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Pedra Rosério'. João T :go~, ·osé Carlos Núfiez.

Júlio Gonzélez-Piendeê. Eaméia Oliveira"

EDUCAÇÃO
Nas encruzilhadas do aprender,
EM DEBATE
auto-regular para crescer*

Resumo

No âmbito da reorganização curricular portuguesa e das novas áreas curriculares não disciplinares do Ensino
Básico Português, apresentamos um dos produtos de um projecto de investigação-acção desenvolvido no Colégio de
Nossa Senhora do Rosário e coordenado pelo primeiro autor desta comunicação. Este projecto: As (Des)venturas do
Testas tenta operacionalizar um modelo teórico da auto-regulação da aprendizagem. Esta ferramenta está ancorada
no construto de auto-regulação da aprendizagem sugerindo e discutindo uma abordagem sociocognitiva como raci-
onal orientador do discurso. Apresentamos e analisamos o modelo das fases cíclicas do processo auto-regulatório,
a natureza das estratégias de aprendizagem e algumas implicações do estudo deste construto para a prática educativa.
O carácter inovador desta proposta está ancorado na utilização da narrativa como um meio para transmitir e
discutir abordagens ao estudo a partir de um modelo próximo dos alunos. Pensamos que as aventuras e (des)venturas
do Testas, um aluno como os demais, lhes permitirão uma fácil identificação com os problemas e propostas de
resolução discutidos, bem como a transferência das competências aprendidas e discutidas na sala de aula, para
outros domínios escolares e para a própria vida.

Palavras-chave: estudo, auto-regulação da aprendizagem, estratégias de aprendizagem.

Abstract

At a learning crossroads: personal efforts for growth

In the area of the new curricula of elementary education, we introduced a project of innovation and
research as developed at the Colégio de Nossa Senhora do Rosário and coordinated by the first author of this paper.
Self-regulated learning is the framework of this project: 'Í'\s (Des)ventures do Testas". Anchored in socio-cognitive
and rational approach, we present and analyze the mo dei of the cyclical phases of the self-regulation process, the
nature of the leaming strategies and some implications for educational practice. The innovative character of this
proposal is related to the use of the narra tive as a way to transmit and discuss approaches to study modeled on
closed model. We thought that the adventures and "(desjventuras do Testas", and a student like him would alio
an easy identification with the problems and resolution proposals discussed, as well as the transfer of the leamed
and discussed competences in the classroom, for other school domains and their own life.

Keywords: study, self-regulated leaming, learning strategies.

'Toda a correspondência relativa a este artigo deve ser enviada para: Pedro Safes Luís Rosário, Instituto de Educação e Psico _
Campus de Gualtar, 4710 Braga, Portugal. Evmail: prosario@iep.uminho.pt
1 Doutor em Psicologia. Professor do Departamento de Psicologia da Universidade do Minho - Portugal.
2 Director do Colégio Nossa Senhora do Rosário - Portugal.

3 Doutor em Psicologia. Professor do Departamento de Psicologia da Universidad de Oviedo - Espanha.


4 Técnica em Educação - Secretaria de Educação Básica do Estado do Ceará - Brasil.

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o sábio Menaecmos era, então, professor de Esta proposta curricular apresenta diver-
Álgebra e Geometria de Alexandre da Ma- sos matizes que não teria sentido explanar neste
cedónia. Um dia, a meio de uma aula, Alexan- espaço, pelo que nos concentraremos apenas nos
dre, já cansado, terá pedido ao sábio que lhe aspectos que concernem à área curricular de es-
ensinasse um atalho para o estudo da Álgebra. tudo acompanhado. Assim, no Decreto-lei n.? 6/
Menaecmos terá respondido, que naquele rei- 2001 sugere-se que o "Estudo Acompanhado visa
no havia estradas para a família real e outras a aquisição de competências que permitam a
para o povo. Mas para Álgebra só havia uma apropriação pelos alunos de métodos de estudo
estrada. Ampla, mas igual para todos. e trabalho e proporcionem o desenvolvimento de
atitudes e capacidades que favoreçam uma cada
vez maior autonomia na realização das aprendi-
Introdução
zagens" (Artigo 5.°, ponto 3, alínea b).
o Ensino Básico português compreende os O projecto (Des)venturas do Testas, que dis-
anos de escolaridade entre o 1.0 (6 anos de idade) cutiremos em seguida, foi construído no Colégio
e o 9.° ano de escolaridade (aproximadamente Nossa Senhora do Rosário, sediado no Porto, com
14 anos). No ano lectivo de 2003/4, terminou a um grupo de professores e de psicólogos para
aplicação a todo o ensino básico do articulado da aplicar no Estudo Acompanhado do 5.° ao 9.° ano.
última reorganização curricular. No preâmbulo Este foi um verdadeiro trabalho de concertação
do Decreto-Lei n? 6/2001 que a organiza, pode- entre a pesquisa universitária e a prática edu-
mos ler que é um objectivo estratégico desta "a cativa. Desta parceria emergiu um projecto de
garantia de uma educação base para todos, en- promoção de competências de estudo, ancorado
tendendo-a como o início de um processo de edu- em marcos teóricos sólidos, mas também no
cação e formação ao longo da vida". conhecimento da realidade do dia-a-dia da vida
A lógica educativa que perpassa todo o ar- escolar. Esta equipa multidisciplinar que inclui pro-
ticulado da lei é sustentada pela "necessidade de fessores, psicólogos, directores de escola, e acadé-
promover uma mudança gradual nas práticas de micos, preocupada com a promoção de uma apren-
gestão curricular. Tem em vista melhorar a eficá- dizagem para a autonomia, construiu no espaço
cia da resposta educativa aos problemas surgi- do Estudo Acompanhado uma efectiva oportuni-
dos da diversidade dos contextos escolares e as- dade para aprender a aprender, incrementando as
segurar que todos aprendam mais e de um modo competências auto-regulatórias dos seus alunos:
mais significativo" (ABRANTES, 19~9, p.6). o projecto as (Des)venturas do Testas (ROSÁRIO,
Uma das propostas desta nova geometria 2004a; ROSÁRIO et al.,2004, 2005).
curricular propõe três novas áreas curriculares
não disciplinares, onde se promova a articulação (Des)venturas do Testas, um
efectiva entre as competências transversais tra-
projecto para promover o
balhadas no currículo. Estas três novas áreas
curriculares não disciplinares apresentam a se- aprender
guinte designação: estudo acompanhado, área de
formação cívica e área de projecto. Cada uma delas A auto-regulação da aprendizagem é um
apresenta uma dignidade curricular com um es- conceito que, desde os anos 80 do século pas-
paço de 90 minutos semanal no horário dos alu- sado, invadiu a conceptualização e a prática edu-
nos do 5.° ao 9.° ano. No 1. Ciclo do Ensino Bá- cativas. Muitas vezes vestindo-se de contornos
sico (do 1.0 ao 4.° ano) o trabalho nestas áreas pouco claros que, por vezes, intoxicam o processo
curriculares não apresenta um formato rígido no de ensino-aprendizagem. A auto-regulação da
horário dos alunos, uma vez que o regime de aprendizagem refere-se ao grau no qual os estu-
monodocência permite uma flexibilidade na ges- dantes estão metacognitiva, motivacional e
tão de saberes e competências que não ocorre nos comportamentalmente activos e envolvidos na
demais ciclos de ensino. sua aprendizagem (ROSÁRIO, 2002a, 2004). Os
A avaliação do trabalho desenvolvido nes- alunos podem auto-regular diferentes dimensões
tas novas áreas, pela natureza promocional e não da aprendizagem, por exemplo, os seus motivos
remediativa das propostas, apresenta um formato para aprender, os métodos e estratégias que em-
qualitativo. pregam, os resultados de aprendizagem que al-

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mejam e os recursos sociais e ambientais que uti- Contudo, muitos alunos das nossas esco-
lizam. A auto-regulação da aprendizagem pode las apresentam disfunções no seu processo auto-
ser definida como:" (...) os processos pelos quais regulatório, no domínio motivacional (e.g., evi-
os alunos activam e sustêm cognições, comporta- tando determinadas tarefas ou desistindo antes
mentos e afectos, que são sistematicamente ori- da sua conclusão), nos métodos que utilizam
entados para alcançar os seus objectivos" (e.g., utilização inadequada de estratégias de
(SCHUNK & ZIMMERMAN, 1994, p.309). En- aprendizagem) ou nos recursos utilizados (e.g.,
volve, assim, aspectos qualitativos e quantitati- não procurar ajuda de pais ou pares quando ne-
vos do processo de ensino-aprendizagem, uma vez cessitam). Este tipo de problemas, entre outros,
que engloba as estratégias que os alunos utilizam, podem surgir quando os alunos não conhecem
a frequência e a proficiência na sua utilização. Os os processos auto-regulatórios, acreditam que as
pilares do processo auto-regulatório são: a esco- abordagens "de sempre" às tarefas escolares fun-
lha e o controlo (SCHUNK & ZIMMERMAN, cionam bem, ou que, pelo contrário, são inúteis.
1994, 1996) e a tónica está colocada na assunção As taxas de abandono da escolaridade obrigató-
da responsabilidade pessoal no processo de apren- ria em Portugal são preocupantemente elevadas
der. "A tarefa fundamental dos professores é con- rondando os 40%. A escola portuguesa não está
seguir que os alunos se envolvam nas actividades a conseguir cativar os alunos para o aprender
de aprendizagem, alcançando os resultados pre- académico, enquanto noutros domínios do
tendidos ... Convém recordar que aquilo que os aprender, nomeadamente no campo do mane-
alunos realizam é mais importante para a deter- jamento das tecnologias (e.g. jogos de vídeo,
minação daquilo que é aprendido do que aquilo telemóveis) não são visíveis lacunas ou incom-
que o professor faz" (SHUELL, 1986, p.429). petências graves nos jovens, muito pelo contrá-
A partir este enquadramento teórico, de- rio. O problema da aprendizagem parece, por-
fendemos que a promoção de competências auto- tanto, pertencer mais ao domínio da apetência
regulatórias a desenvolver na sala de aula não deve do que da competência. Equipar os alunos para
confinar-se à manipulação de um conjunto de es- que possam aprender e trabalhar o seu envolvi-
tratégias de aprendizagem avulsas e descontextua- mento nas tarefas escolares é o desafio que to-
lizadas, mas sim à discussão de uma lógica auto- dos os educadores têm pela frente. Neste com-
regulatória que perpasse, orientando, todo o bate educativo todas as ajudas são bem vindas.
trabalho dos educandos no sentido de o robuste- Para além destes aspectos - que conscien-
cer qualitativamente. Os alunos não podem auto- temente não cobrem todos os motivos -, habitu-
regular a sua aprendizagem a não ser que lhes se- almente, as escolas também não proporcionam
jam proporcionadas oportunidades para tal, e treino auto-regulatório aos seus professores e
possam controlar algumas dimensões essenciais alunos, por falta de tempo, espaço, formação do-
da sua aprendizagem, por exemplo participando cente ... (Rosário, 2001a, 2002a, 2003; Rosário et
activamente na escolha dos temas dos trabalhos al., 2005).
de pesquisa, estabelecendo a priorização das ta- A intervenção na área de promoção das
refas a desenvolver. .. A importância da auto- competências de auto-regulação da aprendizagem
regulação da aprendizagem é sublinhada pela que desenhámos - materializada numa colecção
ampla investigação na área que sugere, recorren- intitulada (Des)venturas do Testas -, é constituída
temente, que os alunos auto-reguladores da sua por um livro de narrativas auto-regulatórias para
aprendizagem estão mentalmente activos durante os anos do Ensino Básico sujeitos - neste mo-
a aprendizagem exercendo um controlo próximo mento - à reorganização curricular (5°., 6°., 7°. e
sobre o estabelecimento e a prossecução dos 8°. anos), nos -quais o herói Testas, conta aos seus
objectivos estabelecidos (WEINSTEIN, 1994; colegas, algumas das suas desventuras no pro-
ZIMMERMAN, 1998,2000). O projecto de pro- cesso de estudo e aprendizagem (Rosário, 2002b,
moção da aprendizagem auto-regulada que pro- c, d, 2003, 2004b). Este projecto insere-se num
pomos, está alicerçado na convicção, entre outras, quadro de inovação educativa participada (Randi
de que todos os alunos são capazes de aprender e & Corno,~2000; Rosário, 2002a, 2004a), que ca-
podem auto-regular a sua motivação e aprendi- racterizamos como um processo no qual professo-
zagem, sempre que decidam aprender assumindo res e investigadores trabalham conjuntamente
esse controlo. aproveitando as sinergias da ligação teoria-prá-

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tica na construção de ferramentas instrutivas. Os PONS, 1986, 1988, 1998). A nossa proposta de
produtos desta parceria pedagógica, ancorados trabalho com os alunos sugere a realização da
em sólidos racionais teóricos, foram desenhados tarefa inversa: identificar as estratégias de apren-
para promover efectivamente o processo de ensi- dizagem subjacentes ao discurso, construindo, a
no aprendizagem das populações escolares. partir da narrativa auto-regulatória oferecida pelo
As (Des) venturas do Testas não pretende ser Testas, a própria. A história que oferecemos não
mais um projecto concebido as septicamente num é, pois, um produto final. Apresenta-se, pelo con-
computador de gabinete, e por isso, desfasado trário, como o ponto de partida para a constru-
das necessidades reais da intervenção educativa, ção pessoal de itinerários auto-regulatórios, por
mas uma (co)construção na lógica da inovação parte dos pais, dos professores e dos alunos. É
educativa, tendo, por este motivo, um enqua- na encruzilhada dos desencontros, entre o que o
dramento ecológico bem definido. Esta ferra- "Testas" faz ou pensa o seu agir, e o que cada um
menta curricular apoia-se na convicção de que a de nós faz ou pensa-o-oue-foz que se inicia o pro-
aprendizagem auto-regulada pode ser promovida cesso de construção da nossa narrativa auto-
através da modelação e da experienciação de regulatória. Como sugere eloquentemente
múltiplas oportunidades para o desenvolvimento Bruner (1990), as narrativas não visam tornar-
de uma aprendizagem independente (PINTRICH, nos melhores leitores, mas sim melhores auto-
2000; ROSÁRIO, 2003). Construímos um mo- res. A sua proposta não é, obviamente, disjuntiva.
delo orientado para a promoção da aprendiza- Para realizarmos um trabalho auto-regulatório de
gem implícita do processo auto-regulatório. O autor, temos de incrementar as nossas compe-
nosso principal objectivo está orientado para a tências leitoras e reflexivas. Este é o cerne do
organização, no espaço-escola, de um ambiente trabalho que vos propomos: utilizar a narrativa
de aprendizagem que proporcione o envolvi- do Testas como uma janela através da qual se
mento dos pais, professores e alunos na cons- possam construir leituras auto-regulatórias de re-
trução de um guião de aprendizagem auto-regula- autoria.
tório. Quisemos evitar a descontextualização das As narrativas seguem um guião consonante
experiências concretas de aprendizagem, ampla- com o marco teórico auto-regulatório sociocognitivo
mente sancionada na literatura como uma meto- (PINTRICH, 2000; SCHUNK, 1996; SCHUNK &
dologia, que não só não promove a transferência ZIMMERMAN, 1998; ZIMMERMAN, 1998,
de conhecimentos e competências para outros 2000). Nestas, alguns aspectos concretizam esta
conteúdos e contextos de aprendizagem, como intenção de compelir o aluno à construção deste
pode, inclusive, propagar entre os alunos a crença projecto pessoal, nomeadamente, o carácter não
de que as estratégias de aprendizagem são um formatado das sessões, sem tempos rígidos nem
kit de tácticas para utilizar, indiferenciadamente, actividades normalizadas, apela à construção de
nas diversas tarefas de aprendizagem. um percurso auto-regulatório pessoal (e.g., RO-
As (des)venturas do Testas compliam estóri- SÁRIO, 2001b, 2002a; ROSÁRIO et al., 2004,
as relatadas num discurso intimista e narrativo 2005). Nas pistas de trabalho apresentadas no li-
onde um aluno, como os demais, descreve e re- vro teórico que sustenta o projecto (ROSÁRIO,
flete em cada um dos livros sobre as suas experi- 2004a), propomos um conjunto alargado de su-
ências concretas de aprendizagem. Os seus cole- gestões para trabalhar as competências auto-
gas leitores podem, desta forma, experienciar uma regulatórias, cabendo aos educadores a escolha das
aprendizagem vicariante através desta narrativa actividades adequadas a cada jovem/grupo-turma.
e aprender indutivamente um modelo auto-regu-
latório para enfrentar as suas experiências de PLEA: Muscular o aprender
aprendizagem. Esta aprendizagem indutiva, en-
volve um processo de meta-análise dos compor- Barry Zimmerman e colaboradores apre-
tamentos e reflexões oferecidas ao longo das sentaram em 1998, reiterando-o em 2000, um
(Des)venturas do Testas. Nos textos das diferentes modelo explicativo da aprendizagem auto-re-
(des)venturas estão disseminadas as estratégias gulada. A intervenção que desenhámos, em-
de aprendizagem, organizadas de acordo com o bora ancorada no modelo sociocognitivo
modelo de auto-regulação proposto pela família (ZIMMERMAN, 1998, 2000), apresenta um
sociocognitiva (ZiMMERMAN & MARTINEZ- modelo cíclico mais parcimonioso: o PLEA - Pla-

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nificação, Execução e Avaliação das tarefas - (RO- do sublinhado. A utilização desta estratégia, deve
SÁRIO, 2002a, 2004a). Como pode ser obser- ser, em primeiro lugar, planificada. Qual é o texto
vado na figura 1, o modelo apresenta três fases: que vai ser sublinhado? Qual é a função deste
a Planificação, a Execução e, por último, a fase sublinhado? Identificar as ideias principais? Ser-
de Avaliação das tarefas desenvolvidas. vir de esqueleto a um resumo? Depois de planifi-
A fase de planificação ocorre quando os alu- cada, a estratégia tem de ser aplicada a uma ta-
nos analisam a tarefa específica de aprendizagem refa específica de aprendizagem. Como escolher
com a qual se defrontam. Esta análise envolve o ideias principais? Como identificar os detalhes?
estudo dos seus recursos pessoais e ambientais Por último, após a realização do subli-
para enfrentar a tarefa, o estabelecimento de nhado, este deve ser avaliado. O texto está todo
objectivos face à(s) tarefa(s) e um plano para re- sublinhado? O sublinhado é realizado a tantas
duzir a distância que os separa da meta final. A cores que o efeito cromático é distractivo das
fase de execução da tarefa refere-se à imple- ideias principais? Se o material está todo subli-
mentação da estratégia para atingir a meta de- nhado, a estratégia foi mal utilizada. Conse-
senhada. Os alunos utilizam um conjunto or- guimos, lendo apenas os sublinhados realizados
ganizado de estratégias de aprendizagem e compreender a mensagem? Se não, é necessário
auto-monitorizam a sua eficácia tendo em vista o tentar analisar quais podem ter sido os motivos.
alcance da meta estabelecida. Por último, a fase O aluno não possui um conhecimento declara-
de avaliação tem lugar quando o aluno analisa a tivo sobre a estratégia de sublinhar? Ou o défice
relação entre o produto da sua aprendizagem e a está apenas no conhecimento processual? As res-
meta previamente estabelecida para si próprio. O postas a estas questões contribuirão para tirar
núcleo fundamental desta fase do processo auto- consequências e (re)elaborar um novo subli-
regulatório não se centra na mera constatação de nhado na abordagem à tarefa de aprendizagem.
eventuais discrepâncias, mas sim no redesenho de Podemos, assim, identificar duas lógicas
estratégias que possam diminuir essa distância e (cfr. figo1) que orientam a estrutura da ferramenta
alcançar o objetivo marcado. curricular auto-regulatória proposta. Em pri-
A natureza deste modelo sugere-nos, ainda, meiro lugar, a estrutura da narrativa para cada
que cada uma das fases descritas e respectivas um dos anos lectivos está orientada segundo o
tarefas seja analisada de acordo com o guião ciclo auto-regulatório descrito anteriormente: fase
cíclico que constitui o seu cerne. Assim, por exem- de planificação, fase de execução e, por fim, a fase
plo, a elaboração de um horário de estudo, que de avaliação que, por sua vez é percursora da fase
pode ser incluída na fase de planificação das ta- de planificação. O ciclo auto-regulatório fica
refas de estudo, deve ser sujeita a uma planifi- desta forma assegurado. Assim, em cada um dos
cação, onde são pensadas e escolhidas as ativida- textos referentes aos anos lectivos alvo desta inter-
des e tarefas a incluir, o número de horas de venção, existem capítulos que intencionalizam
estudo, o local, a tipologia dos tempos livres, entre cada uma destas fases, embora com pesos dife-
outros aspectos. Executada: o horário tem de ser renciados. Por exemplo, no 5.° ano acentuámos a
elaborado, o que implica registar num quadro/ fase de planificação, enquanto no 6.° foi dado um
tabela a sequência prevista das actividades em maior peso à fase de execução, e no 7.° à avaliação.
função do objectivo escolar pretendido. Por fim,
o horário tem de ser avaliado. Inclui todas as
actividades e tarefas previstas? A este nível mais
superficial de análise segue-se a confirmação, dia
após dia, da sua exequibilidade. O horário é
cumprido? Em caso negativo, por que razão? É
irrealista? É um bom plano de intenções, mas
não é cumprido por falta de empenho e de cen-
tração na tarefa? E, uma vez encontrada(s) a(s)
razão (ões), qual o novo perfil de horário? Este
modelo global é actualizado em cada uma das
Figura 1 - Modelo PLEA onde se cruzam as duas lógicas q
outras fases. Na fase de realização, por exemplo, organizam esta ferramenta de promoção da auto-regulação -
podemos seguir o mesmo raciocínio com a tarefa sala de aula.

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o segundo eixo norteador desta inter- terísticas. Em primeiro lugar, as estratégias cons-
venção refere-se ao facto do processo cíclico auto- tituem acções deliberadas para atingir objectivos
regulatório se operacionalizar em cada uma das específicos. Em segundo, correspondem a uma
fases e suas actividades (cf Fig.1). Assim, por resposta pessoal a um determinado problema, o
exemplo, a fase de planificação das tarefas, tam- que envolve agência e controlo pessoal sobre as
bém é planificada, executada e avaliada, não só tarefas a desempenhar, mais do que a utilização
como fase, mas também em cada uma das suas de um guião estratégico, pré-formatado, para en-
actividades. Pensamos que esta opção lógica re- frentar tarefas de aprendizagem. Em terceiro lu-
força a sinergia auto-regulatória, permitindo aos gar, as estratégias são aplicadas selectivamente e
educadores e educandos a experienciação do pro- com flexibilidade em função da tarefa, envol-
cesso auto-regulatório, como um todo, em qual- vendo skill & will, ou seja a aplicação de recursos
quer das suas fases ou respectivas actividades. cognitivos e motivacionais à tarefa específica de
Assim, apesar de termos desenhado capítulos que aprendizagem. Por último, as estratégias de apren-
promovem a discussão de tópicos relacionados dizagem devem ser treinadas em diferentes ti-
com cada uma das fases, todos os capítulos estão pos de tarefas escolares para facilitar a sua trans-
organizados para discutir o processo auto-regu- feribilidade. Como já referimos, no marco teórico
latório como um todo. Estas duas lógicas devem sociocognitivo, a auto-regulação é perspectivada
ser respeitadas e intencionalizadas pelos educa- como dependente do contexto específico, o que
dores que trabalhem com este instrumento de significa que não é entendida como um traço ou
promoção auto-regulatória, a fim de assegurar um nível de desenvolvimento determinado
a sua coerência e efectividade (cfr. ROSÁRIO, (SCHUNK & ZIMMERMAN, 1994). Os apren-
2002a, 2004a). dizes não se envolvem auto-regulatoriamente de
uma forma semelhante em todos os contextos e
Arquitectura do projecto tarefas de aprendizagem. Apesar de alguns pro-
cessos auto-regulatórios serem transversais às
(Des)venturas do Testas tarefas - por exemplo, o estabelecimento de
A intervenção que propomos não se confi- objectivos -, os alunos devem aprender a adap-
gura como um programa de competências de es- tar, com eficácia, os seus processos de aprendi-
tudo. Não sugere uma estrutura de sessões dis- zagem aos diferentes domínios de aprendizagem.
tribuídas ao longo do ano lectivo, nem tempos Relembramos que os eixos do processo auto-
previstos e apertados para desenvolveractividades regulatório são a escolha e o controlo.
previamente estipuladas. Pelo contrário, o pro- Como trabalhar este projecto? Os títulos
jecto (Des)venturas do Testas é um móbil para da colecção (Des)venturas do Testas podem ser li-
trabalhar as competências auto-regulatórias na dos e discutidos, na escola e em casa, respei-
sala de aula, e, apesar de possuir um guião sóli- tando o ano de escolaridade e a lógica do pro-
do que organiza o projecto (ROSÁRIO et al., cesso de auto-regulação da aprendizagem: cada
2004, 2005), apresenta um carácter ajustável às actividade/tarefa/problema/estória deve ser pla-
diferentes velocidades e necessidades dos múlti- nificada, executada e avaliada (ROSÁRIO,
plos leitores-autores. A auto-regulação da apren- 2004b). A intencionalização destes três passos
dizagem é um processo intencional: os alunos ajudará o aluno e os educadores a reflectirem
devem aprender a utilizar um amplo leque de sobre a sua participação no processo de aprendi-
estratégias de aprendizagem de uma forma inde- zagem e, eventualmente, a repensar as suas es-
pendente e autónoma no seu trabalho pessoal. colhas estratégicas na abordagem às diferentes
Algumas estratégias estão vocacionadas para tarefas de aprendizagem. A promoção das com-
organizar o processamento da informação en- petências auto-regulatórias é um investimento
quanto outras ajudam a gerir o tempo ou as no crescimento dos alunos e do sucesso escolar.
emoções (ROSARIO, 2001a,b, 2002a, 2003; Se estes conhecerem proficientemente que estra-
SCHUNK, 1998; ZIMMERMAN, 1998, 2000). tégias de aprendizagem utilizar: onde, como e
Algumas estratégias são específicas da tarefa quando, este repertório comportamental terá
enquanto outras são mais gerais. No entanto, consequências na qualidade da sua aprendiza-
apesar da variedade das estratégias de aprendi- gem e no seu bem-estar pessoal, uma vez que os
zagem, estas partilham um conjunto de carac- seus níveis de auto-eficácia académica subirão.

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o processo auto-regulatório incrementa-se atra- auto-regulação da aprendizagem, saber como se
vés da musculação da escolha e do controlo dos aplicam a diferentes situações e tarefas concre-
comportamentos. Os educadores, em primeiro tas de aprendizagem, mas também quando apli-
lugar, podem contribuir proporcionando oportu- car cada. O ensino e prática das estratégias de
nidades efectivas para que tal ocorra e, posterior- aprendizagem não deveriam ser encarados como
mente, poderão promover o incremento da refle- uma tarefa fechada num curso concreto ou área'
xão sobre as escolhas e a monitorização realizadas curricular específica, mas perspectivada como
pelo aluno para alcançar os objectivos desenha- uma responsabilidade e tarefa de todos os pro-
dos. Neste sentido, as tarefas que propomos no fessores daquela turma.
livro teórico organizador deste projecto (ROSÁ- A ausência de referenciação do trabalho
RIO, 2004a) para trabalhar e discutir com os alu- realizado neste espaço do Estudo Acompanhado,
nos a partir de cada capítulo, estão orientadas para em diferentes contextos de aprendizagem adja-
a análise das reflexões/conclusões/ilações que o centes tais como as áreas disciplinares curri-
Testas vai retirando das suas experiências de culares, a sala de estudo, a oficina de tempos li-
aprendizagem, mas também para a realização de vres ou a família, compromete a eficácia das
tarefas concretas de aplicação das estratégias de referidas aprendizagens e a sua transferibilidade
aprendizagem que visam promover o treino da para outros domínios. O "Estudo Acompanhado"
tomada de decisão e a reflexão pessoal. No final poderá constituir-se como um espaço onde pos-
de cada momento de avaliação, pensamos que os sam ser respeitadas estas orientações gerais auto-
alunos se devem confrontar com uma ficha de ava- regulatórias sempre que envolva todo o conse-
liação processual e reflectir, individual e grupal- lho de turma e, desejavelmente, os encarregados
mente, sobre as diferentes conclusões retiradas. de educação. O trabalho destas parcerias deveria
incidir na estruturação do trabalho a desenvol-
Palavras finais ver nesta área curricular não disciplinar, com su-
gestões e tarefas concretas e ofereça uma
As estratégias de aprendizagem necessitam tipologia de tarefas promotora de um trabalho
de ser aprendidas e praticadas em contexto, se- auto-regulatório efectivo.
guindo uma rotina que não a da mera aplicação O perfil de trabalho que propomos para o
recorrente de fichas ou tarefas avulsas, órfãs de "Estudo Acompanhado" não compreende o es-
racional que as estruture (ROSÁRIO et aI., 2005). tudo pessoal avulso ou a resolução de trabalhos
Para promover uma aprendizagem auto-regula- de casa que deveriam ter sido realizados noutros
da, o modelo seguido não deve ser refém de uma contextos. Defendemos que este tempo lectivo
lógica lacunar. O seu foco não deve estar na com- tem de ser planificado, implementado e avaliado,
pensação de um défice, no pressuposto de que o com a mesma exigência profissional que os do-
trabalho dos alunos se baseia em estratégias de centes dedicam às áreas curriculares disciplina-
aprendizagem inadequadas, precisando, portanto, res. É necessário e urgente formar os docentes
de ser alvo de uma remediação curativa. Pelo con- nesta área. Não só remediativamente, com acções
trário, os dados referenciados nas diferentes re- de formação pontuais ou projectos como este,
visões da literatura nesta área de conhecimento mas também, preventivamente, por exemplo,
(SIMPSON et al, 1997) sugerem que o ensino e infundindo esta temática na formação inicial dos
prática das estratégias de auto-regulação da professores ou na formação pós graduada, refira-
aprendizagem devem obedecer a uma lógica se, a este propósito, o papel pioneiro da Univer-
desenvolvimental e promocional: serem realiza- sidade do Minho. Outro dos aspectos estrutu-
dos em contexto, proporcionando muitas e diver- rantes desta área curricular não disciplinar está
sificadas oportunidades para que o educando relacionado com a promoção de uma articulação
possa optar, adequando as diferentes estratégias com os encarregados de educação. Esta poderia
de aprendizagem às exigências da tarefa e ao seu ser potencializada, entre outras hipóteses, atra-
estilo de aprendizagem. vés de sugestões de tarefas escolares para desen-
volver em espaços extra-escola, como as que pro-
Escolher, controlar e reflectir!
pomos no projecto (Des)venturas do Testas. Os
Os educandos necessitam de conhecer, o trabalhos de casa, desde que promovam um
mais extensamente possível, as estratégias de efectivo trabalho auto-regulatório, e não apenas

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a rotina e mecanização de algoritmos trabalha- theory and research. Contemporary Educational
dos na sala de aula, poderiam também consti- Psychology, 25, pp. 92-104, 2000.
tuir-se como outro nó do elo de ligação entre a RANDI, J., & CORNO, L. Teacher innovations in
escola e a família. Pensamos que o sucesso educa- self-regulated learning. In M. Boekaerts, P.
tivo dos alunos depende em grande medida da Pintrich & M. Zeidner (Eds.), Handbook of Self
promoção desta sinergia na comunidade edu- regulation. New York: Academic Press, pp. 651-
cativa. Na linha defendida amplamente na lite- 689,2000.
ratura referenciada, somos críticos ao ensino de
ROSÁRIO, P. Diferenças processuais na aprendi-
estratégias de aprendizagem "separadas" do cur-
zagem: Avaliação alternativa das estratégias de
rículo. Acreditamos que o desenvolvimento das
auto-regulação da aprendizagem. Psicologia, Edu-
competências auto-regulatórias dos alunos está
cação e Cultura, 1(1), pp. 87-102, 2001a.
dependente das actividades concretas de apren-
dizagem que convidem à exibição de respostas ROSÁRIO, P. Área curricular de "Estudo Acom-
auto-regulatórias forjadas em ambientes e con- panhado". Contributos para a discussão de uma
textos específicos de aprendizagem. No entanto, metodologia. Revista Portuguesa de Educação, 14 (2),
pensamos que este formato curricular do estudo pp. 63-93, 2001b.
acompanhado pode ser o primeiro passo para ROSÁRIO, P. Elementar, meu caro Testas. Porto:
esse outro, desde que seja perspectivado como Porto Editora, 2002c.
um ponto de partida, apenas. A infusão curricular ROSÁRIO, P. Estórias para estudar, história sobre o
é o porto instrutivo que almejamos. estudar: Narrativas auto-regulatórias na sala de aula.
O que aprendemos quando aprendemos? Porto: Porto Editora, 2002a.
Lembro uma história antiga que resume de uma ROSÁRIO, P. Estudar o Estudar: As (Des)venturas
forma muito gráfica o repto educativo de todos os do Testas. Porto: Porto Editora, 2004a
educadores: ensinar os nossos alunos a pensar.
ROSÁRIO, P. O Senhor aos papéis, a Irmandade do
Havia em tempos um estudante que nunca chegou
Granel. Porto: Porto Editora, 2003.
a converter-se num matemático, porque acredita-
va cegamente nas respostas que vinham nas últi- ROSÁRIO, P. O Senhor aos papéis, a Irmandade do
mas páginas do seu manual ... e, ainda que possa Granel. Porto: Porto Editora, 2004b
parecer paradoxal, as respostas estavam correctas. ROSÁRIO, P. Testas para sempre. Porto: Porto Edi-
Deixamo-vos as (Des)venturas do Testas, es- tora, 2002b.
perando que possam constituir-se .como uma ROSARIO, P., NÚNEZ, J., & GONZÁLEZ-
oportunidade para promover a auto-regulação na PIENDA, J. Stories that show how to study and how
sala de aula e na sala de estar, envolvendo os alu- to learn: an experience in Portuguese school system.
nos, os professores e os encarregados de educação Electronic [ournal of Research in Educational
num ambiente auto-regulatório verdadeiramente Psychology, (1), pp. 131-144,2004
conspirativo e educativo.
ROSÁRIO, P., TRIGO, J., NÚNEZ, J. c.. &
GONZÁLEZ- PIENDA, J. SRL Enhancing Narratives:
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