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SUMÁRIO

1 DIREITO CONVIVENCIAL .......................................................................... 3

2 Filiação no Biodireito e na Bioética ............................................................. 6

2.1 Bioética e sua evolução........................................................................ 7

2.2 Bioética, homem, identidade e dignidade da pessoa humana ........... 11

3 ADOÇÃO .................................................................................................. 24

3.1 Adoção no ordenamento jurídico brasileiro ........................................ 24

3.2 Tipos de adoção ................................................................................. 27

3.2.1 Unilateral ...................................................................................... 28

3.2.2 Bilateral ........................................................................................ 28

3.2.3 Internacional ................................................................................. 29

3.2.4 Adoção “à brasileira” .................................................................... 30

3.2.5 Adoção póstumas ......................................................................... 31

3.3 O processo de adoção no brasil ......................................................... 31

3.4 Adoção no estatuto da criança e do adolescente ............................... 33

3.5 Adoção segundo o Código Civil ......................................................... 35

3.6 A nova lei de adoção lei n. 12.010/2009............................................. 36

3.7 Morosidade no processo de adoção .................................................. 38

4 PODER FAMILIAR .................................................................................... 40

5 ALIMENTOS ............................................................................................. 42

6 DIREITO ASSISTENCIAL ......................................................................... 46

7 AUSÊNCIA NO DIREITO DE FAMÍLIA ..................................................... 48

8 PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA .............................................................. 49

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 51

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1 DIREITO CONVIVENCIAL

Fonte: www.paisefilhos.pt

Tem sido bastante discutida na doutrina a existência ou não de um estado civil


de convivente, diante das relações familiares subjacentes e em face de pessoa
solteira ou viúva, que portando os respectivos estados civis dito prevalecentes,
mantenha um relacionamento convivencial com outrem.
Diante da exigência do artigo 1.647, inciso I, do Código Civil para a validade de
determinados negócios jurídicos, a necessidade de “outorga convivencial” afigura-se
idêntica, aos atos de alienação de bens imóveis ou de gravames de ônus real sobre
eles. Assim, impõe-se à sua falta a anulabilidade deles (artigo 1.649, CC).
A inclusão expressa do companheiro nas regras processuais do novo CPC
figura em muitos outros dispositivos, como: artigo 144, incisos III, IV e VIII
(impedimento do juiz); artigo 145, inciso III (suspeição do juiz); artigo 388, inciso III
(depoimento desonroso); artigo 447, parágrafo 2º, inciso II (impedimento testemunhal,
salvo determinadas hipóteses); artigo 616, inciso I (legitimidade concorrente do
companheiro supérstite, para a abertura de inventário; artigo 617, inciso I (nomeação
como inventariante).
Estamos na direção certa de encontrarmos um estado civil prevalecente e
substitutivo de pessoas que, não casadas, estejam em estado de casamento de fato,
ou mais precisamente, convivencial, sob as exatas regras que tutelam a união estável.
Ocorre, todavia, que malgrado esse avanço, o sistema do novo CPC, ao tratar dos
requisitos da petição inicial, antes de mencionar, no corpo da norma, necessária a

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indicação da existência de união estável, nela antecipa, por igual, o requisito da
indicação do estado civil. Ou seja, situando no rol dos requisitos, uma aparente
distinção entre o estado civil e o fato do companheirismo que, por si mesmo, apresenta
consequências jurídicas próprias.
De efeito, a necessária boa-fé de a parte expressar uma união estável existente
e o novo dever processual de sua identificação como convivente, importam significar
que essa identificação coincide com a individualização que se extrai do próprio estado
civil, no sentido de dispor e representar como a pessoa natural se situa em suas atuais
condições e circunstâncias.

Fonte: www.osegredo.com.br

Acerca de demais atos relativos ao estado civil, o Livro “E”, do Registro Civil
das Pessoas Naturais, têm sido apresentadas a registro as escrituras públicas
declaratórias de união estável. Ambos os companheiros são legitimados, em conjunto
ou isoladamente, para pedir o registro da escritura ou sentença declaratória da união
estável e/ou o registro ou averbação de sua dissolução no Registro Civil, como refere
o artigo 12 do Provimento nº 10/2014, de 03.09.2014, da Corregedoria Geral de
Justiça de Pernambuco.
De outro lado, a natureza pública das informações de registro civil e os
princípios da eficiência, facilidade de acesso ao público e segurança dos registros
públicos, a teor do que estabelece o artigo 167, inciso II, parágrafo 5º, da Lei 6015/77,

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recomendam, em bom rigor, que o registro da união estável por meio de escrituras
públicas ou de sentenças declaratórias de reconhecimento, deveria ou deverá ter
natureza cogente e não facultativa.
As relações convivenciais não são menos importantes que as conjugais, já
cumprem as funções constitucionais de família, figurando a união estável como
entidade familiar tipificada em seus elementos, diante dos diversos modelos de
família.
De tal sorte, cuida ainda a disposição do artigo 319, em seu parágrafo 1º, do
CPC/2015, de determinar diligências judiciais necessárias, por requerimento da parte
autora, à obtenção dos dados de qualificação da parte adversa, de forma a demonstrar
o seu atual estado civil, ou mais designadamente, se achar constituída ou não uma
união estável. Na hipótese, requisições, a respeito, ao Registro Civil de Pessoas
Naturais.
Posto isso, impende considerar, para os fins do artigo 319, II, do novo CPC,
que as pessoas que vivem em união estável, sejam elas solteiras, separadas de fato
ou judicialmente, viúvas ou, ainda, divorciadas, não guardam o seu estado civil
anterior; muito ao revés, situam-se em nova entidade familiar, a da união estável. Essa
condição, tem o pressuposto lógico de um novo estado civil, a saber tratar-se de “uma
qualidade de pessoa” condizente com suas atuais relações de união, de onde se
extraem, por ditado da própria lei, direitos e deveres. Sergio Gischkow Pereira (2007)
bem o demonstra, sempre atual, doutrinando:

“Quem era viúvo, por exemplo, e estabeleceu convivência com outrem, como
se casado fosse, deixa de ser viúvo e passa a ser companheiro. Terminada
a união de fato, volta a ser viúvo, já que não é nominada a condição de ex-
companheiro”.

A jurisprudência constrói um idêntico entendimento:

“A existência de união estável implica alteração do estado civil, pois esta


figura jurídica, ao lado do casamento, é constitucionalmente considerada uma
entidade familiar protegida pelo Estado” (TJRS – 7ª Câmara Cível - Apelação
Cível n° 70010045045, Relator: Luiz Felipe Brasil Santos).

Suficiente observar que o permissivo da adição do patronímico do companheiro


no registro civil tornou inconteste a ocorrência de um estado civil de companheiro.
Por fim, o Projeto de Lei nº 1779/2003 na Câmara Federal, dispondo sobre o
estado civil dos companheiros na união estável, fica agora ao legislador dizer, com

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maior exatidão, que o estado de convivente é um estado civil, na dignidade de ser um
direito de personalidade reconhecido ao companheiro.
O novo processo civil começa, portanto, a ser determinante no sentido de a
existência de união estável configurar, com exatidão, um estado civil da parte. A
experimentação judiciária, no cumprimento do processo civil justo, de modo a efetivar
o artigo 319, II, do novo CPC, afirma positivamente.

2 FILIAÇÃO NO BIODIREITO E NA BIOÉTICA1

Fonte: www.brunetti.jusbrasil.com.br

A liberdade científica está cada vez maior, portanto se faz necessário que haja
um controle da sua atuação aos princípios do direito à vida e da dignidade da pessoa
humana. Dentro deste prisma é que encontramos a figura do DIREITO, pois é ele que
na atuação conjunta com a Bioética torna-se o mecanismo fundamental para que
exista a pesquisa científica com ética e principalmente com respeito ao ser humano.
A Bioética assim como o Direito de Família está em constante crescimento, em
permanente evolução, devido a isto os princípios que garantem a liberdade, a
igualdade e o respeito à dignidade da pessoa humana, conforme muitas
Constituições, devem ser judicialmente tutelados.

1 Texto extraído do artigo Bioética e filiação: direito à identidade pessoal, direito a conhecer a

origem biológica, de Aline Damásio Damasceno Ferreira.

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O Biodireito contêm os direitos, morais relacionados à vida, à dignidade e à
privacidade dos indivíduos, representando a passagem do discurso ético para a ordem
jurídica, não podendo, no entanto, representar “uma simples formalização jurídica de
princípios estabelecidos por um grupo de sábios, ou mesmo proclamado por um
legislador religioso ou moral. O Biodireito pressupõe a elaboração de uma categoria
intermediária, que se materializa nos direitos humanos, assegurando os seus
fundamentos racionais e legitimadores”.
A rede de relações possível de ser estabelecida entre o Direito de Família e a
Bioética constitui suporte na busca da garantia do Princípio da Dignidade da Pessoa
Humana para todos, pois a estruturação da identidade pessoal, depende da
apropriação da história de vida do ser humano, exigindo o conhecimento de sua
origem, assim como dentro do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, a pessoa
necessita ser compreendida na sua integralidade, considerando as suas diferentes
interfaces: social, psicológica e biológica.

2.1 Bioética e sua evolução

Objeto de batalhas que entrincheiram os defensores em posições contrárias,


em nítida tendência maniqueísta: uns encaram os avanços científicos como
obra do demônio, e no extremo oposto constata-se o seu endeusamento.2
(Volnei Garrafa)

Van Rensselaer Potter, biólogo e oncologista da Universidade de Wisconsin,


Madison – EUA, foi quem deu origem ao termo BIOÉTICA, publicando em 1970 a obra
“Biíthics bridge to the future”.
Para Potter a proposta de uma Bioética estava ligada a questões de ordem
ambiental inerentes à saúde. O termo Bioética para Potter era constituído por “bio”
que representava o conhecimento biológico dos sistemas viventes e “ética” que
configurava o sistema de valores humanos.
Certamente esta primeira ideia de Bioética teve um caráter de utilização restrito,
a proposta preliminar foi a de conceder um sentido macro, interdisciplinar induzindo
pesquisas de grande abrangência.

2 Apud. SANTOS, M. C. C. L. (org.). Biodireito, ciência da vida, os novos desafios. São Paulo:

Revista dos Tribunais, 2001, p. 100.

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A ideia inicial de Bioética foi a da Bioética como “ciência da sobrevivência” ou
seja, uma ciência global que envolve a vida selvagem populações humanas, a vida
urbana, a comunidade internacional, entre outros segmentos.
A Bioética era vista na época como uma grande dimensão que abrangia todas
as questões ligadas à interdisciplinaridade, tanto como a ciência com quanto as
humanidades.
Potter deu vida a Bioética como sendo uma grande necessidade ética da Terra.
Agrupando as várias éticas do mundo, como por exemplo, ética de populações, ética
de consumo, ética urbana e ética profissional. Note que estes são mínimos exemplos
das várias éticas existentes, mas que para Potter confluíram para a
interdisciplinaridade da Bioética.

Fonte: www.noticias.bol.uol.com.br

Outro autor importante para o início da Bioética foi Albert Schweitezer, este
trouxe a preocupação referente à ética global, indagou sobre como ter a ética global.
Coloca em seus posicionamentos que uma ética que configure a preocupação com os
homens e a sociedade não pode ter a significação referente ao posicionamento de
Potter, ele diz, “somente aquela que é Universal e nos obriga a cuidar de todos os
seres nos põe de verdade em contato com o Universo e a vontade nele manifestada.”
André Hellergers foi o precursor da aplicação da Bioética no âmbito da
medicina, fisiologista fetal holandês, da Universidade de Georgetown, e colaborador

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do The Kennedy Institute of Ethics. Para ele a Bioética centraliza-se na figura do ser
humano e às biociências humanas.
O Professor Warren Reich, em 1978, do Instituto Kennedy de Ética, da
Universidade de Georgetown/ EUA, organizou a primeira versão a Enciclopédia de
Bioética, onde defini o termo como: “Estudo sistemático da conduta humana na área
das ciências da vida e a atenção à saúde, enquanto que esta conduta é examinada à
luz dos princípios e valores morais.”
Com o passar dos anos o Professor Reich em uma 2ª edição da Enciclopédia
de Bioética, em 1995, alterou o conceito do termo chegando à seguinte conclusão
referente ao significado da Bioética: “O estudo sistemático das dimensões morais –
incluindo visão moral, decisões, conduta e política das ciências da vida e atenção à
saúde, utilizando a variedade de metodologias éticas em um cenário interdisciplinar.”
É errado dizer que a Bioética restringe-se ao campo da medicina, mas foi neste
campo que ela se firmou inicialmente.
Desde os séculos IV – I a.C., no juramento de Hipócrates se encontram as
premissas sobre quais as atitudes que os profissionais da medicina deveriam ter em
relação ao seu trabalho. Esta situação se repete também em outras culturas, nas quais
se encontram juramentos, mandamentos que são tidos como base para o
desempenho da atividade.
No século XIX se deve atentar para a obra de Thomas Percival (médico Inglês),
conhecido como o pai da “ética médica moderna”, nesta época também há o
surgimento dos conselhos de médicos e os primeiros Códigos Deontológicos.
Todos sabem que o século XX foi marcado pela época nazifascista, tendo como
consequência a prisão de vinte e três médicos alemães, perante o Tribunal de
Nuremberg. Destes vinte e três, dezesseis foram declarados culpados e sete
condenados à morte, devido à prática de atos abusivos e atrozes com a pessoa
humana.
Em 1948, foi adotada a convenção de Genebra, decorrente da grande crise
instaurada pós Segunda Guerra Mundial. Esta Convenção foi adotada na 1ª
Assembleia da Associação Médica Mundial.
Com a segunda Assembleia Mundial se teve a adoção de um Código
Internacional de ética Médica que se baseou e inspirou-se na Convenção de Genebra
e nos Códigos Deontológicos de vários países.

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Ao final do ano de 1962 foi publicado na Revista Life Magazin, um artigo sobre
os critérios de seleção dos candidatos a serem submetidos aos aparatos da
hemodiálise renal, trazendo também, grande desenvolvimento para a Bioética. Além
desta publicação, no ano de 1966 no New England Journal of Medicine, foi realizado
um trabalho assinado por Breecher que compilava vinte e dois artigos já publicados
em diversas revistas que falavam sobre os vários pontos de vista ético.
A Bioética deve ser compreendida como uma ética aplicada à vida, às várias
dimensões da vida humana.
Quando se fala do conhecimento já adquirido e aplicado pelas ciências da vida,
se tem a motivação de vários desdobramentos psicológicos, socioculturais, jurídicos,
econômicos e políticos.

Fonte: www.urosario.edu.com

As mudanças que acontecem na família nos tempos atuais são decorrentes do


progresso científico e econômico que teve seu início há alguns séculos, de modo que
um dos marcos desta evolução é a Revolução Industrial, iniciada em 1750.
A observação das mudanças na família e por consequência no direito de família
fazem com que os operadores do direito, os juristas constatem que estas mudanças
são simplesmente derivadas de um aspecto social, algo que é devidamente
confirmado com o que diz Mary Ann Glendon:

Mobilidade geográfica, mudanças na importância relativa de várias formas de


riquezas, a influência aparentemente em declínio da religião formal,
transformações dos papéis econômicos e sociais das mulheres, maior
longevidade e maior controle do processo da reprodução são alguns dos

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fatores que influíram na instituição da família, que parece eterna, mas de lenta
mudança, e sua frequente acompanhante, a mais polimorfa e mutável
instituição do casamento.3

O comportamento familiar nem sempre coaduna com as normas em vigor nos


diversos países, assim cumpre dizer que o direito de família tinha três tipos de
relações: entre os parceiros que coabitavam, entre pais e filhos e entre os membros
da família nuclear e os da família extensa, hoje estas relações são tratadas de maneira
independente, trazendo inúmeras situações para o cenário do direito de família.

2.2 Bioética, homem, identidade e dignidade da pessoa humana

O novo modo de ver o direito nasce da Constituição Federal, que é a verdadeira


carta de princípios, carta esta que impôs a eficácia de suas normas que definem os
direitos, deveres e garantias fundamentais (art. 5º, § 1º da CF/88).
Os princípios constitucionais foram transformados em pedra angular normativa
onde se firma todo ordenamento jurídico brasileiro. Os princípios constitucionais são
considerados como leis das leis, não servem mais somente como orientadores do
sistema jurídico infraconstitucional, desprovidos de força normativa. Hoje são vistos
como conformadores da lei, ou seja, são extremamente valiosos para a aproximação
do ideal de justiça.
Ao falar em ideal de justiça é importante colocar que a partir do momento em
que houve a constitucionalização do direito civil e a dignidade da pessoa humana foi
consagrada como fundamento do Estado Democrático de Direito (art. 1º, inciso III da
CF/88)17 a simples positivação para resolução de conflitos tornou-se insuficiente,
desde modo os princípios constitucionais passaram a informar todo o sistema legal de
modo a viabilizar o alcance da dignidade da pessoa humana em todas as relações
jurídicas.
A ideia de dignidade humana está inteiramente ligada com a questão da
Bioética, pois com a grande evolução da ciência e da tecnologia não se pode esquecer
que se está lidando com pessoas humanas que tem sentimentos, sentidos, ou seja,
que existe vida.

3 GLENDON, Mary Ann. The Transformation of Family Law. The University of Chicago Press,

1989, p. 04.

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A dignidade da pessoa humana restou consagrada como valor nuclear da
ordem constitucional, a partir do momento em que a promoção dos direitos humanos
e da justiça social tornaram-se presentes nas reflexões de nossos constituintes. A
essência deste princípio é muito difícil de ser capturada em palavras, pois recai sobre
um universo infinito de situações que dificilmente podem ser elencadas de antemão,
deste modo, talvez se possa identificá-lo como sendo o princípio de manifestação
primeira dos valores constitucionais abrangendo sentimentos e emoções.
Na atualidade é notória a preocupação com os aspectos éticos que envolvem
as atividades de Ciência e Tecnologia, esta preocupação pode ser observada por
diversos ângulos.
Hoje se tem um número expressivo de publicações e grupos de pesquisa sobre
o assunto, tanto em universidades quanto em instituições de pesquisas, de serviço e
na própria sociedade. A Bioética vem ganhando espaço cada vez maior nos meios de
comunicação, muitas vezes de forma não muito adequada, abusando até mesmo do
sensacionalismo utilizado pela mídia.
Não há como negar que a Bioética veio à tona na atualidade com a grande
evolução científica e tecnológica surgidas das ciências biológicas. No contexto
contemporâneo a Bioética pode ser encarada como uma possibilidade de configurar
um paradigma que viabilize uma comunicação, um novo discurso sobre a vida.

Fonte: www.leieordem.com.br

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Tudo dentro da Bioética foi nascendo a partir de uma escala exponencial, ou
seja, foram aparecendo inúmeros medicamentos após a primeira Grande Guerra
Mundial, houve a evolução dos aparelhos médicos e principalmente e talvez o mais
temido surgimento ocorreu: a possibilidade do homem de controlar os seus próprios
fundamentos de vida, ou seja, a manipulação genética.
A Bioética, hoje, pode e deve ser encarada como a fundadora de uma nova
perspectiva ética, atentando para que ela não se torne a detentora da verdade, mas
sim como uma fonte de instigação referente à complexidade da tecnociência no
campo da biomédica, tendo a multiplicidade de ideias de maneira criativa e
humanamente possíveis.
O homem contemporâneo encontra-se no curso de uma nova e grande
revolução, inaugurada pela tecnociência, que deverá abalar o modus vivendi do
sujeito humano, instigado por questões de ordem científica, ética e sobretudo política,
visto que ainda vivemos em sociedade.
Na atualidade há urgência em estabelecer normas e comportamentos que
sejam moralmente aceitáveis e praticamente úteis, ou seja, a realização do exercício
de tolerância e pluralidade.
Entende-se que a tolerância deve ser total, se vista como respeito aos
pensamentos e às opiniões alheias, mas o mesmo não se pode afirmar acerca dos
atos que muitas vezes a acompanham.
Nos comportamentos quotidianos e nas atitudes em relação aos problemas de
limites que surgem e que crescem todos os dias, temos como fenômenos frequentes
a intolerância e a unilateralidade.
Existe um núcleo de questões que precisa ser reconduzido dentro de regras de
caráter moral, e não sancionado juridicamente, e outro, no qual estas questões devam
ser mais rigidamente sancionadas e, portanto, codificadas. O primeiro aspecto se
refere ao pluralismo à tolerância e à solidariedade, prevalecendo a ideia de
legitimidade. O segundo diz respeito à responsabilidade e à justiça, em que prevalece
a ideia de legalidade.
Deve-se partir do pressuposto que a vida hoje não é mais algo que pertença
somente aos domínios da natureza. A vida é algo que vem se desenvolvendo, que
vem sendo manipulada como um produto de uma nova cultura que se estrutura a partir
do sistema tecnocientífico. Diante desta afirmação o homem deve ter sua dignidade
preservada.

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A saúde e a sociedade são interdependentes, indicando vários elementos,
possibilidades, que podem ser compreendidas como elementos constitutivos do
paradigma bioético.
Há diferentes éticas que devem ser respeitadas, como por exemplo: ética
profissional, ética médica, ética dos advogados, entre outras éticas que acabam
resultando em uma só, que se direciona a uma ética de convivência social entre os
homens e entre as sociedades.
Mas a grande questão é justamente: como estabelecer esta ética que abrange
as relações entre os homens? Esta ética que deve ser compartilhada por todos.
Segundo Ello Sgreccia:

Não pode ser vivida apenas na rede das relações interpessoais, deve sê-lo
também nos fatos estruturais e nos mecanismos socioeconômicos. Ela não
pode permanecer num livro de sonhos ou numa contínua divisão entre
exigência das pessoas e mecanismos perversos.4

A ideia que dever estar presente é a de que a ética deve estar em todos os
setores da vida humana. A Bioética se enquadra no âmbito das ciências da vida,
abrangendo aspectos sociopolíticos-econômicos, aspectos jurídicos, aspectos morais
entre outros. Surge, a Bioética, dentro de um universo de muitas e grandes
indagações que muitas vezes encontram-se longe de serem resolvidas.
Os problemas apresentados pela Bioética designam um conjunto de questões
que envolvem a intervenção científica no que tange a vida orgânica, tendo como
principal foco o HOMEM. Estes problemas retratam dimensões do poder que
aparecem no dia-a-dia como um produto da dominação humana sobre seres
humanos.

4 GARRAFA, V.; COSTA, S. I. (org.). A bioética no séc. XXI. Brasília, UnB, 2000, p. 22.

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Fonte: www.blog.comshalom.org

Aqui, quando se fala em poder, não está se falando em força física, mas sim
do poder que nasce das relações sociais, do mesmo modo que aparecem os conflitos,
vez que as relações sociais sempre são caracterizadas com a dominação e a sujeição.
A causalidade do poder consiste na neutralização da vontade, embora não
necessariamente na ruptura da vontade do subalterno. Ela o atinge também é
justamente quando este quer agir no mesmo sentido e vem, a saber, que teria de agir
assim de qualquer modo. A função da contingência. Como qualquer outro código de
meios, o código do poder se refere também a uma discrepância possível (!) – Não
necessariamente real – dos resultados seletivos de Ater e Ego, ao torná-los ‘iguais’.
O poder se expressa nas decisões de como uma coisa deve ser ou o modo
como uma pessoa deve ou não se comportar, quanto menor for o espaço que uma
pessoa dispõe para decidir a respeito de um determinado fato, menor é o seu grau de
poder.
Um ‘direito garantido’, ou seja, uma ordem normativa cuja observância é
garantida eficazmente por normas e de modo institucionalizado, desenvolveu-se
simultaneamente com o sistema de domínio institucionalizado a que chamamos
‘Estado’, [...] O Estado e o direito garantido são resultado de uma evolução histórica,
um produto da civilização progressiva, um passo no processo da “autodomestificação”
da humanidade.
O homem é dividido em dois: macho e fêmea, gerando as uniões sensuais
dessas duas metades, gerando o mistério da vida.

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Ao analisar a mitologia grega, mesmo que brevemente, percebe-se que
também se procurava explicar o fenômeno humano. Com os mitos da mitologia, os
gregos passaram a enxergar o homem além dele mesmo.

Do Caos saíram Geia, Tártaro e Eros. Geia, concebida como sendo a Terra,
caracteriza-se pelo princípio passivo (feminino). Dela nascem todos os seres,
porque Geia é a mulher mãe. Uma de suas virtudes básicas é a humildade,
que etimologicamente prende-se a húmus, “terra”, de que o homo, homem,
que igualmente provém de húmus foi modelado.5

O homem aqui é notado com fruto da terra, pois é dela que tudo provém, o
homem vem do útero da terra mãe. O homem se enquadra no estágio mais alto, no
ponto mais alto de todo um processo entre o cosmo e a realidade. O homem é pedra
fundamental desse ciclo que representa a vida, que gira em torno de atividades
incessantes.
Chardin tem o surgimento da vida como um momento revolucionário, onde se
divide na passagem do inanimado à vida e na passagem da vida animal à consciência
do homem, para ele a vida no ponto original é mais real do que os próprios seres
vivos. Ao se tratar do inapreensível momento da origem do homem, Theilhard faz as
seguintes ponderações:

A primeira é que, em qualquer hipótese, e por mais solitário que tenha


surgido, o Homem emergiu de um tenteio geral da Terra. Nasceu, em linha
direta, de um esforço total da Vida. Sobre eminente dignidade e valor axial de
nossa espécie. Para satisfazer à nossa inteligência e às exigências de nossa
ação não precisamos, no fundo, de saber mais nada.6

Com a evolução do homem, ele acaba concentrando a sua finalidade em si


mesmo, pelo simples fato de ser o eixo da evolução natural e histórica, o homem tem
em suas mãos a evolução, em marcha progressiva ou regressiva, de sua vida, por ser
ele o ser mais complexo e mais conscientizado de todas as espécies evoluídas e em
evolução.

5 FABRIZ, D. C. Bioética e direitos fundamentais, p. 38.


6 FABRIZ, D. C. Bioética e direitos fundamentais, p. 43.

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Fonte: www.exercicios.brasilescola.uol.com.br

Seria impossível analisar esta questão sem mencionar, pelo menos um pouco,
o pensamento grego. Para os gregos com o nascimento da Polis surgiu um marco
referencial de processo civilizatório, ou seja, o homem como um átomo que compõe
o todo da coletividade, passando então para o surgimento da Agora (praça pública),
servindo como espaço de civismo, ou melhor, um espaço de participação.
Nesta época surge uma nova concepção de justiça, está deixando de ter um
caráter somente moral para ter um caráter político também, nascendo então um novo
homem voltado para sua política, chamado por Aristóteles de zôon politikón.
Partindo do pressuposto que o homem tem a sua natureza moral, para os
gregos ele só poderia atingir sua plenitude na polis, já que esta foi feita para ser viver
bem, estar de bem com os outros, ou seja, para se viver bem em comum da melhor
maneira possível, moral ou materialmente.
A partir deste momento não se vê o homem somente relacionado com o seu
gênesis, mas sim o homem em si, como um ser dotado de faculdades racionais, um
ser que vive em comunidade, que busca a cada dia uma projeção para sua evolução,
ou melhor, um homem que busca algo que ainda deve ser.
O homem além de estar no mundo deve sempre postular uma melhor condição
de vida para estar neste mundo. Deve ter como objetivo principal tornar-se um
humano, verdadeiramente humano.

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O gênero humano, diante da evolução das técnicas biomédicas passa por um
período de revolução antropogenética, que impõe decisões políticas no que e refere
às etapas de sua evolução.

... os séculos XIX e XX (este no seu começo) estavam interessados,


sobretudo em esclarecer o passado do homem – o resultado das
investigações destinava-se a concluir com clareza que a aparição do
pensamento sobre a terra correspondia biologicamente a uma ‘hominização’
da vida. Agora o centro das investigações científicas encontra-se orientado
para a frente, no prolongamento do fenômeno humano; está vias de fazer
surgir, nesta direção, uma perspectiva ainda mais espantosa: a uma
‘humanização progressiva da humanidade.7

O homem é aquilo que o seu conhecimento pode indicar que ele é, ou seja, ao
fazer um discurso sobre si mesmo, ele se recria, deixando de ser um objeto inteligível,
ou seja, um número.
O homem imita a natureza, buscando convencer a si mesmo que tem o domínio
sobre as coisas, mas é claro que todo discurso que tenta imitar a natureza sempre se
encontra inacabado, já que a natureza ou a realidade são fontes que a arte não pode
dispensar, mas que a imitação consiste em reproduzir os objetos da natureza, tais
como são em sua existência imediata e exterior. O homem ao nascer torna-se
integrante de uma entidade natural, formada por um grupo de pessoas que mantém
um complexo de relações pessoais e patrimoniais, qual seja, o organismo familiar – a
família.
Nas últimas décadas é notável o avanço do desenvolvimento tecnológico,
assim, a partir do momento que se tornou possível interferir na reprodução humana,
por meios de técnicas, estremeceu-se fortemente um dos fatos geradores do aludido
complexo de relações. A procriação deixou de ser um fato natural, para subjugar-se à
vontade do homem.
O acesso à genética atingiu um dos mais importantes institutos do Direito de
Família – a filiação – que é a relação que o fato da procriação estabelece entre duas
pessoas, uma das quais nascidas de outra. A filiação é a mais importante das relações
de natureza pessoal que surgem com a formação da família.
Toda pessoa que nasce tem o direito de conhecer a sua origem biológica, o
fato do nascimento e a herança genética manifestam-se em situações que escapam
à normalidade do modelo paradigmático da família convencional.

7 FABRIZ, D. C. Bioética e direitos fundamentais, p. 53.

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Fonte: www.pt.slideshare.net

No entanto, há quem venha ao mundo sem que lhe seja revelada a


ascendência genética paterna. Aqui o fantasma da origem torna-se um desejo da
pessoa, movida por diversos fatores. A vontade de conhecer o pai provém do desejo
se ser reconhecido como filho.
Parte-se da premissa: todo ser humano é, antes de tudo, um dado ontológico
que abrange dois fenômenos: o biológico e o ambiental. Contudo o homem não se
reduz a esta estrutura, pois este é, acima de tudo, um dado axiológico, o que permite
nele reconhecer uma expressão de valores de conteúdos distintos.
Sob prisma jurídico, o ser humano, é visto como pessoa e, nessa condição,
merecedora de proteção especial como categoria central do ordenamento jurídico,
que tem como vetor a DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA – fundamento do Estado
Democrático de Direito e verdadeira cláusula geral de proteção à pessoa.
Conjugar a procriação dos seres humanos, seja por ação própria ou através de
outrem, é tornar visível a tutela de um novo tempo. É com esta nova moldura que o
tema da revelação da origem genética ganha evidencia na contemporaneidade,
permitindo a consagração, no sistema jurídico brasileiro, do direito à identidade
pessoal como conteúdo jurídico do princípio da dignidade da pessoa humana. Assim
surge o questionamento: qual o direito que deve preponderar: o direito da criança em
conhecer a sua real identidade ou o direito do pai, à sua intangibilidade física?

19
Esses questionamentos demonstram matéria altamente complexa, pois se está
diante de uma colisão de direitos de mesma hierarquia para o ordenamento jurídico
brasileiro, levando a concluir que ao falar em princípio da dignidade da pessoa
humana, não se está falando de um princípio absoluto, mas sim de um princípio que
pode ser relativizado, deste modo se socorre ao princípio da proporcionalidade.
Assim, me parece razoável que no caso em estudo o interesse mais relevante
é o interesse da criança, o direito da criança em conhecer sua origem biológica,
independentemente de como esta foi gerada.
Deve ser levado em consideração o interesse da pessoa que foi concebida
através de auxílio de técnica de reprodução assistida heteróloga, o sigilo da origem
da filiação e o anonimato da identidade da pessoa que doa o material genético são
princípios absolutos relativamente a todas as pessoas, salvo no que tange à própria
pessoa concebida por técnica de reprodução assistida heteróloga.
Guilherme Calmon Nogueira da Gama dispõe que a doutrina civilista admite
que a pessoa humana, nas suas relações em sociedade, desfruta de vários direitos
que se vinculam à tutela e promoção dos valores básicos, tanto no campo individual
quanto no social, que devem ser preservados para que a sociedade e as pessoas nela
inseridas consigam atingir seus objetivos.
Os direitos da personalidade estão dentro do dos direitos à vida, à integridade
físico-corporal, ao corpo, à imagem, à liberdade, à integridade psíquica, à intimidade,
ao segredo, à honra, e à identidade.
O direito fundamental à vida engloba o direito à identidade, o direito da pessoa
em conhecer a sua história, o direito da pessoa em ter acesso à sua ascendência
genética como eminente reflexo na vida da pessoa. Cabe salientar que a identidade
da pessoa se revela, fundamentalmente, no seu nome, mesmo que este não esgote
a noção de identidade pessoal.

20
Fonte: www.noticias.gospelprime.com.br

Carlos Alberto Bittar ensina que a identidade deve ser considerada direito
fundamental da pessoa humana, inserida no âmbito dos direitos morais da
personalidade, já que representa o liame entre a pessoa e a sociedade: o nome e os
outros elementos identificadores da pessoa são os elementos essenciais da
associação que todo restante da sociedade dispõe para individualizar a pessoa na
sociedade, impedindo que haja confusão e, ao mesmo tempo, permitindo que ela
estabeleça seus relacionamentos normalmente.
Resta evidente que a identidade pessoal não se restringe ao nome, mas
abrange outros elementos essenciais para os campos pessoal, familiar, social e
comunitário e, ente eles, se encontra o direito à história pessoal do indivíduo.
Silmara Chinelato e Almeida assim afirmou: “... o conteúdo da identidade não é
exaustivo abrangendo também a origem genética que muito explicará sobre as raízes,
a história pessoal do titular.”
Desta forma não há possibilidade de reconhecer que o anonimato do doador
do material genético possa se sobrepor ao direito de conhecer a origem biológica, até
mesmo para aqueles que consideram o anonimato em caráter absoluto, pois é
necessário ceder a interesses maiores que se revelam por exemplo ao risco concreto
de doenças hereditárias ou genéticas que podem ser prevenidas ou mais bem
tratadas em relação à pessoa concebida com o auxílio de técnica de reprodução
assistida heteróloga.

21
Dentro da bioética se encontram três princípios basilares que se enquadram no
prisma constitucional da dignidade da pessoa humana, a chamada TRÍADE
BIOÉTICA: Princípio da Beneficência8; Princípio da Autonomia9; Princípio da Justiça10.
Estes três princípios são utilizados dentro da bioética para inúmeras situações,
então me questiono: porque não aplicá-los para responder a questão estudada? No
caso de aplicá-los, como fazer?
Ora, se o princípio da beneficência quer dizer, brevemente, FAZER O BEM, o
da autonomia determina que a pessoa tem direito a fazer suas escolhas e buscar suas
respostas e o princípio da justiça, utilizado, como uma VIRTUDE, no presente caso,
onde cada pessoa recebe o que lhe é de direito fica simples responder a questão
formulada.

8 Princípio da beneficência: Este princípio busca atingir o bem da pessoa, ou seja, ele é aplicado
como uma medida para determinados atos que influenciarão na vida do ser humano. Se pode dizer que
em uma fase preliminar este princípio visa adequar e promover a saúde e a prevenção de um dano
maior, e a partir de um segundo momento tenta ponderar entre os bens e os males que poderão ser
causados à pessoa, objetivando que o bem prevaleça. Deve ser encarado e aplicado como aquele que
busca que não seja causado danos e após, havendo dano, maximizar os benefícios e diminuir os
prejuízos.
9 Princípio da autonomia: Este princípio demonstra a autonomia de vontade da pessoa humana

em fazer suas escolhas. Este princípio protege o direito, a liberdade da pessoa em realizar qualquer
conduta desde que não prejudique terceiros, há neste princípio duas faces: a moral pessoal ou a
intersubjetiva. A face moral pessoal também pode ser chamada de “autorreferente”, que segundo Maria
Celeste Cordeiro dos Santos é a dimensão que “prescreve ou proíbe certas ações e planos de vida por
efeito que elas têm no caráter moral do próprio agente e a moral social”. SANTOS, M. C. C. L. dos. O
equilíbrio do pêndulo a bioética e a lei, p. 44.
10 Princípio da Justiça: Este princípio dá a chance de buscar uma distribuição justa, equitativa

e universal dos bens e serviços, podendo esta distribuição ser caracterizada por quatro situações:
igualdade, necessidade, esforço e contribuição social. Estes quatro elementos podem ser chamados
de basilares para a formação e aplicação do princípio da justiça dentro da Bioética. Segundo Pessini e
Bachifontaine: ... a igualdade: divide o montante de recursos pelo número de pessoas e dá a todas uma
porção igual, independentemente das circunstâncias. A segunda, distribuiria os recursos de acordo
com as necessidades. Alguns receberiam somente um pouco. Isto seria determinado e justificado na
base das necessidades particulares de cada pessoa. Uma terceira fórmula regularia os recursos de
acordo com o esforço individual. Finalmente, a norma de distribuição pode ser a contribuição social.
Aqueles que deram muito para a sociedade receberiam muito em retorno, aqueles que deram pouco
receberiam pouco. O princípio da justiça quer que exista a imparcialidade na distribuição de riscos e
benefícios, pois todos devem ser tratados com igualdade, independentemente, de raça, cor, sexo. Ele
tem sua raiz no princípio da beneficência, pois é o amparo para haver uma distribuição justa e em
conformidade com uma visão moral de fazer o bem. PESSINI, Leocir e BARCHIFONTAINE, Christian
de Paul de. Problemas atuais de Bioética. São Paulo: Loyola, p. 22.

22
A tríade bioética interligada com o princípio da dignidade da pessoa humana
confirma que o interesse da criança em conhecer sua origem biológica é superior
aquele que não quer realizar um exame de DNA ou até mesmo não quer ser
reconhecido por ter feito uma doação de material genético para clínicas de fertilização,
doação esta que ocorreu espontaneamente, ou seja, através do direito da autonomia

PRINCÍPIO DA
BENEFICÊNCIA

BIOÉTICA

PRINCÍPIO DA PRINCÍPIO DA
AUTONOMIA JUSTIÇA

da vontade.

Maria Cristina de Almeida:

Neste contexto, é possível sustentar que a dignidade, na condição de valor


intrínseco do ser humano e concretizado no tratamento digno da conduta
estatal de proteção integral à pessoa, deve permitir a realização de sua
condição existencial integralmente, a qual se concretiza, no viés da natureza
humana, pelo desvelar do fantasma da origem a permitir a identificação do
genitor.11

Esta preponderância do direito da criança, daquele que nasce, ao


conhecimento de sua origem genética sobre aquele de quem doa ou se nega a realizar
um exame de DNA é evidente em função da simples ideia de que o patrimônio
genético faz parte da identidade genética da pessoa humana, não podendo ser tolido
em função do simples fato da vontade do doador em não ter a sua identidade revelada.
Maria Celina Bodin assim dispõe:

11 ALMEIDA, Maria Cristina de. DNA e Estado de Filiação à luz da Dignidade Humana. Porto

Alegre: Livraria do Advogado, 2003, p. 126.

23
... o direito à identidade pessoal e o estado de filiação têm conotação pública,
de onde justificar-se que, na hierarquia de valores prevalece o interesse do
filho em relação ao interesse do suposto pai, cujo pleito de proteção à sua
integridade física pode parecer mero interesse particular se contraposto ao
direito à identidade pessoal, o qual, referindo-se diretamente ao estado
pessoal e familiar do ser humano, configura, acima de qualquer dúvida,
interesse de toda coletividade.12

Então eu questiono: É justo deixar uma criança sem conhecer seu pai biológico
pela influência de fatores externos? Creio que não, pois todo ser humano, a partir do
ato da procriação identifica uma forma de transmitir e eternizar as características
físicas e psíquicas de uma determinada genealogia, originando-se da concepção o
liame genético que une pais e filhos.

3 ADOÇÃO

3.1 Adoção no ordenamento jurídico brasileiro

No ordenamento jurídico brasileiro pode-se afirmar que adoção é o ato


jurídico onde um sujeito, na maioria das vezes, criança, é permanentemente
assumido como filho (a) por uma pessoa ou por um casal cujo vínculo não é aquele
biológico, mas sim, o afetivo. Ora, quando isto acontece, as responsabilidades e os
direitos dos pais biológicos em relação ao adotado são transferidos integral ou
parcialmente para os adotantes.
Neste esteio RODRIGUES (2006, p.333) conceitua o instituto da adoção com
o “ato do adotante pelo qual ele traz para a sua família e na condição de filho pessoa
que lhe é estranha”.
No mesmo sentido afirma RIZZARDO (2012, p. 345):

Em termos singelos, a adoção nada mais representa esta figura que o ato
civil pelo qual alguém aceita um estranho na qualidade de filho. Em última
análise, corresponde à aquisição de um filho através de ato judicial de
nomeação. Anteriormente ao Código Civil de 2002, dava-se também contrato
celebrado instrumento de escritura pública.

12 MORAES, Maria Celina Bodin. O direito personalíssimo à filiação e a recusa ao exame de


DNA: uma hipótese de colisão de direitos fundamentais. In: LEITE, Eduardo de Oliveira (Coord.).
Grandes temas da atualidade: DNA como meio de prova da filiação. Aspectos constitucionais, civis e
penais. Rio de Janeiro: Forense, 2000.

24
Sabe-se, pois, que a adoção vai muito além do ato jurídico, sendo, sobretudo
um atenho de amor. Nessa relação estão envolvidos não só crianças, embora seja a
mais frequente, mas também adolescentes e até mesmo adultos, pessoas essas que
por trajetória natural da vida acabam por tomar um rumo diverso dos que os genitores
biológicos proporcionariam.

Fonte: www.semprematerna.com.br

Entende desta forma VENOSA (2009, p. 234):

Adoção é a modalidade artificial de filiação que busca imitar a filiação natural.


Daí ser também conhecida como filiação civil, pois não resulta de uma relação
biológica, mas de manifestação de vontade. [...] A adoção é uma filiação
exclusivamente jurídica, que se sustenta sobre a pressuposição de uma
relação não biológica, mas afetiva. A adoção moderna é, portanto, um ato ou
negócio jurídico que cria relações de paternidade e filiação entre duas
pessoas.

Maria Helena Diniz (2013, p. 385) entende ser a adoção como:

Um ato jurídico em sentido estrito, cuja eficácia está condicionada à decisão


judicial. Estabelecem vínculos fictícios de paternidade, maternidade e filiação
entre pessoas estranhas, análogo ao que resulta da filiação biológica. A
adoção constitui um parentesco eletivo, pois decorre de um ato de vontade.

A adoção é modalidade artificial de filiação que busca imitar a filiação natural.


Daí ser também conhecida como filiação civil, pois resulta de uma relação biológica,
mas de manifestação de vontade (VENOSA, 2009, p. 245).

25
A adoção é a única forma admitida pela lei onde uma pessoa pode assumir
como filho uma criança ou adolescente nascida de outra família, garantindo ao filho
adotivo os mesmos direitos dos filhos biológicos. Oferecendo um ambiente familiar
suscetível ao melhor desenvolvimento da criança que por algum motivo ficou privada
de sua família biológica. Dando-lhes amor, carinho, respeito, educação dentre outros.
Assim, a adoção se constitui de um processo afetivo, garantido pelo direito
pátrio, onde se transfere os direitos e deveres dos pais biológicos para uma família
substituta, conferindo a criança e/ou adolescente esse direito.
Sabemos que desde os primórdios da civilização, o intuito de se constituir
família é fazer com que sua linhagem cresça através das gerações, assim, o
filho/herdeiro, sempre teve um papel muito importante na sociedade.
Segundo estudos de VENOSA (2009, p. 253) o instituto da adoção detinha
delineamentos de perpetuação do culto familiar, uma vez que falecendo pater famílias
sem deixar descendente o fogo sagrado somente poderia ser cultuado pela figura
masculina, assim, ausente esta figura, ocorria a adoção, com o intento de imitar a
natureza. No mesmo sentido da abordagem acima o Código de Hamurabi apresentou
normas relacionadas à adoção. Neste sistema, ao adotado era permitido regressar ao
lar de seus pais legítimos apenas se o houvessem criado, sendo que na hipótese de
ter o adotante despendido dinheiro e zelo com o adotado tal situação era vedada.
Caso o adotante tivesse filhos naturais supervenientes à adoção, esta poderia ser
revogada, tendo pois, o adotado, direito à indenização.
Nos documentos bíblicos também há menção sobre a adoção, Moisés foi
adotado pela irmã de Faraó, e Mordecai criou Ester como uma irmã. Inicialmente, se
tratava de um arranjo voluntário entre a criança (com idade suficiente para tomar
decisões) e os pais adotivos. Em alguns países assumia um aspecto de gratificação
por serviços prestados e em outros, até uma forma de conseguir mão de obra barata
para a lavoura ou comércio. (GOMES, 2003, p. 564)
No império romano não foi diferente, a necessidade de um herdeiro, em
contraponto às elevadas despesas que o sustento e educação dos filhos obrigava,
levava as famílias da classe alta a tentarem ter pelo menos um filho, evitando,
contudo, uma prole exagerada. A adopção aparecia como uma solução quase óbvia
que, além do mais, permitia o estabelecimento e fortalecimento de laços entre famílias
e o reforço de alianças políticas. Durante o Império Romano, este sistema de adopção

26
serviu muitas vezes para permitir sucessões ao trono pacíficas, ao dar a possibilidade
ao imperador de escolher o seu sucessor, ao assumi-lo como filho adotivo (DO
COUTO, 2008, p. 342).

Fonte: www.institutohopehouse.com

Com o advento da Idade Média, período em que a Igreja Católica possuía


enorme influência na sociedade, o instituto da adoção não foi mais utilizado,
permitindo que os pais só possuíssem filhos de sangue (CUNHA, 2011, p. 623).
No decorrer do século passado, com o advento da Constituição Federal de
1988 as leis pátrias ampliaram a possibilidade de inserção de filhos ilegítimos em uma
família cujos vínculos não eram de caráter biológico, reduzindo assim, a opressão que
se tinha de haver um filho que não fosse de sangue. Ou seja, se todos os filhos são
dotados de iguais direitos e deveres, não mais importando sua origem, malogrou
qualquer sentido o conceito de reconhecimento nas relações familiares, que se
reduziu no requisito fundamental da maioria das ordenações do direito de família. Por
consequência, relativizou-se o papel fundador da origem biológica (ELIAS, 1999, p.
35).

3.2 Tipos de adoção

Os tipos de adoção são determinados por alguns aspectos.

27
3.2.1 Unilateral
A adoção unilateral consiste na adoção, geralmente pelo padrasto ou madrasta,
do filho do cônjuge ou companheiro. Nesta modalidade de adoção, ocorre o
rompimento do vínculo de filiação com um dos pais, para que seja criado um novo
vínculo com o pai adotivo.
Trata-se de forma especial de adoção, que tem caráter híbrido, já que permite
a substituição de somente um dos genitores e respectiva ascendência. Existem três
possibilidades para a ocorrência da adoção unilateral, a saber: quando o filho for
reconhecido por apenas um dos pais, a ele compete autorizar a adoção pelo parceiro;
reconhecido por ambos os genitores, concordando um deles com a adoção, decai ele
do poder familiar; em face do falecimento do pai biológico, pode o órfão ser adotado
pelo cônjuge ou parceiro do genitor sobrevivente (DIAS, 2013, p. 391).
A referida adoção está prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente, artigo
41, §1º, abaixo disposto:
Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos
direitos e deveres, inclusive sucessórios desligando-o de qualquer vínculo com pais e
parentes, salvo os impedimentos matrimoniais. §1º Se um dos cônjuges ou
concubinos adota o filho do outro, mantêm-se os vínculos de filiação entre o adotado
e o cônjuge ou concubino do adotante e os respectivos parentes.

3.2.2 Bilateral
No tipo de adoção em questão não há mais vínculos do adotando com a família
consanguínea, salvo os casos de impedimentos matrimoniais. A adoção bilateral é
regulamentada pelo artigo nº 42, § 2º do Estatuto da Criança e do Adolescente, e
conforme a legislação estabelece é indispensável que os adotantes sejam casados
ou mantenham união estável, sendo necessário comprovar a estabilidade da família
para que possam se tornar aptos a adotar.
Contudo, a lei ainda insere no artigo 42, § 4º do Estatuto da Criança e do
Adolescente, a possibilidade de que os divorciados, os judicialmente separados e os
ex-companheiros possam adotar em conjunto, contanto que estágio de convivência
tenha se iniciado durante o período de relacionamento do casal, que seja
demonstrada a existência de vínculos de afinidade e afetividade com aquele não
detentor da guarda, e ainda, que os adotantes concordem com o regime de guarda
da criança ou adolescente.
28
Fonte: www.justificando.cartacapital.com.br

A Lei Nacional da Adoção não previu de forma expressa a existência da


possibilidade da adoção ser efetivada por casais homossexuais, no entanto ao dispor
que para a adoção conjunta faz-se indispensável que os adotantes sejam casados ou
mantenham união estável, quis o legislador impedir tal prática, vez que no Brasil não
é permitida a efetivação do casamento por pessoas do mesmo sexo. Todavia como
não há previsão legislativa vedando tal ato, tem-se notado a referida prática no
ordenamento jurídico brasileiro, onde alguns juízes vêm deferindo os pedidos
efetivados pelos casais homossexuais, para tanto faz-se mister que os aqueles casais
sejam reconhecidos como entidade familiar.

3.2.3 Internacional
A adoção internacional é prevista na Constituição Federal no art. 227, § 5º,
sendo delegado à lei o estabelecimento de casos e das condições de sua efetivação
por estrangeiros.
Nesta espécie de adoção é necessário o cumprimento do estágio de
convivência, entre o adotante e o adotado. Com o advento da atual Lei de Adoção
esse estágio de convivência deveria ser realizado em território nacional, contudo é de
trinta dias para qualquer dos casos, com exceção de pessoas que já tenha a guarda
e que possa comprovar o vínculo afetivo.
O art. 51 do Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece o que vem a ser
uma adoção internacional:

29
Considera-se adoção internacional aquela na qual a pessoa ou casal postulante
é residente ou domiciliado fora do Brasil, conforme previsto no art. 2º da Convenção
de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação
em Matéria de Adoção Internacional, aprovada pelo Decreto Legislativo 1, de 14 de
janeiro de 1999, e promulgada pelo Decreto 3.087, de 21 de junho de 1999.
Nota-se, o que determina a realização da adoção internacional, é justamente,
o adotante residir ou morar fora do país. Isso quer dizer que não seria aquela feita por
estrangeiros, necessariamente, mas é internacional em razão do domicílio, critério
territorial.
A adoção deve ser deferida preferencialmente aos brasileiros, ou ainda à
brasileiros residentes no exterior, porém ainda há casos que estrangeiros podem
adotar uma criança ou adolescente, por exemplo, em casos que tragam mais
vantagens para o adotado. O casal interessado deverá necessariamente ter o
certificado de habilitação expedido pela Comissão Judiciária de Adoção para que
tenha validade o processo de adoção.
Para assegurar e proteger crianças e adolescentes que serão adotados por
estrangeiros, no Brasil só se permite a saída dos adotados do território nacional após
o trânsito em julgado da sentença judicial que concedeu a adoção e após a expedição
de alvará com autorização de viagem (LOBÔ, 2011, p. 293).

3.2.4 Adoção “à brasileira”


Convencionou-se vulgarmente a chamar de adoção à brasileira, um sistema de
adoção feito sem o procedimento legal para o processo de adoção, onde consiste no
ato de registrar filho alheio como próprio, ou seja, a criança é registrada por pais não
biológicos sem atender aos requisitos estabelecidos em lei. Essa prática já existe no
Brasil de forma disseminada, e seu nome foi eleito pela jurisprudência, no entender
de Maria Berenice Dias (2013, p.509).
O Código Penal incrimina o fato de quem registra como seu o filho de outrem.
Configurando assim, crime contra o estado de filiação ao inscrever no registro civil
como sendo seu filho o de outra pessoa. Desta forma preleciona o art. 242 do Código
Penal:

Art. 242 - Dar parto alheio como próprio; registrar como seu o filho de outrem;
ocultar recém-nascido ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente
ao estado civil: (Redação dada pela Lei nº 6.898, de 1981).

30
Pena - reclusão, de dois a seis anos.

Contudo a doutrinadora Maria Helena Diniz entende ser irrevogável a adoção


à brasileira quando estabelecido o estado de filho afetivo, pois daí decorre a filiação
socioafetiva, conforme assegurado na Constituição Federal nos arts. 226 e 227.

Fonte: www.thandrasena.blogspot.com.br

3.2.5 Adoção póstumas


A chamada adoção póstuma ocorre quando o adotante vier a falecer durante o
procedimento da adoção, ou seja, antes de proferida a sentença. Caso a manifestação
de vontade no sentido de se constituir o ato jurídico da adoção tenha ficado clara e
sem nenhuma obscuridade ou dúvida quanto a sua intenção, a adoção poderá ser
deferida ao adotante, nos conformes do artigo. 42, § 6º do Estatuto da Criança e do
Adolescente.

3.3 O processo de adoção no brasil

Com o advento Constituição Federal de 1988, foram observados significativos


avanços no instituto jurídico da adoção. Nossa Carta Magna ensartou no ordenamento
jurídico brasileiro o princípio da Doutrina da Proteção Integral, doutrina essa, que,
assegura às crianças os adolescentes a condição de sujeitos de direitos, de pessoas
em desenvolvimento e de prioridade absoluta. Assim sendo, inverteu-se, desde então,
o foco da prioridade. No sistema jurídico anterior, privilegiava-se o interesse do adulto.

31
Com a Nova Carta, o interesse a ser preservado, em primeiro plano, passa a ser o da
criança.
Vejamos o que aduz o artigo 6º de nossa Carta Magna:

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a


moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção
à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta
Constituição.

Não resta dúvidas de que a Constituição inovou ao trazer em seu texto


proteção aos direitos sociais, e principalmente, a proteção à criança e ao adolescente.
Essa doutrina da proteção integral referem-se, dentre outros, ao princípio da
vigilância pelo Poder Público das condições para a concretização da colocação da
criança ou adolescente em família substituta na modalidade da adoção, objetivando,
consequentemente, entre outros, evitar o comércio de infanto-juvenis. Além disso, o
legislador constitucional, em conformidade com a tendência universal, proíbe
expressamente quaisquer espécies de diferenciações face à filiação adotiva, no que
diz respeito aos direitos alimentícios, sucessórios, ao nome, dentre outros, salvo os
empecilhos matrimoniais (DELMANTO, 1991, p. 220).
Sobre tais, traz-nos, a Constituição Federal em seu artigo 227, § 5.º e 6.º tais
princípios desse instituto, vejamos:

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança,


ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde,
à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária,
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão. [...]
§ 5º A adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da lei, que
estabelecerá casos e condições de sua efetivação por parte de estrangeiros.
§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão
os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações
discriminatórias relativas à filiação.

Podemos concluir, pois, que a proteção integral às crianças e adolescentes


está consagrada nos direitos fundamentais inscritos da nossa Constituição Federal. A
promulgação destes direitos fundamentais tem amparo no status de prioridade
absoluta dado à criança e ao adolescente, uma vez que estão em peculiar condição
de pessoas humanas em desenvolvimento (MULLER, 2011, p. 142).

32
Fonte: www.bbc.com

3.4 Adoção no estatuto da criança e do adolescente

O estatuto da criança e do adolescente inovou o instituto brasileiro da adoção


ao buscar fundamento no princípio da prioridade absoluta, objetivando o melhor
interesse da criança e do adolescente já que as legislações detinham uma visão
principalmente patrimonialista passando agora a não mais existir diferença entre filhos
adotivos e biológicos.
A Lei nº. 8.069/1990 revogou o Código dos Menores e instituiu o Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA), em razão de um movimento significativo em relação
à proteção da infância e da juventude, que obteve o apoio de diversos segmentos da
sociedade civil. Assim resultou na elaboração e aprovação do Estatuto da Criança e
do Adolescente, considerada uma das leis mais avançadas, em relação à infância.
O ECA busca a igualdade de tratamento a distinção entre filhos adotivos e
biológico. Ele rege todas as adoções de e criança e adolescente. Esse tipo de adoção
feita pelo Estatuto da Criança e do Adolescente é considerado como “adoção
moderna”, pois o objetivo é buscar uma família para uma criança abandonada, que
necessita de uma família, um lar.
Assim, a adoção de menores de dezoito anos será regida pelo Estatuto da
Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90), disposto no arts. 39 a 52 em consonância
com o Código Civil de 2002. Para a realização formal da adoção pelo ECA, faz-se
necessário a instauração do processo judicial.

33
Segundo o art. 145 do aludido estatuto, a competência de juízo para conhecer
do referido procedimento de adoção é da Vara da Infância e Juventude independente
da situação jurídica em que se encontra a criança ou adolescente. É da competência
também da Vara da Infância e Juventude conhecer dos procedimentos de guarda ou
tutela denominados nos arts. 148, III, 28, 33 e 36 do ECA).
O ECA definiu que a adoção é medida definitiva de colocação de membro em
família substituta, devendo-se priorizar as reais necessidades e interesses da criança
ou adolescente. Segundo o Art. 43: “A adoção será deferida quando apresentar reais
vantagens para o adotando e fundar-se em motivos legítimos”. Assim o artigo 41 do
ECA: “A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos direitos e
deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes,
salvo os impedimentos matrimoniais”. Em capítulo específico o Estatuto da Criança e
do Adolescente, referente ao direito à convivência familiar e comunitária, conforme
artigo 19 dispõe que: “Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado
no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a
convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas
dependentes de substâncias entorpecentes”.
O art. 28 do ECA, aduz que; “colocação em família substituta far-se-á mediante
guarda, tutela ou adoção, independentemente da situação jurídica da criança ou do
adolescente, nos termos desta lei”. Ainda o § 1º deste mesmo art. afirma que a
colocação em família substituta deverá sistematicamente verificar o interesse do
menor, que será ouvido sempre que possível.
Contudo, a consumação da adoção de dá apenas por sentença judicial
mediante ao cumprimento dos requisitos dos art. 47, do ECA. Porém, a sentença que
concede a adoção deve ter cunho constitutivo, já que estabelece uma nova relação
de parentesco entre adotado e adotante, pondo fim ao poder familiar da família de
origem biológica.
A adoção produz o efeito da irrevogabilidade, segundo art.48, do ECA, assim a
devolução da criança ou do adolescente torna-se proibida após adoção, contudo isso
não impede que o adotado possa ser devolvido
A irrevogabilidade da adoção não impede a destituição do poder familiar
daquele que adotou, nem que consinta ele com nova adoção de seu filho, que fora
adotado, devendo, evidentemente, agir com muita prudência os envolvidos neste novo
processo.

34
O Estatuto da Criança e Adolescente trouxe várias inovações ao instituto da
adoção, contudo prioriza que a cima de tudo a criança possa usufruir do seu direito
de viver em uma família onde a base seja o afeto e carinho.

Fonte: www.imperatriznoticias.com.br

3.5 Adoção segundo o Código Civil

A Lei Civil n. 10.406/2002 dispõe acerca da adoção para maiores e menores


de 18 anos em caráter geral. A adoção consoante estatuído no Código Civil de 2002
encontra-se, disciplinada nos arts. 1.618 a 1.629.
É importante ressaltar que a adoção do ECA e as modalidades de adoção no
Código Civil coexistem no ordenamento jurídico brasileiro em plena harmonia naquilo
em não contradizem. O art. 1.619 do Código atual requer uma diferença de idade entre
adotando e adotante de dezesseis anos: “O adotante há de ser pelo menos 16
(dezesseis) anos e mais velho que o adotado”, impunha igual diferença de idade o
Estatuto da Criança e do Adolescente, no § 3° do art. 42.
Observa-se nos artigos 45 do Estatuto da Criança e do Adolescente e o artigo
1.621 do Código Civil de 2002, uma vez que no primeiro postulado somente menciona
o consentimento dos genitores biológicos ou do representante legal do adotando,
enquanto que no Código Civil de 2002 foi mais além, dispondo que o consentimento
manifestado poder-se-á ser revogado até o pronunciamento da sentença. Faculta o §

35
2º do art. 1.621, que os pais ou os representantes do adotando revoguem
consentimento. Não está assinalada a necessidade de motivar a mudança de posição.
No entanto, parece normal que haja justificação, sob pena de já não atender o
interesse do menor, que possui o interesse último da adoção, de acordo com o art.
1.625.
Código Civil de 2002 inova ao trazer a possibilidade de revogação da
aquiescência dos genitores ou responsáveis até o momento da sentença constitutiva
da adoção.
O art. 1.621 do Código Civil em vigor: “A adoção depende de consentimento
dos pais ou dos representantes legais, de quem se deseja adotar, e da concordância
deste, se contar mais de 12 (doze) anos”, trata do consentimento dos pais biológicos
e do adolescente como requisito para o processo de adoção. Comenta o § 1º sobre a
dispensa do consentimento, em caso de pais desconhecidos ou destituídos do poder
familiar. O Código Civil afirma ainda que o consentimento dos pais para com a adoção,
previsto no caput do art. 1.621, é revogável até a publicação da sentença constitutiva
da adoção.
Contudo, o art. 1.624 do Código Civil:

Art. 1.624. Não há necessidade do consentimento do representante legal do


menor, se provado que se trata de menor exposto, ou de menor cujos pais
sejam desconhecidos, estejam desaparecidos ou tenham sido destituídos do
poder familiar, sem nomeação de tutor; ou de órfão não reclamado por
qualquer parente, por mais de um ano.

Tal artigo tem gerado polêmica, pois estaria ferindo o princípio do melhor
interesse da criança ou do adolescente, já que teria que esperar por um ano a
ausência de reclamação de algum parente para posterior a isso ser adotado.
Desta forma preleciona Guimarães (2003, p. 42):

A exigência agora contida no art. 1.624 do novo Código Civil, para que se
aguarde por um ano antes de se promover a adoção do órfão não reclamado
por parentes fere os princípios gerais do Estatuto da Criança e do
Adolescente, no que se refere à proteção integral e prioridade absoluta.

3.6 A nova lei de adoção lei n. 12.010/2009

A nova Lei da Adoção foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva
em 03/08/2009, após tramitar por dois anos no congresso. O objetivo desta lei é

36
buscar mecanismos capazes de assegurar sua efetiva implementação, criando regras
destinadas a fortalecer e preservar a integridade da família de origem.
Portanto, a nova lei está baseada em três objetivos centrais: tornar mais célere
o processo de adoção, buscando com isso reduzir o tempo de permanência nos
abrigos, priorizar a permanência do menor na família de origem e ainda unificar o
cadastro de adoção.

Fonte: www.revistacrescer.globo.com

Para Rodrigues (2004, p. 432) a Lei nº 12.010 de 03 de agosto de 2009


modificou consideravelmente o texto do Estatuto da Criança e do Adolescente, bem
como do Código Civil e de alguns dispositivos em leis esparsas. Foi denominada “Lei
Nacional de Adoção” ou “Lei Nacional de Convivência Familiar” e tem por finalidade,
em suma, propiciar condições mais favoráveis ao exercício do direito à convivência
familiar garantido pela Constituição de 1988 ao público infanto-juvenil.
Outro avanço é o prazo máximo para abrigamento, onde será de dois anos o
prazo máximo para a definição de retorno à família biológica ou encaminhamento à
adoção. Com o fim do prazo, o juiz terá que decidir entre a volta da criança aos pais
biológicos ou colação em nova família.
Desta forma, haverá criação de Cadastros Nacionais e estaduais de criança e
adolescentes em condições de serem adotados e de pessoas e casais habilitados à
adoção.

37
Com a nova Lei de Adoção é necessário que o menor seja ouvido pela Justiça
após ser entregue aos cuidados de família substituta. Agora como sendo ato
obrigatório.
Para TARTUCE (2010, p. 43), houve uma reviravolta no tratamento legal da Lei
Nacional da Adoção, pois, não há mais dispositivos no Código Civil regulamentando
o instituto. O seu art. 1.618 determina que a adoção de crianças e adolescentes será
deferida na forma prevista pelo ECA. Ato contínuo, o seu art. 1.619 modificado é claro
ao prever que a adoção de maiores de dezoito anos dependerá da assistência efetiva
do poder público e de sentença constitutiva, aplicando-se, no que couber, as regras
gerais do ECA. Em suma, o que se percebe é que a matéria de adoção, relativa a
menores e a maiores, passou a ser consolidada no ECA.
Em síntese, por meio de todas as mudanças ocorridas com a Nova Lei de
Adoção, nasce uma esperança no sentido de minorar a morosidade no processo de
adoção, de forma eficaz e justa.

3.7 Morosidade no processo de adoção

A demora no processo de adoção vem privando crianças e adolescentes de


uma convivência familiar, violando ainda o Princípio da Prioridade Absoluta,
introduzida no Brasil pela Convenção dos Direitos Humanos, materializado no art. 227
da Constituição Federal e no art. 4º, parágrafo único, do Estatuto da Criança e do
Adolescente que assegura a prioridade ao auxílio das necessidades da criança e
adolescente.
A realidade mostra que o processo de adoção não tem tempo determinado pra
acontecer e nem pra terminar. Existem casos que demora muito para um casal adotar
uma criança ou adolescente enquanto outros o processo é célere.
A morosidade causa ansiedade naqueles que aguardam o deferimento do
processo, pois enquanto espera-se a boa vontade da justiça, há uma criança ou
adolescente em um abrigo ou na rua, cada vez mais distante da realidade de pertencer
à uma família verdadeira que possa oferecer-lhe amor e cuidados inerentes à criança
e ao adolescente.
Para Belmiro Pedro Welter apud Maria Berenice Dias (2013, p. 456) o processo
de adoção:

38
Sustenta Belmiro Pedro Welter, não sem razão, a inconstitucionalidade do
tortuoso, moroso e desacreditado processo de adoção judicial. O autor
preconiza a dispensabilidade do cumprimento de todos os requisitos legais
(1618 a 1629 e ECA 39 a 52), sob fundamento de que o reconhecimento do
filho afetivo é consensual e voluntário. Argumenta ainda, ser inútil a via
judicial, ou quando é dispensável o consentimento dos pais, por se tratar de
infante em estado de vulnerabilidade social (1621§ 1º e 1624).

Nota-se que quanto mais demorado é o processo de adoção mais é prejudicial


para o casal que quer adotar e a criança ou adolescente que será adotado, pois de
um lado existe uma criança em um abrigo para ser adotada e, de outro, um casal
disposto a adotá-la. Por vezes, a adoção, que deveria ser motivo de muita alegria para
ambas as partes, torna-se algo moroso e angustiante, desmotivadora devido à
demora, o que é fruto de muita burocracia, descaso e falta de agilidade do Judiciário.

Fonte: www.valadaresadvogado.com.br

A morosidade para a adoção justifica-se pelo fato de que a justiça deve esgotar
todas as possibilidades do menor ser adotado dentro de sua própria família biológica,
com a finalidade de se manterem os laços familiares, e mesmo tendo sido adotada a
criança não se desvincularia totalmente de sua árvore genealógica.
A demora produzida pelo processo de adoção provoca consequências
desfavoráveis às crianças e adolescentes envolvidas, uma vez que essa situação
não é decidida, há uma privação do direito à convivência familiar, acarretando muitos
transtornos psicológicos irreversíveis que afetam os seus desenvolvimentos

39
saudáveis. Os adotantes culpam a delonga da tramitação dos processos de adoção
e da habilitação como sendo um dos maiores problemas encarados pelos mesmos.

4 PODER FAMILIAR

Poder Familiar é o conjunto de direitos e deveres inerentes aos pais quando da


criação, cuidado, sustento dos filhos menores, ou seja dos filhos que não possuem
dezoito anos completos e juridicamente desenvolvimento mental completo. A
expressão autoridade parental é utilizada em sentido mais amplo, haja vista muitos
avós ou outros parentes tornarem-se legalmente responsáveis por menores.
No Brasil a legislação civilista pátria prevê duas modalidades de guarda: a
unilateral, que é exercida por um dos genitores ou por alguém que o substitua e a
compartilhada, que surgiu pelo advento da lei 11.698/08.Várias pessoas acreditam
que na guarda compartilhada o menor possui dois domicílios: um com o pai e o outro
com a mãe, fato esse não condizente na prática.
A guarda que é exercida em conjunto pelos pais propicia um equilíbrio nas
relações entre pais e filhos, sendo que o outro genitor poderá buscar o filho na escola
com mais frequência, participar das reuniões escolares, manter um convívio mais
assíduo e positivo em relação às necessidades afetivas e psíquicas da prole. Buscou
a lei também coibir atos da chamada Alienação Parental, que é um processo de
negativação praticado por um genitor em relação ao outro, com o intuito de afastar o
filho do genitor alienado.
Trata-se de situação criminosa praticada contra criança e ou adolescente que
ocasiona efeitos diversos tanto no sentido psicológico como também físico. As
sequelas da Alienação são denominadas de Síndrome da Alienação Parental-SAP, e
foi mencionada no ano de 1985 por um médico psiquiatra e também professor
universitário, que analisou comportamentos diversos de filhos de casais separados ou
em processo de separação.
Como exemplos das sequelas podemos citar: distúrbios alimentares,
sentimento de culpa e rejeição, ansiedade, depressão, fuga em substâncias
entorpecentes e bebidas alcoólicas, isolamento, baixo estima, agressividade.
Infelizmente é perceptível que muitas pessoas inconformadas com a ruptura da
sociedade conjugal iniciam tal processo de negativação, principalmente quando a

40
dissolução do casamento ocorreu pela presença inconveniente de uma terceira
pessoa. Fato que a maior vítima dessa infeliz situação é o menor.
A guarda unilateral é exercida por um dos genitores que possui melhores
condições de afeto e consegue proporcionar ao menor sentimento de segurança
emocional e secundariamente segurança financeira.

Fonte: www.direitodetodos.com.br

Lembrar sempre que os filhos precisam sentir amparados e isso é papel de


ambos genitores. Utilizá-los como objetos de punição e vingança é ato repudioso e
perverso.
Nas Varas de Família em muitas situações é notório que não há o uso da
racionalidade por parte de casais que pleiteiam o divórcio e que possuem filhos
menores.
A relação entre o casal finda com o divórcio, mas não a mesma entre os filhos.
São eles pedacinhos vivos de cada um daqueles que um dia prometeram muitas juras
de amor e que lamentavelmente passaram a ser os piores inimigos. Compreender que
os filhos já sofrem com a separação dos pais e tornar isso menos doloroso é obrigação
moral dos genitores, que envolvidos em seus conflitos em comum não se dão conta
de que os filhos clamam pelo apoio, incentivo e por uma boa conversa verdadeira,
esclarecedora e madura!

41
5 ALIMENTOS13

A obrigação alimentar decorrente das relações familiares pode ser assumida


espontaneamente — aliás, como deveria ser sempre — e formalizada em juízo ou
extrajudicialmente.
Cônjuges e companheiros podem convencionar alimentos a favor de qualquer
um deles e dos filhos — ainda que incapazes — em documento particular. Para
garantir sua exigibilidade em juízo, dito documento precisa transformar-se em título
executivo extrajudicial: ser assinado pelas partes e por duas testemunhas (CPC 784
III); ou ser referendado por Ministério Público, Defensoria Pública, Advocacia Pública,
advogados dos transatores ou por conciliador ou mediador credenciado por um
tribunal (CPC 784 IV).
Para ensejar a cobrança judicial dos alimentos assim fixados, o credor pode
buscar a execução fazendo uso do rito da coação pessoal (CPC 911 parágrafo único)
ou via execução por quantia certa (CPC 824). A circunstância de serem beneficiados
incapazes não compromete nem a validade do documento nem a exigibilidade da
dívida.
A busca da homologação judicial é dispensável, face a similitude das vias
executórias disponíveis aos títulos judiciais e extrajudiciais.
O divórcio consensual pode ser levado a efeito por escritura pública (CPC 733).
No mesmo instrumento, é possível a previsão de alimentos a favor de um dos
cônjuges e dos filhos maiores e capazes. Havendo filhos menores de idade, incapazes
ou nascituro, necessariamente, o divórcio depende de homologação judicial (CPC
731). A exigência é absurda, porque os alimentos em prol dos descendentes
incapazes podem já estarem estabelecidos. Ainda assim é imposta a forma pública
para a formalização do divórcio.
Os alimentos ali previstos são títulos executivos judiciais (CPC 515), a ensejar
a cobrança via cumprimento de sentença, que autoriza a ameaça de coação pessoal
e a expropriação de bens (CPC 528).
Quando se trata de união estável, mesmo existindo filhos incapazes, sua
dissolução não precisa ser formalizada e muito menos levada à homologação judicial

13
Texto extraído do artigo A perpetuação do calvário para a cobrança dos alimentos no CPC, de Maria
Berenice Dias

42
(CPC 732) ou referendo oficioso (CPC 784 IV). O encargo alimentar a favor dos filhos
é que precisa ser formalizado, para garantir eventual cobrança.
Seja qual for a forma de constituição do encargo alimentar — judicial ou
extrajudicial —, havendo mora, o adimplemento pode ser exigido por qualquer dos
meios executórios (CPC 528 e 911): prisão do devedor ou expropriação de seus bens.
Tudo vai depender da quantidade de parcelas vencidas e não pagas. O débito
acumulado superior a três prestações não comporta execução pelo rito da coação
pessoal (CPC 528, parágrafo 7º).

Fonte: www.saladedireito.com.br

Quando o encargo alimentar dispõe da chancela judicial, o inadimplemento


enseja a incidência de multa moratória de 10% e verba honorária em igual percentual
(CPC 523, parágrafo 1º). O marco inicial de incidência desses acréscimos é a data da
intimação do devedor, na pessoa do seu advogado ou pessoalmente, pela via postal,
com Aviso de Recebimento – AR (CPC 513, parágrafo 2º, I e II).
De modo para lá de injustificável, em sede de execução de título executivo
extrajudicial que estabelece encargo alimentar, a lei remete à execução por quantia
certa (CPC 913 e 824), em que não há previsão de multa, somente de honorários
advocatícios de 10% (CPC 827). E, caso haja o pagamento no prazo de três dias, o
valor dos honorários é reduzido pela metade (CPC 827, parágrafo 1º). Ora, a redução
dos honorários é um desestímulo para que as partes — ou seus advogados –

43
formalizem o divórcio, a dissolução da união estável ou estabeleçam obrigação
alimentar extrajudicialmente. Com isso, perde-se a chance de aliviar o Poder
Judiciário. Tudo acaba na Justiça.
No cumprimento de título executivo judicial, o réu ou o procurador que o
representa (CPC 513, parágrafo 2º, I) é intimado, para, no prazo de 15 dias, pagar o
montante atualizado do débito acrescido de multa de 10% e verba honorária de 10%
(CPC 523, parágrafo 1º).
Buscada a cobrança pela via da coação pessoal, o réu deve ser citado
pessoalmente, via postal, para em três dias pagar o crédito executado, provar que já
pagou ou justificar a impossibilidade de pagar. Não ocorrendo o pagamento ou não
aceita a justificativa apresentada, é expedido mandado de prisão. Durante o período
de aprisionamento, prossegue a execução expropriatória, com a penhora e avaliação
dos bens indicados pelo credor (CPC 530 e 829, parágrafo 2º). A dívida é acrescida
do valor da multa e dos honorários, sobre as parcelas executadas e todas as que se
vencerem até a data do pagamento (CPC 528, parágrafo 5º).
Para se livrar dos encargos moratórios, o devedor deve depositar judicialmente
o quantum cobrado (CPC 520, parágrafo 4º e 523, parágrafo 1º), enquanto questiona
o valor da dívida, por meio de justificativa, impugnação ou embargos à execução.
Como se trata de dívida alimentar, o credor pode proceder ao levantamento dos
valores incontroversos.
Quer os alimentos tenham sido fixados liminarmente, quer na sentença final
ainda sujeita a recurso, pretendendo o credor buscar sua cobrança “desde logo”,
precisa abrir mão da possibilidade de prisão do executado (CPC 528, parágrafo 8º).
Ainda que o título não seja líquido certo e exigível, a execução segue o rito do
cumprimento definitivo (CPC 523).
Como a interposição de eventual recurso não dispõe de efeito suspensivo (CPC
1.012 II), o cumprimento da sentença pode ser buscado tão logo ocorra sua publicação
(CPC 1.012, parágrafo 2ª). Caso o valor do encargo venha a ser diminuído ou afastado
— quer na sentença, quer em sede recursal —, é de todo descabido livrar o devedor
da obrigação de proceder ao pagamento das parcelas que se venceram nesse ínterim.
Emprestar efeito retroativo à redução ou à exoneração levada a efeito, pelo fato de os
alimentos não serem definitivos, só estimularia o inadimplemento e a eternização da
demanda.

44
Buscada a cobrança pela via da coação pessoal, para o devedor livrar-se da
prisão, deve pagar o valor atualizado da dívida objeto da execução e as demais
parcelas vencidas até a data do pagamento (CPC 528, parágrafo 7º). O tema
encontra-se inclusive sumulado (Súmula 309 do STJ).
No entanto, na prática mais do que consolidada, o devedor livra-se da prisão
mediante o pagamento das parcelas alimentares que constam no demonstrativo
discriminado e atualizado apresentado pelo credor (CPC 524). Porém, quando do
cumprimento da ordem de prisão, já se venceram novas prestações, e o
demonstrativo do crédito, que acompanha o mandado de prisão, está desatualizado.
Acaba o credor por apresentar novo demonstrativo, requerendo novamente a
prisão do devedor. Antes o juiz dá vistas ao devedor do novo cálculo e, eventualmente,
manda o processo para o contabilista do juízo (CPC 524, parágrafo 2º).
E se nesse ínterim transcorreram mais de três meses, o credor acaba optando
por ingressar com nova execução. E mais uma, e mais uma a cada três meses. O fato
estarrecedor é que existe um número de prestações que integram a condenação, não
são pagas, e o devedor não é preso!

Fonte: www.estevanfg.jusbrasil.com.br

De nada adianta a lei dizer que, para se livrar da prisão o devedor precisa pagar
não só a dívida objeto da cobrança, mas também todas as prestações que se
vencerem até a data do efetivo pagamento (CPC 528, parágrafo 8º). O réu livra-se da
prisão apresentando ao oficial de Justiça comprovante de pagamento das três

45
parcelas que se venceram antes da propositura da execução, conforme demonstrativo
do débito apresentado pelo credor. Essa “garantia” do devedor não tem previsão legal.
Trata-se de construção jurisprudencial viciosa, que precisa ser revertida em benefício
do credor. Além do valor constante do mandado de prisão, referente aos meses
executados, o devedor precisa apresentar ao oficial de Justiça o comprovante do
pagamento das prestações objeto da cobrança e mais das que se venceram até
aquele momento. Sem essa prova, o pagamento é parcial e não afasta a prisão.
Quem sabe outra solução seria já constar no demonstrativo do crédito uma
projeção das prestações vincendas. Caso o credor não apresentar o valor
discriminados das parcelas alimentares futuras, cabe ao juiz determinar a sua
retificação. Claro que os índices de atualização são variáveis, mas, ao menos o valor
do principal, até o dia do pagamento será atendido.
Desse modo, o réu é citado para pagar o valor devido à data do pagamento,
conforme a projeção constante no demonstrativo que acompanha o mandado de
citação.
Ou isso, ou vai se perpetuar o calvário para a cobrança da obrigação de maior
significado que existe: a que garante o direito à vida.

6 DIREITO ASSISTENCIAL

A guarda, pela Lei 8069/90, art. 28, constitui um meio de colocar menor em
família substituta ou em associação, independentemente de sua situação jurídica, até
que se resolva, definitivamente, o destino do menor.
Destinar-se-á à prestação de assistência material, moral e educacional ao
menor, dando ao seu detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais,
regularizando assim a posse de fato (guarda legal); poderá ser deferida, liminar ou
incidentalmente, nos procedimentos de tutela e adoção, exceto no de adoção por
estrangeiros.
Tutela é um instituto de caráter assistencial, que tem por escopo substituir o
pátrio poder; protege o menor não emancipado e seus bens, se seus pais faleceram
ou foram suspensos ou destituídos do poder paternal, dando-lhe assistência e
representação na órbita jurídica; portanto, é um complexo de direitos e obrigações

46
conferidos pela lei a um terceiro, para que proteja a pessoa de um menor, que não se
acha sob o pátrio poder, e administre seus bens.
Curatela é o encargo público, cometido, por lei, a alguém para reger e defender
a pessoa e administrar os bens de maiores, que, por si sós, não estão em condições
de fazê-lo, em razão de enfermidade ou deficiência mental; o pressuposto fático da
curatela é a incapacidade; o seu pressuposto jurídico é uma decisão judicial.

Fonte: www.tjdft.jus.br

A curatela é sempre deferida pelo juiz em processo de interdição, que visa a


apurar os fatos que justificam a nomeação de curador, verificando, sempre tendo em
vista os fins do instituto, não só se é necessária a interdição e se ela aproveitaria ao
arguido da incapacidade, bem como a razão legal da curatela, ou seja, se o indivíduo
é ou não, incapaz de dirigir sua pessoa e seu patrimônio.
Tem-se a ausência quando alguém desaparece de seu domicílio, sem dar
notícias de seu paradeiro e sem deixar representante ou procurador, ou se deixou,
este não quer ou não pode exercer mandato; sendo declarado com ausente pelo
magistrado, institui-se sua curatela, por ser considerado absolutamente incapaz.

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7 AUSÊNCIA NO DIREITO DE FAMÍLIA

Para Clóvis Beviláqua (1908, p. 599), “ausente é todo aquele que está fora de
seu domicílio, mas no sentido em que agora toma o vocábulo, é aquela pessoa cuja
habitação se ignora ou de cuja existência se duvida, e cujos bens ficaram ao
desamparo”.
Ludwig Ennecerus afirma ser “indispensável na ausência a falta de notícias há
tanto tempo a ponto de tornar incerta a existência da pessoa” (ENNECERUS, 1984,
p. 337).

Fonte: www.thiagosousasite.wordpress.com

O domicílio, de acordo com o artigo 70 do Código Civil, é o “lugar em que uma


pessoa se estabelece com o ânimo definitivo de permanecer”. Para que a pessoa seja
considerada ausente, é requisito indispensável a declaração judicial deste estado (de
ausente). A sentença declaratória de ausência era objeto de registro, que devia ser
feito no cartório do domicílio anterior do ausente, com as mesmas cautelas e efeitos
do registro de interdição.
O Código Civil de 2002 foi mais técnico que o anterior, mencionando
expressamente que “o juiz declarará a ausência e nomeará um curador”. No Código
de 1916, a ausência era disciplinada ao lado de outros institutos de proteção de
incapazes, como a tutela e a curatela. Contudo, se a capacidade é a aptidão para
exercer por si só os atos da vida civil, não há como se afirmar que aquela pessoa, tão

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somente pelo fato de ter se ausentado do seu domicílio sem dar notícias ou deixar
representante para cuidar de seus bens, seja incapaz.
O ausente poderá perfeitamente realizar contratos, se casar (desde que já não
o seja), inexistindo qualquer impedimento público ou privado a esse respeito. Serão
atos ou negócios jurídicos perfeitamente válidos. A ausência deixa de ser prevista
como incapacidade, passando a matéria a ser tratada na Parte Geral, “como
continuidade lógica das questões atinentes à pessoa” (REALE, 1986, p. 88).

8 PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA

Na época do apogeu do império romano, uma das características do Direito


dessa sociedade era que qualquer um poderia recorrer ao amparo legal a qualquer
tempo, independente do momento em que o fato se concretizou. Todavia, como a
ciência do Direito é mutável para se adequar às relações sociais e equilibrar os polos
dos litígios, os institutos da prescrição e decadência passaram a fazer parte do nosso
ordenamento jurídico.
A prescrição consiste em perda da capacidade defensiva em decorrência do
seu não uso. Já a decadência, também chamada de caducidade, consiste na extinção
de um direito que não foi exercido em seu prazo devido. Em outras palavras, enquanto
a prescrição atinge o lapso temporal definido por lei para que os atos processuais
possam ser praticados, a decadência consiste na perda do direito de propor a ação.
Na decadência, nos termos do Código Civil, o prazo não é interrompido e nem
suspenso, correndo contra todos, além de não poder ser renunciada e poder ser
estabelecida por lei ou por vontade de uma ou de ambas as partes. A prescrição, por
outro lado, pode ser interrompida ou suspensa, além de ser renunciável se essa for a
vontade da parte e só pode ser estabelecida por lei.
Há casos em que não corre prescrição, entretanto. É o caso dos cônjuges, por
exemplo, já que um litígio no curso do matrimônio seria capaz de gerar mais danos do
que benefícios, filhos sob o pátrio poder dos pais, e nem no que diz respeito a tutela
e curatela. Nesse último caso isso se deve a intenção de impedir que os tutores ou
curadores se descuidem de suas obrigações.
Contra os absolutamente incapazes, os que estiverem a serviço da União,
Estados e Municípios, que estão fora do Brasil e contra os que estão incorporados às

49
Forças Armadas também não corre prazo prescricional. Essas pessoas estão em
situações diferentes das demais, merecendo, portanto, serem tratadas como tais e
terem o benefício de contra elas a prescrição não correr.
A regra geral é que a prescrição ocorra em, no máximo, 10 anos, podendo o
Código Civil, como de fato o faz, determinar prazo menor para situações específicas.
Em suma, prescrição e decadência até podem gerar dúvidas e confusões num
primeiro momento, até mesmo para os operadores do Direito, mas as Leis costumam
ser claras quando há incidência de cada instituto e seus efeitos, por si só, geram
consequências diversas.

Fonte: www.cpt.com.br

50
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51
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