Relatório – Políticas Públicas de Diganidade da Pessoa Humana e Pan-Amazônia:
Novos Paradigmas
1. POLÍTICAS PÚBLICAS DE DIGANIDADE DA PESSOA HUMANA
A princípio, para entender o tema proposto se faz necessária uma
contextualização. A Amazônia é composta por uma população de mais de 24 milhões de pessoas originadas de um mosaico heterogênico. Há também uma pluralidade de identidades sociais e dinamismo entre as pessoas, trazendo uma diversidade de práticas produtivas. Há também uma grande diversidade de identidades políticas: ribeirinhos, indígenas, vargeiros, etc. E a grande maioria da população são polivalentes, isto é, utilizam de várias formas de produção, as quais respondem por 70% da produção agrícola da Amazônia. Nossa sociedade moderna é baseada em uma relação de domínio para com a natureza, enquanto que nas sociedades tradicionais existe uma relação de integração entre homem e natureza. Outra diferença de relações que está na proteção. Nas sociedades mais desenvolvidas há uma relação de proteção do conhecimento atrelado à propriedade privada e nas sociedades tradicionais existe uma relação de proteção dos saberes pela socialização, o homem tem maior zelo pela natureza e este zelo é baseado nas crenças da sociedade em que ele está inserido e este é transferido de uma geração a outra de maneira oral. Uma outra forma de relação entre homem e natureza é a relação de produção. Nas sociedades mais industrializadas e consideradas mais “desenvolvidas” há a quase total predominância de uma relação de acúmulo, em que a natureza é explorada além de seus limites para o homem poder gerar mais acúmulos e, por consequência, gerar mais capital. Já nas sociedades tradicionais não existe essa relação de acúmulos. Só é produzido e/ou explorado o suficiente para sobreviver e para comercializar para poder tirar um sustento a mais. É quase inexistente o acúmulo para gerar mais capital. Por fim, uma outra relação bem importante de ser mencionada é a relação com os ciclos da natureza. Como dito anteriormente, as sociedades industrializadas exploram além dos limites da natureza, desconsiderando os ciclos que a natureza necessita para manter-se autossustentável. Há um grande desrespeito por parte do homem ao não considerar esses limites. Nas sociedades tradicionais, pelo contrário, há um grande respeito pela terra. Um respeito que é recíproco, pois manter o respeito sempre é extremamente benéfico para os dois lados. Com a globalização e o encontro de culturas torna-se visível um aumento da vulnerabilidade dos indivíduos de sociedades tradicionais. Isto porque ele é posto diante de uma nova língua, uma nova cultura ao qual não está habituado, tornando muito mais difícil a sua sobrevivência. Um exemplo de dinamismo vivido pelas sociedades tradicionais da Amazônia está entre os ribeirinhos e os regateiros. As trocas que eles efetuam são baseadas em seu relacionamento. Para facilitar as trocas, os ribeirinhos convidam os regateiros para viver às margens dos rios, e com isso, há a existência de mudança de localidades devido à facilitação na obtenção de mercadorias. O conhecimento que é passado de geração em geração vai se amoldando com o passar do tempo e à medida que ele vai se modificando, o conhecimento primitivo tende a ir desaparecendo. Para evitar que as tradições se percam, é necessário que existam políticas públicas no sentido de melhorar a qualidade de vida das comunidades, mas sem alterar as tradições e crenças compartilhadas por estes povos. Não se deve, por exemplo, colocar comunidades tradicionais sobre um mesmo prisma uniforme. Eles são protagonistas de suas próprias histórias. Ainda que tenham ocorrido diversos avanços a respeito da maneira como lidamos com a Amazônia, ainda existem desafios muito complicados a serem vencidos. Um deles é o trabalho escravo que, em pleno século XXI, ainda existe. De acordo com o CNJ, em 2019, 524 trabalhadores foram resgatados da condição de trabalho escravo no Amazonas ao longo de 23 anos. E, de acordo com o CPT, também em 2019, entre 1985 e 2019 ocorreram cerca de 50 massacres no campo brasileiro com 230 vítimas. Outros grandes desafios da Amazônia são a concentração populacional nas áreas urbanas com o crescimento desordenado, ou seja, a densidade demográfica concentra-se em pontos isolados. Há também o desagregamento nas formas de organização social e nos ecossistemas resultantes da globalização. Uma anomia social e rotulações/estereótipos errôneos e preconceituosos a respeito das sociedades tradicionais. Quase inexistência de Políticas Públicas que atendam as populações locais e agravam as desigualdades. Grande poluição e contaminação das águas. Políticas Públicas realizadas sem vislumbrar a realidade local, o contexto social e geográfico. Dificuldade de acesso e garantia de direitos individuais e coletivos e, por fim, o agravamento do quadro epidemiológico, à exemplo do COVID-19 e as populações Indígenas. Ante o exposto, depreende-se que as Políticas Públicas devem seguir 5 objetivos primordiais e são eles: 1) Dignidade: construir uma sociedade livre e justa; 2) Valores: valorizar os valores essenciais como a solidariedade e coletividade; 3) Oportunidade: promover oportunidades e iniciativas onde os conhecimentos tradicionais são preservados; 4) Iniciativa: viabilizar a autogestão das comunidades; 5) Cidadania: instruir as comunidades sobre seus direitos e como mantê-los. Além dos objetivos primordiais, as Políticas Públicas devem ter 5 pilares: geográfico, cultural, econômico, ambiental e social. Por fim, para que ocorra o desenvolvimento ecologicamente correto e economicamente viável é necessário que eles sejam socialmente justos.
2. POLÍTICAS PÚBLICAS DE DIGANIDADE DA PESSOA HUMANA
A ausência de uma legislação comum cobrindo todos os países torna difícil
proteger a Amazônia de forma mais eficaz, portanto, a proteção em vários níveis dos direitos humanos deve ser considerada para um meio ambiente ecologicamente equilibrado. Não há dúvida de que o meio ambiente atualmente tem status de direito fundamental. As normas nacionais e internacionais são elaboradas levando-se em consideração os interesses conservacionistas e ambientais, e sua proteção está diretamente ligada aos interesses da comunidade mundial. Frente a esses interesses transterritoriais cada vez mais emergentes em todo o mundo, os acordos internacionais ganham força ao buscar uma forma de orientar os conflitos de interesses ambientais. Há a necessidade de consideração da dimensão da Amazônia na formulação e implementação de políticas de desenvolvimento regional. A PAN-AMAZÔNIA é composta por mais de 7 milhões de km² inseridos em territórios de 8 países da América do Sul. Os países integrantes são Brasil, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa. Por estar presente em todos esses países, não há uma unidade política atuante na Pan-Amazônia. Existem 3 critérios para a delimitação da Amazônia: hidrológico, o qual leva em conta a Bacia Hidrográfica da Amazônia; ecológico, que seria a cobertura vegetal, critério este que é o inclusivo da Guiana Francesa; e o político administrativo, o qual compõe os interesses nacionais de cada país. A Amazonia é muito relevante em todo o mundo. Segundo Mendes, 2011, “a palavra Amazônia é a terceira mais pronunciada no mundo contemporâneo, depois de Jesus Cristo e da Coca-Cola”. Isso se deve ao seu significado superlativo: a maior floresta tropical do planeta, a maior bacia hidrológica da Terra; área de conservação da biodiversidade e o maior banco genético do mundo; uma das províncias mais ricas em minerais que existem. A maior dificuldade na integração regional e nas políticas supranacionais é harmonizar o status protecionista, respeitando a soberania dos países que têm parte da Amazônia em seu território. Em 1978, por iniciativa do Governo Brasileiro, foi assinado o Tratado de Cooperação Amazônica, com os principais objetivos: proteger a soberania das Unidades de Conservação em seu território amazônico; desenvolver áreas equilibradas e superar assimetrias entre áreas protegidas; conservação, preservação e uso sustentável dos recursos naturais; promover o desenvolvimento sustentável e é um espaço de cooperação e intercâmbio. Em 1198, foi criada a OTCA, por meio de um protocolo revisado. A OTCA é uma organização intergovernamental com personalidade jurídica, competente para celebrar acordos com Estados membros, Estados não membros e outras organizações internacionais. Em 2002, foi criada uma Secretaria Permanente, com sede em Brasília, para cumprir os objetivos estabelecidos no TCA, em consonância com o mandato dos Órgãos do Tratado. Os principais objetivos desta OTCA são coordenar as ações entre os Estados Pan-amazônicos, como meio de resolução e resolução de conflitos regionais e sistêmicos, e facilitar as decisões sobre questões comuns. No que diz respeito à proteção interna da segurança da informação de cada membro, cada país possui normas específicas sobre o assunto. A República da Bolívia é MARCÍSTICA segundo as antigas e tradicionais normas do direito dos tratados, cuja recepção está subordinada aos Poderes Executivo e Legislativo. Só depois dessa discussão a Corte Constitucional da Bolívia foi chamada a falar sobre sua constitucionalidade. Quanto ao direito da Guiana, não há nem mesmo um remédio jurídico para a relação entre o direito internacional e o direito interno, omissão que a Suprema Corte da Guiana teve que reconhecer - devido a uma fusão do costume e do direito - é a garantia do pedido da prática globalmente. direito internacional pelo direito consuetudinário. No Peru, o texto constitucional tem um capítulo separado sobre tratados internacionais, que trata "tanto da autoridade do presidente para 'exercer e ratificar tratados', quanto do poder da Assembleia Nacional de ratificar tratados", desde que seja consistente com a própria Constituição, até certo grau de descentralização, a norma básica do Peru sempre prevalecerá”. A República do Suriname adota um sistema de ratificação de tratados internacionais assinados pelo presidente por meio de leis, notificando a Assembleia Nacional e a Assembleia Nacional para aprovar. No entanto, “a forma de divulgação deste acordo estará sujeita às disposições que regem a legislação específica”. Nesse caso, os tratados internacionais têm precedência sobre a regulamentação nacional. Na Venezuela, os poderes políticos constitucionais que autorizaram a celebração de tratados internacionais podem “atribuir autoridade a órgãos e normas supranacionais serão considerados parte integrante do sistema de direito”. Sistema jurídico venezuelano, que se aplica direta e preferencialmente ao direito interno”. Por sua vez, a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 não fala em hierarquia de tratados entre as leis internas, mas afirma que, considerando a jurisprudência, se existe um «sistema de classificação, nível constitucional dos tratados de direitos humanos no Brasil , também reconheceremos a primazia das convenções ambientais internacionais ”. É importante considerar que praticamente todos os investimentos na Pan- Amazônia geram algum grau de impacto ambiental, como compromissos em áreas como agricultura, mineração, lavoura ilegal, exploração de petróleo e gás, construção de hidrelétricas, pavimentação de estradas e melhorias para hidrovias, entre outras, não são viáveis sem impacto no meio ambiente. “No contexto atual e no curto e médio prazo, a questão central não está mais relacionada ao dilema de explorar ou não os recursos amazônicos, mas sim de explorar a região em tempo hábil. Sustentável e de preferência com autonomia por parte de os estados detentores dos territórios da Amazônia ». Embora a existência de um pensamento conservacionista real por trás do ativismo ambiental não possa ser descartada, os interesses econômicos e políticos de grandes potências ou organizações e atores internacionais costumam usar esse discurso para apoiar sub-repticiamente seus objetivos e interesses. O processo de percepção dos países pan-amazônicos de que é preciso integrar seus núcleos mais ativos às áreas florestais.