicar às leituras, à análise dos dados? Justifique sua resposta.
Para respostas a essas perguntas, estabelecemos como objetivos descrever, analisar e interpretar
o ponto de vista (PDV) dos informantes. A análise dos dados se ancora em perspectivas que se
complementam, ou seja, estudos centrados na Análise Textual dos Discursos, na Linguística de Texto,
na Enunciação e na Análise do Discurso. Para tanto, acompanhamos Adam (2019, 2020, 2021),
Rabatel (2016, 2017), Rodrigues (2017, 2020, 2021a, 2021b), Marquesi (2021), entre outros
autores. Por fim, os resultados parciais apontam PDV diferentes.

Palavras-chave: Ponto de vista. Análise textual dos discursos. Linguística de Texto. Enunciação.
Análise do Discurso.

204
RESENHA CRÍTICA NA UNIVERSIDADE EM TEMPOS DE PANDEMIA: COM A PALAVRA, OS
ESTUDANTES, NO PADLET
Sandro Luis da Silva (Universidade Federal de São Paulo)
sandro.luis@unifesp.br

O ensino emergencial remoto (ERE), tendo em vista o contexto da pandemia, tornou-se um grande
desafio para o processo de ensino-aprendizagem em todos os níveis - da educação infantil aos
cursos de pós-graduação. Ensinar por meio da tecnologia digital passou a ser mais um desafio
para o professor; aprender pelas tecnologias digitais também se tornou novo para os alunos,
exigindo daquele novas estratégias que promovessem a interação entre os sujeitos que participam
da prática pedagógica. Dentro do contexto acadêmico, ao ingressar na universidade, mais
especificamente na Universidade Federal de São Paulo, os alunos do curso de Letras têm o contato
com letramento acadêmico, por meio da Unidade Curricular (UC) Leitura e Produção Textual I.
Dentre os vários gêneros discursivos (Maingueneau, 2015) a serem trabalhados durante o
semestre, encontra-se a resenha crítica (Motta-Roth & Hendges, 2010). Esta comunicação objetiva
socializar uma pesquisa desenvolvida sobre comentários de alunos sobre filmes postados pelos
pares no mural do aplicativo Padlet (Rashid, Yunus, Wahi, 2019), recurso colaborativo, que permite
a criação/organização de conteúdo on-line por meio de murais dinâmicos e criativos a partir da
hiperligação de textos, imagens, vídeos, áudios e links, a partir dos quais os alunos escreveriam a
resenha crítica para a UC. Para nossa apresentação, fizemos trouxemos, por meio de pesquisa
qualitativa, a análise de 05 sequências argumentativas (Koch & Elias, 2016, Marquesi, Elias &
Cabral, 2008), que foram apresentadas em comentários no Padlet e os efeitos de sentido presentes
nas postagens sobre o filme indicado pelo colega e seus possíveis efeitos de sentido (Maingueneau,
2015), tendo em vista a cena enunciativa (Maingueneau, 2015), ou seja, a aula síncrona (Camargo
& Dados, 2021; Lemov, 2021). Pelos resultados apresentados, foi possível constatar que os
comentários ofereceram possibilidades linguístico-discursivas para a elaboração da resenha crítica
sobre o filme indicado, além de trazer interação na aula síncrona no ERE.

Palavras-chave: letramento acadêmico; resenha crítica; sequência argumentativa; efeito de


sentido.

SEQUÊNCIA DE AULAS PARA ESCRITA COLABORATIVA DE NEWSLETTER


Orientadora: Profª. Drª. Sueli Marquesi
Cíntia Barbone Oliveira - Pontifícia Universidade de São Paulo/PUC-SP: cinbaroli@uol.com.br
Glayce Kelly Barros Aquino - Pontifícia Universidade de São Paulo/PUC-SP:
glayce_kelly@globo.com
Juliana Pagliarelli dos Reis - Pontifícia Universidade de São Paulo/PUC-SP:
juliana.pagliarelli.reis@gmail.com
Mônica Cardoso Pereira - Pontifícia Universidade de São Paulo/PUC-SP:
ra00296241@pucsp.edu.br
Vanessa Pelissari - Pontifícia Universidade de São Paulo/PUC-SP: marchimoraes@yahoo.com.br

O presente trabalho tem por objetivo desenvolver uma proposta de material didático para aula
em contexto digital do conceito de plano de texto a partir do aporte teórico da Linguística Textual
(LT). Para tal, apresenta uma sequência didática intitulada “Plano de texto a partir da escrita de
newsletters”, cujo público-alvo é o 3º (terceiro) ano do Ensino Médio em ensino híbrido. Os aspectos
teóricos que serão abordados no decorrer das aulas são: plano de texto, coesão e coerência,
intencionalidade, informatividade, situacionalidade e sequências textuais, a serem desenvolvidos
no decorrer de 5 (cinco) aulas com duração de 45 (quarenta e cinco) minutos cada. Para a

205
produção do referido texto colaborativo serão utilizadas metodologias ativas de aprendizagem,
as quais possuem como principal característica a inserção do aluno/estudante como agente
principal de sua aprendizagem, comprometendo-se com o seu aprendizado, através das rotinas
de pensamento “olhando de perto” e “instrução por pares”. Como critério de correção será
utilizada a avaliação 360º, que abrange a avaliação feita pelo professor, a avaliação pelos
grupos e a autoavaliação. Além disso, serão trabalhadas as habilidades (EM13LP13) - que tratam
do planejamento, da produção, da revisão/edição, reescrita e avaliação de textos escritos e
semióticos - e (EM13LP16) – que se refere à utilização de softwares de edição de textos, fotos,
vídeos e áudios, bem como de ferramentas e ambientes colaborativos para criar textos e
produções multissemióticas com finalidades diversas – da BNCC. Com essas habilidades
trabalhadas sob o viés da LT, os discentes estarão aptos a produzir newsletters colaborativas para
tratar de diversos assuntos da contemporaneidade.

Palavras-chave: escrita colaborativa; newsletters; plano de texto; metodologias ativas.

VIDEOAULA NO YOUTUBE: HIPERTEXTUALIDADE E MULTIMODALIDADE NO ENSINO DE


REDAÇÃO DISSERTATIVA
Gabriela Gonçalves Carvalho, UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo)
gabriela.g.carvalho@hotmail.com

Neste trabalho temos como objeto de estudo uma videoaula no YouTube sobre dissertação para
ENEM e vestibulares. A pesquisa torna-se relevante porque vivenciamos frequentes mudanças em
nossas práticas comunicativas e interacionais proporcionadas pela tecnologia da comunicação e
da informação. As perguntas norteadoras desta investigação são duas, a saber: (1) Quais traços
configuram a videoaula analisada como uma produção hipertextual? (2) Quais recursos e
estratégias multimodais estão presentes na videoaula dirigida ao ensino de redação? Desse modo,
os objetivos são: (i) identificar características que propiciam à videoaula selecionada a condição
de constituir-se como produção hipertextual; (ii) analisar recursos e estratégias multimodais na
videoaula sobre dissertação no YouTube. O trabalho está embasado em estudos do texto, do
hipertexto e da multimodalidade. Resultados apontam que traços como a multilinearidade, a
multimodalidade, a intertextualidade e a interação podem caracterizar a videoaula no YouTube
como produção hipertextual e que os recursos e as estratégias multimodais possuem funções
didáticas e interacionais, neste tipo de produção, além de impulsionarem a publicidade
relacionada ao professor responsável pela videoaula.

Palavras-chave: Videoaula; Hipertexto; Multimodalidade; YouTube

206
SIMPÓSIO

PESQUISA NARRATIVA NA BASE DE REFLEXÕES SOBRE INCLUSÃO E IDENTIDADES


DOCENTES

Coordenadores: Tania Regina de Souza Romero (UFLA)


Dilma Maria de Mello (UFU)
Viviane Cabral Bengezen (UFG- Campus Catalão)

Este simpósio alinha-se à compreensão de que a linguagem, em suas diversas semioses, constitui e
transforma historicamente indivíduos e contextos sociais, uma vez que constrói significados tecidos
por meio da interação que são reveladores do eu, do nós, do outro e de visões de mundo. O foco
de interesse é particularmente a pesquisa narrativa como ferramenta de especial poder na e para
a formação inicial ou continuada de professores de línguas no que concerne reflexões relacionadas
a inclusão e identidades docentes. Nesse enfoque, a pesquisa narrativa tem como base histórias
vivenciadas ou projetadas pelo próprio pesquisador-educador ou pessoas de seu entorno que
contribuem para a compreensão e ressignificações constantes do espaço escolar e objetivos
educacionais. A inclusão é vista como um processo de construção de condições que propiciem o
pertencimento das pessoas com necessidades individuais diferentes. E, complementarmente, as
identidades docentes, apesar de serem contraditórias, complexas e dinâmicas, uma vez que são
permeadas por vozes, contextos e paradigmas dissonantes, constituem-se em construto central para
o entendimento das mudanças contemporâneas no cenário educacional. Sendo assim, este encontro
acolhe pesquisas que tematizam discussões de inclusão e processos de construção identitária do
professor-educador, pautadas em narrativas elaboradas em linguagem verbal, visual ou
multimodal.

COMUNICAÇÕES DO SIMPÓSIO
IDENTIDADES E CRENÇAS SOBRE SER E APRENDER A SER PROFESSOR DE INGLÊS:
NARRATIVAS NA FORMAÇÃO INICIAL
Luciana Kinoshita Barros (Unifesspa)
luciana.kinoshita@unifesspa.edu.br

Investigamos as identidades e crenças de alunos de um curso de Letras Inglês de uma universidade


federal em Marabá/PA, nível de ensino onde ocorre a formação inicial de quem ensinará inglês
na Educação Básica. O objetivo foi compreender como as crenças de graduandos de Letras Inglês
sobre como ser e aprender a ser professor de inglês durante a licenciatura estão relacionadas ao
processo de formação de sua identidade docente. A partir de tal compreensão, é possível ter
acesso mais profundo às identidades e crenças que esses sujeitos constroem com base em fatores
contextuais complexos presentes em suas trajetórias. Nossa investigação envolveu pesquisa
bibliográfica e de campo. A primeira foi baseada em estudos sobre identidades e crenças como
Almeida Filho (2010), Feng Teng (2019), Hall (2003, 2000), Kalaja et al (2015), Kalaja e Barcelos
(2006), Kinoshita (2018), Leffa (2011), Majchrzak (2018), entre outros. Como pesquisa de campo,
desenvolvemos um Estudo de Caso utilizando como instrumento narrativas multimodais de ensino-
aprendizagem. Participaram como sujeitos alunos calouros, concluintes e egressos do referido curso
para que assim tivéssemos um panorama das identidades e crenças presentes quando os indivíduos
começam e terminam sua formação inicial. Resultados apontam que a identidade profissional
criada pelos sujeitos está sendo construída a partir das crenças que eles formaram e modificaram
ao longo do curso por meio de suas próprias vivências passadas e presentes em ensinar e aprender

207
idiomas em diferentes contextos. Percebemos que o baixo status que o professor tem no Brasil
exerce influência nas crenças deles, bem como na sua motivação para seguir (ou não) a profissão
docente e nas identidades que eles assumem, uma vez que, por se tratar de um curso de Letras
com habilitação em uma língua estrangeira, os alunos se identificam mais como aprendizes do
idioma alvo do que como um futuro professor da língua.

Palavras-chave: identidades; crenças; formação inicial de professores; narrativas multimodais;


Letras Inglês.

NARRATIVAS SOBRE INTERCULTURALIDADE E APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS POR IMERSÃO


Luana Cristina de Oliveira Santos, Universidade Federal de Lavras
luanna-oliveira@hotmail.com
Dra. Profa. Tania Regina de Souza Romero, Universidade Federal de Lavras taniaromero@ufla.br

Partindo de narrativas de intercambistas, esta comunicação tem por objetivo investigar e


compreender suas experiências especificamente quanto a: (a) como se deu a aprendizagem de
língua adicional por imersão; (b) se viver no país em que se fala a língua-alvo colaborou para a
aprendizagem da língua; e (c) se há indícios de que os colaboradores desenvolveram competência
intercultural. Nesse sentido, participaram deste estudo de caso cinco intercambistas brasileiros que
narraram suas experiências de mobilidade acadêmica internacional orientando-se por um
questionário oferecido pelas pesquisadoras. Os princípios da pesquisa qualitativa foram utilizados
para a coleta e a análise dos dados. A análise revelou que o processo de aprendizagem da língua
alvo se deu principalmente com o uso de estratégias de aprendizagem dos tipos: cognitivas,
compensação, metacognitivas e, sobretudo, as socioafetivas, que permitem que o estudante
aprenda a língua por meio da colaboração e da interação com os outros indivíduos. Além disso,
afirmam que o diferencial de terem vivido no país da língua-alvo foi terem contado com fatores
como cultura e interação. Por fim, dentre os cinco indícios de competência intercultural definido por
Byram (1997), os identificados na pesquisa foram: curiosidade, conhecimento, habilidades de
descoberta e interação e consciência crítico-cultural/educação política. Por meio dos resultados
deste estudo foi possível inferir que na experiência de intercâmbio formaram-se falantes
interculturais e agentivos.

Palavras-chave: Narrativas; Aprendizagem por imersão; Interculturalismo.

208
SIMPÓSIO

ENSINO DE LÍNGUAS PARA FINS OCUPACIONAIS: PESQUISA, ENSINO, PRÁTICAS


PEDAGÓGICAS, DESAFIOS E REFLEXÕES

Coordenadora: Daniela Terenzi (IFSP)


daniela.terenzi@ifsp.edu.br
Andrea Monzón (IFRS)
Sabrina Bonqueves Fadanelli (UCS)

O ensino técnico e tecnológico está em constante crescimento no contexto nacional, principalmente


com a expansão dos Institutos Federais e das Faculdades de Tecnologia. Nesse contexto, e
considerando as necessidades e demandas do mundo do trabalho, o ensino de línguas para
propósitos ocupacionais tem se tornado popular e vem sendo alvo de várias pesquisas, visto que
é um cenário desafiador para o professor que precisa lidar com gêneros e vocabulário que não
são da sua área de especialidade. O objetivo deste simpósio é proporcionar oportunidades de
compartilhamento e reflexão sobre pesquisas, ensino, práticas pedagógicas e desafios
considerando o ensino de línguas para propósitos educacionais, específicos, ocupacionais e/ou
acadêmicos no âmbito da formação profissional técnica e/ou superior. Para tanto, pretendemos
congregar trabalhos que tratem das relações dialógicas entre ensino de línguas, educação
profissional, línguas para usos específicos/ocupacionais/acadêmicos, estratégias e recursos
pedagógicos para aulas de línguas, formação docente e ensino de línguas, estudos com corpora
e léxico especializado, entre outros aspectos relacionados ao ensino e à aprendizagem nesse
cenário. Como resultado, esperamos que com o diálogo
entre pesquisas e pesquisadores possamos fomentar discussões e novas perspectivas em prol de
melhores práticas e frutos considerando o ensino de línguas para fins específicos, em especial o
ocupacional.

Palavras-chave: Línguas para propósitos ocupacionais; ensino técnico e tecnológico;


relações dialógicas entre ensinos de línguas.

COMUNICAÇÕES DO SIMPÓSIO
A LÍNGUA INGLESA NO DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES NECESSÁRIAS À
FORMAÇÃO DO ALUNO DO ENSINO TÉCNICO: UM DIÁLOGO COM A BASE TECNOLÓGICA
Gleiciane Oliveira de Morais
gleycemorais@gmail.com

Estabelecer objetivos para o ensino de inglês em um curso de nível médio-técnico (ETIM e Técnico
modular- Centro Paula Souza) vai além de decidir quais são as bases tecnológicas sugeridas no
Plano de Curso (PC) serão abordadas durante o ano letivo; é necessário pensar em como
contextualizar esse conhecimento. Normalmente, o docente de língua inglesa faz o trabalho
solitário de buscar meios de tornar tal conteúdo interessante e significativo para o aluno, sem que
haja um diálogo com a base tecnológica. A busca por uma solução me traz até aqui com o objetivo
de compartilhar a prática docente na minha unidade escolar, contribuir e, também, de buscar
subsídios teóricos sobre a temática do Ensino De Línguas Para Fins Ocupacionais A relação entre o
ensino de inglês, tecnologia e protagonismo dos alunos sempre foi mais estreita do que em outras

209
disciplinas do currículo. Devido as suas especificidades, o ensino de uma língua estrangeira exige
a busca por abordagens e métodos de ensino diferenciados das demais disciplinas curriculares;
por não se tratar de ensinar apenas conceitos teóricos, mas do processo de aquisição de uma nova
língua. Essa especificação pode favorecer o professor de língua estrangeira, no sentido de torná-
lo mais habilitado a inovar e buscar novos caminhos para implementar a sua prática docente, além
de contribuir com a formação do aluno dentro da área técnica específica. O ensino de inglês ao
promover o diálogo com as disciplinas técnicas passa a ter um papel ainda mais relevante dentro
de cada curso por poder transitar entre várias disciplinas, interagir com vários professores e
desenvolver trabalhos realmente inter ou transdisciplinares nos quais as metodologias de ensino
de línguas, possam contribuir com o aprendizado das disciplinas técnicas.

Palavras-chave: ensino de inglês; ensino técnico e tecnológico; prática docente.

ANÁLISE DE LIVROS DIDÁTICOS PARA ENSINO/APRENDIZAGEM DE INGLÊS PARA


AVIAÇÃO EM RELAÇÃO ÀS NECESSIDADES DE MECÂNICOS E ENGENHEIROS
AERONÁUTICOS
Maria Claudia Bontempi Pizzi, IFSP - Câmpus São Carlos
mclaudiapizzi@ifsp.edu.br

O inglês, como língua franca da aviação, é de extrema importância na formação de diversos


profissionais da área. A maioria dos materiais didáticos voltados para o inglês para aviação
parece focar na formação da proficiência linguística de pilotos, comissários e controladores de
voo, cuja aplicação do idioma é direta e oral. Os mecânicos de aeronaves e os engenheiros
aeronáuticos, no entanto, também utilizam a língua inglesa rotineiramente, seja durante a consulta
aos manuais, seja no preenchimento de relatos de discrepância para registro de serviços feitos
para empresas estrangeiras, etc.. Dois projetos de Iniciação Científica realizados em 2018 e 2019,
portanto, após levantamento dos livros didáticos disponíveis no mercado, levaram em consideração
as necessidades específicas das áreas de manutenção de aeronaves, em suas três especialidades
(células, grupo motopropulsor e aviônicos), tendo como base manuais da Agência Nacional de
Aviação Civil (ANAC) e de engenharia aeronáutica, embasando-se em projetos pedagógicos de
cursos ofertados por instituições de ensino públicas e/ou privadas, para elaborar checklists que
foram usadas para analisar conteúdos programáticos de tais materiais. Para tanto, a pesquisa foi
embasada por estudos sobre Inglês para Fins Específicos (English for Specific Purposes – ESP), que
foca no atendimento das necessidades profissionais dos estudantes. Espera-se, portanto, que o
livro didático proporcione aos alunos, por meio de material autêntico, chances de perceber a
relação dos conteúdos com as habilidades necessárias para sua atuação profissional. Dessa
maneira, com base em tais estudos, os resultados poderão contribuir para a valorização da
elaboração de material didático de inglês para mecânicos de aeronaves e engenheiros
aeronáuticos, além do encaminhamento de novas pesquisas.

Palavras-chave: ESP; Inglês para Aviação; Inglês para Manutenção de Aeronaves; Inglês para
Engenharia

210
LETRAMENTO TERMINOLÓGICO E ACESSIBILIDADE TEXTUAL E TERMINOLÓGICA NO
ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA EM ESCOLAS PÚBLICAS DE ENSINO MÉDIO
Maria Luiza de Paula (IFRS)
maria.paula@aluno.feliz.ifrs.edu.br
Andrea Monzón (IFRS)
andrea.monzon@feliz.ifrs.edu.br

Nas aulas de Língua Portuguesa do Ensino Médio, especialmente em conteúdos gramaticais,


observa-se a grande ocorrência de termos ou terminologias. Contudo, tais termos nem sempre são
plenamente compreendidos pelos estudantes, particularmente no que se refere aos conceitos a eles
relacionados. Entende-se, portanto, que seja relevante pesquisar o letramento terminológico e a
acessibilidade textual e terminológica (ATT) neste contexto educacional, visto que as linguagens
especializadas também estão presentes na educação básica. Os objetivos deste trabalho são: i)
investigar a compreensão de termos gramaticais e seus respectivos conceitos no ensino de Língua
Portuguesa, sob a perspectiva de professores de Ensino Médio; ii) investigar como ocorre o ensino
desses termos gramaticais; iii) construir propostas pedagógicas. Esta pesquisa se baseia em estudos
da Terminologia, Teoria Comunicativa da Terminologia, da ATT e as relações desses aportes com
o ensino. A parti disso, entende-se aqui que o habitat natural dos termos gramaticais é, neste
contexto, o livro didático e as gramáticas para consulta. Foram realizadas entrevistas
semiestruturadas com professores de Língua Portuguesa do Ensino Médio. Foi empregada análise
qualitativa a essas entrevistas com os professores, de modo a melhor perceber e evidenciar a
forma como os alunos compreendem e desenvolvem, ou não, seus letramentos voltados aos termos
gramaticais. Resultados preliminares apontam que, na percepção de professores, não ocorre uma
apropriação plena dos termos gramaticais e seus conceitos pelos alunos, bem como os livros
didáticos e gramáticas consultados não viabilizam nem tornam acessíveis terminológica e
textualmente esse conhecimento. À luz das análises de dados, foram elaboradas estratégias
pedagógicas voltadas ao letramento terminológico e à ATT para o ensino médio. Concluímos que
propiciar a construção dos letramentos, inclusive o terminológico, por parte dos professores de
Língua Portuguesa, contribui para o desenvolvimento pleno dos estudantes para a sua produção
de sentidos para além da sala de aula.

Palavras-chave: ensino de Língua Portuguesa; Terminologia e ensino; letramento terminológico;


acessibilidade textual e terminológica.

LÍNGUA INGLESA E INTERNACIONALIZAÇÃO: UMA ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA NO


CONTEXTO ACADÊMICO
Eliana Kobayashi – Instituto Federal de São Paulo - likobayashi@ifsp.edu.br
Roberto Higashi – Universidade de Guarulhos - robertohigashi@gmail.com

O processo de internacionalização das instituições de ensino brasileiras reflete um movimento que


ocorre ao redor do mundo, embora no Brasil em um ritmo mais vagaroso. Entre os vários aspectos
que possibilitam as ações de internacionalização, a língua inglesa confirma a sua relevância, uma
vez que colaborações internacionais em pesquisa, mobilidade estudantil e de docentes, programas
em EMI e diversidade internacional pressupõem a utilização de uma língua em comum, e o inglês
é uma das mais utilizadas. Assim, investigações sobre a relação entre internacionalização e inglês
tornam-se cada vez mais necessárias no Brasil. Este trabalho consiste em uma pesquisa
bibliográfica que utiliza a análise bibliométrica para traçar um panorama sobre as publicações,
países de origem, autores entre outros aspectos que abordaram internacionalização e língua
inglesa no contexto acadêmico, no período de dez anos, de janeiro de 2010 a janeiro de 2020,

211
por meio do banco de dados Web of Science. Os termos de busca para tanto foram: English
language, internationalization (ou internationalization), education, higher education, English-Medium
Instruction visto que poderiam refletir o escopo pretendido na investigação. Foram encontrados
254 artigos revisados por pares em 146 diferentes fontes. O país com a maior produção é a
Espanha (65 artigos), seguido da China (47), Reino Unido (33), Rússia (31) e Japão (21). O Brasil
tem produção equivalente à da Austrália e dos Estados Unidos com 19 artigos. A temática foi
mudando de atitudes, linguagem, educação, internacionalização e globalização para linguagem,
educação superior, atitudes, conhecimento e desafios. Foram identificados três tipos de rede: uma
de colaboração forte entre a China, o Canadá, Austrália, Estados Unidos da América e Reino
Unido; uma menor entre o Reino Unido, o Japão e a Rússia; e outra menor ainda entre Estados
Unidos e Coréia. Observa-se também que a produção anual vem crescendo desde o ano de 2010.

Palavras-chave: língua inglesa; internacionalização; bibliometria

TERMINOLOGIA PEDAGÓGICA E INGLÊS PARA PROPÓSITOS ESPECÍFICOS/ACADÊMICOS:


UMA PARCERIA NECESSÁRIA NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
Andrea Monzón (IFRS-Campus Feliz)
andrea.monzon@feliz.ifrs.edu.br

Desenvolver o conhecimento e o uso de terminologias/termos de um determinado domínio,


atrelando isso ao desenvolvimento da formação acadêmico-profissional, é uma demanda
pedagógica no contexto dos Institutos Federais. Desse modo, o presente trabalho traz experiências
de ensino e sua associação à pesquisa no âmbito do Projeto TermiLet (Terminologias e Letramentos
na Educação Profissional), que visa desenvolver os múltiplos letramentos de alunos de diversas
áreas através da parceria teórico-metodológica entre terminologia pedagógica e ensino de
línguas para a formação acadêmico-profissional. Partiu-se, portanto, de pressupostos da Teoria
Comunicativa da Terminologia, da Linguística de Corpus e da Perspectiva Textual da Terminologia,
bem como as interfaces dessas áreas com o ensino-aprendizagem de línguas. Baseou-se, ainda,
em um estudo realizado em cursos técnico e superior da área de Informática do IFRS-Campus Feliz,
no qual se buscou investigar os letramentos sob o viés terminológico, desenvolver estratégias e
recurso didático-pedagógicos, assim como contribuir para a construção de princípios norteadores
envolvendo Inglês para Propósitos Específicos/Ocupacionais na educação profissional. Como
resultados, ao expandir-se o que já vinha sendo realizado na área de Informática, além de se
adaptar isso às especificidades de cursos nas áreas de Química, Meio Ambiente e Administração,
foram observados resultados positivos no ensino-aprendizagem de línguas em nível médio e
superior. Acredita-se que isso se deva a essa parceria entre os insumos teórico-metodológicos de
Terminologia Pedagógica e ensino de línguas, o que promoveu os múltiplos letramentos e uma
educação linguística mais efetiva e crítica. Conclui-se que aliando-se subsídios da Terminologia e
do Inglês para Propósitos Específicos/Ocupacionais aos múltiplos letramentos se pode construir
propostas didático-pedagógicas em consonância com as demandas e peculiaridades da Educação
Profissional.

Palavras-chave: terminologia pedagógica; inglês para propósitos específicos/ocupacionais;


linguagens especializadas.

212
SIMPÓSIO

PESQUISA COLABORATIVA: CONTRIBUIÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO


PROFISSIONAL DOCENTE

Coordenadora: Ana Sílvia Moço Aparício, USCS


anaparicio@uol.com.br
Elizabete Cristina Costa Renders, USCS
Maria de Fátima Ramos de Andrade, Mackenzie

Entendemos que o professor pesquisador tem mais condições de compreender a sua prática, de
buscar caminhos para a superação de suas dificuldades e de assumir o seu ofício com mais
autonomia. Ressalta-se aqui que, quando se pesquisa a prática pedagógica no contexto escolar,
em um trabalho colaborativo constituído dialogicamente entre professor pesquisador e
professor(es) regente(s), atuantes na escola, colabora-se para a constituição de um trabalho mais
qualificado na escola e também na universidade. Os grupos colaborativos, enquanto espaços
formativos e de pesquisa, potencializam o desenvolvimento profissional em um movimento de
aprendizagem docente, por meio da reflexão e análise conjunta de suas práticas. A tomada de
consciência desses professores sobre seu próprio fazer pedagógico dá oportunidade à
universidade de conhecer as práticas escolares da educação básica e de repensar as estratégias
formativas. Tendo isso em vista, a proposta deste Simpósio é reunir e compartilhar trabalhos de
pesquisa, concluídas ou em andamento, de natureza colaborativa com atores da escola. São,
portanto, pesquisas voltadas diretamente para as áreas de atuação dos profissionais-educadores
em cada uma de suas especialidades, podendo ser de diversas naturezas, por exemplo: descritivo-
diagnósticas de realidades situadas, com inferências e proposições, experimentação de propostas
de ação pedagógica, novas metodologias ou práticas, gestão, utilização de mídias no ensino ou
na gestão, criação de softwares em áreas específicas ou criação de materiais didáticos com estudo
de validade, entre outras. Dessa forma, pretendemos ampliar as discussões que envolvem a
ampliação do diálogo entre a Universidade e Educação Básica, bem como dar maior visibilidade
às pesquisas desenvolvidas por educadores, uma importante estratégia para construção de
experiências inovadoras de formação docente.

Palavras-chave: Pesquisa colaborativa; Desenvolvimento profissional; Professor pesquisador;


Educação básica.

COMUNICAÇÕES DO SIMPÓSIO
A PESQUISA COLABORATIVA COMO (TRANS)FORMAÇÃO DA SUBJETIVIDADE DOCENTE:
UMA EXPERIÊNCIA NA PERSPECTIVA DA JUSTIÇA CURRICULAR
William Santos Nascimento
william.nascimento2000@gmail.com
Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS)
Sanny S. da Rosa
sanny.rosa@online.uscs.edu.br

213
O trabalho discute o potencial da pesquisa colaborativa para o processo de (trans)formação das
subjetividades docentes e para o fortalecimento das relações democráticas no ambiente escolar.
A partir do relato de uma experiência colaborativa de trabalho, desenvolvida com o objetivo de
reconstruir o projeto curricular de uma escola de ensino fundamental de tempo integral da rede
estadual paulista, busca-se evidenciar as relações entre os fundamentos teóricos e metodológicos
deste tipo de investigação com práticas formativas, político-pedagógicas e de gestão
comprometidas com uma educação democrática e de qualidade social. Para tanto, examina as
inter-relações das três dimensões do conceito de justiça curricular: o conhecimento (indispensável à
realização de uma vida digna); a convivência (respeitosa e solidária); e o cuidado (com todos os
sujeitos do currículo). Argumenta-se, com exemplos extraídos da prática, que os pressupostos
epistemológicos da pesquisa colaborativa contribuem para o desenvolvimento dos docentes como
intelectuais da educação e para a constituição de subjetividades democráticas indispensáveis à
construção de uma sociedade mais justa e solidária.

Palavras-chave: pesquisa colaborativa; subjetividade docente; justiça curricular; gestão


democrática da educação.

A PESQUISA COLABORATIVA E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES: EXPERIÊNCIA DE


SUPERAÇÃO DAS NORMATIZAÇÕES

Sandra Santella de Sousa - PUC-SP


ssantella@hotmail.com

Devido a pandemia pelo COVID-19 e as orientações das autoridades de saúde para o


distanciamento social, muitas atividades, em vários âmbitos, tiveram que ser reconfiguradas e
passaram acontecer virtualmente. Nesse contexto, este trabalho apresenta uma breve
contextualização sobre a constituição do cineclube de educadores da região Noroeste da cidade
de São Paulo e sua adaptação para o meio virtual, para então investigar se, e como os
participantes mobilizam e constroem patrimônios vivenciais, a fim de compreender o tipo de
agência construída nesses processos. Para atingir esse objetivo, analiso as discussões de
planejamento e interações dos encontros cineclubistas de educadores. Os estudos estão apoiados
na Teoria da Atividade Sócio-histórico-Cultural e nas compreensões da Linguística Aplicada sobre
a linguagem, compreendendo a demanda pelo emprego do conceito de patrimônio vivenciais e
agência no contexto de formação contínua de professores. A metodologia de pesquisa está
organizada por meio da Pesquisa Crítico-Colaborativa, em que participantes e pesquisador agem
juntos na reflexão crítica com vistas à construção de novas possibilidades de realidade a partir do
processo de pesquisa. Os dados foram coletados e produzidos por meio de gravações, em áudio
e vídeo dos encontros virtuais e notas de campo da pesquisadora. O material foi descrito,
analisado e interpretado com base em uma perspectiva enunciativo-linguístico-discursivas por meio
da análise argumentativa. A pesquisa está em fase da discussão dos dados coletados e os
resultados ainda são preliminares.

Palavras-chave: Cineclube; Formação de professores; Patrimônios vivenciais; agência.

214
CONSULTORIA COLABORATIVA DO PROFESSOR DE AEE PARA PRÁXIS INCLUSIVAS NO
ENSINO FUNDAMENTAL COM BASE NO DUA
Vera Lucia Messias Fialho Capellini, Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho –
UNESP/BAURU, vera.capellini@unesp.br ;
Maria Osvalda de Castro Feitosa Cristovam, Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho –
UNESP/BAURU, maria.osvalda@unesp.br

A inclusão escolar é garantida na legislação brasileira, mas na prática ainda enfrenta dificuldades
para se concretizar e demanda cada vez mais ações pedagógicas colaborativas que valorizem e
proporcionem o desenvolvimento individual de todos os estudantes e que de fato, promova a
aprendizagem. Esta pesquisa de mestrado trouxe à tona a questão da importância da
colaboração entre professores, especializados e da sala comum, para melhoria das práticas
inclusivas no avanço para inclusão efetiva. O objetivo central foi: Analisar o processo de
colaboração proposto entre a professora pesquisadora, que atua em Atendimento Educacional
Especializado (AEE) e o professor da sala comum, na implementação de práticas inclusivas com
base no Desenho Universal para Aprendizagem (DUA). A pesquisa do tipo qualitativa com
características de pesquisa-ação, desenvolvida em três etapas, Os resultados evidenciaram
fragilidades importantes no processo de ensino-aprendizagem, especialmente na área da
matemática. A avaliação da consultoria, pelos participantes foi apontada como um apoio efetivo
para melhoria da prática docente e mesmo tendo sido realizada remotamente, as ações da
pesquisa contribuíram de forma reflexiva e efetiva para a melhoria da qualidade das suas
práticas pedagógicas com todos os estudantes, com ou sem deficiência, e que após o participação
da consultoria, passaram a planejar mais colaborativamente situações práticas para diversificar
os recursos, universalizar os conteúdos considerando os princípios do DUA e assim proporcionar a
todos os estudantes oportunidades de acesso ao ensino, levando-os a avançarem em seus processos
de aprendizagem. Neste Sentido, foram atingidos os objetivos propostos na pesquisa, entre eles,
a constatação da importância da contribuição colaborativa, por meio da consultoria proposta, com
influência dos saberes e experiência do professor do AEE para melhoria das práticas pedagógicas
dos professores da sala comum. Os planos de aulas com uso do DUA foram elaborados como
Produto do Mestrado Profissional.

Palavras-chave: Práxis inclusivas; Consultoria Colaborativa; Matemática; Desenho Universal para


Aprendizagem- DUA.

DO ENSINO PRESENCIAL AO ENSINO REMOTO EMERGENCIAL: O IMPACTO DA PANDEMIA


NA ATIVIDADE DE TRABALHO DOCENTE SOB O ENFOQUE ERGO-DIALÓGICO
Márcia Cristina Neves Voges – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
mcnvoges@gmail.com

Este trabalho problematiza a complexidade da atividade humana ao propor reflexões que visam
verificar o impacto provocado pela pandemia na atividade de trabalho docente na transposição
do ensino presencial para o ensino remoto emergencial (ERE) no contexto da disseminação do novo
coronavírus, causador da COVID-19. O estudo se debruça sobre os aspectos laborais e o debate
de normas e de valores implicados na etimologia da educação presencial e via ensino remoto
emergencial perante as práticas de três professores que tiveram suas rotinas de trabalho
modificadas no contexto pandêmico. No que tange ao referencial teórico-metodológico, parte dos
estudos da perspectiva dialógica da linguagem, desenvolvidos pelo Círculo de Bakhtin (BAKHTIN,
2017; VOLÓCHINOV, 2017), e estabelece interlocução com a abordagem ergológica

215
(SCHWARTZ, 2006; 2014; 2016), que convoca diferentes dramáticas de uso de si no corpo-si
(SCHWARTZ, 2014), focalizando a atividade docente por meio dos discursos que emergem do
espaço de fala criado em situação de entrevista. Para tanto, a pesquisa se desenvolve em três
etapas: (i) análise de documentos/pareceres e normas técnicas emitidas por órgãos oficiais no
período de integralização do ensino remoto emergencial; (ii) análise de documentos que
regimentam e direcionam a prática docente dentro de políticas educacionais, como a Base
Nacional Comum Curricular (BNCC); e (iii) a entrevista com os três professores, sendo dois
professores do Nível Fundamental II e um professor do primeiro ano do Ensino Médio de Língua
Portuguesa, ambos pertencentes à educação básica pública de escolas estaduais do município de
Porto Alegre, RS, Brasil. Entende-se que o processo de transposição da prática docente presencial
para um ambiente de virtualidade pode ser estudado a partir das construções dialógicas sobre o
trabalho de ensinar que, na verbalização, refletem e refratam reelaborações e ressignificações
laborais.

Palavras-chave: Atividade docente; ensino remoto emergencial; dramáticas de uso de si; Círculo
de Bakhtin; Ergologia.

INGLÊS NA ESCOLA PÚBLICA: UM ESTUDO COLABORATIVO EM RELATOS DO PIBID


Patricia Pereira Bertoli, UERJ
pbertoli.uerj@gmail.com

O processo de formação de professores durante o período acadêmico pode contar com a


participação dos estudantes de licenciatura em projetos de iniciação à docência como o PIBID
(Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência), cujo objetivo principal é inserção desse
discente no contexto cotidiano de escolas públicas, a fim de contribuir para a valorização do
magistério para a educação básica. Tal contato visa proporcionar aos professores em formação
oportunidades para o desenvolvimento de materiais de ensino e a participação em experiências
metodológicas, tecnológicas e interdisciplinares. Neste contexto, está inserido o subprojeto de
inglês PIBID-UERJ-Maracanã, em que os discentes, de forma colaborativa, por meio de decisões e
análises negociadas coletivamente (IBIAPINA, 2008) entre os discentes, seu professor orientador e
o professor de inglês de uma escola pública desenvolveram e aplicaram atividades a partir de
situações comunicativas vivenciadas no ambiente escolar remoto. Este trabalho tem como objetivo
apresentar um estudo dos relatos dos participantes do subprojeto de inglês UERJ Maracanã em
vigor, desde sua concepção, passando pelos obstáculos que surgiram em virtude da pandemia da
COVID19 e o entendimento dos resultados da ação colaborativa por parte participantes, para o
enfrentamento das situações educativas do cotidiano (GITLIN, 1990) em sua futura prática
profissional.

Palavras-chave: pesquisa colaborativa; prática pedagógica; relatos.

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O USO DE CORPUS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES E PROFESSORES-PESQUISADORES
Marilisa Shimazumi – Faculdade Cultura Inglesa São Paulo marilisa.shimazumi@facultinglesa.com.br
Tony Berber Sardinha – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
tonycorpuslg@gmail.com

Atualmente com o fácil acesso à Internet e serviços de streaming, tanto alunos quanto professores
assistem frequentemente a vídeos e programas de televisão em inglês e não nos surpreende vermos
esses programas muitas vezes sendo utilizados como material complementar nas salas de aula de
inglês como língua estrangeira. Estudos sobre dimensões de gêneros discursivos em programas de
TV já apresentaram evidências de que diferentes programas parecem ‘preferir’ certas estruturas
linguísticas específicas mais frequentemente do que outras estruturas e isso representa um aspecto
importante para ser ensinado aos alunos: o fato de que não há um único gênero discursivo de
‘television English’ mas sim diferentes ‘television Englishes’. Neste trabalho, propomos um olhar para
o ensino de inglês que permita ao professor buscar, por meio de suas escolhas e práticas de ensino,
personalizar o conteúdo a ser trabalhado e a reorganizar e viabilizar esse conteúdo de forma
mais significativa para seu aluno. Apresentamos alguns dos padrões e estruturas linguísticas mais
comumente encontrados em programas de televisão inglesa extraídos de um corpus de mais de
76.000 programas de televisão inglesa divididos em 68 diferentes registros linguísticos
representando exemplos de linguagem em uso por falantes do idioma em diversos contextos de
situação. Entre os diversos registros, listamos programas infantis, humorísticos e jornalísticos,
programas de culinária e séries de TV. Como resultado, apresentamos quatro dimensões que
revelam ângulos salientes dos diversos registros que compuseram o nosso corpus. Descrevemos
cada uma das quatro dimensões apresentando as características gramaticais mais importantes de
cada registro fornecendo aos professores de inglês uma visão de como a gramática se relaciona
com os registros e com a língua em uso na televisão. Assim, esperamos que os professores possam
planejar suas aulas fazendo escolhas informadas e que possam aproveitar melhor o uso de
programas de televisão na sala de aula.

Palavras-chave: pesquisa com corpus; professor pesquisador; uso da língua


PESQUISAS DE PROFESSORES COM PROFESSORES: APRENDIZAGENS COLABORATIVAS
Ana Sílvia Moço Aparício, Universidade Municipal de São Caetano do Sul
anaparicio@uol.com.br

Entendemos que a pesquisa colaborativa, ao aproximar o professor pesquisador e o professor


regente, em contexto real, é uma estratégia formativa que contribui para o desenvolvimento
profissional de ambos. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é apontar, sob a ótica desses
professores, pesquisadores e regentes, contribuições do trabalho colaborativo que se constitui
nessa interação. A pesquisa, de natureza descritivo-analítica, tem como dados de análise os relatos
de participantes de pesquisa colaborativa e intervencionista, presentes em trabalhos finais de
curso de um Programa de Mestrado Profissional em Educação. Os resultados indicam que as
práticas pedagógicas vão sendo transformadas a partir das reflexões realizadas ao longo da
pesquisa, por meio do questionamento de crenças e valores, da problematização das escolhas
didáticas que orientam a prática dos professores na sala de aula. Com isso, pesquisadores e
regentes desenvolvem-se profissionalmente.

Palavras-chave: pesquisa colaborativa; desenvolvimento profissional; formação docente;


mestrado profissional.

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PROGRAMA RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA NA PERSPECTIVA DO TRABALHO COLABORATIVO:
CONTRIBUIÇÕES PARA DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DOCENTE
Maria de Fátima Ramos de Andrade, UPM, mfrda@uol.com.br
Nonato Assis de Miranda, USCS, mirandanonato@uol.com.br

O presente trabalho tem como objetivo apresentar o estudo realizado sobre as contribuições do
Programa Residência Pedagógica, na perspectiva do trabalho colaborativo, para a formação do
aluno do curso Pedagogia. Para a realização do estudo, acompanhamos oito alunas participantes
do Programa na elaboração de práticas que foram construídas colaborativamente com o
professor-preceptor no contexto escolar. A intenção foi compreender como o programa de
iniciação à docência, pautado na ideia do trabalho compartilhado, é nuclear para o
desenvolvimento profissional docente.

Palavras-chave: Formação inicial; Programa Residência Pedagógica; trabalho colaborativo.

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