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Nome: Gabriel Cruz do Carmo Turma: CTII – 417

Proposta escolhida:
2. Leia o texto que segue:
Santinho
Me lembro com clareza de todas as minhas professoras, mas me lembro de uma
em particular. Ela se chamava Dona Ilka. Curioso: por que escrevi “Dona Ilka” e não
Ilka? Talvez por medo de que ela se materializasse aqui do meu lado e exigisse o
“Dona”, onde se viu tratar professora pelo primeiro nome, menino? No meu tempo
ainda não se usava o “tia”. Elas podiam ser boas, até maternas, mas decididamente não
eram nossas tias. A Dona Ilka não era maternal. Era uma mulher pequena com um perfil
de passarinho. Um pequeno passarinho louro. E uma fera.
Eu era um aluno “bem-comportado”. Era um vagabundo, não aprendia nada,
vivia distraído. Mas comportamento, 10. Por isso até hoje faço verdadeiras faxinas na
memória, procurando embaixo de tudo e em todos os nichos a razão de ter siso, um dia,
castigado pela Dona Ilka. Alguma eu devo ter feito, mas não consigo lembrar o quê. O
fato é que fui posto de castigo, que consistia em ficar em pé num canto da sala, com a
cara virada para a parede (isso tudo, já dá para ver, foi mais ou menos lá pela Idade
Média), mas o que eu nunca esqueci foi Dona Ilka ter me chamado de “santinho do pau
oco”.
Ser bem-comportado em aula não era decisão minha nem era nada de que me
orgulhasse. Era só o meu temperamento. Mas a frase terrível de dona Ilka sugeria que a
minha boa conduta era uma simulação. Eu era um falso. Um santo falsificado. Depois
disso, o imaginário com perfil de professora pousou no meu ombro e me chamou de
fingido. Os santinhos do pau oco passam a vida se questionando. [...] (VERÍSSIMO,
Luís Fernando. O santinho. Rio de Janeiro: Objetiva, 1986)

Construa um texto narrativo em que a personagem, como Veríssimo, tenha sido


vítima de uma injustiça. Obedeça às seguintes indicações:
a) Espaço: a sala de aula.     b) Tempo: cronológico.     c) Foco narrativo: 1ª. pessoa.

A Prova
Em uma bela manhã de sexta-feira, estava na sala de aula me preparando
mentalmente para a prova de Matemática. Era a avaliação mais importante do ano, pois
iria decidir se eu iria ou não passar do 9º ano do Ensino Fundamental e, finalmente,
começar o Ensino Médio; portanto, eu havia me preparado de forma incansável para
essa prova e estava extremamente confiante que iria conseguir tirar uma boa nota. 
Entretanto, nem tudo são flores. Sempre anoto o meu prontuário na minha mão,
porque sempre o esqueço e os professores, principalmente a de matemática, exigem que
o código esteja escrito no cabeçalho da prova. Enquanto estava copiando-o da minha
carteirinha, a fiscal aplicadora da prova se aproximou de mim e disse: “Opa, opa, você
sabia que é proibido fazer anotações no braço durante a aplicação da prova? Terei que te
encaminhar para a diretoria!”. Tentei argumentar com ela que estava anotando somente
meu prontuário para não esquecer, mas ela provavelmente estava em um mau dia e não
quis saber da minha justificativa. 
Chegando na diretoria, o diretor José já estava sentado me esperando. Ele ficou
cerca de vinte minutos me dando um sermão, disse que estava muito decepcionado
comigo e que sempre achou que eu era um menino esforçado, mas dessa vez eu o tinha
surpreendido com minha atitude. Durante todo esse tempo não consegui abrir a boca
para esclarecer o que realmente havia acontecido. Depois do fim do seu discurso, pude
finalmente explicar a verdadeira situação, ele, com uma cara de arrependido, aceitou a
minha versão dos fatos, pediu perdão e me liberou para voltar para sala de aula e fazer a
prova.
Infelizmente, havia perdido trinta minutos do tempo da prova e, como de
costume, o teste era muito longo, não tive tempo hábil para finalizá-lo e não obtive a
nota necessária para passar de ano. Felizmente, ainda havia mais uma chance para
passar de ano: a recuperação final. 
A recuperação final era a forma mais difícil, mas a mais rápida, de se passar de
ano, pois era uma prova de apenas uma hora e meia que abordava a matéria de todo ano
da disciplina em questão, no caso, de matemática. Após uma maratona de estudos,
revisando a matéria do ano inteiro, aprendendo novamente aquilo que eu havia
esquecido e ainda tendo que decorar meu prontuário para evitar novos problemas,
consegui passar de ano e partir para o Ensino Médio.  

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