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O autoritarismo em cooperativas e empresas privadas: uma investiga¢ao com dirigentes e gerentes por meio de uma escala baseada na Escala F de Adorno RESUMO José Ricardo de Paula Xavier Vilela ‘Antonio Carvalho Neto Humberto Elias Garcia Lopes ‘Neste artigo, investiga-se comparativamente a expressiio de tragos autoritarios de personalidade em dirigentes de cooperativas e de ‘empresas privadas, utilizando uma escala baseada na Escala F de Adomo, Nessa perspectiva, apresenta-se uma contribuigo impar na literatura sobre poder no Brasil. A pesquisa desenvolvida neste ‘estudo esta fundamentada na interface entre a teoria critica dos frankfurtianos e a psicanélise freudiana, expressa por uma escala, desenvolvida por Adorno em associagdo com pesquisadores da Califia (ADORNO er al., 1982). Realizou-se pesquisa quanti- tativa por meio da comparasio de grificos e do teste rde igualdade de médias. Ao todo, essa escala foi aplicada em 75 dirigentes de ‘cooperativas ¢ 140 de empresas privadas, e em IS8 gerentes de ‘cooperativas ¢ 650 de empresas privadas. A analise dos resultados reveloua maior expressio de tragos autoritarios entre os dirigentes de cooperativas, quando comparados os quatro grupos, sendo os irigentes de empresas privadas os menos autoritérios, mesmo se ‘comparados com os dois grupos de gerentes, que ficaram no nivel intermediério. Palavras-chave: poder nas organizagées, personalidade autoritéria, gestores de nivel estratégico, 4. INTRODUGAO © processohisttico de formagio da sociedade brasileira resultou em uma sociedade mestga de eas arstcritico, com relagdessocais mareadas pelo autoriarismo (CHAUI, 1986, DAMATTA, 1991 1997). Essa caacteristicas ranifestam-se nas orgohizagdes, mas empresas ¢ nas insiuigdespoltcas do pais, na forma de distanciamento do poder, personalismo e esilos pouco pattcpaivos de gestio(HOFSTEDE, 1983; BARROS, 2004; BERTERO, 2007. This is an Open Access article under the CC BY license autres agradecem & Fundogdo de Amparo & Pesquisa do Eslado de Minas Gers (Faperig) pol ‘ipole ao grupo de pesquisa NERHURT ds PUC Mena no qual se orgnou este arte, Recebido om 21Hoveroa/2008 ‘Aprovad em? /utubo!2008 ‘Sistema de Avaiado: Double Bind Review dior Ciestico:Ncolau Reinhard Jose Ricardo de Paul Xever Vil, Mestre © Dorado Progama de Pé-raduasi er 5 (PPGAY da Por Unerslade Cates e Vines Geras (PUG Mina, 6 Coorseradr de Pos-Grauarao em Petcis Niédss ne Universdade ama Fite! Furdarda Unimed e Pesqusaco do [NERHURT ~ Nick de Estutos em Reousos Humanos « Relaees de Trataho do PEGA da PUC Minas (CEP 20535012 ~ Belo Hor2oneMG, Bas small: pxv@yaneo.com br Ederego Ponta Univerdade Calica de Minas Gerais Progra de Pés-Graduasio em Acrinsragio ‘Avni Nal, 525, 105854012 ~ Belo Horonte - MG ‘AvionioCavate Note, Dot: em Anita, & Professor Pemanerte e Cooréenador do Progra de Pos-Gaduago om harerao (PPGA) da Poriia LUnvereade Cala de Nines Caras (PUC Mae, Pescador e Goorerader do NERURT ~ Niko Estudoe em Recureos Huranos e Relages de Tebabo {0 PPA da PUC Minas. © Convenor da Dio ce esto de Pessoes e Relates de Tabalho de ANPAD (CEP 20535.012~ elo Horo, Sas Email eavehonetogpueminas.r Humbert Eos Garcia Lopes, Dour em ‘mista, 6 Profesor Pecranente do Programa de Pée-Craduagio em Aaminstarte PPA) de Pontficia Universidade Catia ce Nina Gera (PUC Minas), Coordenadar © Pesquisador do NEMITEC = Nicko se Estitos em Exatgia, Marketing ¢ Invagio do PPGA da PUC Ninas (CEP 2053512 Belo HeszontaM, Sra E-malt pocgusagenitoe@yanoo com br RAdm,, S80 Paulo, w48, 1, p.84-86, jandfev.imar. 2010 ‘O AUTORITARISMO EM COOPERATIVAS E EMPRESAS PRIVADAS: UMA INVESTIGAGAO COM DIRIGENTES E GERENTES POR MEIO DE UMA ESCALA BASEADA NA ESCALA F DE ADORNO ‘Toda empresa possui seu quadto diretivo, sendo varias as formas uilizadas para na escolha de seus dirigentes. Em muites organizagdes, principalmente nas maiores ou naquelas em que © capital é menos concentrado, uma forma comum de escolha €a.utilzagdo de processos que envolvem avaliagio de curiculo, com foco em capacidade técnica e experiencia pessoal, ou {ndicagdo por conhecimento prévio de atuagao anterior, et. 0 certo é que existe algum critério para a escolha Hi situagdes nas quais essa escolha envolve um proceso politico eletive, como em cooperativas, sindicatos e outras organizagSes de associagdo de pessoas. No caso especifico das cooperativas, as relagdes entre os diversos associados devem estruturar-s, tanto do ponto de vista filoséfico quanto legal, de forma democrética, uma vez que tanto a filosofia da associago cooperativista como a legislagio que a normatiza determinam que os atos decorrentes dessa associago ocorram de forma totalmente democritica, Os dirigentes da cooperative (consetho de administragao e diretoria) devem ser escolhidos pelos associados por meio de um processo democritico, sendo a eles delegada a fungio de cuidar para que todos os proce- dimentos operacionais da organizagdo ocorram de forma @ atender as expectativas dos associados endo ds dos dirigentes (BULGARELLI, 1989), Nesse contexto, o comportamento au toritario deveria ser algo indesejado e a ser evitado e com- batido onde identficado, Porém, considerando o processo de escolha politico, pode haver @ possibilidade de favorecimen- to para escolha de dirigentes com caracteristicas de personali- dade mais ou menos autoritérias, se comparado com os pro- ccessos de escolha utilizados para os dirigentes das empresas de associagao de capital © campo abordado neste trabalho € 0 das relagdes de poder nas organizagdes, com interesse na comparagio das relagdes de poder em sociedades cooperativas ¢ em empresas privadas, que sto sociedades de pessoas. Assim, o objeto de estudo si- tuou-se nas relagdes de poder entre os responsiveis pela forma como as pessoas se estruturam nessas sociedades, ou seja, seus dirigentes e gerentes, Como o cariter dessas rela- «es, se mais autoritério ou mais democritico, pode estar ligado a caracteristicas de personalidade das pessoas que ocupam posigdes definidas no exercicio do poder, o foco do trabalho foi idemtficar caracteristicas de personatidade que podem propiciar o estabelecimento de relagies autortérias de poder «em dirigentes, nos dois tipos de organizagdes, comparando os resultados com os dos gerentes delas. Para coletar os dados, 0 instrumento escolhido foi uma escala de autoritarismo baseada na Escala F de Adorno — que tem por finalidade identificar a expressio de tragos da perso- nalidade que se manifestam na forma de comportamentos antidemocriticos, Foi delineado um estudlo comparativo, com aplicagio dos testes em pessoas que trabalham em empresas privadas ¢ em cooperativas, que pertencem ao quadro de estores nos niveis estratégico e tético, durante um periodo de tempo e em uma regiio geogréfica delimitada, E uma abordagem impar na literatura sobre poder nas organizagdes no Brasil Para as andlises, 0 referencial aborda as relagdes de poder nas organizagies e sua relagio com os individuos, utilzando 4 interface entre a Sociologia e a Psicanlise como expressa pela Teoria Critica da Sociedade — desenvolvida pela Escola de Frankfurt ~ ¢ apresentada no trabalho The authoritarian personality, de Adomo etal, (1982). 2. AUTORITARISMO NAS ORGANIZAGOES EA. ESCALAF DE ADORNO A linha de pesquisa sobre relagdes autoritérias nas orga- nizagGes que mais diretamente interessa a esta pesquisa éa do ‘grupo conhecido como Escola de Frankfurt, Max Horkheimer, ‘© segundo diretor da Escola a partir do inicio da década de 1930, precocemente mostra sua preocupacio, registrada tan- {o em sua aula inaugural como no preficio de um ensaio do primeiro mimero da revista publicada pela Escola (0 Zeitschrift Soziaiforschung), com a necessidade de um estudo meté- ico sobre os escritos envolvendo a vida psiquica. Um dos frutos dessa preocupagio foi a publicagao em 1936 por Hork- heimer dos Estudos sobre autoridade ¢ familia (HORK- HEIMER, 1960), Trata-se de uma reflexdo teria que constituiu ‘uma das bases para outro trabalho de maior sofisticago meto- dolégica © consequéncia tedrica, A personalidade autorité- ria (ADORNO et al, 1982), em que & Sociologia de Adorno se uniu Psicandlise para 0 desenvolvimento da Escala F (ROUANET, 1989). © contexto do trabalho de Adorno sobre a personalidade autoritria é a década de 1940, numa fase em que © pleno ‘emprego nos Estados Unidos, numa sociedade da abundancia do pos-guerra imediato, manifestava a assimilagao operiria a0 capitalismo, A pergunta motivadora para a Escola de Frankfurt nesse momento era: “om & possivel que a maioria da populagao nos paises industrializados do Leste ¢ do Oeste pense e aja num sentido favorivel ao sistema que a oprime?” Uma das consequéncias dessa indagagio foi, para Adorno ¢ Horkheimer, buscar saber por qué da livre escolha dos roprios opressores pelos homens, ¢ © por qué de a vitima se tomar perseguidora de si mesma (ver ROUANET, 1989). A Escola de Frankfurt apresenta dois momentos em sua relaglo coma Psicanilise: no primeiro, ofreudismo ¢ objeto de reflexiio; no segundo, ¢ instrumento de reflexdo, Nesse se- _gundo momento, percebem-se nos frankfurtianos, em eomum ‘coma Psicandlise: o pressuposto epistemologico da recusa ao, positivismo; a metodologia critica; 0 postulado filosético do. principio da nao identidade, tanto no plano teérico como no ‘da prixis (individual e social). Em resumo, pode-se dizer que a teoria critica herdou do freudismo sua forma de pensar Adm, S80 Paulo, w45, n.4,p.84-86, jan.fevimar. 2010 85 José Ricardo se Paula Xavior Viola, Antonio Carvalho Neto e Humberto Elias Garcia Lopes (ROUANET, 1989). Adomo considerava a Psicanélise como “a mica que investiga seriamente as condigdes subjetivas da iracionalidade objetiva” (ADORNO, 1986, p.36), permitindo a ‘compreensio das bases psiquicas da servidio voluntitia. Dai a estrutura do trabalho sobre a personalidade autoritiria, que adota a Psicanalise para o estudo da configuragdo psiqui- cca, associads a uma teoria da sociedade de matiz marxista (CROCHIK, 2001). Para a produgdo dessa pesquisa, Adomo uniu-se, no final da década de 1940, a psicdlogos pesquisadores da Univer- sidade de Berkerley, para a realizagio de um estudo empirico. De acordo com Adorno et al, (1982), a pesquisa que deu origem ao que serd a Escala F foi guiada pela hipotese de que as con- vviegdes sociais, politicas e econdmicas do individuo formam um padrio coerente, expresso de tragos de camadas pro- fundas de sua personalidade, Ela buscava responder as se- guintes perguntas (ADORNO et al, 1982): + Sceexiste um individuo potencialmente fascista, como ele é? + O que acontece para que pensamentos antidemocriticos se desenvolvam? + Quais sdo as forgas constituintes dentro da pessoa? + Seeessa pessoa existe, quio comum ésua existéncia em nossa sociedade? + Se ela existe, quais foram os determinantes para seu sur- gimento ¢ qual sera o curso de seu desenvolvimento? Para a pesquisa do presente trabalho, aescala originalmente desenvolvida por Adomo ef al, (1982) sofreu algumas alte- rages, Da escala F 40-45, que foia escala final, foram elimina- dos oito tens, acrescentados trés outros da escala F 60 e mais quatro itens em uma faceta denominada conservadorismo, baseada em De Paula (1993), com a finalidade de deixar esca- lamas adaptada a realidade brasileira, Além disso, foram inclui- dos outros 14 itens, também adaptando a escala a cultura de nosso pais, dentro do espirito condutor das esealas F originais. Exemplos desses itens slo frases como “«iga-me com quem andas e te ditei quem és" ou “quem nasceu para tostio nio cchega a mil fis”, Nas pesquisas conduzidas pelo mundo sobre a Escala F, sio consideradas escalas baseadas na escala original de Adomo todas aguelas que contenbam no minimo 12 itens da escala original (CARONE, 1995) - como é 0 caso desta, denominada AUT (de autoritarismo). Os direitos autorais dessa escala pertencem a um grupo de treinamento ¢ con- sultoria em recursos bumanos, chamado SID-APA, que desde a década de 1980 a tem aplicado a pessoas de todos os niveis das organizagdes em varios estados do Brasil, formando hoje ‘um banco de dados com mais de dez mil testes aplicados. Pode-se resumir a escala da Seguinte forma: um conjunto de sentengas define uma faceta, cujo conjunto ¢ pensado como fazendo parte de uma sindrome, uma estrutura mais ou menos duradoura na pessoa, que a toma receptiva & propaganda an- tidemocratica, conjunto de facetas, com uma breve defini- fo do que expressam, & como segue: ‘conyencionalismo — adeténcia rigida a valores convencio~ nas de classe média: + submissio autoritiria — atitude submissa e acritiea em relagio a autoridades morais idealizadas, de dentro do grupo; agressividade autoritaria —tendéncia a estar atento, conde nat, rejitar e punir pessoas que violam valores convencionais; + anti-intracepsio ~ oposisio ao subjetivo, ao imaginativo, a0 meigo; igo —a crenga em determinantes misticos do destino estereotipia — disposigio a pensar em categorias rigidas; poder e fortaleza — preocupago com dominio-submissio, faco-forte, dimensio lider-liderado; identificago com figuras de poder; destrutividade e cinismo —hostilidade generalizada, vilifica- jo do home projetividade — disposigio a acreditar que coisas perigosas € violentas estdo ocorrendo no mundo; projegdo externa de impulsos emocionais inconscientes; ‘sexo— preocupagio exagerada com acontecimentos sexuais; conservadorismo — [aceta adicionada a partir do trabalho de De Paula (1993), representando a aderéncia a valores cons: vadores ¢ resisténcia as mudangas. A utilizagio dessa escala apenas como instrumento de pesquisa empirica, sem considerar 0 contexto te6rico no qual foi desenvolvida ~ a Teoria Critica da Sociedade -, tem sido ‘objeto de critiea por virios autores (CARONE, 1995; CROCHIK, 1995 ©2001; VAGOSTELLO, 1997; NORRIS, 2005). Esse cui- dado foi tomado pelos autores desta pesquisa desde sua con- iio, por considerarem que s6 assim uma adequada compre- censio do fendmeno pode ser obi 3, METODOLOGIA ‘Neste trabalho, foirealizada uma pesquisa explorat6ria, de natureza quantitativa, Embora o instrumento quantitative a ser uilizado (a Escala de Autoritarismo baseada na Escala F de Adorno) nilo seja conhecido no campo dos estudos organi- zacionais como instrumento para avaliago de comportamento coletivo entre empresas ou dentro de uma empresa (como entre os niveis estratégico etitico), foi aqui utilizado com o objetivo de explorar o fendmeno a ser estudado. Conforme relatado no manual do teste, os pardmetros psicométricos da escala AUT foram investigados com base ‘em uma amostra composta por 1.058 participantes, de ambos ‘08 sex0s (64,6% homens), com escolaridade minima corres- pondente ao ensino médio incompleto ¢ com idade média de 32 anos (desvio padrio = 8,36). Os itens foram analisados do ponto de vista da variabilidade da resposta € da correlagao item-total. De modo geral, na maioria dos itens houve varia- bilidade de resposta ¢ as correlagGes item-total foram satis- fatorias (variaram entre 0,10 ¢ 0,48), constituindo, portanto, 86 Adm, So Paulo, 45, m1, p.84-96, jn /fevmar, 2010 ‘O AUTORITARISMO EM COOPERATIVAS E EMPRESAS PRIVADAS: UMA INVESTIGAGAO COM DIRIGENTES E GERENTES POR MEIO DE UMA ESCALA BASEADA NA ESCALA F DE ADORNO cevidencias sobre a adequagiio dos itens. A consisténcia interna da escala foi investigada por meio do coeficiente Alfa de Cronbach 0 coeficiente encontrado (0,85) indicou alta preci- sto. A evidéncia de validade foi levantada por meio da anilise fatorial exploratéria ¢ os resultados apontaram a unidimen- sionalidade da escala (GARCIA, DE PAULA SOFAL, 2009), ‘A amostra do presente trabalho nao foi rendémica. Cole- taram-se os dados a partir dos dois grupos nos quais se ineluem as unidades empiricas de analise, formados por pessoas que ‘ocupam cargos nos niveis estratégico tatico em empresas de associagdo de capital e nas cooperativas, ¢ que ou foram sub- ‘metidas & escala nos iltimos dez anos ou durante a pesquisa, de acordo com os critérios de escolha, Os dois grupos slo: + Dirigentes e gerentes de empresas de associagio coope- rrativa, cujos dados foram obtidos: no banco de dados ~ esse grupo foi representado prinei- palmente por cooperativas de trabalho ¢ por algumas de crédito (com uma proporgio aproximada trabalho: crédito de cerca de 3:1), num total de 25 dirigentes ¢ 74 gerentes. Nessas pessoas, a escala foi aplicada ou durante trabalho de consultoria ¢ treinamento ou por decisio individual, para participagao em programas de treinamento; ~dirigentes ¢ gerentes de cooperativas de crédito de um dos sistemas existentes. A razio para a escolha de cooperativas de crédito foi @ de ser um setor complementar ao de traba- tho, a maioria na fonte (baneo de dados) anteriormente deserita, O eritério de escolha dos sujeitos submetidos & scale foi serem dirigentes © gerentes em atividade no sistema de erédito cooperativo esvolhido, ¢ terem procu- rado treinamento no ano de 2007. A intengio foi aproxim- los do perfil dos que buscaram o servigo de consulteria — ‘ procura espontinea e a disposigao pessoal para 0 conhe- cimento ea mudanga. Esse grupo ficou constituide por SO ditigentes ¢ 84 gerentes, representando 15% do universo de dirigentes e 20% do de gerentes do sistema de erédito cooperative escolhido, O total de representantes do grupo de cooperativas ficou com 75 dirigentes ¢ 158 gerentes, + Dirigentes e gerentes de empresas de associagao de capital que procuraram o servigo em queas escalas foram aplicadas ‘ou por determinagio da empresa em que trabalham — como parte de trabalho de consultoria e treinamento — ou por decisio individual, para participarem de programas de {reinamento, © total de representantes do grupo referente As empresas foi de 140 dirigentes e 650 gerentes, © banco de dados no qual o corte foi realizado conta com ‘mais de 10,000 testes da escala AUT aplicados a partir de 1983, ‘com maior concentragdo entre 1988 ¢ 2007, em profissionais de todos os niveis (estratéxico,titico e operacional) de empresas de varios setores ¢ tamanhos, incluindo cooperativas, Foram ‘0s Seguintes os critérios para escolha (e exelusdo) ‘como a teoria indica que as empresas muito pequenas tendem ‘8 um modelo de organiza mais autocrético, com centrali= ‘zagio de poder na lideranga e com pouca delegago e compar tilhamento do poder (MINTZBERG, 1995), além de que em zgeral os lidetes sio os dones — no tendo sido eseolhidos para os cargos que ocupam-, essas empresas foram exclu das do grupo a ser selecionado, A opgdo foi estudar dirigen- tes cujas empresas tenham configurages que se possam ‘enguadrar entre as burocracias (mecanizadas ou profissio- nais) ena estrutura divisional. O que se pretendeu com essa cexclusio foi minimizar o viés que a configuragao da empresa pudesse determinar no comportamento dos dirigentes; ‘como o que se quer estudar € 0 grau de autoritarismo dos dirigentes que ocupam posigGes no nivel estratégico nas orga nizagdes, mas que foram eseolhides para ocupar essas, posiges, também foram excluidas as empresas nas quais, por suas caractersticas, os dirigentes ndo passam por um processo de escolha, como no caso de empresas familiares em que os herdeiros tém acesso natural a dirego da empresa, bem como {qualquer outra empresa na qual se identificou esse vie foram escolhidas apenas empresas que atuam no estado de ‘Minas Gerais, para evitar alguma interferéneia de cariter cultural, Para cada item que compae a escala, a pessoa testada pri- ‘meiramente deveria se posicionar quanto a concordar (C) ou discordar (D) da afirmativa, Em seguida, deveria marcar a intensidade com a qual concordava ou discordava em uma scala Likert de dez categorias. Para a anise, aescala funciona ‘como uma escala Likert de vinte categorias erescentes (entre -10 ¢ +10, sem passar pelo zero), na qual @ psig menos autoritéria €0 -10 ea mais autoritéria, a~10, O valor em cada faceta & expresso pela soma dos valores dos itens que a com- Oem. Para o processamento estatistico dos dados, foi usada a versio 15 do programa SPSS. Para a anilise dos dados, foram separadas as varidveis socioculturais ¢ os resultados da eseala de autoritarismo em ‘cada um dos quatro grupos. Em primeiro lugar, foram analisadas variéveis socioculturais nao controladas no desenho da pes- ‘quisa, Foi dedicada especial atengdo aos aspectos que alitera- tura considerava como potencialmente relevantes, como dife- rengas na distribuigdo entre os sexos, diferengas entre as mé- dias de idade e diferengas na escolaridade, como foi abordado no referencial tedrico, A seguir foram avaliadas as respostas «do questionsrio, Foram realizadas comparagdes entre as médias dos grupos como uum todo, ¢ entre as médias de cada faceta (que retine um grupo de sentengas), nos diferentes grupos. Para a comparagao dos resultados das médias entre os dois ‘grupos, foi realizado o teste # para populagdes diferentes. A. hipétese nula para o teste £& de que as médias sdo iguais. De acordo com Norusis (2006), como cada populagio possui mais de 40 individuos, nfo foi necessario cumprir o pressuposto de normalidade, Um pressuposto necessirio é 0 de que as obser- Adm, So Paulo, w45, m1, p.84-96, jan.fev.mar, 2010 87 José Ricardo dle Paula Xavier Viele, Antonio Carvalho Neto Humberto Ela Garcia Lopes ‘yagdes sejam provenientes de populagées diferentes — 0 caso nesta pesquisa. Quanto ao pressuposto de homogeneidade das popul es, foram realizados os testes de Levene para comparar as variéncias. A hipétese mula para o teste de Levene € a de que as variancias sio iguais. ‘Quando as comparagdes das médias envolveram os quatro smupos, foi necesséria a utilizagio do teste ANOVA. Para @ realizacdo desse teste, deve-se atender a trés pressupostos: as observagdes devem ser formadas por amostras indepen- dentes, obtidas de uma populago normal e com variéncias homogéneas. O primeiro pressuposto foi atendido, uma vez que as populagdes vém de amostras independentes. Para testar ‘© pressuposto de normalidade, fi utilizado o teste de Kolmo- gorof-Smimof —cuja interpretagiio € prejudicada em amostras grandes, acima de mil casos, como a deste trabalho (por essa razio, preferiu-se a comparagao entre dois grupos). Para as analises de varincias, também foi utilizado o teste de Levene. © nivel de significdncia adotado para todos os testes fot de 5%, © que significa que p-valores superiores a 0,05 no rejeitam a hipdtese nula para cada um dos testes realizados. 4, ANALISE E DISCUSSAO DOS RESULTADOS Para a apresentacdo dos resultados, inicialmente foram realizadas as estatisticas gerais para varidveis como distribuigo por sexo, idade ¢ escolaridade. A primeire variivel estudada foi aidade, Como expresso na tabela 1, ndo hé diferenga relevante no grupo de gerentes, mas no de dirigentes ela € de cinco anos na média iio se péde identificardiferenca cultural significativa na fase da vida entre 0s 50 ¢ 55 anos de idade que pudess justificar ‘uma modificagdo relevante na visio de mundo entre esses dois grupos de dirigentes. A diferenga, entio, ndo foi consi- derada significativa para a anélise dos resultados. ‘Com relagio a variivel escolaridade, o grupo de gerentes ‘mostrou-se bem homogénco, com escolaridade superior, entre ‘completa ¢ incompleta, em tomo de 89%, Jé no grupo de di- rigentes percebe-se uma diferenga, com escolaridade superior {enire completa e incompleta) de 74,7% para os dirigentes de cooperativas ¢ de 90,0% para os de empresas. Ver tabela 2. Oteste f(tabela 3) revela que as médias sio iguais nos dois ‘grupos estudados, mas o teste de Levene confirma desigual- Tabela 1 Ano de Nascimento dos Dirigentes e Gerentes Erne er Ed Coo El CE) ‘Numero de casos 140 650 188 Média 1.958,35 1.953,54 1.963,09 1.964,59 Erro padréo da méia 076 0.89 034 078 Mediana 1959 1984 1.963 1.964 Moda 1.954 1.983 1972 1.963 Desvio padréo 901 wn 883 98t Tabela2 Escolaridade dos Dirigentes © Gorentos rigentes Gn Dey Empresas Cinun Elion! Caen Absoluto % —— Absohito % Absoluto % roe ‘Superior ~ Completo 6 829 53707 505 TNT 1m 788 Superior —Incompleto 0 72 3 40 nr) 7 107 Segundo Grau -Completo 9 64 7 28 6 93 1895 ‘Segundo Grau —Incompleto 2 14 0 00 2 03 2 13 Primeito Grau 3 oat 227 406 0 00 Total 140 100.0 75 1000 650 100.0 1681000 88 R.Adm., So Paulo, v48,n-1,p.84-86, jndfevimar 2010 CO AUTORITARISMO EM COOPERATIVAS E EMPRESAS PRIVADAS: UMA INVESTIGAGAO COM DIRIGENTES E GERENTES POR MEIO DE UMA ESCALA BASEADA NA ESCALA F DE ADORNO dade nas varidncias no grupo de dirigentes (p-valor menor do que 0,05). Devido a diferenga encontrada na escolaridade superior entre os dirigentes, propés-se estudar as facctas de forma diferenciada com relagao a essa varidvel (vera tabela 7¢ o grifico 5, adiante), Na tabela 4, mostra-se a distribuigdo por ‘Como se pode observar, o sexo masculine predomina entre 6s dirigentes, responsivel por mais de dois tergos das pessoas (67% dos dirigentes de empresas ¢ 85% dos de cooperativa). Ja no grupo de gerentes, observa-se & que ha praticamente uma inversio nessa relacao. Devido a essa diferenga, considerou-se importante, #0 se estudar a expresso de autoritarismo nos quatro subgrupos, fazer também um estudo separando homens ¢ mulheres. O resultado esta demonstrado no grafico 2, mais adiante. Feitas essas primeiras consideragdes relacionadas as v ridveis socioculturais, pode-se passar 20s resultados das es- calas obtidas nos grupos, Para iniciar a anélise das informagSes obtidas nas escalas, deve estar bem claro que os itens se agru- pam em facetas, ¢ elas expressam, em seu conjunto, a carac- teristica que se quer estudar, ou seja, 0 autoritarismo, ‘Assim, uma primeira avaliagdo, de cardter mais geral, seria a comparagio da média aritmética de todas as respostas nos quatro subgrupos. O grifico 1 compara « média das respostas nos grupos. Lembrando que a escala expressa menor autoritarismo em -10¢ maior autoritarismo em~10, 0 gréfico I demonstra, como valor global, maior expressio de autoritarismo em dirigentes de cooperativas, ¢ menor expressio entre os dirigentes de ‘empresas privadas. Na verdade, o subgrupo de dirigentes de ‘empresas revela-se o menos autoritério entre os quatro sub- ‘grupos. Considerando © conjunto total da escala, dirigentes de empresas apresentaram valor de -2,13, inferior no s6 a0 dos dirigentes de cooperativas (-0,96), mas também aos dos dois subgrupos de gerentes (-1,71 para os de empresas ¢-1,51 para os de cooperativas).. ‘Como foi visto anteriormente, por haver diferenga consi- deravel na proporgiio de distribuigdo entre homens ¢ mulheres, a mesma comparagio absolute entre os quatro subgrupos foi realizada separando-os pelo sexo. O resultado esté expresso no grifico 2 Percebe-se que, em todos os subgrupos, as mulheres pos- suem pontuago menor do que @ dos homens, indicando menor ‘grau de autoritarismo entre elas — 0 que corrobora as maiores médias obtidas entre homens no trabalho de Adomo et al, (1982). A distribuigio é,entretanto, mais homogénea entre os ge- rentes do que entre os dirigentes, Por isso, devem ser avaliados mais detalhadamente os dados apresentados nos subgrupos de dirigentes, uma vez que o nimero proporcionalmente maior de dirigentes homens em cooperativas poderia levar ao racio- cinio de que, sendo as mulheres menos autortérias, esa des- proporsio poderia representar uma das explicagdes para o nivel mais alto de autoritarismo entre os dirigentes de cooperatives Tabela 3 Teste t para a Escolaridade dos Dirigentes ee a Ga od nna oy z Pevalor t —— Graus de Liberdade Sid L heeued Dirigentes: 10458 0,001 1,806 129,691 0.730 0285 Gerentes 0008 0.940 0,097 806,000 0,923 0,008 Tabela 4 Distribuicao pelo Sexo dos Dirigentes @ Gerentes ed eae De eee) Empresas Cay ioe Absoluto% Absolute % ‘Absoluto% oe Mascutino 94 670 64 850 509783 598 Feminino 46 33.0 11 160 waar e408 Total 40 100.0 75 100.0 6501000 168 100.0 ReAdm., S80 Paulo, w45, n1,p.84-96, jnJ/fev.imar. 2010 89 José Ricardo se Paula Xavior Viola, Antonio Carvalho Neto e Humberto Elias Garcia Lopes Dirigentes de Gerentesde Gerentesde —_Dirigentes de. Empresas Empresas Cooperalivas _Cooperativas 0 05: A 15: 2 25. 1 2 3 4 “2.13, 7A “1.51 0.96 I Comparagao entre Todos os Grupos Gréfico 1: Comparacao da Média Geral do Teste para Todos os Grupos Diigores de Dirgertes de Gorortes Gaeres de Comperaivas —Enprasas —Cooparatvas Ergesae ° 05 4 18 } 2 I 25 3 LD Feminino Masculine 35 Gréfico 2: Comparagéo entre as Médias das Mulheres e dos Homens nos Quatro Subgrupos Entretanto, existem outros aspectos dessa relagdo que deve ser considerados: + onivel de autoritarismo de dirigentes do sexo feminino em ‘cooperativas (-1,8223) esté muito préximo daquele de diri- gentes do sexo masculino em empresas (-1,9343); ¢ 0 nivel de autoritarismo em mulheres dirigentes de empresas & bem. menor do que 0 observado em todos os grupos (-3,1724), mostrando que mesmo entre as mulheres ha diferenga sig- nificativa dentro do grupo de dirigentes; + como consequéncia da observagiio acima, pod nivel de autoritarismo entre os di de empresas, qualquer que seja a comparagao realizada (ho- ‘mem com homem, mulher com muther ou de todos os diri- sgentes de cooperativas com todos os dirigentes de empresa); + importante ressaltar que o nimero muito baixo de mulhe- res na amostra de dirigentes de cooperativa (n=11) tora 0 dizer que resultado de qualquer comparagdo com essa amostra sujeito a distorgdes, representando uma limitagdo da pesquisa; + no caso dos gerentes, observa-se razoavel equilibrio na dis- tribuigdo da expressdo de autoritarismo entre os dois sexos. ‘Chega-se a conclusio de que, mesmo que o menor nimero de dirigentes do sexo feminino em cooperativas pudesse ter sido responsdvel por aumento da média nesse grupo, ainda assim as mulheres dirigentes de empresa so as menos au- toritérias quando se comparam todos os grupos. Isso leva & cconclustio de que algo mais do que a distribuigdo pelo sexo & responsivel por maior expresso de autoritarismo entre diri- _gentes de cooperativas. Feita essa primeira abordagem geral, deve-se lembrar que 0 interesse maior do trabalho esté na comparasio entre os dois subgrupos de dirigentes e entre os dois subgrupos de geren- tes. Para tanto, considerou-se mais adequada sua realizado levando em consideragio as 11 facetas, e no apenas © con- junto total delas, como exposto acima, Foi realizada, entio, uma primeira comparagdo entre as ‘médias aritméticas dos dois subgrupos de dirigentes, como demonstrado no gritfico 3, Pelo grafico 3, obscrva-se que, exceto pela faccta supers- tigio (cujos resultados so iguais), todas as demais facctas apresentam valores maiores para os dirigentes de coope- rativas. ‘Como se trata de dois subgrupos diferentes, & necessério avaliar se os dados proveem de populagées que possuem a ‘mesma média para as varidveis que esto sendo testadas. Para isso, foi realizado o teste ¢ para duas amostras independentes, ccujo resultado esté expresso na tabela 5 %0 Adm, So Paulo, 45, m1, p.84-96, jn /fevmar, 2010 CO AUTORITARISMO EM COOPERATIVAS E EMPRESAS PRIVADAS: UMA INVESTIGAGAO COM DIRIGENTES E GERENTES POR MEIO DE UMA ESCALA BASEADA NA ESCALA F DE ADORNO 4,00: Convencionalsmo Poder ¢ Fortaleza 2,00} TI Submiss50 Preetvidace Autortaia Anitntracepsao Sox0 0,00 1 T EE T T Estereotipia Ep 2,00. = I Desirtvidade Ciismo Consarvadorisme -4,00: SupeTaTGR ae Toessindade Autoritaria Il Dirigentes de Empresas [JJ] Dirigentes de Cooperativas 8,00 Grafico 3: Comparagao das Médias das Fa icetas entre os Dois Subgrupos de Dirigentes Tabela 5 Teste de Levene e Teste t para as Onze Facetas da Escala F Subgrupos de Dirigentes By BCR TE eee es ROR a ay ey Médias. i. Tare Convenconasmo 0000 (O98 arr 213 oaat 0435 ‘Submissdo Autoritaria 0,223 0,637 3,038 213 0,003 1,844 Agressividade Autoritaria 0,946 0,332 A173 213 0,242 0,554 Antt-intracepgao 0,000 0,986 1,155, 213 0,249 0,547 ‘Supersticao 0,466 0,495 0,003 213 0,998 0,002 Estereotipia 0,139 0,710 0,902, 213 0,368 0,424 Poder Fortaleza aoa 0.88 2,380 213 0020 41 Destrutvicade eCirismo 03310866 {1920 28 0.056 1994 Projetvidade 1,782 0.183 3,221 213 0,001 2311 ‘Sexo 04 0,522 4511 213 0,000 2412 ‘Conservadorismo_ 1,606 0,206 2,992, 213 0,003 1,944 Not: gl = gs 6 nese © primeiro passo na andlise foi considerar 0 resultado do teste de Levene, cuja hipotese nula é a de que as varin- cias so iguais, Pelos resultados da tabela 5, observa-se que as varidneias das 11 facetas dos dois grupos testados so iguais. (© segundo passo foi acessar as estatisticas do teste A. tabela 5 indica que as médias de submissio autoritiria, de poder e fortaleza, projetividade, preocupagies sexuais e con- servadorismo so iguais para os dois grupos. Isso quer dizer ‘que, pata essas facetas, os dirigentes de cooperativas apre- sentam resultado realmente superior, quando comparado com os dirigentes de empresas. Nas demais facetas, a hipétese ndo pode ser rejeitada, ou seja, ha evidéncias de que os grupos sejam semelhantes. No centanto, ¢ importante ressaltar que em nenhuma faceta se pode assumir que 0 subgrupo de dirigentes de empresas tenha ReAdm., S80 Paulo, w45, n1,p.84-96, jnJ/fev.imar. 2010 oT José Ricardo dle Paula Xavier Viele, Antonio Carvalho Neto Humberto Ela Garcia Lopes expressado mais tragos autoritirios do que 0 dos dirigentes de cooperativas, ‘© mesmo procedimento foi realizado para os gerentes, com o resultado apresentado no grifico 4, Observa-se nesse grafico que existem cinco facetas com maior expressdo entre os geren- tes de empresas (convencionalismo, submissio autoritéria, anti-intracepedo, estercotipia ¢ conservadorisme), cinco com maior expressiio entre os gerentes de cooperativas (supers- tipo, poder e fortaleza, destrutividade e cinismo, projetividede sexo) uma (egressividade autortiia) com diferenga muito pequena entre os dois subgrupos. ‘Como se trata de subgrupos diferentes, também foi neces- sério realizar 0 teste £ para duas amostras independentes, para ambos 0s conjuntos de facetas. O resultado do teste frevelou ‘que as médias séo diferentes em trés facctas: 0 convenciona- lismo, @ projetividade eas preacupagées sexuais. Ver tabela 6 4,00 cmvancionalama 2,00} Poder e Fortaleza Sa i ronan whintacopeao 0,00+ EE T T 1 EL 1 1 i 1 1 -2,00. Estorootpia Desnlvande ion Suporsigo Consorvadarisma ce Regessividade ‘utorts 8,00 I Gerentes de Cooperativas —_ [J] Gerentes de Empresas ~10,00. Grafico 4: Comparagao das Médias das Facetas entre os Dois Subgrupos de Gerentes Tabela 6 Teste de Levene e Teste t para as Onze Facetas da Escala F ‘Subgrupos de Gerentes rer ee dae) F pyalor CConvencionalsmo 1.857 0212 ‘Submisso Autortria 0,043 0836 Agressividade Autortara 0078 078 Antintracepgé0 0707 oot Supersigio 3122 78 Estereotigia 0,008 0951 Poder e Fortaleza ‘001 ogra Destrutividade e Cinismo 1.845 075 Projetvidade 5,048 0.025 Sexo 1,581 0208 Conservadarismo 4ett 0,032 Lae esih eame) ects Ce es 2667 806,12 0008 0.868 955 06,12 a340 9336 238 6-2 a7 294 278 06,2 ars 0208 A338 06,12 asi 2479 927062 oss 0.159 105 806,12 0270 0364 ies 806,12 0237 0.408 sem 42 000 “1804 23 62 ato “03808 9652629 0335 0326 2 Adm, So Paulo, w45, n1, p.84-96, jan./fevmar. 2010 CO AUTORITARISMO EM COOPERATIVAS E EMPRESAS PRIVADAS: UMA INVESTIGAGAO COM DIRIGENTES E GERENTES POR MEIO DE UMA ESCALA BASEADA NA ESCALA F DE ADORNO [Nas facetas em que os subgrupos revelaram médias di ferentes, ha maior expresso autoritéria entre gerentes de ‘empresas para o convencionalismo, ¢ maior entre gerentes de ccooperativas para as facetas de preocupacdes sexuais ¢ proje- tividade. Esse resultado evidencia equilibrio na expresso de facetas do autoritarismo entre os dois subgrupos de gerentes. ‘Comparando os resultados do grupo de ditigentes com os do grupo de gerentes, observa-se que, se 0 nivel de autorita- rismo em dirigentes de cooperativas é realmente superior quando comparado com o dos dirigentes de empresas, por outro lado, para o grupo de gerentes nao se observa diferenga global marcante. A diferenga observada nesse segundo conjun- to seria de carter mais qualitative, o que no péde ser inves- tigado utilizando a metodologia desta pesquisa. Por fim, como foi identificada diferenga na escolaridade de nivel superior entre os subgrupos de dirigentes, considerou- se apropriado comparar os resultados das facelas entre eles, pois havia a possibilidade de que o grau de instruglo pudesse influenciar no resultado da escala, © resultado obtido est expresso na tabela 7 ode-se perceber que, mesmo aps a separagiio dos grupos, 08 ditigentes de cooperativa continuam apresentando maior expresso de autoritarismo em todas as ficetas, O grifico 5 ajuda a visualizar melhor © que os nimeros expressam na ta- bela, Da mesma forma que nas comparagdes anteriores, & ne- cessirio realizar o teste de Levene, para realizar o teste f, com a finalidade de observar se bd igualdade de médias e varidncias. Na tabela 8, apresentam-se os resultados dos testes. Realizado, o teste frevela que as médias sio iguais pata a maioria das facetas, expressando maior autoritarismo apenas Tabela7 Comparagao das Médias das Facetas entre os Dois ‘Subgrupos de Dirigentes com Nivel Educacional Superior a Ct eee Ce ie ‘Convencionalsmo 27128 2.598 Submissdo Autortéria 0710 “1875 Agressividade Autoritéra 5.697 6.186 Aniintecenga0 4,368 454 Superstigao 3.991 4014 Estereopia 1,118 “1.288 Poder e Fortaleza 4921 ost4 Destrutvdede eCinismo “1,879 72.384 Projetividade 0,096 1,866 Sexo 0701 2828 Conservadorismo =1,605 “3242 «em trés (poder € fortaleza, projetividade e preocupagiies se- ‘xuais), Mas € importante ressaltar que, ainda aqui, em nenhuma faceta houve maior expresso de autoritarismo entre os diri- sgentes de empresas. resultado dessa comparagio descarta a hipétese de que maior percentual de individuos com nivel superior entre os irigentes de empresa poderia ser o responsivel por menor ‘expresso de auitoritarismo em todo esse subgrupo, uma vez ‘que, mesmo dentro desse eonjunto (de dirigentes com nivel 4,00. Cconvenconalsmo 2,004 Poder e Fortaleza Submissd0 0,00 = T T "EL TT 7 Tt -2,00- . LI Destuliade u feCinismo -4,00. Conservadrma Superstigao 6,00. 1 | onane II Dirigentes de Cooperativas [[] Dirigentes de Empresas 8,00 Gréfico 5: Comparacao das Mé« jas das Facetas entre Dirigentes com Nivel Educacional Superior ReAdm., S80 Paulo, w45, n1,p.84-96, jnJ/fev.imar. 2010 93 José Ricardo se Paula Xavier Viele, Antonio Carvalho Neto e Humberto Elias Garcia Lopes Tabela 8 Testes de Levene et para as Médias em Dirigentes de Nivel Superior Teste de Levene para re ce ed F os ‘Teste fpara Igualdade Convencionalsmo 0.47 o.702 Submisséo Autortaria o372 0543 Agressividede Autonitéria 0479 0.480 Antintracepgo 0.038 0.846 Supersgao 0.045 0.832 Estereotiia ont 0,905 Podere Fortaleza 0.006 0.952 Destrutviadee Cinismo 0.086 o83t Projetvidade 41032 o3tt Sexo oo72 0,789 Conservadorismo 1.004 0318 pave er (Bllateral) Malas 0,195 180 0.845, 0,125 1731 180 0.085 “1.164 0942 180 oar 0.488 0348 180 0728 0.185 0.031 180 0.975 0.022 0318 180 0,750 0.169 2.118 180 0.036 “1407 “277 180 0.203 0,704 2.484 180 oor “1,962 “3.640 180 0.000 2126 2308 180 0.220 1,636 superior), os de cooperativa continuam revelando maior ten- déncia autoritaria, ainda que menos expressive do que quando se comparam os dirigentes de todos os graus de escolaridade. 5, CONSIDERAGOES FINAIS © objetivo neste trabalho foi explorar uma expresso coletiva de padres de comportamento individual em grupos de dirigentes e gerentes. A metodologia de escolha envolve diferentes fondamentos ~a eseotha por trajetéria profissional, ineresse de grupos com maior poder ou qualquer outra forma de escolha, para os dirigentes e gerentes de empresas, e @ politico-cletiva no caso dos dirigentes e gerentes de coopera~ tivas. Como em processos de escolha a pessoa tem oportu- nidade de expressar aspectos de sua personalidade, seria possivel que processos realizados por grupos socais diferentes (como a escolha do dirigente de uma empresa privada e a escolha, entre seus pares, do dirigente de uma eooperativa), bascados em diferentes fundamentos, produzissem resultados que, em cada conjunto, pudessem expressar um padrio de comportamento grupal, que podcria ser captado por escalas desenvolvidas com essa finalidade. ‘As conclusdes mais importantes a que se chegou, a0 final do trabalho, foram: + o cttério de escotha dos ditigentes ¢ gerentes de uma orga~ nizagio pode selevionarindividuos com determinadas carac- teristieas de personalidade; + essas caracteristicas podem ndo ser as mais adequadas para atingir determinados objetivos coletivos desejados; + escalas de autoritarismo baseadas na Bseala F de Adorno, com modificagdes adequadas & sua aculturagio, podem ser liteis em investigagdes euja caracteristica que se pretenda investigar esteja relacionada a tragos de personalidade que predisponham ao estabelecimento de relagbes autoritirias ent 0s individuos; + para a caracteristica selecionada, usando a escala AUT, baseada na Escala F de Adomo, hé evidéncias de que os dirigentes de sociedades cooperativas, vistos como grupo, possuem tragos de personalidade com caracteristicas mais aautoritérias do que os de dirigentes de empresas privadas. Os resultados da pesquisa revelaram que os dirigentes de cooperativas, escolhidos para ocupar essa posigao na hierar- quia da organizagao por meio de um processo politico-cletivo, cexpressam como grupo tragos de personalidade mais autori- trios do que os dirigentes de empresas, escolhidos por outros

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